No Natal do Recife, até recentemente, uma manifestação da segunda metade do século XIX permanecia viva graças aos esforços da Família Valença, que na semana que passou viu partir um dos seus baluartes: Raul Valença Filho.
Trata-se do Presépio dos Valença, iniciado no Sítio dos Valença, no bairro da Madalena, no início da segunda metade do século XIX e mantido pelos descendentes dos Irmãos Raul e João do Rego Valença, com mais de 154 anos de atividades!!!
O Presépio dos Valença, que chegou a ser preservado em vinil pela Gravadora Rozenblit, em produção de Aldemar Paiva, permaneceu até 2016 com todo o brilho do seu figurino, belas pastoras e muita dedicação dos filhos e netos dos irmãos Raul e João do Rego Valença.
Vejamos o nos diz a bibliotecária Virginia Barbosa (pesquisaescolar@fundaj.gov.br) da Fundação Joaquim Nabuco, sobre a tradicional manifestação recifense: “Os instrumentistas e compositores João Vitor do Rego Valença e Raul do Rego Valença, filhos de João Bernardo do Rego Valença Filho e Maria Martins do Rego Valença, nasceram no bairro da Madalena, cidade do Recife em 2 de abril de 1890 e 7 de agosto de 1894, respectivamente. Formaram uma dupla expressiva da música do Carnaval de Pernambuco e ficaram conhecidos em todo Brasil como Irmãos Valença.
A família Valença ficou famosa por conta da tradicional opereta natalina O Presépio dos Irmãos Valença, encenada pela primeira vez no Recife, em 1865, pelo casal João Bernardo do Rego Valença e Dona Ana Alexandrina do Rego Valença, avós de João e Raul, no Sítio dos Valença, que fica no bairro da Madalena. A origem do Presépio é de Aracati, Ceará, e veio para o Recife por intermédio de Dona Alexandrina. Interrompidas as encenações em 1880 e 1900, João e Raul reativaram a opereta em 1910. O Presépio passou por muitas dificuldades para manter suas apresentações. Atualmente, está na sua sexta geração e é encenado restritamente para a família e amigos.
João Vitor, com apenas oito anos, aprendeu piano e, mais tarde, teve aulas de solfejo. Raul, aos 20 anos, estudou violão. Ambos continuaram seu aprendizado como autodidatas. Sem dúvida, o Presépio que era encenado em sua casa influenciou os irmãos na composição de músicas para teatro, comédias, marchas juninas, carnavalescas e maracatus.
Em 1924, junto com primos e amigos, fundaram uma sociedade teatral, o Grêmio Familiar Madalenense. Foi nessa época que compuseram as suas primeiras músicas. Iniciaram com a opereta Espinho de rosa (1924), logo depois, as comédias musicadas Gato escaldado, Cartazes de amor, Coração de violeiro (opereta regional).”