Parabenizando com euforia a UPE e a UNICAP pelo convênio firmado recentemente, indagaria a ambas se não teria chegada a hora de se estruturar, em Pernambuco, uma Secretaria de Ensino Superior, com um Conselho de Educação Superior, desafogando a atual Secretaria de Educação de Pernambuco e dinamizando IES públicas e privadas?
Outro dia li uma declaração de pesquisador do Reino Unido, Ronald Barnett, com a qual concordo integralmente: “A universidade pós-moderna está transformando a maneira como nós educadores e gestores teremos de lidar com os desafios que estão surgindo e repensar como nossas Instituições irão sobreviver em uma era de supercomplexidades.”
Em nosso estado, os dirigentes de ensino superior bem que poderiam distribuir nos primeiros dias de aula dos vestibulandos, o Mapa do Fracasso, de Paul Krugman, Nobel de Economia:
1. Pensar em curto prazo – Não projetar, nem raciocinar para além de cinco anos;
2. Ser obsessivo – Ter como objetivo ganhar sempre, sem considerar os seus limites;
3. Acreditar que existe sempre alguém mais tolo do que você – Desprezar o ditado que diz “Sempre haverá alguém, como você, suficientemente estúpido para só perceber o que está acontecendo quando for tarde demais”;
4. Acompanhar a manada – Não ouvir as vozes discordantes, que são até ridicularizadas e silenciadas;
5. Generalizar sem limites – Criar preconceitos e condenar ou louvar instituições e pessoas por critérios difusos e subjetivos, na maioria bestiais;
6. Seguir a tendência – Procurar ver o que está dando certo, copiando acriticamente e esperar que os resultados se repitam;
7. Jogar com o dinheiro dos outros – Progredir com o investimento alheio.
Em época de passividades mil que estamos vivenciando, urge um planejamento estratégico não vago nem fantasioso, tampouco carimbológico, não obstaculizando metas sementeiras, nem favorecendo a diluição demagógica dos objetivos estabelecidos.
Em toda universidade ou instituição de ensino superior do Estado de Pernambuco, pública ou particular, o como começar não deverá ser viabilizado de uma única maneira. Cada uma deverá preservar suas peculiaridades, que exigirão procedimentos específicos capazes de proporcionar um aproveitamento ideal entre talento e experiências já vivenciadas.
Na construção de horizontes universitários mais promissores para Pernambuco, todo cuidado é pouco com os medíocres. Necessitamos, através das múltiplas maneiras de debater e deliberar com objetividade, presencial ou onlinemente, as diretrizes alavancadoras para o nosso ensino superior:
1. Qual é a missão do ensino superior estadual?; 2. Como saber bem diferenciar erro de negligência?; 3. Que iniciativas poderão, a curto e médio prazos, serem implementadas diante das mudanças velozes que estão se processando?; 4. Como efetivar o planejamento estratégico com maturidade, sem as fobias advindas da idiótica dicotomia direita-esquerda? 5. Como ser dirigentes conscientes, sem bajulações e subserviências?; 6. Como assimilar o desconhecido, sempre se vendo como um eterno aprendiz, sabendo bem diferenciar aprender e apreender?; 7. Que razões mais substantivas exigem ações sem procrastinações?; 8. Como explicitar inquietações propositivas, nunca se comportando tal e qual aquele cego num quarto escuro procurando um gato preto que lá não mais se encontra?; 9. Como favorecer uma maior integração operacional – ensino x pesquisa x extensão x divulgação – entre todas as IES estaduais?; 10. Como combater a “cegueira do progresso”, expressão feliz do filósofo Adorno, evitando a transformação da vida universitária brasileira em espetáculo circense?
Não seria o caso de analisar melhor a Secretaria de Ensino Superior de São Paulo, uma iniciativa eminentemente catapultadora? Ou de se instituir uma Federação de Ensino Superior de Pernambuco – FESUPE -, sem vínculos oficiais, envolvendo iniciativas públicas e particulares, capaz de favorecer uma dinâmica integração Tecnologia x Ciências Sociais e Humanas x Área Médica x Ciências Exatas, para alavancar uma nova era iluminista para um estado que muito amamos?
Pensar um tiquinho mais nunca fez mal a ninguém.