‘Dezessete e Setecentos’ em produção estrangeira
Retorno a “Dezessete e Setecentos”, sucesso de Gonzaga e Miguel Lima, tão aclamada na coluna da semana passada por sua curiosidade aritmética, seu jogo de palavras e seu ritmo balançado e gostoso de ouvir.
Esta semana, conto um pouco mais da história da música, que chegou a ser reproduzida em filme estrangeiro.
Pecadora (1947) Poster
Em 1947, os Anjos do Inferno, participaram do filme mexicano “Pecadora”, do diretor José Diaz Morales, com roteiro de Pedro Calderon e do próprio diretor.
No elenco, Ramón Armengod, Emilia Guiú, e Ninon Sevilha. Na parte musical, Agustin Lara, Ana Maria Gonzales e o nosso grupo “Anjos do Inferno”.
Anjos do Inferno, Dezessete e Setecentos,
de Luiz Gonzaga e Miguel Lima (Pecadora, 1947)
A sinopse dizia: “Em Ciudad Juárez, uma prostituta decide deixar seu amante, quando ele, traficante, é preso. She marries a rich man, but a pimp from her past reappears unexpectedly. Ela casa com um homem rico, mas um cafetão do seu passado reaparece inesperadamente”.
Os Anjos do Inferno
Era o nome de um conjunto vocal e instrumental brasileiro de samba e marchinha de carnaval, formado em 1934.
Os “anjos” tiveram diversas formações ao longo de uns trinta anos, mas, mesmo assim conseguiu criar uma identidade sonora típica, caracterizada pelo piston. O nome veio como ironia à orquestra “Diabos do Céu”, dirigida por Pixinguinha e muito popular nos anos 30.
O auge da carreira dos “Anjos do Inferno” teria sido nos anos 40, na ‘época de ouro’ do rádio.
Foram contratados pelas principais emissoras de rádio do Brasil, tocaram em cassinos e gravaram diversos sucessos de carnaval. O conjunto excursionou pela América Latina e Estados Unidos, onde acompanhou Carmen Miranda. No total, os “Anjos do Inferno” gravaram 86 discos pelos selos Colúmbia, Continental, Copacabana e RCA.
Curiosamente a mesma música foi gravada no mesmo ano pelo conjunto “Quatro Ases e um Coringa”, rival de “Anjos do Inferno”.
Dezessete e Setecentos, com “Quatro Ases e um Coringa”, 1947
Quatro Ases e um Curinga
Os “Quatro Ases e Um Curinga” foram um conjunto vocal e instrumental brasileiro, formado no Rio de Janeiro. Ao lado dos “Anjos do Inferno”, foram o grupo de maior sucesso na dita “era do ouro” do rádio brasileiro, principalmente nos anos 40.
No começo, todos os seus integrantes eram de Fortaleza, Ceará: Evenor Pontes de Medeiros . violonista e compositor; José Pontes de Medeiros, violonista e cantor; Permínio Pontes de Medeiros, gaitista e cantor; André Batista Vieira, o curinga pandeirista; e Esdras Falcão Guimarães, o Pijuca.
Em 1939, os irmãos Pontes de Medeiros, que estudavam no Rio de Janeiro, decidiram formar um quarteto vocal e instrumental com o amigo André Vieira, chamado de “melé”.
Depois de se formar em Química, dois anos depois, Evenor e os outros três viajam para Fortaleza, onde se apresentam na Ceará Rádio Clube, com o nome de Bando Cearense.
Foi então que se juntou a eles o violonista Esdras Guimarães. Por sugestão de Demócrito Rocha, eles adotaram o nome de ‘Quatro Ases e um Melé’. De volta ao Rio, entraram em contato com César Ladeira, diretor da Rádio Mayrink Veiga, que mudou o nome do grupo para “Quatro Ases e um Curinga, vez que ‘melé era um termo desconhecido no Rio de Janeiro.
Semana que vem tem mais…
PS: Samba-Calango mineiro, lançado em 1945 por Manezinho Araújo e que mereceu, dois anos mais tarde, este registro dos Quatro Ases e um Coringa, feito na Odeon em 18 de abril de 1947 e lançado em julho seguinte, disco 12784-B, matriz 8213.