Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense sexta, 16 de fevereiro de 2024

POVOS ORIGINÁRIOS: BIÓLOOGO INDÍGENA CRIA GUIA DE PRIMATAS DA TERRA DO POVO PAITER SURUÍ

 

Biólogo indígena cria guia de primatas da terra do povo Paiter Suruí

Fabrício Suruí espera que o guia inédito seja uma ferramenta valiosa para a educação indígena e de valorização dos saberes tradicionais

 
O catálogo é fruto da dissertação de mestrado do biólogo, desenvolvida no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém do Pará -  (crédito: Divulgação/Fabrício Suruí)
O catálogo é fruto da dissertação de mestrado do biólogo, desenvolvida no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém do Pará - (crédito: Divulgação/Fabrício Suruí)
 
Aline Gouveia 
postado em 16/02/2024 09:03 / atualizado em 16/02/2024 09:31

O biólogo indígena Fabrício Suruí criou o primeiro guia de primatas que vivem na Terra Indígena Sete de Setembro, do povo Paiter Suruí, localizada entre os estados de Mato Grosso e Rondônia. O material inédito apresenta os nomes dos macacos na língua indígena tupi-mondé e revela a relação dos povos originários com esses animais. O catálogo é fruto da dissertação de mestrado do biólogo, desenvolvida no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém do Pará.

 
"Essa abordagem reconhece a importância de considerar não apenas o comportamento dos primatas, mas também as perspectivas e práticas das comunidades humanas que vivem em estreita proximidade com esses animais. Portanto, a etnoprimatologia contribui para uma compreensão mais holística das relações entre humanos, primatas não humanos e os ecossistemas compartilhados, e pode fornecer insights valiosos para a conservação da biodiversidade e o manejo sustentável dessas áreas", explica Fabrício ao Correio.

Para desenvolver o guia dos primatas presentes no território ancestral do povo Paiter Suruí, Fabrício contou com a colaboração de especialistas não indígenas nas áreas de mastozoologia, primatologia e ilustração científica. Outro ponto fundamental da pesquisa foi a participação dos próprios indígenas, especialmente os anciãos. Nos territórios tradicionais, os anciãos são os guardiões da cultura e de conhecimentos ancestrais, e são vistos como conselheiros.

 

Fabrício Suruí é o primeiro etnoprimatologista indígena do Brasil
Fabrício Suruí é o primeiro etnoprimatologista indígena do Brasil(foto: Acervo pessoal)

 

"Trabalhar em estreita colaboração com a comunidade Paiter Suruí para criar um guia de primatas foi uma maneira estratégica para aliar conhecimentos científicos e saberes tradicionais para conhecer verdadeiramente a biodiversidade, além de promover o respeito e valorização pela complexidade do conhecimento indígena", conta o biólogo.

Para Fabrício, a presença e a valorização dos saberes dos povos tradicionais são fundamentais para o progresso da ciência. "As comunidades indígenas e tradicionais possuem um conhecimento profundo e detalhado sobre seus ambientes naturais, acumulado ao longo de gerações através de observações diretas e práticas de manejo sustentável. Ao acrescentar esses saberes na ciência, é possível obter uma compreensão mais completa e precisa dos ecossistemas, dos padrões de biodiversidade e das relações entre os seres vivos e o meio ambiente", pontua o especialista.

 

O catálogo é fruto da dissertação de mestrado do biólogo, desenvolvida no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém do Pará
O catálogo é fruto da dissertação de mestrado do biólogo, desenvolvida no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém do Pará(foto: Divulgação/Fabrício Suruí)

 

 

Para Fabrício, a presença e a valorização dos saberes dos povos tradicionais são fundamentais para o progresso da ciência
Para Fabrício, a presença e a valorização dos saberes dos povos tradicionais são fundamentais para o progresso da ciência(foto: Divulgação/Fabrício Suruí)

 

Para o futuro, Fabrício pretende continuar desenvolvendo trabalhos pautados na ciência e nos saberes indígenas, principalmente com foco na conservação da biodiversidade e conhecimento tradicional. O biólogo espera que o guia de primatas seja uma ferramenta valiosa para a educação indígena. "Acredito muito que, ao unir conhecimentos científicos com ricos conhecimentos de técnicas e perspectivas dos povos indígenas, não apenas enriquece o campo da ciência, mas também fortalece a valorização e preservação das culturas e territórios indígenas", diz. 

Relação do povo Paiter Suruí com os macacos

O guia de primatas lista o Macaco-aranha-de-cara-preta, conhecido como Arime-iter na língua tupi-mondé, como o mais importante e sagrado de todos os macacos conhecidos dos Paiter Suruí. Essa espécie é considerada a principal carne desse povo indígena, e não há limitação de faixa etária para o consumo. Além da importância na alimentação, a gordura é aproveitada na medicina tradicional, enquanto que os dentes e ossos são usados para confecção de artesanatos.

Em contrapartida, o Macaco-prego, chamado de Masaykirh, também está incluído na alimentação do povo Paiter, porém existe uma regra de restrição para o consumo dentro da cultura. Somente adultos e idosos podem comer a carne de um Masaykorh. Segundo os Paiterey (plural de Paiter), se crianças ou adolescentes comerem a carne, há maior possibilidade de causar danos negativos durante o crescimento, como a fraqueza e desânimo.

A caça é uma importante atividade da cultura desses indígenas e o povo Paiter Suruí busca meios para garantir a soberania alimentar e cultural por meio do uso de ferramentas e de projetos para a gestão territorial e ambiental, a fim de aliar o manejo da caça com a conservação da biodiversidade.


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