RESPEITO É BOM E EU GOSTO!
Raimundo Floriano
Seu Rosa Ribeiro, meu saudoso pai, nasceu no ano de 1891, ou seja, no século retrasado. Por aí vocês podem deduzir o sistema em que eu fui criado. Tomar a bênção pela manhã, acatar os mais velhos, não se meter na conversa dos adultos sem pedir licença, obedecer aos professores, não falar de boca cheia, pedir permissão para fazer a barba pela vez primeira, honrar a palavra dada, e por aí vai.
Mas isso são coisas ultrapassadas. No mundo atual, parecem até mentira esses costumes tirados do fundo do baú do esquecimento. Devemos nos adaptar aos ditames da modernidade: em terra de sapo, de cócoras com ele.
Este ano, fui alvo de maravilhosa surpresa. Minha prima Magnólia Baptista, residente em Teresina, nonagenária, enviou-me este belo presente, onde narra a história de sua vida que, por extensão, é a de grande parte da dos Sousa e Silva e dos Albuquerque e Silva:
É um poema em prosa, condizente com a sensibilidade artística e poética da prima Magnólia, e, ao mesmo tempo um tratado de sociologia, quando discorre sobre os tempos de sua infância vivida na Fazenda Brejo, do Capitão Pedro José da Silva, nosso avô.
Magnólia nada esconde, desde os mínimos detalhes, como a higiene pessoal na fazenda, onde não se dispunha de papel higiênico, passando pelos momentos vitoriosos de sua vida, com eventuais desprazeres, como a perda de uma filha e o autopadecimento de enfermidade considerada quase incurável.
Com muita graça, referindo-se ao sistema em que fomos criados, relembra dois episódios ocorridos em Floriano, que aqui reproduzo, escaneando-os, para não cometer lapsos na transcrição:
Muito bom, Raimundo Floriano. Hoje em dia o pessoal parece que não registra muito os fatos, escreve pouco. Certamente pelas mudanças de hábitos que inclusive você se referiu. No futuro muita gente vai sentir falta desses registros. Um abraço.
Muito bom meu tio.