Já rolamos na lama
Na grama, na cama
No serrado, na fama…
Quarenta anos depois
Eu continuo côncavo
Você ainda convexa
Muito pouco ainda rola
Só o amor se conexa
ISTO SOU EU
Eu sou assim:
Interiorano,
Indefinido
Abstrato,
Vazio,
Mal escrito
Sem fim definido…
Acho que sou
Um rascunho de mim
Isto sou eu
O ANDARILHO
Fui andarilho
Até encontrar você
Comi todas as maçãs
Tantas, quantas apareceram
Hoje na escassez
Maçãs não me atraem tanto
Não quanto os teus encantos
Vivo preso neste canto
Que também é o teu canto
JURO
Eu sou puro
Meu espírito é pecador
É ele que se aventura
Enquanto eu durmo
No período noturno
Criando sonhos eróticos
Bordando e pintando o sete
Quando ele volta
Se fingindo de bonzinho
Sou eu que pago o pato
POETA DE BAR
Sou um poeta de bar
Sem destino, sem lar
Fecharam todas as janelas
Me aparece numa delas
Me atira um balde d’agua
Mostra que te chamei atenção
Quem sabe um dia eu volte
E conquiste teu coração.
ESPERANDO SENTADO
Não cheguei porque era distante
Não alcancei porque era alto
Não lutei porque não era forte
Fiquei esperando a morte
E lamentando a falta de sorte.
TEMPO DE VIDA
Aprendi com o tempo
Que quem não ousa
Tem bem mais tempo
Pra viver bem menos