Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo sábado, 02 de novembro de 2019

SUSHI VEGANO: RECEITA COM COGUMELOS, ARROZ ROSA E MAIONESE DE PÁPRICA PICANTE

 

Sushi vegano? Aprenda uma receita com cogumelos, arroz rosa e maionese de páprica picante

 
.Org Bistrô. A sugestão da chef Tati Lund é o combinado  duplinhas de sushi vegano com arroz negro, melancia maçaricada, creme de wasabi; arroz com cúrcuma, berinjela no missô fermentado e harusame crocante; e suhsi com cogumelos, arroz rosa, cardoncello na brasa e maionese vegana de páprica picante (à direita) Foto: Divulgação/Tomás Rangel
.Org Bistrô. A sugestão da chef Tati Lund é o combinado  duplinhas de sushi vegano com arroz negro, melancia maçaricada, creme de wasabi; arroz com cúrcuma, berinjela no missô fermentado e harusame crocante; e suhsi com cogumelos, arroz rosa, cardoncello na brasa e maionese vegana de páprica picante (à direita) Foto: Divulgação/Tomás Rangel
 
 
 
RIO —  A chef Tati Lund , do  .Org Bistrô  , na Barra da Tijuca, se diverte fazendo releituras saudáveis de pratos clássicos. Por isso, esqueça o sushi com salmão, atum, peixe branco ou camarão. Para o Dia do Sushi , Tati sugere o Ta Combinado  — duplinhas de sushi vegano com arroz negro, melancia maçaricada, creme de wasabi; arroz com cúrcuma, berinjela no missô fermentado e harusame crocante; e o sushi com cogumelos, arroz rosa, cardoncello na brasa e maionese vegana de páprica picante , cuja receita você encontra abaixo.
 
 
 

LEIA MAIS: Aprenda a receita de Kata Yakisoba, da chef Alissa Ohara

Sushi de cogumelos com arroz rosa e maionese de castanha picante

Ingredientes:

Para o arroz de sushi rosa:

. 1 xícara de arroz cateto integral cozido

. 2 colheres de sopa de shoyu

. 2 colheres de sopa de mascavo

. 2 colheres de sopa de vinagre

. 1 beterraba pequena + 1 xícara de água

Para a maionese picante:

. 3/4 xícara de castanha de caju de molho

. 1/4 xícara de água (usar só o suficiente para bater)

. Sal a gosto

. 1 pitada de páprica defumada

. 1 pitada de pimenta caiena.

Para o sushi:

. 100g de cogumelos (cardoncello de preferência)

. Azeite, sal e pimenta a gosto

. 1 folha de alga nori

 

Modo de preparo:

Do arroz de sushi rosa:

1. Bater a beterraba com 1 xícara de água para formar um suco rosa.

2. Juntar todos os ingredientes em uma panela até reduzir o suco de beterraba e atingir a consistência de arroz de sushi.

3. Refrigerar e formar as bolinhas de arroz quando estiver firme.

Da maionese picante:

1. Bater tudo no liquidificador até uma consistência bem cremosa e refrigerar.

Do sushi:

1. Grelhar os cogumelos na frigideira com um fio de azeite sal e pimenta. Fatiar bem fininho.

 

2. Cortar filetinhos de nori para enrolar os sushis.

3. Montagem: 1 bolinha de arroz rosa, 1 gota de maionese, cogumelos em tirinhas e enrolar com a alga. Finalizar com mais uma gota de maionese, uma pitada de páprica e brotos.


O Globo sexta, 01 de novembro de 2019

FUTEBOL: FLAMENGO TEM GOLEIRO EXPULSO E EMPATA COM O GOIÁS

 

Flamengo cede empate para o Goiás, e vantagem sobre o Palmeiras cai para oito pontos

Rubro-negro abre 2 a 0 e, após ter o goleiro expulso, não segura a vantagem
 
 
 
 

Jorge Jesus estava preocupado com o risco de perder jogadores por suspensão. Não só teve um goleiro expulso e o artilheiro Gabigol levando terceiro amarelo, como também viu a vantagem para o Palmeiras cair de dez para oito pontos.

Seria a sétima vitória seguida do Flamengo no Brasileirão. Mas o time entrou em colapso na reta final do segundo tempo, quando vencia por 2 a 0. Levou um gol, viu César levar um cartão vermelho e não segurou o ímpeto do Goiás no Serra Dourada. Foi Michael, já aos 49 minutos da etapa final, o responsável pelo tropeço rubro-negro.

LEIA MAIS: Flamengo amplia superávit no 3º trimestre; dívida também cresce

A preocupação para o jogo contra o Corinthians, domingo, passa a ser não só voltar a vencer, evitando que o Palmeiras se aproxime ainda mais. O ingrediente a mais é ter que atuar com o terceiro goleiro, Gabriel Batista. A suspensão de César veio justamente quando Diego Alves está machucado, com uma torção no joelho. Embora não seja preocupação pensando na Libertadores, dificilmente estará em ação no Maracanã.

Gabigol também será desfalque porque levou o terceiro amarelo. Mas o jogo em Goiânia foi importante para o atacante por conta de uma marca pessoal. Ele abriu o placar e, com 36 gols, igualou-se a Hernane Brocador como maior artilheiro do Flamengo em uma única temporada deste século. E falta de jogos não é um problema para que o camisa 9 lidere a estatística sozinho ainda em 2019.

 

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Complicações

A vitória magra diante do CSA, na rodada passada, já tinha sido um alerta que a Série A pode reservar armadilhas. Mas Jorge Jesus escolheu dividir o contingente de titulares pendurados. Rafinha e Gerson começaram no banco, enquanto Gabigol e Willian Arão iniciaram jogando.

A consequência de ficar sem dois dos importantes articuladores era até esperada: a perda de qualidade na construção do jogo foi flagrante. A cada vez que é poupado, Gerson expõe o quanto faz diferença no time, justificando os R$ 57,2 milhões investidos nele, entre direitos econômicos e comissões, segundo balancete publicado pelo clube.

Mas os equívocos do Flamengo não se medem pela economia de minutos proposta por Jorge Jesus. O time não conseguiu o melhor posicionamento no ataque. No popular: o jogo virou pelada em vários momentos.

A chance mais clara veio com uma cabeçada na trave de Pablo Marí, após cobrança de escanteio, mostrando o caminho que viria a dar certo para o Flamengo.

O rubro-negro subiu de produção no segundo tempo e passou a chegar com mais facilidade diante do goleiro Tadeu. Mas o expediente que realmente funcionou foi o jogo pelo alto. No gol de Gabigol, foi Rodrigo Caio quem ganhou pelo alto a primeira bola, fazendo Tadeu rebater para o centro da área. O artilheiro do Brasileirão não desperdiçou. Em lance similar, de novo após escanteio, o próprio Rodrigo Caio tratou de fazer o segundo para o Fla.

 

O time de Jesus iludiu. O Goiás, por outro lado, não abandonou o jogo. De tão perto que a bola estava passando, o funcionário responsável por disparar um canhão de fumaça a cada gol do time da casa se enganou duas vezes. Numa delas, Rafael Vaz, que estava louco para marcar contra o ex-time, quase fez um golaço.

O Flamengo desandou de vez quando Rafael Moura diminuiu, aos 31 minutos. Na pressão, César saiu de forma atabalhoada, deu um pontapé em Yago Felipe fora da área e foi expulso. No fim, Michael usou da velocidade para estragar o jogo para o líder do Brasileirão.


O Globo quinta, 31 de outubro de 2019

LEWANDOWSKI CRITICA TESE INTERMEDIÁRIA PARA JULGAMENTO DA 2ª INSTÂNCIA

 

Lewandowski critica tese intermediária para julgamento da segunda instância

Ideia deve ser apresentada em plenário na próxima semana por Toffoli
 
 
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal Foto: Jorge William / Agência O Globo/02-10-2018
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal Foto: Jorge William / Agência O Globo/02-10-2018
 
 

BRASÍLIA – O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal ( STF ), criticou a tese que permite a prisão de condenados somente depois que o recurso do réu for analisado pelo Superior Tribunal de Justiça ( STJ ). A ideia é o meio do caminho entre as prisões em segunda instância e o trânsito em julgado – ou seja, quando se esgotarem todos os recursos à disposição da defesa. A solução intermediária deve ser proposta pelo presidente da Corte, Dias Toffoli, no dia 7, quando será retomado o julgamento.

 

— A tese que autoriza as prisões após pronunciamento do STJ não encontra nenhum amparo seja na Constituição, seja na legislação ordinária — disse Lewandowski ao GLOBO.

Para o ministro, a tese da segunda instância, hoje em vigor, será derrubada na próxima semana, dando lugar à exigência do trânsito em julgado para o início do cumprimento das penas. Lewandowski, que já votou, é defensor convicto do direitos dos réus permanecerem em liberdade até o julgamento de todos os recursos possíveis.

— Espero que o espírito dos constituintes de 1988 prevaleça no sentido de que o STF só permita prisões após a sentença condenatória transitada em julgado —afirmou.

Até agora, quatro ministros votaram pela tese da segunda instância e três pelo trânsito em julgado. A expectativa é de que, na próxima semana, fiquem cinco votos para cada lado. Toffoli desempataria a votação. Para Lewandowski, o colega deve se render ao time do trânsito em julgado. Ele explicou que, em ações desse tipo, não se pode proclamar um voto sem que haja ao menos seis ministros defendendo uma determinada posição.

— Não existe voto médio em ação direta de constitucionalidade — esclareceu.

Por outro lado, ministros que defendem a segunda instância cogitam a possibilidade de abraçar a tese de Toffoli, em nome de uma derrota menor. Para eles, seria menos maléfico permitir as prisões depois de julgado o recurso pelo STJ, do que deixar condenados aguardando em liberdade até o trânsito em julgado. Se houver migração nos votos, isso deve ocorrer durante a proclamação do resultado.


O Globo quarta, 30 de outubro de 2019

BACALHAU: ESTRELA DE FESTIVAL DE GASTRONOMIA

 

Bacalhau é estrela de festival gastronômico no Cadeg

Doze restaurantes do mercado estão com pratos especiais a preços mais acessíveis
 
 
Foto: © Flávio Jacomo
Foto: © Flávio Jacomo
 
 

De todos os eventos do Cadeg durante o ano, o mais esperado é o Festival do Bacalhau. Nesta 7ª edição, que acontece até o dia 24 de novembro, doze restaurantes do mercado participam com pratos a preços especiais. As opções vão de feijoada ao bacalhau empanado.

Consulte aqui: Guia Rio Show de Gastronomia

 

Os pratos do Festival de Bacalhau do Cadeg

  • Barsa

Bacalhau mediterrâneo (R$ 185, para dois): lombo de bacalhau gadus morhua refogado no azeite, alho e hadock, com azeitonas e cebolas portuguesas, pimentões, tomate-cereja e ervas frescas. O prato é finalizado com camarão e alho dourado e servido com arroz de brócolis.

  • Brasas Show

Feijoada de Bacalhau (R$ 159,90, para dois): Lascas de bacalhau morhua, calabresa e feijão branco cozido com legumes ao molho do bacalhau, com arroz branco. O prato serve duas pessoas e, de cortesia, o cliente ganha dois pastéis de nata.  A opção do prato com uma garrafa de vinho português sai por R$ 189,90.

  • Cantinho das Concertinas

Bacalhau na Brasa (R$ 130, para dois): posta de bacalhau assada na brasa, com batata cozida, cebola, alho, azeitonas portuguesas e pão. Com uma garrafa de vinho Pinta Negra, branco leve, o preço fica 165).

  • Corujão do Cadeg

Alegria do Coruja (R$ 79, individual): filé de bacalhau empanado, com batatas coradas, ovo corado, arroz de brócolis, camarão VG, pimenta biquinho, molho tártaro, azeitona e taça de vinho português.

  • Costelão do Cadeg

Bacalhau dos Sonhos (R$ 149,90, serve até três pessoas): bacalhau gadus morhua preparado com o sabor Costelão, com arroz com alho poró, batatas e pimentões salteados no azeite.

  • Cucina Penna

Lombo de bacalhau à Lagareiro: lombo de bacalhau gadus morhua ao forno, regado no azeite extra-virgem, alho e ervas finas, servido com batata ao murro, cebola charlote, brócolis e alho. O prato pode ser servido para uma pessoa (R$ 94,50), R$ 184,90 (para duas pessoas), e  R$ 349,90 (para quatro pessoas).

 
 
  • Empório Gourmet Steak House

Bacalhau à Portuguesa (R$ 179,90, para dois): Lombo de bacalhau gadus morhua cozido na água aromatizada do próprio bacalhau com alhos, batatas e cebolas, servido com flor de brócolis, ovos e azeitona portuguesa e azeite. O prato é servido com arroz branco. O preço, com uma garrafa de vinho português, é R$ 219,90.

  • Espetáculo Restaurante

Descobridor dos Sete Mares: Lombos de bacalhau assados na brasa, regados em um molho secreto de cebola e alho poró, com arroz de brócolis e frutos do mar e  batata rostie de hadock. o prato tem versões para duas (R$ 179,90) e quatro pessoas (R$ 332,90).

  • Garota do Cadeg

Posta de Bacalhau (R$ 65): 350g de bacalhau, batata, ovo, cebola, arroz branco e azeitona portuguesa.

  • Gruta São Sebastião

Bacalhau Bom Porto (R$ 119, para dois): Lombo de bacalhau assado no azeite com batatas, brócolis, cebola e ovos. Molho de lascas de alho dourado.

  • Rei do Bacalhau

Bacalhau à Primavera (R$ 149, para dois): Posta de bacalhau morhua frito na imersão com batatas coradas, cebola, brócolis americano, palmito e azeitona portuguesa e arroz de açafrão. O restaurante dá dois bolinhos de bacalhau como cortesia por prato pedido.

  • Vila Real

Bacalhau à moda Vila Real (R$ 189, para quatro):  Bacalhau, arroz de brócolis, cebola, batata e cenoura cozidas, salada de rúcula, palmito, tomate cereja, azeitona e alho torrado.

 

 

Festival do Bacalhau do Cadeg

Rua Capitão Félix 110, Benfica

Até 24 de novembro

Todos os dias, das 11h às 17h.


O Globo terça, 29 de outubro de 2019

GRAZI MASSAFERA: APRENDI MUITO COM AS TRAVESTIS

 

Aprendi muito com as travestis', diz Grazi Massafera sobre beleza

Atriz também conta que aplica Botox há sete anos
 
 
Grazi Massafera Foto: Divulgação
Grazi Massafera Foto: Divulgação
 
 

Toda vez que acaba um trabalho especial, Grazi Massafera costuma se dar de presente uma joia. Também tem o hábito de batizar as peças que ganha. "Mas não tenho muitas coisas, não! Gosto de praticidade no dia a dia", comenta a atriz paranaense, que está no ar na novela "Bom sucesso" . "Lá em casa, a gente ganhava de família um brinquinho da avó, sabe? Tenho o meu guardado, sou canceriana. Isso é muito afetivo."

Não é mero acaso que a estrela de TV tenha sido escolhida para ser o rosto da joalheria Monte Carlo, somando mais uma campanha fashion para seu currículo. Aliás, Grazi é queridinha da indústria. Protagoniza desfiles e capas de revistas, sempre com muita desenvoltura. "Para fazer fotos assim, levo minha concentração e disposição, além da vontade de fazem bem feito. Quero fazer um trabalho bonito e ter um bom ambiente, com humor e feliz. Adoro leveza e tento trazer isso também para meu lado profissional."
Grazi Massafera Foto: Divulgação
Grazi Massafera Foto: Divulgação

 

A trajetória da paranaense, de 37 anos, nesse universo de glamour começou nos competições de misses. "Aprendi muito com as travestis que me levavam para os concursos; elas eram minha referência de beleza. Gostava de extravagância, usava coisas em excesso. Aí fui ganhando umas revistas, né? Fui conhecendo coisas novas, me conhecendo melhor e mudando o olhar", diz ela, que já fez procedimentos estéticos no corpo. "Tenho silicone no peito e há sete anos coloco Botox. Mas não vivo em centros de estética, só vou de vez em quando à dermatologista. E não abro mão de malhar. Amo fazer exercícios, sou uma atleta frustrada."


O Globo segunda, 28 de outubro de 2019

MORRE O DIRETOR JORGE FERNANDO, AOS 64 ANOS

 

Morre, aos 64 anos, o diretor Jorge Fernando

Ele buscou atendimento após sentir mal estar na tarde deste domingo
 
 
 
 
 

RIO - Morreu neste domingo (27), aos 64 anos, o ator e diretor Jorge Fernando. Ele estava internado no Hospital CopaStar, em Copacabana, Zona Sul do Rio. Jorge Fernando era diretor da TV Globo e seu último trabalho como diretor e ator aconteceu este ano, na novela das 19h “Verão 90”. Foi o retorno dele após dois anos afastado da TV, tempo em que se recuperou de um AVC.

 

 O velório do ator e diretor Jorge Fernando foi marcado para esta terça-feira, na Capela Ecumênica do Crematório e Cemitério da Penitência, no Caju.

Em nota, o Hospital Copa Star informou que ele morreu após dar entrada no fim da tarde deste domingo devido a uma parada cardíaca "em decorrência de uma dissecção de aorta completa".

 Na Globo, Jorge Fernando dirigiu vários sucessos, como as novelas “Rainha da Sucata” e “Alma Gêmea”.

Ator, diretor, escritor e humorista, Jorge Fernando foi um artista completo que ajudou a revolucionar a forma de se fazer televisão no Brasil. Seu primeiro contato com a arte de atuar foi ainda adolescente na escola onde estudava no Méier, Zona Norte do Rio.

Na TV, ele estreou como ator em 1978, no seriado “Ciranda, Cirandinha”. Na década seguinte, Jorge Fernando trabalhou em várias produções, mas foi do outro lado das câmeras, como diretor, que ele encontrou sua verdadeira paixão.

Desde então, ele dirigiu 34 novelas, minisséries e seriados. Sua estreia como diretor foi em “Coração Alado”, de Janete Clair, em 1980.

 Um dos seus sucessos mais marcantes foi “Guerra dos Sexos”, que tinha como protagonistas Fernanda Montenegro e Paulo Autran. Por seu trabalho na trama das 19h, ele foi premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte como o melhor diretor, em 1983, ao lado de Guel Arraes.

 

É de “Guerra dos Sexos” a cena clássica do café da manhã, uma das mais importantes da teledramaturgia brasileira. Quase 30 anos, ele teve a chance de fazer tudo de novo, quando dirigiu o remake da novela, em 2012.

Na década de 1990, muitas novelas dirigidas por ele marcaram uma geração. Como “Rainha da Sucata”, “Vamp”, “Deus nos Acuda” e “A Próxima Vítima”, que fez o Brasil parar no último capítulo, à espera da revelação de quem era o grande assassino.

Além das novelas, Jorge Fernando também fez história no humor. Com “Sai de Baixo”, ele levou o teatro de volta à TV e obrigou muita gente a dormir mais tarde nos domingos.

Um de seus sucessos mais recentes foi “Alma Gêmea”, em 2005. Foi uma das novelas das 18h com melhor média de audiência da história da Globo.

Depois de uma longa temporada com diretor, Jorge Fernando voltou a atuar em 2011, no seriado “Macho Man”. Da TV para o teatro, dirigiu Cláudia Raia no musical “Não Fuja da Raia”.

Foi o ensaio geral para a peça autobiográfica, “Salve Jorge”. No espetáculo, Jorge Fernando reuniu histórias que marcaram sua trajetória profissional. TV, cinema e teatro juntos, recontando com muito humor um pouco da história de um dos maiores nomes da cultura brasileira.

  

O Globo domingo, 27 de outubro de 2019

ANA FURTADO FALA SOBRE A CURA DO CÂNCER

 

Ana Furtado fala sobre cura do câncer, menopausa forçada e decisão de trabalhar durante tratamento: 'Houve momentos de dor no palco'

Usando o aplicativo GERA, posicione seu celular para a capa da revista e assista em vídeo de realidade aumentada o depoimento da apresentadora
 
 
Ana Furtado Foto: Pedro Bucher
Ana Furtado Foto: Pedro Bucher
 
 

Ana Furtado mexe no celular até encontrar um vídeo de monja Coen, enviado por uma amiga meses atrás. Nas imagens, a líder zen-budista conta que uma cientista disse que as células cancerígenas, vistas pelo microscópio, são lindas. Um baque e tanto para uma paciente oncológica, caso de Ana na época e assunto sobre o qual ela fala na edição deste domingo da Revista Ela, que vem com um recurso especial: por meio do aplicativo GERA, é possível acionar o recurso da realidade aumentada, que permite que, a partir de uma imagem, seu celular acesse conteúdos especiais. As capas das revistas são o gatilho que faz com que os vídeos dos depoimentos sejam acionados automaticamente no smartphone, criando o efeito de uma foto que fala. ( Saiba como usar aqui ) O ensinamento da sequência era: por que usar verbos tão duros como “lutar” e “extirpar” para uma coisa tão bonita? Por que não transformar essa beleza não saudável em algo sadio?

 
Veio o clique na apresentadora, que vive seu primeiro Outubro Rosa depois da cura de um câncer de mama, descoberto em março de 2018. “Estava num momento de revolta, de (pensar) por que comigo? Sou uma pessoa tão boa, ajudo tanta gente. Depois, refleti: ‘Por que não comigo?’. Se essa doença veio, é porque tem um propósito maior do que imagino.”

Um dos primeiros efeitos disso recaiu sobre uma grande característica de Ana: a vaidade. Hoje, o corte de cabelo mais curto de toda a sua vida é resultado dessa mudança interna: “Quando me vi 100% transformada, cortei os fios, como se fosse um rito de passagem”. Nada fácil para quem passou pela quimioterapia com uma touca que resfriava o couro cabeludo para evitar a queda e se encheu de cílios postiços para aparecer no programa “É de casa” — mesmo com dores lancinantes em todo o corpo. “Houve momentos difíceis, de dor no palco, mas não me arrependo. Passei por um processo que muita gente nem percebeu e pensava: ‘ela é paciente oncológica mesmo?’.”

Em uma entrevista de duas horas e meia, a carioca de 46 anos falou pela primeira vez sobre tudo o que enfrentou, a menopausa forçada e até a diversão com as piadas nas redes sociais: “Se errei, caguei; se virei meme, amei.”

 

As revistas que vêm junto com os jornais O Globo e Extra têm uma edição especial no último fim de semana de outubro. Abordando o tema do Outubro Rosa, as capas da Revista Ela, com Ana Furtado, e Canal Extra, com Susana Naspolini, vão literalmente falar sobre o câncer de mama através de uma ação de realidade aumentada. Saiba como ver a surpresa da capa no vídeo em que as editoras Marina Caruso e Camilla Mota contam sobre a ação:  

 

Visitante inesperado

“Em setembro de 2017, fiz meus exames de rotina, tudo bem. Mas eu sentia um cisto. Sabia que tinha alguns, mas esse, na mama esquerda, era palpável. Nem esperei um ano e, em março, repeti os procedimentos e quis fazer biópsia. Conheço meu corpo e boto muita fé na minha intuição. Minha médica achou que pudesse ser uma atitude exagerada, mas respeitou a minha decisão. Recebi do laboratório o resultado: carcinoma não invasivo. Coloquei a expressão no Google e apareceu câncer. Liguei para a médica e perguntei: “O que eu tenho é câncer?” Meu marido escutou, desceu a escada com um olho desse tamanho e falou: “Como assim?”. Respondi: ‘Fodeu.’"

Eis a questão

“Primeiro, pensei em não contar (para o público) . Será que as pessoas me veriam vitimizada? Mas uma das primeiras amigas com quem falei — e que me ajudou muito — foi Ana Maria Braga. Ela disse: ‘Conta, sim. Você receberá uma onda de amor que fará toda a diferença’. Depois, pensei: ‘Sou muito ingênua. Estou me tratando no (hospital Albert) Einstein, entro pela porta da frente. Em algum momento, alguém vai descobrir e contar uma história errada’. Aí decidi fazer um vídeo no Instagram.”

 

As perdas

“É uma doença de muitas perdas: de cabelo, sobrancelha, cílio, energia, libido. Tem gente que perde amigos, marido. E até as mamas, o que deve ser o mais abalável em termos de reconhecimento. É o órgão mais feminino que temos. Angelina Jolie (que retirou os dois seios de forma preventiva) foi uma mulher de coragem, mas se eu soubesse que tinha grandes chances de ter a doença, também teria essa atitude. Na época, pensei: “Ela é louca”. Mas está certa, quer ver os filhos crescerem. Essa é a força que carreguei.”

Metade da laranja

“Boninho (diretor da TV Globo com quem Ana está casada há 23 anos) é divertido, um grande ator. É sério porque assume um cargo de chefia, mas ao mesmo tempo tem muito bom humor. Costumo dizer que é o meu doce ogro. Estava conversando com o meu irmão hoje e ele falou: ‘Bia (ela se chama Ana Beatriz) , seus médicos te ajudaram, mas quem te curou foi seu marido’. Ele tem razão. Quando eu perdia cabelo, ele imediatamente transformava o momento em algo positivo e me elogiava. Não me senti desamparada, e isso não é a realidade de muitas mulheres.”

 

Isabella

“Contei pra minha filha depois que operei (em abril) e recebi todos os resultados. Já sabia o que aconteceria dali em diante. Minha relação com a Isabella (de 12 anos) sempre foi muito franca. Ela ficou preocupada com o fato de eu perder cabelo com a quimioterapia. Respondi: ‘Vou tentar não ficar careca. Mas, se acontecer, vai fazer parte do processo’. Foi muito guerreira ao meu lado, pediu para ir a uma sessão de quimio comigo. E foi, com a minha mãe, no último dia do tratamento, na radioterapia.”

 

Amigo de fé

“Perdi 40% do cabelo, mas sempre tive muito. Depois de todo o processo, quando me vi transformada, cortei os fios. Eles estavam estressados, foram muito guerreiros junto comigo. Pedia ao cabelo: ‘Aguenta aí! Se segura, malandro’. Sempre foi a minha maior vaidade. Durante o tratamento, usei a touca inglesa (uma tecnologia de resfriamento do couro cabeludo que fecha o bulbo capilar, evitando parte da queda, um efeito colateral da medicação; o custo pode chegar a R$ 500 por sessão) . É eficiente, mas brutal: colocava duas horas antes do ciclo de remédio, duas horas durante e duas horas depois. Eu queria estar bonita. Meus cílios caíram muito, aí coloquei postiços. Não ia ficar desciliada, não! Nem todo mundo vai conseguir o mesmo visual que conquistei durante o processo, mas não percamos o foco: mais importante do que a beleza estética é a beleza de estar viva.”

Espelho

“Tenho esse corpo desde os 15 anos. Mas nunca foi por pressão externa, mas por um desejo incansável de saúde e de beleza também. Não tenho problema em dizer isso: sempre fui muito vaidosa. Hoje em dia, lido com isso de forma mais saudável. Passo para a minha filha a mensagem de ver a beleza na imperfeição. Mostro meus defeitos, principalmente os estéticos, porque é muito comum os filhos se espelharem nos pais. Tenho certeza de que sou uma referência de beleza para ela. Então, pode ser muito difícil a relação dela com isso.”

Crença e ciência

“Sou católica não praticante, mas sempre fui uma pessoa muito espiritualizada, atenta ao meu anjo da guarda. Minha filha começou o catecismo um dia antes da minha cirurgia. A freira que dá aula tinha tido câncer, inclusive tirado uma mama, e me falou tantas coisas lindas, me encheu de esperança, e acabei fazendo a catequese de novo com a Isabella, todo domingo. Terapia comecei a fazer só depois da doença. Nas seis primeiras sessões, me perguntei: ‘O que to fazendo aqui?’ Na sétima, veio.”

Zoeira

“Eu me levava muito a sério no começo. Tinha a obrigação de vencer e, ao longo dos anos, fui me desconstruindo. É claro que trabalho com muita responsabilidade. Mas é como digo: ‘Se eu errei, caguei; se virei meme, amei’. E são tantas brincadeiras. A mais divertida foi a do três (no ‘É de casa’, Ana ficou abismada com o preço de uma carteira e repetiu ‘três reais’ diversas vezes) . Aconteceu há tempos, mas continua presente.”

Melhor idade

“Estou em período de menopausa, há um ano tomando o tamoxifeno (uma droga que impede a secreção de estrogênio, uma espécie de combustível para o câncer de mama) . Mas essa fase não me causa tristeza. Se eu sinto calor, é porque estou viva. Então, vem calor! Escutava muito sobre libido, e todos os médicos sempre me falaram que isso está na cabeça — e é verdade.”

 
 

Pontapé inicial

“Apareci na abertura da novela ‘Explode coração’, mas meu primeiro grande trabalho na Globo foi no game show “Ponto a ponto”, em 1995. Fiz um teste grande. Lembro de demorar duas semanas para vir a resposta. Estava me preparando para um desfile, na São Paulo Fashion Week (ela foi modelo de 1992 a 1995) , e o diretor me ligou falando que era uma boa hora para um novo rosto na TV. Nem sei como desfilei naquele dia.”


O Globo sábado, 26 de outubro de 2019

JILÓ GANHA VERSÕES CRIATIVAS NOS BOTECOS

 

Amado por uns e odiado por outros, o jiló ganha versões criativas nos botequins

Sugestões vão do acarajé ao guacamole passando por espetinhos, pastéis, bolinhos e até lasanha
 
 
 
 

Jiló tem gosto de castigo, de comida ruim, amarga, que a gente é obrigado a comer quando é criança “porque tem que comer de tudo”. Fato, fake ou apenas preconceito?

— Preconceito. As pessoas pensam comida em blocos: tem comida de casa, comida de botequim e comida de restaurante — diz Roberta Sudbrack, que já dedicou cardápios a ingredientes pouco populares como chuchu e maxixe.

 

Consulte aqui: Guia Rio Show de Gastronomia

Ingrediente raríssimo nos menus de restaurantes, o fruto tem espaço garantido nos botequins. E não é de hoje. Além de barato, permite as mais variadas preparações e o amargor amacia uns bons tragos.

— O jiló é vagabundo por natureza, não consegue ficar sofisticado — brinca Raphael Vidal, da Casa Porto.

No quadro de cardápio, sempre está o jiló em conserva, com cebola roxa, bem com cara de boteco. Mas tem também a sacanagem de jiló, um espetinho com batata calabresa, jiló, queijo gratinado no maçarico e geleia de pimenta. Volta e meia ele aida aparece no almoço, seja à parmeggiana ou à milanesa.

Felipe Quintans, do Bar Madrid, também sai em defesa do coisa ruim.

— Não é considerado um alimento nobre. As pessoas acham que jiló é comida de passarinho ou de estufa de boteco — brinca Felipe, que serve duas opções no seu bar.

Nathalie Passos experimentou diferentes versões de jiló na Casa Porto Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Nathalie Passos experimentou diferentes versões de jiló na Casa Porto
Foto: Ana Branco / Agência O Globo

 

 

A chef Nathalie Passos, do Naturalie, em Botafogo, esteve lá para experimentar uma delas, mas acabou comendo as duas: o pastel de jiló com linguiça e o recheado com camarão, gratinado no forno com mozzarella, molho de tomate e orégano (R$ 18).

— Nunca tinha comido jiló assim. O ponto está perfeito. E esse pastel eu já gostei só de olhar para a massa — elogiou Nathalie, que, apesar de ter um restaurante de vegetais e adorar jiló, só come mesmo na casa da mãe e explica o motivo de não colocá-lo no menu. — Está no inconsciente coletivo: as pessoas dizem que jiló é a pior comida do mundo. Fica difícil incluir num cardápio de restaurante.

Mas em boteco é fácil Da cozinha afetiva nordestina do Kalango, na Praça da Bandeira, saiu a caponata do sertão (R$ 22), servida com massa de pastel em vez de torradas.

— Tem jiló, maxixe, quiabo e jerimum. Tem tudo o que o povo não gosta — diz o criador do prato, Emerson Pedrosa.

 Frédéric Monnier aprovou a caponata do Sertão, do Bar Kalango, na Praça da Bandeira Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Frédéric Monnier aprovou a caponata do Sertão, do Bar Kalango, na Praça da Bandeira
Foto: Ana Branco / Agência O Globo

 

Depende do povo. O francês Frédéric Monnier comeu, gostou, e repetiu.

— Isso aqui é muito bom, é um ratatouille do sertão. — elogiou o chef. — Você só sente o jiló no final. Não consigo parar de comer.

No Rio há 19 anos, ele só experimentou jiló quando chegou por aqui, na casa da sogra. Ainda que seja um sabor difícil, Monnier deu um jeitinho bem carioca de incluir o ingrediente no menu do extinto Casarão Ameno Resedá, no Catete.

 

— Era recheado com carne e linguiça e gratinado com queijo. Servia como couvert— relembra o chef sobre a ousadia da escolha para a casa de shows. — Lá era escuro. Quando se davam conta, já tinham comido e gostado.

Já um outro francês torceu (um pouco) o nariz. Foi Jérôme Bocuse, filho de Paul Bocuse, o criador da nouvelle cuisine, quando esteve no Brasil, em 2014. Experimentou o guacamole de jiló do Bar do Momo, com linguiça, tomate, cebola e tomilho.

“Gosto do sabor como um todo, mas talvez seja um pouco amargo para o meu paladar”, disse na época.

Toninho não se abalou com a crítica. Primeiro por ter apresentado um ingrediente a um chef gringo. Depois, porque o guacamole virou um petisco emblemático no Momo e na Liga dos Botecos (R$ 23,90). Foi Toninho, aliás, que deu o toque final no prato do Bar da Frente, na Tijuca, o chips de jiló com vinagrete.

— Ele meteu o bedelho e deu umas dicas no vinagrete — conta Mariana Rezende.

Sempre buscando um toque de originalidade nos petiscos, David Bispo, do Bar do David,criou um acarajé com massa de jiló com queijo, recheado com carne, bacon, calabresa e servido com couve frita e vinagrete de jiló.

— O jiló tem uma importância forte nos botecos, principalmente nos de Minas. Fiz duas homenagens num petisco só: aos mineiros e aos baianos. Mesmo quem não gosta de jiló se amarra — conta David, que acaba de abrir uma filial de seu bar do Chapéu Mangueira na Barata Ribeiro.

 

Apesar da concorrência forte do bolinho de camarão, o de jiló, com massa de salgadinho e recheio de jiló e linguiça (R$ 5,50), do Bracarense, “vende para caramba”, segundo Kadu Tomé.

—É uma homenagem ao Joaquim Ferreira dos Santos, que é fã de jiló — conta.

Em alguns bares, para provar quitute com jiló tem que chegar cedo

No Bar do Omar, no Morro do Pinto, nenhum jiló se perde, todos se transformam. Para evitar desperdícios, Omar Monteiro deu como missão para Ana, sua mulher, inventar algum bolinho com jiló. Se deu certo? Bom, a cada fim de semana ele vende, em média, 70 porções do bolinho (R$ 28), que ainda leva linguiça toscana. Detalhe, cada uma com seis unidades. Faz a conta.

Não menos popular é o jiló empanado no parmesão e servido com tapenade (R$ 37,90), do Cachambeer. O amarguinho com o croc do queijo desce que é uma beleza com um chope. No Marín Comes e Bebes, em Botafogo, a pedida para dividir é o jiló Luiz Gonzaga (R$ 24,90), um antepasto do fruto com tomate, balsâmico e pãozinho da casa. Para comer sozinho, dupla de pastel de jiló (R$ 11,95) — é impossível comer um só.

Criativa pacas é a trilogia de jiló do Bar da Gema, na Tijuca: caldinho de jiló (R$ 12), lasanha de jiló (R$ 15) e vinagrete de jiló, carinhosamente chamado de jilógrete (R$ 7). Outro bar que aposta em três versões de jiló é Os Imortais, em Copacabana. O trio ternura (R$ 25,90), na verdade, é uma régua de amargor, com opções para iniciantes, iniciados e para a coluna do meio. Na ordem: chips de jiló à milanesa, jiló na manteiga e alho e jiló à parmeggiana carregado no queijo.

 

No Bar da Portuguesa, em Ramos, o negócio é diferente. Por lá, jiló tem tratamento de protagonista, é feito aos domingos, e são apenas 50 unidades (R$ 7,50).

— Ele é ensopadinho com molho de tomate com o tempero da minha mãe (Dondon, a tal portuguesa) e muito queijo ralado por cima. É só aos domingos. Acabou, acabou — conta Paulinho Gomes.

Juntos na TV no programa “Mestre do Sabor”, Katia Barbosa e Claude Troisgros são amigos de longa data. Uma parceria que foi parar no cardápio do Aconchego Carioca, na Tijuca. É o jiló do Claude (R$ 27,90), marinado no aceto balsâmico e no mel, com queijo boursin de cabra. Uma criação de Kátia ao mestre, com carinho amargo.

Ponto certo de jiló bom no Grajaú é o bar Santo Remédio. Foi com um petisco de jiló que eles venceram a edição de 2015, do Comida di Buteco. O prato era atrevido: amo ela qui nem jiló: moela, “santo” jiló e o chutney de manga da casa(R$ 32).

— O jiló aqui recebe um tratamento especial. São fritos um a um, na mesma espessura — orgulha-se Wagner Duarte, que ensina o pulo do gato. — Tem que colocar um a um porque eles se amam. Se colocar junto, eles se abraçam e ficam de conchinha.

Destacando ingredientes brasileiros e num cardápio autoral, o Urukum, na Marina da Glória, é um dos poucos restaurantes da cidade a bancar o jiló no cardápio. A sugestão é a guacamole mineira (R$ 32), uma versão brasileira do prato mexicano, com jiló refogado com calabresa e temperado com limão, tomate, coentro e pimenta.

 

— Essa guacamole está no cardápio desde o lançamento da casa. E eu não encontro nenhuma resistência das pessoas em relação ao prato — garante o chef Jeferson Pacheco. —Pelo contrário, elas ficam curiosas e pedem sempre. E eu gosto disso.

Para provar o gosto amargo

  • Aconchego Carioca: Rua Barão de Iguatemi 245, Praça da Bandeira — 2273-1035.
  • Bar da Frente: Rua Barão de Iguatemi 388, Praça da Bandeira — 2502-0176.
  • Bar da Gema: Rua Barão de Mesquita 615, Tijuca — 3549-1480.
  • Bar da Portuguesa: Rua Custódio Nunes 155, Ramos — 3486-2472.
  • Bar do David: Rua Barata Ribeiro 7, Copacabana —3298-5975.
  • Bar do Momo: Rua General Espírito Santo Cardoso 50, Tijuca —2570-9389.
  • Bar do Omar: Rua Sara 114, Morro do Pinto, Santo Cristo — 95905-0680.
  • Bar Madrid: Rua Almirante Gavião 11, Tijuca —3594-8526.
  • Bracarense: Rua José Linhares 85, Leblon — 2294-3549.
  • Cachambeer: Rua Cachambi 475, Cachambi —3042-1640.
  • Casa Porto: Largo São Francisco da Prainha 4, Saúde — 97273-0502.
  • Kalango: Rua São Valentim 513, Praça da Bandeira —2504-0088.
  • Liga dos Botecos: Rua Álvaro Ramos 170, Botafogo —3586-2511.
  • Marín Comes e Bebes: Rua Voluntários da Pátria 32, Botafogo — 2266-1561.
  • Os Imortais: Rua Ronald de Carvalho 147, Copacabana — 3563-8959.
  • Santo Remédio:  Rua Barão de Mesquita 922, Grajaú —3217-3515.
  • Sud, o Pássaro Verde Café: Rua Visconde de Carandaí 35, Jardim Botânico —3114-0464.
  • Urukum: Marina da Glória, Aterro do Flamengo —2556-1201.

O Globo sexta, 25 de outubro de 2019

ROSA WEBER VOTA CONTRA PRISÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA

 

Rosa Weber vota contra prisão em segunda instância, e desempate deve ficar a cargo de Toffoli

 

Placar do julgamento está em 4 votos a 3 pela possibilidade de prisão antecipada dos réus; julgamento foi suspenso
 
 
A ministra do STF Rosa Weber 24/10/2019 Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
A ministra do STF Rosa Weber 24/10/2019 Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
 
 

BRASÍLIA — A ministra Rosa Weber votou nesta quinta-feira contra a prisão em segunda instância a favor do início da execução da pena somente após o trânsito em julgado, ou seja, após esgotados todos os recursos. Após Rosa, já votaram os ministros Luiz Fux, que entendeu pela prisão após a segunda instância, e Ricardo Lewandowski, acompanhando a ministra. O julgamento foi suspenso após o voto de Lewandowski. O placar está 4 a 3 a favor da prisão após condenação em segunda instância.

 

Entre os quatro ministros que ainda vão votar, a maioria defende que o réu aguarde por mais tempo em liberdade, antes de ir para a cadeia. A tendência é que, ao fim, não deve haver maioria nem para a segunda instância, nem para o trânsito em julgado, e o desempate deve caber ao presidente Dias Toffoli.

Prender ou não prender ? Visões pró e contra prisão após 2ª instância

Toffoli, que é o último a votar, já defendeu em outras ocasiões o julgamento de recurso pelo Superior Tribunal de Justiça como condição para o início do cumprimento da pena. A tese de ínicio do cumprimento da pena após o julgamento do primeiro recurso no STJ ganhou força nos últimos dias. Deste modo, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva não seria beneficiado.

 

 

Ministros que historicamente defendem a segunda instância já disseram, em caráter reservado, que migrariam para a solução de Toffoli quando houver a proclamação do resultado do julgamento. Isso porque, se mantiverem seus votos originais, ganha o time do trânsito em julgado. Toffoli tenderia a migrar para esse lado, caso ninguém apoie sua tese, formando o placar de seis votos a cinco contra a segunda instância.

Após o fim da sessão de hoje, Toffoli disse que o voto dele ainda não está pronto e que muitas vezes o voto do presidente do STF não é o mesmo que ele daria como ministro sem o peso do cargo.

— Eu estou ainda pensando meu voto. Como o ministro Marco Aurélio sempre costuma dizer, estou aberto a ouvir todos os debates. Muitas vezes o voto nosso na presidência não é o mesmo voto (como ministro). Pelo menos eu penso assim, em razão da responsabilidade da cadeira presidencial. Não é um voto de bancada, é um voto que também tem o cargo da representação do tribunal como um todo — explicou a um grupo de jornalistas.

Em seu voto, Rosa Weber ressaltou que o "STF é o guardião do texto constitucional, não o seu autor".

- Goste eu pessoalmente ou não, esta é a escolha político-civilizatória manifestada pelo poder constituinte. Não reconhecê-la importa reescrever a Constituição para que ela espelhe o que gostaríamos que ela dissesse, em vez de observarmos  - disse Weber, completando:

- O STF é o guardião do texto constitucional, não o seu autor.

Leia : Idas e vindas sobre prisão após condenação em segunda instância

O voto dado pela ministra no ano passado, no julgamento de um recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gerou a falsa expectativa até mesmo entre alguns de seus colegas de que a ministra mudaria de ideia. Na ocasião, Weber votou pela prisão do réu depois da condenação em segunda instância. Mas explicou que fazia isso em respeito à decisão tomada pelo plenário em 2016, embora sua opinião pessoal sobre o tema fosse diferente. Ela seguiu o precedente do plenário em outras 66 decisões individuais.

 

Após Rosa, o ministro Luiz Fux, que votou pela prisão de condenados em segunda instância, citou alguns crimes violentos ou de corrupção que tiveram repercussão nacional para defender a prisão.

— O que a Constituição quer dizer é: até o trânsito em julgado, o réu tem condições de provar sua inocência. À medida que o processo vai tramitando, essa presunção de inocência vai sendo mitigada. Há uma gradação. É uma coisa simples de verificar. Um homem é investigado, depois é denunciado, depois é condenado. Posteriormente, o tribunal de apelação confirma a condenação dele. Os tribunais superiores não admitem reexame de fatos e provas. Esse homem vai ingressar no Supremo Tribunal Federal inocente, com presunção de inocência? — disse Fux.

Depois, o ministro Ricardo Lewandowski voltou a defender seu posicionamento contrário à prisão de condenados em segunda instância.

— Seja qual for a maneira como se dá a mutação do texto constitucional, ela jamais poderá vulnerar os valores fundamentais sobre as quais se sustenta. A Constituição Federal de 1988 definiu tais barreiras em seu artigo 60, parágrafo 4º, denominadas pela doutrina de cláusulas pétreas. A presunção de inocência, com toda certeza, integra a última dessas cláusulas, representando talvez a mais importante das salvaguardas do cidadão, considerado o congestionadíssimo e disfuncional sistema judiciário brasileiro — afirmou.


O Globo quinta, 24 de outubro de 2019

CANJA DE GALINHA - RECEITA

 

Canja de galinha para se sentir cuidado (porque funciona mesmo)

POR MARIANA WEBER

 

Canja

 

Criança gripada em casa, a gente faz o quê? Canja, claro. E aproveita para tomar também, porque, já sabe, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém. 

Não é só dito popular, pelo menos a parte da comida. Alguns anos atrás, cientistas americanos colocaram a sabedoria de vó à prova no laboratório da Universidade de Nebrasca e concluíram: sopa de galinha pode, sim, funcionar como um remédio caseiro para gripes e resfriados, porque tem propriedades anti-inflamatórias, aliviando sintomas respiratórios, e ainda oferece hidratação e nutrição.

Ótimo que funcione. Mas tão importante quanto é aquela sensação quentinha de que estão cuidando da gente (ou a lembrança de quando cuidaram da gente). Uns sentimentos misturados: meu corpo dói, mas ganho mais beijinhos; não paro de espirrar, mas faltei na escola e a TV tá liberada.

A seguir, dou uma receita para traduzir tudo isso em prato na mesa. Mas uma dica: não siga a receita à risca, não. Uma das maravilhas da sopa é justamente aproveitar o que você tem. Dessa vez fiz com peito, porque era o que tinha, mas prefiro com sobrecoxa. E usei a carcaça de um frango assado, porque tinha comido um frango assado, mas pés de galinha também caem muito bem — são baratos e, cheios de colágeno, ajudam a dar consistência ao caldo.

(Quer mais receitas e histórias de comida? Siga @ocadernodereceitas no Instagram.)

Ingredientes

1 carcaça de frango (ou 4 pés de galinha)
1/2 peito de frango (ou sobrecoxas)
Azeite
1 cebola
2 dentes de alho
2 cenouras
1 talo de salsão
1 talo de alho-poró (a parte branca)
1 folha de louro
1 tomate
1 punhado de tomilho fresco
½ xícara de arroz
Sal
Pimenta-do-reino
1 punhado de salsinha

Modo de preparo

Asse a carcaça ou os pés de galinha no forno até dourar.

Coloque a carcaça ou os pés em uma panela de pressão cobertos de água — use parte dessa água para tirar as crostas que ficaram na assadeira e junte à panela. Feche a tampa e, quando pegar pressão, baixe o fogo e conte 30 minutos.

Em outra panela, doure o peito ou as sobrecoxas com um pouco de óleo.

Remova o frango e aproveita a gordura para refogar a cebola e o alho picados. Se precisar acrescente mais óleo. 

Retorne o frango à panela e coloque também a cenoura e o salsão picados, , o alho-poró em rodelas, louro, tomilho. Cubra tudo com água e tempere com sal e pimenta.

Desligue o fogo da panela de pressão e espere a pressão sair da panela. Então retire os pés ou a carcaça e coe o caldo, juntando-o à panela de sopa.

Quando a carne de frango estiver cozida, retire-a da sopa. Espere que esfrie um pouco, então desfie e coloque de volta na panela.

Coloque o arroz e o tomate picado. Quando estiver cozido, ajuste os temperos.

Sirva com salsinha por cima.


O Globo quarta, 23 de outubro de 2019

PREVIDÊNCIA: MUDANÇAS NA APOSENTADORIA

 

Entenda, em sete pontos, como a reforma da Previdência vai mudar as regras de aposentadoria

Proposta foi aprovada em 2º turno no Senado e deve ser promulgada nos próximos dias
 
Mudanças na Previdência terão regras do transição Foto: Editoria de Arte
Mudanças na Previdência terão regras do transição Foto: Editoria de Arte
 
 

RIO - A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da reforma da Previdência , apresentada no início deste ano pelo presidente Jair Bolsonaro , foi aprovada em segundo turno no Senado nesta terça-feira . O texto base recebeu 60 votos favoráveis e 19 contrários . Após a votação, os senadores apreciaram dois dos quatro destaques que não alteram os principais pontos da reforma.

 

No entanto, diante da possibilidade de derrota, a votação de outros dois destaques, que poderiam desidratar a reforma em R$ 77,1 bilhões em dez anos, ficaram para esta quarta-feira.

A aprovação em segundo turno no Senado era a última etapa que faltava para o texto ser promulgado, o que deve ocorrer depois que o presidente Jair Bolsonaro retornar de sua viagem ao exterior . A expectativa é de que o texto seja promulgado pelo Congresso até o dia 15 de novembro e, então, entrar em vigor.

A mudança na Constituição vai afetar as regras para a aposentadoria e pensão de trabalhadores da iniciativa privada, servidores públicos federais e professores. Para quem já contribui para o INSS ou para o regime de Previdência do setor público, haverá regras de transição. Os mais jovens, que ainda não ingressaram no mercado de trabalho, terão de seguir integralmente as novas exigências para se aposentar.

Quer saber quanto tempo falta para se aposentar? Clique aqui e simule na calculadora da Previdência do GLOBO .

Veja, abaixo, as principais mudanças aprovadas pelo Congresso.

1. Idade mínima 

O Brasil é um dos poucos países do mundo que não adotavam, até agora, idade mínima para se aposentar. Com a reforma da Previdência, a exigência foi criada e será válida para todos que não contribuem ainda para o INSS. Quem já está no mercado de trabalho, terá regras de transição.

 
  • Idade: Será preciso ter 65 anos (homens) ou 62 anos (mulheres) para pedir aposentadoria.
  • Tempo de contribuição: Homens precisarão contribuir por pelo menos 20 anos e mulheres, por 15 anos. Quanto menor for o tempo de contribuição, menor será o valor da aposentadoria.
  • Para quem vai valer: Estas regras valerão integralmente para quem ainda não contribui para o INSS ou para o regime de Previdência dos servidores da União. Quem já está no mercado de trabalho terá regras de transição.
  • Como é lá fora:  Na América Latina, somente o Equador não exige idade mínima. Na Europa, só a Hungria. A maioria dos países adotou pisos de 60 anos para cima. Na União Europeia, até o ano que vem, apenas sete países terão idade mínima inferior a 65 anos.
  Foto: Arte
  Foto: Arte

 

2. Regras de transição no INSS

Para os trabalhadores do setor privado, que já contribuem para o INSS, haverá quatro regras de transição, uma delas válida apenas para quem está perto de se aposentar. A aposentadoria por idade, modalidade voltada sobretudo para trabalhadores de baixa renda e já existente hoje, continuará a existir e também terá transição. Conheça as regras:

Quer saber o seu tempo de contribuição? Veja o passo a passo para consultar o site do INSS

As regras válidas para todos

São três regras que atendem a todos os trabalhadores da iniciativa privada. Dependendo da idade e do tempo de contribuição, uma regra pode ser mais vantajosa que a outra. É preciso checar também o valor do benefício porque, em caso de aposentadorias precoces, haverá reduções no montante a receber.

  • Sistema de pontos: Regra similar ao atual sistema 86/96. O trabalhador terá de somar idade e tempo de contribuição e precisa ter contribuído por 30 anos (mulheres) e 35 anos (homens). Em 2019, pode se aposentar aos 86 pontos (mulheres) e 96 pontos (homens). A tabela sobe um ponto a cada ano, até chegar aos 100 (mulheres) e 105 (homens).

 

Tabela mostra a progressão desse sistema
Como a pontuação aumenta a cada ano, é preciso ver em que ano a soma da idade e do tempo de contribuição do trabalhador coincide com os pontos exigidos pela Previdência para requerer aposentadoria
HOMEM
(PONTOS)
MULHER
(PONTOS)
ANO
96
97
98
99
100
101
102
103
104
105
105
105
105
105
105
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
2019
2020
2021
2022
2023
2024
2025
2026
2027
2028
2029
2030
2031
2032
2033
I
Idade
TC
Tempo de
contribuição
TAB
Resultado
da tabela
Tempo mínimo de contribuição:
30 anos (mulheres)
35 anos (homens)
APOSENTADORIA PELO SISTEMA DE PONTOS

 Idade mínima com tempo de contribuição: Quem optar por esse modelo terá de cumprir a idade mínima seguindo uma tabela da transição. E precisará ter contribuído por 30 anos (mulheres) e 35 anos (homens). Essa transição para as novas idades mínimas vai durar 12 anos para as mulheres e oito anos para os homens. Ou seja, em 2027, valerá para todos os homens a idade mínima de 65 anos. E, em 2031, valerá para todas as mulheres a idade mínima de 62 anos. A reforma prevê que a idade mínima começará aos 61 anos para os homens e 56 anos para as mulheres, subindo seis meses por ano até atingir 62 anos (mulher) e 65 anos (homem).

 

APOSENTADORIA POR IDADE MÍNIMA E TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
A tabela de idade mínima começa aos 61 anos para os homens e 56 para as mulheres.
 
Essa idade subirá
0,5 ponto (6 meses),
a cada ano, até atingir os 65 anos para os homens e 62 para as mulheres
HOMEM
(IDADE MÍNIMA)
MULHER
(IDADE MÍNIMA)
ANO
2019
61
56
2020
61,5
56,5
2021
62
57
2022
62,5
57,5
Tempo mínimo de contribuição:
30 anos (mulheres)
35 anos (homens)
2023
63
58
2024
63,5
58,5
2025
64
59
2026
64,5
59,5
2027
65
60
2028
65
60,5
2029
65
61
2030
65
61,5
2031
65
62

 

 

  • Pedágio de 100%: O trabalhador poderá pagar um pedágio sobre o tempo que falta para se aposentar. Ou seja, se faltam três anos para se aposentar, o trabalhador deverá trabalhar por mais três, no total de seis anos. Mas, neste pedágio, será exigida também uma idade mínima: 60 anos para homens e 57 anos para mulheres.

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A regra especial para quem está perto de se aposentar

  • Pedágio de 50%: Quem está a dois anos pelas regras atuais (35 anos de contribuição, no caso do homem, e 30, no da mulher), terá a opção de “pagar um pedágio” de 50%. Funciona assim: se pelas regras atuais faltar um ano para o trabalhador se aposentar, ele terá de trabalhar um ano e meio (ou seja, 1 ano + 50% do “pedágio”).
  • Fator previdenciário: Nesta regra de transição será  aplicado o chamado Fator Previdenciário, que reduz o valor do benefício para quem se aposenta ainda jovem. O fator muda a cada ano, de acordo com o aumento na expectativa de vida da população.

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Transição na aposentadoria por idade

Esta modalidade é muito usada por trabalhadores de baixa renda, que têm pouco tempo de contribuição, e normalmente se aposentam pelo piso, recebendo apenas um salário mínimo. Ela também terá regras de transição.

  • Idade: Será mantida a exigência de idade mínima de 65 anos para homens. Para mulheres, será de 62 anos.
  • Tempo de contribuição: Para quem já contribui para o INSS, a exigência de tempo de contribuição será mantida em 15 anos para homens e mulheres.
  • Escadinha: Haverá uma transição para a nova idade mínima das mulheres, que vai subir seis meses a cada ano, até chegar a 62 anos em 2023.

 

APOSENTADORIA POR IDADE
EXIGÊNCIA DE IDADE
A tabela de idade mínima começa em 60 anos para as mulheres. Para os homens, já começará em 65 anos.
HOMEM
(IDADE MÍNIMA)
MULHER
(IDADE MÍNIMA)
ANO
2019
2020
2021
2022
2023
65
60
Essa idade subirá
0,5 ponto (6 meses),
a cada ano, até atingir os 62 anos para as mulheres.
65
60,5
65
61
65
61,5
65
62
Tempo mínimo de contribuição:
15 anos para homens e mulheres

 

Como será calculado o benefício?

  • Benefício integral: Para ter direito ao valor máximo possível de aposentadoria - ou seja, 100% média dos salários na ativa, limitado ao teto do INSS, que é hoje de R$ 5.839,45 — será exigido que o trabalhador tenha contribuído por 40 anos para a Previdência.
  • Escadinha: Quem tiver contribuído entre 15 anos (mulher) e 20 anos (homem) terá direito a apenas 60% do valor do benefício. A cada ano a mais de contribuição, a parcela sobe dois pontos percentuais, até chegar aos 100% com 40 anos de contribuição.
  • Na prática: Em três das quatro modalidades disponíveis para a aposentadoria, há a exigência de um tempo de contribuição de 30 anos para mulheres e de 35 anos para os homens. Então, na prática, as mulheres se aposentarão com pelo menos 80% do benefício e os homens, com 90%.
  • Piso: O valor mínimo da aposentadoria continua sendo o piso nacional. Mesmo que o trabalhador tenha contribuído por menos de 40 anos, terá direito a receber pelo menos o salário mínimo.

 

REGRA DE CÁLCULO DO BENEFÍCIO
COMO ERA
Hoje, o valor do benefício é calculado com base nos 80% maiores salários de contribuição
Os 20% menores salários são descartadas, não entram no cálculo
TODOS OS
SALÁRIOS
COMO FICOU
Com 20 anos de contribuição para o homem e 15 anos para a mulher, o trabalhador tem direito a 60% do valor do benefício. Quem ficar mais tempo na ativa ganhará um acréscimo de 2% ao ano até alcançar o limite de 100%, em 40 anos para o homem e 35 anos para a mulher
De acordo com a proposta de reforma, o valor do benefício passaria a ser calculado com base na média aritmética de todos os salários desde 1994 ou do início do tempo de contribuição e não mais levando em conta apenas os maiores.
HOMENS
NÍVEL DE BENEFÍCIO (EM %)
100
100
100
100
100
100
98
96
94
92
90
88
86
84
82
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78
76
74
72
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68
66
64
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37
38
39
40
41
42
43
44
45
TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO
MULHERES
NÍVEL DE BENEFÍCIO (EM %)
100
100
100
100
100
100
98
96
94
92
90
88
86
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82
80
78
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72
70
68
66
64
62
60
15
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38
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40
TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO

 

3. Regras de transição para os servidores

A reforma muda a previdência dos servidores públicos. Os servidores já precisam cumprir uma idade mínima e só podem se aposentar aos 55 anos para mulheres e 60 anos para homens. Agora, a idade mínima vai subir para 62 anos (mulheres) e para 65 anos (homens). Mas haverá duas regras de transiçãos.

 

Transição pelo sistema de pontos

O servidor terá de somar idade e tempo de contribuição. A tabela de pontos, como no setor privado, começa em 86 pontos para a mulher e 96 pontos para os homens, chegando a 100 para as mulheres em 2033 e 105 para os homens em 2028. Mas além de somar os pontos, será preciso cumprir idade mínima e tempo de contribuição mínimo.

  • Idade mínima: Será preciso cumprir a idade mínima de 56 anos para mulheres e de 61 anos para os homens. Em 2022, essa idade sobe para 57 anos (mulheres) e 62 anos (homens).
  • Tempo de contribuição: O tempo mínimo de contribuição exigido será de 35 anos para os homens e 30 anos para as mulheres, como no regime do setor privado. Eles precisam estar há 20 anos no setor público e cinco anos no cargo.

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Valor do benefício no sistema de pontos

  • Pré-2003: Os servidores que ingressaram até 2003 têm direito a receber o último salário da carreira, o que é chamado de integralidade, e a ter o benefício reajustado toda vez que houver aumento para os funcionários na ativa, a chamada paridade. Mas esse benefício só será assegurado aos servidores que atingirem idade mínima de 65 anos para homem e 62 para mulher. Eles também podem optar por receber a média dos salários de contribuição desde 1994, ajustada pela inflação, se quiserem se aposentar antes da idade mínima.
  • Após 2003: Quem entrou depois de 2003, só receberá a média das contribuições desde 1994, corrigidas.Neste caso, quem entrou antes da implantação do fundo de pensão do servidor, em 2013, poderá ter o salário superior ao teto do INSS, com a média dos salários. Quem entrou depois de 2013 só terá direito ao teto do INSS (R$ 5.839,45), mas poderá contribuir para o fundo de pensão do servidor público.

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Transição pela regra do pedágio

  • Pedágio: Nesta regra de transição, o trabalhador vai pagar um "pedágio" de 100% sobre o tempo que falta para se aposentar pelas regras atuais. Ou seja, se hoje faltam quatro anos para se aposentar, terá de trabalhar por oito anos. Mas haverá também a exigência de idades mínimas, de 57 para as mulheres e 60 para homens.
  • Valor do benefício: Cumprido os requisitos do pedágio, os servidores pré-2003 terão direito à integralidade e à paridade antes de completarem 65 anos (homem) e 62 anos (mulher).
  Foto: Arte
  Foto: Arte

 

4. Pensão 

As pensões para viúvas e viúvos e para os filhos vão mudar também. E haverá reduções nos valores a receber em caso de pensionistas que venham a receber aposentadoria ou aposentados que venham a receber pensão. Na calculadora da pensão do GLOBO , é possível simular o valor a receber.

  • Percentual: Em caso de morte do trabalhador, a viúva receberá 60% do benefício que o marido recebia. Terá direito a um acréscimo de 10 pontos percentuais por cada filho menor de 21 anos, até 100% do salário que o contribuinte recebia. Se o filho tiver deficiência grave, física ou mental, a pensão será de 100% do benefício do contribuinte.
  • Cálculo do benefício: A regra vai valer para servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada. O cálculo das cotas será feito com base em 100% do salário do aposentado até o teto do INSS, mais 70% do que exceder aos R$ 5.839,45 (teto do INSS), no setor público. No setor privado será de 100%, limitado ao teto do INSS.
  • Salário mínimo: A pensão não poderá ser menor do que um salário mínimo se o pensionista não tiver outra fonte de renda formal.
  • Parcela do dependente: A cota de cada dependente será extinta quando eles perderem essa condição.
  • Acúmulo de benefícios: Trabalhadores e pensionistas terão limites para acumular aposentadoria e pensão. Quanto maior o valor a receber, maior o corte, que seguirá uma escadinha. Vai ser possível escolher o benefício de maior valor e 80% do outro benefício, desde que o benefício a ser acumulado não ultrapasse um salário mínimo. Se o outro benefício foi superior ao mínimo, o aposentado ou pensionista só poderá receber 60% do benefício até o limite de dois salários mínimos. Se o benefício for maior que dois salários mínimos, só poderá levar 40% do valor, limitado a três salários mínimos. Se o segundo rendimento for acima de três salários minimos, só poderá receber 20%, se não exceder quatro salários mínimos.

 

PENSÃO E OUTROS BENEFÍCIOS
COMO ERA O CÁLCULO DA PENSÃO
SERVIDORES
PRIVADO
70% da parcela que superar o teto do INSS
até alcançar
o teto do INSS
100% DO
SALÁRIO
100% DO
SALÁRIO
até alcançar
o teto do INSS
COMO FICOU
PROPOSTA ÚNICA
O beneficiário tem direito a receber
50% + 10% para cada dependente
1 dependente
(só o marido ou a mulher)
60% do benefício
2 dependentes
70%
3 dependentes
80%
4 dependentes
90%
5 dependentes ou mais
100%
Pensões já concedidas não serão afetadas.
Dependentes de servidores que ingressaram antes da criação da previdência complementar terão o benefício calculado sem limitação ao teto do RGPS.
EM CASO DE MORTE POR
ACIDENTE OU DOENÇAS
DO TRABALHO
Taxa de Reposição do Benefício de 100%
Acúmulo de benefícios
COMO ERA
COMO FICOU
É permitida a acumulação de diferentes tipos e regimes.
100% DO
MAIOR
BENEFÍCIO
Parcela da soma dos demais
EX: PENSÃO E APOSENTADORIA; RPPS E RGPS
PARCELA RECEBIDA DOS BENEFÍCIOS ADICIONAIS
SALÁRIOS
MÍNIMOS
NÍVEL DE BENEFÍCIO
(EM %)
ACIMA DE 4,5
20
ENTRE 2 E 3,5
40
ENTRE 1 E 2
60
ATÉ 1,5
80

 

 

5. Professores

  • Idade mínima: Será de 57 anos para a mulher e 60 anos para os homens, com 30 anos de contribuição para os homens e 25 anos para as professoras. Será mantida a aposentadoria especial, com cinco anos a menos em relação ao restante dos trabalhadores.
  • Setor público: Para os professores da rede pública, será preciso também ter dez anos no funcionalismo e cinco anos no cargo para ter direito à aposentadoria.
  • Setor privado: Na iniciativa privada, será preciso comprovar que trabalhou no período no ensino infantil, fundamental ou médio.
  • Regras de transição: Será pelo sistema de pontos. Mas sua tabela é diferente. Enquanto para o restante dos trabalhadores do setor privado a soma de idade e tempo de contribuição começa em 86 pontos para as mulheres e 96 para os homens, para o professor, vai começar em 81 para as mulheres e 91 para os homens. O fim da transição no sistema de pontos termina em 92 para as professoras e cem pontos para o professor. Será preciso ter 25 anos de contribuição (mulheres) e 30 anos (homens). E idade de 57 anos, se mulher, e 60, se homem. A tabela de transição na idade sobe seis meses a cada ano, até atingir 60 anos para ambos os sexos. Há a opção de pedágio de 100% sobre o tempo que falta para se aposentar. Com isso, no setor privado, os professoras deverão ter 52 anos e 55 anos, se for homem.  No setor público, além da idade menor para se aposentar, os profissionais que entraram até 2003 receberão o mesmo salário da ativa e os reajustes.

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6. Contribuição à Previdência

A mudança mais imediata da reforma será nas alíquotas de contribuição à Previdência. As novas alíquotas entram em vigor 90 dias após a promulgação da reforma. Será cobrado um percentual maior de quem tem os maiores salários. E as alíquotas serão progressivas, incidindo por faixa do salário, num modelo igual ao do Imposto de Renda.

 
  • No INSS: As alíquotas vão variar de 7,5% a 14%. Mas a incidência será por faixas de salário. Por isso, na prática, as alíquotas efetivas serão menores. Segundo o governo, para quem ganha o teto do INSS, de R$ 5.839,45, a cobrança efetiva seria de 11,68%.

 

AS NOVAS ALÍQUOTAS DO INSS
FAIXA DE RENDA
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
ALÍQUOTA EFETIVA*
7,5%
9%
12%
14%
7,5%
7,5% a 8,25%
8,25% a 9,5%
9,5% a 11,68%
Até 1 salário mínimo
R$ 998,01 a R$ 2.000
R$ 2.000,01 a R$ 3.000
R$ 3.000,01 a R$ 5.839,45
EXEMPLO DE
ALÍQUOTA EFETIVA
PARA INSS
ALÍQUOTA
SALÁRIO
CONTRIBUIÇÃO
Diferença
do restante
do salário
Para um salário de
14%
R$ 397,52
R$ 5.839,45
COMO É HOJE:
Alíquota de 11%.
Contribuição de R$ 642,33
Até R$
3.000
12%
R$ 119,99
COMO É A PROPOSTA:
Alíquota progressiva
Até R$
2.000
Alíquota efetiva
R$ 90,17
9%
11,68%
Até 1 salário
mínimo
Contribuição total
7,5%
R$ 74,85
R$ 682,54
Fonte: Ministério da Economia *Calculada sobre todo o salário.

 

  • Servidores: Também serão progressivas. Vão de 7,5% sobre a parcela enquadrada no limite de um salário mínimo a até 22%.

 

AS NOVAS ALÍQUOTAS PARA O SERVIDOR
FAIXA DE RENDA
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
ALÍQUOTA EFETIVA*
7,5%
9%
12%
14%
14,5%
16,5%
19%
22%
7,5%
7,5% a 8,25%
8,25% a 9,5%
9,5% a 11,68%
11,68% a 12,86%
12,86% a 14,68%
14,68% a 16,79%
16,79%
Até 1 salário mínimo
R$ 998,01 a R$ 2.000
R$ 2.000,01 a R$ 3.000
R$ 3.000,01 a R$ 5.839,45
R$ 5.839,46 a 10.000,00
R$ 10.000,01 a R$ 20.000,00
R$ 20.000,01 a R$ 39.000,00
Acima de R$ 39.000,00
EXEMPLO DE
ALÍQUOTA EFETIVA
PARA SERVIDORES
ALÍQUOTA
SALÁRIO
CONTRIBUIÇÃO
Diferença
do restante
do salário
Para um salário de
19%
R$ 1.900,00
R$ 30.000,00
COMO É HOJE:
Alíquota de 11%.
Contribuição de R$ 3.300
Até R$ 9.999,99
16,5%
R$ 1.649,99
COMO É A PROPOSTA:
Alíquota progressiva
Alíquota efetiva
16,11%
Até R$ 4.160,55
14,5%
R$ 603,27
Contribuição total
R$4.835,83
Até R$ 2.389,44
14%
R$ 397,52
Até R$ 999,99
12%
R$ 119,99
Até R$1.001,99
9%
R$ 90,17
Até 1 salário mínimo
7,5%
R$ 74,85
Fonte: Ministério da Economia *Calculada sobre todo o salário.

 

7. Servidores estaduais e municipais

  • Estados e municípios: Servidores estaduais e municipais com regimes próprios de aposentadoria não serão afetados pela reforma da Previdência - esses trabalhadores serão alvo de uma outra proposta de emenda constitucional, a PEC paralela de estados e municípíos.
  • PMs e bombeiros: Eles também estarão em projeto separado, mas neste caso na reforma da Previdência das Forças Armadas, que ainda está tramitando na Câmara.
  • Nas assembleias: Em paralelo aos projetos em discussão no Congresso, alguns governadores, como nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Goiás, já começam a elaborar suas próprias propostas para mudar a aposentadoria e reduzir gastos com servidores.

O Globo terça, 22 de outubro de 2019

LOUVRE: MAIOR EXPOSIÇÃO DOBRE LEONARDO DA VINCI

 

Louvre inaugura a maior exposição já realizada sobre Leonardo da Vinci

Planejada há dez anos, mostra que marca os 500 anos da morte do pintor reúne obras como 'Homem vitruviano' e 'Madonna Benois'
 
 
A pintura
A pintura "Madonna Benois", emprestada pelo Museu Hermitage, de São Petersburgo Foto: Benoit Tessier / REUTERS
 
 

PARIS –  Um artista colossal como o italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) merecia, nos 500 anos da sua morte, uma homenagem à altura de sua genialidade. Pode-se dizer que o Museu do Louvre não moderou esforços para isso. A instituição celebra a data reunindo um número inédito de obras de sua autoria num mesmo espaço para exibição ao público. “Leonardo da Vinci”, mostra que será aberta ao público nesta quinta-feira, e que promete se inscrever como um dos maiores eventos da história do museu parisiense, expõe mais de 160 trabalhos do mestre renascentista, entre pinturas, desenhos, esculturas e manuscritos.

 

A exposição inova também ao revelar o desenvolvimento do método criativo de Da Vinci por meio da exibição de reflectografias de infravermelho de telas do pintor, resultado de análises científicas feitas ao longo dos últimos anos. Ao final do percurso, o visitante poderá viver ainda uma experiência de realidade virtual com a “Mona Lisa”, um dos mais icônicos quadros do planeta.

Por que está todo mundo falando disso: Seis curiosidades sobre a mostra de Da Vinci no Louvre

 

'A última ceia', de Da Vinci; tela do acervo do Convento Santa Maria delle Grazie, em Milão, foi emprestada para a mostra Foto: Benoit Tessier / REUTERS
'A última ceia', de Da Vinci; tela do acervo do Convento Santa Maria delle Grazie, em Milão, foi emprestada para a mostra Foto: Benoit Tessier / REUTERS

No Brasil: Em seus 500 anos de morte, Da Vinci é celebrado em mostras no Rio e em São Paulo

Para preparar o acontecimento, os curadores Vincent Delieuvin e Louis Frank mergulharam durante dez anos no universo de Leonardo da Vinci, período em que também acumularam viagens pelo mundo. Os pedidos de empréstimos de obras começaram a ser expedidos a museus e colecionadores há quatro anos, em uma saga repleta de reviravoltas e de imbróglios diplomáticos e judiciais, provocando suspenses até o último minuto.

O Museu Hermitage, da cidade russa de São Petersburgo, só confirmou a liberação da tela “Madonna Benois” há pouco mais de dez dias. Após uma disputa entre os governos francês e italiano, o desenho “Homem vitruviano” - célebre estudo das proporções do corpo humano - , cujo empréstimo fora bloqueado por um tribunal de Veneza, foi finalmente autorizado na semana passada a incorporar a mostra parisiense.

 

E, mesmo que as chances sejam ínfimas, o Louvre ainda mantém um fio de esperança em poder contar com “Salvator Mundi”, a obra de arte mais cara do mundo , vendida por US$ 450 milhões em um leilão da Christie’s, em 2017, a um comprador anônimo (provavelmente um representante do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman).

Toma lá, da cá: Itália vai emprestar obras de Da Vinci para a França em troca de pinturas de Rafael

Desatento? Leonardo da Vinci tinha déficit de atenção, defende pesquisador

De um total de 15 a 18 pinturas que são atribuídas a Da Vinci, o acervo do Louvre conta com cinco — a maior coleção do mundo — e mais 22 desenhos, e a isso o museu conseguiu somar um número expressivo de obras. Delieuvin lamenta a ausência de criações como “Ginevra de Benci”, da National Gallery of Art de Washington, “Dama com arminho”, do Museu Nacional da Cracóvia, e “A anunciação”, da Galleria degli Uffizi de Florença. Mas essas lacunas não ofuscam, segundo ele, o brilho e o ineditismo da exposição parisiense.

— A rainha da Inglaterra foi de extrema generosidade, pudemos escolher os desenhos que queríamos e obter o máximo permitido, em número de 24. O Vaticano de imediato nos deu o sim para o empréstimo de “São Jerônimo”. Também conseguimos o “Codex Leicester”, da Fundação Bill Gates. A exposição é excepcional porque é a primeira vez que se reúne um número tão grande de obras e desenhos importantes e que se pode explicar o conjunto da vida de Da Vinci, a evolução de sua arte e sua exigência pela pintura. As demais mostras se concentravam em um aspecto ou período de sua trajetória — disse Delieuvin ao GLOBO na última sexta-feira, durante uma das visitas organizadas para a imprensa, que tiveram a inscrição de cerca de 500 jornalistas do mundo inteiro.

 
Para o curador, a presença de um grande número de obras de todas as fases do artista cria na exposição a sensação de “se estar penetrando em seu ateliê”. A ideia foi também quebrar com a tradicional abordagem das transformações artísticas de Leonardo da Vinci em seis períodos cronológicos e geográficos, vinculados as suas viagens entre Florença, Milão, Roma e a França,. A mostra do Louvre está dividida em seções como “Sombra, luz, relevo”, “Liberdade”, “Ciência”, “Vida”, além de “Leonardo em Milão”, “O retorno a Florença” e “A partida para a França”.

— Por muito tempo se ficou preso a este tipo de leitura da vida de Leonardo a partir de seus deslocamentos geográficos. Mas nos demos conta de que as rupturas artísticas em sua vida estão em outro lugar, em outro momento. No final dos anos 1470, ele rompe com o imperativo da forma perfeita. No fim dos anos 1480, sente a necessidade de compreender o movimento do mundo. Isso o leva, na sequência, a dar uma base científica a sua arte, com os estudos de óptica, geometria, matemática, botânica ou anatomia. E se encerra com a realização de “A última ceia”, na metade dos anos 1490. Ao se analisar por suas viagens, há uma tendência a separar obras que possuem uma grande ligação artística e técnica e que pertencem ao mesmo período de desenvolvimento — sustenta.

 

Visitante verá primeiro desenho na tela da 'Mona Lisa'

Uma das novidades da exposição é a apresentação de importantes telas do artista, entre elas a “Mona Lisa”, no formato de reflectografia de infravermelho, em escala real, o que acabou se revelando também uma forma de suprir a falta de certas obras. Graças à investigação científica por meio de estudos realizados nos últimos anos em laboratórios da França, Itália ou Inglaterra, foi possível obter novos elementos para o entendimento da gênese das pinturas de Da Vinci.

— Em 2015, surgiu uma nova técnica, a cartografia de pigmentos, utilizada este ano no estudo da “Gioconda”. Já o infravermelho revela o primeiro desenho de Da Vinci na tela, todas as alterações feitas depois e também parte do começo do trabalho pictural. São informações extraordinárias. É como se estivéssemos atrás dele no ateliê, diante de seu cavalete, vendo como pintou ao longo do tempo. Ele levava cinco, dez ou 15 anos para pintar uma quadro, e fazia constantes modificações. É possível notar o aperfeiçoamento de sua técnica pictural. As primeiras reflectografias são bem diferentes das últimas, em que a matéria pictural é bem mais delicada, em obras nas quais a transição de sombra e luz é muito mais sutil — explica Delieuvin.

Vítima de seu sucesso, a “Mona Lisa” não deixará seu nobre espaço na Sala dos Estados, recentemente renovado, para se integrar à exposição. O visitante poderá admirá-la em seu local habitual, mas terá também a opção, ao final do percurso da exposição, de passar, de forma individual, por uma experiência de realidade virtual, a primeira realizada no Louvre: “Em tête-à-tête com a Gioconda”, de duração de sete minutos.

 

Mais de 180 mil ingressos já foram vendidos — em compra obrigatória pelo site do museu — para a mostra, que se encerrará em 24 de fevereiro de 2020. Delieuvin não escondia sua emoção às vésperas da inauguração, após dez anos de trabalho e três semanas acompanhando o desencaixotamento das obras e sua fixação nas paredes:

— Conhecia todas essas obras dispersas, e vê-las reunidas é quase como dar vida novamente ao ateliê de Leonardo. Por trás do mito e da “Mona Lisa”, há obras de arte com uma força e uma emoção impressionantes. Ele pintou muito pouco, deixou muitos quadros inacabados, não publicou nada, teve projetos extraordinários, e as pessoas ficaram fascinadas. Esta exposição é uma ocasião de ver o que fez de mais belo em sua vida, mas, sobretudo, de compreender o percurso excepcional deste inigualável gênio da pintura. Creio que ninguém sairá incólume desta visita — aposta.


O Globo segunda, 21 de outubro de 2019

MARIA LUIZA JOBIM

 

Maria Luiza Jobim fala sobre o peso do sobrenome e a dificuldade de encarar o palco

Cantora lança o seu primeiro disco solo: 'Estou descobrindo quem eu sou na música'
 
 
Maria Luiza Jobim Foto: Guilherme Nabhan
Maria Luiza Jobim Foto: Guilherme Nabhan
 
 

Com 1 ano e poucos dias de vida, Maria Luiza Jobim deu os primeiros passos. Um de seus apoios preferidos para exercitar o equilíbrio era o piano de cauda do pai, o maestro Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim. A família carioca vivia em Nova York.

Três décadas depois, no mesmo apartamento da Madison Avenue, pertinho do Central Park, Maria Luiza passou a caminhar em outra direção profissional. Enquanto fazia um curso de produção musical na Escola Juilliard, começou a compor para o seu primeiro disco solo, no qual incluiu a clássica “Meditação”. “É a primeira vez na minha vida adulta que gravo uma composição do meu pai. ‘Meditação’ é o início da música para mim, faz parte das minhas primeiras memórias. Na verdade, é ‘Meditation’, pois é em inglês que lembro dele cantarolando ao piano, lá em Nova York”, conta.
 
 
Tom Jobim e Maria Luiza em 1988, em Nova York Foto: Arquivo pessoal
Tom Jobim e Maria Luiza em 1988, em Nova York Foto: Arquivo pessoal

Não é pouca coisa: trata-se de uma canção de Tom Jobim que foi gravada por Frank Sinatra em 1967, com versão em inglês assinada pelo respeitado letrista Norman Gimbel. “A maternidade me deu essa coragem. Estou me mostrando de um jeito que nunca havia me mostrado”, revela a mãe de Antonia, de 1 ano e dois meses — o nome da menina é uma homenagem ao avô materno, sim, mas também ao avô paterno, o engenheiro químico Antonio Carlos Figueiredo.

Antonia também foi gerada na temporada nova-iorquina, praticamente junto com o disco “Casa branca”, trabalho independente que chega às plataformas digitais na próxima sexta-feira, dia 25. O título do álbum, composto por nove faixas, é uma referência à propriedade onde a família Jobim viveu no Jardim Botânico. “E à casa interna de cada um”, completa ela, que em agosto lançou o single que dá título à obra, com clipe recheado de fotos de sua própria infância. “O disco tem também uma música que fiz para Nova York, outra para a Antonia, uma baladinha. De modo geral, é uma carta de agradecimento a todo o amor que recebi na minha primeira infância.”

 

Alexandre Kassin assina a produção do álbum, que define como “eletrônico meditativo”. “Luiza é muito focada, uma artista autossuficiente. Todas as vezes em que nos encontramos, ela chegava ao estúdio com tudo o que queria praticamente pronto, bem programado”, diz. “Meditation”, especialmente, o emocionou. “Todo mundo que é músico é muito fã do Tom. Produzir essa música, então, foi um desafio, um prazeroso desafio. A versão está muito linda”, adianta o produtor musical.

Em breve, Luiza planeja fazer dois shows de lançamento, um no Rio e outro em São Paulo, cidade onde há seis meses vive com o marido, o advogado Paulo Figueiredo, e a filha. Mas fica um pouco temerosa com as apresentações ao vivo. “Palco não é um lugar tão natural para mim. É uma questão que ainda preciso trabalhar. Conversando com a minha mãe ( a empresária Ana Lontra Jobim ), descobri que o meu pai também não era tão de palco.”

Uma de suas referências de showoman é Alice Caymmi, que considera uma “irmã” — Danilo e Simone Caymmi foram integrantes da Banda Nova, grupo de músicos criado por Tom, em 1984, para acompanhá-lo em shows (Danilo ainda é padrinho de batismo e de casamento de Luiza). “Se deixarem, pego a Luiza pela mão e a levo para o palco ( risos )”, brinca Alice. “Lulu é tímida, mas tem muito carisma. Mesmo que ela queira, não fica ruim. Ela faz aquela cara de dúvida, mas sabe bem o que quer. E faz tudo muito bonito. Sempre.”

 

 
Maria Luiza Jobim Foto: Guilherme Nabhan
Maria Luiza Jobim Foto: Guilherme Nabhan

A timidez veio com o tempo. Em junho de 1998, aos 11 anos e aparelho ortodôntico nos dentes, Luiza mostrava desenvoltura ao cantar “Chega de saudade” no espetáculo “Vivendo Vinicius”, no qual dividia o palco do Metropolitan com Carlos Lyra, Toquinho, Miúcha e Baden Powell. “Eu era uma criança superexibida, cantava Mamonas Assassinas e fazia coreografia de axé para a galera da MPB. Mas era um momento em que eu não era protagonista da minha vida musical”, diz ela. Numa entrevista da época, a cantora contava que seu programa favorito era ir ao shopping, que era fã de Brad Pitt e adorava a música de Shakira. “As pessoas sempre tiveram muita curiosidade sobre mim”, observa. “No início da adolescência, eu me sentia muito perdida.”

Na adolescência, a caçula de Tom tentou se encontrar na cena techno. “A música eletrônica me salvou. De muitas maneiras. Eu ia para os festivais para soltar os bichos, uma catarse. Nunca fui do rolê das drogas. Ia de cara limpa. A dança era uma terapia. Vivia na La Cueva. Foi o momento em que elaborei as minhas perdas”, lembra ela. Aos 7 anos, Luiza perdeu o pai e, quatro anos depois, o irmão João Francisco ( em um acidente de carro no Aterro do Flamengo, em julho de 1998 ). “Foram duas grandes perdas, figuras essenciais para qualquer um... Mas a vida tem muitos ganhos. Acho lindo como existem tantas vidas dentro da vida. Adoro essa sensação.”

Depois do bate-estaca da música eletrônica, veio a introspecção. Até dois anos atrás, Maria Luiza não se sentia lá muito confortável para se apresentar como “cantora”. Preferia dizer que era “produtora musical e compositora”. E tentou seguir outras profissões. Primeiro, fez alguns períodos de Arquitetura. Nos estágios, porém, viu que não era boa de cálculos: “Como estagiária, tinha a função de pegar produtos em lojas chiques e arrumá-los nas casas dos clientes mais chiques ainda. Sempre fui distraída e estabanada, e simplesmente quebrava tudo. Eu era muito infeliz”, lembra. Depois de algum tempo, tentou fazer faculdade de Letras, que também acabou não concluindo.
 

Os cursos acadêmicos rolaram em paralelo a projetos musicais: a banda Baleia, na qual interpretava standards de jazz, e o Opala, duo de música eletrônica (calminha, para curtir com fone de ouvido) ao lado do músico Lucas Paiva. “A música sempre foi o pano de fundo da minha vida. Quando nasci, ela já estava lá, eu que cheguei depois. Mas sempre soube que era um lugar sagrado, pois tem relação com a memória do meu pai”, diz Luiza.

No apartamento onde vive, nos Jardins, a memória de Tom Jobim está materializada na forma de duas fotografias, assinadas por Otto Stupakoff, penduradas na parede, e de um piano de armário, no canto da sala. “Era o piano que o meu pai tinha no sítio ( onde ele compôs “Águas de março” ). Esse é o que ficou para mim”, diz ela, que toca ora para exercitar as mãos, ora para a filha. Caetano Veloso, Gilberto Gil e Adriana Calcanhotto fazem parte do repertório “para ninar Antonia”. “Mundo Bita eu nem preciso cantar para ela porque já toca em casa o dia inteiro. Sério, adoro Mundo Bita e Palavra Cantada, quem diria... Mas a Antonia também escuta tudo o que eu escuto, ou seja, muita música brasileira, de todos os tipos”, diverte-se Luiza.

 

O peso do sobrenome, ela não esconde, sempre foi uma questão — constantemente debatida nas sessões de análise. “Não é fácil para ninguém, na verdade. Qualquer pai é como uma grande sombra de árvore. Acolhe e, ao mesmo tempo, nos deixa à sombra. Virar um ser independente é muito difícil, um processo demorado. Acho que, depois de 32 anos, estou descobrindo de fato quem sou eu na música. Na verdade, estou fazendo algo que não sei se é o esperado de mim, mas é a minha verdade”, afirma Maria Luiza Helena. “Esse terceiro nome foi uma surpresa que o meu pai preparou para a minha mãe, quando foi me registrar no cartório. Disse que era mais uma opção, caso um dia eu precisasse fugir do país. Não é maravilhoso?”


O Globo domingo, 20 de outubro de 2019

SALTA DULCE TEM PRIMEIRA CELEBRAÇÃO NO BRASIL

 

Santa Dulce tem 1ª celebração no Brasil neste domingo

Cerimônia em Salvador reunirá fiéis e voluntários que multiplicam trabalho social realizado pela freira baiana
 
 
GABRIEL E SHEILAGabriel e Sheila. Ela voluntária das obras há 19 anos. Ele desde cedo se inspirou na mãe e aos 5 anos começou a fazer campanhas de doação. Ele doava parte da mesada. Hoje ele tem 12 anos. Ela conheceu Dulce e nasceu no mesmo dia que ela.foto: Felipe Iruatã/ Agencia O GLOBO Foto: Felipe Iruatã/ Agencia O GLOBO / Agência O Globo

 
 

SALVADOR — Irmã Dulce receberá neste domingo em Salvador a primeira celebração no Brasil após se tornar Santa Dulce dos Pobres . Com saúde frágil, ela se projetou pela capacidade de mobilizar centenas de forças, vindas de populares e figuras públicas, para ajudar quem precisava. A expectativa deste domingo é a reunião, na Arena Fonte Nova , de milhares de pessoas que reconhecem não apenas sua santidade, mas também foram atraídas pela e para a sua ação comunitária.

 Foi o que aconteceu com a servidora pública Sheila Kosminsky Weber, 42 anos. Filha de mãe judia, ela estava prestes a completar 7 anos quando se encantou, através de uma reportagem na TV, pela atuação social de Irmã Dulce. A princípio, a família minimizou. “É uma freira velhinha”, ouvia. Isso mudou no aniversário de Sheila, quando descobriu que no mesmo dia, 26 de maio de 1984, Irmã Dulce completava 70 anos.

Para a família, a coincidência explicava a conexão das duas. Eles passaram a visitar insistentemente o local em que a freira atendia até conseguir realizar o desejo da menina de conhecer pessoalmente a hoje Santa Dulce dos Pobres. Os encontros fizeram com que, já adulta e após o falecimento de Dulce, Sheila dedicasse 19 anos ao trabalho voluntário nas Obras Sociais Irmã Dulce (OSID).

Leia tambem: 'Papa percebeu como eu estava tremendo e segurou minhas mãos', diz fiel que foi curado de cegueira por Irmã Dulce

A história se repetiu. Quando tinha 5 anos, o filho de Sheila, Gabriel, se encantou pelo trabalho voluntário da mãe. Acostumado com os mantimentos que ela recolhia para doações dentro de casa e com as breves visitas ao hospital para buscá-la, com o pai, após alguma atividade do voluntariado, Gabriel decidiu ajudar as obras, primeiro com 1/3 da mesada de R$30 que recebia, depois criou sua própria campanha de arrecadação.

 

— Minha mãe me explicou que estavam construindo o setor de hemodiálise, que eu chamava de Hospital do Rim, e eu quis fazer uma campanha de R$ 100, achava que era um dinheirão e que daria para construir tudo — lembra Gabriel, hoje com 12 anos.

Mais profissionalização

Já na primeira campanha, o garoto mais que dobrou a meta, passou a mandar e-mails pedindo doações e mobilizar pessoas pelas redes sociais, escreveu um livro com arrecadação revertida para as OSID e inspirou a criação do grupo de voluntários mirins, atualmente com 60 crianças (e uma lista de espera), que faz atividades pontuais, especialmente nas férias escolares.

A história de Sheila e Gabriel é uma das muitas que se cruzam com a das OSID, que mantêm um dos maiores complexos hospitalares e de assistência social da Bahia. Atualmente, 300 voluntários atuam na sede e são gerenciados diretamente pela OSID, os chamados Anjos de Irmã Dulce. Essa rede se multiplica com grupos independentes.

As obras foram erguidas com o voluntariado, mas o perfil dessa atividade mudou ao longo dos anos, especialmente com a profissionalização da equipe. Os mais de três mil funcionários realizam, em média, mais de dois milhões de atendimento ambulatoriais, 12 mil cirurgias e 18 mil internamentos por ano, só em Salvador , pelo Sistema Único de Saúde (SUS). São os voluntários que fazem com que esse não seja mais um complexo hospitalar. É o que explica Salma Araújo, coordenadora do Anjos:

 

— Hoje eles atuam nas atividades de apoio social, administrativo e até mesmo religioso. O voluntário é a garantia do serviço humanizado, no acolhimento, e é a pessoa que está ali para perpetuar a mensagem de Irmã Dulce, que é amar e servir. Tem gente de todas as religiões, além da chegada de um público mais jovem, diferente de quem espera se aposentar para ser voluntário. As escolas e empresas incentivam, mas acredito que a canonização também tem contribuído muito com o crescimento da procura.

Atualmente, há uma lista de espera com mais de 800 pessoas inscritas através do site da instituição para atuar como Anjos de Dulce. Salma explica a necessidade de triagem, com identificação das necessidades e habilidades, além de treinamento e adequação de uma jornada, que é flexível e de em média duas horas.

Oferta quadruplicou

Onde não há espera é na busca por doadores. Fundado há dois anos, o grupo Amigas de Dulce faz atividades, como promoção de eventos, e trabalha na captação de doadores mensais às obras.

— No grupo temos domésticas, baianas de acarajé, donas de casa, médicas, empresárias advogadas... É um grupo diverso, como sempre Irmã Dulce esteve rodeada por muitas amigas a ajudando. Estamos todas unidas pela fé que vibramos por Santa Dulce dos Pobres — detalha Rosemma Maluf, organizadora do grupo.

 

Veja ainda: Dulce, a santa baiana

A empresária Alana Alves, 41 anos, é uma das Amigas e responsável pelo grupo de captação de sócios. Desde o anúncio de canonização, em maio, ela sente o crescimento do número de novos filiados, saltando de uma média de 70 por mês para quase 300. Com isso, o trabalho mudou da busca ativa para o atendimento de quem quer ajudar.

Cada um contribui com o que tem de melhor. A cantora Margareth Menezes , 57, por exemplo, empresta sua voz — inclusive na celebração deste domingo, em Salvador — e sua imagem para divulgar as Obras. Ela, que pessoalmente desenvolve ações sociais na região da Cidade Baixa, em Salvador, onde também atuou e está o complexo de saúde de Irmã Dulce, é considerada uma das embaixadoras das OSID.

— É a melhor maneira de retribuir o amor e o carinho que recebo das pessoas e tudo que tenho conquistado com meu trabalho. Pelo contingente de pessoas atendidas [pelas obras] dá para dimensionar como é importante a colaboração de todos — diz Margareth


O Globo sábado, 19 de outubro de 2019

LULA REJEITA PROGRESSÃO PARA O SEMIABERTO

 

Defesa de Lula pede à Justiça que negue progressão para semiaberto

Advogado argumenta que liminar no STF impede saída do ex-presidente da Polícia Federal
 
 
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso desde julho de 2018 Foto: ISABELLA LANAVE / AFP
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso desde julho de 2018 Foto: ISABELLA LANAVE / AFP

SÃO PAULO — A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai pedir nesta sexta-feira que a Justiça Federal negue a progressão para o regime semiaberto requerida pelo Ministério Público Federal (MPF).

No dia 27 de setembro, o MPF apresentou uma petição no processo de execução penal do ex-presidente em que dizia: "Uma vez certificado o bom comportamento carcerário (...) requer o Ministério Público Federal que seja deferida a Luiz Inácio Lula da Silva a progressão ao regime semiaberto". Preso desde abril do ano passado, o petista já cumpriu um sexto da pena de 8 e 10 meses a que foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso d tríplex do Guarujá.

A juíza Carolina Lebbos notificou a defesa para que se manifestasse sobre o pedido do Ministério Público, o que deve ser feito nesta sexta-feira. Logo após o posicionamento do MPF, Lula escreveu uma carta em que dizia não aceitar "barganhas" para deixar a cadeia.

A defesa de Lula também argumenta que uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no mês passado impede que Lula deixe a cela que ocupa na Superintendência da Polícia Federal do Paraná até que o habeas corpus em advogados apontam suspeição do ex-juiz Sergio Moro no processo seja julgado.

e de afronta à sua dignidade no já referido episódio do “Tremembé”. OPeticionário não aceita exercer um direito relacionado a um processo ilegítimo". 

O Globo sexta, 18 de outubro de 2019

MAURÍCIO SHERMAN, O HOMEM QUE INVENTAVA

 

Patricia Kogut: Maurício Sherman, o homem que inventava

Um dos mais importantes e influentes diretores da história da televisão, ele se notabilizou pela criação de programas, como o 'Globo de Ouro', e pelo olhar afiado para descobrir talentos
 
 
Mauricio Sherman em 1990: pioneiro da televisão no Brasil Foto: Monique Cabral / Agência O Globo
Mauricio Sherman em 1990: pioneiro da televisão no Brasil Foto: Monique Cabral / Agência O Globo

 

 
 

RIO - Ao deixar a direção de “Zorra total”, Maurício Sherman não cogitou se retirar da vida artística. Em 2015, um ano depois sair do comando do “Zorra total”, ele começou os ensaios de “A atriz” como ator. Na peça, contracenaria com sua amiga Marília Pêra. Ambos acabaram fora do projeto por razões alheias à disposição para estar no palco - desavenças de bastidor que já não vêm ao caso aqui – e o espetáculo acabou sendo encenado com Betty Faria e Benvindo Siqueira. O episódio é pouco conhecido, mas vale ser mencionado só para ilustrar a dedicação à profissão que impulsionava Sherman. Àquela altura, já octogenário e com a saúde fragilizada, ele não tinha perdido esse entusiasmo. 

Vida e carreira:    Morre o diretor Mauricio Sherman

Tributo: Personalidades lamentam morte de Mauricio Sherman

Antes de se tornar um diretor dos mais importantes da História da televisão brasileira, teve reconhecimento também como ator. Passou pelo rádio, como, aliás, toda a geração de pioneiros da TV. Lá, dividiu os microfones com outros iniciantes, como Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Chico Anysio. Em 1953, ganhou um prêmio de teatro e foi chamado para a TV Tupi. Depois passou pela TV Paulista, voltou para a Tupi, se transferiu para a Excelsior até chegar à Globo, em 1965. Poucos profissionais tiveram a influência que ele viria a conquistar na televisão.  

 Sherman esteve à frente de muitos programas de humor na emissora e ficou conhecido também por revelar talentos. Pelas mãos dele, Max Nunes e Haroldo Barbosa chegaram à Globo, só para citar dois nomes que hoje falam por si. Mas esse olhar afiado para enxergar possíveis estrelas sempre o acompanhou. O exemplo mais famoso disso é Xuxa Meneghel. Em sua passagem pela TV Manchete, nos anos 1980, ele anteviu nela o que logo confirmou: uma vocação incrível para programas infantis. Marlene Mattos sempre falou publicamente de Sherman com gratidão por causa disso. Quando a Globo contratou Xuxa, ele viu em Angélica, então uma menina, sua provável sucessora na extinta emissora. De novo estava certo. 

 

 Sherman voltou para a Globo no fim dos anos 1980 para atuar na área em que se sentia em casa: a linha de shows. Fez o “Globo de ouro”, um sucesso que até hoje mexe com o público quando reapresentado pelo Canal Viva; passou novamente pelo “Fantástico”, que tinha ajudado a implementar, e esteve à frente de “Os Trapalhões”. Será também lembrado pelas vinhetas de fim de ano em que o elenco da emissora se apresentava expondo facetas pouco conhecidas com a mensagem “Tente, invente, faça um 92 diferente”. É possível dizer, sem medo de errar, que essa foi uma das campanhas mais marcantes de todas. 

Depois, em 1999, veio o “Zorra total”. Ali também ele abriu espaço para novatos que logo ganharam o coração do público. Maria Clara Gueiros, Cláudia Rodrigues e tantos outros tiveram suas chances no humorístico. Sherman era atento aos jovens, frequentava o teatro, gostava de pesquisar.  

Com alguns colegas do palco e do estúdio, ele manteve amizades profundas e longevas. Foi assim com Agildo Ribeiro e Lúcio Mauro, companheiros de geração que frequentavam sua casa e por quem tinha carinho. Não se pode falar da nossa TV sem citar essa figura-chave presente em muito do que ainda se pratica no humor e no show.


O Globo quinta, 17 de outubro de 2019

NOVO ENTENDIMENTO DO STF PODE LIBERTAR LULA, DIRCEU E OUTROS ALVOS DA LAVA-JATO

 

Lava-Jato: Novo entendimento do STF sobre 2ª instância pode libertar Lula, Dirceu e outros alvos

Corte começa a debater a questão nesta quinta-feira, e tendência da maioria dos ministros seria condicionar prisão à sentença transitado em julgado
 
Em 2003, o então presidente Lula, conversa com o ex-ministro da Casa Civil, Jose Dirceu durante reunião ministerial Foto: Gustavo Miranda / Arquivo O Globo/19-05-2003
Em 2003, o então presidente Lula, conversa com o ex-ministro da Casa Civil, Jose Dirceu durante reunião ministeria
l Foto: Gustavo Miranda / Arquivo O Globo/19-05-2003
 
 

BRASÍLIA E SÃO PAULO — O Supremo Tribunal Federal (STF) começa nesta quinta-feira a julgar a legalidade das prisões após condenação em segunda instância, com possibilidade de rever o entendimento adotado em 2016 e que autoriza o início da execução da pena antes do trânsito em julgado. Se a Corte rever o entendimento e decidir que condenados só devem começar a cumprir a pena após trânsito em julgado, poderão ser libertados o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro José Dirceu e outros 13 condenados em segunda instância na Lava-Jato que tiveram mandados de prisão expedidos e cumprem pena em regime fechado.

A tendência, segundo ministros ouvidos pelo GLOBO, é o plenário permitir que os condenados fiquem em liberdade por mais tempo, enquanto recorrem da sentença. Mais do que definir a situação de Lula, o que eleva a pressão sob a Corte, parte do tribunal está interessada em dar um recado para os investigadores da Lava-Jato. É possível ainda que, se confirmada a mudança, os ministros deliberem também o alcance que terá a nova decisão.

 

A sessão desta quinta-feira vai começar com a leitura do relatório do ministro Marco Aurélio Mello, seguida de 13 sustentações orais. Devem se manifestar advogados interessados na causa, o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o advogado-geral da União, André Mendonça. A votação dos onze ministros só vai começar na sessão seguinte, marcada para quarta-feira da semana que vem – que começa às 9h30 e deve se estender até o fim da tarde. A expectativa é de que a votação comece e termine no mesmo dia, colocando um ponto final na questão.

Saiba mais : A legislação para a prisão em 2ª instância em outros países

No Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que julga os processos da Lava-Jato do Paraná em segunda instância, 103 pessoas já foram condenadas no âmbito da operação, segundo levantamento feito pelo próprio TRF-4. Desses, 18 tiveram mandados de prisão expedidos, cumprem pena em regime fechado e, portanto, seriam os mais impactados por uma possível mudança no entendimento do Supremo.

 

Além de Lula e Dirceu, empreitreiros, lobistas e ex-funcionários da Petrobras condenados da Lava-Jato também poderiam deixar a prisão. Já o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e seu ex-secretário de governo Wilson Carlos não seriam soltos porque, além da condenação, têm prisões preventivas em vigor.

Leia : Idas e vindas do STF sobre prisão em 2ª instância

Ex-vice-presidente da Engevix, Gerson de Mello Almada também poderia deixar a prisão e responder as acusações em liberdade. Em 2018, ao determinar a execução de sua pena após condenação em segunda instância, o então juiz Sergio Moro citou ministros contrários à execução provisória da pena, em ato que foi considerado uma forma de pressão sobre o Supremo. Atualmente, Almada está detido no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, mesmo local onde está Eduardo Cunha.

 

Casos que podem ser afetados pela decisão
191.480
são presos em execução provisória de pena — condenados, mas ainda com recursos a apresentar
Segundo o CNJ, desses 191 mil, só
4.895*
têm mandado de prisão expedido em segunda instância e podem ser beneficiados
Ao todo, o Brasil tem
836.820 presos
348 mil
presos preventivamente, ou seja, ainda sem condenção
294 mil
presos com condenação transitada em julgado
2 mil
presos civis, por não pagar pensão alimentícia
Dos 18 eventuais beneficiados da Lava-Jato, 15 podem ser soltos**
José Dirceu
Luiz Inácio Lula da Silva
EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
EX-MINISTRO-CHEFE DA CASA CIVIL
Luiz Eduardo de Oliveira e Silva
Gerson de Mello Almada
IRMÃO DE JOSÉ DIRCEU
EX-VICE-PRESIDENTE MENDES JUNIOR
Waldomiro de Oliveira
Rogerio Cunha Oliveira
FUNCIONÁRIO DE ALBERTO YOUSSEF
EX-DIRETOR DA MENDES JUNIOR
Márcio Andrade Bonilho
Sergio Cunha Mendes
SÓCIO DA SANKO SIDER
EX-VICE-PRESIDENTE DA MENDES JUNIOR
Jayme Alves de Oliveira Filho
Alberto Elisio Vilaca Gomes
AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL
EX-DIRETOR DA MENDES JUNIOR
Fernando Moura
EMPRESÁRIO/LOBISTA
Roberto Gonçalves
EX-GERENTE DE ENGENHARIA
DA PETROBRAS
Pedro Augusto Cortes Xavier Bastos
EX-GERENTE DA ÁREA
INTERNACIONAL DA PETROBRAS
Joao Augusto Rezende Henriques
Enivaldo Quadrado
LOBISTA/OPERADOR DO PMDB
DONO DA CORRETORA BÔNUS BANVAL
Três ainda vão continuar presos***
Sergio Cabral
Eduardo Cunha
Wilson Carlos
EX-GOVERNADOR
EX-PRESIDENTE
DA CÂMARA
EX-SECRETÁRIO DE
GESTÃO DE CABRAL
*Não necessariamente todos os presos beneficiados serão soltos. Autores de crimes violentos, como homicídio e estupro, afetados pela possível decisão do STF, podem ter a prisão preventiva decretada, por exemplo, por “ameaça à ordem pública”
**A depender da modulação definida pelo STF no caso demudança de entendimento sobre o início da execuçãode pena
***Têm prisão preventivaem vigor

 

 

"Espera-se que a jurisprudência que nos permitiu avançar tanto e que é legado do ministro Teori Zavascki não seja revista, máxime por uma Corte com o prestígio do Supremo Tribunal Federal e por renomados ministros como Rosa Weber, Celso de Mello, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski", afirmou o juiz na ocasião.

 

Na ocasião, Moro sofreu uma reprimenda pública do ministro Marco Aurélio.
— Tempos estranhos. Juiz de primeiro grau fazendo apelo a ministro do Supremo — disse Marco Aurélio. ( Colaboraram Gustavo Maia e Marco Grillo )


O Globo quarta, 16 de outubro de 2019

PICADINHO E OUTROS CLÁSSICOS VOLTAM A TURBINAR CARDÁPIOS

 

Clássicos voltam turbinados aos cardápios

Chefs investem em releituras de receitas de sucesso, com um toque especial
 
 
Irajá Gastrô. Piamontese 2.0 Foto: Alexander Landau / Divulgação
Irajá Gastrô. Piamontese 2.0 Foto: Alexander Landau / Divulgação
 
 

Não há nada tão bom que não tenha como melhorar. Os chefs sabem disso e, volta e meia, dão uma turbinada em seus clássicos de sucesso.

Leia mais: Aprenda a fazer uma receita fácil de falafel

Astor. Picadinho veggie, com pupunha e cogumelos no molho de legumes, feijão azuke, arroz integral, banana empanada em panko, farofa de cebola e pastel de ricota com espinafre Foto: Angelo Dal Bo / Divulgação
Astor. Picadinho veggie, com pupunha e cogumelos no molho de legumes, feijão azuke, arroz integral, banana empanada em panko, farofa de cebola e pastel de ricota com espinafre Foto: Angelo Dal Bo / Divulgação

Comemorando 18 anos de Rio de Janeiro, o cardápio novo do Astor, no Arpoador, não tinha como deixar o picadinho de lado. A versão clássica do picadinho Astor (R$ 62), com mignon em ponta de faca,  pastéis de queijo, ovo frito, banana à milanesa, feijão preto, farofa e arroz, o bar agora tem a versão veggie (R$ 59), com pupunha e cogumelos no molho de legumes, feijão azuke, arroz integral, banana empanada em panko, farofa de cebola e pastel de ricota com espinafre.

 
 
 
 
Irajá Gastro. A nova versão do Piamontese, de Pedro Artagão Foto: Alexander Landau / Divulgação
Irajá Gastro. A nova versão do Piamontese, de Pedro Artagão Foto: Alexander Landau / Divulgação

O Irajá Gastro já está na segunda releitura do piamontese. O que já tinha passado por um banho de loja, ficou mais elegante com o  piamontese 2.0 (R$ 78). No lugar do arroz, risoni cozido em creme de grana Padano e gratinado com requeijão mineiro. E o champignon que fazia parte do molho agora é salteado e confitado e servido separado num toast com maionese de trufas
champignon.

— Tirei o excesso de carne e aumentei a quantidade de bacon, que é artesanal, com menos gordura do que um contra-filé, e vou gla — explica Pedro de Artagão. — Selo o bacon e ele vai cozinhando junto com a carte. A bossa é comer os dois ao mesmo tempo.

Maria e o Boi. O strogô é finalizado à mesa pelo cliente Foto: Tomás Rangel / Divulgação
Maria e o Boi. O strogô é finalizado à mesa pelo cliente Foto: Tomás Rangel / Divulgação

Presente na memória afetiva de muita gente, o estrogonofe é um abraço em forma de comida. O prato foi um dos escolhidos para entrar no capítulo de clássicos da Maria e o Boi, em Ipanema. Finalizado à mesa, o strogô (R$ 48) é preparado com vinho e mostarda da casa e o creme azedo é misturado pelo próprio cliente. O pedido vem ainda com batatas assadas.

— Todo mundo tem como referência um estrogonofe ou um picadinho. Por isso quisemos incluir clássicos que nunca saem de moda do nosso paladar — disse um dos chefs, Luizinho Petit Santos.

 

Onde comer:

Astor: Av. Vieira Souto 110, Ipanema - 2523-0085.
Irajá Gastrô: Rua Conde de Irajá 109, Botafogo - 2246-1395.
Maria e o Boi: Rua Maria Quitéria 111, Ipanema - 3502-4634.


O Globo terça, 15 de outubro de 2019

TEATRO: CONTOS NEGREIROS DO BRASIL

 

Vista por 60 mil pessoas, ‘Contos negreiros do Brasil’ ocupa Teatro Firjan

Peça baseada em livro de pernambucano discute preconceito e traz dados sobre a o negro no país
autor
 
Rodrigo França em cena de
Rodrigo França em cena de "Contos negreiros": ator também assina a pesquisa do espetáculo Foto: Divulgação
 
 

Em cartaz desde maio de 2017, a peça “Contos negreiros do Brasil” já foi vista por cerca de 60 mil pessoas e, após passar por 16 cidades, está em cartaz novamente no Rio, no Teatro Firjan Sesi. Adaptação do livro “Contos negreiros”, do pernambucano Marcelino Freire, publicado em 2005 e vencedor do Prêmio Jabuti do ano seguinte, o espetáculo trata, sem rodeios, de preconceito.

Oito dos 17 contos do livro são levados ao palco, com direção de Fernando Philbert, e apresentados junto com índices sobre população negra do país, lidos pelo elenco. Para Rodrigo França, ator que assina a pesquisa, o livro e a peça dão voz a personagens “marginalizados”.

— Os contos do Marcelino trazem vida a corpos objetificados, marginalizados, silenciados e hiperssexualizados. O espetáculo une essa estrutura literária com uma pesquisa em números estatísticos sobre o racismo. É uma forma de desmontar o mito da democracia racial brasileira — acredita França, que divide o palco com Marcelo Dias, Milton Filho, Aline Borges e Valéria Monã.

Marcelino Freire se mostra satisfeito com o resultado.

— Meu texto é ficcional, a partir dessa realidade que me toca, mas a dramaturgia e esses dados levantados pela pesquisa acentuam as questões colocadas no livro. O espetáculo ganha uma urgência — acredita Freire.

O conto “Coração”, por exemplo, fala sobre homossexualidade negra, e também sobre solidão. “Totonha” é inspirado em uma tia do autor que se recusava a aprender a ler e escrever. Projeções no palco retratam vivências negras, como mães que perderam seus filhos para a violência nas periferias.

 

— Quando pensamos em desemprego, homicídio, comunidade carcerária e baixa escolaridade, a maior incidência está no corpo negro como vítima — diz França.

Onde: Teatro Firjan Sesi. Av. Graça Aranha 1, Centro (2563-4163). Quando: Seg e ter, às 19h. Até 5 de novembro. Quanto: R$ 20. Classificação: 14 anos.


O Globo segunda, 14 de outubro de 2019

RODA GIGANTE NA ZONA PORTUÁRIA DO RIO EM FASE DE TESTES

 

Roda gigante na Zona Portuária entra em fase de testes a partir desta segunda-feira

A abertura da atração ao público está prevista para acontecer na primeira quinzena de dezembro
 
 
A instalação das 54 cabines da roda gigante Rio Star foi concluída e entra na fase dos testes de segurança a partir desta segunda-feira na Zona Portuária Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo
A instalação das 54 cabines da roda gigante Rio Star foi concluída e entra na fase dos testes de segurança a partir desta segunda-feira
na Zona Portuária Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo
 

RIO - A roda gigante Rio Star teve a instalação de suas 54 cabines concluída e entra na fase dos testes de segurança a partir desta segunda-feira na Zona Portuária . A abertura da atração ao público está prevista para acontecer na primeira quinzena de dezembro. As informações são de representantes da construtora JLCMT, responsável pela obra.

 

O formato das gôndolas lembra uma versão em miniatura dos bondinhos do Pão de Açúcar. Elas oferecem vista 360 graus e são climatizadas Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo
O formato das gôndolas lembra uma versão em miniatura dos bondinhos do Pão de Açúcar. Elas oferecem vista 360 graus e são
climatizadas Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo

De acordo com a empresa, mais de 80% dos trabalhos já estão concluídos. Além dos testes de segurança do equipamento, está em fase de finalização o parque de 2.530 metros quadrados na base do brinquedo, que abrigará bar, café, loja de souvenir e de fotografias e um deque.

Quando estiver pronta, a Rio Star terá 88 metros de altura e fará uma volta completa em 18 minutos, com ingressos a R$ 49 e meia-entrada nos casos previstos por lei. A expectativa é que a atração receba 1 milhão de visitantes por ano e gere 60 empregos.

Com formato que lembra uma versão em miniatura dos bondinhos do Pão de Açúcar, as gôndolas da roda gigante foram trazidas da China, oferecem vista 360 graus e são climatizadas. As cabines suportam até 640 quilos cada uma, contam com três travas externas e portas com abertura suficiente para passagem de uma cadeira de rodas. Além disso, os compartimentos têm um sistema de rádio para comunicação em casos de emergência.


O Globo domingo, 13 de outubro de 2019

ÓLEO QUE ATINGE O O NORDESTE PODE SER DE NAUFRÁGIO, DIZ BOLSONARO

 

Bolsonaro diz que óleo que atinge Nordeste pode ser de naufrágio

Segundo presidente, 140 navios petroleiros passaram pela região desde setembro
 
 
Presidente Jair Bolsonaro Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
Presidente Jair Bolsonaro Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
 
 

SÃO PAULO — O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado que o óleo que atinge praias do Nordeste pode ter vazado de um navio que naufragou no passado.

— Existe a possibilidade de que tenha sido um navio afundado no passado porque tem muito petroleiro com bandeira pirata na área — afirmou Bolsonaro, em entrevista ao chegar ao estádio do Pacaembu para assistir ao jogo entre Palmeiras e Botafogo, pelo Campeonato Brasileiro.

De acordo com o presidente, navios usam bandeiras piratas para transportar petróleo orinudo da Venezuela e escapar do embargos impostos ao país sul-americano.

— Se isso estiver acontecendo, é triste porque mais óleo pode aparecer nas praias — acrescentou o presidente.

Segundo Bolsonaro, 140 navios petroleiros passaram pela região desde setembro. Na quinta-feira, Bolsonaro havia afirmado ter "quase certeza" que o vazamento foi criminoso. Disse também "ter no radar um país" que pode ser responsável pelo óleo.

Uma hipótese semelhante sobre a origem do óleo foi levantada nesta semana por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará  (UFC), que acreditam que um navio  afundado décadas atrás pode estar sofrendo novo vazamento. Essa possibilidade está está sendo  investigada  pelo químico oceanógrafo Rivelino Cavalcante, que coletou amostras a serem enviadas para o Instituto de Oceanografia de Woods Hole (WHOI), nos EUA, que vai analisar a composição do material.

Um evento relativamente recente que acendeu a curiosidade dos cientistas foi o encontro de grandes pedaços de borracha em praias do Nordeste desde o fim do ano passado. O material foi identificado como sendo “fardos” de látex, forma típica que a indústria da borracha usa para transportá-los.

 

Carlos Teixeira, oceanógrafo da UFC, buscou registros de naufrágios no Atlântico e encontrou a localização de um navio alemão afundado em 1944 , a 1.000 km do Recife, que estava transportando essa carga. Um dos fardos achados na Bahia indicava “Indochina Francesa” (atuais Camboja, Laos e Vietnã) como a origem do produto.

— Como a Indochina Francesa deixou de existir em 1953, creio que respondemos à pergunta sobre de onde veio essa borracha — diz Teixeira: — Esse navio alemão navegava "disfarçado" com o nome de SS Rio Grande, uma coisa comum durante a Segunda Guerra. A localização dele, bastante profunda, já é conhecida com precisão.

Mais cedo neste sábado, Bolsonaro rebateu no Twitter as  críticas de que o governo demorou a reagir  ao vazamento de óleo que já chegou a mais de 150 praias do Nordeste. Segundo o presidente, desde 2 de setembro o governo estaria atrás dos responsáveis pelo derramamento de petróleo na região.

No mesmo post, Bolsonaro ironizou a atuação das Organizações das Nações Unidas (  ONU  ) e de ONGs ligadas ao meio ambiente.

"Estranhamos o silêncio da ONU e ONGs, sempre tão vigilantes com o meio ambiente", escreveu o presidente.

 

Mais de 150 praias atingidas

Segundo o último balanço divulgado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), nesta sexta-feira, 156 localidades   já foram atingidas pelas machas de óleo.

 

 

Também nesta sexta, o óleo chegou a  Salvador,  na  Bahia, e atingiu mais oito cidades do estado. Além da capital baiana, os municípios de  Lauro de Freitas,   Camaçari, Mata de São João, Entre Rios, Esplanada, Conde  e  Jandaíra  também foram afetados.

O cenário paradisíaco da  Praia do Forte,  localizada no município de  Mata do São João  (BA) e conhecida pelos seus recifes e água cristalina, deu lugar a grossas camadas de  óleo  cru. Voluntários dizem ter recolhido duas toneladas do material da região, conhecida por seus recifes e tartarugas.

As manchas atingiram ainda uma área de conservação da natureza: a Reserva Extrativista (Resex) Cururupu, no  Maranhão , a 157 km de São Luís.

 Na quinta, a Marinha decidiu que vai notificar 30 embarcações de 10 países para prestarem esclarecimentos no inquérito que apura a origem do material.


O Globo sábado, 12 de outubro de 2019

IRMÃ DULCE: A SANTA BAIANA

 

Artigo: Dulce, a santa baiana

Ela merece, tamanha a sua dedicação aos pobres. É a primeira santa genuinamente brasileira
 
 
 
Irmã Dulce. Foto: Divulgação / Arquidiocese Foto: Irmã Dulce vai ser a primeira santa genuinamente brasileira / Agência O Globo
Irmã Dulce. Foto: Divulgação / Arquidiocese Foto: Irmã Dulce vai ser a primeira santa genuinamente brasileira
/ Agência O Globo
 
 

Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, mais conhecida como Irmã Dulce, será canonizada pelo papa Francisco amanhã, 13 de outubro, em Roma. Ela merece, tamanha a sua dedicação aos pobres. É a primeira santa genuinamente brasileira. Madre Paulina, que viveu no sul do Brasil, nasceu na Itália. Os demais santos brasileiros são quase todos homens, muitos nascidos na Europa, como o espanhol Padre Anchieta. Exceções são o paulista Frei Galvão e os 23 mártires potiguares, entre os quais cinco mulheres.

 De fato, o Brasil tem multidão de santos. Santo é todo aquele que viveu segundo as bem-aventuranças anunciadas por Jesus (Mateus 5, 1-12, e Lucas 6, 21-49), ainda que não tenha tido fé, como atesta o capítulo 25 do Evangelho de Mateus (31-46).

Temos santos vivos, à beça: mulheres abandonadas por seus maridos e que, na pobreza, criam heroicamente filhos e netos; militantes que lutam por justiça e paz; políticos que, com risco de vida, ousam defender os direitos humanos; ambientalistas que enfrentam ameaças de morte; inúmeras pessoas, de diferentes classes sociais, que fazem de suas vidas um dom para que outros tenham vida. Esses santos anônimos, que não esperam reconhecimento ou recompensa, jamais serão elevados aos altares nem terão devotos.

A baiana Irmã Dulce foi uma mulher exemplar. Nascida na classe média alta, tornou-se freira e dedicou sua vida a cuidar dos mais pobres. Pena que a Igreja não a incentivou a estudar teologia. As religiosas, em sua maioria, são, ainda hoje, relegadas a funções subalternas e papéis secundários dentro da comunidade católica. Embora consagrem suas vidas a serviço do próximo, estão impedidas de acesso ao sacerdócio.

Grave falha da Igreja, sobretudo se considerarmos que a primeira apóstola foi uma mulher, a samaritana do poço de Jacó (João 4, 1-41). E Jesus integrou ao seu grupo várias mulheres, citadas em Lucas 8,1, inclusive Madalena, a primeira testemunha de sua ressurreição. A misoginia clericalista não encontra respaldo na prática de Jesus, que escolheu para liderar sua comunidade apostólica um homem casado, Pedro, conforme atesta o Evangelho de Marcos (1, 30-31).

 

Espero que a devoção à Irmã Dulce não venha a reforçar o assistencialismo que tanto predominou na Igreja em tempos passados. O sistema econômico injusto produz a desigualdade e a miséria, exclui milhares de famílias do acesso aos serviços de saúde e à educação de qualidade, e os religiosos abrem orfanatos, asilos, hospitais, lactários e casas da mãe solteira para aliviar o sofrimento oriundo da exclusão social.

Felizmente o Concílio Vaticano II e a Teologia da Libertação mudaram esse enfoque ao centrar a evangelização na promoção da justiça e no combate às causas da pobreza. O papa Francisco atua na mesma direção. E inclui, entre as principais vítimas do sistema, a Mãe Natureza. Daí a importância do Sínodo da Amazônia, reunido em Roma desde o dia 6 deste mês até o próximo dia 27.

Nesses tempos de hostilidade generalizada, do presidente que ofende índios, quilombolas e médicos cubanos cuidadores dos mais pobres, ao procurador que se arma no intuito de assassinar um juiz da suprema corte; nesses tempos de redes digitais, equivocadamente chamadas de sociais, transformadas em trincheiras de injúrias e mentiras; nesses tempos de feminicídio, homofobia e racismo; nesses tempos de xenofobia, eleuterofobia (medo à liberdade) e fundamentalismos, vale sublinhar esta frase lapidar da Santa Dulce: “As pessoas que espalham amor não têm tempo nem disposição para jogar pedras.”


O Globo sexta, 11 de outubro de 2019

DICAS PARA O DIA DAS CRIANÇAS

 

Shows, peças, oficinas, passeios: dicas para o Dia das Crianças

Peça dos 'DPA', show de Larissa Manoela e festa com Thalita Rebouças estão entre as atrações
 
 
 

P
 

A agenda infantil está cheia neste fim de semana. De carona no Dia das Crianças, uma série de eventos ocupa a cidade com atrações para diferentes gostos. Para dar uma força para os pais, fizemos uma seleção entre as novidades mais divertidas em cartaz. No roteiro, tem a escritora Thalita Rebouças comandando DJs, festivais de cinema e de teatro, dinossauros e dragões robotizados que soltam fogo pela boca, oficinas de culinária, trilhas mata afora... Destacamos, também, o melhor da programação gratuita. São 25 dicas que não cabem nas 24 horas do dia de amanhã.

 

Música

Larissa Manoela

Larissa Manoela: show no Km de Vantagens Hall Foto: Rodrigo Takeshi
Larissa Manoela: show no Km de Vantagens Hall Foto: Rodrigo Takeshi

A estrelinha teen está crescendo (completará 19 anos em dezembro) e, para felicidade geral de seus fãs, fará o show de lançamento de seu novo disco, “Além do tempo”, domingo, na Barra. O single “Hoje a noite é nossa” já está disponível nas plataformas digitais. Se correr, dá para aprender a cantar até lá!

Km de Vantagens Hall: Via Parque. Av. Ayrton Senna 3.000, Barra. Dom, às 19h. De R$ 120 (mesa lateral e poltrona) a R$ 320 (camarote). Menores de 12 anos só com responsável.

Big Beat

O festival promete 12 horas de festa para a família. Dividido em duas partes, o evento terá dois palcos: o Kids, na parte da manhã, e o Teen, à tarde. A festa dos menores, a partir das 10h, terá animação do coral Palavra Cantada e do bloco Gigantes da Lira, além do show do grupo Rockin’ Kidz, com suas misturas de cantigas de roda e clássicos do rock. Já os adolescentes participarão de uma matinê que terá a escritora best-seller Thalita Rebouças como mestre de cerimônias. Entre as atrações musicais da tarde estão a DJ mirim Rivkah (de apenas 11 anos) e o cantor Kayky, fenômeno recente da internet. Na varanda, rolam oficinas de sustentabilidade, contação de histórias e brincadeiras.

Vivo Rio: Av. Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo — 2272-2901. Palco Kids: dom, das 11h às 15h. Palco Teen: dom, das 17h às 22h. R$ 130 (quem levar 1 Kg de alimento paga meia). Menores de 14 anos só com responsável.

Os Saltimbancos Sinfônico

A fábula musical de Chico Buarque será apresentada domingo, na Cidade das Artes, com arranjos para orquestra. Sob regência de Felipe Prazeres, a Orquestra Petrobras Sinfônica tocará “Bicharia, “Um dia de cão”, “História de uma gata” , “Todos juntos”...

Cidade das Artes: Av. das Américas 5.300, Barra — 3325-0102. Dom, às 11h30. R$ 80. Livre. Desconto para sócios do Clube O GLOBO.

New Kids on the Bloquinho

New Kids on the Bloquinho se apresenta no Teatro Riachuelo Foto: Divulgação
New Kids on the Bloquinho se apresenta no Teatro Riachuelo Foto: Divulgação

Cria do grupo New Kids on the Bloco, que há seis anos faz versões de Hanson, Sandy e Junior, Spice Girls e Back Street Boys no carnaval carioca, o show chama-se “Da infância dos pais à infância dos filhos”.

Teatro Riachuelo: Rua do Passeio 38/40, Centro — 3554-2934. Dom, às 11h. R$ 50 (balcão nobre e balcão) e R$ 70 (plateia Vip e plateia). Livre. 70 minutos.

Teatro e circo

Detetives do Prédio Azul

Depois de desvendarem mistérios em sua série televisiva e até no cinema, os detetives mais queridos da criançada, Bento (Anderson Lima), Sol (Letícia Braga) e Pippo (Pedro Henriques Motta) estreiam no teatro, em “D.P.A., a peça”. O texto, como sempre, é de Flávia Lins e Silva, e a direção, de Ernesto Piccolo. Ah, e o melhor, quem estiver assistindo também poderá participar da investigação.

 

Oi Casa Grande: Av. Afrânio de Melo Franco 290, Leblon — 2511-0800. Sáb e dom, às 15h e às 18h. R$ 50 (balcão, ingresso popular), R$ 70 (balcão) e R$ 120 (plateia). Livre. Até 3 de novembro.

Suelen Nara Ian

Falar sobre atualidades também é coisa de criança. É o que faz, de maneira lúdica, a peça “Suelen Nara Ian”, que trata sobre as novas configurações familiares. Nela, três crianças filhas de pais separados passam a morar juntas e têm que aprender a conviver. O espetáculo marca a estreia da atriz Luisa Arraes como autora e tem direção de Débora Lamm.

Teatro dos Quatro: Shopping da Gávea. Rua Marquês de São Vicente 54, Gávea. Sáb e dom, às 17h. R$ 60. Até 26 de janeiro.

Trilogia do amor

Três musicais, com a mesma temática, mesma direção (de Duda Maia) e apresentados em três diferentes palcos da cidade: é a Trilogia do Amor, que estreia amanhã. “A gaiola”, baseado no livro de Adriana Falcão, conta a história de amor entre uma menina e um passarinho, no Teatro Petra Gold. No Imperator, “Contos partidos de amor”, inspirado na obra de Machado de Assis, fala sobre personagens amorosos e ciumentos. Já “Vamos comprar um poeta”, no CCBB, relata o impacto da chegada de um poeta visitante a uma família.

CCBB: Teatro II. Rua Primeiro de Março 66, Centro — 3808-2020. Sáb e dom, às 11h e às 16h. Grátis (somente dia 12) e R$ 30. Até 8 de dezembro.

Imperator: Rua Dias da Cruz 170, Méier — 2597-3897. Sáb e dom, às 16h. R$ 40. Até 20 de outubro.

Teatro Petra Gold: Rua Conde de Bernadotte 26, Leblon — 2529-7700. Sáb e dom, às 11h. R$ 60. Até 3 de novembro.

FIL

"Onde eu guardo um sonho", no FIL Foto: Divulgação

Em sua 17ª edição, o Festival Internacional Intercâmbio de Linguagens ocupa diversos palcos com espetáculos nacionais e estrangeiros. Entre as atrações, está “A rainha e as abelhas”, da coreógrafa Andrea Jabor, que usa saias infláveis e mistura dança e teatro, de hoje a domingo, na Casa 38. Já no Teatro Ipanema, o grupo cearense Pavilhão da Magnólia conta a história de um pequeno ogro e sua dificuldade de fazer amigos, em “Ogroleto” (6 anos). A atriz Adelly Constantini encena o espetáculo de circo contemporâneo “Onde eu guardo um sonho”, no Teatro Prudential, sex, às 15h e às 20h; sáb e dom, às 16h. Sáb, às 14h30 e 15h30, no Sérgio Porto, “O Barquinho Amarelo” relembra as brincadeiras da infância no interior. Confira outras atrações no nosso site.

Casa 38: Rua Miguel Pereira 38, Humaitá. Sex, às 10h. Sáb e dom, às 17h. Grátis (até 2 anos), R$ 15 (até dez anos) e R$ 30 (adulto).

Espaço Cultural Sérgio Porto: Rua Humaitá 163, Humaitá — 2535-3846. “O barquinho amarelo”: sáb, às 14h30 e 15h30. R$ 50. “Solo Protocolo”: Dom, às 19h. R$ 50.

 

Teatro Ipanema: Rua Prudente de Morais 824, Ipanema — 2267-3750. Sex, às 15h30. Sáb e dom, às 17h. R$ 50.

Teatro Prudential: Rua do Russel 804, Glória — 3554-2934. “Onde eu guardo um sonho”: Sex, às 15h e 20h. Sáb e dom, às 16h. R$ 50.

Iara

Utilizando técnicas do Teatro de Sombras, a Cia. Lumiato, de Brasília, apresenta mitos indígenas, no Sesi de Jacarepaguá, com a peça “Iara — O encanto das águas”.

Teatro Firjan SESI: Av. Geremário Dantas 940, Jacarepaguá — 3312-3750. Sáb e dom, às 17h. Grátis.

Circo Crescer e Viver

Circo Crescer e Viver tem supervisão de Deborah Colker Foto: Stefano Figalo / Divulgação
Circo Crescer e Viver tem supervisão de Deborah Colker Foto: Stefano Figalo / Divulgação

Comemorando 15 anos, a equipe do circo convidou a coreógrafa Deborah Colker para supervisionar seu novo espetáculo, “Clássico”. Estão no picadeiro linguagens como teatro, literatura, ópera e dança. Além, claro, dos tradicionais trapezistas, malabaristas e palhaços. A trilha sonora é assinada por Toni Platão.

Circo Crescer e Viver: Rua Carmo Neto 143, Cidade Nova. Sex e sáb, às 20h. Dom, às 18h. R$ 30. Até 3 de novembro.

Grátis

Cidade das Artes

Além da apresentação do espetáculo “Os Saltimbancos Sinfônico” (no domingo, com entrada paga), a Cidade das Artes está com uma intensa programação gratuita no sábado, que inclui shows (às 13h e às 16h15), teatro (“O pequeno príncipe”, às 14h) e oficina de percussão (15h). E ainda dá para visitar a exposição “O dia seguinte”, que abre hoje e aborda, de modo lúdico, as mudanças climáticas e o futuro das cidades, com projeções e holografias.

 

Cidade das Artes: Av. das Américas 5.300, Barra — 3325-0102. Sáb, das 11h30 às 17h. Livre.

Casa Firjan

O jardim do casarão, em Botafogo, já virou point familiar e, no fim de semana das crianças, terá várias atrações infantis, como a Juntinha!, filhote da feira Junta Local. A chef Flavia Quaresma também estará por lá para ajudar a garotada a descobrir texturas e sabores de legumes (sábado, às 14h e às 16h; domingo, às 14h). Quer música? Tem: amanhã o show é de Marina Íris, às 17h; domingo, no mesmo horário, Pedro Miranda. No sábado, dentro da casa, acontece uma prévia do Festival Internacional de Cinema Infantil, com exibição de curtas de animação, do meio-dia às 18h.

Casa Firjan: Rua Guilhermina Guinle 211, Botafogo. Sáb e dom, do meio-dia às 18h.

Centro Cultural Banco do Brasil

O 12 de outubro é também o dia do aniversário do centro cultural, que em 2019 faz 30 anos no Rio. No sábado, das 10h às 17h, tem contação de histórias e, como o dia é de festa, a partir das 14h será oferecido um lanche gratuito, com bolo, guaraná natural e algodão doce. O programa educativo, amanhã e domingo, convidará a família a brincar em um jogo da memória. E ainda tem a abertura da exposição sobre o Egito Antigo!

 

CCBB: Rua Primeiro de Março 66, Centro — 3808-2020. Sáb e dom, das 11h às 13h e das 15h às 17h.

Parque Lage

Última edição do Jornadas de Outubro, no Parque Lage Foto: Divulgaçao
Última edição do Jornadas de Outubro, no Parque Lage Foto: Divulgaçao

Na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, desde 2016, o Dia das Crianças dura o mês inteiro, graças às Jornadas de Outubro. Amanhã, às 10h30, o projeto “Arte em família” promove um passeio pelo jardim, onde serão colhidos elementos, como folhas, para colagem. Das 15h às 18h, o banho de piscina é livre e animado pela festa Rebolinha (versão infantil da Rebola).

EAV Parque Lage: Rua Jardim Botânico 414, Jardim Botânico. Sáb, das 10h30 às 18h. Até 28 de outubro.

Oficina de cupcakes

Para ser doceiro por um dia, crianças podem participar de uma oficina de cupcakes com o chef confeiteiro Leandro Rosa, no mercado Farinha Pura. Com um detalhe: vão poder comer os bolinhos.

Farinha Pura: Rua Voluntários da Pátria 446, Botafogo — 3239-8000. Sáb, às 10h. Para maiores de 5 anos. Inscrições por ordem de chegada.

Burburinho

Burburinho, no Jockey Foto: Divulgação/Giulli Mandarino
Burburinho, no Jockey Foto: Divulgação/Giulli Mandarino

A feira faz edição especial, no Jockey, com oficinas de tiara, scrapbook e jardinagem, pintura em cavalete, jogos com palitos, mágica, brincadeiras com bambolê e bolhas de sabão.

Jockey Club Brasileiro: Praça Santos Dumont 31, Gávea. Sáb e dom, do meio-dia às 20h.

Museu da Vida

Oficinas de bolhas de sabão, de origami e pipas, visitas ao borboletário, brincadeiras no Parque da Ciência e duas peças (às 10h30, 11h e 11h30) fazem parte da programação do espaço, dentro da Fiocruz.

Fiocruz: Av. Brasil 4.365, Manguinhos — 2590-6747. Sáb, a partir das 10h. Senhas distribuídas às 9h30.

Museu do Amanhã

O museu da Praça Mauá também preparou uma série de atividades para os pequenos neste sábado, com destaque para um passeio de barco pela Baía de Guanabara, com foco na biodiversidade do lugar. Além disso, haverá edição especial da Horta Vivência, uma oficina de plantio seguida de bate-papo sobre consumo consciente e sustentabilidade. Outro destaque é a Yoga para Crianças, com objetivo de estimular a prática na criançada, aprimorando a respiração e o controle do corpo.

Museu do Amanhã: Praça Mauá 1, Centro — 3812-1800. Ter a dom, das 10h às 17h. Sábado, a partir das 9h30 (credenciamento para o barco às 9h). Grátis.

Brunchinho

O bucólico Parque Guinle, em Laranjeiras, abriga esta edição da feira dedicada ao público infantil. Entre as atividades recreativas estão música, oficinas de slime e costura, pintura facial, brinquedoteca, aulas sobre aproveitamento alimentar e parque inflável.

Parque Guinle: Rua Gago Coutinho 66, Laranjeiras. Sáb, das 9h às 18h.

 

Manaká

O casal de músicos Liv e Chico, da dupla Manaká, apresenta o show “Passarinhedo”, com músicas em ritmos bem brasileiros como xote e samba com letras autorais.

Sesc Madureira: Rua Ewbank da Câmara 90, Madureira — 3350-8055. Sáb, às 16h.

Saberes Estéticos do Brincar

O Centro do Teatro do Oprimido oferece atividades artísticas e culturais destinadas à primeira infância (até 6 anos). Amanhã, às 9h, a série “Chegança” propõe a encenação de contos de fadas com perspectivas atuais. A festa continua com a performance “Julgar meu cabelo afro”, do Grupo Ponto Chic, capoeira e cantigas. Entre uma brincadeira e outra, a garotada ganha lanche.

Centro: Av. Mem de Sá 31, Lapa. Sáb, das 9h ao meio-dia.

E mais

Casa Roberto Marinho

As atividades acontecem nos jardins do espaço cultural, no Cosme Velho. De manhã tem contação de histórias. À tarde, os recreadores propõem brincadeiras de ontem para as crianças de hoje, como amarelinha, pular corda, cama de gato, chicotinho queimado e bolinha de gude.

Casa Roberto Marinho: Rua Cosme Velho 1.105, Cosme Velho — 3298-9449. Sáb e dom, das 11h às 17h. R$ 10.

Dinos e dragões

Espetáculo
Espetáculo "Dinos e Dragões", no Via Parque Foto: Caio Gallucci / Divulgação

Ano passado, as réplicas robotizadas com dinossauros de até 8 metros de comprimento estiveram por aqui e fizeram o maior sucesso com a molecada. Agora, eles voltam no espetáculo “Dinos e Dragões — O grande combate”, com efeitos especiais e fumaça para todo lado.

 

Via Parque: Estacionamento. Av. Ayrton Senna 3.000, Barra — 2430-5100. Qua a sex: às 20h; de R$ 40 a R$ 96. Sáb e dom: às 14h, às 16h e às 18h; de R$ 50 a R$ 120 (diamante). Livre. Até 17 de novembro.

Jardim Botânico

Para as crianças (de 2 a 10 anos) que curtem atividades ao ar livre, uma boa opção no sábado é a trilha guiada no Jardim Botânico, em que monitores falam sobre plantas e monumentos do jardim. No gramado perto do Centro de Visitantes, há oficina de jardinagem gratuita, que ensinará como plantar manjericão, cebolinha e sálvia.

Jardim: Rua Jardim Botânico 1.008, Jardim Botânico. Trilha: sáb, às 9h, 11h, 13h e 15h; grátis (até 5 anos) e R$ 15. Oficina (grátis); sáb, às 10h e 14h.

Oficina de Chocolate

E o doce preferido da criançada não poderia faltar nessa festa. Domingo, os pequenos aprenderão várias receitas com alguém que fala sua língua: o chef mirim Lorenzo Raviolli. De manhã, a oficina é no Leme; de tarde, na Barra. As inscrições devem ser feitas pelo site www.zonasul.com.br/cursos

Zona Sul Barra: Av. das Américas 8.888, Barra. Dom, às 16h. R$ 30 (convertidos em compras).

Zona Sul Leme: Av. Atlântica 866, Leme. Dom, às 11h. R$ 30 (convertidos em compras).

Animarte

Entre os mais de 400 filmes do Festival Internacional de Animação Estudantil do Brasil, destaque para as sessões que acontecem na cúpula do Planetário da Gávea, com telão 360°. Amanhã, às 14h e às 16h, tem um sobre povos Maias, Mexicas (América do Norte) e Maori (Oceania).

 

Planetário: Rua Vice-Governador Rubens Berardo 100 — 2088-0536. Sáb, a partir das 14h. R$ 30.


O Globo quinta, 10 de outubro de 2019

IRÃ PERMITE QUE MULHERES ASSISTAM A JOGO DE FUTEBOL

 

Depois de 38 anos, mulheres poderão acompanhar jogo da seleção iraniana em Teerã

Após morte de torcedora e ameaça de suspensão da Fifa, Irã permitiu a entrada de mulheres no estádio Azadi; apenas 3.500 ingressos foram disponibilizados para o setor onde elas serão alocadas
 
 
RIO — Quando Irã e Camboja entrarem em campo pela segunda rodada da segunda fase das eliminatórias asiáticas para a Copa do Mundo de 2022, na manhã desta quinta-feira em Teerã, boa parte dos olhares do mundo estará voltada não para o gramado, mas sim para os setores de A6 A9 do estádio Azadi. Ali estarão sentadas cerca de 3 mil torcedoras, quebrando um longo período sem o apoio feminino nos jogos da seleção nacional, o “ Team Melli ”, em casa.
 

Desde um distante cinco de outubro de 1981, quando os dois times mais populares de Teerã, o Esteghlal e o Persepolis , jogaram naquele mesmo campo, mulheres não são permitidas nas arquibancadas do Azadi, com capacidade para 80 mil pessoas. Algumas até puderam acompanhar partidas de forma esporádica, como na final da Liga dos Campeões da Ásia, em 2018, mas sem comprar ingressos, como no duelo de hoje.

Não existe uma lei que proíba as torcedoras  — apenas interpretações feitas por algumas autoridades, que acabaram sendo adotadas pra valer. Isso não impede que as iranianas, há muito são apaixonadas pelo futebol, exijam mudanças. Ao longo dos anos, foram feitas algumas promessas, mas foi apenas depois de uma tragédia que as intenções começaram a sair do papel.

Em março, a jovem Sahar Khodayari tentava assistir ao seu time de coração, o Esteghlal, usando uma tática comum entre as torcedoras, mas altamente perigosa: se vestir de homem para enganar os policiais. Assim como as jovens do filme “Fora de Jogo”, do cineasta Jafar Panahi, ela foi detida, mas seu destino foi diferente do das protagonistas da ficção. Ao saber que seria processada e poderia ficar presa por até dois anos, se imolou diante do tribunal em setembro, morrendo dias depois .

 

Em um país que se orgulha de seus mártires, a morte de Sahar viraria bandeira do direito das mulheres frequentarem todos os lugares, inclusive as arquibancadas. A história da “ Menina Azul ”, uma alusão a uma das cores do Esteghlal, ganhou o mundo, chegando à sede da Fifa, em Zurique. A ameaça de suspender o país de torneios internacionais e o baixo interno apoio à proibição, mesmo entre os mais conservadores, abriu caminho para novas regras.

LEIA TAMBÉM: No Irã, futebol está na linha de frente da luta pela igualdade de gênero

Porém, a mudança não foi exatamente como as torcedoras queriam. Para o jogo de hoje, 3.500 lugares foram reservados para mulheres, contrastando com os mais de 75 mil disponíveis para o resto do Azadi, “ liberdade ”, em persa.

— Mulheres serão permitidas no estádio, mas em um número pequeno, o que provocou uma controvérsia, é um número ridiculamente pequeno, e o pior de tudo isso é que eles construíram grades e deixaram espaços entre a torcida e o resto do estádio — afirmou Pasha Hajjian , fundador do podcast Gol Bezan, dedicado ao futebol iraniano. No ano passado, elas puderam assistir a duas partidas da seleção iraniana no estádio, porém o time estava jogando na Rússia, na Copa do Mundo, e o jogo passou em telões.

 

Para Jasmin Ramsey , diretora de comunicação do Centro para Direitos Humanos no Irã, apesar de oferecer os ingressos, o Irã está longe de seguir os compromissos de igualdade no esporte exigidos pela Fifa.

"Essas restrições, que impedem que as mulheres acompanhem o jogo em pé de igualdade com os homens, deixam clara a necessidade de pressionar o Irã até que ele cumpra totalmente os estatutos da Fifa e coloque fim a essa política discriminatória", afirmou, em comunicado.

Ela também afirma que jornalistas e fotojornalistas mulheres relataram dificuldades para obter credenciais de imprensa, ou tiveram seus pedidos negados. Além disso, a TV estatal que possui os direitos do jogo não decidiu se vai transmitir o duelo, ou mesmo se vai mostrar as mulheres nas arquibancadas.

Segundo a ONG Open Stadiums , que luta pelo direitos das torcedoras, elas também deverão entrar por uma entrada separada, muito distante dos assentos. Por outro lado, há iniciativas positivas do lado de fora dos portões. Um aplicativo de transporte vai oferecer traslado gratuito entre o estádio e as estações de metrô mais próximas. No Twitter, a empresa disse que “essa não é uma partida como as outras, porque será acompanhada por alguém especial. Desta vez, torceremos todos por nossa seleção”.

 

Por enquanto, a permissão para que as mulheres voltem ao Azadi vale apenas para esta partida, e as autoridades não disseram se ela será aplicada à próxima rodada do campeonato nacional, no dia 21, ou no próximo jogo oficial da seleção no país, em março do ano que vem. Até lá, as torcedoras ficarão na expectativa de poder adaptar às arquibancadas os versos de uma das poetas mais famosas do Irã, Forough Farrokhzad , “eu vou saudar o Sol novamente; vou saudar a corrente que uma vez passou por mim”.


O Globo quarta, 09 de outubro de 2019

GASTRONOMIA: DO TUCUPI AO CHURRASCO

 

Mestre do sabor’: ‘Vamos do tucupi ao churrasco’, adianta Claude Troisgros

Reality comandado pelo chef franco-carrrrioca estreia nesta quinta-feira, na Globo
 
 
O chef Claude Troisgros apresenta o reality 'Mestre do sabor' Foto: Fábio Rocha/TV GLOBO / Divulgação
O chef Claude Troisgros apresenta o reality 'Mestre do sabor' Foto: Fábio Rocha/TV GLOBO / Divulgação
 
 

RIO — Claude Troisgros foi o primeiro chef de cozinha a entrar nas casas brasileiras. O ano era 2004, e o programa, o extinto “Armazém 41”, que trazia o quadro “Adivinha o que tem para jantar?”, no GNT. Como uma bomba de fumaça ninja, Troisgros fez o clichê de francês esnobe desaparecer a jato. O sotaque carregado passou de empecilho a tempero extra. De lá para cá, o cardápio comandado pelo chef só aumentou. Foram seis programas de TV, incluindo “The taste Brasil” e a série “Que marravilha!”, que deu filhotes como a versão infantil do show. Todos, sempre em canal fechado.

 

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Quinze anos depois, o franco-carrrrioca, que esperava ficar apenas uns dias no Rio e já está aqui há quatro décadas, se aventura na TV aberta, à frente do primeiro reality dedicado exclusivamente à gastronomia na Globo . “Mestre do sabor” estreia nesta quinta-feira, logo após a novela “A dona do pedaço”, e vai ao ar toda quinta.

Dividindo o manche está João Batista, seu fiel escudeiro das panelas e dos estúdios. E, completando o elenco, três astros da gastronomia atual: a carioca Katia Barbosa, o mineiro Léo Paixão e o português José Avillez . Fora dali, o programa ganha conteúdos extras no Gshow, na Globo Portugal e também no GNT, onde será exibido um dia depois, com 20 minutos a mais.

No primeiro episódio, 50 cozinheiros profissionais disputam 24 vagas. Serão seis etapas, até a grande final, no dia 26 de dezembro. O vencedor levará um prêmio de R$ 250 mil. A seguir, Claude Troisgros dá detalhes do programa.

O que o programa tem de diferente dos outros?

A pegada é totalmente Brasil, valorizando ingredientes nacionais, como maxixe, quiabo, goiaba. Vamos do tucupi ao churrasco, da moqueca à galinhada e à carne seca com abóbora. É um formato original, menos dramático, mais educativo.

Serão receitas clássicas da gastronomia regional?

Queremos criatividade, mas respeitando a tradição. O tutu à mineira, por exemplo, é um prato clássico, rústico e regional que pode ser feito de forma diferente, com um produto melhor.

A degustação dos pratos é feita às cegas. Isso aumenta a adrenalina?

Avaliar um prato somente pelo sabor, sem saber quem preparou, nem como ele foi feito, tem um lado de verdade muito forte. Isso dá credibilidade ao programa.

Tem algum truque de bastidor que o público não vê?

Não, foi uma das coisas que eu fiz questão de não ter. Não sou ator. Os jurados experimentam exatamente o que os competidores fizeram, da forma que eles entregaram.

Todos os participantes são profissionais, já têm uma carreira. Você se arriscaria numa empreitada assim?

Se eu fosse jovem, diria que sim. Hoje não dá mais para mim ( risos ).

Nestes 15 anos, o que mudou na gastronomia com os programas de TV?

A gastronomia brasileira evoluiu de uma maneira inacreditável. E os programas de TV contribuíram para essa nova cozinha, que valoriza o produto local, o produtor, o cozinheiro, a panela, o fogão, a tradição. E, principalmente, houve uma evolução do paladar das pessoas. A gente consegue, através da câmera, influenciar as pessoas a comer melhor, a comprar melhor.

 
Claude Troisgros está à frente das câmeras há 15 anos Foto: divulgação/globo/VICTOR POLLAK

Claude Troisgros está à frente das câmeras há 15 anos Foto: divulgação/globo/VICTOR POLLAK

 

Essas mudanças extrapolam os limites da cozinha?

Sem dúvida. As casas ficaram diferentes, as cozinhas passaram a ser abertas, integradas. Através dos programas as pessoas descobriram que cozinhar é, também, uma terapia.

Hoje, você passa mais tempo na cozinha ou no estúdio?

Os meus estúdios são sempre uma cozinha, a diferença é que a gente conversa com as panelas quando está gravando.

Muda muito fazer um programa na TV aberta?

Passamos de quatro para 30 câmeras, temos plateia, é uma grande produção. Além de atingir um público bem maior.

As pessoas param você na rua para tietar. Você se considera um artista?

Eu e o Batista estamos na frente das câmeras há 15 anos. Não me considero artista, mas um apresentador.

A gastronomia está na moda?

Não é um modismo, veio para ficar e evoluir cada vez mais.


O Globo terça, 08 de outubro de 2019

ROCK IN RIO - O QUE VAI FICAR NA MEMÓRIA

 

Ao Ponto: De playback a piruetas no ar, o que vai ficar na memória do Rock in Rio

 
 Ao Ponto: De playback a piruetas no ar, o que vai ficar na memória do Rock in Rio Foto: Arte
Ao Ponto: De playback a piruetas no ar, o que vai ficar na memória do Rock in Rio Foto: Arte
 
 

Que momentos do Rock in Rio 2019 vão entrar na história do festival? O Globo listou o que houve de melhor neste ano, como o voo da cantora Pink, e os momentos polêmicos, como o playback de Anitta. No Ao Ponto de hoje, o repórter Bernardo Araújo e o editor-executivo André Miranda comentam essa edição do festival e contam os bastidores da cobertura. Nós ouvimos também a vice-vice-presidente do Rock in Rio, Roberta Medina.

Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o   Ao Ponto  é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Roberto Maltchik, sempre abordando acontecimentos relevantes do dia.


O Globo segunda, 07 de outubro de 2019

MOQUECA DE BANANA-DA-TERRA - APRENDA A FAZER

 

Segunda sem carne: aprenda a fazer a moqueca de banana-da-terra servida na Cave Nacional

Chef Luciano da Silva ensina a receita do prato vegano, que leva 10 minutos para ficar pronto
 
 
Cave Nacional: moqueca de banana-da-terra (R$ 39), temperada com pimentões, coentro, páprica doce, pimenta do reino com cominho, leite de coco e azeite de dendê. Rua Dezenove de Fevereiro 151, Botafogo - 2146-5334. Foto: Divulgação
Cave Nacional: moqueca de banana-da-terra (R$ 39), temperada com pimentões, coentro, páprica doce, pimenta do reino com cominho,
leite de coco e azeite de dendê. Rua Dezenove de Fevereiro 151, Botafogo - 2146-5334. Foto: Divulgação
 
 

Com 230 rótulos - só de pequeno produtor - na adega 100% brasileira, a Cave Nacional, em Botafogo, vem apostando forte no menu de comida. Uma das últimas investidas é vegana, moqueca de banana-da-terra (R$ 39),   temperada com pimentões, coentro, páprica doce, pimenta do reino com cominho, leite de coco e azeite de dendê. Receita que Luciano da Silva ensina abaixo. Veja o passo a passo.

 — A ideia de colocar a moqueca de banana da terra veio do período em que trabalhei preparando menu para atender ao setor de jatos executivos do Aeroporto Galeão. Tínhamos um cliente que estava na transição para o veganismo, adorava comida baiana e solicitou algo vegano para comer. Apesar de, na época, nunca ter feito algo nesse sentido, elaborei a receita —  explica o chef.

Receita de moqueca de banana da Terra

Ingredientes

  • 3 bananas grandes
  • 1 pimentão vermelho
  • 1 pimentão Amarelo
  • 1 cebola
  • 1 maço de coentro
  • Uma pitada de páprica doce
  • Pimenta do Reino com cominho a gosto
  • Um fio de azeite de dendê
  • 70 ml leite de coco
  • Sal a gosto
  • azeite de oliva a gosto

Modo de preparo

  • Refogar a cebola com os pimentões no azeite e adicionar os condimentos no refogado;
  • Em outra frigideira grelhar as bananas cortadas em forma de cunha e reservar;
  • Após 5 minutos do refogado no fogo, juntar as bananas e deixar apurar o sabor;
  • Servir com arroz branco.

Tempo de preparo: 10 minutos

Serve duas pessoas

Cave Nacional: Rua Dezenove de Fevereiro 151, Botafogo – 2146-5334.


O Globo domingo, 06 de outubro de 2019

ROCK IN RIO - IMAGINE DRAGONS, NICKELBACK & MUSE

 

Imagine Dragons, Nickelback e Muse mobilizam fãs no Rock in Rio

Sem gigantismo, bandas contam com fanbases apaixonadas no país
 
 
A partir da esquerda: Nickelback, Imagine Dragons e Muse, os destaques deste domingo no Rock in Rio Foto: Arte O Globo
A partir da esquerda: Nickelback, Imagine Dragons e Muse, os destaques deste domingo no Rock in Rio
Foto: Arte O Globo
 
 

RIO — O que o Muse tem a ver com o Nickelback ? E o que o Nickelback tem a ver com o Imagine Dragons ? A princípio, os destaques do último dia de Rock in Rio parecem não combinar muito entre si. Mas compartilham uma característica marcante: uma base com fãs fidelíssimos.

 Veja o caso do Nickelback: formada em 1995, a banda canadense liderada por Chad Kroeger desperta, para a maioria das pessoas, uma lembrança vaga de hits que tomaram as rádios FM nos anos 2000, como “How you remind me”. Ou, no caso das memórias recentes, faz lembrar a última controvérsia do presidente americano Donald Trump, que na semana passada editou o clipe de “Photograph” (sem autorização da banda) para atacar Joe Biden, seu adversário na campanha à reeleição.

No caso de pessoas como o piauiense Bruno Cavalcante, de 26 anos, porém, a coisa é diferente: morador de Altos, na Grande Teresina, o jovem, formado em Recursos Humanos, conta com 15 mil seguidores no Instagram. A grande maioria chegou à conta atraída pelo fato de ele ser o presidente do “Nickelback Brasil”. Bruno costuma receber mensagens de curiosos em saber como conseguiu tirar fotos com Chad Kroeger e o guitarrista Ryan Peake durante a última visita do Nickelback ao país, em 2013.

— Tenho uma tatuagem enorme da banda no meu peito. Da última vez em que eles vieram, fui para a porta do ( hotel ) Fasano ( em Ipanema ). Fiquei lá das 14h às 21h. Quando eles desceram pra conversar, pedi para autografarem minha tatuagem, e depois tatuei o autógrafo por cima.

 

Carregar a banda no peito é justamente um sinal de que a paixão pela música dos canadenses não é só uma fase.

— Quando estou sozinho, na bad , ouço o Nickelback e me traz uma paz, uma coisa tão positiva — Bruno diz. — Parece que eles têm a minha vida na ponta da caneta.

O baixista do Nickelback, Mike Kroeger, sabe disso. Ele garante que o show terá as faixas românticas que os fãs querem tanto ouvir.

— Tentamos dar a eles o que eles querem, além de nos divertir. O Rock in Rio é uma festa da música, os fãs cantam tudo, e estaremos aí para participar disso — garante.

Fã do Imagine Dragons, Marina Todescan, de 22 anos também é só empolgação. A analista de laboratório se encantou pela banda de Las Vegas na adolescência, com o hit “It's time”. Desde então, administra com mais oito pessoas uma página no Facebook sobre o grupo, que soma 44 mil seguidores.

— O público deles só cresce aqui no Brasil — conta ela, que já organizou eventos para os fãs em São Paulo, com apoio da gravadora da banda.

Disputa entre fanbases

Tanta adoração junta no mesmo espaço pode gerar disputas. Administrador da página Muse BR (com 92 mil seguidores), o agente de vendas Jonathan Gonçalves, de 28 anos, não duvida que surjam comparações sobre qual banda fará o melhor show da noite.

 

— Existe uma rixa entre fãs do Imagine Dragons e Muse. É uma besteira, mas ambos têm uma fanbase muito fanática — diz o morador de Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro.

Ao explicar a importância da banda inglesa na sua vida, Jonathan define o Muse, banda de rock alternativo responsável por músicas como “Supermassive black hole”, como uma “família”.

— Graças e eles, conheci minha namorada, a maioria dos meus amigos. A gente faz praticamente uma assessoria para eles, até melhor do que a própria produtora da banda — comenta.

— Grandes eventos são palcos de performatividade dos fãs. Isso significa chegar muito cedo, ficar na fila, na grade, sem água. É um espaço de disputas.


O Globo sábado, 05 de outubro de 2019

ROCK IN RIO - BLACK EYED PEAS CRITICAM SUCESSO DE BUNDA E BEBIDAS

 

Rock in Rio: Black Eyed Peas criticam sucesso de 'bunda e bebidas'

Atração deste sábado, rapper Will.I.Am conta que procura casa para comprar na Praia da Joatinga
 
 
Apl de Ap, Will.I.Am. e Taboo: o grupo americano Black Eyed Peas Foto: Divulgação
Apl de Ap, Will.I.Am. e Taboo: o grupo americano Black Eyed Peas Foto: Divulgação
 
 

RIO — O Rock in Rio vai viver uma situação curiosa neste sábado (5). Atração solo do Palco Mundo em 2017, Fergie, a voz do Black Eyed Peas, cantou sucessos do grupo, como “Let’s get it started”, “My humps”, “Pump it” e “I gotta feeling” ( num show que não empolgou, diga-se ). Agora, os mesmos hits vão aparecer com os fundadores do grupo: os rappers Will.I.Am , Taboo e Apl de Ap .

 

Empolgou ou não? Saiba como foram os shows desta sexta-feira

Fergie deixou o Black Eyed Peas em fevereiro de 2018, numa saída meio misteriosa. Tanto que Will e Taboo não quiseram falar do assunto. As vozes femininas que vão acompanhar os dois no Palco Mundo, a partir das 22h20, ficarão a cargo da filipina Jessica Reynoso, revelada pelo programa "The Voice" de seu país, e da carioquíssima Anitta . Primeira atração do Palco Mundo neste sábado, às 18h, Anitta volta como participação especial no show do BEP, dias após ter lançado o clipe “eXplosion” em parceria com o grupo.

O que ela promete: Anitta terá bailarina trans em show no Rock in Rio: 'É uma mulher e ponto'

A  seguir, os rappers Will.I.Am e Taboo falam sobre a relação com o Brasil, onde já se apresentaram com certa frequência. A noite mais marcante, conta Will.I.Am, foi na virada de 2007 para 2008, na Praia de Ipanema, diante de uma multidão. Tarado por música brasileira, de Tom Jobim a Seu Jorge, o músico quer, inclusive, comprar uma casa na Praia da Joatinga, Zona Oeste do Rio. No papo, o rapper ainda aproveitou parar criticar a indústria musical atual, em que “músicas sobre bunda e bebidas fazem muito mais sucesso do que aquelas sobre amor”. E cravou: se a reflexiva “Where is the love?”, um dos grandes hits do BEP, tivesse sido lançada hoje, não teria o mesmo impacto de 16 anos atrás.

 

Planeje-se: Veja a programação com os horários dos shows

Vocês estão acostumados a grandes shows aqui no Rio. Há 12 anos, por exemplo, fizeram uma apresentação gratuita na praia de Ipanema. Do que se lembram naquela noite?

Will.I.Am: Aquele foi, até hoje, o maior público que já tivemos na nossa carreira. Me falaram que tinha 1,1 milhão de pessoas naquela praia. É como um sonho, ainda, eu lembro daquilo como um sonho. Estar num país que não era nosso, e eu ouvia bossa nova e samba há muitos anos. Então estar no nosso país preferido, de onde saiu nossa música preferida, diante de tantas pessoas… Foi uma oportunidade abençoada.

E já estiveram aqui muitas vezes. Como é a relação de vocês com o país?

Will.I.Am: Sim, nós passamos muito tempo no Brasil e temos uma penca de amigos aí. Quero comprar uma casa na Joatinga. Nós já tocamos em Recife, Porto Alegre, Fortaleza, Florianópolis, Bahia, Rio, claro, São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte… Tentamos estar nos maiores lugares. Muitas pessoas vão só para São Paulo e Rio, poucos vão para a Bahia, para Florianópolis, Recife, Fortaleza. É o melhor lugar do mundo por conta de Jorge Ben Jor, de Gilberto Gil, de Seu Jorge, Antonio Carlos Jobim… Por todas essas pessoas. Lendas do passado, e agora temos Anitta. Ela é parte da minha família, agora. Eu amo ela!

 

O Rio é diferente agora em comparação à última vez que vocês estiveram aqui. Melhorou em alguns aspectos, piorou em outros. Isso é algo que vocês reparam quando vêm para cá?

Will.I.Am: O Brasil é sempre de altos baixos. A economia está bem, e do nada passa a ficar mal. A violência aumenta, depois diminui. Na última vez, foi quando o Bope estava tentando “salvar” o Brasil para a Copa do Mundo. Então estava feia a coisa, um Brasil diferente do que eu já tinha visto. Eu amo o país, não importa as condições. Porque eu venho de um bairro muito violento, então não vejo o país como violento, amo-o por todas suas diferentes versões porque acredito nele. O país tem todos os elementos para funcionar, o melhor clima, a mistura de negros e brancos, latinos e gringos, morenas, a cultura, não tem desastres como terremotos… O problema do país é a corrupção, mas isso vai mudar no futuro. Eu vou ter uma casa aí.

Vocês estão vindo com uma nova cantora, a filipina Jessica Reynoso. O que nela chamou atenção do grupo?

Taboo: O Apl de Ap descobriu a Jessica quando estava sendo jurado no “The Voice Filipinas”. Ele rapidamente sentiu uma grande conexão com ela, porque eles têm uma história parecida, assim como a origem, ele viu o quanto ela era talentosa e a trouxe para realizar o sonho de ser cantora nos Estados Unidos. Ela ia para o estúdio conosco e eventualmente começou a fazer shows também, Apl diz que ela é uma nova integrante da família. Ela é um novo talento incrível. Sempre buscamos descobrir promessas, e JRey é uma.

 

Ano passado, vocês lançaram um novo álbum, “Masters of the sun vol. 1”, e eu li uma entrevista em que Taboo disse que é um trabalho que lembra muito “Behind the front”, o primeiro disco do BEP. Como?

Taboo: Nós celebramos “Behind the front” em uma turnê em 2018, como um aniversário de 20 anos. E pensamos em mostrar para as pessoas como éramos no começo da nossa carreira. Muita gente nos conhece por nossos grandes hits pop e não sabe que lançamos dois discos antes dessa fase. Então queríamos voltar às raízes, à pedra fundamental do Black Eyed Peas como um trio de hip hop, e mostrar para essas pessoas.

Vocês têm impressão de que uma música como “Where is the love?” é ainda mais atual e necessária do que era quando vocês lançaram, há 16 anos?

Taboo: Eu concordo.

Will.I.Am: É uma música muito importante em todos os momentos. Mas acho que se “Where is the love?” saísse hoje, ela não teria o impacto que teve em 2003.

Por quê?

Will.I.Am: Porque em 2003 a gente ainda tinha a rádio como peça-chave, e a MTV, nós não tínhamos todas as canções do mundo em computadores ou robôs que definiam o que você deveria ouvir. Agora, você tem telefones, todos os tipos de conteúdo. A cada dez pessoas que realmente querem passar uma mensagem, algo bom para o mundo, outras mil pessoas estão se esforçando para ganhar dinheiro ou atenção com merdas estúpidas. Os conteúdos sobre bunda e bebidas vêm antes daqueles sobre paixão e amor. Isso é algo estranho na sociedade atual.


O Globo sexta, 04 de outubro de 2019

ROCK IN RIO - IRON MAIDEN LIDERA MARATONA DO METAL NESTA SEXTA-FEIRA

 

Rock in Rio: Iron Maiden lidera maratona do metal nesta sexta-feira

Dia dedicado ao gênero, tradicional no festival, tem ainda Slayer, Scorpions, Anthrax, Helloween e Sepultura, entre outros
 
 
Bruce Dickinson em show do Iron Maiden Foto: Reprodução
Bruce Dickinson em show do Iron Maiden Foto: Reprodução

RIO - Os metaleiros andam preocupados.

- Cara, a que horas a gente vai comer? - disse um deles no último sábado, disfarçando a lágrima que caía ao som de "Burn", clássico do Deep Purple que encerrou o show do Whitesnake no Palco Sunset.

 
A perda de sono tem seus motivos. Nesta sexta-feira, o bicho pega no Rock in Rio, no dia dedicado ao rock pesado, uma tradição do festival desde 11 de janeiro de 1985, quando o Iron Maiden , em sua primeira passagem pelo Brasil, abriu o caminho para a noite do dia 19, que enfileirou Whitesnake, Ozzy Osbourne, Scorpions em AC/DC no mesmo palco, para um público na casa dos centenas de milhares.

ATENÇÃÃÃO: O que pode e o que não pode entrar na Cidade do Rock

DO BRT AO PRIMEIRA CLASSE:  Como ir e vir da Cidade do Rock

- Como qualquer coisa importante que você faz pela primeira vez na vida, o Rock in Rio de 1985 é inesquecível para mim - lembrou o cantor do Iron Maiden, Bruce Dickinson, quando a noite desta sexta-feira foi anunciada. - Quatro de outubro! Já está guardado. Aquela noite em janeiro de 1985 foi como um tsunami sobre nós, estourou o Iron Maiden em toda a América do Sul literalmente da noite para o dia.

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Desde então - quando foi criado o termo "metaleiro", que alguns dos adeptos preferem trocar pelo gringo headbanger, ou "sacudidor de cabeça" -, o gênero está sempre representado no festival, por artistas como Metallica, Slipknot, System of a Down ou os protagonistas da maratona de hoje.

 
A banda alemã Helloween Foto: Fábio Augusto Ferreira Santos / Divulgação/Fábio Augusto
A banda alemã Helloween Foto: Fábio Augusto Ferreira Santos / Divulgação/Fábio Augusto

Às 15h, no Palco Sunset, o trio Nervosa faz sua estreia no festival. Formado em São Paulo em 2010, o grupo conta hoje com Fernanda Lira (baixo e voz), Prika Amaral (guitarra) e Luana Dametto (bateria). Hoje radicadas em Berlim, na Alemanha, as três há anos correm a Europa com seu thrash metal de músicas como "Horrodome", "Kill the silence" e "Death!", apimentadas pelos vocais guturais de Fernanda. Às 16h2m, ainda no Sunset, os grupos Torture Squad e Claustrofobia, ambos de São Paulo, se reúnem para um pagode de Belzebu e recebem o gigante Chuck Billy, cantor do Testament, veterana banda thrash de São Francisco, na Califórnia.

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Até aí, deu para respirar e tomar uma cerveja - que, segundo Roberto Medina, presidente do Rock in Rio, tem seu consumo multiplicado por dez nos dias do metal. Das 17h30m, quando o Sepultura começar sua apresentação, até por volta das 23h30m, haja pescoço, cabelo, coluna vertebral, joelho e outros órgãos vitais.

O grupo americano Slayer Foto: Divulgação
O grupo americano Slayer Foto: Divulgação

Acabou o Sepultura (possivelmente com "Roots, bloody roots"), são aqueles 800m com obstáculos de volta para o Sunset, onde começa o Anthrax às 18h30m. A banda formada em 1981 em Nova York compõe o Demoniacíssimo Quarteto do thrash, apelidado de Big Four, com Metallica, Slayer e Megadeth. Com o furioso Joey Belladonna à frente e Scott Ian, uma das maiores figuras do metal, na guitarra, o quinteto terá uma hora para mostrar standards como "Caught in a mosh", "Got the time" (cover de Joe Jackson) e "Indians", em que o cantor, que tem sangue iroquois, defende suas raízes. Essa, aliás, deve ser a última, sinal de que... partiu Palco Mundo, que tem Helloween .

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A banda alemã, que substituiu o Megadeth - cuja participação foi cancelada quando o cantor Dave Mustaine foi diagnosticado com câncer na garganta, em junho - traz ao Rio a turnê "Pumpkins united", em que, além da formação atual, convida seus ex-vocalistas Michael Kiske (titular nos discos "Keeper of the seven keys" partes 1 e 2, dos anos 1980, dois dos preferidos dos fãs) e Kai Hansen, cofundador da banda, para algumas canções.

- São três cantores e três guitarras - disse o titular de uma das três e também fundador da banda Michael Weikath ao GLOBO em junho. - Dá um certo trabalho, mas é muito divertido.

Representante do metal melódico (que em algum momento foi chamado de power metal), o Helloween também terá uma hora para mostrar seu som de temática influenciada por J. R. R. Tolkien. "I want out" ("Quero sair", apropriadamente) deve ser a última, e aí a casa cai de vez: às 20h30m o Slayer toca no Rio e no Brasil pela última vez. A banda formada em 1981 passa pelo Rock in Rio em sua turnê de despedida (os Scorpions estão nessa há uns 10 anos, mas o Slayer não tem vocação para Silvio Caldas do thrash), e serão 60 minutos de lágrimas ao som de "Raining blood", "Black magic", "Hell awaits" e outros quindins. O quarteto formado por Tom Araya (baixo e vocais), Kerry King e Gary Holt (guitarras) e Pau Bostaph (bateria) tem shows marcados até o fim de novembro, quando se despede dos palcos em dois shows no Forum de Los Angeles, sua cidade natal.

 

Quem sobreviver até "Angel of death" faz o trajeto mais uma vez até o Palco Mundo para a principal atração da noite, o Iron Maiden, que traz ao Rio às 21h30m a turnê "Legacy of the beast".

- O show está brilhante - diz Dickinson, que não é conhecido pela modéstia.

A maior produção da história do Maiden inclui um avião e cenários que remetem a discos como "The number of the beast" (1982), "Powerslave" (1984), "Fear of the dark" (1992) e "Brave new world" (2000), além do querido monstro-mascote Eddie, que pode aparecer em mais de uma encarnação. Esperto, o Iron Maiden pediu para se apresentar antes dos Scorpions, contrariando a ordem "natural".

- Acho que eles querem ir descansar mais cedo - brinca Medina.

A banda britânica sabe da maratona de shows prevista para o dia e resolveu não se apresentar para um público tão cansado. Quem resistir até um pouco depois da meia-noite verá os alemães Scorpions , outros remanescentes de 1985, voltarem ao festival com seu hard rock chicletudo, de músicas como "Blackout" e "Rock you like a hurricane", além das baladas "Still loving you", "Wind of change" e "Send me an angel". O Sindicato dos Metaleiros só carimbará a carteirinha de cada um de seus membros após a última canção, que deve ser... só que estiver lá saberá.


O Globo quinta, 03 de outubro de 2019

VASCO VENCE DE VIRADA O ATLÉTICO-MG, FORA DE CASA

 

Vasco vence de virada o Atlético-MG no Horto

Rossi e Marcos Júnior marcam na vitória em Belo Horizonte
 
 
Rossi comemora o primeiro gol do Vasco, de pênalti. Atacante fez a assistência para o segundo Foto: Carlos Gregório/Vasco
Rossi comemora o primeiro gol do Vasco, de pênalti. Atacante fez a assistência para o segundo
Foto: Carlos Gregório/Vasco
 
 

Mesmo no Horto, o Vasco fez nesta quarta-feira uma bela apresentação, talvez sua melhor como visitante no Brasileiro. E, com um gol no fim de Marcos Júnior, conseguiu a virada sobre o Atlético-MG , por 2 a 1. Tanto o volante como o atacante Rossi, autor do primeiro gol, entraram no segundo tempo.

 

Foi a terceira vitória do time de Vanderlei Luxemburgo fora do Rio. Antes, derrotara Chapecoense e Goiás.

— Quem tá no nosso dia a dia sabe que somos um grupo que merece coisas maiores — festejou o volante, que também marcara na vitória sobre o Goiás (1 a 0).

Desde o início, a equipe carioca tinha mais iniciativa no início do jogo, mas os donos da casa levaram perigo nas bolas paradas. Especialmente aos 10 minutos, quando Otero acertou cobrança de falta de longe no travessão.

Mas eram do Vasco as principais jogadas ofensivas. Andrey, cinco minutos depois, chutou com muito perigo. No minuto seguinte, o Atlético-MG saiu jogando mal, Ribamar invadiu a área e chutou para boa defesa de Cleiton.

Se o Vasco tinha Talles Magno e Marrony pelas pontas, o time mineiro contava com Luan e Cazares.

Em uma das melhores chances dos donos da casa na partida, após boa jogada de Luan, Patric chutou com perigo aos 24.

 Novamente, Talles era a principal peça cruz-maltina no ataque, dor de cabeça constante para os marcadores, especialmente no primeiro tempo. Por vezes, três jogadores tentavam impedir os avanços do camisa 43. Mas nem sempre tinha com quem dialogar. Como aos 31, quando deixou Patric e Otero no gramado, invadiu a área, mas errou a finalização.

Aos 46, o Vasco acertou a trave de Cleiton. Com Talles (de cabeça), claro. Foi a décima finalização da equipe antes do intervalo, contra cinco dos adversários.

Guarín será apresentado

Raul foi outro que voltou a jogar bem. Logo no primeiro minuto do segundo tempo, Marrony tabelou com o volante —que devolveu de calcanhar — e chutou para ótima defesa de Cleiton.

Embora o Vasco tivesse voltado melhor, o time de Rodrigo Santana precisou de um lance para abrir o placar. Aos 14, Vinicius (que acabara de entrar) cobrou escanteio, Igor Rabello desviou e o baixinho Otero, também de cabeça, estufou as redes. O árbitro Heber Roberto Lopes recorreu ao VAR para validar o gol.

A equipe de Luxemburgo não se abateu com a desvantagem no placar e chegou ao empate seis minutos depois. Marrony, que subiu de produção após o intervalo, invadiu a área e levou um chute no rosto de Patric. O árbitro consultou o VAR e marcou o pênalti, muito bem cobrado por Rossi. Foi o terceiro gol do atacante no ano, o primeiro no Brasileiro.

 Logo depois, o exausto Talles Magno foi substituído por Gabriel Pec, de 18 anos, outra joia da base cruz-maltina.

Mesmo sem sua maior estrela, o elenco carioca contou com uma ótima jogada de Rossi para chegar à virada. Marcos Júnior matou no peito e tocou sem chances para Cleiton.

 

A má notícia foi que Raul levou o terceiro cartão amarelo e desfalca o time contra o Santos, sábado, em São Janúario. Hoje, o time apresenta o colombiano Fredy Guarín.


O Globo quarta, 02 de outubro de 2019

QUATRO ANÔNIMOS E UM FAMOSO QUE ROUBARAM A CENA NO ROCK IN RIO

 

Quatro anônimos e um famoso que roubaram a cena no Rock in Rio 2019

Vovó fã de Bon Jovi e 'Mini Iza' foram algumas das figuras que chamaram atenção
 
 
RIO - No meio da multidão que tomou conta da Cidade do Rock , quatro pessoas “gente como a gente” se destacaram e acabaram chamando muita atenção nos três primeiros dias de Rock in Rio. “Mini Iza” ; a vovó fã Bon Jovi; Gustavo Fiuza, que dançou ao lado de Bebe Rexha, e a sortuda que subiu ao palco e ganhou um beijo de Jon Bon Jovi foram os fãs que destoaram e viralizaram nas redes.
 

 

O ator Channing Tatum também deu o que falar. O astro não estava no time de famosos com presença confirmada no festival e levou os fãs à loucura quando apareceu no Palco Sunset para filmar a apresentação da sua mulher, a cantora Jessie J , na noite deste domingo. Channing ainda foi conferir de perto o show da Elza Soares , no mesmo dia. 

Listamos estes personagens icônicos e contamos um pouco mais sobre essas participações especiais nas apresentações do Rock in Rio.  

'Mini Iza'

Laura Martins ficou conhecida como
Laura Martins ficou conhecida como "Mini Iza" Foto: Multishow/Reprodução

Todo o carisma da Iza somados à presença de Alcione não foram páreo para Laura Martins, a "Mini Iza" , que roubou a atenção do público com sua desenvoltura durante o show das cantoras no Palco Sunset, na noite deste domingo. 

A garota de apenas nove anos é dançarina e modelo mirim. Vestida como uma versão miniatura da Iza (as duas estavam com o mesmo look), ela subiu ao palco durante a apresentação e dançou como gente grande. 

 

 Luara é natural de Mongaguá, no litoral paulista e já soma mais de 97 mil seguidores nas redes sociais, onde posta suas coreografias. A menina dançou tão bem que conseguiu arrancar elogios de Alcione: "Ela arrasou demais", disse a artista em entrevista ao Multishow.

A menina, que é fã assumida de Iza, realizou o sonho de conhecer a cantora em julho, num programa de TV. Luara dança desde os 6 anos e participa de competições ao redor do Brasil.

'Vovó fã do Bon Jovi'

Dona Nirce Rosa, de 69 anos, garantiu um lugar na grade do Palco Mundo para ver de perto o show do Bon Jovi Foto: MARCELO THEOBALD / Agência O Globo
Dona Nirce Rosa, de 69 anos, garantiu um lugar na grade do Palco Mundo para ver de perto o show do Bon Jovi
Foto: MARCELO THEOBALD / Agência O Globo

Dona Nice Rosa, de 69 anos, é fã antiga da banda Bon Jovi e escolheu um lugar privilegiado para ver o show. Com seus 1,50m de altura, ela aguardou pela atração principal da noite na grade do Palco Mundo, cercada por outros fãs. 

Veterana no festival, a senhorinha simpática exibiu a camiseta que usou na primeira edição do Rock in Rio, em 1985, enquanto tirava fotos no letreiro do evento. Em entrevista ao G1, ela disse que gosta muito da banda e que acompanha a carreira do Bon Jovi há anos.

Um beijo no Jon Bon Jovi 

Fã subiu ao palco e ganhou um beijo de Jon Bon Jovi ao som de
Fã subiu ao palco e ganhou um beijo de Jon Bon Jovi ao som de "Bed of roses" Foto: Reprodução/TV Globo

Bon Jovi deu o que falar na noite deste domingo. No entanto, não foi somente a apresentação da banda, o carisma do vocalista e o seu charme que fizeram  do show um sucesso. Uma fã brasileira sortuda chamou muita atenção quando subiu no palco e acabou ganhando um beijo de Jon Bon Jovi. 

 

Ela ainda dançou agarradinha com o vocalista-galã ao som de "Bed of roses" e passou a mão no cabelo do astro. Sim, por mais de uma vez ela conseguiu fazer carinho em Jon, deixando muita gente com inveja.

Descendo até o chão com Bebe Rexha  

Bebe Rexha desceu até o chão com fã durante show na noite de sexta Foto: Terceiro / Agência O Globo
Bebe Rexha desceu até o chão com fã durante show na noite de sexta Foto: Terceiro / Agência O Globo

Para quem não sabia nem se iria no Rock in Rio, o influenciador digital Gustavo Fiuza até que se deu muito bem. Fã desde as primeiras músicas lançadas por Bebe Rexha , Fiuza conseguiu o ingresso há poucos dias do festival, desenhou a própria roupa e garantiu um lugar na grade do Palco Mundo.

A surpresa veio quando Bebe Rexha o convidou para subir ao palco, e os dois dançaram muito durante a apresentação da cantora. Gustavo ainda ajudou a ídola a descer até o chão ao som de uma batida de funk.

Depois do show, o influenciador ainda teve a oportunidade de conhecer melhor Bebe Rexha. Isso porque ele foi convidado para conversar com ela no camarim. "Me abraçou, tiramos foto e ainda elogiou minha roupa", disse.

Maridão fã número 1

Channing Tatum subiu no Palco Sunset para gravar de perto a apresentação de Jessie J Foto: Brenno Carvalho / Brenno Carvalho
Channing Tatum subiu no Palco Sunset para gravar de perto a apresentação de Jessie J Foto: Brenno Carvalho / Brenno Carvalho

A cantora britânica Jessie J também teve participação especial no seu show, na noite deste domingo no  Palco Sunset. Mas, dessa vez, não era uma pessoa desconhecida. Seu marido, o ator Channing Tatum , famoso pelo filme "Magic Mike", acompanhou o show da amada e ainda subiu ao palco para registrar mais de perto alguns momentos.

Mais cedo no mesmo dia, Tatum foi visto registrando momentos do show da Elza Soares, que também aconteceu no Palco Sunset.

O Globo terça, 01 de outubro de 2019

NEY MATOGROSSO: NUNCA PEDI DINHEIRO A NINGUÉM

 

Ney Matogrosso: 'Nunca pedi dinheiro a ninguém'

Cantor está no elenco de 'Caminhos Magnétykos', como um líder revolucionário
 
 
 

"Só um homem radicalmente egoísta é capaz de amar". A frase de efeito é de um político ditador no filme "Caminhos Magnétykos", do diretor português Edgar Pêra, que estreou na última quinta-feira (26) e traz Ney Matogrosso no elenco. Em cartaz nos cinemas brasileiros, o longa é uma ficção ambientada na guerra civil portuguesa em meados dos anos 1970, baseada na obra do escritor Branquinho da Fonseca (1905-1974). Entre os muitos personagens antinaturalistas, Ney faz André, o líder de um grupo revolucionário, que, em determinado momento, brinda o espectador cantando "A Rosa de Hiroshima".

 

Na entrevista, Ney fala de suas investidas no campo da atuação, de seu personagem e da "experiência lisérgica" que o filme proporciona: "Acho que tem gente que não vai entender nada". E, em tempo de recuo de patrocínios e investimentos, dispara: "Nunca pedi dinheiro a ninguém, faço tudo com o meu, graças a Deus".

Vencedor do Prêmio Vortex Sci-Fi & Fantasy Award no Rhode Island International Film Festival, "Caminhos Magnétykos" se desenrola no dia do casamento da filha de Raymond (Domique Pinon), um fotógrafo parisiense de 60 anos que, há 40, reside com a família em Lisboa, sob um regime autoritário militar. Durante uma noite e um dia de humilhações, Raymond irá viver uma revolta interior e uma viagem caleidoscópica numa cidade em vias de desmoronar.

Como você recebeu o convite para fazer o filme?

Edgar (Pêra) foi a um show meu em Lisboa e me convidou, mas não me disse nada, na ocasião, sobre o roteiro.

Como é seu personagem? Um espiritualista?

Não sei se tem uma mensagem, inicialmente eu achava que faria um médium trambiqueiro do Brasil, mas depois vi que ele se torna um revolucionário libertário.

 

A sua relação com o cinema é antiga, volta e meia você surge em um projeto de interpretação...

Comecei minha carreira de artista como ator, eu jurava que seria ator, até que a música me puxou e arrastou. Mas ficou aquela coisa dentro de mim, do não ter conseguido ter reconhecimento como ator. Por isto, de vez e quando eu topo fazer cinema. O teatro não daria para mim, não tenho a disponibilidade que ele exige, de temporada. Cinema é diferente, você vai lá, faz e pronto, acaba.

Você gostou do filme da primeira vez que viu?

Gostei, é muito diferente. Mistura muitas coisas interessantes, ele tinha me dito que o principal eram as cores e a iluminação do filme, uma estética lisérgica mesmo. Mas acho que alguma coisa da parte final mudou, vendo hoje novamente.

Como "A Rosa de Hiroshima" foi parar na história?

Foi depois que nós estávamos lá naquele lugar (um dos sets), aquilo ali era um cinema destruído, um lugar meio caótico. A gente ia filmar tudo ali, então ele (o diretor Edgar Pêra) me perguntou se eu poderia cantar e eu disse que sim. Alguém começou a tocar o violão e eu cantei.

 

 

Onde o filme foi rodado?

Numa cidade chamada Guimarães, que foi a primeira cidade de Portugal.

São personagens antinaturalistas. O realismo não está dando conta do cotidiano?

Não sei, mas na primeira parte eu apareço muito maquiado, como se fosse um vampiro. Aí eu pedi para não me caracterizarem tanto na segunda parte. Como eu disse, ele surge inicialmente como um trambiqueiro, mas não é. Há uma mudança no meio do filme.

O texto tem um forte teor satírico e político. Existe algo de atual?

Acho que tem de atual com o mundo. Ele quis acentuar a loucura, acentuar uma coisa fantástica. O diretor mistura muito as imagens. Para mim, parece meio lisérgico, mas não sei se isto é da ideia inicial dele. Tem que ver mais de uma vez. Hoje eu entendi melhor, é muito acelerado. Da primeira vez fiquei confuso, não do entendimento, mas da quantidade de estímulos. Hoje entendi com mais calma, gosto e acho um exercício bem interessante.

As pessoas irão entender?

Não sei, acho que tem gente que não vai entender nada. Por outro lado, uma senhora acabou de me dizer ali na saída da sala que achou o filme muito profundo, então de alguma forma a tocou.

 

Algum outro filme em mente?

Não. Aceito assim, de vez em quando. Já recebi umas propostas e não aceitei. Tenho que gostar, ler o roteiro e me ver ali dentro. Não sou ator profissional.

Qual sua agenda musical para o fim de 2019?

Acabei de gravar o DVD e CD de "Bloco na rua", tudo de uma vez só, num teatro sem plateia, com a câmera colada em meu rosto. Estou viajando direto e, em novembro, talvez, vamos lançar e continuar viajando com o show. Estou trabalhando este ano como não trabalhava há 30 anos.

Tem medo de ficar sem trabalho? Este Brasil de cortes de verbas para cultura e educação te apavora?

Nunca pedi dinheiro a ninguém, faço tudo com o meu, graças a Deus. Cheguei a este ponto, nunca precisei. A única vez que me aproximei da Lei Rouanet me foi negado, não entendi mas toquei o barco. Como não teve não teve, nem lembro quando e como foi.

O que viu recentemente que mais gostou?

Vejo muito filme de muita gente que eu gosto, mas vou ao cinema menos do que eu gostaria. "Bacurau" é inesperado, de onde este camarada foi tirar este assunto? Na minha cabeça ácido lisérgico não é para violência, e ali é para isso, eles tinham que se defender. Acabei de ver também "Clube dos canibais", um filme de terror que mostra o pensamento da elite brasileira, que é pérfido. O pior é que a gente reconhece.


O Globo segunda, 30 de setembro de 2019

ROCK IN RIO - ALTOS E BAIXOS DOS ÚLTIMOS TRÊS DIAS

 

Rock in Rio: veja os altos e baixos dos primeiros três dias

Festival encerra sua primeira fase com mais acertos do que erros
 
 
 
 

RIO —  Foram três dias de rock — e de pop, rap, eletrônico, até axé. O primeiro fim de semana do Rock in Rio 2019 chegou ao fim ontem com mais altos do que baixos e uma sensação geral de evento consolidado e maduro. Se contra a chuva não há o que fazer, o trânsito no entorno deveria ter sido mais organizado, e algumas atrações teriam rendido melhor em palcos diferentes. Veja, abaixo, o que deu muito certo ou não na primeira etapa do festival. A segunda começa na próxima quinta-feira e vai até domingo.

 

ALTOS

Coletividade

O preço acima do normal (R$ 4,05 para ir e R$ 11,75 para voltar) gerou protestos dos usuários. Ainda assim, quem apostou na dobradinha metrô e BRT para driblar o trânsito se deu bem. Apesar de cheios, os ônibus faziam o percurso Jardim Oceânico-Parque Olímpico em menos de 20 minutos. Durante a madrugada, o esquema de volta também funcionou.

O palco do New Dance Order, no Rock in Rio Foto: Divulgação/Gui Urban
O palco do New Dance Order, no Rock in Rio Foto: Divulgação/Gui Urban

Após o fim do Mundo

Depois dos shows principais, no Palco Mundo, a festa continuou no palco eletrônico New Dance Order e nas jam sessions do Sunset. Além de entreter o público por mais algumas horas, as atrações ajudaram a escalonar a saída da Cidade do Rock.

Voz do morro

Problematizado antes do início do evento pela maneira como recria as comunidades cariocas, o Espaço Favela tornou-se um sucesso de público . Teve baile promovido por Tati Quebra Barraco e MC Carol e apresentação emocionante do grupo Nós do Morro. Os próprios artistas aprovaram.

Miss simpatia

Mesmo com um público menor do que o de Alok, Bebe Rexha embala o público com hits no primeiro dia de Rock in Rio Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
Mesmo com um público menor do que o de Alok, Bebe Rexha embala o público com hits no primeiro dia de Rock in Rio
Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Mesmo sem muitos hits no Brasil, a americana Bebe Rexha fez um belo show no primeiro dia de festival . Brincou com memes brasileiros, chamou vários fãs ao palco e levantou a galera.

Ganhou no show

Bastou Drake entrar no Palco Mundo para superar a má impressão que havia deixado antes, ao cancelar a transmissão do show e até a tirolesa . Numa apresentação cheia de sucessos, o rapper canadense interagiu muito com a plateia em sua primeira vez no Brasil e prometeu voltar.

 
Dave Grohl durante o show do Foo Fighters, no Rock in Rio 2019 Foto: MARCELO THEOBALD / O Globo
Dave Grohl durante o show do Foo Fighters, no Rock in Rio 2019 Foto: MARCELO THEOBALD / O Globo

 

Alto e bom som

Os Foo Fighters fizeram jus ao papel de atração principal do sábado, deixando o público de braços para o alto durante 2h10 . Dave Grohl confirmou ser um grande mestre de cerimônias.

Virou micareta

Ivete Sangalo começou seu show tocando uma bateria suspensa e não parou mais: abalou, sacudiu e balançou a Cidade do Rock .

Nasce uma estrela

Ok, fãs de Iza dirão que ela já era uma estrela. Mas a cantora atraiu uma multidão “de Palco Mundo” ao Sunset, num show vibrante que contou com a participação de luxo de Alcione.

BAIXOS

Poxa, São Pedro

O brinquedo radical mais disputado do Rock in Rio: a tirolesa Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo
O brinquedo radical mais disputado do Rock in Rio: a tirolesa Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo

Conforme previsto, a chuva não deu trégua nos primeiros dias de Rock in Rio. Fora o inconveniente, isso fez com que os brinquedos fossem fechados sexta e o sábado.

Salgado

Preços de comidas, como o da lanchonete que vende três esfihas por R$ 20 , viraram piada na internet — e fizeram muita gente levar lanche de casa.

Que deselegante

Não faltam lixeiras na Cidade do Rock. O que não impediu o público de ignorá-las e jogar lixo no chão.

Júnior Groovador subiu ao palco ao lado do Tenacious D Foto: Terceiro / Agência O Globo
Júnior Groovador subiu ao palco ao lado do Tenacious D Foto: Terceiro / Agência O Globo

Piada forçada

Fora a presença do potiguar Junior Groovador , o show do Tenacious D não rolou. O carisma de Jack Black não foi suficiente para o tamanho do Palco Mundo.

 

Fale com Ellie

A britânica Ellie Goulding , substituta de Cardi B no primeiro dia, não empolgou... Seus dois hits, “Burn” e “Love me like you do” cabiam no Sunset.


O Globo domingo, 29 de setembro de 2019

ROCK IN RIO - BON JOVI, DAVE MATTHEWS, GOO GOO DOLLS E IVETE SANGALO, NESTE DOMINGO

 

Bon Jovi, Dave Matthews, Goo Goo Dolls e Ivete Sangalo fazem domingo 'família' no Rock in Rio

Cidade do Rock também verá a força de Elza e o encontro Iza & Alcione
 
 
A partir da esquerda: Jon Bon Jovi, pela sétima vez no Brasil e terceira no Rock in Rio; o Goo Goo Dolls, do eterno sucesso
A partir da esquerda: Jon Bon Jovi, pela sétima vez no Brasil e terceira no Rock in Rio; o Goo Goo Dolls, do eterno sucesso "Iris",
que vem pela primeira vez; e a Dave Matthews Band, de volta ao festival após 18 anos Foto: Arte de André Mello / Agência O Globo
 
 

RIO — David Bryan é categórico:

— Apenas umas cinco bandas de rock no mundo podem se apresentar em estádios — diz o tecladista e fundador do Bon Jovi, aos 57 anos, obviamente escalando seu grupo nesse seleto time.

A sétima passagem do quinteto de Nova Jersey pelo Brasil mostrou que, exageros à parte (são umas 10 ou 15 bandas, né, David?), o músico está certo. Hoje à noite, a banda do galã grisalho Jon Bon Jovi, também 57 anos, aterrissa em seu terceiro Rock in Rio (já veio em 2013 e 2017). Chega à cidade depois de tocar no Estádio do Arruda, em Recife, no Allianz Parque, em São Paulo, e na Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba.

A turnê mundial “This house is not for sale” começou em 2017 — era a mesma no último Rock in Rio. No meio deste ano, passou pela Europa amealhando até 80 mil fãs por show.

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O que explica o sucesso duradouro de uma banda que começou a frequentar o Brasil no Hollywood Rock de 1990? Bom, desde aquela época, Jon e o guitarrista Richie Sambora já derretiam corações — pessoalmente ou em baladas românticas como “Wanted dead or alive” e “I’ll be there for you”.

 

Mas há mais: em 36 anos desde sua fundação, a banda, de certa forma, herdou de Bruce Springsteen o cetro de cronistas dos EUA para o mundo – gigante em sua terra natal, o Boss não é idolatrado no resto do planeta. Em canções como “Someday I’ll be Saturday night” e “Livin’ on a prayer”, o grupo narra perrengues da classe trabalhadora americana.

 

Enfim: sem Sambora, que deixou o grupo em 2013, mas com Jon assumindo os charmosos cabelos brancos e o baterista Tico Torres no esplendor de seus 65 anos, lá estará o Bon Jovi, com hits antigos e vários posteriores, como “This house is not for sale”, “Knockout” e “Roller coaster”, do disco de 2016.

Para compor o domingo família de Rock in Rio, o festival inicia os trabalhos no Palco Mundo com Ivete Sangalo, presença praticamente prevista na legislação do evento desde sua retomada, em 2011. Entre covers roqueiras equivocadas como “More than words”, do Extreme, e grandes hits como “Festa” e “Sorte grande”, a baiana tem pouca contraindicação.

Banheira dos Goo Goo

Em seguida, o Rio vê pela primeira vez os Goo Goo Dolls, do eterno sucesso “Iris” (aquela do “I just want you to know who I am”). A banda acompanha o Bon Jovi no giro pela América do Sul, que ainda tem um show no Peru no próximo dia 2.

Num clima tiozão mais sofisticado, a atração imediatamente antes dos headliners no Palco Mundo é a Dave Matthews Band, voltando ao Rock in Rio após 18 anos, quando se apresentou na lendária noite encerrada pelo rebelde canadense Neil Young.

 

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Um improvável sucesso com seu rock jazzístico de poucos refrãos e longas passagens instrumentais, a DMB deve mandar um pessoal para o Espaço Gourmet, mas seus seguidores fiéis devem ir ao delírio com as levadas de violão do cantor e líder Dave Matthews, a bateria precisa de Carter Beauford e os sopros de Jeff Coffin e Rashawn Ross.

Um dos encontros mais esperados de todo o festival vem em seguida, por volta das 19h, com a onipresente Iza (escolhida na última semana para o posto de rainha da bateria da Imperatriz Leopoldinense!) e a diva Alcione, que já gravaram juntas “Você me vira a cabeça”, injetando quadris e melanina no festival.

A atração mais pop da tarde/noite fecha o Sunset: a inglesa Jessie J e seu som leve e dançante. Ou o mais pop é o próprio Bon Jovi? Bom assunto para o café da manhã em família da segunda-feira.


O Globo sábado, 28 de setembro de 2019

ROCK IN RIO: SAIBA COMO FOI O SHOW DE DRAKE

 

Rock in Rio: Sem transmissão, saiba como foi o show de Drake

Atração principal da primeira noite do festival, rapper vetou transmissão de seu show pela TV
 
 
Drake em show no Rock in Rio Foto: Reprodução da internet
Drake em show no Rock in Rio Foto: Reprodução da internet
 
 

RIO — Num certo ponto da madrugada de sábado no Rock in Rio, Drake confidenciou ao público que até estava nervoso antes do show, por causa da chuva. Mas que, no fim das contas, acabara fazendo a melhor apresentação de sua vida. "Todo artista fala isso, toda vez!", objetou a menina que passara a noite cantando todas as músicas, sob pesada chuva em alguns momentos.

 

O poder do rapper canadense, headliner do primeiro dia de festival, está justamente aí: não importa o que ele diga, as suas canções falam por ele bem mais do que qualquer outra coisa. E Drake não quis arriscar nadinha em sua primeira passagem pelos palcos brasileiros: em pouco mais de uma hora, cantou 27 delas, quase todas hits monstruosos, cuidando apenas para que a temperatura do público não diminuísse. E, nisso, foi genial.

Como artista de uma nova era, a da consolidação do rap como o novo rock, o cantor e MC usou de todos os recursos possíveis para chegar com estardalhaço e empatia. Com uma gravação de “Aquarela do Brasil” interrompida com mão pesada pelo DJ para a entrada de “Started from the bottom”, ele começou a noite tendo a bandeira brasileira ao fundo, no telão.

PROGRAME-SE:   Veja os horários dos shows do Rock in Rio 2019

Fez menção às horas de voo que enfrentou para fazer esse único show brasileiro e prometeu fazer a melhor festa que se poderia ter. O público jovem, em suas capas de chuva, reagiu com mãos para o alto, coros e coreografias à música do cantor, que alternou versões curtas de seus raps com muitos fogos e falatório, propondo jogos e brincadeiras para o público. 

Sozinho no palco, o hiperativo artista promoveu um desfile esquizofrênico de suas várias personalidades artísticas: o marrento, o festeiro, o sensível e o romântico, cada um com seus hits correspondentes. A todo momento, lembrava o fato de estar no Brasil pela primeira vez, pedia para o público fazer barulho e se virava do avesso para que ninguém ficasse parado ou entediado.

Drake mostrava ter o ímpeto de um MC iniciante que partia para o tudo-ou-nada em uma boate, só que num palco gigantesco, para um mar de gente. No seu planejamento de diversão a qualquer custo, ele não se furtava a mutilar algumas de suas músicas mais conhecidas para ir logo para a seguinte - "Hotline bling" foi uma dessas interrompidas bruscamente, justo num momento de arrepiar, em que o público cantava por ele.

No entanto, algumas sequências de canções fizeram valer a noite, com sobras. Uma foi quando ele se estendeu, reflexivo e melódico, por "Passionfruit", "Hold on we're coming home", "Controlla" e "Work", seu dueto com a ex-namorada Rihanna, que transcorreu em momento de chuva pesada. Ou então a do final, quando convocou todos a irem para o "próximo nível" e mandou, seguidas, "Nice for what" e "In my feelings".

O que Drake falou sobre as "sexy ladies" do Brasil, as mensagens no telão sobre a Amazônia em chamas, tudo mais foi ruído. Nada se compara ao poder do hit, interpretado por um rapper que conjuga flow, melodia e senso dramático como nenhum outro. Assim, com uma hora e 10 minutos de show "God's plan" encerrou a noite de forma sublime - algo que nem a palestra motivacional, que Drake fez em seguida, foi capaz de estragar.


O Globo sexta, 27 de setembro de 2019

ROCK IN RIO COMEÇA HOJE!

 

Rock in Rio 2019 começa nesta sexta, equilibrando-se entre o moderno e o vintage

Rock in Rio começa nesta sexta sua oitava edição na cidade, com mais palcos e tecnologia, unindo novidades do pop e velhos conhecidos em clima de parque de diversões
 
 
O Palco Mundo do Rock in Rio 2019 Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
O Palco Mundo do Rock in Rio 2019 Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

RIO — Aos 32 anos, líder absoluto do streaming no mundo, o rapper canadense Drake faz nesta sexta-feira no Rock in Rio sua estreia na América do Sul. Foi a primeira noite a ter ingressos esgotados na pré-venda do festival. Aos 61, o inglês Bruce Dickinson, a voz consagrada do Iron Maiden, pisa pela quarta vez no evento na próxima sexta (4). Foi a primeira noite a ter ingressos esgotados na venda para o público em geral. 

 

 Entre nomes novos e veteranos, shows e brinquedos, pais e filhos, a Cidade do Rock reabre as portas, às 14h, para sete dias de programação. Desta sexta a domingo — e novamente na próxima semana, de quinta (3) a domingo (6) —, 670 artistas e 700 mil visitantes (60% de fora do Rio) são aguardados em palcos, ruas cenográficas, arenas, estandes. É a oitava edição brasileira. E ainda há entradas disponíveis no ingresso.com para três dias: domingo agora (Bon Jovi), quinta-feira (Red Hot Chili Peppers) e sábado da outra semana (P!nk, outra estreante no Brasil).

ATENÇÃÃÃO: O que pode e o que não pode entrar na Cidade do Rock

— Existem apenas 20, 30 bandas no mundo capazes de ser headliners ( atrações principais ) de uma noite do Rock in Rio — diz Roberto Medina, presidente do festival, quando o assunto é figurinha repetida (Bon Jovi e Red Hot, por exemplo, estiveram aqui na última edição, em 2017). — Mas o Rock in Rio não é só música, é a experiência. As pessoas entenderam isso. 

Nessa categoria, uma das novidades mais promissoras estará na Nave , que ocupa o Velódromo, logo na entrada da Cidade do Rock. Trata-se de uma megainstalação com 5 mil metros quadrados de projeções mapeadas e 168 caixas de som, simulando fenômenos da natureza. São 14 sessões por dia, a partir de 14h15, por ordem de chegada.

 

Sucesso em anos anteriores, porém, a tirolesa, a montanha-russa, a roda gigante e o megadrop estão de volta. Quem é repetente sabe, mas para os novatos fica o alerta: é preciso agendar no local, então... quem demora corre risco de não brincar.

Sim, vai ter de novo Ivete, Capital Inicial, Sepultura e muitos outros reincidentes. E vai ter a cantora americana H.E.R. e a banda indie, também americana, Weezer, que nunca passaram pelo Rio.

Ainda nas novidades, o Espaço Favela traz talentos (musicais e gastronômicos) de comunidades cariocas, o Supernova apresenta promessas que chamaram a atenção na internet, e o palco eletrônico (agora New Dance Order) ganhou 12 horas de programação, com capacidade triplicada.

PROGRAME-SE: Veja os horários dos shows do Rock in Rio 2019

A fórmula antigo-novo provou que funciona. Desde que Ney Matogrosso pisou no palco naquele 11 de janeiro de 1985 abrindo o primeiro Rock in Rio, o festival ganhou o mundo. Já foram 19 edições aqui, em Lisboa, Madri e Las Vegas. E a próxima carioca já está confirmada para 2021.

Pelos próximos dez dias, O GLOBO apresenta tudo o que acontece no maior festival de música do mundo. De entrevistas com atrações como a lenda Bootsy Collins a dicas de sobrevivência na Cidade do Rock, no ano mais hi-tech de sua história.  Dia e noite.


O Globo quinta, 26 de setembro de 2019

BUENOS AIRES: FESTIVAL GASTRONÔMICO

 

Buenos Aires recebe festival gastronômico com bons descontos

Food Week reúne restaurantes de diversas especialidades na capital argentina
 
 
Prato do Cabernet, um dos restaurantes que participam do Buenos Aires Food Week 2019 Foto: Facebook/Reprodução
Prato do Cabernet, um dos restaurantes que participam do Buenos Aires Food Week 2019
Foto: Facebook/Reprodução
 
 

RIO - Quem estiver na capital da Argentina nas próximas semanas poderá conhecer alguns dos melhores restaurantes da cidade com um bom desconto. O Buenos Aires Food Week, que começou em 23 de setembro, acontece até 13 de outubro, reunindo 48 estabelecimentos em diferentes pontos, de Puerto Madero a Palermo.

Durante o festival, em sua 14ª edição, os restaurantes oferecem dois tipos de menus fechados, com três etapas (entrada, prato principal e sobremesa) e preços fixos: 470 pesos argentinos no almoço (cerca de R$ 34) e 790 pesos no jantar (cerca de R$ 58).

A lista dos participantes mostra uma grande variedade de especialidades. Há desde casas dedicadas à típica parilla argentina, como La Cabaña, em Puerto Madero,  e Rufino Argentino, na Recoleta, à gastronomia asiática, como o Komyun, em Palermo, e o El Quinto Cocina Asiática, em Belgrano.

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Há opções para vegetarianos, como nos cardápios do Sagardi, de comida basca em San Telmo, e no Cabernet, em Palermo. Já restaurantes como o Green Bamboo, com gastronomia do Sudeste Asiático, e o italianoi Cucina D'Onore, em Puerto Madero, oferecem pratos sem glúten.

Para quem quer aproveitar a oportunidade de conhecer cidades vizinhas, na Grande Buenos Aires, o festival está presente também no Bestia, uma casa de carnes nobres e exóticas na charmosa San Isidro, e na La Panadería de Pablo Massey, em Olivos, bairro de Vicente Lopez.

Todos os menus virão acompanhados por um Aperol Spritz e alguns restaurantes terão também preços especiais para rótulos selecionados de vinhos, tanto a garrafa quanto a taça. E algumas casas terão o cardápio especial apenas durante o jantar, como o Taki Ongoy, restaurante fusion em Palermo, e o Anselmo Wine Bar, do hotel Curio by Hilton, em San Telmo.

 

Até 29 de setembro a promoção é exclusiva apenas para quem possui cartões Mastercard. Entre 1º e 13 de outubro, os menus especiais estarão disponíveis para todos os clientes. As reservas podem ser feitas pelo site bafoodweek.com , que tem também todos os menus dos restaurantes participantes.


O Globo quarta, 25 de setembro de 2019

FABIANA FABRO: A CARIOCA QUE FOI A TODAS AS EDIÇÕES DO ROCK IN RIO

 

'Quando coloco o pé na Cidade do Rock, é inexplicável', diz carioca que foi a todas as edições do Rock in Rio na cidade

 

 

A consultora de saúde Fabiana Fabro na última edição do Rock in Rio, em 2017
 

 

Letícia Lopes*

Como um maestro, o ícone Freddie Mercury, vocalista da banda britânica Queen, regeu um público de 250 mil pessoas que cantaram em coro o megahit “Love of my life”, enquanto o guitarrista Brian May dedilhava o violão. Aquele show de 11 de janeiro de 1985, na abertura do primeiro Rock in Rio, entrou para a história. No meio da multidão em sincronia, uma criança de 7 anos dançava ao lado de seus pais, "hipnotizada" por Mercury. A pequena Fabiana Fabro ficou tão encantada com a experiência que, ao longo dos 34 anos que se seguiram, foi a todas as oito edições do evento e já está com ingressos para o festival que começa nesta sexta

 
 

— As pessoas me perguntam até quando vou aguentar manter essa paixão pelo festival. É uma maratona, um evento super-cansativo. Mas a sensação que eu tenho é de bem-estar, de prazer. Para mim, é mágico. Sempre que coloco o pé na Cidade do Rock, é inexplicável — diz Fabiana, que este ano quer ver, principalmente, os shows do Foo Fighters e do Imagine Dragons, no Palco Mundo, no segundo e no último dias do evento, respectivamente. — Estou muito animada! Quero ver também o Lulu Santos cantando com o Silva, no Palco Sunset, e Muse, no Palco Mundo. 

 

Freddie Mercury durante apresentação do Queen no Rock in Rio de 1985

 

Em oito edições do Rock in Rio, a consultora de saúde viu shows inesquevíceis. A performance do Queen em 1985, por exemplo, ficou gravada na memória da própria banda. Em 2015, quando Brian May voltou à cidade para mais um Rock in Rio, com o cantor Adam Lambert nos vocais (Freddie Mercury morreu em 1991), ele disse que aquela apresentação de "Love of my life" foi especialmente marcante. Para Fabiana, porém, a exibição do Queen em 2015 superou a primeira. Ela estava lá, em meio a 80 mil pessoas, quando, durante as rendições de "Love of my life" e "Bohemian Rhapsody", a imagem de Mercury projetada no telão emocionou a todos. A menina, então com 37 anos, voltou à aquela noite mágica de sua infância: 

Veja a programação do Rock in Rio 2019 com os horários dos shows

— Minha lembrança do Freddie Mercury em 1985 é incrível. A produção abriu os portões e deixou a galera entrar para ver a passagem de som. Fiquei completamente encantada com ele — descreve a consultora de saúde. — Mas sem dúvida o show mais inesquecível foi o do Queen em 2015. Foi maravilhoso. Todo mundo estava com uma expectativa grande porque ocupar o lugar do Freddie não é tarefa para qualquer um. Mas o Adam Lambert foi impecável, super original, sem tentar imitá-lo.

 

Fabiana Fabro tinha apenas sete anos na primeira edição do festival, em 1985, quando acompanhou a passagem de som e o show do Queen
 

Em 2015, Fabiana apareceu em uma reportagem do "Fantástico", da TV Globo, que mostrou imagens de pessoas que foram filmadas no primeiro Rock in Rio e que voltariam àquela que seria a sexta edição do festival. Com números astronômicos de público, o festival que já teve dezenove edições em quatro cidades — Rio, Lisboa, Madrid e Las Vegas — acontece nos próximos dois fins de semana, entre os dias 27 e 29 de setembro e entre os dias 3 e 6 de outubro. Fabiana é só ansiedade e está contando os minutos para voltar à Cidade do Rock.

— Fiquei eufórica quando em 2011, quando aquele hiato de dez anos sem nenhum Rock in Rio acabou. Assim que começaram a dizer que o festival aconteceria de novo, fiquei empolgada para voltar lá. 

*Sob supervisão de William Helal Filho

 

Fabiana Fabro no Rock in Rio de 2015, diante do Palco Mundo

 

 

 

Página da edição do GLOBO de 12 de janeiro de 1985

O Globo terça, 24 de setembro de 2019

ACADEMIA DA CACHAÇA CHEGA AOS 30 ANOS

 

Academia da Cachaça chega aos 30 anos e reedita pratos que já fizeram parte do menu

Uma das primeiras a se dedicar à bebiba, a casa celebra o aniversário com a volta de pratos clássicos
 
 
Patrimônio. A chef Maria Bárbara está 20 anos à frente da cozinha da Academia da Cachaça da Barra Foto: Berg Silva/Divulgação
Patrimônio. A chef Maria Bárbara está 20 anos à frente da cozinha da Academia da Cachaça da Barra
Foto: Berg Silva/Divulgação
 
 

RIO — Um dos estabelecimentos mais tradicionais do Rio, a Academia da Cachaça está fazendo 30 anos e, para celebrar, até o fim do mês oferce aos clientes a chance de matar as saudades de pratos que já fizeram parte do seu menu.

 

 

Clássicos como o pastel de forno de maçã com peito de peru, a musse de salaminho e o carpaccio de carne de sol estão no cardápio de aniversário . Uma garantia de que os pratos serão preparados exatamente da forma como se lembram os fregueses mais antigos é a presença da chef Maria Bárbara, na função há 20 anos.

— Eu sou rigorosa, conheço bem os pratos. Quem quiser matar as saudades não vai se decepcionar — afirma.

Há quase 30 anos, Bárbara foi ser auxiliar de cozinha na filial do Leblon da Academia. Alguns anos depois, foi promovida. A maranhense revela que sua especialidade são os frutos do mar. Mas o prato que ela mais gosta de servir é um prato bem carioca e grande parceiro da cachaça: a feijoada.

Uma das primeiras casas do Rio dedicada à bebida, a Academia oferece mais de cem rótulos de cachaça. A brasilidade é uma proposta da casa, e está presente do cardápio à decoração.

Planos econômicos, mudanças de moeda, crises e até as obras do metrô, que tornaram a área onde está o restaurante inóspita, foram alguns dos percalços pelos quais a casa passou. A vitória sobre tudo isso, diz Hélcio Santos, fundador do restaurante, é mais um motivo para comemorar.

— Nós fomos muito resistentes e sempre fiéis aos nossos clientes e às nossas ideias — comenta.

 

APRENDA A FAZER TRÊS RECEITAS:

Carpaccio de carne de sol: saiba como fazer

Musse de Salaminho: os segredos da receita da Academia da Cachaça

Pastel de forno de maçã com peito de peru: aprenda a fazer


O Globo segunda, 23 de setembro de 2019

ERVAS MEDCINAIS E FOLHAS DÃO CARA NOVA A DRINQUES

Ervas medicinais e folhas dão cara nova a drinques

Há receitas com boldo, sálvia, brotos de coentro e salsa
 
 
 
 

E quem diria que a folha-de-boldo, aquela que muitos transformam em chá depois de exageros na noite anterior, iria parar no drinque? A erva de gosto amargo fica ótima no Porto Chileno, servido no Arp, restaurante do hotel Arpoador. A criação da mixologista Néli Pereira tem surpreendido a turma que gosta de apostas inusitadas. “Para essa carta, parti da diversidade dos biomas brasileiros. Busco sempre apresentar ingredientes pouco utilizados na coquetelaria, como boldo, fava-de-aridan e castanha-de-baru. É um bar voltado para as infusões de cascas e raízes, como se fossem garrafadas medicinais”, comenta Néli.

O boldo é só uma entre várias folhinhas diferentes que compõem receitas das bebidas que estão dando cara nova e surpreendente aos balcões da cidade. No Garoa, que agora tem endereços no Leblon e em Ipanema, há uma coleção de ervas na carta de bebidas. Apenas no Nossa Vitória entram sálvia, brotos de coentro e de salsa, além de folhas de limão. Junte esse buquê com gim, saquê, mel de agave, licor da casa, cava, pó de cardamomo, uma rodela de limão-siciliano desidratado e, pronto, está finalizado. “Recebemos as ervas duas vezes por semana para que as folhas estejam sempre fresquinhas, com seu sabor máximo. A minha inspiração para tal opção foi a rainha Vitória, da Inglaterra, que vivia em um castelo com jardins repletos de condimentos e temperos”, conta o mixologista Daniel Estevan, que escolheu como fornecedor os Orgânicos da Fátima.

Vinho do porto branco infusionado com boldo, água tônica do Arp Foto: Samuel Antonini
Vinho do porto branco infusionado com boldo, água tônica do Arp
Foto: Samuel Antonini

 

O uso desses verdinhos em bebidas rende possibilidades de apresentações que os mixologistas estão adorando. Copos cobertos por especiarias, grampinhos prendendo pequenos arranjos, folhas pousadas nas taças... Então, já sabe: além de uma hortinha, é preciso ter apetrechos para montar apresentações bacanas.

O barman Daniel Milão, do Julieta Bar, na Praia do Flamengo, conta que o visual do drinque Bouquet chama a atenção no salão. “A experiência de um coquetel começa com o visual, usei a parte de fora da taça para colocar as ervas da Provence. A ideia foi criar um drinque sensorial, onde é possível sentir o aroma das ervas em cada gole da bebida”, explica ele.

No Micro Bar, no Leblon, o manjericão e o coentro já são figurinhas fáceis na carta. O italiano Nicola Bara já tinha, claro, afinidade desde pequeno com a erva típica do país, mas no drinque foi novidade. “Sou italiano, então manjericão faz parte da minha vida desde sempre. Mas vi coentro pela primeira vez quando cheguei no Brasil, na carta do SubAstor, em São Paulo, onde trabalhei. Mesmo assim ele era usado apenas na finalização, e não no preparo do coquetel, como eu faço. O Leblon Smash é uma releitura do clássico Basil Smash, que tem como base gim e manjericão. Criei uma versão abrasileirada colocando cachaça, além de coentro, caju e óleo de pequi”, conta.

Em Copacabana, o asiático Toruk criou o Iwasaki, opção perfumada feita com canela defumada, lichia, chá de hibisco, limão e saquê. O legal é maçaricar a canela e já espalhar o aroma antes de servir para mexer com todos os sentidos.

Julieta Bar: bouquet feito com Gin Bombay, ervas de provence, mel com baunilha e limão tahiti Foto: Jose Renato Antunes
Julieta Bar: bouquet feito com Gin Bombay, ervas de provence, mel com baunilha e limão tahiti
Foto: Jo

O Globo domingo, 22 de setembro de 2019

XENIA FRANÇA RELEMBRA PRECONCEITO NO TEMPODE MODELO

 

Xenia França relembra preconceito nos tempos de modelo: 'Não entendia por que não me chamavam para trabalhar'

Nome forte da música brasileira na atualidade, baiana cantará com Seal no Rock in Rio
 
 
Xenia França Foto: Mar+vin
Xenia França Foto: Mar+vin
 
 

Ainda menina em Camaçari, na Bahia, Xenia adorava assistir à apresentadora Glória Maria na televisão. Era um de seus raríssimos exemplos de mulher negra bem-sucedida, embora ela ainda não elaborasse os porquês de tamanha admiração. “Só mais tarde fui entender. Como fui entender também por que chorei quando ouvi Milton Nascimento pela primeira vez, antes de saber quem ele era. A potência negra me emociona”, diz a cantora. Hoje, aos 33 anos, Xenia é guiada, artística e pessoalmente, por esta mesma potência, e sua obra é um reflexo de todas as experiências que viveu: “Quase acreditei que eu não existia, foi por pouco. Mas peguei esse sentimento e fiz um disco. Agora estou aqui. E minha integridade é inegociável.”

A consciência de sua negritude e as dificuldades intrínsecas a ela só lhe caíram como uma enorme ficha quando se mudou para a capital paulista, aos 17, para seguir a carreira de modelo. “Ter nascido na Bahia fez com que eu não fosse uma pessoa alienada. É o estado mais preto do Brasil e a cultura negra está em todo lugar”, diz. “Mas a minha identidade de mulher preta urbana nasceu em São Paulo”, conta. Filha de pais separados — Dalva é administradora e Jorge, já falecido, era químico e músico —, chegou a estudar Publicidade, mas abandonou o curso para se aventurar no mundo fashion. “Troquei de agência algumas vezes, nunca dava certo em nenhuma. Eu não entendia por que não me chamavam para trabalhar”, diz, referindo-se ao preconceito sofrido por ser negra. Hoje, a cantora enxerga com clareza exatamente as razões de tantas dificuldades: “Mais tarde conheci outras meninas negras como eu, que estavam na mesma batalha, e começamos a discutir essas questões. Desde coisas prosaicas, como ‘por que não namoramos ninguém?’ até ‘por que somos menos chamadas para trabalhos?’ Foi um caminho sem volta”, lembra ela.

Há dois meses, a cantora comprou um apartamento em São Paulo e, pela primeira vez, está morando sozinha (e sem precisar dividir contas com amigas). Nos idos de 2004, Xenia dividia uma casa com outras dez modelos. A atriz e empresária Samira Carvalho era uma delas: “Lembro como se fosse hoje: quando chegou de Camaçari, era uma menina ingênua, romântica, que demorou a perceber que as coisas na cidade grande não seriam muito fáceis, principalmente por estar longe da mãe. Naquela época, nossa vida era bem conturbada”.

 A carreira de modelo logo passou a seguir em paralelo à de cantora. “Eu pensava em ser muitas coisas, menos em seguir o caminho da música”, lembra. Mas amigos diziam que ela tinha uma linda voz e a convenceram, não sem esforço, a formar uma banda de garagem, que logo passou a tocar em bares. Mais tarde, passou a integrar o grupo paulistano de black music Aláfia, cujo repertório politizado a ajudou a engajar-se ainda mais, e gravou três álbuns, além de fazer uma participação especial em um álbum do rapper Emicida.

Mas foi o lançamento de seu primeiro e único disco solo, “Xenia”, em 2017, que de fato revolucionou a carreira da menina baiana. Duas indicações ao Grammy Latino — nas categorias Melhor Álbum Pop Contemporâneo e Melhor Canção em Língua Portuguesa, pela faixa “Por que me chamas?”, assinada em parceria com o namorado, o também músico Lucas Cirilo — abriram portas para festivais prestigiados, como Recbeat, Coala, Queremos e o celebrado Summer Stage Festival, no Central Park, em Nova York. “Nos últimos dois anos, não lembro de ter tido um dia totalmente livre”, conta. Os convites não param e um dos mais importantes veio no final do ano passado: cantar ao lado de Seal, ícone da música pop, no Rock in Rio, na próxima sexta-feira. O show de Xenia no Rock in Rio será no palco Sunset, que, segundo Roberta Medina, vice-presidente do festival, “privilegia encontros inéditos, em que os artistas têm a liberdade de apresentar concertos não-tradicionais, de propor conversas musicais únicas”.


O Globo sábado, 21 de setembro de 2019

ANGU DO GOMES: AOS 90 ANOS, UM DOS FUNDADORES CELEBRA A RESISTÊNCIA DA MARCA

 

Aos 90 anos, um dos fundadores do Angu do Gomes celebra resistência da marca

Após período conturbado, restaurante comemora retomada e se restabelece
 
 
Na foto Rigo Duarte e Basílio Moreira: receita de avô para neto no Angu do Gomes Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
Na foto Rigo Duarte e Basílio Moreira: receita de avô para neto no Angu do Gomes
Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
 
 

RIO — "Diz aí, 'vô', o que é que tinha aqui na Praça Mauá no seu tempo?", pergunta o chef Rigo Duarte, de 37 anos, a seu avô, Basílio Augusto Moreira, o único fundador vivo do Angu do Gomes.

— Ah, muita sacanagem, né? — responde Basílio, do alto de seus 90 aninhos completos na última quinta-feira.

O chef e herdeiro da marca que completa 64 anos em dezembro e o recém nonagenário comemoram a longevidade de Basílio e do Angu do Gomes, que foi resgatado em 2008, com uma festa fechada a amigos e familiares no próprio restaurante, na Saúde, neste sábado. No cardápio, terão muitas histórias, "causos" e, claro, angu.

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Português do Monte, Basílio chegou ao Rio aos nove anos de idade e chegou a ser engraxate. Ele foi morar no Centro em uma época bem diferente.

— Era uma coisa muito linda e elegante de se ver. Todo mundo só andava muito chique, de terno, bengala e chapéu — se lembra Basílio.O jovem português chegou ao angu através do pai de seu sócio, o também português Manuel Gomes. A inspiração veio na Praça Quinze, onde uma baiana preparava o angu em uma lata grande e vendia. Gostando da ideia, eles montaram o primeiro deles na Central do Brasil, no início dos anos 50 e o povo gostou. Nesta época, o angu, que ainda não era do Gomes, pois só seria patenteado em 1955, vendia uma média de 100 pratos por dia. Com a expansão do negócio e a criação da marca, eles chegaram a ter carrocinhas que vendiam 400 pratos em um dia, principalmente, durante o carnaval.— No auge, na década de 70, chegamos a ter 80 barraquinhas e também um restaurante na Rua São Francisco da Prainha, aqui na Saúde. Vinha muita gente famosa — disse Basílio.

 

Neto e avô posam com o tradicional Angu do Gomes Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
Neto e avô posam com o tradicional Angu do Gomes Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo

 E a classe artística realmente ia em peso.  Roberto e Erasmo Carlos eram clientes e compareciam muito na Praça Quinze. O sambista João Nogueira, que era um frequentador assíduo, cita o angu famoso em um trecho da música "Espere oh! nega", do disco "Espelho", de 1977. João chegava a ligar para Basílio para pedir que a casa não fechasse enquanto ele não chegasse depois dos shows. A Vó Maria, a sambista viúva de Donga, também fez parte da história da marca que, em sua primeira encarnação, parou de existir no início dos anos 90.

— Meu avô teve muitos problemas com a nova Vigilância Sanitária, com produtos que encareceram demais, como os miúdos, e também com funcionários que vendiam o angu por fora enchendo ele de água, acabando com a qualidade — disse o chef.

A retomada

O estalo para o retorno se deu quando Beth Carvalho, ao completar 60 anos em 2006, quando a marca nem tinha voltado, contratou o angu por meio de Rigo, que cursava gastronomia, para a sua festa de aniversário por intermédio de Zeca Pagodinho. Lá, o chef percebeu o quanto o mundo do samba sentia falta da iguaria. Um pouco antes, o irmão de Rigo, o músico Diogo Duarte, fazia em 2003, no boêmio Bar do Bode Cheiroso, na Tijuca, um samba chamado Casca, que significava Confraria dos Amigos do Samba, Choro e Angu — sendo este último preparado por Rigo.

 

— Eu aprendi a fazer com o meu avô mesmo, já que em todo aniversário lá em casa era na base do angu — disse Rigo.

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Com o sucesso do samba, os dois irmãos decidiram que abririam um bar juntos. Porém, Diogo morreu após voltar de uma apresentação com a OSB, onde tocava, quando uma árvore caiu em seu carro. Assim, Rigo adiou um pouco o sonho até encontrar o sócio Marcelo Cavalcanti. Juntos, eles reergueram o Angu do Gomes em 2008, na Saúde, e para o júbilo de Basílio. Na primeira volta da retomada, o bar só cabia 30 pessoas. Há seis anos, eles conseguiram migrar para um sobrado que abrigava um antigo bar, no Largo de São Francisco da Prainha, onde estão até hoje. Agora, eles também mantém uma casa em Botafogo, aberta ano passado.

E, em tempos de lugares históricos sofrendo ameaças de fechamento, qual é o segredo para se manter um negócio com tanta história na cidade?
— O empenho que nós temos com o angu até hoje é o segredo, além de ser para todas as idades e classes sociais — finaliza Basílio.

 


O Globo sexta, 20 de setembro de 2019

PORTUGAL INTOCADO: CONHEÇA AS PRAIAS DESERTAS E OS PEQUENOS VILAREJOS DO ALENTEJO

 

Portugal intocado: conheça as praias desertas e os pequenos vilarejos do Alentejo

Um roteiro turístico genuíno a partir da quase desconhecida cidade de Melides
 
 
Crianças brincam na areia da Lagoa de Melides, no litoral do Alentejo, em Portugal Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times
Crianças brincam na areia da Lagoa de Melides, no litoral do Alentejo, em Portugal
Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times
 
 

MELIDES, Portugal – O açougueiro local, observado pela filha de pé ao lado dele, vende frango assado inteiro e filés de carne recém-fatiados a fregueses que fazem seus pedidos com um simples aceno de cabeça ao entrar na loja, cena que se repete há décadas nesse pequenino vilarejo localizado na encosta de um morro na região rural de Portugal .

O próprio Louboutin tem uma casa de praia aqui. Tem como vizinha Noemi Marone Cinzano, uma condessa e produtora de vinho cuja família era proprietária da famosa marca italiana de vermute.

- Viajei minha vida inteira e não encontrei nenhum lugar na Europa tão preservado - contou Cinzano, que construiu sua casa de praia em estilo rústico aqui.

 

Outras celebridades também possuem imóveis no local, entre elas Philippe Starck, decorador de interiores e projetista de hotéis; Anselm Kiefer, artista alemão; e Jason Martin, pintor abstrato britânico, que transformou uma antiga casa noturna com aparência de caverna em seu estúdio, além de ter construído uma casa na encosta vizinha, onde ele também produz vinho.

Não há nada de extravagante em Melides – os moradores se reúnem na praça da cidade para jogar cartas ou conversar efusivamente. A eles se misturam visitantes de capitais internacionais. Minha família e eu desembarcamos aqui no verão deste ano quase por acidente.

Compramos um voo da TAP para Lisboa, sem fazer nenhum outro plano. Foi então que lemos sobre a faixa de praias ininterruptas do Oceano Atlântico aqui e decidimos reservar um chalé modesto à beira-mar, com três quartos, nessa cidade que mal podíamos localizar no mapa (alugamos de um casal que vive em Lisboa por meio do booking.com, pagando US$ 192 por noite, inclusive as taxas).

 

A região do Alentejo há muito tempo é conhecida como uma das partes mais pobres e menos povoadas da Europa Ocidental, apesar do solo fértil e arenoso. Uva, arroz, trigo, aveia, azeitona, mel, aspargo, nozes, frutas silvestres, trufa, cogumelo e muitas outras coisas nascem ou são produzidas na região que é conhecida como o celeiro de Portugal.

O restaurante pé-na-areia Sal, na Praia de Pego, na cidade alentejana de Comporta Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times
O restaurante pé-na-areia Sal, na Praia de Pego, na cidade alentejana de Comporta
Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times

O interior do Alentejo – com suas cidades históricas e vinhedos – já atrai estrangeiros há algum tempo, mas a costa foi uma adição recente ao mapa do turismo mundial, que passou a atrair visitantes afluentes a partir de 2000, aproximadamente, quando muitos deles iam para o vilarejo costeiro de Comporta , próximo de Melides.

A terra daquela área, que já chegou a pertencer ao rei de Portugal, em 1950 passou para as mãos da família Espírito Santo, que, desde a década de 1990, começou a convidar os amigos para visitá-los, incluindo a princesa Caroline e o príncipe Albert de Mônaco.

Comporta ainda é um lugar que atrai o turismo, com praia própria nos arredores e ótimos lugares para comer, como a Cavalarica Comporta, além de uma cena noturna bastante animada. Há também uma oferta crescente de hotéis butique próximos, como o Quinta da Comporta e o Sublime Comporta. Carros luxuosos enchem as ruas movimentadas, casais com trajes em estilo boêmio andam por entre as galerias de arte, lojas de utensílios domésticos, casas noturnas e bares com mesas ao ar livre. (O número de mosquitos à noite é impressionante, já que o vilarejo foi construído à beira de um arrozal.)

 

Por isso, fiquei feliz de termos parado um pouco mais ao sul, perto de Melides, uma cidade simples com aproximadamente 1.500 habitantes, mais ou menos quatro restaurantes, uma igreja, poucas lojas e um supermercado. Na praça central de Melides, há uma agência de correio, um pequeno café, uma banca de jornal, uma casa funerária e um açougue, além de um aglomerado de mesinhas onde os moradores se reúnem para passar o tempo.

A casa que alugamos ficava a aproximadamente 15 minutos de Melides e a apenas dois quarteirões do que é, sem sombra de dúvida, a faixa de praia mais extraordinária que já vi em qualquer lugar do mundo, a Praia da Galé .

Os bosques são outro cenário constante nos arredores de Melides, no Alentejo Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times
Os bosques são outro cenário constante nos arredores de Melides, no Alentejo
Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times

Você anda por um longo caminho em direção à vastidão do Atlântico. Em seguida, precisa descer uma escadaria precária, talhada no penhasco de pedra, antes de ter acesso à praia. No caminho, passa por uma coleção deslumbrante de arenitos avermelhados que, devido à ação do tempo, parecem esculturas abstratas. Essas formações têm aproximadamente cinco milhões de anos e se erguem a 40 metros do chão; na base delas, há um tapete de flores selvagens e amarelas chamadas chorão das praias.

Finalmente, não há mais nada, a não ser uma imensidão de praia vazia e o pescador ocasional com a vara presa na areia ou algumas famílias e seus guarda-sóis. Poucas pessoas frequentam partes dessa praia cuja areia é como uma crosta que os pés quebram a cada passo.

 

Quilômetro após quilômetro, é possível caminhar sem ser interrompido. Nenhum hotel ou resort, apenas o eventual quiosque que vende comidinhas e, durante o dia, alguns salva-vidas fornecidos pela administração regional. Longas faixas dessa costa estão permanentemente sob proteção e gozam do status de parque nacional. Em outras áreas, há restrições que proíbem qualquer nova construção perto da praia. Mesmo longe da costa, qualquer pessoa que compre uma terra produtiva deve se comprometer a manter algum tipo de agricultura.

Não nos surpreendemos de encontrar um cardápio com todo tipo de atividade ao ar livre. A mais simples é a extensa rede das chamadas trilhas dos pescadores, que se estendem por 450 quilômetros para dentro do continente e ao longo do Atlântico, a chamada Rota Vicentina .

Você pode também fazer passeios a cavalo, ter aulas de surfe, ver golfinhos, pescar, andar de bicicleta, caiaque e até de balão. Em muitas das praias, incluindo uma área chamada Santo André, há piscinas naturais, com águas calmas e rasas que são seguras para as crianças pequenas. Santo André é também uma reserva natural que abriga mais de 240 espécies de pássaros e centenas de tipos de borboletas.

 

Melides também nos serviu como um ótimo ponto de partida para passeios de um dia pela região do Alentejo, incluindo Comporta.

 

Uma rua comercial no caminho dos turistas em Évora, uma das principais cidades do Alentejo, e uma das mais antigas de Portugal Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times
Uma rua comercial no caminho dos turistas em Évora, uma das principais cidades do Alentejo, e uma das mais antigas de Portugal
Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times

Dos campos de sobreiro, do qual se extrai a cortiça, chegamos à cidade perfeita de Évora , construída pelos romanos e depois dominada pelos mouros. Lá, é possível ver um templo romano do século II e a maior catedral medieval de Portugal, além de restaurantes, bares e lojas. Évora é listada como Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas, que classificou o lugar como "o melhor exemplo de uma cidade da era de ouro de Portugal após a destruição de Lisboa pelo terremoto de 1755". Esse foi o passeio mais turístico que fizemos na semana, mas valeu a pena.

Passamos a tarde em uma grande fazenda orgânica, a Herdade Aberta Nova, que recebe visitantes (incluindo famílias com crianças pequenas) e tem uma variada criação de animais, como pavão, porco, cavalo, burro, galinha e cabra, entre outros.

O mais longe que chegamos foi até Zambujeira do Mar , um vilarejo costeiro perto da base do Alentejo. À primeira vista, nos pareceu um local sem atrativos, mas, no início de agosto, ele abriga um grande festival de música, o Meo Sudoeste, que atrai multidões de mochileiros, a maioria de Portugal e da Espanha, que acampam em barracas perto da área do festival.


O Globo quinta, 19 de setembro de 2019

TIRADENTES, MINAS GERAIS: ARTE, NATUREZA E PROGRAMAÇÃO O ANO INTEIRO

 

Tiradentes, em Minas Gerais, tem arte, natureza e programação intensa o ano inteiro

História do Brasil passa pela cidade mineira
 
 
Serra de São José e o Centro Histórico Foto: Alberto Lopes / Divulgação
Serra de São José e o Centro Histórico Foto: Alberto Lopes / Divulgação
 
 

TIRADENTES - Não faltam ipês em Tiradentes . A árvore nativa do Brasil está em quase todas as suas esquinas. Do lado da Igreja Matriz, um pé floreia em amarelo toda primavera. Entre as casinhas históricas, que hoje abrigam restaurantes , museus e lojinhas, há diversos deles, que desabrocham em branco e roxo. Em meio ao verde da Serra de São José, que envolve o município, é possível avistá-los de quase qualquer ponto da cidade. Com 30 metros de altura, as árvores dão às ruas dessa cidade mineira um colorido único. Suas esquinas, no entanto, contam uma história bem menos bucólica do Brasil .

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Um dos símbolos da exploração do Ciclo do Ouro, Tiradentes nasceu em 1718 como Vila de São José, em homenagem ao príncipe de Portugal na época. Foi rebatizada em 1889 para relembrar a morte de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que nasceu no local e foi o único condenado à morte pela Inconfidência Mineira . Enforcado em praça pública no Rio, no dia 21 de abril de 1792, teve partes do seu corpo expostas pela Estrada Real .

 
O ouro encontrado por lá era superficial, de fácil exploração. Foi o que proporcionou o auge e o declínio da cidade: em apenas algumas décadas, do início ao final do século XVIII, já não havia muito que ser descoberto. A cidade viveu então um longo período de decadência econômica até encontrar no turismo sua fonte de renda. A proximidade com grandes capitais (do Rio e BH, são quatro horas de distância; de São Paulo, são cinco) e a hospitalidade dos moradores começaram a atrair festivais que dão o tom no calendário.

Atualmente, são 13 permanentes, mas ao longo do ano outros 10, em média, acontecem. Dos fixos, o Festival de Gastronomia, em agosto, "transformou a cidade" quando chegou, há quase 20 anos, como conta Ana Carolina Barbosa, coordenadora da Tiradentes Mais, associação que reúne empresários e artistas locais em prol do turismo:

— A cidade foi se desenvolvendo de acordo com o festival. Foram abertos restaurantes, e a hotelaria foi se desenvolvendo, para receber mais turistas. Virou um ciclo. E a boa infraestrutura atraiu ainda mais festivais.

Hoje, Tiradentes é conhecida justamente pela sua diversidade gastronômica, que já vale a ida até lá. Ainda assim, há muito a ser explorado além da cozinha. Para continuar na pegada histórica, a Maria Fumaça é programa para toda a família. O trajeto (R$ 70)de 45 minutos vai até São João del-Rei.

 

A Serra de São José tem trilhas de todos os níveis, quedas d’água, piscinas naturais e diversidade de fauna e flora.Ela garante também as paisagens do trajeto até Bichinho, distrito do município de Prados, ao lado. Por lá, as simpáticas casas ficam abertas vendendo peças de artesanato.

 

Primeiro, olhe para baixo. O calçamento de Tiradentes é uma boa forma de descobrir seus personagens, sua história e sua trajetória de preservação.

O chão é todo de pedras. Mas uma visão mais atenta vai mostrar que elas diferem entre si. As do meio, grandes, são as “solteironas”, que, como nos explica Fabrício Rodrigues, um dos guias locais, foram assim nomeadas pela sua dificuldade “em se ajustar”. O apelido machista, é claro, vem de outros tempos.

No fim da década de 1930, o Iphan, ao tombar a cidade como Patrimônio Histórico, determinou obras de preservação para manter as características históricas de Tiradentes. E o calçamento de pedra, marca dos tempos da colônia, precisou ser refeito. Foram então usadas as tais “solteironas”. Nas laterais, no entanto, permanece o chão original. De pedras menores, o chamado chão pé de moleque foi todo construído pelos escravos no séc XVIII.

O calçamento é só uma das formas de entender a história de Tiradentes sob o ponto de vista dos escravizados. Conhecer os becos e ruelas da cidade é outro jeito de entender o país por essa perspectiva.

 

— Muitas pessoas que retornam para Tiradentes já fizeram aquele tour mais tradicional. Pensamos em narrar a partir de outros aspectos tão importantes quanto, mas que não entravam no básico da cidade — explica Rodrigues.

 

Passeio guiado pelos becos da cidade Foto: Divulgação
Passeio guiado pelos becos da cidade Foto: Divulgação

Ele se refere ao Tour dos Becos, da agência Estrada Real. O passeio descortina Tiradentes não pela rua principal, onde circulavam os nobres, mas pelas ruelas atrás das casas, os únicos locais onde os escravos podiam andar.

Um olhar diferente

São nelas, por exemplo, onde estão as senzalas. Chama atenção o tamanho minúsculo das janelas dessas construções. Eram os únicos pontos de circulação de ar para centenas de pessoas. Também resistem por lá pés de ora-pro-nóbis, erva de alto valor proteico usada pelos escravos para completar a refeição. Até hoje, muito comum nos pratos da região.

A parada na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, onde congregavam os alforriados, é obrigatória. Santos negros e imagens do candomblé contam um pouco da história do sincretismo brasileiro.

A Guerra dos Emboabas (1707-1709), cujas batalhas entre bandeirantes paulistas e a corte deram nome ao Rio das Mortes, ocorreram ao redor do centro histórico. A Inconfidência Mineira (1789) e a saga de Tiradentes (1746-1792) também são histórias contadas no tour.

 

Por essas ruas alternativas também se chegam aos pontos turísticos mais visitados, como a Igreja Matriz, que tem a segunda maior concentração de ouro do Brasil (482kg). Não deixe de observar os passos, capelinhas minúsculas a cada esquina. O guia vai atentar para elas.

Para ver tudo de um ponto só, suba até a igrejinha de São Francisco e aproveite a visão do mirante.

Trilhas, cachoeiras e pássaros no caminho

 

Cachoeira do Carteiro Foto: DivugaçãoCachoeira do Carteiro Foto: Divugação

A Serra de São José, que contorna Tiradentes, não passa despercebida. Porém, muito além de compor bem para as fotos de viagem, o maciço, que está dentro de uma Área de Proteção Ambiental (APA), tem opções para os fãs de ecoturismo.

Os trilheiros vão se animar com as possibilidades: dá para fazer a travessia inteira pelas montanhas, em uma caminhada de seis horas, com paradas para admirar o belo visual, em pontos que chegam a mais de mil metros de altitude. O trajeto, apesar de longo, não é difícil e pode ser realizado por iniciantes.

Mas quem não quiser encarar a jornada inteira pode “cortar” a travessia em pedaços menores. A trilha do carteiro é uma das opções mais compactas. O trajeto foi todo calçado pelos escravos no século XVIII para facilitar o transporte do ouro. São quatro quilômetros e cerca de três horas de caminhada dentro da Mata Atlântica até o topo da serra, com parada na Cachoeira do Carteiro.

 

Outra pedida curta é a Trilha do Mangue, a mais leve da serra. Com apenas 1km de extensão em uma caminhada praticamente toda plana, o ponto de chegada é a cachoeira de mesmo nome, onde o ouro foi explorado à exaustão no século XVIII. Ipês e orquídeas proliferam e colorem o percurso.

Além das trilhas a pé, há diversas outras formas de se adentrar pelo verde da região. Agências locais oferecem cavalgadas no pé da Serra de São José. O passeio, guiado, pode ser feito por crianças acima de 6 anos e, além das belezas da Mata Atlântica, o trajeto passa colado aos imponentes paredões de arenito das montanhas.

Não é fã de caminhar nem de andar a cavalo? Não se preocupe, pois é possível chegar às cachoeiras, mergulhar em rios e percorrer a mata também em tours guiados de bicicleta. O cicloturismo é um dos programas que mais atraem os turistas. Além de trajetos pela natureza, o passeio visita parte da área rural, em sítios e fazendas. E pode ser feito por crianças acima de 10 anos.

As trilhas também são muito procuradas para observação de aves. Já foram catalogadas mais de 400 espécies na região, além de cerca de 100 tipos de libélulas. A pousada Aromas da Montanha é uma que oferece o passeio guiado de birdwatching por lá.

Mas em qualquer caso, o aviso é sempre o mesmo: nunca vá sem um guia.

 
 
Artesanato exposto no Bichinho Foto: Divulgação
Artesanato exposto no Bichinho Foto: Divulgação

Um dos passeios mais recomendados para quem vai a Tiradentes é dar um pulo no distrito de Bichinho, no município vizinho de Prados. São apenas 30 minutos de distância, mas o percurso pela estradinha que leva até lá deve ser apreciado com calma. Durante todo o caminho, pequenas propriedades rurais com a quase onipresente Serra de São José ao fundo dão o toque rural à viagem. E há várias formas de fazer o trajeto, além de dirigindo. Agências locais oferecem a travessia em triciclos, cavalgando ou pedalando. A vantagem, nesses casos, é que dá para fazer pequenos desvios e conhecer algumas das propriedades da região.

Bichinho, cujo nome oficial é Vitoriano Veloso, também surgiu na época da exploração do ouro da região, mas entrou na rota turística pela produção do seu artesanato e pela revenda de móveis de demolição. Sua popularidade cresceu na década de 1990, através do artista plástico Antônio Carlos Bech, que criou a Oficina de Agosto. Além de loja, era uma escola de artesanato que começou a atrair outros artistas.

A Casa Torta, em Bichinho Foto: Carolina Mazzi
A Casa Torta, em Bichinho Foto: Carolina Mazzi

Hoje, além da oficina e loja, que permanecem abertas, quase todas as outras casas da rua principal desse distrito ficam de portas abertas, com produtos como peças de decoração, tecidos, móveis, quadros e obras de paisagismo e jardinagem. Vale caminhar para conhecer (e comprar). O trajeto é ideal para ser feito em uma tarde.

 

Não deixe de conhecer a Casa Torta que, como o nome, tem formato bastante peculiar. O centro cultural, elaborado por Renato Maia e Lu Gatelli, tem apresentações teatrais, brincadeiras para crianças e um café delicioso.

Carolina Mazzi viajou a convite da associação Tiradentes Mais


O Globo quarta, 18 de setembro de 2019

BANDA A COR DO SOM CELEBRA 40 ANOS DE CARREIRA

 

A Cor do Som faz show de hits e inéditas no Teatro Riachuelo

Grupo celebra 40 anos de carreira com formação original e mira disco de inéditas no ano que vem
 
Mú Carvalho, Armandinho, Gustavo Schroeter, Ary Dias e Dadi Carvalho: a formação original da banda A Cor do Som Foto: Daryan Dornelles / Divulgação
Mú Carvalho, Armandinho, Gustavo Schroeter, Ary Dias e Dadi Carvalho: a formação original da banda A Cor do Som
Foto: Daryan Dornelles / Divulgação
 
 

Pode-se considerar um um feito incomum: completar 40 anos de carreira com a formação original é algo que orgulha os integrantes da banda A Cor do Som. E é em clima de celebração que Dadi, Mú Carvalho, Armandinho, Gustavo Schroeter e Ary Dias sobem ao palco do Teatro Riachuelo nesta quarta-feira para levar aos fãs uma enxurrada de hits pós-tropicalistas.

— Vamos fazer nossos sucessos, como “Zanzibar”, “Swingue menina” e “Abri a porta”, mas também tem inéditas como “Alvo certo”, que eu compus com o meu filho, André Carvalho, e “Volúvel”, uma parceria minha com Arnaldo Antunes e Marisa Monte— diz Dadi, baixista do grupo, adiantando um reforço na apresentação de hoje. — São dois convidados, Luiz Lopes e Pedro Dias (da banda Filhos da Judith). Eles tocam baixo e guitarra, também fazem vocais, e dão outra cara nos arranjos.

O quinteto, predominantemente carioca (Armandinho e Ary Dias são baianos), gosta especialmente de tocar no Rio, cidade que abraçou o grupo em tantos shows disputados nos idos dos anos 1980.

— Foi aqui que tudo começou. Lembro dos nossos shows lotados no Teatro Ipanema, o pessoal ficava louco. Sempre foi muito alto astral — diz Dadi.

 

Na trajetória quarentona de respeito, novos projetos estão à vista:

— Queremos lançar um disco de inéditas para o ano que vem, um som novo — promete o baixista.

Onde: Teatro Riachuelo. Rua do Passeio 38/40, Centro (3554-2934). Quando: Qua, às 19h. Quanto: R$ 50 (balcão e balcão nobre) e R$ 60 (plateia). Classificação: 14 anos.


O Globo terça, 17 de setembro de 2019

RISOTO DE OSSOBUCO: RECEITA

 

Saiba como preparar a receita de risoto de ossobuco de vitelo do D.O.C. Ristorante

O açafrão dá o tom do prato, criação do chef Nicola Giorgio
 
 
Risotto de Ossobuco de Vitelo do D.O.C. Foto: Maria Mattos / Divulgação
Risotto de Ossobuco de Vitelo do D.O.C. Foto: Maria Mattos / Divulgação
 
 

RIO — Prato do Norte da Itália, o segredo do sabor do ossobuco de vitelo é marinar a carne, que fica em emulsão por um dia inteiro. A paciência vale a recompensa, já que a combinação da marinada com o risoto de açafrão proporciona uma mistura forte e muito rica em sabores. O prato é criação do chef italiano Nicola Giorgio .

 

Risoto de Ossobuco de Vitelo (1 porção)

Ingredientes: 80g de arroz arbóreo; 50g de cebola branca; 50g de azeite extravirgem; 100ml de vinho branco; 50g de rôti de vitela; 40g de queijo parmesão; 40g de manteiga; 10g de tomilho; 50g de cenoura; 50g de alho-poró; 25g de aipo; 50ml de vinho tinto; 300g ossobuco de vitelo; 50g de farinha de trigo; 10g de alho; 20g de sal; 2g de pimenta-do-reino e 2g de açafrão.

Modo de preparo:

1. Misture o vinho tinto, a cenoura, o aipo, o alho-poró, a cebola, o alho, o sal, a pimenta-do-reino e o tomilho. Coloque o ossobuco para marinar nesse preparado por um dia.

2. Depois de marinado, coloque o ossobuco para assar com o preparado em forno a 180ºC, por quatro horas.

3. Esquente levemente o azeite e acrescente o arroz e a cebola. Vá colocando o vinho branco aos poucos, para soltar do fundo da panela. Acrescente açafrão, manteiga, parmesão e sal. Mexa cuidadosamente, até que fique cremoso, deixando o arroz al dente.

4. Depois de pronto, coloque o arroz no centro de um prato fundo. Abra um espaço no centro do risoto e coloque os pedaços de ossobuco, soltos do osso, até preenchê-lo completamente. Regue suavemente com o molho do assado.


O Globo segunda, 16 de setembro de 2019

MAITÊ PROENÇA: SOU UM POÇO DE CARÊNCIA

 

'Sou um poço de carência', diz Maitê Proença

Atriz planeja transformar sua casa em espaço cultural, se dedica a vídeos no Instagram e comenta ataques às suas posições políticas
 
 
Maitê Proença Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Maitê Proença Foto: Ana Branco / Agência O Globo
 
 

Maitê Proença quer transformar um de seus dois apartamentos no Edíficio Chopin, endereço elegante ao lado do Copacabana Palace, num "centro cultural de resistência", como define. Maria, sua filha de 28 anos, saiu de casa há sete meses para morar com o namorado, e a atriz, de 61 anos, está cheia de ideias para ocupar o "ninho vazio", agora compartilhado apenas com Isadora Duncan, uma schnauzer branca de 16 anos.

 

 

A estreia será em outubro, com Amir Haddad encenando sua adaptação teatral de “Assim falou Zaratustra” na sala com vista para o mar, decorada com obras de Tomie Ohtake e Cristina Canale. Ali, onde Maitê também grava os vídeos sobre mulheres históricas que tem postado no Instagram, só se pisa depois de "calçar" um saco de algodão sobre os sapatos. Eles ficam à disposição do visitante num vidro em frente à porta de entrada.

Adepta de uma vida saudável, Maitê não come carne há 18 anos, faz os próprios xampu, pasta de dente e sabão de lavar roupa. Colocou até um filtro na pia de seu banheiro para melhorar a água com a qual lava o rosto. No lavabo, porém, o que chama atenção é a frase escrita na parede dedicada a recados de amigos: "Todos contra a corrupção".

Foi por causa de política que a atriz esteve recentemente na berlinda. Depois de sair em defesa de Regina Duarte, que apoiou a candidatura de Jair Bolsonaro, em 2018, foi bastante criticada nas redes sociais. Ela também foi atacada por quase ter virado ministra do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro . O nome da atriz foi sugerido por um grupo de ambientalistas, mas a ideia acabou não indo para frente. No mês passado, se viu novamente no alvo após de aparecer num protesto pró-Amazônia ao lado de artistas que erguiam cartazes contra o governo e sua política ambiental.

 

Como é a ideia do centro cultural em casa?

Quero fazer um polo de cultura, um centro cultural de resistência. Um lugar para as pessoas ensaiarem e darem uma contribuição para pagar a faxineira, com pré-estreias em que se passe o chapéu. Coisas que a gente faz na velhice, quando começa a querer fazer mais para o coletivo. Imagina, aos 100 anos, eu ficar uma velha sábia, generosa, com gente criando em volta e cheia de bisneto?

Está com vontade de ser avó?

Estou louca para ser avó. O namorido da Maria tem duas filhas. A que tem 4 anos é igualzinha a mim. Divertida, aventureira, destemida. A gente vai à praia e ela quer se enfiar na onda. Maria diz que tem mais medo de deixá-la comigo do que com a Isadora, a cachorra ( risos ). O que é injusto porque a Maria nunca quebrou um osso.

Aos 40 anos de carreira, como enxerga sua trajetória?

Não sei. Poderia ter sido melhor se soubesse o que sei hoje. Eu tinha perrengues emocionais com os quais não estava preparada para lidar publicamente, abrir meu coração e me dilacerar ( em 2005, Faustão pegou a atriz de surpresa ao revelar no "Arquivo confidencial", detalhes da história familiar de Maitê, que, aos 12 anos, teve a mãe assassinada a facadas pelo pai por ciúmes. Ele foi julgado duas vezes e absolvido com ajuda do depoimento dela ). Achava que podia morrer daquilo. Hoje, tenho instrumental para lidar com eles. Tenho dores, mas não tomo remédio. Nunca tomei um Rivotril.

 

Como eram seus pais?

Meus pais eram complexos, tinham defeitos terríveis, avassaladores. Mas qualidades também. Minha mãe era uma hedonista, amava a vida acima de todas as coisas. Estudou em colégio interno, não teve mãe nem pai, precisava seduzir o mundo. Era professora de filosofia, foi secretária de cultura de Campinas ( Maitê nesceu em São Paulo e foi criada em Campinas ), minha casa vivia cheia de artistas. Contrariava o que os médicos mandavam, inclusive, para os filhos.

Era encantadora, divertida e irresponsável. Eu não botei roupa até os 12 anos de idade, andava pelada em casa. Não me lembro de ter saído com ela para comprar roupa. Quando a gente morou em Ubatuba, eu andava com umas tangas, uns trapos amarrados. Meu pai era honesto, justo, duro inflexível, o oposto da minha mãe. Quando fui morar na Europa ( aos 16 anos, em Paris, para terminar os estudos ), escrevia cartas para ele, que voltavam marcadas com os erros de português. Eu tinha que ser perfeita, era impossível agradar.

Em que momento da sua vida sentiu mais falta da sua mãe?

Hoje. Antes, eu negava isso. Não aguentava pensar em tudo que a levou, era insuportável. Quando tive estrutura para ir dentro de mim, comecei a sentir muita falta. De ela saber que eu sabia quem era ela. Queria que ela tivesse espaço para poder ser comigo o que não podia ser com ele ( o pai ). Muito da minha vida fiz em homenagem a ela ( chora ). Ela não pôde viver plenamente. Então, fui louca para ela, tive os namorados para ela, fui amar enlouquecidamente para ela, fazer sexo para ela.

 

Você se considera liberada no sexo? Em 2004, escreveu uma crônica sobre 69 para a revista "Época"...

A vida inteira achei complexo fazer 69. Pensava: "Nossa, tenho que fingir que estou achando isso bom? Tenho que estar relaxada embaixo e, em cima, ativa e hábil. Dando e recebendo ao mesmo tempo". Parece culpa católica ( risos ). Não sei se sou liberada, mas não acho que sexo seja tudo isso que as pessoas dizem. 

Você interpretou muitos personagens sensuais, tinha essa consciência?

Não tinha consciência de nada. Nem que as mulheres não gostavam quando eu entrava num lugar. Os homens ficavam mexidos porque pensam com a cabeça de baixo e ficam menos inteligentes. Então, vivi num mundo imbecilizado. Me achava esperta pra sacar o comportamento das pessoas, mas descobri que sou uma tonta, uma ingênua enganável.

Descobri que fui traída pelas minhas melhores amigas. Tive uma secretária que ficou 25 anos comigo e me roubou muito. Eu não sabia nem assinar um cheque. Uma outra amiga roubou de dentro da minha bolsa quando fui ao banheiro no restaurante. Os psicopatas têm atração profunda por mim. Por causa dessa carência. Eu sou um poço de carência. Olha que coisa imbecil de se dizer! Uma mulher adulta de 60 anos de idade falar que ainda está mal resolvida nessa área... Mas é verdade! É uma ilusão achar que você amadurece e se cura. A gente aprende a lidar com quem é, mas o buraco fica.

 

Sofreu assédio? Como lidou?

Sofri, com força física, inclusive. Fora todas as ameaças de ser humilhada, colocada para escanteio. Mas essa postura de vítima com quem não é me incomoda. Temos que dar voz a mulheres obrigadas a casar com homens que não escolheram, impedidas de estudar e trabalhar. Mas, você, toda inteligente, com confortos e instrumental para colocar aquele homem no lugar dele? Em último caso, dê-lhe um safanão físico.

Você já disse ter aprendido que, se ficasse inteligente, faria inimigos. Se escondeu atrás da beleza?

A beleza é avassaladora e vira um estigma. Quando junta outros atributos, fica mais complicado. Quando vim morar no Rio ( aos 19 anos, depois de estudar em Paris ), a beleza era mais valorizada do que em todos os lugares em que tinha pisado. Havia uma herança da corte, códigos que eu não entendia. Quanto mais me fechava, mais parecia metida, que estava me achando. Uma hora achei que tinha conseguido agradar, mas aí cansei de ter um personagem. Acho que até hoje sou inábil, um pouco desagradável. Sempre fui desastrada como bicho social. Algo em mim é incômodo para o outro.

 

Como é envelhecer?

Muda a forma como o mundo olha para você. Essa história com a Brigitte Macron ( Bolsonaro endossou um comentário que zombava dela ) foi preconceito de idade. Na época do Sarkozy ( ex-presidente da França ) com a ( cantora ) Carla Bruni ninguém comentava a diferença de idade ( de 13 anos ). Agora, como a mulher é a mais velha... O mundo faz você perceber que agora representa outra coisa, talvez as pessoas te queiram menos.

De onde veio a ideia da série de vídeos "Mulheres de fibra", em que fala de Dercy Gonçalves, Ada Rogato, Florence Nightingale e Nair de Teffé no Instagram?

É um bom jeito de falar da mulher sem ficar levantando bandeiras bobas, de contar quem abriu caminho para a gente hoje poder falar. Qualquer movimento que se torne forte por motivos justos depois tem desvios, né? Está cheio de gente que fala sem conhecer a história do feminismo só para pertencer ao grupo.

E as peças que estava encenando no ano passado (" A mulher de Bath" e "À beira do abismo me cresceram asas"), vão voltar?

Como ficou muito difícil fazer teatro, fui para as redes. Hoje, se você é uma pessoa pública e não está nas redes, desaparece. Preciso delas para promover minhas peças. Não tenho dinheiro nem patrocinador. Levei trambique dos produtores, que não me pagaram. Estava em cena há três anos e parei para acertar as contas. Fiz tudo sem lei de incentivo e queria levar para comunidades, aldeias, quilombos. Eu estava na Rouanet, mas agora, com todo esse mau humor com a lei, meu patrocinador recuou...

 

Acha que há má vontade com a cultura e com os artistas?

É ignorância, as pessoas não sabem o que é Lei Rouanet. O que torna o Brasil conhecido é a sua cultura: o carnaval, o samba, a bossa nova. Não se ama o Brasil pelos bifes, as galinhas das granjas, ou a soja transgênica. O país está deprimido e isso torna as pessoas odientas, falando barbaridades. E quem está no poder mente e desmente dados do Inpe Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ), por exemplo...

Você está falando da Amazônia?

Existe um vazio imenso e irresponsável, um desmonte do que se construiu durante 30 anos por revanchismo com o governo do PT. Hoje, com satélite, dá para ver o desmatamento e multar. Mas o presidente não acredita em satélite. Tá cheio de terra abandonada pelo agronegócio que pode ser reutilizada. Não precisa fazer isso com a Amazônia.

Você foi cotada para ser ministra do meio ambiente do governo Bolsonaro?

Não fui chamada pelo grupo do Bolsonaro, mas por ambientalistas que sugeriram o meu nome. Eu não estava preparada, mas conversei com pessoas que acharam uma boa ideia. Sou ativista ambiental há anos, conselheira da Conservation Internacional ( ong ambiental criada em 1990 ). Eles ( o governo ) não queriam alguém do Ibama, achavam que era órgão de comunista. Eu sabia que ia levar paulada da minha classe. Ficam pensando "ah, bolsimínia". Eu, no desespero, me ofereci em sacrifício. Pela Amazônia, era para todo mundo dar as mãos e deixar a ideologia de lado.

 

Também foi criticada por defender Regina Duarte, que apoiou Bolsonaro...

Acho feio, agressivo e malvado a minha classe, que conhece a Regina e sabe de sua honestidade, jogar pedra porque ela pensa diferente. Onde é que nós estamos? Em 1964? Me coloquei não porque concordo com ela, mas porque quero que preservem o direito de pensar diferente. Fiquei com vergonha da minha classe, da mesma forma quando destruíram a carreira do José Mayer. Em nome de que? De um feminismo torto?

Muitas atrizes saíram em defesa da figurinista Su Tonani, que o acusou de assédio. Acha mesmo que houve um exagero?

Já trabalhei com o Zé, ele nunca avançou em mim. Aquela história foi caluniosa e oportunista. Não deveria ter vindo a público. Era pra ser resolvida com a namorada, eles tinham uma relação. A gente não deve se meter no que não conhece. Feminismo é coisa séria demais pra virar instrumento de maldade!

Em quem votou na última eleição? Se arrepende?

Votei na Marina ( Silva ) e, no segundo turno, não votei porque estava fazendo minha peça em Porto Alegre. Simplesmente não fui votar. Foda-se. Não tive vontade, não tinha opção. Então, fui lá e fiz a minha arte, política à minha maneira. O teatro me salvou.

Você viveu com o empresário Paulo Marinho, pai da sua filha e que esteve diretamente envolvido na campanha de Bolsonaro (o “quartel-general” da campanha bolsonarista ficava na casa do empresário, no Rio). Vocês conversaram sobre política?

No momento da campanha, houve um afastamento, uma tensão entre a Maria e o pai. Comigo também. Não dava pra conversar, falei: "Tem limite, né, Paulo?". Eu e ele nunca pensamos igual. Rio com ele, mas às vezes não levo a sério determinadas coisas. Ainda que ele seja articulado, inteligente, engraçado, me parece que tem uma pitada de loucura quando bota o Bolsonaro para morar, praticamente, dentro da casa dele. Não posso falar pelo Paulo, evito esse assunto com ele, mas suponho que tenha havido um desencantamento.

Uma crítica que fazem a você é o fato de nunca ter se casado oficialmente para não perder a pensão deixada por seu pai...

As pessoas falam demais, dizem que meu pai era militar, mas ele nunca foi ( era desembargador e foi  procurador de Justiça de São Paulo ). Aos 20 anos, quando conheci o Paulo, não tinha conhecimento do benefício, e tampouco podia imaginar que meu pai fosse se matar anos depois ( o pai de Maitê, assim como um de seus dois irmãos, se suicidou ).

 

Mas, sobretudo, não acredito na instituição. A minha experiência era de que os casamentos acabam em sofrimento, por isso não me casei. Mas isso ( a pensão ) já tramitou em juízo, é um direito adquirido. Porque aquele funcionário público ( o pai ) pagou impostos durante toda a vida  para que a pensão acontecesse. Se não concordam com a lei, que é de 1940 e talvez seja anacrônica, devem mudá-la de agora para a frente. Não podem fazer isso com as pessoas.


O Globo domingo, 15 de setembro de 2019

JACKSON DO PANDEIRO: NO ANO DE SEU CENTENÁRIO GANHA TRIBUTO DO CASUARINA

 

No ano de seu centenário, Jackson do Pandeiro ganha tributo do Casuarina

Em temporada na Caixa Cultural, quarteto carioca apresenta espetáculo focado nos sambas escritos pelo Rei do Ritmo
 
 
 Em sua estreia discográfica, em 2005, no autointitulado Casuarina, o grupo carioca de samba encerrava o álbum com um pot-pourri de cinco músicas de Jackson do Pandeiro: “Quadro negro”, “Babá de cachorro”, “Cabo Tenório”, “Mundo cão” e “Rosa”.

Quase 15 anos depois, o agora quarteto volta a celebrar a obra do cantor e compositor paraibano, cujo centenário é comemorado neste ano. Nesta sexta (13/9), na Caixa Cultural, o Casuarina estreia o show “Cem anos do Rei do Ritmo — Casuarina canta os sambas de Jackson do Pandeiro”. A temporada, de sexta a domingo, segue também no próximo fim de semana.

 

— A gente sabia que ele receberia muitas homenagens. Por isso, resolvemos focar no seu cancioneiro como sambista, um lugar que ele sempre quis se situar de maneira veemente. Ele fazia samba com quebrada, com uma divisão muito bonita — conta o idealizador do tributo, Gabriel Azevedo (voz e pandeiro), que forma o grupo ao lado de João Fernando (bandolim e voz), Rafael Freire (cavaquinho) e Daniel Montes (violão).

Após um recorte de quase 50 músicas, Azevedo chegou às 26 faixas que compõem o roteiro.

— Ele tinha o papo de que tudo que fazia era coco, mas não era bem assim. Vamos apresentar facetas diferentes dele. Tem o Jackson mais conhecido, o engraçado, mas também o romântico e o político, como em “O trabalhador”, na qual ele toca em feridas abertas de nossa sociedade ainda hoje — diz.

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No palco, os quatro tocam acompanhados pelos percussionistas Fabiano Salek, Luiz Fernando, Renato Albernaz e Rodrigo Reis.

— Tivemos que nos adaptar, inserir o triângulo, por exemplo, coisas da música nordestina que davam aquele toque único dele ao samba. Ficou um show enxuto e dinâmico — afirma Azevedo, que planeja levar a homenagem ao resto do país. — A ideia é também levar para a Paraíba, a terra dele, que está em festa neste ano.


O Globo sábado, 14 de setembro de 2019

RECEITA: PICOLÉ DE CAIPIRINHA

 

Picolé de caipirinha para o Dia Nacional da Cachaça

POR MARIANA WEBER

 

Picolé de caipirinha

 

 

Se você pensa que cachaça é água, repense. Mas picolé ela pode ser. Como nesta receita de picolé de caipirinha que eu aproveito hoje, 13 de setembro, Dia Nacional da Cachaça, para publicar aqui no blog.

Sugiro fazer com limão e maracujá porque foram os sabores que testei, mas você pode variar com as frutas de sua preferência, ou mesmo tentar inventar outros picolés de drinques. Só não exagere no teor alcoólico, porque:

 - A gente tem a tendência de consumir o picolé mais rápido do que toma um drinque, até para evitar que o gelo derreta.

- Álcool congela a uma temperatura mais baixa que água. Se a proporção dele na mistura for alta, talvez não solidifique. (O site The Spruce Eats sugere quatro partes de água ou suco para uma parte de bebida alcoólica; foi mais ou menos isso que eu segui).

Respeitados os princípios acima, o preparo é simples. Tão fácil quanto fazer uma caipirinha. E, assim como numa caipirinha, o resultado é bem melhor quando se usa uma cachaça de qualidade.

Ah, um cuidado adicional: se você tiver criança em casa, não dê bobeira com o picolé no freezer para evitar confusões.

(Para ver outras receitas com cachaça, confira o que eu vou postar hoje no Instagram @ocadernodereceitas)

Receita


Ingredientes
200 ml de água
50 ml de cachaça boa
Suco de 1 limão ou polpa de 1 maracujá ou a fruta da sua preferência
3 colheres (chá) de açúcar (ou a gosto; prove).

Modo de preparo

Misture os ingredientes.

Coloque em formas ou copinhos e espete palitos. Se quiser, no picolé de limão acrescente fatias bem finas da fruta.

Leve ao congelador e espere firmar.


O Globo sexta, 13 de setembro de 2019

OBRAS-PRIMAS DE VIDRO E COR: OS VITRAIS DO RIO

 

Obras-primas de vidro e cor: os vitrais do Rio

Góticos, clássicos e abstratos: vitrais de diferentes estilos e épocas enfeitam edifícios históricos, igrejas e shoppings e inspiram roteiro pela cidade
 
 
Vitrais alemães decoram o foyer do Teatro Municipal com musas das artes Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Vitrais alemães decoram o foyer do Teatro Municipal com musas das artes Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
 
 

Diariamente, quando clareia o céu da cidade, musas gregas das artes ganham vida no foyer do Municipal. Urânia, deusa da astronomia, aparece imponente na escadaria do Mast, em São Cristóvão. No Centro Cultural Justiça Federal, no Centro, uma mulher de olhos vendados surge no hall de entrada.

 

Os vitrais resistem — e nos levam ao Rio de Janeiro do começo do século XX, o Rio da Belle Époque, uma cidade que mirava tendências europeias e importava conceitos arquitetônicos para se glamorizar. A seguir, um roteiro inspirado nesta arte em extinção na cidade.

Teatro Municipal

Da Cinelândia, pouco se notam as figuras entre os pilares da fachada do Teatro Municipal. Inaugurado em 1909, o prédio tem ali seus três maiores vitrais, com 4,10m de altura e 3,20m de largura, cada. Lá dentro, as peças se engrandecem com a luz externa: deusas da dança, do drama e da música colorem o teatro.

Os vitrais do Municipal foram desenhados por Feuerstein e Fugel, dois artistas alemães de Stuttgart, e executados pela fábrica Franz Mayer, de Munique. Além das musas, há conjuntos nas escadas laterais, nas rotundas e na cúpula do foyer.

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— Todos estão no andar onde ficam os gabinetes do presidente e do governador, que tinha que ser o andar mais bonito. No vitral da cúpula do foyer, Apolo tem símbolos do zodíaco atrás da cabeça: peixes e aquário. Em uma livre interpretação, indica que o prédio representava uma nova era. O Municipal já nasceu republicano — diz Fátima Cristina Gonçalves, chefe do centro de documentação do Teatro.

 
Os três principais vitrais do Teatro Municipal, no foyer Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Os três principais vitrais do Teatro Municipal, no foyer Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Um dos principais vitralistas em atividade no Brasil, Luidi Nunes, da Luidi & Gonçalves, restaurou os vitrais do teatro em 2010, e não poupa elogios às peças feitas por Feuerstein e Fugel.

— Eles eram professores de Belas Artes, e a Franz Meyer é a mais prestigiada fábrica de vitrais que já existiu. Considero os vitrais do Municipal os mais bonitos do Rio — diz.

Praça Floriano s/nº, Cinelândia — 2332-9191. Visitas guiadas: ter a sex, às 12h, às 14h30 e às 16h. Sáb e feriados, às 11h, às 12h e às 13h. R$ 20 (reversível para compra de ingresso de espetáculos).

Centro Cultural Justiça Federal

Se no teatro as alegorias dos vitrais fazem referência às artes, na antiga sede do Supremo Tribunal Federal, no Centro, o tema é, naturalmente, a justiça.

— Era comum que os desenhos dos vitrais estivessem ligados à função do local onde seriam instalados — diz Helder Viana, arquiteto e subgerente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, especialista no assunto.

Também de 1909, o edifício projetado pelo espanhol Adolfo Morales de los Rios, que abriga hoje o CCJF, tem seu principal vitral atrás da escadaria monumental, no hall de entrada. A peça é de autoria de Gastão Formenti, filho do italiano Cesare Formenti, importante vitralista da época, e traz a figura feminina representando a justiça, vendada, segurando uma espada na mão direita e uma balança na esquerda.

 
Um dos vitrais do CCJF exibe uma figura feminina representando a justiça. Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Um dos vitrais do CCJF exibe uma figura feminina representando a justiça. Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Outros vitrais do espaço também evocam o tema da lei, como os que representam o jurista americano John Marshall e Justiniano, imperador bizantino do século VI. Estes últimos são de autoria do belga François Frank Urban, desenhista da Casa Conrado, de São Paulo, provavelmente a mais importante oficina de vitrais que já funcionou no Brasil.

Av. Rio Branco 241, Centro — 3261-2550. Ter a dom, do meio-dia às 19h. Grátis.

Catedral Metropolitana

Pelo estilo incomum, os vitrais da Catedral Metropolitana de São Sebastião são, talvez, os mais conhecidos dos cariocas. Estão nas quatro faixas que acompanham a cruz do teto da catedral, de arquitetura cônica, inaugurada em 1979. Os vitrais somam 4.750 m² de cores vivas e traços modernistas.

— São de Lorenz Heilmair, um alemão que, além de ter desenhado, fabricou os vidros e executou a obra — conta Helder Viana.

 

Técnica empregada nos vitrais da Catedral Metropolitana é incomum: além do uso do concreto no lugar de ligadura de chumbo, os tijolos vidros tem espessura de 2,5 cm Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Técnica empregada nos vitrais da Catedral Metropolitana é incomum: além do uso do concreto no lugar de ligadura de chumbo,
os tijolos vidros tem espessura de 2,5 cm Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Segundo Luidi Nunes, os vitrais de Heilmair merecem destaque por se tratar de uma técnica diferente.

—Foram feitos com tijolos de vidro pesados, com 2,5 cm de espessura. O resto é feito em concreto — conta Luidi.

Av. Chile 245, Centro — 2240-2669. Diariamente, das 7h às 17h. Missa aos domingos, às 10h. Grátis.

Basílica da Imaculada Conceição

A igreja na Praia de Botafogo tem um dos conjuntos de vitrais mais preciosos do Rio, segundo os especialistas. São de 1891 e foram projetados pelo francês Lucien Bégule, de Lyon, sob encomenda das irmãs da Congregação das Filhas da Caridade. São 19 vitrais de temas religiosos. Uma série retrata o evangelho. Outra narra a vida de Maria. Uma composição reproduz “A primeira missa do Brasil”, pintura histórica de Victor Meirelles.

 

 
De arquitetura neogótica, Basílica da Imaculada Conceição, em Botafogo, tem conjunto de 19 vitrais datados de 1891 Foto: Ana Branco / Agência O Globo
De arquitetura neogótica, Basílica da Imaculada Conceição, em Botafogo, tem conjunto de 19 vitrais datados de 1891
Foto: Ana Branco / Agência O Globo

— É uma das igrejas neogóticas mais antigas e belas do Brasil, feita de pedra e não de concreto armado. Os vitrais são de altíssima qualidade, feitos com técnicas medievais, com vidros especiais, soprados artesanalmente — comenta Helder Viana.

Praia de Botafogo 266, Botafogo — 2551-7948. Seg a qui, das 7h às 18h40. Sex e sáb, das 9h às 18h40. Dom, das 7h às 19h40. Grátis.

Edifício Touring

 

No Edifício Touring, vitral da escadaria tem inspiração na fauna brasileira Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
No Edifício Touring, vitral da escadaria tem inspiração na fauna brasileira Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Ponto de embarque e desembarque portuário, o Touring, na Praça Mauá, abriga, até o dia 29, mais uma edição do Casa Cor. Projetado pelo francês Joseph Gire — o mesmo do Copacabana Palace — e inaugurado em 1926, tem, entre outros elementos art déco , vitrais de Cesare Formenti.

—Os vitrais são importantes porque, além da passagem de luz, eles adornam e trazem elementos decorativos e educativos. Os do Touring mostram a flora brasileira, com uma grande palmeira e as bromélias. O vitral na entrada retrata a chegada dos portugueses ao Brasil, com caravelas, paisagem da Baía de Guanabara e relevo do Rio de Janeiro — explica o arquiteto Mario Santos, um dos responsáveis pela escolha do local para abrigar o Casa Cor.

Casa Cor: Praça Mauá s/nº, Centro —2512-2411. Ter a sáb, do meio-dia às 21h. Dom, do meio-dia às 21h. R$ 50 (ter a sex) e R$ 60 (sáb e dom). Nesta sexta (13), durante a happy hour (das 17h às 21h), ingresso a R$ 25. Até 29 de setembro.

 

Museu de Astronomia e Ciências Afins

Urânia é a musa do Mast. Plena, descansa diante das escadarias em mármore carrara do museu, em São Cristóvão. É o principal vitral entre os sete do prédio, e também tem a assinatura de Cesare Formenti. De pé, a deusa da astronomia segura um compasso e uma luneta. Ao seu redor, signos do zodíaco.

Rua General Bruce 586, São Cristóvão — 3514-5229. Ter a sex, das 9h às 17h. Sáb, das 14h às 19h. Dom, das 14h às 18h. Grátis.

Norte Shopping

Vitral em shopping? Sim, e não é pouca coisa. O Norte Shopping tem mais de 1.200m² de vitrais no teto do segundo piso. Os conjuntos foram desenhados pelo britânico Brian Clarke, vitralista com projetos espalhados no mundo inteiro. É o primeiro abstrato da lista, e foi colocado no shopping em 1996 pela oficina Franz Meyer.

Av. Dom Hélder Câmara 5.474, Cachambi — 3315-4300. Seg a sáb, das 10h às 22h. Dom, das 13h às 22h.

Palácio Tiradentes

 

Vitral do Palácio Tiradente reproduz o céu do Rio às 9h15 do dia 15 de novembro de 1889, o chamado
Vitral do Palácio Tiradente reproduz o céu do Rio às 9h15 do dia 15 de novembro de 1889, o chamado "exato momento"
da proclamação da república Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Antigo Congresso Nacional (até 1960) e hoje sede da Assembleia Legislativa do estado do Rio, o Palácio Tiradentes tem em seu vitral de cúpula um simbolismo republicano. Em tons claros de azul, a composição retrata o céu do Rio às 9h15 do dia 15 de novembro de 1889, o chamado “momento exato” da Proclamação da República. Desenhado por Rodolfo Chambelland e também executado por Gastão Formenti, o vitral abobadado tem 2,5 mil fragmentos de vidro e passou por uma reforma recente, também feita por Luidi Nunes.

 

Rua Primeiro de Março s/nº, Praça Quinze — 2588-1251. Seg a sáb, das 10h às 17h. Grátis.

Real Gabinete Português de Leitura

Quem entra ali olha logo para cima. Impressiona a funcionalidade do vitral de cúpula do Real Gabinete, que ilumina o interior do edifício com pé direito triplo.

— Veio pronto de Portugal, e a parte de ferro, da Inglaterra — explica Luidi Nunes, com uma observação técnica. — Não é exatamente um vitral, pois não tem ligadura de chumbo. É de ferro fundido, com vidros coloridos.

Rua Luís de Camões 30, Centro — 2221-3138. Seg a sex, das 9h às 18h.

Outros vitrais:

Igreja Bom Pastor (Tijuca): Também fabricados pela oficina alemã Franz Meyer, são de 1907. São cerca de 50 vitrais que decoram portas e janelas da igreja, todos religiosos.

Confeitaria Colombo (Centro): De autoria desconhecida, os vitrais de cúpula da confeitaria são de 1925. Para Luidi Nunes, que fez uma réplica em menor escala no Galeão, provavelmente foram feitas pela Casa Conrado.

Casa Julieta de Serpa (Flamengo): O lugar tem vitrais importados, assinados pelo francês Charles Champigneulle, o mesmo que fez os vitrais do Palácio Laranjeiras. São de 1920.

Fluminense (Laranjeiras): O salão nobre do clube tem vitrais franceses, encomendados pelo então presidente Arnaldo Guinle em 1920 para compor a arquitetura do catalão Hypolito Pujol.

Igreja da Candelária (Centro): Os vitrais da Candelária são do final do século XIX e foram projetados pelo alemão Franz Zettler, de Munique. São de cunho religioso e necessitam de restauração por conta de vandalismo.

Museu da República (Catete): De procedência alemã, os vitrais do museu são os mais antigos da cidade. O da claraboia é de 1863, com desenho de Gustav Waehneldt.


O Globo quinta, 12 de setembro de 2019

ELZA SOARES: O BRASIL SÓ ESTÁ GRIPADO, VAI PASSAR LOGO

 

Elza Soares: 'O Brasil só está gripado, vai passar logo'

Em seu novo disco, 'Planeta Fome', cantora traça retrato de país doente, mas apontando caminhos da cura, ao lado de convidados como BaianaSystem e BNegão
 
 
Elza Soares: 'Planeta Fome' Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Elza Soares: 'Planeta Fome' Foto: Ana Branco / Agência O Globo
 
 

RIO - Sobre a potência da base do BaianaSystem , a voz de Elza Soares rasga o ar com uma declaração sintética, carta de intenções de uma vida: “Eu não vou sucumbir”. As palavras que abrem “Libertação” (inédita de Russo Passapusso) soam como eco. Em “Mulher do fim do mundo” , de 2015, ela já tinha gritado: “até o fim eu vou cantar”. Em 2002, assumindo os versos que Chico Buarque escreveu pra ela, afirmou-se “dura na queda”. 

Os primeiros segundos de “Planeta Fome” (Deckdisc), seu novo disco, dialogam portanto com essa certeza de sobrevivência e força que sempre acompanhou Elza. E preparam terreno para o que virá em seguida: um retrato de um Brasil doente, mas que carrega nele mesmo a cura.

— Já vi o país caidinho e doente assim. Mas o Brasil só está gripado, vai passar logo — diz Elza, no estúdio da Deckdisc, onde gravou o álbum. — O remédio, o chá, o própolis dessa gripe é o povo. Já passamos por isso nos anos 1960, pra mim era uma gripe que já tinha acabado, mas ela continua. Mas o chá do povo tá fraco, o povo anda com medo, parece que botaram Lexotan na água do povo.

“É um absurdo a gente ainda ter que gritar uma letra como a de 'Não recomendado' (de Caio Prado, com versos que acusam a homofobia da sociedade brasileira), ou dizer que a mulher é importante. ”

 

Elza se supreende por ter que repisar temas que, a seu ver, deveriam estar superados:

— É um absurdo a gente ainda ter que gritar uma letra como a de “Não recomendado” (de Caio Prado, com versos que acusam a homofobia da sociedade brasileira) , ou dizer que a mulher é importante. Por isso o Brasil é motivo de chacota hoje.

“Planeta Fome” é esse lugar doente cantado por Elza no disco — e retratado por Laerte na capa. A cantora retoma a expressão que usou para responder Ary Barroso em 1953, quando ela, jovem caloura do programa do compositor e apresentador, ouviu dele a pergunta: “De que planeta você veio, minha filha?”. Ele fazia chacota com seu jeito de falar e de se vestir, que indicava sua origem pobre.

 

— A concepção desse disco começou quando dei aquela resposta a Ary Barroso — explica Elza, que termina o álbum fazendo uma referência aos Titãs, como o verso “Você tem fome de quê?”. — Naquela época, a fome era de comida. Hoje é de tudo: de respeito, de sáude, de amor. Esse país sempre viveu de amor. Cadê o amor desse país?

“Não me considero uma 'Chica Buarca', mas minhas músicas são mensagens de dor, da dor que vivi. Não preciso ler livros para contar histórias, elas estão na minha vida.”

 

Já na segunda faixa, a inédita “Menino” (composta pela própria Elza, cantada à capela), ela mesmo tenta indicar caminhos para a resposta, ou ao menos seu início. Dirigindo-se ao personagem título com ternura e voz embargada, ela diz: “Venha cá, menino/ Não faça isso não/ Sei que é muito triste/ Não ter casa, não ter pão/ Não te leva a nada/ Destruir o seu irmão/ Você representa/ O futuro da nação”.

— Na Água Santa ( bairro da Zona Norte onde ela foi criada ), via sempre garotos brigando, jogando pedras um no outro. Então fiz essa canção pensando nisso, ela é antiga à beça. Tenho muita música minha. Não me considero uma Chica Buarca , mas minhas músicas são mensagens de dor, da dor que vivi. Não preciso ler livros para contar histórias, elas estão na minha vida.

Nos seus premiados discos anteriores, “A mulher do fim do mundo” (2015) e “Deus é mulher" (2018), Elza esteve sob a produção de Guilherme Kastrup — e cercada de músicos identificados com certa cena experimental paulistana, como Kiko Dinucci, Romulo Fróes e Marcelo Cabral. Desta vez, sob a produção de Rafael Ramos, ela aparece novamente cercada de artistas mais jovens, mas de outros ares. O rap está representado por BNegão (“Blá blá blá”) e Rafael Mike (“Não tá mais de graça”). Além de BaianaSystem (que em “Libertação” tem o reforço dos arranjos de Letieres Leite e os vocais de Virginia Rodrigues), há participações de músicos como Pupillo. Pedro Loureiro canta “Me dê motivo” como música incidental em “Blá blá blá” — Pedro é empresário de Elza ao lado de Juliano Almeida, além de diretor artístico do disco. 

— Adoro cantar o verso do Rafael Mike: “A carne mais barata do mercado não tá mais de graça/ O que não valia nada agora vale uma tonelada”. Sou eu — afirma Elza, lembrando que Mike descobriu recentemente que era filho de José Baptista Ribeiro, que foi baterista na banda da cantora. — O sorriso dele é igual ao do pai.

“Não sei se vou ver um Brasil melhor. Mas tô trabalhando pra isso.”

ELZA SOARES
Cantora

 

Sucesso na voz de Tim Maia, “Me dê motivo” (de Michael Sullivan e Paulo Massadas) entra como referência à classe média que estão deixando o país (“Me dê motivo/ Pra eu ir embora”):

— Sou contra. Quando o país precisa de colo vai deixar a criança no chão? Não é só praia e futebol, não. Tem que cuidar.

Elza dá seus sermões no menino Brasil, como em “Comportamento geral”, de Gonzaguinha. Além dessa, ela gravou outra do compositor no disco, “Pequena memória de um tempo sem memória”.

— Gravei Gonzaguinha no início da carreira dele, “O gato” (em 1972) — lembra Elza. — As duas que gravei agora são duas porradas. E eu uso a minha voz pra dizer o que se cala (citação ao verso de “O que se cala”, de Douglas Germano, cancão que ela lançou em “Deus é mulher”) .

Rafael Ramos conta que Elza comandou o processo de escolha de músicas e foi voz ativa na sonoridade (“Assim que começamos, ela disse: ‘quero guitarra!’”, conta o produtor, completando que “ela respirou no cangote do disco”). Um dos compositores que ela queria no disco era Pedro Luís (“Virei o jogo”), que na reta final do disco reafirma o que ela cantou no início: “Nunca arreguei/ Quando tropecei sempre me ergui/ Já quebrei a cara/ Enfrentei as feras, nunca me rendi”.

 

— Não sei de onde tiro a força. Tem que perguntar para a força porque ela insiste em ficar em mim — diz a cantora, que parece não ter curiosidade na resposta, apenas quer seguir. — Não sei se vou ver um Brasil melhor. Mas tô trabalhando pra isso.

 Retrato musical de um país

Bernardo Araujo

Retratada em musical de sucesso, enredo da sua Mocidade em 2020, atração do Rock in Rio, Elza Soares está com tudo e não está prosa. Furiosa, talvez, como mostra desde a abertura, com “Libertação”, uma pancada com a cara do BaianaSystem — e produção e acompanhamento do próprio. A forma gutural como Elza canta “Eu não vou sucumbir” faz Russo Passapusso parecer um dos Canarinhos de Petrópolis. Apesar de ser produzida pelo trio baiano, a faixa dá uma pista de algo que aparece por todo o disco: a batucada, orgânica ou eletrônica, que emoldura a voz rascante da cantora do início ao fim.

Depois da vinheta “Menino”, o carimbó-enredo “Brasis” atualiza as tradicionais homenagens ao país, sem exaltar apenas as qualidades, mas com um amor igualmente incondicional — ou maior ainda. BNegão brilha com seu fraseado perfeito de rap em “Blá blá blá”. O Tim Maia incidental (na voz de Pedro Loureiro) com “Me dê motivo”,) acaba quebrando a levada planethêmpica da música.

 

Em versão reggae, o clássico “Comportamento geral”, de Gonzaguinha, se encaixa como uma luva no diagnóstico de um Brasil doente. O arranjo, leve, quase dançante, se contrapõe com precisão ao bico na canela que é a letra.

O conceito do disco, aliás, nem sempre joga a favor. Apesar de alguma variação na sonoridade, o tema acaba soando repetitivo em canções como a balada “Tradição”, que ecoa Benito Di Paula, “Lírio rosa” e “Não tá mais de graça”, em que ela retoma o tema de “A carne”, dizendo “A carne mais barata do mercado não tá mais de graça”. Elza e sua equipe (Rafael Ramos assina a produção), aliás, levam 10 no quesito conceito: o disco é todo bem amarradinho, em som, letra e música. Os arranjos passeiam pela MPB moderna, com rap, soul e outras levadas black misturadas.

“País do sonho” traz uma mensagem mais esperançosa, com direito a batida nervosa e homenagem ao ex-marido Mané Garrincha, antes de mais uma pancada de Gonzaguinha, “Pequena memória para um tempo sem memória”. O disco acaba bem, com a excelente “Não recomendado”, lembrando que no Planeta Fome ainda reina muita desnutrição. Em várias acepções, infelizmente.


O Globo quarta, 11 de setembro de 2019

CASO NEYMAR: POLÍCIA INDICIA NAJILA POR DENÚNCIA CALUNIOSA

 

Caso Neymar: polícia indicia Najila por denúncia caluniosa, extorsão e fraude processual

Ex-marido Estivens Alves também é indiciado por fraude processual e por divulgar material da modelo com conteúdo erótico
 
 
Neymar e Najila Foto: REUTERS e Reprodução SBT
Neymar e Najila Foto: REUTERS e Reprodução SBT

RIO — A Polícia Civil de São Paulo concluiu nesta terça-feira outros dois inquéritos relacionados à denúncia de agressão e estupro feita contra Neymar . A modelo Najila Trindade , que acusou o jogador do PSG, foi indiciada por denúncia caluniosa, extorsão e fraude processual.

Estivens Alves , ex-marido da modelo, também foi indiciado pelo crime de fraude processual e ainda vai responder pela divulgação de conteúdo erótico de Najila a um jornalista. Segundo a polícia, ele teria cometido este crime em troca de uma publicação na internet.

LEIA MAIS: Neymar está no top 3 do game 'Fifa 20' e do 'PES 2020'; Messi é o melhor jogador

O primeiro inquérito sobre o caso, que investigava a suposta agressão e o estupro foi concluído em julho. A delegada Juliana Lopes Bussacos, titular da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, alegou que não havia provas suficientes e decidiu não indiciar ojogador.

O inquérito foi então para o Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica do Ministério Público de São Paulo, que manteve a decisão da delegada. A juíza Ana Paula Vieira de Moraes, da Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, aceitou o pedido da promotoria para arquivar a denúncia contra Neymar no início de agosto.

Porém, duas outras investigações ainda estavam em curso. Uma delas foi pedida pela defesa do próprio Neymar que alegou que houve denunciação caluniosa e extorsão por parte de Najila. O outro inquérito foi aberto voluntariamente pelos delegados para apurar o desaparecimento de aparelhos eletrônicos da casa a modelo.

Após a decisão da delegada Monique Lima pelo indiciamento do casal, os inquéritos, que estão sob segredo de Justiça, foram encaminhados ao Tribunal de Justiça para apreciação pelos representantes do Ministério Público e do Poder Judiciário.

Procurado, Cosme Araújo, advogado de Najila, afirmou que só iria se pronunciar após ter acesso ao inquérito policial.


O Globo terça, 10 de setembro de 2019

CINCO DICAS PARA USAR BICICLETA ELÉTRICA E PATINETE

 

Cinco dicas para usar bicicleta elétrica e patinete em sua próxima viagem

Há regras, inclusive no Brasil, para circulação dos veículos
 
 
Como usar o patinete Foto: Lars Leetaru / NYT
Como usar o patinete  Foto: Lars Leetaru / NYT

 

 
Curioso para saber qual é a das bicicletas elétricas e patinetes que se veem por aí? Há uma explosão de veículos elétricos de aluguel em cidades de todo o mundo , oferecendo boas alternativas de locomoção ao transporte público.

Essas opções, baseadas em aplicativos – a maioria com nomes simples como Lime e Bird –,  foram criadas em sua maioria para ajudar a população local na movimentação do dia a dia, mas entrar na onda do transporte elétrico parece inevitável para os visitantes também.

 
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É claro que a adoção rápida desse meio não ocorre sem polêmicas ou problemas. Dois anos atrás, três empresas despejaram duas mil patinetes nas ruas de São Francisco sem licença nem permissão. Resultado: calçadas intransitáveis, cruzamentos atravancados e cadeiras de rodas impossibilitadas de usar as rampas. Sem demora, a prefeitura proibiu a operação e criou regras para integrar as bicicletas e patinetes elétricos na infraestrutura de transporte. (Paris está enfrentando problemas semelhantes depois de liberar a operação de doze empresas simultaneamente; em Nova York, a introdução de mil patinetes da Revel este ano em dois distritos já levanta questões sobre sua segurança).

A promessa universal dessas empresas – a de uma opção de transporte ecologicamente correta – também não é muito clara. Um estudo publicado em agosto na revista científica "Environmental Research Letters" concluiu que os recursos exigidos para a coleta e o carregamento das patinetes, bem como sua manufatura, não são necessariamente anulados pela "limpeza energética" de seu uso (várias companhias inclusive compram créditos de CO² para equilibrar as emissões). Apesar disso, e embora não sejam perfeitos, esses veículos são notavelmente mais ecologicamente corretos do que o carro, por exemplo, e se tornaram muito populares entre locais e turistas.

 

Pensando em dar uma voltinha de bicicleta elétrica ou patinete na próxima viagem? Veja aqui por onde começar.

 

Encontre a opção ideal

Os aplicativos facilitam muito a vida de quem tem mais de 18 anos na hora de encontrar bicicletas elétricas e patinetes, sem o inconveniente de ter de achar uma loja de aluguel (e muito provavelmente ter de discutir preços em uma língua estrangeira). Um dos maiores nomes nesse setor, o que não é surpresa, é a Uber, que administra a Jump (bicicletas e patinetes em 32 cidades de dez países) e recentemente se uniu em parceria à Lime (patinetes em 100 cidades de 25 países). Nos EUA, sua concorrente, a Lyft, também entrou na onda das patinetes (20 cidades) e opera o compartilhamento de bicicletas em oito cidades.

Entre outros nomes estão a Bird (patinetes em mais de cem cidades), que há pouco tempo adquiriu a Scoot, de San Francisco (patinetes, bicicletas normais e elétricas, em várias combinações, em San Francisco, Barcelona e Santiago). A maioria dessas empresas tem presença nos EUA e no exterior, e está crescendo rápido; verifique a disponibilidade no site da empresa antes da viagem e baixe o aplicativo. Se já estiver cadastrado no Uber ou no Lyft, você pode acessar as bicicletas e patinetes sem precisar abrir uma nova conta.

As interfaces diferem um pouco, mas geralmente mostram onde encontrar o veículo, como destravá-lo, o alcance do dispositivo e os preços. Normalmente, ele não precisa ser devolvido em um local determinado ou estação de acoplamento, mas sim em zonas pré-designadas (deixá-lo fora dessas áreas acarreta multas). A maioria dos aplicativos permite o aluguel de um veículo por conta, com exceção das parcerias de compartilhamento de bicicleta da Lyft (a Lime também está testando a função Group Ride na Europa e na América Latina).

 

Segurança em primeiro lugar

Os aplicativos usam imagens para demonstrar como usar a bicicleta ou patinete com segurança; muitos inclusive oferecem mapas e informações específicas da cidade onde se está alugando. O Scoot exige que você assista a um vídeo de orientação antes de pegar uma de suas bicicletas elétricas (mas você também pode ir à sede, em San Francisco, para receber orientações pessoalmente, se preferir).

Todas as operadoras recomendam que, ao usar o veículo pela primeira vez, tente fazê-lo em áreas menos congestionadas. Mantenha-se nas ciclovias quando possível (a menos que esteja em um ciclomotor, que deve ser usado na faixa para automóveis). Preste atenção no trânsito.

"A tecnologia é nova, ainda há muita coisa para absorver. Temos de dividir a rua com os carros que, por sua vez, também estão aprendendo a dividir o espaço", diz Andrew Savage, vice-presidente de sustentabilidade da Lime.

Embora muitas empresas distribuam capacetes na época do lançamento, o aluguel do veículo não inclui o equipamento (com exceção das motos da Scoot e ciclomotores da Revel). Você pode procurar um nas lojas de bicicletas e serviços de aluguel, mas Morgan Lommele, diretora de políticas estaduais e municipais da ONG PeopleForBikes, recomenda levar o próprio; está crescendo o número de opções dobráveis, o que facilita muito o acondicionamento.

 

Regras de trânsito

As regras e a cultura de locomoção mudam de acordo com a cidade e o país, como também a disponibilidade de ciclovias e rotas. Lommele aconselha uma pesquisa rápida de antemão.

"Da mesma forma que você sai à procura de um bom restaurante, hotel ou concerto, dá para fazer o mesmo com o transporte. E vá com calma, prestando atenção ao que há à sua volta", ensina ela.

Além de estudar trajetos e caminhos, aprender as regras da cidade é fundamental. A pesquisa preliminar ajuda, mas Michael Keating, fundador e presidente da Scoot, tem outro conselho para quem vai se locomover por conta própria em um lugar novo: imite o pessoal local.

"Se vir que os moradores andam na ciclovia e param a bicicleta em determinado lugar, imite! E nunca dê a primeira saída na hora do rush."

Cada cidade tem suas regras, mas, no geral, é pouco provável que você possa andar de bicicleta ou patinete na calçada de qualquer lugar.

Aproveite o passeio

Um dos benefícios de explorar uma cidade nova de bicicleta ou patinete? É divertido.

"Estando de patinete ou bicicleta, se vir um lugar que lhe interesse ou algo que o atraia, é muito mais fácil parar e ir lá conferir", afirma Rachel Holt, diretora de nova mobilidade da Uber.

Keating concorda: "Quando você está viajando, a jornada em si se torna o destino. Contar com um meio divertido e versátil de ver um lugar vale toda a pena."

 

No Brasil

RIO. Por aqui, as principais capitais e outras cidades têm empresas que oferecem o serviço de aluguel de patinetes, como São Paulo, Rio, Florianópolis, Goiânia, Curitiba, Recife, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte e Vitória, além dos municípios paulistas de Santos, Campinas e São José dos Campos.

Rio e São Paulo têm legislação própria para o uso do patinete, que inclui, entre outras normas, o limite máximo de velocidade de 20km/h e a proibição de trafegar nas calçadas e de caronas (cada patinete só pode comportar uma pessoa). O uso é permitido em ruas cuja velocidade máxima seja de até 40km/h e em vias fechadas ao lazer, ciclovias, ciclofaixas, faixas compartilhadas, parques e praças.

As autoridades de trânsito de Belo Horizonte, onde um homem morreu ao cair de um patinete, preparam um conjunto de regras para regulamentar o uso do veículo na cidade.

Nas cidades sem legislação específica, valem as regras do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Nesse caso, os patinetes precisam obedecer às mesmas normas dos "equipamentos de mobilidade autopropelidos" (com algum tipo de motorização). Esses veículos não podem rodar na rua, em meio aos carros e às motos, mas estão liberados nas calçadas desde que observem certos limites de velocidade.

 

Em áreas de circulação de pedestres, ciclovias e ciclofaixas, não podem passar de 6km/h. Também é obrigatório o patinete ter indicador de velocidade, campainha e sinalização noturna, dianteira, traseira e lateral ( Carolina Mazzi ).


O Globo segunda, 09 de setembro de 2019

FUNDADO EM 1887, O BAR LUIZ VAI FECHAR: MAIS UMA TRAGÉDIA NO RIO

Mais uma tragédia no Rio: fundado em 1887, o Bar Luiz vai fechar

POR ANCELMO GOIS

 

Bar Luiz fundado em 1887

 

 

A notícia de que o “Bar Luiz” iria fechar as portas caiu que nem uma bomba entre os boêmios cariocas. O bar, primeiro ponto de chope no Centro, é de 1887. Portanto, antes da libertação dos escravos e da República. Ali tem História, como lembra o antropólogo e coleguinha Paulo Thiago de Mello, autor de “Memória afetiva do botequim carioca”, em parceria com Zé Octávio Sebadelhe.

 Segue...

No período da Segunda Guerra, quando o Bar Luiz se chamava Bar Adolf, os estudantes do Pedro II invadiram o lugar para quebrar tudo, mas Ary Barroso, que almoçava lá no momento, subiu numa cadeira e explicou que o nome era em homenagem ao dono Adolf Rumjaneck, nada a ver com o líder nazista: “Ele salvou o boteco, que mudou de nome pra Bar Luiz, para evitar novas confusões.”


O Globo domingo, 08 de setembro de 2019

O QUE É PORNOGRAFIA?

 

Do beijo ao sexo explícito, estudiosos debatem o que é pornografia

Casos de censura, como apreensão de livro LGBT na Bienal, reacenderam a polêmica sobre a palavra
 
 
O que é pornografia? Foto: Arte
O que é pornografia? Foto: Arte
 
 

RIO — Em 1896, “The kiss”, de William Heise, chocou a sociedade americana com uma cena de beijo entre um homem e uma mulher. O curta-metragem, um dos primeiros filmes a serem exibidos comercialmente no mundo, foi considerado pornográfico. Afinal, beijar em público era proibido. Corta para 2019. Alegando tratar-se de material pornográfico, a prefeitura do Rio manda confiscar uma história em quadrinhos vendida na Bienal do Livro que mostra, em uma página interna, um beijo entre dois super-heróis.

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Na sexta-feira, agentes da prefeitura foram à Bienal em busca de mais do que consideravam “possível material pornográfico”. A ação ocorreu um dia depois de o prefeito Marcelo Crivella pedir a suspensão da HQ “Vingadores — A cruzada das crianças”, que mostra o tal beijo de dois rapazes. A organização da Bienal respondeu que não embalaria nem colocaria advertência em nenhum livro, como queria a prefeitura, porque não considerava o conteúdo impróprio ou pornográfico.

O termo também tem sido atribuído com frequência ao cinema, como na última terça-feira, quando o ministro da Cidadania, Osmar Terra, disse ao GLOBO que “filmes brasileiros não podem ser só pornográficos”, mesmo que a Ancine afirme não fomentar filmes do tipo (procurada, a agência não quis detalhar os critérios) . Até “Bruna Surfistinha” (2011), que nunca havia sido categorizado como pornográfico, já foi usado como exemplo pelo presidente Jair Bolsonaro.

 

O fato é que o adjetivo pode ser mais complexo do que se pensa.

— Para o senso comum, o pornográfico é o que “mostra tudo”, enquanto o erótico é o “ velado”; contudo, para o estudioso do erotismo literário, essa distinção é falsa, se não moralista... — argumenta Eliane Moraes, professora de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo (USP), que tem pesquisas sobre as relações entre estética e erótica. — A rigor, livros como os do Marquês de Sade, Georges Bataille, Hilda Hilst ou Reinaldo Moraes são muito mais obscenos do que a pornografia comercial de uma E. L. James, autora do best-seller “50 tons de cinza”. Ou seja: o valor de um texto nunca se mede pela moralidade, mas pela qualidade estética.

Cada época tem sua visão do que é pornografia. Hoje um clássico, o “Ulisses” de James Joyce foi tachado de pornográfico por jornalistas quando foi lançado, no início do século XX. E acabou proibido em todos os países de língua inglesa.

O sociólogo Rodrigo Gerace, autor de “Cinema explícito: representações cinematográficas do sexo” (Perspectiva), concorda que a perspectiva depende do nível de conservadorismo das sociedades:

— O beijo do curta “The kiss“ foi tido como pornográfico na época, e hoje seu efeito não é o mesmo. “Garganta profunda” (1972), pornô de Gerard Damiano, tornou-se adiante um cult . Uma cena de sexo explícito tem diferentes moralidades num filme cult e numa produção da ( produtora pornô ) Brasileirinhas.

 

A tentativa de censura à HQ dos Vingadores, na Bienal, causou indignação na comunidade LGBT porque a representação em nada remetia à pornografia. Os personagens apareciam vestidos e trocavam um gesto de afeto. Os fiscais da prefeitura que apareceram para apreender livros com conteúdo “pornográfico” ou “homossexual” pretendiam lacrar ambos com um aviso de “conteúdo impróprio”, como se fossem a mesma coisa.

Para o fundador do Somos, primeiro grupo de liberação homossexual no Brasil, o escritor João Silvério Trevisan, o caso mostra que a pornografia está na “na cabeça das pessoas”.

— Muitos tentam ditar o que é pornografia em função de suas crenças religiosas e acabam ditando aquilo que querem que seja pornográfico — diz Trevisan. — E nós LGBTs somos vítimas preferenciais, sempre que eles precisam de bode expiatório. Usam essas acusações porque sabem que toda pauta LGBT é de fácil apelo.

Mas, enquanto estudiosos divergem sobre o que define pornografia, o ator e deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), que nos anos 2000 atuou em filmes de sexo explícito, tem uma distinção mais objetiva.

— Pornografia é exatamente o tipo de filme que fiz no passado — categoriza Frota, que critica a “hipocrisia” existentes hoje no país. — Os filmes exibidos nas salas de cinema podem produzir sensualidade, cenas às vezes quentes de sexo bem fotografadas e com atores de renome se entregando aos personagens. Você assiste se quiser, há classificação indicativa. Por outro lado, você sabe quando um filme é pornográfico: tem que entrar num site e passar o cartão, é trancado. Não é qualquer pessoa que pode ver.

 

Diretor de dois filmes, “Boi neon” (2015) e “Divino amor” (2019), que ganharam a classificação máxima de 18 anos (por conter “situação sexual complexa de forte impacto”, segundo o Ministério da Justiça ), Gabriel Mascaro acredita que o rótulo não é algo a ser temido:

— A pornografia sempre esteve à frente do seu tempo. A investigação ou uso do corpo, sexo e erotismo é parte da história da arte, da indústria cultural e do consumo de massa. Grande parte dos filmes VR (realidade virtual), para assistir com um headset ( óculos 3D ), de forma interativa, tem conteúdo pornográfico. A pornografia sempre esteve na vanguarda tecnológica.


O Globo sábado, 07 de setembro de 2019

NEYMAR VOLTA À SELEÇÃO COM GOL E ASSISTÊNCIA

 

Neymar volta à seleção com gol e assistência em empate com a Colômbia

Camisa 10 ainda sofreu pênalti não marcado e trocou provocações ao fim do jogo
 
 
Neymar comemora o gol de Casemiro no empate da seleção com a Colômbia, em Miami Foto: RHONA WISE / AFP
Neymar comemora o gol de Casemiro no empate da seleção com a Colômbia, em Miami Foto: RHONA WISE / AFP
 
 

No retorno de Neymar após pouco mais de três meses, a seleção brasileira mostrou evolução no segundo tempo e ficou no empate em 2 a 2 com a Colômbia, em amistoso em Miami. Em que pese a nítida falta de ritmo, o camisa 10 fez uma assistência no primeiro tempo e também estufou as redes de Ospina. Ao fim do jogo, Neymar e Barrios trocaram provocações.

O 61º gol de Neymar em 98 jogos pelo Brasil foi fruto da melhor jogada da equipe. Philippe Coutinho lançou Daniel Alves, que, de primeira, tocou para o camisa 10 na pequena área. Bola nas redes e emoção na comemoração.

Empurrado por Sánchez, a principal estrela do Brasil ainda sofreu um pênalti não marcado aos 28 do segundo tempo.

Neymar não jogava desde 5 de junho, nos 2 a 0 sobre o Qatar, em Brasília, no primeiro amistoso no país para a Copa América. Naquela partida, ele deixou o campo ainda no início, após uma ruptura parcial do ligamento do tornozelo esquerdo.

Fora a lesão, o camisa 10 brasileiro enfrentou recentemente a frustração de não ter concretizado a saída do Paris Saint-Germain, já que negociava o retorno ao Barcelona.

Com 14 minutos de jogo, eram os colombianos os melhores em campo, com quatro finalizações (contra apenas duas da equipe de Tite).

Mas bastou um cruzamento milimétrico de Neymar para o Brasil abrir o placar. O camisa 10 cobrou escanteio da direita, e Casemiro, de cabeça, não perdoou.

A Colômbia nem teve tempo para lamentar. E precisou de apenas nove minutos para virar. Alex Sandro deu um pisão no peito de Muriel na área. A partida nem teve VAR. Mas este lance nem precisaria, de tão claro que foi. O mesmo atacante bateu o pênalti com categoria e empatou.

 

O lado esquerdo da defesa brasileira seguia dando espaço. E Muriel ampliou ao receber ótimo passe de Zapata e tocar na saída de Ederson.

Laterais avançam

A equipe de Tite tinha dificuldade de invadir a área colombiana. Na melhor chance após o gol, Richarlison entrou em velocidade, mas foi desarmado quando tentava driblar o goleiro Ospina, aos 38 minutos.

Na volta do intervalo, com os laterais indo mais ao ataque, a seleção brasileira teve o controle, embora não tivesse conseguido a virada. E o gol de Neymar no início deu novo ânimo.

A seleção brasileira teve o controle da partida no segundo tempo. Em um raro contra-ataque dos adversários, aos 42, Díaz se enrolou com a bola, na saída de Ederson, e acabou desarmado.

Se faltou pontaria para transformar a superioridade no segundo tempo em vitória, sobrou tempo para Tite fazer testes.

E terça-feira, contra o Peru, em novo amistoso, desta vez em Los Angeles, é possível que a seleção entre com caras novas.


O Globo sexta, 06 de setembro de 2019

O QUE TEM DE BOM PARA COMER NO MONDIAL DE LA BIÈRE

 

O que tem de bom para comer no Mondial de la Bière

São 18 food-trucks estacionados no Píer Mauá até domingo. Confira os destaques dos cardápios
 
 
Espírito de Porco. O sanduíche de porchetta é especialidade da casa Foto: Emily Almeida / Agência O Globo
Espírito de Porco. O sanduíche de porchetta é especialidade da casa Foto: Emily Almeida / Agência O Globo
 
 

Nem só de lúpulo vive o Mondial de la Bière , que acontece até domingo, no Píer Mauá. É preciso, também, cuidar da hidratação e da alimentação para a máquina não dar defeito. Para facilitar a sua vida lá dentro dos armazéns 2, 3 e 4, selecionamos os destaques dos cardápios dos 18 food-trucks estacionados lá dentro durante o festival.

 

Belga

XBelga (R$ 26): hambúrguer artesanal com queijo Serra do Salitre (MG), cebola caramelizada e maionese caseira de alho, no brioche tostado, P.C.Q. (R$ 23): pão, carne e queijo, batata frita (R$ 15), combo de hambúrguer e batata (R$36, XBelga e R$ 33, P.C.Q).

Belisque

Palito de mozzarela (R$ 24), tirinha de tapioca com queijo coalho (R$ 20), frango empanado(R$ 25), bolinho de feijoada (R$ 24) e coxinha de frango (R$ 20).

Caliente Cocina Mexicana

Burguer mexicano (R$ 25):200g de picanha, queijo, jalapeño grelhado, nachos e guacamole no brioche, nachos (R$ 25), burritos (R$ 22), inclusive vegano, de proteína de soja, arroz mexicano, feijão vermelho, guacamole, tomate e alface, tacos R$ 10 e quesadillas (R$ 24).

Ceviche da Fabi

Ceviche da Fabi. O taco de ceviche é uma das opções do cardápio no Mondial de la Bière Foto: Divulgação
Ceviche da Fabi. O taco de ceviche é uma das opções do cardápio no Mondial de la Bière Foto: Divulgação

Ceviche clássico (R$ 30): peixe branco marinada cítrica, cebola roxa e pimenta dedo de moça, Ceviche Trocpical (R$ 30), peixe branco, tomatinhos, manga, em marinada cítrica com cebola roxa e pimenta dedo-de-moça, camarão croc (R$ 30): camarão frito crocante com tempero especial, arroz thai (R$ 20): arroz  com frango ao curry, abacaxi e tempero thailandês, e taco de ceviche (R$  25).

Dogaria NY

Manhattan: cheddar com farofa de bacon, Brooklyn: catchup ao curry e maionese temperada,  Astoria, cebola caramelizada, maionese de bacon e cheddar  (R$ 26, cada), Bronx, chilli, maionese temperada e farofa de bacon (R$ 28), com linguiça artesanal.

Espírito de Porco

Hot pig (R$ 22): sanduíche de linguiça do Espirito de Porco, no pão francês do Talho Café, maionese, mozzarela derretida e fritas, porcheta (R$ 26): corte de lombo, costela e barriga suino desossado, temperado com ervas e especiarias mediterrâneas, assado por horas em forno lento, servido no pão francês do Talho Cafe, com molho harissa, porção de porchetta (R$ 30), Espirituoso (R$ 32): 180g de hambúrguer de copa lombo suíno, bacon crocante, lingüiça grelhada , maionese, tudo coberto com mussarela derretida servido no pão de brioche com batatas fritas .

 

Hell´s Burger

Hell’s Burguer e seus sanduíches com 200g de carne, queijo cheddar e pão macio Foto: Fabio Seixo / Agência O Globo
Hell’s Burguer e seus sanduíches com 200g de carne, queijo cheddar e pão macio Foto: Fabio Seixo / Agência O Globo

Hell´s: 180g de filé de costela, cheddar em pão com gergelim, Fifty: 180g de  blend 50% carne bovina, 50% bacon (moídos juntos), queijo cheddar em pão com gergelim, snakedog: linguiça defumada, receada com queijo, mais queijo cheddar em pão com gergelim (R$ 25, cada), Double (2 carnes - hells ou fifty), queijo cheddar em pão com gergelim, Leviatã: - uma carne de Hell´s e uma linguiça defumada, queijo cheddar em pão com gergelim(R$ 45, cada). Todos podem ter aioli e geleia de bacon.

Las Empanadas

Las empanadas. Serão sete sabores no Mondial de La Bière Foto: Divulgação
Las empanadas. Serão sete sabores no Mondial de La Bière Foto: Divulgação

Empanadas de carne, carne picante, queijo cebola, calabresa Catupiry, integral espinafre e  frango com Catupiry. Uma empanada custa R$ 10, duas custam R$ 18 e o combo com duas empanadas com uma bebida custa R$ 22).

Meza Bar

Bolinho de risoto de açafrão com queijo minas padrão e pesto de manjericão (R$ 15, com três), crocante de costela com molho de pequi (R$ 20, com quatro),  arroz jambalaya (R$ 20), com camarão, linguiça mineira e especiarias e  sanduíche crioulo (R$ 25), com carne com especiarias, maionese de gim e farofa de camarão.

Filhos D´Mãe

Primogênito: cheese burger (R$ 25), com 180gr de blend Angus  e 2 fatias de cheddar inglês, baconportado (R$ 29), 180gr de blend, cheddar inglês, bacon grelhado, farofa de bacon e cebola caramelizada,  Abestado (R$ 29): blend 180gr, queijo Monterrey jack, mix de cogumelos shiitake, Paris e funghi, e futuro burger:hambúrguer vegetariano, com Monterrey jack. As fritas saem por R$ 8.

 

Pão de Queijo Nuu

Pão de queijo artesanal, da Nuu Foto: Tomas Rangel/DivulgaçãoPão de queijo artesanal, da Nuu Foto: Tomas Rangel/Divulgação

 

Pão de queijo grande (R$ 8), pão de queijo grande e recheado (R$ 15): as opções são linguiça mineira com cebola caramelizada, porquinho derretido com goiabada barbecue, queijo de cabra tomate seco e manjericão, queijo curado epesto. Recheios doces (R$ 12): goiabada e doce de leite.

Pappa Jack

Pappa Jack. Delícia de leite, com camada dupla de doce de leite, amêndoas e gotas de chocolate belga branco Foto: Wagner Soares / Divulgação
Pappa Jack. Delícia de leite, com camada dupla de doce de leite, amêndoas e gotas de chocolate belga branco
Foto: Wagner Soares / Divulgação

Pizza  marguerita gourmet (R$ 25): folhas de manjericão fresco, mozzarella de búfala e tomate cereja temperado, gratinada com grana padano, Delicia de Leite (R$ 25): massa crocante aberta ao meio, com dupla camada de doce de leite, amêndoas e gotas de chocolate belga branco. As massa podem ser tradicional ou integral.

Vulcano

Vulcano Muuu (R$ 26, R$ 36 com batatas): costela bovina desfiada, queijo meia cura, geleia de cebola caramelizada, crispy de cebola, pao de batata-doce, hot dog (R$ 24, R$ 34 com batatas): linguiça defumada, barbecue, cream cheese, crispy de cebola.

Mondial de la Bièr 2019

Armazéns 2, 3 e 4 do Píer Mauá. Av. Rodrigues Alves 10, Praça Mauá. Sex, das 16h à eia-noite. Sáb, das 14h até meia-noite. Dom, do meio-dia às 21h. R$ 120 (quem levar 1kg de alimento paga meia). Ingressos para sábado esgotados.UW 


O Globo quinta, 05 de setembro de 2019

MONIQUE EVANS ADIA CIRURGIA PAR A VOLTAR ÀS PASSARELAS

 

Monique Evans adia cirurgia para voltar às passarelas: 'Estou muito insegura'

Ela estará com Xuxa e ex-marido, Pedrinho Aguinaga
 
 
Monique Evans Foto: Reprodução/ Instagram
Monique Evans Foto: Reprodução/ Instagram
 
 

Aposentada do mundo da moda há décadas, Monique Evans fará seu retorno às passarelas num desfile que fará uma homanagem à icônica Yes, Brazil . A apresentação acontecerá no Rio, no dia 12 de setembro. "Estou morrendo de vergonha", diz a loura, de 63 anos.

 

Monique dividirá a a cena com Xuxa Meneghel Pedrinho Aguinaga , com quem foi casada no fim dos anos 1970 e teve um filho, Armando. Pedrinho também era conhecido como o "homem mais bonito do Brasil". "Estou muito insegura porque não desfilo há séculos e estou mais velha. Tudo é grilo, mas não posso deixar de homenagear o Simāo Azulay (o fundador da marca, morto em 1988). Era um grande amigo", conta.

Monique Evans e Pedrinho Aguinaga num desfile da Yes, Brazil Foto: Arquivo pessoal
Monique Evans e Pedrinho Aguinaga num desfile da Yes, Brazil Foto: Arquivo pessoal



O tributo será feito por Patrick Doering e Thomaz Azulay, filho de Simão, na nova coleção da grife carioca The Paradise. "Quando convidei ela topou na mesma hora. Monique foi a maior musa da Yes, Brazil e do meu pai. Ela até adiou uma cirurgia para participar do desfile. Mas não é nada sério", comenta Thomaz, sem dar maiores detalhes.


O Globo quarta, 04 de setembro de 2019

XUXA VOLTA AOS TEMPOS DE MODELO

 

Xuxa Meneghel volta aos tempos de modelo e vira musa de grife carioca 

Apresentadora revela cachê dos anos 1980 e diz que ainda tem as famosas botas brancas
 
 
Xuxa para a The Paradise Foto: Miro
Xuxa para a The Paradise Foto: Miro
 
 

Dia desses, Xuxa Meneghel foi descer as escadas de casa e sentiu uma dor nas pernas. Não tinha feito exercício ou qualquer outro esforço. Veio o estalo. O incômodo físico tinha a ver com as horas trancadas num estúdio se desdobrando e contorcendo para fotografar a nova campanha da grife carioca The Paradise. Aos 56 anos, a apresentadora está mais na moda do que nunca , literalmente. Além de rosto da marca, ela também retornará às passarelas, relembrando os tempos de manequim. "Não sou mais modelo. Essa não é minha praia e não é o que eu gosto de fazer, mas não consegui recusar o convite", diz.

Sua escolha para representar a coleção não foi aleatória. Xuxa esteve pela primeira vez na passarela aos 18 anos, numa apresentação da mítica Yes, Brazil , fundada em 1979 por Simão Azulay , pai de Thomaz Azulay, que toca a The Paradise com o parceiro Patrick Doering. E a dupla está justamente homenageando o legado de Simão, morto em 1988. "Ele fazia as roupas pensando em mim; me colocava para dividir um ensaio com uma pantera... Eu topava tudo. Cheguei a interromper as gravações do'Xou da Xuxa' para desfilar para a Yes. Era um negócio meio doido, não conseguia recusar seus pedidos. Dávamos força um para o outro. Pegava looks com ele para a TV. Estávamos realmente juntos e sem qualquer tipo de interesse. Era carinho, de verdade, sem obrigações comerciais."

Xuxa para a The Paradise Foto: Miro
Xuxa para a The Paradise Foto: Miro

 

Xuxa ainda guarda as botas brancas de amarrar ("Estão duras e envelhecidas") da década de 1980 no armário e outros modelos de camurça, todos criados por Simão. "E a Sasha (sua filha de 21 anos)acabou de levar para Nova York meu robe da Yes. Estou com medo da minha menina rasgar, ela corta todos os meus panos antigos", diverte-se a apresentadora, reforçando que só aceitou estar na passarela, no dia 12 de setembro, no Rio, porque tem um Azulay envolvido na história. "Estou me achando gorda e velha, mas farei pelo Thomaz."

 

 

R$ 50 mil por mês

Quando conheceu Simão, Xuxa já tinha estrelado mais de 50 capas de revistas e namorava com o jogador de futebol Pelé. "Aos 16, comecei a trabalhar com moda. Era chamada para fotografar editorial e publicidade quase todo santo dia. Com um ano de carreira, meu rosto era bastante conhecido, mas meu nome ainda não era popular. Mas eu ganhava muita grana, não era pouca. Para desfiles internos, eu cobrava o equivalente a R$ 1 mil. Se fosse algo maior, R$ 2 mil. Por mês, eu faturava R$ 50 mil."

 

Toma lá, dá cá

Há 40 anos trabalhando com sua imagem, Xuxa brinca que as pessoas a "redescobriram". "Se raspo os cabelos, viro notícia. Se pinto os fios, comentam. Se digo que não vou fazer plástica é um ti-ti-ti... Aliás, esse negócio de não fazer plástica é a maior sacanagem. Quero fazer, sim! Só não tenho vontade agora. Sei que não estou linda e que vou precisar daqui a algum tempo. Se dependesse de muita gente, eu ainda estaria de chuquinha. Não aceitam o fato do meu envelhecimento em frente às câmeras. Se eu me olhando no espelho não gosto de muita coisa que vejo, imagina eles. Leio coisas sem noção. Escrevem que eu estou feia, velha, gorda, enrugada. Estão exagerando, achando que podem tudo. Não pedi a opinião de ninguém. É uma falta de respeito. Não entro na página dos outros para meter o pau. Então, não gostaria que fizessem isso comigo."

Xuxa para a The Paradise Foto: Miro
Xuxa para a The Paradise Foto: Miro

Ela continua: "Antigamente, era necessário enviar uma carta e ser sorteado. Agora, qualquer um entra no meu Instagram e fala comigo bem ou mal. E se eu não respondo, ainda sou xingada. Se rebato, dizem que sou rude. Mas minha mãe me ensinou que é toma lá, dá cá. Se eu ganhasse 50 centavos por cada crítica, eu iria alimentar muita instituição por aí. Já ouvi que eu tenho que aguentar porque estou há muito tempo na mídia, que compraram meus discos e que estou em tal posição por causa deles. Não falo o que quero porque fiquei velha. Sempre foi assim. Apenas não vou escutar coisas desagradáveis e ficar quieta."

 

O Globo terça, 03 de setembro de 2019

GAROTINHO E ROSINHA PRESOS

 

Operação do MP prende ex-governadores Garotinho e Rosinha

Motivo é suspeita de superfaturamento em contratos entre Prefeitura de Campos e Odebrecht, para construção de casas populares dos programas Morar Feliz I e Morar Feliz II
 
 
Rosinha (entrando no carro) e Garotinho são presos em operação do MP Foto: Reprodução
Rosinha (entrando no carro) e Garotinho são presos em operação do MP Foto: Reprodução
 
 

RIO - Os ex-governadores AnthonyGarotinho e Rosinha Matheusforam presos na manhã desta terça-feira em operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado ( Gaeco ) e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência, órgãos vinculados aoMinistério Público do estado. Os pedidos foram feitos em razão de investigações sobre superfaturamentoem contratos celebrados entre a Prefeitura de Campos e a construtoraOdebrecht , para a construção de casas populares dos programas Morar Feliz I e Morar Feliz II durante os dois mandatos de Rosinha como prefeita (2009/2016).

 
 
O ex-governador Garotinho é preso em operação do MP e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência Foto: Reprodução TV Globo
O ex-governador Garotinho é preso em operação do MP e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência
Foto: Reprodução TV Globo

 LEIA : Construídas pela Odebrecht, casas ligadas a Garotinho não têm porta, telhado e janela

Garotinho e Rosinha foram presos em seu apartamento, no Flamengo, na Zona Sul do Rio, e levados para a Cidade da Polícia, no Jacaré, na Zona Norte da cidade, onde chegaram por volta de 7h40min. Além deles, outras três pessoas são alvo da operação: Sérgio dos Santos Barcelos, Ângelo Alvarenga Cardoso Gomes e Gabriela Trindade Quintanilha.

Garotinho e Rosinha irão para o Instituto Médico Legal (IML) e, em seguida, serão levados para Benfica. Ainda não há definição sobre qual será o destino final do casal: a decisão cabe à Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Os ex-governadores não irão prestar depoimento à polícia nesta terça-feira. Cumprirão apenas os procedimentos comuns necessários à entrada no sistema carcerário. Garotinho e Rosinha devem ser os primeiros a deixar a Cidade da Polícia, antes dos demais suspeitos presos.

A ação é baseada na delação premiada de dois executivos da Odebrecht homologadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Leandro Andrade Azevedo e Benedicto Barbosa da Silva Junior afirmaram que a construtora foi favorecida em concorrências superfaturadas avaliadas em R$ 1 bilhão para construção de cerca de 10 mil moradias. De acordo com o MPRJ, o superfaturamento nos contratos foi da ordem de R$ 50 milhões.

 
A ex-governadora Rosinha Garotinho é levada pelos agentes do MP Foto: Reprodução TV Globo
A ex-governadora Rosinha Garotinho é levada pelos agentes do MP Foto: Reprodução TV Globo

São duas as concorrências detalhadas pelo Ministério Público na ação. Em outubro de 2009, a prefeitura de Campos e a Odebrecht firmaram o contrato 306 (Morar Feliz I) para a construção de 5 100 unidades habitacionais e a urbanização de seus respectivos loteamentos com pagamento inicial de R$ 357 milhões, além dos aditivos.

Estudos técnicos do MP-RJ apontam superfaturamento neste contrato na ordem de R$ 29,1 milhões. No Morar Feliz II, feito após a reeleição de Rosinha, o MP-RJ aponta que o contrato 85, que previa a construção de 4.574 unidades por R$ 476 milhões, foi superfaturado em R$ 33,3 milhões. 

Com as prisões desta terça-feira, são quatro os ex-governadores do Rio presos: Rosinha, Garotinho, Pezão e Cabral.


O Globo segunda, 02 de setembro de 2019

BURACO SHOW ESTÁ DE VOLTA

 

Buraco Show está de volta com musical burlesco 'Estranhas'

Depois de seis temporadas no Buraco da Lacraia, grupo vai ocupar o Vizinha 123 em todas as segundas de setembro
 
 
Simone Mazzer, Pedroca Monteiro, Letícia Guimarães, Elber Inácio e Sidnei Oliveira: o elenco de 'Estranhas' Foto: Thiago Sacramento / Divulgação
Simone Mazzer, Pedroca Monteiro, Letícia Guimarães, Elber Inácio e Sidnei Oliveira: o elenco de 'Estranhas'
Foto: Thiago Sacramento / Divulgação
 

É festa no cabaré: a turma do Buraco Show está de volta. Desta vez com “Estranhas”, novo espetáculo que estreia hoje, no Vizinha 123, em Botafogo, onde o grupo se apresentará todas as segundas-feiras de setembro.

 

 

A pegada é a mesma, climão burlesco, música e muito humor, mas com algumas novidades. Agora, o elenco formado por Simone Mazzer, Pedroca Monteiro, Letícia Guimarães, Eber Inácio e Sidnei Oliveira leva para o palco um show ao vivo — antes, as canções eram mostradas via karaokê. Eles interpretam cerca de 15 músicas com o auxílio da dupla Anti-Art, formada por Arthur Martau e Antônio Fischer-Band.

— Eles têm 20 anos, são nossos bebês. E são uma orquestra sinfônica, tocam baixo, guitarra, teclado, bateria, bandolim e sampler — diz Éber Inácio, um dos atores do grupo, que assina coletivamente a direção do espetáculo.

No repertório, hits consagrados do cancioneiro popular, como “Bandoleiro”, música marcada na voz de Fafá de Belém, e “Jeito sexy”, do grupo Fat Family. Além de uma curiosa e inusitada lista “alternativa”.

— Vamos cantar também as músicas mais bizarras do Brasil. Mas não posso adiantar quais são — brinca Élber.

Já se vão sete anos desde que o grupo estreou o “Buraco da Lacraia dance show”, na boate Buraco da Lacraia, na Lapa, e de lá para cá fez outras cinco temporadas. A partir de hoje, a casa é nova, mas o mesmo desbunde continua.

 

—Partimos para um novo ciclo. Vamos ser estranhos em outro buraco. A gente fala sobre o que é ser estranho, tiramos proveito dessas músicas divertidas do nosso repertório para mostrar a beleza que existe em ser estranho — diz o ator.

Onde: Vizinha 123. Rua Henrique de Novaes 123, Botafogo (99999-8633).Quando: Seg, às 20h. Até 30 de setembro. Quanto: R$ 20 (somente em dinheiro). Classificação: 18 anos.


O Globo domingo, 01 de setembro de 2019

SÔNIA BRAGA: CABELO BRANCO COMBINA COMIGO

 

Cabelo branco combina mais comigo', diz Sonia Braga

Às vésperas de fazer 70 anos, estrela de ‘Bacurau’ diz que é pé no chão, comenta o Brasil de hoje e, há três décadas nos EUA, quer mais trabalhos em português:
 
'Língua é pátria'
 
 
Sonia Braga Foto: Anette Alencar
Sonia Braga Foto: Anette Alencar
 
 

RIO — Faltava pouco para a pré-estreia de “ Bacurau ”, segunda-feira (26), e Sonia Braga não saía do saguão do Cine Odeon, no Centro do Rio. Cumprimentava todo mundo com um selinho. Foi assim com o amigo Daniel Filho. E com o funcionário da limpeza, que lhe pediu uma selfie.

— Sou muito simples. Só estou vestida assim porque tenho respeito às cerimônias, mas gosto mesmo é da minha calça normal — diz a atriz, usando um vestido preto que contrasta com seus cabelos, agora branquíssimos. No peito, um colar com pingente em forma de Brasil.

 Ao sentar-se no sofá do hall do cinema para esta entrevista, Sonia troca o scarpin de salto 15 pelo chinelo que saca de uma bolsa de pano. Pede desculpas pela voz rouca. Na véspera, havia estado na manifestação pró-Amazônia , na Praia de Ipanema. Aliás, diz que ficou surpresa com a “reação fraca” da plateia quando gritou “salvem a Amazônia!” ao microfone do Odeon, assim que o elenco subiu ao palco para apresentar o filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles . No longa, vencedor do Prêmio do Júri em Cannes e em cartaz no Brasil desde quinta-feira (29), ela dá vida à médica Domingas, mulher sem papas na língua e importante figura da cidadezinha de Bacurau.

Aos 69 anos, Sonia falou por uma hora e meia sobre a carreira e o país que deixou há 30 anos para morar nos EUA — primeiro, em Los Angeles, em seguida, em Nova York, onde vive há duas décadas. Depois, esticou no tradicional bar Amarelinho, ao lado do cinema, onde fez questão de chamar os garçons pelo nome.

 

Como se sente às vésperas de fazer 70 anos, em junho?

Do mesmo jeito de quando fiz 50. Aprecio bastante, queria ter chegado aqui com outras condições de cultura, que às vezes me faltam. Acho que poderia ter formação acadêmica. Mas, depois de 50 anos fazendo o que eu faço, criei uma academia própria. Tenho vontade de conhecer muitos lugares do mundo, aí começou a me dar aquela ansiedade de “não vai dar tempo”. Então, tive uma ideia fabulosa: vou acreditar em reencarnação! Vou escolher cinco lugares ótimos para ir nesta vida e, quando reencarnar, vou aos outros.

E os cabelos brancos?

Quando fiz “Aquarius” ( 2016) , a gente já queria deixar branco. Tentamos, mas ficou meio rosa, aí a gente pintou porque não dava tempo de esperar. Agora, o da Domingas ficou vermelho, é o que acontece quando a gente tenta descolorir cabelo preto, a tinta agarra. Você não sabe o que é não ter que pintar o cabelo, é uma libertação, um símbolo de liberdade. Primeiro que faz mal, né? Eu sou vegana, tudo que faço é saudável, me protejo. Não estou dizendo que jamais volte ao cabelo negro, porque não suporto peruca... Mas, se você me vir de cabelo preto, é porque há uma razão muito especial. Acho que o cabelo branco combina mais comigo.

 

Há 30 anos fora do país, você encontrou novos rumos na carreira com “Aquarius” e “Bacurau”. Que impacto esses personagens, que lutam por justiça social, tiveram em você?

Nunca parei de falar das questões do Brasil, talvez de uma maneira errada até, por não ter uma formação acadêmica, política. Sabe quando essa consciência aconteceu na minha vida? Quando meu pai morreu, eu tinha 8 anos, e minha mãe, dona de casa, ficou com sete filhos e sem um tostão, em São Paulo. Nos mudamos para a periferia, ela virou costureira e alugou uma padaria. Eu, que até então, estudava em colégio de freira e tinha aula de piano, passei a carregar lenha para botar no forno da padaria, fui para colégio público e vi a vida como ela é. As freiras ofereceram que eu voltasse a estudar no colégio delas. Aí, no meio da aula de religião, eu perguntei: “Irmã, se todo mundo é igual por que não tem uma criança negra na escola?” Não tenho como olhar uma criança pobre e não pensar sobre o processo dela até chegar à rua e pedir esmola.

Antes de “Aquarius”, você estava há 20 anos sem fazer cinema brasileiro...

Estava nos EUA, com a intenção de estudar fotografia. A experiência em “Aquarius” foi incrível, ficamos morando a alguns metros da locação, conheci pessoas, trocamos WhatsApp. Sou do tempo do telegrama. Quando saí do Oscar, chegou um telegrama para mim ( em 1986, “O beijo da mulher aranha”, de Hector Babenco em que ela atua, concorreu a melhor filme, direção, roteiro adaptado e ator, categoria vencida por William Hurt ). Imagina hoje? Não ia dar para acompanhar as mensagens. Quando a gente foi pra Cannes ( onde a equipe do filme protestou contra o impeachment de Dilma Rousseff ), foi uma loucura! Voltei e tive que bloquear metade dos meus seguidores, porque falaram coisas horríveis para mim. Não sabia que esse tipo de insulto poderia sair de um brasileiro para outro. Não entendo essas agressões a mim. Sempre fui simples, quis o bem.

 

Qual é o lugar do Brasil na sua vida hoje?

Meu coração tem a noção de que língua é pátria. Ser atriz e não fazer mais filmes e novelas em português me faz falta. Fui para os Estados Unidos de férias ( em meados dos anos 1980 ), antes de fazer um filme que estava certo no Brasil. Como não faço dois trabalhos ao mesmo tempo, havia dito “não” a todos os outros que tinham me oferecido. Só que o filme furou, resolveram fazer com outros atores. Eu estava em Nova York desempregada. Como tinha grana na época, resolvi ficar e estudar inglês. Aí começamos a divulgação de “ O beijo da mulher aranha ”, veio o Oscar, fui integrar o júri de Cannes... Enfim, iam me convidando, eu, aceitando. Sempre com a ideia de “quando me chamarem para trabalhar no Brasil, eu vou”. Aí, o Paul Mazursky me chamou para o filme “Luar sobre parador”. Fiz “The Milagro Beanfield War”, do Robert Redford, e “The rookie”, do Clint Eastwood, Comecei a fazer TV lá também. Para o Brasil, não me chamaram. Mas eu estava aberta...

E de olho no Brasil?

Tenho essa consciência do mundo, do planeta Terra. Desde os anos 1960, quando vi uma foto da Nasa com o nosso planeta do tamanho de uma bolinha de gude... Era a época dos Beatles... Falo para essa geração que me olha torto quando não sei mexer no celular: “Ah, você não estava no lançamento do LP dos Beatles, não foi hippie... Fuma maconha agora...”.

 

Você ainda fuma maconha?

Não, parei. Ficava muito paranoica. Mas sou a favor.

Como foi ver a “Bacurau” com os moradores de Barra, povoado onde o foi filmado?

Incrível. Quando rodamos o filme, vi que lá não tinha nem posto de saúde. A porta da escola estava caindo, nós é que consertamos. Não dava para deixar aquele lugar sem alertar as autoridades, como fiz em um post no Facebook. A governadora ( Fátima Bezerra ) e o prefeito ( Alexandre Petronilo ) foram assistir com a gente, assumiram um compromisso. Precisamos deixar coisas boas pra trás. As pessoas viajam em suas férias para Fernando de Noronha e só deixam lixo!

De uns tempos para cá, os artistas vêm sendo criticados por usarem leis de incentivo. Como vê isso?

Lembra o Caetano no Festival da Canção ( em 1968 ) gritando: “É essa juventude que quer tomar o poder?” As pessoas pensam: “Ah, vocês são artistas, pessoas ricas que moram no exterior e vêm aqui dizer o que a gente tem que fazer.” Antes de ser atriz, sou trabalhadora. As pessoas não compreendem a arte como uma profissão. Acho que a maioria dos artistas também não diz a palavra “trabalhador”, sabe? Fui a Brasília ( em 1980 ) com Betty Faria, Nelson Pereira dos Santos e Luiz Carlos Barreto falar com Figueiredo ( João Figueiredo, presidente do Brasil entre 1979 e 1985) sobre a importância da Embrafilme e dos direitos autorais conexos. Depois, os dubladores fizeram greve por três anos por melhores condições de trabalho. Olha a resistência, a união que tínhamos! Quando vejo os ataques aos artistas, penso: “Será que é porque a gente não resistiu?”

 

No filme, a população de Bacurau é consciente, luta por seus direitos. Como seria seu Brasil ideal?

Um país digno para todos, o Brasil que está na Constituição, em que todos são iguais, têm três refeições por dia, moradia e agricultura sem agrotóxico. Como chegamos ao ponto de ver criança na rua e fechar o vidro de medo? O Brasil nunca foi ok, resolvido. Mas quando vejo direitos conquistados com luta sendo destruídos e um presidente defendendo tortura, não entendo. Entendo menos ainda as pessoas que votaram nele.

No Festival de Gramado, você dedicou sua personagem a Marielle Franco. Por quê?

Conheci Marielle num debate sobre violência na época da Intervenção Militar no Rio. Fiquei impressionada. Ela contava o que estava acontecendo e dizia: “O importante é que a gente continue vivo.” Quinze dias depois, vem a notícia de sua morte quando filmávamos “Bacurau”. Não que minha personagem seja parecida com ela, o coração é que é. É gente que quer fazer o bem para o outro, que se preocupa com sua comunidade. Marielle estava presente ali comigo, achei que era justo dedicar aquele tempo que passei no sertão a ela.

 
 Você fez o filme “Amazônia em chamas”, sobre Chico Mendes (de 1994), esteve na manifestação pró-Amazônia, no Rio, domingo passado. Como está a repercussão do assunto entre seus amigos estrangeiros?

Eles me mandaram mensagens perguntando se eu e minha família estávamos bem. Sabiam que eu estava em São Paulo quando o dia virou noite. A imagem lá é: “O Brasil está pegando fogo, a Amazônia vai acabar depois de amanhã”. A reação do exterior não é porque estão preocupados com o Brasil, mas pelo impacto da Amazônia no clima do mundo, por saberem que vão morrer antes do que esperavam.

O que sentiu ao ver que tinha pouca gente na manifestação?

Podia estar mais cheio. Como poderia ter sido mais alta a resposta aqui no Odeon quando gritei “salvem a Amazônia”. Está sendo forte, para mim, estar no meu país. Eu vinha de Recife, cheguei ao Rio, e me jogaram no meio da rua, aí, pá, segurei aquela faixa escrito “Amazônia” e comecei a sentir um negócio difícil de descrever. O Caetano ( autor de "Tigresa", música dedicada a ela, que namorou o compositor nos anos 1970 ) estava ao meu lado, ele cantou. Não há o que te prepare para esse nível de emoção. Gente, estão destruindo a Amazônia!

 

Acha que a questão foi partidarizada, passou a ser encarada por alguns como bandeira de “esquerda”?

Não sei. A gente só pode pedir, falar, avisar... Não podemos exigir ou cobrar nada de ninguém. Em 1968, eu ia a passeatas com a minha primeira diretora de teatro, Heleny Guariba. Naquele momento, no Brasil, teve isso, um grupo de pessoas que desbundou. Uns saíram, outros ficaram na guerrilha. Heleny ficou, e é uma das desaparecidas políticas. Tenho que conviver com isso ( a voz embarga ). Quando você vê que ela deu a vida... porra! ( chora ).


O Globo sábado, 31 de agosto de 2019

SASHA MENEGHEL DE BIQUÍNI EM SUA ESTREIA OFICIAL COMO MODELO NA PASSARELA

 

Sasha Meneghel surge de biquíni em sua estreia oficial como modelo na passarela

Ela agora é contratada da Way Model
 
 
 

O Globo sexta, 30 de agosto de 2019

CENTENÁRIO DE JACKSON DO PANDEIRO É CELEBRADO NO CIRCO VOADOR

 

Centenário de Jackson do Pandeiro é celebrado no Circo Voador

Moyseis Marques, Alfredo Del-Penho, João Cavalcanti e Pedro Miranda comandam o show, com participação de João Bosco
 
 
Moyseis Marques, Alfredo Del-Penho, João Cavalcanti e Pedro Miranda Foto: Sabrina Mesquita / Divulgação
Moyseis Marques, Alfredo Del-Penho, João Cavalcanti e Pedro Miranda Foto: Sabrina Mesquita / Divulgação
 
 

Neste sábado (31/8), no dia de seu centenário, Jackson do Pandeiro ganha uma homenagem de luxo no Circo Voador. Comandado por Moyseis Marques, Alfredo Del-Penho, João Cavalcanti e Pedro Miranda — amigos, parceiros e integrantes do grupo bissexto Segunda Lapa —, o show relembra sambas, cocos, forrós e xotes do Rei do Ritmo.

 

— Fechamos entre 30 e 40 canções. De cor, sei cantar umas 60. Vai ser um baile, mesmo. Mas foi um trabalho prazeroso, porque ele foi importantíssimo para a formação musical de nós quatro — diz.

No palco, os músicos são acompanhados por Thiago da Serrinha (percussão), João Rafael (baixo) e Kiko Horta (sanfona). O espetáculo ainda conta com participação especial de João Bosco.

— Ainda vamos definir o que faremos com o João, que é uma espécie de interseção dos quereres da gente. Somos todos muito fãs dele, quase tietes — brinca o cantor e compositor. — Ele conviveu com o Jackson, tem muitas histórias para contar sobre ele.

 

 

O roteiro conta com clássicos como “Sebastiana” e “Cantiga do sapo”. Mas há também espaço para temas menos conhecidos.

— Escavamos pérolas como “Mulher que virou homem” e “Forró de Surubim”, crônicas incríveis e anacrônicas, mas que também dialogam com os dias de hoje — comenta.

De acordo com Cavalcanti, a ideia do tributo é jogar luz sobre a enorme obra deixada por Jackson, apresentando-a, assim, a um novo público:

— Ele deixou rastros muito fundamentais na maneira de interpretar, numa nacionalização das idiossincrasias do Nordeste, mas não é uma figura tão claramente identificável como o Luiz Gonzaga. É preciso sublinhar sua importância e as pegadas que ele deixou para as gerações seguintes — analisa. — Mergulhei na obra dele como poucas vezes mergulhei no cancioneiro de um compositor e intérprete-autor como ele.

Onde: Circo Voador. Rua dos Arcos s/nº, Lapa — 2533-0354. Quando:Sáb, às 22h. Quanto: R$ 100 (quem levar 1kg de alimento paga meia-entrada) . Classificação: 18 anos.


O Globo quinta, 29 de agosto de 2019

FERNANDA DINIZ: ATRIZ DE MALÉVOLA JÁ FOI ELENCO DE APOIO EM MALHAÇÃO

 

Atriz de 'Malévola', Fernanda Diniz já foi elenco de apoio em 'Malhação'

Amazonense acordou durante dois meses e meio à 1h para rodar filme de Hollywood
 
 
Fernanda Diniz Foto: Divulgação
Fernanda Diniz Foto: Divulgação
 
 

Entre junho e agosto do ano passado, a atriz amazonenseFernanda Diniz , de 34, caia da cama no começo da madrugada para encarar uma sessão de cinco horas de cabelo e maquiagem e se transformar numa das "criaturas" do filme "Malélova - Dona do mal" , que estreia nos cinemas brasileiros em 18 de outubro. "O carro da produção passava na minha casa às 1h30(ela acordava 30 minutos antes) e seguíamos direto para o set. Usava o longo tempo de preparação para meditar. Às vezes, ficava fofocando com as meninas da beleza. Cinco mulheres trançavam os meus cabelos. Era uma estrutura gigante", diz a atriz.

 Sem poder dar muitos detalhes do longa, Fernanda conta que as filmagens aconteceram em Londres e que Michelle Pfeiffer , uma das estrelas da história ao lado de Angelina Jolie , atraía todos os olhares nos bastidores. "Os meninos ficavam embasbacados com ela. Era uma sensação sempre”, relembra a moça, que chegou a integrar o elenco de apoio de "Malhação" em 2000. "Aos 10 anos, minha família trocou Manaus pelo Rio. Na praia, muitos olheiros de agências me paravam para perguntar se eu não gostaria de ser modelo. Aceitei, mas meu sonho era atuar."
 
 
Fernanda Diniz Foto: Divulgação
Fernanda Diniz Foto: Divulgação

 

Aos 16, mudou-se novamente — agora para Portugal . Na Europa, depois de concluir o Ensino Médio, concentou sua energia na moda. Com 1,75m e curvilínea, Fernanda fez sucesso no mercado comercial, protagozinando campanhas de biquíni e lingerie em países como Alemanha, França e Itália. "Não era uma menina que fazia desfiles; não estava dentro do padrão das passarelas. Teria que perder as curvas, mas não queria. Gosto de comer."

De olho nas oportunidades do mercado brasileiro, a amazonense fechou com um agente no país e não descarta a possibilidade de atuar numa novela. "Se for algo legal, gostaria de estar no projeto. Mas faço planos a curto prazo. Levo tanto 'não´, assim como outros atores, que mantenho os pés no chão. De 50 testes que faço, pego dois trabalhos. E isso não muda mesmo fazendo filmes de destaque", comenta Fernanda, que se divide entre Lisboa e Londres e namora um produtor britânico de documentários. "Mas estou pronta para quando as oportunidades chegarem."


O Globo quarta, 28 de agosto de 2019

MAIS COUVE-FLOR, POR FAVOR!

 

Mais couve-flor, por favor (em 16 versões)

POR MARIANA WEBER

Versátil, bonita, gostosa. Não é todo vegetal que pode se gabar de tantos adjetivos, mas a couve-flor pode. Tanto que virou modinha, estão aí os gráficos de buscas do

Muito desse interesse vem de quem busca dietas sem glúten, sem carne, sem (ou quase sem) carboidratos — e aí dá-lhe pizza com massa de couve-flor, hambúrguer de couve-flor, torta low carb de couve-flor, risoto com arroz de couve-flor, purê de couve-flor.

Não tenho nenhuma dessas restrições, mas gosto de couve-flor mesmo assim. E sei que é necessário reduzir o consumo de carne (como nos lembra a Amazônia queimando para virar pasto).

Por isso, e porque de julho a outubro é a melhor época para comprar couve-flor, resolvi reunir ideias de preparos que em que ela é protagonista. São receitas que a valorizam sem tentar transformá-la em um sucedâneo de arroz ou carne moída, porque tenho antipatia por comidas que imitam outras comidas (embora deva confessar que outro dia comi um ótimo “risoto” de couve-flor).

1. Couve-flor inteira no forno

 

Couve-flor assada inteira no forno

 

 Gosto do visual da couve-flor assada inteira no forno e fatiada na hora de servir. Sem contar que é fácil demais de preparar.

Ingredientes
Couve-flor
Azeite
Páprica (doce ou picante, ao gosto do freguês)
Limão
Alho picado
Pimenta-do-reino
Sal

Modo de preparo
Misture todos os temperos e esfregue na superfície da couve-flor.
Coloque a couve-flor em uma assadeira e leve ao forno a 220º C até dar uma tostadinha (se o forno tiver grelha superior, vale a pena usar).

 

2. Couve-flor na chapa com manteiga de alho, limão e salsinha

 

Couve-flor com manteiga de sardinha

 

 Não tem segredo. O que tem é manteiga, alho e salsinha, uma combinação que fica bem com couve-flor tostada e com quase tudo (ok, exagero, mas só um pouquinho).

Ingredientes
1/2 couve-flor
3 colheres (sopa) de manteiga
2 dentes de alho picados
1 colher (sopa) de salsinha
1 colher (sopa) de suco de limão
Sal

Modo de preparo
Corte a couve-flor como se estivesse fatiando pão.
Derreta a manteiga e misture aos demais ingredientes.
Leve as fatias de couve-flor a uma chapa bem quente. Deixe tostar um pouco de um lado, depois vire.
Jogue a manteiga por cima das fatias.

 

3. Penne com couve-flor, tomatinhos e crocante de pão

 

Massa com couve-flor

  

Para comer com os olhos, vale a pena usar uma massa colorida.

Ingredientes
1/2 couve-flor
200 gramas de tomates pequenos (cereja, sweet grape ou outro)
250 gramas de mezze penne tricolore ou outra massa colorida
Azeite
Sal
Pimenta-do-reino
Vinagre balsâmico
Ervas (alecrim, manjerona ou outras)
Miolo de pão amanhecido
Manteiga
Alho
Salsinha

Modo de preparo
Corte a couve-flor em pedaços pequenos (2 ou 3 cm).
Coloque em uma assadeira a couve-flor e os tomatinhos e tempere-os com azeite, sal, pimenta-do-reino, vinagre balsâmico e erva.
Asse os vegetais em forno pré-aquecido a 220º, até os tomatinhos murcharem e a couve-flor ficar levemente tostada. Reserve, sem desprezar nada do caldo que se forma.
Faça a farofa: em uma assadeira, leve ao forno miolo de pão esmigalhado coberto com pedacinhos de manteiga de salsinha (mistura de manteiga, alho picado e salsinha picada; veja na receita anterior).
Cozinhe a massa.
Misture a massa cozida aos vegetais.
Sirva com a farofa crocante e mais salsinha picada por cima.

 

4. Couve-flor com sardella caseira da chef Ana Soares 

 

Couve-flor com sardella

 

A chef da rotisseria Mesa III, em São Paulo, preparou essa receita para comemorar o aniversário da Carlos Pizza, ano passado. Na ocasião, ela contou que lembrava com gosto da couve-flor assada com farofa de pão preparada pela mãe. Também sugeriu na hora, de cabeça, uma porção de ideias apetitosas para a preparar o vegetal (o que eu listo a seguir).

Ingredientes
1 couve-flor
1 pimentão vermelho
4 tomates italianos
2 colheres de alcaparras
1 colher de salsa picada
4 filetes de anchovas
1/2 colher (café) de pimenta calabresa
1 dente de alho
50 ml de azeite de oliva extra virgem
50 gramas de amêndoas torradas e salgadas

Modo de preparo da couve-flor
Lave e corte a couve-flor em 6 partes. Coloque no forno alto com um pouco de azeite e sal. Asse até dourar.

Modo de preparo da sardella
Asse o pimentão até queimar. Coloque-o em um prato fundo coberto com filme plástico, deixe esfriar e retire a pele.

Corte os tomates ao meio e asse até que a casca esteja dourada.

Pique o pimentão e os tomates até formar um molho e acrescente as alcaparras, a salsa, as anchovas, a pimenta calabresa e o alho devidamente picados. Tempere com azeite e sal a gosto. Na hora de servir, finalize com as amêndoas picadas.

 

Outras ideias da chef Ana Soares para preparar couve-flor:

5. Couve-flor assada servida com molho pesto.
6. Couve-flor cozida no macarrão. Basta branquear (cozinhar rapidamente na água fervente, em seguida mergulhar em água com gelo) e, quando a massa estiver cozida, misturar junto com manteiga.
7. “Bife” de couve-flor — corte o vegetal em lâminas e toste na frigideira como se fossem bifes vegetarianos.
8. “Bife” de couve-flor à milanesa — corte em lâminas e prepare como bife à milanesa.
9. Salada de couve-flor com azeites aromáticos. Fica gostoso jogar umas sementinhas por cima.
10. Salada de couve-flor com lentilha.
11. Couve-flor tostada com tahine.
12. Couve-flor tostada com coalhada fresca e bastante hortelã.
13. Couve-flor assada inteira e servida com aioli (espécie de maionese com alho).
14. Couve-flor tostada coberta de farofa de pão e parmesão.
15. Fusilli com creme de gorgonzola, couve-flor tostada e farofa de pão.
16. Fritada de couve-flor, com flores bem visíveis.


O Globo terça, 27 de agosto de 2019

BOLSONARO DIZ QUE SÓ ACEITA AJUDA DO G7 SE MACRON RETIRAR INSULTOS

 

Bolsonaro diz que só aceita ajuda do G7 se Macron retirar declarações

Nesta segunda-feira, a Secretaria de Comunicação Social do Palácio do Planalto havia confirmado oficialmente que o Brasil iria rejeitar a oferta
 
O presidente Jair Bolsonaro Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
O presidente Jair Bolsonaro Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
 
 

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que só aceitará discutir o recebimento da  oferta de US$ 20 milhões dos países do G7 para ajudar no combate às queimadas na Amazônia se o presidente da França, Emmanuel Macron, voltar atrás em sua afirmação de que Bolsonaro mentiu para ele e desistir de discutir a internacionalização da Amazônia.

Nesta segunda-feira, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) do Palácio do Planalto havia confirmado oficialmente que o Brasil iria rejeitar a oferta do G7 .

— Primeiramente, o senhor Macron tem que retirar os insultos que faz a minha pessoa. Ele me chamou de mentiroso. Depois, pelas informações que eu tive, a nossa soberania está em aberto na Amazônia. Para conversar ou aceitar qualquer coisa com a França, que seja com as melhores intenções possíveis, ele vai ter que retirar essas palavras — disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada, acrescentando depois: —Primeiro retira, depois oferece, daí eu respondo.

Questionado sobre o fato do Palácio do Planalto ter divulgado a informação de que o governo recusaria o dinheiro, Bolsonaro disse:

— Eu falei isso? Eu falei? Jair Bolsonaro falou?

Ao longo do dia desta segunda-feira, interlocutores do presidente afirmaram que se a oferta feita pelos países ricos fosse condicionada a alguma contrapartida ou exigisse um monitoramento na aplicação de recursos a tendência era pela recusa. No anúncio feito por Macron, parte dos recursos, destinados ao reflorestamento, estava vinculada a um trabalho com ONGs, por exemplo.

No final da tarde desta segunda, após uma reunião no Ministério da Defesa entre Bolsonaro e alguns de seus ministros, o porta-voz Otávio do Rêgo Barros disse que a decisão caberia ao Ministério das Relações Exteriores. Pouco depois, em publicação nas redes sociais, o chanceler Ernesto Araújo — que também participou da reunião  — sinalizou que o governo poderia não aceitar a oferta anunciada pelo presidente francês.


O Globo segunda, 26 de agosto de 2019

G7 EVITA CONFRONTO COM BOLSONARO - MACRON ISOLADO

 

G7 evita confronto com Bolsonaro e cita soberania dos países amazônicos

Postura agressiva defendida por Macron foi minoria e a falta de adesão a suas posturas levaram a 'um mínimo denominador comum'
 
 
Presidente francês Emmanuel Macron ao lado de Donald Trump, durante reunião do G7. Na foto, a chanceler federal alemã Angela Merkel, o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, o premier britânico Boris Johnson, o presidente do Conselho Europeu Donald Tusk, o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte e o premier japonês Shinzo Abe Foto: POOL / REUTERS
Presidente francês Emmanuel Macron ao lado de Donald Trump, durante reunião do G7. Na foto, a chanceler federal alemã Angela Merkel, o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, o premier britânico Boris Johnson, o presidente do Conselho Europeu Donald Tusk, o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte e o premier japonês Shinzo Abe Foto: POOL / REUTERS

 

BIARRITZ, França — Após o segundo dia de debates do encontro entre os líderes dos países do G7(Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá), o presidente da França,Emmanuel Macron , afirmou que o grupo concordou em ajudar os países atingidos pelas queimadas na Amazônia “o mais rápido possível”, sem dar detalhes nem prazos, evitando confrontos com o presidente Jair Bolsonaro.

 

Macron utilizou o termo “convergência” para se referir ao consenso alcançado e assegurou que, “respeitando a soberania, nós devemos ter um objetivo de reflorestamento”. O anfitrião da cúpula realizada em Biarritz que termina hoje afirmou, ainda, que “há contatos” sendo feitos pela França “com todos os países da Amazônia” para disponibilizar “meios técnicos e financeiros”.

— A importância da Amazônia para esses países e para a comunidade internacional é tão grande em termos de biodiversidade, oxigênio e luta contra as mudanças climáticas, que precisamos contribuir com a restauração — disse Macron. 

A decisão de aceitar ou não a ajuda do G7, contudo, é política e dependerá exclusivamente do presidente brasileiro. Em sua cruzada contra Bolsonaro e ameças sobre o entendimento entre Mercosul e UE, o presidente da França enfrentou resistências por parte dos governos do Reino Unido e Alemanha. A intermediação de Angela Merkel, que impôs um tom conciliador nas conversas, foi crucial, afirmaram especialistas ouvidos pelo GLOBO.

— Merkel deixou claro que o confronto direto dificilmente ajudaria, ela sabe que isso só serviria para fortalecer a narrativa do presidente Bolsonaro e justificar posturas nacionalistas e teses de que o Brasil está sob ataque externo — opinou Oliver Stuenkel, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirmando que “existe uma compreensão por parte de muitos países europeus de que a questão de Amazônia é de longo prazo”.

 

Stuenkel acredita, ainda, que o debate sobre o acordo entre Mercosul e UE está longe de terminar e sua efetiva implementação ainda é um dos principais desafios do governo Bolsonaro em matéria de política externa:

— A tensão não acabou, a crítica a Bolsonaro continua sendo útil para Macron.

Macron isolado

Os analistas ouvidos pelo GLOBO coincidiram em apontar que em Biarritz o presidente francês foi minoria e a falta de adesão a suas posturas iniciais levaram a “um mínimo denominador comum”.

Sua atitude contrastou com a adotada no final da semana passada, quando Macron assegurou que as queimadas na Amazônia eram uma “crise internacional” e chegou até mesmo a condicionar a aprovação por parte de seu país do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE), argumentando que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), mentira sobre seus compromissos com o meio ambiente. 

Para Mauricio Santoro, professor de Relações Internacionais da Uerj, "o presidente da França ficou isolado e em relação à Amazônia conseguiu-se alcançar apenas um mínimo denominador comum":

— Macron encontrou um ambiente menos receptivo do que esperava. Sua declaração expressa preocupação pela Amazônica, mas não se fala em ameaças e sim em abertura para o diálogo e a cooperação. É uma oportunidade para o Brasil. 

Segundo fontes de governos que participaram do encontro, os países do G7 escolheram Macron para liderar os trabalhos de cooperação com os países afetados pelas queimadas na Amazônia. Os primeiros contatos começarão nos próximos dias.

 

Bolsonaro não comenta

Bolsonaro, por sua vez, não comentou o pronunciamento do presidente francês. Semana passada, o chefe de Estado acusara Macron de usar “um tom sensacionalista” para se referir à Amazônia “apelando até para fotos falsas”. Quem respondeu a Macron foi o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Com ironia, o ministro disse no Twitter que o presidente francês poderia começar pagando os “US$ 2,5 bilhões de crédito do Brasil pendentes desde 2005”.

Uma câmera de TV que filmava os líderes do G7 à mesa, antes do início de mais uma rodada de discussões, flagrou uma conversa lançada pela chanceler alemã Angela Merkel sobre um eventual contato com o presidente Bolsonaro. “Anunciei que vou ligar para ele (Bolsonaro) na próxima semana, para que não tenha a impressão de que estamos agindo contra ele”, disse a chanceler. “É, acho que isso é importante”, concordou o premier britânico, Boris Johnson. Macron acrescentou: “Sim. Nós ligaremos para ele?”. “Sim, eu ligarei para ele”, concluiu Merkel, antes que um segurança interrompesse a filmagem.

Pouco depois, Bolsonaro postou o vídeo em seu perfil no Twitter, acompanhado de um comentário: “Desde o princípio busquei o diálogo junto aos líderes do G7, bem como da Espanha e do Chile, que participam como convidados. O Brasil é um país que recupera sua credibilidade e faz comércio com praticamente o mundo todo”. O anúncio francês de que não ratificará o acordo comercial entre o Mercosul e a UE enquanto o governo brasileiro não se prontificar a respeitar as exigências do Acordo de Paris sobre o clima, não teve, ontem, novas repercussões. Pelo menos, não externamente de parte de Macron. A iniciativa francesa não recebeu o apoio esperado dos demais países da UE, que preferem manter o pacto comercial dissociado da atual disputa ambiental com o Brasil.


O Globo domingo, 25 de agosto de 2019

CENTENÁRIO DE JACKSON DO PANDEIRO (NO PRÓXIMO DIA 31) É FESTEJADO

 

Centenário de Jackson do Pandeiro é celebrado com discos, filme e shows

Fundamental para a MPB, cantor e compositor paraibano redefiniu parte do Nordeste para o resto do Brasil
 
 
Jackson do Pandeiro durante apresentação ao vivo Foto: Mario Luiz Thompson / Divulgação
Jackson do Pandeiro durante apresentação ao vivo Foto: Mario Luiz Thompson / Divulgação
 
 

RIO — Jackson do Pandeiro tinha — na performance de palco, na temática das canções — um apelo popular inegável, apoiado em humor e ritmo. Era pleno daquilo que costumamos chamar de “brasilidade” — como poucos foram antes e depois. Isso já seria motivo suficiente para celebrarmos seu centenário, que se completa no próximo dia 31. Mas essa é só sua face mais evidente.

A efeméride traz discos que evidenciam esse legado. O pesquisador Rodrigo Faour, que em 2016 editou na Universal (com Alice Soares e Maysa Chebabi) a caixa “O Rei do Ritmo”, prepara novo resgate, agora pela Sony:

— Estou cuidando da reedição de discos de Jackson por Columbia e CBS — adianta Faour, cuja edição de seu programa “MPB com tudo dentro” (no YouTube) dedicada a Jackson está entre as de maior audiência. — Era um intérprete impressionante, que nunca cantava duas vezes a mesma música da mesma forma. 

Outra homenagem é “Jackson — Na batida do Pandeiro”, documentário de Marcus Vilar e Cacá Teixeira que traz entrevistas inéditas com Almira Castilho e Geraldo Correa, ex-mulher/parceira e amigo de infância do músico.

No mês de seu centenário, O Globo vai à Paraíba atrás da história e do legado do Rei do Ritmo, que gravou cerca de 140 discos
No mês de seu centenário, O Globo vai à Paraíba atrás da história e do legado do Rei do Ritmo, que gravou cerca de 140 discos

Há quem diga, por exemplo, que o canto revolucionário de João Gilberto carregava suas lições de divisão rítmica.

— João falava sempre de seu suingue especial — conta Geraldo Azevedo, que tocou com Jackson na década de 1970 e gravou em 2007, com Alceu Valença, “Já que o som não acabou”, que compôs em homenagem ao mestre.

 

Fronteiras abertas

O dueto com Alceu não foi acaso. Os dois bateram na porta de Jackson para convidá-lo a cantar com eles, no Festival Internacional da Canção de 1972, “Papagaio do futuro”, de Alceu.

— Ele não gostava de cabeludos, associava-os à Jovem Guarda, que, segundo ele, estava acabando com a música brasileira — lembra Alceu. — Perguntou o que desejávamos, expliquei que gostaríamos da participação dele na música. Ele estranhou. Quando disse que era um coco, uma embolada, ele arregalou os olhos, ainda desconfiado, e pediu que cantasse. Bati palmas e fui: “Estou montado no futuro indicativo/ Já não corro mais perigo/ Nada tenho a declarar”. Aos poucos Jackson foi mudando de semblante. Animado, gritou: “Venham ouvir isso aqui. Esses dois cabeludos não são cabras safados, não”.

Influente para a geração de nordestinos que injetou novos elementos em gêneros da região, Jackson era ele próprio um artista de fronteiras abertas. Silvério Pessoa, que em discos como “Cabeça feita” e “Micróbio do frevo” prestou tributo ao paraibano, lembra que ele nunca foi preso a estilos.

— Luiz Gonzaga era o Rei do Baião, Capiba era identificado com o frevo, Tom Jobim com a bossa nova... Jackson, não — avalia Silvério. — Gravou forró, baião, coco, samba, foxtrote, pontos de umbanda, música de carnaval, frevo... Os discos de Jackson poderiam estar na mesma prateleira de outros que ampliaram fronteiras, como Miles Davies, Frank Zappa, Bob Dylan, Led Zeppelin. Ele redimensionou o forró, estendendo-o.

Nesse sentido, Silvério identifica nele uma proximidade com os tropicalistas:

— Ele chegou a usar artefatos de couro, como Luiz Gonzaga, mas pouco. Assumiu uma coisa mais urbana, próxima do pop, da psicodelia. “Chiclete com banana” é isso: dá pistas da conexão da música brasileira com a americana, é ao mesmo tempo uma crítica e um convite ao diálogo.

Ao gravar “Chiclete com banana”, em 1972, Gilberto Gil deixou claro que havia já ali muito do ideário antropofágico tropicalista. Gil observa que Jackson é fruto de um cruzamento de brasis que explodiu na Tropicália:

— É um dos maiores amores que eu tenho — diz o baiano. — É um artista que nasce no cruzamento entre a vida rural brasileira e o mundo urbano de cidades de porte médio, como Campina Grande.

Tradução do nordeste

João Bosco — que em 1995 gravou “Forró em Limoeiro” e antes, em 1984, já havia feito um tributo ao Rei do Ritmo com “Bate um balaio ou Rockson do Pandeiro” — vê uma relação de complementaridade entre Jackson e Gonzaga. Ele lembra que o paraibano e o pernambucano foram os maiores responsáveis por projetar um imaginário nordestino para o resto do Brasil — equivalente ao que Caymmi fez com a Bahia:

 

— São artistas distintos, mas se complementam na forma como traduziram o Nordeste com sabedoria e criatividade.

Seja como pré-joãogilbertiano ou pré-tropicalista, como divulgador da tradição nordestina ou ampliador dessa tradição, Jackson chega ao centenário mantendo a relevância. Como Lenine (outro que prestou sua homenagem a ele, com “Jack soul brasileiro”) define, sem exagero:

— Jackson foi e é um dos pilares da música popular brasileira contemporânea.


O Globo sábado, 24 de agosto de 2019

RECEITA DE QUIBE CRU DE CARNE DE PORCO

 

Jefferson e Janaína Rueda ensinam receita de quibe cru de carne de porco no Rio Gastronomia

Sucesso no Instagram, o casal posou para fotos com o público no Auditório Senac 
 
 
Jefferson e Janaína Rueda, da Casa do Porco, ensinaram a receita de quibe cru de porco, servido no restaurante Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo
Jefferson e Janaína Rueda, da Casa do Porco, ensinaram a receita de quibe cru de porco, servido no restaurante
Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo
 
 

Quebrar o tabu. A carne de porco crua foi tema de uma das aulas mais disputadas do Rio Gastronomia, com Janaina e Jefferson Rueda, da Casa do Porco Bar. Com o Auditório Senac lotado, a dupla preparou um quibe com lombo de porco curado no sal e pimenta. Neste ano, o cozinheiro entrou para a lista dos melhores restaurantes do mundo, na 39 posição, segundo a revista britânica The Restaurant.

 
 
Casa do Porco no Rio Gastronomia: o quibe cru de porco Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo
Casa do Porco no Rio Gastronomia: o quibe cru de porco Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo

 - Ainda há muito trabalho pela frente para desmistificar o risco da carne de porco crua. Os nossos porcos são abatidos em frigorífico e passam por inspeção sanitária. Isso faz toda a diferença. Para tudo, as pessoas precisam saber a procedência. Ainda falta muita informação sobre a carne de porco, não só no Brasil, mas em outros países. Essa é uma missão pra mim - defendeu Jefferson.

Logo no início da aula, o chef exibiu um vídeo mostrando todo o processo de criação e abate dos porcos. Segundo ele, o quibe faz parte da memória afetiva de sua família, já que era servido nos almoços de domingo na casa da avó.

- Sou de São José do Rio Pardo, no interior de São Paulo, onde a maior migração foi italiana e árabe. Sempre comia quibe no almoço de domingo na casa da minha avó. Mas não era de carne de porco crua. Naquela época, era inconcebível pensar nessa receita -  explicou.

Janaína defendeu o não desperdício dos alimentos, desde vegetais orgânicos às partes do porco.

- Quando você cria um animal e consome de cabo a rabo, você está contribuindo para a sustentabilidade no mundo. Quando você escolhe apenas uma parte, faz desperdício. Nós somos culpados quando escolhemos errado. Com os orgânicos, podemos usar as cascas e todas as partes - sinalizou Janaína Rueda.  

 


Sobre a premiação no 50th Best, Rueda destacou que a cliente cresceu bastante nos últimos meses com filas de espera de até seis horas.

- Fico muito feliz. Me passa um filme na cabeça desses 25 anos de carreira, por tudo que já passei. É uma honra poder levar o nome do Brasil junto a tantos outros cozinheiros que admiro tanto, com Rafa Costa e Silva, Helena Rizzo e Alberto Landgraf. Quero envelhecer e voltar a andar de cueca. Digo isso porque quero fazer as coisas com calma - brincou Jefferson.

O público recebeu provinhas no final da aula e aprovou o prato, sem preconceito - e sem filas.

- Acompanhamos o casal Rueda pelo Instagram e temos curiosidade em conhecer o restaurante. Aproveitamos a oportunidade de comer sua comida no Rio Gastronomia. Foi legal conhecer o que faz possível comer a carne crua. Achei uma delícia -  elogiou a internacionalista Maíra Abreu. 

Sobre a participação pela segunda vez no Rio Gastronomia, Jefferson elogiou o modelo do evento.

- Desde a primeira vez nos chamou atenção o respeito, o carinho que o Rio Gastronomia tem com a cozinha brasileira. Acho que poderia ser um modelo a ser seguido por qualquer cidade no mundo -  elogiou Jefferson. 

Receita

Quibe cru  suíno (Porção 24g/Rendimento: 80 porções )

1kg Lombo curado Picado

- 500g de trigo hidratado

- 300g de cebola picada

- 16g pimenta síria em pó

- 10g Sal refinado

- 50g hortelã picado

- 50g de salsa picada

- 20g de ciboulette

- Azeite a gosto

 

Preparo:

Hidratar o trigo com água quente por 01 hora.

Misturar todos os ingredientes

 Realizado pelo GLOBO com apresentação do Sesc RJ e do Senac RJ, o evento tem patrocínio master de Santander e patrocínio de Stella Artois, Pão de Açúcar, Coca-Cola e Vivo. O Rio Gastronomia tem ainda o apoio de Azeite Andorinha, Naturgy, Gosto da Amazônia, Unimed-Rio, Amázzoni Gin, Magnésia de Phillips Tabs e Água Pouso Alto, Orfeu Cafés Especiais como Café Oficial e parceria com Sindicato de Bares e Restaurantes (SindRio).


O Globo sexta, 23 de agosto de 2019

FRIENDS: A AMIZADE MAIS LONGEVA DA HISTÓRIA DAS SÉRIES

 

'Friends': a amizade mais longeva da História das séries

PATRÍCIA KOGUT

 
 
 
 
Elenco de 'Friends' (Foto: Divulgação)
Elenco de 'Friends' (Foto: Divulgação)

 

Está chegando a hora de apagar as velinhas. “Friends”, a sitcom que marcou a televisão e é até hoje adorada por milhões no mundo inteiro, completará 25 anos em 22 de setembro. Entre os mil festejos, está previsto o lançamento de “Generation friends”, de Saul Austerlitz. O escritor faz revelações inéditas sobre os bastidores (todo mundo que viu “Friends” acha que sabe tudo sobre a série, mas ainda há muito o que contar) . O “Entertainment weekly” (EW.com) publicou trechos do livro.

 

Há detalhes curiosos. Por exemplo: inicialmente, a produção seria estrelada por sete amigos, e não seis, como acabou acontecendo. Executivos da NBC cogitaram convocar um ator mais velho: isso atrairia o público maduro. A ideia ganhou força, mas acabou descartada. O projeto chegou a ser batizado de “Friends like us”. Os produtores tiveram só dois meses para escalar o elenco e, acredite, Jennifer Aniston (Rachel) por pouco não fez parte da equipe. Houve muitas dúvidas ainda quanto à representatividade. Como a comédia se passava no Village, em Nova York, uma corrente defendia que ela deveria refletir o caráter multicultural da cidade e ter um ator negro e outro, asiático. Mas isso não se concretizou. Os perfis dos personagens também foram sendo adaptados. Monica(Courteney Cox) era mais durona no desenho inicial.

O que faz com que tantos anos mais tarde (o último episódio foi ao ar em 2004) “Friends” siga interessando? Talvez seja seu tema central: a amizade. Talvez seja a nostalgia, que acaba perdoando todos os defeitos de uma produção.


O Globo quinta, 22 de agosto de 2019

DRAUZIO VARELLA: NA HORA EM QUE VOCÊ DESISTE E DIZ AGORA CHEGA

 

Drauzio Varella: 'Na hora em que você desiste e diz agora chega, você ficou velho'

Médico defende restrição alimentar, vida intelectual e exercícios como caminho para vida longa e saudável
 
 
Drauzio Varella em seu consultório: 'Não quero me aposentar' Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Drauzio Varella em seu consultório: 'Não quero me aposentar' Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
 
 

RIO — São 16 livros publicados, incontáveis palestras, participações em programas de televisão, artigos em jornais e, mais recentemente, vídeos no YouTube e podcasts. Aos 76 anos, o oncologista mais pop do país não pensa em pendurar os estetoscópios. Ao longo de mais de quatro décadas de prática médica, auxiliou em seu consultório gerações de pacientes que precisaram lidar com os aspectos positivos e negativos do envelhecimento. Nesta entrevista ao GLOBO, o médico conta como enfrenta a passagem do tempo e aponta caminhos para uma vida longa e produtiva.

 

Em maio, o senhor completou 76 anos. Como encara o envelhecimento?

Eu nunca encarei. Comecei a correr quando tinha 50 anos e corro maratona até hoje. Acho que isso me fez muito bem. Primeiro porque tenho pressão e glicemia normais. Em hipótese alguma levo minha idade em consideração. As besteiras que tinha que fazer fiz adolescente e não tenho vontade de repetir agora. Você não pode chegar a uma fase da vida e dizer ‘preciso ir devagar porque estou com idade avançada’. Vai ficar com essa idade que você está projetando. Não quero me aposentar. Quero trabalhar, criar coisas novas, estou empenhado em diversos projetos. Você precisa ter essa necessidade, essa inquietação. Se está vivo, mesmo com limitações físicas, pode continuar brilhando. Na hora em que você desiste e diz ‘agora chega’, você ficou velho.

 

Gostaria de ultrapassar a barreira dos 100 anos?

Não tenho nenhuma preocupação com isso. Todos queremos viver muito, mas não a qualquer preço. Inclusive, a gente deveria ter direito de decidir, enquanto é lúcido e tem saúde, até que ponto quer estar vivo. Com sorte, será assim no futuro. Na hora em que eu confundir minha mulher com um par de sapatos, não reconhecer meus filhos e netos, ou quando perder controle dos esfíncteres, não quero mais. Isso tem que ser um direito do cidadão. Muita gente enfrenta velhices humilhantes. Gente que foi brilhante e vira um vegetal, manipulado por outros. Acho que essa questão do envelhecimento tem limites. Não sei qual vai ser o meu. Tomara que seja 110 anos. Mas pode ser daqui a seis meses ou dois anos.

 

Envelhecer é inevitável, mas ainda tem conotação negativa para muita gente. Por que é preciso mudar essa concepção?

Em primeiro lugar, é preciso definir o que é velhice. No passado, uma pessoa de 50 anos era considerada velha. Machado de Assis se refere muitas vezes, nos seus contos, a velhos dessa idade. Eu tenho uma nota de um jornal de Manaus do começo do século XX escrita assim: ‘Caminhão atropela velhinha de 40 anos’. O conceito muda com o tempo. A expectativa de vida vem aumentando. E, além disso, as pessoas envelhecem com mais saúde hoje. Não quer dizer que envelheçam bem. Temos muito a melhorar.

O que o senhor costuma dizer aos seus pacientes que têm medo da velhice?

Digo sempre que a alternativa é pior. Bem pior. É curioso, porque todo mundo quer viver muito. Mas as pessoas começam a envelhecer e a reclamar da velhice. É um absurdo. Na verdade, houve uma mudança de paradigma. Como era o modelo das gerações anteriores? Um ‘velho’ de 50 anos se aposentava e ouvia dos médicos que deveria fazer repouso. Quanto menos esforço fizesse, mais saúde teria. Na realidade, é o oposto. Essa mudança de perspectiva fez toda diferença. Na hora em que começamos a considerar o movimento, a atividade física, passamos a ver pessoas com idade avançada e condições de saúde que não nos permitem chamá-las de velhas.

 

A chave para longevidade, então, é evitar o sedentarismo?

O corpo humano evoluiu para o movimento. Aqueles que se movimentavam mais, corriam mais, subiam melhor nas árvores, tiveram vantagens na evolução. Depois da Segunda Guerra Mundial, passamos a ter, pela primeira vez na história da humanidade, a oportunidade de subsistir comendo à vontade. E sentados o dia todo. Você imagina um sedentário na época das cavernas? Morreria antes da adolescência, sem deixar descendentes. Agora, a gente pode passar os dias assim. Para envelhecer bem, você precisa se convencer de duas coisas básicas. Primeiro: não dá para comer tudo o que oferecem. Segundo: não dá pra passar o dia sentado. É preciso brigar contra a natureza humana. Nunca fomos treinados para conter o apetite. Pelo contrário, quando você tinha acesso aos alimentos, comia o máximo possível. Quando conseguia, ficava parado para não desperdiçar energia. É algo ancestral. Por isso é tão difícil fazer exercícios e comer com parcimônia.

Ainda vale a pena rever hábitos antigos aos 60, 70?

É fundamental. O cigarro é o exemplo típico. Você pega um homem que fumou a vida inteira e para aos 70 anos. Em três meses, a bronquite crônica associada ao cigarro desaparece e ele começa a respirar melhor, a sentir-se melhor. Em qualquer idade você vai se beneficiar da mudança de hábitos. Com a atividade física, a mesma coisa. Uma pessoa sedentária de 70 anos que comece a fazer exercícios leves vai estimular a hipertrofia dos músculos, a circulação sanguínea.

 

Existem maneiras de evitar o envelhecimento do cérebro?

Quanto mais usamos o cérebro e aprendemos coisas novas, mais fortalecida será a memória. Nos últimos anos, diversos trabalhos científicos mostraram com clareza que atividade física, dieta sem exageros, com quantidades menores de gordura e maiores de vegetais, além da manutenção da atividade intelectual, especialmente a leitura, previnem e retardam o desenvolvimento do mal de Alzheimer. Mesmo que haja predisposição genética.

O Brasil está preparado para lidar com o prolongamento da longevidade?

Nem o Japão está. É um problema sério por lá, onde a população idosa é enorme e existem muitas políticas públicas. Nas famílias pequenas, a questão é quem para de trabalhar e cuida dos velhos com Alzheimer. Muitas vezes, sai mais barato para o governo pagar os filhos para cuidar da mãe do que institucionalizá-la. O Brasil está longe de estar preparado para isso.


O Globo quarta, 21 de agosto de 2019

ISABEL HICKMANN FALA SOBRE CIRURGIA DO FILHO

 

Isabel Hickmann fala sobre cirurgia do filho: 'Há um mês e meio de sorriso novo'

Modelo conta que Francisco não precisa mais usar fita e que não para de sorrir
 
 
Francico, o filho de 9 meses da modelo Isabel Hickmann Foto: Arquivo Pessoal
Francico, o filho de 9 meses da modelo Isabel Hickmann Foto: Arquivo Pessoal
 
 

Mãe coruja, a modelo Isabel Hickmann vem compartilhando com seus seguidores nas redes sociais cada o momento do filho Francisco, de 9 meses. Na noite desta quarta-feira, postou um clique do menino todo sorridente. "O melhor sorriso que você verá na sua timeline hoje ou amanhã... Futuro do presente, a vida bela como ela deve ser!", escreveu a top.

 
Francico, o filho de 9 meses da modelo Isabel Hickmann Foto: Arquivo Pessoal
Francico, o filho de 9 meses da modelo Isabel Hickmann Foto: Arquivo Pessoal

 

Chico passou por uma cirurgia delicada em julhoi para corrirgir o lábio leporino e fenda palatina (fissuras que atingem o lábio e o céu da boca). Em entrevista exclusiva à ELA Digital, Isabel conta que o rebento está "100%". "Ele está lindo mesmo, há um mês e meio de sorriso novo. Ainda precisamos fazer alguns procedimentos para cicatrização, mas está tudo ótimo", comenta a modelo. "Faço massagem para diminuir a fibrose e estimular a musculatura. Ele não gosta muito, mas está muito tranquilo."

Francico, o filho de 9 meses da modelo Isabel Hickmann Foto: Arquivo Pessoal
Francico, o filho de 9 meses da modelo Isabel Hickmann Foto: Arquivo Pessoal

 

Ela dá mais detalhe: "Durante um tempo, Chico precisou usar uma fita no rosto incentivar o  crescimento de pele no prolábio. É um alívio não termos mais que usá-la. Fora que ele está mamando e comendo melhor cada dia mais. Está crescendo também, o que ajuda bastante", entrega. "Chico sorri da hora que acorda até a hora de dormir. E sorri para todo mundo na rua. É um querido."


O Globo terça, 20 de agosto de 2019

RESTAURANTES E TRUCKS

 

Restaurantes e trucks estreantes no Rio Gastronomia 2019

Saiba quais são e oque eles estão servindo no evento no Píer Mauá
 
Bar Kalango. Rabanada com tapioca e doce de leite Foto: Eduardo Almeida / Divulgação
Bar Kalango. Rabanada com tapioca e doce de leite Foto: Eduardo Almeida / Divulgação
 
 

Eles acabaram de chegar, mas já estão fazendo o maior sucesso. São quiosques, bikes e food-trucks que estão estreando nesta edição do Rio Gastronomia. Além de apresentar duas especialidades para o público do Rio Gastronomia, maior evento do gênero no país, os novatos no evento têm a chance de estar lado a lado com veteranos, como o Grupo Irajá, Gero, Belmond Copacabana Palace, Lasai, Gruta de Santo Antônio.

O Grupo 14Zero3  é uma das participações fresquinhas deste ano, e leva dois de seus sete restaurantes para o Pier Mauá: Oia Cozinha Mediterrânea e o Heat Firehouse.

- É uma oportunidade única para interagirmos com o público do maior evento de gastronomia do Brasil. O evento movimenta muita a cena carioca, é animador ver a nossa cozinha ser exaltada e os consumidores se aproximando de produtores, chefs, dos donos de restaurantes -  comemora o chef-executivo Elia Schramm - A expectativa é alta, esperamos encontrar nossos clientes e apresentar nossos pratos para novas pessoas.

Conheça as estreias para fazer check-in nesta edição

Chez Claude

Chez Claude. Prato Rio Gastronomia de Claude Troisgros custa R$ 20 Foto: Divulgação
Chez Claude. Prato Rio Gastronomia de Claude Troisgros custa R$ 20 Foto: Divulgação

Claude Troisgros já participou algumas vezes do Rio Gastronomia. Mas com a comida do Chez Claude é a primeira vez. No quiosque do chef-celebriade, estão a minilinguiça com cebola e farofa panko (R$ 20), peixe oriental com arroz e quinoa (R$ 28) e o  bolo de chocolate (R$ 15).

Heat Firehouse

Conhecida por seus cortes indecentes, a casa de carne comandada por Elia Schramm servirá picanha fatiada com fritas (R$ 42), Heatburguer (R$ 29),  Heatfries com barbecue de Jack Daniel’s (R$ 20).

Kalango Bar

Bar Kalango. Rabanada com tapioca e doce de leite Foto: Eduardo Almeida / Divulgação
Bar Kalango. Rabanada com tapioca e doce de leite Foto: Eduardo Almeida / Divulgação

Emerson Pedrosa e Katia Barbosa levam a cozinha nordestina para o Pier Mauá. Sonho de macaxeira com carne de sol e nata (R$ 20) e a rabanada de broa de milho com creme de tapioca, doce de leite e flor de sal (R$ 18) marcam presença no quiosque.

 

Kō Bā Izakaya

 


Kō Bā de porco no pão de vapor Foto: Tomás Rangel / Divulgação
Kō Bā de porco no pão de vapor Foto: Tomás Rangel / Divulgação

O conceito de boteco japonês chega pela primeira vez ao evento. Para deixar o público por dentro deste tipo de comida, os três chefs ficam no quiosque dando explicações sobre os pratos. No cardápio vai ter sunomono de camarão (R$ 20), sanduíche de porco à milanesa em pão de miga (R$ 25), barriga de porco cozida em saquê e shoyu adocicado (R$ 30).

 

Mamma Jamma

 Dá para comer sozinho, mas é bom compartilhar para poder experimentar mais sabores de pizza. Em tamanho individual, as opções são margherita (R$ 24) e linguiça (R$ 22),  caponata de berinjela (R$ 12), e o sabor excludivo para o evento,  carbonara (R$ 20). Para completararancini com calabresa (R$ 15, duas unidades) e brownie de Nutella (R$ 9).

Oia

 Outro quiosque sob o comando de Elia Schramm é o Oia, com sabores gregos e do mediterrâneo. As sugestões por lá são o gyro de frango ou de porco (38), porknachos (R$ 20), feta popcorn com mel grego (R$ 28), calamari frito crocante (R$ 35), arroz mar&montanha (R$ 49).

Teva

Os tacos de jaca do Teva Foto: Divulgação
Os tacos de jaca do Teva Foto: Divulgação

 O restaurante que nasceu em Ipanema e acabou de chegar em São Paulo, dá uma paradinha Píer Mauá para apresentar ao grande público um surpreendente cardápio 100% vegetal e orgânico. São irresistíveis o espaguete de pupunha com cogumelos (R$ 20), o taco de jaca verde (R$ 12), e o  bolinho de baião de dois com tofu defumado (R$ 10).

Food-trucks e bikes

Costelas:

Para beliscar, a pipoca de porco (R$ 20), feita com barriga suína crocante, já é um sucesso no evento, e ainda tem coxinha de costelinha suína (sem farinha) com barbecue de goiabada (R$ 25, 5 unidades). Na ala dos sanduíches, todos no brioche, as pedidas são costela de boi com pasta de alho e bacon crocante (R$ 38) e costela de porco thai com barbecue de goiabada e alho torrado (R$ 36). Os recheios viram cobertura das bruschettas (R$ 26, 5 unidades).

 

Curadoria

 

Curadoria. Classic burger está no cardápio Foto: Tomás Rangel / Divulgação
Curadoria. Classic burger está no cardápio Foto: Tomás Rangel / Divulgação

 

Depois de chegarem ao Be+Co, em Botafogo, os desejados sanduíches da Curadoria, na Barra, também estão no Rio Gastronomia. Difícil é escolher qual comer: o sanduíche de pastrami (R$ 29), ou o classic burger (R$ 27). Tem também o  KFC (R$ 20), três coxinhas no molho coreano.

 

Marchezinho

Os sanduíches na focaccia de ragu de shiitake com queijo de cabra  (R$ 20), rabada desfiada com ervas (R$ 25 ) polvo grelhado (R$ 27) são de seguir com os olhos na área externa do Píer.

Tutto Nhoque

 Preparem os celulares para o stories no Instagram. Os nhoques coloridos também têm direito a  topping raclete (R$ 10), no evento. Os sabores são batata-roxa, batata-baroa com ragu de linguiça ou tradicinal (R$ 30). Se quiser uma entradinha antes, tem bruschetta (R$ 15).


O Globo segunda, 19 de agosto de 2019

VALORIZAÇÃO DO ARTESANAL

 

‘Valorizar o artesanal ao invés do industrial é uma revolução’, diz produtor de gim

Criadores do premiado Amázzoni Gin falaram sobre a crescente qualidade das bebidas e da coquetelaria brasileira
 
 
 
 

Um dos lugares mais concorridos do Rio Gastronomia desde a edição passada, o bar Rio Coquetelaria oferece drinques preparados com Amázzoni Gin, produzido artesanalmente no interior do estado. No Auditório Santander lotado, os sócios Alexandre Mazza e Arturo Isola receberam as bartenders Jessica Sanchez, do Vizinho Gastrobar, e Adriana Pino (SP), para preparar drinques, degustar gim e falar sobre o mercado nacional. 

- Nos últimos seis anos tivemos um aumento de marcas chegando ao Brasil, somado ao boom de destilarias nacionais produzindo em larga escala -, analisou Jessica - Quanto  mais bebidas de qualidade, melhores drinques e, consequentemente, mais exigente os consumidores ficam. Isso é bom pra todo mundo, todos passam a produzir melhor. 

Segundo Arturo, o Brasil hoje conta com 74 marcas de gim registradas, o que impulsionou a coquetelaria e até o mercado de tônicas artesanais, por exemplo. Prova de que o público brasileiro está ávido por novidades é que eles acabam de lançar seu segundo rótulo, o Amázzoni Rio Negro, com com 51% de graduação alcoólica (o primeiro tem 42%). 

- A receita só leva botânicos frescos. Tem muito zimbro, semente de coentro e casca de limão siciliano. Usamos a oleosidade da castanha-do-pará para amaciar a potência da bebida na boca -, explica Mazza. 

No mercado desde junho, o novo rótulo já conquistou o almejado Double Gold Medal, da San Francisco Spirit Awards. Ano passado, a marca foi laureada com o Word’s Best Craft Producer of The Year, pelo World Gin Awards, em 2018, em Londres. “Brasileiro acha que importado é melhor, mas estamos mudando isso”, comemorou Mazza. 

 

O encontro da coquetelaria com a comida continua na a partir de quinta-feira, quando começa a segunda semana do evento. Destaque para a aula “A importância dos ingredientes”, no sábado, 22. Na ocasião, os sócios do Amázzoni Gin dividem o Auditório Santander com o chef Thomas Troisgros, do Olympe, vencedor na categoria de melhor francês. 

- Vamos dar spoiler: Thomas Troisgros vai usar na comida os mesmos botânicos que usamos no gim. É a prova de que a união da comida com a gastronomia dá certo - disse Arturo.

Realizado pelo GLOBO com apresentação do Sesc RJ e do Senac RJ, o evento tem patrocínio master de Santander e patrocínio de Stella Artois, Pão de Açúcar, Coca-Cola e Vivo. O Rio Gastronomia tem ainda o apoio de Azeite Andorinha, Naturgy, Gosto da Amazônia, Unimed-Rio, Amázzoni Gin, Magnésia de Phillips Tabs e Água Pouso Alto, Orfeu Cafés Especiais como Café Oficial e parceria com Sindicato de Bares e Restaurantes (SindRio).


O Globo domingo, 18 de agosto de 2019

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

 

Violência doméstica prejudica profissionais e empresas

Estudos mostram que a mulher agredida falta mais, tem menos concentração e fica menos tempo no mesmo emprego
 
 
 Morghana Linares foi agredida pelo marido durante anos. Ela ainda luta para manter a guarda dos filhos Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Morghana Linares foi agredida pelo marido durante anos. Ela ainda luta para manter a guarda dos filhos
Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
 
 

RIO - A primeira agressão veio quando a filha Sofia, hoje com 6 anos, ainda era um bebê. Um soco direto no olho foi a reação do marido ao saber que a mulher tinha falado com vizinhos sobre os filhos dela do primeiro casamento.

- Como eu ia esconder isso? Esconder meus filhos? Uma vizinha viu e chamou a polícia. Ele foi preso em flagrante, mas liberado por ter residência e emprego fixos. O casamento continuou. Ele dizia que ia mudar, me dava rosas, perfume. Minha mãe falava que toda mulher passa por isso, que o importante é ter as contas pagas e comida em casa - lembra Morghana Soares, de 32 anos, que fez mais de dez boletins de ocorrência em 11 anos de casamento.

Nos escritórios: advogadas enfrentam limites que vão do modelo de contratação ao tamanho do salto

Mãe de cinco filhos, Morghana escondia as agressões. Tinha vergonha, o que a levava a faltar ao trabalho na Avon, onde é operadora de produção. O absenteísmo é uma das consequências da violência doméstica, que afeta não só a atividade profissional das mulheres, mas também a produtividade das empresas.

 Dois estudos sobre o tema, um do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e outro da Universidade Federal do Ceará e do Instituto Maria da Penha, mostram que a mulher agredida falta mais, tem menos concentração e poder de decisão e fica menos tempo no mesmo emprego.

 

Nos EUA: Mulheres são finalmente vistas como tão competentes quanto homens, diz estudo

Ao investigar como o trabalho afeta a relação da mulher com o parceiro, o economista Daniel Cerqueira, do Ipea, concluiu que, entre as mulheres que estão no mercado, 52% já foram agredidas contra 24,9% entre as que não trabalham. Com o cruzamento de dados do IBGE, o estudo concluiu que as mulheres casadas que trabalham têm menos chance de serem agredidas que as empregadas que estão separadas:

- Mais de um milhão de mulheres são agredidas por ano, 79% delas têm filhos. Não conseguimos saber se a mulher já era agredida antes de separar e isso provocou a separação e as agressões continuaram ou se a violência começou após a separação. O que os dados mostram é que só a autonomia financeira não é suficiente para impedir agressões. Temos que nos antecipar ao problema, com educação de gênero para quebrar a estrutura patriarcal e dar medidas protetivas.

Pesquisadora: Mulheres matemáticas são 'afastadas' da academia com o tempo.

Salário até 15% menor

Para Wânia Pasinato, socióloga e também autora do estudo, a renda permite que a mulher negocie uma vida mais segura:

— Ela faz concessões, como o marido controlar a renda.

No acompanhamento que o professor José Raimundo Carvalho, da Universidade Federal do Ceará, faz desde 2016 com 10 mil mulheres do Nordeste, 17% das vítimas de agressão relataram entregar parte ou todo o salário para o marido. Entre as que não são agredidas, 10% fazem isso.

 

Previdência : Com reforma, mulheres poderão se aposentar por valor integral 5 anos antes dos homens

A aceitação ou não de um emprego também é afetada pela violência. Entre as que sofreram abusos, 23% desistiram do emprego por pressão do marido. Entre as que não sofrem violência, 9%.

- A mulher se concentra menos, dorme pior, perde poder de decisão, fica mais estressada, o que reduz a produtividade.

O reflexo aparece no tempo no emprego. As vítimas ficam quase cinco anos no mesmo emprego, contra mais de seis anos das que não sofrem:

- A mulher agredida falta ao trabalho 18 dias por ano. O custo disso para economia é de R$ 1 bilhão por ano, com 15 milhões de dias perdidos e o salário delas é de 12% a 15% menor. O setor privado está muito acanhado e também precisa se responsabilizar pelo combate à violência, que custa caro ao setor produtivo.

Aposentadoria: diferença de idade puxa Brasil para baixo em ranking de igualdade de gênero

A vida de Morghana começou a mudar quando chegou com o braço quebrado no trabalho, na Avon. A médica percebeu a violência e a encaminhou para psicólogos, advogados, apoio financeiro e o acionamento da polícia para impedir a aproximação do agressor.

A Avon criou o instituto há dois anos, após a morte de duas funcionárias. Mafoane Odara, gerente do Instituto Avon, concorda com o professor José Raimundo sobre a falta de ação das empresas:

- Cerca de 20% das faltas das mulheres são pela violência, que caem 70% quando são atendidas. Quando começamos, havia 18 denúncias, hoje são dez casos por mês. Oferecemos prevenção, acolhimento e suporte para a mulher começar de novo. O primeiro passo é treinar a equipe:

- Marcas no pescoço podem indicar estrangulamento, que a mulher corre risco de vida e deve ser tirada de casa.

Mafoane avisa que no fim do mês será criada coalização com mais de 70 grandes empresas que vão se comprometer a implantar programas semelhantes ao da Avon.  Morghana ainda luta na Justiça para ter a guarda dos filhos.


O Globo sábado, 17 de agosto de 2019

GASTRONOMIA: SEGREDOS PAR AO CEVICHE PERFEITO

 

Chef peruano Javier Ampuero ensina os segredos para o ceviche perfeito

Primeira atração internacional desta edição Rio Gastronomia fez o público viajar pelo país andino no Auditório Senac
 
 
Chef peruano Javier Ampuero ensina os segredos para o ceviche perfeito Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo
Chef peruano Javier Ampuero ensina os segredos para o ceviche perfeito Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo
 
 

Primeira atração internacional do Rio Gastronomia, o chef peruano Javier Ampuero fez o público viajar pelo país andino no Auditório Senac, na noite desta sexta-feira, no primeiro dia de Rio Gastronomia. Sucesso na TV e professor do Le Cordon Bleu Lima, o cozinheiro ensinou três receitas:  um ceviche amazônico de pescado com banana servido sobre uma casca de cacau, polvo com azeitonas e galinha com pimentão.

- O Peru tem cinco mil anos de gastronomia. São influências dos negros, árabes, chineses, japoneses, espanhóis, além dos monges dos conventos. Temos muitos ingredientes e história, por isso nossos sabores são tão marcantes - destacou Javier, que estagiou com Alex Atala no D.O.M. em 2014.


Para fazer o ceviche perfeito, o chef garantiu que não é preciso muito esforço.

- O segredo para um bom ceviche é o pescado fresco, uma boa cebola roxa, um limão muito ácido, um picante e sal. São 5 elementos. Para controlar a acidez, é necessário colocar mais sal e cubos de gelo - explicou.

Realizado pelo GLOBO com apresentação do Sesc RJ e do Senac RJ, o evento tem patrocínio master de Santander e patrocínio de Stella Artois, Pão de Açúcar, Coca-Cola e Vivo. O Rio Gastronomia tem ainda o apoio de Azeite Andorinha, Naturgy, Gosto da Amazônia, Unimed-Rio, Amázzoni Gin, Magnésia de Phillips Tabs e Água Pouso Alto, Orfeu Cafés Especiais como Café Oficial e parceria com Sindicato de Bares e Restaurantes (SindRio).


Quatro perguntas para Javier Ampuero:


Como foi sua experiência estagiando com Alex Atala, no D.O.M?

 
Conheci o Atala em Lima, durante o Festival Mistura. Trabalhei com ele no evento e tomei coragem para escrever uma carta, pedindo o estágio. Ele me respondeu dizendo que sim.  A experiência foi incrível, intensa, trabalhava 12 horas diariamente. Aprendi muito dos produtos típicos e emblemáticos do Brasil. Mandioca, pirarucu, cachaça, espirulina (alga), além de todos os cítricos (laranjas, limões, tangerinas).

Tive ainda a sorte de encontrar com Mara Salles, do restaurante Tordesilhas. Estive com ela conversando muito sobre a comida caseira, guisados, farofas, banana à milanesa, arroz com brócolis. Trabalhar em São Paulo foi uma experiência incrível.

Quando vem ao Brasil o que gosta de fazer?


Adoro a carne brasileira e gosto de comer em churrascarias. Também adoro a comida caseira, do dia a dia. 


O que falta ao Brasil para atingir projeção internacional na gastronomia?


O Brasil já tem projeção, muitos sabem o que é a feijoada, a cachaça. Mas o Peru tem 5 mil anos de gastronomia. São influências de diversas culturas e ainda a colonização espanhola, que ajudou a difundir a nossa cultura pelo mundo. Pelo Brasil ser amazônico, acredito que o interesse pela comida autentica brasileira está crescendo. 

 


Como define a sua cozinha?


Uma cozinha simples, equilibrada, de muita paciência. Faço comida que precisa cozinhar por muito tempo, uma cozinha histórica. Por isso, estou dedicado 100% em ensinar no Cordon Bleu. 


O Globo sexta, 16 de agosto de 2019

CINCO CIDADES PARA APRECIAR O BARROCO

 

Maestro indica cinco cidades para apreciar o barroco no Brasil

A lista é de Felipe Prazeres, que se apresenta no festival ‘Baroque in Rio’
 
 
Teto do Mestre Ataíde Foto: Divulgação
Teto do Mestre Ataíde Foto: Divulgação

RIO - Do dia 30 até 2 de setembro, o festival “ Baroque in Rio ” vai invadir a cidade com uma programação que homenageia o barroco, estilo artístico que ganhou solo fértil no país . Segundo os organizadores, o evento ocuparálocais históricos no Rio de Janeiro com o encontro de músicos franceses e brasileiros, com diversas apresentações gratuitas.

 

Durante o evento, o maestro Felipe Prazeres apresentará concertos de Bach, ao lado de Marco Catto, Marcus Ribeiro e Rodrigo Favaro. O artista selecionou cinco cidades para admirar a arte barroca nacional.

O maestro Felipe Prazeres Foto: Divulgação
O maestro Felipe Prazeres Foto: Divulgação

Ouro Preto

“A Igreja São Francisco de Assis, de 1766, é uma das principais do barroco mineiro, projeto do Aleijadinho, de quem também possui diversas esculturas. O teto da igreja, de Mestre Ataíde, evidencia a intensa atividade musical: exibe anjos que tocam violas, flautas e outros instrumentos musicais. Já tive a oportunidade de tocar nessa igreja, e a acústica é espetacular. Na cidade, também destaco o Museu da Inconfidência, que abriga o Panteão dos Inconfidentes.”

Tiradentes

“A Igreja Matriz de Santo Antônio é um ícone do estilo. A construção começou em 1710 e foi finalizada em 1752. É belíssima, com muito ouro. Em frente a ela fica o relógio de sol, construído em pedra sabão e outro atrativo da época. O órgão da igreja, transportado de Portugal para o Brasil em 1788, é um dos mais importantes instrumentos históricos do país, em perfeitas condições de uso após minucioso restauro.”

São João Del Rey

“A viagem de Tiradentes até São João del-Rei, com o trem da Maria Fumaça, também é uma viagem no tempo. A estação é bem conservada, e dá para imaginar um pouco como era a cidade na época colonial.”

 

Paraty

Fachada da Casa de Cultura, em Paraty Foto: Divulgação
Fachada da Casa de Cultura, em Paraty Foto: Divulgação

“A Igreja de Santa Rita não tem um estilo barroco rebuscado, mas o charme está na simplicidade, com diversos elementos do barroco-rococó. Na igreja, funciona o Museu de Arte Sacra de Paraty. Outros destaques são a Casa da Cultura, que fica num imóvel construído no século XVIII, e o Chafariz do Pedreira, todo em mármore branco, de 1851, para abastecer de água a cidade.”

Olinda

Paróquia do Carmo Foto: Matti Blume/Creative Commons
Paróquia do Carmo Foto: Matti Blume/Creative Commons

“A cidade tem vários representantes da época. A Igreja de São Sebastião, de 1686, é uma delas, de estilo rococó. A Paróquia do Carmo, a primeira igreja da Ordem dos Carmelitas da América Latina, também. Ela tinha o maior sino da cidade, mas que foi retirado pelos holandeses para transformar em armamento. Por fim, não dá para sair sem passar pela Basílica e pelo Mosteiro de São Bento, construções das mais bonitas da cidade. A talha dourada no altar é linda. E vale a pena ouvir o cântico do ofício divino.”


O Globo quinta, 15 de agosto de 2019

MARIDO DE DEBORAH SECCO, HUGO MOURA, FALA SOBRE SEXO

 

Adoro fazer e incentivo sempre’, diz Hugo Moura, marido de Deborah Secco, sobre sexo

Ator também conta que pretende adotar uma criança e que só oito pessoas estiveram em seu casamento com a atriz
 
 
Hugo Moura Foto: Vinicius Mochizuki
Hugo Moura Foto: Vinicius Mochizuki
 
 
 

Em 2014, o baiano Hugo Mouradesembarcou no Rio de mala e cuia. Queria extravasar sua criatividade de alguma maneira e acreditava que teria mais oportunidades para deixar aflorar seu lado artístico na Cidade Maravilhosa. Começou pela indústria da moda e pagou cursos de interpretação com a grana que ganhou como modelo comercial — ele passou longe das passarelas com seu 1,76m. O esforço foi recompensando e, aos 28 anos, ele contabiliza sete peças teatrais no currículo. “Acredita que muita gente só levou a sério essa história quando estreei na televisão, na novela ‘Segundo o sol’ ? Aí perceberam que atuação é meu plano A”, conta Hugo, no ar em “Malhação: toda forma de amar”. “Mal tive férias entre um projeto e outro. E achei isso ótimo. Não gosto de ficar à toa em casa. Amo trabalhar.”

 No Rio, Hugo conheceu também Deborah Secco e as coisas nunca mais foram as mesmas. Casou-se de papel passado com a atriz, com quem tem uma filha, Maria Flor, de 3 anos. A impressão é que o duo está numa lua de mel permanente. “Eu me empenho reconquista-lá diariamente.”
 
Hugo, Deborah e Maria Flor Foto: Reprodução/ Instagram
Hugo, Deborah e Maria Flor Foto: Reprodução/ Instagram

 

A seguir, o ator fala sobre paternidade, sexo, vida de modelo e casamento.

Pernas grossas

“Virar modelo foi o jeito que encontrei de chegar ao meu objetivo, que era viver de arte. Deu certo e consegui me manter no Rio graças a esse trabalho. Apesar de ser baiano, era tido no meio fashion como o típico carioca. Talvez pelo meu bronzeado. Mas não era chamado para fazer desfiles. Achavam que eu era baixo, minhas pernas eram grossas...”

Salvador-Rio

“Tenho saudade de Salvador. Conhecia todas as ruas da minha cidade. Às vezes, me sinto numa bolha no Rio. Circulo pela Barra da Tijuca e Zona Sul. Mas não recuso convites de amigos que moram em outras áreas. Quero andar por tudo que é canto.”

Hugo Moura Foto: Reprodução/ Instagram
Hugo Moura Foto: Reprodução/ Instagram

 

Mulher mais jovem na ficção

“Em ‘Malhação’, meu personagem se envolve com uma garota mais jovem. Ou seja: a arte não imitou a vida (Deborah tem 39 anos). Fiquei desesperado e notei que estava me julgando. Atuar é um exercício de autoconhecimento; é se livrar das amarras sociais.”

 

Sim, sim, sim!

"Deborah e eu nos casamos em novembro de 2015, numa cerimônia discreta somente para a família. Foi uma delícia. Todos os convidados cabiam numa mesa de jantar de oito lugares. Tomamos a decisão de nos unir oficialmente dois ou três meses depois de nos conhecermos. Foi muito rápido. Não tinha razão para esperar e estamos juntos até hoje."

Hugo e Deborah Foto: Reprodução/ Instagram
Hugo e Deborah Foto: Reprodução/ Instagram

 

Diálogo é o segredo

"Lá atrás, prometemos um ao outro que iríamos conversar sobre tudo, que teríamos um diálogo aberto. E casamento é isso: uma conquista diária. No nosso caso, é fácil. A sintonia é fina; queremos sempre nos reconquistar. Não precisamos de muitas manobras para isso."

Sexo sempre

"Sexo é uma coisa que todo mundo pratica, mas que ainda é tratado como tabu. Não falamos tanto como deveríamos. São pudores sociais. É a tal da culpa cristã. É algo realmente maravilhoso. Adoro fazer e incentivo sempre. Se a pessoa não gosta, está fazendo errado ou com o parceiro errado. Estou há algum tempo com a Deborah e nossa relação só melhora. Nós nos conhecemos e nos entendemos bem. É do mesmo jeito, mas de uma maneira diferente."

Hugo e Maria Flor Foto: Reprodução/ Instagram
Hugo e Maria Flor Foto: Reprodução/ Instagram

 

Pai de menina

"Brinco de boneca e de comidinha, jogo bola e 'luto' muay thai com a Sol. Faço o que minha filha quer, sem julgamentos. Precisamos desse lado lúdico em nossa vida de adulto. Ela é muito tranquila, completamente diferente de mim. Fui uma criança inquieta, me mexia toda hora. Às vezes, Sol quer ficar deitadinha, assistindo a algum filme. Até estranho."

 

Bebê a bordo?

"Estamos tendo uma discussão sobre aumentar a família no momento. Quero que nosso segundo filho seja adotado; Deborah, o terceiro."


O Globo quarta, 14 de agosto de 2019

PSICÓLOGOS DEBATEM HÁBITO DE BEIJAR FILHOS NA BOCA

 

Psicólogos debatem hábito de beijar filhos na boca

Prática pode causar confusão na mente das crianças, segundo alguns especialistas, enquanto outros defendem que a 'maldade' está nos olhos de quem vê
 
David Beckham e Harper Foto: John Walton - PA Images / PA Images via Getty Images
David Beckham e Harper Foto: John Walton - PA Images / PA Images via Getty Images
 
 

Todos os dias, a imagem de uma mãe dando um "selinho" na boca da filha invade a casa de uma legião de brasileiros. No retrato que aparece na abertura da novela "Por amor", reprisada na faixa "Vale a pena ver de novo", ninguém menos do que Regina Duarte , a eterna namoradinha do Brasil, dá um afetuoso beijo em sua filha, Gabriela . Exibido pela primeira vez em 1998, o folhetim de Manoel Carlos já foi reprisado algumas vezes sem que a fotografia suscitasse debates. Mas muita coisa mudou nos últimos anos, e fotos em que pais aparecem beijando seus filhos na boca andam motivando discussões acaloradas nas redes sociais, enquanto psicólogos se dividem sobre o tema.

 Um dos casos mais recentes envolveu a atriz Adriane Galisteu , que recebeu críticas nos comentários da foto de um selinho entre o marido, o empresário  Alexandre Iódice , e o filho,  Vittorio ,  de 9 anos. "Aqui a gente dá muito beijo mesmo, aqui a gente não se desgruda, aqui não temos preconceito, aqui só é bem-vindo quem ama", ela respondeu a um dos seguidores que criticaram a imagem.

Mais de duas décadas depois de "Por amor" estrear em horário nobre, Gabriela faz coro à colega de profissão. No seu caso, ela considera o uso da foto com a mãe na abertura da novela um momento marcante: "Adoro lembrar dele. Essa foto representa o puro afeto que eu e ela temos uma pela outra".

 


 

 

A troca de bitocas, aliás, foi transmitida entre as gerações. "O selinho é e sempre foi liberado aqui em casa. Ele não é nada além de muito amor entre nós", diz referindo-se aos filhos, Manuela, de 12 anos, e Frederico, de 8, frutos de seu casamento com o fotógrafo Jairo Goldfuss.

Para a atriz, críticas como as que foram feitas à Adriane Galisteu não fazem o menor sentido. "É inacreditável sexualizar e criticar um gesto tão afetuoso entre mães, pais e filhos. Cada família tem o seu modo de ser. É apenas uma forma carinhosa de lidar. Será que essas pessoas se impressionam também com a quantidade de ódio e violência na TV aberta?", questiona.

Gabriela e Regina Duarte trocam um selinho na abertura de
Gabriela e Regina Duarte trocam um selinho na abertura de "Por amor" Foto: Reprodução

A prática divide opiniões entre profissionais. Para o psicólogo clínico Ailton Amélio, professor aposentado da USP, o tal beijo pode causar problemas posteriores. "Na fase adulta ou na juventude, as pessoas podem vir a adquirir conceitos que as levem a condenar retroativamente o que aconteceu durante a infância. Podem se sentir violadas e ter raiva dos pais, por exemplo."

No cenário internacional, o debate também é quente. Em novembro do ano passado, o ex-jogador de futebol britânico David Beckham foi muito criticado na internet por dar um selinho na filha Harper, de 7 anos. Sem se importar com a repercussão, ele repetiu o gesto carinhoso em junho deste ano, durante um jogo da Copa do Mundo Feminina . Jogador de futebol americano e marido de Gisele Bündchen, Tom Brady também já foi clicado algumas vezes dando um selinho em seu filho Benjamin.

A discussão acontece, segundo Ailton, porque o beijo é um comportamento cultural, naturalizado de diferentes maneiras em cada sociedade. Como ele lembra, há países em que o beijo na boca entre dois homens como cumprimento é rotineiro e desprovido de carga sexual, diferente do que acontece no Brasil, por exemplo.

Tom Brady e o pequeno Benjamin Foto: Jamie Squire / Getty Images
Tom Brady e o pequeno Benjamin Foto: Jamie Squire / Getty Images

A psicóloga clínica infantil Maria Luiza Bustamante, professora aposentada do instituto de psicologia da Uerj, é ainda mais incisiva ao comentar o assunto: "É errado e não deve ser feito". Ela justifica a opinião com o fato de o beijo na boca ser uma prática muito sexualizada na cultura ocidental. "Não podemos prever as consequências desses beijos, já que tudo vai depender da relação entre pais e filhos. Mas há um alto risco de causar confusão na mente da criança. Na nossa cultura, o beijo na boca é erotizado. Na bochecha, não."

 
Já o psicólogo e pesquisador da comunicação humana da UFMG Cláudio Paixão, doutor em Psicologia Social, não considera o hábito condenável. "Tudo vai depender de como se dá a troca de afeto na família. Se o selinho é naturalizado, não vejo como algo prejudicial. O problema, muitas vezes, está na interpretação de terceiros, que têm um olhar maldoso", discorre ele, acrescentando uma ponderação: "Devemos lembrar que uma pessoa pode pegar na mão de outra munida de uma conotação sexual muito maior do que a de um beijo na boca".

O Globo terça, 13 de agosto de 2019

DICAS DE DEFUMAÇÃO

 

Chef da Curadoria dá cinco dicas de defumação

Especializada em charcutaria, casa faz sua estreia nesta edição do Rio Gastronomia
 
 
Sanduíche de pastrami da Curadoria Foto: TomasRangel / Divulgação
Sanduíche de pastrami da Curadoria Foto: TomasRangel / Divulgação
 
 
 

O sanduíche de pastrami é o cartão de visitas da Curadoria, casa especializada em charcutaria e que faz sua estreia no Rio Gastronomia, que acontece entre os dias 16 e 18 e 22 e 25 de agosto, nos Armazéns 3 e 4 do Píer Mauá . Apesar da montagem simples, alguns cuidados  garantem um resultado final mais saboroso. É o que ensina Diogo Teixeira, que começou fazendo a receita de brincadeira para os amigos e agora não tem como tirá-la do cardápio. Para quem pretende ir além e se aventurar no mundo da defumação, ele dá algumas dicas:

 

 Curadoria. Uma tábua de charcuterie de primeira: bacon, pastrami, lombo, picles e molhos Foto: TomasRangel / DivulgaçãoCuradoria. Uma tábua de charcuterie de primeira: bacon, pastrami, lombo, picles e molhos Foto: TomasRangel / Divulgação

 

  • Boa parte da gordura do peito bovino deve ser removida, porém deve-se preservar pelo menos 15% da gordura da peça que, ao final do processo, ainda haja umidade suficiente.
  • Não é necessário muito fogo para a defumação: dois pedaços de carvão em brasa já são suficientes.
  •  Prefira sempre madeiras frutíferas e sem nenhum tipo de tratamento
  • Qualquer erva lenhosa (alecrim e louro, por exemplo) pode ser colocada na defumação. Mas, cuidado com a mistura de sabores.   Capim limão é um ótimo meio termo entre o carvão e a madeira, uma vez que ajuda a defumação a pegar de vez.
  •  Sempre hidrate a madeira em pedaços pequenos e de pelo menos 6 horas.Sanduíche de Pastrami - CURADORIA.jpeg

Aprenda a fazer o sanduíche de pastrami da Curadoria

Ingredientes

  • 60g de queijo meia cura
  • 120g pastrami (peito bovino defumado)
  • 1 unidade de pão de leite ou suíço
  • 2 colheres de maionese
  • 10g de picles
  •  30g de mostarda Dijon
  •  30g de mostarde Ancienne

Modo de preparo

  • Misturar as duas mostardas e reservar
  • Torrar levemente o interior do pão
  • Na banda inferior do pão, colocar maionese, dispor o pastrami e o queijo.
  • Maçaricar ou gratinar até o queijo derreter.
  • Na banda superior do pão, colocar mostarda e picles
  • Juntar ambas as partes e servir imediatamente. 

O Globo segunda, 12 de agosto de 2019

COMO MELHORAR A ALIMENTAÇÃO SEM VIRAR VEGETARIANO

 

Como melhorar a alimentação sem virar vegetariano

Segundo ONU, a dieta diária ideal seria composta por 300 gramas de verduras, 200 de frutas, 200 de cereais integrais, 250 de leite integral e apenas 14 gramas de carne vermelha
Prato equilibrado é o ideal, segundo relatório da ONU. Foto: Marcos Ramos / 31/01/2019
Prato equilibrado é o ideal, segundo relatório da ONU. Foto: Marcos Ramos / 31/01/2019
 
 
 

GENEBRA — O relatório da ONUsobre mudanças climáticas , publicado nesta quinta-feira (8), oferece dicas sobre como mudar hábitos alimentares e ajudar a combater o aquecimento global mesmo sem necessariamente se tornar vegetariano .

— Alguns regimes alimentares necessitam de mais solo e água e produzem mais emissões que outros — resumiu um de seus copresidentes, Jim Skea, ao apresentar o resumo do informe.

O documento elaborado pelo IPCC salienta, por exemplo, os benefícios de uma alimentação variada e balanceada. "Dietas equilibradas à base dealimentos de origem vegetal, como aquelas baseadas em cereais secundários [outros que não os principais, como o arroz e o trigo], leguminosas, frutas e verduras, oleaginosas e sementes, e alimentos de origem animal produzidos em sistemas resistentes, sustentáveis e com baixas emissões de gases de efeito estufa, apresentam grandes oportunidades", informa o relatório.

Esta perspectiva evoluiu ao longo das diferentes versões redigidas nos últimos meses. A versão final é fruto de um consenso político, após a análise do texto pelos Estados.

Confira:

O IPCC recomenda uma dieta em particular?

Este grupo de cientistas da ONU se encarrega de guiar as decisões que os Estados adotam sobre a questão climática. "O IPCC não formula recomendações sobre os regimes alimentares", explicou Skea.

 

"O que indicamos, com base em testes científicos, é que alguns deixam uma menor pegada de carbono".

O grupo não recomenda adotar uma dieta vegetariana (sem carne ou peixe) e menos ainda vegana (sem nenhuma proteína animal), ao contrário do que alguns meios afirmaram antes da publicação do relatório. Essa alegação foi baseada em uma citação truncada do texto, omitindo a passagem sobre "alimentos de origem animal produzidos em sistemas resistentes, sustentáveis e com baixas emissões de gases de efeito estufa".

A carne é uma questão central?

Pesquisas científicas precedentes concluíram que a produção de carne, por meio da pecuária intensiva, tem mais impacto ambiental que a de outros alimentos. "É evidente que reduzir a demanda de carne é uma forma importante de diminuir o impacto ambiental do sistema alimentar", recordou nesta quinta-feira (08) o especialista britânico, Alan Dangour, em reação a um estudo simultâneo ao informe do IPCC.

Mas o relatório da Plataforma Intergovernamental de Ciência e Política sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), publicado no início de maio, não recomendava diretamente comer menos carne. A formulação foi suavizada em relação à versão preliminar, um sinal provável da hostilidade de alguns países produtores de carne.

 

Como se alimentar no futuro?

O IPCC segue o mesmo caminho de recomendações recentes ao falar de cereais, verduras e oleaginosas. Em janeiro, um informe realizado em conjunto pela revista médica The Lancet e pela ONG Fondation EAT recomendava uma "transformação radical": reduzir pela metade o consumo mundial de carne vermelha e de açúcar e dobrar o de frutas, verduras e oleaginosas.

Segundo estes especialistas, a dieta diária ideal seria composta de 300 gramas de verduras, 200 de frutas, 200 de cereais integrais, 250 de leite integral e apenas 14 gramas de carne vermelha, ou seja, dez vezes menos do que um filé tradicional. As proteínas seriam obtidas da carne de ave, do peixe, dos ovos ou das oleaginosas.

Como se adaptar em cada país?

Estas mudanças variariam em função do país. A contribuição de proteínas animais às vezes é insuficiente nos países pobres, mas abundante nos países ricos da Europa e da América. Além disso, os hábitos alimentares também diferem.

"As práticas de produção locais e os costumes culturais influenciam na hora de escolher alimentos", lembrou Jim Skea. O informe da The Lancet levou em conta este parâmetro e estabeleceu "faixas de ingestão recomendadas por grupos de alimentos" para uma ingestão diária total de 2.500 calorias, a serem adaptadas localmente segundo "a cultura, a geografia e a demografia".


O Globo domingo, 11 de agosto de 2019

QUENTIN TARANTINO: ERA UMA VEZ EM HOLLYWOOD

 

'Era uma vez em... Hollywood', de Tarantino, faz retrato de uma cultura atingida pela tragédia

Longa traz Leonardo DiCaprio e Brad Pitt, além de Margot Robbie no papel de Sharon Tate, vítima de Charles Manson
 
 
Margot Robbie como Sharon Tate em 'Era uma vez em Hollywood', de Quentin Tarantino Foto: Divulgação
Margot Robbie como Sharon Tate em 'Era uma vez em Hollywood', de Quentin Tarantino Foto: Divulgação
 
 
 

RIO — Como sugere o título, “Era uma vez em... Hollywood” , o nono filme de Quentin Tarantino , que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, é como um conto de fadas. Ou uma carta de amor a uma Los Angeles ensolarada, onde estrelas da indústria, então dominada por um punhado de grandes estúdios, podiam aparecer de repente na bilheteria de um suntuoso cinema de rua, diante de letreiros que ostentavam sucessos que virariam clássicos.

 

Mas tudo se passa no ano de 1969, marcado por transformações culturais — e uma tragédia tão chocante que minou toda uma filosofia de vida baseada na paz e no amor. É nesse contexto que se encontra Rick Dalton. Ator de meia-idade, vivido por Leonardo DiCaprio , ele está em franco declínio profissional diante de uma nova geração de astros que desponta e dos derradeiros suspiros da glamorosa Era de Ouro de Hollywood, prestes a dar lugar a um novo modelo de produção.

Quentin Tarantino tinha apenas 6 anos em 1969, mas a efervescência cultural da época não lhe saiu da memória:

 

— A TV ou o rádio estavam sempre ligados. O cinema era passatempo extremamente popular. Estávamos sempre em contato com algum tipo de mídia. Mesmo criança, percebia a existência de uma cultura jovem e hippie que, embora parecesse fenômeno novo, estava mudando a sociedade aos poucos.

A única companhia de Rick, além do álcool, é Cliff Booth ( Brad Pitt ) — dublê de corpo, motorista, faz-tudo e amigo do chefe. A relação entre eles é o coração do filme, para muitos o mais agridoces e emotivo da carreira do diretor americano de 56 anos.

 

Mas “Era uma vez...” é um mosaico de uma época, e, dessa forma, sua narrativa passeia sem compromisso também por cenários daquela Hollywood idealizada. Há festas em mansões frequentadas por Steve McQueen (Damian Lewis), sets de filmagem onde um arrogante Bruce Lee (Mike Moh) gaba-se de suas habilidades físicas, e esquinas ocupadas por hippies pedindo carona. Toda a recriação de época é potencializada pela direção de arte de Nancy Haigh, indicada ao Oscar por sete filmes (venceu com “Bugsy”, de 1991).

 

Brad Pitt e Leonardo DiCaprio em 'Era uma vez em Hollywood', de Quentin Tarantino Foto: Divulgação
Brad Pitt e Leonardo DiCaprio em 'Era uma vez em Hollywood', de Quentin Tarantino Foto: Divulgação

 

Sobre os hippies paira uma constante tensão. Foi um grupo de seguidores do movimento, afinal, que, em 9 de agosto de 1969, sob o comando do falso guru Charles Manson , assassinou, entre outros, a atriz Sharon Tate , casada com o diretor Roman Polanski e grávida de oito meses e meio. A matança traumatizou Hollywood, manchou a cultura hippie às vésperas do Festival de Woodstock e até hoje inspira filmes e livros.

Tratamento dado às mulheres vira polêmica

Tarantino já repetiu várias vezes que “Era uma vez...” não é um filme “sobre” o caso. Mas está tudo lá (ou quase). Margot Robbie vive Sharon, Damon Herriman interpreta Manson, e Rafal Zawierucha encarna Polanski.

— Para mim, a maneira como Manson se aproximou de homens e mulheres e conseguiu fazer com que eles se submetessem a suas ideias ainda parece um mistério insondável — observou o diretor, no Festival Cannes, onde o filme fez sua estreia mundial, em maio. — Mas esse mistério em torno de sua figura também explica o fascínio da mídia por ele. Por mais que você aprenda a respeito da mente de Manson, tudo sobre ele fica mais obscuro. Esse desconhecimento é o que causa frustração.

 
 

Como contraponto ao evento brutal, existe no filme uma evidente homenagem à figura de Sharon Tate, retratada como a personificação da doçura e inocência. É também ao redor dessa personagem que gira a maior polêmica do longa, alvo de críticas desde Cannes, onde foi exibido em competição 25 anos após “Pulp fiction” (1994) levar a Palma de Ouro.

Na ocasião, uma jornalista questionou Tarantino sobre os poucos diálogos dados a Margot durante as quase três horas de duração do longa. Irritado, o diretor foi ríspido (“Rejeito a sua hipótese”, rebateu, encerrando o papo). Desde então, porém, o debate sobre como Tarantino trata as mulheres em “Era uma vez...” — e em seus outros filmes — se intensificou.

Para Aisha Harris, do “New York Times”, Margot “entra e sai do filme como uma gazela num documentário sobre a natureza”, sem muito a fazer a não ser sorrir enquanto caminha em câmera lenta, como figura decorativa. A revista “Time” analisou toda a filmografia do realizador e concluiu que só 27% dos diálogos são ditos por mulheres. E Roy Chacko, do jornal “The Guardian”, sentenciou: “É hora de cancelar Quentin Tarantino".

Até o momento, não colou: “Era uma vez...” mantém uma taxa de aprovação de 85% no agregador de críticas “Rotten tomatoes”. Talvez pelo final surpreendente ( não, não vamos contar ). Nas bilheterias, o resultado também é bom. A estreia, aliás, foi a melhor da carreira de Tarantino. O filme faturou US$ 41 milhões em sua abertura nos EUA .


O Globo sábado, 10 de agosto de 2019

RICHARD GERE LEVA ÁGUA E COMIDA PARA IMIGRANTES NO MEDITERRÂNEO

 

Richard Gere leva água e comida a imigrantes resgatados no Mediterrâneo

Ator conversou com resgatados e alertou sobre ações humanitárias
 
 
Richard Gere pediu às autoridades ajuda para abrigar imigrantes que aguardam liberação para desembarcar na Europa Foto: HO / AFP
Richard Gere pediu às autoridades ajuda para abrigar imigrantes que aguardam liberação para desembarcar na Europa Foto: HO / AFP
 
 
 

O ator Richard Gere visitou, nesta sexta-feira, um barco de resgate com 121 imigrantes que estava encalhado no Mar Mediterrâneo . A estrela de Hollywood foi até a embarcação da ONG Open Arms para levar água e outros suprimentos para as pessoas a bordo, que esperam há oito dias a autorização para atracar em algum porto na Europa.

 

Em um vídeo postado na internet, Gere pediu ajuda às autoridades internacionais para abrigar os migrantes.

— A coisa mais importante para essas pessoas é poder chegar a um porto livre, sair do navio, estar em terra e começar uma nova vida — disse o ator. — Ajudem essas pessoas, nossos irmãos e irmãs.

Os migrantes, incluindo 32 menores de idade, foram resgatados na última quinta-feira pela organização não governamental cuja sede fica em Barcelona, na Espanha. O navio está em águas internacionais, perto da ilha italiana de Lampedusa, mas o destino deles ainda é incerto, já que tanto a Itália quanto Malta rejeitaram os pedidos de desembarque.

Ator conversou com resgatados e alertou sobre ações humanitárias
Ator conversou com resgatados e alertou sobre ações humanitárias

O Globo sexta, 09 de agosto de 2019

FESTIVAL GASTRONÔMICO NA SERRA GAÚCHA

 

Festival gastronômico reunirá chefs de todo o Brasil na Serra Gaúcha, em agosto

Garibaldi Gastrô chega à 3ª edição com ênfase nos ingredientes do Rio Grande do Sul
 
 
Os chefs que participarão do Garibaldi Gastrô comandarão oficinas e assinarão jantar de encerramento na Maria Fumaça Foto: Augusto Tomasi / Divulgação
Os chefs que participarão do Garibaldi Gastrô comandarão oficinas e assinarão jantar de encerramento na Maria Fumaça
Foto: Augusto Tomasi / Divulgação
 
 
 

RIO - U ma cozinha construída no final do século XIX, com um forno a lenha de três metros de largura e duas grandes caldeiras, será um dos palcos da terceira edição do Garibaldi Gastrô, evento que promete animar a Serra Gaúcha nos dias 15 e 16 de agosto. Nos dois dias, a programação terá oficinas de gastronomia, degustações guiadas e um jantar assinado por chefs consagrados como o uruguaio Martin Lavecchia e o confeiteiro Lucas Corazza, do programa “Que seja doce”, do GNT. No encerramento, o menu, harmonizado com os vinhos da região, será servido dentro dos vagões da Maria Fumaça, ao som de um repertório de jazz comandado por artistas locais.

 

Destino, no Rio Grande do Sul, dos amantes da boa mesa e dos vinhos finos, Garibaldi recebe pelo terceiro ano a grande festa gastronômica, agora com a participação inédita do Hotel Mosteiro São José, que abre pela primeira vez os seus aposentos para um evento do gênero. O hotel, que guarda importantes capítulos da história da Serra Gaúcha, desde a chegada dos imigrantes italianos à região, é comandado pela mão rigorosa das irmãs de São José, da congregação homônima, que surgiu na França, em 1650.

— Nós fomos ao hotel, nos apresentamos às irmãs, trocamos vivências, e assim nasceu a ideia de usar a cozinha do mosteiro como palco para as oficinas do evento. Boa parte dos chefs participantes nem desconfia de que haverá essa experiência única, de cozinhar num forno de mosteiro, a lenha, com caldeiras que têm a missão de aquecer a água utilizada em diversas funções. Será especial — detalha Rodrigo Bellora, chef e proprietário do premiado Valle Rústico, restaurante no Vale dos Vinhedos, líder local do movimento slow food e o nome por trás da concepção do evento.

 
Um dos pratos preparados especialmente para a edição de 2018 do Garibaldi Gastrô Foto: Augusto Tomasi / Divulgação
Um dos pratos preparados especialmente para a edição de 2018 do Garibaldi Gastrô Foto: Augusto Tomasi / Divulgação

Presidente da Associação Garibaldi Gastrô, que reúne 15 empresas, entre estabelecimentos comerciais, restaurantes e hotéis da região, Bellora é personagem ativo nas ações que visam a divulgar o turismo e a gastronomia locais.

— Trata-se de um evento sem fins lucrativos e sem patrocínio fixo, concebido para divulgar a cultura local de apreciação da boa mesa e do que é produzido aqui mesmo, na Serra Gaúcha, com ingredientes das nossas raízes gastronômicas.

O tema deste ano, “Na Brasa”, norteará as aulas e promete inspirar vários pratos com esse tipo de cozimento, produzidos por um time de chefs aclamado pelo público. Estão confirmadas oficinas de pães, bar, cafés e de gastronomia autoral com chefs como o gaúcho Marcelo Schambeck, além do próprio Bellora. São mais de 20 profissionais convidados a partilharem seus conhecimentos, entre chefs, bartender, barista e sommeliers.

Na sexta, na estação férrea de Garibaldi, os visitantes serão recebidos com uma grande mesa de antepastos. O jantar de encerramento, que terá assinatura dos 20 profissionais participantes, será servido com a Maria Fumaça parada na plataforma e, após a sobremesa, o trem sairá para um passeio noturno até Carlos Barbosa, de onde retorna a Garibaldi.

A edição passada do Garibaldi Gastrô foi focada em ingredientes locais; em 2019, chefs explorarão o tema
A edição passada do Garibaldi Gastrô foi focada em ingredientes locais; em 2019, chefs explorarão o tema "Na brasa"
Foto: Augusto Tomasi / Divulgação

O pacote de oficinas e degustações inclui refeições durante as aulas (um coquetel na quinta à noite e café da manhã, mais almoço na sexta). Com ingressos vendidos à parte, o jantar na Maria Fumaça inclui as bebidas e o passeio noturno. Todas as vagas são limitadas.

 

— O café da manhã da sexta-feira será todo abastecido com produtos locais, com matéria prima colhida da horta do mosteiro. Bolos, pães e geleias artesanais são produzidos pelas próprias irmãs. E o almoço que antecede ao passeio será comandado pelos próprios chefs, sem garçons profissionais, contando apenas com a ajuda de estagiários de gastronomia das universidades próximas, que atuarão como auxiliares. No jantar, depois da sobremesa, faremos o passeio noturno de locomotiva, uma experiência de contemplação, um espetáculo à parte — finaliza Bellora, conhecido, em seu trabalho no Valle Rústico, por lançar novo olhar sobre ingredientes não usuais da alta gastronomia, como o pinhão, e por fortalecer o vínculo com os pequenos produtores, incentivando-os.

Serviço

Quando. Oficinas e degustações dias 15 (quinta) e 16 (sexta). Jantar na Maria Fumaça na sexta, às 20h.

Onde. Hotel Mosteiro São José (Rua Buarque de Macedo 3.590, Garibaldi).

Quanto . Oficinas a R$ 200 por dia (estudantes e idosos pagam meia entrada). Jantar na Maria Fumaça a R$ 220 com bebidas incluídas.

Onde comprar. Eventize ( garibaldigastro.eventize.com.br ). Tel.: (54) 3462-2755.


O Globo quinta, 08 de agosto de 2019

TOM ZÉ GANHA BIOGRAFIA ITALIANA

 

Tom Zé ganha biografia italiana com prefácio de David Byrne

Livro do jornalista Pietro Scaramuzzo será lançado em outubro na Itália. Autor negocia com editoras brasileiras
 
Tom Zé ganha biografia Foto: divulgação/André Conti
Tom Zé ganha biografia Foto: divulgação/André Conti
 
 
 

RIO - Numa visita ao Brasil, na casa dos 20 e poucos anos, o jornalista italiano Pietro Scaramuzzo ouviu pela primeira vez a canção “Frevo (Pecadinho)”, de Tom Zé : “Esta noite não quero saber de conselho/ Esqueça, deixe pra lá/ Me arranja um pecado”. A malícia buliçosa do ritmo pernambucano e a letra que suplica por um pecadinho, no diminutivo carinhoso, aguçaram a sua curiosidade sobre quem teria escrito aquilo.

 

— Gostei do “Pecadinho” como ideia de libertação — conta o jornalista de 37 anos.

“Astronauta libertado” (como escreveu Tom Zé em “2001”), Scaramuzzo assina a primeira biografia do compositor : “Tom Zé, l'ultimo tropicalista” (ADD Editore), que será lançada no dia 2 de outubro (por enquanto, apenas na Itália, mas “estamos paquerando editoras brasileiras”, adianta o autor). O prefácio é de David Byrne , o responsável por ter tirado o baiano do ostracismo no início dos 1990.

— Na biografia, você vê, como me disse Rita Lee, “o cara que chegou do planeta Sertão, se encantou com o desvario da Pauliceia, misturou macaxeira com gasolina, e incendiou o panorama musical” — diz Scaramuzzo.

 

Pietro Scaramuzzo, autor da biografia italiana de Tom Zé, ao lado de David Byrne, que assina o prefácio do livro Foto: Divulgação
Pietro Scaramuzzo, autor da biografia italiana de Tom Zé, ao lado de David Byrne, que assina o prefácio do livro Foto: Divulgação

LEIA MAIS: Tom Zé lembra como foram entrevistas com Scaramuzzo

Por que Tom Zé?

Escrevo sobre música brasileira numa revista na Itália chamada “Musica jazz” e no site Nabocadopovo.it. Quando marquei a primeira entrevista com ele foi para esses projetos. Tom Zé me recebeu na casa dele e, antes que eu pudesse fazer a primeira pergunta, ele já estava me explicando as teorias sobre o tropicalismo. A complexidade teórica que ele me mostrou ia muito além da música, alcançando conceitos filosóficos, literários que pertenciam a um universo cultural até então desconhecido por mim. Por curiosidade, senti a necessidade de pesquisar mais. Quando vi tinha tanto material que talvez desse um livro.

 

Por que o título “L'último tropicalista”?

O título se refere à época de seu ostracismo, vi o artista como o remanescente, aquele que mantinha conceitos e linguagem que o movimento propunha na época. Conceitos que incluem o antropofagismo da cultura musical internacional e a preservação das raízes culturais brasileiras. É o famoso “misturar chiclete com banana”. Na música de Tom Zé esta mistura insólita é constantemente presente e se renova a cada disco.

Como foi a pesquisa?

Procurei conteúdo jornalístico brasileiro e internacional que citava Tom Zé, vídeos de entrevistas e performances, entrevistei Caetano Veloso, David Byrne, Gilberto Gil, Rita Lee, Arto Lindsay, Luiz Tatit, Washington Olivetto, Zé Miguel Wisnik, entre outros. Quase que diariamente, por 12 meses, consultei o acervo mais importante e completo, que é a memória dele. Tive a oportunidade de ler as cartas que Byrne e Tom Zé trocaram e de dar uma olhada no álbum de família de Tom Zé, o que tornou familiares a mim personagens do livro.

“Um dia, na gravadora, Tom Zé convenceu os artistas a soprar umas canetas que tinha cortado em diferentes comprimentos para obter diferentes sons. O experimento impressionou a todos, Byrne inclusive, pelo resultado harmônico inesperado”

PIETRO SCARAMUZZO
Biógrafo de Tom Zé, sobre as histórias pitorescas que coletou do artista

 

O que descobriu sobre ele?

Tom Zé, o ser humano, que vem antes do artista. No livro você vai conhecer Antônio José, seu nome de batismo, criança medrosa e acanhada. Vai poder apreciar as relações dele com a família em Irará e a cumplicidade profunda entre Tom Zé e Neusa, sua esposa. Tem anedotas sobre a experiência americana dele, que me foram contadas em primeira mão por David Byrne e mostram de um lado a simplicidade dele como ser humano e, de outro, a genialidade de um artista refinado.

 
O músico Tom Zé, em sua casa, em São Paulo Foto: Marcos Alves/9-9-2016 / Agência O Globo
O músico Tom Zé, em sua casa, em São Paulo Foto: Marcos Alves/9-9-2016 / Agência O Globo

 

Que tipo de anedotas?

Um dia, na gravadora, Tom Zé convenceu os artistas que estavam lá a soprar umas canetas que ele tinha cortado em diferentes comprimentos para obter diferentes sons. O experimento, que inicialmente causou estranhamento, acabou impressionando a todos, Byrne inclusive, pelo resultado harmônico inesperado.

Em que medida as letras de Tom Zé são reveladoras?

Foi imprescindível partir das letras para desenhar alguns momentos da vida dele. “Os doidos de Irará” tem basicamente a Irará que ele viveu. “Mãe solteira” foi composta para a irmã dele. Quando falo do disco “Correio da Estação do Brás”, inspirado na imigração nordestina para São Paulo, é evidente que tem muito das vivências de Tom Zé como nordestino imigrante.

“Acho que Tom Zé oferece uma linguagem musical universal. Como diz Byrne, a sua música poderia ser feita por um cara de Berlim, ou de Nova York”

PIETRO SCARAMUZZO
Biógrafo de Tom Zé, sobre o interesse que o artista desperta fora do Brasil

 

Em que difere o Tom Zé que você conhecia antes do livro e do que conhece hoje?

Antes eu o via como um artista genial. Após esse trabalho, além da genialidade vejo o homem doce, frágil, às vezes ansioso, enérgico, agudo, inspirador. E é esse Tom Zé que gostaria que quem lesse a biografia conhecesse também.

Um americano, David Byrne, foi o responsável por tirar Tom Zé do ostracismo. Um italiano publica agora sua primeira biografia. Por que você acha que os estrangeiros têm um olhar especial sobre Tom Zé?

 

Porque, como dizem vocês, a grama do vizinho é sempre mais verde. Brincadeiras à parte, acho que Tom Zé oferece uma linguagem musical universal. Como diz Byrne, a sua música poderia ser feita por um cara de Berlim, ou de Nova York.


O Globo quarta, 07 de agosto de 2019

RECEITA DO PUDIM DE LEITE PERFEITO

 

Chef ensina a receita do pudim perfeito no Rio Gastronomia

Aula de Fred Barros, do Le Vin, acontece no primeiro dia de evento no Píer Mauá
 
 
Le Vin. O pudim perfeito do chef Fred Barroso Foto: Divulgação
Le Vin. O pudim perfeito do chef Fred Barroso Foto: Divulgação

 

 

 
 

Se tem uma comida nessa vida capaz de selar a paz ou declarar guerra, certamente é o pudim. De um lado, os defensores do furinho. Do outro, os que preferem o doce lisinho.  Para hastear a bandeira da paz, o chef Fred Barroso, do Le Vin, vai dar uma aula no Rio Gastronomia sobre uma das sobremesas mais amadas dos brasileiros.  Este ano, o evento acontece ntre os dias 16 e 18 e 22 e 25 de agosto , os Armazéns 3 e 4, no Píer Mauá.Garanta já o seu ingresso.

 

Leia também: Rio tem loja especializada em pudim

A aula "Fred Barros e o pudim perfeito do Le Vin" acontece no primeiro dia do evento, 16 de agosto, às 19h30, no Auditório Santander. Para participar, é preciso fazer a inscrição no local uma hora antes do encontro.

Para deixar a regressiva do evento mais saborosa, o chef ensina aqui a fazer o pudim perfeito.

Chef Fred Barroso vai ensinar a fazer o pudim perfeito Foto: Wagner da Silva Soares / Divulgação
Chef Fred Barroso vai ensinar a fazer o pudim perfeito Foto: Wagner da Silva Soares / Divulgação

 

  • Ingredientes para o pudim:

8 gemas

80g de açúcar

1 lata de leite condensado

1 lata de leite comum (a mesma medida do leite condensado)

1 lata de creme de leite (a mesma medida do leite condensado)

  • Ingredientes para o caramelo: 

250g açúcar

80ml água

limão

  • Modo de preparo do pudim:

Em um tigela coloque as gemas e o açúcar. Misture bem.

Em seguida, junte todos os ingredientes líquidos e misture tudo até ficar homogêneo.

Deixe descansar por, no mínimo, quatro horas.

Depois asse em banho-maria, numa forma caramelizada, a 120 graus (depende do forno).

Deixe, no mínimo, por uma hora na geladeira antes de desenformar.  

  • Modo de preparo do caramelo:

Em uma panela, coloque o açúcar, a água e gotas de limão.

Leve ao fogo baixo até obter o caramelo.

Em seguida, coloque o caramelo na forma.


O Globo terça, 06 de agosto de 2019

BRUXISMO: DOENÇA AFETA MILHÕES DE BRASILEIROS E PREJUDICA O SONO

 

Bruxismo, que custou R$ 157 mil a Feliciano, afeta milhões de brasileiros e prejudica o sono

A doença, caracterizada pelo hábito de ranger ou pressionar os dentes durante o sono, atinge entre 8% e 12% da população, especialmente crianças
 
O deputado Pastor Marco Feliciano, solicitiou reembolso de R$ 157 mil por tratamento de bruxismo. A foto foi realiada após reunião da Bancada do PSC, em 2013 Foto: Givaldo Barbosa / Agência O Globo
O deputado Pastor Marco Feliciano, solicitiou reembolso de R$ 157 mil por tratamento de bruxismo.
A foto foi realizada após reunião da Bancada do PSC, em 2013 Foto: Givaldo Barbosa / Agência O Globo
 
 
 

RIO — O bruxismo caiu na boca do povo depois da notícia de que o deputado Pastor Marco Feliciano(Podemos-SP) solicitou à Câmara um reembolso de R$ 157 mil para cobrir gastos referentes a um tratamento odontológico.

A doença é caracterizada pelo hábito de ranger ou apertar os dentes durante o sono. A tensão muscular pode provocar dores de cabeça e nos músculos do rosto, desgaste e amolecimento dos dentes.

 

Nos casos mais graves, podem ocorrer também problemas ósseos, na gengiva e na articulação da mandíbula. A doença também afeta a qualidade do sono por provocar microdespertares durante a noite.

O bruxismo acomete entre 8% e 12% dos adultos no Brasil. Nas crianças, o número pode chegar a 20% e até 5% dos idosos, segundo Cibele Dal Fabbro, vice-presidente da Associação Brasileira de Odontologia do Sono.

A doença não tem cura, e os episódios podem ser agravados pelo estresse.

— O objetivo do tratamento é aliviar a tensão exagerada na musculatura – explica Daniela Fernandes, especialista em ortodontia da Clínica Reference Smile.

Por isso, terapia psicológica ou acompanhamento psiquiátrico também são indicados para tratar a causa dos desequilíbrios emocionais que agravam a doença.

Na maioria das vezes, a pessoa só descobre que é portadora de bruxismo se alguém presenciar o ranger dos dentes enquanto ela dorme ou quando procura assistência médica ou odontológica com os sintomas já instalados.

A placa miorrelaxante é o tratamento mais recorrente para bruxismo e custa a partir de R$ 2 mil. O aparelho odontológico está disponível no Sistema Unificado de Saúde (SUS) Foto: Fábio Rossi / Agência O Globo
A placa miorrelaxante é o tratamento mais recorrente para bruxismo e custa a partir de R$ 2 mil. O aparelho odontológico está
disponível no Sistema Unificado de Saúde (SUS) Foto: Fábio Rossi / Agência O Globo

Como noticiado no último sábado (3), Marco Feliciano solicitou um reembolso em abril de R$ 157 mil à Câmara dos Deputados para cobrir gastos referentes a um tratamento odontológico. 

Em justificativa apresentada à Câmara, o parlamentar argumentou que precisava corrigir um problema de articulação na mandíbula e fixar coroas e implantes na boca. O tratamento seria decorrente de complicações e dores crônicas associadas ao bruxismo.

Tratamentos incluem placa e botox

O tratamento mais comum é a placa miorrelaxante, um molde de acrílico no formato da arcada dentária do paciente, usada durante o sono para proteger os dentes, a gengiva e os ossos da tensão da mordida.

A placa custa a partir de R$ 2.000 e está disponível no Sistema Único de Saúde.

A toxina botulínica também é usada para amenizar os sintomas do bruxismo. Segundo Daniela, a aplicação em músculos do rosto reduz a potência da contração da musculatura. O método custa a partir de R$ 1.500 e varia conforme a quantidade de toxina a ser aplicada.

Proteína butolínica pode ser usada para o tatamento do bruxismo Foto: Bia Guedes / Agência O Globo
Proteína butolínica pode ser usada para o tatamento do bruxismo Foto: Bia Guedes / Agência O Globo

 

Em estágio avançado da doença, podem ser necessários procedimentos mais invasivos, como os que teriam sido feitos pelo deputado Marcos Feliciano.

— Em casos severos, o bruxismo leva à fratura dos dentes e o paciente pode necessitar de implantes, próteses e coroas. Esse tipo de tratamento é o mais caro e o valor pode chegar a mais de R$ 100 mil — explica Daniela.

Esses procedimentos estão disponíveis em faculdades de odontologia ou cursos de especialização na área de dor ou estética odontológica que prestem atendimento à população.


O Globo segunda, 05 de agosto de 2019

RIO GASTRONOMIA OCUPA PÍER MAUÁ EM AGOSTO

 

Diversão à mesa: Rio Gastronomia ocupa Píer Mauá em agosto

 
 
Aulas com chefs, quiosques de restaurantes premiados e shows são algumas das atrações
 
 
Rio Gastronomia ocupa o Píer Mauá em agosto Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Rio Gastronomia ocupa o Píer Mauá em agosto Foto: Leo Martins / Agência O Globo
 
 

Talheres em mãos, hora de começar a brincadeira de gente grande. Entre os dias 16 e 18 e 22 e 25 de agosto, os Armazéns 3 e 4, no Píer Mauá, vão ser o playground mais gostoso da cidade durante a 9ª edição do Rio Gastronomia. Os ingressos já estão à venda pelo site oficial . Realizado pelo GLOBO com apresentação do Sesc RJ e do Senac RJ, o evento tem patrocínio master de Santander e patrocínio de Stella Artois, Pão de Açúcar, Coca-Cola e Vivo. O Rio Gastronomia tem ainda o apoio de Azeite Andorinha, Naturgy, Gosto da Amazônia, Unimed-Rio, Amázzoni Gin, Magnésia de Phillips Tabs e Água Pouso Alto, Orfeu Cafés Especiais como Café Oficial e parceria com Sindicato de Bares e Restaurantes (SindRio).

Entre uma conversa e outra, uma provinha nos sabores de 18 restaurantes, 14 food-trucks, e seis bikes. Uma oportunidade de experimentar a comida de casas premiadas a preços acessíveis, como o Lasai, de Rafa Costa e Silva, e o Chez Claude, de Claude Troisgros. A visita a Feira de Sabores, com o que há de mais interessante na produção artesanal no estado, e na Feira de Cachaças, com alambiques selecionados, é obrigatória.

E, para fechar cada dia, shows e festas animam a área externa junto à Baía de Guanabara . A programação terá apresentações de Alceu Valença, Sandra de Sá e rodas de samba de Jorge Aragão e Arlindinho.

 

 

Destaques desta edição

  • Aulas:
Chef Thiago Castanho prepara uma das receitas publicadas no livro 'Cozinheiros em ação': broa de fubá e banana assada na folha de bananeira Foto: Divulgação/Leo Feltran
Chef Thiago Castanho prepara uma das receitas publicadas no livro 'Cozinheiros em ação': broa de fubá e banana
assada na folha de bananeiraFoto: Divulgação/Leo Feltran

Já estão confirmadas as presenças de Thiago Castanho (Remanso do Bosque/PA), Elia Schramm (Posì), Tomas Troisgros (Olympe), Jefferson e Janaína Rueda (Casa do Porco/SP), Alberto Landgraf (Oteque), Bruno Katz (Nosso), entre outros. A inscrição é feita no local, uma hora antes.

  • Papo de Cozinha:

Será na área de convivência e não precisa de inscrição. Participam, entre outros, Manu Zappa (Prosa na Cozinha) ,Ísis Rangel (Sabores de Gabriela) e João Diamante (Na Minha Casa).

  • Restaurantes e food-trucks:

A lista de restaurantes que terão um posto avançado nos armazéns inclui Chez Claude, Oia, Nolita, Naga, Ko Ba Izakaya, Teva Vegetal, Gero + Trattoria e o quiosque Marea, Lasai, Grupo Irajá (Irajá, Formidable, Cozinha Artagão, Azur e Al Fresco), Ateliê Benoliel, Talho Capixaba, Mamma Jamma, Barsa, Gruta de Santo Antônio, So.Ga Beach, Aconchego Carioca e Gosto da Amazônia. Entre os food-trucks, os estreantes Curadoria e Tutto Nhoque, e os veteranos Ceviche da Fabi e Cogu.

Arlindinho é um dos shows da edição deste ano do Rio Gastronomia Foto: Alexandre Teles Menezes / Divulgação
Arlindinho é um dos shows da edição deste ano do Rio Gastronomia Foto: Alexandre Teles Menezes / Divulgação

 

  • Shows: Alceu Valença abre os trabalhos e faz o primeiro show, no dia 16, sexta-feira. No dia 18, tem Arlindinho. Na semana seguinte, tem Jorge Aragão (dia 22 ) e Sandra de Sá (dia 23).
  • Feiras: A Feira de Cachaça do Rio reúne os principais alambiques artesanais do estado. E a Feira de Sabores oferece delícias de pequenos produtores.

Ingressos

  • Venda: Exclusivamente através do site riogastronomia.com. Neste segundo lote, o valor do ingresso para os dias 16 (sexta), 17 (sábado), 18 (domingo), 22 (quinta), 24 (sábado) e 25 de agosto (domingo) é R$ 45. Para o dia 23 (sexta), R$ 35. Também há combos promocionais. O Combo Coca-Cola #melhorjuntos, para os dias 16 (sexta), 17 (sábado), 18 (domingo), 22 (quinta), 24 (sábado) e 25 de agosto, custam R$ 144 (4 ingressos). E para dia 23 de agosto(sexta): R$ 112 (4 ingressos).

 

  • Descontos: Assinantes de O GLOBO, Editora Globo e Valor Econômico ganham um ingresso na compra de outro para um dia de evento.Alunos Senac RJ têm 50% de desconto na compra de 4 ingressos para 1 dia. Associados e colaboradores Sesc RJ ganham 30% de desconto na compra de 4 ingressos para 1 dia. Clientes Santander Mastercard que comprarem os ingressos com o cartão ganham 30% de desconto em até 2 bilhetes para 1 dia. Clientes Vivo Valoriza têm 30% de desconto em até 2 ingressos para 1 dia.

O Globo domingo, 04 de agosto de 2019

BRASIL, TRENS E SAFÁRIS - BATE-PAPO COMA QUENIANA LUPITA

 

Brasil, trens e safáris: um bate-papo sobre viagens com a atriz Lupita Nyong'o

Vencedora do Oscar, artista queniana fala sobre seu lado turista
 
 
A atriz Lupita Nyong’o, fotografada em Austin, Texas, no último mês de março Foto: Roger Kisby / The New York Times
A atriz Lupita Nyong’o, fotografada em Austin, Texas, no último mês de março Foto: Roger Kisby / The New York Times
 
 
 

Quando o produtor Simon Fuller procurou Lupita Nyong'o para saber se ela estaria interessada em ser a narradora de seu novo projeto – um documentário sobre vida selvagem dirigido por John Downer –, a atriz queniana nascida no México ficou intrigada, mas, depois de assistir a dois episódios, aceitou o convite.

Nyong'o sabia que esses programas podem ser triviais e repetitivos, contando a mesma história de vida dos animais na natureza. Entretanto, "Serengeti" se destacou pela atenção especial dada a espécimes específicos e seu dia a dia, o que pode incluir brigas dentro do próprio clã, a busca por parceiros e a luta pela sobrevivência quando o inimigo/predador está pronto para atacar.

Filmado em uma reserva na Tanzânia ao longo de dois anos, o programa parece mais uma série dramática do que um documentário, mas é exatamente por isso que chama a atenção. Acompanha a rotina de vários animais do parque, inclusive Kali, uma leoa exilada do próprio bando que luta para criar os filhotes sozinha; Bakari, um babuíno que tenta reconquistar a afeição de uma fêmea que se encantou por um rival; e Zalika, uma hiena que se tornou cabeça do clã muito antes do que esperava. O ator britânico John Boyega é quem narra a versão britânica, que estreou no BBC One este mês.

Ao longo de seis episódios, o público tem a chance de conhecer melhor os animais "de sua própria perspectiva", como descreve Nyong'o, e se envolver em suas jornadas e experiências, da mesma forma que acaba cativado por personagens humanos de outras séries e filmes.

 

Com estreia nos EUA marcada para agosto, no Discovery Channel, Nyong'o contou ao "The New York Times" por que aceitou narrar o documentário e quais são seus destinos de viagem favoritos.

P: Tem alguma viagem interessante marcada para breve?

R: Infelizmente, não, mas tenho muita vontade de ir ao Brasil, que não conheço ainda.

P: Para onde você gosta de viajar?

R: Adoro o México e Nova Orleans, e amo meu país. A África Oriental é incrível. A vida inteira fiz safáris e a cada vez a experiência se torna mais grandiosa, mais fascinante, mais maravilhosa. Nunca perde o encanto e nunca é a mesma coisa. Na verdade, o tempo meio que para, porque você acorda cedo e sai somente para observar, procurar, ouvir.

P: Tem alguma coisa imprescindível para as suas viagens?

R: Essa pergunta é difícil. Colírio.

P: Alguma dica de cuidado com a pele nas viagens?

R: Protetor solar é essencial, mas também acho superimportante encontrar produtos que não sejam tóxicos para o mundo em que vivemos. Tenho sempre comigo óleo de calêndula, maravilhoso para queimaduras, arranhões e ferimentos. Tive uma insolação brava e ele me aliviou em apenas uma noite. É sensacional. Acho que é outra coisa que não posso deixar de levar.

 

P: Há alguma coisa especial que goste de fazer sempre que viaja?

R: Adoro viajar para explorar a natureza. Prefiro lugares como monumentos naturais ou algum lago. Gosto de observar, de uma boa caminhada. Visitei o Grand Canyon há pouco tempo e foi sensacional. Aí está outro lugar que faz a gente se sentir pequenininho. É de dar nó na cabeça. Ajuda a lembrar quanto somos insignificantes.

P: Qual é seu meio de transporte favorito?

R: Adoro trem porque dá para você ver bem o interior – e o barulho que faz, tchug, tchug, tchug. Você vê o mundo ali passando na sua frente, aquela enormidade de terra. É bem pitoresco.

P: O que exatamente a atraiu em "Serengeti"?

R: Depois de ver os dois primeiros episódios, fiquei apaixonada pelo projeto do Simon e já tinha sido fisgada. Foi muito legal porque aprendi muita coisa sobre animais específicos. Você desenvolve uma relação com eles e descobre como funciona a dinâmica da espécie, do clã. É como se vocês criassem uma relação pessoal.

Já assisti a vários documentários desse tipo, mas nunca vi nenhum que tivesse sido narrado por africanos, quanto mais mulheres. Ser as duas coisas e poder contar essa história é legal demais.

 

P: O que há de diferente nesse documentário em relação aos outros?

R: A novidade aqui é que o público passa muito tempo com "personagens" muito particulares, tem a chance de ver as coisas do ponto de vista do próprio animal, e acho que é por isso que acaba virando uma história sua. E quando digo isso é porque me identifico muito com o que representa e porque significa muito. É uma história inclusiva.

P: O que você diria a alguém que se mostrasse curioso em relação ao documentário, mas que não fosse lá muito chegado em animais, nem conhecesse bem o Serengeti?

R: Cada um na sua, acho. Mas também é superimportante reconhecer que não é a natureza que precisa de nós, mas o contrário.


O Globo sábado, 03 de agosto de 2019

LUIZ GONZAGA - HÁ TRINTA ANOS, MORRIA O REI DO BAIÃO

 

'Minhas músicas são protestos para que governantes olhem para o Nordeste': Resgatamos uma entrevista com Luiz Gonzaga, 30 anos após sua morte

 

 
Luiz Gonzaga toca em Pernambuco, durante visita do Papa João Paulo II, em 1980

O cantor e compositor Luiz Gonzaga foi um dos maiores reponsáveis por disseminar a música e a cultura nordestina pelo país. Autor de clássicos como "Asa branca", "Xote das meninas" e "Olha pro céu", o Rei do Baião faleceu no dia 2 de agosto de 1989, aos 76 anos. Para marcar os 30 anos do filho mais famoso de Exu, no interior de Pernambuco, o Blog do Acervo resgatou uma entrevista exclusiva concedida pelo músico ao antigo GLOBO-Leopoldina. A conversa foi publicada em 31 de junho de 1985, após um show no Pavilhão de São Cristóvão, no Rio, local hoje chamado de Centro de Tradições Nordestinas Luiz Gonzaga

Seis grupos já tinham se apresentado no sábado quando Tito Santos, um dos mestres de cerimônia da noite, chamou ao palco do Pavilhão de São Cristóvão o homenageado especial do Forró in Rio: "Com vocês, o Rei do forró, Luiz Gonzaga." Sob os aplausos delirantes, entra em cena o mais famoso sanfoneiro do Brasil. Calça vermelha, camisa branca, capa de couro e chapéu de nordestino, Luiz Gonzaga avisa que não está muito bom: uma bronquite e uma "lombeira" causada pela viagem que acabara de fazer de volta do Pará, para onde tinha ido na véspera.

 

Na mesma viagem, mas em Fortaleza, Luiz Gonzaga canta e toca sanfona diante de João Paulo III
 

Mas, aos primeiros acordes de sua sanfona prateada, a plateia foi tomada pelo ritmo marcado do forró de Luiz Gonzaga. Ninguém se importava com a voz rouca e cansada do sanfoneiro, nem com as falhas na acústica do Pavilhão. Mesmo sentado em seu banquinho ("Eu sou um velhote e já não aguento ficar de pé durante todo o show"), e cercado pelo balé das "Forró girls", Gonzagão se destacava e abraçava com sua música todo o Pavilhão. Minutos antes de contagiar toda a plateia, Luiz Gonzaga falou de seu papel político no Brasil, de suas esperanças na Nova República, de sua preocupação com o Nordeste e da pouca atenção que os grandes centros dão aos sanfoneiros e à música dos "matutos" que cantam a realidade do Brasil Rural.

Veja mais fotos da carreira de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião

Como se sente o rei do forró em mais um show para angariar fundos para o Nordeste?

Estou aqui no Forró in Rio como um profissional. Não me sinto inteirado dessa causa porque não participei dessa promoção e não conheço as pessoas que estão promovendo este show. Faço votos que colha bons resultados, mas depois de 40 anos encabeçando movimentos pelo Nordeste e de tantas decepções ao perceber que os resultados nunca chegavam lá, não quero me envolver mais nesse tipo de promoções. Já sofri muito com isso e agora resolvi trabalhar pelo nordestino lá mesmo, no Nordeste. Isso não significa que eu esteja duvidando das intenções desse Forró in Rio.

 

Luiz Gonzaga toca ao lado do filho Gonzaguinha, durante gravação de especial

Descartadas as festas beneficentes como forma de ajudar os nordestinos carentes, em que se resume seu trabalho em favor de seus conterrâneos?

Meu trabalho é político. Como sanfoneiro, faço política com minha sanfona. Minhas músicas são protestos e advertências para que os governantes olhem para o Nordeste. É preciso que o Brasil tenha consciência do que é o sertão. Através da música, nós, os sanfoneiros, tentamos falar dos problemas da nossa terra e das carências da nossa gente.

O senhor tem esperanças de que a Nova República modifique esse quadro?

Estou muito confiante no governo do Presidente Sarney. Ele, pelo menos, já nos deu um bom sinal de que está preocupado com os problemas do Nordeste e de seu povo, ao anunciar a aplicação de Cr$ 3 trilhões para recuperar a economia e restaurar as áreas nordestinas devastadas pelas enchentes. Acho que neste governo o Nordeste finalmente vai ter vez.

 

Luiz Gonzaga posta para foto em setembro de 1970

 E a cultura nordestina, vai conseguir sair de sua terra natal e ganhar os grandes centros?

Duvido muito. Acho muito difícil mudar isso. O forrozeiro e o sanfoneiro no Brasil são profissionais sem oportunidade de trabalho. Nós nos sentimos marginais porque os grandes centros como o Rio, por exemplo, não têm identificação com a nossa cultura rural, matuta, de roça. Com isso, nossa música raramente é tocada nas rádios cariocas. Mas, por outro lado, os sanfoneiros também são perseguidos no Nordeste porque lá só são valorizados os que tiveram sucesso nos centros. O cara da terra, que fica lá, acaba desprestigiado, porque "se fosse bom, estava nas capitais". Como, para fazer sucesso no Nordeste, tem que ter uma temporada de sucesso aqui, e como aqui ninguém dá vez à cultura dos nordestinos, os pobres dos sanfoneiros ficam no meio do mundo sofrendo. Eu, que sou um sanfoneiro bem-sucedido, não posso contar com os grandes centros. Se você reparar, aqui no Rio só deve ter uns dois forrós, e mesmo assim só na periferia, porque os do Centro da cidade são perfumaria, fachada pura. Você veja só uma coisa: eu sou o criador da música "Asa branca", não sou? Pois bem, aqui no Rio tem uma casa com esse nome, uma gafieira, e eu nunca fui convidado a cantar lá. É uma casa de luxo, com orquestra boa e tudo. Mas forró não tem. O forró representa uma outra cultura que não interessa ao Rio. Agora, por exemplo, que é mês de festa junina, de música caipira, eu já estou com 20 contratos fechados lá na minha terra, mas aqui não me foi oferecido nenhum. Os meus discos de ouro, quem me dá é o Nordeste. Enquanto eu vendo 100 mil discos em Pernambuco, aqui no Rio a faixa de vendagem cai para 10,20 mil

O senhor acha que o recém-criado Ministério da Cultura, embora ainda sem programa, poderia impulsionar a cultura nordestina no sentido de criar uma estratégia que dê mais espaço para ela nos grandes centros?

Sem dúvida, acho que o Ministério da Cultura poderia resolver esse problema de discriminação cultural contra o Nordeste. Mas, infelizmente não creio que a ideia do ministério vá vingar. Acho que vamos ficar mesmo é com uma secretaria e, aí a autonomia do titular vai ser bem menor.


O Globo sexta, 02 de agosto de 2019

ALERTA CONTRA SARAMPO NO RIO

 

Alerta contra sarampo no Rio: principal preocupação é vacinar adultos jovens

Governo estadual lança medidas por conta da proximidade com São Paulo, que passa por um surto da doença; crianças de 1 ano a adultos de até 49 anos devem receber a tríplice viral
 
 
Tríplice viral protege contra sarampo, caxumba e rubéola Foto: Márcio Alves / Agência O Globo
Tríplice viral protege contra sarampo, caxumba e rubéola Foto: Márcio Alves / Agência O Globo
 
 
 

RIO - Ao acender o alerta contra o sarampo , a Secretaria estadual de Saúde tem como principal preocupação fazer com que pessoas entre 15 e 49 anos que não tenham recebido duas doses da vacina tríplice viral compareçam às unidades básicas de saúde para colocar a imunização em dia.

— No ano retrasado, o Rio fez uma campanha de imunização contra o sarampo para crianças de até 5 anos que atingiu 95%. Agora, nossa maior preocupação são adultos jovens — diz Alexandre Chieppe, médico da Secretaria estadual de Saúde, acrescentando que o atual esquema vacinal com duas doses da tríplice viral só foi implantado no início da década de 1990.

O Rio entrou em estado de alerta contra o sarampo, nesta quinta-feira, por causa da proximidade com São Paulo, que vive um surto da doença, com 663 registros desde o início do ano . A Secretaria estadual de Saúde pretende imunizar todas as crianças a partir de 1 ano de idade e adultos até 49 anos que não estiverem em dia com a vacina tríplice viral, cuja primeira dose é aplicada aos 12 meses. O reforço acontece, com o acréscimo da imunização contra catapora (tetraviral), entre os 15 meses e 4 anos de idade.

Quem não tiver sido imunizado adequadamente deverá tomar agora duas doses da tríplice, com intervalo de 30 dias, caso tenha entre 5 e 29 anos. Entre 30 e 49, basta uma dose.

O Rio já teve confirmados este ano 13 casos da doença, todos em Paraty. No ano passado, foram 20 casos notificados.

— Há algum tempo, temos observado surtos na Europa e nos Estados Unidos. Há dois anos, a doença voltou a aparecer no Norte do país, trazida por imigrantes venezuelanos. Agora, há um surto em São Paulo. Pela proximidade com o Rio e a grande circulação de pessoas entre os dois estados, estamos alertando a população que não está com a vacinação em dia. Para quem tem dúvida se foi ou não vacinado, a recomendação é a imunização — afirma Chieppe.

 

Segundo a Secretaria estadual de Saúde, em 2018, o Rio alcançou 95% de cobertura vacinal para o público-alvo.

A vacinação dos adultos também é fundamental para proteger bebês com menos de 1 ano de idade.

— Como a tríplice viral só é aplicada aos 12 meses, a precaução se dá em evitar o contato da criança com pessoas doentes, e quem convive com esse bebê deve estar com as duas doses da vacina em dia — explica o médico.

Outra medida a ser realizada pela secretaria é a distribuição de panfletos informativos em rodovias, terminais ferroviários, metrô, BRTs e aeroportos do Rio. O material reforçará a importância de se vacinar e os sintomas — os principais são mal-estar geral, febre, manchas pelo corpo, tosse e coriza.

As complicações mais comuns do sarampo são infecções respiratórias, otites, diarreias e doenças neurológicas. Essas complicações geralmente se instalam na fase da doença em que há manchas no corpo e podem deixar sequelas, como diminuição da capacidade mental, cegueira, surdez e retardo do crescimento. A doença pode levar à morte adultos e crianças.


O Globo quinta, 01 de agosto de 2019

PAN-AMERICANO: GINÁSTICA BRASILEIRA

 

O que o Brasil pode levar de seu desempenho recorde no Pan para o Mundial de Ginástica?

Modalidade comemora conquistas em Lima e mostra força para competição mais importante da temporada
 
 
Chico Barretto conquistou o ouro nesta quarta-feira Foto: Luis ROBAYO / AFP
Chico Barretto conquistou o ouro nesta quarta-feira Foto: Luis ROBAYO / AFP
 
 
 

A ginástica brasileira encerrou sua participação no Pan de Lima ostentando números consideráveis. Subiu 11 vezes ao pódio, com quatro ouros, quatro pratas e três bronzes, na melhor campanha do país na modalidade no evento. No total, igualou-se a Rio-2007, mas supera aquele desempenho em relação às medalhas conquistadas. Há 12 anos, foram quatro ouros, duas pratas e cinco bronzes.

— Estamos colhendo frutos de muito trabalho. A preparação foi pesada, difícil. E temos procurado melhorar a qualidade das séries — disse Barretto, que ontem levou mais um ouro, em dobradinha com Arthur Nory na barra fixa (Flávia Saraiva, com o bronze no solo; e Caio Souza, com a prata nas barras paralelas, completaram o dia).

 

Considerando que, há 20 anos, em Santo Domingo, na República Dominicana, os brasileiros conseguiram apenas três medalhas, a evolução é nítida. Ainda mais se a análise for sobre o time masculino. Naquela ocasião, todos os pódios foram das mulheres. Em Lima, a campanha brasileira foi capitaneada pelos homens, com oito conquistas (quatro ouros e quatro pratas).

É sempre importante ressaltar que o Pan não possui o nível de concorrência que os brasileiros encontrarão no Mundial de Stuttgart-ALE, em outubro, que vale vaga para Tóquio-2020. Mas eles levarão para a competição avanços significativos. Um deles é o preparo emocional para lidar com uma competição de alta visibilidade e no formato olímpico, em que os atletas ficam hospedados em uma vila.

 

— O Pan serve também para os atletas participarem de uma competição diante de um público grande e de toda a expectativa gerada para eles — destaca o coordenador-geral da Confederação Brasileira de Ginástica Henrique Motta.

Tão importante quanto foi o patamar das notas. Ainda que a avaliação dos jurados varie de torneio para torneio, as pontuações podem ser consideradas altas.

— Principalmente em barras, porque é um aparelho em que os jurados canetam (descontam pontos) bastante. E vimos que tiramos nota de nível mundial — comentou Nory. — Os Jogos Pan-Americanos são vistos. A presidente da federação internacional (de ginástica) estava aqui. A gente chega com outra cara para o Mundial. Mas temos que seguir trabalhando.

De todas as medalhas conquistadas, três mereceram o destaque do coordenador. O ouro de Barretto no  cavalo e a dobradinha de Caio Souza e Nory no individual geral. O primeiro, por mostrar evolução num tradicional ponto fraco do Brasil. O segundo, por se tratar de uma prova que exige domínio de todos os aparelhos.

Devido ao amplo leque de opções entre os homens, a comissão técnica utilizará a etapa de Praia Grande-SP para definir a equipe que participará do Mundial. Já as mulheres passam por situação oposta e lutam contra os desfalques. Se terão a volta de Jarde Barbosa, poupada no Pan, a presença de Rebeca Andrade já está descartada.


O Globo quarta, 31 de julho de 2019

BOLSONARO DIZ QUE NÃO MUDARÁ P JEITO DE SER

 

Bolsonaro diz que, mesmo após ataques, não vai mudar seu jeito de ser

Em conversa exclusiva com O GLOBO, Bolsonaro confirma que continuará falando à parcela da população mais conservadora e à direita, a primeira a aderir à sua candidatura
Presidente Jair Bolsonaro Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
Presidente Jair Bolsonaro Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
 
 
 

BRASÍLIA —O presidente Jair Bolsonaro tem um recado claro: ele não vai mudar. A repercussão negativa, e até críticas de aliados, a suas declarações nos últimos dias, com ataques a governadores do Nordeste e contestação de dados históricos da ditadura militar , estão longe de fazê-lo repensar o próprio comportamento. Em conversa exclusiva com O GLOBO, Bolsonaro confirma que continuará falando à parcela mais conservadora da população, a primeira a aderir à sua candidatura .

 
inRead invented by Teads— Sou assim mesmo. Não tem estratégia. Se eu estivesse preocupado com 2022 não dava essas declarações — afirmou Bolsonaro, ao ser questionado se as falas recentes são planejadas ou apenas resultado de impulsividade.

O presidente recebeu a reportagem em seu gabinete no terceiro andar no Palácio do Planalto após a cerimônia em que lançou um amplo processo de flexibilização de segurança e saúde do Trabalho. Depois de uma curta entrevista coletiva com jornalistas, Bolsonaro estava subindo a rampa que liga o Salão Nobre ao seu gabinete quando foi abordado pela reportagem, que pediu uma conversa com ele. Imediatamente, sem ouvir seus auxiliares da área de comunicação, pediu que os seguranças liberassem a repórter para acompanhá-lo.

LEIA : 'E você acredita em Comissão da Verdade?', questiona Bolsonaro

Planos para o garimpo

A conversa não pôde ser gravada. Na entrada do gabinete, os celulares tiveram que ficar guardados. Entretanto, Bolsonaro, que havia dito que não daria entrevista, emprestou a própria caneta Bic. Assim, suas declarações poderiam ser anotadas corretamente.

Como o encontro não estava previsto, a conversa, que durou 15 minutos, foi interrompida três vezes pelo ajudante de ordens para lembrá-lo que existiam outros dois compromissos à espera. Bolsonaro, mesmo com o alerta, deixou a conversa fluir e falou de vários assuntos, mesmo os incômodos. Afirmou que a imprensa o persegue, mas que não se importa mais.

 

— O dia que não apanho da imprensa eu até estranho — disse, rindo.

Hiperativo, o presidente revelou que acorda antes das 4h e começa disparar mensagens de WhatsApp a ministros e assessores. Alguns deles, contou, ganharam direito a toques especiais no celular: são os quatro ajudantes de ordens, que têm um alerta diferente para que Bolsonaro possa atendê-los o mais rapidamente possível.

Na defesa da exploração de áreas de garimpo pelo país, disse ter encomendado estudo ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para criar “pequenas Serras Peladas” no Brasil, que poderiam ser exploradas tanto por grupos estrangeiros como por povos indígenas.

— Mas a fiscalização seria pesada. E índio também poderia explorar — promete.

Ao ser questionado a respeito de suas declarações sobre Fernando Santa Cruz , pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Bolsonaro voltou a se justificar, dizendo que a entidade atuou para que não se chegasse aos “mandantes da sua tentativa de assassinato”. Ele insiste que a quebra de sigilo telefônico de um advogado de Adélio Bispo de Oliveira daria um novo rumo à história. A medida não foi adotada por um recurso da Ordem. Bolsonaro disse que não recorreu da decisão da Justiça, que classificou seu agressor como inimputável porque, ao ser enquadrado como portador de Transtorno Delirante Persistente, Adélio estará agora em “prisão perpétua”.

 

— Porque eu ganharia (o recurso). Ele responderia por tentativa de homicídio. No máximo em dois anos estaria na rua. Agora, pela insanidade mental, é prisão perpétua.

Bolsonaro esquivou-se novamente de comentários aprofundados sobre o massacre no presídio de Altamira, no Pará, onde 58 detentos morreram, dos quais 16 foram decapitados, a maior carnificina em cadeias desde a registrada no Carandiru (SP) em 2001. Ele justificou que queria evitar “polêmica”.

— Já disse pela manhã na porta do Alvorada. Você estava lá? Pergunte às vítimas dos facínoras. Pergunte para elas o que acham, não vou criar polêmica — respondeu, confirmado com seus auxiliares o número total de vítimas.

O presidente disse que está conversando com grupos estrangeiros para transformar a Baía de Angra dos Reis, onde tem uma casa e chegou a ser multado no passado por pesca ilegal, no que ele vem chamando de “Cancún brasileira” . Segundo ele, empresários estão dispostos a investir “bilhões”, que gerariam empregos na região.

— Não vou dizer (quais são esses grupos). São conglomerados de países — afirmou, sinalizando, em seguida, que investidores de Emirados Árabes, Japão e Israel já teriam demonstrado interesse.

 

O desempenho no exterior de Eduardo Bolsonaro, seu filho deputado federal, é o assunto que mais o deixa, visivelmente, satisfeito. Para o presidente, cabe aos senadores aprovarem Eduardo como embaixador do Brasil nos Estados Unidos, mas ele está certo que o elogio feito nesta terça-feira pelo presidente americano , Donald Trump, o ajudará a conquistar os votos.

— A decisão é do Senado. Acho que a declaração do Trump hoje ajuda — disse.

Bolsonaro confirmou que está em franca aproximação com o presidente da Bolívia, Evo Morales, como visto durante a Cúpula do Mercosul, em Santa Fé, na Argentina, há duas semanas. Disse que o mandatário boliviano sorriu para ele, o que não tinha acontecido nem mesmo quando esteve em sua posse em janeiro. Afirmou ainda que os dois países buscam aproximação e que Morales demonstrou interesse em comprar um avião KC-390 da Embraer.

Quem manda

Questionado se a mudança de Morales não demonstra um caráter pragmático, que se adapta de acordo com as circunstâncias, Bolsonaro defendeu o boliviano.

— Não. Como eu disse hoje, todo mundo evolui — conta Bolsonaro, que usou Morales como exemplo para defender a sua tese contra as reservas indígenas. — Se na Bolívia um índio pode ser presidente, por que aqui tem que ficar confinado em uma uma área?

 

Nos quase 15 minutos de conversa, Bolsonaro deixou claro que quem manda é ele. O presidente tem uma agenda nesta quarta-feira de manhã em Anápolis (GO). A reportagem questionou, então, se ele pararia, como já vez em outra ocasião, para almoçar com caminhoneiros em uma rodovia. Um assessor disse que não, mas Bolsonaro o interrompeu:

— Não está previsto, mas, se tiver algo, eu aviso e muda na hora — justificou, confirmando que dá trabalho à equipe que cuida de sua proteção, subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Bolsonaro encerrou a conversa quando os participantes da próxima reunião, incluindo o ministro Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), entraram no gabinete.

Secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten pediu que fosse feita uma foto da conversa.

— Não precisa. Não vou constrangê-la — disse o presidente, recebendo de volta a caneta Bic emprestada à repórter.


O Globo terça, 30 de julho de 2019

FILHO DE MUSSUM RELEMBRA O PAI

 

"Se Mussum estivesse vivo o mundo estaria, pelo menos, mais divertido", diz filho do humorista dos Trapalhões, 25 anos após morte do ator

 

 

Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, em foto tirada no dia 13 de junho de 1979

  *Bernardo Falcão

Centenas de fãs, amigos e parentes foram ao Cemitério de Congonhas, São Paulo, para se despedir do querido humorista Antônio Carlos Bernardes Gomes, conhecido no Brasil todo como Mussum, do quarteto Os Trapalhões. Após décadas proporcionando risadas com seu inesquecível personagem, o ator e músico morreu precocemente, aos 52 anos, no dia 29 de julho de 1994. "O Brasil perdeu um pouco de alegria", disse o colega Renato Aragão, o Didi. "Os Trapalhões estão ficando pequenininhos e mais tristes", lamentou Manfried Sant'Anna, o Dedé, referindo-se também à perda de Mauro Faccio Gonçalves, o Zacarias, quatro anos antes.

 Mussum sofria de problemas cardíacos e, no dia 13 de julho, foi submetido a um tranplante de coração, mas morreu semanas depois, por complicações derivadas da cirurgia. Hoje, 25 anos depois, o jeito malandro de seu personagem continua vivo, e não raramente circulam pelas redes sociais memes usando a imagem do humorista ou seu jeito de falar, terminando qualquer palavra com "is" ("Forévis", "cachacis", "bebadis"). Um dos filhos do comediante, o empresário Sandro Gomes é dono da cervejaria Brassaria Ampolis, dona de rótulos como Cacildis, Biritis, Forévis, em referência aos bordões do pai, cujo personagem não escondia a paixão pela bebida, que ele chamava de "biritis" ou "mé". Em conversa com o Blog do Acervo, Gomes, que tinha 17 anos quando Mussum morreu, falou sobre memórias de infância e sobre o legado do humorista.

 

Sandro Gomes é um dos sócios da Ambrassaria Ampolis, cervejaria criada em homenagem ao pai

 

Quais são as suas melhores memórias com o seu pai?

Sem dúvidas, a forma que ele tratava as pessoas, a forma de ele conversar e ser uma pessoa tão querida por todos. As pessoas adoravam receber meu pai nos lugares e trocar uma ideia com ele, pedir opinião. Ele era um imã. Era impressionante, não conseguia ficar sozinho em lugar nenhum. Era ele chegar em algum lugar que alguém já puxava a cadeira, "Posso sentar aqui um pouquinho?". Era uma pessoa essencialmente do bem, uma pessoa de energia muito boa.

 

Destaque de algumas fotos de Mussum ao lado de seus filhos e sua família

 

Como era o Mussum no âmbito familiar?

Ele era o Antônio Carlos, em alguns momentos ele era o Caco, o apelido dele dado por amigos mais chegados e familiares. Ele era de carne e osso como qualquer pai e qualquer marido. Então, cobrava muito os filhos em relaçao ao estudo e ao trabalho. Cobrava muita responsabilidade da gente. Ele era muito preocupado em dar para os filhos as oportunidades que ele nao pôde ter na vida. Era uma pessoa genial, um cara extremamente carinhoso, muito brincalhão, do bem. Mas, na hora da briga, também era um "sai de baixo". Cada um corria para um lado. 

 

Mussum ao lado de sua mulher Neila Gomes do filho Sandro Gomes

 

Como era a sua rotina em família, o que você lembra de fazer nas horas vagas com ele? 

Meu pai era uma pessoa que viajava muito, trabalhava igual doido fazendo shows pelo país todo, viajando de carro, avião, ônibus, com o pessoal. Ele curtia muito Angra dos Reis, era a fuga dele para desestressar. Chegava em casa, pegava a gente e "vambora viajar pra Angra". A gente brincava que era o descanso do guerreiro, porque era o lugar em que ele realmente relaxava. Ficava de short e descalço, passeando de barco. Ele amava viajar.

 

Os Trapalhões Renato Aragão, Mussum, Dedé Santana e Zacarias, em 4 de outubro de 1979

 

O que você mais admirava no seu pai?

Ele era extremamente justo. Assumia tudo. Os acertos e os erros. Não gostava de injustiça, de ser passado para trás. Ele se declarava como uma pessoa tão aberta e disposta a conversa que não aceitava ser traído. Recebia muitas ligações de amigos e até mesmo em casa pedindo a opinião dele justamente por isso, por confiar nele, sabendo que ele falaria a verdade doa a quem doer. Era uma pessoa extremamente confiável. Sempre foi muito amigo de todos. Dificilmente a gente conseguia sentar no restaurante nós quatro, em família. Era questão de tempo até sentar um, sentar dois, e quando a gente via o jantar tinha se tornado uma reunião de 20 pessoas, todo mundo trocando ideia e conversando. Ele nunca ficava de bico, de cara fechada com essas situações. Sabia muito bem a posição dele, o que ele representava.

 

Os Originais do Samba em foto tirada no Rio de Janeiro, em 26 de janeiro de 1971

 

 

E quem era o Mussum na música? Na sua opinião, ele era mais músico que humorista ou mais humorista que músico?

Ele era um músico que se tornou humorista e acabou tendo talento para fazer as duas coisas muitíssimo bem. Mas, o humor estava mais no sangue dele, na minha opinião. É dificil dizer. Ele era muito estudioso da música também. Por exemplo, ele que trouxe um banjo da Rússia e apresentou pro Almir Guineto aprender a tocar. Então, ele fazia tão bem as duas coisas e era um cara tão sério e reponsável com aquilo que ele se propunha a fazer, que seria injusto eu falar que ele era mais músico do que humorista ou vice-versa. O documentário dele, inclusive, fala isso. As pessoas sabem que ele era um ótimo humorista, mas poucos conheceram o talento dele como músico. Ele era muito regrado e não aceitava erro. Se desse qualquer coisinha de errado em um show, eles já estavam no dia seguinte ensaiando. 

 

Mussum durante apresentação com o grupo Os Originais do Samba

 

 Apesar de terem se passado 25 anos, Mussum ainda resiste no imaginário do brasileiro como uma figura positiva, alegre, etc. Por que você acha que isso se mantém depois de tanto tempo?

Ele era único. Eu estava há um tempo atrás treinando uma equipe para um quiosque da cervejaria no shopping Rio Sul que inaugura nesta segunda-feira (hoje). Um dos meninos que foram treinados para trabalhar lá tem 20 anos de idade e estava conversando comigo como se conhecesse o Mussum, batendo papo sobre o que ele sabia, sobre o que ele conhecia, etc. Óbvio que hoje a gente tem tudo na internet, e isso ajuda bastante, mas mostra como o Mussum era único, como ele era muito querido, sabe? O garoto nasceu cinco anos depois da morte do meu pai e mesmo assim o admira. Isso não tem preço.

 

Mussum durante a gravação de uma esquete para o programa Os Trapalhões, em 4 de outubro de 1979

O que Mussum diria se soubesse desse carinho das novas gerações por ele?

Era assim que meu pai gostaria de ser lembrado. Toda vez que eu converso com alguém e tocam no nome do Mussum é como se um sorriso já viesse à mente. Você sorri sem perceber e se lembra de alguma história engraçada ou de algum quadro dos "Trapalhões" que ficou marcado. Eu estou rodando o Brasil inteiro por causa do lançamento das cervejas, e é impressionante como sempre encontro alguém que conheceu, tirou foto ou bateu papo com ele. Em Belo Horizonte, um cara veio falar comigo: "Caramba, eu conheci seu pai em 1970 e poucos, e a gente ficou tomando cachaça num bar e conversando por horas". Sempre tem uma história dessas.

 

Os Trapalhões em apresentação no Rio de Janeiro, um ano após a morte de Zacarias, em 28 de Novembro de 1991

 

Apresentação dos Trapalhões para a chegada do Papai Noel no Maracanã, em 9 de dezembro de 1978

 

 25 anos sem Mussum. O Brasil, de uma maneira geral, está mais careta?

Eu, pessoalmente, acho que as coisas estão um pouquinho exageradas. É preciso achar um meio termo. Eu acho que o Mussum não pensaria diferente. Todo exagero é ruim. Óbvio que todos nós sabemos desses novos tempos e de todos os aspectos importantes em que a sociedade mudou, mas acho que precisamos de um meio termo também. O mundo hoje está um pouquinho careta, sim, não há como negar. Mas é claro que se ele estivesse aqui com a gente ele se adequaria ao mercado. É isso. Você se adequa ao mercado ou muda de carreira. Não adianta ficar dando murro em ponta de faca. Mas sabemos também que se o Mussum estivesse vivo o mundo estaria bem melhor, ou pelo menos mais divertido.

 

 Mussum durante gravação dos Trapalhões na TV Globo, no Rio de Janeiro, em 4 de outubro de 1979

 

 

 

 

Desfile da escola de samba Estação Primeira de Mangueira com o enredo "Atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu" : humorista Mussum à frente da ala de baianas, em 13 de fevereiro de 1994

 

 

De todas as cervejas — Biritis, Cacildis, Ditriguis e Forévis —, qual você acha que seu pai mais gostaria e por quê?

Eu acho que a Cacildis (Premium Lager) certamente seria a do dia a dia. Nos outros rótulos a gente não quis ir no chute, tentamos ir na pegada do que ele curtia. Óbvio que na época não existiam essas cervejas especiais que existem hoje, porém a Forévis (Session IPA) seria uma que ele curtiria bastante também e a Ditriguis (Witbier) ele estaria curioso para provar. A Biritis (Vienna Lager) é uma cerveja mais gourmetizada que, como bom cozinheiro, ele também se interessaria. 

 

Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, em foto tirada no dia 08 de março de 1988

 Daqui a 25 anos, como você espera que seu pai seja lembrado?

Espero que ele seja lembrado da mesma maneira que é visto hoje, com a ajuda da internet. É uma pessoa que só fez o bem, e é por isso que, mesmo após 25 anos, parece que ele se foi mês passado. A ideia da cervejaria também foi uma forma de eternizar o trabalho e a figura do Mussum. É uma forma de ter meu pai ao meu lado todos os dias, até porque eu respiro a marca e vivo em função dela. 


O Globo segunda, 29 de julho de 2019

MORRE A ATRIZ RUTH DE SOUZA, AOS 98 ANOS

 

Ruth de Souza teve trajetória marcada por pioneirismo e luta contra o preconceito

Ícone negra do teatro, da teledramaturgia e do cinema brasileiros, atriz morreu neste domingo (28), aos 98 anos
 
A atriz Ruth de Souza em 2018, posando para retrato durante uma entrevista ao GLOBO Foto: Leo Martins / Agência O Globo
A atriz Ruth de Souza em 2018, posando para retrato durante uma entrevista ao GLOBO Foto: Leo Martins / Agência O Globo
 
 
 

Dona Ruth de Souza, dama da teledramaturgia, do teatro e do cinema brasileiros, morreu numa manhã de domingo em que mulheres negras, suas herdeiras,marchavam sob o sol de Copacabana contra o racismo, por direitos. Estava internada com pneumonia havia uma semana, no Hospital Copa D’Or, no mesmo bairro. Partiu aos 98 anos, reconhecida e reverenciada por seus pares. Foi uma grande atriz. Foi uma grande atriz brasileira. Foi uma grande atriz negra brasileira. Foi uma grande atriz negra e ativista contra o preconceito racial no Brasil.

 

Filha de um agricultor e de uma lavadeira, nascida em 12 de maio de 1921 no Engenho de Dentro, subúrbio carioca, desbravou territórios até então inimagináveis para uma artista negra. Apaixonou-se pelo cinema ainda menina; foi atrás do sonho. Nos anos 1940, integrou-se ao Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias do Nascimento (1914-2011), ator, dramaturgo, escritor, artista plástico, ativista e político. Em 1945, tornou-se a primeira atriz negra a se apresentar no palco do Teatro Municipal, que frequentava desde muito jovem com ingressos que ganhava das patroas da mãe. Lá, onde participou da encenação de “O Imperador Jones”, do americano Eugene O’Neill, será velada nesta segunda-feira, das 10h às 16h. O sepultamento será no Cemitério São João Batista, Zona Sul do Rio.

 

‘Abriu todas as portas’

Pioneira é a palavra que melhor define Ruth de Souza. Como lembrou a atriz Taís Araújo em post numa rede social, ela veio antes de Chica Xavier, Léa Garcia e Zezé Motta: “Ela abriu todas as portas, ela escancarou essas portas”. Em 1947, foi premiada como atriz revelação na montagem de “O Filho Pródigo”, de Lúcio Cardoso (1912-1968). Estreou no cinema um ano depois. Na década de 1950, bolsista da Fundação Rockefeller, passou temporada nos Estados Unidos, onde estudou e pesquisou artes cênicas na American National Theater and Academy, na Karamu House e na Universidade de Harvard.

 

Participou de produções dos três principais estúdios brasileiros: Atlântida, Maristela Filmes e Vera Cruz. Com Sabina, personagem de “Sinhá Moça” (1953), foi a primeira brasileira indicada ao Leão de Ouro do Festival de Veneza. Disputou com Katherine Hepburn e Michele Morgan; perdeu para Lili Palmer. Atuou em radionovelas e nos teleteatros de Tupi e Record. Na TV Globo, foi a primeira negra a protagonizar uma novela, “A cabana do Pai Tomás” (1969).

Por duas vezes, em 1961, no teatro, e em 1983, numa minissérie, encarnou a escritora Carolina Maria de Jesus , autora de “Quarto de despejo – Diário de uma favelada”. Fez mais de 40 novelas, 33 filmes, dezenas de peças. Nunca deixou de denunciar a falta de oportunidades para artistas negros, confinados a papéis de escravizados, subalternizados ou coadjuvantes. No último carnaval, foi enredo da Acadêmicos de Santa Cruz, escola da Série A. Atravessou a Marquês de Sapucaí altiva e animada, sob a chuva.

Exerceu o ofício por mais de 70 anos. Nunca deixou de atuar. Participou este ano da série “Se eu fechar os olhos agora” , adaptação do romance de Edney Silvestre para a TV. Há duas semanas, esteve no set de “Tentáculos”, série com produção de Lui Mendes e direção de José Frazão, como lembrou Zezé Motta em post de despedida no Instagram.

O segredo do sorriso

A comoção pela morte da atriz inundou as redes. Artistas de gerações tão diferentes quanto Milton Gonçalves e Ícaro Silva; o cineasta Joel Zito Araújo e Lázaro Ramos; Flávio Bauraqui, Juliana Alves, Françoise Forton, Fabio Assunção lamentaram a partida.

Ruth de Souza tinha como marca o sorriso terno, franco, constante. De tão frequente, intrigava. O segredo eu descobri no privilégio de um tête-à-tête, em 2017, num encontro organizado pela então vereadora Marielle Franco em homenagem à atriz e à escritora Conceição Evaristo, na Câmara dos Vereadores do Rio. Ao posar para a enésima foto, olhar brilhante, dentes reluzentes, ela me segredou: “Alface. Eu digo alface e o sorriso aparece”. Nas seis letras de uma hortaliça trivial, o truque de uma atriz imensa, agora ancestralizada.

Dona Ruth de Souza não teve filhos biológicos. Mas deixou órfãs gerações de artistas brasileiros que hão de manter vivos seu legado, sua memória.


O Globo domingo, 28 de julho de 2019

ALIMENTOS QUE AJUDAM A AMENIZAR OS SINTOMAS DE ARTRITE E REUMATOIDE

 

Conheça os alimentos que ajudam a amenizar os sintomas de artrite reumatoide

 
O tratamento da doença é feito com remédios, exercícios físicos e mudança no cardápio
 
 
Sardinha é rica em ômega 3. Foto: Pixabay
Sardinha é rica em ômega 3. Foto: Pixabay
 
 
 

“Sentia muitas dores nas costas e articulações. Tenho artrite reumatoide. Ganhei muito peso e assim as dores nas articulações pioraram muito. Por isso, procurei uma nutricionista para perder peso. Descobri que, além de ajudar a emagrecer, existem alimentos que podem melhorar a dor da artrite’’. O relato é de Rosane Alves, de 60 anos, que foi apresentada a uma alimentação específica que a ajudou a amenizar os sintomas da doença. ‘‘Mas não é de um dia para o outro”, destacou.

 

A artrite reumatoide é uma doença crônica, autoimune e inflamatória. O tratamento é baseado em remédios contra a dor, como analgésicos e anti-inflamatórios. Fisioterapia, exercícios e terapia ocupacional também são indicados para fortalecer as articulações. Mas a alimentação pode contribuir para reduzir os sintomas, que são incapacitantes.

De acordo com a nutricionista Ana Paula Moura, há diversos alimentos que podem contribuir para amenizar as dores articulares.

— Um dos mais conhecidos é a couve. Por ser rica em cálcio e magnésio, minerais que, juntamente com a vitamina D, dão sustentação aos ossos, a couve é um dos vegetais mais recomendados para aliviar dores e inflamações nas articulações — diz a especialista.

A doença é desencadeada quando uma pessoa com predisposição genética entra em contato com algum fator ambiental capaz de ativar o sistema de proteção. O corpo começa a produzir anticorpos que atacam as próprias articulações.

— Temos mitos que cercam as pessoas com artrite reumatoide, como o consumo de glúten e lactose, que pensam ser alimentos inflamatórios. Só recomendamos a retirada destes itens caso a pessoa tenha alguma restrição, como a doença celíaca — explica Lícia Mota, coordenadora da Comissão de Artrite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia.

 

Inclua no cardápio

  • Sardinha, atum, salmão e arenque: São ricos em cálcio, atuam na sustentação óssea, são fonte de ômega 3 e têm propriedade anti-inflamatórias naturais, aliviando as dores
  • Azeite: Rico em antioxidantes, que protegem o organismo dos radicais livres e consequentemente de desenvolver outras doenças reumáticas
  • Abacate e linhaça: Fonte de ômega 3 e anti-inflamatório natural
  • Aveia: Rico em vitamina E e possui ação antioxidante
  • Castanha-do-pará, nozes e avelã: São ricos em zinco e possuem propriedades antioxidantes que potencializam a imunidade
  • Alho: Rico em alicina, composto anti-inflamatório e imunomodulador
  • Batata-doce: Rica em vitamina A , que fortalece o sistema imunológico
  • Brócolis: Rico em cálcio, como a couve
  • Banana: Rica em triptofano, precursor da serotonina, que melhora o humor. Quanto mais bem-estar, melhor é para os pacientes que sentem dor
  • Manga: Rica em betacaroteno e ácido gálico, potentes antioxidantes
  • Chá-verde: A epigalocatequina do chá verde já é estudada como um bom controlador das doenças reumáticas: como anti-inflamatório e pela diminuição do edema das articulações
  • Pimenta: Anti-inflamatório natural potente, aliviando as dores
  • Cereais integrais: Ricos em fibras, melhoram a função intestinal, eliminando mais substâncias nocivas ao organismo

O Globo sábado, 27 de julho de 2019

JOGOS PAN-AMERICANOS

 

O maior desafio do Pan 2019: empolgar os peruanos

Feriadão da Independência e rodízio de carros nas principais ruas de Lima têm atraído mais a atenção da população da capital
 
Empolga? Cerimônia de abertura dos Pan, realizada ontem no Estádio Nacional, teve referências à cultura peruana e show de fogos de artifício Foto: PEDRO UGARTE / PEDRO UGARTE/AFP
Empolga? Cerimônia de abertura dos Pan, realizada ontem no Estádio Nacional, teve referências à cultura peruana e show de fogos de artifício
Foto: PEDRO UGARTE / PEDRO UGARTE/AFP
 
 
 

Uma cerimônia com diversos elementos fazendo referência à cultura do Peru, incluindo até cavalos de uma raça típica do país, abriu na noite desta sexta os Jogos Pan-Americanos de Lima. Com o início oficial do evento, fica a expectativa para que as competições esportivas passem a despertar a atenção da população.

 

Em Lima, praticamente em todas as casas e edifícios se vê a bandeira do Peru. Pode parecer um nacionalismo incentivado pelo Pan, mas não há relação com o evento, e sim com as “Festas pátrias”, nome dado às comemorações pela Independência do país. Elas ocorrem nos dias 28 e 29, domingo e segunda, mas o feriadão já começou ao meio-dia de sexta, para que a população possa viajar para suas cidades de origem ou relaxar em destinos turísticos.

Os Jogos Pan-Americanos, em si, parecem não ser importantes para os peruanos. Ao menos até agora. Embora a imprensa local trate o evento com destaque (divide as manchetes com a eleição para a mesa diretora do Congresso, a ser realizada neste sábado), a população ainda não comprou a ideia. A campanha peruana do vice-campeonato na Copa América mobilizou mais pessoas. Durante os jogos da equipe de Paolo Guerrero, as ruas de Lima eram tomadas por torcedores a caminho de restaurantes, bares e, principalmente, praças onde telões transmitiam os jogos ao vivo.

Em razão das Festas pátrias, as ruas de Lima estão tomadas por bandeiras do Peru Foto: Rafael Oliveira
Em razão das Festas pátrias, as ruas de Lima estão tomadas por bandeiras do Peru Foto: Rafael Oliveira

Não por acaso, o presidente peruano Martín Vizcarra, quem abriu oficialmente os Jogos durante a cerimônia, escreveu em sua conta oficial no Twitter que "#Lima2019 é uma realidade". Em 2017, parte do Congresso e até mesmo da população defendia que o país abrisse mão de sediar a competição. O motivo era o estrago causado pelas chuvas torrenciais no norte do país. Naquele momento, ganhou força o argumento de que o Governo deveria direcionar todos os seus recursos para reparar os danos sofridos pelos moradores daquela região. Queriam, então, que o dinheiro destinado à organização do evento fosse remanejado.

 

Passados dois anos, o movimento contrário ao Pan perdeu força. Alguns políticos que defendiam o "não" ao evento até estiveram no Estádio Nacional do Peru durante a abertura oficial. Entre a população, no entanto, se a má vontade com a competição acabou, o que ficou parece ser apenas indiferença.

'Pico y paro'

Na última quinta-feira, a Plaza Mayor, a mais importante da cidade, estava fechada. É lá que foi posto o letreiro “Lima”, onde turistas e mesmo moradores podem tirar fotos no clima dos Jogos. O motivo do fechamento não tinha nada a ver com o esporte: próximo ao local, um grupo de motoristas de ônibus realizava uma manifestação. As linhas que dirigiam perderam a permissão para circular no Centro, e eles foram às ruas protestar. Para evitar que chegassem à praça, onde estão localizadas as sedes do governo nacional e da prefeitura, policiais cercaram os acessos. O que era para ser um local de fotos e de alegria, tornou-se um espaço vazio e frio.

A Plaza Mayor fechada ao público na véspera da abertura oficial do Pan Foto: Rafael Oliveira
A Plaza Mayor fechada ao público na véspera da abertura oficial do Pan Foto: Rafael Oliveira

O trânsito, aliás, virou motivo de insatisfação da população. Não o caos tradicional do tráfego, que parece não incomodar os limenhos, mas a política batizada de “pico y paro”: um rodízio de placas nas principais ruas da cidade, como o que já ocorre em São Paulo. O resultado, num primeiro momento, foi de aumento dos engarrafamentos e da insatisfação do povo, em especial dos taxistas e demais profissionais que trabalham com transporte.

 

É neste cenário que os Jogos surgem. Seu maior desafio é atrair a população e fazer com que os esportes olímpicos mobilizem os peruanos tanto quanto Guerrero e cia. Mas isso apenas a partir de terça-feira. Até lá, o protagonismo é exclusivo das “Festas pátrias”.

Neste sábado, o Brasil pode conquistar suas primeiras medalhas, nas maratonas feminina e masculina, a partir das 10h30. A ginástica artística feminina e o boxe estreiam. O Sportv 3 e Record News transmitem.

O repórter viaja a convite da PromPerú.

 


O Globo sexta, 26 de julho de 2019

INVASÃO DE CELULARES

 

Mesmo após confissão, PF não vê caso encerrado e aguarda laudos sobre invasão de celulares

Além das perguntas já respondidas pela PF nos últimos três dias, restam questões ainda não solucionadas que indicam o que ainda falta ser descoberto ou divulgado
 
 
Walter Delgatti Neto, um dos presos pela Operação Spoofing, confessou ter atuado nos ataques cibernéticos Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
Walter Delgatti Neto, um dos presos pela Operação Spoofing, confessou ter atuado nos ataques cibernéticos
Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
 
 
 

RIO — Apesar de o principal suspeito dos ataques hacker preso,Walter Delgatti Neto , tenha admitido em depoimento ser autor de invasões à contas de aplicativos de mensagens e telefones de autoridades, a Polícia Federal está longe de encerrar as investigações sobre o caso. A PF entende que ainda é necessário aguardar os laudos periciais e checar alguns dados para concluir a apuração.

Além das perguntas  já respondidas pela Polícia Federal nos últimos três dias,  restam questões ainda não solucionadas que indicam o que ainda falta ser descoberto ou divulgado, uma vez que o procedimento corre sob sigilo estabelecido judicialmente.

A PF ainda não informou se há informações concretas sobre se houve mandantes das invasões. Além dos  R$ 100 mil apreendidos pela PF na Operação Spoofing,   o que se sabe sobre as finanças dos suspeitos, até agora,  é que Gustavo Henrique movimentou R$ 424 mil que que entre abril e junho do ano passado e Suelen, por sua vez, movimentou R$ 203 mil entre março e maio deste ano. Para os delegados da PF, há incompatibilidade entre a movimentação financeira e as rendas declaradas dos dois.

 

LEIA : O que falta ser descoberto sobre os ataques ao Telegram de Moro e outras autoridades

Na decisão do juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, além de autorizar as prisões temporárias, o magistrado afirma que a incompatibilidade entre as movimentações financeiras e a renda mensal dos suspeitos torna necessário rastrear os recursos recebidos e movimentados por eles. Além dos sigilos bancários, o magistrado ainda determinou a quebra do sigilos telemático dos suspeitos.

Ainda não se sabe o que foi encontrado de indícios e provas nos e-mail e arquivos dos presos: Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira, Danilo Cristiano Marques e Walter Delgatti Neto.

Além dos quatro suspeitos presos,  há outras seis pessoas possivelmente envolvidas no caso.  A PF apresentou ao juiz Vallisney de Oliveira um relatório de diligência no qual listou os e-mails destas seis pessoas, que estavam vinculados às contas dos usuários do sistema BRVOZ das quais partiram os ataques.

Com base nesse documento, a PF solicitou o afastamento do sigilo telemático desses e-mails, para acessar seu conteúdo e apurar se os outros alvos também estão envolvidos no caso. O magistrado autorizou a medida e determinou a quebra do sigilo telemático desses e-mails.

 

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