Mais um ano, mais uma vez o inevitável enfrentamento de um problema secular. Exatamente o mesmo problema, a seca. Acredite que estamos em pleno inverno nordestino, embora a realidade mostre que tal estação das chuvas só existe nos registros oficiais. Como será no verão?
Diferentemente do litoral, aqui não existe água cristalina a jorrar farta das torneiras e, quando existe, não passa de um líquido amarelado. Esta é a realidade do dia a dia do sertanejo, vítima de um drama que, como uma maldição, se estende pela vida de gerações. Fazer o quê?
O jeito é orar para Deus mandar chuva e para o mandachuva político da região, dono do curral eleitoral, cumprir as promessas eleitorais.
A propósito, Dom Pedro prometeu vender as joias da Coroa para dar fim à seca nordestina, enquanto outros tantos juraram que o sertão iria virar mar.
O senhor Luiz Inácio da Silva, prometeu que a Transposição do São Francisco entregaria água aos sertanejos ainda no seu primeiro mandato, mas o tema continua sendo um deserto não só de água, mas de verdades.
Por toda a região, a paisagem é desoladora, porque feita de pobreza, e fome, e sede, e sofrimento. No Ceará, nada menos do que 66% dos municípios já estão estorricados e outros 121 passam por seca moderada ou grave.
No Piauí, são 71% na mesma situação, enquanto na Paraíba o problema extrapola os 71%.
Os tenebrosos percentuais invadem o Rio Grande do Norte (62%), Pernambuco (52%), a Bahia (57%), Alagoas (33%) e Sergipe (20%).
Tem nada não. Tudo vai mudar. Todos os problemas terão fim em outubro, com a eleição dos novos deputados, senadores, governadores e presidente da República. Até lá, no entanto, continuará em vigor o sofrimento sertanejo, ressalvadas as disposições em contrário.
Pensando bem, esse povo maltratado vai direto para o Paraíso.
Melhor dizendo, no Paraíso, com inicial maiúscula, porque até o cumprimento da promessa terão morrido, e de tanto sofrimento, que ganharão o Éden.