Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Xico com X, Bizerra com I terça, 20 de novembro de 2018

TENENTE AGUIAR

 

 
TENENTE AGUIAR

Os anos 60 vestiam fraldas. Corria célere o de 62, ou o de 63, não tenho certeza. Na casa do Tenente Aguiar, bairro de Nazaré, em Fortaleza, morava o único televisor da região. Luxo de poucos. O militar, caladão, abusado, cochilava e peidava em sua poltrona, sonhando um dia ser Capitão. Sua esposa, Dona Madalena, ao contrário dele, era afável, talvez para compensar a cara-durice de sua cara-metade. Aquela casa ficava na rua paralela à nossa Francisco Parrião (nunca descobri quem era ou o que fez esse cidadão para merecer nome de rua), e, para lá íamos ficar parados em frente à única janela aberta para a rua, eu e muitas outras crianças, olhos arregalados, esperando entrar no ar o Vídeo Alegre, TV Ceará, início de carreira de Renato Aragão. Tempos em que não havia o Faustão. Como demorava bater 8 horas da noite! Às risadas se juntava a frustração da falta de um assento, um tamborete que fosse, para a gente se sentar. As trapalhadas, nas quartas-feiras, eram a diversão maior de todos nós. Sobravam gargalhadas e pernas doídas depois de uma hora em pé na janela da casa do Tenente. Tempos depois, lembro bem, meu pai conseguiu comprar uma TV, SEMP, acho que de 20 polegadas, com uma antena em forma de ‘V’ sobre ela. Na época inventaram um plástico colorido, vermelho-amarelo-verde que se colava à frente da tela preto e branca e aí tínhamos a TV colorida. Literalmente colorida. Ficamos todos felizes. Pedi a meu pai, e ele atendeu, que colocasse na sala um banco grande que coubesse os 7 ou 8 meninos que comigo assistiam Renato Aragão se transformar em Didi Muçu, em sua fase pré-Trapalhão. Além de sentados, víamos o programa ‘a cores’ e sem precisar ouvir o ronco do quase velho Tenente Aguiar. Aquela era a única TV ‘a cores’ da Região. Até dona Madalena rendeu-se aos apelos ‘tecnológicos’ da época e um dia foi assistir a novela colorida, sentada no banco da meninada que, àquela hora, jogava bola de meia na rua Francisco Parrião. Inocente e alegremente, sem notícia de trapalhadas como as que hoje frequentam as não-esquinas de um Planalto brasileiro. Só muito tempo depois soube que o Tenente Aguiar fora para a reserva sem realizar seu sonho de ser Capitão.


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros