Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo quinta, 25 de julho de 2019

PIRARUCU VIRA O PEIXE DA VEZ NA GASTRONOMIA

 

Pirarucu vira o peixe da vez na alta gastronomia

Salvo da extinção por manejo sustentável que envolve indígenas e ribeirinhos, o gigante amazônico ganha status de iguaria entre chefs cariocas
 
 
A pesca sustentável realizada pelo povo Paumari: só pescam em outubro e retiram no máximo 30% do total de peixes. E nada de cativeiro: o pirarucu é inteiramente selvagem. Foto: Marizilda Cruppe
A pesca sustentável realizada pelo povo Paumari: só pescam em outubro e retiram no máximo 30% do total de peixes.
E nada de cativeiro: o pirarucu é inteiramente selvagem. Foto: Marizilda Cruppe
 
 

A índia Daniele Paumari, de 16 anos, abre o sorriso quando fala do pirarucu. Na aldeia em que mora, em meio à Amazônia, o nobre peixe que pode passar dos 200 quilos é motivo de orgulho: é graças a essa espécie que o povo Paumari vê a chance de melhorar sua qualidade de vida e, ao mesmo tempo, garantir o equilíbrio ecológico da floresta. Eles conseguem isso a partir domanejo sustentável — só pescam em outubro e retiram no máximo 30% do total de peixes. E nada de cativeiro: o pirarucu é inteiramente selvagem.

 

É com olhar atento que a coordenadora do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá, Ana Cláudia Torres, abre o caminho para esse trabalho. Aos 38 anos, a amazonense filha de pescadores é mestre em Ciências Humanas e, com uma grande equipe, ajuda a aliar conhecimentos tradicionais de indígenas, quilombolas e ribeirinhos a técnicas científicas. Foi o Mamirauá que instituiu o manejo na Região Amazônica, 20 anos atrás.

Nas mãos da chef carioca Bianca Barbosa, de 34 anos, o peixe trazido à superfície pelos Paumari será transformado em pratos servidos no Aconchego Carioca e no Manda!, seu novo projeto. Uma receita já foi definida: sanduíche de pirarucu defumado no melado de cana.

A pesca do pirarucu selvagem: o peixe chega a ter 200 quilos Foto: Bernardo Oliveira
A pesca do pirarucu selvagem: o peixe chega a ter 200 quilos Foto: Bernardo Oliveira

Daniele, Ana Cláudia e Bianca representam três importantes elos de uma cadeia que liga a Amazônia ao Rio: as comunidades que pescam pirarucu de forma sustentável e legalizada; o corpo técnico que assegura a qualidade dessa pesca; e a gastronomia carioca, que começa a explorar a iguaria que — garantem os chefs — é melhor do que os estrangeiros salmão e bacalhau.

Esses três elos se cruzaram durante uma expedição amazônica no início deste mês. Nove chefs do Rio embarcaram em uma viagem de 36 horas de barco para chegar ao território indígena Paumari, uma das comunidades que manejam o pirarucu. A viagem foi uma das etapas do projeto “Gosto da Amazônia", iniciativa para ampliar o mercado do pirarucu selvagem e legal no Brasil, começando pelo Rio. Aliás, por aqui, a única peixaria que distribui esse pescado oriundo do manejo sustentável é a Só Peixe (2502-7885), na Cidade Nova.

 
Grupo com suas redes de pesca no Rio Tapauá esperando o melhor momento para capturar o pirarucu Foto: Marizilda Cruppe
Grupo com suas redes de pesca no Rio Tapauá esperando o melhor momento para capturar o pirarucu Foto: Marizilda Cruppe

O “Gosto da Amazônia" é uma parceria entre as instituições envolvidas no manejo, o Instituto Maniva — que reúne ecochefs — e o Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio (SindRio).

“Cozinhar é um ato político”, resume a chef Teresa Corção, que é presidente e fundadora do Maniva. “Trata-se, acima de tudo, de demonstrar respeito por quem está por trás do alimento. Quando você escolhe o produto que entra no restaurante, você puxa uma cadeia de mercado enorme”, diz ela.

O chef francês Frédéric Monnier prepara o pirarucu na floresta, usando folhas de bananeira Foto: Marizilda Cruppe
O chef francês Frédéric Monnier prepara o pirarucu na floresta, usando folhas de bananeira Foto: Marizilda Cruppe

Se, na década de 1990, o pirarucu estava ameaçado de extinção por causa da pesca predatória, agora sua população chega a 10 mil apenas nas terras Paumari. Tudo graças ao manejo, que tem por trás o Instituto Chico Mendes (ICMBio), e à vigilância que os povos tradicionais fazem do território para impedir que outras pessoas pesquem de forma ilegal. E, como essa espécie de peixe é considerada um “guarda-chuva” para outros animais, o aumento da sua população fez crescer também o número de tartarugas, peixes-boi e outras espécies.

Além de Teresa, que comanda o restaurante O Navegador, foram à Amazônia os chefs Ana Pedrosa, Ana Ribeiro (ambas chefs consultoras), a já citada Bianca Barbosa, Andressa Cabral (Meza Bar), Frédéric Monnier (chef embaixador da comida francesa no Senac), Jéssica Trindade (Chez Claude), Marcelo Barcellos (Barsa) e Ricardo Lapeyre (Laguiole Lab).

 

Na viagem, o grupo provou o peixe feito pelos indígenas e cozinhou um banquetaço para a aldeia. Prepararam a iguaria com arroz, em tiraditos, ensopado e assado na folha de bananeira.

Troca troca de sabedorias: chefs provaram o peixe feito pelos indígenas e, em seguida, cozinharam para a aldeia Foto: Marizilda Cruppe
Troca troca de sabedorias: chefs provaram o peixe feito pelos indígenas e, em seguida, cozinharam para a aldeia
Foto: Marizilda Cruppe

“O pirarucu é versátil e fácil de consumir: eu defino como um cherne de água doce sem gosto de terra”, destaca Marcelo Barcellos, que já adianta um novo prato do menu do Barsa, no Cadeg: moqueca de pirarucu. É nessa linha também que aposta Teresa, ao incluir em O Navegador, no Centro, uma moqueca do peixe com pirão de tucupi. Já no Meza Bar, em Botafogo, Andressa introduzirá o pirarucu defumado com purê de banana.

Outros chefs estão agora terminando os testes para bater o martelo sobre qual receita incluir, mas todos servirão aos clientes pratos com pirarucu, e já definiram onde serão os festejos em torno da chegada do gigante amazônico: no Rio Gastronomia, que acontece de 16 a 25 de agosto, no Píer Mauá. Lá, haverá um quiosque especializado em receitas de pirarucu e uma barraca de itens amazônicos na feira de produtores.

A repórter viajou a convite da Operação Amazônia Nativa (Opan) e do Projeto Cadeias de Valor Sustentáveis (USFS/ICMBio).

RECEITAS COM PIRARUCU

Arroz de pirarucu

INGREDIENTES

1 quilo de arroz 
1 quilo de pirarucu  seco  dessalgado 
1/2 litro de leite  de  castanha 
3 cebolas médias 
100g de gengibre 
50g de alho 
120g de castanha de cajú 
30ml de óleo  de  soja 
Sal a gosto 
40g de pimenta  de  cheiro1/2 cebolinha 
4 folhas de louro 
Mix  de  especiarias 
Caldo  de  peixe  
Chicória  do  norte

 

MODO  DE  PREPARO

Bater  no  liquidificador o leite de castanha, gengibre, cebola, alho e as castanhas de cajú. Reservar. 
Refogar  o  arroz  com  cebola picada, louro e óleo. 
Cobrir com o caldo de peixe e deixar cozido ao dente. 
Aquecer o creme de castanha em uma panela, juntar o peixe e as pimentas picadas, o mix de especiarias e deixar ferver. 
Juntar o arroz para terminar a cocção e finalizar com a cebolinha e a chicória do norte. 
Verificar o sal e servir bem caldoso e quente. 

Tiradito de pirarucu

INGREDIENTES

1 quilo de lombo  de  pirarucu

Para o molho: 
2 colheres de sopa  de  tucupi 
Suco  de  5 limões 
1 colher de chá de sal  do himalaya 
6 pimentas   frescas  variada (cortadas em  cubinhos  bem  pequenos) 
Folhas  de  coentro,  sem  o talo  central  e cortada  bem fina. 
4 colheres de sopa  de  leite  de  castanha 
1 cebola  roxa  pequena  
Pitada  de  açúcar

 

MODO  DE  PREPARO

Cortar o lombo  verticalmente  em  fatias  de  1cm  de  espessura,  como  se  fosse  para sashimi. 
Reservar  na  geladeira.Misturar  com o molho  e colocar  o peixe para  marinar por  2 horas. 

Ensopado de pirarucu

INGREDIENTES

1 quilo de lombo  de  pirarucu  cortado  em  cubos  médios 
1,5 l de leite  de  castanha  
250g de tomate 
20g de alho 
200g de cebola 
Sal  a gosto 
2 colheres de chá de aneto 
2 pimentas de cheiro 
1 molho de cebolinha 
1 colher  de chá de coloral 
Azeite 
50g de hadock

MODO  DE  PREPARO

Numa panela  refogar  no  azeite  o  tomate, a cebola, o alho, coloral, pimenta  de cheiro, o aneto. 
Juntar  o  leite  de  castanha,  deixar  ferver para incorporar  os  temperos,  acrescentar o peixe e cozinhar  por  10 minutos. 
Colocar  a cebolinha  e  servir.   


O Globo quarta, 24 de julho de 2019

FGTS: TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE OS SAQUES

 

Tire suas dúvidas sobre os saques do FGTS

Confira os detalhes sobre o plano elaborado pelo governo para injetar recursos e aquecer a economia
 
 
O governo vai anunciar a liberação dos saques do FGTS na quarta-feira Foto: Divulgação-Caixa Econômica Federal
O governo vai anunciar a liberação dos saques do FGTS na quarta-feira Foto: Divulgação-Caixa Econômica Federal
 
 
 

BRASÍLIA -  O governo anuncia nesta quarta-feira duas  grandes medidas para flexibilizar o acesso ao FGTS, que devem injetar R$ 42 bilhões na economia até 2020,segundo confirmou na terça-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes . Primeiro, neste ano, trabalhadores poderão retirar até R$ 500 de cada conta que possuírem no Fundo. Essa autorização será só para este ano e gerará o maior impacto na economia, de R$ 28 bilhões. Será possível sacar das contas inativas e também das ativas, as do atual emprego.

 

Valores:   Saiba como consultar o extrato de FGTS, antes de governo liberar parte das contas ativas

A outra medida é mais estrutural e tem impacto estimado em R$ 12 bilhões. A partir do ano que vem, entrará em vigor um novo modelo, que permitirá que trabalhadores saquem uma parcela do que têm no FGTS todo ano. O percentual deve variar de 10% a 35%, sendo que quem tem mais dinheiro poderá sacar uma fatia menor dos recursos aplicados. As retiradas seriam autorizadas sempre no mês de aniversário do trabalhador, com dois meses de tolerância — quem nasceu em abril, por exemplo, teria até junho para fazer o saque.  

Quem optar por essa modalidade, no entanto, abre mão da possibilidade de sacar todo o dinheiro depositado no Fundo quando for demitido sem justa causa. Será permitido ao trabalhador voltar para o sistema antigo, mas apenas  depois de 25 meses.  A multa de 40% sobre o saldo, no entanto, continuará a ser paga em qualquer situação.

De acordo com dados do último relatório de gestão do fundo, de 2017, utilizado pelo governo para o estudo das regras de liberação de saque, as contas vinculadas do FGTS com saldo na faixa de até um salário mínimo (R$ 998) correspondem a 84% do número de contas , mas detêm somente 5,84% do saldo.

 

Veja a seguir os detalhes sobre o plano elaborado pela equipe econômica.

Quem tem direito?

Todos que têm contas no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), sejam inativas ou ativas. Contas inativas são aquelas que ficam paradas, sem possibilidade de movimentação, quando o trabalhador pede demissão. Já as ativas reúnem os depósitos feitos pelo empregador atual. Em 2017, o governo do ex-presidente Michel Temer liberou os saques apenas das contas inativas.

Como vai ser o saque?

Serão dois tipos de saque. Neste ano, o governo permitirá que todos retirem até R$ 500 por conta ativa e inativa de FGTS, de uma vez só. Essa medida deve injetar R$ 28 bilhões na economia ainda em 2019. A partir de 2020, as retiradas poderão ser anuais. O trabalhador poderá sacar valores do Fundo na data de aniversário (saque-aniversário) ou até dois meses depois. Neste caso, o limite não será mais de R$ 500. O valor autorizado será um percentual do saldo por CPF (soma de todas as contas vinculadas de cada pessoa), que vai variar de 10% a 35%. Quanto maior o saldo, menor será o percentual liberado para retirada. No ano que vem, esse novo saque deve movimentar R$ 12,5 bilhões.

Na liberação deste ano, se eu tiver mais de um conta, posso sacar de todas?

Sim. O limite de R$ 500 é por conta vinculada, e não por pessoa. Ou seja, se o trabalhador tiver três contas de FGTS, poderá sacar até R$ 1.500 (R$ 500 de cada).

 

Sou obrigado a fazer o saque-aniversário em 2020?

Não, o saque-aniversário não será obrigatório. Quem quiser poderá permanecer na modalidade atual.

Carteira de trabalho Foto: Agência O Globo
Carteira de trabalho Foto: Agência O Globo

 

Se eu optar pelo saque-aniversário, não posso mais voltar atrás?

Pode, mas só depois de um período. O trabalhador que optar por este modelo terá de ficar nele por 25 meses (pouco mais de dois anos). Assim, se escolher o saque anual em 2020, por exemplo, só poderá voltar para a modalidade antiga em 2022.

Se eu optar pelo saque-aniversário e for demitido sem justa causa, posso sacar todo o FGTS?

Não. Quem escolher o novo modelo não poderá movimentar todo o Fundo em caso de demissão. Os saques continuarão sendo anuais, restritos a um percentual. Se quiser mexer no total dos recursos, terá que esperar completar os 25 meses e voltar à modalidade antiga. As outras possibilidades de saque, no entanto, continuam válidas.

 Hoje, além dos casos de demissão, é possível fazer retiradas do FGTS para comprar a casa própria, na aposentadoria ou caso o trabalhador seja portador de doença grave, como câncer e HIV. Essas possibilidades continuam válidas, mesmo que seja feita a opção pelo saque-aniversário.

Se optar pelo saque-aniversário e for demitido, ainda recebo a multa de 40% sobre o fundo?

Sim. A medida do governo não vai mexer nessa regra, que prevê uma indenização de 40% sobre o saldo do Fundo, pago pelo empregador ao empregado demitido.

Se eu tirar esse ano, posso tirar no ano que vem?

Sim. São medidas em duas frentes diferentes. A liberação de saques de até R$ 500 neste ano será pontual e não interfere na liberação de aniversário.


O Globo terça, 23 de julho de 2019

MANU GAVASSI COMENTA DIFICULDADE DE ENCONTRAR O CARA LEGAL

 

Manu Gavassi comenta dificuldade em encontrar 'cara legal': 'Intimidados com a minha segurança'

Atriz também conta que sofria bullying na escola e fala sobre novo filme
 
 
Manu Gavassi vai estreiar filme no próximo dia 22 Foto: Divulgação/Ítalo Gaspar
Manu Gavassi vai estreiar filme no próximo dia 22 Foto: Divulgação/Ítalo Gaspar
 
 
 

Manu Gavassi é do tipo que podemos classificar como "gente como a gente". Aos 26 anos e com uma carreira de sucesso, ela também tem encontrado dificuldade para se relacionar. Tanto que, recentemente, usou as redes sociais para fazer o seguinte desabafo: "Não dá mais para ser hétero no Brasil".  Em entrevista ao site da Revista Ela , Manu explicou a afirmação: "está difícil porque não tem cara legal . Os que tem estão namorando ou se sentem intimidados com a minha segurança, aparentemente".

 

Desde que a atriz soltou o tal desabafo, começaram a especular se ela seria bissexual, ignorando a ironia por trás da frase. Por isso, ela acha pertinente deixar claro que é heterossexual. "Grande parte do meu público (e dos meus amigos) são gays ou bissexuais e a última coisa que eu quero é que pareça que estou sendo oportunista com esse tema que respeito tanto", esclarece. "Falei que está difícil arranjar caras héteros legais, porque isso é um fato. Todo mundo sabe."

Como uma jovem cheia de pontos em comum com a sua geração, Manu também não passou ilesa pelo bullying. "Sofri, por seis meses, quando mudei do colégio em que estudei durante a infância para outro maior. Tinha 13 anos e tive até que mudar dessa escola depois, porque um grupo de meninas resolveu me ridicularizar e me excluir sem motivo algum. Foi bem difícil. Nessa idade, ainda não temos muita segurança para lidar com esse tipo de coisa", recorda-se. "Eu lembro de ter o pensamento 'vou pegar o meu lanche e comer no banheiro para ninguém perceber que eu não tenho com quem me sentar no recreio'. Bem clichê, né? Mas aconteceu e eu tive que mudar de escola."

Por sorte, segundo ela, o problema durou pouco. "Tenho boas lembranças da escola, no geral", diz. "Mas, depois, eu cresci e aprendi a me posicionar. Entendi o quanto isso era errado."

Ao contrário do que muita gente pode pensar, Manu também não foi sempre do tipo "popular" na escola. "Comecei a trabalhar na adolescência. Então, mudei muito de escola. Quando era mais novinha, antes da adolescência, era bem líder. Em compensação, na adolescência, era mais reclusa. Mudei para um colégio grande e tinha poucas (e boas) amigas. Mas longe de ser popular. Eu não era convidada para as festas, por exemplo. E quando era, não ia. Estava mais preocupada com meu trabalho do que com minha vida social na escola."

Manu caracterizada como Melina, personagem que interpreta no longa
Manu caracterizada como Melina, personagem que interpreta no longa "Socorro, virei uma garota!"
Foto: Divulgação/Paprica Fotografia

 

Um pouco diferente de Melina, personagem que ela interpreta no longa "Socorro, virei uma garota!”, que estreia no próximo dia 22. O filme conta a história de Júlio (Victor Lamoglia), tímido e apaixonado por Melina, que, por sua vez, não dá a mínima para ele. Um dia, ele vê uma estrela cadente no céu e faz o pedido de ser a pessoa mais descolada da escola. Júlio acaba se transformando em Júlia (Thati Lopes) e, só assim, se aproxima da Melina.

 

"Ela não é uma patricinha estereotipada", adianta Manu sobre o papel. "É uma menina verdadeira, gente boa e tranquila. Acho que ela é considerada patricinha por ser popular e ter grana. Mas a personalidade dela não é afetada, então eu usei muito de mim nela."

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O Globo segunda, 22 de julho de 2019

RIO GASTRONOMIA: INGRESSOS JÁ ESTÃO À VENDA

 

Rio Gastronomia: ingressos já estão à venda

Evento ocupa Píer Mauá a partir de 16 de agosto com o melhor da culinária carioca
 
 
Rio Gastronomia ocupa os Armazém 3 e 4 do Píer Mauá a partir de 16 de agosto Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Rio Gastronomia ocupa os Armazém 3 e 4 do Píer Mauá a partir de 16 de agosto Foto: Leo Martins / Agência O Globo
 
 

Comer é a maior diversão. E entre os dias 16 e 18 e 22 e 25 de agosto, os Armazéns 3 e 4, do Pier Mauá, vão se transformar no centro de entretenimento mais gostoso da cidade durante a 9ª edição do Rio Gastronomia. Aulas e encontros com chefs renomados, quiosques de restaurantes premiados, food-trucks, food-bikes e feiras de pequenos produtores e de cachaças produzidas no estado vão esquentar o caldeirão de sabores de frente para a Baía de Guanabara, com uma grande área de convivência ao ar livre. Para garantir o seu lugar na festa, é preciso comprar ingresso através dosite do evento , e as vendas já estão abertas.

 

 

Realizado pelo GLOBO com apresentação do Sesc RJ e do Senac RJ, o Rio Gastronomia tem patrocínio master de Santander e patrocínio de Stella Artois, Pão de Açúcar, Coca-Cola e Vivo. O evento tem ainda o apoio de Azeite Andorinha, Naturgy, Gosto da Amazônia, Unimed-Rio, Amázzoni Gin e Magnésia de Phillips Tabs, Orfeu Cafés Especiais como Café Oficial e parceria com Sindicato de Bares e Restaurantes (SindRio).

Ingrediente fundamental para o sucesso do evento são as aulas com os chefs e profissionais da área. É a oportunidade de ficar mais próximo — e aprender alguns segredos — de craques como Alberto Landgraf, do Oteque, e Nello Cassese, do Cipriani. Para participar das aulas, que acontecem nos auditórios Senac e Santander, é só fazer a inscrição lá mesmo, uma hora antes do encontro. Veja destaques do evento.

Uma novidade deste ano é o Papo de Cozinha, atividade com conversas mais informais,que acontecerá na área comum do evento, sem necessidade de pegar senha. É só chegar junto.

Para quem não quer ficar só na conversa, a dica é se inscrever nas aulas práticas que acontecem no Espaço Mesa Brasil Sesc e o Cozinha Mão na Massa Senac, em que, como o nome sugere, o público prepara as receitas.

Rafa Costa e Silva, do prestigiado Lasai, comanda atividade na Cozinha Mão na Massa Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo
Rafa Costa e Silva, do prestigiado Lasai, comanda atividade na Cozinha Mão na Massa
Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo

 

 

Outro ponto alto do evento é proporcionar ao público a oportunidade de provar a comida de restaurantes premiados, a preços mais acessíveis. E o time de cozinheiros presente é de altíssimo nível. Um dos principais nomes da nossa gastronomia, Rafa Costa e Silva é um deles. O chef do Lasai estará à frente de um dos 18 restaurantes, 14 food-trucks e seis bikes que vão aportar por lá. A lista de quiosques bacanas inclui o Chez Claude, de Claude Troisgros, o Oia, de comida mediterrânea, sob o comando de Elia Schramm, e o Nolita, famoso pelos doces extravagantes. Veterano de participações no evento, Pedro de Artagão vai levar o Grupo Irajá completo, com pratos de Irajá, Formidable, Cozinha Artagão, Azur e Al Fresco. O boteco japonês Kō Bā Izakaya, a Curadoria, referência em charcutaria, e o Tutto Nhoque estão entre os estreantes. A lista inclui o quiosque de comida saudável e vegetariana So.Ga Beach, em São Conrado, vencedor da edição 2019 do concurso Sabores da Orla, e Aconchego Carioca.

Feira de Sabores reúne pequenos produtores: provinhas fazem sucesso Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo
Feira de Sabores reúne pequenos produtores: provinhas fazem sucesso Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo

 

Tradição no Rio Gastronomia, a Feira de Sabores é um secos e molhados gourmet, com o que há de melhor em produção no estado. E como a gente não quer só comida, a Feira de Cachaças vai reunir alguns dos melhores alambiques do Rio, famoso pelas suas branquinhas (ou amarelinhas) artesanais. O que não falta é bom motivo para brindar.


O Globo domingo, 21 de julho de 2019

BOLSONARO DIA QUE NÃO SE REFERIU AOS NORDESTINOS COM O TERMO PARAÍBA

 

Bolsonaro diz que não se referiu aos nordestinos com o termo 'paraíba'

Presidente afirmou que se refeiriu apenas aos governadores da Paraíba e do Maranhão no comentário feito em conversa com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni
 
 
O presidente Jair Bolsonaro durante entrevista Foto: Marcos Corrêa / Presidência
O presidente Jair Bolsonaro durante entrevista Foto: Marcos Corrêa / Presidência
 
 
 

BRASÍLIA — O presidente JairBolsonaro disse, na tarde deste sábado, ao sair do Palácio da Alvorada, que suas declarações sobre 'governadores de paraíba' foram mal interpretadas. Bolsonaro disse que sua intenção era se referir ao governador do Maranhão, Flávio Dino , e ao da Paraíba, João Azevêdo , e não ao povo nordestino.

 

— Eu fiz uma crítica ao governador do Maranhão e da Paraíba, vivem esculhambando obras federais, que não são deles, são do povo. A crítica que eu fiz foi aos governadores, nada mais. Em três segundos, vocês da mídia fazem uma festa. Eles são unidos, eles têm uma ideologia, perderam as eleições. Tentam o tempo todo, através da desinformação, manipular eleitores nordestinos. O parlamento não é tão raso como estão pensando.

Perguntado se o termo “paraíba” não foi uma crítica ao nordeste, ele disse:

— A maldade tá no coração de vocês. Tenho tanta crítica ao nordeste que casei com a filha de um cearense.

Na sexta-feira, o presidente usou o termo "paraíba" ao se referir aos governadores. "Daqueles governadores de 'paraíba', o pior é o do Maranhão; tem que ter nada com esse cara", afirmou o presidente durante conversa com o ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni.

Ao ser questionado por uma jornalista sobre a declaração, Bolsonaro disse:

— Se eu chamar você de feia agora, todas as mulheres do Brasil estarão contra mim. Eles acham que o Nordeste é uma massa de manobra. Na verdade, a imprensa brasileira está com saudade do PT e do Lula.

 

 

Pelo Twitter, Flávio Dino escreveu ontem que, "independentemente de suas opiniões pessoais, o presidente da República não pode determinar perseguição contra um ente da Federação". "Seja o Maranhão ou a Paraíba ou qualquer outro Estado. 'Não tem que ter nada para esse cara' é uma orientação administrativa gravemente ilegal", argumentou.


O Globo sábado, 20 de julho de 2019

SOBREMESAS PARA COMPARTILHAR

 

Sobremesas para compartilhar animam os menus de férias

 

 

Doces momentos para dividir com amigos nesta temporada
 
 
 
Ráscal. Everest: quatro bolas de sorvete de creme, suspiro, morango, framboesa e chantilly Foto: Divulgação
Ráscal. Everest: quatro bolas de sorvete de creme, suspiro, morango, framboesa e chantilly Foto: Divulgação
 
 
 

Férias têm sabor doce. E se as sobremesas forem grandes o suficiente para compartilhar com amigos, fica tudo ainda mais saboroso. A sobremesa campeã do Guimas, na Gávea, é a taça que leva o nome do restaurante (R$ 27), com generosas bolas de sorvetes de creme e de chocolate, farofa de amêndoas e calda quente de chocolate. Acompanha lápis de cera para colorir.

 

Quase todas as sobremesa do Nolita, na Barra, são para compartilhar. Para grupos grandes, de até dez pessoas, a pedida é o extravaganza ice ice baby (R$ 98), uma festa à mesa: 11 bolas de sorvete da casa, pão de ló de chocolate, creme de avelã, dois cookies recheados, mix de guloseimas e casquinha de sorvete.

Para comer com as mãos, a Adega Santiago, na Barra, tem o churros de doce de leite (R$ 29): são quatro minichurros com um pote de doce de leite para chuchar à vontade.

Pegando leve, mas sem perder o sabor, a dica no .Org, na Barra, é o sanduba de cookie (R$ 34), com creme de avelã, chocolate branco e farofa de churros.

Banana Jack.. Brownie vulcano: brownie e blondie, montados em camadas, recheados com trufas de banana e conhaque, com sorvete empanado e castanha de caju, molho de baunilha e chocolate quente. Foto: FILICO / Divulgação
Banana Jack.. Brownie vulcano: brownie e blondie, montados em camadas, recheados com trufas de banana e conhaque,
com sorvete empanado e castanha de caju, molho de baunilha e chocolate quente. Foto: FILICO / Divulgação

Se a ideia for liberar geral, o Banana Jack é o lugar, e a sobremesa é o brownie vulcano (R$ 34,90): brownie e blondie, montados em camadas, recheados com trufas de banana e conhaque, com sorvete empanado e castanha de caju, molho de baunilha e chocolate quente.

Nada de uni-duni-tê na hora de sobremesa. Na Assador Rio’s, o creme brulée ganhou trilogia (R$ 42), nos sabores baunilha, limão-siciliano e doce de leite. Da França para Portugal, a taça de natas do céu (R$ 20), do Barra Grill, na Barra, é uma viagem à terrinha. Para mergulhar nos sabores peruanos, o Lima tem a Dulce Degustación (R$ 44), com churros morados, mousse de graviola, suspiros de limeña e Opera de lucuma, um pão de ló de chocolate com ganache de chocolate e café e creme de lucuma, fruta tradicional do país.

 

O nome Everest (R$ 21) é perfeito para essa sobremesa do Ráscal, no Leblon: quatro bolas de sorvete de creme , suspiro, morango, framboesa e chantilly. Uma montanha de sabor.

Como o nome já entrega, o grand gateau (R$ 28), do Rayz, em Ipanema, vem com sorvete de creme, calda quente de chocolate e dá para dividir por até quatro pessoas. É para ir sem pressa porque a sobremesa leva 20 minutos para ficar pronta.

L’Atelier Mimolette: Le Grand Finale tem uma provinha de cada um dos hits das sobremesas da casa: profiteroles, pavlova e tarte tartin. Foto: Divulgação
L’Atelier Mimolette: Le Grand Finale tem uma provinha de cada um dos hits das sobremesas da casa: profiteroles,
pavlova e tarte tartin. Foto: Divulgação

Os indecisos vão se fartar no L’Atelier Mimolette, em Ipanema, com o Le Grand Finale (R$ 85), com uma provinha de cada um dos hits das sobremesas da casa: profiteroles, pavlova e tarte tartin.

Um clássico de mais colheres é o profiteroles. No Malta, no Jardim Botânico, os bolinhos recheados com sorvete de creme recebem um banho de calda quente de brigadeiro (R$ 30).

E para terminar em pizza doce, o Pappa Jack Leblon tem a delícia de leite (R$ 49,80), com camada dupla de doce de leite, amêndoas e gotas de chocolate belga branco.

ONDE COMER

  • .Org Bistrô: Av. Olegário Maciel 175/loja G, Barra —2493-1791.
  • Assador Rio’s: Av. Infante Dom Henrique, Aterro —3090-2208.
  • Banana Jack: Rua Jangadeiros 6, Ipanema —2521-9055.
  • Barra Grill Steakhouse: Av. Ministro Ivan Lins 314, Barra — 2493-6060.
  • Guimas: Rua José Roberto Macedo Soares 5, Gávea — 2259-7996.
  • L’Atelier Mimolette: Rua Garcia D'Ávila 151, Ipanema —3042-0886.
  • Lima Cocina Peruana: Rua Visconde de Caravelas 89, Botafogo —3647-3411.
  • Malta: Rua Saturnino de Brito 84, Jardim Botânico — 3269-4504.
  • Nolita: Village Mall, 2º piso. Av. das Américas 3.900, Barra — 3252-2678.
  • Pappa Jack Leblon: Av. Ataulfo de Paiva 1.060, Leblon —3005-1234.
  • Ráscal: Rio Sul, 1º piso. Av. Lauro Sodré 445, Botafogo – 3873-0339.
  • Restaurante Rayz: Rua Prudente de Moraes 416, Ipanema — 2522-0827.

O Globo sexta, 19 de julho de 2019

ANA MARCELA CUNHA É TETRACAMPEÃO MUNDIAL NA MARATONA AQUÁTICA DE 25 KM

 

Ana Marcela Cunha é tetracampeã mundial na maratona de 25 km

Na última terça-feita, a brasileira já tinha conquistado o primeiro lugar da prova de 5 quilômetros
 
 
Ana Marcela Cunha prova de 25km Foto: KIM HONG-JI / REUTERS
Ana Marcela Cunha prova de 25km Foto: KIM HONG-JI / REUTERS
 
 
 

A brasileira Ana Marcela Cunha conquistou, na madrugada desta sexta-feira, o título de tetracampeão na maratona aquática de 25 quilômetros em Gwangju, na Coreia do Sul. Na última terça-feita, a brasileira conquistou o primeiro lugar da prova de 5 quilômetros. A medalha é a 11ª da brasileira na história dos Mundiais de Esportes Aquáticos e o 12º em Mundiais na carreira.

A baiana levou o ouro com o tempo de 5h08m03s.  A segunda posição ficou com a alemã Finnia Wunram, que chegou oito segundos atrás. A francesa Lara Grangeon levou o bronze.

A história de Ana, no entanto, é muito anterior ao ciclo de grandes conquistas, e passa também, por uma decepção na Olimpíada do Rio, onde Ana Marcela era uma das mais cotadas ao pódio na prova de 10km, única distância da maratona aquática presente nos Jogos, mas chegou apenas na décima posição

Embora seja uma atleta multicampeã em mundiais, Ana Marcela ainda carrega o peso de não ter conquistado a tão sonhada medalha olímpica, e se cobra por isso. Seja pela frustração de não ter conseguido uma vaga para os Jogos de Londres, em 2012, ou pelo mal desempenho no Rio, três anos atrás, Ana nunca escondeu que a medalha olímpica é um objetivo que ainda falta na carreira, e após o 5º lugar na Coreia do Sul, ela terá mais uma chance nos Jogos de Tóquio, no ano que vem. O pódio olímpico é o capítulo que falta na trajetória de uma alteta que desde adolescente se mostrava um prodígio nas águas abertas.

 

Em 2006, quando tinha apenas 14 anos, a brasileira, conquistou a medalha de ouro nas provas de 5km e 10km dos Jogos Sul-Americanos. No ano seguinte. durante o Mundial de Esportes Aquáticos de Melbourne, na Austrália, Ana Marcela chegou em 26º na maratona de 10km, e já era ali a segunda melhor brasileira na prova, atrás apenas de Poliana Okimoto, que chegara na oitava posição. No mesmo ano, após terminar em 10º no Campeonato Mundial de Águas Abertas de Sevilha, em 2007, Ana Marcela garrantiu a vaga para os Jogos Olímpicos de Pequim.

 

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O Globo quinta, 18 de julho de 2019

DESAFIO DO FLAMENGO APÓS A QUEDA

 

Análise: Desafio do Flamengo após queda é perceber que evoluiu

O recém-iniciado trabalho de Jorge Jesus conduz o time, claramente, no caminho do bom futebol
 
 
Jogadores do Flamengo pareciam não acreditar com a derrota nos pênaltis Foto: MARCELO THEOBALD / Agência O Globo
Jogadores do Flamengo pareciam não acreditar com a derrota nos pênaltis Foto: MARCELO THEOBALD / Agência O Globo
 
 
 

Não há, hoje, clube mais ansioso por títulos do que o Flamengo. Talvez isso não justifique o péssimo desempenho na disputa por pênaltis contra o Athletico-PR— derrota por 3 a 1 após empate em 1 a 1 no tempo normal—, embora talvez explique a injusta reação da arquibancada, com cobranças após uma eliminação na Copa do Brasil que veio após um espetacular jogo de futebol. O que a ansiedade não pode é tirar do Flamengo a noção de que o melhor a fazer é seguir o caminho atual. O recém-iniciado trabalho de Jorge Jesus conduz o time, claramente, no caminho do bom futebol.

 

A arquibancada, aliás, parecia disposta a reconhecer isso antes do jogo, com seu inusitado grito de “Olê, olê, olê, mister, mister”. Com sua escalação adaptável ao rival e à busca por frescor físico do time, ele fez o Flamengo ter momentos de amplo domínio, embora a eliminação ofereça reflexões.

Jesus surpreendeu com Lincoln na vaga de Bruno Henrique. E colocou Renê, mexendo no comportamento dos laterais, que não avançavam juntos. Afinal, o rival era perigoso nas transições.

Os três meias rubro-negros se aproximavam, o time triangulava pelos lados, pressionava a saída de bola rival e o jogo era um monólogo. Arrascaeta e Lincoln tiveram três chances, uma delas parou na trave. Era massacrante. A movimentação constante confundia a defesa paranaense. Mas dois fatos mudaram o cenário.

Primeiro, Arrascaeta sentiu e deu lugar a Vitinho; com isso, o Flamengo perdeu fluência nos passes. Mas também exibiu algo que será um desafio para Jesus. A intensidade que seu modelo exige é alta num futebol de jogos duros como o brasileiro. Por vezes, há quedas de ritmo naturais, e o time se expõe ainda mais aos riscos que assume. Algo natural de uma ideia em implantação. Bastou o time diminuir o ritmo para deixar de ter a rédea do jogo. Diego e Cuéllar perdiam o duelo para Wellington e Bruno Guimarães, e o Athletico ameaçou.

 

Cobranças ruins

Mesmo assim, no saldo, o Flamengo era melhor. No segundo tempo, a entrada de Berrío no lugar de Lincoln recuperou pressão ofensiva e mobilidade. O Flamengo voltou a ser dominante, embora nem criasse chances em profusão. Tinha em Diego um organizador de jogo precioso e encontrou o gol quando a troca de passes isolou Vitinho contra Jonathan. A ótima jogada chegou a Everton Ribeiro, e Gabigol marcou.

O Flamengo era absoluto de novo, mas Thiago Nunes deu belo golpe em Jesus. Quando o esforço rubro-negro minara pernas, ele colocou Bruno Nazário e preencheu o meio-campo, ganhando superioridade no setor. De novo, a necessidade de amadurecer o modelo e controlar seus momentos de maior e menor intensidade cobraram um preço do Flamengo. Disposto a pressionar sempre, o time viu, num tiro de meta rival, Rafinha perseguir Rony, Cuéllar ir atrás de Marco Ruben e um vazio se criar. Nazário deu a Rony a bola do empate.

O grande jogo de parte a parte terminaria na marca do pênalti, onde Diego, Vitinho e Everton Ribeiro bateriam muito mal. Natural frustração. Mas o Flamengo evoluiu. Precisa saber esperar.


O Globo quarta, 17 de julho de 2019

É TETRA, 25 ANOS DEPOIS

 

"É tetra!" 25 anos depois

Conquista da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, completa um quarto de século. Reviva a caminhada da seleção
 
 

O Globo terça, 16 de julho de 2019

CINCO LUGARES PARA OBSERVAR ANIMAIS MARINHOS NO BRASIL

 

Cinco lugares para observar animais marinhos no Brasil

Baleias são uma das atrações do segundo semestre
 
 
Botos na Baía de Sepetiba Foto: Instituto Boto Cinza
Botos na Baía de Sepetiba Foto: Instituto Boto Cinza
 
 
 

RIO - Elas já estão entre nós: este mês, começou oficialmente a temporada de observação de baleias no Brasil . Tanto as jubartes quanto as baleias-francas ficam por aqui até novembro, e  vêm para aproveitar as águas mais quentes do Atlântico Sul para reprodução. 

Não são apenas elas que justificam passeios de observação de animais marinhos pelo país. O segundo semestre, no Brasil , é época também para ver filhotes de botos nas baías de Sepetiba e Guanabara ; e de diversas aves marinhas, como os flamingos, no Rio Grande do Sul (eles chegam em novembro).

Em alguns pontos, como Fernando de Noronha , em Pernambuco , os animais podem ser admirados o ano inteiro. Separamos cinco locais no litoral nacional para quem quer vê-los de pertinho. Mas antes de arrumar as malas, vale o aviso: no Brasil (e em grande parte do mundo), é proibido interagir com a maioria deles, como as baleias, que precisam de espaço para reprodução e costumam nos visitar com filhotes.

Abrolhos, na Bahia

Patrimônio Mundial da Unesco, o arquipélago de Abrolhos, na Bahia, recebe a visita das jubartes até novembro. A espécie chega a 16 metros de comprimento e pesa, em média,  40 toneladas. As embarcações usadas para avistá-las costumam sair da cidade de Caravelas e duram de quatro a seis dias, com hospedagem a bordo.

Baleias jubarte no litoral brasileiro Foto: Projeto Baleia Jubarte
Baleias jubarte no litoral brasileiro Foto: Projeto Baleia Jubarte

 

As baleias também costumam passar em outros locais em sua rota de imigração. Há, inclusive, vídeos na internet que mostram a presença do animal no litoral do Rio em junho. Na Bahia, a Praia Grande é outro bom ponto de observação, mas a probabilidade de encontrá-las no arquipélago baiano é sempre maior.

 

Segundo o Projeto Baleia Jubarte (baleiajubarte.org.br), cerca de 20 mil delas passam anualmente pelas nossas águas.

Corais: atração extra

Peixes entre os corais em Abrolhos Foto: Divulgação
Peixes entre os corais em Abrolhos Foto: Divulgação

Abrolhos também tem a principal formação de corais do Atlântico Sul, mas a temporada para vê-los acabou no mês passado. Em dezembro, o passeio volta a ser oferecido e, embora seja proibido encostar em corais em todo o território nacional, vale mergulhar ao redor deles para apreciar toda a diversidade de formatos, cores e espécies que habita lá. Empresas costumam incluir, no pacote de viagem, cursos de mergulho para iniciantes.

Santa Catarina

Diversas cidades no litoral de Santa Catarina recebem a visita das baleias-francas, que têm 18 metros de comprimento e chegam a pesar 80 toneladas. Este ano, a temporada oficial começou neste mês de julho, mas algumas delas já foram avistadas em cidades como Imbituba e Garopaba, principais pontos para vê-las até novembro. Há passeios embarcados de um dia que promovem a observação, com binóculos, já que é preciso ficar a uma distância segura dos animais.

Porém, também é possível avistá-las em terra firme. Segundo o Projeto Baleia Franca (baleiafranca.org.br), na alta temporada, entre agosto e outubro, quase de qualquer ponto alto da costa é possível avistar os animais. A entidade ainda tem um museu e um centro de visitantes, com informaçõs sobre bons locais para conhecê-las, hábitos e características da baleia-franca.

 

Fernando de Noronha

Considerado o melhor ponto para observação da vida marinha no mundo, Fernando de Noronha não precisa de calendário. O arquipélago tem a maior concentração regular de golfinhos do mundo, além de 230 espécies de peixes, 40 de aves e 15 tipos de corais diferentes. Outro Patrimônio Mundial pela Unesco, ela também é casa de baleias, tubarões, arraias e tartarugas, entre outros.

Golfinhos em Fernando de Noronha Foto: Projeto Golfinho Rotador
Golfinhos em Fernando de Noronha Foto: Projeto Golfinho Rotador

Quem faz o maior sucesso por lá são os golfinhos rotadores, que podem ser vistos da terra, no Mirante dos Golfilhos, ou em embarcações. O nome não é à toa: esses animais conseguem completar sete voltas em torno do próprio corpo em apenas um pulo. No mirante, o turista também tem acesso a informações, com pesquisadores disponíveis para explicação e binóculos oferecidos pelo Projeto Golfinho Rotador.

A água cristalina famosa do arquipélago permite que os turistas admirem a rica fauna marinha de Noronha apenas com um snorkel, já que a visibilidade da água chega a 50 metros. Mergulhadores costumam eleger o local como um dos melhores pontos para a prática, exatamente pela rica diversidade encontrada sob suas águas.

Flamingos gaúchos

Flamingos na Lagoa do Peixe, em Tavares, no Rio Grande do Sul Foto: Divulgação
Flamingos na Lagoa do Peixe, em Tavares, no Rio Grande do Sul Foto: Divulgação

A partir de outubro, uma ave originária do Chile faz uma parada em sua rota migratória no Brasil. Os flamingos (Phoenicopterus chilensis) ficam pela Lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul, até abril. Por sua frequência e abundância nas imediações, o animal se tornou símbolo do Parque Nacional da Lagoa do Peixe. A espécie pode ser avistada principalmente no município de Tavares.

 

Outras 200 espécies de aves migratórias param na lagoa para se alimentarem de moluscos, crustáceos e microorganismos abundantes por ali. Há agências de turismo saindo de Porto Alegre que oferecem o passeio, que pode durar entre quatro e sete dias. Dá para fazer o roteiro por conta própria, mas o passeio é mais arriscado. Melhor contar com os guias especializados que conhecem os melhores pontos e horários para se encontrar as aves.

Os botos do Rio

Presente durante o ano inteiro nas baías de Sepetiba e da Guanabara, no Estado do Rio, o boto-cinza também costuma surpreender os turistas com os seus mergulhos e pulos pelas águas. Ameaçado de extinção, a estimativa da Uerj é que existam cerca de 800 indivíduos nos locais. De abril a novembro, é possível avistar filhotes, que também já ensaiam saltos, para delírio dos turistas.

Botos-cinza na Ilha de Sepetiba Foto: Instituto Boto Cinza
Botos-cinza na Ilha de Sepetiba Foto: Instituto Boto Cinza

Porém, fica o aviso: apesar da aparência dócil, e ao contrário dos rotadores de Noronha, que costumam se aproximar dos humanos (continua sendo proibido interagir com eles), o boto-cinza é selvagem e arredio. A contemplação aqui é mesmo de longe.

Os passeios do Instituto Boto-Cinza saem diariamente de Mangaratiba (ou de Guapimirim), no período da manhã, mas devem ser agendados com antecedência. Para informações, entre em contato no institutobotocinza.org.


O Globo segunda, 15 de julho de 2019

GRAZI MASSAFERA: TENHO MEDO DA MORTE DAS PESSOAS QUERIDAS

 

'Tenho medo da morte das pessoas queridas', diz Grazi Massafera

Atriz conta sobre como a morte, tema da novela 'Bom sucesso', tem afetado sua vida pessoal e os momentos com a filha, e diz que faz promessa a Nossa Senhora
 
Aparecida para decorar texto
exclusiva SCleg: grazi massafera Foto: Divulgação/ Jorge Ewald
exclusiva SC leg: grazi massafera Foto: Divulgação/ Jorge Ewald
 
 

Grazi Massafera chega à portaria de seu prédio, em São Conrado, carregando um garrafão de três litros de água (“recomendação médica”) e um calhamaço de textos que precisa decorar para “Bom sucesso”, novela das 7h que protagoniza a partir do próximo dia 29. Até o momento, ela havia encarado essa quantidade de texto (uma pilha de cerca de cinco centímetros de altura) durante uma novela inteira. Agora, são suas falas em apenas 20 capítulos. Um desafio e tanto para a menina que, aos nove anos, chegou a fazer “xixi na calça” por medo de não lembrar o conteúdo na hora de uma prova oral na escola.

Virada de jogo

Grazi interpreta Paloma, uma costureira batalhadora que se vira para sustentar três filhos (“tá cheio de mulher assim, que resolve tudo, no Brasil”). É um universo que ela conhece bem. Sua mãe é costureira e virou chefe de família quando separou-se do pai da atriz (ela tinha 9 anos). Quando deu de cara com a máquina de costura no estúdio da Globo pela primeira vez, Grazi se emocionou.

— Me vi criança, embaixo da máquina, cortando tecido para fazer roupinha de boneca — lembra. — Até hoje, aquele barulho me é muito familiar, entra nos meus sonhos.

Grazi aparece em praticamente todas as primeiras cenas da novela (“vou assistir embaixo da cama, só com os olhinho s de fora”), mas ralou bastante até conquistar essa confiança de autores, diretores e colegas atores. Sofria preconceito por ser ex-BBB e foi tão criticada pelos seus primeiros trabalhos como atriz que pensou em largar a profissão. A virada veio com Larissa, a modelo viciada em crack de “Verdades secretas” pela qual ela foi indicada ao Emmy Internacional (em 2016).

 

—Foi um divisor de águas, é como se ali eu tivesse sido aceita pela classe.

Marieta Severo, com quem dividiu a cena em “Verdades...”, foi uma das primeiras a reconhecer o talento de Grazi. Durante um pNa entrevista coletiva de lançamento da série, Marieta disse aos jornalistas: “Vocês não têm ideia do que essa menina está fazendo”. O carinho entre as duas, que devoravam juntas as comidas do camarim, fez com quem Grazi tivesse dificuldade em cuspir na colega durante uma cena.

— Marieta dizia “cospe, pode cuspir”, mas eu não tinha coragem. Acabou saindo uma cuspidinha tímida — diverte-se.

Surgir irreconhecível num visual devastado pela droga foi interessante para Grazi, que sempre teve sua beleza explorada em papeis de musa (“a publicidade também me vende”), digamos assim. Tanto que se ela anima ao contar de um convite (trabalho ainda não confirmado) para viver uma personagem “toda desconstruída”, com prótese no nariz e enchimento nas ancas. Cinema também é um desejo (“ não precisa se preocupar tanto com visual, é uma vivência mais real)

Porém, o desafio mais próximo de Grazi é falar sobre morte, esse assunto cercado de tabus, tema da nova novela. Tudo começa com um diagnóstico errado recebido por Paloma, que descobre ter seis meses de vida — o exame, na verdade, foi trocado e diz respeito a Alberto (Antonio Fagundes). A partir daí, ela entra em contato com a finitude e passa a refletir sobre como vem levando sua vida. O que Grazi também passou a fazer na vida real.

 
 
Grazi como Paloma em cena de 'Bom sucesso', gravada na Central do Brasil Foto: Fivulgação TV Globo/ Victor Pollak
Grazi como Paloma em cena de 'Bom sucesso', gravada na Central do Brasil Foto: Fivulgação TV Globo/ Victor Pollak

 

— Mais do que medo da minha, tenho medo da morte dos outros, de perder quem eu amo — diz. — Porque se a gente vai, foi. Claro que tenho uma filha ( Sofia, de 7 anos, fruto do relacionamento com Cauã Reymond ) e não quero deixá-la, mas tenho mais medo de perdê-la. O que a Angélica passou (o acidente do filho Benício ) foi uma coisa muito forte para a gente que é amigo da família.

Por isso, a atriz tem valorizado cada momento ao lado da pequena (“e sempre digo a ela, antes de sair de casa: ‘Filha, aproveite seu dia’”). São ocasiões em que procura criar memórias afetivas, privilegiando o olho no olho, o carinho, a brincadeira de cantar junto e muita conversa.

— Quando o filho é bebê, está tudo no controle, o trabalho é mais braçal. — O processo de educar é muito mais difícil. Ainda mais agora, com esse elemento tão presente, constante e perigoso, que não tinha na nossa geração: o celular.

Como educar é aproveitar oportunidades, Grazi introduziu o assunto na conversa com a filha quando viu Sofia brincando de fazer um vídeo com uma amiguinha.

— Ela tinha tirado a blusinha, e eu expliquei que celular é uma arma, que é preciso cuidado, que aquele vídeo pode chegar na mão de pessoas que não deviam... Achei até que estava pegando pesado, mas era necessário.

 

Assim como é fundamental afinar com o pai de Sofia, Cauã, os ideais da educação que querem para ela.

— A gente não se fala todo dia, mas de tempos em tempos alinhamos o discurso. Sempre encontramos o caminho do afeto, que beneficia ela, a nossa prioridade.


O Globo domingo, 14 de julho de 2019

MARIA DO CÉU, VIÚVA DE JOÃO GILBERTO

 

Fico freando, mas quando vou, é pra não perder', diz Maria do Céu sobre relação com João Gilberto

Após uma vida nos bastidores, moçambicana que conheceu o músico em 1984 reivindica o status de companheira e herdeira, em conflito com parte da família. Em entrevista exclusiva, ela detalha a história dos dois
 
 
A moçambicana Maria do Céu, que conheceu João Gilberto em 1984 e pleiteia união estável Foto: Leo Aversa / Agência O Globo
A moçambicana Maria do Céu, que conheceu João Gilberto em 1984 e pleiteia união estável Foto: Leo Aversa / Agência O Globo
 
 
 

RIO - Era 13 de junho de 1984, em Lisboa. João Gilberto havia se apresentado na cidade três dias antes e ainda estava hospedado no Hotel Alfa. O telefone de seu quarto tocou. Era uma fã de 21 anos, moçambicana criada numa aldeia em Portugal (“Sou da roça”). Ela tinha visto o show e ficado fascinada. O músico ouviu a jovem e deteve sua atenção num ponto: “Como é seu nome? Maria do Céu? Vem aqui.”

 

— Aí eu fui e nunca mais saí — diz Maria do Céu Harris, que agora, 35 anos depois daquela ligação, pleiteia na Justiça o reconhecimento de uma união estável com João, um dos pontos-chave da disputa pelo espólio do músico.

Maria do Céu estava com João no momento de sua morte, na tarde de 6 de julho — nos últimos meses, vivia no apartamento do artista, no Leblon, Zona Sul do Rio. Ela alega ter sido sua companheira desde 1984, mas Bebel Gilberto, filha do músico, não a reconhece nesse lugar — ao contrário do irmão, João Marcelo. Maria do Céu está no testamento que João elaborou em 2003 (revogado em 2017), porém no mesmo documento o músico afirma que não tinha companheira. Além disso, em 2004 nasceu Luisa Carolina, filha do cantor com Cláudia Faissol — a quem Maria do Céu, mesmo se recusando a mencionar (“eu não gostaria de me referir a essa senhora”), responsabiliza pela decadência financeira e emocional de João.

Nesta entrevista exclusiva ao GLOBO, concedida no escritório de seu advogado, Roberto Algranti, a moçambicana de 56 anos — personagem que sempre se manteve nos bastidores da vida de João, longe dos holofotes — conta detalhes de sua intimidade com o músico (como o gosto dele por MMA e passeios noturnos de carro), lembra seus últimos momentos e dá sua visão sobre o imbróglio que se tornou a vida do artista na última década. Apesar da voz controlada, fala de si mesma usando expressões como “cangaceira” e deixa claro:

 

— Eu fico freando, freando. Aí, quando eu vou, é pra não perder. Vou pra te botar no teu lugar. E te boto.

LEIA MAIS: Um histórico das brigas de na Justiça que dividem a família de João Gilberto

Como foi o encontro de vocês?

Fui ver um show dele, foram três dias no Coliseu dos Recreios. No dia 10 de junho foi o último show. No dia de Santo Antônio, 13 de junho, resolvi ligar pro João, no Hotel Alfa, em Lisboa. Ela falou: “Como é o seu nome? Maria do Céu? Vem aqui.” Aí eu fui e nunca mais saí. Eu era menina demais, criada na aldeia. A gente não conversou muito. Ele tocou a noite inteira. “Numa casa portuguesa fica bem...” (cantarola) .

Como era sua vida na época?

Eu tinha sido Miss Portugal, era manequim, fazia televisão, gostava de teatro, queria ser atriz. As irmãs de minha mãe cantavam. Tinha uma tia, Astra Harris, que gravou num CD de Martinho da Vila, “Lusofonia”. Fiz só até o Liceu (equivalente ao ensino médio). A minha arte começa com João Gilberto.

Como veio parar no Brasil?

João me falou: “Venha pro Brasil”. Ele teve que pedir dinheiro emprestado pra comprar minha passagem. Veio antes, eu vim em setembro. Saí de lá e passaram-se seis anos sem ninguém da minha família saber de mim. Minha mãe achou que eu tinha morrido. Acho que eu era meio exótica. Minha mãe chorou muito. Quem falou com ela foi João. Eu era doida, né? Depois ele demorou a fazer show lá, eu perguntava por que e ele dizia: “Eu só fui a Portugal pra buscar você.”

Maria do Céu com João Gilberto, em foto de arquivo dela Foto: LEO AVERSA / Reprodução
Maria do Céu com João Gilberto, em foto de arquivo dela Foto: LEO AVERSA / Reprodução

O Globo sábado, 13 de julho de 2019

PREVIDÊNCIA: REFORMA É ATRATIVO NA BOLSA

 

Previdência: na Bolsa, reforma é atrativo para investidor estrangeiro

Nem mesmo o adiamento, para agosto, da votação do segundo turno na Câmara tira o otimismo
 
 
Painel eletrônico da B3 Foto: Patricia Monteiro / Bloomberg
Painel eletrônico da B3 Foto: Patricia Monteiro / Bloomberg
 
 
 

SÃO PAULO - O avanço do processo de votação da reforma da Previdência no Congresso pode ajudar a trazer de volta ao mercado acionário brasileiro um personagem há tempos distante: oinvestidor estrangeiro . Todo o movimento recente de valorização do Ibovespa, o principal índice do mercado de ações do país, foi sustentado exclusivamente por locais. Na quarta-feira, o índice bateu um novo recorde, aos 105.817 pontos, ainda que recuasse a 103.905 nesta sexta .

 

Segundo o secretário de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia , Rogério Marinho , com a votação dos destaques, concluída na noite de sexta-feira,  a reforma da Previdência terá impacto de R$ 900 bilhões em dez anos .

Veja: Previdência: Câmara conclui reforma em 1º turno; veja o que foi alterado

Apesar do bom desempenho dos últimos meses, o estrangeiro se manteve fora. No acumulado do ano, R$ 5,2 bilhões já saíram das aplicações em ações detidas pelos investidores externos.

Esse quadro deve mudar com o avanço da Previdência e da agenda de medidas econômicas que deputados e senadores devem analisar a partir de agosto, depois do recesso parlamentar.

Nem mesmo o adiamento, para agosto, da votação do segundo turno da reforma na Câmara tira o otimismo dos investidores.

Quer saber quanto tempo falta para você se aposentar     Simule aqui na  calculadora da Previdência

Destravamento

Para a equipe do banco Brasil Plural, os parlamentares estão demonstrando compromisso com a aprovação de uma reforma robusta. “Mesmo que a conclusão da reforma na Câmara seja adiada em duas semanas, é pouco provável que esse compromisso se altere.” O relatório foi divulgado pela manhã, antes da confirmação do adiamento.

 

Previdência : reforma favorece retomada de investimentos

— É claro que as decisões de investimento não são imediatas, mas, com a aprovação total (da Previdência) na Câmara e o cronograma de aprovação no Senado, em outubro, já será possível ver os investimentos voltando em seis meses. Esse movimento não é só por causa da Previdência, mas pelo seu destrave e pela expectativa de outras medidas, como tributária e de incentivo do governo, que melhoram todo o panorama — avalia Alexandre Pierantoni, sócio-diretor da consultoria global Duff & Phelps no Brasil.

A cautela adotada pelos estrangeiros é justificada, segundo especialistas.

— A memória do estrangeiro é de mais longo prazo. Tivemos o que aconteceu no governo Michel Temer, em 2016, quando a reforma parou. Isso gerou cautela por parte dos estrangeiros. Eles estão esperando uma aprovação concreta da reforma e de quanto será a desidratação de fato — explica Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável do banco BTG Pactual.

Previdência : reforma tira país do caos fiscal e surpreende pelo placar favorável, dizem analistas

O BTG considera que a economia fiscal da reforma da Previdência, ao final do processo, será de ao menos R$ 800 bilhões em dez anos. Com isso, o Ibovespa pode chegar aos 120 mil pontos em seis meses, mesmo que com uma menor participação do estrangeiro. Atualmente, eles representam cerca de 20% da movimentação da Bolsa, abaixo da média histórica, em torno de 30%.

 

O que também deixa também o estrangeiro sem pressa de entrar no Brasil é que a Bolsa ainda está barata. Em dólar, o Ibovespa está em torno de 28 mil pontos, bem longe do recorde de 42 mil, registrado em 2008.

— Para o investidor estrangeiro, ainda está barato. Mesmo que suba um pouco mais, ainda irá compensar para ele. Então ele pode esperar — diz Zanlorenzi.

As reformas institucionais também devem contribuir para a retomada da oferta de ações, inclusive as aberturas de capital.

Confira os principais pontos da reforma da Previdência

Para Piero Minardi, presidente da Associação Brasileira de Private Equity (Abvcap), a aprovação da reforma é uma sinalização importante, mas, para a concretização de negócios — fundos comprando participações em empresas locais —, é preciso haver novos avanços:

— As decisões dos private equities são mais lentas. A reforma faz com que se comece a olhar os negócios, mas é preciso haver outras coisas, como a reforma tributária e a mudança na tributação de fundos.


O Globo sexta, 12 de julho de 2019

FESTIVAL DE DOCES FRANCESES

 

Kurt faz festival de doces franceses no mês de julho

Doces especiais entram no cardápio da tradicional confeitaria no dia da Queda da Bastilha
 
 
Kurt. Éclair de pistache Foto: FILICO / Divulgação
Kurt. Éclair de pistache Foto: FILICO / Divulgação
 
 
 

Domingo, 14 de julho, é comemorada a Queda da Bastilha. A data, que marca um dos momentos mais emblemáticos da Revolução Francesa, é feriado na França. Por aqui, a confeitaria Kurt transformou a efeméride num festival de doces típicos do país, que ficam em cartaz até o fim do mês.

 
Kurt. Barolette de pistache e frutas vermelhas Foto: FILICO / Divulgação
Kurt. Barolette de pistache e frutas vermelhas Foto: FILICO / Divulgação

Entre os doces está a tarte tartin (R$18), tartelete de frutas vermelhas (R$ 18), éclair de pistache (R$17), tartellete de pera, caramelo e pecan (R$18) e o barolette de pistache e frutas Vermelhas (R$18).

Sucesso no cardápio fixo da confeitaria, o macarron de frutas vermelhas (R$ 18) também faz parte do festival.

Kurt: Rua General Urquiza 117, Leblon (2294-0599)


O Globo quinta, 11 de julho de 2019

FORDLÂNDIA VIRA SÉRIE DE WERNER HERZOG

 

Fordlândia: fábrica construída em plena Amazônia nos anos 1920 vira série de Werner Herzog

Diretor alemão de 76 anos esteve na região ao produzir os filmes 'Fitzcarraldo' e 'Aguirre - A cólera dos deuses'
 
 
Ruínas de Fordlândia, no Pará Foto: Ricardo Leoni / Agência O Globo
Ruínas de Fordlândia, no Pará Foto: Ricardo Leoni / Agência O Globo
 
 
 

RIO - Nos anos 20 do século passado, o magnata Henry Ford desembarcou no Brasil com o ambicioso plano de construir uma comunidade modelo na Floresta Amazônica , extensão de seu império automobilístico nos Estados Unidos.  Parte desse símbolo do empreendorismo americano, que resultou em uma cidade-fantasma no interior do Pará , será recuperado pela série “Fordlândia”, desenvolvida pela produtora Hyde Park Entertainment a partir do livro homônimo do historiador Greg Grandin.

 

O projeto traz de volta ao país o diretor alemão Werner Herzog , de 76 anos, que já rodou na selva amazônica dois de seus filmes mais monumentais, “Aguirre, a cólera dos deuses” (1972) e “Fitzcarraldo” (1982) – este último sobre um outro empresário estrangeiro, que desejou erguer uma casa de ópera no meio da mata.

Herzog assume a dupla função de diretor e produtor executivo da série, junto com o roteirista Christopher Wilkinson, autor de títulos como “Ali” (2001) e “Nixon” (1995), com o qual concorreu ao Oscar. Na entrevista a seguir, Herzog, que exibiu no Festival de Cannes o drama “Family romance, LCC”, fala sobre a utopia de Ford e a produção de uma obra para a TV na era do streaming.

– Criar conteúdo para a TV, tradicional ou não, é um processo lento e ritualizado. Não se consegue fazer um filme ou uma série sem um acordo comum muito bem amarrado – reconhece ele, que vem ao Brasil em setembro como palestrante do ciclo de conferências “Fronteiras do pensamento”, em Porto Alegre.

A região amazônica lhe é um território familiar, cenário de seus filmes mais épicos. Acha que isso foi determinante no convite para participar de “Fordlândia”?

 

 
O diretor alemão Werner Herzog Foto: Divulgação
O diretor alemão Werner Herzog Foto: Divulgação

Eles tinham certeza de que eu seria a pessoa mais indicada para o projeto. Porque, depois de vários trabalhos lá, entendo a mentalidade do lugar e, portanto, saberia como lidar com a complexidade da região. Todo mundo em Hollywood tem medo de florestas. Temem encontrar tarântulas, ataques de jaguares.... (risos ).  Veem na região uma série de restrições. É uma atitude meio covarde deles.

O que o atrai na ambição de Henry Ford? Vê semelhanças com Brian Sweeney Fitzgerald, o irlandês que sonhou construir uma casa de ópera no meio da Floresta Amazônica (retratado em "Fitzcarraldo")?

Esse capítulo da história de Henry Ford é muito curioso, para dizer o mínimo. Ele adquiriu uma grande porção de terras, equivalente ao estado americano do Tennessee, no meio da Floresta Amazônia. A ideia dele era construir uma cidade lá e controlar, a partir dela, o suprimento de borracha extraída da floresta pelos habitantes locais, garantindo assim o fornecimento para suas fábricas de automóveis nos Estados Unidos. Mas a coisa toda provou ser um desastre, desde o início.

O que deu errado? Ford foi vencido pela natureza, como o protagonista de “Fitzcarraldo”? O que a série pretende mostrar?

 

O problema maior foi que ele tentou transplantar para dentro de uma comunidade construída na selva brasileira os valores puritanos típicos de uma pequena cidade americana. Não podia dar certo. Ao mesmo tempo, havia intensos conflitos entre Henry e seu filho, que aproveitava todas as chances que apareciam para humilhá-lo em público. A criação de Fordlândia envolve também dramas pessoais, intrigas geradas tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Há um grande pano de fundo a ser explorado nessa história.

O senhor pretende filmar “Fordlândia” inteiramente no Brasil?

Ainda não temos certeza absoluta. Mas posso afirmar que algumas locações no Brasil serão testadas, em regiões próximas a rios ou cidades pequenas da região Norte.

Já há um cronograma de trabalho até a estreia?

O projeto de “Fordlândia” está evoluindo lentamente. Já conseguimos o financiamento do roteiro para o piloto da série, que está sendo escrito por Christopher ( Wilkinson ) a partir do livro de Greg Grandin.  O procedimento é o seguinte: uma vez que o roteiro do piloto seja aprovado por todos, inclusive eu, que passei a ser produtor também, serão financiados roteiros para mais quatro capítulos, para então conseguirmos montar uma estrutura narrativa maior, em forma de série limitada. Mas estou achando que antes dessa série ficar pronta terei feito uns 18 filmes! ( risos )

 

Mas não é problema para quem trabalha rápido, em projetos simultâneos. Em dois anos o senhor já lançou os documentários “Meeting Gorbachev” e “Nomad: in the footsteps of Bruce Chatwin”, e a ficção “Family romance, LLC”...

Da minha parte, não  tenho muito problema com o acúmulo de projetos. Mas o caso de “Fordlândia” é particular, porque um projeto desse escopo para a televisão envolve muito dinheiro, negociações entre as partes, até porque ainda não fechamos com nenhum canal ou empresa de streaming. Criar conteúdo para a TV é um processo lento e  ritualizado, não se consegue fazer um filme ou uma série sem um acordo comum muito bem amarrado. Isso é impensável. 

O projeto de “Fordlândia” foi relevado em meados do ano passado, quando o senhor finalizava “Meeting Gorbachev”, que traça um inventário sobre outro personagem controverso, o último presidente da antiga União Soviética. Como aconteceu sua entrada no documentário?

Atendi ao chamado do colega e amigo Andre Singer, um dos meus parceiros de produção há mais de 20 anos, que é codiretor do documentário. Ele queria fazer um filme sobre Gorbachev e me convidou para fazer as entrevistas com o ex-presidente. Li muito, conversei com pessoas que o conheciam e acabei me envolvendo  profundamente no projeto: além de preparar e fazer as entrevistas com Gorbachev, escrevi a narração e os comentários do filme. Andre conversou com os demais personagens.

 
A vila operária em Fordlândia Foto: Reprodução
A vila operária em Fordlândia Foto: Reprodução

 

Isso aconteceu antes ou depois de “Family romance”, que o senhor filmou no Japão?

Durante ( risos ). Minha última conversa com Gorbachev aconteceu no final de abril do ano passado. Naquele mês eu já tinha filmado alguns dias no Japão, para aproveitar a temporada da florada das cerejeiras. Mas, claro, “Meeting Gorbachev” envolveu muita pós-produção, pois havia uma pesquisa intensa em arquivos de imagens, que tomou muito tempo. Mas tento ser econômico com minhas viagens. Na volta para Los Angeles, onde moro, de uma retrospectiva de meus filmes na China, fiz uma parada em Tóquio para filmar mais seis dias. No verão, em agosto, precisei filmar com aborígenes no interior da Austrália e, na volta, parei no Japão para filmar mais oito dias.

“Family romance” é inspirado em uma empresa japonesa, real, que “aluga” substitutos para parentes ou amigos mortos ou desaparecidos. Por que as pessoas preferem comprar ilusões?

Faz parte de nossa vida. É por isso que assistimos a shows de mágico, ou vamos à igreja, onde te dizem que você será aceito no paraíso, e rezamos para um deus que nunca te responderá. (risos) Ou, por exemplo, quando você vê sua representação no Facebook ou numa outra mídia social qualquer. É uma versão sua embelezada ou parcialmente adulterada, uma reinvenção de você mesmo. Por trás dessa realidade há uma monumental solidão existencial. E não é apenas um fenômeno japonês, acontece em todo lugar.


O Globo quarta, 10 de julho de 2019

JOÃO GILBERTO: GUERRA PELO ESPÓLIO

 

João Gilberto: guerra pelo espólio na Justiça começa já no dia do enterro

O GLOBO teve acesso a documentos como o testamento e um pedido de reconhecimento de união estável de Maria do Céu Harris
 
 
João Gilberto durante passagem de sua última turnê pelo Rio, em 2008 Foto: Leo Aversa-24/08-2008
João Gilberto durante passagem de sua última turnê pelo Rio, em 2008 Foto: Leo Aversa-24/08-2008
 
 
 

RIO - Enquanto o corpo de João Gilberto era velado no Teatro Municipal, na segunda-feira, já se davam nos bastidores as primeiras movimentações jurídicas em torno do espólio do artista. Sua filha Bebel Gilberto e Maria do Céu Harris (que se coloca como companheira do músico) entraram com pedidos de inventário naquele mesmo dia — ambas reclamando o direito de cuidar do processo. A disputa dá sequência a uma batalha judicial na qual elas já vinham em campos opostos — em 2017, Bebel solicitou a interdição de João, que Maria do Céu (aliada a João Marcelo, também filho do cantor) contestava.

 

— Bebel, como curadora, assumiu a gestão do patrimônio do pai. Com o falecimento dele, para que ela possa cumprir com diversas obrigações que existem, agora precisa trocar a curatela pela inventariança — argumenta Simone Kamenetz, advogada de Bebel.

A tentativa de Bebel e Maria do Céu gerirem o inventário de João é apenas parte das disputas que se iniciam com a morte do músico. Em 4 de setembro de 2003, ele escriturou um testamento — ao qual O GLOBO teve agora acesso exclusivo. Nele, determinou que seus bens fossem partilhados entre os filhos João Marcelo e Bebel (à época, sua caçula Luisa, filha de Cláudia Faissol, hoje com 15 anos, ainda não era nascida) e Maria do Céu — apesar de o documento trazer a informação de que “o testador declara, por fim, que não tem companheira”.

Como a lei afirma que 50% da herança têm que ser divididos entre os filhos, João dispôs dos outros 50% repartindo-o em partes iguais entre Maria do Céu e os filhos.

Em conversas com advogados ontem, Cláudia disse estar preparada para enfrentar e contestar uma eventual ação de reconhecimento de união estável movida por Maria do Céu. Cláudia teria conseguido ainda, em 2017, a revogação do testamento:

— Existe um segundo testamento, registrado em 2017 no 25º Ofício de Notas, que revoga os efeitos do primeiro — afirmou Cláudia.

 

Testamento revogado

Gustavo Carvalho Miranda, que era advogado de João Gilberto (e ainda representa João Marcelo), confirma as informações, mas faz uma ressalva:

— João teria assinado uma Escritura de Revogação de Testamento, para assim o documento de 2003 não ter mais validade. Entretanto, ele assinou em maio de 2017, ou seja, quando já não conseguia mais gerir a própria vida, e com isso, há questionamentos quanto à veracidade de tal revogação (em novembro de 2017, o músico foi interditado, ou seja, não estaria mais autorizado a praticar atos como assinar contratos e movimentar dinheiro, por ser percebido como incapaz de tomar esse tipo de decisão) .

Velório de João Gilberto, no Theatro Municipal: à esquerda, as filhas Bebel Gilberto, Luisa e a ex-namorada do compositor, Claudia Faissol; à direira, a companheira de João, Maria do Céu Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo
Velório de João Gilberto, no Theatro Municipal: à esquerda, as filhas Bebel Gilberto, Luisa e a ex-namorada do compositor,
Claudia Faissol; à direira, a companheira de João, Maria do Céu Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo

Além do pedido de inventário, Maria do Céu entrou com outra ação nesta segunda, solicitando o cumprimento do testamento de 2003. Na petição (à qual O GLOBO também teve acesso), ela declara que João “de maneira pública e notória, (...) manteve uma união estável com a requerente desde 1984, que perdurou de maneira ininterrupta até o dia de sua morte”.

— A Maria do Céu reivindica a sua condição de companheira do João e a existência de um legado testamentário. Isto foi omitido pela filha Isabel, que requereu a abertura do inventário, sem mencionar a sua existência. — aponta Roberto Algranti, advogado de Maria do Céu Harris.

— Entrar com pedido de união estável é direito dela — pondera Simone Kamenetz. — Mas Bebel não a reconhece como companheira dele. Ela deve ter sido namorada em algum momento, mas sequer cuidou do João no final. Eles tinham um relacionamento pingue-pongue, que ia e voltava. No meio disso, ele teve outras namoradas, como a Cláudia (Faissol) , e até outra filha, a Luisa. Maria do Céu foi morar com ele depois que foi despejada. Ele não a convidou, ela simplesmente entrou no apartamento.

Apesar de João não possuir bens — e, mais do que isso, ter dívidas em torno de R$ 10 milhões —, corre na Justiça um processo movido por ele em 1997 contra a gravadora EMI (hoje pertencente à Universal) que pode render uma indenização de cerca de R$ 170 milhões. Em março deste ano, foi determinada a vitória do músico, em segunda instância — ainda cabe recurso. Na ação, o artista reclama royalties não pagos pela gravadora desde 1964, além de danos morais.

Petição de Maria José Harris requerendo o reconhecimento de união estável com João Gilberto Foto: Reprodução
Petição de Maria José Harris requerendo o reconhecimento de união estável com João Gilberto Foto: Reprodução

                                 

O testamento de João Gilberto, de 2003 Foto: reprodução / Reprodução
O testamento de João Gilberto, de 2003 Foto: reprodução / Reprodução

 

 

Futuro da obra é indefinido

Caso saia, porém, a indenização não irá toda para os bolsos dos herdeiros. Em 2013, o banco Opportunity assinou um acordo com João — intermediado por Cláudia, na época companheira do músico — no qual receberia 60% da indenização, quando e se ela saísse. Em troca, daria naquele momento R$ 10 milhões ao artista em duas parcelas.

A segunda parcela seria paga quando o músico aprovasse a remasterização de seus primeiros discos — bancada pelo Opportunity, que fez um acordo com o músico no qual teria direito à parte substancial dos royalties das vendas. João, conhecido por seu perfeccionismo, nunca deu seu ok.

Com a morte do João, não se sabe qual será o futuro desses discos — e da própria gestão da obra do criador da bossa nova. Afinal, o que está em disputa agora é algo de valor incalculável: o direito de determinar como será tratada sua memória.

— Temo que, devido à situação de caos que essas brigas refletem, ninguém mais queira mexer nessa obra, porque ela se tornou um ninho de marimbondos — argumenta Deborah Sztajnberg, advogada especialista em direitos autorais. — Um produtor que quer fazer um musical, um documentário, não sabe com quem negociar. Vai ter que conseguir a autorização de todo mundo, com o fantasma de a qualquer momento vir alguém embargar.


O Globo terça, 09 de julho de 2019

CADASTRO POSITIVO

 

Cadastro Positivo entra em vigor nesta terça: saiba como ele funciona e como afeta suas compras

Objetivo é permitir que bancos e comércio ofereçam melhores condições aos consumidores
 
 
Cadastro Positivo beneficia quem paga suas contas em dia Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
Cadastro Positivo beneficia quem paga suas contas em dia Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
 
 
 

RIO — Entra em vigor nesta terça-feira a lei que determina a inclusão automática de consumidores (tanto pessoas quanto empresas) noCadastro Positivo , uma base de dados com operações de crédito e pagamentos. Até então, o consumidor precisava pedir para entrar na plataforma. Para que o sistema entre de fato em funcionamento, porém, é necessário que oBanco Central faça a regulamentação , que ainda não tem data para ser publicada.

Saiba mais: Cadastro positivo entra em vigor ainda incompleto

O cadastro foi criado em 2011 com a função de tornar mais transparente o perfil dos consumidores junto às instituições financeiras. Em tese, isso facilitaria o acesso ao crédito e reduzia os juros e o spread bancário (a diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram nos empréstimos).

Confira, abaixo, as respostas para as principais dúvidas a respeito do Cadastro Positivo:

O que é o Cadastro Positivo?

É o conjunto de dados relativo a operações de crédito e obrigações de pagamento de pessoas físicas ou jurídicas, que será fornecido a gestores de bancos de dados, para formação de histórico de crédito. Ele existe desde 2011, mas a lei mudou o modelo: antes o consumidor precisava pedir para ser incluído, agora o cadastro é aberto automaticamente e o consumidor só sai da lista se pedir.

Como o cadastro pode afetar o custo do crédito?

 Como ele permite avaliar o risco da transação pelo credor, a expectativa é que o cadastro possa baratear a operação para o bom pagador e encarecer para o inadimplente contumaz.

Quem vai alimentar a plataforma com os dados dos consumidores?

São fontes as financeiras, bancos, cooperativas de crédito, prestadores de serviços contínuos (água, esgoto, eletricidade, gás, telecomunicações), vendedores de varejo etc.

Como é calculada a pontuação do consumidor no cadastro positivo?

A lei não fixa como será calculada a pontuação do consumidor, mas garante o direito de conhecer os principais elementos e critérios considerados para a análise de risco.

 
 

Quais dados do contribuinte vão compor o banco de dados do cadastro positivo?

O histórico de crédito é formado pelo conjunto de dados financeiros e de pagamentos relativos às operações de crédito e de obrigações adimplidas ou em andamento. São informações como o valor total de dívidas assumidas pelo cadastrado, o histórico de pagamentos, a pontualidade ou não desses pagamentos, a frequência com que o cadastrado assume dívidas etc.

Se o consumidor não quiser que seus dados estejam disponíveis no cadastro, ele tem o direito de pedir sua exclusão?

Sim. É direito do cadastrado obter o cancelamento ou a reabertura do cadastro, quando solicitado, mediante solicitação gratuita a ser direcionada ao gestor do banco de dados. O gestor terá o prazo de dois dias úteis para encerrar e reabrir o cadastro e, conforme for o caso, transmitir a solicitação aos demais gestores, que devem também atender no mesmo prazo à solicitação.

O consumidor pode consultar seus próprios dados na plataforma?

Sim. É direito do cadastrado acessar gratuitamente as informações sobre ele no banco de dados, inclusive seu histórico e sua nota ou pontuação de crédito, cabendo ao gestor manter sistemas seguros, por telefone ou por meio eletrônico, de consulta às informações pelo cadastrado.

O gestor terá o prazo de dez dias para fornecer essas informações ao cadastrado.


O Globo segunda, 08 de julho de 2019

COPA AMÉRICA: BRASIL CAMPEÃO

 

Campeão, Brasil domina seleção da Copa América do GLOBO 

Time de Tite tem seis entre os representantes
 
 
Capitão Daniel Alves ergue a Copa América Foto: MARCELO REGUA / Agência O Globo
Capitão Daniel Alves ergue a Copa América Foto: MARCELO REGUA / Agência O Globo
 
 
 

Em uma Copa América de nível técnico questionável, a seleção brasileira surfou bem graças a um conjunto capaz de suprir eventuais irregularidades individuais que apareceram durante toda a competição. Nenhum jogador foi bem em todos os momentos do torneio, mas vários deles se destacaram bastante em momentos pontuais.  
Os seis brasileiros que fazem a seleção ser maioria entre os onze jogadores eleitos pelo GLOBO como o time ideal da temporada mostram isso. Os outros seis jogadores, distribuídos por outras três seleções, mostram uma competição com até momentos de brilho de outras bandeiras, mas nenhuma tanta quanto a do time da casa.  


GOLEIRO - Alisson (Brasil)  
Alisson talvez tenha sido o mais regular jogador da Copa América. Não foi muito exigido na primeira fase e nem na final, mas passou a segurança que mostra no Liverpool quando foi necessário, contra o Paraguai e Argentina. 


LATERAIS - Daniel Alves (Brasil) e Beasejour (Chile)  
Eleito craque do torneio aos 36 anos, Daniel Alves teve facilidade para ser o melhor da posição. Não teve concorrentes, principalmente após a melhor atuação individual do torneio, no jogo mais importante, contra a Argentina na smeifinal.  
Se na direita sobrou protagonismo, a lateral esquerda ficou carente de um destaque na competição. Beasejour, do Chile, foi o melhor, apesar do desempenho apenas regular. Se beneficiou da contusão de Filipe Luís, do Brasil.

  
ZAGUEIROS - Marquinhos (Brasil) e Thiago Silva (Brasil)  
Seis jogos, e o único gol sofrido foi em um pênalti que o juiz deveria ter anulado após consultar o árbitro de vídeo. Apesar da pouca exigência na primeira fase, é impossível não escalar a dupla de zaga brasileira, apesar da forte concorrência da dupla uruguaia - Gimenez e Godín, seguros como sempre - e da Colômbia ter sido a única seleção a não tomar gols. 

 

SELEÇÃO DA COPA AMÉRICA
Guerrero
Everton
Gabriel Jesus
James
Rodríguez
Aránguiz Vidal
Daniel Alves
Beasejour
Thiago  Silva
Marquinhos
Alisson
 

MEIAS - Aránguiz (Chile), Vidal (Chile) e James Rodríguez (Colômbia)  
Curiosamente, o meio campo é o único setor da seleção que não conta com nenhum finalista. Foi o setor mais forte da equipe chilena, quarto lugar no torneio. Por isso, Aránguiz, uma das ótimas suspresas do torneio - foi líder de assistências da competição, junto com Roberto Firmino - e Vidal estão escalados.  
Mais na frente James Rodríguez, que saiu invicto e com bons jogos até a preoce eliminação. Não foi tão bem quanto na Copa por aqui em 2014, mas mereceu o posto.  


ATACANTES - Gabriel Jesus (Brasil), Everton (Brasil) e Guerrero (Peru)  
Vindos do banco, Gabriel Jesus e Everton conquistaram a vaga em momentos diferentes. O primeiro, com um desempenho acima da média na primeira fase. O segundo, quando foi bem contra Paraguai e Argentina, no mata-mata. Na final, juntos, foram importantes na conquista, um de cada lado. Do lado peruano, Guerreo foi uma estrela solitária que poderia ter brilhado mais. Os três gols e o posto de artilheiro - junto com Everton - o escalam. Foi nessa Copa América também que se tornou o maior goleador em atividade da história do torneio. E um dos cinco jogadores com mais gols em todos os tempos.


O Globo domingo, 07 de julho de 2019

JOÃO GILBERTO: CRÔNICA DE NELSON MOTTA

 

Nelson Motta: João Gilberto tinha rigor, suingue e emoção do pai de toda a música brasileira moderna

Ele não gostava do rótulo de bossa nova, dizia que o que fazia era samba. Um samba muito moderno, dissonante, minimalista
 
João Gilberto em 1980 Foto: Alcyr Cavalvanti / Agência O Globo
João Gilberto em 1980 Foto: Alcyr Cavalvanti / Agência O Globo
 
 
 

O máximo do mínimo. O melhor dos melhores. O pai de toda a música brasileira moderna. A influência mais decisiva em todos que vieram depois dele. João Gilberto, morto neste sábado (6 de junho), aos 88 anos, foi muito mais do que inventor da bossa nova com sua batida de violão que sintetizava o suingue de uma bateria de escola de samba. Ele não gostava do rótulo de bossa nova, dizia que o que fazia era samba. Um samba muito moderno, dissonante, minimalista, numa combinação perfeita entre voz e violão, que, na música de João Gilberto, formam uma coisa só.

 

João não só inventou uma nova maneira se cantar e tocar violão como se tornou um dos artistas mais influentes de seu tempo, cultuado por gênios do jazz como Miles Davis, que gravou um LP inteiro baseado no primeiro disco de Joao, "Quiet nights", a versão em inglês de "Corcovado". Quem foi tocado pela música de João nunca mais foi o mesmo, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Chico Buarque, Rita Lee, Jorge Benjor, e até Tim Maia, tiveram nele mais que um ídolo, um farol, um anjo de leveza, delicadeza e suingue.

 

Todos que o conheceram podem me confirmar: João é uma das pessoas mais inteligentes entre tantos artistas que conheci e tive o privilégio de conviver.

Seu humor fino e mordaz e implacável, sempre brilhante, seu rigor crítico que exercia com fervor religioso. Zen e João. A imagem de um homem tocando dias e dias a mesma canção, sempre igual, mas sempre com diferenças mínimas como um mantra hipnótico. Para depois esquecê-la e anos depois retomá-la para mais alguns anos de trabalho. Eis o trajeto de um música "nova" de João Gilberto até chegar ao público. O método gilbertiano consiste na repetição ao infinito de uma canção, com as palavras saindo de sua boca como pedrinhas brutas que rolam desde a nascente do rio até se transformar em seixos lisos e roliços antes de chegarem ao mar.

Todas as músicas que ele lapidou e gravou se tornaram suas, ninguém gravou um repertório melhor do que o dele, o grande songbook brasileiro do século 20.

Um grande privilégio foi ter assistido a muitos dos poucos, muito poucos shows que fez em sua carreira, em que jamais fez uma turnê. Três em Nova York, Paris, Miami, dois em Salvador, dois em São Paulo, três no Rio de Janeiro, dois em Montreux, três em Roma, espetáculos únicos e diferentes, com emoções diferentes, mas com a marca de seu rigor, sem a mínima falha. Voz e violão é cruel, mostra tudo.

João gravou só 12 ou 13 álbuns em mais de 60 anos de carreira, com precisão absoluta e rigor religioso. Todos impecáveis.

"O meu coração apaixonado, de sofrer vive abafado, sem saber por que, reclama coitadinho, tão baixinho, que às vezes penso até que ele vai parar."

Ou como disse Caetano, "melhor que o silêncio, só João".


O Globo sábado, 06 de julho de 2019

RECEITA PARA O DIA DO CHOCOLATE

 

Felipe Bronze ensina receita para o Dia Mundial do Chocolate

Chef e apresentador dá o passo a passo de tartelete de chocolate com maracujá e banana, que é servido em seu restaurante
 
 
Oro: A sobremesa traz chocolate em diferentes preparos, valorizados pelo sabor de duas frutas. É composta de torta, creme e crumble de chcocolate, crocante de cacau e mais: sorvete de banana com maracujá, caramelo de maracujá e cubos de banana. Rua General San Martin 889, Leblon (2540-8768). Foto: Divulgação/Tomas Rangel
Oro: A sobremesa traz chocolate em diferentes preparos, valorizados pelo sabor de duas frutas. É composta de torta, creme e crumble de chcocolate, crocante de cacau e mais: sorvete de banana com maracujá, caramelo de maracujá e cubos de banana. Rua General San Martin 889, Leblon (2540-8768). Foto: Divulgação/Tomas Rangel
 
De olho no Dia Mundial do Chocolate, celebrado em 7 de julho, o chef e apresentador Felipe Bronze ensina, com exclusividade, a receita da sobremesa que encerra o menu degustação servido em seu restaurante Oro, no Leblon. Um sucesso em seu cardápio! O doce, ele detalha, traz chocolate em diferentes preparos, valorizados pelo sabor de duas frutas. É composta de torta, creme e crumble de chocolate, crocante de cacau e mais: sorvete de banana com maracujá, caramelo de maracujá e cubos de banana.
 

 

- Essa nossa sobremesa realça os sabores que considero complementares e naturais do chocolate: banana e maracujá. A intenção é valorizar as notas de fruta que os chocolates de ótima qualidade têm. É deliciosa, vibrante e, ao mesmo tempo, aconchegante, como só um chocolate delicioso pode ser - afirma Felipe Bronze.

Oro: A sobremesa traz chocolate em diferentes preparos, valorizados pelo sabor de duas frutas. É composta de torta, creme e crumble de chcocolate, crocante de cacau e mais: sorvete de banana com maracujá, caramelo de maracujá e cubos de banana. Rua General San Martin 889, Leblon (2540-8768). Foto: Divulgação/Tomas Rangel
Oro: A sobremesa traz chocolate em diferentes preparos, valorizados pelo sabor de duas frutas. É composta de torta, creme e crumble de chcocolate, crocante de cacau e mais: sorvete de banana com maracujá, caramelo de maracujá e cubos de banana. Rua General San Martin 889, Leblon (2540-8768). Foto: Divulgação/Tomas Rangel

 

Massa da tartelete

Ingredientes

  • 250g de manteiga
  • 200g de açúcar
  • 2 ovos
  • 80g de cacau em pó
  • 2g de flor de sal
  • 480g farinha de trigo

Preparo

  1. Bater manteiga e açúcar na batedeira até ficar cremoso.
  2. Adicionar o ovo e bater até ficar homogêneo.
  3. Adicionar a farinha, o cacau peneirado e a flor de sal.
  4. Bater o suficiente para ficar homogêneo.
  5. Modelar as tarteletes e gelar.
  6. Assar por 15/20 mintuos em forno 160°C.

Recheio

Ingredientes

  • 180g chocolate 33%
  • 180g de chocolate 54%
  • 120g de manteiga
  • 80g de cacau em pó
  • 6 gemas
  • 10 claras
  • 130g creme de leite fresco
  • 100g açúcar
  • pitada de sal

Preparo

  1. Derreter os chocolates e a manteira no micro-ondas.
  2. Adicionar as gemas no chocolate ainda quente e misturar com a espátula.
  3. Adicionar o cacau em pó peneirado e misturar até ficar homogêneo. Levar esta base para a geladeira.
  4. Bater o creme de leite até montar
  5. Bater as claras em neve com o açúcar e a pitada de sal
  6. Misturar o creme de leite na base de chocolate. Depois, adicionar as claras em neve divididas em três partes. Misturar até ficar homogêneo.

Crumble de cacau

Ingredientes

  • 400g açúcar mascavo
  • 400g manteiga
  • 400g farinha de amêndoas
  • 150g cacau em pó
  • 250g farinha de trigo
  • 5g flor de sal

Preparo

  1. Em um bowl grande, misturar a manteiga amolecida e o açúçar.
  2. Adicionar as farinhas, o sal e o cacau e misturar até ficar homogêneo.
  3. Assar 160°C, por 30 minutos.
  4. Mexer a cada 10 minutos

Creme de chocolate

Ingredientes

  • 720g chocolate 33%
  • 720g chocolate 54%
  • 360g gemas
  • 1.760g creme fresco
  • 240g tpt

Preparo

  1. Aquecer o creme e o tpt.
  2. Temperar as gemas com o creme pré-aquecido e cozinhar até 80°C.
  3. Despejar o creme de leite no chocolate
  4. Mixar tudo e esfriar

Caramelo de maracujá

Ingredientes

  1. 1kg de açúcar
  2. 400g água
  3. 600g polpa de maracujá

Preparo

  1. Mistura o açúcar e água em uma panela alta.
  2. Cozinhar em fogo alto até caramelizar.
  3. Adicionar a polpa já aquecida (cuidado para não se machucar no vapor!).
  4. Porcionar em saco de confeitar e guardar em temperatura ambiente.

Sorvete de banana e maracujá

Ingredientes

  • 1kg de polpa de maracujá
  • 1kg de banana madura
  • 260g glucose em pó
  • 100g açúcar
  • 500g creme de leite fresco

Preparo

  1. Aquecer a glucose, o açúcar e o creme de leite até 80°C. Deixar esfriar.
  2. Bater a base neutra e fria com a polpa de maracujá e a banana no termomix até ficar homogêneo.
  3. Congelar e guardar

Crocante de Cacau

  • Ingredientes
  • 375g açúcar
  • 75g cacau
  • 240g farinha de trigo
  • 2 ovos
  • 115g de óleo
  • 240g de água
  • 245g de leite
  • 2g de sal
  • 6g de fermento em pó
  • 6g de bicarbonato

Preparo

  1. Mistura os secos. Adicionar 1/3 dos líquidos e misturar até ficar homogêneo
  2. Adicionar os ovos
  3. Adicionar o restante dos líquidos mexendo sempre entre uma adição e outra.
  4. Assar a 160°C por 20 minutos.

Rende cinco porções


O Globo sexta, 05 de julho de 2019

CINCO PETISCOS MAIS COPIADOS DE BOTECOS DO RIO

 

Cinco petiscos mais copiados dos botecos do Rio

Do bolinho de feijoada ao fondue de coxinha, saiba quais são os originais
 
 
A linguiça croc do restaurante Enchendo Linguiça, no Grajaú Foto: Felipe Hanower / Agencia O Globo
A linguiça croc do restaurante Enchendo Linguiça, no Grajaú Foto: Felipe Hanower / Agencia O Globo
 
 
 

Parece, mas não é. E não é mesmo. Petiscos de alguns botequins do Rio são tão originais - e gostosos - que chegam a ser irresistíveis, de comer e de copiar. Criado há quase 20 anos por Kátia Barbosa, do Aconchego Carioca, o bolinho de feijoada é um dos   mais replicados. Já o fondue de coxinha, do Bar da Frente, é vendido como novidade até mesmo em outros estados. Saiba quais são os originais de boteco.


O Globo quinta, 04 de julho de 2019

COPA AMÉRICA: BRASIL TERÁ PELA FRENTE UM PERU DIFERENTE

 

Brasil terá pela frente na final um Peru diferente do que goleou na primeira fase

Seleção peruana chega à decisão da Copa América, domingo, sem lembrar o time batido por 5 a 0 há 12 dias, na primeira fase da competição
 
 
Jogadores do Peru comemoram o gol de Yotún na vitória sobre o Chile Foto: JUAN MABROMATA / AFP
Jogadores do Peru comemoram o gol de Yotún na vitória sobre o Chile Foto: JUAN MABROMATA / AFP
 
 

Uma surpreendente seleção peruana derrotou ontem o Chile por 3 a 0 , em Porto Alegre, para carimbar sua vaga na final da Copa América e confirmar uma revanche com o Brasil, domingo, às 17h, no Maracanã. No primeiro encontro entre os dois, na fase de grupos, o Brasil goleou por impiedosos 5 a 0 na Arena Corinthians, em São Paulo.

Então, o que espera o Brasil na final de domingo? Ontem, por 25 minutos, o Peru vitimou o Chile com uma arma que, em outros tempos, esta geração chilena impunha aos adversários: pressão sufocante na saída de bola e um jogo agressivo que resultou no gol de Flores. Há alguns anos, o habitual era ver o Chile sufocando a posse de bola rival. Não é mais possível com um time que ontem iniciou a partida com nove jogadores de 30 anos ou mais.

ANÁLISE: Título poderia renovar confiança no futebol brasileiro

Mas o Peru repetirá tal pressão contra o Brasil? Difícil prever algo sobre este time camaleônico. O jogo dos 5 a 0, um ponto fora da curva para esse time, começou com uma tentativa peruana de adiantar a marcação e, por mais que a goleada encubra, a estratégia deixou o Brasil desconfortável até achar o 2 a 0. Mas o resultado pode produzir um Peru escaldado e mais cauteloso. Contra o Uruguai, nas quartas de final, marcou mais atrás e amarrou o jogo.

 

PAULO CÉZAR CAJU: A pior Copa América de todos os tempos

E, se optar por ser mais cautelosa, a seleção treinada pelo argentino Ricardo Gareca desde o início de 2015 pode ser perigosa no contra-ataque. Foi o que fez no segundo tempo de ontem, quando o Chile, em desvantagem, buscou ter mais posse e se adiantar. Ficou exposto que os peruanos têm certa dificuldade de marcar perto de sua área. Mas aproveitaram o espaço às costas da defesa do Chile para aplicar o golpe fatal: um passe longo às costas da zaga permitiu a jogada de Carrillo e o belo gol de Yotún.

Gallese voa para fazer mais uma defesa impressionante na vitória do Peru sobre o Chile Foto: LUISA GONZALEZ / REUTERS
Gallese voa para fazer mais uma defesa impressionante na vitória do Peru sobre o Chile
Foto: LUISA GONZALEZ / REUTERS

 

O Peru do segundo tempo não impedia que o Chile criasse chances e Gallese se tornasse o grande nome da noite, com defesas incríveis, pegando até mesmo um pênalti de Vargas já nos acréscimos, com a partida decidida. Mas mostrava que vale ter atenção com as escapadas rápidas de Flores e Carrillo pelos lados. E o bom volante Tápia ainda daria belo passe, aos 45 do segundo tempo, para Guerrero fazer o terceiro com categoria.

Por falar no atacante ex-Corinthians e Flamengo, e hoje no Internacional, trata-se de um caso à parte. Sua capacidade de fazer o time jogar é acima da média e independe do número de gols que faça. Quando o Peru se vê pressionado, é capaz de recebe bolas longas e aparar até que os companheiros cheguem.

 

Outro ponto de atenção que a defesa brasileira deve ter é com a movimentação de Cueva entre as linhas de marcação do rival e aproximando-se de Guerrero. Contra o Chile, fez ótima partida, assim como Yotún.

Se depender do histórico, o Brasil é amplo favorito. Nos 44 duelos contra o Peru, a seleção venceu 31, empatou nove e só perdeu em quatro oportunidades. Na Copa América, a vantagem brasileira é mantida. Foram 12 vitórias, três empates e três derrotas.

Jogadores do Peru comemoram o gol de Guerrero na vitória de 3 a 0 sobre o Chile Foto: RAUL ARBOLEDA / AFP
Jogadores do Peru comemoram o gol de Guerrero na vitória de 3 a 0 sobre o Chile Foto: RAUL ARBOLEDA / AFP

O último revés, porém, foi doloroso. A vitória peruana por 1 a 0 na Copa América do Centenário, em 2016, determinou a queda da seleção brasileira ainda na primeira fase da competição, e a demissão do técnico Dunga. Na última vez que o Peru conquistou a competição, em 1975, eliminou o Brasil nas semifinais.

O Brasil tem melhor time, mas ao contrário do que indica a goleada recente, o Peru merece cuidados. O domingo promete uma grande final no Maracanã.


O Globo quarta, 03 de julho de 2019

RECEITAS: PASTEL, FEIJOADA E CHURRO

 

Chef do Vizinhando ensina a preparar três receitas da casa

Luiz Sérgio Costa apresenta receitas de pastel de camarão com alho-poró, feijoada e minichurros de doce de leite
 
 
Luiz Sérgio Costa. Chef do Vizinhando Botecagem de Raiz, no shopping Uptown, na Barra da Tijuca Foto: Divulgação/Lucas Studart
Luiz Sérgio Costa. Chef do Vizinhando Botecagem de Raiz, no shopping Uptown, na Barra da Tijuca
Foto: Divulgação/Lucas Studart
 
 
 

RIO — Nascido em Piedade e criado no Méier, o chef Luiz Sérgio Costa, de 31 anos, sempre foi um apaixonado por culinária. Aos 10 anos de idade, por influência da avó, Apolônia Pereira, ele frequentava a cozinha de casa e começou a ajudar no preparo das refeições. Segundo Costa, esse hábito o levou a gostar de fazer comida caseira .

— Desde aquela época aprendi muito e trouxe para a minha profissão laços fortes com a comida caseira e afetiva, que é a minha grande paixão — revela o chef.

Agora, comandando a cozinha da recém-inaugurada filial doVizinhando Botecagem de Raiz no shopping Uptown , na Barra da Tijuca , ele comenta que seu objetivo é levar alegria e satisfação aos clientes por meio do paladar e de uma sensação de familiaridade.

— Procuro fazer meu trabalho com amor e afeto, para que quem for comer se sinta bem, e não só pelo sabor — explica.

Costa, que tem dez anos de experiência na gastronomia, iniciou o trabalho na área com uma franquia de churrascaria que ele e o irmão, Luiz Felipe, compraram juntos, em 2009. No ano seguinte, os dois fundaram sua primeira marca própria especializada em churrasco, o Billy The Grill. Costa chegou a cursar Engenharia Mecânica por três anos, mas, pouco tempo depois do lançamento do restaurante, decidiu trancar o curso para se dedicar somente ao novo negócio.

— Fiz muitos cursos voltados para gastronomia no Senac e no Senai. Nessas voltas que a vida dá, costumo dizer que não larguei uma carreira e dei preferência a outra. Acredito que o conhecimento e as competências da engenharia, aliados ao que aprendi na gastronomia, me permitem trazer mais produtividade para o negócio e agradar aos meus clientes — afirma.


O Globo terça, 02 de julho de 2019

MEGAN RAPINOE, CAPITÃO DOS ESTADOS UNIDOS: VOCÊ NÃO PODE GANHAR SEM GAYS NO TIME

 

'Você não pode ganhar sem gays no time', diz Megan Rapinoe, capitã dos EUA

Jogadora de futebol é uma das defensoras do movimento LGBT no esporte
 
 
Megan Rapinoe é capitã da seleção dos EUA de futebol Foto: BERNADETT SZABO / REUTERS
Megan Rapinoe é capitã da seleção dos EUA de futebol Foto: BERNADETT SZABO / REUTERS
 
 
 

Megan Rapinoe é uma das jogadoras mais destemidas na hora de falar o que pensa. Capitã dosEstados Unidos , que entra em campo nesta terça-feira conta a Inglaterra, às 16h (de Brasília), pela semifinal da Copa do MundoFeminina de futebol, a jogadora afirmou que nenhuma equipe conquista uma competição sem gays no time. No dia 28 de julho, foi comemorado o Dia Internacional do Orgulho LGBT.

Na semana passada, Rapinoe disse que a seleção feminina 'não iria para p... da Casa Branca" se ganhar o Mundial na França por causa de Donald Trump. O presidente dos EUA, então, respondeu a capitã e disse que ela deveria vencer antes o torneio.

A meia rebateu da melhor forma: marcou os dois gols na vitória por 2 a 1 sobre a anfitriã França e colocou o time nas semifinais.

Ao comemorar a classificação de sua equipe, a jogadora gritou "Vai gays!" para demonstrar o orgulho de ser homossexual. Ela namora a jogadora de basquete Sue Bird há três anos.

"Estou motivada por pessoas que gostam de mim e que estão lutando pelas mesmas coisas. Eu pego mais energia disso do que tentando provar que alguém está errado. Isso está se esgotando. Mas para mim, ser gay e fabulosa, durante o mês do Orgulho na Copa do Mundo, é ótimo", completou.


O Globo segunda, 01 de julho de 2019

COPA AMÉRICA: BRASIL ESPERA UMA ARGENTINA QUE QUE PROGREDIU, MAS AINDA TEM PROBLEMAS

 

Espera o Brasil uma Argentina que progrediu, mas ainda tem problemas

Forma de jogar do rival cria dilema para Tite: manter estilo da seleção ou ter mais precauções
 
Messi em disputa de bola no Maracanã Foto: Marcelo Regua / Agência O Globo
Messi em disputa de bola no Maracanã Foto: Marcelo Regua / Agência O Globo
 
 
 

O maior clássico sul-americano decidirá, na terça-feira, em Belo Horizonte, um lugar na final da Copa América. Nem brasileiros, nem argentinos têm times prontos. Mas será uma mistura de qualidade técnica e imperfeições coletivas que, provavelmente, ditará o rumo do clássico. 

Se assistiu à vitória argentina sobre a Venezuela por 2 a 0, ontem, no Maracanã, Tite deve ter acabado a jornada processando boas e más notícias. Dentre as ruins, algumas sobressaem. Os rivais de terça jogam, hoje, um pouco melhor do que ao chegarem ao Brasil. Têm algo de estrutura e chegaram ao segundo jogo sem levar gol. E o fazem sem Messi, que parece fisicamente debilitado, reluzir.

Mas há notícias boas também. Esta Argentina, reflexo de um futebol desordenado nos bastidores, ainda vive de espasmos de bom jogo. Foram 15 minutos contra os venezuelanos e um segundo tempo em que se viram superados até acharem o segundo gol, em falha do goleiro Fariñez. É um time que dificilmente irá impor ao Brasil o desafio de tentar furar uma defesa fechada. Porque, sem a bola, apesar do retrospecto recente, esta Argentina ainda é cheia de questões mal resolvidas. Por sua forma peculiar de jogar, oferece um dilema a Tite. Mas também oportunidades.

 

Ordem e valentia

A Argentina se assentou num 4-1-3-2 com Messi por trás dos atacantes Lautaro Martinez e Aguero. À direita do craque, na linha de três  meias, está De Paul, que vem jogando bem. Ontem, o lado esquerdo teve Acuña na vaga de Lo Celso. O time ganhou força, ajuda defensiva e profundidade pelo lado do campo, mas menos passe, menos cadência e retenção da bola. Por cerca de 15 minutos, os argentinos  pressionaram e moveram bem a bola. Mas a criação de chances só veio, de fato, numa sequência de escanteios contra a zaga reserva da Venezuela. Até Lautaro fazer 1 a 0.

Por características, Messi, Lautaro e Aguero não têm hábito de recuar para combater, embora o atacante do Manchester City se esforce demais. O time se defende com sete homens: a linha de quatro defensores e os três meias. Permite que o manejo rápido da bola abra espaços. Foi o que a Venezuela fez no segundo tempo, em especial após a entrada de Soteldo. Teve o domínio, até o segundo gol sentenciar o jogo. No lance, mérito para De Paul, que roubou a bola. Faz ótimo torneio e merece vigilância.

Mas é a forma de defender da Argentina que coloca Tite diante de uma decisão a tomar. Envolve valentia, disposição a assumir mais ou menos riscos. Com o trio ofensivo rival menos envolvido no combate, o Brasil pode manter seu modelo ofensivo: time adiantado, laterais se juntando aos meias, pontas abertos. Pode gerar superioridade contra a defesa rival e provocar danos aos argentinos.

Mas a qualidade técnica do trio ofensivo pode levar Tite a optar por manter mais homens atrás da linha da bola ao atacar, vigiando os rivais. O velho dilema entre impor seu jogo e se adaptar ao adversário. Guardadas todas as devidas proporções, e apesar de serem circunstâncias e características de jogadores bem diferentes, vale uma analogia que deve estar na mente de Tite: a Bélgica “pagou para ver” na Copa do Mundo. Hazard e Lukaku não voltavam, o Brasil teve dúvidas sobre como se adaptar no primeiro tempo até impor seu jogo no segundo. Foi fatal.

 

É claro que os argentinos, que tiveram a cada jogo uma escalação, podem também buscar variantes. Ontem, mostraram uma delas: ganharam o jogo pelo lado esquerdo, com Acuña. Ele poderia explorar as costas de Daniel Alves. Além disso, há individualidades ganhando confiança: Paredes, De Paul e Lautaro, por exemplo. Sem contar que há Messi: quem ousa dizer que não irá despertar? O Superclássico será, ao mesmo tempo, uma prova de organização e valentia.


O Globo domingo, 30 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: ÉVERTON E LAUTARO MARTÍNEZ

 

Ex-coadjuvantes, Éverton e Lautaro Martínez viram os xodós de Brasil x Argentina

Atacantes aproveitaram hiato deixado por estrelas e são candidatos a herói
 
 
Éverton Cebolinha e Lautaro Martínez são os destaques de Brasil e Argentina Foto: Montagem sobre fotos de Reuters e AFP
Éverton Cebolinha e Lautaro Martínez são os destaques de Brasil e Argentina
Foto: Montagem sobre fotos de Reuters e AFP
 
 
 

Quando Brasil e Argentina começaram suas caminhadas na Copa América, ninguém apostava que Éverton Cebolinha e Lautaro Martínez chegariam à semifinal como principais candidatos a herói. Depois de iniciar a competição sob a sombra das principais estrelas — que até agora não corresponderam —, os dois aproveitaram suas chances e agarraram a titularidade. Mais do que isso: foram alçados de forma meteórica ao posto de xodós. E, na próxima terça, estarão depositadas neles as expectativas das duas torcidas.

 

Em campo, o brasileiro se destaca pela velocidade e capacidade de abrir espaços. O argentino, menos veloz, é mais goleador. Mas suas trajetórias no torneio, até aqui, são semelhantes. Cebolinha foi reserva nos dois primeiros jogos. Mas saiu do banco para conquistar a torcida e o técnico Tite. Contra a Bolívia, jogou bem e marcou um dos gols na vitória por 3 a 0. Na rodada seguinte, contra a Venezuela, foi dele a jogada de um dos gols anulados. Foi o suficiente para ganhar a titularidade contra o Peru, quando voltou a marcar, encantar e ficar de vez com a vaga.

— Foi uma aparição muito boa frente à ausência do Neymar. Um jogador a ser considerado — elogiou o técnico argentino Lionel Scaloni, preocupado com o brasileiro.

A caminhada de Martínez teve um começo ainda mais pedregoso. Depois de assistir a toda a derrota para a Colômbia do banco, ganhou uma chance como titular na partida seguinte, contra o Paraguai. Mas se desgastou com Scaloni quando foi sacado no segundo tempo: enquanto ele assegurou estar bem fisicamente, o técnico justificou a substituição por questões físicas. O mal-estar foi resolvido com gols: marcou nos dois jogos seguintes, sendo o último deles, na vitória sobre a Venezuela, de letra. Uma pintura que o fez ser exaltado nos principais jornais e sites argentinos.

 

— Imaginei que a bola poderia entrar ali, tentei a letra e, por sorte, entrou — comemorou o atacante.

Artilheiro argentino pós-Copa

O Touro, seu apelido no país, não balança as redes apenas por sorte. Com apenas 21 anos, já marcou seis vezes em dez compromissos pela seleção. Um desempenho que faz dele o artilheiro da equipe no pós-Copa da Rússia. Neste período, fez o dobro de Messi, de quem os argentinos ainda esperam um protagonismo maior.

Pelos clubes, o faro também é apurado. Em sua primeira temporada pela Inter de Milão, nove gols em 35 jogos. No último ano pelo Racing, clube que o revelou, fez 18 em 28 partidas. Até os brasileiros sofreram com ele. Na Libertadores de 2018, marcou três no Cruzeiro e dois no Vasco.

Com o bom desempenho na Copa América, a tendência é que seja ainda mais aproveitado na Inter de Milão. Já Cebolinha, com os mesmos dois gols que o argentino na competição, vive a expectativa de ingressar no futebol europeu. Até o momento, o Grêmio ainda não recebeu propostas.

Éverton: titular pela primeira vez

Éverton é um dos caçulas do grupo em idade e, principalmente, em presença na seleção brasileira. Foi fazer sua estreia como titular apenas na partida contra o Peru, há oito dias. Entre os 23 do grupo de Tite na Copa América, todos já haviam tido o gostinho de ouvir o Hino Nacional no gramado antes.

Para o zagueiro Thiago Silva, a entrada do atacante na equipe titular foi um reconhecimento para o momento que ele vive desde a convocação.

— O corte do Neymar nos deu tristeza, mas encontramos o Cebolinha, que entrou num nível incrível, fazendo grandes jogos, uma grande Copa América. Isso vai fortalecendo a nossa equipe — destacou.


O Globo sábado, 29 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: ESPERA O BRASIL UMA ARGENTINA QUE PROGREDIU

 

 EXCLUSIVO PARA ASSINANTES

Espera o Brasil uma Argentina que progrediu, mas ainda tem problemas

Forma de jogar do rival cria dilema para Tite: manter estilo da seleção ou ter mais precauções
 
 
Messi em disputa de bola no Maracanã Foto: Marcelo Regua / Agência O Globo
Messi em disputa de bola no Maracanã Foto: Marcelo Regua / Agência O Globo
 
 
 

O maior clássico sul-americano decidirá, na terça-feira, em Belo Horizonte, um lugar na final da Copa América. Nem brasileiros, nem argentinos têm times prontos. Mas será uma mistura de qualidade técnica e imperfeições coletivas que, provavelmente, ditará o rumo do clássico.

 

Se assistiu à vitória argentina sobre a Venezuela por 2 a 0, ontem, no Maracanã, Tite deve ter acabado a jornada processando boas e más notícias. Dentre as ruins, algumas sobressaem. Os rivais de terça jogam, hoje, um pouco melhor do que ao chegarem ao Brasil. Têm algo de estrutura e chegaram ao segundo jogo sem levar gol. E o fazem sem Messi, que parece fisicamente debilitado, reluzir.

Mas há notícias boas também. Esta Argentina, reflexo de um futebol desordenado nos bastidores, ainda vive de espasmos de bom jogo. Foram 15 minutos contra os venezuelanos e um segundo tempo em que se viram superados até acharem o segundo gol, em falha do goleiro Fariñez. É um time que dificilmente irá impor ao Brasil o desafio de tentar furar uma defesa fechada. Porque, sem a bola, apesar do retrospecto recente, esta Argentina ainda é cheia de questões mal resolvidas. Por sua forma peculiar de jogar, oferece um dilema a Tite. Mas também oportunidades.  

Ordem e valentia

A Argentina se assentou num 4-1-3-2 com Messi por trás dos atacantes Lautaro Martinez e Aguero. À direita do craque, na linha de três  meias, está De Paul, que vem jogando bem. Ontem, o lado esquerdo teve Acuña na vaga de Lo Celso. O time ganhou força, ajuda defensiva e profundidade pelo lado do campo, mas menos passe, menos cadência e retenção da bola. Por cerca de 15 minutos, os argentinos  pressionaram e moveram bem a bola. Mas a criação de chances só veio, de fato, numa sequência de escanteios contra a zaga reserva da Venezuela. Até Lautaro fazer 1 a 0.

Por características, Messi, Lautaro e Aguero não têm hábito de recuar para combater, embora o atacante do Manchester City se esforce demais. O time se defende com sete homens: a linha de quatro defensores e os três meias. Permite que o manejo rápido da bola abra espaços. Foi o que a Venezuela fez no segundo tempo, em especial após a entrada de Soteldo. Teve o domínio, até o segundo gol sentenciar o jogo. No lance, mérito para De Paul, que roubou a bola. Faz ótimo torneio e merece vigilância.

Mas é a forma de defender da Argentina que coloca Tite diante de uma decisão a tomar. Envolve valentia, disposição a assumir mais ou menos riscos. Com o trio ofensivo rival menos envolvido no combate, o Brasil pode manter seu modelo ofensivo: time adiantado, laterais se juntando aos meias, pontas abertos. Pode gerar superioridade contra a defesa rival e provocar danos aos argentinos.

Mas a qualidade técnica do trio ofensivo pode levar Tite a optar por manter mais homens atrás da linha da bola ao atacar, vigiando os rivais. O velho dilema entre impor seu jogo e se adaptar ao adversário. Guardadas todas as devidas proporções, e apesar de serem circunstâncias e características de jogadores bem diferentes, vale uma analogia que deve estar na mente de Tite: a Bélgica “pagou para ver” na Copa do Mundo. Hazard e Lukaku não voltavam, o Brasil teve dúvidas sobre como se adaptar no primeiro tempo até impor seu jogo no segundo. Foi fatal.

 É claro que os argentinos, que tiveram a cada jogo uma escalação, podem também buscar variantes. Ontem, mostraram uma delas: ganharam o jogo pelo lado esquerdo, com Acuña. Ele poderia explorar as costas de Daniel Alves. Além disso, há individualidades ganhando confiança: Paredes, De Paul e Lautaro, por exemplo. Sem contar que há Messi: quem ousa dizer que não irá despertar? O Superclássico será, ao mesmo tempo, uma prova de organização e valentia.

O Globo sexta, 28 de junho de 2019

PARAGUAI IMPÔS DESAFIO QUE FAZ A SELEÇÃO BRASILEIRA SOFRER

 

Análise: Paraguai impôs o desafio que faz a seleção brasileira sofrer

Time de Tite avançou às semifinais da Copa América nos pênaltis
 
 
Gabriel Jesus corre para comemorar o gol do Brasil sobre o Paraguai, nos pênaltis Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
Gabriel Jesus corre para comemorar o gol do Brasil sobre o Paraguai, nos pênaltis
Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
 
 

Quando se relativizou o peso da goleada sobre o Peru, era justamente para desafios como o de ontem que se alertava: enfrentar uma defesa fechada, um rival encerrado atrás, a obrigação de achar espaço diante de um muro. Nos 5 a 0 sobre os peruanos, circunstâncias um tanto atípicas abriram os caminhos. Ontem, apesar de um domínio massacrante, naturalmente maior após a expulsão de um paraguaio, o tal primeiro gol não saiu. E embora a seleção fizesse muitas coisas corretas, o calvário foi até os pênaltis.

 

É importante ponderar que é natural ser assim. Se furar defesas é um desafio nas disputas de clubes, tal traço do jogo atual é ainda mais verdadeiro entre seleções. Porque as equipes nacionais têm menos tempo de treino, trabalham menos e, portanto, têm menos chances de desenvolver mecanismos, automatizar e sincronizar movimentos para abrir retrancas. Não nos esqueçamos da Copa do Mundo, vencida por uma França cheia de talentos, mas que corrigiu seu caminho quando passou a defender mais atrás e buscar o jogo em transições rápidas.

Dito tudo isso, não foi justo que o jogo fosse parar na marca do pênalti, tamanho o domínio da seleção. Em alguns aspectos da proposta de Tite, o time vai evoluindo na Copa América. A movimentação entre Arthur e Coutinho no meio melhora, oferecendo aproximações e trocas de passes; os laterais como armadores mais pelo centro também crescem, e ambos fizeram ótimo primeiro tempo — no segundo, Filipe Luís saiu e Daniel Alves seguiu fazendo grande jogo.

 O que não significa dizer que não haja questões a observar na seleção. Uma delas diz respeito mais ao jogo de ontem: sem Casemiro e Fernandinho , Allan se sentiu desconfortável na função de primeiro volante.

Mas por falar em desconforto, há outras situações que merecem mais atenção no momento. Tite quer laterais como armadores numa faixa mais central do campo e vê seus pontas iniciarem as jogadas mais abertos. Quanto a Éverton do lado esquerdo, nem há tantos problemas. Ele se sente à vontade. Mas Gabriel Jesus foi sacrificado demais no jogo. Como a marcação paraguaia bloqueava bem os lados e também impedia que o Brasil tivesse continuidade no campo ofensivo, raramente ele conseguia fazer a diagonal para a área. Preso pelo lado, fugia demais às suas características. E sem tantas opções de profundidade, ou seja, jogadores que se projetam para receber às costas da marcação rival, quem também se sacrifica é Roberto Firmino.

Pênalti perdido à parte, é um jogador de extrema inteligência, precisa ter opções de passe para que sejam aproveitados os espaços gerados por sua mobilidade. Aliás, o movimento que fez tirando Balbuena do lugar e gerando o lance da expulsão do paraguaio foi preciso. Assim como a jogada de Jesus, que rompeu seu confinamento à ponta e criou o lance.

A dificuldade no 11 contra 11 indica que é preciso melhorar a movimentação ofensiva. Ocorre que sem que nos déssemos conta, o Brasil trocou mais de meio time em relação à Copa do Mundo. Também perdeu seu melhor jogador e muda mecanismos de jogo. É, como quase todas as seleções do mundo a esta altura, um time em formação. Vitórias como as de ontem valem tanto pelo que se conquista quanto pelo que se evita. Ou seja, mantêm o Brasil vivo no torneio e evitam que um país ansioso crie uma pressão surreal sobre Tite. Pavimentar caminhos para o futuro e ganhar crédito: há muito em jogo na Copa América.

 


O Globo quinta, 27 de junho de 2019

ALISSON É FRUTO DA ESCOLA DE GOLEIROS QUE FORMOU TAFAREL

 

Alisson é fruto da escola de goleiros que formou Taffarel: saiba os 'mandamentos' dela

Ambos foram formados no Inter, com a linha de trabalho do mesmo 'paizão'
 
 
Alisson pode ser decisivo para o avanço da seleção às semifinais da Copa América Foto: JUAN MABROMATA / AFP
Alisson pode ser decisivo para o avanço da seleção às semifinais da Copa América Foto: JUAN MABROMATA / AFP
 
 

Alisson tinha quase 14 anos quando os pais tomaram uma decisão difícil. Como sua ida aos treinos ao lado do irmão Muriel não estava cabendo nas finanças da família, e o mais velho já se destacava na base do Internacional, José e Magali Becker decidiram tirar o filho caçula do futebol. A história poderia ter sido diferente se o preparador de goleiros colorado não insistisse. Daniel Pavan convenceu a família que o esforço valeria a pena, e treinou Alisson por oito anos, formando o goleiro em uma escola que moldou com sucesso o atual preparador de goleiros da seleção, Taffarel.

 

Após teste em treino, Tite confirma Allan como titular no Brasil

Nesta quinta-feira, contra o Paraguai, às 21h30, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre, Alisson pode ser decisivo para o avanço da seleção às semifinais da Copa América. Há chance de disputa de pênaltis.

Há princípios que norteiam a formação colorada. Perfeccionista, ela abomina goleiros espalhafatosos e privilegia o posicionamento. Não é defender por defender.

— É muita ênfase no gesto técnico, defesa simples, trabalhando força e coordenação, que são fatores fundamentais para um goleiro hoje em dia — conta Alisson.

Um exemplo de sua técnica foi visto no amistoso contra o Uruguai, ano passado: ele evitou ser encoberto por Cavani quase sem tirar os pés do chão.

LEIA TAMBÉM: Atrás da primeira coroa, Messi retorna ao estádio onde quase virou rei

Há um professor em comum na árvore genealógica de goleiros, que, além de Taffarel e Alisson, ainda tem Gilmar Rinaldi e André Döring, todos formados no Inter: Luiz Carlos Schneider. Por mais que Valdir de Moraes, também gaúcho, tenha sido pioneiro na profissão, Schneider é visto como o precursor dessa metodologia de trabalho. Preparador colorado nos anos 1980, não foi um goleiro tão brilhante, mas é tratado como o “paizão” da geração de profissionais que o sucedeu.

 

— Schneider batia muito bem na bola. Não tínhamos muitos recursos de treinamentos. “Lagartão” era bola no chão. “Pombo correio” era bola alta. O conselho dele era simplicidade. Ele me pegou logo no início, ele queria eu mantivesse os pés no chão. Segui o ensinamento durante toda minha carreira. No geral, a escola de goleiros brasileira é boa. A gaúcha é muito técnica, exigente, detalhista. Essa é a linha, não que ela seja mais que as outras, mas ela está em um bom nível — conta Taffarel, que trabalha com Alisson na seleção desde 2015.

Até chegar ao presente, a passagem do conhecimento remete a tempos sem escrita: uma mistura de empirismo, observação e dicas do “paizão” aos sucessores. Os preparadores reconhecem que o material teórico documentado é quase nulo. O cenário tem sido amenizado com o curso da CBF Academy para formar profissionais da área.

Falecido em 1999, Schneider era um consultor no Inter em meados da década de 1990. Ele já tinha sido levado por Taffarel para ser seu preparador particular no Parma e voltara ao time gaúcho para instruir o trabalho dos mais novos. Lá estavam Daniel Pavan e Rogério Maia, que viriam a ter participação no desenvolvimento de Alisson.

O garoto cresceu

Pavan é o atual preparador de goleiros do profissional do Inter e subiu com Alisson desde a base. Ele apostou no goleiro mesmo quando o menino não tinha maturação adequada: não era alto e ficava na reserva. A falta de perspectiva de sucesso foi um ingrediente a mais para que os pais decidissem não mandar o caçula de Novo Hamburgo a Porto Alegre para treinar (trajeto aproximado de 45 km). O estirão veio: o titular da seleção e do Liverpool tem hoje 1,92m de altura.

 

CONFIRA: Arthur sonha com primeiro gol pela seleção na Arena do Grêmio: 'Seria perfeito'

— Alisson sempre foi um goleiro de técnica nata. Primamos muito pela lapidação dos fundamentos. Até hoje aplicamos muitas coisas que foram implantadas pelo Schneider, com adaptações para o futebol atual, como o jogo com os pés — explica Daniel Pavan.

Rogério Maia, com cinco passagens pelo Inter, foi auxiliar de Taffarel na Copa da Rússia. Ele esteve recentemente com a seleção sub-23 no título do Torneio de Toulon. Embora discípulo de Schneider, Maia explica que as convocações não têm ligação com a origem do goleiro:

— Na seleção, é o momento. O lado gaúcho de ser não tem a ver com a seleção. Até porque há muitos profissionais desenvolvendo um bom trabalho em clubes das Séries A e B. Ao mesmo tempo, não adianta ensinar bem e não escolher bem o goleiro — comentou.

Os 'mandamentos'

Depois de conversar com profissionais envolvidos na preparação de goleiros, o GLOBO montou uma espécie de mandamentos da formação de goleiros. Alguns são comuns a outros estilos de trabalho, mas há muito do DNA inserido por Schneider.

1 - Não defenda por defender. Tenha o gesto técnico perfeito.

2 - Não farás para ti defesas espalhafatosas, com saltos desnecessários. Preze pelo simples.

 

3 - Não espalmarás bolas em vão. Busque a defesa segura.

4 - Lembra-te do teu treinador para o orgulhar. Seja o primeiro a chegar e o último a sair.

5 - Honre o teu time para que se prolongue os dias no gramado que o seu treinador te dá.

6 - Não brincarás com a bola no pé.

7 - Não sairás em falso.

8 - Não adulterarás o posicionamento devido no gol. Busque a melhor colocação.

9 - Não reclamarás de exigência ou perfeccionismo do treinador.

10 - Não cobiçarás lugar de destaque, sendo protagonista por comportamento chamativo.


O Globo quarta, 26 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: EVERTON CEBOLINHA BRILHA

 

Everton Cebolinha brilha sob os olhares do futebol europeu

Grêmio espera fim da competição para ouvir propostas pelo atacante da seleção, destaque da Copa América
 
 
Everton virou titular do Brasil na terceira partida na Copa América Foto: Freelancer / Agência O Globo
Everton virou titular do Brasil na terceira partida na Copa América Foto: Freelancer / Agência O Globo
 
 
 

PORTO ALEGRE — Filipe Luís foi bem direto ao ser perguntado se via futuro para Everton Cebolinha na Europa: “Ele está pronto”. O que Grêmio e seu representante agora aguardam é o desenrolar da Copa América para saberem se e por quanto ele fará essa transferência para o futebol do Velho Continente. O Fortaleza, a 3.200 km de distância de Porto Alegre, esfrega as mãos e vê cifrões a cada gol do atacante, autor de dois na competição.

 

Everton desponta como a melhor possibilidade de negócio dentro da seleção: tem 23 anos, idade atraente para o mercado europeu, virou titular do técnico Tite e ainda atua em gramados brasileiros. Os direitos econômicos estão fatiados: 50% são do Grêmio, 10% seguem com o Fortaleza, que o vendeu ainda garoto, em 2013, e os outros 40% pertencem a empresários, incluindo seu representante, Gilmar Veloz. Em suma: é muita gente, além da torcida brasileira, cruzando os dedos pelo sucesso dele.

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Romildo Bolzan Júnior é um deles. O presidente do Grêmio sabe que uma proposta da Europa é iminente, mas não há pressa para negociá-lo. A ordem no tricolor gaúcho é fazer jogo duro, vender caro a perda técnica que a saída de Everton representaria. Seria precipitado fechar um preço por ele antes da Copa América.

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O destino sorriu para o atacante, que saiu do papel de coadjuvante com o corte de Neymar. Agora, há expectativa pelo que o restante da competição reserva.

— Nosso desejo é que ele permaneça. É um jogador pronto. Se tiver a possibilidade de sair, tem de ser algo vantajoso para o Grêmio e para o jogador. Se houver proposta, terá de ser excepcional — afirmou Bolzan.

 

Expectativa cearense

A relação entre o dirigente e o empresário Gilmar Veloz é próxima. Foi o representante quem ajudou a manter Cebolinha em Porto Alegre nos primeiros anos de mudança. O garoto, então com 17 anos, trocou a quente Fortaleza pela gelada capital gaúcha e sofreu menos graças ao suporte de Veloz. É ele quem filtra as primeiras sondagens que chegam — no ano passado, clubes ingleses procuraram informações a respeito do jogador.

O bom começo na Copa América faz com que fique em evidência novamente. Uma grande reportagem do “The Independent” apontou “Little Onion” como o responsável por trazer humor e alegria de volta à seleção.

— Conversamos antes da Copa América e combinamos que não falaríamos a respeito de nada durante a competição. Ele não quer saber. Mas posso garantir, o nome dele não está em evidência por causa de dois gols. E sim pelos cinco anos como profissional do Grêmio.

Ok, mas a Copa América pode inegavelmente levá-lo a outro patamar. Enquanto isso, lá de Fortaleza, o presidente Marcelo Paz mantém contato com a família do jogador, natural de Maracanaú, região metropolitana da capital cearense. Pela televisão, acompanha os passos do atacante que pode render milhões de reais aos cofres do clube, graças aos 10% dos direitos econômicos que o Fortaleza manteve seis anos atrás.

 

— Todo gol dele eu vibro. Ele tem um carinho pelo clube e a torcida gosta dele. O dinheiro da venda dele seria muito importante, mas é o Grêmio quem tem o poder de decidir sobre isso — disse Paz.


O Globo terça, 25 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: O QUE ESPERAR DO PARAGUAI

 

O que esperar do Paraguai, adversário do Brasil nas quartas da Copa América

Sem vitórias na competição, equipe mantém tradição de bons nomes defensivos e deve jogar no 4-5-1
 
 
Gustavo Gomez é zagueiro do Palmeiras e capitão do Paraguai Foto: EDGARD GARRIDO / REUTERS
Gustavo Gomez é zagueiro do Palmeiras e capitão do Paraguai Foto: EDGARD GARRIDO / REUTERS
 
 

Tem sido regra os adversários da seleção brasileira de Tite recuarem as linhas, darem o campo e a bola para os pentacampeões e esperarem uma brecha para o contra-ataque. Quando a equipe em questão é a seleção do Paraguai, que já tem um gosto pelo jogo defensivo, pode ter certeza: uma retranca é o que está por vir nas quartas de final da Copa América, quinta-feira, em Porto Alegre.

 

Há outros motivos que levam à conclusão parecida. O Paraguai já enfrentou dois tipos de seleções na competição. Quando estreou contra o Qatar e sofreu para empatar em 2 a 2, jogou no 4-2-3-1.  Depois, enfrentou as favoritas Argentina e Colômbia mais recuado, em um 4-5-1 para lá de cauteloso. Não teria razão para ser diferente contra o Brasil, atuando na casa do adversário.

Além disso, o receio de enfrentar o Brasil já se materializou. A intenção da CBF era enfrentar a seleção guarani em um dos amistosos preparatórios para a competição. O técnico Eduardo Berrizo, ainda no início do trabalho, preferiu recusar o convite para não expor sua seleção a um resultado adverso, e a equipe de Tite teve de jogar contra Honduras. Dessa vez, o Paraguai não terá como escapar.

Sendo assim, eis as armas da equipe. A seleção, campeã da Copa América em 1953 e 1979, aposta nos bons nomes defensivos. A começar por Gatito Fernández, goleiro do Botafogo e há duas temporadas um dos melhores da posição no Campeonato Brasileiro. Outro nome conhecido na retaguarda é o de Gustavo Gomez, que atualmente defende o Palmeiras. Valbuena, que teve boa passagem pelo Corinthians, tem aparecido apenas no banco de reservas.

No setor ofensivo, González, que joga no Santos, é um dos responsáveis pela criação, ao lado de Romero. Na frente, a maior esperança de gols ainda é Cardozo, veterano de 36 anos, atualmente no Libertad. A falta de opções se reflete no desempenho da equipe. O Paraguai chegou às quartas de final sem vencer, com dois empates e uma derrota, e foi apenas a nona seleção que mais finalizou: o Japão, que sequer se classificou para as quartas de final da Copa América, conseguiu arriscar mais a gol.


O Globo segunda, 24 de junho de 2019

SELEÇÃO FEMININA DE FUTEBOL: MARTA DESABAFA E FAZ APELÇ

 

Após eliminação da seleção brasileira, Marta desabafa e faz apelo

'Chorem no começo, para sorrirem no fim', disse a maior artilheira da história das Copas do Mundo
 
 
Marta fica desolada com eliminação do Brasil para a França Foto: Fotoarena / Agência O Globo
Marta fica desolada com eliminação do Brasil para a França Foto: Fotoarena / Agência O Globo
 
 
 

LE HAVRE - Após a derrota por 2 a 1 para a França, na prorrogação, que eliminou o Brasil da Copa do Mundo Feminina nas oitavas de final , a craque Marta desabafou e fez um pedido à próxima geração de jogadoras da seleção brasileira.

Sem citar alguém especificamente, num recado às meninas da nova geração, exigiu mais profissionalismo.

 — Quando digo isso é querer mais, treinar mais, estar pronta para jogar 90 e mais 30 minutos e mais quantos minutos forem necessários. É isso que peço para as meninas. Não vai ter uma Formiga para sempre, não vai ter uma Marta para sempre, não vai ter uma Cristiane. O futebol feminino depende de vocês para sobreviver. Então pensem nisso, valorizem mais. Chorem no começo para sorrir no fim — pediu a craque, que ainda alfinetou a ex-técnica da seleção Emily Lima:

 — Para quem disse que eu não tinha condições de jogar, joguei mais de 100 minutos.

Que sigam o exemplo do trio citado acima. Marta, aos 110 minutos, deu um pique na esquerda e levou o Brasil mais uma vez ao ataque na tentativa de empatar o jogo na prorrogação; Cristiane correu mais de 9 quilômetros até sair com cãimbras; Formiga, que vinha de lesão, não ficou muito atrás. Cerca de 8,5km da jogadora que mais participou de Copas do Mundo - sete no total.

 

 

De quem entrou em campo não faltou luta, dizem as jogadoras. Num jogo que, de véspera, os franceses davam como ganho facilmente, levar à prorrogação é uma amostra de que o Brasil ainda tem qualidade. Thaísa deu um belo toque para empatar o jogo, que teve o placar aberto por Gauvin, escorando a bola, no início do segundo tempo. Ver Debinha e Bia quase marcar o segundo gol nos momentos finais também é um exemplo disso.

Mas também a falta de pernas e um estilo de jogo consistente provam que a  derrota com o gol de Amandine Henry, no segundo tempo da prorrogação, não é mero acaso. A seleção feminina ficou para trás no percurso das mulheres no futebol. Maior vigor físico, consciência tática e investimento fizeram França, Itália, Espanha, entre outras equipes, se igualar e até passar o Brasil.

-Precisamos de uma liga brasileira forte e investimento na base. Vamos ter um campeonato sub-20, eu acho, só agora. É só olhar para essas seleções, as italianas jogam quase todas lá, as francesas também… - analisou a meia Andressa Alves. 

Fato que as francesas sentiram a pressão de jogar em casa, e, por vezes, cometeram erros por puro nervosismo. Ainda assim a equipe bem treinada por Corinne Diacre conseguiu imprimir seus conceitos táticos e o entrosamento necessário que evita um desgaste físico maior.

 

 

 


O Globo domingo, 23 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: JOGO BRASIL X PERU

 

O Brasil não goleou o Peru porque se transformou do dia para a noite

Time teve bons momentos, mas circunstâncias do jogo foram muito favoráveis
 
 
Willian comemora com Firmino o quinto gol do Brasil sobre o Peru Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Willian comemora com Firmino o quinto gol do Brasil sobre o Peru Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
 
 
 

Seria muito cômodo pegar carona num 5 a 0 para decretar que a seleção brasileira resolveu todas as interrogações que a cercam e se transformou num novo time. Mas não é justo fazê-lo. Primeiro, porque o mundo real é um meio caminho entre a depressão e a euforia. O Brasil  vive um processo que envolve mudanças na forma de jogar e trocas de jogadores que já alteraram meia equipe titular. E uma mudança tão radical não aconteceria da noite para o dia. É irreal.

Qualquer análise precisa levar em conta que o Brasil chegou aos 2 a 0 após 20 minutos absolutamente atípicos. O time não era confortável com a posse de bola, o Peru impunha dificuldades, tinha volume e era até um pouco superior. Mas um gol saído de um córner e o lance um tanto bizarro do goleiro Gallese, aproveitado com um misto de inteligência, persistência e categoria por Roberto Firmino, mudaram a cara da partida. Daí em diante, a seleção fez muitos movimentos interessantes com a bola, criou jogadas, teve lances vistosos. Mas fez tudo isso diante de um rival bem menos intenso e que oferecia mais espaços. Antes do jogo, havia o consenso de que a seleção precisava melhorar sua capacidade de atacar defesas  fechadas, adversários posicionados perto da própria área. Este teste não foi feito  diante dos peruanos.

Tite manteve a aposta num ataque mais posicional, ou seja, com zonas do campo que deveriam ser ocupadas por determinados  jogadores. Novidades na escalação, Éverton jogava bem aberto na esquerda, Gabriel Jesus partia da  direita e Firmino do centro. Quando o time se instalava em campo ofensivo, Jesus buscava a área, de onde Firmino recuava para ajudar na articulação. Eventualmente, Daniel ocupava a ponta. Mas os dois primeiros gols vieram antes que este jogo fluísse. O início brasileiro contra a Venezuela, por exemplo, exibira um  rival mais dominado, mais submetido ao jogo da seleção. Mas o gol não saiu. E, quando isto ocorre, a tendência é o jogo se complicar. Contra o Peru, os gols vieram cedo.

Mas por que o Brasil deixou tão boas sensações após abrir vantagem? Não foi apenas porque o Peru afrouxou a marcação e, em alguns momentos, se adiantou dando espaços para a seleção acelerar. Isto ocorreu, como no lance em que Coutinho achou Éverton às costas da defesa e o Brasil quase fez o que seria o terceiro gol. Mas houve também movimentos um tanto diferentes das duas primeiras partidas e que funcionaram bem. Só o futuro dirá o quanto as circunstâncias  convidativas foram determinantes.

 
 

Foi ótimo o entendimento pela direita entre Daniel Alves, Gabriel Jesus, a aproximação de Roberto Firmino e as chegadas de Arthur para criar trocas de passes. Outra mudança importante foi o entendimento entre Arthur e Coutinho. O ex-gremista, embora siga iniciando a construção alguns metros atrás, conseguia progredir junto com o time. Além disso, ele e Coutinho em diversos momentos romperam a rigidez de posicionamento: inverteram lados do campo, por vezes buscaram o mesmo lado e se aproximaram para dialogar, permitiram que a troca de passes fluísse mais. O time não se partia entre o quarteto ofensivo e os demais. Ter mais  companhia para dialogar fez Philippe Coutinho ser mais efetivo no jogo, embora a marcação mais frágil do Peru o tenha deixado menos "encaixotado" entre as linhas adversárias.

Além disso, para ser um ponta fixo pela esquerda, como Tite deseja, Éverton se mostra  mais à vontade. Pela direita, o treinador quer um ponta que busque a área, por isso optou por Jesus. As características casavam mais com os objetivos do treinador.

Há outras observações individuais a fazer. Primeiro, o jogo reafirma o quanto será difícil substituir Daniel Alves num futuro próximo,  em especial nas tarefas ofensivas. É capaz de buscar o meio para ser mais um organizador, eventualmente busca o lado do campo ou mostra técnica e inteligência para fazer jogadas como a do  quarto gol, aproveitando o pivô de Firmino e infiltrando na defesa rival.

 

Por falar em Roberto Firmino, é brutal sua capacidade de gerar jogo para os companheiros.  Na seleção, não dispõe de colegas tão habituados a ele quanto no Liverpool, onde cada movimento de saída da área pressupõe  a infiltração de Salah ou Mané. Mas algumas jogadas começam a sair a partir de sua inteligência de jogo. Em dados momentos, buscou o meio e trocou passes como mais um articulador. Em outros, foi para a ponta e inverteu com Jesus. Sem contar os espaços que abre para penetrações. Sem falar no quanto Arthur faz a troca de passes fluir.

Lógico que não se pode desconstruir uma goleada a esta altura. Há qualidade técnica para produzir momentos vistosos, bonitos.  Torná-los constantes depende de tempo, maturação de um time. Hoje, a seleção está em meio a um processo. Seu desafio é repetir os melhores  momentos deste sábado em contextos menos favoráveis.


O Globo sábado, 22 de junho de 2019

SELEÇÃO BRASILEIRA: PHILIPPE COUTINHO E SUA ROTINA NÔMADE NA SELEÇÃO

 

Philippe Coutinho e sua rotina de nômade na seleção

Jogador é esperança de bom futebol para o Brasil contra o Peru sem jogar na posição que o consagrou
 
Philippe Coutinho já atuou em quatro posições diferentes na seleção treinada por Tite Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
Philippe Coutinho já atuou em quatro posições diferentes na seleção treinada por Tite
Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
 
 
 

Recai sobre um corpo de 1,72m e 68kg a maior cobrança por desempenho da seleção brasileira. O tímido Philippe Coutinho entrará em campo neste sábádo, às 16h, para enfrentar o Peru, na Arena Corinthians, lidando silenciosamente com a pressão de ser a referência na ausência de Neymar, mesmo sem ter a condição ideal para isso.

Contra o Peru, ele jogará pela quinta vez seguida como meia centralizado, nova posição que Tite encontrou para ele de olho na Copa América. O treinador tem os dedos cruzados para que o desempenho do camisa 11 melhore, mesmo com o pouco tempo para adaptá-lo ao novo esquema — na atual preparação, foram 20 sessões de treino para tal, conta que inclui atividades regenerativas.

— Estou satisfeito, mas ele pode melhorar, como toda a equipe. Colocar o peso todo sobre um jogador é injusto — ressaltou Tite na coletiva antes do jogo.

Em três anos de seleção sob o comando de Tite, é a quarta posição diferente em que o técnico experimenta o jogador do Barcelona, um nômade nas mudanças táticas que o treinador implementa. Das 30 partidas em que Coutinho começou como titular, em cinco ele atuou na posição em que se consagrou: aberto pela esquerda.

No Liverpool e no Barcelona optou-se por escalá-lo onde o jogador fez fama, de onde parte para fazer sua jogada característica: o corte para o meio, a abertura de espaço para a perna direita e a finalização da entrada da área. Na última temporada na Espanha, foi titular 38 vezes. Em 34, atuou aberto pela esquerda. Detalhe: Ernesto Valverde começou o Espanhol escalando o jogador quatro vezes como meia, bem parecido como ele atuou na Copa da Rússia. No quinto jogo, desistiu.

 
Como Coutinho já foi posicionado em campo desde que Tite assumiu a seleção Foto: Arte
Como Coutinho já foi posicionado em campo desde que Tite assumiu a seleção Foto: Arte
 
 

Everton e Jesus titulares

Quando pode contar com Neymar, Tite não se dá ao luxo de barrar Coutinho. Por isso deslocou o jogador para a ponta direita durante as Eliminatórias para a Copa do Mundo. No setor, ele atuou dez vezes. Depois, quando Renato Augusto caiu de produção, o técnico vislumbrou no camisa 11 a alternativa para o meio. Foram mais 11 partidas de Philippe Coutinho na função, o que se prolongou até o último jogo antes da convocação para a Copa América.

Para a partida deste sábado, contra os peruanos, Coutinho seguirá no meio, com liberdade para subir entre o ponta esquerda e o centroavante. Mesmo sem Neymar, que visitou a concentração ontem, Tite prefere escalar outro jogador aberto. O escolhido da vez foi Everton, que deverá jogar no lugar de David Neres. Outra mudança será Gabriel Jesus na vaga de Richarlison. Firmino segue como atacante centralizado.

Para se classificar em primeiro do Grupo A sem depender de ninguém, a seleção precisa vencer o Peru.


O Globo sexta, 21 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: GABRIEL JESUS E CEBOLINHA PODEM ENTRAR NO ATAQUE

 

Pressionada, seleção flerta com mudanças no ataque: Gabriel Jesus e Cebolinha

Tite se vê diante de um time ainda em dívida na parte ofensiva e pode mudar contra o Peru
 
 
Gabriel Jesus, atacante da seleção Foto: RODOLFO BUHRER / REUTERS
Gabriel Jesus, atacante da seleção Foto: RODOLFO BUHRER / REUTERS
 
 
 

Um tem o apelo dos números, o lado racional. O outro conta com o clamor da arquibancada, a voz da emoção. Seja pelo critério que for, Gabriel Jesus e Everton se tornaram candidatos à seleção titular na partida deste sábado, contra o Peru, na Arena Corinthians. Firmino, David Neres e até Richarlison) estão ameaçados pela pressão por mudanças no ataque verde-amarelo.

 Após empate com a Venezuela, o Brasil entrará em campo tentando saldar dívidas de bom futebol, e Tite parece disposto a reagir com até duas mudanças por motivos técnicos.

O treino de hoje ajudará a tirar as dúvidas do técnico. Mas só a atual disposição de abrir mão do conservadorismo habitual nas alterações é um sinal de que a seleção vive ambiente de mudanças.

Após a Copa do Mundo, Tite indicou que uma das liçõesde torneios de tiro curto era a de ser menos reticente diante dos problemas.

Gabriel Jesus recuperou-se do desempenho ruim na Rússia, resgatou a autoestima e fez com que a comissão voltasse a olhá-lo com mais carinho. Os números não são tão díspares aos de Firmino em 2019. Mas o desempenho ruim do ataque no empate com os venezuelanos motiva Tite a mudar.

— Estamos contentes com o Gabriel Jesus, o lado anímico dele melhorou — celebrou Tite após a goleada sobre Honduras.

Tanto Gabriel quanto Firmino estiveram em campo por ocasião de nove dos 16 gols assinalados pela seleção este ano. Só que Jesus foi responsável por marcar cinco deles, enquanto Firmino só fez dois. E olha que o atacante do Liverpool esteve mais tempo em campo do que o colega do City: em minutos, o placar é 337 a 263. Firmino, ao mesmo tempo, tem uma assistência no ano, enquanto Jesus não colaborou neste quesito.

 
Everton entrou bem nas duas partidas, marcou belo gol contra a Bolívia, e conta com a arquibancada. Na Fonte Nova, teve o apelido de Cebolinha gritado.

Enquanto Everton ascende neste início de Copa América, David Neres conseguiu impressionar mais nos amistosos que antecederam a competição. Foi bem contra República Tcheca, melhor ainda diante da frágil seleção de Honduras, mas ficou devendo contra a Venezuela.

— Quem entra tem se saído melhor que o titular. É um caso aberto — disse Tite.


O Globo quinta, 20 de junho de 2019

SELEÇÃO FEMININA DE FUTEBOL: À ESPERA DO ADVERSÁRIO DAS OITAVAS

 

Seleção feminina ainda na espera pelo adversário das oitavas; Veja cenários

França é o rival provável na próxima fase. Time pega a Alemanha apenas se Camarões (ou Nova Zelândia) e Chile se classificarem
 
 
Seleção aguarda resultados de outros grupos para conhecer suas próximas adversárias Foto: PHILIPPE HUGUEN / AFP
Seleção aguarda resultados de outros grupos para conhecer suas próximas adversárias
Foto: PHILIPPE HUGUEN / AFP

A seleção feminina dormiu novamente em Lille sem saber quem será a adversária nas oitavas de final. Havia a expectativa de que o destino do Brasil se confirmasse na quarta-feira, com os jogos do Grupo D. Mas o 3 a 3 entre Escócia e Argentina adiou o início da preparação da equipe, que ganhou sua primeira folga no Mundial.

 

As chances de enfrentar a França continuam enormes. As combinações mais prováveis levam o Brasil ao encontro das anfitriãs. No momento, o caminho é esse. Hoje, Nigéria e Argentina seriam as duas piores terceiras colocadas com direito a vaga. Neste cenário, com as classificadas vindas dos Grupos A e D, de acordo com o regulamento, o Brasil cai na chave das francesas, e jogará no domingo, em Le Havre, às 16h (de Brasília).

Há outro cenário que mantém o confronto entre brasileiras e francesas na próxima fase: basta ninguém ultrapassar as nigerianas, que terminaram a primeira fase com três pontos e menos dois gols de saldo. Só quem pode fazer isso é Camarões ou Nova Zelândia, que jogam nesta quinta-feira, às 13h, e o Chile, que enfrenta a Tailândia, goleada por Estados Unidos e Suécia nos dois primeiros jogos, às 18h.

Esperança chilena

No caso de Camarões, uma vitória disciplinada tiraria as nigerianas. Empatariam em tudo, mas as camaronesas ficariam com a vaga pelo número menor de cartões.

Já a Nova Zelândia precisa vencer por dois gols de diferença para ultrapassar Camarões no saldo e número de gols marcados. O empate entre elas coloca a Argentina nas oitavas e já confirma Brasil e França antes mesmo dos últimos jogos da primeira fase começarem.

 

Para enfrentar a Alemanha, no sábado, em Grenoble, só o resultado combinado que classifique em terceiro lugar uma seleção do Grupo E (Camarões ou Nova Zelândia) e do Grupo F (Chile) ao mesmo tempo.

As chilenas, matematicamente, teriam a vida mais complicada, já que precisam vencer por três gols de diferença para tirar a Nigéria. Porém, são as que têm mais chances de conseguir a classificação. As tailandesas levaram 18 gols (13 dos Estados Unidos e cinco da Suécia). Um 3 a 0 não parece façanha distante.


O Globo quarta, 19 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: BRASIL JOGA MAL E EMPATA COM A VENEZUELA

 

Brasil joga mal, esbarra na Venezuela e no VAR, e fica no empate

 

Seleção tem dois gols anulados graças ao recurso do vídeo, outro pelo árbitro sozinho, e sai vaiada da Fonte Nova
 
 
Jesus corre para comemorar o gol que seria anulado pelo árbitro Foto: Guito Moreto
Jesus corre para comemorar o gol que seria anulado pelo árbitro Foto: Guito Moreto
 
 
 

A passagem da seleção brasileira pelo Nordeste foi uma festa junina sem graça. No arraiá da Fonte Nova, a tônica foi: Olha o gol! É mentira!

Foram três comemorações interrompidas por parte da torcida verde e amarela na segunda rodada da Copa América, contra a Venezuela. Duas com a intervenção do VAR. Pela letra fria da lei, o 0 a 0 foi justo, mas ao mesmo tempo muito frustrante diante da expectativa de que o time de Tite pudesse, cumprindo as regras, alcançar a segunda vitória no torneio.

 

O Brasil encontrou um ambiente muito mais acolhedor em Salvador do que na estreia em São Paulo. Mas a seleção não correspondeu, em que pese tenha chegado ao ataque a ponte de ter três gols anulados. O empate liga o sinal de alerta em relação à dificuldade de fazer o goleiro adversário trabalhar.

Falta de posse de bola não foi problema. E Richarlison chegou perto de abrir o placar no primeiro tempo, mas o Brasil ficou devendo.

No segundo tempo, já com Gabriel Jesus substituindo Richarlison, a comemoração de “alô, mãe” foi frustrada porque a arbitragem identificou impedimento de Firmino na jogada.

A frustração de Philippe Coutinho no empate sem gols na Fonte Nova Foto: Freelancer / Agência O Globo
A frustração de Philippe Coutinho no empate sem gols na Fonte Nova Foto: Freelancer / Agência O Globo

 Vendo o jogo travado, a torcida perdeu a paciência e voltou a vaiar. Para completar, Everton, que entrou bem na partida, fez grande jogada e cruzou para Philippe Coutinho marcar. Gol novamente anulado por impedimento.


O Globo terça, 18 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: ARTHUR

 

Arthur, a chave para entender uma seleção que se transforma

 

Volta do volante do Barcelona pode consolidar nova forma de jogar do time de Tite
 
 
 
 
 
 

SALVADOR - Há quem fale em  “organismos vivos” para definir times de futebol, no sentido de que estes necessitam estar em permanente adaptação. Seja porque adversários o desvendam, seja porque seus jogadores oscilam em forma física ou técnica. Nesta terça-feira, enfrenta a Venezuela, na Fonte Nova, às 21h30m, uma seleção brasileira que vive na Copa América mais uma etapa de uma mudança que, silenciosamente, é mais drástica do que se imagina. Tite não anunciou o time, mas deverá ter de volta um jogador que é chave para entender boa parte das transformações atuais, inclusive de sistema tático: Arthur.

 

O volante do Barcelona é vital no equilíbrio da seleção: não impede que Daniel Alves tenha certa liberdade para construir jogadas e permite que Philippe Coutinho seja um meia mais avançado.

— Arthur encontra muitas saídas, é o primeiro passe para achar os jogadores de meio-campo e de frente. Ele dá muita muita construção de jogadas — disse Tite.

Tite foi cobrado por não promover uma renovação mais profunda após a derrota na Rússia. Mas, hoje, restam apenas cinco titulares da equipe base das eliminatórias, formada em 2016, quando Tite assumiu: Alisson, Daniel, Marquinhos, Casemiro e Coutinho.

Mudança pós-Copa

Tudo começa no 4-1-4-1, com Paulinho e Renato Augusto como meias centrais e Coutinho partindo da ponta direita, que funcionou de imediato. Mas, perto da Copa da Rússia, lesão e queda de forma de Renato Augusto fizeram Tite ter que se mover. Ele tentou manter o sistema, levando Coutinho para o meio-campo, na vaga de Renato. O hoje jogador do Barcelona não teve o mesmo rendimento e, especialmente pelo lado esquerdo, o time perdeu consistência. A função exigia que Coutinho cobrisse uma porção muito grande de campo.

Reequilibrar o meio foi o dever de casa pós-Copa. E Arthur despontava como o meio-campista raro no Brasil: passe, organização de jogo e certa ajuda defensiva. Mas num amistoso contra o Panamá, percebeu que manter o 4-1-4-1, tendo Arthur como um dos meias centrias, o fazia receber a bola mais avançado,entre as linhas defensivas do adversário. O que não é cômodo para um jogador que prefere iniciar jogadas, ver o jogo de frente. Daí a ideia de fazê-lo retroceder alguns metros. O time se aproximou do 4-2-3-1, esquema pouco habitual na carreira de Tite, com Arthur mais perto de Casemiro.

Daniel Alves segue com segurança para construir jogadas, Arthur ocupa sua faixa preferida e Coutinho se torna um meia mais central, mais perto da área rival, onde é mais decisivo. E cobre área menor de campo.

— Temos meias versáteis, cada um com sua característica. Em todas elas, a ideia é Coutinho ter mais liberdade — emendou Tite.

Fim dos problemas? Nem tanto, porque a lesão de Arthur no amistoso com Honduras limitou os testes. Ver o time funcionar bem nesta terça-feira cedaria a Tite enorme alívio.


O Globo segunda, 17 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: CAVANI. SUÁREZ E LODEIRO

 

Cavani e Suárez marcam, mas Lodeiro é destaque na goleada do Uruguai contra o Equado

Com facilidade e com o seu surpreendente camisa 7 inspirado, equipe celeste goleia por 4 a 0 na estreia na Copa América
 
Lodeiro comemorando o gol marcado pelo Uruguai Foto: DOUGLAS MAGNO / AFP
Lodeiro comemorando o gol marcado pelo Uruguai Foto: DOUGLAS MAGNO / AFP
 
 
 De todos as nações que compõem a Conmebol, Uruguai e Equador são os menores, em termos de tamanho territorial.  Maiores vencedores da Copa América até hoje - com 16 títulos - os uruguaios provam, ano após ano, e voltaram a fazer neste domingo, no Mineirão, ao vencerem com facilidade o Equador por 4 a 0, que tamanho do país não é documento para ser vencedor no futebol.
 
Cultura, estrutura ou até a sorte. O que fica no ar é o motivo principal de uma nação pequenininha feito o Uruguai ter tanto a contar e a mostrar em campo, geração após geração, e outra não muito maior ter tão pouco como a equatoriana. Enquanto o Uruguai e seus 176 mil metros quadrados já levantou duas Copas do Mundo e tem no elenco nomes com Suárez e Cavani, o Equador nunca revelou um jogador do mesmo nível.

Houve um brilho inesperado que decidiu o jogo de ontem no Mineirão nos primeiros 20 minutos. E se era imprevisto, a tendência era que fosse bom para o Equador, claro azarão. Mas foi do lado uruguaio: em vez de de Cavani ou Suárez, quem decidiu o jogo foi Nicolás Lodeiro e seu novo visual, com o cabelo platinado.

O meia, com passagens discretas pelo futebol brasileiro - o melhor momento foi no Botafogo - é o titular do Uruguai, no lugar do rubro-negro Arrascaeta, o jogador mais caro da história do Flamengo, algo de difícil para a compreensão para a torcida brasileira. Mas o técnico Oscar Tabárez prefere assim porque o seu 4-4-2 pretende municiar e dar liberdade às estrelas da equipe - os atacantes - e o meio campo necessita, para isso, de muita intensidade e e recomposição defensiva.

Intensidade Lodeiro teve ao brigar pela bola, dar um chapéu e finalizar bem para abrir o placar, logo aos cinco minutos do primeiro tempo. A recomposição defensiva apareceu minutos depois, do outro lado do campo, quando apareceu minando uma das poucas tentativas do Equador. Não bastasse, ainda brigou por uma bola no alto, em lance que abriu seu supercílio aos 20 minutos, mas que resultou na expulsão do lateral Quintero, do Equador, só aos 23, porque o juiz brasileiro Anderson Daronco precisou do auxílio do VAR para tomar a decisão.


O Globo domingo, 16 de junho de 2019

MACHADO DE ASSIS CHEGA AOS 180 ANOS

 

Machado de Assis chega aos 180 anos, e jovens o descobrem negro e do morro

Nascido em bairro pobre do Rio, escritor inspira superação de barreiras sociais e raciais
 
 
Grafite em homenagem ao escritor brasileiro Machado de Asis, perto da casa em que teria nascido, na Ladeira do Livramento Foto: GABRIEL MONTEIRO / Agência O Globo
Grafite em homenagem ao escritor brasileiro Machado de Asis, perto da casa em que teria nascido, na Ladeira do Livramento
Foto: GABRIEL MONTEIRO / Agência O Globo
 
 
 

RIO — A aula acontece nas ladeiras do Morro do Livramento, ao pé da Providência, no Centro do Rio. É ali, diante de uma casa parcialmente demolida, que Pedro Guilherme Freire explica: antes de virar o Bruxo do Cosme Velho, celebrado na Academia e nos salões, Joaquim Maria Machado de Assis foi um garoto pobre do Livramento. Exatamente como muitos de seus alunos. A iniciativa de Freire, professor do Colégio Estadual Caic Tiradentes, na Zona Portuária , reflete um esforço para reconfigurar a imagem do maior escritor do Brasil.

 

No mês passado, a campanha “Machado de Assis Real” lançou a “primeira errata feita para corrigir o racismo na literatura brasileira”. E recriou a foto clássica do autor, ressaltando suas feições negras . Também criou um movimento para que as editoras deixem de comercializar livros em que o escritor apareça embranquecido. E saiu a campo para encorajar novos escritores negros. Nascido há 180 anos (a data do aniversário é na próxima sexta, 21), o Machado “real” ainda pega muita gente de surpresa.

Como os alunos do professor Freire, que não faziam ideia de que o fundador da Academia Brasileira de Letras era filho de um pintor de paredes negro com uma lavadeira branca, e não pôde concluir os estudos porque precisou se sustentar desde cedo. A visita ao local em que o autor de “Dom Casmurro” teria nascido faz parte do projeto “Nossa escola, meu lugar, nossas histórias: etnografia e memória social da área portuária”.

— É importante dar destaque a esse Machado menos conhecido, que morou no Livramento — diz Freire, que também fundou um curso de pré-vestibular gratuito na região, com o nome do escritor. — Em vários aspectos, ele se parece com os jovens atuais da região, em sua maioria pobres e negros, que acabam largando a escola porque são obrigados a trabalhar cedo.

 

Também professora da rede pública e conselheira consultiva do Museu de História e Cultura Afro-Brasileira, Elen Ferreira conta que seus alunos negros “ficam desconcertados quando descobrem que Machado de Assis tinha a mesma cor que eles.

— Ver um rosto negro como protagonista da História em sala de aula é algo novo — argumenta ela.

Nascida ali mesmo, na zona portuária, e idealizadora do projeto Pretinhas Leitoras, que promove rodas de leitura para meninas da região, Elen tenta trazer Machado para a realidade de seus alunos, criando paralelos:

— Ele está aí há quase 200 anos, e só agora conseguimos fazer essa relação com os alunos. Além do mais, essa postura ainda é restrita a poucos espaços sociais. Outro problema é ver Machado como um exemplo de meritocracia, achar que todos os jovens daqui podem ser iguais a ele se quiserem, quando na verdade sua trajetória é uma exceção.

Imóvel onde Machado de Assis teria nascido (laranja e branco), na Ladeira do Livramento, Centro do Rio Foto: Marcelo Piu / 10-03-2013
Imóvel onde Machado de Assis teria nascido (laranja e branco), na Ladeira do Livramento, Centro do Rio
Foto: Marcelo Piu / 10-03-2013

Morador da Providência, Luan Domingos da Silva, 25 anos, só foi descobrir que tinha a mesma origem do Bruxo aos 18, quando ingressou no pré-vestibular Machado de Assis. Como o “conterrâneo”, ele teve dificuldade para se manter na escola, equilibrando trabalho e estudos.

 

— Tive aulas na Providência, mas os professores não traziam esse contexto, de um Machado daqui — diz Luan, que está concluindo o curso de Geografia na Uerj. — Saber que ele morava aqui e era negro, como a maioria dos alunos, nos aproximou dele, além de nos dar uma referência. A gente sabe que ele foi uma exceção. Mas, como muita gente aqui, estava tentando mudar seu destino. Foi assim que percebi que a universidade, tão perto fisicamente, poderia estar perto também do imaginário.

O Livramento de Machado, porém, era um bocado diferente do de Luan. A violência, por exemplo, não chegava a preocupar. A região era uma grande chácara e, acima, no morro da Providência, a favela nem existia ainda. Mas a área já era segregada. Não por acaso, uma das metáforas mais fortes da obra do autor é a “ilha”, como lembra o escritor Silviano Santiago, autor do romance “Machado”, sobre a velhice do Bruxo.

Machado de Assis em foto clássica do século XIX (esq.) e na versão da campanha Machado Real Foto: Divulgação / Agência O GLOBO
Machado de Assis em foto clássica do século XIX (esq.) e na versão da campanha Machado Real
Foto: Divulgação / Agência O GLOBO

Negro numa sociedade escravocrata, Machado teve que inventar, segundo Santiago, um “projeto existencial” só seu para ascender socialmente. Também contou com algumas oportunidades pouco comuns para alguém de seu meio, como pais que sabiam ler e escrever, e a proximidade com pessoas que puderam lhe ensinar outros idiomas, como latim e francês. Um misto de sorte e genialidade, que o fizeram ser um ponto fora da curva.

 

— Ele teve que se resolver por conta própria: já que não tinha apoio da escola nem do Estado, empurrou a si mesmo —diz Santiago. — Mas é importante lembrar que estamos falando de um gênio.

Quase 200 anos depois, a trajetória do Bruxo inspira o estudante Charles Gomes, 21 anos, que cursa o pré-vestibular Machado de Assis. Morador da Providência e sonha em fazer faculdade de Geografia, coisa que nem imaginava anos atrás.

— A mentalidade racista está na nossa própria casa, a gente é criado para achar que só serve para o trabalho braçal — conta Charles. — A gente acha que o museu perto da Providência não é para nós, que a biblioteca não é para nós. Mesmo quando é gratuito, achamos que é pago. Está tão perto e ao mesmo tempo tão distante. É como se a cultura não fosse para nós. Ninguém fala, mas a gente sente.


O Globo sábado, 15 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: O BRASIL VENCE A BOLÍVIA

 

Coutinho e Everton marcam, e Brasil vence a Bolívia na estreia na Copa América

Em noite de atuação burocrática da seleção, camisa 11 mostra que pode ser decisivo como Neymar
 
 
Coutinho celebra com Richarlison e David Neres Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Coutinho celebra com Richarlison e David Neres Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
 
 

SÃO PAULO - O que vai ser do Brasil sem seu camisa 10 na Copa América era a pergunta que se fazia depois do corte de Neymar. A seleção se dispôs a olhar para frente e viu diante de si a 11 de Philippe Coutinho.Mais livre do que nunca, mais presente na área do que Tite jamais havia ousado em fazer, ele deu conta do recado. Foi do meia dois gols da vitória sobre a Bolívia por 3 a 0, no Morumbi, numa noite de espasmos de bom futebol e silêncio teatral das arquibancadas.

 

Foi como uma corrente contagiante. A CBF, estimulada pela celebração dos 100 anos do primeiro título sul-americano do Brasil, colocou a seleção de branco, cor do uniforme na época, e trabalhou sua comunicação de forma retrô, em preto e branco e falso desbotado. O problema é que em campo os pentacampeões seguiram a mesma linha em boa parte da partida, jogaram em câmera lenta, como se estivessem em um filme do antigo e saudoso Canal 100.

A torcida seguiu no embalo e assistiu ao jogo com o silêncio de quem ouve uma ópera ou assiste à troca de bolas numa partida de tênis. Só abriu mesmo a boca no intervalo para vair o desempenho da equipe de Tite, escalada inicialmente com Casemiro e Fernandinho em linha, em um esquema 4-2-3-1 que logo foi abandonado. Ao perceber que a equipe não criava, o treinador soltou o volante do Manchester City e tentou aumentar a criatividade no meio de campo.

 

Mas em termos de construção ninguém foi mais decisivo do que Roberto Firmino. Solto para se movimentar como faz no Liverpool, abriu espaços para Philippe Coutinho entrar na área. Na volta para o segundo tempo, logo conseguiu ser decisivo. Aos 3 minutos, descolou ótimo passe para Richarlison, que finalizou. A bola bateu na mão do zagueiro boliviano, o que a arbitragem só conseguiu ver depois de recorrer ao VAR. Philippe Coutinho, que herdou de Neymar o posto de cobrador, bateu com frieza para abrir o placar: 1 a 0 Brasil.

 O camisa 20 seguia inspirado. Em uma de suas várias quedas para os lados da grande área, recebeu a bola e caprichou no cruzamento. Philippe Coutinho, dentro da pequena área como se fosse um atacante, só precisou escorar para ampliar o placar para a seleção.

Depois disso, Tite mexeu na equipe, o que não teve muito efeito. A Bolívia também seguiu a mesma, incapaz de levar qualquer perigo ao gol de Alisson. O ponto alto da noite, para ele, foram os gritos de lindo que ouvia da arquibancada cada vez que batia o tiro de meta.

Nada mais aconteceria se não fosse o talento individual de Everton, que entrou no lugar de David Neres. Aos 39 minutos, fez bela jogada e marcou um golaço para satisfazer os mais de 47 mil torcedores no Morumbi. Acabou a partida, a torcida aplaudiu e as caixas de som colocaram um jazz para tocar. Uma síntese da noite.


O Globo sexta, 14 de junho de 2019

COPA AMÉRICA NO BRASIL, UM TORNEIO PARA VER E SER VISTO

 

Copa América no Brasil, um torneio para ver e ser visto

Dos 276 jogadores que disputarão o torneio, 40% já estão em times europeus
 
 
Jogadores da Bolívia treinam no Morumbi antes da estreia diante do Brasil Foto: PEDRO UGARTE / AFP
Jogadores da Bolívia treinam no Morumbi antes da estreia diante do Brasil Foto: PEDRO UGARTE / AFP
 
 
 

Assim que o último dos quatro jogos que fechavam a nona rodada do Campeonato Brasileiro, na quinta-feira, terminou, o torneio nacional entrou em compasso de espera. Ao menos em campo. A próxima partida é só daqui a exato um mês, no dia 14 de julho, uma semana depois do fim da Copa América, que começa nesta sexta-feira em São Paulo com o confronto entre Brasil e Bolívia, às 21h30. Engana-se, porém, quem pensa que os clubes ficarão parados. E não estamos falando de treinos para acertos táticos durante o recesso.

 

— A Copa América é um campo de observação. Estarão os melhores dos países participantes e, pelo fato de ser no Brasil, teremos oportunidade de acompanhar alguns jogos in loco, o que é ainda melhor para fazermos uma análise mais aprofundada — explica Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, que já tem um colombiano e um uruguaio no elenco e não descarta a contratação de outros gringos para o segundo semestre.

Olho no Equador

De acordo com Marcelo, o mercado de jogadores estrangeiros, especialmente sul-americanos, vive uma crescente no Brasil, e os números mostram que ele está certo. Hoje, são 66 estrangeiros em 18 times brasileiros da Série A (só Bahia e Ceará têm elenco 100% nacionais), sendo que 63 deles são naturais de países que disputarão a Copa América.

Existe, claro, uma elite: só 13 atletas do Brasileirão estão de fato convocados para a competição. Três brasileiros e outros dez jogadores de seis seleções diferentes.

— A Copa América será uma grande vitrine para a observação de atletas estrangeiros, mas o ideal seria contratá-los antes de chegarem a este nível, pois o mercado europeu certamente será mais atuante — pondera Rui Costa, diretor de futebol do Atlético-MG.

Há, porém, as barbadas do mercado que podem surgir para quem souber ver potenciais bons negócios. E a dica, talvez, seja ficar de olho nas seleções menos badaladas.

 

— Eu ficaria atento à seleção equatoriana — revela Rui, sem entregar quem ele quer observar na equipe que estreia contra o Uruguai no domingo, pertinho da Cidade do Galo, no Mineirão.

— Antes, olhávamos mais para Argentina e Uruguai; de uns anos para cá conseguimos ampliar nossos horizontes. Também estamos conseguindo aprimorar mais a busca pelas informações, podendo assim chegar antes dos clubes europeus no momento da negociação com esses atletas — diz o dirigente.

Rede de contatos

Dos 276 jogadores que disputarão o torneio, 40% já estão em times europeus, mas 33% ainda atuam na América do Sul. Uma minoria joga em times do México e dos Estados Unidos (15%) e da Ásia (12%).

—As equipes de analistas aumentaram de uns anos para cá. As redes de contatos também, em especial de profissionais confiáveis — afirma o presidente do Fortaleza.

De acordo com o dirigente, nomes importantes, com algumas Copas América no currículo, ajudam na captação de informações:

—Temos aí Lugano, Aristizábal, Paulo Autuori, pessoas do mundo do futebol que tiveram passagens importantes pelo futebol sul-americano. Basta uma consulta e eles passam informações confiáveis sobre os atletas que atuam fora do país.

A janela de transferências abre para a vinda de jogadores que estão fora do país no dia 1º de julho, no meio da Copa América.

 

 


O Globo quinta, 13 de junho de 2019

MARTA E CRISTIANE PODEM RETOMAR PARCERIA NESTA QUINTA-FEIRA, CONTRA A AUSTRÁLIA

 

Marta e Cristiane podem retomar parceria nesta quinta, contra Austrália

Desfalque na estreia, camisa 10 pode retornar
 
 
Marta sorri no último treino do Brasil antes do jogo diante da Austrália Foto: Assessoria / CBF
Marta sorri no último treino do Brasil antes do jogo diante da Austrália Foto: Assessoria / CBF
 
 
 

Pilares dão sustentação. E o Brasil tem dois que ajudam a manter a seleção de pé há 16 anos: Marta e Cristiane. Nesta quirta-feira, a expectativa é de que a dupla retome a parceria contra a Austrália, às 13h, em Montpellier, na segunda partida do Grupo C da Copa do Mundo da França. A presença delas em campo é essencial para um bom resultado. E a seleção precisa da vitória para praticamente garantir vaga nas oitavas de final (a classificação se confirma em caso de derrota da Jamaica para a Itália, amanhã).

 

Na longa jornada que as atacantes já trilharam juntas com a camisa do Brasil, o sucesso, na maioria das vezes, tem sido garantido. Com ambas em campo (de início ou ao longo da partida), a seleção, em jogos oficiais ou não, venceu 76 das 106 partidas. Ou seja, quase 72% de aproveitamento.

A importância da dupla artilheira se traduz em mais números. Marcaram 149 (Marta fez 84 e Cristiane, 65) dos 285 gols do time com a presença delas — mais da metade. Em apenas três vezes, o Brasil passou em branco com a dupla em campo.

Não é para fazer média com as veteranas que as companheiras insistem em afirmar: elas fazem a diferença.

Sem qualquer sinal de inveja, mas sim de admiração, nenhuma delas parece se importar se o time for Marta, Cristiane e mais nove.

—Há mais chances de fazer gol. A Marta e a Cristiane são as duas principais jogadoras —disse Andressa Alves.

Dentro da trajetória das goleadoras, alguns períodos se destacam, principalmente a partir de 2006, quando elas passaram a formar, na maior parte do tempo, o ataque titular. A dupla conquistou a medalha de prata em nos Jogos de Atenas-2004 e Pequim-2008, ouro no Pan-Americano de 2007, além de inúmeros campeonatos sul-americanos.

As atacantes, porém, não jogam juntas desde abril do ano passado. Coincidentemente ou não, a ausência de Cristiane, por diversos problemas físicos, aconteceu pouco antes do período de jejum da seleção: foram nove partidas sem vencer.

Na França, a atacante já teve seu retorno triunfal com os três gols da vitória sobre a Jamaica na estreia do Mundial. Porém, sem tirar o mérito de Cristiane, que mostrou faro de gol, elas sabem que o adversário era fraco.

Confronto clássico

Agora, a expectativa da estreia de Marta na Copa do Mundo, depois de quase 20 dias de recuperação de lesão muscular, se dá numa situação distinta. A Austrália, antes de começar a Copa, era considerada favorita do Grupo C — e também na briga pelo título. A derrota para a Itália a deixa num momento de tudo ou nada.

A presença da melhor do mundo vai ser decidida horas antes do jogo, segundo o técnico Vadão. Mas ele deu pistas de que a camisa 10 joga. A goleira Bárbara confirmou que, se depender de Marta, ela estará em campo.

— Ela disse que está tudo bem, vai para o jogo e está 100%. Nos dias que ficou tratando e fazendo trabalho físico, conseguiu dar o máximo, e não está atrás das outras jogadoras (fisicamente) — afirma a goleira.

A rivalidade entre as seleções também pede a experiência da dupla de ataque. Se no histórico do confronto, que já virou um clássico, há equilíbrio, no passado recente o Brasil não teve o que comemorar. Foram quatro derrotas nos últimos quatro jogos.

 

— A Cristiane está aqui porque o Vadão insistiu, confia muito nela. Sabíamos que havia tempo para recuperar a Marta. São jogadoras que não se dispensa — disse o coordenador das seleções femininas da CBF, Marco Aurélio Cunha.


O Globo quarta, 12 de junho de 2019

RECEITA AFRODISÍACA PARA O DIA DOS NAMORADOS

 

Pedro Benoliel ensina receita afrodisíaca para surpreender no Dia dos Namorados

Aprenda a fazer o curry de camarão e ostras do apresentador do programa 'Tempero na mochila'
 
 
Curry de camarão e ostras, do chef Pedro Benoliel, para o Dia dos Namorados Foto: Divulgação
Curry de camarão e ostras, do chef Pedro Benoliel, para o Dia dos Namorados Foto: Divulgação
 
 
 

Na véspera do Dia dos Namorados, o chef e apresentador do programa "Tempero na mochila", Pedro Benoliel, ensina uma receita afrodisíaca de curry de camarão e ostras para surpreender a sua cara metade e apimentar a relação.

Leia também: Henrique Fogaça ensina receita do Sal Gastronomia para o Dia dos Namorados

Curry de camarão e ostras, do chef Pedro Benoliel, para o Dia dos Namorados Foto: Divulgação
Curry de camarão e ostras, do chef Pedro Benoliel, para o Dia dos Namorados Foto: Divulgação

- A ostra, o camarão e a pimenta do curry são ingredientes para dar um toque de erotismo na história - diz Pedro, ensinando o passo a passo da receita. - É uma sopa de leite de coco com curry e frutos do mar e da terra. Um vinho branco acompanha muito bem. 

Pedro Benoliel ensina receita para surpreender no Dia dos Namorados Foto: Divulgação
Pedro Benoliel ensina receita para surpreender no Dia dos Namorados Foto: Divulgação

 

Ingredientes:

  • 6 unidades de ostra
  • 300g de camarão
  • 2 colheres de sopa de curry vermelho
  • 500ml de leite de coco
  • 50g de coentro
  • 50g amendoim
  • 100g de shiitake
  • 100g de tofu
  • 1 punhado de capim-limão fresco
  • 30ml de nam plá
  • 4 unidades de alho
  • 50ml de azeite extra virgem
  • 1 limão
  • 1 cebola
  • Sal
  • Pimenta

Modo de preparo:

  • Aquecer o leite de coco em fogo baixo com o capim-limão dentro.
  • Depois que o capim-limão liberar seu aroma, retirar o capim-limão  e dissolver o curry vermelho em pasta.
  •  Adicionar o nam plá depois que o fogo já estiver desligado.
  • Limpar o camarão e as ostras.
  • Picar o cogumelo em brunoise (em quadradinhos) e grelhar com alho e azeite extra virgem, temperar com sal, pimenta e 1/2 limão.
  • Grelhar o pedaço de tofu com azeite extra virgem, temperar com sal e pimenta e depois de brunoise.
  • Picar a cebola em brunoise (em quadradinhos), grelhar com sal e pimenta com azeite extra virgem.
  • Temperar o camarão com 1/2 limão, alho e sal e pimenta, e grelhar com azeite extra virgem.
  • Grelhar a ostra somente de um lado, não precisa colocar sal.
  • Assar o amendoim no forno até ele ficar dourado.
  • Picar o coentro.
  •  Aquecer o curry vermelho com leite de coco, adicionar o camarão grelhado, o shiitake, tofu, amendoim, cebola, coentro e sal.

Modo de servir:

  • Colocar em um bowl com todos os ingredientes e adicionar a ostra ao final.
  • Sirva com arroz basmati, quinoa ou couscous.

O Globo terça, 11 de junho de 2019

APRENDA A COMBINAR QUEIJOS E VINHOS PORTUGUESES

 

Aprenda a combinar queijos e vinhos portugueses

Escolhemos seis queijos portugueses com denominação de origem para combinar com seis vinhos, em uma viagem de descoberta de histórias e sabores
 
 
Queijo de Nisa e queijo amarelo da Beira Baixa Foto: rui gaudencio / PUBLICO / rui gaudencio/Público
Queijo de Nisa e queijo amarelo da Beira Baixa Foto: rui gaudencio / PUBLICO / rui gaudencio/Público
 
 
 

Se olharmos para o mapa de Portugal continental e identificarmos as principais regiões produtoras de queijos com Denominação de Origem Protegida (DOP), vemos uma espécie de fronteira: no litoral não há nenhum queijo deste tipo, todos estão concentrados no interior do país, mais próximo da Espanha. Há, contudo, uma exceção, o Queijo de Azeitão, produzido na região de Setúbal, ao sul de Lisboa.

 

As regiões de produção de queijo são, naturalmente, aquelas onde existe mais gado, neste caso ovelhas e cabras, já que o queijo feito a partir de leite de vaca é produzido nas ilhas dos Açores, onde se destaca o excepcional queijo de São Jorge (também DOP). Mas a história dos queijos dos Açores é muito diferente e já iremos, neste texto, conhecer melhor o São Jorge.

No continente, tudo começa naquela que se tornou a mais célebre região queijeira de Portugal, a Serra da Estrela. É aí que nasce a tradição do queijo de leite de ovelha de pasta mole, coagulado com cardo, que depois irá se espalhar por outras regiões portuguesas. A seguir, vamos conhecer as histórias de seis queijos DOP portugueses e os vinhos para combinar com eles.

Queijo Serra da Estrela

As mais antigas referências ao Queijo Serra da Estrela são do século XII. Era nas ricas pastagens da serra que o gado, as ovelhas da raça bordaleira e/ou churra mondegueira, se alimentava. Isso foi (e continua a ser ainda hoje, para o queijo DOP) um dos fatores determinantes para as características desta iguaria de pasta semimole, amanteigada.

O outro fator que marca o Queijo Serra da Estrela é a utilização do cardo para fazer a coagulação — trata-se dos espinhos pouco afiados e de cor roxa de uma planta que nasce selvagem nos campos. Cortados nos meses de verão, são postos para secar e, depois de desfeitos e diluídos em um pouco de líquido, são usados para a coagulação do leite — tradicionalmente, o queijo fazia-se apenas nos meses frios.

 

O processo de fabrico deste queijo de leite cru é simples. O leite chega às queijarias, são adicionados o sal e o cardo, e deixado coagulando. Em seguida, a coalhada é cortada à mão e os queijeiros (geralmente mulheres) começam a trabalhar a pasta, retirando-lhe gradualmente o soro (que é aproveitado para o requeijão) e dando-lhe a forma redonda.

Por fim, após a prensagem, a pasta é deixada curando, sendo que este é um queijo amanteigado, pelo que, em geral, a cura prolonga-se entre 60 e 120 dias, em locais com temperatura e umidade controladas. No final, ele deve ter uma consistência mole mas sem entornar. Não deve ser comido de colher, mas sim em fatias.

Queijo Serpa

Para perceber como um queijo em muito semelhante ao da Serra da Estrela surge em Serpa, no Baixo Alentejo (a área de produção abrange 12 concelhos), temos que regressar à história da produção de gado. Se durante o verão a serra tinha pastagens ótimas, no inverno os pastores viam-se obrigados a procurar alimentação para as ovelhas em zonas menos frias. Iniciavam a migração, descendo para sul, até ao Alentejo, para onde levavam os conhecimentos que tinham já do fabrico do queijo.

Por isso, quando visitamos uma queijaria na área de Serpa (antigamente chamadas de rouparias pela quantidade de panos utilizados por vezes para ajudar a retirar o soro e também para fazer as cintas do queijo, permitindo que ele mantenha a forma durante a cura, e ainda para o fabrico do requeijão. Esses panos eram depois postos a secar no exterior da queijaria), assistimos a um processo idêntico ao da Serra.

 

No final, o resultado é um queijo também de pasta mole, com sabor um pouco mais intenso e picante do que o da Serra da Estrela, com uma ligeira acidez dada pelo cardo, de uma cor amarela clara e poucos furinhos.

LEIA TAMBÉM: Barca Velha e Pêra-Manca: dois vinhos com nomes excêntricos

Queijo de Nisa

Outro herdeiro da tradição de queijo de ovelha nascida na Serra da Estrela, o Queijo de Nisa DOP (Nisa situa-se no Alto Alentejo) tem, contudo, algumas características próprias. É feito com leite de ovelhas da raça Merino Branca, posteriormente coagulado com o mesmo cardo utilizado na Serra e, como vimos, no Queijo de Serpa. Ao contrário deste, contudo, é menor, tem uma pasta semidura e um tempo de maturação que terá que ultrapassar os 45 dias. Tradicionalmente, era conservado em talhas de barro com azeite.

Uma das coroas de glória do Queijo de Nisa é o fato de figurar entre os 100 melhores queijos do mundo, em uma escolha da revista “Wine Spectator", que o considerou especialmente indicado para ser acompanhado por vinho.

Queijo de Évora

Estamos ainda no Alentejo, agora a meio caminho entre Serpa e Nisa. Também em Évora existe um queijo de ovelha DOP, feito com leite de animais da raça merino e, mais uma vez, com a utilização do cardo para obter a coagulação. De tamanho menor que o da Serra da Estrela ou o de Serpa, este é, tal como o de Nisa, um queijo de pasta semidura ou dura (tem um tempo de maturação mínimo de 30 dias para a primeira e 90 para a segunda), ligeiramente quebradiça, amarelo claro, de sabor intenso, salgado e picante com alguma acidez.

Tal como os outros queijos regionais, este teve no passado grande importância para a economia desta região, sendo um alimento essencial para os mais pobres, que frequentemente recebiam queijo e outros alimentos como parte do seu salário. Duas curiosidades: tradicionalmente, no início do processo, o leite é filtrado usando-se panos previamente salgados. Em seguida é aquecido a fogo de lenha.

Queijo Picante da Beira Baixa

Há, na região da Beira Baixa, próximo de Castelo Branco, no centro de Portugal, três queijos DOP: o Amarelo (queijo de ovelha curado quando não é DOP), o Picante (que na sua versão não certificada se chama “queimoso”) e o de Castelo Branco. Esta região, mais próxima da Serra da Estrela do que o Alentejo, recebia também os rebanhos da Serra quando nesta o frio começava a apertar e a comida a escassear nas pastagens.

Uma diferença relativamente ao Alentejo é que aqui era muito mais habitual ter rebanhos de ovelhas e de cabras pastando em conjunto, o que significa que muitas vezes o leite acabava por ser de mistura entre as duas raças, sendo, como se sabe, o leite de ovelha mais gordo e o de cabra com maior acidez. Uma segunda diferença tem a ver com o coalho utilizado, que no caso do Amarelo e do Picante é animal e não vegetal como acontece nos queijos nos quais se usa o cardo.


O Globo segunda, 10 de junho de 2019

SELEÇÃO BRASILEIRA FAZ SETE EM HONDURAS

 

Seleção brasileira faz sete em Honduras no último teste antes da Copa América

Primeiro jogo desde o corte de Neymar tem farra de gols em Porto Alegre
 
 
ES Porto Alegre, RS 09/06/2019 FUTEBOL - COPA AMÉRICA 2019 - Jogo amistoso preparativo para a Copa América 2019. BRASIL x Honduras, no Estádio Beira Rio, em Porto Alegre, RS.Gol do Gabriel Jesus. Foto Guito Moreto / Agência O Globo Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
ES Porto Alegre, RS 09/06/2019 FUTEBOL - COPA AMÉRICA 2019 - Jogo amistoso preparativo para a Copa América 2019. BRASIL x Honduras, no Estádio Beira Rio, em Porto Alegre, RS.Gol do Gabriel Jesus. Foto Guito Moreto / Agência O Globo Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
 
 
 

Foi um fácil, muito fácil encerramento de preparação para a Copa América. Na primeira versão da seleção brasileira definitivamente sem Neymar, o saldo foi um passeio diante da fraca Honduras, no Beira-Rio, em Porto Alegre. A goleada por 7 a 0 não pode ser motivo para euforia excessiva, diante da debilidade do oponente — que ficou com um a menos desde o primeiro tempo. Mas aponta uma postura corajosa da seleção brasileira, que não tirou o pé do acelerador e construiu um placar muito elástico.

 

O próximo desafio já será com a pressão de corresponder à expectativa pela condição de anfitrião da Copa América: sexta-feira, às 21h30, no Morumbi, em São Paulo.

A atuação coletiva diante de Honduras foi irreparável. Mas quem mais se destacou nesse passeio brasileiro foi Gabriel Jesus, com dois gols. O atacante coloca uma pontinha de dúvida na cabeça de Tite em relação à titularidade, já que o treinador começou a preparação vendo Firmino como dono da posição. Gabriel já chegou ao terceiro jogo seguido balançando as redes pela seleção — ele fez dois contra a República Tcheca e um contra o Qatar.

O camisa 9 fez parte de uma engrenagem ofensiva muito dinâmica, cujos integrantes mostraram muita desenvoltura e nem sentiram falta de Neymar.

O Brasil procurou o gol desde o início, colocando Honduras na parede. A contribuição ofensiva de Daniel Alves mais uma vez fez a diferença. Na jogada do primeiro gol, foi ele quem serviu Gabriel Jesus, após boa combinação com Richarlison. Esse lado direito já tinha se mostrado eficaz contra o Qatar.

Tite não escondia a felicidade à beira do campo. O segundo gol contribuiu para justificar a postura. Thiago Silva aumentou a contagem em um lance muito trabalhado pela comissão técnica: nas bolas paradas, o zagueiro ataca o primeiro poste e chega como uma flecha. Funcionou na Copa, contra a Sérvia, quase deu certo contra a Bélgica e voltou dar frutos diante de Honduras.

 

Arthur machucado

A nota preocupante da partida ficou por conta de Arthur. O volante saiu aos 31 minutos do primeiro tempo, após sofrer uma falta dura que rendeu um cartão vermelho direto para Quioto. Com dores no joelho direito, Arthur iniciou tratamento ainda no vestiário. A CBF, que na semana passada cortou Neymar, não deu previsão de exame para verificar a gravidade.

Com a expulsão, o jogo ganhou definitivamente cara de treino — não só pelo silêncio das arquibancadas, quebrado eventualmente por alguma defesa de Alisson ou pelos vários gols que vieram a seguir. Foram apenas 16.521 torcedores no Beira-Rio. A ausência de Neymar e o preço do ingresso (o mais barato a R$ 80) podem ajudar a explicar.

Coutinho fez o terceiro gol ainda no primeiro tempo, de pênalti. O quarto foi de Jesus. O quinto veio depois de uma arrancada espetacular de David Neres, que finalizou com extrema frieza. O sexto foi de Firmino, e o sétimo saiu com Richarlison. Uma farra, que permitiu a Tite testar algumas variações táticas. Agora resta esperar para ver se tudo vai dar certo na hora necessária: a corrida pelo título continental.


O Globo domingo, 09 de junho de 2019

MODELO ELOISA FONTES É ENCONTRADA PERAMBULANDO EM CIDADE PRÓXIMA A NOVA IORQUE

 

Modelo Eloisa Fontes é encontrada perambulando em cidade próxima a Nova York

Alagoana foi levada por um policial americano para hospital de White Plains; seu estado de saúde é estável
 
Modelo Eloisa Fontes é encontrada na cidade de Nova York Foto: Reprodução
Modelo Eloisa Fontes é encontrada na cidade de Nova York Foto: Reprodução
 
 
 

Após cinco dias de desaparecimento, a modelo alagoana Eloisa Pinto Fontes, de 25 anos, foi encontrada na tarde deste sábado . Segundo testemunhas, ela estava andando, visivelmente desorientada, em uma rua de White Plains, cidade do estado de Nova York que fica a cerca de 30 minutos de trem do centro de Mahanttan. Um transeunte a encontrou na rua e chamou a polícia, que a identificou. Eloisa foi levada para um hospital de White Planis. O seu estado de saúde é considerado estável.

 

LEIA: 'Eloisa é uma modelo responsável que, infelizmente, pode estar passando por problemas pessoais', diz agente, último a ter contato com Eloisa Fontes em Nova York

Representada pela Agência Marilyn de Nova York, ela estava na cidade americana fazendo alguns trabalhos e foi vista pela última vez ao sair da agência, na Union Square, na manhã da terça-feira, dia 4.

O booker e agente da modelo, há um ano e três meses, foi o último a ter contato com a alagoana, antes do desaparecimento dela. Os dois estiveram juntos e conversaram no escritório da Agência Marilyn. De lá, ela teria ido ao Consulado Brasileiro, que fica próximo à Grand Central Station, para tirar um passaporte novo, pois havia perdido sua bolsa com todos os documentos e telefone celular na sexta-feira anterior.

A modelo estava morando nos Estados Unidos desde fevereiro. Nascida em uma cidade pequena no interior de Alagoas, a modelo deixou oito irmãos no Brasil para tentar, desde muito jovem, carreira como modelo no exterior. Ela foi casada e tem uma filha, Azzurra, com o modelo e produtor executivo russo Andre Birleanu, de 41 anos. Os dois se conheceram em 2012, em São Paulo, e se casaram em 2014. Ele — que ficou conhecido pela sua participação no programa americano "America's most smartest model" — tem a guarda da criança.

 

Ela já fez capas para revistas conceituadas como "Elle", "Grazia" e "Glamour", além de campanhas para grifes como Dolce & Gabbana. "Eloisa é uma modelo responsável que, infelizmente, pode estar passando por problemas pessoais. Eu realmente espero que a gente consiga encontrá-la", disse o booker na ocasião, antes dela ser encontrada.


O Globo sábado, 08 de junho de 2019

SELEÇÃO BRASILEIRA: A VIDA SEM NEYMAR

 

A vida sem Neymar: seleção tem boas notícias após perder atacante por lesão

Campeões europeus chegam, Fagner evolui e Daniel Alves cuida de ambiente do grupo sem seu camisa 10
 
 
Seleção treina em Porto Alegre Foto: Pedro Martins / Pedro Martins / MowaPress
Seleção treina em Porto Alegre Foto: Pedro Martins / Pedro Martins / MowaPress

 

 

PORTO ALEGRE - Nem melhor, nem pior: apenas diferente. No primeiro dia de treinos da seleção brasileira desde que o atacante Neymar foi cortado por lesão no tornozelo direito, o clima era outro. Boas notícias desembarcaram em Porto Alegre e ampliaram o horizonte do grupo até a estreia na Copa América, dia 14, contra a Bolívia, no Morumbi. Antes, ele terá o amistoso contra Honduras, domingo, no Beira-Rio.

Na tarde desta sexta-feira, no centro de treinamento do Grêmio, o grupo começou a trabalhar com o goleiro Alisson e o atacante Roberto Firmino. Os dois estavam com o Liverpool e trazem com eles o título de campeões europeus na bagagem. Pela primeira vez o preparador Taffarel pode treinar com seus três goleiros. Tite finalmente pode ver em campo o centroavante que vislumbra como titular na competição.

O esforço para não cortar jogadores na Copa do Mundo, ano passado, foi grande, mas dessa vez o treinador não pode evitar. Tite foi obrigado a abrir mão de Neymar, ainda na madrugada de quarta para quinta-feira, mas pelo menos um segundo corte não parece ser uma ameaça tão grande no momento. Fagner, que vinha sentindo dores musculares há duas semanas, apareceu no campo pela primeira vez. Em trabalho de transição, calçou as chuteiras e chegou a dar alguns chutes na bola. Tudo indica que, até a estreia contra a Bolívia, terá condições de estar no banco de reservas.

Já o titular da lateral direita cumpriu um de seus principais papéis dentro do grupo de Tite. Daniel Alves é um dos líderes da equipe, ganhou a faixa de capitão de Neymar, e trabalhou para manter o bom ambiente mesmo depois do corte do amigo. Vieram dele as principais brincadeiras na roda de bobo, na corrida ao redor do campo. O treinador via a tudo de longe, com muitas conversas com os outros membros da comissão técnica.

 

O Globo sexta, 07 de junho de 2019

COPA DO MUNDO DA FRANÇA - SELEÇÃO BRASILEIRA FEMININA

 

GUIA DAS SELEÇÕES DA COPA DO MUNDO FEMININA FRANÇA-2019

Confira as histórias, as estrelas e os objetivos de cada seleção na competição que vai de 7 de junho e 7 de julho. Este conteúdo é uma parceria do GLOBO com a rede de especialistas do jornal The Guardian, do Reino Unido.

CRÉDITOS DA IMAGEM: FIFA

GRUPO CBRASIL

O GLOBO

A Copa do Mundo da França pode marcar o último ato de Marta no maior palco do seu esporte, a derradeira oportunidade de o Brasil desfrutar do talento da maior jogadora de todos os tempos numa campanha mundialista. Mas as previsões para o Brasil na França são bastante pessimistas.

Perda de protago- nismo é desafio psicológico a ser enfrentado

A geração que chega à Copa está farta de seus fracassos habituais e traumatizada por jamais ter alcançado um título de elite. O desafio psicólogico imposto ao time de Oswaldo Alvarez, o Vadão, é tremendo: sua equipe sabe que perdeu o protagonismo no cenário mundial. Não apenas se distanciou de seus rivais mais tradicionais como se viu superada por potências emergentes. É triste admitir, mas as brasileiras não são favoritas.

O histórico recente é tenebroso. Desde a conquista da Copa América, que garantiu em abril de 2018 a vaga no Mundial, as canarinhas ganharam apenas uma vez em 11 partidas e hoje vivem uma série ininterrupta de nove derrotas. Se antes a CBF dizia que a estratégia era fazer a equipe enfrentar adversárias fortes, como Japão, EUA e Austrália, derrotas para azarões como a Escócia (1 a 0) mudaram os planos: o Brasil será a única seleção que não terá disputado amistosos nas últimas duas datas Fifa anteriores ao Mundial.

Esse cenário preocupante piora diante da falta de orientação do time de Vadão. Nos amistosos, o técnico parecia experimentar ao acaso, escalando jogadoras em funções que elas jamais exerceram num antiquado e problemático 4-4-2 que mal consegue dar solidez à defesa e ainda afasta Marta da região onde consegue ser mais perigosa pelo Orlando Pride. O resultado é uma imensa dificuldade de encarar uma defesa bem postada.

Sem a consistência defensiva de Rafaelle, zagueira do Changchun Yatai-CHN que não se recuperou de uma cirurgia no joelho, Vadão preferiu Érika, experiente mas de baixa prestação. Time tem dificuldade de encarar uma defesa bem postadaO fantasma das contusões também assombrou o ataque, onde Bia Zaneratto (Hyundai Red Angels, da Coreia do Sul) fraturou a fíbula e perdeu os últimos amistosos. A atacante do São Paulo, Cristiane, também enfrentou problemas físicos e, aos 34 anos, decolou do Rio fazendo tratamento em pleno voo. Marta também sentiu dores na coxa esquerda, mas não parece assustar.

Por outro lado, a veterana Formiga esbanja saúde aos 41 anos e renovou seu contrato com o Paris Saint-Germain por mais duas temporadas. Ela vai disputar seu sétimo Mundial, combinando experiência com meninas recém-chegadas, como a atacante Geyse, de 20 anos, do Benfica-POR.

QUEM TREINA A SELEÇÃO

CRÉDITOS DA IMAGEM: FIFA

Oswaldo Alvarez, mais conhecido como Vadão, é um treinador de 62 anos cuja única experiência com o futebol feminino é na seleção brasileira. Vadão ganhou destaque no mercado nacional no começo da carreira, em 1992, quando treinou o modesto time do Mogi-Mirim, do Campeonato Paulista. Na época, Vadão imprimiu um estilo de jogo que rendeu ao time o apelido de "Carrossel Caipira", em alusão exagerada à seleção da Holanda de 1974. Aquela equipe, no entanto, serviu como trampolim para a carreira de Rivaldo. Vadão treinou times importantes no futebol brasileiro, como São Paulo e Corinthians, mas jamais conseguiu um título de expressão. Depois de rodar por equipes das divisões intermediárias, foi contratado em 2014 para assumir pela primeira vez a seleção feminina. Nessa primeira passagem, ele ficou no cargo por dois anos. No Mundial de 2015, foi eliminado nas oitavas de final. Na Rio-2016, ficou em quarto lugar. Vadão deixou o cargo ao fim de 2016, mas foi recontratado para substituir Emily Lima em 2017.

A ESTRELA DO TIME

CRÉDITOS DA IMAGEM: AFP

Os seis títulos de melhor jogadora do mundo colocam Marta no indiscutível posto de principal jogadora do Brasil. Por mais que o tempo passe e ela já tenha 33 anos, a superioridade técnica da camisa 10 e a falta do surgimento de uma jogadora com talento similar mantêm em Marta os holofotes da seleção brasileira. Não é mais a faiscante dribladora, capaz de correr o campo inteiro até fazer o gol, e nem precisa: aprendeu a jogar mais perto da área para aproveitar sua letalidade, embora o técnico Vadão às vezes lhe peça mais sacrifícios. Mas a alagoana ainda mantém sua essência, seu sonho de ser campeã do mundo, e é dos pés dela que a magia pode aparecer.

CURIOSIDADES

Filha de um caminhoneiro e de uma empregada doméstica em osasco, Cristiane frequentemente trocava as tarefas de casa, como lavar pratos, para jogar bola escondida com os meninos da rua – cabia a um deles ficar de vigia para quando a mãe chegasse – o que levou a matriarca a sempre checar se os pés dela estavam sujos. "Tudo era bola para mim", relembra ela, que arrancava as cabeças das bonecas para chutar pelos corredores. Num de seus primeiros clubes, ela tinha de caminhar 50 minutos todos os dias para chegar ao treino.

HISTÓRIA DO FUTEBOL FEMININO NO PAÍS

O futebol feminino foi proibido no Brasil por decreto presidencial, assinado por Getúlio Vargas em 1941. O argumento na época era que o esporte era uma atividade "incompatível com as condições da natureza feminina”. Embora a fiscalização não fosse tão intensa, a lei criou uma cultura subversiva em torno da modalidade, algo que tem resíduos até os dias de hoje, quarenta anos depois do fim do banimento. Só na década de 1980 os times das mulheres começaram a surgir, e a primeira competição nacional, a Taça Brasil, foi disputada de 1983 até 2003. Após intervalo de três anos, o torneio evoluiu para a Copa do Brasil, que ainda não dava às meninas um período satisfatório de atividade ao longo do ano.

O Brasileirão feminino surgiu em 2013 e tem evoluído de formato ao longo dos anos. Atualmente, os times masculinos da Série A são obrigados por regulamento da CBF a montarem equipes femininas. Já a seleção brasileira estreou oficialmente em 1986, contra Estados Unidos e China, mas levou dois anos para voltar a atuar, já na Copa do Mundo de 1988. O Brasil participou de todas os Mundiais até aqui e foi vice-campeão em 2007. A equipe tem duas medalhas de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004 e Pequim-2008.

QUEM VAI SURPREENDER

Na última temporada, a atacante Geyse marcou 48 gols em 27 jogos e tem apenas 21 anos. Atualmente joga no Benfica de Portugal. A fragilidade da segunda divisão portuguesa, na qual o clube dela joga, pode levantar dúvidas, já que as Encarnadas impõem placares bizarros, como 32 a 0 contra o Pego e 22 a 0 contra a União Almeirim. No entanto, deve-se considerar que Geyse também se mostrou perigosa no Sul-Americano sub-20, no qual foi artilheira com 12 gols.

OBJETIVO REALISTA

Embora o senso comum tenha se acostumado a favoritar seleções brasileiras em qualquer torneio, o retrospecto recente indica que alcançar as quartas já será um feito surpreendente. A projeção realista é oitavas de final, e a partir daí é lucro.

ORÇAMENTO ANUAL PARA A SELEÇÃO

Estrategicamente, a CBF não informa individualmente quanto gasta com a seleção feminina. A entidade junta essa despesa com todas as seleções de base, de ambos os gêneros. Em 2018, isso representou investimento de R$ 36,6 milhões. Para o Brasileirão feminino, a CBF destinou outros R$ 11,3 milhões. Já a seleção principal masculina, sozinha, gerou despesa de R$ 132,6 milhões.

JOGADORAS REGISTRADAS

3.239 jogadoras, segundo a CBF.


O Globo quinta, 06 de junho de 2019

SÉRGIO MALANDRO EM MIB - HOMENS DE PRETO INTERNACIONAL

 

Sérgio Mallandro faz participação em 'MIB: Homens de Preto – Internacional'

Ator, celebridade brasileira escolhida para fazer parte da versão local do filme, interpretará um alienígena infiltrado
Sérgio Mallandro invade o universo de
Sérgio Mallandro invade o universo de "MIB: Homens de Preto – Internacional" Foto: Divulgação
 
 
 

O humorista Sérgio Mallandroinvade o universo de " MIB: Homens de Preto – Internacional ", e faz uma participação no filme que estreia dia 13 de junho. A Sony Pictures confirmou a presença do ator, parte de uma iniciativa internacional em que alguns países foram selecionados para incluir celebridades locais em suas versões do filme dirigido por F. Gary Gray., como Austrália, Alemanha, México, França e Reino Unido. Na versão brasileira, Mallandro será um alienígena infiltrado na agência dos Homens de Preto.

 

O humorista gravou dois vídeos promocionais e participa de uma outra cena que foi inserida na primeira parte do filme. A escolha do nome do artista veio da Sony.

- Ele foi escolhido porque a gente queria uma personalidade brasileira que conversasse com a nossa cultura pop e que fizesse sentido no universo do filme. A brincadeira do Sérgio ser um alienígena infiltrado atende esses dois desejos - diz a diretora de marketing, Claudine Bayma.    

Tessa Thompson e Chris Hemsworth estão no elenco da nova aventura Foto: Giles Keyte
Tessa Thompson e Chris Hemsworth estão no elenco da nova aventura Foto: Giles Keyte

No vídeo promocional divulgado na tarde desta terça, 5 de junho, produzido pela Sony em parceria com a Conspiração, aparecem, além de Mallandro, Emma Thompson e Tessa Thompson, que fazem parte do elenco principal do filme. Em clima de piada, surge até o personagem "bilú", uma referência ao bordão "bilú teteia", do humorista.

No filme, os Homens de Preto tentam, mais uma vez, proteger a Terra da escória do universo. Na nova aventura, eles enfrentam a ameaça de um espião infiltrado na organização MIB.


O Globo quarta, 05 de junho de 2019

MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO DENUNCIA ROMÁRIO POR ATROPELAMENTO DE MOTOCICLISTA

 

Ministério Público do Rio denuncia Romário por atropelar motociclista na Barra

Senador atropelou motociclista, mas culpa foi assumida por assessor
 
 
O candidato ao governo do Rio do Podemos, Romário 06/08/2018 Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo
O candidato ao governo do Rio do Podemos, Romário 06/08/2018 Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo
 
 
 

BRASÍLIA — O Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ) denunciou o senador Romário(Pode-RJ) por ter adulterado a cena de um acidente de trânsitoem que houve um ferido, crime previsto no Código de Trânsito Brasileiro. O parlamentar, segundo a acusação, avançou um sinal e atropelou um motociclista na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, mas a culpa foi assumida por Marcelo Wagner, amigo e assessor parlamentar do senador.

 

De acordo com a denúncia, Romário aguardava o motociclista ser socorrido quando Marcelo Wagner apareceu no local, antes de a Polícia Militar chegar para registrar a ocorrência. O assessor, conhecido como Marcelo Tocão, disse aos policiais que estava dirigindo o carro no momento do acidente, o que foi confirmado pelo senador. Lotado no gabinete que Romário mantém no Rio, o auxiliar recebe R$ 22,9 mil mensais, em valores brutos, e é companhia frequente do senador — a viagem mais recente foi na Páscoa, para Cancún, no México.

A versão, no entanto, foi desmentida posteriormente por uma testemunha que presenciou a cena. Em depoimentos prestados à Polícia Civil e ao Ministério Público, ela sustentou que o motorista era Romário. A denúncia, assinada pelo promotor Márcio Almeida Ribeiro da Silva, afirma que “ambos (o senador e o assessor) dissimularam a dinâmica do acidente”. Ainda segundo a peça, “o denunciado (Romário) cometeu o crime para facilitar ou assegurar a impunidade de outro crime”.

 

A lei prevê detenção de seis meses a um ano, ou multa, para quem “inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz”.

Em setembro do ano passado, durante a campanha em que Romário concorreu ao governo do Rio, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), chegou a suspender o andamento do caso. Ele determinou que os autos fossem enviados à Corte, para que fosse definido em qual instância o procedimento deveria prosseguir — a defesa de Romário defendeu, à época, que a tramitação acontecesse no STF, em função do foro privilegiado do senador. Em novembro, Lewandowski devolveu o inquérito para o Tribunal de Justiça do Rio, argumentando que o fato não tinha relação com o mandato do senador.

Porsche apreendido

No momento do acidente, Romário dirigia, segundo o MP-RJ, um Porsche Macan, registrado em nome de sua irmã, Zoraidi Faria. No ano passado, o veículo, avaliado em R$ 350 mil, foi apreendido para ir a leilão e abater dívidas dele com um credor — a Justiça considerou que a documentação formal em nome de Zoraidi foi uma maneira encontrada pelo senador de evitar bloqueio de seus próprios bens.

 

Apesar de estar com a habilitação suspensa no momento do acidente, Romário não foi denunciado por essa irregularidade, também prevista no Código de Trânsito. No entendimento do MP-RJ, haveria crime caso a suspensão fosse decorrente de decisão da Justiça, não apenas de medida administrativa do Detran-RJ, como no caso do senador.

Procurado para comentar, Romário não respondeu. No ano passado, em entrevista à TV Globo, ele disse que sua participação no acidente era uma “fofoca” e que seu nome não aparecia no inquérito.


O Globo terça, 04 de junho de 2019

ADVOGADO DEIXOU CASO CONTRA NEYMAR POR DISCORDAR DA DENÚNCIA

 

Advogado deixou caso contra Neymar por discordar da denúncia

O escritório decidiu rescindir o contrato com a moça, e apresentou o documento de rescisão ao “Jornal Nacional”
 
 
Pai de Neymar, Neymar Silva Santos, confirmou o encontro com os advogados da mulher e disse que se tratava de tentativa de extorsão Foto: LUCAS FIGUEIREDO / AFP
Pai de Neymar, Neymar Silva Santos, confirmou o encontro com os advogados da mulher e disse que se tratava de tentativa de extorsão
Foto: LUCAS FIGUEIREDO / AFP
 
 
 

Uma nova leva de versões foi aberta ontem no caso em que Neymar é acusado de estupro . O “Jornal Nacional” revelou que o primeiro escritório de advocacia contratado pela denunciante rescindiu o contrato com ela por conta de uma diferença sobre a queixa que fariam contra Neymar em São Paulo.

Depois, porém, a mulher decidiu apresentar queixa por estupro. O escritório decidiu romper o contrato com a moça e apresentou o documento da rescisão ao “Jornal Nacional”.

“Ela relatou que relação mantida com Neymar Jr. foi consensual, mas que, durante o ato, ele havia se tornado uma pessoa violenta, agredindo-a, sendo esse o fato típico central (agressão) pelo qual ele deveria ser responsabilizado cível e criminalmente”, diz o teor.

Ao “Jornal Nacional", um dos advogados, José Edgard da Cunha Bueno Filho, afirmou que foi contra qualquer “medida bombástica".

No documento, o escritório afirma que se encontrou com o pai e dois advogados de Neymar na última quarta-feira. Ali, afirma-se que “foi rechaçada qualquer possibilidade de acordo extrajudicial na esfera cível por parte dos representantes de Neymar Jr., que menosprezaram o ocorrido.”


O Globo segunda, 03 de junho de 2019

ÚLTIMO DIA DE VINHOS DE PORTUGAL NO RIO - CONFIRA AS ATRAÇÕES

 

Confira as atrações do último dia de Vinhos de Portugal no Rio

Evento ainda terá edição paulistana, de 7 a 9 de junho
 
 
O espaço
O espaço "Vinhos com" onde acontecem conversas sobre temas em torno do vinho como gastronomia e sustentabilidade
Foto: Eduardo Uzal
 
 

A sexta edição do Vinhos de Portugal, que acontece no CasaShopping, termina hoje, mas ainda dá para aproveitar muito. São mais de 600 rótulos à prova no Salão de Degustação, onde quase 80 produtores da Terrinha apresentam suas novidades, conversam com o público e compartilham detalhes das suas vinícolas. Os ingressos para entrar no espaço estão à venda no site e também no próprio local.

— É um vinho aromático, mais tropical e bem prazeroso — conta Pedro, conhecido por ser um especialista em vinhos brancos orgânicos. — Produzo 100 mil garrafas por ano e prezo por pouca quantidade e muita qualidade. Estou adorando apresentar meus vinhos no evento. São pessoas curiosas e gentis. O brasileiro está muito interessado em Portugal.

Sobre a produção orgânica, pioneira em sua região, ele comenta:

— Nos dedicamos aos orgânicos desde 2005. Minha opção por essa produção foi por dois motivos: não há mais como agredir o meio ambiente. É fundamental protegê-lo. E os vinhos ficam melhores, mais puros e equilibrados, com uma mineralidade muito presente.

Luís Sottomayor, enólogo da Sogrape e responsável pelo Barca Velha, no Salão de Degustação do Vinhos de Portugal Foto: Eduardo Uzal
Luís Sottomayor, enólogo da Sogrape e responsável pelo Barca Velha, no Salão de Degustação do Vinhos de Portugal
Foto: Eduardo Uzal

Outra estreia de peso foi a de Luís Sottomayor, enólogo do famoso vinho Barca Velha, que terá uma aguardada degustação vertical na edição paulistana do Vinhos de Portugal, que começa na sexta-feira (7 de junho). Ele passou o dia no estande da Sogrape, tirando fotos e recebendo interessados em degustar seus vinhos.

 

— Me impressionei com a alegria dos brasileiros. Não me surpreendeu a vertical esgotar em minutos, afinal, o Barca Velha é o primeiro grande vinho português e mostramos garrafas raras.

O encontro Tomar um Copo, em que  especialistas e produtores conversam e degustam vinhos com o público durante 20 minutos, terá sessões especiais hoje. Luís Lopes comanda dois dos encontros sobre o Dão — um ao lado de Juliana Kelman, a carioca que se apaixonou pela região e faz vinhos elogiadíssimos, e outro com António Pina, da Cooperativa Penalva — e um sobre o Alentejo, com José Venâncio, da Herdade do Coteis. As entradas são gratuitas e começam a ser distribuídas com 20 minutos de antecedência.

No novo espaço Vinhos Com, um lounge aberto com palco, cadeiras e mesões compartilhados para mergulhar em assuntos que vão além das taças, a crítica de gastronomia do GLOBO, Luciana Fróes, participa de bate-papo com o chef português Luis Espadana, da Tasca da Esquina. Fechando o evento, às 19h30m, a cantora Adriana Calcanhotto se apresenta em um espetáculo intimista, em formato voz e violão.

— Vou fazer um pocket show . Faz muito tempo que vou a Portugal e, hoje em dia, o país está em tudo o que eu escrevo. Não tem como ser diferente. Comecei a me aproximar do vinho porque estudo Portugal romano, e a origem do vinho por lá aconteceu para abastecer o exército romano. Ainda há alguns lugares de vinhos no Alentejo que são dessa época — conta Calcanhotto.

 

Degustação concorrida

O sábado de céu nublado deixou o Vinhos de Portugal ainda mais gostoso para experimentar taças de vinhos de todas as regiões lusas. O evento ficou lotado por um público animado e com sede de entender ainda mais sobre o assunto. Ontem também foi o dia da Prova Especial mais concorrida: a degustação vertical de Pêra-Manca tinto. Guiada pelo crítico de vinhos do “Valor”, Jorge Lucki, e pelo enólogo Pedro Baptista, a sessão teve suas entradas esgotadas em menos de uma hora no dia em que as vendas começaram, há semanas. No encontro, foram degustados rótulos dos anos 2010, 2011, 2013 e 2014.

No espaço Vinhos Com, temas atuais embalaram a tarde. Na mesa sobre sustentabilidade, João Roquete, CEO do Esporão, e Alexandra Prado Coelho, do “Público”, falaram da importância de gerar pouco impacto ambiental na produção e também sobre as tecnologias empregadas.

— Os melhores vinhos do mundo são orgânicos. Existem várias técnicas, eu uso até morcegos para comer os insetos que são pragas — comentou João.

No encontro das produtoras, comandado pela editora de Celina, plataforma de gênero e diversidade do GLOBO, Renata Izaal, mulheres que comandam grandes vinícolas contaram suas experiências. Ligia Santos, da Caminhos Cruzados; Laura Regueiro, da Quinta da Casa Amarela; e Juliana Kelman, da Kelman Wines, falaram sobre o quanto a presença das mulheres no mundo vinho, predominantemente masculino, vem crescendo e ressaltaram a necessidade de divulgar mais o trabalho das mulheres nesse mercado.

 

Na área das comidinhas, as tábuas de queijos brasileiros do Sabor D.O.C. foram um dos destaques. A harmonização era feita ali mesmo. E ainda tinha bolinhos de bacalhau, pastel de nata e até ceviche de bacalhau.

Evento vai para São Paulo

Na sexta-feira, o Vinhos de Portugal chega ao shopping JK Iguatemi, em São Paulo, onde a programação também será intensa. Veja a programação completa de hoje abaixo.

Informações e ingressos: vinhosdeportugal2019.com.br

Vinhos de Portugal é uma realização dos jornais O GLOBO, Público e Valor Econômico, com patrocínio de CasaShopping, parceria de Vinhos de Portugal, apoio de Instituto do Vinho do Douro e Porto, Comissão Vitivinícola do Alentejo, Comissão Vitivinícola do Dão e TAP, rádio oficial CBN, apoio institucional de SindRio e Experimenta SP, Hotel Oficial LSH no Rio e Mercure JK em SP e curadoria de Out of Paper.

Confira a programação gratuita do último dia de Vinhos de Portugal

TOMAR UM COPO

Dão na primeira pessoa

Às 16h30m (com Juliana Kelman, da Kelman Wines) e às 17h30m (com António Pina, da Cooperativa de Penalva). Os dois encontros com apresentação de Luís Lopes

Alentejo na primeira pessoa

Às 13h30m (com José Venâncio, da Herdade dos Coteis). Com Luís Lopes

Douro na primeira pessoa

Às 14h30m (com Fernando Seixas, da Fladgate Partnership) e às 15h30m (com Laura Regueiro, da Quinta da Casa Amarela). Os dois encontros com apresentação de Manuel Carvalho


O Globo domingo, 02 de junho de 2019

ENOLOGIA: VINHO É UM SER VIVO

 

‘Vinho é um ser vivo. Respira, tem alma e coração’, diz o enólogo Luís Sottomayor, da Casa Ferreirinha

Profissional, que participa do evento Vinhos de Portugal no Rio e em São Paulo, explica como o premiado Barca Velha se tornou um dos principais rótulos de seu país
 
Luís Sottomayor, enologo da casa ferreirinha Foto: Manuel Roberto / Publico / Manuel Roberto / Publico
Luís Sottomayor, enologo da casa ferreirinha Foto: Manuel Roberto / Publico / Manuel Roberto / Publico
 
 
 

LISBOA - É no cenário impressionante da Quinta da Leda, no Douro Superior, Norte de Portugal, que conversamos com Luís Sottomayor, o enólogo responsável pelo Barca Velha, um dos mais icônicos vinhos portugueses. Ele nasce destas uvas, mas só é engarrafado nos anos em que não existe qualquer dúvida de que será realmente especial. Em 67 anos de história, só 18 colheitas receberam o rótulo de Barca Velha.

Sottomayor está no Brasil para apresentar nesta sexta (7), em São Paulo, uma prova vertical (com safras diferentes do mesmo rótulo) no evento Vinhos de Portugal . Antes disso, na terça, ele conduz no Rio um jantar harmonizado com vinhos da Casa Ferreirinha no restaurante Fratelli.

Leia mais: Veja a programação completa do evento Vinhos de Portugal .

Que memória tem do primeiro contato com o Barca Velha?

Como toda a gente no mundo do vinho, eu já ouvia falar do Barca Velha há muito tempo, mas o primeiro contato foi em 1989, quando entrei para a Sogrape ( a empresa que detém a marca ).

O que aprendeu nessa altura?

O Barca Velha tem ainda a velha receita, feita no tempo de Fernando Nicolau de Almeida ( o criador deste vinho, em 1952 ), que é a de misturar uvas das zonas mais baixas do Douro Superior ( a Quinta da Leda ), onde vamos buscar a estrutura, a maturação, os taninos, a cor, e usar uvas das zonas mais altas, para dar acidez. Para evoluir, um vinho pode ter os melhores taninos do mundo, mas se não tiver acidez, ao fim de três anos está morto. Era o que acontecia com os vinhos do Douro. Por isso é que antes de aparecer o Barca Velha praticamente não havia vinhos tranquilos no Douro.

 

As uvas usadas são sempre as mesmas?

Sabemos quais são as uvas com mais potencial para produzir um vinho com o estilo Barca Velha e guardamos essas para o momento em que achamos que a maturação está ótima. Mas às vezes há uvas que nos surpreendem e que podem vir a entrar no Barca Velha. Só na Quinta da Leda temos 70 hectares identificados como tendo potencial para o Barca Velha. Usamos a Touriga Franca, que lhe dá o caráter e a coluna dorsal, a Touriga Nacional, que vai dar a intensidade, a complexidade e o componente aromático, a Tinta Roriz, que é um bocado como o sal e a pimenta, e o Tinto Cão, que vai aumentar ainda mais a acidez e a tensão que queremos para este vinho.

Como é que decide em que anos vai haver Barca Velha?

Não há um momento, é uma decisão que vai sendo amadurecida com a evolução do vinho. Vamos provando e vendo como é que ele se comporta. Se algum dia há alguma hesitação, não sobre a qualidade do vinho, mas sobre a sua capacidade para evoluir, então não engarrafamos como Barca Velha e sim como Reserva Especial ( cujo preço é cerca de metade de uma garrafa de Barca Velha, que pode chegar a R$ 8 mil, dependendo da safra ).

 

Esta decisão, de tanta responsabilidade, é muito solitária?

Provo o vinho com a minha equipe e quando há dúvida prefiro não arriscar. É evidente que gostava de declarar sempre Barca Velha, mas o que pesa sobretudo é manter esta aura que o vinho tem de ser uma coisa única.

Mas o que, na sua opinião, distingue um Barca Velha?

A densidade, a complexidade, o volume de boca que este vinho tem. Quando se cheira vê-se que mantém um perfil sempre a crescer. O de 2008 ( o mais recente a sair para o mercado, do qual foram feitas 18 mil garrafas, e que é apenas o terceiro Barca Velha desde o início do século XXI )tem uma cor, uma densidade, parece um vinho acabado de nascer. Lançamos o vinho quando sentimos que ele começa a estar capaz de se beber. Quando é muito novo é demasiado intenso.

E em que altura está realmente perfeito?

Se estivéssemos à espera do momento perfeito, então estaríamos a comercializar hoje o de 1999.

O de 2008 é ainda um adolescente.

Sim, quase não tem idade para votar.

Como se deve beber um Barca Velha?

Tem que haver alguma espera, não pode haver pressão neste vinho. Tem que se perceber que por trás dele há uma história e características que obrigam a um certo cerimonial. Antes de o servir, a garrafa deve estar em pé por 24 horas, e ele deve ser decantado, porque são vinhos que podem produzir sedimentos. Depois, há duas alternativas: mantê-lo no decanter ou voltar a pô-lo na garrafa. Ele esteve oito anos nesta garrafa. E um vinho é um ser vivo, só não tem alma, mas tem coração, respira. Eu coloco-o de novo na garrafa porque acho que ele gosta de voltar a casa.


O Globo sábado, 01 de junho de 2019

LIVRO DE DOLCE & GABBANA MOSTRA CLIENTES DA MARCA COMO RAINHAS

 

Livro da Dolce & Gabbana mostra clientes e amigas da marca como rainhas

Estilistas estiveram no Brasil para lançamento
 
 
Coco Brandolini d’Adda está no livro “Queens”, da Dolce & Gabbana Foto: Domenico Dolce
Coco Brandolini d’Adda está no livro “Queens”, da Dolce & Gabbana Foto: Domenico Dolce
 
 
 

Andréa Dellal se lembra bem do primeiro contato mais íntimo com o estilista Domenico Dolce, uma das mentes criativas da italianíssima Dolce & Gabbana. Era o 21° aniversário de sua filha Charlotte, e o designer apareceu na festa com a top Naomi Campbell. “Quando a marca foi lançada, em 1985, eu estava aposentada e morando na África do Sul. Mas a grife sempre me acompanhou em momentos importantes. Ele e Stefano Gabbana sabem vestir a latina, entendem o corpo violão. E o grande barato é o senso de humor dos meninos. No fim do ano passado, Domenico me transformou numa rainha para uma foto.”

A imagem faz parte do livro “Queens — Alta moda di Dolce & Gabbana”, que foi lançado na terça-feira em São Paulo, com a presença dos estilistas. A dupla participou de uma sessão de autógrafos e inaugurouuma exposição, que fica em cartaz até o dia 2 de junho, no shopping JK Iguatemi. “A obra é uma forma de prestigiar essas mulheres especiais que fazem parte do nosso mundo da alta moda. Levamos dois anos para fotografá-las e estamos orgulhosos do resultado: uma galeria de retratos extraordinariamente icônicos que enfatizam a personalidade de nossas lindas rainhas”, explica Dolce, autor de todos os cliques.
Andrea Dellal no
Andrea Dellal no "Queens" Foto: Domenico Dolce

 Das 50 clientes e amigas registradas, nove são brasileiras, entre elas Agla Mara Dondo, Yumi Dondo, Anna Claudia Rocha, Iara Jereissati, Ruth Malzoni e Andréa. Filha de Georgina Brandolini d’Adda, condessa italiana nascida no Rio, Coco Brandolini d’Adda também aparece nas páginas — são 216 ao todo. “Como as italianas, as mulheres do Brasil amam suas raízes e tradições. São naturalmente lindas, sensuais e autênticas”, comenta Dolce.

Para compor esse universo real, foram selecionados 40 quadros de artistas como Agnolo Bronzino, Élisabeth-Louise Vigée-Le Brun e Anton Raphael Mengs.


O Globo sexta, 31 de maio de 2019

TREZE MULHERES QUE MUDARAM O BRASIL

 

Treze mulheres que mudaram o Brasil

De Dandara a Leila Diniz, passando por Anita Garibaldi e Chiquinha Gonzaga, conheça a história dessas brasileiras revolucionárias
 
 
Leila Diniz virou símbolo da liberdade feminina e de um novo comportamento sexual Foto: Arte de Nina Millen sobre reprodução
Leila Diniz virou símbolo da liberdade feminina e de um novo comportamento sexual
Foto: Arte de Nina Millen sobre reprodução
 
 

RIO - Frida Kahlo , Marie Curie ,Joana d'Arc ... São muitas as mulheres que mudaram o mundo e inspiram novas gerações. Mas, quase sempre que se pensa em algum ícone feminino, vem logo à cabeça um nome internacional. E no Brasil? Quem são as brasileiras que balançaram a sociedade e mudaram, em alguma medida, nossa forma de ver o mundo?

 

Foi essa pergunta que levou ao livro "Extraordinárias — Mulheres que revolucionaram o Brasil" (Editora Seguinte), das jornalistas Aryane Cararo e Duda Porto de Souza.

CELINA selecionou, entre as mulheres que têm a vida contada no livro, 13 nomes. Muitas delas, pouco conhecidas da população brasileira em geral. Confira abaixo:

1. Dandara

Dandara Foto: Reprodução
Dandara Foto: Reprodução

Dandara não era só mulher de Zumbi de Palmares. Ela era líder do quilombo. A guerreira, que tem data e local de nascimento desconhecidos,morreu em 6 de fevereiro de 1694, no estado de Alagoas. O fato de os registros oficiais sobre a vida dela serem tão escassos evidencia o o silêncio e o apagamento imposto às mulheres negras no Brasil.

O que se sabe sobre Dandara é que ela aprendeu a fabricar espadas e a lutar com esses objetos — ate então, algo absolutamente masculino. Ela também era capoeirista e traçava estratégias e ações de combate. O Quilombo dos Palmares foi fundado por volta do final do século XVI, em Alagoas — onde hoje é o município União dos Palmares —, por mulheres e homens escravizados que haviam fugido de engenhos de açúcar.

2. Nísia Floresta

Nísia Floresta Foto: Reprdodução
Nísia Floresta Foto: Reprdodução

A pioneira feminista brasileira Nísia Floresta nasceu em 1810 em um município que então se chamava Papari, no Rio Grande do Norte. Hoje, a cidade ganhou outro nome: Nísia Floresta, em homenagem à sua filha ilustre. Ela morreu em Rouen, na França, em 1885.

Na certidão de batismo, o nome era Dionísia Pinto Lisboa. Mas a escritora e intelectual optou por um "nome artístico", que ultrapassou as fronteiras do Brasil. Ela é autora do livro "Direitos das mulheres e injustiça dos homens", lançado em 1832.

 Entre as lutas de Nísia como intelectual, estão a educação das mulheres, a abolição da escravidão e a liberdade religiosa — aspectos tão caros à sociedade atual.

3. Anita Garibaldi

Anita Garibaldi Foto: Reprodução
Anita Garibaldi Foto: Reprodução

 Anita faz juz ao título informal de "heroína de dois mundos". Nascida em Laguna, Santa Catarina, em 1821, ela foi personagem central da Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul, e lutou pela unificação italiana ao lado de seu companheiro, Giuseppe Garibaldi. Ela virou uma lenda no Brasil e na Itália.

Guerreira destemida, ela sabia cavalgar e manejar armas como poucos soldados. Anita morreu cedo, aos 27 anos de idade, em 1849, em solo italiano.

Ela ja foi retratada por diversas vezes na televisão e no cinema. Uma das aparições mais marcantes da personagem foi na minissérie da TV Globo "A casa das sete mulheres", em que a catarinense era interpretada pela atriz Giovanna Antonelli.

4. Chiquinha Gonzaga

Chiquinha Gonzaga Foto: Reprodução
Chiquinha Gonzaga Foto: Reprodução

Nascida no Rio de Janeiro de 1847, Chiquinha Gonzaga — ou Francisca Edwiges, como consta em sua certidão — teve uma vida escandalosa aos olhos da elite da época: separou-se de um marido que a impedia de tocar piano, escolheu ter uma vida boêmia num tempo em que mulheres precisavam de autorização até para sair de casa e foi a primeira maestrina e compositora de peças de teatro do Brasil — numa época em que a moda era tocar apenas ritmos estrangeiros.

 

Chiquinha é reconhecida ate hoje como grande intérprete da alma popular brasileira. Ela nasceu em berço aristocrático, mas por pouco não foi assim. A mãe de Chiquinha, Rosa Maria, era filha de escravos e solteira. Só depois de ter a menina, casou-se com o marechal José Basileu Neves Gonzaga, que reconheceu Chiquinha como sua filha. Ela foi então criada como as outras sinhazinhas: com aulas de piano, latim, ciências. Ela fez sua primeira composição ao piano aos 11 anos de idade. Algumas das mais conhecidas são "Ó abre alas", "Estrela d'alva" e "Lua branca".

A pianista morreu em 1935, na mesma cidade onde vio ao mundo e pela qual era apaixonada, o Rio.

5. Nair de Teffé

Nair de Teffé Foto: Divulgação/Museu da República/14-10-2009
Nair de Teffé Foto: Divulgação/Museu da República/14-10-2009

Nair de Teffé é simplesmente a primeira mulher caricaturista do mundo. Ela nasceu no Rio de Janeiro, em 1886, e começou a desenhar caricaturas aos 9 anos, quando era estudante de um convento na França. Nair contava que, por achar o nariz de uma das freiras muito grande, desenhou o rosto da religiosa num papel e provocou uma gargalhada generalizada entre as meninas do internato.

A jovem passou a divulgar suas caricaturas sob o pesudônimo Rian (seu nome ao contrário), um nome masculino que a ajudou a ganhar notoriedade — haja visto o machismo.

Nair morreu em 1981, aos 95 anos de vida — exatamente! Ela nasceu e morreu no mesmo dia: 10 de junho.

6. Carolina Maria de Jesus

A escritora Carolina Maria de Jesus autografa um de seus livros mais conhecidos, 'Quarto de Despejo' durante o I Festival do Rio. 09-11-1960 Foto: Arquivo / Agência O Globo
A escritora Carolina Maria de Jesus autografa um de seus livros mais conhecidos, 'Quarto de Despejo' durante o I Festival do Rio. 09-11-1960
Foto: Arquivo / Agência O Globo

Catadora de papel e mãe solteira de três filhos, a mineira de Sacramento é nome fundamental para se entender a literatura marginal e periférica no Brasil.Seus diários foram transformados no livro "Quarto de despejo: diário de uma favelada", publicado em 1960 e traduzido para mais de dez idiomas. A obra é um relato pessoal importante e raro na literatura brasileiras sobre as condições de vida das trabalhadoras negras.

Carolina nasceu em 1914 e morreu em 1977, no sítio que comprou com as vendas de seu livro. Escreveu poemas, cartas e gravou discos. Após sua morte, foi publicado o "Diário de Bitita", em que conta sua infância e história de luta contra o preconceito social. Sobre a escrita, ela disse: "Catei papel, revirei lixo. Do papel também tirei meu alimento: a escrita".

 

7. Nise da Silveira

Nise da Silveira Foto: Ana Branco/25-07-1996
Nise da Silveira Foto: Ana Branco/25-07-1996

Todo mundo só pensava em lobotomia e eletrochoque para tratar pacientes psiquiátricos. Mas Nise da Silveira via essas técnicas com absoluto horror : ela defendia um sensível trabalho com o inconsciente, com terapia baseada em ateliês de costura, marcenaria e pintura. Por muito tempo, foi ridicularizada, desmoralizada e sabotada por seus pares. Até que o mundo se rendeu aos seus ensinamentos, que se mostraram muito mais eficazes no tratamento psiquiátrico.

 

"Antes eu era louca, agora estou na moda", disse Nise em entrevista ao "Jornal do Brasil" publicada em 30 de agosto de 1990.

Alagoana, ela nasceu em Maceió em 1905. E morreu no Rio de Janeiro em 1999. A mãe queria que Nise fosse pianista, mas ela decidiu ser médica. Na turma da Faculdade de Medicina da Bahia (1921-1926), era a única mulher entre 157 alunos. Já naquela época, Nise tinha preocupação especial com quem estava à margem da sociedade: sua monografia de conclusão de curso foi sobre a criminalidade feminina no Brasil. A psiquiatra ficou conhecida em todo o planeta e inspirou a criação de museus e centros de saúde que trabalham com cultura.

8. Cacilda Becker

Cacilda Becker Foto: Reprodução
Cacilda Becker Foto: Reprodução

Conhecida como "a atriz de mil vidas" e "primeira-dama do teatro brasileiro", Cacilda Becker tem sua história de vida confundida com a do próprio teatro moderno brasileiro. Ela nasceu em 1921, em Pirassununga, interior de São Paulo, e estreou no palco aos 19 anos no teatro do estudante do Brasil, no Rio de Janeiro. Nos anos 1940 e 50, foi protagonista de quase 50 peças, chegando a trabalhar até 18 horas por dia.

Cacilda ficou conhecida pela diversidade de seus personagens. Era camaleônica, interpretava jovem, velho, homem, mulher. Com a chegada da ditadura militar, em 1964, a atriz assumiu um papel maior do que a de porta-voz da classe artística: Cacilda Becker passou a ser uma voz ativa na demanda por liberdade de expressão e a volta da democracia.

 

A atriz morreu durante o intervalo de uma das peças em que trabalhou, a famosa "Esperando Godot", em 1969. Após sentir uma forte pressão na cabeça, Cacilda sofreu um derrame e morreu pouco mais de um mês depois, causando comoção nacional.

9.  Dona Ivone Lara

Ivone Lara Foto: Divulgação
Ivone Lara Foto: Divulgação

A alcunha de "majestade do samba" cai bem à Dona Ivone Lara. Negra, mãe e trabalhadora, ela abriu passagem para que outras mulheres também participassem do mundo do samba.

Dona Ivone nasceu em 13 de abril de 1922 e morreu em 16 de abril de 2018, há bem pouco tempo. Dona de uma voz inconfundível, Ivone Lara virou a primeira mulher na história do samba a se consagrar como cantora e compositora. Foi a primeira a assinar um samba-enredo, o clássico "Cinco bailes da história do Rio", que fez ao lado de Silas de Oliveira e Bacalhau para o Império Serrano. Lançou mais de dez discos. Um de seus maiores sucessos é "Sonho meu".

10. Zuzu Angel

Zuzu Angel Foto: Reprodução
Zuzu Angel Foto: Reprodução

Em uma época em que as passarelas nacionais eram tomadas por peças de estilistas estrangeiros — e homens — e roupas nada libertadoras para o corpo feminino, a estilista Zuzu Angel ganhou notoriedade por apresentar roupas que valorizavam materiais brasileiros, como a chita, e que se adaptavam de forma criativa a diferentes corpos.

 
Nascida Zuleika de Sousa Neto, em 1921, a mineira da cidade de Curvelo não deixou apenas um legado para a moda. No auge do sucesso, consagrada como a primeira estilista brasileira com carreira internacional, Zuzu teve a vida completamente abalada pelo desaparecimento de seu filho Stuart Angel Jones. Mais tarde, ela descobriu que ele foi torturado e morto pela ditadura militar.

A história dessa brasileira foi contada nas telonas no filme "Zuzu Angel", no qual ela é interpretada pela atriz Patrícia Pillar. O estilista mineiro Ronaldo Fraga apresentou uma coleção em homenagem à Zuzu na temporada de primavera/verão 2002 na São Paulo Fashion Week. O desfile tinha o título "Quem matou Zuzu Angel?"

11. Niède Guidon

Niède Guidon Foto: Marizilda Cruppe / Agência O Globo/15-07-2003
Niède Guidon Foto: Marizilda Cruppe / Agência O Globo/15-07-2003

arqueóloga Niède Guidon é defensora ferrenha da Serra da Capivara, no Piauí. Foi ela que descobriu, lá, na década de 1970, as pinturas rupestres mais importantes dos primeiros seres humanos a habitarem o Brasil e uma das maiores coleções desse tipo de arte no mundo.

Após a descoberta de Niède, a compreensão sobre a presença dos Homo sapiens na América do Sul mudou para sempre. Ela lutou para criar o Parque Nacional da Serra da Capivara, hoje considerado patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Nascida em Jaú, São Paulo, em 1933, Niède nunca mais deixou o Piauí — tamanha a consciência que ela tem sobre a importância histórica do local. E o medo que ele seja destruído.

 

O parque vem enfrentando grandes problemas de orçamento ao longo dos anos, com nenhum apoio governamental. Além disso, Niède já sofreu inúmeras ameaças de empresários do Agreste, que insistem em intimidá-la. Mas ela continua lá, aos 86 anos de idade, sendo a alma e a guardiã do parque.

12. Leila Diniz

Leila Diniz Foto: Divulgação
Leila Diniz Foto: Divulgação

Garota de classe média, nascida em Niterói em 1945 e criada no Rio, Leila Diniz chocou a sociedade brasileira dos anos 60 com seu jeito despachado e livre. Em uma entrevista icônica ao jornal "O Pasquim", em fins de 1969, a atriz, de toalha branca na cabeça, falou tudo e mais um pouco — inclusive vários palavrões, que foram substituídos na publicação por asteriscos.

Ela virou símbolo da liberdade feminina e de um novo comportamento sexual. A já citada entrevista para "O Pasquim" causou tanto rebuliço que o nome da atriz foi usado para batizar o "Decreto Leila Diniz", de 1970. Nele, era instaurada a censura prévia na imprensa, em filmes, peças de teatro, livros, etc.

Leila morreu em um acidente de avião a caminho de Nova Délhi, na Índia, em 1972.

13. Marta

Marta levou o prêmio de melhor jogadora no último
Marta levou o prêmio de melhor jogadora no último "The Best", da Fifa Foto: BEN STANSALL / AFP

No país do futebol, terra de Pelé, Zico e Romário, não é um homem o mais premiado. A alagoana Marta é considerada a melhor jogadora da História do futebol feminino e já ganhou o prêmio de Melhor do Mundo da Fifa seis vezes, de 2006 a 2011. Foi indicada 12 vezes em 13 anos. É também a maior artilheira da Seleção brasileira - tem mais gols com a amarelinha que Pelé.

 

Nascida em Dois Riachos (AL), em 1986, é caçula de seis filhos criados pela mãe, depois que o pai abandonou a família. Marta só passou a frequentar a escola aos 9 anos de idade, mas aos 6 já jogava futebol em um campo improvisado debaixo da ponte. Em meio ao conservadorismo do Sertão alagoano, era chamada de "mulher-macho" pelas ruas de sua cidade por conta do amor pelo futebol.

Hoje, tem inúmeras medalhas (incluindo ouro nos jogos Pan-americanos de 2003 e 2007, prata nas Olimpíadas de 2004 e 2008 e o segundo lugar no Mundial de 2007) e é Embaixadora da Boa Vontade das Nações Unidas (ONU), em que atua no combate à pobreza e pela emancipação feminina.


O Globo quinta, 30 de maio de 2019

PRESIDENTE DA EMBRATUR QUER TRAZER DISNEY PARA O BRASIL

 

Presidente da Embratur quer trazer Disney para o Brasil

A ideia é diminuir taxa de importação de equipamentos para construção de parques
 
 
Ministro quer trazer parques da Disney para o Brasil Foto: Heinz Kluetmeier / Feld entertainment
Ministro quer trazer parques da Disney para o Brasil Foto: Heinz Kluetmeier / Feld entertainment
 
 
 

BRASÍLIA - O novo presidente da Embratur, Gilson Machado Neto, anunciou nesta quarta-feira que quer trazer para o Brasil alguns dos principais parques do mundo, citando nominalmete Disney e Universal. Para isso, a ideia é diminuir a taxa de importação de equipamentos necessários para a construção de parques.

Não é a primeira vez que uma autoridade fala em trazer a Disney para o Brasil. No começo deste ano, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, foi desmentido pelo parque. Após reservar um terreno e dizer que Brasília poderia sediar um dos parques temáticos da turma do Mickey, a própria Disney negou haver planos de empreendimentos na região.

Nesta quarta, o presidente da Embraur, que já está no exercício do cargo, participou de uma cerimônia simbólica de posse, na qual também estavam o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. O ministro apresentou algumas metas para o setor, como dobrar o número de centros que concedem vistos na China de 12 para 24 e, posteriormente, para 36, com o objetivo de aumentar o fluxo de turistas chineses. Ele também afirmou que quer ampliar a quantidade de turistas estrangeiros para pelo menos 12 milhões em 2022. Hoje são 6,6 milhões, o que, na avaliação do ministro, são números pífios.


O Globo quarta, 29 de maio de 2019

LUGARES ONDE O RIO DE JANEIRO É MAIS SABOROSO

Lugares onde o Rio de Janeiro é mais saboroso

Apesar dos pesares, a cidade tem boas opções gastronômicas. Mas é preciso que a comida se torne parte das estratégias de desenvolvimento
 
 
 
 

A escritora americana Elizabeth Bishop, uma das maiores poetisas da Língua Inglesa, que morou no Brasil entre 1951 e 1971, disse que oRio de Janeiro “Não é a cidade mais bela do mundo, apenas o lugar mais belo do mundo para uma cidade”. Ela estava certíssima. Como em uma peça de teatro ou filme, o Rio tem um excepcional cenário, luz, figurino, um bom elenco, mas faltam direção e roteiro.

Mil Frutas , sob o comando de Renata Saboya e suas filhas Juliana e Paula, é a prova de que devemos confiar em um lugar com mais de 30 anos de atividade. O lançamento de novos sabores e de uma linha de picolés demonstra criatividade e respeito à qualidade. Amo todos, mas o sorvete de limão-siciliano com casquinha de laranja e o picolé de jabuticaba são especiais e deliciosamente refrescantes.

Chez Claude , aos cuidados da competente chef Jessica Trindade, apresenta novos pratos, carbonara de pato confit, ceviche de cavaquinha e pupunha, e mantém o cremoso ovo Clarice e o untuoso ravióli de batata-baroa com pinoli. A fila de espera costuma ser longa.

 

O grupo 14zero3, do Gustavo Gill e Leo Rezende, tendo como chef geralElia Schramm , que aglomera casas como Pici, Oya e Mimolette, segue apostando em lugares agradáveis, que atendem aos anseios de quem quer ver e ser visto, gosta de atendimento simpático em torno da mesa, com pratos bons por um razoável custo-benefício. O Heat Firehouse, no Leblon, mostra vigor apostando em generosos assados e defumados e ainda apresenta toques mexicanos, e o Posí, em Ipanema, tem inspiração italiana e um mozzarela bar.

Fresh and Good é capitaneado por Fabíola Giffoni, tem projeto do arquiteto Vicente Giffoni e cozinha comandada pela experiente chefMaria Victoria . Ampliou o horário de atendimento e passou a abrir para o jantar. O menu variado apresenta pratos leves e uma coleção de ovos: omelete, mexido, mollet, com cogumelos, com queijo, apenas clara, entre outras possibilidades. Húmus e pão pita; pop de camarão com aiöli siciliano; sticks de polenta com creme de queijo trufado; salmão grelhado, legumes na brasa, molho de manga e gengibre; filé-mignon grelhado, risoni gratinado com creme de cogumelos, moqueca vegana de palmito fresco e banana-da-terra, farofa de dendê e arroz, e uma releitura do salpicão que leva palha de batata, cenoura, aipo, frango e passas.

 

Guimas , comandado pelo lendário Chico Mascarenhas, se mantém aplicado fazendo caipirinhas sem invencionices, pastéis crocantes, filés no capricho e vieiras grelhadas que agradam aos seus fiéis clientes, mantendo o clima acolhedor da Gávea em meio à balbúrdia do bairro. 

Gurumê , japonês do grupo Trigo, se mantém com intermináveis filas de espera de quem quer provar comida mix japonesa, californiana e carioca. O mais recente restaurante do grupo fica no Shopping Rio Sul. Seguem ampliando seus domínios.

O Momo Gelato sempre fez um waffle doce , cheiroso e gostoso, que cai muito bem com uma bola de sorvete de caramelo com flor de sal. Eles começaram a fazer uma versão salgada do waffle, com queijo na massa. Bem interessante.

A chef Roberta Sudbrack fechou o Garagem da Roberta, no Leblon, mas fez o Sud, Pássaro Verde, no Jardim Botânico. É um oásis.  Comece pelos irresistíveis gourgères, passeie pela carne cruda e arroz de frutos da terra, derreta-se com a sublime clafoutis de pera. Aproveite para agradecer e rezar diante da cozinha, que tem muitas imagens de santos na prateleira da parte superior.

 

A Pastrella, fábrica de massas frescas das irmãs Claudia e Flávia Silva, há 30 anos no Leblon, é porto seguro para raviólis, tortelis e rondellisbem recheados, lasanhas suculentas, pães macios e quiches crocantes. O raviolão de queijo mussarela de búfala fica delicioso com molho de tomate e manjericão que as meninas plantam em Itaipava. As tortas e bolos são ótimos e têm açúcar no ponto certo. O de aipim pede um café robusto para acompanhar.

O Rio de Janeiro é como comida espanhola moderna, feita para compartilhar e degustar aos pouquinhos com amigos. Aproveitem!


O Globo terça, 28 de maio de 2019

TRÊS RECEITAS CONTEMPORÂNEAS

 

Carlos Eduardo Souza, do Velero, na Praia do Pepê, ensina três receitas contemporâneas

À frente do restaurante na Barra, ele aposta nos frutos do mar como carro-chefe
 
Velero. Carlos Eduardo Souza descobriu nas reuniões informais o talento para a gastronomia Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo
Velero. Carlos Eduardo Souza descobriu nas reuniões informais o talento para a gastronomia
Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo
 
 
 

— Fiz cursos de formação no Senac e especializações que me levaram às cozinhas de grandes hotéis como Le Méridien, Copacabana Palace, Pestana e Portobay Internacional. O que mais me encanta são as infinitas possibilidades de criações e as combinações de sabores que exercitam a minha criatividade — conta.

Há oito meses à frente do restaurante Velero, na Praia do Pepê, na Barra, ele segue a cartilha da cozinha contemporânea, que combina técnicas clássicas com métodos modernos e novidades tecnológicas. Ele ensina três receitas: camarão à milanesa recheado com catupiry ;picadinho de filé-mignon ; e cheesecake de Oreo .

— Temos um cardápio voltado para os frutos do mar, todos com grande aceitação. Minha maior alegria é ver os clientes satisfeitos.

Confira as três receitas abaixo:

Camarão à milanesa recheado com catupiry

Picadinho de filé mignon

Cheesecake de Oreo


O Globo terça, 28 de maio de 2019

TRÊS RECEITAS CONTEMPORÂNEAS COM FRUTOS DO MAR

 

Carlos Eduardo Souza, do Velero, na Praia do Pepê, ensina três receitas contemporâneas

À frente do restaurante na Barra, ele aposta nos frutos do mar como carro-chefe
 
 
Velero. Carlos Eduardo Souza descobriu nas reuniões informais o talento para a gastronomia Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo
Velero. Carlos Eduardo Souza descobriu nas reuniões informais o talento para a gastronomia Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo
 
 
 

— Fiz cursos de formação no Senac e especializações que me levaram às cozinhas de grandes hotéis como Le Méridien, Copacabana Palace, Pestana e Portobay Internacional. O que mais me encanta são as infinitas possibilidades de criações e as combinações de sabores que exercitam a minha criatividade — conta.

Há oito meses à frente do restaurante Velero, na Praia do Pepê, na Barra, ele segue a cartilha da cozinha contemporânea, que combina técnicas clássicas com métodos modernos e novidades tecnológicas. Ele ensina três receitas: camarão à milanesa recheado com catupiry ;picadinho de filé-mignon ; e cheesecake de Oreo .

— Temos um cardápio voltado para os frutos do mar, todos com grande aceitação. Minha maior alegria é ver os clientes satisfeitos.

Confira as três receitas abaixo:

Camarão à milanesa recheado com catupiry

Picadinho de filé mignon

Cheesecake de Oreo


O Globo segunda, 27 de maio de 2019

BTS CITA ,JUNTOS E SHALLOW NOW, EM SÃO PAULO

 

BTS cita 'juntos e shallow now' em seu show em São Paulo

Grupo de K-pop ainda sambou diante dos 42 mil fãs no Allianz Parque neste sábado
 
 
Show do BTS em São Paulo: tecnologia e efeitos impressionam Foto: BigHit Entertainment Bts/Divulgação

Show do BTS em São Paulo: tecnologia e efeitos impressionam Foto: BigHit Entertainment Bts/Divulgação

 
 
 

SÃO PAULO — Um coro de quatro minutos ecoou quando Jimin, Jungkook, RM, Jin, V, J-Hope e Suga subiram ao palco do Allianz Parque, em São Paulo, neste sábado, com direito a samba no pé e referência a "juntos e shallow now" no fim. O show começou pontualmente às 19h, sem apresentação de abertura.

 

A recepção com reverência e a devoção na forma de três meses de fila , objetos de algumas centenas de reais e aprendizado de coreano são dignas de superstars.

E é como superstars que os sete cantores do BTS, maior fenômeno de K-pop da atualidade, se apresentam no palco: fogo, pilastras gregas, duas estátuas de panteras e projeções de templos gloriosos são apenas complemento do grupo performático e seguro no palco.

Eles abrem o show com uma das músicas do álbum que os colocou no "mesmo patamar" dos Beatles. Com "Map of the soul: Persona", o BTS se tornou o primeiro grupo desde os britânicos a emplacar três álbuns no topo das paradas.

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Com "Dionysus" levantaram a plateia de 42 mil pessoas no Allianz Parque. "Vamos roubar a cena, somos demais", diz a música. O estádio concorda.

Após duas músicas, eles param o som, conversam com a plateia em coreano, inglês e se arriscam português. Alternam a grandiosidade e o intimismo para cativar as fãs. E ouvem atentamente a cada sessão de gritos.

O show impressiona pela tecnologia e pelos efeitos. São dois palcos ligados por uma passarela e sete telões que viajam pelo mundo com eles.

 
 
 
Fãs do BTS acampadas na praça Conde Francisco Matarazzo Junior , ao lado do Allianz Parque, uma semana antes do show Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Fãs do BTS acampadas na praça Conde Francisco Matarazzo Junior , ao lado do Allianz Parque, uma semana antes do show
Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

A turnê “Love yourself: speak yourself” começou em 4 de maio nos Estados Unidos e desembarcou para dois shows no Brasil neste sábado (25) e domingo (26). Após as apresentações brasileiras, eles seguem para a Europa.

De surpresa, surgem no meio do palco e mostram que aprenderam a sambar. "Vocês querem?", perguntam em português, antes de sambarem um pouco desengonçados.

O BTS também mistura pop efusivo com rap. Não à toa, o grupo tem quatro cantores e três rappers. A diferentona da noite é "Singularity". A melodia lembra os R&Bs mais românticos e V surge no palco de pijamas em uma cama bagunçada.

Cada um tem oportunidade de brilhar sozinho no palco. Um dos pontos altos é "Euphoria", solo do queridinho Jungkook. Com um pop mais suave, ele voa pleno sobre a plateia preso a uma tirolesa para cantar os versos sobre amor e êxtase.

"Idol" é uma das mais esperadas da noite. A música que resgatou elementos da cultura típica coreana mas também trouxe batidas de eletrônico fez o Allianz pular com as mãos pra cima e repetir sem parar o refrão "oh oh ooh".

A última música da noite ajuda a explicar o sucesso do BTS:

"Nesta noite escura (não fique sozinho), como estrelas (nós brilhamos), não desapareça porque sua existência é importante, vamos brilhar", diz a letra de "Mikrokosmos".

Com mensagens sobre aceitação e problemas jovens, eles cativam o público pelo apelo emocional.

O cenário é colorido e vibrante: projeções alternam neon e cidades ao redor do mundo e espalham luz por todo o estádio. O palco ganha cama, piano, escadas, pilastras, tirolesa. Fogos de artifício e jatos de fogo completam a pirotecnia.

Show da plateia

Uma hora antes do show começar, o estádio cantava à capela a música "Fire". Este foi apenas o primeiro canto coordenado.

Para todo o show, o fã-clube elegeu 11 fanchants (reações sincronizadas) que foram de erguer corações vermelhos de papel a cantar trechos de músicas no intervalo.

Munidos das army bombs (bastões de luz oficiais do grupo, vendidos por R$ 250 no show), lanterna de celular com fita colorida e qualquer outro apetrecho capaz de iluminar, os fãs acenderam o estádio, também sincronizadamente.


O Globo domingo, 26 de maio de 2019

JOVITA ALVES FEITOSA, A JOANA D,ARC BRASILEIRA

 

Chamada de ‘Joana d’Arc brasileira', a sertaneja Jovita Alves Feitosa tem a vida investigada em livro

Nova pesquisa de José Murilo de Carvalho mergulha no passado da mulher que se alistou para lutar na Guerra do Paraguai e virou ícone feminista nos anos 2000
 
Jovita Alves Feitosa, a Joana d'Arc brasileira que se voluntariou na adolescência para a Guerra do Paraguai Foto: Divulgação
Jovita Alves Feitosa, a Joana d'Arc brasileira que se voluntariou na adolescência para a Guerra do Paraguai
Foto: Divulgação
 
 

RIO - Durante 37 dias do ano de 1865, Jovita Alves Feitosa viveu a glória. A jovem sertaneja de origem humilde virou celebridade ao se alistar como voluntária nas tropas brasileiras na Guerra do Paraguai. Com apenas 17 anos, conheceu autoridades, foi ovacionada em teatros, ganhou poemas e canções, mas logo saiu dos holofotes: foi impedida de lutar. Esquecida após sua sua morte, a “Joana D’ Arc brasileira” voltou à tona como ícone feminista, ingressando no “Livro dos heróis e das heroínas da pátria” em 2018.

 

Lacunas e mistérios em torno da personagem, porém, persistem. Ao mesmo tempo exaltada e ignorada, cercada de contradições, trata-se de uma mulher “polissêmica”, segundo o experiente historiador José Murilo de Carvalho , autor do recém-lançado “Jovita Alves Feitosa: Voluntária da pátria, voluntária da morte”. Espécie de esboço biográfico, o livro empreende uma tarefa nada fácil: compor o perfil de uma figura histórica que não deixou escritos e de quem há apenas três registros confiáveis de declarações.

Ao reproduzir entrevistas, poemas e registros da época, o imortal da Academia Brasileira de Letras coloca o leitor em contato direto com os documentos. Tenta separar os fatos dos mitos e mostra, nas poucas pistas encontradas pelo caminho, como a percepção em torno da heroína foi mudando ao longo dos anos.

“A escassez de documentação foi um problema. Mas creio que o núcleo da história se sustenta e cumpre a função de delimitar os contornos entre realidade e ficção. Construção de heróis e heroínas, ressignificações, são também matéria para o historiador”

JOSÉ MURILO DE CARVALHO
Historiador, autor de 'Jovita Alves Feitosa: Voluntária da pátria, voluntária da morte'

 

Nascida em 1848, no interior do Ceará, Jovita era uma adolescente quando o Exército do Brasil iniciou um movimento para aumentar seus combatentes na Guerra do Paraguai. A convocação gerou um entusiasmo patriótico, que chegou até o Piauí, onde a jovem de 17 anos residia com seu tio. Ao saber das devastações sofridas pelos brasileiros no front, ela cortou os cabelos com uma faca, vestiu-se com roupas masculinas, alistou-se para a guerra... e foi aceita. Como homem.

 
O historiador Jose Murilo de Carvalho Foto: Fernando Lemos / Agência O Globo
O historiador Jose Murilo de Carvalho Foto: Fernando Lemos / Agência O Globo

Não demorou muito para que o disfarce fosse descoberto e, ela, levada à polícia — o alistamento de mulheres era proibido. No interrogatório, reproduzido na íntegra por Carvalho, ela alega, aos prantos, que se voluntariou para “matar paraguaios”. Queria vingar as mulheres brasileiras abusadas pelos combatentes inimigos. Apesar do choro, suas respostas foram firmes. Recusava-se a prestar outros serviços então considerados mais “adequados” às mulheres, como enfermagem. E garantiu, segura de si, que aprenderia a atirar.

‘Musa da guerra’

Há casos de mulheres que chegaram a combater no Paraguai graças à tolerância de alguns comandantes. Foi o que quase ocorreu com Jovita. Pressionados a produzir recrutas e voluntários, os presidentes das províncias perceberam que a jovem sertaneja podia virar exemplo e atrair combatentes.

Embarcando com o corpo de voluntários numa jornada que foi de São Luís do Maranhão ao Rio, Jovita atraiu admiração por onde passou. Descrita na imprensa como “musa da guerra”, “delírio das plateias” e “hóspede abrigada em todos os palácios”, foi recebida pelo presidente da Bahia e homenageada em teatros do Tocantins e do Rio. Embora fosse presença recorrente nos jornais, não deu entrevistas nesse período. Por isso, só se pode especular sobre o seu sentimento em relação à fama.

 

“A aceitação como voluntária certamente lhe causou alegria. As festas devem ter sido fonte de constrangimento. Semialfabetizada, sem saber usar talheres, de dentes limados, não podia sentir-se bem em palácios e teatros. Daí talvez seu mutismo.”

JOSÉ MURILO DE CARVALHO
Sobre Jovita Alves Feitosa

 Para piorar, seu alistamento estava longe de ser unanimidade. Alguns jornais criticaram sua exaltação e espalharam mentiras, como a de que teria se voluntariado para acompanhar um amante.

— A maior parte da oposição tinha a ver com conservadorismo: guerra não era coisa para mulher — observa Carvalho.

Afinal, apenas 37 dias depois de embarcar com os voluntários, Jovita acabou rejeitada pelo exército. Desorientada, a “Joana D’ Arc brasileira” regressou ao Piauí e, com os presentes que ganhou durante os dias de fama, embarcou para o Rio. Sua vida a partir daí é cheia de pontos cegos. Longe do noticiário, sabe-se apenas que viveu como prostituta por um tempo. Em 1867, com apenas 19 anos, matou-se com uma faca, provavelmente por causa de um amor frustrado.

Personagem recuperada

Sua figura só voltou a ser recuperada na metade do século XX, quando foi tema de um livro de ficção. Embora muitos já a tivessem enquadrado na tradição milenar da mulher guerreira, só recentemente ela passou a ser revisitada dentro de uma perspectiva de gênero.

— Sua apropriação pelo feminismo começou em 2000, quando apareceu no “Dicionário mulheres do Brasil” (Zahar) — lembra Carvalho. — Sua luta pela emancipação da mulher também justifica sua inclusão no “Livro dos heróis e das heroínas da pátria”, proposta em 2012 e efetivada em 2018.

 

Mas é impossível colocar Jovita em uma caixinha. Em 1865, num artigo reproduzido no livro, um jornalista anônimo já percebia a complexidade da sertaneja. “Mas quem é Jovita? Palavra de honra que não sei quem”, escreveu. “Dizem que é uma moça, mas uma moça que é um homem; dizem que é um sargento, mas um sargento disfarçado (....). A Jovita, pensam também alguns, é uma feiticeira”.

“Memórias muitas vezes se constroem com releituras de figuras históricas. A de Tiradentes foi reforçada com sua representação como Cristo. Não me surpreenderia se Jovita fosse apropriada também pelo movimento negro.”

JOSÉ MURILO DE CARVALHO
Sobre a heroína estar 'aberta a múltiplas leituras'

O Globo sábado, 25 de maio de 2019

PARIS: ONDE COMER BEM E BARATO

 

Onde comer bem e barato em Paris: seis restaurantes que servem menu completo (com vinho) por no máximo 20 euros

Com o declínio do poder de compra da classe média, cidade vê ressurgir casas de bairro que oferecem comida de qualidade a bons preços. Viajantes podem aproveitar
Filé com foie gras, do Aux Bon Crus: casa tem quatro endereços em Paris Foto: Joann Pai / NYT
Filé com foie gras, do Aux Bon Crus: casa tem quatro endereços em Paris Foto: Joann Pai / NYT
 
 
 

PARIS - Em uma noite de garoa em Paris, uma verdadeira multidão saía pela porta do Bouillon Julien para se esparramar na calçada da Rue du Faubourg Saint-Denis. O atrativo era a promoção da refeição, que prometia ser surpreendente pela qualidade e pelo preço: menos de 20 euros, ou cerca de R$ 90, por três pratos e um copo de vinho.

 

Mesmo antes de os "coletes amarelos" tomarem as ruas da capital francesa, em novembro passado, para protestar contra o aumento das taxas dos combustíveis – tendo como pano de fundo o declínio do poder de compra da classe média –, Paris já estava em meio à retomada da gastronomia a preços módicos. A surpresa fica por conta da diferença entre os novos endereços e os antigos, aqueles que aparecem nos guias para os viajantes de baixo orçamento, restaurantes com cardápios tão imutáveis que provavelmente três gerações da mesma família devem ter provado o mesmo boeuf bourguignon borrachudo durante a visita magérrima a Paris. De fato, a comida de muitas dessas casas recém-inauguradas geralmente é tão boa que você provavelmente as visitaria mesmo se os preços não fossem tão baixos.

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A nova tendência fica ainda mais evidente com o retorno dos famososbouillons , aqueles restaurantes para a classe trabalhadora que pipocavam na cidade durante o século XIX.

- Na era da globalização, fazer uma refeição no bouillon é uma afirmação da identidade gaulesa, uma vez que os pratos caseiros que servimos são tradicionalmente franceses - afirma Christophe Joulie, diretor do Groupe Joulie, dono e administrador de diversas brasseries parisienses e também do Bouillon Chartier, de 1896, adquirido pela empresa em 2006.

 

Por "tradicionalmente franceses", Joulie se refere a opções como o alho-poró marinado, confit de canard e choucroute Alsacienne (chucrute guarnecido com carne de porco e linguiça).

- Todo mundo adora uma promoção, principalmente em tempos de incerteza econômica. Uma refeição de três pratos, fresquíssima, por 20 euros, servida em 30 minutos, nunca foi tão popular - completa.

Tão popular que Joulie reviveu o segundo endereço original do Chartier, perto da Gare Montparnasse, na Margem Esquerda, em fevereiro.

Se você prefere a cozinha caseira francesa tradicional – talvez um blanquette de veau quentinho (guisado de vitela ao molho cremoso) – ou algo mais criativo, como a terrine de pot au feu com salada e legumes em conserva, servido recentemente no Le Cadoret, saiba que agora pode encontrar restaurantes, muitas vezes em bairros tranquilos, praticamente residenciais, onde uma refeição memorável de três pratos não vai custar uma fortuna. Aqui estão os seis melhores:

Bouillon Julien

Ali você não só vai fazer uma refeição francesa excelente como será servido em um dos salões mais belos de Paris: um espaço de 1906 no gentrificado 10º Arrondissement, que ainda conta com o balcão original de mogno feito pelo famoso artista do art nouveau Louis Majorelle e quatro murais de vitrais de Louis Trézel.

 

Até pouco tempo atrás, o espaço se chamava Brasserie Julien, parte da falecida cadeia Brasserie Flo, e cobrava, em média, 60 euros por uma refeição de três pratos. Quando o novo dono, Jean-Noël Dron, comprou a casa, no ano passado, quis adaptá-la para o século XXI seguindo o lema do fundador, Edouard Fournier: "Ici, tout est beau, bon, pas cher" ("Aqui tudo é belo, gostoso e barato"). E trouxe o chef Christophe Moisand, do Hotel Westminster, para produzir o cardápio rotativo que inclui salada de lentilha com foie gras de pato, linguiça grelhada com purê de batata e musse de chocolate.

Quando passei por lá, provei a sopa de abóbora e um cozido de radicchio enrolado em presunto com molho Mornay, prato substancioso que me fez sentir saudade da avó francesa que nunca tive. O crème caramel tinha gosto de mistura comprada, mas a pequena jarra de vinho branco da casa por 3,40 euros estava perfeita. O restaurante aceita reservas – portanto, faça a sua para evitar filas.

Bouillon Julien, 16 Rue du Faubourg Saint-Denis, 10º Arrondissement, www.bouillon-julien.com. Pratos entre 8,80 e 14 euros.

Bouillon Pigalle

Só em Paris você se depara com uma combinação tão despreocupada de gastronomia e pornografia como a que se vê em Pigalle, bairro que ganhou clima hipster nas travessinhas, mas continua parecido com a Times Square dos anos 80 nos principais bulevares. Só que não é bem o erotismo que motiva as longas filas no Bouillon Pigalle no almoço e no jantar; o segredo são os pratos fartos de um cardápio que muda regularmente.

 

Acompanhado de uma amiga de Los Angeles que estava tão cética quanto eu em relação ao custo-benefício daquela refeição, sentamo-nos para jantar, depois de 20 minutos de espera, em um salão animado, para 300 pessoas, dividido em dois andares. Começamos com três clássicos: oeufs mayonnaise, soupe à l'oignon e foie gras com geleia de cebola, e fomos surpreendidos pela qualidade do fígado, untuoso e muito saboroso. Os pratos principais, blanquette de veau e salmão no molho sorrel, estavam muito gostosos e as sobremesas, com cara caseira, incluíam arroz-doce com molho de caramelo e île flottante (pequenas nuvens de merengue sobre uma piscina de creme inglês). Dá até para pedir uma jarra de meio litro do vinho da casa e, ainda assim, pagar 20 euros por pessoa. O estabelecimento não trabalha com reservas, por isso é bom chegar cedo – a casa serve ininterruptamente do meio-dia à meia-noite, sete dias por semana. Um segundo endereço do Bouillon Pigalle está programado para abrir perto da Place de la République ainda este ano.

Bouillon Pigalle, 22 Boulevard de Clichy, 18º Arrondissement, www.bouillonpigalle.com. Pratos entre 8,50 e 14 euros.

Aux Bons Crus

Para os franceses, Les Routiers, uma associação de restaurantes de beira de estrada representada por uma placa circular de letras brancas, com fundo em vermelho e azul, remonta à nostalgia dos anos 50 e 60, semelhante àquela provocada pelos telhados alaranjados dos restaurantes Howard Johnson nos EUA. A diferença é que o rótulo francês, fundado em 1937, quando dois jornalistas publicaram "La Route Facile", um guia para caminhoneiros que destacava casas com comida boa e barata e instalações úteis, tinha um apelo mais voltado aos proletários, e não à classe média. Agora, Margot e Félix Dumant, gêmeos de uma família de restaurateurs, investiu no apelo retrô da cadeia, com diversos bistrôs cuidadosamente decorados que servem um cardápio tão intrinsecamente gaulês que talvez o próprio Charles de Gaulle encarasse a fila, e com prazer.

 

Aux Bons Crus, que faz parte da Les Routiers e é um dos quatro endereços em Paris, é sucesso desde a inauguração, no ano passado, no 11º Arrondissement.

Eu e um amigo fizemos uma refeição excelente ali há pouco tempo, que incluiu salada de beterraba com guarnição de mimosa (ovo cozido duro passado na peneira); endívia com ovo pochê e lardo (pedaços de bacon); repolho recheado e bolinhos recheados de perca em molho de lagostim, uma charcutaria prestigiada de Lyon; e uma porção dividida de Crêpes Suzette flambada em Grand Marnier. O cardápio muda todo mês.

Aux Bons Crus, 54 Rue Godefroy Cavaignac, 11º Arrondissement, www.auxbonscrus.fr. Pratos entre 12 e 19 euros.

Buffet

Nos anos 80, o bairro da Bastilha abrigava a vida noturna jovem da época, semelhante a Williamsburg, no Brooklyn, em seus dias de glória. Hoje, o pessoal frequenta a região por outro motivo: os restaurantes. Um segredo que os locais não querem ver revelado é o Buffet, anexo ao Au Passage, bistrô à vins popular moderno escondido em uma travessinha. Com piso de lajotas craqueladas à moda dos anos 50, luminárias de globo e mesas de madeira, parece cenário de uma foto de Édouard Boubat da Paris pós-guerra, tendo conquistado um público fiel (tem quem bata cartão diariamente), atraído pelos pratos contemporâneos do cardápio escrito a mão na lousa.

 

A grande sacada aqui é o menu a preço fixo de 16,50 e 19 euros servido aos sábados, único dia em que abre para o almoço. No jantar, há opções que podem incluir salada de lentilha com queijo fresco de cabra, Parmentier de cordeiro e ameixas (versão francesa do escondidinho), barriga de porco assada com verduras e um bolo de chocolate e castanha feito pelo chef português Luís Miguel Andrade por menos de 25 euros, sem vinho.

Buffet, 8 Rue de la Main d'Or, 11º Arrondissement, www.restaurantbuffet.fr. Média de preço dos pratos: 16 euros.

Le Cadoret

Dá um pouco de trabalho chegar a Belleville, bairro operário na região norte de Paris, onde nasceu Édith Piaf, detalhe que não desanima nem gourmets nem turistas que há anos frequentam a área gentrificada, mas ainda simples e despretensiosa, para comer no Le Baratin, um dos melhores bistrôs de Paris.

 Por melhor que seja, porém, hoje é caro e pode ser complicado conseguir mesa. Melhor conferir o Le Cadoret, versão moderna que funciona em um antigo café da Belle Époque. A fachada é azul, com fileiras de janelões; lá dentro, o balcão com tampo de zinco também é azul, a cozinha é aberta, as mesas são de madeira, os guardanapos, de tecido e as facas, da marca francesa Opinel, detalhe que anuncia sutilmente a seriedade e a sinceridade com que os irmãos Fleuriot criaram o restaurante (Léa cozinha e Louis-Marie dirige o salão). Batizado com o nome da fazenda de sua avó na Normandia, a casa prima pela qualidade – dos pratos, da hospitalidade, dos vinhos e da decoração.
 
 

Depois de um almoço no esquema preço fixo de três pratos – excelente, por 20 euros, com mexilhões minúsculos cozidos em bisque cremoso com açafrão, hadoque em caldo court bouillon com cogumelos e purê de batata e maçã assada com caramelo, voltei para o jantar: beterraba em conserva com faisselle (queijo fresco), filé com fritas e molho Béarnaise e crème caramel. Há também a opção de dois pratos no almoço por 17 euros.

Le Cadoret, 1 Rue Pradier, 19º Arrondissement, tel. (33) 01-53-21-92-13. Média de preço dos pratos: 15 euros.

Café du Coin

O restaurateur Florent Ciccoli sabe muito bem o que os jovens gourmets parisienses gostam de comer hoje em dia, e também sabe quanto estão dispostos a gastar – e é por isso que esse café de esquina reformado, com direito a balcão com tampo de cobre e papel de parede verde e topázio, pertinho da Place Léon Blum, no 11º Arrondissement, é um sucesso desde que abriu, há dois anos.

Ciccoli entende que seu público tem um gosto mais cosmopolita que o de seus pais, o que significa que a comida caseira que aprecia tem origem na Itália, no Líbano e no norte da África em vez de Perigord ou Provence – e é por isso que as pizzettes, ou pizzas individuais feitas com massa fofinha e um sem-fim de coberturas, se tornaram a marca registrada do cardápio de almoço de vinte euros, refeição tão popular que precisa de reserva.

 

Quando passei por lá, provei a versão que leva queijo taleggio derretido e azeitona preta bem carnuda, mais a cafta de porco com salada e labneh. Os pratos principais também são excelentes, incluindo o bife de alcatra coberto por uma fina camada de foie gras sobre batatas gratinadas, e choco (peixe) com pimenta de Espelette e legumes de inverno.

No jantar, as pequenas porções são servidas à la carte, incluindo o caillette – uma mistura de carne e ervas guarnecida com sementes de mostarda em uma cama de purê de batata – ou a linguiça de sangue com milho assado e guindillas (pimenta verde em conserva típica do País Basco espanhol). As sobremesas também são excelentes, incluindo a tart mirabelle com frangipani e a torta de limão com casca de toranja cristalizada.

Café du Coin, 9 Rue Camille Desmoulins, 11º Arrondissement, tel. (33) 01-48-04-82-46. Média de preço dos pratos: 15 euros.


O Globo sexta, 24 de maio de 2019

HAMBÚRGUER MANIA

 

Hambúrguer mania: restaurantes celebram o sanduíche mais famoso do mundo

Festivais e releituras da receita tradicional animam o Dia do Hambúrguer, comemorado em 28 de maio
 
 
O Malta Burguer (R$ 40) é um blend da casa servido com cheddar, molho barbecue, picles de pepino e cebola frita no pão de brioche Foto: Divulgação/Tomás Rangel
O Malta Burguer (R$ 40) é um blend da casa servido com cheddar, molho barbecue, picles de pepino e cebola frita no pão de brioche
Foto: Divulgação/Tomás Rangel
 
 

RIO — Receita sempre adaptada e repaginada, o hambúrguer — que nasceu na alemã Hamburgo e virou símbolo gastronômico dos Estados Unidos — deixou para trás a monótona (mas não menos deliciosa) fórmula de pão, carne e vegetais. Tamanho é o sucesso que o lanche que por vezes rouba a cena das refeições tem uma data só sua, 28 de maio.

 

Dia do Hambúrguer pode ser comemorado com fartura. Até o fim do mês, está em cartaz a 14ª edição do Burger Fest , em que chefs apresentam receitas exclusivas. Na Barra e nos bairros vizinhos, participam Curadoria, B, de Burger, Pobre Juan, CT Brasserie e Luce. No total, são mais de 20 estabelecimentos em toda a cidade, entre eles o Beef Bar Escondido CA, em Botafogo; e o  Doma Hamburgueria, em Caxias. O festival termina no dia 30 de maio.

Mas a festa não se restringe a estes estabelecimentos, como se verá a seguir. Nas muitas ofertas, chama a atenção a criatividade na escolha dos queijos e na criação dos molhos que acompanharão a carne.

Onde comer:

ZONA SUL:

ALESSANDRO & FREDERICO: O Hamburguer A&F leva 200g de picanha, molho blue cheese, bacon caramelizado, alface, tomate e cebola roxa, e chega acompanhado por batatas fritas crocantes (R$ 39,50). Rua Garcia D’Ávila 134 – Ipanema. Telefone: 2521-0828.

AS BENTAS: A casa criou três hambúrgueres funcionais para a data. Um deles é o de salmão com linhaça (R$ 32,90). O mix de legumes é orgânico e leva gengibre, que tem ação termogênica e contribui para acelerar o metabolismo. Este prato é também low carb, gluten free e lac free, um alimento menos calórico, mas muito gostoso, ao toque de gengibre. Pedidos pelo telefone 2589-2430 (de segunda a sexta, das 9h às 17h) ou pelo site https://www.asbentas.com/ .

 

BADALADO LAGOA CLUB: O dueto de miniamburguer de picanha leva Angus com salada (R$24 ,90). Criado pelo chef Leonardo Maciel, os sanduíches ainda contam com o sabor do pão de batata gratinado. Parque do Cantagalo: Avenida Epitácio Pessoa s/nº, Lagoa. Telefone: 99593-2428.

BEEF BAR ESCONDIDO: A casa oferece o “Monte Seu Burger”: pão, carne angus 200g e um molho saem a R$ 24. O cliente pode adicionar quantos itens quiser à escolha. Entre as mais de 15 opções de acompanhamentos estão bacon (R$ 4), chips de batata (R$ 3) e cogumelos (R$ 6).  Rua Aires Saldanha 98, Copacabana. Telefone: 2522-9800.

Hambúrguer Camolese com fritas da casa, no brioche próprio, queijo Monterey Jack, picles e aioli (R$ 49) Foto: Divulgação
Hambúrguer Camolese com fritas da casa, no brioche próprio, queijo Monterey Jack, picles e aioli (R$ 49) Foto: Divulgação

CASA CAMOLESE: O Hambúrguer Camolese, com fritas da casa, no brioche próprio, queijo Monterey Jack, picles e aioli, custa R$ 49. Telefone: Rua Jardim Botânico 983, Jardim Botânico. Telefone: 3514 -8200.

COORDENADAS BAR: No Dia do Hambúrguer, as três oções da casa vão ganhar descontos. De R$ 29, sairão por R$ 25. Terça-feira ainda é dia de chope duplo no bar até as 21h. As opções são: Indie Burger (blend de carnes da casa, queijo meia cura, tomate assado, alface, cebola caramelizada e maionese de siriracha, levemente picante, envolto em macio pão de brioche), Grunge Burger (preparado com o blend de carnes da casa, queijo gruyére, picles caseiro, bacon crocante, molho do chef no pão de gergelim) e o vegetariano Jam Burger (com disco preparado com quinoa, cenoura, abobrinha, cebola-roxa, aveia, farinha de arroz integral e gema, acompanhado de queijo meia cura, alface americana, tomate confitado, cebola caramelizada e finalizado com molho do chef no brioche fresquinho). O Indie Burger leva o blend de carnes da casa, queijo meia cura, tomate assado, alface, cebola caramelizada e maionese de siriracha, levemente picante, envolto em macio pão de brioche. Rua da Passagem19, Botafogo. Telefone: 3593-5003.

 ESPAÇO 7ZERO6: O estabelecimento criou o Praia de Ipanema Burger, batizado em homenagem ao bairro, e leva 200g de carne, queijo taleggio, brioche, bacon, barbecue do chef e fritas (R$ 46). Avenida Vieira Souto 706, Ipanema. Telefone: 2141-4949.

FAMOUS BURGER: O Touchdown Burger é para os que gostam de blend de costela de boi. É servido com bacon, cebola, alface, picles, tomate e queijo prato em pão australiano (R$ 31). Outra boa pedida é o Strike, uma versão para quem gosta de um diferentão. Na composição, blend de picanha Angus com molho especial de gorgonzola no pão de brioche(R$ 43). Rua Barão do Flamengo 35, Flamengo. Telefone:2051-8313. E Rua Francisco Sá 31, loja B, Copacabana. Telefone: 3486-6892.

FLUTUANTE RIO: O chef Maicon Vieira prepara a Dupla de minihambúrgueres (R$ 36) feita com discos de picanha grelhada, maionese de picles, queijo gouda e alface roxa. Avenida João Luiz Alves s/nº, Urca. Telefone: 99901-0236.

No Heat Fire House, o Hometown Burguer (R$ 39) chega à mesa com um blend bovino da casa e cheddar maturado em pão de hambúrguer Foto: Divulgação/Rodrigo Azevedo
No Heat Fire House, o Hometown Burguer (R$ 39) chega à mesa com um blend bovino da casa e cheddar maturado em pão de hambúrguer
Foto: Divulgação/Rodrigo Azevedo

HEAT FIRE HOUSE: O Hometown Burguer (R$ 39) chega à mesa com um blend bovino da casa e cheddar maturado em pão de hambúrguer. Com bacon, há um acréscimo de R$ 6. Rua Conde de Bernardotte 26, Leblon. Telefone: 2143 - 3885.

LE MAX HAMBURGUERIA: No Dia Mundial do  Hambúrguer, a casa  realiza a ação solidária LeMax Good Burger Day - Especial Patch Adams. Exclusivamente para a data, lança o Combo Patch, que leva o hambúrguer  Eu Sou a Lenda , (alface, tomate, picanha 180g, cheddar inglês, pão tradicional e molho secreto), chips de batata-doce e uma bebida tradicional (refrigerante, mate ou água). Disponível na opção individual (R$ 39) ou para duas pessoas (R$ 69). Rua Nelson Mandela 100, loja 118, Botafogo. Telefone: 3495-9800.

 LIGA DOS BOTECOS:   O Mini Burguer Quarteirão (R$ 25, três unidades) leva blend de carne da casa, coberto por cheddar, picles artesanal  de maxixe, ketchup de goiaba e mostarda. Para acompanhar, batata chips. Rua Álvaro Ramos 170, Botafogo. Telefone: 3586-2511.   

MALTA LEBLON: O Malta Burguer (R$ 40) é um blend da casa servido com cheddar, molho barbecue, picles de pepino e cebola frita no pão de brioche. Avenida General San Martin 359, Leblon. Telefone: 2323-6919.

TRAGGA (HUMAITÁ): Uma das opções é o hambúrguer (R$ 42), preparado com 180g de blend angus, cheddar, picles de pepino, crispy de jamón, maionese de ervas, alface e tomate. Tudo isso servido em um brioche artesanal feito na casa e fritas. Rua Capitão Salomão 74, Humaitá. Telefone: 3507-2235.

VIZINHANDO: O Blend Burger Angus Junior (R$ 32,90) tem 210g de hambúrguer bovino de angus, bacon, queijo prato caramelado com cebola e molho. Acompanha batata canoa. Rua Nelson Mandela 100, loja 124, Botafogo. Telefone: 2537-9259.

ZAZÁ BISTRÔ: Vale experimentar o Zazá Fish Burger (R$ 39): Hambúrguer de peixe empanado com panko, pickles de maxixe e molho tártaro de kefir, no pão bun de cúrcuma feito na casa. Rua Joana Angélica 40, Ipanema. Telefone: 2247-9101.

 

BARRA:

B, DE BURGER: O B, de Bombado (R$ 39), do B, de Burger traz blend envolto em bacon, cheddar, mix de queijos, cebola caramelizada na cerveja escura e pão de batata. Vogue Square: Av. das Américas 8.585, 1º piso, loja 105, Barra. Tel.: 3570-9637.

No Degusta Burger. O Cozinha leva o mini-hambúrguer Fish Burger(R$ 35, três unidades) para o evento, servido em brioche recheado com steak de peixe, coentro e molho de maionese tártara Foto: Dante Pires Rebelo / Divulgação
No Degusta Burger. O Cozinha leva o mini-hambúrguer Fish Burger (R$ 35, três unidades) para o evento, servido em brioche
recheado com steak de peixe, coentro e molho de maionese tártara Foto: Dante Pires Rebelo / Divulgação

BACCARAT STEAK AND BURGUER: O restaurante lança o Texas Holde’n (R$ 29), com 200g de costela bovina, dose dupla de queijo cheddar, alface, tomate, bacon e molho barbecue defumado no clássico pão americano. Shopping Vertice Mall e Offices: Av. Miguel Antônio Fernandes 1.333, loja 117-B, Recreio. Tel.: 3549-3179.

CABANA BURGER: O Melted (R$ 36, o simples), uma das opções do Cabana Burger, é feito com burger de 160g com blend de carne nobre wagyu, queijo cheddar derretido e bacon, servido no pão da casa. BarraShopping: Av. das Américas 4.666, loja 246, Barra. Tel.: 3328-3019.

COZINHA: A casa leva o mini-hambúrguer Fish Burger (R$ 35, três unidades) para o evento, servido em brioche recheado com steak de peixe, coentro e molho de maionese tártara. Avenida Olegário Maciel 101-B (vai participar do Degusta Burger, no VillageMall). Tel.: 2148-0194.

CURADORIA: O Da Porca 2.0 (R$ 36) é servido com maionese de manjericão da casa, queijo meia cura e salada, na Curadoria. Vogue Square: Av. das Américas 8.585, subsolo, loja 125, Barra. Tel.: 99274-6863.

 
Oriental. O Gurumê tem mini-hambúrguer de atum com cebola roxa no molho shoyu e farofinha panko no pão ban, acompanhado de chips de baroa e molho wasabi (R$ 25) Foto: Tomás Rangel / Divulgação
Oriental. O Gurumê tem mini-hambúrguer de atum com cebola roxa no molho shoyu e farofinha panko no pão ban,
acompanhado de chips de baroa e molho wasabi (R$ 25) Foto: Tomás Rangel / Divulgação

 GURUMÊ: A casa tem mini-hambúrguer de atum com cebola roxa no molho shoyu e farofinha panko no pão ban, acompanhado de chips de baroa e molho wasabi (R$ 25). Rio Design Barra: Av. das Américas 7.777, 3º andar, loja 316, Barra. Tel.; 3325-9960.

OUTBACK: A rede tem o Firecracker Shrimp Burger (R$ 46,90), carne de 200g e camarões empanados envoltos em molho levemente picante e adocicado, servido no brioche com alface, maionese, cebolinha e fritas. Downtown: Av. das Américas 500, bloco 7, loja 114, Barra. Tel.: 3597-1115.

TRAGGA VOGUE SQUARE: Uma das opções é o hambúrguer (R$ 42), preparado com 180g de blend angus, cheddar, picles de pepino, crispy de jamón, maionese de ervas, alface e tomate. Avenida das Américas 8.585, Barra. Telefone: 3559-7450.

BAIXADA:

DOMA HAMBURGUERIA: Pão brioche com burguer de 160g, queijo Minas padrão, geleia de bacon, agrião e maionese de alho (R$ 20) é uma das pedidas. Avenida Expedicionário José Amaro 728, Vila São Luís, em Duque de Caxias. Telefone: 97003-9657.


O Globo quinta, 23 de maio de 2019

MARINA RUY BARBOSA BRILHA NO FESTIVAL DE CANNES

 

Marina Ruy Barbosa brilha, literalmente, no tapete vermelho do Festival de Cannes

Atriz já tinha feito sucesso com pretinho nada básico
 
 
 

O Globo quarta, 22 de maio de 2019

PILOTOS E EQUIPES LAMENTAM MORTE DE NIKI LAUDA

 

Pilotos e equipes lamentam morte de Niki Lauda

Austríaco morreu nesta segunda-feira aos 70 anos
 
 
Rubinho publicou no seu instagram seguido da hashtag #RIP Foto: Reprodução Instagram
Rubinho publicou no seu instagram seguido da hashtag #RIP Foto: Reprodução Instagram
 
 
 

morte de Niki Lauda , nesta segunda-feira, em Viena, repercutiu entre pilotos e equipes, que manifestaram seu pesar nas redes sociais. Em uma publicação feita no Instagram, ainda na madrugada desta terça-feira, Rubens Barrichello aparece ao lado do ex-piloto. "My friend", escreveu na legenda foto.

 

Na carreira, Lauda foi campeão em 1975, 1977 e em 1984. As duas primeiras pela Ferrari e a última, pela McLaren. A aposentadoria aconteceu em 1985.

A associação esportiva 'Fórmula 1' também lamentou através do perfil do Twitter, a morte do austríaco. "Para sempre em nossos corações, eternamente imortalizado em nossa história. A comunidade de automobilismo hoje lamenta a perda devastadora de uma verdadeira lenda. Os pensamentos de todos na F1 estão com seus amigos e familiares."

 Equipes como a McLaren, Mercedes, Ferrari, também se pronunciaram nas redes sociais lamentando a morte de Lauda. "Todos na McLaren estão profundamente tristes ao saber que nosso amigo, colega e campeão mundial de Fórmula 1 de 1984, Niki Lauda, faleceu. Niki estará para sempre em nossos corações e consagrado em nossa história."

A família do piloto anunciou o falecimento em um e-mail nesta segunda-feira. Lauda sofria com problemas renais. No início do ano, o ex-piloto teve uma gripe forte após fazer, há oito meses, um transplante de pulmão e vinha fazendo hemodiálise.

 

Niki Lauda em foto de arquivo de 2016 Foto: ANDREJ ISAKOVIC / AFP
Niki Lauda em foto de arquivo de 2016 Foto: ANDREJ ISAKOVIC / AFP

— Com profunda tristeza, anunciamos que nosso amado Niki morreu pacificamente com sua família na segunda-feira, 20 de maio de 2019. Suas realizações únicas como atleta e empreendedor são e permanecerão inesquecíveis; seu incansável entusiasmo pela ação, sua franqueza e sua coragem permanecem um modelo e uma referência para todos nós. Era um marido amoroso e atencioso, pai e avô longe do público, que sentirá sua falta.

Em setembro de 2012, Lauda foi nomeado presidente não executivo da Mercedes. Neste cargo, ele trabalhou para que a escuderia contratasse o britânico Lewis Hamilton.

O Globo terça, 21 de maio de 2019

KATE MIDDLETON E FILHOS

 

Kate Middleton e filhos surgem em vídeo intimista da família

Duquesa de Cambridge esteve com as crianças no RHS Chelsea Flower Show
 
 
Kate e Louis no RHS Chelsea Flower Show Foto: MATT PORTEOUS / AFP
Kate e Louis no RHS Chelsea Flower Show Foto: MATT PORTEOUS / AFP
 
 
 

Os súditos ávidos pelos bastidores da vida da família real acordaram nesta segunda-feira com um registro intimista de Kate Middleton e os três filhos, postado nas redes sociais do palácio de Kensington. O vídeo faz parte da divulgação do trabalho da duquesa de Cambridge no RHS Chelsea Flower Show , evento em Londres que teve um jardim projetado pela própria Kate.

 

Nas imagens, ela aparece com os príncipes George , de 5 anos,Charlotte , de 4, e Louis , de 1, e o príncipe William , brincando no Back to Nature Garden, espaço feito em conjunto com os paisagistas Andrée Davies e Adam White.

"90% do nosso cérebro são desenvolvidos antes dos 5 anos de idade, e o que uma criança experimenta naqueles primeiros anos afeta diretamente como o cérebro se desenvolve. É por isso que penso ser tão importante, quer sejamos pais, responsáveis ou membros da família, realmente nos envolvermos em tempo de qualidade com crianças e bebês desde a mais tenra idade. Eu realmente sinto que a natureza e a interação ao ar livre têm enormes benefícios em nosso bem-estar físico e mental, especialmente para crianças pequenas", disse a duquesa.

Kate no Chelsea Flower Show Foto: YUI MOK / AFP
Kate no Chelsea Flower Show Foto: YUI MOK / AFP

 

Na noite de domingo, o palácio divulgou fotos oficiais da visita dos príncipes à criação da mãe. Na manhã desta segunda, Kate esteve no local recepcionando visitantes.

Kate e os paisagistas Andree Davies e Adam White Foto: POOL / REUTERS
Kate e os paisagistas Andree Davies e Adam White Foto: POOL / REUTERS

 


O Globo segunda, 20 de maio de 2019

A VIDA DOS VENEZUELANOS NAS EMBAIXADAS

 

A vida dos ‘hóspedes’ venezuelanos nas embaixadas

Futebol, séries como ‘Game of Thrones’, horas nas redes sociais e política virtual para driblar o tédio e a repressão
 
 
Proteção. Na porta da embaixada espanhola, López dá entrevista: líder do Primeiro Justiça participa das decisões da oposição venezuelana mesmo sem poder sair às ruas do país sob risco de prisão Foto: CARLOS GARCIA RAWLINS / REUTERS
Proteção. Na porta da embaixada espanhola, López dá entrevista: líder do Primeiro Justiça participa das decisões da oposição
venezuelana mesmo sem poder sair às ruas do país sob risco de prisão Foto: CARLOS GARCIA RAWLINS / REUTERS
 
 
 

A cena se repete quase todos os dias. O deputado e o presidente de um dos partidos mais tradicionais da Venezuela fazem exercício pela manhã, às vezes batem uma bolinha no jardim, passam horas nas redes sociais e em contato com colaboradores e parceiros políticos através de aplicativos como WhatsApp e o russo Signal. A rotina imposta pela perseguição que levou à reclusão numa embaixada termina, geralmente, com algum filme ou séries de TV, entre elas a espanhola “A Casa de Papel”. Se for domingo, o capítulo semanal de “Game of Thrones” é imperdível.

 

Assim vivem, há mais de um ano e meio, o deputado Freddy Guevara, figura de peso do partido Vontade Popular (VP), o mesmo ao qual pertence o presidente da Assembleia Nacional (AN) Juan Guaidó, e Roberto Enríquez, presidente do Copei, na residência do embaixador chileno em Caracas. São os veteranos de um grupo que hoje já chega a pelo menos sete pessoas que se refugiaram em sedes diplomáticas na categoria de “hóspedes”, não reconhecida pelo direito internacional, mas usada pela oposição para driblar a repressão e aceita pelos países que receberam políticos — até agora Chile, Itália, Espanha, México e Argentina — que corriam risco de prisão. Em todos os casos, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), controlado pelo governo Nicolás Maduro, suspendeu suas imunidades parlamentares e os acusou de delitos como traição à pátria e instigação ao ódio, entre outros.

Existem fortes versões sobre a presença de entre 15 e 25 militares, entre eles um general da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), na Embaixada do Panamá. Seriam oficiais que aderiram à tentativa de levante militar liderada por Guaidó em 30 de abril passado, junto ao fundador e presidente do VP, Leopoldo López, que escapou da prisão domiciliar graças à adesão do então diretor do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) ao fracassado plano, Manuel Cristopher Figuera, que está foragido. Os militares tentaram, primeiro, esconder-se na embaixada brasileira, mas não conseguiram chegar até lá pela presença de agentes do Sebin. Já López agora está recluído na Embaixada da Espanha junto com a mulher, Lilian Tintori, e a filha mais nova do casal, enquanto os outros dois filhos estão fora do país.

 

Os hóspedes estão proibidos de falar com a imprensa sem autorização das chancelarias dos países que os acolheram e tentam evitar qualquer atividade que possa incomodar os anfitriões. Procurado pelo GLOBO, o deputado Américo De Grazia comentou apenas que “aqui (na embaixada da Itália) nos tratam muito bem”. Junto a ele está a deputada Marianella Magallanes. Nas últimas duas semanas, o TSJ derrubou a imunidade parlamentar de 13 deputados. Alguns dos perseguidos, entre eles Juan Andrés Mejía e Miguel Pizarro, continuam na clandestinidade. Outros pediram refúgio em embaixadas. Para alguns é uma nova realidade, que esperam que seja efêmera.

— Freddy passou a meditar com base em um livro de ensinamentos de Abraham Lincoln, lê muito e continua fazendo política porque estamos numa ditadura 2.0, as novas tecnologias ajudam — revelou uma fonte.

O deputado fala quase diariamente com Guaidó, López e outros dirigentes políticos. No plano original dos partidos opositores, era Guevara quem assumiria a Presidência da AN em janeiro de 2019, ano em que o VP devia ocupar o cargo, antes exercido por Henry Ramos Allup (em 2017, da Ação Democrática e agora também com a imunidade suspensa pelo TSJ) e Julio Borges (2018, do Primeiro Justiça e desde o ano passado no exílio). Mas o deputado optou por esconder-se numa embaixada para evitar a prisão, e a responsabilidade acabou ficando nas mãos de Guaidó.

 

Posição vulnerável

Hoje, quem tem mais visibilidade é o presidente da AN, proclamado “presidente encarregado” pelo Parlamento em 23 de janeiro passado e reconhecido como tal por mais de 50 países. Mas engana-se quem pensa que Guaidó é quem comanda a agenda opositora. Cada passo é debatido por pelo menos quatro pessoas: o presidente da AN, López, Guevara e Carlos Vecchio. Dos quatro, apenas Guaidó está livre e dentro da Venezuela. Guevara e López estão em embaixadas, e Vecchio, no exílio há mais de três anos, este ano tornou-se embaixador do “governo interino” nos EUA.

De dentro da embaixada, Guevara ajudou a planejar a operação de 30 de abril passado. Ele sabia das negociações com militares chavistas, com o presidente do TSJ, Maikel Moreno, e com o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López. Quem o visitou recentemente diz que o deputado continua otimista e insiste em que a saída da crise venezuelana será “uma ruptura dentro das Forças Armadas”.

Como hóspedes não reconhecidos pelo direito internacional, os opositores estão numa posição vulnerável. Fontes argentinas disseram que se “o governo chavista tocar a campainha e pedir Blanco, ele deverá ser entregue”. Já colaboradores de Guevara asseguraram que o Sebin já bateu na porta da embaixada chilena, e o governo do Chile negou-se a deixá-los entrar. Como tudo na Venezuela, a situação dos refugiados em sedes diplomáticas é confusa, contraditória e incerta. Enquanto isso, só resta militar através das redes sociais e passar o tempo fazendo política virtual e assistindo às mesmas séries a que qualquer pessoa assiste, do lado de fora.

 


O Globo domingo, 19 de maio de 2019

BIOGRAFIA DETALHADA DE ROBERTO MARINHO ATÉ A CRIAÇÃO DO JORNAL NACIONAL

 

Biografia detalha vida de Roberto Marinho até criação do 'Jornal Nacional'

‘Roberto Marinho — O poder está no ar’ é resultado de seis anos de pesquisa do jornalista
 
Roberto Marinho em frente ao Museu do Louvre, em abril de 1956 Foto: Arquivo O Globo
Roberto Marinho em frente ao Museu do Louvre, em abril de 1956 Foto: Arquivo O Globo
 
 
 

RIO — Em março de 1940, a polícia invadiu “O Estado de S. Paulo”, alegando que o jornal articulava para derrubar Getúlio Vargas. O Brasil vivia a ditadura do Estado Novo, e a censura era comum. Após a invasão, foi convocada uma reunião do Conselho Nacional de Imprensa (CNI), em que o governo sugeria uma intervenção no “Estadão” e queria o apoio dos representantes de classe. A Associação Brasileira de Imprensa e o Sindicato dos Jornalistas votaram com o governo. Mas não Roberto Marinho. O varguista Lourival Fontes, que controlava o CNI, argumentou: “O conselho vai aprovar, é melhor que seja por unanimidade. Vai ficar ruim você ser derrotado”.

 

Roberto Marinho respondeu: “Prefiro ser derrotado. Não vou concordar com esse absurdo”.

Naquela ocasião, o jornal dirigido por Marinho, O GLOBO, não era o primeiro, o segundo e nem o terceiro mais importante do país. Mas ele parecia saber onde iria chegar. O primeiro dos dois volumes de sua biografia, “Roberto Marinho — O poder está no ar”, escrito pelo jornalista Leonencio Nossa e que acaba de ser lançado pela editora Nova Fronteira, mostra décadas da História do Brasil pelo olhar de Marinho, destacando a influência política de quem dialogava com todos os lados, mas evitava radicalismos.

Juventude e boêmia

O período coberto por esse primeiro volume vai até 1969, quando foi lançado o “Jornal Nacional”. No início, o livro mostra como Irineu Marinho, um jornalista ilustre do Rio de Janeiro, fundou O GLOBO, em 29 de julho de 1925. O diretor do novo jornal, contudo, morreu 21 dias após a inauguração, deixando para Roberto, o filho mais velho, a tarefa de ser o “homem da casa” e de cuidar dos negócios. Isso tudo se não fossem dois pequenos empecilhos: Marinho tinha 20 anos quando o pai morreu, e a redação do jornal nunca aceitaria seu comando; além de que, com tal idade, havia um desejo compreensível por boêmia. Pelo bem do GLOBO e da juventude do rapaz, o comando do jornal foi entregue, portanto, ao baiano Eurycles de Mattos, antigo companheiro de Irineu.

 

Marinho interessou-se pelo jornal aos poucos. Enquanto isso, como relata o livro, curtia a cidade. Frequentava sambas e fez amizade com Sinhô. Também namorava, e não era pouco.

Apenas em 1931, após a morte de Eurycles, Marinho, aos 26 anos, assumiu completamente o comando da redação. Era um momento conturbado da História, o primeiro dos muitos que ele acompanharia num assento privilegiado. Getúlio, por quem naquele momento Marinho nutria simpatia, havia assumido o poder no golpe da Revolução de 30. Dali em diante, as relações de Marinho com políticos sempre foram ambíguas.

Contra os extremismos

Leonencio foi minucioso em analisar editoriais e manchetes do GLOBO para, assim, compreender a cabeça de seu diretor. João Goulart, o presidente deposto pelo golpe militar de 64, por exemplo, tinha o apreço pessoal de Roberto Marinho, apesar de o jornal criticar aspectos do seu governo. O problema, para o jornalista, era o extremismo: ele combatera em igual medida o comunismo e o fascismo. Mas poupou Goulart. “O presidente foi tratado como um defensor da ‘liberdade’ e da ‘democracia’, mas, ao mesmo tempo, tornava-se, sob o ângulo do jornal de Marinho, uma figura menor no debate sobre a ‘ameaça’ comunista”, escreve Leonencio.

A biografia também aborda casos controversos na trajetória de Marinho, como o acordo da TV Globo com o grupo americano Time-Life, que levou a uma CPI e acabou encerrado em 1971. Trata, ainda, da atuação do que Leonencio chama de lobistas: eram nomes como o poeta Augusto Frederico Schmidt e o advogado Herbert Moses, que atuaram junto a políticos e empresários pelos interesses das empresas de Marinho — na sequência do GLOBO vieram histórias em quadrinhos, revistas, a rádio e a TV.

 

Ao final deste primeiro volume de sua biografia, Leonencio conclui: “A matemática não define o perfil democrático ou ideológico de Marinho. No emaranhado de paradoxos, ele mostrou coerência, em todos esses momentos, ao defender sua empresa”.


O Globo sábado, 18 de maio de 2019

RESTAURANTES AMPLIAM OPÇÕES VEGANAS

 

Restaurantes ampliam opções veganas no cardápio

Não mais restritos a casas especializadas, pratos sem produtos de origem animal são cada vez mais frequentes
 
 
Yasai Natural Sushi. No sushi bar, todas as opções do cardápio são veganas Foto: RODRIGO AZEVEDO FOTOGRAFIA / Divulgação
Yasai Natural Sushi. No sushi bar, todas as opções do cardápio são veganas Foto: RODRIGO AZEVEDO FOTOGRAFIA / Divulgação
 
 
 

Não mais restritos a casas especializadas, pratos sem produtos de origem animal são cada vez mais frequentes nos menus cariocas, que multiplicam as opções veganas.

 

- Ají

O ceviche de cogumelos, com shiitake, shimeji, creme de abacate, coentro, cebola roxa, tomate cereja e dedo-de-moça (R$ 35), é a pedida do Ají (99604-9301) para veganos. Vem com chips de baroa e milho crocante.

 

Ají: Be+Co. Rua da Matriz 54, Botafogo - 99604-9301. Ter e qua, do meio-dia às 23h, qui a sáb, do meio-dia até meia-noite, dom, do meio-dia às 20h.

- .Org

.Org. Queijo curado de macadâmia com ervas, fermentado com kombucha, mais cracker de beterraba, chutney de flores, dip de damasco, gengibre e pecan Foto: M. Pimenta / Divulgação
.Org. Queijo curado de macadâmia com ervas, fermentado com kombucha, mais cracker de beterraba, chutney de flores,
dip de damasco, gengibre e pecan Foto: M. Pimenta / Divulgação

Tati Lund renovou o jantar, servido de quinta a sábado (2493-1791). Entre os destaques, queijo curado de macadâmia com ervas, fermentado com kombucha, mais cracker de beterraba, chutney de flores, dip de damasco, gengibre e pecan (R$45).

.Org Bistrô: Av. Olegário Maciel 175, Loja G, Barra - 2493-1791. Seg a qua, das 12h às 20h, qui a sáb, do meio-dia às 22h.

- Bazzar

Bazzar. Lasanha de berinjelas com creme de feijão- branco da casa, minicebolas assadas e queijo de castanha de caju Foto: Rodrigo Azevedo / Divulgação
Bazzar. Lasanha de berinjelas com creme de feijão- branco da casa, minicebolas assadas e queijo de castanha de caju
Foto: Rodrigo Azevedo / Divulgação

O queijo da lasanha de berinjelas com creme de feijão- branco da casa (3202-2884) é feito a partir de castanha de caju. O prato leva ainda minicebolas assadas (R$47).

Bazzar: Rua Barão da Torre 538, Ipanema - 3202-2884. Seg a qui, do meio-dia até meia-noite, sex e sáb, do meio-dia à 1h, dom, do meio-dia às 19h.

- Cobre

Cobre. São quatro opções de pizza vegana no cardápio, como a de cogumelos selvagens, com mozzarella de castanha de caju, alho poró, cogumelos Paris e shiitake Foto: Divulgação
Cobre. São quatro opções de pizza vegana no cardápio, como a de cogumelos selvagens, com mozzarella de castanha de caju,
alho poró, cogumelos Paris e shiitake Foto: Divulgação

Entre os quatro sabores da pizzaria (97986-9900) do Humaitá, o curioso pepperoni vegano (R$ 39), com molho de tomates, mozzarella de castanha e pepperoni de fermentado de soja tempê.

Cobre: Rua Visconde de Caravelas 149, Humaitá - 97986-9900. De ter a dom, das 18h à 1h.

- Conflor

Conflor. Confeitaria vegana faz doces com ingredientes da estação Foto: Klacius Ank / Divulgação
Conflor. Confeitaria vegana faz doces com ingredientes da estação Foto: Klacius Ank / Divulgação

As novidades da doceira Luisa Mendonça (98167-7220) são o bolo de amêndoas com peras cozidas em especiarias com calda de caramelo (R$ 89, 14 fatias) e o bolinho de cenoura, com açúcar demerara, ganache de chocolate Amma 60% e creme de leite de castanha do caju (R$ 8).

 

Conflor: Rua Ererê 11, Cosme Velho - 98167-7220. Ter a sáb, das 13h às 18h30.

- DoJour

DoJour. Salada red fussili : massa de arroz , pesto de tomate, legumes assados, amêndoas, mix de folhas, tofu defumado crocante e tapenade de azeitona preta Foto: Rogerio Belorio / Divulgação
DoJour. Salada red fussili : massa de arroz , pesto de tomate, legumes assados, amêndoas, mix de folhas, tofu defumado
crocante e tapenade de azeitona preta Foto: Rogerio Belorio / Divulgação

 

Muito além do mix de folhas, o salad bar do La Fruteria (3042-4609) serve a red fussili (R$ 38): massa de arroz , pesto de tomate, legumes assados, amêndoas, mix de folhas, tofu defumado crocante e tapenade de azeitona preta.

Salad Bar da DoJour: Av. Lúcio Costa 3.150, Barra. De seg a dom, das 7h30 às 20h30. 

- Gaia Art & Café

Gaia Art & Café. Frida vegan: burrito com chili de feijão-vermelho, coentro, milho, pimentão, carne de casca de banana, arroz, repolho roxo, guacamole e jalapeño com polenta frita Foto: Oseias Barbosa / Divulgação
Gaia Art & Café. Frida vegan: burrito com chili de feijão-vermelho, coentro, milho, pimentão, carne de casca de banana, arroz, r
epolho roxo, guacamole e jalapeño com polenta frita Foto: Oseias Barbosa / Divulgação

O vegetariano no Leme (2244-3306) tem mais de uma opção vegana, de sanduíches a pratos principais. Uma delas é o Frida vegan (R$ 34), um burrito com chili de feijão-vermelho, coentro, milho, pimentão, carne de casca de banana, arroz, repolho roxo, guacamole e jalapeño com polenta frita.

Gaia Art & Café: Rua Gustavo Sampaio 323, Leme - 2244-3306. Ter a sáb, do meio-dia às 22h, dom, do meio-dia às 19h.

- Hopi Burritos

Hopi Burritos. Burrito de carne de jaca, que pode ser com feijão ou arroz, chilli ou sour cream Foto: Divulgação
Hopi Burritos. Burrito de carne de jaca, que pode ser com feijão ou arroz, chilli ou sour cream Foto: Divulgação

Lanche com sabor mexicano e vegano: burrito de carne de jaca (R$ 9), que pode ser com feijão ou arroz, chilli ou sour cream.

Hopi Burritos: Barra Shopping. Av. das Américas 4666, Boulevard Gourmet. Diariamente, das 11h30 às 23h.

- Pato com Laranja

Pato com Laranja. Hambúrguer vegano de cereais tem maionese de castanha de caju, cogumelos e cebolas salteados e rúcula. Foto: LipeBorges (lipeborges.com.br) / Divulgação
Pato com Laranja. Hambúrguer vegano de cereais tem maionese de castanha de caju, cogumelos e cebolas salteados e rúcula.
Foto: LipeBorges (lipeborges.com.br) / Divulgação

 

Criado por Daniel Biron, do bar de vegetais Teva, o burger vegano (R$ 37), de cereais, cogumelos, tomate, rúcula e aoli de castanha , tem lugar fixo no menu (2540-8380).


O Globo sexta, 17 de maio de 2019

11 MOMENTOS HISTÓRICOS DO OSCAR, QUE COMPLETA 90 ANOS

 

 

No aniversário de 90 anos do Oscar, reunimos fotos e vídeos de 11 momentos históricos da premiação

 

Kathryn Bigelow, Sidney Poitier, Leonardo DiCaprio e Sacheen Littlefeatherm participaram de momentos marcantes da história do Oscar

 No dia 16 de maio de 1929, acontecia a primeira edição do Oscar, hoje a maior premiação cinema mundial, em Los Angeles, na Califórnia. Criada para exaltar a indústria americana de filmes, a cerimônia anual de entrega das famosas estatuetas douradas construiu sua própria história ao longo das décadas. Nesta quinta-feira, dia em que o Oscar completa 90 anos, o Blog do Acervo reuniu 11 episódios inesquecíveis dessa trajetória. São acontecimentos como o primeiro prêmio para uma pessoa afrodescente, em 1940; o protesto de Marlon Brando, que não foi receber sua estatueta de Melhor Ator por "Poderoso chefão", em 1973; a primeira estatueta de Melhor Diretor entregue a uma mulher, em 2010; a selfie promovida por Ellen Degeneres, em 2014; e o discurso de Patricia Arquette em defesa da igualdade de gênero, ao receber a estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante, em 2015.  

 
 

O primeiro Oscar para uma pessoa negra, em 1940 

 

Atriz Hattie McDaniel recebe a estatueta pelo prêmio de melhor atriz coadjuvante pelo filme ''... E o vento levou''

 O Hotel Ambassador, em Los Angeles, tinha por política não permitir a entrada de negros, mas fez um "favor" ao abrir exceção para Hattie McDaniel. Graças à sua atuação como a empregada doméstica Mammy, no clássico "...E o vento levou" (1939), a americana se tornara a primeira pessoa afrodescendente a receber uma indicação para o Oscar, como Melhor Atriz Coadjuvante. Mas, naquela noite de 29 de fevereiro de 1940, quando a segregação racial era algo institucionalizado nos Estados Unidos, ela teve que se sentar numa mesa nos fundos do salão. 


Ao receber o prêmio, esforçando-se para segurar as lágrimas, McDaniel foi valente o bastante para dizer que "espero sinceramente ser sempre um crédito para minha raça e para a indústria do cinema". Ela morreu em 1952, aos 57 anos, sem ver outra mulher negra ganhar o prêmio, o que só ocorreu 51 anos depois, quando Whoopi Goldberg foi agraciada por “Ghost: do outro lado da vida”, em 1991. Em seu testamento, McDaniel pediu que seu Oscar fosse doado à Universidade Howard, uma referência para o movimento negro, em Washington D.C.. Entretanto, o paradeiro do troféu é desconhecido até hoje. Boatos dão conta de que estudantes racistas, em protesto, atiraram o Oscar no Rio Potomac.

Primeiro Oscar de Melhor Ator para um artista negro

 

Sidney Poitier recebe o Oscar de melhor ator, em 1964, ao lado da atriz Annabella

Sidney Poitier foi o primeiro artista negro a ganhar o Oscar de Melhor Ator, em 1964, pela sua atuação em “Uma voz nas sombras”, lançado no ano anterior. Quando recebeu a estatueta das mãos de Anne Bancroft, a renomada atriz lhe deu um beijo no rosto, o que incomodou muitos conservadores. Naquela época, os Estados Unidos ainda viviam sob o manto da segregação racial. O casamento inter-racial, por exemplo, era proibido. Toda essa realidade de preconceito se refletia na entrega dos prêmios do cinema. A premiação a outro ator negro só viria a acontecer em 1982, quando Louis Gossett Jr. recebeu a estatueta na categoria de Melhor Ator Coadjuvante pelo papel de sargento Emil Foley no filme "A força do destino".


 

Mais uma vez, outro grande intervalo de tempo se passou até outro ator negro ganhar o Oscar de Melhor Ator. Foi apenas em 2002, quando Denzel Washington foi premiado por sua atuação como o policial corrupto Alonzo Harris, no filme "Dia de Treinamento". Naquela cerimônia, Sidnei Poitier ganhou um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra, e a atriz Hale Barry se tornou a primeira artista negra a receber a estatueta de Melhor Atriz. Era o Oscar tentando se emendar após décadas de pouca diversidade. Anos mais tarde, Poitier disse que aquela noite foi "especial" e que, na opinião dele, "significou progresso" em Hollywood.

Marlon Brando protesta com ausência na premiação de 1973

 

Marlon Brando como Don Vito Corleone, em "O poderoso chefão"

 O astro Marlon Brando foi uma das primeiras estrelas do cinema americano a fazer da cerimônia de entrega do Oscar uma plataforma para protesto político. Em 1973, quando foi eleito o Melhor Ator por sua atuação no clássico "Poderoso Chefão", o artista, sabendo que era o favorito para vencer o prêmio, não compareceu ao evento e enviou, em seu lugar, a atriz e ativista indígena Sacheen Littlefeather, da etnia Apache. Ao subir no palco, Littlefether se recusou a receber a estatueta e fez um rápido discurso. Ela parecia constrangida, mas demonstrou classe e não se acovardou: “Ele não pode aceitar esse generoso prêmio. E a razão para isso é o tratamento que os índios americanos recebem da indústria cinematográfica”.


 

Durante o discurso, a plateia ensaiou algumas vaias, mas, quando terminou de falar, Littlefeather foi bastante aplaudida. Posteriormente, porém, a atriz afirmou que passou a ser marginalizada por Hollywood e que alguns veículos de imprensa chegaram a questionar suas origens indígenas, alegando até mesmo que as roupas usadas por ela na cerimônia haviam sido alugadas. Décadas depois, em 2014, a 87ª edição do Oscar foi criticada pela falta de diversidade, e a atriz negra Jada Pinkett Smith boicotou o evento citando Littlefather como uma inspiração.

Primeira artista negra eleita Melhor Atriz

Halle Berry e Denzel Washington na premiação do Oscar de 2002

O primeiro Oscar de Melhor Atriz para uma mulher negra aconteceu mais de 70 anos após a primeira edição da premiação. Halle Berry venceu o prêmio em 2002 pela sua atuação em “A última ceia”. Quando seu nome foi anunciado, Berry se mostrou muito surpresa e emocionada enquanto subia ao palco para receber a estatueta. Em seu discurso de agradecimento, ela disse que “Esse momento é tão maior do que eu. É para cada mulher de cor que não tem nome, não tem rosto, e que agora tem uma chance porque essa porta foi aberta hoje à noite”. Porém, desde então, a artista permanece como única negra a levantar a estatueta. 

Em 2016, a atriz falou sobre a falta de diversidade no Oscar durante um painel da conferência Makers (naquele ano em especial, todos os artistas indicados nas categorias de atuação eram brancos). Ela fez uma dura crítica à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas: "Sentar aqui quase 15 anos depois, e sabendo que nenhuma outra mulher de cor passou por essa porta é desolador. É desolador porque eu pensei que esse momento era maior do que eu. É desolador começar a pensar que não era maior do que eu", lamentou a atriz.

A primeira e única mulher a receber prêmio de direção

 Kathryn Bigelow discursa após receber o Oscar de melhor diretora em 2010

  

A estatueta dourada de Melhor Direção só foi entregue a uma mulher na 82ª edição da cerimônia, em 2010. A americana Kathryn Bigelow ganhou o prêmio, um dos mais prestigiados da cerimônia, por seu trabalho à frente do filme “Guerra ao terror”. O longa, que mostrou o trabalho tenso de uma equipe do esqudrão anti-bombas durante a Guerra do Iraque, faturou outras cinco categorias naquele ano: Melhor Filme, Melhor Roteiro Original, Melhor Mixagem de Som, Melhor Montagem e Melhor Edição de Som. Desde aquele ano, nenhuma outra mulher venceu o mesmo prêmio, o que evidencia a tímida participação de cineastas mulheres na indústria.

Três anos depois de ganhar o Oscar de Melhor Diretora, o longa "A hora mais escura", de Bigelow, também  foi indicado a Melhor Filme, mas não venceu. Em 2017, após o atentado em Charlottesville, nos Estados Unidos — quando um homem atropelou, durante uma manifestação, integrantes de grupos antiextremistas, matando uma mulher —, o presidente americano, Donald Trump, disse que havia culpa dos dois lados, e a diretora declarou ele deveria assistir a seu filme "Detroit em rebelião" para "humanizá-lo em um momento no qual a tensão racial está abalando a nação". A produção de Bigelow mostra os conflitos raciais dos EUA nos anos 1960.

Ingrid Bergman, três vezes vencedora do Oscar, brilha em "Casablanca"

Erro histórico! Longa foi anunciado como Melhor Filme por engano

 

Equipe de "Moonlight" comemora a vitória do Oscar de melhor filme em 2017

Em 2017, os apresentadores Faye Dunaway e Warren Beatty receberam o envelope que deveria conter o nome da produção vencedora do Oscar de Melhor Filme e leram o que estava escrito ali: “La la land”. Os produtores Jordan Horowitz, Marc Platt e Fred Berger comemoraram ainda na plateia, subiram ao palco, receberam o prêmio e começaram o discurso de agradecimento, mas foram interrompidos. É que Dunaway e Beatty haviam recebido o envelope errado. O filme eleito como o melhor daquele ano pelos membros da Academia foi, na verdade, o aclamado longa “Moonlight”, que conta a história de um jovem negro e gay. O papel lido pelos apresentadores foi entregue a eles por engano, o que levou ao erro inédito na cerimônia.

Indicado a cinco categorias naquele ano, "Moonlight" ainda ganhou outras duas estatuetas: Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante, graças à atuação de Mahershala Ali. Era a consagração do corajoso trabalho auto-biográfico do diretor Barry Jenkins, então com apenas 38 anos de idade. Já o longa "La la land", por sua vez, conquistou seis estatuetas entre as 14 nomeações que recebeu.

Oscar para a melhor selfie para Ellen DeGeneres

3,3 milhões. Esta é a quantidade de retweets que consagrou a selfie de Ellen DeGeneres na qual ela aparece com diversos astros do cinema, como Brad Pitt, Meryl Streep, Jennifer Lawrence, Bradley Cooper, Jared Leto e Angelina Jolie. Foi a publicação mais compartilhada no Twitter em 2014. A foto foi clicada durante a cerimônia do Oscar daquele ano. Depois, foi descoberto que essa selfie era uma jogada de marketing da fabricante do telefone usado para fazer a foto. Segundo o "Wall Street Journal", a empresa investiu cerca de R$ 45 milhões na ação.

O poderoso discurso por igualdade de Patricia Arquette


 

Patricia Arquette faturou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, em 2015, pela sua atuação em “Boyhood”, interpretando a personagem Olivia Evans. Porém, o que mais chamou atenção do público foi seu discurso. A artista fez uma fervorosa declaração destacando a diferença salarial entre homens e mulheres: “É a nossa vez de ter igualdade salarial de uma vez por todas e igualdade de direitos para as mulheres nos Estados Unidos da América". Suas palavras foram muito aplaudidas na cerimônia e geraram repercussão internacional como o grande momento da cerimônia. 

O Oscar póstumo de Heath Ledger

 O ator Heath Ledger que faleceu em 2008, aos 28 anos

O ator Heath Ledger morreu tragicamente, aos 28 anos, devido a uma overdose acidental de remédios prescritos. No ano seguinte, ele foi eleito o Melhor Ator Coadjuvante, por sua brilhante peformance como Coringa, em "Batman - O Cavaleiro das Trevas". A estatueta foi recebida pela sua família, num momento que emocionou a plateia e o público espectador. "Este prêmio... validou a determinação de Ledger de ser realmente aceito por todos vocês aqui, seus colegas, em uma indústria que ele amava tanto", disse o pai de Ledger, Kim, ao aceitar o prêmio em nome do filho, ao lado da mãe de Ledger, Sally.   

Finalmente, Leonardo DiCaprio vence

 

Leonardo DiCaprio vence, em 2016, o Oscar de melhor ator pela sua atuação em "O regresso"

Depois de 27 anos em Hollywood, com seis nomeações — incluindo uma pela atuação em “Titanic” —, Leonardo DiCaprio, enfim, conquistou um Oscar. O engajado artista levou a estatueta pela sua atuação como protagonista de "O regresso", em 2016. O ator aproveitou a oportunidade para discursar sobre o aquecimento global: “É a ameaça mais urgente que a nossa espécie precisa enfrentar. Precisamos trabalhar juntos e deixar de procrastinar. Precisamos apoiar os líderes de todo o mundo que não falam em nome das grandes corporações poluentes, mas sim de toda a humanidade, dos povos indígenas, de bilhões de pessoas desfavorecidas”.

As indicações anteriores de DiCaprio foram na categoria de Melhor Ator nos filmes "O lobo de Wall Street" — neste, concorreu a Melhor Filme também —, "Diamante de sangue" e "O aviador", além de ter sido nomeado na categoria Melhor Ator Coadjuvante pela sua atuação em "Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador".

Finalmente, Martin Scorsese vence

 

Martin Scorsese vence seu primeiro e único Oscar de melhor diretor em 2007

Após 40 anos de seu primeiro filme, o renomado diretor Martin Scorsese conseguiu faturar seu único Oscar de Melhor Diretor pelo filme "Os infiltrados". Ele recebeu outras sete nomações à premiação pela sua direção em: "Touro indomável", "A última tentação de Cristo", "Os bons companheiros", "Gangues de Nova York", "O aviador", "Hugo" e "O lobo de Wall Street".

Ao receber a estatueta, o diretor de outros clássicos como "Taxi driver", "Cassino" e "Cabo do medo" brincou: "Vocês poderiam checar o envelope?". Scorsese ainda foi nomeado a outras premiações do Oscar, como por Melhor Filme em "Hugo" e "O lobo de Wall Street". Ele também fundou o "Film production", uma organização sem fins lucrativos dedicada à preservação de filmes.


O Globo quinta, 16 de maio de 2019

BOTECO COM CARDÁPIO DE CEVICHE VIRA MODA

 

Boteco com cardápio de ceviche vira moda; aprenda a receita do prato clássico peruano

Inspirados nas "barras de ceviche" de Lima, bares combinam cerveja gelada, boa comida e música
 
 
Ceviche de salmão da Miraflores Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
Ceviche de salmão da Miraflores Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
 
 
 

Quem passa pela Rua Arnaldo Quintela, em Botafogo, em um sábado à noite percebe uma galera sentada em mesinhas na calçada comendo ceviche fresquinho e tomando cerveja gelada. Culpa dos dois bares que abriram por ali, o Ceviche RJ e o Miraflores, ambos comandados por peruanos, a poucos passos de distância um do outro. Além da proximidade física, os bares guardam o mesmo clima dos estabelecimentos de Lima: ambiente simples, cardápio gostoso, preços bons e trilha sonora animada. Fácil entender por que a moda pegou tão rápido.

 
Na Miraflores, em Botafogo, o ceviche de salmão leva maracujá, leite de tigre, pepino, abacaxi e purê de batata-doce. Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
Na Miraflores, em Botafogo, o ceviche de salmão leva maracujá, leite de tigre, pepino, abacaxi e purê de batata-doce.
Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo

O Miraflores abriu há um ano, em uma casa de esquina antiguinha, que agora vai receber a sua primeira reforma para ter mais cara de bar. Quem dirige o lugar é Janeth Espinoza, irmã do chef Marcos Espinoza, do Lima Cocina Peruana, com reforço do filho Marcio e do chef Jesus Chaves (que era do Lima). No cardápio, há ceviches variados feitos com dourado e salmão entregues no dia, além de butifarras e tacu tacu. “Sempre quis ter um bar assim: simples, nada gourmetizado mas com comida boa e bem feita. De noite, clima é bem jovem e animado. Adoro quando os clientes começam a dançar na calçada”, conta Janeth, que lança uma trilha com Baiana System, Madonna, Britney Spears, Duda Beat, Marcos Valle , além de bandas peruanas, como Nova Lima.

Janeth Espinoza, irmã do chef Marcos Espinoza, do Lima Cocina Peruana, e o filho Marcio comandam o Miraflores Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
Janeth Espinoza, irmã do chef Marcos Espinoza, do Lima Cocina Peruana, e o filho Marcio comandam o Miraflores Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo

Os mais pedidos são: o misto de frutos do mar, que leva dourado, lulas e camarões e o de salmão com maracujá, leite de tigre, pepino, abacaxi e purê de batata-doce. “São receitas típicas dos bares de lá. Não inventamos nada. O Marcos e o Jesus que definem os pratos do Miraflores. E eu mantenho a cerveja gelada”, diz ela.

O Ceviche RJ, em Botafogo, começou em feiras até ter seu ponto fixo, que vive lotado Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
O Ceviche RJ, em Botafogo, começou em feiras até ter seu ponto fixo, que vive lotado Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo

Até o jogador de futebol peruano Paolo Guerrero, que jogou no Flamengo, já deu pinta no Ceviche RJ. É difícil resistir ao botequim. Depois de dois anos participando de feiras como a Junta Local, Victor Lau Torres, um arquiteto que gosta de cozinhar, fixou endereço em Botafogo. Colocou cadeiras de ferro azul em frente e logo lotou. Rapidinho, precisou incorporar a loja ao lado e passou a servir 300 pratos no fim de semana.

 
O chef Elmer Narciso e o arquiteto Victor Lau comandam o Ceviche RJ Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
O chef Elmer Narciso e o arquiteto Victor Lau comandam o Ceviche RJ Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo

Por ali, os cubinhos de peixe marinado vêm acompanhados por chicharron, uma friturinha de lula. “Temos um cardápio enxuto, com quatro ceviches e alguns quentes. Investimos em cervejas artesanais e outras peruanas, como a Cusquenha . Quero que aqui seja o que chamamos de ‘barra de ceviche’, que é o boteco peruano. Faço questão de não virar um restaurante, é para vir direto da praia e ir ficando”, conta Victor.

 

RECEITA DE CEVICHE PERUANO

Ingredientes do Leche de Tigre:

- 1 cebola grande 
- 1 dente de alho 
- 1 colher grande de sopa de salsão 
- 5 gramas de gengibre picado 
- 1/2 pimenta dedo de moça  
- Punhado de peixe branco. Pode ser dourado ou namorado. 
- 1 xícara e meia de suco de limão taiti 
- 1/2 xícara de caldo de peixe 
- 1 maço de coentro 
- 1/2 colher de sopa de sal

Modo de preparo 
Triturar tudo no liquidificador na menor velocidade e peneire o molho, que deve ficar ralo. Reserve. 

 

Ingredientes para o peixe:

- 140 gramas de peixe branco fresco cortado em cubos. Pode ser dourado ou namorado. 
- Coentro picado 
- Pedacinho de pimenta dedo de moça, sem sementes 
- Sal a gosto 
- 1 limão 
- 1 cebola-roxa

 

Modo de preparo:

Coloque o peixe em uma tigela e jogue sal. Misture. Jogue a pimenta dedo de moça picada e o coentro. Misture tudo. 
Corte o limão e esprema sobre o peixe. 
Depois, coloque a cebola-roxa e o leche de tigre. A quantidade deve ser suficiente para cobrir os cubos de peixe. Coloque uma pedra de gelo e misture.


O Globo quarta, 15 de maio de 2019

APLICATIVOS AJUDAM A MEDIR A MALA E EVITAR PROBLEMAS COM AS NOVAS REGRAS

 

Aplicativos ajudam a medir a mala e evitar problemas com as novas regras

Fiscalização rígida dos aeroportos tem causado confusão
 
 
Bagagem de mão agora está sendo mais fiscalizada Foto: Chemodan Odezhdy/Creative Commons
Bagagem de mão agora está sendo mais fiscalizada Foto: Chemodan Odezhdy/Creative Commons
 
 

RIO - A fiscalização mais rígida em relação ao tamanho da bagagem de mão já está valendo desde segunda (13) nos aeroportos de Santos Dumont e Galeão , no Rio , de Congonhas, em São Paulo e dePorto Alegre e Goiânia . A medida começou a ser implementada gradativamente no dia 25 de abril e será concluída no próximo 23/5.

Tecnologia como aliada

Para evitar ser um deles, alguns aplicativos desenvolveram uma ferramenta que promete dizer se a sua mala de mão está dentro dos padrões, que são os mesmo adotados internacionalmente.

No Kayak, por exemplo, o dispositivo "Nova ferramenta de medição de bagagem” pede que o usuário escaneie o chão (o que ajuda a calibrar a medição) e deslize sua câmera pela mala para registrar o tamanho dela.

Tecnologia do site Kayak Foto: Divulgação
Tecnologia do site Kayak Foto: Divulgação

A partir daí, a tecnologia mostra as medidas exatas (comprimento, largura e altura) da bagagem e ainda compara os preços cobrados por cada companhia, caso seja necessário despachar a mala.

No MoMondo criou a ferramenta  ‘Medidor de bagagem’, que usa tecnologia de realidade aumentada para media a bagagem de mão. Para utilizar, é preciso mover a câmera ao redor da bagagem.

Com as ifnormações obtidas em relação ao comprimento, largura e altura, o usuário fica sabendo se a sua mala se encaixa nas exigências das companhias e, caso não, quanto custaria para despachar a babagem. 


O Globo terça, 14 de maio de 2019

MORRE A ATRIZ E CANTORA DORIS DAY, AOS 97 ANOS

 

Morre a atriz e cantora Doris Day, aos 97 anos

 

Estrela de sucessos das décadas de 1950 e 1960, ela estava em casa, na Califórnia
 
 
Doris Day, atriz e cantora, em cena do filme 'Confidências à meia-noite' (1959) Foto: Arquivo
Doris Day, atriz e cantora, em cena do filme 'Confidências à meia-noite' (1959) Foto: Arquivo
 
 
 

NOVA YORK — Doris Day, a atriz de rosto sardento, cujas personalidade e voz de ouro a transformaram na maior estrela do cinema americano no início dos anos 1960, morreu nesta segunda-feira em sua casa em Carmel Valley, Califórnia.

Mas foram os filmes que fizeram dela uma estrela.

 

Entre "Romance am alto-mar" (1948) e "Tem um homem na cama de mamãe" (1968), ela atuou em quase 40 filmes. Na tela, foi da menina levada nos anos 1950 à mulher de uma série de comédias sexuais dos anos 60 que lhe renderam quatro posições na lista de popularidade anual dos donos de cinemas, uma conquista igualada apenas por Shirley Temple.

Na década de 1950, ela estrelou, e na maioria das vezes cantou, em comédias (“Um amor de professora”, “O túnel do amor”), musicais (“Ardida como pimenta”, “Paris em abril”, “Um pijama para dois”) e melodramas (“Êxito fugaz”, o thriller de Alfred Hitchcock “O homem que sabia demais”, “Ama-me ou esquece-me”).

James Cagney, seu companheiro de elenco em “Ama-me ou esquece-me”, disse que Day tinha "a capacidade de projetar uma afirmação simples e direta de uma ideia simples e direta, sem confundir".  Ele comparava sua performance à de Laurette Taylor em “The glass menagerie”, na Broadway, em 1945, amplamente aclamada como uma das maiores performances de um ator americano.

 

Comédias picantes

Ela apareceria ainda em “Confidências à meia-noite” (1959), “Volta meu amor” (1961) e “Carícias de luxo” (1962), comédias aceleradas nas quais se defendia dos avanços de Rock Hudson (nos primeiros dois filmes) e Cary Grant (no terceiro). Esses filmes, muitas vezes ridicularizados hoje como exemplos da sexualidade reprimida dos anos 50, foram considerados ousados na época.

"Acho que ela era tão certinha, com dentes perfeitos, sardas e nariz arrebitado, que as pessoas achavam que ela se encaixava no conceito de uma virgem", disse Hudson uma vez sobre Day. “Mas quando filmamos 'Confidências à meia-noite', pensamos que iria  arruinar nossas carreiras, porque o roteiro era bem ousado.” O enredo, segundo ele, “não tinha nada além dele tentando seduzir Doris por oito rolos”.

Após "Confidências à meia-noite", que rendeu a Doris Day sua única indicação ao Oscar, ela foi chamada para defender sua virtude pelo resto de sua carreira em filmes semelhantes, mas menores. Hollywood começava a mostrar o sexo de forma mais clara e honesta, para acompanhar a revolução gerada pela criação da pílula anticoncepcional.

Doris Day recusou o papel da sra. Robinson, a mulher de meia-idade que seduz Dustin Hoffman, em "A primeira noite de um homem", de 1967. Segundo ela, a ideia de uma mulher mais velha seduzindo um jovem “ofendia seus valores". O papel foi para Anne Bancroft, que acabou indicada ao Oscar.

Quando se aposentou em 1973, após estrelar por cinco anos o sucesso "The Doris Day Show", na CBS , ela acabou descartada como uma celebridade ultrapassada, líder da brigada da castidade de Hollywood e, nas palavras da crítica de cinema Pauline Kael, "a menina de meia-idade americana". O crítico Dwight Macdonald escreveu sobre "a Síndrome de Doris Day" e a definiu como "saudável como uma tigela de cereais e tão sexy quanto uma".

Mas as décadas se passaram e, especialmente por parte de grupos feministas, a imagem de Doris Day e suas conquistas foram reavaliadas. Ela foi, de fato, uma das poucas atrizes dos anos 50 e 60 a interpretar mulheres que tinham uma profissão de verdade. E suas personagens costumavam ser mais apaixonadas por suas carreiras do que por seus colegas de elenco.

"Minha imagem pública é indubitavelmente a da virgem saudável da América, a vizinha despreocupada e cheia de felicidade", disse ela em "Doris Day: sua própria história", um livro de 1976 baseado em uma série de entrevistas conduzidas por A.E. Hotchner. “Uma imagem, posso garantir, mais fictícia do que qualquer filme que eu já interpretei. Mas eu sou a Srta. Cinto de Castidade, e isso é tudo.”


O Globo segunda, 13 de maio de 2019

MORRE PEGGY LIPTON, ESTRELA DE TWIN PEAKS E EX-MULHER DE QUINCY JONES

 

Morre Peggy Lipton, estrela de 'Twin Peaks' e ex-mulher de Quincy Jones

Atriz, que recebeu quatro indicações ao Globo de Ouro, tinha 72 anos
 
 
Peggy Lipton (direita) e sua filha, a também atriz Rashida Jones, em 2017 Foto: GABRIEL BOUYS / AFP
Peggy Lipton (direita) e sua filha, a também atriz Rashida Jones, em 2017 Foto: GABRIEL BOUYS / AFP
 
 

A atriz Peggy Lipton, conhecida por seus papéis nas séries "Mod Squad" e "Twin Peaks", morreu aos 72 anos após uma batalha contra o câncer.

Suas filhas Rashida e Kidada Jones, de seu casamento com o lendário produtor musical Quincy Jones, confirmaram sua morte no sábado em um comunicado à imprensa americana.

 

"Estamos desconsoladas que nossa querida mãe tenha morrido de câncer", disseram. "Ela se foi em paz com suas filhas e sobrinhas ao seu lado".

Nascida em Nova York em 30 de agosto de 1946, Lipton começou sua carreira como modelo na adolescência. Aos 19 anos fez pequenas participações em séries como "Feiticeira".

A fama veio em 1968 com a estreia de "Mod Squad", na qual interpretou Julie Barnes, uma ex-delinquente juvenil que se tornou policial disfarçada. A série foi uma das primeiras a apresentar um elenco interracial.

Por esse papel, Lipton recebeu quatro indicações ao Emmy e ao Globo de Ouro. Ela optou então por uma longa pausa na carreira que coincidiu com seu casamento com Jones. O casal contraiu matrimônio em 1974, logo depois que "Mod Squad" saiu do ar e se divorciou em 1989.

Suas duas filhas seguiram a carreira da mãe. Rashida Jones é conhecida por seus papéis em "The Office" e "Parks and Recreation". Muitos anos depois, Lipton voltou às telas na série de David Lynch "Twin Peaks", interpretando Norma Jennings, proprietária do restaurante Double R Diner.

"Eu perdi uma irmã hoje. Era um verdadeiro anjo na Terra. Sempre a melhor do salão", disse Madchen Amick, co-protagonista de "Twin Peaks".


O Globo domingo, 12 de maio de 2019

LÚCIO MAURO, ATOR E COMEDIANTE, MORRE AOS 92 ANOS

 

 

Ator e comediante Lúcio Mauro morre aos 92 anos

Ele estava internado na Clínica São Vicente, na Zona Sul do Rio, há cerca de dois meses
 
 
Lucio Mauro posa ao lado de Lucio Mauro Filho Foto: Rogerio Resende / Agência O Globo
Lucio Mauro posa ao lado de Lucio Mauro Filho Foto: Rogerio Resende / Agência O Globo
 
 

RIO — Morreu na madrugada deste domingo o ator e comediante, Lúcio Mauro, aos 92 anos. Ele estava internado há cerca de dois meses com problemas respiratórios na Clínica São Vicente, na Zona Sul do Rio.

Em março, Lúcio Mauro completou 92 anos, e seu filho, Lúcio Mauro Filho, compartilhou uma foto para festejar a data. Na imagem, Lúcio Mauro aparece com filhos, a nora, Cíntia Oliveira, e os netos, Liz, Bento e Luiza.

 

'Me influenciou em tudo', diz Lúcio Mauro Filho, em rede social

“Só foi possível graças a sua força, e também ao amor incondicional que sentimos por ti. Hoje comemoras os seus 92 anos. Comemoramos a sua existência e a nossa sorte de carregar seu sangue. Feliz Aniversário, meu pai! Juntos sempre!”, postou em uma rede social na ocasião.

Lucio Mauro completa 92 anos e ganha em família homenagem do filho Foto: Reprodução/Instagram
Lucio Mauro completa 92 anos e ganha em família homenagem do filho Foto: Reprodução/Instagram

Lúcio de Barros Barbalho, mais conhecido como Lúcio Mauro, nasceu em Belém do Pará, no dia 14 de março de 1927. Estreou na Globo em 1966.

Integrou o elenco de alguns dos principais programas de humor da emissora como "Chico City" (1973), "Os Trapalhões" (1989) e "Escolinha do Professor Raimundo" (1990).

Participou da criação, dirigiu e atuou em outras dezenas de programas de humor na televisão, com destaque para "Balança Mas Não Cai (1968), com releituras de quadros de sucesso da Rádio Nacional nos anos 1950.

Estreia na TV Globo

Em 1966, Lúcio Mauro estreou na Globo, no humorístico "TV0–TV1", ao lado de Jô Soares, Agildo Ribeiro, Paulo Silvino e outros, sob direção de Augusto César Vannucci.

Dois anos depois, criou e dirigiu na Globo o humorístico "Balança Mas Não Cai" (1968), escrito por Max Nunes e Haroldo Barbosa, e transmitido, ao vivo, até 1971.

 
 
O programa tinha o quadro Ofélia e Fernandinho, estrelado por Lúcio e Sônia Mamede (1936-1990).

Já no programa de variedades "Alô Brasil, Aquele Abraço" (1969), o comediante protagonizou um dos momentos mais inusitados de sua vida: um dos apresentadores das atrações regionais, como representante da região Norte, ficou em último lugar em uma das competições e recebeu como castigo lavar a cabeça da estátua do Cristo Redentor.

Outros papéis

Trabalhou no musical "Viva a Revista!" (1969) e foi ator e diretor do programa de humor "Uau, a Companhia" (1972). Quando "Balança Mas Não Cai" foi para a TV Tupi, nos anos 1970, ele acompanhou os colegas do programa e deixou a Globo por um tempo.

Voltou para integrar o elenco de "Chico City" no final da década. Ficou marcado como o diretor do ator canastrão Alberto Roberto, interpretado por Chico Anysio. Em seguida, voltou a dirigir e atuar na nova versão de "Balança Mas Não Cai" (1982) na Globo, sendo também diretor de "A Festa é Nossa", semanal que tinha como cenário fixo a cobertura de Ofélia e Fernandinho.

Ainda na década de 1980, Lúcio Mauro participou de "Chico Anysio Show" (1982) e "Os Trapalhões" (1989), revivendo com Nádia Maria a dupla Fernandinho e Ofélia. Em 1983, interpretou o médium Chico Xavier no "Caso Verdade Chico Xavier, um Infinito Amor". Em 1988, fez uma participação na minissérie "O Pagador de Promessas", de Dias Gomes, como Dr. Quindim.

 

Na década de 1990, viveu Aldemar Vigário, da "Escolinha do Professor Raimundo", sempre bajulando o professor interpretado por Chico Anysio. Trabalhou em um episódio de "Você Decide" (1992), foi do elenco de "Malhação" (1995), atuando como Dr. Palhares, pai do Mocotó (André Marques), e atuou na novela infantil "Caça-Talentos" (1996), com Angélica.

Em seguida, integrou o elenco de "Chico Total" (1996). Em 1998, encarnou o bicheiro mafioso Neca do Abaeté na minissérie "Dona Flor e Seus Dois Maridos", escrita por Dias Gomes com base no romance de Jorge Amado. Viveu o advogado Nonato na segunda versão da novela "Pecado Capital", de Glória Perez com base no original de Janete Clair; atuou em um episódio de "Sai de Baixo"; e participou em "Meu Bem Querer", de Ricardo Linhares.

A partir de 1999, Lúcio Mauro retomou personagens em "Zorra Total". Refez o quadro Fernandinho e Ofélia, desta vez com Claudia Rodrigues. Também integrava o elenco do programa seu filho, o ator Lúcio Mauro Filho. Em março de 2001, o humorista voltou à nova temporada da "Escolinha do Professor Raimundo", vivendo o popular Aldemar Vigário.

Nesta década, participou de "Os Normais", "A Grande Família", "A Diarista", "Sob Nova Direção", "Programa Novo", "Faça a Sua História" e "Zorra Total". Neste último, em 2012, viveu o personagem Ataliba, um vovô surfista, amigo de Gumercindo (José Santa Cruz), um senhor skatista. Os dois tentavam conquistar moças no vagão do Metrô Zorra Total. A dupla reviveu a parceria da estreia de Lúcio Mauro em humor na TV, em 1960.

 

Em 2007, participou de "Paraíso Tropical", de Gilberto Braga, como Veloso. Em 2008, esteve na série "Casos e Acasos" e na novela "A Favorita", de João Emanuel de Carneiro, no papel de Sabiá. No remake de "Gabriela" (2012), viveu Eustáquio. No penúltimo episódio de "A Grande Família" (2014), Lúcio Mauro interpretou Rui, um amigo de Agostinho Carrara (Pedro Cardoso).

Sua filmografia tem "Terra sem Deus" (1963), de José Carlos Burle; "007 ½ no carnaval" (1966), de Victor Lima; "Redentor" (2004), de Claudio Torres; "Cleópatra" (2008), de Júlio Bressane; e "Muita Calma Nessa Hora" (2010), de Felipe Joffily.

Em 2008, o humorista estreou a peça "Lúcio 80-30", dividindo o palco com Lúcio Mauro Filho, autor e diretor do espetáculo, e com outros dois filhos, Alexandre Barbalho e Luly Barbalho.


O Globo sábado, 11 de maio de 2019

ANITA: SOU OITO E OITENTA

 

'Sou oito e oitenta', diz Anitta, em entrevista exclusiva ao Globo

Com oito indicações ao prêmio MTV Miaw, cantora se diz 'realizada por completo' no trabalho, fala sobre relacionamento e de não querer ser uma mãe que 'terceiriza'
 
 
Anitta Foto: Divulgação
Anitta Foto: Divulgação
 
 
 

Falta fôlego até para descrever a rotina de Anitta nos últimos dias. Depois de gravar um clipe com Diplo na Costa Rica esta semana, a cantora embarcou para o Chile, onde faz show nesta sexta-feira (10), em Santiago. Amanhã (sábado, 11), ela se apresenta em Terezinha do Itaipú, no Paraná, e de lá segue para um show em Buenos Aires no próximo domingo (12).

 

Concorrendo em oito categorias, a cantora é pelo segundo ano seguido, a artista com maior número de indicações ao MTV Miaw, premiação promovida pelo canal, em que os fãs votam e escolhem os maiores destaques do ano (o resultado sai 4 de julho). Anitta concorre como artista do ano, fã-clube mais engajado e hino do ano (com a música "Bola rebola").

Ela disputa até o prêmio pet do ano, graças à popularidade de seu cachorrinho Plínio. O cão, da raça galgo, virou personagem de uma "briga" com Pabllo Vittar no meme do momento.

Nesta entrevista, feita por email entre uma viagem e outra, a cantora conta sobre os bastidores da gravação do disco, "Kisses", lançado no mês passado, reflete sobre a carreira e a  vida pessoal.

Qual é a importância de ter oito  indicações na premiação da MTV? É o segundo ano em que isso acontece, ainda faz diferença para você? Como recebeu a notícia? 

Claro que faz diferença. Claro que não se trabalha pensando em prêmio, mas quando ele acontece, é mais um indicador de que estamos no caminho certo. Fico muito lisonjeada em ter sido indicada em tantas categorias, em um prêmio oferecido por um canal genuinamente focado em música. Eu e minha equipe ficamos sempre muito felizes. 

Aconteceu algo de curioso ou fora do script nos bastidores durante as gravações com Caetano Veloso, Snoop Dogg e Ludmilla para o álbum "Kisses"?
 

Na cena de "Onda diferente" onde Snoop canta no meio das duas "robôs", Anitta e Ludmilla, nós deveriamos ficar imóveis e sérias. Mas não aguentei e caí na gargalhada quando ele começou a fazer suas dancinhas. E olha que ele tinha avisado antes pra "não se desconcentrar com o charme dele".

 

Caetano é seu fã. O que vem aprendendo com ele?

Quando se pensa em música brasileira, alguns nomes aparecem imediatamente no nosso imaginário e Caetano é um deles. Não somente pelas suas canções, mas pela sua trajetória e pela forma como lida com a arte e se preocupa com o planeta e a sociedade. Aliás, algo que me encanta nele está justamente aí, a sua liberdade em viver a sua arte, em expressá-la nas mais diversas formas. Uma conversa com ele é uma aula sobre tantos assuntos, das notas musicais à educação, passando por política, economia... e por aí vai. 

Na explicação de cada música de "Kisses", você cita as várias versões de Anitta ("cheia de atitude", "adora um deboche", "dança conforme o ritmo", "é sexy", "desconhece a palavra consequência", "é sentimental", "é a definição da palavra 'boss')... Quantas mulheres cabem em você e qual delas representa mais o seu momento atual? Por quê? 

O divertido é a gente se desafiar, se reinventar. Poder ser tudo, quando quiser. Eu realmente tenho essas 10 Anittas dentro de mim desde sempre e isso sempre fez com que as pessoas custassem mais para me compreender. Eu sou 8 E 80, tudo ao mesmo tempo. 

Você tem um direcionamento muito claro - e mesmo agressivo - no sentido de traçar uma carreira no mercado pop internacional. Em que modelos você mira nesse sentido? Quem é sua referência? Onde quer chegar nesse cenário internacional, o que almeja?
 

Agressiva não é bem a expressão. Sou focada e sei exatamente aonde quero chegar. Ao longo do caminho, estudei muito (e continuo a estudar). Mas não me inspirei no modelo de ninguém porque estamos fazendo algo que ainda não foi feito. E para isso não adianta tentar seguir modelos de caminhos cujo produto não é igual ao nosso. Fui conseguindo fazer das minhas decisões intuitivas o meu próprio modelo de negócio. Ainda custo para tentar convencer alguns que não dá pra tentar reproduzir estratégias de terceiros no nosso caso. E acho que é o ideal porque cada artista é único, e são as características singulares que ajudam a contar a sua história. Sobre a carreira lá fora, eu queria levar a nossa música a lugares afora, emocionar diferentes públicos e enriquecer o meu repertório com referências culturais diversas. Já consegui e me realizei por completo. Agora o que vier é lucro. 

Sua rotina hoje é completamente diferente da de quando você morava em Honório Gurgel. Mas o que ainda não mudou? O que você gostava de fazer naquela época e ainda faz? 

Eu amo estar em família e com meus amigos. Gosto de reunir as pessoas. O tempo está mais curto, mas toda vez que tenho uma brecha, aproveito para estar com eles. É a nossa rede de apoio, onde a gente recarrega as energias e quando a gente encontra quem a gente é de verdade. É bom circular, desbravar o mundo e realizar sonhos. É bom encarar desafios e superá-los. Mas é maravilhoso estar entre os nossos. 

Na música com Caetano você canta sobre um romance que acabou por causa de mentiras. Você está solteira? O que busca numa relação? 

Sim, solteira. Eu só busco parceria, verdade e leveza... Relacionamento é uma escolha. A gente escolhe estar com determinada pessoa. Temos liberdade para isso. Então não tem razão para dividir o nosso tempo com alguém que não seja leve, que não seja agregador e que nos exija algo que não queremos ou podemos oferecer. 

Já aturou atitudes de namorado que hoje jamais toleraria? Quais?
 

Quem nunca? Conviver com o outro exige jogo de cintura, negociar, ceder... O segredo está em não agredir nessas concessões.

 

Tem vontade de ser mãe? Como criaria um filho? 

Sim, embora esse desejo não esteja nos planos para agora. Certamente quero ser uma mãe presente. Não me vejo terceirizando determinadas funções que, para mim, foram muito importantes em minha criação. A minha mãe é muito presente em minha vida e quero seguir esse modelo.

Você perdeu um cachorro recentemente. Como lidou com a dor? 

Afonso. É muito difícil explicar. Acho que só quem tem bichos em casa consegue medir o que a gente passa e o que a gente sente. A gente vai lidando com a saudade, dando tempo ao tempo. E vamos tentando guardar na memórias os bons momentos. Ter bichos perto da gente enche o nosso coração de um amor puro, sem interesse, sem cobrança. Todo mundo deveria experimentar isso e tentar aprender com eles como lidar com a vida, com os outros e com o meio ambiente. 

Não esconde que fez várias plásticas? Sente necessidade de mais alguma?

Não. Mas sou totalmente a favor de alimentarmos a nossa autoestima. Sim, precisamos nos aceitar, nos amar do jeito que somos. Mas está tudo bem em querer mudar algo que não está exatamente do jeito que a gente quer para ajudar na forma como lidamos com a autoestima. Por que não? Obviamente, cercados de todos os cuidados e respeitando a si mesmos. Às vezes é uma mudança pequena mas que faz muita diferença, como um corte de cabelo ou ter a coragem de usar uma make diferente. A relação com o espelho não deve refletir a opinião dos outros, mas as nossas escolhas. 

Em seu desabafo pelas cobranças sobre o cenário político, no ano passado, você disse fazer parte da comunidade LGBTI+. Você é bissexual? Namoraria uma mulher?
 

A comunidade LGBTI+ sempre me abraçou e me acolheu com amor, respeito e apoio. E eu não poderia fazer nada de diferente do que devolver esse enorme carinho! Sobre a minha sexualidade, preciso confessar que me estranha que isso ainda gere curiosidade no outro nos dias de hoje. Me conforta muito mais as discussões sobre liberdade, amor e respeito.


O Globo sexta, 10 de maio de 2019

ISIS VALVERDE: MINHA MÃE ACHAVA QUE EU ERA GAY

 

Minha mãe achava que eu era gay', diz Isis Valverde

Atriz lembra da infância em Aiuruoca, no interior de Minas Gerais, quando só usava jeans e camiseta
 
 
Isis Valverde Foto: Karine Basilio
Isis Valverde Foto: Karine Basilio
 
 
 

Em seu primeiro Dia das Mães , a atriz Isis Valverde , de 32 anos, lembra da infância em Aiuruoca, no interior de Minas Gerais, e fala sobre a sua relação com a mãe, Rosalba. Nos primeiros dois meses de vida de Rael, ela se mudou para o Rio para ajudar Isis a cuidar do bebê.

Aos 15, 16 anos, Isis começou a trabalhar como modelo fotográfica e passou a se arrumar mais, mas nunca perdeu a essência moleca. Por essas e outras, conta que sempre quis ser mãe de menino. “Não conseguiria mostrar o lado cor-de-rosa da vida, não teria paciência para ouvir a música Frozen ( risos )", diverte-se Isis. "Jogo o Rael na cama, faço apresentações, falo alto. Sou meio bruta".

Isis e Rael Foto: Karine Basilio
Isis e Rael Foto: Karine Basilio

 

Isis fala com carinho da mãe e da avó. "Minha avó arrumou as malas do meu avô e o mandou embora com quatro filhos para criar dentro de casa, num tempo em que divórcio não era nada comum. Ela sempre enfrentou a sociedade, assim como a minha mãe".

Por outro lado, Isis conta que, quando ficou sozinha com Rael pela primeira vez, ficou com medo de "não conseguir criar um homem": "Infelizmente, é inserido o tal do machismo no menino logo que ele nasce. Sabemos que uma mulher pode ser tão ou mais machista que um homem, mas é preciso driblar essa introjeção automática. E eu quero criar o meu filho da melhor maneira possível. Quero que ele seja um homem íntegro".

'Não tem como você chorar o dia inteiro e dar uma paradinha para transar com o marido' : leia a entrevista completa com Isis Valverde.


O Globo quinta, 09 de maio de 2019

GOVERNO DE CUBA CANCELA DESFILE ANUAL CONTRA A HOMOFOBIA

 

Governo de Cuba cancela desfile anual contra a homofobia

 

Ativistas questionaram os motivos do governo, que alegou 'tensões regionais e internacionais'
 
 
Ativistas se juntam antes da marcha anual contra a homofobia e a transfobia em Havana, em 14 de maio de 2016 Foto: Alexandre Meneghini / REUTERS
Ativistas se juntam antes da marcha anual contra a homofobia e a transfobia em Havana, em 14 de maio de 2016
Foto: Alexandre Meneghini / REUTERS
 
 
 

HAVANA — O governo de Cubacancelou a 12º marcha anual contra a homofobia . Através de um post nas redes sociais, a organização estatal Centro Nacional de Educação Sexual(Cenesex) culpou "as novas tensões no contexto regional e internacional" pelo cancelamento.

Cuba chegou perto de aprovar uma nova constituição que incluía o casamento homoafetivo, mas voltou atrás depois de protestos de grupos religiosos. Em setembro do ano passado, o presidente do país, Miguel Díaz-Canel, defendeu a mudança dizendo que era uma "forma de eliminar qualquer tipo de discriminação na sociedade".

 Além das tensões no contexto regional e internacional, a Cenesex, que coordena os debates sobre os direitos do grupo LGBTQ+no país, não divulgou nenhum outro motivo para o cancelamento, o que levou os cubanos a especularem sobre as causas, desde a crise monetária do país até um possível assédio do governo de Donald Trump.

"Não permitir isso é um sinal que nos induz a retornar ao armário, ou seja, que não somos bem-vindos. Que a ilusão pode ser desfeita", escreveu o dramaturgo e ativista cubano Norge Espinosa em um post no Facebook.

Há muito tempo, o governo de Cuba controla os espaços públicos e permite poucas manifestações que vão de encontro aos seus interesses. Apesar disso, o país é visto como um líder regional na luta pelos direitos LGBTQ+, especialmente no Caribe, onde alguns países ainda possuem leis contra a causa.


O Globo quarta, 08 de maio de 2019

GISELE E BRADY

 

Há 10 anos, mão boba de Tom Brady em Gisele Bündchen se repete no Baile do MET

 

Cena voltou a acontecer nesta segunda-feira no evento, em Nova York
 
 
 

O Globo terça, 07 de maio de 2019

FESTIVAIS GASTRONÔMICOS

 

Festivais gastronômicos recheiam o Rio em maio

 

Da Comida di Buteco ao Festival de Trufas Negras, há opções para todos os gostos e bolsos 
 
Polvo com batatas do Festival de Frutos do Mar. Polvo com batatas Foto: Divulgação
Polvo com batatas do Festival de Frutos do Mar. Polvo com batatas Foto: Divulgação
 
 
 

- Burger Fest

Curadoria. Kalbi Burger: blend de costela marinado com alho, gengibre e cebolinha, picles de cenoura, broto de feijão, queijo meia cura e maionese de kimchi. Foto: LipeBorges (lipeborges.com.br) / Divulgação
Curadoria. Kalbi Burger: blend de costela marinado com alho, gengibre e cebolinha, picles de cenoura, broto de feijão,
queijo meia cura e maionese de kimchi. Foto: LipeBorges (lipeborges.com.br) / Divulgação

 

A14ª edição do Burger Fest invade a cidade até o dia 30 de maio, com receitas exclusivas para o evento. Este ano, o festival tem mais novidades, como oficinas com chefs e caravanas, com tour por quatro casas participantes. O passeio custa R$ 95 e dá direito a um hambúrguer e água ou refrigerante. Confira aqui todos os sabores do festival.

- Comida di Buteco

Casa Porto. Bololô: massa de empada, brownie de tutu com bacon, creme de mandioquinha, granulado de linguiça de pernil, couve crispy e farelo de pururuca Foto: Divulgação
Casa Porto. Bololô: massa de empada, brownie de tutu com bacon, creme de mandioquinha, granulado de linguiça de pernil,
couve crispy e farelo de pururuca Foto: Divulgação

 

No ano em que o concurso completa 20 anos (sendo 12 no Rio), o tema é livre e os petiscos custam o mesmo preço em todo o país, R$ 20. Entre bolinhos, costelas, bacalhau e outros sabores, são 66 opções, no Rio e na Baixada Fluminense, até o dia 12 de maio.  Veja aqui todos os petiscos e faça o seu roteiro. Spoiler: é impossivel comer um só.

- Festival de Açordas no Rancho Português

Festival de Açorda no Rancho Português: bacalhau ou lulas e de camarão ou frutos do mar Foto: Tomás Rangel / Divulgação
Festival de Açorda no Rancho Português: bacalhau ou lulas e de camarão ou frutos do mar
Foto: Tomás Rangel / Divulgação

O prato português com miolo de pão ensopado é a estrela do mês de maio no restaurante. Durante o festival, serão servidas quatro variações, em cumbucas, como entrada do almoço e do jantar.

As opções são de bacalhau ou lulas (R$ 42) e de camarão ou frutos do mar (R$ 46). A degustação com todas elas sai por R$ 139.

Rancho Português: Rua Maria Quitéria 136 Ipanema - 2287-0335.

- Festival de Frutos do Mar na Palace

Patinhas de caranguejo do Festival de Frutos do Mar na Churrascaria Palace Foto: Divulgação
Patinhas de caranguejo do Festival de Frutos do Mar na Churrascaria Palace Foto: Divulgação

Maio é a vez de um dos festivais mais esperados da Churracaria Palace, o de Frutos do Mar. No rodízio,  patinhas de caranguejo, casquinha de siri, polvo, vieiras, lula, mexilhões, camarões, cavaquinha, paella, moqueca. O festival acontece nos fins de semana, na hora do almoço, e inclui o rodízio regular da casa (R$ 149).

 

Churrascaria Palace: Rua Rodolfo Dantas 16 – Copacabana - 2541-5898.

- Festival de Trufas Negras


Olivo Cucina e Pizzeria. Ovo mollet crocante, purê de batata e aspargo verde e o steak tartar. Foto: Lucas Lima / Divulgação

 

O novíssimo Olivo Cucina e Pizzeria apostou alto em seu primeiro evento. É o Festival de Trufas Negras, com a iguaria vinda da Umbria, na Itália.

No menu "É Arrivato Il Tartufo Nero" são três as opções de entrada, todas com trufas (R$ 140, cada): carpaccio de filé com grana padano, ovo mollet crocante, purê de batata e aspargo verde e o steak tartar.

De principal, as sugestões do chef são: del plin recheados de vitela ao cacio e pepe (R$180), risoto de parmesão (R$180) e fraldinha na grelha com azeite de alecrim, raviolone toscano(R$190).

Olivo Cucina e Pizzeria: Av. Erico Verissimo 690, Barra - 3883-5893.

- Temporada de morangos na Torta & Cia.

Desejo de Morango, da Torta & Cia Foto: Tomás Rangel / Divulgação
Desejo de Morango, da Torta & Cia Foto: Tomás Rangel / Divulgação

 

Inteiras (R$ 158) ou em fatia (R$ 16), as quatro novas opções de tortas com morango anunciam o início da temporada da fruta, que vai até setembro. Em cartaz no mês de maio estão a Desejo de Morango (camadas de pão de ló intercaladas com chantilly e morangos frescos e decorada com açúcar de confeiteiro), Marshmallow com morango (pão de ló recheado com creme maravilha e morangos, decorado com rosas de marshmallow, Brigadeiro com morango (pão de ló de chocolate com creme maravilha, morangos e chantilly, coberto com brigadeiro e decorado com morangos frescos e chocolate granulado), e uma versão da Maravilha de banana, só que com morango (pão de ló recheado com creme maravilha e morangos, coberto com chantilly e decorado com morangos frescos).


O Globo segunda, 06 de maio de 2019

ARTE E MODA: JULIANA E MARINA, DUPLA DINÂMICA

 

Dupla dinâmica: as irmãs Juliana e Marina Latucca e seus trabalhos de arte e moda

De painéis gigantes na Zona Portuária à coleção de acessórios feitos com materiais inusitados, elas fazem parte da geração criativa carioca
 
 
A artista plástica e estudante de jornalismo Marina e a designer de moda Juliana Lattuca Foto: Juliana Rocha
A artista plástica e estudante de jornalismo Marina e a designer de moda Juliana Lattuca Foto: Juliana Rocha
 
 
 

A casa das irmãs Juliana, de 23 anos, e Marina Lattuca, de 19, tem clima de ateliê. De um lado, alicates, miçangas, pedrinhas e que tais são transformados em acessórios por Juliana; do outro, bisnagas de tinta, pincéis e telas formam o espaço de Marina. Apesar de todo o convívio e do olhar fácil para a estética, as duas têm suas áreas bem definidas. “Tá aí, nunca trabalhamos juntas. Uma vez peguei um tubo de tinta vazio da Marina e fiz um brinco com ele. Mas isso não é uma collab , né?”, brinca Juliana, que sempre considerou Marina a intelectual da família. “Ela lê mil livros desde pequena, é sempre cheia de referências. E eu sempre fazendo miçanguinhas. Pensava nela como a cult da casa e eu a artesã da feirinha”.

 
Juliana e Marina Lattuca Foto: Juliana Rocha
Juliana e Marina Lattuca Foto: Juliana Rocha

Mas ela foi bem além: Juliana é sucesso com seus acessórios autorais. Por conta dos arcos de bola de encher e colares com palitos de fósforo que fazia na infância, ela começou a ser chamada para parcerias em marcas como Loja Três, Perky Shoes, Farm e Fábula. “Nos próximos meses, lanço mais um sapato com a Perky e um par de óculos com a Zerezes”. Além disso, Juliana cria balangandãs (de bolsa feita com cuscuzeira a brincos de iscas de peixe) e posta no @garotioulegal, que esta semana ganhou um espaço dentro do Clube Melissa, em Ipanema. “É tudo ao mesmo tempo: também trabalho no escritório de criação Hardcuore, na função de Community Manager”.


Chapéu criado por Juliana Lattuca Foto: Reprodução

Marina lembra das mil vezes em que foi a manequim de Juliana e como adorava ser enfeitada com os acessórios criados pela irmã mais velha. “Fomos sempre muito próximas e estimuladas a termos vários interesses”, conta Marina, acrescentando a profissão do pai e da mãe: engenheiro civil e designer, respectivamente. Ela acaba de grafitar um painel gigante, de 17 metros de altura, na Zona Portuária. “É um desdobramento da série ‘Moinhos de gente’. Como o tema dos muros da região é amor, transformei os moinhos em comunhão”, diz a artista plástica e estudante de Jornalismo.

 
Marina Lattuca pintando um painel de 17 metros de altura na Zona Portuária Foto: Arquivo Pessoal
Marina Lattuca pintando um painel de 17 metros de altura na Zona Portuária Foto: Arquivo Pessoal

A literatura e a arte chegaram misturadas à vida de Marina. Mas foi há quatro anos que ela começou a pintar com mais convicção, tanto que, em 2017, foi para Veneza fazer uma residência. “Ganhei segurança”, comenta ela, que, como boa jovem múltipla da geração Z, divide-se entre a face de artista e a de jornalista, em seu estágio na Globo Lab Dados. “Na arte, estou fazendo a série ‘Vida de gado’; na comunicação, meu trabalho é focado em mídias digitais”, conta.

As Lattucas são muitas em duas.


O Globo domingo, 05 de maio de 2019

PORTUGAL: FÁTIMA COMEMORA CENTENÁRIO DA CAPELINHA DAS APARIÇÕES

 

Portugal: Fátima comemora centenário da Capelinha das Aparições com exposição

Cidade é o destino religioso mais procurado no país
 
 
 
Visita do Papa Francisco ao Santuário de Fátima Foto: Luis de Oliveira/Divulgação
Visita do Papa Francisco ao Santuário de Fátima Foto: Luis de Oliveira/Divulgação
 
 

RIO - Fátima , maior destino religioso de Portugal e um dos mais importantes do mundo para os católicos, está comemorando o centenário de sua principal construção: a Capelinha das Aparições , que deu origem ao atual Santuário de Fátima , visitado por milhares de fieis e turistas anualmente.

 

Para celebrar a data, o local realiza a “Capela Mundi”, uma exposição temporária com peças de valor histórico, vindas não só do museu local como de outros museus, bibliotecas e palácios de Portugal e arquivos da Igreja Católica. Entre eles estão as rosas de ouro oferecidas pelos Papas Paulo VI, Bento XVI e Francisco, uma reprodução do interior da capelinha, esculturas dos pastorinhos e várias placas com mensagens de agradecimento de peregrinos por graças concedidas pela santa.

Em 2018, Fátima recebeu mais de 7 milhões de peregrinos. Foram 2,9 milhões de visitantes somente na Capelinha das Aparições. Mais de 60% deles eram estrangeiros vindos de 79 países. A exposição estará aberta ao público no Museu do Santuário de Fátima até 15 de outubro de 2019.

Conheça a história

A história da capelinha começa no ano de 1917, quando três crianças pastoras afirmaram ter encontrado a Virgem Maria por seis vezes, levando importantes mensagens para os moradores da cidade que, com o tempo, foram espalhadas pelo mundo.

A Capelinha foi erguida no exato local onde os pequenos disseram terem visto a santa. É na construção simples, no coração da cidade, onde fica a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Ela foi o início do que hoje é o Santuário de Fátima, uma grandiosa construção que recebe milhões de visitantes todos os anos.


O Globo sábado, 04 de maio de 2019

CHEFS FAZEM JANTAR DO GUIA MICHELIN

 

Helena Rizzo, Paola Carosella, Ivan Ralston, Thomas Troisgros, Mara Salles, Victor Dimitrov e Gustavo Rozzino fazem jantar juntos

Os chefs se reúnem para a noite de lançamento do Guia Michelin 2019 e preparam menu com ingredientes de pequenos produtores; descobrimos em primeira mão alguns pratos que serão servidos
 
 
Helena Rizzo Foto: Pedro Kirilos / Agência O Globo
Helena Rizzo Foto: Pedro Kirilos / Agência O Globo
 
 
 

Ceviche de caju com raspadinha de cajuína e cachaça; cuscuz defarinha Uarini com lardo de pirarucu, pimenta de cheiro e broto de coentro; e feijão verde com costela de boi, limão galego e mel de mandaçaia da MBee são alguns dos pratos que serão preparados no jantar de lançamento doguia Michelin Rio de Janeiro & São Paulo 2019. A festa acontece no domingo, no hotel Unique.

 
A chef de cozinha e empresaria Paola Carosella Foto: Fernando Donasci
A chef de cozinha e empresaria Paola Carosella Foto: Fernando Donasci

Será a primeira vez que haverá um jantar antes da premiação, que deixa os chefs e o mundo da gastronomia ansioso para saber quem ganha estrela, quem perde, quem mantém e quem recebe o selo Bib Gourmand.


O Globo sexta, 03 de maio de 2019

ANTUNES FILHO, DIRETOR DE TEATRO, ENCANTOU-SE AOS 89 ANOS

 

Diretor de teatro Antunes Filho morre aos 89 anos em SP

Encenador esteve à frente de 'Macunaíma', adaptação para o livro de Mário de Andrade que foi um divisor de águas nos palcos brasileiros
 
 
Antunes Filho em foto de 2014Foto: Divulgação/Bob Sousa
Antunes Filho em foto de 2014 Foto: Divulgação/Bob Sousa
 
 
 

Morreu nesta quinta-feira o diretor de teatro Antunes Filho, aos 89 anos. Considerado um dos maiores nomes do teatro no Brasil, ele estava internado desde segunda-feira no Hospital Sírio-Libanês, onde tratava um câncer.

 Antunes Filho revolucionou o teatro brasileiro. Foi um grande nome do início da cena moderna no país, na metade do século XX, marcada, principalmente, pelo advento do encenador como profissional que passou a imprimir assinatura autoral nos espetáculos. E esteve à frente de, pelo menos, uma encenação que pode ser considerada como divisora de águas: “Macunaíma”, adaptação do livro de Mário de Andrade, apresentada a partir de 1978, resultado de seu glorioso encontro com o Grupo Pau-Brasil.

Numa época marcada pela soberania do encenador estrangeiro no Brasil – profissionais que, diga-se de passagem, revolucionaram o palco brasileiro –, não era muito fácil para o diretor nacional se impor e Antunes só conseguiu impulsionar a sua carreira a partir do final dos anos 1950 com o surgimento do Pequeno Teatro de Comédia, grupo que ajudou a fundar e onde realizou espetáculos como “Plantão 21”, de Sidney Kingsley, e “As feiticeiras de Salém”, de Arthur Miller.

Com o fim do grupo, Antunes retornou ao TBC no início da década de 1960, numa fase em que a companhia de Zampari tinha Flavio Rangel como diretor artístico. Lá, encenou “Yerma”, de Federico García Lorca, e “Vereda da salvação”, de Jorge Andrade – esse último, texto que Antunes retomaria quase 30 anos depois, numa montagem excepcional com os atores do Centro de Pesquisa Teatral e as presenças de Laura Cardoso e Luís Melo.

 

Nelson Rodrigues revisitado

Na sequência, dirigiu os alunos da Escola de Arte Dramática em “A falecida”, de Nelson Rodrigues, autor que revisitaria com constância nas décadas seguintes. Sua inquietação o levou a fundar outro grupo, o Teatro de Esquina, com o qual encenou “A megera domada”, de William Shakespeare. Transitando entre trabalhos concebidos dentro de companhias e avulsos, montou “Black-out”, de Frederick Knott, e “A cozinha”, de Arnold Wesker, evidenciando, no segundo caso, uma pesquisa voltada para o realismo materializada na minuciosa cenografia de Maria Bonomi.

Teve breve experiência no cinema com o filme “Compasso de espera” e retomou a atividade teatral com a empresa Antunes Filho Produções Artísticas, partindo para montagens de textos relevantes, como “Peer Gynt”, de Henrik Ibsen, “Corpo a corpo” e “Em família”, ambas peças de Oduvaldo Vianna Filho. Outros trabalhos dignos de nota despontaram: conduziu Maria Della Costa nas encenações de “Bodas de sangue”, de Federico García Lorca, e “Tome conta da Amelie”, de Georges Feydeau, e propôs uma versão de “Esperando Godot”, de Samuel Beckett, só com atrizes – entre elas, Eva Wilma, Lelia Abramo e Lilian Lemmertz.

Nesse instante, deu vazão à criação de “Macunaíma”, dotada de características que passariam determinar parte considerável de suas realizações futuras, tanto no que diz respeito a uma cena sintética, concebida por meio de elementos reduzidos (em “Macunaíma”, os atores sugeriam imagens através da manipulação de jornais e lençóis), quanto de um modelo de produção voltado para o aprofundamento do trabalho junto ao grupo e não mais para o investimento em espetáculos avulsos.

 

A valorização do texto brasileiro também se acentuou em seu percurso. Já no Centro de Pesquisa Teatral, Antunes partiu para montagens de peças de Nelson Rodrigues – “Nelson Rodrigues, o eterno retorno” e “Paraíso Zona Norte”. Ainda nos anos 1980, apresentou uma versão de “A hora e a vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa, e encenou “Xica da Silva”, de Luís Alberto de Abreu, marcando, com esse último espetáculo, o início da parceria com o cenógrafo J.C. Serroni.

Ousou com “Nova velha história”, adaptação da fábula de “Chapeuzinho vermelho” na qual os atores falavam fonemol, recurso presente em montagens futuras, como “Drácula e outros vampiros” e “Foi Carmen”. Mergulhou em “Macbeth”, tragédia de William Shakespeare, rendendo a montagem de “Trono de sangue”. E surpreendeu com “Gilgamesh”, a partir de texto sumério escrito em 2600 a.C.

A partir do final da década de 1990, deu vazão a projetos aparentemente contrastantes, mas que se relacionavam na valorização de uma cena norteada pela importância do ator: a apresentação de cenas contemporâneas, marcadas por registro naturalista, propostas pelos próprios atores – reunidas no projeto “Prêt-à-porter” – e a encenação de tragédias gregas (em “Fragmentos troianos”, “Antígona”, “Medeia”).

Nos anos 2000, Suassuna e Lima Barreto

Já nos anos 2000, seguiu dando destaque ao texto brasileiro por meio das encenações de “A pedra do reino”, a partir da obra de Ariano Suassuna, “O triste fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto, e “Falecida vapt-vupt”, retomando Nelson Rodrigues, sem perder de vista, porém, o repertório estrangeiro, a julgar por “Nossa cidade”, de Thornton Wilder, “Blanche”, apropriação de “Um bonde chamado desejo”, de Tennessee Williams, e “Eu estava em minha casa e esperava que a chuva chegasse”, de Jean-Luc Lagarce.

 

Além de ter se dedicado a montagens de destaque ao longo dos anos, Antunes se deteve na formulação de um método de trabalho para o ator. Sua grande contribuição ao teatro brasileiro foi devidamente pesquisada por Sebastião Milaré e permanece presente em todos os artistas dirigidos por ele.


O Globo quinta, 02 de maio de 2019

RESERVAS LEGAIS PRESERVAMO PODER DA FLORESTA DE FAZER CHOVER

 

Reservas legais preservam o poder da floresta de fazer chover

Projeto de lei que revoga unidades de conservação pode provocar impactos em setores como agricultura, geração de energia e turismo
 
 
Para especialistas, projeto de lei que revoga obrigatoriedade de reservas legais em propriedades rurais coloca em risco equilíbrio e a proteção da floresta Foto: CARL DE SOUZA/AFP/22-9-2017
Para especialistas, projeto de lei que revoga obrigatoriedade de reservas legais em propriedades rurais coloca em risco equilíbrio e a proteção da floresta Foto: CARL DE SOUZA/AFP/22-9-2017
 
 
 

RIO — Um dos ditados populares da Amazônia diz que “a floresta faz chover”. E faz, não só na Região Norte, mas muito distante, no Sul do Brasil e até em partes da Argentina e do Uruguai, com impacto sobre a agricultura, a geração de energia e o turismo.

 

A discussão sobre as consequências do projeto de lei 2.362/2019, dos senadores Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e Márcio Bittar (MDB-AC), que revoga a obrigatoriedade de se manter a chamada reserva legal nas propriedades rurais, acabou por destacar a relevância da Floresta Amazônica para o clima do Brasil. É na Amazônia que nascem os rios voadores que distribuem chuvas no país.

A expressão rios voadores foi criada há quase duas décadas pelo meteorologista José Marengo, coordenador geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Ela se refere aos jatos de ar carregados de umidade que se originam sobre a floresta e atravessam o Brasil, a cerca de 3 mil metros de altitude.

Um de seus efeitos bem estabelecidos é permitir a existência das florestas do oeste do Paraná, como as das cataratas do Parque Nacional do Iguaçu e as que protegem a Usina de Itaipu.

O climatologista Carlos Nobre, um dos mais respeitados especialistas do mundo em mudanças climáticas, explica que está comprovado que, quando uma seca castiga a Amazônia, chove menos em toda a vasta região que vai do oeste do Paraná, onde estão as florestas de Iguaçu, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, e chega até o centro-leste da Argentina, Uruguai e Paraguai.

 

Impacto na agricultura

Só existe floresta no Paraná porque chove no inverno por lá, e chove porque os rios voadores levam a umidade da Amazônia.

— Se não fosse a umidade da Amazônia, toda essa região seria uma savana — afirma Nobre.

Chove menos em Foz do Iguaçu, por exemplo, do que em Brasília. Enquanto nesta caem de 1.600 a 1700 milímetros de chuva por ano, em Foz a média é de 1.300 mm. Porém, Brasília tem uma estiagem de meio ano e vegetação de Cerrado. Já em Foz e em toda a área coberta pelos rios voadores, a chuva é distribuída ao longo do ano, graças a eles.

Os rios voadores são canais de umidade que transportam vapor d’água e fazem com que chova durante todo o ano, inclusive no inverno, normalmente seco no Centro-sul. Sem chuva ao longo de todo o ano, não há condições para existir uma floresta, observa Nobre.

As reservas legais protegem 80% das florestas de uma propriedade rural e são essenciais para deter o desmatamento e, assim, preservar a Amazônia e os rios voadores que ela gera. Mas, para Nobre, a maior importância das reservas legais está na proteção da própria Amazônia.

As florestas prestam serviços, como redução da temperatura — são até 3 graus Celsius menos quentes que plantações e pastagens —, produção de água, prevenção de erosão e polinização de culturas comerciais.

— O maior impacto do desmatamento das reservas legais será para a agricultura da região, que já enfrenta um clima hostil e um solo pobre — salienta.

Professor titular do Instituto de Física da USP e reconhecido como o maior especialista do mundo em química da atmosfera da Amazônia, Paulo Artaxo vê ameaça concreta de perdas para os investidores nos setores agrícola e de energia, que dependem da disponibilidade de água e da regularidade climática.

— O desmatamento afeta o fluxo de umidade na atmosfera e traz desequilíbrio. A destruição de reservas legais trará incerteza para o Brasil. Para quem investe, é um fator de risco.


O Globo quarta, 01 de maio de 2019

MORRE A CANTORA BETH CARVALHO, AOS 72 ANOS

 

Morre a cantora Beth Carvalho, aos 72 anos

Sambista estava internada no Rio
 
 
Beth Carvalho no desfile do Bloco do Bola Preta, no Rio, em 2003 Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo
Beth Carvalho no desfile do Bloco do Bola Preta, no Rio, em 2003 Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo
 
 
 

A cantora Beth Carvalho , um dos mais importantes nomes do samba, morreu nesta terça-feira, no Rio. Ela estava internada por causa de problemas na coluna que a atormentavam há anos. A mangueirense Beth tinha 72 anos e a princípio cantaria no Vivo Rio no próximo fim de semana, mas os problemas de saúde a obrigaram a cancelar. Segundo o Hospital Pró-Cardíaco, ela morreu "em decorrência de infecção generalizada (sepse)".

Seu empresário, Afonso Carvalho, divulgou um comunicado na internet:

"Queridos amigos e fãs,

Nossa querida Beth Carvalho partiu hoje as 17:33, cercada do amor de seus familiares e amigos. Agradecemos todas as manifestações de carinho e solidariedade nesse momento. Beth deixa um legado inestimável para a música popular brasileira e sempre será lembrada por sua luta pela cultura e pelo povo brasileiro. Seu talento nos presenteou com a revelação de inúmeros compositores e artistas que estão aí na estrada do sucesso. Começando com o sucesso arrebatador de “Andança”, até chegar a Marte com “Coisinha do Pai”, Beth traçou uma trajetória vitoriosa laureada por vários prêmios, inclusive um Grammy pelo conjunto da obra. Assim que possível, informaremos sobre o sepultamento".

A madrinha do samba

Aonde ela foi, sambista nenhum jamais chegou: Marte. Em 1997, a interpretação de Beth Carvalho para “Coisinha do pai”, de Jorge Aragão, foi escolhida pela Nasa para “acordar” o robô Sojourner, enviado em missão ao planeta vermelho.

 

Beth despertou para o mundo no mesmo lugar que serviu de berço para o samba. Elizabeth Santos Leal de Carvalho nasceu, no dia 5 de maio de 1946, no bairro da Gamboa, região portuária do Rio de Janeiro, área onde o samba surgiu, no começo do século passado. Mas, Beth foi criada mesmo na Zona Sul, onde desenvolveu três paixões: o Botafogo, a Mangueira e o PDT de Leonel Brizola.

A música estava próxima desde o começo. A avó tocava bandolim e violão; a irmã cantava. Beth ouvia desde cedo a Rádio Nacional, mas também tinha música ao vivo em casa. O pai, advogado, era amigo de cantores, que frequentavam a casa da família. Beth ouviu do sofá gente como Silvio Caldas e Elizeth Cardoso.

No carnaval, subia num caixote com a mãe para ver a Mangueira passar, numa época em que a Portela ganhava todos os carnavais. Decorava todos os sambas-enredo do ano. Só ficou difícil quando, aos 17 anos, arrumou um namorado que odiava a folia. Numa terça-feira gorda, ao se ver sozinha em casa, Beth não pensou duas vezes: vestiu a fantasia de havaiana, ligou a TV e sambou até de madrugada.

 

Apesar de ser intérprete de um ritmo vindo das classes populares, a família de Beth tinha uma vida financeira boa. A menina, ainda criança, estudou balé clássico e frequentou um curso de etiqueta para mulheres. Tinha aulas de como segurar um guarda-chuva, usar garfo e faca e entrar ou sair de um automóvel — com classe.

 

Só que o golpe militar, em 1964, trouxe problemas para a família da cantora: seu pai, fã de Lênin, foi demitido do cargo que ocupava no Ministério da Fazenda. Aí o dinheiro faltou na casa dos Carvalho. Beth começou a dar aulas de violão para ajudar os pais.

Como cantora, não começou com o samba, mas com a bossa nova. Encantada por João Gilberto, se apresentou com o ritmo em festivais universitários e shows. Chegou a gravar um compacto, em 1965, em que interpretava “Por que morrer de amor?”, de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli. Mas no ano seguinte já se aproximava do ritmo que a consagrou, participando do show “A hora e a vez do samba”, com Nelson Sargento e Noca da Portela.

Em 1968, conquistou o terceiro lugar no Festival Internacional da Canção interpretando "Andança", de Edmundo Souto, Paulinho Tapajós e Danilo Caymmi.

Fez gravações históricas de mestres do samba, como Nelson Cavaquinho, Cartola, Nelson Sargento e Carlos Cachaça. O desejo de buscar o samba onde ele estivesse a levou à quadra do Cacique de Ramos, em Olaria, no momento em que despontava uma geração de novos talentos ali — e mais que isso, de uma nova forma de tocar samba, usando instrumentos como banjo e repique de mão. Acabou por revelar, a partir dos anos 1970, artistas ligados ao Cacique, como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Almir Guineto e Jorge Aragão.  É de 1978 o antológico disco "De pé no chão", em que gravou vários desses compositores.

Ao longo da carreira, continuou a chamar a atenção para novos talentos que surgiam, como Mariene de Castro e Quinteto em Branco e Preto, sem deixar nunca de gravar os bambas pioneiros. Tinha, por isso, o apelido de madrinha, do qual gostava, mas com reservas. Sempre achou um absurdo, no Brasil, artistas como Cartola precisarem de padrinhos para ser reconhecidos.

Problema na coluna

Em 2007, a cantora brigou com sua escola de samba do coração. Por conta dos problemas na coluna, pediu espaço em um carro alegórico, já que não conseguiria desfilar a pé. Ao chegar a hora do desfile, foi impedida de subir no carro, sob argumento de não ser “um baluarte”. Bethficou magoada, disse só voltar a desfilar na verde-e-rosa se recebesse um pedido de desculpas — que não veio. No ano seguinte, saiu na Viradouro, que homenageou Cartola.

Já 2009 foi um ano melhor. Beth foi homenageada no Grammy Latino, em Las Vegas, ocasião em que recebeu o “Lifetime achievement award”, prêmio do Grammy por sua carreira completa. No mesmo ano, veio o pedido de desculpas da Mangueira. O novo presidente à época, Ivo Meirelles, assumiu a escola e convidou Beth para a homenagem que a Mangueira faria a Nelson Cavaquinho no carnaval do ano seguinte. A cantora desfilou de cadeira de rodas.

A cadeira de rodas mostrava uma piora no problema de coluna. Beth Carvalho havia fissurado o sacro, osso na base da coluna. Precisou colocar dois parafusos para ajudar na calcificação. Brincava que, além de interplanetária, tinha virado “uma mulher biônica”. Só com bom humor mesmo para dar conta dos 18 meses em que precisou ficar de cama, por conta da lesão. Voltou aos palcos em 2011, mesmo ano em que lançou “Nosso samba tá na rua”, seu álbum mais recente. Em 2012, ganhou o Grammy Latino pelo CD.


O Globo terça, 30 de abril de 2019

CONCURSO DE DRAGS

 

Maior feira erótica da América Latina, Sexy Fair realizará pela primeira vez um concurso de drags

Concurso "Estrela Draglícia" será aberto para todas as manifestações artísticas do mundo drag
 
 
Concurso Draglícia receberá todos os tipos de manifestação artística do universo drag Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
Concurso Draglícia receberá todos os tipos de manifestação artística do universo drag
Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
 
 
 

A maior feira erótica da América Latina, a Sexy Fair, contará pela primeira vez com um concurso de drags dentro das atrações previstas para o evento, que acontecerá no Centro de Convenções SulAmérica, entre os dias 30 de abril e 5 de maio, no Centro do Rio. O concurso "Estrela Draglícia"acontecerá no último dia do evento e será aberto para os mais diversos tipos de manifestações artísticas, inclusive drag queers, drag kings e performers.

 

Os três termos não são novos neste universo, mas, segundo a drag queen Bárbara Pah, uma das organizadoras do concurso, houve uma preocupação em abrir espaço para outras expressões artísticas que fossem além das drag queens.

A drag queen Bárvarah Pah, uma das organizadoras do concurso Draglícia Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
A drag queen Bárvarah Pah, uma das organizadoras do concurso Draglícia Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

— Escolhemos jurados de vários núcleos, com várias histórias, vários exemplos para que isso estivesse presente no palco. Tem Plus Size, tem trans, tem as esquisitas, as menininhas, etc.  Eu não preciso raspar meu sovaco para ser uma drag queen maravilhosa. Não tem padrão, o que a gente julga é a performance — disse Bárbara.

O concurso é dividido em três etapas. Dentre todas as inscrições, apenas 12 serão escolhidas para participar da competição. Na primeira etapa, haverá um júri técnico que escolherá seis pessoas para continuarem na briga. Na segunda fase, as drags precisarão fazer um desfile sensual, sem fugir das características individuais de cada uma, e o público escolherá apenas três. Na última etapa, as três sobreviventes farão uma apresentação musical de "lip sync" com uma música sorteada na internet. A decisão final caberá, novamente, ao público. O vencedor ou vencedora receberá um troféu e faixa estilizados, além kits de maquiagem, um jantar, roupas, produtos de sex shop, entre outros brindes.

 
 
Concurso Dralícia receberá todos os tipos de manifestação artística Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
Concurso Dralícia receberá todos os tipos de manifestação artística Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

De acordo com Vinícius Santos, conhecido como DJ Vino e um dos organizadores do concurso,  drag é uma arte que não depende de gênero, nem de orientação sexual.

— A maioria da população acha que ser drag é ser como a Pablo Vittar, uma figura extremamente feminina e muito caricata. No concurso, nós não quisemos rotular ninguém como drag queen, rainha, coroa, nem nada, porque a nossa intenção era atrair todas as manifestações artísticas, inclusive drag kings, drag queers e performers — disse o DJ.

Esta será a quarta edição da feira erótica no Rio de Janeiro, e é a primeira vez que os organizadores dedicam um dia inteiro para o público LGBTQ+.

Com quase dois metros de altura, a drag queen Lorrayne Lovely será uma das juradas, além de ser a apresentadora oficial da feira. De acordo com ela, o evento ajuda na luta por respeito entre as mais diferentes expressões artísticas do universo drag, que existem há muito tempo.

— As pessoas gostam de falar que a gente precisa se acostumar com o novo. Eu não acredito que isso seja o novo. Eu sempre bato na tecla de que eu e todos nós sempre existimos, mas só agora estamos tendo mais liberdade de mostrar quem a gente é de verdade — disse Lovely, que é interpretada pelo professor de sapateado Breno de Souza.

 
A drag queen Lorrayne Lovely será uma das juradas do concurso Draglícia Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
A drag queen Lorrayne Lovely será uma das juradas do concurso Draglícia Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

Núbia Pinheiro, interpretada por Alexandre Ramos, também será uma das juradas do concurso. Alexandre é ex-office boy e se descobriu gay através do teatro e da arte drag. Há 21 anos performando, a drag queen torce para que o concurso consiga estimular essas manifestações artísticas e que as pessoas comecem a valorizar a arte drag no Brasil.

— É a minha autoestima. Eu sempre quis ser uma pessoa popular e nunca fui. A drag me fez ser uma pessoa querida, fez as pessoas virem até mim. Quando eu comecei a receber convite para fazer tv e colocava dinheiro para dentro de casa casa foi quando minha família começou a me ver diferente. Hoje em dia, minha família aceita, meus vizinhos aceitam, meu bairro aceita — disse ela. — A Núbia é tudo o que eu sempre quis ser.

A drag queen Núbia Pinheiro será uma das juradas do concurso Draglícia Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
A drag queen Núbia Pinheiro será uma das juradas do concurso Draglícia Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

 

Cerca de 50 mil visitantes são esperados durante os seis dias de evento. Além disso, os organizadores da feira insistem que todas as atrações possuem conteúdo erótico, e não pornográfico.

Camila Leite é uma das inscritas no concurso e interpreta a drag queen Milka, uma vampira. Seu primeiro contato com o mundo drag foi através do programa americano RuPaul's Drag Race, um show de talentos em que as competidoras participam de gincanas e provas que testam suas habilidades.

 

— Eu nem pensava que poderia existir uma mulher fazendo drag, mas como eu sempre fui meio alternativa e frequentava os shows, quando eu vi eu já estava performando. Fui lá e fiz — disse ela, que interpreta Milka há 4 anos.

Camila Leite se inscreveu no concurso para interpretar a drag queen Milka, uma vampira Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
Camila Leite se inscreveu no concurso para interpretar a drag queen Milka, uma vampira Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

 

O que significa cada termo?

Segundo Vino, cada termo representa uma parte da arte drag como um todo, podendo ser interpretado por qualquer pessoa, seja ela cis, trans, não-binária, etc.

Drag Queen: é a manifestação da arte drag através de um persona feminina, que vai ter traços, características e trejeitos de uma figura que seja facilmente identificada como uma figura feminina.

Drag King: é uma manifestação de arte drag na qual a pessoa se expressa através de uma persona masculina. Pode ter barba, bigode postiço ou de maquiagem, e você automaticamente identifica o personagem como uma figura masculina.

Drag Queer: transita pelos dois gêneros. É uma manifestação drag agênera ou andrógina. Você olha e não consegue, a princípio, identificar o gênero daquele personagem.

Performer:  é uma pessoa de qualquer gênero que manifesta sua arte através de performances que podem transitar pelo esquisito, pelo masculino, pelo feminino, pelo andrógino, pelo extraterrestre, pelo fantasmagórico, pelo infantil, sempre de acordo com o estilo do artista.

 

Serviço

Sexy Fair 2019 - www.feiraerotica.com

Data: 30 de abril a 05 de maio

Local: Centro de Convenções Sul América

Endereço: Av: Paulo de Frontin, nº 01 - Cidade Nova – Centro – RJ

Ingressos à venda pelo site: www.ingressocerto.com


O Globo segunda, 29 de abril de 2019

SEM REGRAS NO RIO, PATINETES ELÉTRICOS JÁ LEVAM USUÁRIOS PARA HOSPITAIS

 

Ainda sem regras no Rio, patinetes elétricos já levam usuários para hospitais

Só o Copa D'Or, em Copacabana, recebeu 30 pacientes no último mês por causa de acidentes com o veículo
 
 
Homem circula com patinete na Avenida Presidente Vargas: imprudência Foto: Thiago Freitas / Agência O Globo
Homem circula com patinete na Avenida Presidente Vargas: imprudência Foto: Thiago Freitas / Agência O Globo
 
 
 

RIO - Os patinetes elétricos caíram no gosto dos cariocas, mas nem tudo é diversão quando se trata da novidade, que desembarcou no Rio no fim do ano passado. O uso do equipamento ainda não conta com uma regulamentação da prefeitura, e o vácuo de regras reserva riscos que já são motivo de atendimentos em hospitais. Só o Copa D´Or, em Copacabana, recebeu 30 pacientes no último mês por causa de acidentes com patinetes. No Hospital São Lucas, no mesmo bairro, foram 40 acidentados desde o início do ano, sendo cinco casos de internação com lesões mais complexas, como traumatismos cranianos e fraturas de ossos da face.

LEIA MAIS: Aluguel de patinetes elétricos é alvo de queixas

Chefe da Ortopedia do Copa D´Or, Daniel Ramallo diz que os casos mais graves têm a ver com fraturas de mãos, punhos e cotovelos.

— É um fenômeno novo, não tínhamos um quantitativo de trauma por acidente com patinetes. Agora, tornou-se frequente. Recebemos pacientes, jovens e de meia idade, praticamente todo dia — afirma o médico, recomendando: — É fundamental usar equipamentos de segurança para evitar traumas de membro.

Criança na carona do patinete: não há regras sobre menores Foto: Custódio coimbra
Criança na carona do patinete: não há regras sobre menores Foto: Custódio coimbra

Nas ruas, cariocas dizem que o patinete é uma novidade que chegou para ficar. Além de uma forma de lazer, já é adotado como meio de transporte. Mas o veículo elétrico também coleciona reclamações sobre velocidade, ausência de equipamentos de segurança e de horários e locais permitidos. E não há normas oficiais sobre o uso por crianças e adolescentes. Nas estações do Patinete Petrobras, a recomendação é de que os equipamentos não sejam alugados para menores de 18 anos. O mesmo aparece no termo de uso do aplicativo da Grin, que diz nas dicas de segurança fixadas nos veículos que estes devem ser usados apenas por uma pessoa.

No entanto, não é raro ver casais e até pais e filhos pequenos compartilhando um mesmo patinete, até por falta de orientações claras. E há também muita imprudência, como usuários que se aventuram entre carros e ônibus, o que é vetado pelas poucas orientações vigentes.

 

Os acidentes são mais frequentes em dias ensolarados, fins de semana e feriados. Na semana passada, a universitária Laís Barroso, de 27 anos, caiu minutos depois de dar a partida pela primeira vez. Seria um percurso rápido, entre o Forte de Copacabana e algumas ruas depois.

— Havia um homem no meio da ciclovia e, quando desviei, não consegui parar. Caí violentamente. Tive várias escoriações, fiquei com a perna roxa e tive a pele do dedo da mão arrancada — contou. — Apesar de ser um meio de transporte com facilidade de deslocamento, é um pouco perigoso porque as pessoas ainda não estão adaptadas.

Cariocas usando no patinete no centro do Rio Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo
Cariocas usando no patinete no centro do Rio Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo

No mês passado, a publicitária Alessandra Assis, de 45 anos, também sem muita prática com o aparelho, deslocou o cotovelo após desviar de dois jovens na orla do Leblon. Ela permanece com o braço imobilizado:

— Não é um brinquedo, e nós não estamos adaptados a esse tipo de transporte: nem quem está pilotando nem quem está de fora.

Regras em estudo

A Secretaria municipal de Fazenda do Rio informou que trabalha na elaboração de um decreto definitivo com a regulamentação do serviço de aluguel de patinetes. A partir da publicação do texto as empresas licenciadas que não cumprirem as regras, incluindo as de segurança, estarão sujeitas a punições. O que vale hoje no Rio é um decreto da prefeitura publicado em 2018 em caráter experimental. Ele diz que a utilização dos patinetes deve respeitar as regras do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que autorizam o veículo somente em áreas de circulação de pedestres (com velocidade máxima de 6km/h) e ciclovias e ciclofaixas (velocidade máxima de 20km/h).

 

O decreto municipal ressalta que, nas vias para carros, os patinetes só são permitidos se as pistas estiverem fechadas para lazer.

Na foto, mulher usa patinete no Centro do Rio Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo
Na foto, mulher usa patinete no Centro do Rio
Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo

— Temos um vácuo normativo, não há regulamentação federal específica para patinetes. Tratando-se de transporte e de mobilidade, a regra deve ser padrão para todo o país, e as autoridades municipais devem fazer os ajustes de acordo com a topografia e o comportamento da população — destaca Fernando Pedrosa, especialista do Instituto de Tecnologia para o Trânsito Seguro.

Apesar dos perigos, os patinetes elétricos viraram uma febre. A Patinete Petrobras possui 500 veículos, que já fizeram mais de 5,5 mil viagens desde dezembro. Uma hora no equipamento da marca custa R$ 16, enquanto o preço de meia hora no da empresa Grin é R$ 19. No Centro, a novidade virou uma opção para quem não quer ficar engarrafado.

— Vou almoçar no Museu de Arte do Rio (MAR) e escolhi o patinete por ser o meio mais rápido e mais divertido — afirmou a advogada Beatriz Yuan, sobre um patinete da Grin.

Veículos estão sendo usados para roubos

Novo xodó dos cariocas, os patinetes elétricos já despertam a atenção da polícia. Isso porque vítimas de roubo relataram terem sido abordadas por criminosos sobre os veículos. Desde janeiro, pelo menos 12 pessoas foram detidas por roubos na Zona Sul cometidos com o uso do equipamento, cujas facilidades são aproveitadas para escapar rapidamente do local. Um dos casos, em Copacabana, impressionou a Polícia Civil.

 

Uma mulher pedalava com uma bicicleta “laranjinha”, alugada também por aplicativo, quando quatro criminosos com patinetes a cercaram. Eles roubaram os pertences da vítima e fugiram levando ainda a bicicleta.

— Além daqueles autuados em flagrante por estarem de posse do patinete sem o aplicativo, ainda há alguns criminosos que se valem do equipamento para praticar outros roubos. Eles usam o equipamento como meio de locomoção para agilizar a fuga — revela a titular da 12ªDP (Copacabana), Valéria Aragão.

Juntamente com a 14ª DP (Leblon), a unidade centraliza o registro de flagrantes na Zona Sul. No Leblon, durante o carnaval, um homem foi flagrado por guardas municipais na Rua Humberto de Campos portando um patinete sem o aplicativo necessário para sua liberação. Na Central 1746, o vaivém de patinetes elétricos rendeu 41 reclamações da população à prefeitura desde janeiro.


O Globo domingo, 28 de abril de 2019

OPÇÕES SEM CARNE

 

Crítica: Puro, nos quatro anos da casa, Pedro Siqueira amplia leque de opões sem carne

Aposta alta (e certeira) em mais pratos vegetarianos
 
 
Com peixe. Escabeche com legumes confitadosFoto: Divulgação
Com peixe. Escabeche com legumes confitados Foto: Divulgação
 
 
 

Baixei no Puro para almoçar recém-chegada de um spa vegetariano. Nem é preciso tanto para se dar conta do quanto esse “mundo verde” cresceu, evoluiu e hoje está presente em boa parte dos cardápios da cidade. Qualquer um que seja. Se antes havia uma ou duas opções para veganos em cartaz, agora são muitas e em versões que surpreendem por criatividade, elaboração e requinte. O menu festivo de quatro anos do Puro, a casa do Horto de Pedro Siqueira, chef que sempre teve um pé no natural, é a prova disso. Siqueira nunca apostou tão alto nesse tipo de alimentação. E acertou em cheio.

 

O chef domina bem esse universo, como mostrou logo no primeiro prato à mesa: alface americana grelhada no carvão, servida com straciatella (queijo de búfala desfiado), salpicada de castanha e raspinhas de limão (R$ 29), uma adorável abertura. O segundo manteve o pique: meia banda de abóbora assada, com casca crocante e polpa se desmanchando, servida com um iogurte da casa temperado com cúrcuma e finalizado com uma “nuvem” de queijo tulha (R$ 29). O coração de berinjela veio braseado com mel e balsâmico, acompanhado de ricota de búfala e pangrattato (pão seco moído), delicioso (R$ 41).

O menu traz, ainda, pratos leves, como o escabeche de peixe com legumes confitados, caldo de tomate e ervilha (R$ 29) e o nhoque de sêmola com lagostim, abóbora e coco queimado (R$ 49). Partimos em seguida para o “cappuccino” da casa: musse de café,creme de leite, nibs (casquinha torrada do grão do café) e lascas de doce de leite de corte (R$ 26). Puro prazer.

Puro: Rua Visconde de Carandaí 43, Jardim Botânico (3284-5377). Seg a sex, do meio-dia às 17h e das 19h à meia-noite. Sáb, do meio-dia e meia às 17h e das 19h à meia-noite. Dom, do meio-dia e meia às 22h.


O Globo sábado, 27 de abril de 2019

NÉLIDA PIÑON DECIFRA A SI MESMA EM NOVO LIVRO

 

Nélida Piñon decifra a si mesma em novo livro

Imortal da ABL reúne textos confessionais nos quais revê sua trajetória, homenageia pessoas queridas e reflete sobre seu ofício
 
 
A escritora Nelida Piñon em 7 de dezembro de 2016 Foto: Leo Martins / Agência O Globo
A escritora Nelida Piñon em 7 de dezembro de 2016 Foto: Leo Martins / Agência O Globo
 
 
 

“Uma furtiva lágrima” Autora:Nélida Piñon Editora: RecordPáginas: 320 Preço: R$ 49,90Cotação: Bom

Capa do livro
Capa do livro "Uma furtiva lágrma", de Nélida Piñon Foto: Reprodução

“Escrever é o que sei fazer. Narrar me insere na corrente sanguínea do humano e me assegura que assim prossigo na contagem dos minutos da vida alheia”, registra Nélida Piñon, 81 anos, num dos textos iniciais do livro de ensaios “Uma furtiva lágrima”. Constituído de reflexões, observações do cotidiano, reminiscências e exercícios de escrita, o novo livro da imortal da Academia Brasileira de Letras usa a literatura como chave para decifrar a si mesma e ao mundo. A autora de “A casa da paixão” e “A república dos sonhos” produz uma arqueologia de afetos, de leitura e conhecimento, de triunfos e perdas, do álbum de família.

 

Não se trata essencialmente de um diário de memórias, e sim de uma coletânea que tem a memória como fio condutor. Aos 81 anos, Nélida escreve com liberdade e vigor, dando forma a breves testemunhos nos quais exalta a existência física e as experiências subjetivas, num confronto contínuo com a finitude.

Em “Sentença”, por exemplo, rememora um período de angústia, no qual o diagnóstico de um câncer lhe condenou a, no máximo, um ano de vida. Pela primeira vez convivendo “com a ideia da partida”, reservou-se ao silêncio e ao desejo de que “o sofrimento não danificasse sua dignidade”, até que o veredito revelou-se equivocado. “Quase três anos depois, estou bem. Resisti, vivo, penso. Imagino, sobretudo escrevo. Eis os segredos da vida”, declara.

 

Com sabor de ficção

Nélida impõe uma dicção íntima, quase confessional, narrando com elegância e delicadeza, embora suas frases transmitam potência e magnetismo. Tal domínio conduz o leitor em incursões pelo passado, em textos nos quais a autora visita a Galícia, terra dos seus avós, antes de buscarem exílio no Brasil, e a sua infância, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, considerado “seu feudo espiritual”. “Sou mulher, brasileira, escritora, cosmopolita, aldeã, criatura de todas as partes, de todos os portos”, autodefine-se.

 

Nesses casos em que se encontra com a natureza de seus antepassados, a realidade parece beber da fonte da ficção, onde verdade e imaginação insinuam se cruzar. Trata-se de uma matriz afetiva através da qual dialoga com os entes queridos e eterniza o amor pelos cães Suzy e Gravetinho Pinõn, a quem dedica o livro in memoriam. Ainda nessa seara de sentimentos, Nélida homenageia escritores, reverencia obras que marcaram sua vida, e narra episódios saborosos, como o dia em que foi eleita para a Academia Brasileira de Letras, num quase imbróglio envolvendo Afrânio Coutinho, Rubem Fonseca e Lygia Fagundes Telles.

Outros textos, com tonalidades academicistas, dão conta de reflexões sobre filosofia, teologia e mitologia grega. Fazem parte de um repertório que extrapola os limites da prosa livre, ganhando ares de manifesto e alvos certos, a exemplo do ensaio “Política”, no qual protesta contra “uns pobres-diabos revestidos de falsa magia”.

O ponto alto, contudo, compete aos textos de expressões mais densas e complexas, quando a autora olha para o fundo de si. Expõe suas fragilidades, seus anseios, sua solidão, rivalizando a tudo com o escudo da escrita, com a força da literatura que a permite ser “múltipla, muitas”, ao mesmo tempo que única, singular. Uma senhora escritora. E um livro, que representa um legado.


O Globo sexta, 26 de abril de 2019

NÃO HÁ MAIS INGRESSO PARA O ROCK IN RIO

 

Não há mais ingressos para o Rock in Rio 2019

Venda oficial foi encerrada nesta quinta-feira, duas semanas após a abertura
 
 
Nile Rodgers no palco do Rock in Rio, em 2017 Foto: Bárbara Lopes / O Globo
Nile Rodgers no palco do Rock in Rio, em 2017 Foto: Bárbara Lopes / O Globo
 
 

RIO — Foram oficialmente encerradas, nesta quinta-feira, as vendas para o Rock in Rio 2019 , com o fim dos ingressos disponíveis para os três dias que ainda estavam disponíveis no site do festival — 5 de outubro (o de P!nk como headliner), 29 de setembro ( Bon Jovi ), e, por último, 28 de setembro ( Foo Fighters ).

Os ingressos diários para o Rock in Rio 2019 custavam R$ 525 (inteira) e R$ 262,50 (meia-entrada). Em novembro, com poucas atrações confirmadas, 198 mil Rock in Rio Cards se esgotaram em menos de duas horas.

Para esta edição, o festival ganhará cinco novas áreas — Espaço Favela ,New Dance Order , NAVE – Nosso Futuro é Agora, Fuerza Bruta e Rota 85 —, num total de 16 ambientes. Com isso, o evento terá 385 mil m² de área útil na Cidade do Rock instalada no Parque Olímpico, 60 mil m² a mais que em 2017. Os portões de cada dia vão se abrir às 14h e se fechar às 4h.

O Rock in Rio será realizado entre os dias 27 e 29 de setembro e 3 e 6 de outubro. Em sete dias, o festival organizará um total de 250 shows abertos para o público nas diversas áreas do evento. As principais atrações são Drake, Foo Fighters, Bon Jovi, Red Hot Chili Peppers, Iron Maiden, P!nk, Imagine Dragons e Muse.


O Globo quinta, 25 de abril de 2019

MARIANA GOLDFARB CELEBRA NOVOS TALENTOS DA MODA NO VESTE RIO

 

Mariana Goldfarb celebra Novos Talentos da moda no Veste Rio

Madrinha desta edição, modelo também revelou detalhes do casamento com Cauã: 'celebração do nosso amor
 
'
Mariana Goldfarb, no Veste Rio Foto: Daniel Ramalho / Agência O Globo
Mariana Goldfarb, no Veste Rio Foto: Daniel Ramalho / Agência O Globo
 
 

A modelo e apresentadoraMariana Goldfarb surgiu no Píer Mauá para assistir da primeira fila o desfile do projeto Novos Talentos, do Veste Rio , nesta quarta-feira. Madrinha da iniciativa, ela falou com exclusividade sobre a vida de casada — ela oficializou sua união com o ator Cauã Reymond há dez dias, em Minas Gerais .

Modelo há oito anos, Mariana contou que sua relação com a moda e com a beleza está numa fase tranquila. Aprendeu a usar só o que quer e o que lhe cai bem.

— Uso a moda para ficar bonita. Depois de muitos problemas, descobri que a roupa não é para nos deixar estática. Ela pode ser fluida, seguir nossos ciclos e momentos, sabe?

Mariana Goldfarb, no Veste Rio Foto: Daniel Ramalho / Agência O Globo
Mariana Goldfarb, no Veste Rio Foto: Daniel Ramalho / Agência O Globo

 

Defensora da diversidade na indústria, Mariana acredita que precisamos de mais exemplos como o da top Ashley Graham.

— Temos poucos nomes ainda, mas é bom quebrar esses padrões. Não é só mulher magra que é bonita, que merece um look bacana... Beleza é para todos.


O Globo quarta, 24 de abril de 2019

Rio2C AGITA CIDADE DAS ARTES

 

Rio2C agita Cidade das Artes com maratona de atividades

 

Maior evento da indústria criativa na América do Sul aposta em entretenimento, tecnologia e, pela primeira vez, em neurociência
 
Cidade das Artes receba a Rio2C Foto: Divulgação
Cidade das Artes receba a Rio2C Foto: Divulgação
 
 
 

Começou na tarde desta terça-feira (23) a segunda edição da Rio Creativa Conference (Rio2C) na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

O evento traz para o público inovações e um universo diversificado sobre as tendências e consumo do mercado audiovisual. A exposição, que pretende reunir investidores e produtores de conteúdo até o próximo sábado (28), foi dividida em três campos: mercado, conferência e festival. 

O criador e CEO do evento, Rafael Lazarini, afirmou que a missão da Rio 2C é estimular as pessoas e fazer com que elas saiam de suas zonas de conforto.

— A missão do Rio2C é inovar, inspirar e conectar mentes criativas. Seja para você começar uma startup no setor que for, seja para produzir seu conteúdo nas novas plataformas de streaming, seja uma banda que você está lançando — disse Lazarini.

 Sucessora do Rio Content Market, a Rio 2C causou um impacto de R$ 200 milhões na economia em sua primeira edição, realizada ano passado também na Cidade das Artes. O número de palestrantes cresceu de 492 para mais mil.

Hoje a principal atração foi a palestra de KondZilla, criador e proprietário do maior canal brasileiro do YouTube. Nos próximos dias será a vez de Heitor TP, ex-integrante da banda Simply Red e compositor de trilhas em Hollywood; Morena Baccarin, atriz brasileira que fez filmes como “Deadpool” (1 e 2) e as séries “Gotham” e “Homeland”, que falará no painel “A Arte da atuação”, ao lado do ator Cauã Reymond; João Mesquita, CEO da Globoplay; Roberto Rios, Vice-Presidente Corporativo, Produções Originais da HBO Latin America; Betsy West, diretora e produtora vencedora de 21 Emmys de Jornalismo e nomeada este ano ao Oscar de melhor documentário com "RBG"; Charlie Brooker e Annabel Jones, da série "Black mirror"; Ted Sarandos, Chief Content Officer (CCO) da Netflix.

 

Entre as novidades do ano estão o BrainSpace, espaço voltado à neurociência e a relação com a criatividade, e a Casa das Marcas, área dedicada a discussões na área de conteúdo para marcas, além do lançamento do primeiro prêmio da indústria criativa.

Outra novidade é o Rio2Night, um ponto de encontro em bares do Vogue Square para quem quiser estender o networking ou aproveitar a happy hour. Transportes vão sair da Cidade das Artes para a Vogue Square das 18h30 às 21h30. 


O Globo terça, 23 de abril de 2019

BELGA BRASSERIE

 

Crítica: Belga Brasserie, uma pequena viagem à Bélgica no Centro

Restaurante tem festival de mexilhões e outras agradáveis surpresa
 
 
Festival Moules-Frites aos sábados: 4 tipos de molhos Foto: Divulgação
Festival Moules-Frites aos sábados: 4 tipos de molhos Foto: Divulgação
 
 
 

Não fossem as cervejas belgas, pouco teríamos da mesa desse país no Rio. Isso sem falar, claro, de chocolates e gaufres, um primo gorducho do waffle, que volta e meia dá o ar da sua graça em alguns cardápios e em lojas especializadas. Mas restaurante belga mesmo, não tínhamos. E aqui falo no passado, porque, não faz muito tempo, abriu um no Centro, na Rua Andradas. Funciona no térreo de uma bela construção de 1927, restaurada e adaptada para acolher o Belga Hotel, um achado. Tocado por belgas, tem no térreo uma brasserie que abre para o café, almoço e happy hour, com menu de tapas para acompanhar as cervejas chamdo bapas (beer+tapas). Aos sábado, o quadro-negro na porta anuncia: é dia de festival de moules & frites. Não é ótimo?

Belga Brasserie, uma pequena viagem à Bélgica no Centro Foto: Divulgação
Belga Brasserie, uma pequena viagem à Bélgica no Centro Foto: Divulgação

São quatro versões de mexilhões, que chegam em caçarolas de ferro fumegantes escoltadas por fritas douradas e maionese do chef. A “nature”, só no caldo de vegetais, custa R$ 73, e a moules à l’ail, no alho, R$ 77, mesmo preço das outras duas versões, nas quais mergulhamos de cabeça: Blanche, turbinada com cerveja, e Au vin, com vinho branco no caldo, que trazia aipo, abobrinha, cebola... Tomamos até o fim, de conchinhas.

Entre os “hooffdgerechten”, os pratos principais (ufa), tem espaguete com creme fumê de camarão e camarões frescos (R$ 53) e o clássico poulet sauce archiduc, peito de frango no molho cremoso de cebola com páprica, prato que provei em Bruges, entre muitos copos de cervejas. Não fosse a “belgischecocolademousse”, que mandou uma glicose para dentro, teria deixado o restaurante que conheci na viagem trocando as pernas. E com risco de sumir nos canais. No Centro, que tem a mesma sobremesa (R$ 26), não foi diferente. Só faltaram os canais.


O Globo segunda, 22 de abril de 2019

COMO ECONOMIZAR NAS PRÓXIMAS FÉRIAS

 

Orlando barato: conheça algumas atrações que custam até US$ 20 na cidade na Flórida

Museus, pistas de corride e até áreas públicas de parques são opções para quem quer gastar menos
 
 
Bok Tower Gardens, nos arredores de Orlando Foto: Divulgação
Bok Tower Gardens, nos arredores de Orlando Foto: Divulgação
 
 
 
 

Explore a International Drive

A via principal de Orlando não tem apenas outlets ou hotéis mais em conta. Há muitas atrações com bilhetes mais baratos que US$ 20. É o caso do "museu" de bizarrices e recordes Ripley's Believe It or Not! A entrada custa US$ 18,99 para adultos e US$ 12,99 para crianças de 3 a 11 anos. No interior do estranho prédio (que, do lado de fora, parece estar sendo engolido pela terra), o visitante encontra coisas ainda mais esquisitas, como a estátua do homem mais alto do mundo e uma cópia de "Monalisa" feito com pedaços de pão. Há ainda peças de valor histórico, como um pedaço do Muro de Berlim.

Brinquedo no Crayola Experience, na International Drive, em Orlando Foto: Marco Antônio Rezende / O Globo / Arquivo
Brinquedo no Crayola Experience, na International Drive, em Orlando
Foto: Marco Antônio Rezende / O Globo / Arquivo

Na mesma avenida, o Crayola Experience é uma atração feita para famílias. São dois andares dedicados ao mundo dos lápis de cera e muitas atividades, que vão desde brinquedos a áreas para desenhar e pintar. Quem compra o ingresso no site do Visit Orlando paga US$ 18,95. É uma boa opção para quem for às compras no The Florida Mall, que fica ao lado

Outra atração da International Drive é o I-Drive NASCAR, um complexo com pista de kart (onde se pode chegar a até 70 km/h), jogos eletrônicos, boliche, sinuca e restaurante. Para se aventurar no volante, o pacote custa US$ 18,99 para adultos e US$ 16,99 para adolescentes menores de 16 anos e maiores de 1,39m.

Passeie nos parques temáticos... fora deles

Tanto o Walt Disney World quanto o Universal Orlando Resort têm áreas onde não se precisa pagar para circular. São calçadões que reúnem lojas, restaurantes e algumas atrações, sempre margeando lagos. Mas um aviso: caminhar por esses lugares é de graça, mas é uma verdadeira tentação para os bolsos.

 

No complexo da Disney são dois. O maior deles é o Disney Springs (antigo Downtown Disney), que está mais para um bairro temático que para um mero calçadão. São quatro zonas distintas: The Landing, Marketplace, West Side e Town Center, com lojas que vendem desde Mickeys de pelúcia a verdadeiras obras de arte inspirada no (cada vez maior) catálogo de personagens da Disney.

Disney Boardwalk, o calçadão temático com lojinhas, restaurantes e até artistas de rua, aberto ao público, em Orlando Foto: Divulgação
Disney Boardwalk, o calçadão temático com lojinhas, restaurantes e até artistas de rua, aberto ao público, em Orlando
Foto: Divulgação

O Disney Springs não dá acesso a nenhum parque. Ao contrário do Disney’s BoardWalk, que dá acesso a uma das entradas ao Epcot. Seu calçadão tem apenas 400 metros de extensão, mas muito charme e e arquitetura inspirados em destinos costeiros americanos da primeira metade do século XX. Há artistas de rua e passeios de barco pelos canais do resort.

Já o Universal CityWalk é o acesso principal aos parques temáticos Universal Studios Florida e Islands of Adventure. Também há dezenas de restaurantes temáticos e lojas, incluindo de grifes que não têm nada a ver com as atrações dentro do parque. Ele termina num lago, de ondem partem barcos para os hotéis da Universal.

Entre em contato com a natureza

Lake Eola Park, em Downtown Orlando Foto: Creative Commons / Reprodução
Lake Eola Park, em Downtown Orlando Foto: Creative Commons / Reprodução

A maioria dos turistas não vai a Downtown Orlando. E quando vai, o interesse maior é a vida noturna. Mas no coração da cidade fica o Lake Eola Park. Ótimo lugar para piqueniques e contemplação, além de contar com um grande sistema de trilhas e ciclovias. A fonte principal é outra atração imperdível, sobretudo à noite, quando há espetáculos de luz e movimentos coreografados. A entrada é franca.

 

Outro jardim que merce a visita, no norte da cidade, é o Harry P. Leu Gardens. São três quilômetros de calçadas em meio a jardins exuberantes, árvores tropicais e semitropicais e 40 coleções de flores de todo o mundo. O jardim das borboletas e o relógio de flores, ao lado do qual acontecem apresentações musicais ao ar livre, são dois dos pontos mais conhecidos. É possível também visitar o casarão no centro do terreno, datado de 1880. A entrada custa US$ 10 para adultos e US$ 5 para crianças de 4 a 17 anos.

Com ingressos a US$ 19,50 (para adultos; crianças de 3 a 12 anos pagam US$ 13,75), o Central Florida Zoo & Botanical Gardens é outra ótima opção para passeios em família na cidade, com mais de 500 animais e 23 hectares de jardins. Ele fica a cerca de 25 minutos do centro de Orlando, na vizinha Sanford.

Entre Sanford e Orlando está a Ilha Wekiva, que fica às margens do Rio Wekiva e na borda do parque estadual que preserva suas nascentes. A entrada custa US$ 2 e dá direito a passar o dia nessa grande área verde, onde se pode nadar, jogar vôlei, fazer um piquenique ou apenas relaxar na grama ou sob as árvores. Há ainda outras atividades pagas, como aluguel de caiaque, botes e stand-up paddle.

Um pouco mais distante da cidade, em Lake Wales, está o marco histórico nacional Bok Tower Gardens. A torre principal tem 60 sinos que tocam duas vezes ao dia. Em torno dela se estende um jardim de 100 hectares com árvores e plantas de todos os cantos do mundo, com áreas para contemplação e outras para trilhas e caminhadas. O lugar é também um santuário de pássaros, o que atrai muitos birdwatchers. Os ingressos para adultos custam US$ 15 e os ingressos para crianças são de US$ 5.

 

Cultura que cabe no bolso

Para quem quer programas culturais de qualidade, a dica é pegar o carro e dirigir ao norte de Orlando, em direção à cidade de Winter Park. Só passear pelas ruazinhas pacatas, cheias de cafés, restaurantes e lojas independentes já vale a pena. Mas se o tempo permitir, programe uma visita ao Albin Polasek Museum & Sculpture Gardens, que reúne esculturas de Albin Polasek em um lindo jardim. A entrada csta US$ 10.

As esculturas do Albin Polasek Museum & Sculpture Gardens em Winter Park, nos arredores de Orlando, Flórida Foto: Divulgação
As esculturas do Albin Polasek Museum & Sculpture Gardens em Winter Park, nos arredores de Orlando, Flórida
Foto: Divulgação

A cidade também sedia o festival Popcorn Flicks in the Park , com exibe filmes "para toda a família" ao ar livre nas segundas quintas-feiras de cada mês no Central Park.

Winter Park conta também com boas opções de museus e galerias de arte, alguns deles com entrada franca durante todo o ano, como o Winter Park Historical Museum, o Crealdé School of Art Galleries e o Cornell Fine Arts Museum, este com mais de cinco mil obras que vão desde antiguidade até arte contemporânea. Outro destaque da cidade é o The Charles Hosmer Morse Museum of American Art, que abriga a coleção mais abrangente de Louis Comfort Tiffany, e que tem entrada gratuita às sextas-feiras, das 16h às 20h, entre novembro e abril (nos outros dias, o ingresso custa US$ 6).


O Globo domingo, 21 de abril de 2019

GISELE BÜNDCHEN DE BIQUÍNI ESTÁ ENTRE OS MOMENTOS MAIS ICÔNICOS DA SPFW

 

Gisele Bündchen com biquíni estampado com Che Guevara está entre os momentos mais icônicos da SPFW

Ana Hickmann com cobra no pescoço e Adriana Lima como rainha de bateria também são destaques
 
 
 

O Globo sábado, 20 de abril de 2019

MORRE MC SAPÃO, EXPOENTE DO FUNK CARIOCA

 

Morre MC Sapão, expoente do funk carioca dos anos 2000

Sucesso em festas de casamento, artista passou oito meses na prisão e teve como grande sucesso a música 'Tô tranquilão'
 
 
O funkeiro Jefferson Fernandes Luiz, conhecido como MC Sapão Foto: Marcos Samerson / Divulgação
O funkeiro Jefferson Fernandes Luiz, conhecido como MC Sapão Foto: Marcos Samerson / Divulgação
 
 
 

RIO - Na tarde de sexta-feira, a assessoria de imprensa do cantor de funk Jefferson Fernandes Luiz, mais conhecido como MC Sapão , confirmou a morte do artista no Hospital dos Servidores do Estado, onde estava desde quinta-feira. Ele era uma das atrações confirmadas do show 'Funk Orquestra', no Palco Sunset do Rock in Rio , em outubro.

 

Sapão, de 40 anos, deu entrada em outro hospital da cidade, o Rocha Faria, no último dia 10 de abril, com quadro de pneumonia, mas foi transferido para o Hospital dos Servidores. Ele sofria de diabetes e, em 2013, por motivos de saúde, teve que perder perder 50 quilos.

Expoente do funk carioca nos anos 2000, o cantor Jefferson Fernandes Luiz, mais conhecido como MC Sapão, morreu neste dia 19 de abril de 2019, vítima de pneumonia. Ele, que em 2013 teve que perder 50kg por motivos de saúde e estava internado havia 10 dias, compôs hits como 'Diretoria', 'Tô tranquilão' e 'Vou desafiar você'
 
Expoente do funk carioca nos anos 2000, o cantor Jefferson Fernandes Luiz, mais conhecido como MC Sapão, morreu neste dia 19 de abril de 2019, vítima de pneumonia. Ele, que em 2013 teve que perder 50kg por motivos de saúde e estava internado havia 10 dias, compôs hits como 'Diretoria', 'Tô tranquilão' e 'Vou desafiar você'

Nascido no Complexo do Alemão, Jefferson (que ganhou o apelido de Sapão por causa dos olhos arregalados) teve problemas com a lei ainda jovem. Aos 18 anos de idade, passou oito meses preso, sob a alegação de associação ao tráfico de drogas. Na prisão, compôs a música "Eu sei cantar", para a mãe, prometendo que ia usar seu dom, a partir dali, para fazer o bem. Ele acabou sendo absolvido por falta de provas.

Em 2005, Sapão lançou o seu primeiro grande sucesso no funk, "Diretoria", que o fez participar de diversos bailes no Rio. Com um estilo vocal melódico, com influências do soul, ele se rapidamente se diferenciou dos muitos MCs do funk. No ano seguinte, ele teve o seu maior hit, "Tô tranquilão".

 

 

Entre os outros sucessos de Sapão estão "Mocinho e bandido" (com a dupla sertaneja João Neto e Frederico), "Deixa ela dançar", "Vou desafiar você" e "Rei do baile" (com MC Guimê e Mr. Catra). Sapão era um dos MCs mais requisitados para festas de casamentos, tendo cantado em 2010 no dos atores Bruno Gagliasso e Giovana Ewbank.

 

O artista deixa quatro filhos: Pedro (de 15 anos), Kevin (12), Odara (10) e Brisa (7).

Nas redes sociais, o funk lamentou a morte de Sapão. O MC Bob Rum, do "Rap do Silva", escreveu: "Talento como muitos, mas amigo como poucos. Sua gargalhada alta, seu sorriso sincero e sua amizade jamais serão esquecidos. Obrigado pelos momentos hilários e alegres que vivemos, que Deus console a família que ficou, te receba de braços abertos e que os anjos te recebam cantando."


O Globo sexta, 19 de abril de 2019

RISOTO DE BACALHAU COM ABÓBORA: RECEITA

 

Aprenda a receita de risoto de bacalhau com abóbora de Claude Troisgros

Em vídeo, chef ensina prato para a Páscoa que pode ser feito o ano inteiro
 
 
Aprenda a receita de risoto de bacalhau com abóbora de Claude Troisgrois Foto: Rodrigo Azevedo / Divulgação
Aprenda a receita de risoto de bacalhau com abóbora de Claude Troisgrois Foto: Rodrigo Azevedo / Divulgação
 
 

Aprenda a fazer a receita de risoto de bacalhau com abóbora queClaude Troisgros servirá no domingo em seus restaurantes no Rio, mas você pode fazer o ano inteiro. A receita que o chef ensina em vídeo é para quatro pessoas.

Imagens: Claude Troisgros / divulgação
Imagens: Claude Troisgros / divulgação

 

Ingredientes

Para a abóbora:
 

- 300g de abóbora Bahia cortadas em fatias sem sementes
- 2 colh eres de azeite
- Sal, pimenta moída na hora

Modo de preparo:

- Temperar as fatias de abóbora com sal, pimenta e azeite 
- Enrolar em papel alumínio 
- Assar por  40 minutos a 180ºC 
- Retirar do papel aluminio e amassar com garfo

Para o bacalhau:
- 4 postas de bacalhau imperial dessalgado (cerca de 180g cada) 
- 1 litro de água 
- 2 cabeças de alho cortadas ao meio 
- ½ pimenta dedo-de-moça fatiada 
- Tomilho, alecrim e louro 
- Sal

Modo de preparo:

- Ferver água + ervas + alho + dedo de moça + sal durante 5min 
- Colocar o bacalhau 
- Cozinhar em pequena ebulição durante 12 min 
- Retirar e desfiar o bacalhau

Para o risoto

- 1 colh er de azeite 
- 1 cebola picada 
- 250g de arroz arbório 
- 100ml de vinho branco seco 
- 12 a 14 conchas de água do cozimento do bacalhau 
- 2 colheres de açafrão brasileira em pó (cúrcuma) 
- 2 colheres de requeijão cremoso 
- 150g de queijo parmesão ralado 
- Sal, pimenta do moinho 
- Salsa picada

Modo de preparo:

- Suar no azeite a cebola 
- Colocar o arroz e açafrão e refogar mais 2 minutos 
- Deglacer com vinho branco e secar 
- Acrescentar duas conchas de água de cozimento de bacalhau peneirada sem parar de mexer 
- Continuar a mesma operacao com a água de bacalhau colocando duas conchas por vez até chegar ao ponto desejado, em média 16 minutos 
- Juntar a abóbora amassada, o parmesão e o requeijão 
- Continua mexendo durante 4 min acrescendo água de bacalhau se necessário 
- Verificar os temperos com sal e pimenta 
- Colocar a salsa e as lasca de bacalhau (guardar algumas para decoração) 
- Misturar com elegância

 

Para servir:

- Folhas de salsa 
Azeite extra-virgem 
- Colocar o risoto no prato 
- Dispor em cima as lascas de bacalhau guardadas 
- Regar de azeite.


O Globo quinta, 18 de abril de 2019

SASHA MENEGHEL ASSINA CONTRATO COM A AGÊNCIA DE ANGEL DA V. SECRET

 

Sasha Meneghel assina contrato com agência de angel da Victoria's Secret

Way Model quer transformar a herdeira de Xuxa em 'nome quente' das passarelas
 
 
Sasha Meneghel: nova modelo do pedaço Foto: Reprodução/ Instagram
Sasha Meneghel: nova modelo do pedaço Foto: Reprodução/ Instagram
 
 
 

Sasha Meneghel agora faz parte do casting da Way Model, a mesma que cuida das carreiras de Alessandra Ambrósio, Carol Trentini, Marlon Teixeira e Candice Swanepoel, hoje a mais famosa das angels da Victoria's Secret. A agência acredita que a filha deXuxa, de 20 anos, será um "nome quente entre as modelos do mercado nacional e internacional".

 
Sasha e Anderson Baumgartner Foto: Divulgação
Sasha e Anderson Baumgartner Foto: Divulgação

 "Sasha esbanja personalidade. Antenada, está construindo uma carreira brilhante como estilista, e agora também como modelo. É um mercado que procura personalidade e conteúdo; pessoas que tenham algo para contar. A Sasha já transita neste universo e tem muito a agregar ao nosso mercado", disse Anderson Baumgartner, diretor da Way Model.

Estudante de moda, Sasha vive em Nova York há três anos e tem uma certa experiência no mercado fashion. Estrelando campanha para as marcas H. Stern e Aussie. Ela desfilou até na São Paulo Fashion Week para a Coca-Cola Jeans.


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