Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo segunda, 25 de novembro de 2019

QUEM CUIDARÁ DAS NOSSA CRIANÇAS?

 

 

QUEM CUIDARÁ DAS NOSSAS CRIANÇAS, E LHES EMBALARÁ NAS REDES?

Pais vão ao trabalho e crianças ficam “soltas”

Empurrada pelas “necessidades” de consumo desnecessárias, semeadas pelas teorias do capitalismo, nas quatro ou cinco últimas décadas, a família atendeu o chamamento, e permitiu ser dividida ao meio, para correr em busca do nada. Mas que provocou o “status quo” que vivemos hoje, na prática. O desmoronamento familiar, e a proliferação da violência em todos os níveis sociais, são ventosas do capitalismo enganador.

As famílias dos dias atuais não se reúnem mais para o café matinal, para o almoço ou para o jantar. No máximo “se encontram” ao redor de mesas, entre churrasco e cerveja – mas, com a grande maioria dando total atenção aos telefones celulares. As conversas desapareceram.

Acreditando numa mentira, aquela mãe “do antigamente” que se dedicava à família aceitou sair de casa para algum tipo de trabalho, acreditando, também, que o que poderia ganhar pudesse ajudar na manutenção e melhoria do orçamento familiar. Pode até ser. Entretanto, ao “sair de casa” para fazer algo que não sabe e para o qual não está preparada, a mãe se expôs, largou os filhos à sanha dos predadores sociais. E a melhora financeira não saiu do zero.

A partir dessas situações, ou ela se prontifica às realizações de jornadas duplas (ou triplas, se resolver voltar à escola no período noturno – essa uma boa decisão), ou vai somar aos números manipulados pelos estudiosos do convencimento de que, o ter é melhor que o ser: capitalismo puro e perverso.

Vítimas de falácias (ainda que com excelente nível cultural e de informação), há mulheres que, equivocadamente, chamam essa saída de casa para o trabalho, de “empoderamento”. Pois sim!

Por conta disso, resolvemos “criar essas duas situações” tão corriqueiras e verdadeiras em meio aos nossos dias.

I

Cinco da manhã. A movimentação na casa de Doca e Domingos é intensa. No banheiro, Domingos toma o banho matinal no início da preparação para ir ao trabalho. Dominguinhos, toalha no ombro e escova na mão, espera sua vez de ir ao banheiro.

Na cozinha, Doca termina os preparativos para a primeira refeição (do marido e do filho) dos dois. Poucas frutas (apenas banana e mamão), beijus, café preto no bule, manteiga real – os dois sentam à mesa e se servem.

Doca, de abano numa da mãos, tenta esquentar o ferro a carvão colocado na janela. Precisa “passar o ferro” nas camisas de Domingos e Dominguinhos – um vai ao trabalho na fábrica de óleo, o outro vai à escola municipal com pouca estrutura e poucas aulas.

Café tomado, começa acontecer a rotina diária. Domingos prepara a bicicleta, abre o portão da casa e aguarda Dominguinhos, que vai ser levado de “carona” até a escola e, de lá, Domingos seguirá para o trabalho. Ao meio dia o trajeto da volta será o mesmo de cada dia.

Mesa posta para o almoço simples, família toda à mesa. Pouca conversa, mas a auréola do respeito se faz presente. Antes, a oração para agradecer a refeição, saúde, paz familiar e, principalmente, pela manutenção do trabalho que continuará alimentando a todos.

Domingos come rápido, pois quer fazer um pequeno reparo na bicicleta, antes de pegar o caminho para a fábrica. Dominguinhos faz a assepsia, e vai descansar um pouco, antes de cuidar do “dever de casa” da escola, que será fiscalizado pela mãe, Doca.

Louça usada lavada. Casa limpa e o início da preparação do jantar. Enquanto Doca escuta a novela nas ondas do rádio, Dominguinhos conclui o “dever escolar de casa” e pede para brincar um pouco com os amigos da rua. Doca consente, mas avisa que estará vigiando.

Crianças do passado aproveitavam momentos de lazer

Cinco horas da tarde. O movimento na cozinha é nenhum. A movimentação na rua, na frente da casa é a mesma de todas as tardes. Doca, sentada na cadeira de balanço, remenda as camisas de Domingos, e Dominguinhos brinca feliz, com os amigos.

Passam anos. Domingos ganha aposentadoria. Após de um dia de afazeres domésticos, duas cadeiras de balanço estão à frente da casa. Doca e Domingos conversam e esperam a chegada de Dominguinhos da faculdade. Último período de Medicina.

Chega 24 de dezembro. Véspera de Natal. Mesa posta para a ceia. Castanhas, rabanadas, nozes, vinho, um pernil suíno bem assado. Amigos da família e familiares começam chegar. Dominguinhos chega com a esposa, e a ceia começa ser servida. Família feliz!

II

Sete horas da manhã. A movimentação na cozinha e no banheiro da casa de Caroline e Hugo é intensa. No banheiro, Hugo toma banho, iniciando os preparativos para ir ao trabalho. Huguinho, toalha e escova na mão espera sua vez, dedilhando o celular.

Na cozinha, Caroline inicia os preparativos para a primeira refeição (dela, do marido e do filho) da família. Frutas (morangos, bananas e mamão), torradas, café na garrafa térmica – os dois sentam à mesa e se servem. Huguinho continua no banho, e no celular.

Caroline, não se preocupa com a roupa do marido, Hugo; ou do filho, Huguinho. Tampouco se preocupa com lanche, pois a escola fornece merenda escolar. Assim, inicia a preparação para trabalhar – Vendedora de loja, com salário comissionado pelo que vende.

Café tomado, começa a rotina diária. Hugo arruma a mochila, e aguarda o ônibus da empresa. Huguinho, ainda no quarto, com o celular, sem ter certeza se terá aulas naquele dia. Caroline caminha para pegar o ônibus, sem dar a devida atenção à Huguinho.

Não há mesa posta para o almoço, por que ninguém almoça em casa. Sem conversa, sem a auréola do respeito presente. Todos fora de casa. A família está dispersa, sem reunião e os problemas do dia sem solução. Também não há como conceituar isso de “família”.

Hugo come rápido no restaurante do trabalho. Joga dominó no tempo que resta para o horário do almoço. Poderia ler um livro, haja vista que vai à escola de noite. Huguinho, longe de casa, passa o horário de descanso dedilhando o celular. Caroline vai ao shopping.

Jovem “largado” pelos pais chega em casa para o Natal

Em casa, a louça do café está por lavar. Casa desarrumada e não há jantar. Quando todos estiverem em casa, será pedida uma pizza e refrigerantes. Hugo demora chegar, Caroline, só Deus sabe onde anda. Huguinho com os amigos de comportamentos duvidosos.

Vinte e duas horas. Todos já em casa, cada um com o celular. Ninguém conversa. Na rua, na frente da casa, tudo como nos outros dias. Caroline não demonstra interesse em saber se Huguinho fez o dever de casa. Joga no celular, enquanto Hugo fala com um amigo.

Passam anos. Hugo é demitido do trabalho e está desempregado. Caroline fez bobagem, se envolveu com o patrão. Foz demitida após aprontar um barraco durante o expediente da loja onde trabalhava. Huguinho, teve problemas na escola, onde nunca aprendeu nada.

Chega 24 de dezembro. Véspera de Natal. Não há mesa posta para a ceia. Nem castanhas, rabanadas, vinho. Sem dinheiro, Hugo se nega a sair de casa. Huguinho, cumprindo prisão por tráfico de drogas, vai passar o Natal em casa, usando tornozeleira eletrônica.


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