LATROCÍNIO
No pescoço da vítima
Havia um fio de cabelo
Suponho, a arma do crime
Mas, só depois da autopsia
Pude comprovar o latrocínio
Roubo, seguido de morte.
O coração estava sem cor,
Frio, frágil, flácido, vazio…
Sem nem um pingo de amor.
A criminosa havia fugido
Deixando um coração ferido
E um cenário de horror
Quem não ama, não sofre por amor.
A DISTÂNCIA QUE NOS SEPARA
A distância que nos separa
É infinitamente pequena
Mas não dá pra medir
No olho-a-olho
Preciso de régua
Para medir as léguas
Que separa nós dois
A distância exata
Confirmarei depois.
Não é muita coisa
Isso posso afirmar
Quem se meter entre nós
Vai se machucar
Quer pagar pra ver?
Se meta e verá
RIO TOCANTINS
Carrego comigo
Parte desse rio
Por isso sorrio
E me ponho a pensar
Se hoje sou rio
Um dia serei mar.
COISA DE POETA
Um poeta na rua
No meio da madrugada
Uma janela entreaberta
Duas tranças penduradas
Um balde de água fria
Acaba com a poesia
Duma cena inusitada…
As tranças se recolhem
O poeta todo molhado,
Põe a viola no saco
Já é tarde, vai embora
DESENCONTRO
Quando a alegria bate
na nossa porta da frente,
A tristeza sai pela nossa
porta do fundo