Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Leonardo Dantas - Esquina quarta, 24 de maio de 2017

RICARDO BRENNAND, O CONSTRUTOR DE SONHOS
 


Neste 27 de maio passado, o industrial Ricardo Coimbra de Almeida Brennand, completará 90 anos de existência, notabilizando-se, não somente como um construtor de fábricas (19 projetadas e modernizadas), mas também no grande criador do Instituto Ricardo Brennand, a sua Cidade dos Sonhos, que hoje se destaca como um dos mais importantes museus do Brasil.

Tudo começa quando ele, ainda muito jovem, inicia a sua coleção de armas brancas. Durante toda a sua vida e em todas as suas viagens aos mais diferentes continentes, foi ele formando a sua própria coleção de armas brancas, reunindo espadas, facas, alabardas, lanças, escudos, punhais, adagas, armaduras (para cavalos e cavaleiros), balestras, elmos, arcabuzes, espingardas, mosquetes, carabinas, pistolas de duelo, milhares de canivetes, uma singular armadura para cachorro, quadros e esculturas de procedências diversas, além de curiosidades; como as espadas de cerimonial do Rei Faruk I do Egito, folheadas a ouro e cravejadas por brilhantes.

 

 

Antes da criação do instituto, armas brancas não só da Europa, mas do Oriente, como as procedentes da China, Japão, Índia (verdadeiras joias da cutelaria mongol), do Nepal, da Oceania, integravam um pandemônio de peças que se espalhava pelos diversos cômodos de sua residência em São João da Várzea.

No início do século XXI, capitalizado com a venda de três fábricas de cimento do Grupo Brennand – Cimento Atol, nas Alagoas; Cimento Goiás, em Cesarina, e a CIMEPAR, na Paraíba -, que juntas produziam 2,5 milhões de toneladas/ano, Ricardo Brennand pensou em tornar realidade um antigo sonho; o de reunir no mesmo local todas as peças de sua monumental coleção.

Através de traços rabiscados com uma caneta vermelha, ele ia criando algo semelhante a um castelo medieval, como aqueles que despertaram a sua atenção quando de suas visitas ao Vale de Loire (Vallé de la Loire), na França.

Desejava Ricardo Brennand tão somente um cenário de época que servisse de fundo para exposição e guarda de suas peças seculares.

Um castelo construído no estilo Tudor; o mesmo estilo que dominou a arquitetura inglesa entre 1585 a 1603, tão presente nos prédios das Universidades Cambridge e Oxford, que remontam os primeiros tempos do neogótico.

Não mais pensamentos ou hipóteses, mas um castelo medieval na Várzea do Capibaribe, com todo o seu impacto, nuances, particularidades e mistérios, que pudesse abrigar a sua incomparável coleção de armas brancas em grande parte constituída de verdadeiras joias da cutelaria universal.

A tarefa de transformar o sonho em realidade foi entregue à firma Augusto Reinaldo Arquitetura e Desenho, cujo titular entregou-se de corpo e alma à ideia.

Para isso viajou ele à Europa numa temporada de observação aos monumentos do Vale de Loire, bem como de outros recantos da França, a fim de adquirir restos de demolição de antigos castelos a serem aplicados na construção do novo Castelo de São João.

Concluída a sua viagem de observação, Augusto Reinaldo vai ao encontro de Ricardo Brennand, no Hotel Ritz de Paris, levando em mãos uma coletânea de fotografias documentando 23 castelos do Vale do Loire, com detalhes que ele gostaria de repetir no Castelo de São João da Várzea; inclusive a portada de entrada esculpida em pedra, originária de um castelo francês.

Em sua viagem, Augusto Reinaldo foi aconselhado a visitar a pequena comunidade de Houdan (2.912 habitantes), nas cercania de Paris, onde adquiriu 19 peças de demolição que vieram ser aplicadas no Castelo de São João, como ele próprio relata: “todas restos de castelos medievais, como algumas janelas, telhado tipo de pombal, os dois portais de pedra, o piso, a escada, a balaustrada da varanda do primeiro andar, além de outras que ficaram guardadas para futuras construções”.

A construção do Castelo de São João prolongou-se por mais de dois anos, dando origem a um edifício de 7000 metros quadrados, destinado a guarda de toda a notável coleção de armas, passando a se destacar na paisagem da Várzea do Capibaribe pela imponência do seu estilo incomum.

Concluído o Castelo de São João, Ricardo Brennand acresce a área construída do seu instituto, com um novo espaço com 1.200 m.² destinado a uma Pinacoteca. O novo prédio viria abrigar a exposição da coleção dos quadros do pintor Frans Post (1612-1680), todo acervo do Brasil Holandês, bem como da nova exposição temporária dos 28 quadros da mostra itinerante Albert Eckhout volta ao Brasil – 1644-2002, trazida especialmente do Museu Nacional da Dinamarca.

A inauguração desta Cidade dos Sonhos acontece em 12 de setembro de 2002, com as presenças, além do casal Ricardo (Graça) Brennand, do Príncipe Herdeiro Frederik da Dinamarca; vice-presidente da República do Brasil, Marco Maciel; governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, dentre outras autoridades, culminando com a abertura da exposição Albert Eckhout volta ao Brasil 1644-2002.

A mostra reunia pela primeira em terras brasileiras 28 grandes quadros daquele pintor holandês, alguns em grandes dimensões (168 x 294 cm.), produzidos entre 1637 e 1644 em Pernambuco, época em que o artista esteve a serviço do conde alemão João Maurício de Nassau-Siegen, exercia o posto de Governador do Brasil Holandês.

Na noite da inauguração uma multidão de mais de 5000 pessoas tomou conta dos caminhos que levavam ao Instituto Ricardo Brennand, localizado em terras do primitivo Engenho São João que, no século XVII, fora propriedade de João Fernandes Vieira, principal líder o movimento da Insurreição Pernambucana (1645-1654).

Nos seus primeiros três meses de atividades, o Instituto Ricardo Brennand registrou a frequência de 164.419 pessoas, em grande parte motivadas pela exposição inaugural Albert Eckhout volta ao Brasil 1637-2002.

Com a abertura do seu Instituto Ricardo Brennand, ele veio se transformar no construtor de sonhos, figura conhecida em toda região, para alegria e deleite dos 2.480.000 visitantes que, durante os últimos quinze anos, visitaram o seu empreendimento em terras de São João da Várzea.

Hoje, aos noventa anos, olhando para o seu instituto, ele pode exclamar como o poeta Carlos Pena Filho:

… é do sonho dos homens
que uma cidade se inventa.

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