1. No cenário brasileiro do Espiritismo, entre os mais talentosos divulgadores, um se destaca pelo conhecimento e bravura em defesa da doutrina de Allan Kardec: Jorge Rizzini, um paulistano eternizado em 2008, criador, em 1982, do Primeiro Festival de Música Mediúnica, realizado no Teatro Municipal de São Paulo.
Durante mais de 10 anos debruçou-se sobre uma gigantesca pesquisa documental, onde registrou experiências sobre realidade espiritual efetivadas através de fenômenos e análises de notáveis personalidades, entre as quais Leon Tolstoi, Goethe, Victor Hugo, Conan Doyle, Charles Dickens, Victorien Sardou, Guimarães Rosa, Monteiro Lobato, Rui Barbosa e Olavo Bilac, entre tantos outros, que relataram feitos e fatos espíritas que marcaram suas vidas.
Um dos seus livros mais lidos, o que relatou os testemunhos dos acima citados e mais alguns, teve apresentação da sua neta Veridiana Rizzini L. Mantovani, que o considerava “um homem muito especial, descontraído e brincalhão, mas imbatível em seus propósitos, quando se tratava da coerência na divulgação do espiritismo.” O livro intitulou-se:
ESCRITORES E FANTASMAS – Jorge Rizzini – São Bernardo dos Campos SP, Correio Fraterno, 3ª. ed., 2017, 352 p.
Através de depoimentos convincentes, os leitores encontrarão uma excelente oportunidade para se perguntar sobre as suas relações com a outra dimensão, sobre as suas origens e os seus destinos.
O livro é dividido entre testemunhos nacionais e testemunhos estrangeiros. E traz uma Introdução do autor intitulada O espiritismo e os expoentes da cultura universal, onde ele explicita: “Não é nosso objetivo fazer aqui um serviço de estatística. Todavia, recuaremos no tempo e encontraremos Sócrates e Platão. O primeiro, desde a infância ouvia uma voz que o orientava nos momentos cruciantes. Era o filósofo médium auditivo. ‘Essa voz não intervém senão para me afastar do erro’, contava Sócrates, momentos antes de morrer. E declarava: ‘Ela nunca me leva a fazer mal.’”
Citemos algumas citações, para provocar, no futuro, o interesse dos amigos eitores para o conhecimento de todos os relatos:
– “Não julgueis que em todo esse drama há alguma coisa de além-túmulo?” (Fagundes Varela)
– “O espiritismo será a religião de amanhã, porque prova a sobrevivência.” (Monteiro Lobato)
– “A proporção que uma folha se completava, sempre em grafia bem legível, eu ia verificando o que ali fixara o lápis do Chico.” (Agripino Grieco)
– “Ah! tu deves ter sido em tempos longínquos minha irmã ou minha esposa.” (Goethe)
– “Tornei a adormecer. Durou o fenômeno cerca de uma hora.” (Victor Hugo)
– “Considero muito importante pôr em evidência, cada vez mais, o lado religioso do espiritismo.” (Conan Doyle)
2. A ameaça pandêmica da COVID-19-19, forçando um recolhimento compulsório ao lar, me proporcionou a oportunidade de rever notas e reflexões escritas bem dormidas, favorecendo a distinção entre alhos e bugalhos. Linhas -extraídas de vários naipes ideacionais, algumas delas amplamente divulgadas. Algumas delas:
– “Somente a Razão torna a vida alegre e agradável, excluindo todas as Concepções ou Opiniões falsas que podem perturbar a mente.” (Epicuro)
– “A vida que não é examinada não vale a pena ser vivida.” (Sócrates)
– “O que somente pode guiar o homem? Somente uma coisa, a filosofia.” (Marco Aurélio)
– “O homem não pode superestimar a grandeza e o poder de sua mente.” (Hegel)
– “Fazer filosofia é explorar o próprio temperamento, e ao mesmo tempo tentar descobrir a verdade.” (Iris Murdoch)
– “Ser filósofo não é meramente ter pensamentos sutis, nem mesmo fundar uma escola… É resolver alguns dos problemas da vida, não na teoria, mas na prática.” (Henry David Thoreau)
– “O carpinteiro molda a madeira, os arqueiros moldam flechas; o sábio molda a si mesmo.” (Buda)
– “A escrita popular requer a transformação engenhosa, se bem que fidedigna, de questões complexas em questões espantosamente simples – uma tarefa que eu não teria conseguido conceber, muito menos executar, sem uma assistência especializada.” (Lou Marinoff)
O último autor dos citados acima é autor de um livro por mim lido de fio a pavio, que muito bem demonstrou a eficácia da filosofia aplicada aos problemas cotidianos como os atuais:
MAIS PLATÃO E MENOS PROZAC – A FILOSOFIA APLICADA AO COTIDIANO – Lou Marinoff – Rio de Janeiro, Record, 2001, 380 p.
O autor oferece o livro “para aqueles que sempre souberam que a filosofia servia para alguma coisa, mas não conseguiam explicar exatamente para quê.”
O trabalho de Marinoff é composto de quatro partes: I – Novos usos para a sabedoria antiga; II – Administrando problemas cotidianos; III – Além do aconselhamento do paciente; IV – Recursos complementares.
Uma leitura pra lá de oportuna, no momento em que as instituições religiosas estão com suas credibilidades reduzidas, levando-se em conta que a filosofia abarca lógica, ética, valores, significado, racionalidade e tomada de decisão em situações complexas.
E o autor faz uma advertência contundente: “O estudo básico da filosofia deveria fazer parte de toda educação; uma universidade sem um departamento de filosofia é como um corpo sem a cabeça.” Infelizmente, nos últimos tempos os especialistas da área enfatizaram demasiadamente a teoria em detrimento da prática, tornando a filosofia incompreensível e inaplicável para a grande maioria das pessoas comuns.”
Vale a pena ler ou reler Marinoff, para saber enfrentar os problemas causados pela atual pandemia.
As duas leituras acima, excepcionalmente didáticas, destinam-se a pessoas saudáveis em busca de articulações promissoras e nunca nostálgicas com pensadores que marcaram época, na construção de amanhãs mais comunitariamente solidários entre si e vinculados filialmente com a Criação.