Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carlos Eduardo Santos - Crònicas Cheias de Graça quarta, 31 de agosto de 2022

UM ENCONTRO COM A AVENTURA (ARTIGO DE CARLOS EDUARDO SANTOS, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO

 

UM ENCONTRO COM A AVENTURA

Carlos Eduardo Santos

 

Precisávamos mostrar publicações anteriores aos periódicos de maior ressonância – o “Jornal do Commércio” e o “Diário de Pernambuco” – na esperança de poder aproveitar algum lance de sorte e iniciar a vida profissional tão sonhada, no jornalismo.

Eu, desejando ser um Henrique Pongetti, o grande cronista da revista “Manchete”, e Amílcar, um poeta gaúcho: Mário Quintana.

Com o passar dos tempos, nossas incursões tiveram que ser pelos caminhos da reportagem, como setoristas, para depois seguir nossos diferentes caminhos. Ambos tivemos a sorte de chegar ao ápice dos nossos sonhos, muitos anos depois, como tarimbados jornalistas profissionais e publicando nossos livros.

Revendo recortes do “Jornal Pequeno”, da “Folha da Manhã” e da “Folha do Povo”, do “Jornal do Commércio” e do “Diário de Pernambuco”, vim a encontrar esta crônica que escrevi e publiquei aos 15 anos, página que copiei porque a reprodução não tem nitidez ideal.

“Encontro com a aventura”, foi o tema narrando um passeio que fizemos com Sílvio Pessoa, no seu veleiro, pelas águas atlânticas de Pernambuco, num sábado memorável, quando éramos adolescentes e ambos já bancários.

Colocar o barquinho no mar, montando-o em roletes até chegar a água, exige experiência e colaboração de várias pessoas. Semelhante ao que fazem os jangadeiros. Portanto, a saída é meio agitada e diferente de tudo quanto conhecíamos.

Há uma série de movimentos rápidos dos tripulantes e auxiliares, ainda em terra, para retirar a embarcação da marina. Ao colocar o shipe na água, ata-se o leme e apruma-se a proa, atos que exigem força e precisão.

Desde os primeiros momentos, quando são içadas as velas que se enfunam sob ventos nordestinos, o barco começa a cortar o mar afora, pois mansas eram as águas, impulsionando a embarcação por seu único combustível: o vento.

Iniciam-se momentos de uma historia de emoções tentadoras e descobertas incríveis, dentre elas entender como se navega contra o vento. Isto sempre me encabulou!

No mar sentimo-nos diante de um panorama audacioso, um espetáculo tentador. Quando um homem está velejando mais se assemelha a um palito de fósforo na imensidão das águas.

Ele sente diferentes emoções e lhe inspiram as criações literárias de força ímpar. A grande surpresa é que não há sinais de trânsito nem linhas que demarquem as vias. Há muitos caminhos largos e poucos veículos navegando.

Sentimos no velejar a grandeza de Deus e a insignificância do homem diante da imensidão de mar e do céu. Sofrência bem diferente do cotidiano que estamos acostumados a sentir, na vivência da cidade motorizada. No mar o silêncio é espantoso.

A água é completamente azulada e o proeiro pode ver e imaginar emocionado os mistérios da vivência de alguns dos habitantes e seus caprichos. Dá vontade de nos juntar com eles, para confraternizar, num mergulho profundo, em busca de uma visão que à flor das águas não dispomos.

Ao retornar, no cair da tarde, nós, marinheiros-visitantes daquele dia, observamos que o barquinho retorna às areias de Barra de Jangada, diante de um espetáculo lindo. O sol fechando suas cortinas e a tarde pedindo licença para ir embora.

Como uma colcha de retalhos as águas se deixam desfiar no chegar das ondas que se desmancham na areia da praia. Só espumas se espalhando. Há uma união perfeita entre céu, oceano e areia, que no caso, representa o porto seguro da pequena embarcação, já de velas recolhidas.

Há necessidade de experiência e coragem unidas à agilidade matemática para colocar o casco, novamente, nos roletes e fazê-lo retornar à marina.

Sílvio Pessoa, o velejador, nos proporcionou assim a primeira experiência de navegar em mar aberto pela Plataforma Continental de Pernambuco, constatando-se que as senhas da experiência usadas na atividade de marinha, facilitaram o acesso do barquinho aos domínios de Iemanjá.

Na volta, um monte de histórias para contar, naquele verdadeiro Encontro com a aventura”. Entre outras, são lembranças que ficaram guardadas em meus arquivos, por muito tempo, e que ora oferecemos aos nossos leitores, republicando o que a “Folha do Povo” me propiciou em termos de oportunidade de projeção como futuro escriba.

Representávamos, sem o saber, a juventude daquela época, na busca do amanhã jornalístico, provando a experiência do primeiro passeio pelo mar atlântico, instante que me estimulou a produzir uma senhora crônica, aliás, escrita por um menino de 15 anos!


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