Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

MPB da Velha Guarda terça, 22 de novembro de 2016

TONHECA DANTAS E A VALSA ROYAL CINEMA

TONHECA DANTAS E A VALSA ROYAL CINEMA

Raimundo Floriano

 

Tonheca Dantas (187 –1940)

 

(No mês de abril de 2011, o adolescente saxofonista H. Dantas adicionou-me no Orkut. Chamou-me à atenção o fato de ele residir em Carnaúba dos Dantas (RN). Perguntei-lhe se era aparentado de Tonheca Dantas, ao que respondeu não saber de quem se tratava. Isso me levou a redigir a presente matéria, buscando resgatar a figura desse ilustre desconhecido, ignorado até por músicos do rincão que lhe serviu de berço.)

 

                        Antônio Pedro Dantas, o Tonheca Dantas, é um dos nomes mais importantes da história artística do Rio Grande do Norte.

 

                        Nasceu a 13 de junho de 1870, dia de Santo Antônio, no sítio Carnaúba de Baixo, próximo à Vila São José, local em que hoje se encontra a cidade de Carnaúba dos Dantas, assim nomeada em homenagem a essa grande família de compositores potiguares, e faleceu em Natal, Capital do Estado, em 7 de fevereiro de 1940.

 

                        Viveu sua infância no sítio onde nasceu e, logo cedo, iniciou-se nas duras lides do sertão, apanhando algodão nas terras de seu pai e nos sítios vizinhos. Era o quinto filho do Tenente-Coronel João José Dantas e da escrava alforriada Vicência Maria do Espírito Santo.

 

                        A maioria de seus irmãos demonstrava tendência e talento para a Música. Além de lições elementares de teoria musical recebidas de José Venâncio, seu irmão mais velho, Tonheca não teve aprendizado sistemático nessa Arte.  Cedo, e rapidamente, dominou diversos instrumentos – flauta, pistom, saxofone, trompa, trombone, bombardino, violão e clarineta, seu preferido – e o canto sacro, indispensável às festas religiosas.

 

                        De posse dos conhecimentos necessários, foi admitido na Banda de Música de Carnaúba dos Dantas, cuja superior missão era tocar nos ofícios religiosos da Festa de Nossa Senhora da Guia, da Padroeira de Acari e de outras paróquias da região do Seridó, e até de cidades do vizinho Estado da Paraíba. A Banda também era chamada para tocar nas recepções, visitas de pessoas ilustres, festas escolares e cívicas.

 

                        A dedicação à arte musical e seu talento fizeram-no um grande profissional. Assim, em 1898, foi contratado como Mestre da Banda de Música da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, e, em 1903, admitido na Banda de Música do Corpo de Bombeiros do Estado do Pará. Em 1927, ingressou na Polícia Militar da Paraíba, sendo, em pouco tempo, promovido a 1º Sargento Músico, ocasião em que passou de Contramestre a Mestre da Banda.

 

                        Deixou cerda de mil composições, entre dobrados, marchas, sambas, choros, gavotas, polcas, maxixes, hinos, xotes, polcas, e, principalmente, valsas. Uma das mais conhecidas, Royal Cinema, foi executada diversas vezes pela Orquestra da Rádio BBC de Londres, durante a Segunda Guerra Mundial. Essa valsa, juntamente com A Desfolhar Saudades, mereceu o registro sonoro por diversas Bandas de Música Militares do Nordeste.

  

                        Teve ainda músicas gravadas por Ivanildo do Sax de Ouro, Zé de Elias, Quarteto de Cordas da UFRN e Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte. Foi homenageado pelo bisneto Antônio José Madureira com a Suíte Retreta, gravada no disco Romançal, pelo Quarteto Romançal em 1997. Recebeu, também, homenagem do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, com a inauguração da Sala Tonheca Dantas, no Teatro Alberto Maranhão.

 

                        Nem mesmo Tonheca sabia o número exato e o título de todas as composições de sua autoria. Aqui vai uma pequena relação:

 

A Desfolhar Saudades, valsa; Acydália, valsa; Afeto de Mãe, valsa; Aí, Barrigudo, polca; Amor Constante, valsa; Ana Dantas, valsa; Aristófanes Fernandes, dobrado; Batalhão de Segurança, marcha; Boas Festas, valsa; Capitão André Fernandes, dobrado; Carli Fernandes, valsa; Cecília Medeiros, valsa; Comandante Nei Pedro, dobrado; Comandante Vitoriano, dobrado; Coronel Pedro Soares, dobrado; Correio do Norte, dobrado; Dagmar Dantas, valsa; Delírio, valsa; Desilusão, valsa; Edi Fernandes, valsa; Embaixador da Paraíba, dobrado; Força Pública, marcha solene; Guiomar, valsa; Gumercindo Saraiva, dobrado; Hino ao Duque de Caxias, hino; Iolanda, valsa; Iremita Medeiros, valsa; Ivanisa Fernandes, valsa; Joana Machado, valsa; Joel de Oliveira, dobrado; José Paulino, dobrado; Laurita, valsa; Louca Por Amor, valsa; Lúcia Pires Lemos, valsa; Lydia Cavalcanti, valsa; Maria de Lourdes, valsa; Maria Leonor, valsa; Matilde, valsa; Melodia do Bosque, valsa; O Velho Sabido, samba-choro; Odete Fernandes, valsa; Onze de Dezembro, dobrado; Os Três Corcovados, maxixe; Paisagens de Acari, dobrado; Perfume do Coração, valsa; Pinto Não É Galo, samba; Ramos de Rosas, valsa; Republicana, marcha de procissão, Royal Cinema, valsa; Sargento Luís Gonzaga, dobrado; Saudades de Minha Filha, valsa; Saudades de Minha Noiva, valsa; Saudades do Pará, dobrado; Silvino Cabral, valsa; Sou Imperoso, Porque Posso, maxixe; Tenente Augusto Toscano, dobrado; Tenente João Machado, dobrado; Tenente Luís Cândido, dobrado; Teresinha França, valsa; Triunfo de Virgem, marcha; Troca de Beijos, gavota; Xiquexique, maxixe; Yaperina Guerra, valsa; Zé Grande, choro; Zuzuca, choro.

 

                        Sua descendência também é extensa, como se adiante se vê:

 

Auta, do casamento com Rosa Lima; Marfisa, do relacionamento com Olívia; Antônia, do casamento com Ana Florentina; Antônio Pedro Dantas Filho (1º), do casamento com Francisca Lucas; Antônio Pedro Dantas Filho (2º), Afonso, José, Mirto, Salvador, Ivone, Cleto e Evilásio, do casamento com Francisca Lino Bezerra.

 

(Os dados até aqui constantes foram colhidos nestas fontes: Enciclopédia da Música Brasileira, da Art Editora, Wikipédia, A Desfolhar Saudades, livro de Cláudio Galvão, Dicionário Cravo Albin da MPB, arquivo pessoal e depoimento de vários amigos pesquisadores espalhados por este Brasil afora.)

 

                        Que se saiba, apenas um de seus filhos abraçou a Arte Musical, o instrumentista e compositor Antônio Pedro Dantas Filho (2º), o Tonheca Filho, ainda vivo. Conheci-o, de vista, aqui em Brasília, como Sargento Músico – trombone e bombardino – do BGP - Batalhão de Guarda Presidencial. Em homenagem a esse ilustre descendente, aí vai sua foto, para que não se perca sua memória com o passar do tempo.

 

Tonheca Filho 

                        No início dos Anos 1960, havia em João Pessoa um mulato atarracado muito ladino, o Potiguara, fazedor de biscates lá por perto do Banco do Brasil, cujos funcionários gostavam de emprestar-lhe dinheiro a fundo perdido, só pelo gosto de deliciarem-se com sua prosa, suas piadas, seus improvisos e seu parangolé. Para os turistas, ele exibia uma habilidade adicional: assobiava com exímia perfeição, a valsa Royal Cinema, mediante a recompensa com qualquer trocado que lhe caísse na bandeja.

 

                        No intuito de que todos possam avaliar o quanto isso lhe exigia perícia no bico, ofereço-lhes a valsa Royal Cinema, com a Banda de Música do Catre (RN):

 

                        E mais estas preciosidades de sua autoria, também com a Banda de Música do Catre: 

                        Delírio, valsa, com Antônio Gonçalves da Silva no solo de clarineta:

 

                        Lúcia Pires Lemos, valsa:

 

                        A Desfolhar Saudades, valsa, com Antônio Gonçalves da Silva o solo de clarineta:

 

                        Melodia do Bosque, valsa, com Antônio Gonçalves da Silva no solo de clarineta:

 

                        José Paulino, dobrado:

 


sexta, 14 de dezembro de 2018 as 18:56:58

Maria Dione
disse:

Toda Nação eleva o amor à pátria conforme cultuam seus mitos! Deveria ser institucionalizada nas novas metas do ensino brasileiro: estimular a admiração por tantos nobres e exemplares de brasileiros!


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sábado, 16 de fevereiro de 2019 as 06:44:37

Admilde Gonzaga da Silva
disse:

adorei escutar o venil Royal Cinema Tonheca Dantas com a Banda de Música do Catre pois esta incluido meus dois irmãos completando a riqueza desse trabalho.


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