Saúde, no Brasil, conquanto um iluminado então presidente da República haja dito estar à beira da perfeição, em verdade está a cada dia mais doente. Exceto os casos, claro, dos que, nunca por conta própria mas quase às expensas do dinheiro público, contam, a tempo e a hora, com os melhores hospitais e as mais avançadas terapias.
Há anos, a assistência pública era deficiente, mas em nada comparável à atual. Foi aí que progrediu a boa assistência médica representada pelos planos. Hoje, não obstante as bravatas dos governantes, o país é um imenso INSS, mesmo para o que pagam caro pelo plano de saúde e a quase nada têm direito.
Precisa de uma consulta? Só daqui a trinta dias. É urgente? Não há problema: paga a consulta e é prontamente atendido. E ainda tem direito a reembolso, mas com um detalhe: o reembolso equivale, em média, a 10% do valor pago pelo usuário.
E o governo, o que faz? Nada, salvo vociferar. E a ANS? Vez por outra aplica punições inócuas, como suspender temporariamente a comercialização de três centenas de planos sem expressão, quando a tendência do mercado é determinada pelos grandes, ora.
Vivêssemos em um país sério, poderia ser criado um adicional sobre a contribuição previdenciária exclusivamente para a saúde, que, pelos ganhos de escala, teria como oferecer bons serviços e pagar dignamente aos médicos. Isso, é óbvio, não passa de uma ilusão, porque logo a política criaria um cabide de empregos que em pouco tempo nivelaria tudo ao INSS.
Em 2016 os planos de saúde perderam 1,37 milhão de pessoas, com maior incidência no Sudeste, onde 1,1 milhão de pessoas (79,9% do total do país) abandonaram os planos. Apenas em São Paulo, o estado mais rico da Federação, 630,3 mil beneficiários debandaram.
No também rico Sul, foram quase 100 mil beneficiários a menos, no Centro-Oeste, 43 mil e no pobre Nordeste 104 mil vínculos rompidos.
Os porta-vozes dos planos afirmam que os números negativos decorrem da macroeconomia desfavorável, por certo esquecidos de que também conta o fator desserviço.
A propósito, haja coração!