Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Fernando Antônio Gonçalves - Sempre a Matutar terça, 16 de junho de 2020

RECOMENDAÇÕES PÓS COVID-19

 

RECOMENDAÇÃO PÓS COVID-19

Diante da pandemia gigantesca que ainda agride o todo mundial, recebo um e-mail de amigo sulista muito querido, inteligência muitos furos acima dos atuais índices mediocrais societários, políticos, midiáticos e religiosos. Em determinado trecho, ele escreve: “Estou muito cansado, muito cansado mesmo e nada mais que venha da Vida ou de Deus me importa”.

Amando-o fraternalmente ainda mais, posto que gosto de ser solidário com os que estão depressivos, enviei-lhe uma resposta, citando Albert Einstein, procurando uma explicação parcial da apatia existencial revelada na correspondência. Diz o Nobel de Física, inteiramente despido dos orgulhos e imodéstias dos encharcados de hipocrisias e falsidades: “O mistério da vida me causa a mais forte emoção. Este sentimento suscita a beleza e a verdade, cria a arte e a ciência. Se alguém não conhece este sentimento ou não pode mais experimentar espanto ou surpresa, já é um morto-vivo e seus olhos se cegaram. Aureolada de temor, é a realidade secreta do mistério que constitui também a religião… Deste modo e somente deste modo, sou profundamente religioso”.

Aproveitei a conjuntura existencial do amigo querido, também lhe remeti a reflexão de um poeta que muito admiro, o Fernando Pessoa, que era possuidor de “uma religiosidade não definida, e visionária, de um acontecer mítico cuja significação se inscreve fora dos próprios acontecimentos em que se exemplariza”, segundo a ensaísta Maria Aliete Galhoz, uma analista do gênio lusitano que morreu quase totalmente ignorado pelo público lisboeta, que à época se extasiava com os textos de inteligibilidade primária da lírica de então. Disse o poeta: “Tivesse Quem criou / O mundo desejado / Que eu fosse outro que sou / Ter-me-ia outro criado”… “Sejamos simples e calmos, / Como os regatos e as árvores, / E Deus amar-nos-á fazendo de nós / Belos como as árvores e os regatos, / E dar-nos-á verdor na sua primavera, / E um rio aonde ir ter quando acabemos!” … “Anjos ou deuses, sempre nós tivemos, / A visão perturbada de que acima / De nós e compelindo-nos / Agem outras presenças”… “Quanto mais alma ande no amplo informe, / A ti, seu lar anterior, do fundo / Da emoção regressam. Ó Cristo, e dormem / Nos braços cujo amor é o fim do mundo”

Também encaminhei para o amigo uma outra reflexão do luso notável, autor do sempre à minha cabeceira Livro do Desassossego: “Para vencer – material e imaterialmente – três coisas definíveis são precisas: saber trabalhar, aproveitar as oportunidades e criar relações”. Sem jamais esquecer o ensinamento de Luiz Lira, outro amigo meu e professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, uma personalidade especialíssima: “Feliz do Ser Humano que tem o dom da arte. Arte é a energia do amor materializada. Não se deve jogar fora essa dádiva.”… “A alegria é uma aliada do amor. Dê alegria, use essa energia que dissolve o medo. Sorrir é o melhor remédio. Aprenda com as crianças o que você esqueceu. Seja puro sem ser tolo. Não importa que os outros pensem que você é inocente. Seja como uma criança sempre disposta a sorrir”.

Aproveitei o e-mail enviado e anexei para o amigo em crise um afoito poema por mim escrito há alguns anos: Busquei intensamente e me percebi / Pulsando sobre o tudo que amava / Louvando até não mais quase sentir / As amarras sobre as quais trilhava; Achei o que jamais perdi / O encanto de ter, aberta a porta / Desenho belo de amanhã que vi / De amor intenso, que a dois reporta; Luz intensa, marca-compromisso / Calor inteiro atapetando além / Sempre integralmente em paz; Caminhar em tempo algum demisso / Ultrapassando sem nenhum desdém / Os ontens vividos, sem olhar pra trás.

Sabendo ser o amigo desiludido portador de uma religião desvinculada de uma espiritualidade exigida para os enfrentamentos contemporâneos, ousei indicar-lhe uma leitura restauradora para a época junina, que se avizinha. Textos que me proporcionam frequentes releituras binoculizadoras diante dos desafios planetários dos amanhãs que se aproximam:

O FUTURO DAS HUMANIDADES – CIÊNCIAS HUMANAS DESAFIOS E PERSPECTIVAS -Jeilson Oliveira, Ericson Falabretti (orgs.) – Caxias do Sul RS, Educs, 2019, 269 p.

Ousei chamar a atenção do amigo para a dedicatória do livro citado: “Dedicamos este livro a todos(as) os(as) estudantes de ciências humanas, cuja vocação é o pensamento e cuja meta é a virtude. Que as intempéries do tempo e as adversidades da hora não afetem seu pendor e entusiasmo.”

Os autores reconhecem que escrever é uma forma de expurgar seus próprios incômodos. E que todo livro nunca sectário de Ciências Humanas é um manifesto de esperança, uma convocação indispensável para resistir às arbitrariedades dos que se imaginam os únicos escolhidos por Deus.

Desejo plena existencialidade comportamental para o amigo sempre presente em minha memória caminheira.


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