TRÊS DE MAIO, O DOBRADO
(Publicada em 05.09.2011)
Raimundo Floriano
Descobrimeno do Brasil
Há muito tempo, os internautas de todo o Brasil vêm solicitando a postagem do dobrado Três de Maio, que ninguém os possuía em seu acervo. Por isso, encarei mais este desfio: conseguir suas partituras e arranjar uma Banda que se dispusesse a realizar a gravação.
De tanto procurar, de tanto cavar, de tanto futucar, ditas partituras chegaram-me às mãos a 16 de maio deste ano. No dia seguinte, eu compareceria à Fanfarra do 1º Regimento de Cavalaria de Guarda - 1º RCG, para assistir à primeira passagem dos dobrados Padre Cícero e Tenente Raimundo Floriano. Ao seguir para lá, levei o Três de Maio debaixo do braço.
Terminada a audição, o Subtenente João Ribeiro, Contramestre, me explicou que iriam dar mais umas ensaiadas, pra depois levar as duas peças para o estúdio. Nesse momento, saquei o Três de Maio de debaixo do braço e perguntei: – Será da dava pra gravar este também? O Tenente Almeida, Regente, que se encontrava ali no momento, perguntou-me qual o episódio histórico ocorrido a três de maio. Fiquei numa bananosa que não tinha mais tamanho. Prometi-lhe pesquisar. E encontrei explicação aceitável em matéria publicada no jornal Folha da Manhã, datada de 03 de maio de 1928, do qual extraio alguns trechos, mantida a ortografia original:
“FAZ ANNOS HOJE QUE FOI ACHADO O BRASIL
Como elles chegaram aqui - monte compromettedor - devemos commemorar o 3 de maio?
Foi a 21 de Abril.
Foi a 3 de Maio?
"Não ha cabal certeza" diria o sr. Pero Vaz de Caminha reporter do "Furo" orgam sensacional da imprensa lisboeta, que adherira á caravana descobridora do almirante Pedro Saccadura Cabral.
Faz tanto tempo...
Foi a 1500. Dizem os historiadores, e o dizem com o testemunho dos nativos encontrados na terra descoberta, entre os quaes se destacavam o poeta Freitas Valle e o já então desembargador Ataulpho de Paiva, que o caso teve logar no dia 21 de Abril.
Mas, fizeram uma revisão nas folhinhas e transferiram o 21 de Abril de 1500 para 3 de Maio, o que apenas vem provar que aquella gente arrojada e navegadora, intrepida e aventureira, andava atrazada apenas de 12 dias...
Que laranjas!...
Certa ou não, authentica ou adulterada, hygienisada ou com agua, a data do hoje, 3 de Maio é a officialmente consagrada á commemoração desse para nós, irremediavel golpe de azar, que foi o descobrimento da terra de "Santa Cruz".
A terra de "Santa Cruz" é isto que foi depois rebaptisado com o nome de Brasil. Brasil nome nacionalista oriundo de um páu vermelho e que ainda hoje não se sabe se deve ser escripto com s ou z ...
Trata-se de uma authentica estylização nacional.”
A data 21 de abril, e não 22, como agora nos é ensinado e aceito, deve-se ao fato de que não só Pero Vaz de Caminha, mas muitos outros da Esquadra de Cabral, mandaram correspondência para Portugal, noticiando, como também Caminha o fez, que os primeiros sinais de terra apareceram no dia 21 de abril.
Dada a mencionada reviravolta no calendário, como ressalta a Folha da Manhã, Por muito tempo foi ensinado nas escolas que a data do Descobrimento do Brasil era 3 de maio. Quando entrei para o grupo escolar, aprendi assim.
As partituras do dobrado Três de Maio foram escrita no início do século passado. Nela, não há o nome do compositor. Trazem apenas o carimbo da Banda de Música do 22º Batalhão de Caçadores, sediado em João Pessoa (PB).
Exibo-as para vocês como curiosidade, vez que, manuscritas, trazem a grafia também do século passado, como, por exemplo, clarineta – ou clarinete – com esta forma: clarinêtta.
É um belo dobrado. Para baixá-lo ou salvá-lo, cliquem aqui:
http://www.4shared.com/folder/-8Hfzx_0/DOBRADOS_NOVOS.html
Agradecendo o apoio da Equipe Técnica do Jornal da Besta Fubana, aí vai ele para sua audição, com a Fanfarra do 1º Regimento de Cavalaria de Guarda.
Para facilitar, aqui vai sua versão no formado mp3: