Que o Recife, especialmente sua área central, é uma triste imagem da degradação de uma cidade outrora bonita e até odorosa, todo mundo sabe. O que muitos não sabem é que, apesar dos esforços de alguns, tal degradação aumenta, fruto indigesto da pobreza, do desemprego, da impunidade.
A Ponte da Boa Vista é o exemplo mais recente do ponto a que chegamos.
A primeira, do Brasil holandês, de madeira, construída em 1640, serviu durante um século, e só não durou mais, porque o então governador de Pernambuco, Henrique Luís Pereira Freire (1737-1746), a destruiu para construir outra. Era também de madeira, como a anterior, e passou por vários reparos, até ser praticamente reconstruída em 1815, quando recebeu gradis de ferro, calçamento de seixos, e varandas com bancos de madeira.
Em agosto de 1874, enfim, o governador Henrique Pereira de Lucena, futuro Barão de Lucena, a reconstituiu. Nasceu, então, uma ponte com a aparência de uma ponte ferroviária muito parecida com a Ponte Nova, de Paris. Logo se tornou, nas décadas de 1940 e 1950, um local importante na vida social Recife, com suas passarelas laterais sendo cenários das últimas versões de vestidos, chapéus e maquiagens.
Pena que a história do Brasil, registrada nos quatro pilares dessa ponte originalíssima, toda feita de ferro batido importado da Inglaterra, está assediada por vândalos que, no silêncio da noite, mutilam-na, roubando-lhe o metal que a sustenta e embeleza.
Bandidos, vão mutilar outra ponte: vão à “ponte que partiu”!