Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Fernando Antônio Gonçalves - Sempre a Matutar segunda, 16 de outubro de 2017

UMA HISTÓRIA POLÊMICA: O EVANGELHO DE JUDAS

 

Creio que uma das maiores revelações do século 20 foi a descoberta, em 1970, do Evangelho de Judas, num deserto egípcio perto de El Mynia. Com bordas de couro, o documento circulou por vários antiquários, permaneceu em um banco de Nova York por 16 anos, até ser adquirido, em 2000, pela antiquária greco-suíça Frieda Nussberger-Tchacos. Que confiou o manuscrito à fundação suíça Maecenas, fevereiro de 2001, para restauração, tradução e análise, trabalho feito sob a coordenação do professor Rodolpher Kasser, especialista em manuscritos, da Universidade de Genebra. Kasser disse jamais ter visto um manuscrito em um estado tão ruim: páginas faltavam, o topo das páginas, onde ficavam os números, estava rasgado, e havia quase mil fragmentos de papiro. Para reconstituir, segundo ele, o “quebra-cabeças mais complexo jamais criado pela história“, o professor Kasser foi auxiliado pela restauradora de papiros Florence Darbre e pelo especialista em copta dialetal Gregor Wurst, da Universidade de Augsburg (Alemanha). O documento, chamado “Códice Tchacos“, foi posteriormente devolvido ao Egito e atualmente pode ser observado no Museu Copta do Cairo.

O Evangelho de Judas é um evangelho apócrifo, atribuído a autores gnósticos nos meados do século II, composto de 26 páginas de papiro escrito em copta dialectal. Conta a versão de Judas Iscariotes sobre a crucificação de Jesus. Pelo livro, Judas supostamente traiu Jesus apenas para cumprir um mandamento do próprio Salvador.

Desaparecido por quase 1700 anos, a única cópia conhecida do documento foi publicada em 6 de abril de 2006 pela revista National Geographic. O manuscrito, autentificado como datado do século III ou IV (220 a 340 D.C.), é uma cópia de uma versão mais antiga redigida em grego. Contrariamente à versão dos quatro Evangelhos oficiais, este texto clama que Judas Iscariotes era o discípulo mais fiel a Jesus, e aquele que mais compreendia os seus ensinamentos. O seu conteúdo consiste basicamente em ensinamentos de Jesus para Judas, apresentando informações sobre uma estrutura hierárquica de seres angelicais e uma outra versão para a criação do universo.

Mario Jean Roberty, diretor da Fundação Maecenas, com sede em Basileia, garante que com os resultados dos testes realizados no documento pode-se afirmar, sem dar margem a dúvidas, que o texto foi transcrito entre o século III e o século IV.

O trecho-chave do documento é atribuído a Jesus, dizendo a Judas: “Tu vais ultrapassar todos. Tu sacrificarás o homem que me revestiu“. Segundo o pensamento gnóstico, esta frase significaria que com a delação Judas estaria contribuindo para que Jesus Cristo pudesse libertar o seu espírito, livrando-se de seu invólucro carnal. “Essa descoberta espetacular de um texto antigo, não-bíblico, considerada por alguns especialistas como um dos mais importantes jamais descobertos nos últimos 60 anos, estende nosso conhecimento da história e das diferentes opiniões teológicas do início da era cristã“, esclarece Terry Garcia, um dos responsáveis da revista estado-unidense National Geographic, presumindo que o original provavelmente tenha sido escrito em grego e seja datado do início do século II.

A existência do Evangelho de Judas havia sido atestada pelo primeiro bispo de Lyon, São Irineu, que o denunciou em um texto contra as heresias, na metade do século II. O bispo teria explicado neste documento que, segundo a sua opinião, nos tempos dos apóstolos aconteceram diversas tentativas de se espalhar o erro e perturbar a união dos cristãos, e que alguns faziam-se passar por convertidos, exclusivamente para disseminar doutrinas contrárias a da Fé Apostólica.

O bispo Irineu também comentou a existência de uma seita gnóstica chamada de Cainitas, cuja crença era baseada no princípio que o mundo material é imperfeito, tendo sido criado não por um Deus Supremo e sim por uma inteligência criadora inferior a este. Além de Irineu, Epifânio, bispo de Salamina, também argumentou sobre a existência desse manuscrito no ano de 375 d.C.

Elaine Pagels, professora de Religião na Universidade de Princeton e uma das mais conceituadas especialistas mundiais sobre os Evangelhos gnósticos, considera que “a descoberta surpreendente do Evangelho de Judas, bem como daqueles de Maria Madalena e de diversos outros documentos dissimulados durante quase 2000 anos, modifica nossa compreensão dos primórdios do cristianismo. Essas descobertas erradicam o mito de uma religião monolítica e mostram o quanto o movimento cristão era realmente diversificado e fascinante no seu início“.

National Geographic consagra um longo artigo sobre o Evangelho de Judas em seu número de maio de 2006, tendo inaugurado uma exposição em 7 de abril de 2006, na sua sede em Washington, DC, onde o público pode contemplar as páginas do manuscrito. A revista, em colaboração com a Fundação Maecenas, apresentou também nos Estados Unidos e na Europa um documentário de duas horas no seu canal de TV a cabo dia 9 de abril de 2006.

Um documento histórico de muita valia para as inúmeras análises que ainda se fazem indispensáveis para melhor compreender os primeiros tempos vivenciados após a desencarnação do Homão da Galileia, um pensador que promoveu a maior revolução do agir religioso de toda a história da Humanidade.


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