LEMBRANÇAS DA MINHA INFÂNCIA
Revoada de santos
E de anjos meninos
Povoava meus sonhos
De garoto traquino…
No morro uma pedra
Inda está suspensa
No mesmo endereço
Por milagre ou magia
Ou por brincadeira
De um anjo travesso
E naquele recanto
Entre anjos e santos
Era ali que eu vivia
O lugar é o mesmo
Só eu que mudei
Criança eu cria
Em anjos e santos
Inda hoje eu creio
Porém, mesmo assim
Os anjos e os santos
Não creem em mim.
QUE COISA!
Uma coisa é uma coisa
Isso todo mundo sabe
Se outra coisa é outra coisa…
Explicar a mim não cabe
Cada coisa é uma coisa
Diferente doutra coisa
Desigual, como se sabe
Quem sabe, talvez, se fosse
Se fosse uma outra coisa
Coisa que não ficou clara
Não disse coisa com coisa
Pois se a coisa misturasse
A coisa que se formasse
Não seria a mesma coisa
As coisas têm dessas coisas
Que coisa!
MINHA POESIA
Minha poesia:
É um pequeno veio
Infiltrada no meio
Da imaginação
Que escorre
Pelo bico da pena
Para desaguar
No teu coração
E vir (a) mar
METAMORFOSE
Transformei em pena
A minha enxada
O meu roçado
Em papel pautado
Minha inspiração
Na palavra escrita
Ficou tão bonita
Que pensei comigo
Missão cumprida
Voltei pra roça
Pra gerar comida.
Em 2019
Continuarei a lida.
MEUS MEDOS
É ficar cego de encanto
Tatear por todo canto
Pelos côncavos e convexos…
Apalpar nos teus anexos
A geografia do teu corpo
Navegar por mares mortos
Nas entranças e reentrâncias
Viver tanto desconforto
Sem nenhuma esperança
De ancorar n’algum porto