Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo quarta, 17 de maio de 2023

SAÚDE: CORRER TODOS OS DIAS PODE LEVAR A PROBLEMAS PSICOLÓGICOS A LONGO PRAZO, AFIRMA ESTUDO

 

Por Victoria Vera Ziccardi, La Nacion

 

Corrida diária pode trazer problemas de saúde à longo prazo
Corrida diária pode trazer problemas de saúde à longo prazo Freepik

Correr é um dos exercícios favoritos para entrar em forma. Além de tonificar o corpo e ativar os músculos, traz benefícios para a saúde mental. No entanto, tendo a possibilidade de o fazer ao ar livre ou ouvir música e poder relaxar, muitos assumem esta atividade física como única e tornam-se dependentes. De acordo com um estudo publicado pela revista Frontiers in Psychology, essa dependência pode desencadear um vício em atividade física que, a longo prazo, pode desencadear problemas de saúde.

Os pesquisadores do estudo investigaram o conceito de válvula de escape, que geralmente é definido como "uma atividade ou tipo de entretenimento que ajuda a evitar ou esquecer situações desagradáveis ​​ou chatas", para entender a relação entre corrida, bem-estar e dependência de exercícios.

— Desenvolver válvulas de escape é um fenômeno cotidiano, mas até agora pouco se sabe sobre as razões por trás delas e como isso pode afetar psicologicamente — diz Frode Stenseng, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, principal autor da pesquisa.

O estudo explica que entre os benefícios psicológicos das válvulas de escape estão: alívio dos pensamentos e emoções mais estressantes e menos ruminação.

No entanto, pode haver dois tipos de “fuga” por meio das válvulas de escape: adaptativa e mal adaptativa. A primeira é sair em busca de experiências positivas e também se chama autoexpansão. Enquanto a mal adaptativa busca evitar experiências negativas e é chamada de autosupressão.

No que diz respeito à implementação do projeto, a equipe de investigação recrutou 227 corredores recreativos, metade homens e metade mulheres. Eles foram solicitados a preencher questionários relacionados a três aspectos diferentes do costume que utilizam como válvula de escape e da dependência de exercícios: uma escala que media a preferência por autoexpansão ou autosupressão; outra escala de dependência de exercícios; e uma escala de satisfação com a vida concebida para medir a satisfação dos participantes no seu dia a dia.

Como resultado, os cientistas descobriram que a autoexpansão estava positivamente relacionada ao bem-estar, enquanto a autosupressão estava negativamente ligada. De qualquer forma, o estudo confirmou que a necessidade de uma válvula de escape é um fator importante que influencia o desejo de se exercitar e que abrange até mesmo os aspectos adaptativos e desadaptativos da motivação para correr.

— Ainda são necessários mais estudos para investigar as consequências da corrida como método de fuga— afirma Stenseng.

Ele acrescenta que essas descobertas podem ajudar as pessoas a analisar qual é a verdadeira motivação que as leva a fazer essa atividade física. Em caso de falta de adaptação, é necessário mudar a mentalidade de fuga para uma de aprendizagem e expansão.

Em relação a esta pesquisa, Sebastian Blasco, diretor do programa de Psicologia do Esporte da Universidade Austral e autor do livro "Por trás do atleta: realização pessoal como vitória", acredita que todas as pessoas têm uma certa dose de desejo por válvulas de escape na rotina.

Nas palavras de Blasco, o problema surge quando a pessoa recorre a essa atividade o tempo todo para não ouvir a voz de sua consciência. Também pode acontecer que, consciente ou inconscientemente, a pessoa comece a sobrecarregar sua agenda e enchê-la de atividades como forma de fuga.

Somado a isso, Blasco comenta que é preciso refletir se a verdadeira motivação para correr é o prazer ou o preenchimento de lacunas.

— É preciso diferenciar e entender que o problema não é sair para correr e sim fazer para evitar a conexão com a essência do nosso ser — enfatiza.

Sobre a questão da vontade de correr, Nestor Lentini, especialista em medicina esportiva do Hospital Universitário Austral (HUA), explica que a prática diária de atividades físicas como correr libera endorfinas, hormônios que melhoram o humor, e que isso pode estar relacionado ao tipo de escapismo desadaptativo que algumas pessoas usam para evitar se sentir mal. No entanto, frisa que nos casos em que isso não é levado ao extremo, a corrida é uma ferramenta para combater o sedentarismo e as doenças crônicas não transmissíveis.

Por outro lado, Magali Barbara Almada, médica do esporte do HUA, concorda com os demais especialistas que usar a corrida como uma espécie de válvula de escape da realidade é algo verdadeiro que tem uma base psicológica relacionada com o estresse.

— Quando você sai para correr, libera muita tensão e passa por várias fases psicológicas — explica Almada.

Com este último, ela quer dizer que quando alguém decide dar os primeiros passos no mundo da corrida, passa por diferentes períodos. Segundo a profissional, no início existe a "fase surda" que é aquela em que a pessoa se recusa a correr e tem dificuldade para fazê-lo até que, com o passar do treino, começa a controlar a respiração, os batimentos cardíacos, e outros até que chegue ao próximo estágio. Nela, o corpo é automatizado com os movimentos que tem que fazer, então a mente começa a eliminar todo o resto.

— É como se fosse uma folha de papel em branco onde você pode planejar e pensar em milhões de coisas que só aparecem quando você está correndo e isso não acontece se você sentar com papel e caneta para pensar — detalha a médica.

Da mesma forma, Almada esclarece que não é que correr tenha um efeito viciante, mas à medida que a pessoa detecta que o seu desempenho é melhor, surge naturalmente a vontade de aumentar as variáveis ​​da corrida e ter objetivos mais ambiciosos (correr com mais frequência, por mais tempo, inscrevendo-se em uma maratona e afins). Embora ela avise que o ideal é que tanto quem o faz de forma recreativa quanto profissional o complemente com treinamento de força.

 

“E se eu correr todos os dias?”

 

— Tudo depende da distância: correr 20 quilômetros todos os dias não é o mesmo que fazer um percurso de apenas cinco quilômetros. Em geral, quando são percorridos mais de 10 km diários, surgem lesões que passam ao nível do metatarso e ocorrem fraturas por estresse — aponta a médica. Ao mesmo tempo, ressalta a importância de dosar o treino para não sobrecarregar os músculos e, justamente, evitar lesões.

Somado a isso, Almada alerta que os problemas físicos mais comuns que costumam aparecer quando o corpo é sobrecarregado pela corrida são: dores nas canelas, fascite plantar, fraturas da base do quinto metatarso e fraturas do fémur.

— Para preveni-las, é importante alternar os treinos para que os músculos descansem, usar o calçado correto, ter um bom acompanhamento médico e descansar pelo menos oito horas para se recuperar — explica.

Outro problema que exigir demais do corpo pode trazer é o cansaço extremo no dia seguinte, esse é um alerta de que você está fazendo mais do que pode. Desta forma, o esgotamento físico e mental é um primeiro padrão de alarme que em alguns casos pode desencadear insônia e amenorreia, ou seja, a falta de menstruação em mulheres.

— O esporte é saúde mas também tem limite, somos humanos e temos um limite biológico, não somos robôs. Correr 42km de maratona de uma só vez e sem a devida preparação é uma loucura absoluta — conclui Almada.


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