VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Rachel Adjuto
Não era para ser assim.
Quando se volta ao convívio não é para maltratar.
Não é para ainda mais amar?
A razão passa longe da compreensão do que realmente acontece na mente de quem maltrata quem diz amar.
Maltratar por quê?
Tentar entender é como buscar o inexplicável.
Talvez a complexidade estudada por Freud e seus discípulos elucide algo.
Talvez.
Seria psicose, neurose, paranóia, perversão, distúrbio disso, distúrbio daquilo, sigla tal ou sigla qual ou sei lá o quê?
Seria insegurança?
Seria arrogância, que nada mais é do que a outra face da insegurança?
Seria medo?
Mas qual a lógica em pensar que pela força é possível impedir que se vá aquele a quem se ama?
E se ama a tal ponto que se teme perder, qual a lógica em se usar a força para ferir esse ser?
Maltratar por quê?
Tentar entender é como buscar o inexplicável.
Quem pode perscrutar a alma humana e explicar o que parece inexplicável?
Seria tão difícil compreender que a flor só perfuma quando regada?
Seria tão difícil compreender que a mão que despedaça a rosa é a mesma que sangra com os espinhos?