Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão domingo, 15 de agosto de 2021

BRASILEIRÃO - CORINTHIANS TENTA DEIXAR DE SER SACO DE PANCADAS EM ITAQUERA

 

 

Corinthians tenta deixar de ser saco de pancadas em Itaquera

Time enfrenta o Ceará neste domingo, às 16h, na Neo Química Arena; com Sylvinho, aproveitamento em casa é de 20%, com 1 vitória, 3 empates e 5 derrotas

João Prata, O Estado de S.Paulo

14 de agosto de 2021 | 23h00

Corinthians enfrenta o Ceará neste domingo, às 16h, com a missão de tornar um pouco melhor o retrospecto quando joga em casa, na Neo Química Arena. Sob o comando do técnico Sylvinho, o time tem 20% de aproveitamento, com uma vitória, três empates e cinco derrotas.  É um porcentual de time que está na zona de rebaixamento. Neste Campeonato Brasileiro só não seria pior do que a lanterna Chapecoense, que em rodadas somou quatro pontos e tem 8,9% de aproveitamento. 

O mais recente tropeço foi exemplar. Diante do Flamengo, o Corinthians fez um primeiro tempo muito ruim, não agrediu o adversário em nenhum momento, levou três gols e só não tomou mais porque os atacantes adversários também desperdiçaram suas oportunidades. Para tentar deixar de ser um saco de pancadas em casa, o técnico Sylvinho levou os jogadores para treinar na Neo Química Arena na última quinta-feira.

 
Sylvinho
Sylvinho durante treino na Neo Química Arena. Foto: Rodrigo Coca/ Ag. Corinthians
 

“Conhecemos nosso estádio, o quique da bola, a velocidade. Mas neste período de frio e calor a grama pode mudar um pouco, e não podemos sentir nosso campo. Foi produtivo, legal, é bom valorizar nossa casa e já mentalizar o jogo de domingo. É uma preparação diferente, nós gostamos e não podemos sentir essa pressão dentro de casa. Sabemos que os resultados não são bons. Queríamos vencer, vencer e vencer. Não vem acontecendo, mas pode acontecer, pois trabalhamos para isso. Que domingo seja uma mudança de chave”, comentou o volante Gabriel.

O meia-atacante Giuliano deve fazer sua estreia em casa. Ele fez seu primeiro jogo com a camisa do Corinthians no empate sem gols com o Santos. Permaneceu em campo o jogo inteiro praticamente. Deu mais criatividade para o setor de armação, mas sentiu a falta de ritmo. 

Renato Augusto, que foi apresentado durante a semana deve começar no banco de reservas. Ele estava no futebol chinês e não joga desde dezembro.

 

“A gente vem trabalhando bastante nos últimos dias para recuperar a parte física sem correr riscos. Começar os jogos de forma gradativa, de 15 a 20 minutos, e ir subindo a minutagem de jogo. Contra o Ceará, devo ir para o banco. Para fazer algo em torno de 15 a 30 minutos”, afirmou o camisa 8.

Atraso de salário

Não bastasse a campanha ruim no Campeonato Brasileiro, o Corinthians também enfrenta problema de atraso de salário dos jogadores. O dinheiro referente a agosto era para ter caído dia 6. “Estamos de cabeça tranquila. Nossa diretoria está sendo sempre bem clara conosco. Sabemos a situação do clube, mas a diretoria tem buscado de todas as maneiras arcar com as responsabilidades. Estamos focados em vencer o Ceará”, disse Gabriel.

Ficha técnica:

Corinthians x Ceará

Corinhians: Cássio, Fagner, João Victor, Gil e Fábio Santos; Cantillo (Roni), Gabriel e Giuliano; Gustavo Mosquito, Adson e Jô. Técnico: Sylvinho.

Ceará: Richard; Buiu, Messias, Luiz Otávio e Bruno Pacheco; Fernando Sobral, Marlon, Jorginho e Lima; Mendoza e Cléber. Técnico: Guto Ferreira

Juiz: Rodolpho Toski Marques (PR)

Horário: 21h30

Local: Neo Química Arena

Na TV: Globo e pay-per-view


Estadão sábado, 14 de agosto de 2021

SILVIO SANTOS: COM COVID-19, SILVIO RECEBE ALTA E DEISA HOSPITAL

 

 

Com covid-19, Silvio Santos recebe alta e deixa hospital em São Paulo

 Foto: Lourival Ribeiro/SBT

 

Liberado após realizar uma série de exames, o apresentador ‘está bem’ e permanecerá isolado em um local não revelado, segundo assessoria de imprensa do SBT

Redação, O Estado de S.Paulo

14 de agosto de 2021 | 01h53

SÃO PAULO - Diagnosticado com covid-19, o apresentador de televisão Silvio Santos recebeu alta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, na noite desta sexta-feira, 13. Com 90 anos de idade, o apresentador “está bem e vai manter isolamento em local não revelado”, segundo informações da assessoria de comunicação do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão). 

Internado no início do dia, Silvio Santos permaneceu na unidade por algumas horas e foi liberado após realizar exames recomendados pela equipe médica. 

 
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O apresentador Silvio Santos tomou as duas doses da vacina contra a covid no período de um mês: a primeira no dia 10 de fevereiro e a segunda, em 10 de março Foto: Alan Santos/PR
 

No final da tarde desta sexta, Patrícia Abravanel, filha do apresentador, afirmou através de seu perfil no Instagram que o pai estava "clinicamente bem" e que a internação ocorreu em função da idade avançada: 

 

Abravanel
Publicação das filhas de Silvio Santos sobre o estado de saúde do pai Foto: Reprodução/Instagram

Silvio Santos já recebeu duas doses da vacina contra o novo coronavírus. As aplicações ocorreram em fevereiro e março deste ano. 

Após mais de um ano afastado devido à pandemia, o apresentador retomou recentemente as gravações de seu programa, com plateia reduzida. “Com essa pandemia, tive que ficar em casa sem fazer nada, sei lá quanto tempo, esqueci tudo”, disse no primeiro programa inédito. "Estava com uma menina chamada amnésia". 


Estadão sexta, 13 de agosto de 2021

BRASILEIRÃO - VASCO ENFRENTA O REMO, EM BELÉM, COM O PLANO DE ENTRAR NO G-4 DA SÉRIE B

 

Vasco enfrenta o Remo, em Belém, com o plano de entrar no G-4 da Série B

Equipe de Lisca aposta no retorno de Cano para conquistar mais três pontos na competição

Redação, Estadão Conteúdo

13 de agosto de 2021 | 07h39

Embalado, o Vasco tem a chance de dormir no G-4 - zona de acesso - do Campeonato Brasileiro da Série B, nesta sexta-feira, mas para isso precisa ganhar do Remo, a partir das 21h30, no Estádio Baenão, em Belém (PA) na abertura da 18ª rodada.

Com 75% de aproveitamento desde a chegada de Lisca, o Vasco está perto do G4, com 28 pontos. Se emplacar a terceira vitória seguida, o time pode assumir a vice-liderança. Já o Remo é apenas o 13º colocado, com 20.

 

 

Cano reforça o Vasco contra o Remo
Cano reforça o Vasco contra o Remo Foto: Rafael Ribeiro/ CR Vasco da Gama
 

O Vasco, que desembarcou em Belém na madrugada desta quinta-feira e foi recepcionado por alguns torcedores, encerrou a preparação com um treinamento no Estádio da Curuzu, do Paysandu.

Assim como o treinador adversário, Lisca tem problemas para escalar o Vasco. Ao todo, são oito desfalques: o goleiro Lucão (folga após as Olimpíadas), o zagueiro Leandro Castan (lesionado), o lateral Léo Matos (suspenso), os volantes Michel (lesionado) e Bruno Gomes (lesionado), o meia Marquinhos Gabriel (suspenso) e os atacantes Morato (covid-19) e Daniel Amorim (lesionado).

O zagueiro Ricardo Graça também ganharia folga após a conquista do ouro em Tóquio, mas precisou viajar devido à lesão de Leandro Castan. A boa notícia para Lisca é a volta do artilheiro German Cano, que cumpriu suspensão na vitória sobre o Vila Nova por 1 a 0.

"Vai ser um jogo difícil, contra uma equipe que precisa da Vitória e que é muito forte atuando em casa. Estamos nos fortalecendo e evoluindo cada vez mais com o trabalho do Lisca. Vamos procurar fazer uma grande partida e conseguir nosso objetivo: uma vitória para nos mantermos na parte de cima", disse o goleiro Vanderlei.

O time paraense tem muitos desfalques para esse jogo. O principal deles é Felipe Gedoz. O ex-meia do Athletico-PR é o artilheiro do Remo na temporada, com nove gols, e recebeu o terceiro amarelo no empate com o Goiás por 1 a 1.

Além de Gedoz, o técnico Felipe Conceição tem outros desfalques. O volante Marcos Júnior está emprestado pelo Vasco e não pode jogar por força contratual. Já o zagueiro Fredson, o lateral-direito Thiago Ennes e o volante Pingo seguem lesionados.

FICHA TÉCNICA

REMO X VASCO

REMO - Vinícius; Suéliton, Romércio, Rafael Jansen e Igor Fernandes; Anderson Uchoa, Lucas Siqueira, Matheus Oliveira e Erick Flores; Renan Gorne e Victor Andrade. Técnico: Felipe Conceição.

VASCO -  Vanderlei; Caio Tenório, Miranda, Ernando (Ricardo Graça) e Zeca; Rômulo, Juninho e Sarrafiore; Léo Jabá, Figueiredo (Galarza) e German Cano. Técnico: Lisca. 

ÁRBITRO - Vinícius Gonçalves Dias Araújo (SP).

HORÁRIO - 21h30.

LOCAL - Estádio Baenão, em Belém.


Estadão quinta, 12 de agosto de 2021

PAULO JOSÉ SE ENCANTOU: ATOR MORRE AOS 84 ANOS VÍTIMA DE PNEUMONIA

 

Morre aos 84 anos o ator e diretor Paulo José

Vítima de uma pneumonia, ele estava internado havia 20 dias e deixa mulher e quatro filhos

Ubiratan Brasil, O Estado de S.Paulo

11 de agosto de 2021 | 20h28
Atualizado 12 de agosto de 2021 | 07h38

O ator e diretor Paulo José morreu aos 84 anos nesta quarta-feira, 11, no Rio de Janeiro, de acordo com comunicado da TV Globo. Ele estava internado havia 20 dias por conta de uma pneumonia e deixa esposa e quatro filhos. Dono de um talento múltiplo, era um ator e um diretor que integrava o seleto grupo de artistas ideológicos.

 

Paulo José
O ator Paulo José estava internado há 20 dias e faleceu em decorrência de uma pneumonia. Foto: Fotos Vitrine Filmes
 

Gaúcho de Lavras do Sul, Paulo José Gómez de Souza nasceu em 20 de março de 1937 e começou sua trajetória no teatro ainda na escola, no Rio Grande do Sul. A opção tornou-se mais forte quando participou de diversas montagens amadoras, entre 1955 e 1961. Foi em 1958 que estreou como diretor na peça Rondó 58, espetáculo de poemas dramatizados. Nesse período, ampliou suas habilidades aos exercer as funções de cenógrafo, iluminador, contrarregra, assistente de direção, maquiador e maquinista.

Na década de 1960, já em São Paulo, iniciou carreira no Teatro de Arena, em São Paulo, com a peça Testamento de um Cangaceiro (1961), escrita por Chico de Assis e dirigida por Augusto Boal.

Seu primeiro trabalho na Globo foi na novela Véu de Noiva, de Janete Clair, de 1969, mas Paulo marcou época com a parceria firmada com o ator Flávio Migliaccio na novela O Primeiro Amor, de 1972. Os personagens foram tão marcantes que deram origem a um seriado, Shazan, Xerife e Cia, escritor, dirigido e estrelado por eles de 1972 a 1974.

Ao longo de mais de seis décadas de carreira, Paulo José esteve presente em mais de 20 novelas e minisséries, além de filmes como Macunaíma, de 1969, e Todas as Mulheres do Mundo, de 1966. Agora É que São Elas, de 2003, de Ricardo Linhares, surgiu a partir de uma ideia do próprio ator.

Paulo José também dirigiu episódios de Casos Especiais, a adaptação do livro Agosto, de Rubem Fonseca, Memorial de Maria Moura, adaptação da obra de Rachel de Queiroz, e Incidente em Antares, inspirado no romance de Érico Veríssimo.

O ator conviveu por 20 anos com o mal de Parkinson e seu último trabalho nas telas foi como Benjamin, personagem da novela Em Família que também sofria da doença.

No cinema, deixou uma carreira marcada por atuações muitas vezes inesquecíveis, que lhe valeram prêmios. Destaque para desempenhos nos filmes Todas as Mulheres do Mundo, 1966; Edu, Coração de Ouro, 1967; e O Rei da Noite, 1976. Destaca-se também pela atuação em Macunaíma; A Difícil Viagem; Faca de Dois Gumes e Policarpo Quaresma.

Paulo José buscava na arte uma forma de criticar o mundo que o rodeava. É como justificava suas escolhas artísticas, especialmente quando assumia a direção. 

Assim, optou pela incomunicabilidade do francês Bernard-Marie Koltès em seu espetáculo Na Solidão dos Campos de Algodão, montado em 2003. Da mesma forma, partiu para denúncia da corrupção que o russo Nicolai Gogol apontou em O Inspetor Geral, seu primeiro fruto da parceria com o grupo mineiro Galpão. A experiência foi como uma redescoberta. “Voltei a realizar um trabalho de grupo, como fiz no Teatro de Equipe, em Porto Alegre, e com o Arena, em São Paulo, que me permitiram descobrir realmente o que é fazer teatro”, afirmou, em 2003. “Uma coisa é montar uma peça, apresentar para o público e cada um seguir para casa; a outra é buscar experiências mais duradouras, encontrar novos caminhos como aprofundar a linguagem. Isso só acontece nos grupos.” 

Mesmo convivendo com a doença de Parkinson, Paulo José mantinha uma esplendorosa relação com a vida – ele enfrentava o problema de frente e se apoiava no teatro como inspiração. “Quando estou envolvido com o palco, os sintomas diminuem. Ou seja, o teatro me ajuda a conviver com o problema.” 

Também mantinha uma relação próxima do cinema. Apoiou, por exemplo, a restauração de um de seus principais trabalhos, o filme Macunaíma, dirigido por Joaquim Pedro de Andrade em 1969, inspirado na obra de Mário de Andrade. Para o ator, o longa ganhou vivacidade ao longo dos anos ao resgatar a falha trágica no caráter do brasileiro. “A cada vez que Macunaíma diz ‘Ai, que preguiça!’, percebemos muito da nossa indolência, aquela indisposição para o trabalho que justifica a vinda da mão de obra escrava negra”, comentou em 2006.

Paulo José lembrava-se do momento em que o filme foi rodado, quando a ditadura acirrava a pressão. “Era a época do AI-5, visualizado no filme quando o sangue brota da água”, comentou ele.

A trajetória de Paulo José coincidiu com a da arte brasileira, especialmente o cinema e a TV. Afinal, ele foi um padre que pecou por amor, sonhou ter todas as mulheres do mundo (e ficou com uma só), deu vida a um herói sem nenhum caráter e, já debilitado, viveu o artista de circo que discute a profissão com o filho em crise.


Estadão quarta, 11 de agosto de 2021

LIBERTADORES: ABEL VALORIZA CAPACIDADE MENTAL DO PALMEIRAS PARA ARRANCAR EMPATE NO MORUMBI

 

Abel valoriza 'capacidade mental' do Palmeiras para arrancar empate no Morumbi

Treinador fica satisfeito com o resultado de 1 a 1 com o São Paulo, que garante uma pequena vantagem para decidir no Allianz Parque

Redação, O Estado de S.Paulo

11 de agosto de 2021 | 06h38

Acostumado a ir além das discussões técnicas e táticas, Abel Ferreira gostou da atuação do Palmeiras no empate com o São Paulo e fez questão de valorizar, mais de uma vez, o que ele chamou de "grande atitude mental" da equipe para buscar a igualdade depois de sair perdendo no duelo de ida das quartas de final da Libertadores. As equipes ficaram no empate por 1 a 1.

O treinador ficou satisfeito com o que viu, especialmente em relação à postura de seus comandados depois de sofrerem o gol de Luan na segunda etapa. Patrick de Paula, que entrara na etapa final, marcou de falta o gol que definiu o placar e deixa o Palmeiras com a vantagem de jogar pelo empate sem gols na volta, no Allianz Parque.

 
 
Abel Ferreira aprovou o desempenho do Palmeiras contra o São Paulo
Abel Ferreira aprovou o desempenho do Palmeiras contra o São Paulo Foto: Sebastiao Moreira / AP
 

"Hoje mostramos uma grande capacidade mental, grande força mental e grande atitude competitiva. Só gente muito focada é capaz de vir na casa do São Paulo, após uma derrota em casa contra o Fortaleza, e dar a resposta que deu hoje", enalteceu o treinador português. Na sua avaliação, a equipe reagiu bem ao gol sofrido, conseguiu se impor e deveria ter saído de campo com a vitória, considerando o volume de jogo e as chances criadas.

"Sofremos um gol contra a corrente do jogo. O adversário tem qualidade, organização e a minha equipe teve uma capacidade mental muito forte. Sofremos o gol, mantivemos o foco e a calma. Fomos capazes de impor nosso jogo e com toda a justiça fizemos o gol do empate", opinou Abel. "E se tivesse vencedor, teria que ser o Palmeiras porque as oportunidades mais flagrantes foram nossas", argumentou.

O português também entende que o Palmeiras jogou com "coragem e caráter" no duelo decisivo no Morumbi. "Para ganhar uma vez é preciso talento. Para ganhar de forma constante é preciso caráter. E fomos o que demonstramos hoje. Caráter, personalidade, força, vontade e grande atitude mental", afirmou.

O Palmeiras segue sem vencer o São Paulo na história da Libertadores - são seis derrotas e três empates - mas conseguiu a vantagem de poder jogar pelo empate sem gols no Allianz Parque, terça-feira que vem, às 21h30. Na partida que definirá o semifinalista, Abel espera que seus atletas continuem competindo ao máximo.

"É um jogo de 180 minutos. E jogos da Libertadores são muito competitivos e equilibrados. É o que esperamos em casa", considerou. "Para passar para a fase seguinte, temos que continuar competindo durante o jogo todo. Sofrer quando tiver que sofrer e impor nosso jogo como fizemos hoje".

O treinador se anima com a possibilidade de classificação porque entende que, hoje, Palmeiras e São Paulo estão no mesmo nível, ao contrário do que se viu no Campeonato Paulista, torneio em que o rival levou a melhor na final e saiu com o título.

"Começamos a temporada com níveis diferente de capacidade física. Pena que não assumimos logo cedo que o Paulista seria pra dar oportunidade a todos. Nosso adversário se preparou melhor para o Paulista e agora as equipes estão no mesmo nível".


Estadão terça, 10 de agosto de 2021

LIBERTADORES: CLÁSSICO PÓE `APROVA SÃO PAULO COPEIRO CONTRA PALMEIRAS CASCUDO

 

Clássico põe à prova São Paulo copeiro contra Palmeiras cascudo na Libertadores

Times abrem nesta terça, no Morumbi, o primeiro duelo das quartas de final do torneio sul-americano 

Toni Assis, especial para o Estadão

10 de agosto de 2021 | 05h00

De um lado um time que vem capengando no Brasileiro, mas que se transforma quando o formato da disputa passa a ser eliminatório. Do outro, o atual campeão da Libertadores que segue brigando pela liderança do Nacional e busca, diante do rival, confirmar o prognóstico de que é um dos favoritos do torneio sul-americano. É sob essa atmosfera que São Paulo e Palmeiras iniciam o confronto das quartas de final da competição continental nesta terça, às 21h30, no Morumbi. Além disso, um duelo internacional será uma atração à parte no banco de reservas: o argentino Hernán Crespo contra o português Abel Ferreira.

Um clássico recheado de rivalidade apresenta para este jogo, equipes em momentos diferentes. Atual campeão da Libertadores, o time palmeirense encerrou a fase de grupos com a segunda melhor campanha entre todos os participantes. Foram cinco vitórias em seis jogos e um aproveitamento de 83% na primeira fase.

 
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O zagueiro Arboleda durante treinamento; ele se recuperou de um estiramento na coxa e reforça a defesa do São Paulo Foto: Rubens Chiri / sãopaulofc.net
 

A importância de conseguir a classificação em cima de um rival do estado ganha importância pela ausência de títulos no primeiro semestre, onde o clube acabou ficando com o vice nas três finais que disputou. Para piorar, a eliminação surpreendente na Copa do Brasil para o CRB aumentou a pressão sobre o trabalho de Abel Ferreira.

A perda da liderança para o Atlético-MG nesta rodada não deve ter peso na parte psicológica. Pelo menos é o que garante o treinador.

 “Tivemos um bom momento no Brasileiro com várias vitórias em sequência e houve uma queda. Mas estamos trabalhando e focados no nosso objetivo. A responsabilidade dessa derrota (para o Fortaleza no final de semana) é minha”, disse o treinador palmeirense.

Ele chega para o clássico com quase todo o elenco à disposição. O departamento médico está praticamente vazio e, assim, Abel Ferreira deverá colocar a força máxima contra o São Paulo. Felipe Melo, Danilo e Breno Lopes cumpriram suspensão e estão prontos para reforçar a equipe.

No São Paulo, a ordem é virar a chave. O triunfo sobre o Atlético-PR foi importante para tirar o time da zona de rebaixamento do Brasileiro. Mas a boa notícia vem quando se expia o desempenho do time em jogos de mata-mata sob o comando de Hernán Crespo.

Com a vitória e a classificação diante do Vasco na Copa do Brasil, a equipe do Morumbi apresenta um aproveitamento de 76,6% de êxito em partidas eliminatórias. 

Muito dessa eficiência foi comprovada no primeiro semestre. Com Crespo, a equipe superou  Ferroviária, Mirassol e Palmeiras neste formato, culminando no título paulista. O único revés em partidas de ida e volta foi para o 4 de Julho pela Copa do Brasil, quando atuou no Nordeste. Em compensação, no confronto de volta, o São Paulo aplicou um 9 a 1 nos piauienses.

Para o jogo contra o Palmeiras, Crespo precisa do aval do departamento médico para colocar o time em campo. Luciano e Eder, com lesões na coxa, ainda não têm retorno garantido.

 Daniel Alves, que retornou nesta segunda após conquistar o ouro nos Jogos de Tóquio, depende de avaliação física para saber se pode atuar. “Daniel Alves é um grande jogador. Falarei com ele para saber a situação em que está e vamos escolher a melhor opção para escalar a equipe”, falou o comandante argentino.

 Já o zagueiro Arboleda, que se recupera de um estiramento, deve reforçar a zaga. Rigoni, que cumpriu suspensão contra o Atlético-PR, reaparece no time.

A tendência é manter o esquema com três zagueiros e tentar controlar o meio-campo. A experiência de Benítez é o trunfo de Crespo para ditar o ritmo do jogo e acionar os atacantes na frente.

 Autor dos gols da vitória de 2 a 1 sobre o Atlético-PR, Pablo ensaia novamente fazer as pazes com as redes adversárias. Nos últimos três jogos, ele marcou três vezes e segue como artilheiro do clube na temporada com 12 gols. “É sempre importante estar fazendo gols. O importante é estar ajudando o clube.”

FICHA TÉCNICA

SÃO PAULO x PALMEIRAS 

SÃO PAULO: Tiago Volpi;  Arboleda, Miranda e Léo; Igor Vinícius (Daniel Alves), Luan, Liziero, Benítez e Wellington; Rigoni e Pablo. Técnico: Hernán Crespo

PALMEIRAS: Weverton; Marcos Rocha, Felipe Melo, Gustavo Gómez e Joaquin Piquerez; Danilo, Zé Rafael, Raphael Veiga e Gustavo Scarpa; Breno Lopes (Luiz Adriano) e Deyverson. Técnico: Abel Ferreira. 

HORÁRIO: 21h30

ÁRBITRO: Nestor Pitana (Argentina)

LOCAL: estádio do Morumbi, em São Paulo

TRANSMISSÃO: SBT e Fox Sports


Estadão segunda, 09 de agosto de 2021

LIONEL MESSI: PERSONALIDADES QUE FIZERAM HISTÓRIA NO BARCELONA PRESTAM HOMENAGEM AO CRAQUE

 

Personalidades que fizeram história no Barcelona prestam homenagem a Lionel Messi

Craque argentino não fará mais parte do clube que o revelou na próxima temporada; PSG é o destino provável

AFP, O Estado de S.Paulo

09 de agosto de 2021 | 07h00

Antigos e atuais jogadores do Barcelona prestaram homenagens a Lionel Messi neste domingo, após a emocionante despedida do astro argentino do clube onde atuou como profissional por 13 anos e conquistou 35 títulos. 

Andrés Iniesta, tetracampeão pelo clube catalão da Liga dos Campeões junto com Messi, relembrou a época em que atuaram juntos: “Vivemos juntos por 14 anos, compartilhamos momentos mágicos e outros ruins, mas sempre ficamos juntos. Imaginar o clube sem você ou vê-lo no Camp Nou com outra camisa, é difícil”. 

 
 
Lionel Messi, ex-jogador do Barcelona
Personalidades que fizeram história no Barcelona prestam homenagem a Lionel Messi. Foto: Josep Lago/AFP
 

O atual técnico do Barça, Ronald Koeman, escreveu no Twitter: "Ainda é difícil assimilar que você não vai mais jogar pelo @fcbarcelona. Obrigado por tudo você fez pelo clube". 

"É muito triste ver Lionel Messi muito emocionado se despedir do FC Barcelona", tuitou o ex-atacante inglês Gary Lineker, que jogou três temporadas pela equipe espanhola entre 1986 e 1989. 

"Nenhum jogador na história deste esporte trouxe tanta felicidade, tantos momentos inesquecíveis, tanto sucesso a um clube", acrescentou Lineker. 

"Quando criança, adorava assistir a todos os jogos com meu irmão na televisão em nosso quarto", escreveu o meia holandês Frenkie De Jong, companheiro de Lionel Messi na atual equipe do Barcelona. 

"Quando vim para cá há dois anos, descobri uma pessoa incrível em você. Foi fantástico jogar ao lado do melhor jogador da história", confessou. 

O presidente do Barcelona, Joan Laporta, também escreveu no Twitter: "Desejo o melhor para você Messi, e para sua família. Você terá sempre as portas abertas no Barça. Obrigado por tudo, Leo!"

 


Estadão domingo, 08 de agosto de 2021

OLIMPÍADA: COM 7 MEDALHAS DE OURO E 21 NO TOTAL, BRASIL CONFIRMA MELHOR RESULTADO NA HISTÓRIA DOS JOGOS

 

Com 7 medalhas de ouro e 21 no total, Brasil confirma melhor resultado na história da Olimpíada

Atletas brasileiros também acumulam 6 pratas e 8 bronzes, quebrando o recorde de pódios e igualando o número de vezes na primeira colocação

Redação, O Estado de S. Paulo

07 de agosto de 2021 | 11h11
Atualizado 08 de agosto de 2021 | 07h48

 

Depois de superar o recorde de medalhas numa mesma edição olímpica, ter mais mulheres no pódio e confirmar 21 conquistas, o Brasil ainda igualou no sãbado, dia 7, um dia antes do fim das provas, a melhor marca em número de ouros de sua história nos Jogos. Com a vitória do futebol masculino diante da Espanha, o País chegou sete vezes ao lugar mais alto do pódio nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Esse foi o mesmo número dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

 
 
 

 

Brasil e Espanha na decisão do ouro olímpico
Brasileiros comemoram o gol de Mateus Cunha no estádio Yokohama, no Japão, diante da Espanha Foto: Stoyan Reuters / Reuters

O Brasil ainda teve a chance de melhorar a situação com disputa da maratona masculina, com os atletas Daniel Chaves, Daniel Ferreira e Paulo Roberto de Paula. Porém, este último foi o nosso melhor colocado na 69ª posição. A delegação já garantiu a melhor campanha da história. Com 19 medalhas (sete ouros, seis pratas e oito bronzes). No Rio, o Brasil conquistou sete ouros, seis pratas e seis bronzes. 

Com a conquista de Isaquias Queiroz, o Brasil alcançou a marca de 150 medalhas na história olímpica. Até o momento do ouro da canoagem, o país contabilizava 35 ouros, 40 pratas e 71 bronzes em todas as edições.  

Relembre as medalhas de ouro conquistadas pelo Brasil em Tóquio

Ítalo Ferreira - surfe

O potiguar de Baía Formosa chegou a Tóquio como atual campeão mundial de surfe e se despediu como o primeiro campeão olímpico da modalidade, que fez sua estreia. Na final, o brasileiro superou o japonês Kanoa Igarashi, que havia avançado nas semifinais sobre Gabriel Medina, após decisão polêmica dos juízes.

 

Italo Ferreira conquistou o primeiro ouro do Brasil em Tóquio
Italo Ferreira conquistou o primeiro ouro do Brasil em Tóquio Foto: Oliver Morin / AP

Ana Marcela Cunha - maratona aquática

A baiana tem um arsenal tão grande de títulos na carreira que aos 19 anos já é um dos principais nomes da história da maratona aquática. Mas faltava uma medalha em olimpíadas. E não podia ter cor melhor. Na terceira participação dela no evento, Ana Marcela completou a prova de 10km com um corpo na frente, batendo na placa da linha de chegada em prmeiro lugar, com o tempo de 1hora59min30seg8. A prata ficou com a holandesa Sharonvan Rouwendaal e o bronze com a australiana Kareena Lee.

Isaquias Queiroz - canoagem

Isaquias Queiroz realizou o sonho de ser campeão olímpico. O baiano ganhou a medalha de ouro no C1 1.000m na canoagem velocidade. O feito reafirma a contribuição do treinador Jesus Morlán, que forjou outros campeões da modalidade, mas faleceu durante o ciclo para a Olimpíada. Isaquias está a apenas uma medalha dos recordistas brasileiros, os velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, que somam cinco pódios olímpicos no currículo. 

 

Isaquias Queiroz recebe a medalha de ouro
Isaquias Queiroz conquistou a medalha de ouro na canoagem Foto: Lee Jin-man/ AP

Martine Grael e Kahena Kunze - vela (49er FX)

Martine e Kahena chegaram à medal race dependendo apenas de si para se tornarem bicampeãs olímpicas A dupla de velejadoras de 30 anos terminou na terceira colocação, com larga vantagem sobre as adversárias diretas. São duas participações olímpicas e dois ouros na classe 49er FX. 

Rebeca Andrade - ginástica artística

Depois de emocionar o País com a prata conquistada no individual geral, Rebeca foi além. A ginasta se sagrou campeã olímpica no salto sobre a mesa. O pódio foi completado com a americana Mykayla Skinner, com a prata, e a sul-coreana Seojeong Yeo, com o bronze. Com o feito duplo, a ginasta de Guarulhos (SP) tornou-se a primeira brasileira a ganhar duas medalhas em uma mesma edição olímpica.

 

Rebeca Andrade
Rebeca Andrade conquistou um ouro e uma prata nos Jogos de Tóquio Foto: Lisi Niesner/ Reuters

Hebert Conceição – boxe

O boxeador Hebert Conceição conquistou a medalha de ouro na categoria dos pesos médios (até 75 quilos), ao vencer, neste sábado, o ucraniano Oleksabdr Khyzhniak, por nocaute técnico, no terceiro assalto. Aos 23 anos, o baiano de Salvador repete o feito de Robson Conceição, campeão olímpico n Rio-2016.

Futebol masculino

O Brasil conquistou o bicampeonato olímpico com a vitória sobre a Espanha por 2 a 1, na prorrogação, neste sábado. Richarlison, um dos destaques da equipe, foi artilheiro da competição. O gol do título foi marcado pelo atacante Malcom, do Zenit, da Rússia. 

 

 

Fotos do dia 7 de agosto na Olimpíada de Tóquio 2020


Estadão sábado, 07 de agosto de 2021

OLIMPÍADA: BOXE: HEBERT CONCEIÇÃO É OURO

 

Hebert Conceição revela 'loteria' no terceiro assalto: 'Acreditei até o fim'

Brasileiro conquista ouro após nocaute em momento em que poucos confiavam na possibilidade de virada na luta

Redação, Estadão Conteúdo

07 de agosto de 2021 | 05h26

 

O choro descontrolado e o beijo emocionado na medalha de ouro no pódio de Tóquio representaram toda a tensão sofrida pelo boxeador Hebert Conceição na final da categoria dos pesos médios (até 75 kg) diante do ucraniano Oleksabdr Khyzhniak, por nocaute técnico, a 1min29 do terceiro assalto, após acertar espetacular gancho de esquerda. Em entrevista, o brasileiro revelou sua estratégia para buscar a vitória, mesmo depois de ter perdido os dois primeiros assaltos.

 
 

 

Pódio Boxe Hebert Conceição
Emocionado, Hebert Conceição sobe no lugar mais alto do pódio Foto: Wander Roberto/ COB

Baiano, de 23 anos, Hebert também comentou da emoção ao receber a medalha. "Difícil falar a sensação, é incrível, uma emoção muito grande, senti a energia de todo mundo que estava torcendo. Eu pensei durante os rounds que tinha muita gente mandando energia por esse nocaute. Eu acreditei que eu podia e que bom que aconteceu, eu fui premiado e a gente merece."

O brasileiro também elogiou o adversário. "O atleta que eu enfrentei tem um jogo difícil de trabalhar, é um cara muito forte, intenso, é espetacular a forma física com que ele sempre se apresenta nas lutas. É um lutador incrível, respeito muito. Mas eu sabia da minha capacidade também. Treinei muito, levei muito a sério todo trabalho que foi passado durante o ciclo, durante toda minha iniciativa desde que comecei no boxe"


Estadão sexta, 06 de agosto de 2021

OLIMPÍADA: VÔLEI FEMININO - BRASIL SUPERA DOPING DE TANDARA, ATROPELA A COREIA DO SUL E VAI À FINAL CONTRA OS ESTADOS UNIDOS

 

Brasil supera doping de Tandara e vai à final no vôlei feminino nos Jogos de Tóquio

Após o desligamento da jogadora, seleção entra em quadra e atropela a Coreia do Sul por 3 sets a 0 e agora enfrenta os Estados Unidos pela medalha de ouro

Raphael Ramos / Enviado Especial / Tóquio, O Estado de S.Paulo

06 de agosto de 2021 | 10h

O desligamento da oposto Tandara horas antes da semifinal dos Jogos Olímpicos de Tóquio diante da Coreia do Sul após ser flagrada em teste antidoping não abalou o emocional da seleção brasileira nesta sexta-feira. Muito pelo contrário. O Brasil parece ter entrado em quadra na Ariake Arena com ainda mais vontade e atropelou as asiáticas com uma contundente vitória por 3 sets a 0 (parciais 25/16, 25/16 e 25/16).

A maneira como a equipe se comportou na semifinal, sem dar qualquer chance para a Coreia do Sul, aumenta a confiança para a decisão diante dos Estados Unidos, domingo, à 1h30 (horário de Brasília), apesar do favoritismo adversário. Brasil e EUA fizeram a final da última Liga das Nações, em junho, com vitória das americanas. Aquela decisão, mesmo com a derrota, foi um importante ponto de retomada da seleção às vésperas dos Jogos, após um ciclo olímpico marcado por muitas oscilações. Campeão em Pequim-2008 e Londres-2012, o Brasil busca em Tóquio o tricampeonato olímpico.

 

 

Jogadores da seleção brasileira feminina de vôlei comemoram vitória diante da Coreia do Sul
Jogadores da seleção brasileira feminina de vôlei comemoram vitória diante da Coreia do Sul Foto: Frank Augstein / AP

Vale destacar ainda que as partidas da seleção feminina de vôlei no Japão viraram uma atração à parte para a delegação brasileira. Se nas quartas de final a campeã olímpica na maratona aquática Ana Marcela Cunha marcou presença no ginásio, nesta sexta-feira foi a vez da ginasta Rebeca Andrade, que faturou um ouro e uma prata em Tóquio, apoiar as compatriotas nas arquibancadas.

Mesmo diante da superioridade da seleção diante das coreanos – na primeira fase também vencera por 3 a 0 –, havia expectativa de como o time iria encarar a semifinal após o doping de uma das suas principais jogadoras. Mais do ponto de vista psicológico do que técnico. Afinal, o técnico José Roberto Guimarães tinha em Rosamaria uma substituta à altura de Tandara, que inclusive já havia jogado melhor do que a companheira nas quartas de final diante do Comitê Olímpico Russo.

Mas, logo que começou o jogo, o Brasil não deu espaço para qualquer dúvida sobre as suas condições de avançar à final. Rosamaria, por exemplo, manteve o alto nível de atuação da última partida, cravando no chão praticamente todos os ataques. O mesmo valia para Fernanda Garay. A cada ponto, as jogadoras vibravam efusivamente.

Muito da intensidade que o Brasil colocou no jogo se devia à levantadora Macris. Recuperada de lesão, ela começou como titular e, com uma ótima variedade de jogadas, dificultava a marcação das coreanas. Sem contar, é claro, as inesperadas “largadinhas”. Assim, o Brasil não teve muita dificuldade para fechar o primeiro set em 25 a 16.

O placar se repetiu na segunda parcial porque o Brasil não diminuiu o ritmo e manteve a pressão em cima da Coreia do Sul. Com bastante agressividade, a seleção impedia qualquer tentativa de reação adversária. O Brasil se destacava em todos os fundamentos, praticamente sem cometer erros.

A performance do Brasil no bloqueio foi fundamental para a vitória no terceiro set, novamente por 25 a 16. Muito consistente, a seleção soube aproveitar as falhas defensivas das coreanas, acumulou pontos em sequência e fechou o jogo com um massacre na última parcial.

 


Estadão quinta, 05 de agosto de 2021

OLIMPIADA: PEDRO BARROS, SKATISTA, É PRATA EM TÓQUIO

 

Prata em Tóquio, Pedro Barros ajudou a tornar Florianópolis no polo nacional do skate

Na década de 90, o pai do skatista e dois amigos compraram terrenos a preços baixos e construíram pequenos 'bowls', como é chamada a pista do park, para transformar a cidade na Califórnia brasileir

Felipe Rosa Mendes, O Estado de S.Paulo

05 de agosto de 2021 | 10h42

 

A trajetória de Pedro Barros, medalhista de prata do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, é daquelas que se enquadram no famoso clichê: sua carreira se confunde com a história do skate em Florianópolis. Pedro, seu pai, o surfista André Barros, e alguns amigos ajudaram a tornar a capital catarinense no polo da modalidade park no País.

 
 
 

 Pedro Barros conquistou a medalha de prata em Tóquio

Pedro Barros conquistou a medalha de prata em Tóquio Foto: Ben Curtis / AP

E foi aí que o pai de Pedro Barros, Rafael e Léo Kakinho arregaçaram as mangas. Vindos de diferentes pontos do Brasil, escolheram para morar o então tranquilo e pouco habitado Rio Tavares, bairro que se tornaria o grande polo do skate na cidade. A decisão foi estratégica. O local fica muito perto da famosa Praia da Joaquina, dona das maiores ondas de Florianópolis. Eles compraram terrenos grandes a preços baixos e construíram pequenos "bowls", como é chamada a pista do park. 

O bowl parece uma piscina vazia e agrada aos fãs do surfe porque o deslize do skatista por suas paredes lembra o movimento dos surfistas nas ondas no mar. "Vim pra Floripa em busca da Califórnia brasileira. Já era simpatizante do surfe. Também queria estudar. A ideia era surfar de manhã e andar de skate à tarde. E acabamos criando a Califórnia aqui. Veio muita gente de fora”, conta ao Estadão o pioneiro Léo Kakinho, horas antes de ver Pedro faturar a prata no Japão.

O carioca radicado na cidade de Guaratinguetá (SP) brilhou nos bowls do clube Itaguará, famoso na história do skate brasileiro. Lá foi campeão brasileiro amador em 1985. Diante das dificuldades econômicas da época, Kakinho aceitou o convite do amigo Rafael para levar a cultura do skate até Florianópolis.

O projeto foi consolidado com a fundação da Hi Adventure, misto de pousada, local de treinos e clube de amigos, com duas elogiadas pistas. Bandarra foi o fundador, Kakinho contribuiu com o conhecimento da modalidade. Até desenhou as pistas onde Pedro Barros, Yndiara Asp e Isadora Pacheco, todos nascidos em Florianópolis e representantes do Brasil em Tóquio, fizeram algumas de suas primeiras manobras - Yndiara, assim como Pedro, foi finalista na Olimpíada.

"Eles surgiram neste bowl, na pousada. A Isa e a Ynd nasceram ali mesmo. Vi eles crescendo. Não dei aula para eles porque no skate não havia essa ideia de escolinha. Fazíamos ‘sessions’ juntos. Eu dava uns toques neles, algumas dicas. Ajudávamos como podíamos. Todo mundo era meio que um professor. Muitas manobras eu acabei ensinando para eles. Até hoje damos dicas sobre um posicionamento do pé, um encaixe do corpo na manobra...”, afirma o pioneiro do skate de Florianópolis.

Kakinho lembra muito bem como foi o início de Pedro, que viria a conquistar seis títulos mundiais. "Numa noite eu acabei deixando o meu skate na casa do André. Como iríamos surfar no dia seguinte, não ia precisar dele. Quando fui buscar, no dia seguinte, a mãe do Pedro disse que ele passou a noite inteira grudado no skate. Tinha dois anos na época. Só pelo olhar dele, eu disse que viraria skatista", recorda.

A partir daí, Pedro passou a fazer sucesso na pista da Hi Adventure e atrair novos adeptos ao bairro do Rio Tavares. "O local virou referência nacional. Muitas famílias trazem seus filhos para se hospedar aqui e andar na pista. Antes era apenas um lugar para andar de skate. Agora todos os horários da escolinha estão preenchidos. Virou o maior polo de park do Brasil. E, por causa da Olimpíada, já aumentou o movimento. Foi um impulso muito grande."

 

Pedro Barros na Megarampa de skate no Sambódromo do Anhembi, em 2009, quando tinha 14 anos
Pedro Barros na Megarampa de skate no Sambódromo do Anhembi, em 2009, quando tinha 14 anos Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Antes mesmo da medalha de prata de Pedro em Tóquio, o Rio Tavares já vinha concentrando as atenções do skate nacional. No bairro acanhado, que conta basicamente com cinco ruas, é mais comum ver pistas de park nos quintais das casas do que piscinas ou churrasqueiras. São 20 bowls no local, na estimativa de Kakinho, que desenhou 15 deles. São todos particulares. Na cidade toda, ele estima em 50. Sem contar a pistas de street - a maior da cidade já vai passar por reforma.

Um dos motivos do sucesso do park em Florianópolis, na avaliação do especialista, é a facilidade de manutenção. "Antes a moda era o 'half pipe' (pistas em formato de U), quase sempre de madeira. O bowl é de cimento, não estraga com a chuva. Então chegou uma hora que todo mundo tinha um 'bowlzinho' em casa.”

Os efeitos do crescimento do skate no local são até econômicos. "Crescemos todos com o Pedro: nós, o bairro, a cidade. Economicamente, dá oportunidade para todo mundo. Para o pessoal que constrói pistas, dá emprego nas lojas, na venda de produtos ligados ao skate", enumera Kakinho, que mora ao lado da já famosa pousada.

Se depender dele, os skatistas brasileiros de elite não precisaram mais ir morar na Califórnia original. "Hoje em dia isso mudou um pouco. Floripa virou um lugar bom para treinar no park e também para morar. Hoje não tem a necessidade de se mudar para os EUA."

 

 

Fotos do dia 5 de agosto na Olimpíada de Tóquio 2020

 


Estadão quarta, 04 de agosto de 2021

OLIMPÍADA: REBECA ANDRADE SERÁ PORTA-BANDEIRA DO BRASIL NA CERIMÔNIA DE ENCERRAMENTO

 

Rebeca Andrade será porta-bandeira do Brasil na cerimônia de encerramento da Olimpíada de Tóquio

Ginasta brasileira conquistou medalha de ouro no salto e a prata no individual geral

Redação, Estadão Conteúdo

04 de agosto de 2021 | 07h47

 

Rebeca Andrade será a porta-bandeira do Brasil na Cerimônia de Encerramento dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Com isso, a ginasta permanece na capital japonesa até o fim do evento, não retornando ao País com o restante da equipe da ginástica artística, nesta quarta-feira. Seu treinador, Francisco Porath, também continua no Japão.

 
 
 

 

Rebeca Andrade
Rebeca Andrade será a porta-bandeira do Brasil no encerramento dos Jogos Foto: Miriam Jeske/ COB

O feito de Rebeca em Tóquio impressionou ainda mais pelo fato de a atleta ter sido submetida a três cirurgias no joelho, o que não a impediu de permanecer competindo em alto nível.

Rebeca, de 22 anos, encantou o Brasil ao conquistar o ouro no salto e a prata no individual geral nos Jogos Olímpicos de Tóquio. A carismática ginasta também disputou a prova de solo ao som de "Baile de Favela", mas terminou na quinta colocação.


Estadão terça, 03 de agosto de 2021

OLIMPÍADA: ALISON DOS SANTOS É BRONZE NOS 400 M COM BARREIRAS

 

Fã de tubaína e 'malvadão', Alison dos Santos vai cumprir promessa com churrasco e truco

Bronze em Tóquio, paulista de São Joaquim da Barra entra para a história do atletismo brasileiro ao faturar a primeira medalha do País nos 400m com barreiras

 

Em uma Olimpíada marcada pela preocupação com a saúde mental dos atletasAlison dos Santos não se abalou diante da pressão de competir pela primeira vez na grande competição, em Tóquio. Com seu conhecido jeito descontraído e muito sincero, o brasileiro de apenas 21 anos chegou à medalha de bronze nos 400 metros com barreira com dancinhas, um pouco de funk e aproveitando cada oportunidade, ou melhor, "xavecando o momento", como gosta de dizer.

 

Em Tóquio, ele "xavecou" o momento desde as eliminatórias. As câmeras o flagraram dançando e cantando, com fones de ouvido, durante o aquecimento, cena que se tornaria corriqueira no Estádio Olímpico. Alison, ou Piu, como é mais conhecido entre os amigos, ouvia o funk

"Chama o teu vulgo malvadão", da MC Jhenny.

 
 
 

 

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Alison dos Santos conquistou o bronze nos 400m com barreira Foto: Gaspar Nóbrega/COB

"É muito bom levar a prova assim, mais leve. Quanto mais leve, mais rápido você corre", ensinou o brasileiro, dias antes de conquistar o bronze, com mais um recorde sul-americano (46s72) na disputa mais difícil e forte da história da prova. Teve até recorde mundial do norueguês Karsten Warholm: 45s94.

"Eu não sei o que aconteceu. Se aconteceu, eu não sei o que que foi. Só sei que isso aqui é atletismo. Acabou a prova, olhei para o telão, vi o tempo de 45s, pensei que estava na prova errada. Não é possível que isso aqui seja 400m com barreira", brincou o corredor, em entrevista ao canal SporTV, sem muito sorridente.

A dancinha, ao fim da prova, não teve. Ele prometeu exibir nova performance em suas redes sociais. No Twitter, Piu se apresenta como "Malvadão" e tenta atrair novos seguidores ao seu "bonde". "Vem comigooooo que o bonde do malvadão estão no pódio olímpico." Um dos que aderiram foi o atacante Richarlison, da seleção de futebol em Tóquio. "É o bonde do Malvadão!!!! Parabéns Alison", respondeu o jogador do Everton e artilheiro do time na Olimpíada.

Horas antes de disputar a final, o novo medalhista brasileiro pediu apoio aos seguidores. "Estaremos na pista para mais uma oportunidade, para mais um show. Xavecar o momento é o lema", lembrou, ao citar uma de suas frases favoritas.

Depois da conquista, Alison não escondia a alegria e a empolgação. Alcançada a missão de conquistar uma medalha olímpica, ele admitiu ansiedade por outra tarefa a cumprir. "Estou louco para voltar para São Joaquim da Barra (SP), jogar um truco, gritar um '6' na orelha do Gerson (seu pai)."

O truco, um dos seus hobbies preferidos, virá acompanhado, se possível, de um churrasco e muita, muita Tubaína. Fã do refrigerante produzido com guaraná, Piu fez uma promessa de só voltar a ingerir a bebida após competir em Tóquio. A negociação foi feita no início de 2020, antes do adiamento dos Jogos de Tóquio por causa da pandemia. Ou seja, o corredor ficou muito mais tempo do que imaginava sem poder beber o refrigerante favorito.

O sacrifício valeu a pena. Piu se tornou o primeiro a conquistar uma medalha em uma prova individual de pista no atletismo brasileiro em 33 anos. Os últimos haviam sido Joaquim Cruz, prata nos 800m, e Robson Caetanobronze nos 200m, ambos no Jogos de Seul, em 1988.

No pódio, o Malvadão promete nova dancinha. Mas corre para não perder o "bonde". Sem saber que a cerimônia estava marcada para esta terça, foi pego de surpresa na zona mista. E não perdeu o rebolado e nem a chance de mostrar mais uma vez o seu lado brincalhão. "Caramba, tem que tomar banho, hein. Preciso ir lá tomar banho e trocar de roupa."


Estadão segunda, 02 de agosto de 2021

OLIMPÍADA: ALISSON DOS SANTOS É FINALISTA NOS 400 M COM BARREIRAS. CONHEÇA SUA HISTÓRIA

 

Conheça a história de Alison, vítima de acidente caseiro aos 10 meses, e na luta por pódio em Tóquio

Paulista é finalista nos 400 m com barreiras nos Jogos Olímpicos; prova está marcada para 0h20 desta terça-feira no horário de Brasília

Raphael Ramos, enviado especial/TÓQUIO, O Estado de S.Paulo

02 de agosto de 2021 | 05h00

 

Alison dos Santos chega forte na final dos 400m com barreiras na madrugada desta terça-feira, à 0h20 (horário de Brasília). Primeiro brasileiro a correr a prova abaixo de 48 segundos, ele quebrou pela quinta vez somente nesta temporada o recorde sul-americano na semifinal dos Jogos de Tóquio com o tempo de 47s31, confirmando a sua evolução meteórica.

 

Além dos números expressivos em uma prova que o Brasil não tem tradição, o que se destaca nesse jovem de 21 anos nascido em São Joaquim da Barra (SP) é a sua história de vida. Quando tinha apenas dez meses de idade, ele sofreu um acidente doméstico grave. Bateu em uma frigideira cheia de óleo fervendo, que virou sobre si, provocando queimaduras de terceiro grau na cabeça, ombros, peito e braços.

 
 

 

Alison dos Santos, atleta brasileiro
Alison dos Santos briga por pódio inédito para o Brasil nos Jogos de Tóquio. Foto: Wander Roberto/COB

Alison ficou internado durante meses e carrega as cicatrizes até hoje. Na cabeça, por exemplo, tem uma falha no cabelo. Quando ele não está competindo, quase sempre usa um boné para proteger a pele mais sensível do sol. Com exceção das marcas na pele, o acidente doméstico não deixou sequelas em Alison. Prova disso é que ele disputará a final olímpica dos 400m com barreiras com grandes chances de conseguir um lugar no pódio olímpico.

O seu corpanzil, inclusive, é um diferencial em relação à maioria dos demais atletas. Ele tem 1,98 m de altura, sendo 1,12 m só de pernas, que facilitam na hora de dar passadas largas e transpor os obstáculos.

Quando criança, Alison se arriscou no judô. Foi nesse período que ganhou o apelido de Piu, mas logo trocou o tatame pelo atletismo.

Não é de hoje que a sua condição atlética lhe proporciona bons resultados nas pistas. Com apenas 16 anos, ele já competia entre adultos. Em 2019, aos 18 anos, venceu os 400 m com barreiras com o tempo de 48s84 e quebrou o recorde sul-americano sub-20.

Nos Jogos Pan-Americanos de Lima naquele ano, melhorou ainda mais a sua marca, com 48s45. Aí, ano a ano, prova a prova, vem correndo cada vez mais rápido e melhorando o seu desempenho até chegar aos 47s31 do último domingo que o colocaram com o segundo melhor tempo na classificação geral das semifinais dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Seus maiores adversários na final são o norte-americano Raj Benjamin e o norueguês Karsten Warholm, atual recordista mundial (46s70) após derrubar em junho deste ano uma marca que já durava 29 anos. “O Warholm e o Benjamin são favoritos ao ouro, mas são oito classificados para a final e qualquer um pode levar a medalha”, disse Alison. “O Brasil pode esperar que essa será uma das provas mais fortes e mais bonitas, não porque eu estou nela, mas porque a prova está muito forte.” A expectativa é até de possibilidade de novo recorde mundial na briga por um lugar no pódio.

Controlar a ansiedade e o nervosismo antes da sua primeira final olímpica é, neste momento, o principal desafio de Alison. “Os Jogos Olímpicos são a maior competição para nós, mas tentamos levar na maior leveza possível para não deixar o nervosismo ficar à flor da pele e atrapalhar um grande resultado. Tenho de manter a calma, porque treinamos muito, nos preparamos para isso. Nesse momento dos Jogos, tento me manter o mais tranquilo possível e descansar o máximo”, conta Alison.

O Brasil nunca conquistou uma medalha nos 400m com barreira nos Jogos Olímpicos. Piu pode mudar a história na madrugada desta terça-feira.


Estadão domingo, 01 de agosto de 2021

OLIMPÍADA: REBECA ANDRADE LEVA MEDALHA DE OURO NO SAL E FAZ HISTÓRIA

 

Rebeca Andrade leva medalha de ouro no salto e faz história nos Jogos de Tóquio

Atleta da ginástica artística dá show no aparelho, obtém segundo pódio na Olimpíada e bate recorde no Brasil

Paulo Favero, enviado especial, O Estado de S.Paulo

01 de agosto de 2021 | 06h30

Rebeca Andrade continua fazendo história nos Jogos de Tóquio. Neste domingo, ela se tornou a primeira mulher do Brasil a conquistar dois pódios na mesma edição da Olimpíada. A atleta da ginástica artística ganhou a medalha de ouro no salto nos Jogos. Antes, já havia conquistado a prata no individual geral. 

A façanha dela veio com dois ótimos saltos, um de 15.166 e outro de 15.000, alcançando a média de 15.083. Sua principal adversária, Jade Carey, dos Estados Unidos, foi mal na primeira apresentação e ficou fora do pódio. O pódio foi completado por Mykayla Skinner, dos Estados Unidos, que ficou com a prata com 14.916 de média, e a sul-coreana Seojeong Yeo, que ganhou o bronze ao fazer 14.733.

 
Rebeca Andrade é campeã olímpica
Rebeca Andrade é campeã olímpica no salto. Foto: Ricardo Bufolin/CBG

"Eu estou muito feliz. Trabalhei bastante para ter bons resultados depois de tantos momentos difíceis. Está sendo incrível, estou tendo muito apoio, e essa medalha representa tudo para mim, do meu esforço, das minhas colegas que estão sempre comigo e do meu treinador", disse a campeão brasileira.

Esta é a sexta medalha da ginástica artística brasileira na história olímpica, a segunda de Rebeca nesta edição. As outras quatro foram de homens: Arthur Zanetti nas argolas (ouro em Londres-2012 e prata na Rio-2016), e a dobradinha no solo dos Jogos do Rio com Diego Hypólito (prata) e Arthur Nory (bronze).

Aos 22 anos, Rebeca vai se firmando como a maior ginasta do País na atualidade e tem chance ainda de conquistar mais uma medalha no Japão. Ela disputa nesta segunda-feira, às 5h57, as finais do solo, quando vai apresentar seu "Baile de Favela", que já teve ótima aceitação na fase classificatória e também na final do individual geral.

Animada, feliz, sorridente, Rebeca puxou para o pódio todas as meninas da ginástica do Brasil, não somente aquelas que estão em Tóquio, mas também as outras, como Daiane dos Santos, que já estiveram numa Olímpiada, Mundiais e torneios nacionais. "A medalha do individual geral representa toda a geração de ginastas que já passou ou ainda está na modalidade. Essa medalha do salto eu dedico ao meu treinador porque era um aparelho que eu sempre fui bem. Ele é uma pessoa que só quer me ver brilhar e eu vou sempre tentar dar orgulho para ele."

O sucesso poderia até ter chegado um pouco antes não fosse as lesões na carreira da atleta. Só para se ter uma ideia, ela já foi submetida a três cirurgias para reparar o ligamento cruzado anterior no joelho direito. "Eu cheguei a pensar em desistir, mas as pessoas sempre me incentivaram a continuar", disse.

 

O salto que garantiu o ouro para Rebeca Andrade
O salto que garantiu o ouro para Rebeca Andrade Foto: Lionel Bonaventure / AFP

A história da ginasta de Guarulhos é de superação. A primeira delas é por se manter no esporte mesmo diante de todas as dificuldades na vida, como falta de dinheiro até para se locomover ao ginásio onde treinava. De família humilde, foi uma lutadora desde o começo, quando iniciou aos 4 anos na modalidade.

Com força, talento e explosão, Rebeca tem chamado atenção dos especialistas da modalidade. Ela recebeu elogios de Nadia Comaneci após ser prata no individual geral. Com a ausência de Simone Biles, que tem evitado competir para cuidar de sua saúde mental, Rebeca está nos holofotes da modalidade e já acumula dois pódios em Tóquio.

Outros resultados na ginástica artística

Ainda neste domingo, na disputa do solo masculino, Artem Dolgopyat, de Israel, ficou com a medalha de ouro em uma disputa emocionante com o espanhol Rayderley Zapata. Ambos tiraram 14.933, mas o israelense levou a melhor no desempate. O bronze ficou com Ruoteng Xiao, da China.


Estadão sábado, 31 de julho de 2021

OLIMPIADA: SELEÇÃO MASCULINA DE FUTEBOL ELIMINA O EGITO E VAI À SEMIFINAL

 

Brasil elimina o Egito, vai à semifinal e entra na briga por medalha em Tóquio

Matheus Cunha marca o gol da vitória por 1 a 0 que garante o País na fase seguinte do futebol masculino

Redação, O Estado de S.Paulo

31 de julho de 2021 | 09h04

 

Mesmo com um futebol sem brilho, a seleção brasileira masculina de futebol derrotou o Egito, por 1 a 0, neste sábado, em Saitama, e se classificou para a oitava semifinal olímpica. Na terça-feira, o Brasil, ouro na Rio-2016, vai tentar uma vaga na final dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em Kashima, diante de México ou Coreia do Sul. Espanha e Japão se enfrentam na outra semifinal.  

 

 

Matheus Cunha comemora o gol da vitória do Brasil sobre o Egito
Matheus Cunha comemora o gol da vitória do Brasil sobre o Egito Foto: Martin Mejia / AP

Com isso, a primeira boa oportunidade foi do Egito, aos 13 minutos, quando após levantamento na área, a bola sobrou para Akram Tawfik, que cabeceou com perigo. Mais uma vez a zaga brasileira apresentou falhas no posicionamento.    

O Brasil continuou com problemas na armação das jogadas. Só aos 28, o time de Andre Jardine mostrou entrosamento. Claudinho, Matheus Cunha e finalização de Richarlison, que explodiu no peito do goleiro El Shenawy. Mais cinco minutos e nova boa participação de Richarlison, que rolou para Claudinho acertar a zaga e Douglas Luiz mandar para fora.

Com o Egito omisso no ataque, o Brasil finalmente abriu o placar, aos 36 minutos. Em rápida jogada, após falha na marcação egípcia, Claudinho tocou para Richarlison, que só rolou para a finalização perfeita de Matheus Cunha: 1 a 0. 

No segundo tempo, o Brasil com um minuto quase ampliou com Matheus Cunha, que parou na boa saída da meta de El Shenawy. Aos oito, o atacante, com um problema muscular, teve de ser substituído por Paulinho. O time sentiu e diminuiu o ritmo. Jardine percebeu e colocou Reinier e Malcom em campo.

As alterações deram maior ânimo ao time. Aos 21, Paulinho recebeu de Daniel Alves, mas finalizou em cima de El Shenawy. Ao perceber que o limitado Egito cansou na etapa final, o Brasil passou a tocar mais a bola, teve mais espaço para criar, mas não teve talento para se impor e obter uma vitória mais convincente. 

FICHA TÉCNICA

BRASIL 1 X 0 EGITO

BRASIL - Santos; Daniel Alves, Nino, Diego Carlos e Guilherme Arana; Douglas Luiz, Bruno Guimarães e Claudinho (Reinier); Antony (Malcom), Matheus Cunha (Paulinho), Richarlison (Gabriel Menino). Técnico: André Jardine. 

EGITO - El Shenawy; El Eraki (Ashour), Osama Galal, Hegazy, El Wench e Fotouh; Akram Tawfik, Taher Mohamed (Maher) e Ramadan Sobhi; Mohsen e Rayan (Mohsen). Técnico: Shawky Gharib.

GOLS - Matheus Cunha, aos 36 minutos do primeiro tempo.  

ÁRBITRO - Chris Beath (AUS).

CARTÕES AMARELOS - Antony, Akram Tawfik. 

LOCAL - Saitama.


Estadão sexta, 30 de julho de 2021

OLIMPÍADA: SELEÇÃO FEMININA DE FUTEBOL PERDE NOS PÊNALTIS PARA O CANADÁ E DÁ ADEUS AO OUROOLÍMPICO

 

Seleção feminina perde do Canadá nos pênaltis e dá adeus ao sonho do ouro olímpico em Tóquio

Equipe brasileira para na goleira canadense após empatar sem gols no tempo normal

 

Andre penner/AP

Ricardo Magatti, O Estado de S.Paulo

30 de julho de 2021 | 08h12

 

Em um jogo de pouca inspiração e com erros de sobra em Miyagi, a seleção brasileira feminina de futebol perdeu para o Canadá nos pênaltis após empate sem gols no tempo normal e deu adeus nesta sexta-feira ao sonho do ouro olímpico ao parar nas quartas de final da Olimpíada de Tóquio. As brasileiras tentaram de várias maneiras, mas não encontraram um jeito de superar a retranca das canadenses, que foram mais eficientes nas penalidades. Bárbara até pegou a cobrança de Sinclair, a craque das canadenses, mas Andressa Alves e Rafaelle pararam na goleira Labbé

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Em busca de sua terceira medalha em olimpíadas - levou o bronze em Londres-2012 e no Rio-2016, o Canadá vai encarar nas semifinais o vencedor de Holanda e Estados Unidos, que se enfrentam ainda nesta sexta, em Yokohama. O Brasil, dono de duas pratas em Atenas-2004 e Pequim-2008, repetiu a campanha de Londres ao ser eliminado antes das semifinais. 

 

 

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Seleção feminina é superada pelo Canadá nos pênaltis e está eliminada da Olimpíada Foto: Abdallah Dalss/Reuters

O jogo marcou um duelo particular entre Marta e Christine Sinclair. As duas são concorrentes diretas na briga pela artilharia geral do futebol feminino olímpico. O recorde pertence à brasileira Cristiane, com 14 gols. Como nenhuma das duas balançou as redes, Marta continua com 13, e Sinclair com 12.

Brasil e Canadá dividiram os poucos momentos de protagonismo na primeira etapa. Faltou criatividade na armação das jogadas e efetividade na conclusão delas. As brasileiras tiveram um início melhor e levaram perigo ao gol adversário pela primeira vez com Tamires, em arremate de esquerda que saiu por cima da meta.

As canadenses subiram a marcação e passaram a incomodar. Na melhor chance, Sinclair, a craque da equipe, não dominou bem e a bola ficou com a goleira Bárbara. Mas a principal oportunidade do primeiro tempo foi do Brasil, com Debinha. A atacante pressionou a zagueira Gilles até roubar a bola, mas chutou em cima da goleira Labbé.

Houve também uma marcação de pênalti para a equipe brasileira em lance envolvendo Duda na área, mas a árbitra francesa Stephanie Frappart reviu o lance no monitor do VAR e mudou de ideia, cancelando a penalidade.

No segundo tempo, o roteiro foi semelhante ao do primeiro: muitos erros de passe, ausência de criatividade e falha na poucas finalizações. O Brasil dominou os primeiros minutos, mas foi o Canadá quem ficou mais perto de tirar o zero do placar e a pasmaceira do duelo. Após a falta cobrada da esquerda, Gilles subiu mais que Bruna Benites e cabeceou no travessão, para o alívio da goleira Bárbara.

A equipe da técnica Pia Sundhage apresentou uma leve melhora a partir da entrada de Ludmila na vaga da sumida Bia Zaneratto. A veloz e habilidosa atacante flutuou nas duas pontas para encontrar espaços, deu trabalho para a zaga rival, mas jogou por vezes sozinha pelos lados, sem a aproximação de suas companheiras.

O Brasil retomou o domínio da partida nos minutos finais e se lançou ao ataque. Mas era um domínio quase inócuo. Sem encontrar brechas na zaga rival, a solução foi arriscar de fora da área. Debinha tentou e Labbé espalmou no canto esquerdo. Já Angelina concluiu da intermediária para fora, sem perigo. Nos acréscimos, a incansável Ludmila recebeu lançamento da Érika nas costas da defesa e dividiu com a goleira, que pegou a bola em dois tempos. Sem inspiração e gols, o jogo se encaminhou à prorrogação.

A seleção brasileira procurou mais o gol também no tempo extra e Pia, enfim, lançou mão de Andressa Alves. Mas com Debinha mal, Ludmila isolada no ataque e Marta extenuada, a equipe não foi capaz de furar o bloqueio defensivo canadense. Nos minutos finais, a pressão foi intensificada. Duda viu sua finalização sair próxima da trave e Labbé evitou o gol de Érika em cabeceio no canto no penúltimo minuto. Nos pênaltis, brilhou a estrela da goleira Labbé, que defendeu as cobranças de Andressa Alves e Rafaelle.

FICHA TÉCNICA

CANADÁ 0 (4) x 0 (3) BRASIL

CANADÁ - Labbe; Lawrence, Buchanan, Gilles e Chapman (Riviere); Scott, Fleming, Quinn (Grosso) e Sinclair; Prince (Rose [Huitema]) e Beckie (Leon). Técnica: Bev Priestman.

BRASIL - Barbara; Bruna Benites, Erika, Rafaelle e Tamires; Formiga (Angelina), Andressinha, Marta e Duda (Andressa Alves); Debinha e Bia Zaneratto (Ludmila). Técnica: Pia Sundhage.

ÁRBITRA - Stephanie Frappart (França)

CARTÕES AMARELOS - Duda, Lawrence, Riviere

LOCAL - Estádio de Miyagi, no Japão.


Estadão quinta, 29 de julho de 2021

OLIMPIADA: REBECA ANDRADE CONQUISTA A PRATA NA GINÁSTICA ARTÍSTICAS

 

Rebeca Andrade conquista a prata na ginástica artística nos Jogos de Tóquio

Brasileira é vice-campeã olímpica no individual geral em disputa que não teve a presença da americana Simone Biles

Paulo Favero, enviado especial a Tóquio, O Estado de S.Paulo

29 de julho de 2021 | 10h01

 

O sorriso de Rebeca Andrade logo após o primeiro salto que abriu sua participação na final do individual geral da ginástica artística já dizia como seria aquela disputa. Ela começou brilhando e terminou como vice-campeã olímpica nos Jogos de Tóquio na maior façanha de uma ginasta brasileira na história.

 
 
 
É DO BRASIL!
Rebeca Andrade com a medalha de prata no peito. Foto: Ricardo Bufolin/CBG

A brasileira, que nos Jogos do Rio tinha ficado na 11ª posição no individual geral, totalizou 57.298 pontos na soma dos quatro aparelhos, ficando na segunda posição. A medalha de ouro ficou com Sunisa Lee, dos Estados Unidos, e o bronze com Angelina Melnikova, do Comitê Olímpico Russo (ROC). Rebeca ainda vai atrás de mais dois pódios no Japão porque está nas finais de salto e do solo. E o ouro só não veio por causa de dois erros no solo, sua especialidade.

O resultado coroa uma atleta que sempre foi muito talentosa, mas teve problemas de lesão que a tiraram de eventos importantes. Mas agora, bem fisicamente, mostrou ao mundo suas qualidades e ganhou aplausos ao se apresentar no salto, barras assimétricas, trave e no solo ao som instrumental de "Baile de Favela".

Devido à pandemia de covid-19, veio o adiamento para os Jogos de Tóquio e isso para ela foi bom, porque ela pôde se recuperar ainda mais da lesão e ganhar ritmo de competição. Acabou se classificando para a Olimpíada no Campeonato Pan-Americano, realizado no Rio, mostrando séries boas nos aparelhos.

 

Pódio do individual geral feminino da ginástica
Americana Sunisa Lee levou o ouro, enquanto Rebeca Andrade ficou com a prata e a russa Angelina Melnikova com o bronze. Foto: Ricardo Bufolin/CBG

FAMÍLIA HUMILDE

Rebeca começou na ginástica artística em Guarulhos. Sua tia estava trabalhando no Ginásio Bonifácio Cardoso e descobriu que haveria um teste. A mãe da garota permitiu que ela fizesse o teste e foi aprovada logo quando tinha 4 anos. Por ser forte e veloz, logo mostrou que tinha aptidão para aquilo.

Ela treinou por cinco anos lá, entre 2005 e 2010. Mas passou por muitas dificuldades. De família humilde, muitas vezes não tinha como ir até o local para treinar. A mãe trabalhava como empregada doméstica para cuidar dos oito filhos. Mas desde o início ela recebeu bastante ajuda, tanto dos treinadores quanto dos familiares.

 


Estadão quarta, 28 de julho de 2021

OLIMPIADA: SELEÇÃO MASCULINA DE FUTEBOL GRANHA DA ARÁBIA SAUDITA, COM DOIS GOLS DE RICHARLISON E UM DE MATHEUS CUNHA

 

Brasil ganha da Arábia Saudita com dois gols de Richarlison e avança em 1º lugar do Grupo D

Atacante foi o destaque da vitória da equipe de André Jardine no Estádio de Saitama. Seleção encerra participação na primeira fase invicta

Ricardo Magatti, O Estado de S.Paulo

28 de julho de 2021 | 07h13

 

Brasil encontrou mais dificuldades do que o esperado, mas confirmou o favoritismo diante da Arábia Saudita, venceu por 3 a 1 e confirmou sua vaga no mata-mata dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Em Saitama, a seleção brasileira deslanchou no segundo tempo e chegou ao triunfo com gols de Matheus Cunha e outros dois de Richarlison, o nome do jogo e o novo artilheiro da competição.  

Com isso, o Brasil avançou às quartas na liderança do Grupo D, com sete pontos, fruto de duas vitórias e um empate. Os árabes, que balançaram as redes com Al Amri, e mostraram coragem e organização, se despediram da Olimpíada sem pontuar e na lanterna da chave. O outro classificado do grupo foi a Costa do Marfim, que segurou um empate com a Alemanha e eliminou o time europeu, atual vice-campeão olímpico.

 

 Seleção masculina de futebol vence e se classifica

Seleção masculina de futebol se classificou após vitória sobre a Arábia Saudita Foto: Molly Darlington/Reuters

 

Garantida nas quartas, a seleção atual campeã olímpica ainda não tem adversário definido. Certo é que será o segundo colocado do Grupo C, que pode ser Espanha, Austrália, Argentina ou Egito. O rival será conhecido ainda na manha desta quarta e o duelo decisivo está marcado para o próximo sábado, às 7 horas (de Brasília), em Saitama. 

O Brasil fez bons 20 primeiros minutos, apertou a saída de bola do adversário e chegou ao seu gol por meio da bola aérea aos 13 minutos. Claudinho bateu escanteio da esquerda e Matheus Cunha apareceu na primeira trave para desviar de cabeça e abrir o placar. Foi seu primeiro gol em Tóquio após oito finalizações. Destaque na jogada para a bola roubada de Antony antes de o time ter dois escanteios e, em um deles, originar-se o gol.

Embora não tenham feito uma grande apresentação, os brasileiros chegarão invictos e com moral para o mata-mata olímpico. Nesta quarta, engrenaram na etapa final à medida que encontraram os espaços na defesa dos árabes.

Pouco produtivo, Antony teve a chance de ampliar o resultado ao receber cruzamento perfeito de Arana, mas mandou de cabeça no travessão. No rebote, Claudinho arrematou em cima da marcação.

Ocorre que o Brasil enfrentou um adversário que, mesmo sem chance de classificação, entrou em campo disposto a surpreender. Os árabes, ao contrário da Costa do Marfim no último jogo, não se intimidaram diante dos brasileiros, subiram a marcação e se arriscaram no ataque.

A seleção brasileira encontrou o gol pelo alto e foi dessa mesma maneira que levou o empate. Aos 26, Diego Carlos saltou, mas não alcançou a bola, e ela sobrou para Al Amri. O zagueiro desviou de cabeça no cantinho, sem chance de defesa para o goleiro Santos. 

Arana e Claudinho, dois dos que mais tomaram a iniciativa no primeiro tempo, tiveram uma oportunidade cada para recolocar o Brasil em vantagem, mas o meia cabeceou mal e o lateral soltou uma bomba que fez a curva ao contrário e saiu muito perto da trave esquerda. No fim, Antony ainda perdeu um gol incrível. O jovem atacante do Ajax recebeu passe de Matheus Cunha e, dentro pequena área, desviou devagar para a meta. Mas o goleiro Al Bukhari se jogou nos pés dele para fazer a defesa.

O Brasil melhorou seu desempenho com a entrada de Malcom no intervalo. Jardine colocou o atacante no lugar de Antony, que até conseguiu bons dribles, mas falhou na objetividade e enfeitou demais as jogadas.

Saiu dos pés de Matheus Cunha a melhor oportunidade de gol no segundo tempo. Matheus Henrique concluiu para a defesa do goleiro e, no rebote, com o gol escancarado, Matheus Cunha, bateu de primeira e mandou na trave. 

Até que Richarlison apareceu para recolocar o Brasil à frente. A zaga afastou após cobrança de escanteio e a bola sobrou para Bruno Guimarães, que rebateu de cabeça em direção ao camisa 10. O "pombo" desviou de cabeça para as redes.

Jardine oxigenou a equipe ao lançar mão de Reinier, Menino e Gabriel Martinelli no fim da partida. Reinier teve a chance para ampliar após tabelar com Malcom na área, mas parou no goleiro Al Bukhari. Nos acréscimos, Richarlison balançou as redes novamente. Mas Malcom estava impedido na origem do lance e o gol do atacante do Everton não foi validado. 

Não fez falta porque Richarlison marcou mais um aos 47 e desta vez valeu. Ele apareceu na pequena área para completar cruzamento rasteiro de Reinier, sacramentar o triunfo em Saitama e assumir a artilharia do torneio olímpico, com cinco gols, ultrapassando o experiente goleador francês Gignac.

FICHA TÉCNICA

ARÁBIA SAUDITA 1 X 3 BRASIL

ARÁBIA SAUDITA - Al Bukhari; Al Dawsari Khalifah, Amri e Hindi; Abdulhamid, Al Faraj (Al Omran), Al Hassan, Al Dawsari Salem, Al Naji (Ghareeb) e Al Shahrani; Al Hamddan (Al Brikan). Técnico: Saad Ali Al Shehri.

BRASIL - Santos; Daniel Alves, Nino, Diego Carlos e Guilherme Arana (Abner Vinícius); Bruno Guimarães (Gabriel Menino), Matheus Henrique e Claudinho (Reinier); Antony (Malcom), Richarlison e Matheus Cunha (Gabriel Martinelli). Técnico: André Jardine.

GOLS - Matheus Cunha, aos 13, e Al Amri, aos 26 minutos do primeiro tempo. Richarlison, aos 30, e aos 47 minutos do segundo tempo.

ÁRBITRO - Bamlak Tessema (Etiópia).

CARTÕES AMARELOS - Guilherme Arana, Al Shahranik, Mukhtar, Khalifah Al Dawsari, Daniel Alves e Gabriel Martinelli

LOCAL - Estádio de Saitama.

 


Estadão terça, 27 de julho de 2021

OLIMPIADA: SURFE - ITALO FERREIRA CONQUISTA O OURO

 

Campeão olímpico em Tóquio, Italo Ferreira nunca deixou de lado a prancha de isopor

Sem esquecer suas origens, surfista potiguar de Baía Formosa escreve nome na história do esporte olímpico com ouro nos Jogos Olímpicos

Paulo Favero, enviado especial/Tóquio, O Estado de S.Paulo

27 de julho de 2021 | 09h00

 

Italo Ferreira tinha acabado de sair do mar como o primeiro campeão olímpico de surfe. As expectativas eram altas em relação a ele e a Gabriel Medina, dois dos melhores atletas da atualidade. Então o surfista passou diante dos jornalistas aqui na praia de Tsurigasaki, respondeu duas perguntas e foi apressado para ir à cerimônia de pódio. "Eu volto", disse. E depois voltou, com a medalha no peito, e brincou com os repórteres. "Não falei que viria aqui novamente?" 

Carismático, ele trata todos da mesma forma. Isso ele aprendeu no berço, lá em Baía Formosa, uma praia de ondas divertidas que apareceu no mapa por causa do talento desse menino. Ele sempre frisa que não "esquece suas origens" e faz questão de ter seus amigos de infância em

volta. Até ampliou sua casa no Rio Grande do Norte para caber todo mundo que o visita.

  
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De Baía Formosa para o mundo: Italo Ferreira se tornou o primeiro campeão olímpico de surfe Foto: Jonne Rorirz/COB

Aliás, esse foi o segredo do surfista na preparação para os Jogos de Tóquio. Depois de uma sequência de etapas do Circuito Mundial na Austrália, ele emendou uma disputa na Califórnia, no Surf Ranch, mas então fez questão de voltar ao Nordeste brasileiro. Lá, junto aos seus, treinou na academia que ele mesmo construiu e se preparou fisicamente, mas também emocionalmente para a Olimpíada.

Italo tinha certeza de que a disputa na estreia do surfe no programa olímpico seria mental. E foi assim que ele foi passando um a um seus adversários. Se a perna esquerda doía por causa de uma lesão muscular, ele não deixava se abater e se esforçava mais. Se outro atleta do Time Brasil competia, ele torcia pela televisão. Chegou a quase quebrar uma mesa quando a skatista Rayssa Leal errou uma manobra que poderia lhe dar a medalha de ouro no street.

E foi com essa união mesmo à distância com sua delegação que ele foi se vestindo do espírito olímpico. Uma qualidade que Italo tem é sempre querer aprender mais. É assim no surfe, é assim na vida. O garoto que começou a surfar usando as tampas das caixas de isopor nas quais seus pais colocavam peixe parece o mesmo de antes, mas apenas o material usado para deslizar nas ondas é outro.

No Havaí, Italo fez história em 2019 ao se sagrar campeão mundial vencendo justamente Gabriel Medina, talvez o mais talentoso surfista da atualidade, na final do Pipe Masters. No Japão, foi para a decisão olímpica com a pressão pela medalha, mas logo impôs seu estilo mesmo vendo sua prancha quebrar nos primeiros minutos da bateria. E mesmo com a medalha pesada no peito, mostrou-se o mesmo garoto alegre que diverte os fãs nas redes sociais.

Em Tóquio, Italo entrou no seleto grupo de campeões olímpicos brasileiros, o primeiro do surfe. Aos 27 anos, ainda vai disputar o título mundial nesta temporada e pretende abrir um instituto na sua terra para ajudar crianças no desenvolvimento social, educacional e esporte. Apesar da fama, quer tentar levar uma geração de jovens junto com ele.

No fundo, Italo ainda é aquele garoto que se divertia nas marolas com uma prancha improvisada, que muitas vezes levava bronca do seu pai porque estragava o objeto que servia ao sustento da família. A única diferença é que agora tem uma medalha de ouro. "Sou muito agradecido a todas as pessoas que me ajudaram a chegar até aqui", diz.

 

 
 

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Fotos do dia 27 de julho na Olimpíada de Tóquio 2020


Estadão segunda, 26 de julho de 2021

OLIMPIADA: RAYSSA LEAL, A FADINHA, AOS 13 ANOS, CONQUISTA MEDALHA DE PRATA NO SKATE

 

Aos 13 anos, skatista Rayssa Leal conquista medalha de prata na Olimpíada de Tóquio

Atleta brasileira mais nova a disputar os Jogos festeja o segundo pódio para o País na modalidade, o terceiro na competição no Japão

Raphael Ramos, enviado Especial / Tóquio, e Ricardo Magatti, O Estado de S.Paulo

26 de julho de 2021 | 01h31

 

A skatista Rayssa Leal fez história nesta segunda-feira ao conquistar a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio com apenas 13 anos e 7 meses de idade. Ela se tornou a atleta brasileira mais nova a ganhar uma medalha. Foi a segunda medalha do skate brasileiro em Tóquio e a terceira, no geral. Antes, Kelvin Hoefler havia ficado também com a prata no street masculino. Agora, foi a vez de a "Fadinha", como é conhecida, brilhar na final do street feminino e terminar em segundo. O ouro ficou com a japonesa Momiji Nishiya, e o bronze, com outra atleta da casa, Funa Nakayama, que também tem apenas 13 anos. O pódio foi composto por duas skatistas de 13 anos e uma de 16. 

Atual vice-líder do ranking mundial, Rayssa, que havia alcançado o terceiro lugar na fase classificatória, não se intimidou diante das adversárias mais experientes e deu show no Ariake Urban Sports Park com manobras espetaculares. O skate está fazendo a sua estreia no programa olímpico. Após a prata, a maranhense chorou muito com o feito gigantesco que acabara de alcançar.

  
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Rayssa Leal, de apenas 13 anos, se tornou medalhista olímpica Foto: Lionel BONAVENTURE / AFP

"Estou muito feliz por poder representar todas as meninas e de realizar meu sonho e ganhar uma medalha. É muito gratificante realizar o meu sonho e o de meus pais", celebrou Rayssa, fenômeno do skate.

Chamaram atenção a calma e o desempenho de Rayssa, que em alguns momentos foi vista dançando relaxada na pista. Bastante inspirada, ela foi derrubando as rivais ao longo das baterias até conquistar o seu lugar no pódio entre duas japonesas.

Leticia Bufoni e Pâmela Rosa, outras brasileiras bem cotadas para brigar por uma vaga no pódio em Tóquio, ficaram pelo caminho e não disputaram a final. Pâmela Rosa, inclusive, revelou que competiu lesionada em Tóquio, com o tornozelo direito muito inchado.

Na final, na sua primeira volta de 45 segundos, Rayssa fez boas manobras. Ela arriscou no fim e acabou caindo. Pela volta, recebeu 2,94 dos juízes. Na segunda, a brasileira, embora tenha cometido pequenos erros, foi ainda melhor e levou 3.13.

Depois, na primeira rodada das cinco manobras únicas, a jovem de 13 anos errou e acabou caindo. Por isso, ficou zerada e essa nota foi descartada. Na segunda tentativa, acertou uma linda manobra no corrimão, mas colocou as mãos no chão para se equilibrar. Ainda assim, recebeu uma boa nota: 3,91.

Rayssa entrou de vez na briga pelo pódio quando recebeu 4.21 ao acertar uma excelente manobra no corrimão em sua terceira tentativa. Naquele momento, a brasileira já tinha quatro notas para compor a pontuação e havia assumido a liderança. Na quarta tentativa, ela encaixou mais uma manobra e ganhou dos juízes 3.39 como nota para substituir um 2.94. Na última, errou e caiu, o que lhe prejudicou na briga pelo ouro. Mas a prata veio e foi motivo de muita festa. No fim, ela fechou sua participação em Tóquio com 14,64.

 

Chamou atenção ainda a calma e o desempenho de Rayssa, que em alguns momentos foi vista dançando relaxada na pista. Bastante inspirada, foi derrubando as rivais ao longo das baterias até conquistar o seu lugar no pódio.

Leticia Bufoni e Pâmela Rosa, outras brasileiras bem cotadas para brigar por uma vaga no pódio em Tóquio, ficaram pelo caminho. Pâmela Rosa, inclusive, revelou que competiu lesionada em Tóquio.

Fenômeno das pistas e também das redes sociais, onde vem multiplicando o número de seguidores, Fadinha escreveu nesta segunda-feira um novo capítulo do skate brasileiro. Ela sabe, inclusive, que a sua história é fonte de inspiração para novas praticantes do skate. “Saber que muitas meninas já me mandaram mensagem no Instagram falando que começaram a andar de skate ou os pais deixaram andar de skate por causa de um vídeo meu, eu fico muito feliz porque foi a mesma coisa comigo.”

Somente no Instagram já são mais de 2 milhões de seguidores. “O que é isso minha gente? Desde que comecei minhas redes sociais eu queria ter um milhão, hoje tenho dois, olha isso!”

Vida 'adulta'

A primeira vez que ela subiu em um skate foi aos 6 anos, quando seus pais lhe deram o equipamento de presente. Um ano depois, já estava participando de torneios. Aos 9 anos, Rayssa já não competia mais entre as crianças para disputar campeonatos na categoria geral. Passou, então, a levar uma vida de “adulta”, treinando três horas todos os dias.

A partir do próximo dia 3, começam as disputas da modalidade park do skate nos Jogos de Tóquio. Com atletas bem ranqueados, o Brasil também está cotado para conquistar mais medalhas.

 

 
 
 

 


Estadão domingo, 25 de julho de 2021

OLIMPÍADA: DANIEL CARGNIN DERROTA ISRAELENSE E CONQUISTA MEDALHA DE BRONZE NO JUDÔ

 

Daniel Cargnin derrota israelense e conquista medalha de bronze no judô na Olimpíada de Tóquio

Judoca brasileiro surpreende com grandes atuações ao longo das lutas deste domingo

Redação, O Estado de S.Paulo

25 de julho de 2021 | 07h26

 

O judoca Daniel Cargnin conquistou, neste domingo, a medalha de bronze na categoria meio-leve (até 66 kg) dos Jogos Olímpicos de Tóquio, ao vencer o israelense Baruch Shmailov por wazari. Com este resultado, o judô brasileiro mantém a tradição de subir ao pódio em todas as edições olímpicas desde Los Angeles/1984. São 23 no total. Essa é a segunda medalha brasileira na Olímpiada.

 
 
 
 

 

Daniel Cargnin Tóquio 2020
Daniel Cargnin é medalha de bronze no judô Foto: Franck Fife/ AFP

Na caminhada para o bronze, Daniel Cargnin derrotou o italiano Manuel Lombardo, líder do ranking e atual vice-campeão mundial. O brasileiro despachou ainda o egípcio Mohamed Abdelmawgoud na estreia e o moldávio Denis Mdavieru nas quartas. A derrota que o tirou da disputa pelo ouro foi na semifinal para o japonês Hifume Abe, por ippon.

Após a conquista, Daniel Cargnin se emocionou recordando dificuldades que teve de passar para chegar a essa conquista e valorizou o apoio que sempre teve da mãe, de amigos e companheiros judocas. "Minha mãe me deu todo o suporte, não bateu a ficha ainda. Na Itália em 2018, eu estava muito cansado, apanhando muito. Eu tinha vontade de desistir mas tenho muito suporte. Tenho uma tatuagem que significa família. Saí da casa da minha mãe cedo pra criar uma garra. Não me arrependo. Mas lembro que falei para ela: 'depois da Olimpíada estou pronto para voltar pra casa'", contou o medalhista, em entrevista à Globo.

Natural de Porto Alegre, Daniel Cargnin teve grandes resultados no ciclo olímpico, marcado por sua transição das equipes de base ao time principal. Em 2017, ele conquistou o ouro no Mundial Júnior, e firmou-se como o principal nome da categoria no Brasil. Arrematou dois títulos pan-americanos (2017 e 2020) e teve seu melhor resultado no Grand Slam de Brasília, em 2019, quando foi campeão batendo o italiano Manuel Lombardo. No Pan de Lima, ficou com a prata.

No feminino, Uta Abe, que eliminou a brasileira Larissa Pimenta na segunda luta, ficou com o ouro, ao derrotar a francesa Amandine Buchard no golden score.

 
 

Foto do dia 25 de julho na Olimpíada de Tóquio 2020

 

Lista de pódios do judô brasileiro em Jogos Olímpicos:

  • Munique 1972 - Chiaki Ishii (meio-pesado) - Bronze
  • Los Angeles 1984 - Douglas Vieira (meio-pesado) - Prata; Luís Onmura (leve) - Bronze; Walter Carmona (médio) - Bronze
  • Seul 1988 - Aurélio Miguel (meio-pesado) - Ouro
  • Barcelona 1992 - Rogério Sampaio (meio-leve) - Ouro
  • Atleta 1996 - Henrique Guimarães (meio-leve) - Bronze; Aurélio Miguel (meio-pesado) - Bronze
  • Sydney 2000 - Tiago Camilo (leve) - Prata; Carlos Honorato (médio) - Prata
  • Atenas 2004 - Leandro Guilheiro (leve) - Bronze; Flávio Canto (meio-médio) - Bronze
  • Pequim 2008 - Leandro Guilheiro (leve) - Bronze; Ketleyn Quadros (leve) - Bronze; Tiago Camilo (meio-médio) - Bronze
  • Londres 2012 - Sarah Menezes (ligeiro) - Ouro; Felipe Kitadai (ligeiro) - Bronze; Mayra Aguiar (meio-pesado) - Bronze; Rafael Silva (pesado) - Bronze
  • Rio 2016 - Rafaela Silva(leve) - Ouro; Mayra Aguiar (meio-pesado) - Bronze; Rafael Silva (pesado) - Bronze. 
  • Tóquio 2020 - Daniel Cargnin (meio-leve)

Estadão sábado, 24 de julho de 2021

OLIMPÍADA: JOGOS NA MADRUGADA - BRASIL MOSTRA FORÇA NO VÔLEI E CHINA FATURA O PRIMEIRO OURO

 

Jogos da madrugada na Olimpíada 2020: Brasil mostra força no vôlei e China fatura o primeiro ouro

Confira os principais destaques da madrugada olímpica em Tóquio

Redação, O Estado de S.Paulo

24 de julho de 2021 | 05h55

 

Olimpíada de Tóquio começou! Com a realização da cerimônia de abertura e o acendimento da pira olímpica, a madrugada desta sexta-feira contou com um número maior de competições na capital japonesa. Vai ser assim agora até o fim. A noite foi marcada por disputas no vôlei, judô, tênis e ginástica, além da premiação das primeiras medalhas de ouro.

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O destaque ficou por conta da seleção brasileira masculina de vôleique iniciou a defesa do título olímpico, conquistado na Rio-2016, com vitória. Demonstrando certo nervosismo, o time nacional abusou dos erros no começo dos dois primeiros sets, mas se recuperou rapidamente para vencer a Tunísia por 3 sets a 0, com parciais de 25/22, 25/20 e 25/15, alcançado a liderança do Grupo B. A equipe volta à quadra para enfrentar a Argentina na segunda-feira (pela manhã, no horário de Brasília). 

  
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Vôlei brasileiro estreou com vitória em Tóquio Foto: Gaspar Nóbrega

Vôlei de praia

Líderes do ranking mundial do vôlei de praia, as campeãs brasileiras Ágatha Duda, principal dupla do País e favoritas ao ouro olímpico em Tóquio, iniciaram sua caminhada com vitória segura sobre as argentinas Gallaz Pereyra. Depois de um primeiro set difícil, se encontraram para fazer 2 a 0, parciais de 21/19 e 21/11, pelo Grupo C

Um pouco mais cedo, na categoria masculina, Alison e Álvaro Filho confirmaram o favoritismo e fizeram 2 sets a 0 sobre a dupla argentina formada por Azaad e Capogrosso, com parciais de 21/16 e 21/17, sob forte calor e sensação térmica de 40 graus na quadra em Tóquio. 

Tiro esportivo

A primeira medalha de ouro dos Jogos de Tóquio veio no tiro esportivo. A chinesa Yang Qian, de 21 anos apenas, venceu a prova de 10 metros com carabina ao obter 251,8 pontos, novo recorde olímpico. A medalha de prata ficou com a russa Anastasiia Galashina, representando o Comitê Olímpico Russo, com 251,1 pontos. O bronze foi da suíça Nina Christen, com 230,6.

Na categoria masculina,  Felipe Wu foi eliminado na primeira fase da pistola de ar 10m. Medalha de prata na Rio/2016, o atirador brasileiro ficou apenas em 32º lugar entre os 36 competidores, ao somar 566 pontos. O indiano Chaudhary Saurabh foi o primeiro colocado com 586 e deverá disputar o ouro diante dos chineses Bowen Zhang, que ficou na segunda colocação, e Wei Pagn, sétimo colocado. O alemão Christian Reitz, o ucraniano Pavlo Korostylov, o iraniano Javad Foroughi, o sul-coreano Mose Kim e o sérvio Damir Mikec são os outros atiradores com possibilidades de subirem ao pódio.

Judô

Diferentemente do vôlei, o Brasil não teve a mesma sorte no judô nesta madrugada. Após estrear bem, com vitória em 14 segundos, a brasileira Gabriela Chibana foi eliminada da disputa de medalhas na categoria até 48Kg ao ser derrotada, com um ippon, pela número 1 e campeã mundial Distria Krasniqi, de Kosovonas oitavas de final. 

No masculinoEric Takabatake também caiu nas oitavas, na categoria até 60kg. O brasileiro havia aberto sua participação com boa vitória sobre Soukhaxay Sithisane, de Laos, com ippon após acúmulo de wazaris. Mas, assim como Chibana, parou na segunda fase. Ele não conseguiu impor seu ritmo diante de Won Jin Kim e caiu no golden score.

Tênis

Favoritíssimo a conquistar a medalha de ouro, Novak Djokovic também estreou em Tóquio nesta madrugada. O número 1 do mundo não decepcionou e superou o boliviano Hugo Dellien por 2 sets a 0, com duplo 6/2, em 1h01min. O sérvio dominou a partida do começo ao fim, sem correr qualquer risco, terminando o jogo com quase o dobro de pontos do rival (61 a 31), algo raro no circuito. Tenista número 1 do Brasil, Thiago Monteiro se despediu de forma precoce ao ser eliminado pelo alemão Jan-Lennard Struff, 48º do mundo, por 2 sets a 0, com parciais de 6/3 e 6/4, em 1h16min de partida. 

Na chave feminina de duplas, Luísa Stefani e Laura Pigossi derrotaram as canadenses Gabriela Dabrowski e Sharon Fichman por 2 sets a 0, com parciais de 7/6 (7/3) e 6/4 em 1h33 de partida, e avançaram na competição no Japão. 

Ginástica

Candidato ao ouro, o campeão olímpico Arthur Zanetti, que compete somente nas argolas nestes Jogos, conseguiu 14.900 pontos após uma série executada com segurança. O ginasta garantiu a terceira maior nota do aparelho, ficando atrás do chinês Liu Yang (15.300 pontos) e do grego Eleftherios Petrounias (15.333). Caio Souza, com 14,333, ficou em quarto e se aproximou da final nas argolas também. 

Já Arthur Nory não teve a mesma felicidade dos companheiros do Brasil. O ginasta de 27 anos ficou fora da final da barra fixa após receber a nota de 14,133 pontos. Ele chegou a comemorar sua performance, mas se decepcionou ao saber do resultado. No solo, nova decepção. Nory sofreu uma queda em sua última acrobacia, fechando a série com 12.800 pontos. Diogo Soares foi o destaque, com 14.200 pontos. Caio Souza, por sua vez, conseguiu 13.000. 

Quem ficou acordado nesta madrugada também assistiu ao fim da carreira do ginasta japonês Kohei Uchimura, tido como o melhor de todos os tempos. Aos 32 anos, o medalhista de ouro geral em Londres-2012 e Rio-2016, além de detentor de dez pódios em mundiais (seis ouros), recebeu a pontuação 13.866 ao cair na barra fixa, o que o colocou fora dos oito finalistas. Apesar da queda, Uchimura retornou para o aparelho e terminou sua apresentação sem repetir a falha, ficando apenas em 14º lugar. 

Tênis de mesa

O Brasil estreou no tênis de mesa com derrota. Jessica Yamada, primeira representante brasileira da modalidade no Japão, foi eliminada pela Suíça Rachel Moret, que venceu por 4 sets a 2, com parciais de 11/6, 6/11, 11/4, 7/11, 11/6 e 14/12 em 45 minutos de jogo na madrugada deste sábado. Jessica se despediu da chave individual feminina, mas ainda vai competir na disputa por equipes.

Quem também deixou a Olimpíada mais cedo foi a mesatenista síria Hend Zazá, atleta mais jovem da competição, de apenas 12 anos. Ela perdeu na primeira rodada para a austríaca Jia Liu, número 4 do ranking mundial, por 4 a 0, com parciais de 11/411/911/3 e 11/5

Levantamento de peso

No levantamento de peso, o destaque foi a chinesa Zhihui Hou, que conquistou a medalha de ouro, a primeira dos Jogos. A atleta levantou 94 kg no arranco e 116 kg no arremesso, totalizando 210 kg. No arremesso, ela bateu o recorde olímpico três vezes, ao levantar 109 kg e 114 kg antes de alcançar os 116 kg. Sua marca no arranco e no total também são recordes olímpicos. O pódio foi completado pela indiana Saikhom Mirabai, com a medalha de prata, e pela indonésia Cantikah Aisah, dona do bronze. A brasileira Natasha Rosa ficou em nono lugar em sua categoria, até 49 kg

Hipismo

Na disciplina de adestramento, o brasileiro João Victor Marcari Oliva, filho da ex-jogadora de basquete Hortência, fez sua primeira apresentação nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Seu score foi de 70.419% e superou seus números alcançados na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. Neste domingo, será realizada nova apresentação. 


Estadão sexta, 23 de julho de 2021

AMY WINEHOUSE: FAMÍLIA DA CANTORA QUER RECUPERAR SUA IMAGEM NOS 10 ANOS DE SUA MORTE

 

 

Família de Amy Winehouse quer recuperar imagem da cantora nos 10 anos de sua morte

Amy Winehouse morreu no dia 23 de julho de 2011; documentário 'Reclaiming Amy' será exibido nesta sexta

Anna Malpas, AFP

23 de julho de 2021 | 11h10

 

Amy Winehouse
Amy Winehouse, que morreu há 10 anos, em foto de 2008 Foto: Shaun Curry/AFP

Dez anos após a morte de Amy Winehouse, a família da cantora afirma que é hora de parar de recordar a artista por sua luta contra as drogas e relacionamentos destrutivos. Os pais da estrela, que morreu vítima de intoxicação alcoólica em 23 de julho de 2011, colaboraram com a produção de um documentário da BBC

Reclaiming Amy, que será exibido nesta sexta-feira, 23, oferece, de acordo com seu pai Mitchell, uma "imagem mais completa de Amy". 

 

"They tried to make me go to rehab. But I said no, no, no" (Eles tentaram me enviar para a reabilitação. Mas eu disse não, não, não"), cantava Amy. A britânica de voz inconfundível sempre destacou suas experiências nas canções, impregnadas de influências de jazz e soul.  

 

Os problemas com as drogas e o álcool, no entanto, acabaram prejudicando suas apresentações – que se tornaram cada vez mais erráticas - e atraíram o interesse dos paparazzi, que começaram a persegui-la com a esperança de captar uma fotografia da cantora em seu pior momento, para delírio da imprensa sensacionalista britânica.  

"Vocês pensam que conhecem minha filha - as drogas, o vício, os relacionamentos destrutivos - mas havia muito mais", relata a mãe de Amy, Janis Winehouse-Collins, no documentário.  

Reclaiming Amy contém entrevistas com amigos e amigas, incluindo uma, Catriona Gourley, que revela que teve uma relação romântica com a cantora. Também pretende desmentir as acusações de que sua família se aproveitou de seu sucesso e não fez o suficiente para ajudá-la a superar o vício. 

Pai de Amy Winehouse ainda ouve: 'Você matou sua filha'

Este foi o fio condutor de Amy, documentário britânico que venceu o Oscar em 2015, especialmente crítico a respeito do pai de Amy Winehouse e de seu ex-marido, Blake Fielder-Civil

"Eu ainda escuto agora: 'Você foi cúmplice da morte de sua filha, você matou sua filha'", declara Mitchell no novo documentário. 

 

Pais de Amy Winehouse
Mitch e Janis, pais de Amy Winehouse, em 2013 Foto: Andrew Cowie/AFP

Mas Catriona Gourley afirmou à BBC que a realidade era muito diferente. 

"Janis e Mitch estavam lá, o tempo todo", insiste, ao citar as "inúmeras vezes que ela (Amy) foi levada para centros de reabilitação ou que houve uma intervenção".

A amiga também acredita que hoje, graças à conscientização sobre os problemas de saúde mental e vício, Amy Winehouse não seria objeto de tantas piadas e maldades por parte da imprensa sensacionalista. 

A revista NME chamou o novo documentário de "comovente mas na defensiva", ao afirmar que é uma "doce homenagem a uma filha, amiga e um talento imprevisível". 

Mas o Financial Times expressou mais ceticismo, ao afirmar que os pais de Amy Winehouse, especialmente "o pai amante dos holofotes", estavam "no centro de sua carreira". 

Amy Winehouse 'tinha tudo'

Deixando de lado a vida pessoal, a artista foi um dos "ícones que mudaram a música popular para sempre", afirma a NME, considerando que "poucas pessoas atingiram um nível tão alto como Amy Winehouse e seu inconfundível penteado". 

Em una entrevista à BBC, o cantor britânico Pete Doherty, também conhecido por seus excessos, considera que "como Billie Holiday ou John Lennon, Amy era alguém que tinha tudo". 

"Ela conseguia se apresentar com um estilo assustador" e era uma "compositora incrível", declarou o ex-vocalista dos grupos Babyshambles e The Libertines.

"Em 10 anos, em 200 anos, os jovens ainda vão se apaixonar por Amy Winehouse".

O pianista Jools Holland, que frequentemente saía em turnê com Winehouse, recorda que ela "parecia mais feliz quando se apresentava". "Não acredito que ela gostaria de ser lembrada como uma figura trágica".


Estadão quinta, 22 de julho de 2021

OLIMPIADA: CERIMÔNIA DE ABERTURA - RELEMBRE MOMENTOS EMOCIONANTES

 

Cerimônia de abertura da Olimpíada: relembre momentos emocionantes dos Jogos Olímpicos

Tóquio-2020 começa oficialmente nesta sexta-feira, às 8h, no horário de Brasília

Redação, O Estado de S. Paulo

22 de julho de 2021 | 10h00

 

Mesmo que o futebol brasileiro feminino já tenha estreado com goleada nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a cerimônia de abertura é um momento que todo mundo quer assistir. A abertura da Olimpíada será realizada às 8h (horário de Brasília) desta sexta-feira, 23, no Estádio Olímpico de Tóquio.

 
 

 

Abertura Olimpíada Rio 2016
Mesmo com baixo orçamento, abertura dos Jogos do Rio 2016 foi bem avaliada pela imprensa internacional e pelas redes sociais Foto: Daniel Teixeira / Estadão

Rio 2016

Cinco anos atrás, o Maracanã foi o palco da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Com orçamento reduzido por conta da crise econômica, o evento buscou alternativas mais baratas, como milhares de painéis de LED. Desfilaram pelo gramado a diversidade cultural brasileira com história, poesia, funk, MPB e preocupação ambiental.

A história do Brasil foi contada com os índios, os portugueses, negros escravos, os imigrantes e a mestiçagem cultural do país. O cantor Paulinho da Viola entoou o Hino Nacional Brasileiro e a modelo Gisele Bündchen desfilou ao som de "Garota de Ipanema”. Uma réplica do 14 Bis decolou do meio do Maracanã. A festa foi bonita, com forte apelo visual, foi muito elogiada nas redes sociais e também pela imprensa internacional.

 

Abertura dos Jogos do Rio
Abertura dos Jogos do Rio 2016 teve música, preocupação ambiental e história  Foto: Daniel Teixeira / Estadão

Pequim 2008

Os chinenes gastaram 100 milhões de dólares na cerimônia mais cara até agora. Foi o momento de apresentação de uma nova China. Mais de 14 mil pessoas participaram da festa, que misturou tecnologia de ponta e simbolismo cultural antigo.

A cerimônia de abertura de Pequim-2008, que começou às 8 horas da noite do dia 08/08/08. Tudo foi uma demonstração de grandeza, desde a contagem regressiva com fogos de artifício simulando pegadas de gigante até 2008 músicos tocando tambor. O ginasta Li Ning sobrevoou o estádio antes de acender a pira olímpica.

 

Abertura dos Jogos de Pequim
Chineses gastaram 100 milhões de dólares para fazer a abertura mais cara da história olímpica Foto: Jonne Roriz / Estadão

Sydney, 2000

A partir dos anos 2000, as cerimônias passaram a tocar num ponto que se tornou uma grandes preocupações da humanidade: a sustentabilidade. A cidade de Sydney foi a primeira a levantar a bandeira e transformou os Jogos da Austrália nos Jogos Verdes. A preocupação com a poluição dos oceanos refletiu a preocupação do próprio país. A Baía de Homebush, antes poluída pela ação das indústrias, passou por uma limpeza cuidadosa e recebeu o parque olímpico.

Pela primeira vez, uma mulher foi a porta-bandeira do Brasil: Sandra Pires, campeã olímpica do vôlei de praia em Atlanta-1996 ao lado de Jaqueline Silva.

  

 

Moscou 1980

Os Jogos de Moscou-1980 viveram o maior boicote da história olímpico. Em protesto à invasão do Afeganistão pela então União Soviética, os Estados Unidos e mais 64 países se recusaram a participar. Em resposta, os soviéticos prepararam uma festa marcante. Foi a primeira grande cerimônia da história, inaugurando um formato de apresentação. O ursinho Mischa se tornou uma das mascotes mais simpáticas da história. Pela primeira vez, o mosaico humano, mostrando imagens na arquibancada, foi utilizado numa abertura de Jogos Olímpicos. Dois astronautas participaram ao vivo da festa. Cinco gigantes pirâmides humanas que formaram os anéis olímpicos no gramado.

 

Abertura do Jogos de Moscou
O urso Misha se tornou uma das mascotes mais simpáticas da história dos Jogos Olímpicos Foto: Arquivo AE

Atlanta 1996

Os Jogos de Atlanta proporcionaram uma das cenas mais emociantes logo na abertura. O maior pugilista de todos, Muhammad Ali, medalha de ouro em Roma-1960 ainda como Cassius Clay, acendeu a pira. Portador da Doença de Parkinson à epoca, o ex-atleta de 54 anos teve dificuldades para erguer a tocha com as mãos trêmulas para acender o fogo olímpico. Imagem marcante. 

 

Tóquio 1964

Os Jogos Olímpicos de 1964, os primeiros da Ásia, inauguram a transmissão para a Europa e América do Norte ao vivo e via satélite. Foi que aí que a cerimônia começou a ganhar o status de espetáculo. A TV começava a mostrar seu potencial no mundo todo. O responsável por acender a pira olímpica foi Yoshinori Sakai, que nasceu no dia do bombardeio a Hiroshima pelos Estados Unidos. Aviões formaram os anéis olímpicos no céu da capital japonesa. A primeira edição dos Jogos no Japão seguramente será uma referência para a cerimônia desta sexta. 

 

Estadão quarta, 21 de julho de 2021

OLIMPÍADA: MARTA FAZ HISTÓRIA (MARCA DOIS) E COMANDA GOLEADA SOBRE A CHINA, NA ESTREIA DOS JOGOS DE TÓQUIO

 

Marta faz história e comanda goleada do Brasil sobre a China em estreia na Olimpíada de Tóquio

Camisa 10 balança as redes duas vezes na vitória por 5 a 0 da seleção brasileira

Ricardo Magatti, O Estado de S.Paulo

21 de julho de 2021 | 07h06

 

seleção brasileira feminina de futebol estreou com vitória nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Liderado pela incansável e genial Marta, o Brasil atropelou a China por 5 a 0 nesta quarta-feira, em Miyagi. Ela foi o grande nome da partida ao balançar as redes duas vezes. Fez o primeiro gol do Brasil na competição e também o terceiro e ainda deixou Andressa Alves cobrar o pênalti que resultou no quarto.  "Aqui não tem vaidade", disse. Debinha também deixou sua marca no primeiro tempo e Bia Zaneratto fechou o marcador.

 
 

 

China x Brasil Olimpíada 2021
Brasil goleia em estreia nos Jogos Olímpicos de Tóquio Foto: Molly Darlington/ Reuters

Acostumada a ostentar recordes, Marta fez história ao se tornar a primeira jogadora a marcar em cinco edições de Olimpíada. A camisa 10 da seleção fez um bom jogo e deu cadência e técnica ao meio de campo do time, participando ativamente da construção e conclusão das jogadas no ataque. Além disso, a maior atleta da história do futebol feminino chegou a 12 gols em Olimpíada e ultrapassou a canadense Christine Sinclair para se tornar a segunda maior artilheira na história dos Jogos. A brasileira Cristiane, que não foi convocada para Tóquio-2020, é a maior goleadora, com 14 gols.

No lance de seu primeiro gol, marcado aos oito minutos, a veterana mostrou oportunismo e calma ao aproveitar o rebote de Debinha, que acertou o travessão em conclusão de cabeça. 

Não foi só Marta que jogou bem no primeiro tempo. Foi uma atuação harmoniosa das comandadas de Pia Sundhage na etapa inicial. O Brasil resistiu à pressão inicial das chinesas e, quando colocou a bola no chão, dominou a adversária. No ataque, fez a diferença do trio Marta, Debinha e Bia Zaneratto e, claro, o talento delas. O placar foi ampliado aos 21 minutos. Ágil e muito forte fisicamente, Bia Zaneratto fez boa jogada pela direita e chutou forte. A goleira deu rebote e Debinha cutucou para as redes.

Depois disso, a seleção brasileira uma queda física e técnica, algo recorrente e que tem tirado o sono de Pia. A treinadora bicampeã olímpica tem a missão de conduzir o Brasil à conquista do ouro inédito. Ela viu suas atletas levarem pressão das chinesas, que só não conseguiram balançar as redes graças à ótima atuação da goleira Bárbara. Quando ela não apareceu para salvar as brasileiras, a trave ajudou. A China acertou três vezes a trave.

DIA DE MARTA

Não era mesmo o dia da seleção asiática. Era de Marta e companhia. Quando o Brasil vinha sendo pressionado e estava sufocado em seu campo de defesa, prestes a sofrer seu primeiro gol, Marta apareceu para marcar o terceiro e tranquilizar a equipe. A camisa 10 começou e concluiu a jogada. Ela cruzou da direita para Bia Zaneratto, que foi desarmada pela defesa. O corte, no entanto, foi mal feito e a bola voltou para a craque, que surpreendeu a goleira ao chutar de primeira, no canto esquerdo.

Marta poderia ter saído de campo com três gols, mas abriu mão da cobrança de pênalti e deixou Andressa Alves, que havia acabado de entrar, bater a penalidade que sofreu ao ser derrubada na área por Wang Xiaoxue. Ela chutou rasteiro no canto esquerdo de Peng Shimeng, que se esticou mas não evitou o quarto gol brasileiro, aos 36.

Uma das melhores em campo, Bia Zaneratto foi premiada pela luta e boa exibição no fim da partida. A atacante do Palmeiras recebeu cruzamento na medida de Debinha e desviou de pé esquerdo para anotar o quinto gol do massacre brasileiro aos 43 e selar a goleada em Miyagi. Em busca do ouro olímpico inédito, o Brasil continua sua jornada em Tóquio no próximo sábado, às 8 horas (no horário de Brasília), quando enfrenta a Holanda. Depois, na terça, fecha a primeira fase contra a Zâmbia.

FICA TÉCNICA

CHINA 0 X 5 BRASIL

CHINA - Peng Shimeng; Luo Guiping, Wang Xiaoxue e Li Qingtong; Li Mengwen, Wang Yan (Wurigumula), Yang Lina, Miao Siwen (Liu Jing), Wang Shuang e Zhang Xin; Wang Shanshan. Técnica: Jia Xiuquan

BRASIL - Bárbara; Bruna Benites, Érika, Rafaelle e Tamires; Formiga (Júlia Bianchi), Andressinha, Duda (Andressa) e Marta (Ludmila); Bia Zaneratto e Debinha. Técnica: Pia Sundhage.

GOLS - Marta, aos oito, Debinha, aos 21 minutos do primeiro tempo. Marta, aos 28, Andressa Alves, aos 36, e Bia Zaneratto, aos 43 minutos do segundo tempo. 

ÁRBITRA - Kateryna Monzul (Ucrânia)

LOCAL - Estádio de Miyagi, no Japão.


Estadão terça, 20 de julho de 2021

AMY WINEHOUSE: DEZ ANOS APÓS SUA MORTE, ARTISTA GANHA NOVOS DOCUMENTÁRIOS

 

Dez anos após sua morte, Amy Winehouse ganha novos documentários

Cantora já foi tema de 'Amy', apresentado em Cannes e vencedor do Oscar em 2016

André Carlos Zorzi, O Estado de S.Paulo

19 de julho de 2021 | 12h00


 

Amy Winehouse
Amy Winehouse Foto: Luke MacGregor / Reuters

Segundo a BBC, a presença de Janis em Reclaiming Amy foi escolhida por se tratar de "uma figura próxima de Amy de quem ainda temos muito a ouvir e cuja versão dos acontecimentos muitas vezes diverge da narrativa que nos foi contada antes". "Não sinto que o mundo conheceu a verdadeira Amy, aquela que eu criei, e anseio pela oportunidade de oferecer uma compreensão de suas raízes e um vislumbre mais profundo da verdadeira Amy", explicou a mãe sobre a obra.

 Reclaiming Amy promete trazer imagens raras de apresentações nunca vistas antes ao longo de seus 59 minutos, que também trazem depoimentos de familiares e amigos da artista. A obra será exibida às 21h desta sexta pela BBC Two, no Reino Unido, e depois deve ficar disponível na plataforma BBC iPlayer, sem previsão de exibição no Brasil.

 


Já Amy Winehouse e Eu: A História de Dionne Bromfield foi anunciada pela MTV e pelo Paramount+. O documentário será exibido no Brasil no canal pago na terça-feira, 27 de julho, às 19h, e ficará disponível no serviço de streaming posteriormente. Dionne, afilhada de Amy, compartilha seus altos e baixos e material de arquivo inédito dos tempos que passou com a cantora durante cerca de uma hora.

"Não posso mensurar o quão terapêutica esta jornada tem sido para mim. Finalmente, posso avançar para o próximo capítulo da minha carreira, sabendo que lidei com emoções que foram enterradas por anos. Espero que este documentário apresente Amy como mais do que apenas uma pessoa lutando contra o vício e, em vez disso, mostre a pessoa incrível que minha madrinha era", conta Bromfield.

 

Amy

Não se tratam dos primeiros documentários sobre a cantora. Em 2016, o diretor Asif Kapadia recebeu o Oscar de melhor documentário em longa-metragem por Amy, uma desconfortável biografia que aborda o declínio da cantora e sua relação com o uso exagerado de drogas, seu marido Blake Fielder-Civil e o frequente assédio dos paparazzi que faz o público refletir se, durante os últimos anos da jovem, não acabou contribuindo para sua morte precoce aos 27 anos.

À época, seu pai, Mitch Winehouse, por vezes retratado como oportunista, criticou a produção: "O filme é equivocado e desequilibrado. Todo mundo que participou da produção desse documentário deveria se envergonhar. Minha relação com a Amy era repleta de amor. Tínhamos alguns problemas, como qualquer família. Mas, no geral, a gente se amava muito".

 

 

Amy Winehouse no Streaming

Além do documentário que será disponibilizado pelo Paramount+, os fãs brasileiros de Amy Winehouse não têm acesso a muitas obras sobre a cantora - os catálogos da Netflix e do Amazon Prime Video, por exemplo, não contam nenhuma produção sobre ela no País. Os assinantes do pacote Globoplay + Canais Ao Vivo do streaming da Globo, por sua vez, podem assistir a duas produções.

Amy Winehouse Back to Black: Classic Albums, filmado em lugares onde o álbum mais conhecido da cantora foi gravado, traz entrevistas com produtores, além dos momentos de cantoria. Já Amy Winehouse - Live At Shepherds Bush é a gravação de um show ao vivo da cantora realizado em Londres. 


Estadão segunda, 19 de julho de 2021

OLIMPÍADA: VEJA COMO SERÁ A COBERTURA DO ESTADÃO

 

Falta pouco! Veja como será a cobertura do Estadão para a Olimpíada de Tóquio

Nossa equipe já está no Japão para contar tudo da disputa em todas as plataformas, do portal em tempo real ao jornal

Robson Morelli, O Estado de S.Paulo

19 de julho de 2021 | 05h00

Vai começar! Depois de um ano de adiamento por causa da pandemia, os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 pedem passagem num Japão ainda assustado e precavido com a covid-19. Governo, comitê organizador e COI (Comitê Olímpico Internacional) se deram as mãos para colocar de pé uma edição da Olimpíada sem precedentes na história esportiva, em que cobrir as provas será um desafio gigantesco para os milhares de jornalistas que chegam ao Japão.

 

Olimpíada de Tóquio 2020
Jogos Olímpicos de Tóquio começam no dia 23 de julho Foto: Issei Kato/Reuters
 

Estadão já fez essa viagem de São Paulo a Tóquio e se prepara para entregar tudo o que você precisa saber de mais relevante dos Jogos, com um olhar para o Time Brasil, mas também para as grandes estrelas, as pessoas em Tóquio e a cultura de um povo que se dividiu em abrir sua casa para a competição em meio às dificuldades de combater a covid-19 e realizar a vacinação em massa. 

Não há como contar a história desses Jogos somente com foco esportivo. É o que faremos em todas as plataformas da casa, do portal em tempo real aos cinco episódios de um podcast no Estadão Notícias às sextas-feiras, passando pelas ‘lives’ com nossos enviados especiais todos os dias às 8h da manhã (horário de Brasília) com atualização de tudo o que de mais importante aconteceu na madrugada.

Estadão Conteúdo vai produzir textos durante 24 horas, dos Jogos Olímpicos e também dos esportes que não param durante a disputa, como o futebol. Vamos ter muito mais! Nossas redes sociais estarão agitadas. Em todas elas, do Instagram ao Tik Tok, passando pelo Facebook e Twitter. Os Jogos de Tóquio terão dois ‘Drops’ exclusivos, com imagens e informações do Japão. Além de se informar, você vai se divertir!

Nosso app vai trazer um canal somente para a Olimpíada. Não baixou ainda? Está esperando o quê? Dá até para personalizar. Quer uma dica? Escolha Jogos Olímpicos. Você vai ter uma agenda das provas do dia. Terá ainda o Quadro de Medalhas atualizado com os números do COI. E os resultados das provas feitas na madrugada. Entregaremos ainda vídeos diários direto das ruas de Tóquio.

Não vamos deixar você em paz! O Estadão trará ainda informações nos programas da Rádio Eldorado (FM 107,3) de manhã, tarde e noite, com bate-papos com nossos enviados especiais Raphael Ramos e Paulo Favero. De recordes à culinária. Nada será esquecido.

Nas seis páginas do jornal, o Estadão terá um olhar especial para Tóquio e seu legado, para as grandes histórias e histórias inspiradoras, um QR Code para leitura real do Quadro de Medalhas e um time de colunistas que vai querer ler. Nossas plataformas se misturam para você não perder nenhum conteúdo.


Estadão domingo, 18 de julho de 2021

BRASILEIRÃO - PALMEIRAS DEFENDE LIDERANÇA CONTRA ATLÉTICO-GO

 

Em busca de 'cultura de vitórias', Palmeiras defende liderança contra Atlético-GO

Equipe alviverde deve ter alguns jogadores preservados visando jogo da volta das oitavas da Libertadores

Redação, O Estado de S.Paulo

18 de julho de 2021 | 05h00

Com o desafio de seguir na liderança isolada do Campeonato Brasileiro, o técnico Abel Ferreira aposta na "cultura de vitórias" que o Palmeiras vem adquirindo nos últimos confrontos para conquistar mais um triunfo neste domingo, diante do Atlético-GO, às 16h, no estádio Antonio Aciolly. Com 25 pontos, a equipe foi alcançada pelo Atlético-MGque venceu o Corinthians neste sábado e está a dois de vantagem do Bragantino, terceiro colocado. Um novo resultado positivo serve também para reforçar a confiança da equipe, que deve ter mudanças. Alguns jogadores devem ser preservador para o duelo de volta das oitavas da Libertadores contra a Universidad Católica no meio de semana.

Após um primeiro semestre complicado, em que perdeu as três finais que disputou, o time agora parece trabalhar em total sintonia. São seis vitórias seguidas na temporada (sendo cinco pelo Brasileiro) e a possibilidade de poder poupar os atletas mais desgastados pelo calendário de partidas.

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Abel Ferreira, técnico do Palmeiras
Abel Ferreira, técnico do Palmeiras Foto: César Greco / Agência Palmeiras
 

"Temos que saber lidar com as expectativas criadas, que são altas. Muitas vitórias trazem responsabilidade e exigência. Esse é o preço que pagamos por estar nessa fase", falou o treinador.

E o segredo para não perder o fio da meada talvez seja uma boa dose de equilíbrio. E isso pode ser traduzido em cautela no que diz respeito à condição física dos jogadores. O técnico português tem três desfalques certos para o compromisso diante dos goianos já que Luan, Rony e Luiz Adriano seguem entregues ao departamento médico.

A estratégia montada  para surpreender o Atlético-GO mais uma vez vai ter base na boa marcação no meio-campo e a utilização de contra-ataques explorando a velocidade de Breno Lopes e Deyverson. O atacante Dudu, que entrou nos minutos finais contra o Santos, deve ser opção para a segunda etapa.

A boa fase de Zé Rafael e a criatividade de Gustavo Scarpa também são armas que Abel pretende utilizar para dar cadência ao ritmo de jogo. Ele espera uma pressão por parte dos donos da casa, principalmente no primeiro tempo.

"O Campeonato Brasileiro é muito equilibrado e com essa sequência de jogos, tudo acaba ficando mais difícil. São muitos pontos que temos de analisar”, comentou o treinador português.

Com uma campanha intermediária - ocupa a 10ª colocação com 15 pontos - o Atlético-GO sabe que está devendo na parte ofensiva. Foram apenas nove gols marcados em dez rodadas disputadas. Com a intenção de corrigir essa deficiência, o técnico Eduardo Barroca deve mexer no setor.

Ronald e Zé Roberto podem ser escalados para aumentar a agressividade do ataque. Outra possibilidade é recuar Natanael para a lateral esquerda e colocar mais um jogador ofensivo. Nesse caso, o mais cotado é André Luís.

FICHA TÉCNICA

ATLÉTICO-GO x PALMEIRAS

ATLÉTICO-GO - Fernando Miguel; Dudu, Oliveira, Éder e Natanael (Igor Cariús); Willian Maranhão, Marlon Freitas e Arthur Gomes; Ronald (Igor Cariús), Zé Roberto (Lucão) e André Luís (Natanael). Técnico: Eduardo Barroca.

PALMEIRAS - Weverton; Marcos Rocha, Felipe Melo (Kuscevic), Gustavo Gómez e Matías Viña; Danilo, Zé Rafael, Gustavo Scarpa e Raphael Veiga; Breno Lopes e Deyverson. Técnico: Abel Ferreira.

ÁRBITRO - Denis da Silva Ribeiro Serafim (AL)

HORÁRIO - 16h

LOCAL - Estádio Antonio Aciolly, em Goiânia.


Estadão sábado, 17 de julho de 2021

OLIMPIADA: KETLEYN QUADROS E BRUNINHO SERÃO OS PORTA-BANDEIRAS DO BRASIL EM TÓQUIO

 

Judoca Ketleyn Quadros e Bruninho serão os porta-bandeiras do Brasil em Tóquio

Com histórico de sucesso nas Olimpíadas, atleta do DF foi bronze em Pequim, e levantador da seleção de vôlei conquistou o ouro no Rio

Ricardo Magatti, Estadão Conteúdo

16 de julho de 2021 | 22h08

 

A bandeira do Brasil será carregada na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio por dois atletas que conhecem o sabor de ganhar uma medalha olímpica. A uma semana do evento, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) definiu que a judoca Ketleyn Quadros e o levantador Bruninho serão os porta-bandeiras do País. "Seremos a porta-bandeira e o mestre-sala", definiu Bruninho.

 
 
 

 

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Ketleyn Quadros e Bruninho vão ser os responsáveis por carregar a bandeira brasileira em Tóquio Foto: Divulgação/IJF e FIVB/Divulgação

É a primeira vez que uma dupla terá a tarefa de carregar a bandeira brasileira em uma cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. Os dois vão vestirão no estádio olímpico roupas inspiradas nas cores do Brasil. A cerimônia acontece na próxima sexta-feira, às 8h (de Brasília). O evento não terá a presença de público por conta das restrições impostas para evitar a disseminação de covid-19.

Os últimos porta-bandeiras do País em cerimônias de abertura de Olimpíada foram Yane Marques (Rio-2016), Rodrigo Pessoa (Londres-2012) e Robert Scheidt (Pequim-2008). Os dois últimos estarão em Tóquio para sua sétima participação nos Jogos.

A presença de uma dupla formada por um homem e uma mulher como porta-bandeiras é parte de uma estratégia do programa do COB para promover a equidade de gênero. O Brasil terá em Tóquio um recorde de participação feminina na história, com 48,8% de esportistas mulheres.

"Essa é a maior delegação brasileira em uma edição de Jogos Olímpicos fora do país. E nada mais justo que homenagearmos grandes representantes de duas das modalidades que mais deram medalhas olímpicas ao Brasil", justificou o presidente do COB, Paulo Wanderley Teixeira.

A Ketleyn é uma pioneira no judô, um exemplo de profissional e da filosofia do esporte. Bruninho, apesar de ser filho de dois dos maiores de sua modalidade, conseguiu trilhar o próprio caminho, conquistando três medalhas olímpicas, um feito para poucos, e ainda pode ser orgulhar de ser o capitão numa campanha de ouro. Com eles, mantemos a tradição de privilegiar o respeito, a excelência e a meritocracia e não tenho dúvidas de que os dois representaram muito bem o país na abertura dos Jogos", completou.

Apaixonada por judô desde criança, época em que faltava às aulas de natação para assistir aos judocas nos treinos, Ketleyn ficou fora dos últimos dois ciclos olímpicos, e está de volta à Olimpíada após 13 anos. Ela será a terceira mulher (depois de Sandra Pires em 2000 e Yane Marques em 2016) na história e também a terceira judoca (depois de Walter Carmona em Seul 1988 e Aurélio Miguel em Barcelona 1992) a carregar a bandeira do Brasil.

"Eu fico me emocionando o tempo inteiro. As conquistas são consequências de quem acredita, de quem constrói apesar das adversidades, de muita dedicação, de muito treinamento, do trabalho de muitas pessoas. Eu olho pra minha carreira e vejo que não ter participado dos últimos dois Jogos Olímpicos me ajudou a crescer, a evoluir e a estar aqui. Sou muito grata e me sinto privilegiada por representar cada um dos brasileiros sendo porta-bandeira", falou a judoca.

"Tenho 33 anos e uma vida dentro da modalidade. Não falo isso com peso não, eu amo o que eu faço. Acho que vai passar um filme na minha cabeça quando eu tiver lá e saber que tudo que passei, valeu à pena", acrescentou.

Filho dos ex-jogadores Vera Mossa e Bernardinho, Bruninho ostenta uma das carreiras mais vitoriosas no vôlei mundial. Além do ouro no Rio como capitão, ganhou outras duas pratas pratas, em Pequim-2008 e Londres-2012. Ele será o primeiro representante do vôlei a ter essa distinção. O Brasil é considerado favorito a ficar com o ouro depois de ter vencido a Liga das Nações, em junho, com autoridade.

"Sou um mero representante do que o vôlei significa não só pro esporte, como para o povo brasileiro. Os valores que gerações anteriores deixaram de dedicação, de luta, de garra, de superação é o que levo e me sinto muito honrado. Ser o primeiro é motivo de muito orgulho e fruto desse legado", resumiu o levantador. Ao receber a notícia, ele primeiro compartilhou, é claro, com seu pai, Bernardinho, um dos responsáveis pelo sucesso do filho no esporte e que treinou a seleção brasileira masculina por 16 anos.

"Depois que soube, contei apenas para algumas pessoas muito próximas, entre eles meu pai, uma pessoa que sempre guiou, que foi muito importante na minha carreira, primeiro como jogador fazendo parte de uma geração pioneira, depois como técnico da geração mais vitoriosa história, que culminou com o ouro olímpico da superação. Representar a todos no maior momento do esporte mundial, eu não sei nem o que dizer, só na hora que vamos sentir na pele essa emoção e será um momento muito marcante", disse.

Ketleyn competirá no Nippon Budokan a partir do próximo dia 27, enquanto Bruninho fará a sua estreia com a seleção três dias antes, na Ariake Arena, contra a Tunísia.


Estadão sexta, 16 de julho de 2021

LIBERTADORES: JOGO DE VOLTA DO FLAMENGO SERÁ REALIZADO COM TORCIDA EM BRASÍLIA

 

Jogo do Flamengo na Libertadores será realizado com torcida em Brasília

Conmebol confirmou mudança de local do jogo de volta das oitavas com o Defensa Y Justicia do Maracanã para o Mané Garrincha após o governo do DF liberar público no estádio com 25% da capacidade

Ricardo Magatti, Estadão Conteúdo

15 de julho de 2021 | 19h38

Flamengo insistiu e, enfim, conseguiu o que queria: levar o seu torcedor de volta ao estádio. A Conmebol confirmou nesta quinta-feira que o duelo de volta das oitavas de final da Libertadores entre o time rubro-negro e o Defensa Y Justicia, da Argentina, quarta-feira que vem, foi transferido do Maracanã para o Mané Garrincha, em Brasília. O horário - 21h30 - foi mantido.

A mudança ocorre após o governo do Distrito Federal liberar a presença de público no estádio Mané Garrincha, com limite de até 25% da capacidade do estádio. Portanto, pouco mais de 15 mil torcedores poderão assistir à partida do Flamengo contra o Defensa Y Justicia em Brasília. No jogo de ida, disputado sem torcida, na Argentina, o time rubro-negro venceu por 1 a 0.

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Estádio Mané Garrincha
Estádio Mané Garrincha receberá torcida para jogo do Flamengo na Libertadores Foto: Divulgação
 

O Governo do Distrito Federal (GDF) detalhou os protocolos sanitários que deverão ser respeitados nos eventos esportivos que serão realizados com a presença de público no Estado. O decreto que libera torcida nas arenas foi publicado em edição extra do Diário Oficial do DF, nesta quinta-feira, e assinado pelo governador em exercício do Distrito Federal, Pacto Britto.

"Vai ser autorizada presença de público nessas competições. A presença de público será restrita a pessoas imunizadas, mediante apresentação no momento da entrada do evento de comprovante original de imunização contra covid-19 com segunda dose ou dose única, administrada 15 dias antes da partida, e comprovante de PCR negativo de covid-19, realizado com 48 horas de antecedência do jogo", explicou o secretário-chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, em coletiva de imprensa realizada nesta.

A apresentação do cartão de vacinação e do resultado do exame é cumulativa e obrigatória, isto é, os dois documentos deverão ser apresentados juntos, e não só um deles, na entrada nos estádios. Menores de 18 anos e gestantes não poderão estar presentes. Os ingressos serão vendidos apenas virtualmente.

Segundo Gustavo Rocha, em caso de descumprimento do protocolo, haverá aplicação de multa ao torcedor de R$ 1 mil e de R$ 100 mil à empresa organizadora do evento.

A Conmebol liberou a presença de público nos estádios desde o último domingo, dias antes do início do mata-mata da Libertadores e Sul-Americana. A entidade publicou um novo protocolo para regular a volta gradual de torcedores aos estádios e sugere a liberação de pessoas com vacinação completa ou teste RT-PCR negativo, além do veto aos menores de 18 anos, grávidas e pessoas com comorbidades. No entanto, para que o jogo seja disputado com torcedores, os clubes devem obter a autorização das autoridades locais, algo que o Flamengo não conseguiu no Rio, mas em Brasília.


Estadão quinta, 15 de julho de 2021

OLIMPIADA: SELEÇÃO FEMININA DE FUTEBOL FINALIZA PREPARAÇÃO NOS ESTADOS UNIDOS

 

Seleção feminina de futebol finaliza período de preparação nos Estados Unidos para Olimpíada

Brasil fará sua estreia diante da seleção chinesa na próxima quarta-feira às 5h

Redação, Estadão Conteúdo

15 de julho de 2021 | 09h44

 

Após 20 dias intensos de preparação, a seleção brasileira feminina de futebol encerrou na noite de quarta-feira o período de treinamentos na cidade de Portland, nos Estados Unidos. Agora, a equipe segue rumo ao Japão com os Jogos Olímpicos no horizonte. Nesta quinta, o grupo deixará o estado do Oregon com destino a Tóquio.

 

Nestas semanas de concentração, a comissão técnica aproveitou para dar ênfase na parte tática e física da equipe. Com a escolha por Portland para acelerar o processo de adaptação, com clima quente e úmido semelhantes ao calor do verão japonês, o grupo chega em alto nível para a disputa os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.

 

 

Pia Sundhage seleção feminina brasil
Seleção brasileira faz reunião em preparação para os Jogos Olímpicos Foto: Sam Robles/ CBF

Ao longo das duas semanas de preparação, a técnica sueca Pia Sundhage contou praticamente todas as jogadoras - a exceção foi a chegada após uma semana de trabalhos das meias Angelina, Marta e da atacante Debinha, que tinham compromissos com seus clubes. Na visão da comandante, o grupo chega em alto nível para a estreia na próxima quarta-feira diante da China.

A treinadora também aproveitou para exaltar a ansiedade pela estreia. "Agora me sinto preparada. Tem sido uma jornada fantástica, dois anos, alguns jogos. Pude observar muitas jogadoras e agora estamos tão perto de jogar nossa primeira partida contra a China. Estou bem ansiosa", destacou Pia Sundhage.

No total, foram 18 sessões de treinos no Nike World Headquarters e dois jogos-treinos diante de equipes locais de Portland. Toda a estrutura oferecida pela patrocinadora oficial das seleções brasileiras de futebol foi um importante palco para a preparação para os Jogos Olímpicos. No local, a delegação contou com dois campos de futebol, academias, salas de fisioterapia, reunião e jogos.

A partir desta sexta-feira, quando desembarcar no Japão, a seleção brasileira vira a página com foco na estreia diante da China. A primeira parada da equipe será na cidade de Sendai, entre os dias 17 e 25. A delegação ficará hospedada no Westin Sendai para a disputa dos dois primeiros compromisso contra China Holanda. O grupo mudará de sede apenas na terceira rodada, quando enfrenta Zâmbia, no dia 27, no Saitama Stadium. Neste período, a seleção ficará hospedada no Conrad Hotel, em Tóquio.


Estadão quarta, 14 de julho de 2021

LIBERTADORES: PALMEIRAS BUSCA VAGA CONTRA A CATÓLICA

 

Visitante perfeito, Palmeiras busca vantagem contra a Católica com ataque reserva

Sem Rony e Luiz Adriano, time alviverde aposta na boa campanha fora de casa para vencer confronto no Chile pelas oitavas da Libertadores

Fábio Hecico, especial para o Estadão, O Estado de S.Paulo

14 de julho de 2021 | 05h00

Palmeiras ganhou a edição passada da Copa Libertadores graças ao bom desempenho de sua dupla ofensiva e por somar bons resultados na casa dos adversários. Nesta quarta-feira, sem Rony Luiz Adriano, aposta no ataque reserva e na manutenção da campanha perfeita como visitante para abrir vantagem no confronto das oitavas de final contra a Universidad Católica. O jogo será no estádio San Carlos de Apoquindo, em Santiago, a partir das 19h15.

Abel Ferreira investirá no bom momento de Breno Lopes Deyverson para repetir a estratégia que deu muito certo desde 2020. O Palmeiras fazia um bom placar fora e atuava com mais calma em casa, explorando os contragolpes.

 
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Abel Ferreira vai apostar em Deyverson e Breno Lopes para jogo com a Católica no Chile Foto: Cesar Greco/SE Palmeiras
 

Breno Lopes, autor do gol do título de 2020, ganhou a confiança do português e Deyverson vem aproveitando bem as oportunidades na vaga de Luiz Adriano, com uma lesão no joelho direito. Rony sofre com um problema muscular na coxa esquerda.

"Libertadores é importante. Enfrentaremos um time bom do Chile, vai ser um jogo difícil, mas nosso time está passando por um bom momento. Vamos fazer o melhor para ter uma vitória lá e depois conseguir a classificação aqui", afirmou o zagueiro paraguaio Gustavo Gómez, novamente formando dupla com Luan e esbanjando confiança na equipe, que vem de cinco vitórias consecutivas, todas pelo Brasileirão, ao qual lidera.

Para dar sustentação ao ataque, Abel Ferreira poupou seus meias no segundo tempo do clássico com o Santos. Substituiu os armadores para evitar possíveis lesões. Gustavo Scarpa é o líder em assistências do elenco, enquanto Raphael Veiga vem se destacando por sempre aparecer de surpresa como um terceiro atacante.

O Palmeiras ganhou seus três jogos como visitante na atual edição da Libertadores, com média de dois gols por partida. Fez 3 a 2 no Universitário, 2 a 1 no Defensa Y Justicia e 1 a 0 no Independiente del Valle. Defender os 100% como visitante é a ordem para esta quarta-feira.

Há quatro jogos sem ganhar e eliminado nas oitavas de final da Copa do Chile pelo Everton, com derrota por 2 a 0 em casa, a Universidad Católica aposta na volta dos jogadores que estiveram na Copa América para buscar desencantar e surpreender o Palmeiras.

"Vamos jogar contra o campeão, que muda três ou quatro jogadores de uma partida para a outra e segue jogando da mesma maneira. Isto mostra o potencial desta instituição", afirma o técnico Gustavo Poyet. "Mas, isso é futebol, um dos poucos esportes em que se pode encurtar estas diferenças. Temos de estar em um grande nível para aproveitar nossas oportunidades", seguiu, feliz com os retornos de Nuñez, Montes e Valencia e a recuperação de Puch.

FICHA TÉCNICA

UNIVERSIDAD CATÓLICA - Sebastián Pérez; Marcelino Nuñez, Rebolledo, Astaburuaga e Cornejo; Leiva, Saavedra e Aued; Puch, Zampedri e Valencia. Técnico: Gustavo Poyet.

PALMEIRAS - Weverton; Marcos Rocha, Luan, Gustavo Gómez e Viña; Danilo, Zé Rafael, Gustavo Scarpa e Raphael Veiga; Breno Lopes e Deyverson. Técnico: Abel Ferreira.

ÁRBITRO - Andrés Matonte (Uruguai).

HORÁRIO - 19h15.

LOCAL - Estádio San Carlos de Apoquindo, em Santiago.

 


Estadão terça, 13 de julho de 2021

LIBERTADORES: SÃO PAULO ABRE OITAVAS DE FINAL CNTR AO RACING, NO MORUMBI

 

Ainda sem torcida, São Paulo abre oitavas de final da Libertadores contra o Racing no Morumbi

Conmebol autorizou retorno do público aos estádios, mas Tricolor ainda negocia liberação com o governo

Gonçalo Jr., O Estado de S.Paulo

13 de julho de 2021 | 05h00

Embora a Conmebol tenha autorizado, no último domingo, o retorno do público aos estádios nos jogos das oitavas de final da Libertadores e da Copa Sul-Americana, o São Paulo enfrenta o Racing nesta terça-feiraàs 21h30 no Morumbi, ainda com as arquibancadas vazias. Dois órgãos da administração estadual – a Secretaria de Esportes e a Secretaria da Saúde – confirmaram que qualquer alteração sobre a presença da torcida em eventos esportivos será divulgada a partir de amanhã pelo governador João Doria (PSDB)

Julio Casares, presidente do São Paulo, afirmou que não houve tempo hábil para planejar um retorno dos são-paulinos para hoje, no duelo de ida das oitavas de final da Libertadores. “Tem que ter autorização dos governos locais. Está muito em cima da hora”, afirmou o dirigente ao Estadão.

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Morumbi, estádio do São Paulo
São Paulo e Racing jogam às 21h30, no Morumbi: presidente espera que jogo de volta também seja sem público Foto: Staff Images/CONMEBOL
 

O jogo de volta, na Argentina, também deverá ser realizado sem público. Por uma questão de equilíbrio técnico, o dirigente planeja um eventual retorno da torcida apenas na próxima fase, caso o São Paulo se classifique às quartas de final. “A Conmebol tem de priorizar o equilíbrio da competição. Público, se retornar, tem que ter na ida e na volta dos jogos”, completou o presidente.

O Red Bull Bragantino e o Independiente Del Valle, no Equador, que vão se enfrentar pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana, fizeram um acordo para que os dois jogos sejam realizados sem público – a primeira partida será em Guayaquil e a volta em Bragança Paulista..

O cenário, no entanto, pode mudar. O Flamengo quer ter sua torcida na volta contra o Defensa y Justicia, dia 21, também pelas oitavas de final. Para isso, é preciso um acordo entre os clubes e as autoridades locais. O Maracanã tem poucas chances de receber o jogo. A prefeitura do Rio multou a CBF em R$ 54 mil pelas aglomerações na final da Copa América entre Brasil e Argentina. Por isso, a diretoria pode tentar levar o jogo para Brasília, que está mais receptiva à presença de público.

No domingo, a Conmebol publicou um novo protocolo para regular a volta gradual de torcedores aos estádios. A entidade sugere a liberação de pessoas com vacinação completa ou teste RT-PCR negativo, além do veto aos menores de 18 anos, grávidas e pessoas com comorbidades. “O retorno gradual do público é essencial para o desenvolvimento do futebol sul-americano”, disse a Confederação Sul-Americana de Futebol.

Recuperação

A volta da torcida viria em um bom momento para o São Paulo. Depois de duas vitórias seguidas no Campeonato Brasileiro, a equipe se distanciou da zona de rebaixamento. De acordo com o técnico Hernán Crespo, a equipe “está voltando ao normal” depois de nove jogos sem vitórias. “Precisamos de um pouco de normalidade, dar serenidade, tranquilidade aos atletas para trabalhar, de um jeito normal para eles. Tudo está voltando ao normal”, disse o argentino.

A exemplo dos jogos anteriores, o time terá desfalques importantes. O zagueiro Miranda, o meia Emiliano Rigoni e o atacante Luciano não treinaram ontem. Além do trio, o time não terá Daniel Alves, que já começou a preparação para os Jogos de Tóquio-2020 com a seleção olímpica. Bruno Alves, que já voltou a campo para os treinamentos, ficará de fora, pois está suspenso na competição. Por outro lado, Crespo deve escalar o meia Benítez e o atacante Eder, que foram poupados na vitória sobre o Bahia – Benítez entrou no decorrer do jogo.

O time argentino ainda não foi vencido pelo São Paulo neste ano. Os clubes estavam juntos na fase de grupos, com empate em Avellaneda e derrota tricolor no Morumbi. O Racing não atua desde 4 de junho, quando foi derrotado pelo Colón na final da Copa da Liga Argentina. A data marcou o fim da temporada passada do país vizinho.

Nesse período, o São Paulo jogou 11 vezes e viveu o pior momento da era Crespo. No Brasileirão, a equipe chegou a somar quatro derrotas e quatro empates e chegou a estar na zona do rebaixamento.

Questionado sobre a diferença de calendários dos dois times, Crespo evitou apontar vantagem para um dos times. “Se falar com eles, é nossa vantagem porque jogamos. Nós entendemos que não é vantagem porque jogamos muito. Isso é futebol, é o calendário.”

FICHA TÉCNICA

SÃO PAULO x RACING

São Paulo: Tiago Volpi; Diego Costa, Arboleda e Léo; Igor Vinícius, Luan, Liziero, Benítez e Reinaldo; João Rojas (Gabriel Sara) e Éder. Técnico: Hernán Crespo

Racing: Arias; Cáceres, Sigali, Martínez, Domínguez e Mena; Miranada, Moreno Piatti e Chancalay; Enzo Copetti. Técnico: Juan Antonio Pizzi. 

Ábitro: Jhon Ospina (Colômbia)

Horário: 21h30

Local: estádio do Morumbi, em São Paulo

Na TV: SBT e Fox Sports


Estadão segunda, 12 de julho de 2021

EUROCOPA: FEDERAÇÃO INGLESA CONDENA RACISMO CONTRA JOGADORES APÓS A DERROTA

 

Federação inglesa condena racismo contra jogadores após a derrota na Eurocopa

Marcus Rashford, Jadon Sancho e Bukayo Saka foram os alvos por desperdiçarem suas cobranças de pênalti diante da Itália

Redação, O Estado de S.Paulo

12 de julho de 2021 | 08h13

A Associação de Futebol da Inglaterra (FA, na sigla em inglês) divulgou um comunicado oficial, nesta segunda-feira, condenando os ataques racistas nas redes sociais contra jogadores da seleção inglesa após a derrota na disputa de pênaltis para a Itália na final do Eurocopa no domingo. Após empate por 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação, os italianos venceram por 3 a 2, com os ingleses Marcus RashfordJadon Sancho e Bukayo Saka, todos negros, desperdiçando suas cobranças de pênalti.

"A FA condena veementemente todas as formas de discriminação e está chocada com o racismo online que tem sido dirigido a alguns de nossos jogadores da Inglaterra nas redes sociais", informou o comunicado oficial. "Não poderíamos deixar mais claro que alguém por trás de um comportamento tão repulsivo não é bem-vindo ao seguir a equipe. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para apoiar os jogadores afetados, ao mesmo tempo em que pedimos punições mais duras possíveis para os responsáveis".

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Jadon Sancho e Marcus Rashford entraram na prorrogação só para bater os pênaltis
Jadon Sancho e Marcus Rashford entraram na prorrogação só para bater os pênaltis Foto: Laurence Griffiths / AFP
 

A seleção da Inglaterra também divulgou uma nota condenando o abuso dirigido a seus jogadores nas redes sociais. "Estamos desgostosos que parte de nossa equipe - que deu tudo pela camisa neste verão - tenha sido submetida a abusos discriminatórios online depois do jogo desta noite", disse a equipe em sua conta oficial no Twitter.

A polícia britânica informou que investigaria as postagens. "Estamos cientes de uma série de comentários ofensivos e racistas nas redes sociais dirigidos aos jogadores de futebol após a final do #Euro2020", tuitou a Polícia Metropolitana. “Esse abuso é totalmente inaceitável, não será tolerado e será investigado”.

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, pediu às empresas de mídia social que removessem esse conteúdo de suas plataformas. “Os responsáveis pelo nojento abuso online que vimos devem ser responsabilizados - e as empresas de mídia social precisam agir imediatamente para remover e prevenir esse ódio”, afirmou o político.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi outro que protestou contra o caso de racismo. "Estes jogadores da seleção da Inglaterra merecem ser tratados como heróis e não agredidos racialmente nas redes sociais", escreveu no Twitter. "Os responsáveis destes horríveis ataques deveriam se envergonhar".


Estadão domingo, 11 de julho de 2021

COPA AMÉRICA: ARGENTINOS FIZERAM POR MERECER, DIZ THIAGO SILVA, APÓS VICE NA COPA

 

"Eles fizeram por merecer", diz Thiago Silva após vice na Copa América

Zagueiro admite que Brasil, após ficar em desvantagem no placar, não foi o que costumava ser

Redação, O Estado de S.Paulo

11 de julho de 2021 | 00h17

Depois de 28 anos de jejum, a Argentina levantou um troféu. E foi justamente contra o Brasil, em pleno Maracanã, na final da Copa América.

O descontentamento dos jogadores brasileiros após a derrota por 1 a 0 era nítido, mas o respeito contra os rivais, que mostraram melhor futebol na decisão, também. Foi o que o zagueiro Thiago Silva, um dos líderes da seleção brasileira, quis reforçar na entrevista pós-jogo.

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Thiago Silva recebe o troféu de fair play após a final da Copa América
Thiago Silva recebe o troféu de fair play após a final da Copa América Foto: Nelson Almeida / AFP
 

"Primeiramente, temos que felicitar a equipe adversária. Não fomos normalmente o Brasil que a gente costuma ser. Quando você sai atrás num jogo desse nível, é difícil reverter. Ficou muito difícil", disse o defensor brasileiro, que chegou a falar da "catimba" característica dos argentinos. "Mas isso não é desculpa", desconversou o zagueiro.

Apesar de admitir que a Argentina foi melhor em campo e que não havia o que contestar, Thiago Silva desabafou sobre o que ele acredita ter sido uma desvantagem crucial na partida. "Deram só cinco minutos de acréscimo", disse em tom de reclamação o jogador.

Sobre a campanha na competição, que teve a polêmica por ser autorizada pelo governo a ser sediada em solo brasileiro, Thiago Silva elogiou a equipe e demonstrou mais uma vez respeito aos argentinos.

"Foi uma boa campanha, digna de chegar à final contra a Argentina. Eles fizeram por merecer para chegar nesse momento. Hoje poderia dar um dos dois, era 50% para cada lado. Dois grandes jogadores que fazem diferença para ambos os lados. Agora é levantar a cabeça. É motivo de orgulho também", concluiu o zagueiro da seleção.


Estadão sábado, 10 de julho de 2021

COPA AMÉRICA: FINAL DOS SONHOS - BRASIL E ARGENTINA DECIDEM A COPA NO MARACANÃ

 

No Maracanã, Brasil e Argentina decidem a Copa América em 'final dos sonhos'

Com Neymar de um lado e Messi do outro, torneio será decidido neste sábado às 21h, no Maracanã

Gonçalo Junior e Marcio Dolzan, O Estado de S.Paulo

10 de julho de 2021 | 05h00

Unanimidades são raras no futebol, mas Brasil e Argentina fazem hoje o jogo que todos os torcedores queriam ver na final da Copa AméricaÉ a partida dos sonhos, como definiu Neymar. A tradição, os títulos que as duas seleções já conquistaram e o duelo particular entre o próprio Neymar e Messi deixam em segundo plano os sobressaltos de organização, como a má qualidade dos gramados e o protesto brasileiro contra o torneio, A final do Maracanã, às 21h deste sábado, diminui até a nossa “dorzinha de cotovelo” em relação aos grandes jogos da Eurocopa.

Se a decisão terminar empatada, haverá prorrogação e, se a igualdade persistir, pênaltis. 

 
Maracanã recebe a final da Copa América mais uma vez
Maracanã recebe a final da Copa América mais uma vez Foto: Amanda Perobelli / Reuters
 

A Prefeitura do Rio acatou pedido da Conmebol e liberou 10% da capacidade de cada setor do Maracanã. Isso significa cerca de seis mil torcedores. O acesso ao estádio, porém, só será permitido para quem apresentar teste PCR negativo contra a covid-19. O exame tem que ter sido feito a partir de quinta-feira. A liberação foi criticada por especialistas por conta do momento da pandemia. 

O confronto é importante não só por aquilo que os times fizeram lá atrás, na história. Ambas estão invictas com os melhores ataques da Copa América. Nas Eliminatórias para a Copa do ano que vem, o cenário é o mesmo: invencibilidade e o alto da tabela para as duas.

Nesse contexto, o clássico abre diversas possibilidades de análise. Uma delas é o duelo particular entre Neymar e Messi. O jogo deve ser decidido aqui. É o embate entre a contratação mais cara da história e o melhor jogador do mundo por seis vezes. Os ex-companheiros de Barcelona vão se enfrentar com as camisas de suas seleções pela primeira vez desde 2016. De lá para cá, foram duas vitórias para cada lado. São rivais que se respeitam e se admiram.

Questionado sobre a maneira de parar Messi, o técnico Tite desconversou. “Eu sei, mas não vou dizer. A gente não neutraliza, a gente diminui ações do adversário”, declarou Tite, que fez uma brincadeira. “Se tu disser (sic) como faz pra marcar o Neymar, a gente abre como marca o Messi também”, disse Tite.

Neymar está mais maduro taticamente. Com a liberdade que ganhou do treinador, atuando por dentro e pelas beiradas, o camisa 10 foi destaque em quase todos os jogos da Copa América. As boas atuações renderam dois gols e três assistências. Ele confessa a vontade de jogar a final contra o amigo.

“Era a final que sempre sonhei em jogar. A final que todo mundo que gosta de futebol espera de uma Copa América. Por todos títulos que já conquistaram, por todos que já passaram pelas seleções, pelos que existem hoje”, afirmou Neymar na última quinta-feira.

Para Messi, essa queda de braços representa a chance de quebrar um tabu histórico: levantar uma taça com a seleção principal, a única lacuna de um currículo brilhante. Messi precisa dessa conquista e, por isso, vem voando. A vitória por 3 a 0 da Argentina sobre o Equador colocou o argentino como maior candidato a craque do torneio. É o artilheiro (quatro gols) e líder de assistências (cinco).

O jejum de Messi espelha o drama histórico da seleção argentina. São 28 anos de seca. A última vez que o time principal levantou uma taça foi na Copa América de 1993. Desde lá, foram sete vice-campeonatos: quatro na Copa América (2004, 2007, 2015 e 2016), dois na Copa das Confederações (1995 e 2005) e outro na Copa do Mundo (2014). Desse total, três dessas foram para o Brasil (2004, 2005 e 2007). O bicampeonato olímpico argentino, em 2004 e 2008, com a seleção sub-23 não entra na lista.

Alguns atletas do Brasil criticaram a torcida de artistas e influenciadores digitais para a Argentina por conta do jejum de Messi. “É difícil (a situação). A gente vê tantos brasileiros, tanta gente da imprensa que é contra e não apoia a seleção brasileira”, criticou o zagueiro Marquinhos. “Que a gente possa trabalhar juntos, ao invés de ficar um palpitando ali, os jogadores dando pitacos aqui...” 

Em busca do bicampeonato no torneio e dono de hegemonia confortável nas Eliminatórias, o Brasil está invicto há 13 jogos. O desafio da seleção é mostrar que o recorde de invencibilidade não se apoia apenas nos confrontos diante de seleções "menores". Das quatro derrotas de Tite em cinco anos de comando da seleção, duas delas foram para a Argentina. Em dois amistosos, é verdade. 

Os últimos confrontos com os argentinos foram favoráveis aos brasileiros: uma vitória convincente na semifinal da Copa América de 2019, no Mineirão, e um 3 a 0 no Mineirão, pelas Eliminatórias da Copa de 2018.

“São os dois últimos sul-americanos campeões do mundo. (O jogo) Tem uma dimensão, sem desprezar Colômbia, Uruguai, ícones do futebol mundial. Falar de Messi e Neymar é falar de excelência, virtudes técnicas, mentais, físicas, capacidade de criação muito alta. É um grande desafio, um grande espetáculo”, opinou o técnico Tite.

Com desfalques por suspensão e lesão e a avaliação detalhada na primeira fase da Copa América, tudo indica que Tite vai repetir a escalação de um jogo para o outro. Hoje, Thiago Silva volta a ser capitão e vai atuar ao lado de Marquinhos. Na esquerda, o treinador confirmou que Alex Sandro está fora por contusão. Depois dos gols e das boas atuações, inclusive o entrosamento com Neymar, Lucas Paquetá deverá ser mantido no meio. Foi dele o gol da classificação para a final na vitória sobre o Peru.


FICHA TÉCNICA

BRASIL x ARGENTINA

BRASIL: Ederson; Danilo, Éder Militão, Marquinhos e Renan Lodi; Casemiro, Fred e Lucas Paquetá; Everton, Richarlison e Neymar. Técnico: Tite.

ARGENTINA: Emiliano Martínez; Molina, Otamendi, Pezzella e Tagliafico; Guido Rodríguez, Lo Celso, De Paul; Messi, Nicolás González e Lautaro Martínez. Técnico: Lionel Scaloni.

ÁRBITRO: Esteban Ostojich  (Uruguai).

LOCAL: Maracanã (Rio de Janeiro).

HORÁRIO: 21h.


Estadão sexta, 09 de julho de 2021

COPA AMÉRICA: MARACANÃ TERÁ 6,5 MIL PESSOAS NA FINAL

 

Prefeitura do Rio autoriza 10% de público e Maracanã terá 6,5 mil pessoas na final da Copa América

Acesso ao estádio, porém, só será permitido para quem apresentar teste de PCR contra a covid-19 com resultado negativo; Conmebol havia prometido que não haveria torcida no torneio

Marcio Dolzan/RIO, O Estado de S.Paulo

09 de julho de 2021 | 09h13

A Prefeitura do Rio acatou pedido da Conmebol e liberou 10% da capacidade de cada setor do Maracanã para receber público na final da Copa América, neste sábado, entre Brasil e Argentina. O acesso ao estádio, porém, só será permitido para quem apresentar teste de PCR contra a covid-19 com resultado negativo. O exame tem que ter sido feito a partir de quinta-feira.

Com a autorização, a final marcada para as 21h poderá receber até 6,5 mil pessoas, mas isso apenas se o estádio for totalmente aberto. "Nós tivemos a final da Copa Libertadores (em janeiro), e liberamos lá que tivesse 10% da capacidade. Eles (Conmebol) concentraram cinco mil convidados num mesmo setor do Maracanã, o que acabou sendo um problema. A mudança agora é: 10% em cada setor do estádio. Ou seja, você tem um espaçamento grande entre as pessoas", disse o prefeito Eduardo Paes (PSD), no início da manhã desta sexta-feira.

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Estádio do Maracanã
Estádio do Maracanã, palco da final da Copa América entre Brasil e Argentina. Foto: Wilton Júnior/Estadão
 

Estadão entrou em contato com a Conmebol para saber qual o total de público que a entidade pretende levar ao jogo, se haverá venda de ingressos ou se irá se limitar o acesso a convidados. Por meio de sua assessoria, a entidade informou às 8h45 que "ainda não tem uma posição oficial".

De acordo com o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, em um primeiro momento a Conmebol chegou a pedir a liberação para que o jogo recebesse mais de 30 mil torcedores. "O pedido inicial da Copa América à Prefeitura era realizar com 50% de público, mas a gente considera que ainda não é adequado. A gente reforçou algumas exigências. A Prefeitura liberou 10% da capacidade de todo o estádio, para não ter aglomeração; definiu que todas as pessoas que entrarem no estádio vão ter um ambiente controlado por testagem, então será um dos primeiros eventos em que todas as pessoas que irão entrar terão que ter sido testadas com menos de 48 horas; e manter o espaçamento entre as cadeiras de pelo menos dois metros, respeitando as nossas resoluções. Só reforçando: é 10% para cada setor para evitar aglomeração", afirmou.

O prefeito viu com bons olhos a autorização. "Não deixa de ser para nós uma espécie de evento-teste neste momento em que as notícias são melhores, e a gente começa talvez um período de transição", declarou, citando a exigência de testagem para entrar no Maracanã.

Paes ainda assegurou que a liberação foi puramente técnica. "Não sofri pressão nenhuma. Ninguém da Conmebol me ligou, nem da CBF. Aliás, o único da CBF que eu conheço é o Walter Feldman (ex-secretário-geral), que saiu. Eu fiquei sabendo pela imprensa que eles haviam feito a solicitação, consultei o secretário de Saúde, eles avaliaram com a maior brevidade do mundo, liberaram ontem", pontuou. "A regras são bastante aceitáveis."


Estadão quinta, 08 de julho de 2021

OLIMPÍADAS: COI E COMITÊ ORGANIZADOR BARRAM PÚBLICO NAS ARENAS DOS JOGOS

 

COI e Comitê Organizador barram público nas arenas dos Jogos Olímpicos de Tóquio

Anúncio foi feito horas depois da adoção do estado de emergência na capital japonesa até o dia 22 de agosto

Redação, O Estado de S.Paulo

08 de julho de 2021 | 10h50
Atualizado 08 de julho de 2021 | 11h19

O governo do Japão anunciou que Tóquio não receberá torcedores durante os eventos dos Jogos Olímpicos-2020. A decisão, entretanto, não é válida para outras províncias japonesas, que também receberão alguns outros eventos da Olimpíada. Neste caso, cada sede irá decidir se terá espectadores ou não. A decisão ocorre devido ao aumento no número de casos de infectados pela covid-19, especialmente pela nova variante Delta (indiana). A reunião teve a presença de membros do COI e do Comitê Organizador dos Jogos. 

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O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira por Tamayo Marukawa, ministra responsável pela organização do evento. A medida ocorre horas após a decisão do governo japonês de adotar o estado de emergência na capital do país durante toda a competição. A Olimpíada ocorrerá de 23 de julho a 8 de agosto, e o estado de emergência estará em vigor até o dia 22 do próximo mês. Os japoneses estão preocupados com o avanço da doença e lentidão da vacinação no país. Atletas brasileiros já chegaram ao Japão.

 
 
 

Tóquio-2020

Japão opta por não autorizar público em Tóquio durante a Olimpíada; outras províncias ainda decidem. Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters

Nos últimos dias, a cidade de Tóquio registrou um aumento do número de infectados pelo novo coronavírus, o que levou o primeiro-ministro, Yoshihide Suga, a tomar a decisão pelo estado de emergência. Porém, segundo ele, as medidas poderão ser revistas e, eventualmente flexibilizadas caso o sistema de saúde japonês apresente melhorias e caso a vacinação em massa da população japonesa apresente resultados promissores. Entretanto, para evitar que novos casos surjam, foi tomada a decisão de vetar a presença de público nas arenas. Apenas delegações e pessoal credenciado está autorizado.

A abertura da Olímpiada-2020 está marcada para o dia 23 deste mês. Porém, já haverão eventos esportivos anes desta data. A seleção brasileira feminina, por exemplo, entra em campo dia 21 diante da China, em duelo válido pelo Grupo F do futebol feminino. A modalide de beisebol também terá partidas realizadas antes da tradicional cerimônia.


Estadão quarta, 07 de julho de 2021

COPA AMÉRICA: BRASIL E ARGENTINA SE ENFRENTAM NA FINAL EM QUINTO DUELO ENTRE NEYMAR E MESSI

 

Brasil e Argentina se enfrentam na final da Copa América em quinto duelo entre Neymar e Messi

Última vez que os craques se encontraram em campo por suas seleções foi em 2016, nas Eliminatórias para a Copa da Rússia

Rafael Sant'Ana, especial para o Estadão

07 de julho de 2021 | 10h00

Brasil e Argentina farão a final da Copa América neste sábado, às 21h, no Maracanã. Além da rivalidade evidente entre as duas seleções, em campo também estarão dois dos melhores jogadores do mundo: Neymar e Lionel Messi. Será o quinto confronto entre eles pelas suas seleções. Neymar é camisa 10 do PSG, um time em crescimento comprovado na Europa. Messi está sem contrato depois de vestir por 21 anos a camisa do Barcelona. Ele renegocia com o clube catalão. 

Até agora, o duelo Neymar x Messi foi marcado por três amistosos e uma partida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018. Eles ainda não se enfrentaram na etapa classificatória do Mundial do Catar, o que vai acontecer neste ano ainda. Nos dois primeiros confrontos, Messi levou a melhor. Já nos dois últimos, a seleção brasileira superou os argentinos.

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Argentina elimina a Colômbia e faz clássico com Brasil na final da Copa América

Copa América
A última vez que Neymar e Messi se encontraram em campo por suas seleções foi em um jogo das Eliminatórias para a Copa da Rússia. Foto: AP Photo/Bruna Prado e AFP/Nelson Almeida
 

Entre 2017 e 2019, Brasil e Argentina se enfrentaram quatro vezes. Em três oportunidades, Neymar não pôde estar presente por causa de lesões. Messi, por sua vez, desfalcou sua seleção em apenas um jogo, durante seu afastamento temporário da equipe após a eliminação para a França na Rússia. Ele pediu para não ser mais chamado e depois voltou atrás.

Já são quase cinco anos desde o último duelo entre Neymar e Messi por suas nações. Sendo assim, aumentam ainda mais as expectativas quanto à performance dos dois na grande decisão de sábado no Maracanã. Ambos estão bem nesta Copa América. Messi é o artilheiro da competição. Neymar tem sido importante no Brasil.

Confira os confrontos

17/11/2010 - Argentina 1 x 0 Brasil (Amistoso)

Em partida realizada no Catar, a seleção argentina venceu a brasileira com gol de Messi. Mano Menezes era o técnico à época, e Neymar era apenas um menino de 18 anos que surgia no Santos ao lado de Paulo Henrique Ganso.

09/06/2012 - Argentina 4 x 3 Brasil (Amistoso)

As seleções se enfrentaram nos Estados Unidos. Mais uma vez, Messi brilhou e marcou um hat-trick contra o Brasil. Oscar, Hulk e Rômulo fizeram os gols brasileiros, em um jogo com três viradas de placar. O treinador ainda era Mano Menezes.

11/10/2014 - Brasil 2 x 0 Argentina (Amistoso)

Brasil e Argentina fizeram o Superclássico das Américas no Ninho do Pássaro, em Pequim, na China. Quem esperava que Neymar ou Messi decidissem o jogo se surpreendeu com o desfecho, porque quem marcou duas vezes foi Diego Tardelli, em alta no Atlético-MG. Dunga era o treinador. O goleiro Jefferson defendeu um pênalti do craque argentino.

11/11/2016 - Brasil 3 x 0 Argentina (Eliminatórias)

Em um confronto que tinha mais peso do que os anteriores, as seleções se enfrentaram no Mineirão. Diante de mais de 53 mil espectadores, o Brasil não deu chances à Argentina e bateu os rivais com gols de Neymar, Paulinho e Coutinho.


Estadão terça, 06 de julho de 2021

COPA AMÉRICA: EDERSON EXALTA TRABALHO DEFENSIVO DA SELEÇÃO BRASILEIRA

 

Ederson exalta trabalho defensivo da seleção brasileira na Copa América

Goleiro não foi vazado novamente, agora na vitória sobre o Peru por 1 a 0, pela semifinal

Redação, O Estado de S.Paulo

06 de julho de 2021 | 11h40

Um grande time começa por uma grande defesa. A seleção brasileira enfrentou algumas dificuldades na semifinal da Copa América contra o Peru, na segunda-feira, no estádio do Engenhão, no Rio de Janeiro, mas graças ao bom desempenho defensivo de toda a equipe garantiu uma vaga na decisão. O goleiro Ederson elogiou a dedicação do time inteiro para ajudar a defesa.

"Foi um jogo muito difícil, a equipe entrou muito bem no primeiro tempo. Tivemos completo controle. No segundo, o Peru movimentou um pouco mais sua zona de ataque. Tivemos que sofrer um pouco mais, mas o time estava bem compacto, bem trabalhado, sabia como atacar e defender. Sempre com os 11 porque é isso que faz o nosso time mais especial, mais agressivo, querendo fazer mais gols", declarou.

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Seleção brasileira protocolar chega a mais uma final de Copa América

Seleção brasileira protocolar chega a mais uma final de Copa América

Ederson faz defesa durante o triunfo sobre o Peru por 1 a 0
Ederson faz defesa durante o triunfo sobre o Peru por 1 a 0 Foto: Silvia Izquierdo / AP
 

Na Inglaterra, onde Ederson defende o Manchester City, uma partida sem sofrer gols é chamada de "clean sheet". Líder no quesito na última temporada do Campeonato Inglês, ele ficou com a "Luva de Ouro" da temporada.

Na atual edição da Copa América, ele também é o primeiro, com três partidas sem sofrer gols ao lado de Emi Martínez, da Argentina. No entanto, o argentino foi vazado em um dos quatro jogos que fez. Ederson, por sua vez, não sofreu gol em nenhuma de suas três atuações na Copa América.

Após mais um grande jogo, o goleiro dividiu os méritos com todo o grupo da seleção brasileira. "Foi bom ter passado para a final sem sofrer gols, foi um jogo difícil. A equipe está de parabéns pelo desempenho e pela classificação", contou.

Depois da vitória contra o Peru, a seleção brasileira viaja nesta terça-feira para a Granja Comary, em Teresópolis (RJ), onde se prepara para a grande decisão. No sábado, no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, o Brasil defende o seu título da Copa América contra o vencedor da semifinal entre Argentina e Colômbia.


Estadão segunda, 05 de julho de 2021

COPA AMÉRICA: SELEÇÃO BRASILEIRA TENTA CHEGAR À FINAL DA COPA AMÉRICA - BRASIL ENCARAM OS PERUANOS PELA SEXTA VEZ EM DOIS ANOS

 

Seleção brasileira tenta chegar à final da indesejada Copa América

Após críticas ao torneio, Tite e seus comandados encaram peruanos pela sexta vez em dois anos

Marcio Dolzan / RIO, O Estado de S.Paulo

04 de julho de 2021 | 23h00

Teve protesto, manifesto público e ameaça de rebelião. Tite e os jogadores da seleção brasileira deixaram claro para o presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo, e a torcida que não queriam disputar a Copa América no Brasil. Mas, entraram em campo, acumularam vitórias e, hoje, enfrentam o Peru, a partir das 20h, no Engenhão, em busca de uma vaga na final da Copa América. Será o sexto confronto entre as equipes nos últimos dois anos – e que não se esqueça que, no período, as datas Fifa neste lado do mundo ficaram sem jogos por cerca de 11 meses.

Nos cinco jogos registrados a partir da Copa América de 2019, o Brasil ganhou os quatro confrontos oficiais. No período, a seleção de Tite marcou 16 gols e sofreu apenas quatro. Houve uma derrota por 1 a 0, mas essa no único confronto amistoso, em jogo disputado nos Estados Unidos sem força máxima e num gramado com marcações de futebol americano.

 

Tite, técnico da seleção brasileira, durante jogo na Copa América
Tite, técnico da seleção brasileira, durante jogo na Copa América Foto: Eraldo Peres / AP
 

Se for considerar apenas os jogos de Copa América, o desempenho no placar é ainda mais favorável à seleção brasileira. O time aplicou 5 a 0 na primeira fase da edição de 2019, naquela que fora uma das melhores exibições do Brasil no pós-Copa do Mundo; fez 3 a 1 na decisão; e, no mês passado, aplicou 4 a 0 em jogo válido pela segunda rodada da atual edição.

Os bons números colocam o Brasil como franco favorito pela vaga na decisão do torneio, mas a equipe precisará ter cuidados. Os peruanos tiveram a segunda melhor campanha do Grupo B e têm o terceiro melhor ataque da Copa América, atrás apenas dos brasileiros e dos argentinos.

No jogo de hoje, tanto o técnico Tite quanto Ricardo Gareca terão desfalques. Na semana passada, Gabriel Jesus foi expulso no início do segundo tempo contra o Chile em um lance infantil, e Carrillo levou vermelho na partida com o Paraguai. Assim, ambos cumprirão suspensão automática.

A ausência de Gabriel Jesus obrigará o treinador brasileiro a mais uma vez mexer no setor ofensivo – algo corriqueiro nesta competição. Mas, ainda que não faltem opções ofensivas a Tite, a questão tática sofrerá bastante impacto.

No último jogo, Jesus foi escalado pelo lado direito do ataque, com Roberto Firmino mais centralizado, Richarlison na esquerda e Neymar com funções mais de armação. No intervalo, pouco antes da expulsão de Gabriel Jesus, Firmino saiu para a entrada de Lucas Paquetá.

Agora, sem o atacante do Manchester City, Tite terá de decidir se promove a entrada de Gabigol ou Everton Cebolinha no ataque, mudando o posicionamento de algum dos três jogadores de frente; ou se puxa Neymar para o ataque e coloca Paquetá ou Everton Ribeiro no meio. Autor do gol da apertada vitória por 1 a 0 contra o Chile, são as grandes as chances de Paquetá ser titular hoje.

MUDANÇAS NO ADVERSÁRIO

Na seleção peruana, Gareca também tem dúvidas. O técnico não tem no elenco um jogador com as mesmas características de Carrillo, que atua mais aberto pela direita. Entre as opções, a que se apresenta mais provável é deslocar Cueva para o setor e promover a entrada de Luis Iberico ou Marcos López no flanco esquerdo.


FICHA TÉCNICA

BRASIL X PERU

BRASIL: Ederson; Danilo, Marquinhos, Thiago Silva e Renan Lodi; Casemiro, Fred e Lucas Paquetá (Everton Ribeiro); Richarlison, Roberto Firmino e Neymar. Técnico: Tite.

PERU: Pedro Gallese; Aldo Corzo, Christian Ramos, Alexander Callens e Miguel Trauco; Raziel García, Renato Tapia, Sergio Peña, Yoshimar Yotún e Christian Cueva; Gianluca Lapadula. Técnico: Ricardo Gareca.

HORÁRIO: 20h.

LOCAL: Engenhão, no Rio.


Estadão domingo, 04 de julho de 2021

COPA AMÉRICA: MESSI BRILHA - ARGENTINA FAZ 3 A O NO EQUADOR E AVANÇA À SEMIFINAL

 

Messi brilha, Argentina faz 3 a 0 no Equador e avança à semifinal da Copa América

Principal estrela da competição deu duas assistências antes de anotar golaço de falta em Goiânia

Redação, Estadão Conteúdo

04 de julho de 2021 | 00h19

Lionel Messi foi decisivo neste sábado para a classificação da seleção da Argentina às semifinais da Copa América. Com duas assistências - para De Paul, no primeiro tempo, e Lautaro Martínez, no segundo - e um gol do craque nos minutos finais do craque, o time argentino derrotou o Equador por 3 a 0, no jogo que fechou as quartas de final, no estádio Olímpico Pedro Ludovico, em Goiânia.

Na busca por um título que não conquista desde a Copa América de 1993, a Argentina terá pela frente a Colômbia na partida que vale uma vaga na decisão. O jogo acontecerá nesta terça-feira, às 22 horas, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Na outra semifinal, na segunda, o Brasil encara o Peru, no estádio do Engenhão, no Rio de Janeiro. No outro sábado, a capital carioca receberá a decisão no Maracanã.

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Colômbia vence o Uruguai nos pênaltis e avança às semifinais da Copa América

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Messi deu assistências para De Paul e Lautaro Martínez antes de marcar o próprio gol contra o Equador
Messi deu assistências para De Paul e Lautaro Martínez antes de marcar o próprio gol contra o Equador Foto: Douglas Magno / AFP
 

Em campo, a Argentina impôs o seu estilo desde o início. Foi melhor do que o Equador ao ter mais posse de bola, mais volume, mais finalizações e mais chances claras. Em uma delas, Messi desperdiçou, sozinho, ao acertar a trave. Só que esse erro que ele consertou pouco depois, dando um presente para De Paul marcar aos 39 minutos.

Do outro lado, o Equador teve suas oportunidades de gol nos primeiros 45 minutos, ainda antes de tomar o primeiro gol. Mas o centroavante Valência não teve competência em duas cabeçadas dentro da área.

Com as mudanças feitas pelo técnico Gustavo Alfaro no intervalo, o Equador voltou melhor, criando boas oportunidades. A Argentina esperou para jogar no erro dos rivais e ele aconteceu aos 38 minutos. Di María apertou o zagueiro Hincapié e a bola sobrou para Messi. No dois contra um, o craque faz passe lateral para Lautaro Martínez, que acertou o ângulo esquerdo alto de Galíndez para fazer 2 a 0.

Com a vitória praticamente garantida, ainda houve tempo para Messi deixar o seu. O lance, aos 42 minutos, começou com uma marcação de pênalti de Hincapié em Di María. A jogada foi revista no VAR pelo árbitro brasileiro Wilton Pereira Sampaio, que trocou a penalidade para uma flata na entrada da área e expulsou o equatoriano. Na cobrança, Messi acertou a bola no canto esquerdo de Galíndez, que não conseguiu defender.


FICHA TÉCNICA

ARGENTINA 3 x 0 EQUADOR

ARGENTINA - Emiliano Martínez; Molina, Otamendi, Pezzella e Acuña; Paredes (Guido Rodríguez), Lo Celso (Di María), De Paul, Messi e Nicolás González (Tagliafico); Lautaro Martínez (Agüero). Técnico: Lionel Scaloni.

EQUADOR - Galíndez; Ángelo Preciado (Campana), Arboleda, Hincapié e Palacios (Plata); Gruezo (Estrada), Franco (Caicedo), Jhegson Méndez, Mena e Estupiñán; Valencia. Técnico: Gustavo Alfaro.

GOLS - De Paul, aos 39 minutos do primeiro tempo; Lautaro Martínez, aos 38, e Messi, aos 47 minutos do segundo tempo.

CARTÕES AMARELOS - Nicolás González e Otamendi (Argentina); Estupiñán, Ángelo Preciado e Franco (Equador).

CARTÃO VERMELHO - Hincapié (Equador).

ÁRBITRO - Wilton Pereira Sampaio (Fifa-Brasil).

RENDA E PÚBLICO - Jogo com portões fechados.

LOCAL - Estádio Olímpico Pedro Ludovico, em Goiânia (GO).


Estadão sábado, 03 de julho de 2021

EUROCOPA E COPA AMÉRICA: DISPUTADAS AO MESMO TEMPO, ESCANCARAM DIFERENÇAS

 

Disputadas ao mesmo tempo, Eurocopa e Copa América escancaram diferenças

De um lado, 20 mil torcedores prestigiaram Bélgica x Itália; do outro, 100 pessoas foram ao Engenhão ver Brasil x Chile

Marcio Dolzan/RIO, O Estado de S.Paulo

03 de julho de 2021 | 10h50

Quando a Conmebol decidiu casar seu calendário com o da Uefa a fim de ter seus torneios de seleções disputados ao mesmo tempo, a entidade sul-americana sabia que as comparações seriam inevitáveis. É verdade que ninguém podia prever que a primeira competição concomitante seria no momento em que o mundo tenta se livrar de uma pandemia, mas isso não serve de salvo conduto para uma constatação: há um oceano de distância entre a Eurocopa e a Copa América, e isso não apenas em termos geográficos.

Nesta sexta, horas depois de Bélgica e Itália fazerem um confronto de encher os olhos em Munique, Brasil e Chile se enfrentaram no Engenhão pela mesma fase dos torneios continentais. Cerca de 20 mil pessoas estiveram nas arquibancadas da arena alemã. E pouco mais de 100 nas do estádio carioca - todas devidamente credenciadas, já que não há liberação para torcedores.

 

 

Lorenzo Insigne, atacante da seleção italiana, e Neymar, atacante da seleção brasileira
Disputadas ao mesmo tempo, Eurocopa e Copa América escancaram diferenças. Foto: Andreas Gebert/Reuters; Wilton Junior/Estadão
 

No confronto europeu, os três gols no jogo e o duelo aberto até os minutos finais permitiu closes das câmeras de TV em torcedores aflitos, eufóricos, tensos e animados - o que, no fim das contas, é o que se espera de quem torce. Na partida sul-americana, não havia torcedor para se filmar. E quem esteve nas arquibancadas dividiu a atenção do campo com a da tela dos próprios celulares.

O interesse dividido no Engenhão mostra outra diferença importante entre as atuais edições da Euro e da Copa América. Enquanto por lá o futebol voltou a ser também entretenimento, por aqui ele ainda parece ser protocolar. Quem vai ao estádio pouco está se importando com a diversão. O foco é no futebol como trabalho.

SELEÇÃO

A competição que até esta fase de quartas de final e não empolga pelo menos está servindo para o técnico Tite preparar terreno para a Copa do Mundo do Catar, em 2022. Ainda que na véspera do jogo com o Chile ele tenha garantido que não está pensando no Mundial, a Copa América ajuda o treinador a encontrar alternativas.

Uma delas está nas laterais. Uma hora antes da partida, a comissão técnica informou que Alex Sandro fora vetado devido a uma lesão muscular. Renan Lodi  foi escalado e mais uma vez jogou bem.

O técnico também voltou a lançar mão de Lucas Paquetá, que desde 2019 tem sido chamado. E logo em sua primeira participação, ele abriu o marcador para o Brasil.

Tite passou praticamente o jogo inteiro em pé. Passou a mão no rosto em desaprovação em um lance aos 30 minutos do primeiro tempo, quando o Brasil cedeu um contragolpe, mas de resto demonstrou relativa tranquilidade. Como nas arquibancadas.


Estadão quinta, 01 de julho de 2021

BB KING: VIDA DO MÚSICO FOI A MAIOR VITÓRIA DO BLUES CONTRA OS RACISTAS

 

Vida de BB King foi a maior vitória do blues contra os racistas

No documentário gravado no Brasil em 2004 pelo diretor Ricardo Nauemberg, bluesman lembra de sua infância de abandono e do quanto desafiou a cultura de um país racista para se tornar uma majestade

Julio Maria, O Estado de S.Paulo

01 de julho de 2021 | 05h00

Um dos últimos bluesmen legítimos conhecidos mundialmente, B.B. King se foi em 2015, aos 89 anos, depois de trilhar uma impressionante trajetória. Hoje, só o também guitarrista Buddy Guy, 84 anos, pode lotar casas de shows longe de casa. Homem negro saído da região racista de Indianola, Mississippi, perdeu pai e mãe muito cedo, trabalhou nas lavouras de algodão para sobreviver, viveu sozinho dos 9 aos 14 anos, tocou nas ruas, apanhou por entrar em banheiros de brancos, ousou arranhar as cordas do violão de um reverendo deixado sobre a cama da casa em que vivia, migrou para fazer suas primeiras gravações em Memphis e se tornou uma lenda em vida. B.B. King veio muitas vezes ao Brasil e, ao menos em dez delas, se apresentou na casa de shows Bourbon Street Music Club, em Moema, se tornando o padrinho do estabelecimento. Generoso com jovens estudantes, paciente com jornalistas, recebeu muitos deles em suas vindas e deixou relatos cada vez mais importantes para se entender o legado do blues, a cultura afro-americana mais decisiva e onipresente na formação de todas as outras culturas populares ocidentais de massa, a partir do início do século 20.

 

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Show de BB King no Centro de Convencoes Ulysses Guimaraes em Brasilia, em 2010. Foto: Celso Junior / Estadão

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B.B. King, em sua visita de 2004, falou também ao produtor e diretor de cinema e TV Ricardo Nauenberg. O conteúdo com o áudio das entrevistas foi editado, juntamente com imagens de um show e cenas de arquivo das épocas narradas pelo músico, e transformado em um documentário. Dezessete anos depois da vinda do guitarrista, o filme Black, White and Blues pode ser visto a partir de amanhã, dia 1º, até domingo, 4 de julho. de forma gratuita na plataforma ZYX (www.zyx.solutions). Depois, ele permanece disponível ao preço de R$ 10.

As músicas que surgem ao fundo da narração não são de B.B. King, algo que pode causar alguma estranheza inicial, e o guitarrista só aparece falando mesmo, em close, ao final do documentário. Mas, apesar de ele já ter contado muitas das histórias ao lado de David Ritz em sua ótima autobiografia Corpo e Alma do Blues, lançada no Brasil em 1999, o conteúdo é de enorme impacto ao ser narrado pelo próprio músico.

Ele fala de sua infância com bom humor, apesar dos tons que poderiam deixá-la trágica. Conta que, antes da morte da mãe, seu primeiro contato com um instrumento se deu na casa dos pais. Eles recebiam para jantares de domingo o reverendo Archie Fear, que sempre chegava com o mesmo violão que usava nas celebrações batistas que conduzia na igreja local. Quando a mesa estava posta, Fear deixava o instrumento na cama do quarto e B.B. King, então chamado pela família pelo nome de batismo, Riley, mexia em suas cordas. Até o dia em que foi surpreendido. “Ele me ensinou três acordes. Acordes que uso até hoje.” Era a sequência básica do blues, sobre a qual repousaria seus solos pelos próximos 80 anos.

B.B. King seguiu indo para a escola após a partida da mãe, mas trabalhou bastante para a mesma família. “Eu ia para a escola depois de ordenhar 20 vacas por dia.” Depois de aprender a dirigir um trator, ainda em Indianola, se tornou um popstar. “Um motorista de trator era como uma estrela na época”, conta, sorrindo. Foi quando passou a ganhar 22 dólares por semana, o que não era pouco, mas que logo seria menos do que passaria a receber tocando nas ruas para o espanto de passantes negros e brancos. “Isso me fez ter outro plano de vida.”

  


Alguns traços da personalidade do guitarrista ficam evidentes em sua narrativa. Ao contrário do que se idealizou sobre sua imagem, B.B. King nunca foi um militante racial de liderar massas. Ele conta ter tido sempre mais simpatias pelo humanismo de Martin Luther King do que pelo belicismo de Malcom X e revela ter feito muitos shows para “arrecadar dinheiro para tirar pessoas da cadeia.” Seu engajamento era sua própria existência. Mesmo sem discursar nos palcos, sua aura pacifista desarmava os meninos brancos de cabelos compridos ao ponto de fazê-los todos lotarem um clube de blues em São Francisco.

Ao chegar para a apresentação e avistar a fila na porta, ele disse ao empresário: “Acho que estamos no lugar errado”. Mas não, era ali mesmo. Os jovens brancos norte-americanos, depois de ouvirem os ingleses do Who, dos Rolling Stones e dos Beatles falando de B.B. King, e ainda Eric Clapton, Jeff Beck, John Mayall, Animals, Jimmy Page e todos querendo ser B.B. King por ao menos alguns compassos, correram para saber quem era B.B. King. A história não deixa de ser triste: a validação do músico nos Estados Unidos só acontece depois de os brancos ingleses dizerem que ele prestava. A validação dos negros não bastava. Anos antes da noite em São Francisco, na qual B.B. King chorou copiosamente depois de ser apresentado com reverências reais no início do show, ele foi vaiado violentamente na mesma situação. Aquilo o destruiu. Além de ser negro, era um bluesman. E assim, ele conclui: “Se você é um músico de blues e é negro, é como se você fosse negro duas vezes”.

O filme de Nauenberg, apesar de ter suas imagens captadas em 2004, atualiza-se no discurso de King. Um dos primeiros artistas a tocar para plateias mistas nos Estados Unidos, B.B. King sabia o valor de uma história bem contada. Ao receber jornalistas e jovens fãs, valorizava cada palavra por saber exatamente as dores do silêncio. Sua postura, para além das questões raciais embrenhadas em cada passo que dava, é também uma lição aos artistas encastelados. B.B. King tratava quem queria ouvi-lo com gratidão, jamais com desprezo. E a frase que diz ao final do filme Black, White and Blues é um ensinamento sublime: “Antigamente, ninguém queria ouvir o que eu tinha para dizer. Hoje, vocês tomaram um tempo para virem até aqui e conversar comigo. Eu queria agradecer por vocês terem feito isso”. Além de aprovar o filme, o artista pediu que ele fosse exibido no B.B. King Museum, um local em Indianola que tenta pagar uma parte ínfima da conta eterna com seu filho ao celebrar sua trajetória.

A noite em que foi vaiado em uma casa de shows dos Estados Unidos por ser negro se tornou um marco para Dr. King. Ao falar sobre ela, sua voz cai alguns tons. Assim que se recompôs no palco, lembra que olhou para seus músicos e começou a tocar Sweet Sexteen em lágrimas. Um de seus blues mais famosos é um lamento cortante, como em quase todos os blues, por uma mulher que se vai, deixando o amante em pedaços. Mas, naquela noite, uma das estrofes ganhou outro sentido.

King conta que, depois de ser vaiado, os versos a seguir foram cantados para os garotos que desdenharam de sua cor, de seu povo e de sua história: “Você pode me tratar mal, baby / Mas eu vou continuar te amando do mesmo jeito / Você pode me tratar mal / Mas eu vou continuar te amando do mesmo jeito / Mas, dia desses, baby / você vai dar um monte de dinheiro para ouvir alguém chamar meu nome”. As entradas para ver B.B. King, pagas por negros e brancos, poderiam passar dos R$ 1 mil em seus últimos shows.White 


Estadão quarta, 30 de junho de 2021

JOACHIM LÖW: FIN DE UMA ERA - APÓS 15 ANOS, TÉCNICO DA ALEMANHA DEIXA O CARGO, AO VER SEU TIME DAR ADEUS À EUROCOPA

 

Fim de uma era: brasileiros jamais vão se esquecer de Joachim Löw, técnico da Alemanha no dia mais triste da seleção, o 7 a 1

Após 15 anos, treinador deixa o cargo após seu time dar adeus à Eurocopa com derrota para a Inglaterra por 2 a 0 

Robson Morelli

30 de junho de 2021 | 09h10

 

Foto: Sebastião Moreira/EFE

Chegou ao fim a era de Joachim Löw no comando da seleção da Alemanha. Ele ficou 15 anos no cargo e deixa um legado de conquistas, organização e uso de bons jogadores. Os brasileiros jamais vão se esquecer de Löw. Ele ganhou no Maracanã a Copa do Mundo de 2014, superando a Argentina por 1 a 0.

 

Estava no banco no reservas do Mineirão naquele 8 de julho, quando o Brasil viveu talvez o dia mais triste de sua história com a seleção, ao perder de 7 a 1. O narrador Galvão Bueno, de Rede Globo, inventou ali mesmo, durante a partida, um novo jargão que correu o País: “gol da Alemanha”, tamanha sua surpresa com o que estava acontecendo em campo. Para quem quer rever o confronto, abaixo os melhores momentos na narração desse grande profissional.

 

 

 


Estadão terça, 29 de junho de 2021

KIKA SEIXAS: BIOGRAFIA DE UMA DAS MULHERES DE RAUL REVELA O MITO ENGOLINDO O HOMEM

 

Biografia de Kika Seixas revela o Raul mito engolindo o homem

'Coisas do Coração' trata-se de uma autobiografia que narra, pelas memórias de uma das mulheres do cantor e compositor baiano, a angústia de vê-lo ser transformado pelas drogas e pela bebida

Julio Maria , O Estado de S.Paulo

28 de junho de 2021 | 20h00

Um dos baús mais bem guardados de todos os baús deixados por Raul Seixas, as memórias de Kika Seixas, casada com o artista baiano entre 1979 e 1984 e com quem teve a filha Vivian Seixas, renderam um importante livro aos fãs e pesquisadores da música brasileira. Apenas Kika pode falar com propriedade e emoção, para além de documentos, entrevistas e imagens nas quais outras biografias se baseiam, dos instantes íntimos de glórias e das muitas quedas de Raul, uma das personalidades mais complexas e desafiadoras do pop brasileiro, o ser que encerrou a mais perfeita tradução do espírito rock and roll em seus limites e entregas desde que os primeiros roqueiros começaram a surgir. Ninguém foi mais longe nisso por aqui, conforme as memórias de Kika reforçam, do que Raul Seixas.

 

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Raul em imagem do livro Foto: Editora UBook
 

Antes da leitura, é bom não cair em uma querela semântica. Coisas do Coração, o nome do livro, é, antes de ser uma nova biografia de Raul, uma autobiografia de Kika Seixas. Claro que as duas histórias se entrelaçam e correm juntas, mas a narrativa em primeira pessoa feita por Kika, em parceria e ajudas no texto, apuração e organização de Toninho Buda, a torna mais íntima, dramática e sem o distanciamento diplomático que as biografias precisam ter de seus biografados. Existem ali também os documentos e inserções de reportagens sobre Raul, mas, a partir do instante em que o músico passa sobretudo a beber mais e a sentir os sinais de uma deterioração do corpo e da mente, o livro se torna corajosamente angustiante.

 

erosão da figura de Raul Seixas pela ação da cocaína e do álcool consumidos em doses incessantes não é uma novidade, mas a força que estes episódios ganham ao serem contados por quem viveu a seu lado com uma filha pequena é cortante. O texto não tem os subterfúgios do humor que Rita Lee, por exemplo, consegue imprimir magistralmente à sua biografia. Kika e Toninho narram tudo, mesmo os episódios da infância do roqueiro, com a tensão do que está por vir. Depois de narrar o episódio de 1982, no qual Raul se tornou suspeito de não ser Raul para cerca de 300 fãs que assistiam a seu show em Caieiras – uma cinematográfica passagem em que, de tão bêbado, Raul, ameaçado de espancamento, acabou sendo conduzido à delegacia e preso até provar que era ele mesmo –, Kika expõe, pela primeira vez, suas impressões devastadoras: “Essas situações complicadas, como esse episódio de Caieiras, só me deram mais certeza de que ele estava bebendo descontroladamente e sem condições de administrar situações e conflitos. Não conseguia se apresentar de forma minimamente decente: saía do compasso, deixava os músicos desorientados e isso transparecia para o público e comprometia tudo”. Algumas linhas à frente, ela aperta: “Raul usava a cocaína como estimulante e se sentia melhor, mas depois ficava extremamente deprimido pela falta de canalização de sua criatividade, pois não estava gravando nem fazendo shows. Com isso, ele afundava cada vez mais no álcool e na depressão”. Até chegar ao fato que só os cônjuges podem relatar: “Um dia, percebi que ele se trancava no banheiro para tomar o álcool de limpeza que eu comprava no supermercado”.

Numa conversa com a reportagem há alguns anos, o compositor e guitarrista Roberto Menescal falou sobre o dia em que percebeu que Raul Seixas, o personagem, havia engolido o homem. Raul apontou para o céu e perguntou se Roberto não estava vendo o mesmo disco voador que ele via. O bossa-novista disse que não, mas percebeu que, mesmo sem estar aparentemente embriagado ou drogado, Raul acreditava seguramente na imagem de um disco voador. “Ali, percebi que o homem havia dado lugar ao personagem”, disse Menescal. 

Raul, assim, teria sucumbido ao próprio mito que viu nascer em sua aura, a partir de um determinado momento, à sua revelia? Kika conta no livro que ele se incomodava muito com as pessoas que chegavam querendo tocá-lo ou beijar sua mão. Era, em tese, a imagem da idolatria à qual ele mesmo ridicularizava na essência de suas músicas. Mas um fato aparente é que Raul, o pai da pequena Vivian e marido de Kika, não conseguiu ser mais forte do que o Raul imagem e estereótipo esponja do mais fiel conceito de roqueiro autodestrutivo que dizia respeito a muitos de seus fãs. Quando esse Raul existia da porta de casa para fora, as cenas e causos que protagonizava poderiam até alimentar um anedotário delicioso de ser narrado. O problema era quando estava diante de suas duas meninas, Kika e Vivian. “Eu ainda tenho vontade de chorar quando me lembro”, diz Kika ao Estadão. “A gente foi se afastando, ele foi se afastando.”

Uma história linda de pai e filha, aparentemente corriqueira mas tão singela, conta do dia em que o peixinho de Vivian morreu no aquário da casa. Para que ela não ficasse triste, Raul criou uma fábula fascinante, que terminava com a mãe do peixinho vindo buscá-lo enquanto Vivian dormia. Esse era o pai Raul, até que as coisas começaram a mudar. “Era como se a bebida trouxesse uma espécie de outro Raul, o personagem. Ele voltava para casa e já não era mais aquele homem amoroso. O palco queria isso dele. Quando vi que não teria mais jeito, eu fui embora.” Raul representava personagens mesmo diante de especialistas viabilizados por Kika para que ele pudesse se tratar. “Ele entrava no consultório diante de um ou dois médicos e não se abria, não falava, não aceitava o alcoolismo. Um dia, uma médica homeopata me disse: ‘Ele não fala, está sempre representando’.”

Antes mesmo de começar a entrevista com o Estadão, Kika faz um agradecimento ao jornalista. Ela se lembra de um instante em que apenas a Gravadora Eldorado, braço fonográfico do Grupo Estado, ligou fazendo um convite a Raul. “Um rapaz chamado João Lara Mesquita, que eu não conhecia, nos ligou. Era 1982, Raul tinha lançado o álbum Abre-te Sésamo, e tido uma crise de pancreatite. O disco não emplacou e ele havia ficado no hospital muito deprimido. Esse convite da Eldorado nos chamando a lançar um álbum quando ninguém queria Raul foi um gesto lindo, temos uma gratidão eterna.” A história é contada no livro com mais detalhes.

Kika fala também do quanto o roqueiro também baiano Marcelo Nova, do Camisa de Vênus, foi importante na fase final de Raul, levando-o para gravar o elogiado álbum A Panela do Diabo, lançado em 1989. Ao ser visto ao lado de um Raul já bastante debilitado à época, indo cantar até no Domingão do Faustão, Marcelo foi acusado por parte dos fãs de ser uma espécie de aproveitador. “Foi um enorme erro duvidar de Marcelo Nova. Ele colocou o Raul de volta ao palco, o protegeu. O tirou do nada e lhe deu um disco de ouro. Por isso, Raul o chamava de Marceleza.”

Um material inédito são as cartas que a mãe de Raul, Maria Eugênia, enviou para Kika. Elas estavam guardadas com a autora e trazem um conteúdo comovente. Kika fala das composições feitas em parceria com Raul, dos traumas de infância do parceiro, de sua busca por uma pensão para a filha Vivi depois da separação do casal e da tensão da partilha após a morte do artista. Um livro que expõe uma valiosa peça no grande quebra-cabeça de muitas publicações que se tornam histórias tão profundas como as de Raul Seixas.

‘RAUL SEIXAS EXPERIENCE’ SERÁ EM 2022

Kika Seixas, mesmo depois de revirar o baú de Raul Seixas, que recebeu da mãe do artista, Maria Eugênia, afirma que ainda há muito a ser mostrado. Ela fala sempre da importância de São Paulo na carreira do músico, onde ele realmente teria sido recebido e abraçado como em nenhum outro canto de sua trajetória (a afirmação sempre traz rusgas com fãs baianos) e da vontade de fazer uma grande homenagem ao artista na capital paulista. Sendo assim, Kika revela que a maior experiência memorialística feita a Raul está sendo preparada para ser realizada em São Paulo, em 2022.

A Raul Seixas Experience, “única imersão biográfica na carreira do pai do rock nacional aprovada pelas herdeiras de Raul Seixas, Vivi Seixas, Scarlet Seixas e Simone Seixas”, como é apresentada pelos organizadores, está sendo programada para junho do ano que vem.

A mostra será montada sobre uma área com cerca de 900 metros quadrados, ambientes temáticos, música, interatividade e realidade aumentada “para levar o fã a uma experiência única, além, claro, de mais de 4.500 objetos pessoais catalogados originais, desde manuscritos a vídeos inéditos, música, roupas, instrumentos e muito mais para levar o público à loucura”.

Depois de estrear em São Paulo, em data e local ainda não divulgados por estarem em estudo, a mostra seguirá para Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre e Brasília antes de finalizar em Salvador.

A empresa responsável será o Grupo Tacatinta, do diretor artístico Branco Gualberto. Ele fala ao Estadão sobre a montagem: “A importância deste tipo de evento para Raul, desta natureza, é a de proporcionar ao público uma imersão na vida e obra de um dos maiores artistas do Brasil, imersão esta que vai ser contada em ordem biográfica, com um acervo de cerca de 4 mil peças, entre muitos manuscritos. Vamos também reconstruir locais (que fizeram parte da trajetória do músico). Assim, o público poderá sentir como era na época, por exemplo, o famoso Elvis Rock Club e até poder fazer uma viagem na nave do Plunct, Plact, Zum”. / J.M.


Estadão segunda, 28 de junho de 2021

BRITNEY SPEARS: O QUE A ATRIZ ENFRENTOU NÃO TERIA ACONTECIDO A UM HOMEM

 

O que Britney Spears enfrentou não teria acontecido a um homem

Artistas masculinos costumam ser presumidos como competentes e capazes, não importando seu passado; já as mulheres têm que provar várias vezes sua competência e sanidade

Helaine Olen , Washington Post

27 de junho de 2021 | 14h00

Sejamos claros: o que aconteceu a Britney Spears jamais teria acontecido com uma versão masculina de Britney Spears.

Em 24 minutos de um devastador testemunho perante a corte nesta semana, Spears descreveu em detalhes gráficos uma rígida existência, resultado de uma tutela à qual foi submetida desde 2008, após seu infame colapso. A tutela, conduzida por seu pai - e à qual Spears tem procurado colocar um fim por anos, de acordo com reportagem do New York Times - tem controlado quase todos os aspectos de sua vida desde então - uma vida em que ela, ao menos em alguns momentos, não pode carregar seu próprio cartão de crédito, telefone ou passaporte sem permissão, mesmo se ela for forçada a se apresentar em casas de show lucrativas em Las Vegas, às vezes contra a sua vontade.

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Na corte, Britney descreveu uma vida sem privacidade. Ela foi informada de que não poderia tirar férias em Maui a não ser que concordasse em ver um terapeuta pessoalmente duas vezes por semana. Ela não poderia dirigir o carro do namorado sem permissão. Em um momento particularmente arrepiante, ela informou ao juiz que gostaria de casar e ter outro filho - ela já tem dois - mas a tutela não concordou em  deixá-la remover seu DIU [dispositivo contraceptivo]. 

 
 

Isso não é mero paternalismo. É violação de direitos humanos. E totalmente assustador.

 

Britney Spears
Britney Spears em foto de 2019; cantora depôs a tribunal sobre sua tutela Foto: Jordan Strauss/Invision/AP

Agora pense nos incontáveis artistas homens que embarcaram em aparições públicas enlouquecidas, vício em drogas ou comportamento emocionalmente perturbado. Em poucos segundos, posso citar Michael JacksonKanye West e Robert Downey Jr., que uma vez foi levado pela polícia após entrar na casa de um vizinho pelado e dormir na cama de uma criança. Quando ligaram para o 911 [número da polícia nos Estados Unidos], você podia ouví-lo roncando ao fundo.

Há então o pai de Britney, Jamie - um homem tão raivosamente inapropriado que o ex-marido de Spears pediu e recebeu uma ordem de restrição para mantê-lo longe de seus dois filhos. 

A teoria da gestão mostrou que homens costumam ser presumidos como competentes e capazes, não importando seu passado. Nós, mulheres, por outro lado, temos que provar várias e várias vezes: nossa competência, nossa perspicácia financeira, nossa sanidade. E tutelas e comprometimentos involuntários foram usados ao longo da história para controlar homens e tomar o controle de suas finanças.

Spears - razoavelmente - gostaria de encerrar aquilo que ela considera um controle inadequado de sua vida e dinheiro. Até agora, sem sorte. "São 13 anos", ela contou à corte. "Não faz sentido algum para o Estado da Califórnia literalmente me vigiar... Dar sustento a tantas pessoas, e pagar tantas pessoas... E ser contado de que não sou boa o bastante".

Nós não temos como saber se tudo que Britney Spears contou à corte é preciso. Mas há várias evidências que sugerem que ela não está exagerando. Spears paga as contas e despesas legais de seu pai. Seu pai ganha uma taxa administrativa em acordos que comissiona por ela. Seus advogados recentemente cobraram-na em US$ 890 mil por quatro meses de trabalho.  

O advogado de Britney, a quem ela não escolheu, ganhou mais que US$ 3 milhões desde que começou a representá-la em 2008. Ela diz que ele nunca informou-a de que ela tinha o direito de contestar a situação legal. Nós só temos a sua palavra quanto a isso, mas é válido citar que o Times notificou o advogado de Spears por reportar Britney aos advogados de seu pai por - espere por isso - falar um palavrão em frente aos seus filhos. (Se isso realmente fosse um padrão parental, eu teria perdido o direito de ficar com meus filhos sem supervisão meses após seus nascimentos). 

Britney, enquanto isso, recebe uma mesada de US$ 2 mil por semana, mesmo que seu patrimônio tenha atingido US$ 60 milhões, e ela tenha lançado múltiplos álbuns entre os mais vendidos e se apresentado centenas, se não milhares de vezes. 

Nós não sabemos os verdadeiros detalhes da saúde mental de Britney Spears. Mas parece altamente improvável que o controle exercido pela tutela seja necessário ou certo.

Geralmente, o meio das celebridades ou Hollywood providencia o atendimento de todos os desejos de uma estrela, não importa o quão estranhos. No caso de Spears, ocorre o oposto. Essa suposta mulher louca no sótão está bancando um elenco de milhares enquanto eles lucram mantendo sua benfeitora prisioneira. É material para um filme de terror.

É fácil para muitos repudiar os obssessivos fãs por trás do movimento #FreeBritney. Em uma era de aceitação semi-massiva de teorias da conspiração, essa se parecia com qualquer outra - o conto gótico de uma cantora presa por uma tutela legal feita ostensivamente para protegê-la. Agora, ao que parece, a história é pior do que qualquer um imaginava.

Spears tem 39 anos de idade. Ela passou a maior parte de sua vida adulta cativa a esse acordo. "Eu mereço ter uma vida", ela disse à corte. Sem dúvida ela merece - mesmo que isso implique com que ela se relacione com homens inapropriados ou desperdice a sua fortuna. É a vida dela, e isso deveria ser sua escolha.

Estou com os fãs. Já passou do tempo de termos #FreeBritney (Britney livre).


Estadão domingo, 27 de junho de 2021

OLIMPÍADAS 2021: VÔLEI - SHEILLA COMENTA AUSÊNCIA NA CONVOCAÇÃO: MISTO DE SENSAÇÕES

 

Sheilla comenta ausência na convocação para a Olimpíada: 'misto de sensações'

Oposta ressalta que respeita decisão de Zé Roberto Guimarães e que seguirá torcendo e encorajando colegas

Redação, O Estado de S.Paulo

26 de junho de 2021 | 23h43

Estrela da seleção feminina de vôlei por muitos anos, a oposta Sheilla Castro comentou a sua ausência na lista das 12 convocadas do técnico José Roberto Guimarães para os Jogos de Tóquio. A atleta de 37 anos destacou que é a primeira vez que fica fora, mas que respeita a decisão do treinador e estará torcendo pelo time que entrar em quadra.

"Pela primeira vez venho escrever de um lado que eu nunca passei em toda minha carreira, não faço parte das doze para os Jogos Olímpicos. Um misto de emoção nesse momento", começou Sheilla em postagem no Instagram.

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Sheilla Castro, jogadora da seleção brasileira de vôlei
Sheilla Castro, jogadora da seleção brasileira de vôlei
 

Na sequência, a oposta explicou porque aceitou a convocação para a Liga das Nações, na qual o Brasil foi vice-campeão - perdeu para os Estados Unidos por 3 sets a 1 na final. "Amo o vôlei e meu coração sempre estará jogando pelo meu País dentro de quadra ou não. Eu sabia que o desafio da seleção esse ano era grande e que seria necessário usar todos os recursos disponíveis para tentar estar entre as 12 e buscar uma medalha. E desde o momento que falei sim, entrei 100% e me dediquei, doei o máximo para servir meu País. E entendo que esse era o meu papel, assim como a comissão possui o papel de montar o melhor time para o Brasil", conformou-se.

"Volto para casa com a sensação de dever cumprido, porque sempre fiz e farei tudo pelo meu primeiro amor que é o vôlei e pelo meu País. Ah e se me perguntarem se eu recebesse uma nova convocação, se voltaria? A resposta seria, sim e com certeza. Porque eu jamais deixaria meu País na mão", continua, antes de finalizar dizendo que seguirá encorajando as companheiras que disputarem os Jogos.

Pela seleção brasileira de vôlei, Sheilla foi bicampeã olímpica em 2008 e 2012, entre diversos outros títulos.


Estadão sábado, 26 de junho de 2021

SEMANA TEM MAIS VELOZES & FURIOSOS, FILMES BRASILEIROS E A REABERTURA DO BELAS ARTES

 

Semana tem mais Velozes&Furiosos, filmes brasileiros e a reabertura do Belas Artes

No streaming, também não faltam novidades, com o Telecine abrindo o sinal, e a Reserva Imovision disponibilizando sete longas de Hirokazu Koreeda

Mariane Morisawa, Especial para o Estadão

25 de junho de 2021 | 05h00

Fast & Furious
Nathalie Emmanuel (e) e Vin Diesel em cena de 'Velozes e Furiosos 9' Foto: Giles Keyte/EFE

Já são nove os filmes da saga Velozes &Furiosos, mas o público não dá sinais de cansaço – o longa anterior fez a maior bilheteria do ano no Brasil. Com Justin Lin de volta à direção, revela que Dom (Vin Diesel) tem um irmão, Jakob (John Cena) – e eles não se dão.

Ainda nos cinemas, estreiam os brasileiros Noites de Alface, com Marieta Severo, e 4x100 – Correndo por um Sonho, além da pré-estreia de Anna, de Heitor Dhalia. O Petra Belas Artes reabre com uma programação especial. 

No streaming, também não faltam novidades, com o Telecine abrindo o sinal, e a Reserva Imovision disponibilizando sete longas de Hirokazu Koreeda.

 
 

Pré-estreia

 

Anna

Dir. Heitor Dhalia. Dez anos atrás, Arthur (Boy Olmi) tentou montar Hamlet, de William Shakespeare, mas, por conta de conflitos surgidos nos ensaios com sua atriz principal, teve de desistir. Agora, ele tenta novamente, com Anna (Bela Leindecker) no papel de Ofélia. 

Estreias

Velozes & Furiosos 9

Dir. Justin Lin. Dom (Vin Diesel) e Letty (Michelle Rodriguez) tentam viver na calmaria junto com seu filho, mas são chamados de volta à ação quando Jakob (John Cena), irmão mais novo dele, aparece jurando vingança, sob comando de Cipher (Charlize Theron).

Noites de Alface

Dir. Zeca Ferreira. Numa pacata cidade do interior, o carteiro some repentinamente, atiçando a imaginação do reservado Otto (Everaldo Pontes), que mora com sua mulher Ada (Marieta Severo). 

4x100 – Correndo por um Sonho

Dir. Tomás Portella. Ao lado de Rita (Roberta Alonso), Bia (Priscila Steinman) e Cíntia Rosa (Jaciara), Maria Lúcia (Fernanda de Freitas) e Adriana (Thalita Carauta) fracassaram numa competição. Anos mais tarde, elas têm de superar suas desavenças para a Olimpíada de 2021 em Tóquio.

Os Melhores Anos de uma Vida

Dir. Claude Lelouch. O longa reencontra os personagens Jean-Louis Duroc (Jean-Louis Trintignant) e Anne Gauthier (Anouk Aimée), cinquenta anos após Um Homem, Uma Mulher (1966), vencedor do Oscar de filme em língua estrangeira e de roteiro, e que teve uma continuação em 1986 (Um Homem, Uma Mulher – 20 Anos Depois).

Reabertura do Petra Belas Artes

O cinema preparou uma programação especial, que contém pré-estreias como Caros Camaradas, de Andrey Konchalovsky, e O Charlatão, de Agnieszka Holland, a reestreia de Apocalipse Now, de Francis Ford Coppola, uma seleção de musicais como Ritmo LoucoCinderela em ParisUm Dia em Nova York e Sinfonia em Paris, e uma mostra da Warner com produções como Sonhos, de Akira Kurosawa, e Uma Rua Chamada Pecado, de Elia Kazan.

Streaming

Sinal aberto

Até 4 de julho, os seis canais do Telecine e a plataforma de streaming estão abertos para os assinantes das operadoras Claro, SKY, Vivo, Oi, Life, TVN, Ver TV e WSP e os serviços de streaming OTT DIRECTV GO e Claro Box. Entre os destaques do fim de semana estão Na Mira do Perigo, com Liam Neeson.

Hirokazu Koreeda

O maior cineasta japonês dos dias de hoje tem sete de seus 14 longas de ficção, que abordam temas como família, crise, solidão, incluídos no catálogo da plataforma: Boneca Inflável (2009), O Que Eu Mais Desejo (2011), Pais &Filhos (2013), Nossa Irmã Mais Nova (2015), Depois Da Tempestade (2016), O Terceiro Assassinato (2017) e Assunto De Família (2018). Na Reserva Imovision. 

Barco para a Liberdade

Dir. Rodd Rathjen. No filme exibido no Festival de Berlim de 2019, um adolescente parte de uma região rural do Camboja para o exterior. Ele acaba num navio pesqueiro, onde sofre abusos e péssimas condições de trabalho. No Belas Artes à La Carte.

Algo Acontece

Dir. Anne Alix. Inédito no Brasil, o longa francês traz o encontro improvável da deslocada Irma (Bojena Horackova) com Dolores (Lola Dueñas), que escreve um guia de viagem voltado para a comunidade LGBTQIA+. As duas partem numa aventura pela Provença. Na Supo Mungam Plus.

Mary J. Blige’s My Life

Dir. Vanessa Roth. A artista revisita seu grande sucesso, My Life, lançado há 25 anos, comenta como sua vida serviu de inspiração para o disco e discute como tudo mudou desde então, além de fazer uma apresentação ao vivo do álbum. No Amazon Prime Video. 

Wolfgang: O Chef Celebridade

Dir. David Gelb. Documentário do diretor de Jiro Dreams of Sushi sobre o chef Wolfgang Puck, que saiu da Áustria para os Estados Unidos, revolucionando a cozinha americana. No Disney+.

A Vida Solitária de Antonio Ligabue

Dir. Giorgio Diritti. Elio Germano ganhou o Urso de Prata de ator em 2020 por sua interpretação do pintor suíço com problemas de saúde mental que viveu na pobreza, mas insistiu em fazer sua arte. No Cinema Virtual. 

Ponto Zero

Dir. José Pedro Goulart. Participante do Festival de Locarno, o longa-metragem do diretor de O Dia que Dorival Encarou a Guarda, feito em parceria com Jorge Furtado, fala do adolescente Ênio (Sandro Aliprandini), que passa por uma transformação ao escapar do ambiente claustrofóbico da família. No Now, Vivo Play, Looke e Amazon Prime Video.

Traídos pela Guerra

Dir. Eirik Svensson. Baseado na história real da família Braude, mostra a invasão da Noruega pelos alemães em 1942 e a deportação de centenas de judeus para Auschwitz. No Now, Vivo Play, Sky Play, iTunes, Google Play e YouTube Filmes.


Estadão sexta, 25 de junho de 2021

COPA AMÉRICA: URUGUAI OSCILA NO ATAQUE, MAS SUPERA A BOLÍVIA

 

Copa América: Uruguai oscila no ataque, mas supera Bolívia e vence pela 1ª vez na Copa América

Equipe celeste derrotou seleção boliviana por 2 a 0 na Arena Pantanal, em Cuiabá

Felipe Rosa Mendes, Estadao Conteudo

24 de junho de 2021 | 20h08

Em duelo de seleções que ainda não haviam vencido nesta Copa América, o Uruguai fez valer a tradição e seu melhor futebol para superar a Bolívia por 2 a 0, nesta quinta-feira. Liderado por Luis Suárez e Edinson Cavani, o ataque uruguaio sofreu no primeiro tempo, mas deslanchou na etapa final e poderia ter saído da Arena Pantanal, em Cuiabá, com uma goleada.

Sem esconder o desgaste físico, após uma temporada dura na Europa, os dois atacantes foram discretos no primeiro tempo. O Uruguai "precisou" de um gol contra para abrir o placar. O segundo tempo teve roteiro diferente, com chances incríveis desperdiçadas e até lampejos de genialidade de Suárez. Cavani acabou anotando o segundo gol.

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Uruguai venceu a Bolívia por 2 a 0 pela Copa América Foto: Douglas Magno/AFP
 

Foi o suficiente para o Uruguai chegar aos quatro pontos, na provisória terceira colocação do Grupo A. O Chile, que enfrenta o Paraguai ainda nesta quinta, pode superar os uruguaios na tabela. Já a Bolívia segue como a única seleção ainda sem pontuar na competição.

O time boliviano foi um dos mais afetados pela covid-19 nesta Copa América. Mas, nesta quinta, voltou a contar com três reforços, recuperados da nova doença. Entre eles estão o meia Henry Vaca e o atacante Marcelo Moreno, que entraram no segundo tempo. O zagueiro Haquín não saiu do banco de reservas.

Como era de se esperar, o Uruguai controlou o jogo e se impôs diante da Bolívia, pior time da competição até agora, no primeiro tempo. Mesmo longe de fazer grande atuação, os uruguaios dominavam a posse de bola, povoavam o meio-campo e praticamente só jogavam no campo de adversário.

Com Arrascaeta sem empolgar, Vecino, De La Cruz e Valverde comandavam a equipe, principalmente o último. Valverde era o motor do time, criando as principais jogadas. O esforço do jogador do Real Madrid, contudo, não era acompanhado por Suárez e Cavani. A dupla demonstrava desgaste físico e falta de ritmo de jogo.

Somente nos minutos finais do primeiro tempo os dois começaram a aparecer melhor em campo, com chances de gol. Antes disso, foram seguidos erros inesperados e oportunidades desperdiçadas que não costumam fazer parte do currículo de ambos. O melhor exemplo disso aconteceu aos 20, quando Cavani se enrolou sozinho com a bola quando tentava driblar o goleiro Lampe.

Se os atacantes não ajudavam, a defesa boliviana resolveu ajudar. Aos 39, em jogada de Valverde e Arrascaeta, Quinteros se antecipou a Cavani, que surgia na segunda trave, e completou rasteiro contra as próprias redes.

O gol parece ter deixado o ataque uruguaio mais solto no segundo tempo. Com a vantagem no placar, Suárez e Cavani chegavam com mais perigo. O primeiro quase fez lindo gol de cobertura, aos 11, ao perceber Lampe adiantado. O goleiro se destacou também em outro lance de Suárez, aos 15, e de Bentancur, aos 20.

Substituto de Arrascaeta, na metade do segundo tempo, Facundo Torres também desperdiçou chances, aos 30 e aos 32. As chances começavam a se acumular, o jogo se tornava mais aberto e a Bolívia tentava se insinuar no ataque, com a entrada de Marcelo Moreno no jogo.

E, quando o jogo se tornava perigoso para os uruguaios, veio o segundo gol. Em rápida jogada pela esquerda, Torres cruzou na área e Cavani completou para as redes, aos 33, selando a vitória.

Na última rodada do grupo, o Uruguai vai enfrentar o Paraguai no Engenhão, enquanto os bolivianos vão duelar com a Argentina, na Arena Pantanal. Os dois jogos serão disputadas às 21 horas da próxima segunda-feira.

FICHA TÉCNICA:

BOLÍVIA 0 x 2 URUGUAI

BOLÍVIA - Lampe; Villarroel (Danny Bejarano), Quinteros, Jusino, Roberto Fernández (Flores); Leonel Justiniano, Ramiro Vaca, Saavedra, Juan Arce (Junior Sánchez); Chura (Henry Vaca) e Rodrigo Ramallo (Marcelo Moreno). Técnico: César Farias.

URUGUAI - Muslera; Giménez, Godín, Viña, Nández (Giovanni González); Vecino, Valverde, De La Cruz (Bentancur), Arrascaeta (Facundo Torres); Luis Suárez (Maxi Gómez) e Cavani. Técnico: Óscar Tabárez.

GOLS - Quinteros (contra), aos 39 minutos do primeiro tempo. Cavani, aos 33 minutos do segundo tempo.

CARTÕES AMARELOS - Chura, Henry Vaca.

ÁRBITRO - Alexis Herrera (Venezuela).

RENDA E PÚBLICO - Jogo sem torcida.

LOCAL - Arena Pantanal, em Cuiabá (MT).


Estadão quinta, 24 de junho de 2021

TEATRO MUNICIPAL REABRE AO PÚBLICO E ANUNCIA PROGRAMAÇÃO PARA 2021

 

Teatro Municipal reabre ao público e anuncia programação para 2021

Complexo vai apresentar três óperas no segundo semestre em primeira temporada sob gestão da OS Sustenidos

João Luiz Sampaio , Especial para o Estadão

24 de junho de 2021 | 05h00

Teatro Municipal de São Paulo vai apresentar três óperas no segundo semestre, parte de uma programação com trinta programas diferentes que vão ocupar o palco mas também outros espaços na cidade. A partir deste final de semana, o teatro retoma as apresentações presenciais, com recital do Quarteto de Cordas da Cidade.

 

Theatro Municipal
Theatro Municipal reabre ao público com três óperas Foto: Valeria Gonçalvez/Estadão

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A temporada até o final do ano foi anunciada na tarde de terça, 22, e é a primeira preparada pela organização social Sustenidos que, desde o final de maio, é oficialmente a nova gestora do Municipal e de seus corpos artísticos, com um contrato de cinco anos e um orçamento de cerca de R$ 600 milhões. 

 

O edital de chamamento levou mais de seis meses para ser finalizado e se encerrou com a vitória da entidade – o Instituto Baccarelli, segundo colocado na disputa, entrou na semana passada com uma representação no Tribunal de Contas do Município pedindo a revisão do resultado e ainda aguarda uma determinação da corte.

A temporada segue a linha que vinha sendo adotada pela gestão anterior, capitaneada por Hugo Possolo, tanto como diretor artístico quanto como Secretário Municipal de Cultura (ele hoje ocupa a presidência da Fundação Theatro Municipal). Os espetáculos propõem o diálogo entre diferentes manifestações artísticas e a manutenção da série Novos Modernistas; também foi mantida a série que leva ao espaço peças de teatro. 

“A programação está alinhada com as diretrizes gerais da política cultural do município, como não poderia deixar de ser”, diz Alessandra Costa, diretora executiva da Sustenidos. “Fomos escolhidos para gerir o Complexo Theatro Municipal justamente porque nossos princípios organizacionais têm muitos pontos de convergência com as diretrizes gerais da política cultural: diversidade, vanguarda, excelência, democratização do acesso. Não se trata de atender a um modelo preestabelecido, mas são as premissas com as quais trabalhamos há anos e que fundamentaram as escolhas da programação.”

Segundo Alessandra Costa, a programação foi montada a partir de conversas com os corpos artísticos e consultores da Sustenidos. O teatro tem agora uma nova superintendente, Andrea Saturnino, e não está prevista a nomeação de uma direção artística. “Estabeleceremos um comitê curatorial multidisciplinar para começar a pensar na programação de 2022. Nosso ponto de partida será o reconhecimento da potência dos Corpos Artísticos e dos indivíduos que os integram. Também faremos editais internos e externos para trazer novas possibilidades de programação que não haviam sido imaginadas pela equipe.”

O teatro vai apresentar três óperas: em setembro, Maria de Buenos Aires, de Astor Piazzolla, com direção cênica do cineasta Kiko Goifman; e, em novembro, The Rake’s Progress, de Stravinski, colaboração artística de Maria Thais e Julianna Santos. O terceiro título, A Voz Humana, de Poulenc, em outubro, será combinado com Ópera Aberta Para Cantora e Halterofilista, de Gilberto Mendes. 

Estão previstas ainda intervenções urbanas, com a ópera como tema, por parte do coletivo teatral BijaRI, assim como o projeto Cine-Ópera, com projeções de óperas em diferentes pontos da cidade, ao ar livre, pare celebrar os 110 anos do teatro.

Na série Novos Modernistas, haverá uma apresentação dos Waujá, indígenas do Alto Xingu, e da obra Icamiabas, de João Guilherme Ripper, e concerto com obras de autores brasileiros em diálogo com intervenção do artista Ibã Huni Kuin.

A Orquestra Sinfônica Municipal fará onze programas ao longo do ano. O Quarteto da Cidade de São Paulo fará sete recitais, o Coro Lírico, três apresentações, e o Coral Paulistano, agora dirigido oficialmente pela maestrina Maíra Ferreira, quatro. O Balé da Cidade vai estrear coreografias para lugares abertos. E a Orquestra Experimental de Repertório fará um programa infantil em parceria com o grupo Giramundo.

Além dos espetáculos que serão realizados em espaços públicos, os corpos artísticos farão apresentações em teatros de bairro. “A ampliação e a diversificação do público têm que levar em consideração um fluxo dos corpos artísticos e outros projetos por diferentes áreas da cidade, mas também a vinda de moradores de diferentes regiões ao teatro”, diz Costa. “Acabamos de implantar uma nova gerência que cuidará da Formação, Acervo e Memória da instituição, e que, junto com a equipe de programação, terá de pensar nessas estratégias de ocupação da cidade. O próprio centro de São Paulo já é um universo, em termos das comunidades que estão representadas ali. A instituição tem que se deixar permear por este contexto.”


Estadão quarta, 23 de junho de 2021

LIMA DUARTE E CLAUDIA RAIA FALAM SOBRE A NOVELA ROQUE SANTEIRO

 

Lima Duarte e Claudia Raia falam sobre 'Roque Santeiro', novela que chega na Globoplay

Dupla relembra da ousadia do folhetim, que chegou a ser proibido em 1975

Ubiratan Brasil, O Estado de S.Paulo

22 de junho de 2021 | 15h00

Trinta e cinco anos depois de ter ido ao ar seu último capítulo, em 1986, a novela Roque Santeiro está disponível agora, na íntegra, na plataforma Globoplay. Foi um dos folhetins que mais fizeram sucesso na Globo, assim como foi a que mais enfrentou barreiras da censura do governo militar. 

Afinal, a trama criada por Dias Gomes trazia uma sátira atemporal à exploração política e comercial da fé popular, na cidade fictícia de Asa Branca. Lá, os moradores vivem em função dos supostos milagres de Roque Santeiro (José Wilker), um coroinha e artesão de santos de barro que teria morrido como mártir ao defender a cidade do bandido Navalhada (Oswaldo Loureiro). 

O falso santo, porém, reaparece em carne e osso alguns anos depois, ameaçando o poder e a riqueza das autoridades locais. Entre os que se sentem ameaçados com a volta de Roque estão o conservador padre Hipólito (Paulo Gracindo), o prefeito Florindo Abelha (Ary Fontoura), o comerciante Zé das Medalhas (Armando Bógus) e o temido fazendeiro Sinhozinho Malta (Lima Duarte), amante da pretensa viúva do santo, a fogosa Porcina (Regina Duarte). 

  
Imagens da novela 'Roque Santeiro', exibida pela TV Globo, com Regina Duarte e Lima Duarte.  Foto: Divulgação

O personagem Roque Santeiro surgiu pela primeira vez em uma peça de teatro, O Berço do Herói, que estrearia em 1965 se não fosse proibida pela censura do governo militar, incomodado com a crítica explicitamente humanista à forma como se constroem mitos heroicos baseados em fatos reais - o texto trata da idolatria que uma pequena cidade dedica ao cabo Jorge, aclamado por ter morrido com bravura na 2.ª Guerra quando, na verdade, ele fugiu do front depois de atacado por uma crise nervosa. 

Dez anos depois, em 1975, já consagrado como autor de telenovelas, Dias Gomes disfarçadamente adaptou a própria peça e a transformou em Roque Santeiro, cujo primeiro capítulo nem sequer foi exibido: naquele 27 de agosto, a Globo recebeu ofício do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), censurando a novela - o governo percebeu que a peça era a origem do folhetim. Trinta e seis capítulos já tinham sido gravados com Lima Duarte no papel de Sinhozinho Malta, amante de Porcina (Betty Faria), viúva do milagreiro Roque (Francisco Cuoco), que volta à cidade de Asa Branca 17 anos depois de ser canonizado como um herói morto. 

Não adiantou nem um feroz editorial escrito por Roberto Marinho, então presidente das Organizações Globo, que foi lido no Jornal Nacional. Finalmente, em 1985, já na fase de abertura política, a novela foi exibida, agora com Regina Duarte como Porcina e José Wilker no papel de 

Roque Santeiro. Um sucesso retumbante, cravando em média 75% da audiência da TV. Mesmo assim, Gomes e Aguinaldo Silva, que o auxiliava na escrita dos capítulos, continuaram sofrendo ação da censura, especialmente as menções à teologia da libertação, movimento católico influenciado pelo marxismo. 

"Roque Santeiro foi um sucesso e foi um divisor de águas também", relembra Lima Duarte. "Roque Santeiro sempre estava na pauta de todas as conversas, era uma novela que todos nós adorávamos e ficou 10 anos proibida. Só eu que era remanescente do elenco original, Sinhozinho. Mas foi muito feliz porque teve o maravilhoso Zé Wilker fazendo o Roque Santeiro e a Porcina, com a Regina Duarte maravilhosa."

 

O ator José Wilker, em cena da novela 'Roque Santeiro'. 
  Foto: Divulgação

Segundo o veterano ator, a novela envolveu o telespectador no subtexto. "Falamos de você, do nosso País. Estamos contando histórias que um dia, um momento, aconteceram com você. Por isso as pessoas se reconhecem. Quando pega fundo no coração dele, o espectador se identifica. Um dia, me disseram que gostam quando eu entro na novela porque sempre dão risada. Você só ri do que você concorda, você não ri do que discorda. A trama era interessantíssima, falava de um país que se tornava grande, livre, importante. Tinha padres, freiras, heróis, prostitutas, bandidos, ladrões e era um microcosmos do Brasil."

Além de artistas já consagrados, a novela abriu espaço também para iniciantes que, com o tempo, também se tornaram consagrados. É o caso de Claudia Raia, que viveu Ninon, uma das dançarinas da boate local, a Sexus. Inicialmente, ela não teria falas, mas o carisma da atriz se impôs e Claudia ganhou mais destaque na trama.

"Foi a minha primeira novela, era uma personagem pequena, mas tudo que eu podia mostrar do meu trabalho eu mostrava", relembra Claudia. "Tem uma história maravilhosa: havia uma cena que eu dividia com a Regina Duarte. Era uma fala só, mas eu ensaiei aquela fala como se eu fosse a protagonista da novela. Chegamos no set para gravar e a Regina, que tinha muitas falas, passou pela minha deixa, emendou tudo e aí me cortou sem querer. Eu parei e pedi para voltar porque eu tinha ensaiado três semanas para falar aquela fala porque era uma fala só (risos). Mas ela foi muito querida, a gente refez a cena, falei e deu tudo certo. Imagina se eu podia perder aquela oportunidade? Jamais!"

Assista a abertura da novela 'Roque Santeiro':

Claudia lembra com carinho da atuação de José Wilker, que morreu em 2014. "Ele dominava o personagem de uma maneira muito segura", comenta a atriz, que vê ousadia no texto da novela. "O meu núcleo, por exemplo, era quase uma afronta. O texto do Dias Gomes trazia também elementos fantásticos, como a história do lobisomem, que faziam com que aquela história, que era uma grande crítica sociopolítica, fosse muitas vezes interpretada de maneira alegórica, lúdica. Se a gente parar para pensar, ainda é um enredo muito atual."

Para atriz, o humor era o melhor caminho para enfrentar temas delicados. "O bonito do humor é que ele é essa linguagem que nos permite abordar sobre tudo, que nos permite fazer críticas e propor reflexões. Isso continua assim até hoje. Muito humoristas continuam usando o humor para fazer essas críticas todas. Para mim, o humor é uma grande ferramenta de subversão e vai continuar sendo assim sempre. É um grande ato político."


Estadão terça, 22 de junho de 2021

COPA AMÉRICA: TÉCNICO DA ARGENTINA EXALTA MESSI - DIFÍCIL NÃO CONTAR COM ELE

 

Técnico da Argentina exalta Messi na Copa América: 'Difícil não contar com ele'

Lionel Scaloni elogia o craque, que tem sido decisivo para sua seleção, já classificada para as quartas de final

Redação, O Estado de S.Paulo

22 de junho de 2021 | 09h09

Ainda sem uma grande atuação, a Argentina conseguiu antecipadamente a sua classificação às quartas de final da Copa América com a vitória por 1 a 0 sobre o Paraguai, na segunda-feira, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, em jogo válido pela terceira rodada do Grupo A. A força do elenco, em especial pela presença do craque Lionel Messi, foi valorizada pelo técnico Lionel Scaloni.

"Hoje o estado físico dos jogadores me preocupou. As condições não eram as melhores. A verdade é que Messi vem jogando todos os jogos e é bem difícil não contar com ele. Sempre vamos continuar fazendo assim porque ele marca e faz a diferença. Esse tipo de substituição é justo, mas no final foi bom", antes de destacar que, com a classificação à próxima fase, a tendência é que o jogador do Barcelona seja poupado.

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Pragmática, Argentina bate o Paraguai e se garante nas quartas da Copa América

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Messi tem se destacado pela Argentina na Copa América
Messi tem se destacado pela Argentina na Copa América Foto: Fernando Bizerra Jr. / EFE
 

Não foi apenas Messi que foi exaltado. "Estou satisfeito porque Ángel di María e Alejandro (Papu) Gómez sempre pertenceram à seleção e a essa geração de jogadores, nos quais confiamos. E mostram cada vez mais que merecem vestir essa camisa. Eles estão felizes. Quero elogiar também Sergio Agüero, que fez um esforço enorme, foi bem, jogou para o time e este é o caminho", enfatizou o técnico.

Na próxima rodada, a Argentina terá folga. Os comandados de Lionel Scaloni voltam a campo na próxima segunda-feira para enfrentar a Bolívia, na Arena Pantanal, em Cuiabá. Com a classificação antecipada, o técnico admite que vai planejar meios de poupar o elenco.

"Agora sim temos essa possibilidade. Estamos classificados e, apesar de sempre tentarmos (adotar) posições em que a equipe estará melhor. Nessa Copa América, chegará um momento em que será mais justo (poupar atletas)", completou Scaloni.

 

Imagem

MARCA DE MESSI

Com a titularidade no duelo contra o Paraguai, Messi atingiu uma nova marca pela Argentina. Agora, o craque está empatado com Javier Mascherano como o jogador que mais vestiu a camisa da seleção, com 147 jogos.

Ao longo de 16 anos, Messi anotou 73 gols com a camisa argentina. Atrás do atacante e do volante, ex-Corinthians e Barcelona, os recordistas de atuações na seleção são Javier Zanetti (143 jogos), Roberto Ayala (114) e Ángel Di María (108).


Estadão segunda, 21 de junho de 2021

OLIMPÍADAS 2021: JOGOS TERÃO LIMITE DE 10 MIL ESPECTADORES POR EVENTO

 

Jogos Olímpicos de Tóquio terão limite de 10 mil espectadores por evento

Organização do evento ainda divulgou que competições podem ocorrer com portões fechados em caso de aumento de casos da covid-19

AFP, O Estado de S.Paulo

21 de junho de 2021 | 07h19

 

Os Jogos Olímpicos de Tóquio terão o limite máximo de 10 mil espectadores em cada sede da competição, anunciou nesta segunda-feira a organização do evento, que começará em 23 de julho, mas com um alerta para a possibilidade de competições com portões fechados em caso de aumento dos contágios de covid-19. No comunicado, a organização explica que o limite será de 50% do local de competição, até o máximo de 10 mil espectadores.

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"Se houver uma mudança dramática na situação da infecção, talvez precisemos revisar a norma e considerar a opção de não ter espectadores nos locais de competição", disse a governadora de Tóquio, Yuriko Koike. A organização afirmou ainda em um comunicado que a decisão sobre o número de torcedores nos Jogos Paralímpicos (24 agosto-5 setembro) foi adiada para 16 de julho.

 
Yuriko Koike
Governadora de Tóquio, Yuriko Koike, fez o anúncio nesta segunda-feira Foto: Toru Hanai|Reuters

Em março, o comitê organizador vetou a presença de espectadores procedentes do exterior devido ao risco de saúde considerado muito elevado, algo inédito na história olímpica. 

Nesta segunda-feira, as autoridades japonesas deveriam decidir sobre a celebração dos Jogos Olímpicos a portas fechadas ou com a presença de torcedores locais: a segunda opção foi a vitoriosa, mas com um número restrito de espectadores. A reunião teve a presença de representantes de cinco instituições: o comitê organizador de Tóquio-2020, o governo japonês, o governo da cidade de Tóquio, o Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Comité Paralímpico Internacional (CPI).

A suspensão do estado de emergência no domingo (20) em Tóquio e em outros departamentos foi um sinal positivo para os organizadores. Eles aguardavam a decisão do governo japonês para determinar se liberariam a presença de torcedores locais e, em caso positivo, quantos. O governo japonês decidiu, no entanto, manter algumas restrições pelo menos até 11 de julho. O primeiro-ministro do país, Yoshihide Suga, advertiu que poderá reforçar as medidas, se os casos de covid-19 aumentarem, e o sistema de saúde ficar sob pressão.

Os especialistas de saúde que assessoram o governo afirmaram que o "ideal" seria organizar os Jogos sem torcedores. Algumas associações médicas pediram o cancelamento do evento. Os atletas foram os primeiros a relutar diante da possibilidade de Jogos Olímpicos a portas fechadas, e alguns patrocinadores admitiram, de maneira privada, que preferiam a presença do público, apesar de limitada.

Em uma mensagem às autoridades japonesas no início da reunião, o presidente do COI, Thomas Bach, afirmou que a entidade apoiaria "totalmente a decisão que busca proteger da melhor maneira" a população japonesa e os participantes. Também reiterou que mais de 80% dos residentes da Vila Olímpica serão vacinados, assim como quase 80% dos jornalistas.

Mais apoio nas pesquisas

Os organizadores tentam superar a resistência da opinião pública japonesa, que, em sua maioria, mostrou-se contrária aos Jogos Olímpicos nos últimos meses. Uma pesquisa publicada nesta segunda-feira pelo jornal Asahi mostrou alguma mudança nessa tendência: 34% dos japoneses são favoráveis aos Jogos, contra apenas 14% do mês passado.

Outra pesquisa, divulgada no domingo pela agência Kyodo, indicou que 86% dos entrevistados continuam preocupados com o aumento de casos de covid-19 durante os Jogos, e 40% desejam o evento sem espectadores.

O Japão, que fechou suas fronteiras em março de 2020, teve uma pandemia consideravelmente menos grave que outros países, com 14.400 mortes registradas oficialmente. O país demorou muito, porém, a iniciar a campanha de vacinação. Até o momento, menos de 7% dos japoneses receberam as duas doses da vacina. Os organizadores dos Jogos Olímpicos reduziram a um terço o número original de representantes estrangeiros convidados e anunciaram medidas draconianas aos participantes, com ameaças de expulsão, caso violem as normas de saúde.


Estadão domingo, 20 de junho de 2021

MYRA RUIZ FAZ TERCEIRO SHOW SOLO

 

Myra Ruiz faz terceiro show solo, agora com reflexões a partir do isolamento

Atriz e cantora do teatro musical construiu legião de fãs após estrelar o espetáculo 'Wicked'

Bruno Cavalcanti, Especial para o Estadão

19 de junho de 2021 | 05h00

Foi em 2014, quatro anos após retornar ao Brasil e ter composto o elenco de dois musicais, que a atriz e cantora paulistana Myra Ruiz chamou a atenção para seu trabalho ao interpretar Nina, uma das protagonistas de In The Heights – Nas Alturas. Ruiz angariou uma série de elogios, repetidos quando a artista subiu ao palco do Teatro Porto Seguro na pele da prostituta Saraghina em Nine – Um Musical Felliniano, sob a direção de Charles Möeller e Claudio Botelho.

 

Myra
A atriz e cantora Myra Ruiz, que participa do show 'Melancolia Eufórica' Foto: Felipe Gomes
 

Estrelando um dos solos mais elogiados da montagem, a artista começou a traçar caminho estelar no teatro musical brasileiro, culminando no sucesso massivo de sua performance como a bruxa má do oeste Elphaba, na temporada paulistana do blockbuster da Broadway Wicked.

 Ao lado de Fabi Bang, Myra construiu legião de fãs que a alçaram ao primeiro escalão do teatro musical no Brasil. “Sinto que sou parte de uma transição entre gerações. Eu vim da galera que fez teatro musical meio espontaneamente, que não se formou necessariamente para isso, mas que surgiu por conta da demanda do mercado e, de repente, virou artista”, conta a atriz que, durante a pandemia, descobriu um novo talento: educadora.

“A pandemia me trouxe isso, e meus alunos são pequenos alienígenas que são megatalentosos. Eles cantam, dançam e interpretam muito bem. Brinco dizendo que, graças a Deus, nunca vou precisar competir com eles, porque com treze anos e esse talento todo, imagina aos trinta. Enxergo este mercado com muita esperança, e espero que, com a nova leva de artistas, nós também sejamos mais criativos, com muitas mulheres diretoras e compositoras compondo o mercado com veteranos tão incríveis.”

Além das aulas, o isolamento também trouxe uma série de questionamentos que a artista compila em Myra Vol II: Melancolia Eufórica, seu terceiro show solo (o segundo transmitido online), que acontece apenas neste sábado, 19, às 20 h (ingressos em www.sympla. com.br).

Idealizado quando a cantora abandonou o colo familiar, onde havia se instalado no início da pandemia, e retornou a seu apartamento em São Paulo, o show busca pôr em cena o universo particular de Ruiz que, pela primeira vez desde março de 2020, se viu completamente sozinha por um longo período, apenas com suas lembranças e pensamentos.

“Sou muito nostálgica, acho a nostalgia gostosa, não me faz mal. Ela faz a gente olhar para nosso presente às vezes até com mais amor, mas também nos leva a muitas lembranças. E eu queria dividir com o público esse universo que é tão meu, tão particular que criei no meu quarto, na minha casa”, diz.

“Eu pensava em como as pessoas estão. As que estão isoladas ainda, como é para elas? Sei que cada um está num barco diferente nessa pandemia, mas não era nesse lugar, era uma questão mais interna. Então, comecei a entender o quanto de alegria tem na tristeza e vice- versa, e me veio o desejo de levar música para as pessoas novamente. É o momento de a gente olhar para várias questões do nosso País, da falta de rumo do governo, e aí comprei a ideia.”

A música que busca levar ao público foi também essencial para sua própria sobrevivência. Isolada, a artista encontrou conforto ao ouvir repetidamente todas as manhãs A Noite Vai Chegar, o hit de 1977 lançado por Lady Zu como um dos grandes sucessos das pistas na década de 1970, e responsável pela esperança que brotou na artista.

A canção reflete parte do repertório do novo espetáculo transmitido do palco do Teatro Faap. No roteiro, títulos como Starman, de David Bowie, Levitating, de Dua Lipa, e Sorte e Azar, do grupo Barão Vermelho. “O objetivo é sempre dividir temas da minha vida com o público. Fazer minha arte e perceber o quanto esses temas são universais, o quanto essa conexão é gerada a partir do show. Isso é o que me interessa. E a gente tenta fazer com que, por ser online, isso nunca se perca numa coisa só visual. Apesar de não ter o olho no olho pessoalmente, eu quero que as pessoas sintam esta conexão.”

Focando no momento pós-pandemia, Ruiz já planeja desenvolver projetos ao lado dos amigos Diego Montez e Thuany Parente: unir o repertório dos dois shows em um grande espetáculo e conciliar uma turnê com a agenda dos musicais que não vê a hora de voltar a fazer.

“Nós, artistas, não pudemos exercer uma coisa que é mais do que a nossa profissão, é o que a gente é. E foram meses muito estranhos, porque você se sente meio inútil, como se não pertencesse à sociedade. E meus shows me reavivaram. Ainda não é o ideal, não tem o calor do público, mas isso está nas trocas durante a pandemia. Eu devo isso a eles. É meu maior motivo de gratidão para levantar todo dia da cama. É a troca com o que eu posso chamar de meu público, certo? E eu sou muito grata porque eles fazem com que tudo seja possível”, comenta.


Estadão sábado, 19 de junho de 2021

LAURENTINO GOMES: A ESCRAVIDÃO É UMA CHAGA DO BRASIL DO SÉCULO 21, DIZ ESCRITOR EM SEU SEGUNDO VOLUME SOBRE O TEMA

 

A escravidão é uma chaga do Brasil do século 21', diz Laurentino Gomes

Segundo volume da trilogia 'Escravidão' analisa o século 18 no País

Ubiratan Brasil, O Estado de S.Paulo

19 de junho de 2021 | 05h00

No início do século 18, o Brasil era um país que praticamente só olhava para o mar – as principais cidades, como Salvador e Rio de Janeiro, eram litorâneas e a principal atividade econômica, cultivo da cana-de-açúcar, não invadia tanto o território. Mas foi nesse período que tudo mudou: com a descoberta das primeiras jazidas de ouro e diamante em regiões onde hoje são os Estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, houve um avanço populacional para o interior do País, fomentado principalmente pelo aumento da quantidade de escravos negros.

 

Debret
Escravas negras de diferentes nações, entre 1834 e 1839: a partir do século 18, era cada vez mais forte a influência da escravidão no cotidiano brasileiro Foto: Jean-Baptiste Debret/Acervo Estadão

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“Estima-se que, no século 18, cerca de 600 mil escravos se envolveram na mineração de ouro e diamantes, o que representaria cerca de 20% do total de cativos africanos trazidos para o Brasil neste período”, observa o jornalista e escritor Laurentino Gomes, que lança agora o segundo volume da trilogia Escravidão, uma detalhada pesquisa sobre a história da escravatura negra – o primeiro saiu em 2019 e o último está previsto para o próximo ano.

 Os escravos foram essenciais na construção da máquina de extração, pois muitos chegavam com mais conhecimentos sobre mineração que seus proprietários. Mas a febre do ouro promoveu uma corrida desordenada, com centenas de pessoas abandonando suas cidades, inclusive religiosos e portugueses, a ponto de o rei de Portugal limitar o êxodo por decreto. No livro, Laurentino conta que a falta de um mínimo de estrutura dos locais de mineração para receber tantas pessoas resultou em ondas de miséria e fome, além de uma violência desenfreada – execuções eram comuns em qualquer lugar ou horário. 

A corrida do ouro provocou ainda uma decisiva mudança de perfil do País. “O século 18 mostra como a escravidão foi importante na construção da identidade brasileira”, observa Laurentino. “Até então, era uma nação pouco populosa e concentrada no litoral, mas, com a mineração, centenas de milhares de pessoas se mudaram para o interior, consolidando as fronteiras que hoje conhecemos. E, com a vinda de escravos, a população brasileira se multiplicou em apenas 100 anos, período marcado pela construção dessa grande África brasileira.”

A transformação com a chegada dos escravos foi decisiva não apenas na força de trabalho, mas também em hábitos religiosos, culinários, culturais e sociais. “Houve ainda a formação de quilombos, uma reestruturação da família urbana com presença de cativos nas residências e, nas artes, um bom exemplo são os mestres do barroco, quase todos negros.”

Tal movimentação resultou ainda em efeitos surpreendentes, como a aceitação da presença de escravos negros na sociedade brasileira como um fato normal. “A escravidão se tornou banal, corriqueira no Brasil daquela época”, observa Laurentino. “Até mesmo negros alforriados eram donos de escravos.” Ele aponta, como um bom exemplo, João de Oliveira, africano que se transformou em um grande traficante de cativos depois de acumular o dinheiro suficiente para comprar a própria liberdade. Ou seja, tornou-se traficante para deixar de ser escravo.

O crescimento dos processos de alforria, aliás, foi também marca desse fenômeno – cerca de 1% dos escravos brasileiros obtinha a própria liberdade anualmente, o que resultou em uma significativa população negra livre no País, maior do que em qualquer outro território escravista da América.

Em meio às suas inúmeras pesquisas, Laurentino identificou o que pode ter sido a primeira descoberta de ouro, ainda no final do século 17. Segundo ele, um desconhecido descendente de escravos encontrou o que se identificou como “ouro finíssimo” em Minas Gerais, vendendo a descoberta por um preço abaixo da sua importância. “O único registro deste homem, que era negro ou mestiço, está no livro Cultura e Opulência do Brasil Pelas Suas Drogas e Minas, do padre jesuíta André João Antonil, do começo do século 18”, comenta o jornalista, reforçando a tese de como a memória negra e africana no País ocupa cada vez mais uma posição secundária.

Isso permite, aliás, que Laurentino mostre como ficaram ultrapassadas duas visões a respeito do comportamento do escravo no Brasil – a do cativo passivo e apático, divulgada pelo sociólogo Gilberto Freyre, e a do negro em permanente estado de rebelião, tese defendida por teóricos marxistas já no século 20. 

“Novos estudos têm levado a um entendimento mais complexo e diversificado do sistema escravista, marcado por nuances até pouco tempo atrás ignoradas ou subestimadas, nas quais os cativos se envolviam em processos contínuos e sutis de negociação e barganha, sempre testando os limites do sistema escravista em busca de ampliar seus espaços e oportunidades”, escreve ele. “Os escravos lutavam por coisas concretas como o direito de constituir e manter famílias, cultivar suas próprias hortas e pomares e vender seus produtos nas feiras livres, dançar ao som do batuque nas horas de folga e praticar seus cultos religiosos, muitos deles de matriz africana.”

Novamente, surge, como exemplo de uma figura fascinante, Francisca da Silva de Oliveira, conhecida como Chica da Silva, escrava que, depois de alforriada, atingiu posição de destaque na sociedade mineira, especialmente por manter uma união consensual com um rico contratador de diamantes. Apesar da imagem de mulher voluptuosa e dominadora divulgada pelo cinema e TV, ela, na verdade, foi comprada por diversos senhores desde a tenra idade para servir de objeto sexual. “Ela teve 14 filhos, o primeiro ainda na adolescência, o que a fez perder rapidamente os encantos da juventude, pois não há sensualidade que resista”, comenta Laurentino. Segundo ele, mesmo nascida cativa, Chica, depois de conseguir sua alforria, foi proprietária de mais de cem escravos – e nunca se empenhou em libertá-los.

Outro personagem de destaque do segundo volume de Escravidão é Elias Antônio Lopes, conhecido como Elias, o Turco. Um dos maiores traficantes de africanos escravizados da época, ele cedeu sua majestosa casa para a moradia de D. João VI, quando a comitiva portuguesa se mudou para o Brasil em 1808, fugindo de Napoleão Bonaparte. “Ele doou a casa – que depois abrigou o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, destruído por um incêndio em setembro de 2018 – em troca de benfeitorias, como títulos de honrarias”, comenta Laurentino. “Isso sinaliza o foco do terceiro volume da série, que é a oficialização do toma lá dá cá, e Elias será a ponte para o novo livro.”

Iniciada em 2019, a trilogia surge em um momento marcado por manifestações antirracistas, como a deflagrada pela morte de George Floyd, no ano passado. Mesmo assim, no País, há muito ainda o que se fazer. “A escravidão é uma chaga do Brasil do século 21”, comenta. “Criamos mitos de democracia racial, quando ainda persiste a ideologia do negro inferior que justificou a escravidão, as redes sociais são inundadas por linguagem preconceituosa. No Brasil de hoje, o racismo é explícito mas também silencioso.”

Leia um trecho do livro 'Escravidão - Vol. 2"

“A busca por ouro e diamantes mudaria radicalmente o perfil da ocupação do território. Entre 1700 e 1800 foram fundadas nada menos que 49 vilas, a maioria delas muito além da Serra do Mar em direção ao interior, caso de Vila Boa, atual cidade de Goiás, também conhecida como Goiás Velho, terra da poetisa Cora Coralina. Interligando essas novas localidades nasceria também uma extensa rede de comunicação por rios e caminhos, ao longo dos quais se estabeleceriam os chamados registros, pontos de fiscalização para coletas de impostos e combate ao contrabando. Ao todo, mais de cem desses registros foram criados durante o século 18. Alguns estavam situados em lugares longínquos, como Arrais, no sudoeste do atual Estado de Tocantins (...) Esses postos de fiscalização às vezes iam mudando de lugar à medida que os contrabandistas e sonegadores de impostos abriam novas rotas clandestinas para burlar os controles já estabelecidos.”


Estadão sexta, 18 de junho de 2021

COPA AMÉRICA: BRASIL GOLEIA O PERU NO ENGENHÃO E MANTÉM 100% DE APROVEITAMENTO

 

Brasil goleia o Peru no Engenhão e mantém 100% de aproveitamento na Copa América

Com gols de Alex Sandro, Neymar, Éverton Ribeiro e Richarlison, seleção brasileira venceu por 4 a 0

Almir Leite, O Estado de S.Paulo

17 de junho de 2021 | 23h12

seleção brasileira venceu a segunda partida na Copa América. Fez 4 a 0 no Peru, na noite desta quinta-feira, no estádio Nilton Santos, o Engenhão, e chegou a seis pontos na liderança do Grupo B. A equipe, agora, só volta a atuar quarta-feira, quando enfrenta a Colômbia, segunda colocada da chave com 4 pontos, no mesmo local.

O péssimo gramado do Engenhão - a Copa América foi organizada às pressas e aceitou jogar nos lugares que colocaram à disposição - com certeza contribuiu para o futebol pouco inspirado da seleção. Não faltou empenho nem disciplina tática. Mas jogadas de qualidade técnica e mesmo de trocas de passe foram raras. E teve momentos na parte final do primeiro tempo que o Peru até esteve melhor em campo.

 
Brasil x Peru Copa América 2021
Brasil derrota o Peru pela Copa América Foto: Wilton Junior/ Estadão Conteúdo
 

Tite prosseguiu com seus testes. Ederson entrou no gol, Fabinho do meio de campo e Everton Cebolinha no ataque. Thiago Silva voltou à zaga. O treinador também e experimentou nova alternativa de o time atuar.

Com Cebolinha bem aberto, o lateral esquerdo Alex Sandro teve liberdade para penetrar pelo meio. Foi assim que saiu o gol do Brasil, aos 11 minutos. Alex Sandro lançou Cebolinha e foi para a área marcar com a perna direita após Gabriel Jesus escorar para o meio cruzamento do ex-gremista.

Essa foi a primeira conclusão certa da seleção - Fred havia tentando m minuto antes, mas o chute saiu torto. A seleção ainda teria oportunidades claras com Fabinho, aos 24 minutos, e com o próprio Alex Sandro, já no fim da etapa.

Ao se defender, a seleção formava duas linhas de quatro. Com isso, o Peru, apesar de ter mais posse de bola na etapa, não chegava com perigo. Na única vez, aos 38 minutos, Danilo evitou gol de Cueva, em bola que havia passado por Ederson.

O problema era ao atacar. Neymar tinha liberdade de movimentação, mas, como ele jogava bem adiantado e o time estava com dois volantes, a equipe ficava espaçada e tinha dificuldade na construção. E Gabigol ficou isolado.

Para corrigir o problema, Tite colocou Everton Ribeiro no lugar de Gabigol. Ele entrou pela direita e Gabriel Jesus a revezar com Neymar pelo meio do ataque. E Richarlison assumiu o lugar de Cebolinha na esquerda.

O time ficou mais compacto e passou a se impor. Aos 14 minutos, Neymar caiu numa disputa com Tapia. O árbitro Patricio Losteau deu o pênalti, mas, chamado pelo VAR, após rever as imagens várias vezes, mudou a decisão.

Não teve problema para Neymar. Aos 22 minutos, ele recebeu na entrada da área, aproveitou o espaço dado pelo marcador e chutou rasteiro, cruzado, para fazer 2 a 0. Foi o 68.º dele pela seleção. É o segundo maior artilheiro. Pelé tem 77 em jogos oficiais.

Naquela altura, o Brasil era praticamente absoluto em campo. Teve chance de ampliar com Richarlison, o próprio Neymar e Firmino até aumentar aos 43 minutos com Everton Ribeiro, chegar à goleada com Richarlison, aos 46, ambos os gols em boas tramas do ataque, e consolidar sua liderança tranquila no Grupo B.

FICHA TÉCNICA

BRASIL - Ederson; Danilo (Emerson), Eder Militão, Thiago Silva e Alex Sandro (Renan Lodi); Fabinho, Fred e Neymar; Gabriel Jesus (Firmino), Gabigol (Everton Ribeiro) e Everton Cebolinha (Richarlison). Técnico: Tite.

PERU - Gallese; Corzo, Christian Ramos, Abram e Marcos López; Tapia, Yotún (Arias), Carrillo, Cueva (Távara) e Penã (Iberico); Lapadula (Valera). Técnico: Ricardo Gareca.

GOLS - Alex Sandro, aos 11 min do 1º tempo. Neymar, aos 22, Everton Ribeiro, aos 43, e Richarlison, aos 46 min do 2º tempo.

ÁRBITRO - Patricio Losteau (ARG).

CARTÕES AMARELOS - Christian Ramos, Yotún, Gabriel Jesus, Távara.

LOCAL - Estádio Nilton Santos, no Rio.


Estadão quinta, 17 de junho de 2021

QUATRO BRASILEIROS ESTÃO ENTRE OS VENCEDORES DA 16ª EDIÇÃO DO FESTIVAL ANIM!ARTE

 

 

Quatro brasileiros estão entre os vencedores da 16ª edição do Festival Anim!Arte

A animação paulistana 'Baiacu', de Luiza Ishikawa, foi uma das premiadas; mostra de curtas segue até 25 de junho

Leon Ferrari, Especial para o Estadão

17 de junho de 2021 | 10h00

Festival Anim!Arte
Pâmela Pelegrino, Antonio Jesus da Silva, Luiza Ishikawa e Nícolas de Sousa são os brasileiros cujas animações foram premiadas na 16ª edição do Festival Anim!Arte. Foto: Acervo pessoal

Quatro animações brasileiras foram premiadas na 16ª edição do Festival Anim!ArteÒpárá de Òsún: Quando Tudo Nasce, de Pâmela Pelegrino; Maria Quitéria Honra e Glória, de Antonio Jesus da Silva; Modais, de Nícolas de Sousa, e Baiacu, de Luiza Ishikawa, destacaram-se tanto na votação do júri oficial quanto na popular. A cerimônia de premiação ocorreu no último domingo, 13, e foi embalada pela música do grupo Sambalangandã. A mostra de curtas segue até dia 25 de junho na plataforma Kinow

Entre os vencedores está o curta-metragem paulistano Baiacu, dirigido e roteirizado por Luiza Ishikawa, foi considerado a melhor animação na categoria Estudantes Brasileiros Maxi Modais, pelo júri popular. Em pouco mais de 120 segundos, o filme conta a história da chegada de um novo peixe a um aquário que já tem outros três moradores. Os animais representam, na verdade, seres humanos, e, por meio deles, o curta trata sobre exclusão social.

 

 

 

De forma lúdica, a animação 'Baiacu' trata sobre exclusão social e bullying. Foto: Luiza Ishikawa

Baiacu foi produzido em 2020. Por conta da pandemia, o grupo precisou trabalhar de forma remota, cada um de sua casa. “Foi um pouco difícil”, confessa Luiza. Para que tudo desse certo, eles precisaram ser criativos e pensar fora da caixa, por isso, decidiram mesclar um cenário 3D a personagens 2D.

A vitória foi uma grande surpresa para os estudantes. “É muito especial saber que as pessoas viram o curta e acreditaram na história”, comemora a estudante de animação. Além do prêmio recebido no Anim!ArteBaiacu também foi selecionado para o University of East London Awards (UELAA). 

Na mesma categoria de Luiza, só que pelo júri oficial, o premiado foi Nícolas de Sousa, com o curta-metragem Modais. O videógrafo e estudante de audiovisual potiguar conta que o projeto surgiu de uma brincadeira: “Eu postei um vídeo no Instagram, brincando com latinhas de cerveja”. O cantor Silvio Filgueira viu o vídeo e pediu a Sousa que desenvolvesse um videoclipe para sua música Modais

A animação pareceu, na visão do estudante, a única opção viável para dar vida à canção, devido às limitações da pandemia. Entre junho e outubro de 2020, o quarto de Sousa tornou-se, ao mesmo tempo, ateliê e estúdio de gravação. Com apenas um celular, ele gravou imagens que “mostram como a arte tem o poder de nos fazer viajar.”


 

O cenário para as gravações de 'Modais' foi todo montado sob a escrivaninha do quarto do estudante de audiovisual. Foto: Nícolas de Sousa

Assim como Luiza, Sousa recebeu o prêmio com grande surpresa. “Eu jamais imaginei receber esse reconhecimento, só a seleção estava de bom tamanho. Foi felicidade dobrada”, conta ao Estadão

Na categoria Filme Ambiental, o curta-metragem vencedor, pelo júri de especialistas, foi o baiano Òpárá de Òsún: Quando Tudo Nasce, dirigido pela carioca Pâmela Pelegrino. O curta, que também recebeu menção honrosa na categoria Culturas do Mundo, fala sobre diversos aspectos de Oxum, orixá das águas doces, do ponto de vista de povos afro-brasileiros. O roteiro é uma criação coletiva de voluntários do terreiro de candomblé Abassà da Deusa Òsùn de Idjemim.

Pâmela explica ao Estadão que a animação aborda, sobretudo, a relação entre ser humano e natureza. “Em nosso país, falar desse tema é muito importante para pensar tanto sobre os territórios indígenas e quilombolas quanto sobre a necessidade dos terreiros acessarem espaços naturais preservados, que são necessários ao culto”, explica a cineasta e professora.

Em 2018, Pâmela mudou-se para a Bahia para coordenar o projeto. Foram aproximadamente quatro meses para que o curta-metragem ficasse pronto, desse tempo, duas semanas foram reservadas somente para a formação dos integrantes do terreiro. 


 

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Da confecção da boneca à concepção do roteiro, o curta-metragem foi uma criação coletiva de voluntários do terreiro de candomblé Abassà da Deusa Òsùn de Idjemim. Foto: Pâmela Pelegrino

A cineasta conta que o projeto foi tocado com poucos recursos, como os vindos de um edital da Secretaria de Cultura do Governo do Estado da Bahia (SecultBA), e “muito trabalho voluntário e afetivo". Na visão dela, a vitória demonstra a necessidade do investimento público no cinema nacional. “Há milhões de histórias a serem contadas, falta apenas a oportunidade de produzi-las”, destaca ao defender cotas para povos originários e periféricos em editais de fomento ao audiovisual. 


Assista ao curta: 


Outro curta-metragem baiano se destacou na disputa. Maria Quitéria Honra e Glória foi considerado o melhor filme na sessão Culturas do Mundo pelo júri popular. O curta produzido em 2019, mas lançado em 2020, fala sobre Maria Quitéria de Jesus (1792-1853), combatente na guerra da independência na Bahia. 

Como explica o diretor Antonio da Silva ao Estadão, o filme é dividido em dois momentos temporais distintos: o presente, no qual o soldado Medeiros, nome assumido por Maria Quitéria, tenta tomar a trincheira inimiga; e o passado, representado pelas memórias da infância dela em uma fazenda de um território onde, hoje, fica Feira de Santana. 

 

 

O curta-metragem 'Maria Quitéria Honra e Glória' também recebeu no Animai Festival e no Festival de Cinema no Meio do Mundo (Festcimm). Foto: Antonio da Silva

Com o filme, Silva buscou responder a uma pergunta: “O que leva uma mulher, que viveu há 200 anos, a ir para guerra e torna-se soldado?”. A produção levou dez meses para ficar pronta e contou com a participação do animador Michael Nery. 


 

Como assistir ao Festival Anim!Arte

A mostra com 452 curta-metragens de mais de 60 países começou no dia 24 de maio e segue até o dia 25 de junho. Os filmes podem ser vistos a qualquer hora e em qualquer lugar por meio da plataforma Kinow, basta adquirir o ingresso no valor de R$ 25. 

Professores e estudantes são isentos do valor e acessam aos curtas e aos workshops de forma gratuita. Para tanto, é necessário que preencham o formulário fornecido pela organização do evento. 


 

20 anos de Anim!Arte

Em 2021, o Festival Anim!Arte completa 20 anos e, pela primeira vez, ocorre de forma completamente on-line. “Isso permitiu que o festival pudesse ser acompanhado na íntegra por pessoas de diversos países”, afirma o diretor e curador do festival Alexandre Jurena, mas confessa sentir falta do “calor humano” das edições presenciais. Até agora mais de 700 pessoas de 40 países já participaram do evento neste ano, conforme a organização.

Na 16ª edição (em alguns anos o festival não ocorreu: em 2004, 2012 e 2016, por estar fazendo itinerancias internacionais; e também 2020, devido à pandemia) foram mais de 1.100 curtas-metragens inscritos, dos quais 452 foram selecionados. “São filmes não convencionais, para quebrar um pouco a hegemonia dos blockbusters”, conta. Os curtas foram divididos em cinco categorias: Culturas do Mundo Profissional, Filme Ambiental Profissional, Estudantes Brasileiros Maxi, Estudantes Internacionais Maxi e Estudantes Internacionais Mini.



 

Festival Anim!Arte
Além da mostra, o Festival Anim!Arte premia as melhores animações de cada categoria. A avaliação é feita por um júri oficial e outro popular. Foto: Festival Anim!Arte

A edição também foi marcada por um recorde: 58% dos filmes selecionados foram dirigidos ou codirigidos por animadoras. Além disso, há curtas que tratam da temática LGBTQI+ e sobre diversidade racial.

Mesmo com término marcado somente para dia 25 de junho, Jurena já está pensando nas próximas edições. “Eu vejo, para o futuro, a possibilidade do festival se tornar híbrido, parte on-line, parte presencial”, adianta ao Estadão.


Estadão quarta, 16 de junho de 2021

MAESTRO JOÃO CARLOS MARTINS GANHA EXPOSIÇÃO COM CURADORIA DE JORGE TAKLA

 

Maestro João Carlos Martins ganha exposição com curadoria de Jorge Takla

Novato na curadoria de exposições, Takla descobriu vasto material sobre o maestro em publicações estrangeiras

Dirceu Alves Jr., Especial para o Estadão

16 de junho de 2021 | 05h00

Em 2019, Jorge Takla comandava os preparativos da ópera Rigoletto no Teatro Municipal de São Paulo. Entre uma instrução e outra ao elenco, o diretor observou um movimento estranho, vindo das cortinas ao fundo da plateia, e enxergou, meio escondido, o maestro João Carlos Martins. Takla, que nunca tinha sido apresentado ao artista, foi até lá e o convidou para acompanhar os trabalhos, sentado confortavelmente em uma das poltronas. “Obrigado, mas eu não posso, também tenho o meu ensaio e está na hora”, justificou Martins, um pouco constrangido com o flagra. 

 

João Carlos Martins
O maestro Joao Carlos Martins e o diretor Jorge Takla  Foto: Marcelo Chello/Estadão

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Este tinha sido o único contato entre Takla e Martins até dezembro passado, quando a equipe do Sesi sugeriu ao maestro o nome do encenador, um craque do teatro musical e da ópera, para assumir a curadoria de uma exposição em torno de sua obra. “Será que o Takla toparia, teria tempo para isso? De qualquer forma, ele carrega a qualidade que mais admiro em um profissional, o perfeccionismo”, respondeu o homenageado diante da indicação. 

Às vésperas da abertura da mostra João Carlos Martins: 80 Anos de Música, prevista para esta quarta, 16, no Centro Cultural Fiesp, os dois dão risada desse inusitado primeiro contato. Takla jamais havia organizado um evento do gênero e, tomado pelo desafio, topou a proposta que preencheu o vazio de sua agenda pandêmica. Decidiu, então, aprender como um novato, mergulhou em pesquisas sobre o novo personagem e descobriu um vasto material em publicações estrangeiras. “Poucas pessoas valorizam o João Carlos no Brasil da maneira que deveriam porque sua carreira nos anos de 1960 e 1970 ficou concentrada no exterior”, afirma o curador. “E, para contar essa história, tive que criar uma cenografia, um conceito de luz e trabalhar uma trilha sonora, algo não muito distante do que faço nas artes cênicas.”

A biografia de Martins, cheia de baques e superações, foi explorada à exaustão. Com o enredo A Música Venceu, a escola de samba Vai-Vai faturou o carnaval de 2011. No cinema, Mauro Lima dirigiu o filme João, o Maestro (2017) e teve também a peça de teatro Um Concerto para João (2018). “A história da minha vida já encheu a paciência de todo mundo, ainda bem que a exposição traz um enfoque diferente”, brinca Martins. 

Personalidade pela música. Takla dispensou detalhes políticos ou sobre casamentos e minimizou situações de peso dramático, como os vários problemas e acidentes que, ao longo do tempo, comprometeram os movimentos e sua habilidade ao piano. “É uma exposição sensorial, em que a música acompanha o público o tempo inteiro e, assim, será desvendada a personalidade do grande artista”, avisa. 

Fotos, vídeos, reportagens e objetos pessoais estão divididos em duas fases dentro do espaço expositivo, uma área de 800 metros quadrados. A primeira delas, O Pianista, com corredores que conduzem a uma viagem entre os anos de 1940 e 2003, e a segunda, O Maestro, que foca a reinvenção do homem impedido de tocar piano. Em outra sala, uma holografia do artista conversa com o visitante e executa músicas marcantes. Também há uma brincadeira interativa em que o público poderá se passar por maestro e reger uma sinfônica.

João Carlos Martins esboça surpresa quando ouve algumas dessas atrações e garante que não acompanhou nada. “O único palpite que dei, a pedido do Takla, foi a escolha de cinco músicas que seriam usadas em algum momento que não sei bem”, conta. “Ah, emprestei também uma camiseta da Portuguesa, então deve ter algo relacionado ao meu time”, emenda. Curioso mesmo ele está para saber mais de uma coreografia criada por Anselmo Zolla e executada por dois bailarinos da Studio3 Cia. de Dança. “Será exibida uma projeção que mostra um homem, no caso uma representação do João Carlos, e uma mulher, a simbologia da música na vida dele, embalados por um tango de Astor Piazzolla”, antecipa o curador.

Takla estranhou as inúmeras instâncias e hierarquias em torno da concepção e montagem de uma exposição. “O teatro é mais simples”, compara. No fim das contas, porém, o resultado ficou do jeito que queria. “João Carlos foi a melhor coisa que me aconteceu nessa pandemia e trabalhar ao lado dele me devolveu um estímulo que julgava perdido”, confessa ele que, em agosto, dirigiu uma versão virtual da ópera Cartas Portuguesas junto da Osesp, a única atividade na quarentena até então. 

Para o teatro, o encenador continua desmotivado – algo que já manifestava antes da pandemia. Suas últimas montagens foram a comédia Vanya e Sonia e Masha e Spike (2015) e o musical My Fair Lady (2016) e, para ele, se o segmento já atravessava uma enorme crise, o coronavírus veio como uma aceleração de efeitos desastrosos. “Vamos perder uma geração inteira que não terá a oportunidade de saber o que é o real contato com o teatro”, lamenta Takla que, nas próximas semanas, viaja para seu Líbano natal e, quem sabe, ainda impregnado da energia de João Carlos Martins, encontrará novas inspirações. 


Estadão terça, 15 de junho de 2021

ANA CEECÍIA COSTA: SOU UMA PESSOA EM PERMANENTE BUSCA ESPIRITUAL

 

'Sou uma pessoa em permanente busca espiritual', diz a atriz Ana Cecília Costa

Ana Cecília Costa interpreta a Santa Teresa d’Ávila na versão que estará online da peça ‘A Língua em Pedaços’

Dirceu Alves Jr., Especial para o Estadão

15 de junho de 2021 | 05h00

A atriz Ana Cecília Costa se lembra como se fosse hoje. Em 2015, logo depois de uma apresentação da peça A Língua em Pedaços em uma unidade do CEU (Centro Educacional Unificado), na periferia paulistana, uma menina de 9 anos parou na sua frente e perguntou: “Esse homem é da polícia, não é?”. A artista, que interpreta Santa Teresa d’Ávila (1515-1582), pensou e respondeu, impressionada com a leitura da garota em relação ao inquisidor que interroga a religiosa acusada de subversão e heresia: “Sim, quer dizer, é como se fosse um policial”.

 

Ana Cecília Costa
Cena da peça 'A Língua em Pedaços', com Ana Cecília Costa e Joca Andreazza Foto: Laercio Luz
 

Não foram poucas as conexões estabelecidas por espectadores entre os dois personagens do texto do espanhol Juan Mayorga e fatos cotidianos desde a estreia do espetáculo, dirigido por Elias Andreato, em maio daquele ano no Centro Cultural Banco do Brasil. O embate entre a carmelita e o algoz que a acusa de trair os princípios da Igreja Católica no século 16 provocou reações, segundo a atriz, de pessoas que enxergaram coincidências com o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, os pedidos de intervenção militar e o avanço das ideias conservadoras. “Teresa foi julgada pelo fato de ser uma mulher e argumentavam que ela deveria estar possuída pelo demônio porque jamais alguém do sexo feminino seria tão inteligente e articulada”, conta.

 O alcance desse trabalho, montado entre 2015 e 2016, poderá ser redimensionado com a estreia de uma versão filmada para o online. Protagonizada por Ana Cecília e Joca Andreazza, a peça ganha a chance de ser acessada gratuitamente entre os dias 17 e 21 e 24 e 27, às 21 h, através do YouTube emcenaproducoes, com sessões extras nos dias 20, 23 e 27, às 16 h. O diretor Elias Andreato acredita que o resultado da gravação valorizou a intimidade entre os atores e o discurso de Teresa se torna mais compreensível hoje, em um momento em que o capitalismo é posto em xeque por causa da pandemia. “A Igreja vive do dinheiro, da riqueza e não queria por perto essa mulher que prega contra seus interesses, defendendo uma vida sem ostentação, algo que estamos sendo obrigados a revisar neste último ano”, justifica Andreato.

Além de religiosa e poeta, Teresa d’Ávila foi uma empreendedora, fundando dezessete conventos das carmelitas descalças na Espanha. “Se essa mulher realizou tudo isso lá no século 16, por que não vou conseguir produzir uma peça para contar a sua história?”, perguntou-se Ana Cecília a si mesma, logo depois de ler a biografia da monja, O Livro da Vida, em um intervalo das gravações da novela Joia Rara, em 2014. Por intermédio de um amigo, o ator Washington Luiz Gonzales, ela descobriu a peça de Mayorga, recém-lançada e premiada na Espanha, e, com os direitos na mão, procurou Andreato sem nem o conhecer pessoalmente. Estava obstinada, como Teresa, a colocar em práticas ideias que julga necessárias. “Ana acredita em tudo o que fala e, quando ela me descreveu que o foco da peça era sobre Teresa e o inquisidor, uma atmosfera questionadora e não só religiosa, comecei a procurar uma sala para começar a ensaiar de imediato”, declara o diretor.

As primeiras pesquisas foram sugeridas pelas monjas carmelitas de Salvador, na Bahia natal de Ana Cecília. “Elas me receberam desconfiadas, mas saí de lá com vários livros e uma visão diferente daquelas mulheres que vivem presas, afastadas do mundo por causa de uma vocação e isso, de certa forma, as aproxima dos atores”, divaga a artista. Durante as viagens de A Língua aos Pedaços por cidades como Brasília e Belo Horizonte, a atriz mostrou o espetáculo nos mosteiros e, em uma apresentação em um retiro para padres e bispos em Itaici, no interior paulista, a convite do cardeal Dom Odilo Scherer, ela viveu uma das maiores emoções de sua carreira. “No final, todos se levantaram e cantaram Salve Rainha como agradecimento.”

Depois de A Língua em Pedaços, Ana Cecília protagonizou outra peça de viés crítico de Juan Mayorga, A Tartaruga de Darwin, dirigida por Mika Lins, em 2017. Com autorização do dramaturgo, ela fez uma versão em forma de monólogo de A Tartaruga de Darwin para estrear em breve em um projeto batizado de Trilogia Mayorga, talvez ainda no segmento online. Além de A Língua em Pedaços e A Tartaruga de Darwin, a trilogia se completa com Entre Árvores, texto intimista, que Ana Cecília vai só dirigir. “Sou uma pessoa em permanente busca espiritual, católica de formação, e encontrei um norte em Teresa d’Ávila. Depois dela, sinto que abracei a minha carreira também como produtora para falar aquilo que sinto.”


Estadão segunda, 14 de junho de 2021

LES SYLPHIDES: ANA BOTAFOGO REMONTA VALE CLÁSSICO PARA A SPCD

 

'Les Sylphides': Ana Botafogo remonta balé clássico para a SPCD

Espetáculo da São Paulo Companhia de Dança será apresentado entre 17 e 20 de junho, no teatro e na internet 

Eliana Silva de Souza, O Estado de S.Paulo

14 de junho de 2021 | 05h00

Tudo que guardamos e passamos em nossa trajetória está arquivado em nossas memórias e nas marcas que o tempo se encarregou de tatuar em nossa pele. Cada ruga ou cicatriz nos remete a alguma história que pertence à nossa história. Cada indivíduo carrega tais lembranças de forma particular. Esse é o caso dos bailarinos, que carregam sua história de vida e suas experiências incrustadas no próprio corpo. O que dizer de uma artista que já conta 45 anos de carreira e que ainda hoje se renova e transborda alegria em poder passar aos mais jovens a sua experiência? Apesar de aposentada dos palcos, Ana Botafogo, 63 anos, não se distanciou de sua arte, pelo contrário. A brasileira de renome internacional une seu conhecimento com a São Paulo Companhia de Dança (SPCD), para a qual preparou a remontagem da coreografia clássica Les Sylphides (Chopiniana), junto com Inês Bogéa, e que será apresentada entre os dias 17 e 20, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, com público presente, mas também com exibição online ao vivo. Para Ana, “a dança é oxigênio, é vida, é a mola que me fez sempre ver a vida positivamente”.

 

Ana Botafogo
Ana Botafogo com a São Paulo Companhia de Dança Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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Ana Botafogo celebra 35 anos de carreira com balé em SP

Um dos maiores nomes dança, Ana Botafogo tem uma trajetória de sucesso. Dedicada ao mundo da dança clássica, a bailarina conquistou o público com sua atuação em inúmeros espetáculos, como Copélia, O Quebra Nozes, Giselle, O Lago dos Cisnes, A Bela Adormecida, Zorba, o Grego, A Megera Domada, Eugene Onegin, entre outros. 

 Ainda bem jovem, Ana Maria Botafogo Gonçalves Fonseca seria surpreendida, em 1981, ao ser aceita como primeira-bailarina do Theatro Municipal do Rio, cargo que ocupa até e hoje. “Quando entrei para o Municipal, passei por uma audição. Eu era uma jovem bailarina, mas acharam que eu tinha condição de ocupar essa posição”, conta Ana, que explica que essa função é exercida por mais de um profissional. 

Segunda ela, as grandes companhias de balé costumam ter várias primeiras-bailarinas e bailarinos, o que também ocorre por aqui. “Eu me juntei a grandes nomes que já estavam no Municipal como primeiras-bailarinas”, afirma a dama dos palcos, enumerando algumas colegas que também estiveram no mesmo cargo no teatro. “Estavam ali, quando entrei, nomes como Nora Esteves, Cristina Martineli, Alice Colino. Depois de mim, entrou Cecilia Kerche. Juntas, nós assinamos a direção do Corpo de Baile do Municipal”, relembra Ana, que completa dizendo que há, também, homens ocupando esse posto.

Curiosidades como esta, entre tantas outras que envolvem o balé clássico, estão nos passos dados por Ana Botafogo nessa sua longa trajetória. Ainda criança, ela começou a dar suas primeiras piruetas e, com apenas 11 anos, estava experimentando a emoção do palco. Foi assim que se lançou ao mundo, passando um período na França de onde retornaria para ocupar seu lugar de destaque no Municipal do Rio. “Essa foi a casa que me acolheu e me possibilitou tantas alegrias e realizações. Era um sonho antigo estar ali”, revela a bailarina, que se diz agradecida por ter conseguido se “realizar como artista”.

Nessa trajetória consagrada, com premiações nacionais e internacionais, Ana Botafogo não se limitou à dança e se arriscou como atriz ao participar da novela Páginas da Vida, de Manoel Carlos, em 2006. 

 

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'Les Sylphides', remontagem de Ana Botafogo, será encenada no teatro Sérgio Cardoso Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mas a sua vida é a dança e dela não se distanciou, agregando inúmeros trabalhos que a colocaram em um patamar diferenciado, ao lado de outros grandes nomes da categoria. “A dança sempre foi minha vida, já não me lembro da minha vida sem a dança”, reflete Ana, que revela ter um livro de memórias vindo por aí, com lançamento previsto para o segundo semestre. Trata-se de uma obra que tem como base “uma grande pesquisa feita pelo meu pai”, afirma a orgulhosa filha. “Ele foi fazendo e, com o material garimpado, acabou indo além do esperado. Assim, conta também um pouco da história do balé no Brasil, além do meu período na França”, diz.

Entre seus incontáveis trabalhos nas pontas dos pés, Ana teve a possibilidade de estar ao lado de bailarinos também renomados, como Fernando Bujones, Júlio Bocca e Richard Cragun, para citar alguns. Experiente, Ana revela profundo conhecimento sobre o balé clássico. Tanto é que esse espetáculo com a SPCD veio também por ela mesma ter dançado Les Sylphides diversas vezes. “Tive oportunidade de dançar esse balé não só aqui no Rio de Janeiro, mas também tive um convite para fazê-lo em Londres, no Royal Ballet”, afirma. Segundo a bailarina, ela contou com a importante ajuda de uma profissional gabaritada para atingir essa visibilidade. “Fui muito preparada por uma pessoa que entende muito dessa coreografia, a grande mestra do balé nacional, e mundial, que é a dona Tatiana Leskova”, enfatiza Ana. “Ela montou muitas vezes e também teve a oportunidade de dançar esse balé”, afirma. Sobre a obra em questão, conta que se trata de uma peça sem uma história. “Les Sylphides é um balé extremamente clássico e, na época (1909), foi tido como moderno, pois já trazia muitos desenhos coreográficos do próprio corpo de baile”, diz a coreógrafa. “O espetáculo mostra os sonhos de um poeta e as sílfides são nada mais que o momento dessa inspiração.” 

Imunizada com as duas doses da vacinada contra a covid-19, Ana Botafogo se diz feliz por poder agora superar esse desafio de montar um espetáculo de dança e apresentá-lo para o público de casa e também para o que estará presente no teatro. “Para qualquer artista isso é, neste momento, um presente.”

No "intervalo", transmissão ao vivo dos bastidores

Criada em 2008, a São Paulo Companhia de Dança, corpo artístico da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado, se firmou no cenário das artes e se mantém como um grupo que vive em busca do diálogo entre gerações, como afirma sua diretora Inês Bogéa. Prova disso é a parceria que faz agora com a carioca Ana Botafogo, primeira-bailarina do Theatro Municipal do Rio. “Há um tempo, convidei Márcia Haydée para fazer sua primeira criação para uma companhia brasileira, e agora foi a vez de ter a Ana, que prepara sua primeira remontagem”, conta Inês, acrescentando que também chamou o coreógrafo Lars Van Cauwenbergh para fazer outra remontagem – no caso, Giselle. “Eu acredito que esse encontro de gerações seja muito importante para a transmissão da essência dessas obras que encantam o mundo há longo tempo”, diz. 

A coreografia escolhida para Ana Botafogo é a Les Sylphides (Chopiniana), criação do russo Michel Fokine, em 1909, com músicas de Chopin, e que a brasileira teve a oportunidade de encenar algumas vezes. “Ana tem, em seu corpo, uma série de informações e conhecimentos como bailarina, que agora vai ajudá-la a remontar essa obra a partir da sua visão”, avalia Inês Bogéa. “Essa obra que estamos criando juntas tem essa essência do balé que foi criado por Fokine”, conta diretora, destacando que será uma forma de montar essa obra, que faz parte do repertório canônico e vem repercutindo no tempo, mas com olhar do século 21. “Ela tem figurino da Tânia Agra, que foi repensado para hoje, com as tecnologias atuais”, conta. E traz ainda, segue Inês, com a iluminação de André Boll e cenário de Fábio Namatame, um diferencial para o espetáculo. 

 

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'Les Sylphides', remontagem de Ana Botafogo, será encenada no teatro Sérgio Cardoso Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Além das remontagens, a SPCD apresentará coreografias contemporâneas, que fecham cada noite. Assim, de 17 a 20 de junho, após Les Sylphides, o grupo encena a coreografia Só Tinha de Ser com Você, de Henrique Rodovalho; e, de 24 a 27, depois de Giselle – Ato II, vem Agora, de Cassi Abranches. 

Claro que, em momento de isolamento social, montar um espetáculo de dança exigiu o máximo de cuidado, o que foi seguido rigorosamente pelos envolvidos. Todos passam por testes constantes para covid, mantêm distanciamento, máscara em tempo integral, que só é retirada no momento da apresentação, sendo mantida nos ensaios, e o teatro seguirá os protocolos do Plano São Paulo – duração aproximada de 1 hora, sem intervalo, e ocupação limitada. Para o público de casa, a transmissão será pelo canal do YouTube da SPCD e na plataforma CulturaEmCasa. 

E ainda, como relata a diretora, esse foi um trabalho diferente de tudo que já fizeram e que exigiu a busca por alternativas, pois se trata de uma apresentação híbrida, com dois públicos diferentes, por causa da pandemia. Um dos desafios, como conta Inês Bogéa, foi o de reinventar o “intervalo”. Como ela explica, “pela primeira vez vamos transmitir ao vivo os bastidores”, que permitirá que todos acompanhem o “acontece quando acaba uma coreografia e a outra tem de ser iniciada”. Assim, o público não vai precisar sair de onde está e ainda vai poder ver algo que não é usual. 

 


Estadão domingo, 13 de junho de 2021

ILANA KAPLAN VIRA SUCESSO NO INSTAGRAM AO CRIAR PERSONAGEM DE CONSULTORA DE ETIQUETA

 

Ilana Kaplan vira sucesso no Instagram ao criar personagem de consultora de etiqueta

Marcela Paes

13 de junho de 2021 | 00h38

Ilana Kaplan. Foto: Iara Morselli/Estadão

Nem sempre é fácil lidar com o Instagram. Se em tempos normais já era complicado aceitar que nos posts da rede a vida parece cor de rosa, na pandemia a tarefa ficou ainda mais árdua. Com isso em mente, a atriz Ilana Kaplan resolveu usar o humor para discutir determinados comportamentos. Criou a personagem da consultora de decoração e etiqueta no mundo virtual Keila Mellman e em poucos meses saiu de 6500 para 200 mil seguidores, que incluem fãs como Zeca Camargo, Antonio Fagundes e Lilia Cabral.

Com olhar ferino, a personagem “ajuda” os seus seguidores a saber o que postar. Foto da festinha na praia, reunião com os amigos e vacina com atestado médico dado pelo amigo, pode? “Poder pode, mas é de bom tom? Não”, diz o famoso bordão de Keila. Leia abaixo a entrevista com a atriz:

 

Como surgiu a ideia para a personagem?
A Keila surgiu de uma observação das redes sociais. Eu já reparava antes da pandemia, mas depois esse comportamento gritou mais. Existe esse universo lindo que só aparece lá. Todo mundo de férias, todo mundo está super bem em algum lugar paradisíaco. O que me impressionou foi quando começou a pandemia e muita gente continuou nesse lugar mágico, como se não houvesse uma tragédia entre nós. Eu comentei com a minha irmã, Ana Kaplan, que escreve comigo desde os tempos do Terça Insana e criamos a Keila Mellman.

Teve alguma postagem específica que te inspirou?
Não, foi um conjunto de pessoas. Era Ano Novo e o pessoal dizendo que todos estavam devidamente testados em uma praia com 20, 30 mil pessoas. Gente, testados como? Sabe? E com aquelas hashtags #graciasalavida, #uma mulhervacinadanãoquerguerracomninguém…

Pensou que a personagem fosse viralizar desta maneira?
Não. A primeira vez em que postei fiz meio que um deboche do pessoal que estava em Noronha. Aí, viralizou. Acho que foi como se a Keila fosse um porta-voz daquilo que todo mundo estava pensando.

Seu Instagram passou de 6.500 seguidores para 200 mil. Já conseguiu retorno financeiro?
Nada. Com o Instagram não veio nada. Tive uns convites para fazer coisas com a Keila, mas por enquanto resolvi não fazer.

Você conseguiu uma boa visibilidade com o Instagram. Acha que esse tipo de apresentação veio pra ficar?
Acho que é um jeito de a gente se comunicar neste momento. Sou de uma geração que quase não sabe mexer direito nessas coisas, sou uma pessoa mais analógica, de teatro. São 35 anos de teatro. Fiz muitas coisas variadas na TV Cultura, no SBT, na Globo… Mas onde piso com mais firmeza é no teatro. Tenho uma frase que é: quando o teatro voltar, volte ao teatro. O teatro é ao vivo, não é online. Não existe nada mais prazeroso que a troca ao vivo.


Estadão sábado, 12 de junho de 2021

ACQUA MOVIE, FILME DE LÍRIO FERREIRA, ABORDA DO CORONELISMO A TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO

 

'Acqua Movie', de Lírio Ferreira, aborda do coronelismo à transposição do Rio São Francisco

Filme é como um sucessor espiritual de 'Árido Movie', longa do diretor de 2004

Luiz Carlos Merten, Especial para o Estadão

11 de junho de 2021 | 05h00

Há tempos, na verdade desde seu primeiro longa – Baile Perfumado, codirigido com Paulo Caldas –, Lírio Ferreira queria trabalhar com Alessandra Negrini. As agendas não coincidiam. Finalmente se acertaram, e ela está no centro de Acqua Movie, o novo longa de Lírio, que estreou nos cinemas na quinta-feira, 10. Pode ser motivo de polêmica dizer que se trata da melhor ficção do autor, mas é. Árido Movie, de 2004, foi um filme importante de Lírio. Não foi um estouro de bilheteria, mas o culto não vem daí. 

 

Acqua
Cena do filme 'Acqua Movie', de Lírio Ferreira, com Alessandra Negrini Foto: Fred Jordã
 

“O Árido pertence a um momento marcante de minha vida, é um filme pelo qual tenho muito carinho. Caetano (Veloso) disse que é um filme com muitas portas, e que ele não sabia se queria abrir todas. Eu concordo, não é um filme que eu quisesse revisitar, mas aí ocorreu uma coisa curiosa. Há uns dez anos, fui com amigos a um festival na cidade de Triunfo, no interior de Pernambuco. Fomos de carro e, pela primeira vez, cruzei com as obras da transposição do Rio São Francisco. Fiquei fascinado e foi a partir dali que os personagens do Árido começaram a me assombrar.” 

 A questão da água – do árido para o Acqua. Lírio brinca dizendo que é um filme kardecista. “Muitos personagens do Árido voltam, interpretados por outros atores.” No final do filme, Giulia Gam, a Soledad, está grávida e aquele filho agora é da Alessandra (Negrini). Como sabia que não ia ter a Giulia, Soledad virou a Duda, que agora vive separada do Guilherme Weber.” O novo filme abre com uma discussão entre ambos por telefone. O Homem do Tempo/Weber cobra mais atenção da ex-mulher para o filho. Duda está distante, na Amazônia, fazendo um filme de índios. 

O Homem do Tempo morre, o filho é forçado a conviver com a mãe. Caem na estrada – segundo o garoto, o pai queria ser enterrado em Rocha, mas a cidade foi soterrada pelas águas e existe agora Nova Rocha. Mais que uma sequência de Árido Movie, Acqua talvez seja um reboot. Weber volta ao Nordeste para o enterro do pai, no filme anterior. Cícero – seu filho – agora viaja às origens para também enterrar o pai. “Por mais que ele interagisse, na estrada e em casa, a odisseia de Jonas/Homem do Tempo era solitária, individual. Agora mãe e filho vão viver uma experiência transformadora para ambos. Cícero chega a acusar a mãe de preferir ‘seus’ índios a ele. A viagem proporciona uma espécie de (re)descoberta do Brasil, e do amor entre ambos.

Momento ímpar é quando o carro corre paralelo a um cânion, e a câmera de Gustavo Hadba – o diretor de fotografia que substitui Murilo Salles, do primeiro filme – se desloca para o interior do gigantesco canal. “A água era mínima, agora tudo aquilo está inundado, como a cidade. Só sobrou a estrutura da igreja.” Embora o gatilho tenha sido aquela viagem a Triunfo, Acqua só começou a tomar forma anos depois, quando Lírio viajou ao sertão para escrever o novo filme com os amigos Marcelo Gomes e Paulo Caldas. “Numa encruzilhada, tivemos um choque. Naquela desolação imensa havia um painel anunciando a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência. Para nós, ele era um candidato folclórico, como havia sido o Enéas. Quando estreamos no Festival do Rio, já vivíamos a tragédia desse Brasil sob Bolsonaro.” 

Para expressar essa nova era, surgiu o personagem do prefeito, interpretado por Augusto Madeira. Intimidador, ele quer transformar o enterro do Homem do Tempo num evento partidário. Tenta cooptar o sobrinho. Alessandra volta à estrada, em busca da terra dos índios, onde o próprio Cícero terá sua revelação. “As coisas foram se ajustando. Eu queria a Alessandra e dessa vez consegui. Para o Cícero, terminei usando o Antônio Haddad, que pertence a uma família de artistas de São Paulo, meus amigos. Eu o conhecia desde pequeno, e ele, aos 7 anos, já me enquadrava – ‘Tio Lírio, quando vai ter um papel para mim?’ Vê-lo atuar com a Alessandra foi um grande prazer.” 

Ela conta: “Surgiu no meio do caminho uma novela, mas dessa vez eu disse que tinha o filme e queria fazer. Foi uma questão de ajustamento de datas. Quanto ao Antônio (Haddad), tenho dois filhos e a Betina é mais ou menos da idade do Cícero. Usei muito da minha experiência como mãe para o papel”. O cinéfilo de carteirinha há de lembrar da frase final de Baile Perfumado: “Os inquietos hão de mudar o mundo”. Essa inquietude faz parte do temperamento do diretor. Os amigos tiram sarro e dizem que um filme de Lírio é muitas vezes, senão sempre, um delírio. 

Árido era mais irregular, a inquietude tinha de ser gritada. Acqua investe mais no afeto. Música (de Antônio Pinto, que também é um dos produtores), fotografia (do já citado Gustavo Hadba) e montagem (de Vânia Debbs, que tem sido parceira de Lírio) harmonizam-se de tal maneira que o filme flui como um rio na vida dos personagens (e dos espectadores). O próprio título, Acqua, em vez de Árido, já significa muito. “Ao colocar na tela uma mãe e um filho em busca da reconstrução do afeto num mundo caótico, é claro que o filme tinha de ter essa pegada.” 

O afeto transborda. Assim como tinha José Celso Martinez Correia em Árido Movie, Lírio tem agora Edgar Navarro no Acqua. Transgressores geniais, eles o inspiram como artistas e pessoas humanas. “E tem o Ruy Guerra em Sangue Azul, que filmei em Noronha”, ele lembra. O afeto, como a água, está presente em todo o filme, desde a morte do pai, naquele chuveiro. 

De novo é um filme com muitas camadas – o amor de mãe e filho, o coronelismo, os índios, o conflito entre o arcaico e o moderno. “Pra gente, Paulo, Marcelo e eu, escrever em loco, no sertão, foi decisivo para que todas essas camadas entrassem organicamente, de forma natural, na nossa história.” 


Estadão sexta, 11 de junho de 2021

ACQUA MOVIE É UM FILME DE ESTRADA, QUE TAMBÉM DISCUTE QUESTÕES INDÍGENA

 

 

Crítica: 'Acqua Movie' é um filme de estrada, que também discute questões indígenas

Acqua Movie fala de coisas sérias, mas não perde o humor, como era típico do ser brasileiro antes que as coisas desandassem e ficassem tão exasperadas por aqui

Luiz Zanin Oricchio, O Estado de S.Paulo

11 de junho de 2021 | 05h00

 

Acqua
Cena do filme 'Acqua Movie', de Lírio Ferreira, com Alessandra Negrini Foto: Fred Jordã
 

Acqua Movie não é um filme de tese, e nem sequer desesperado ou distópico, como se poderia supor, embora não sonegue imagens fortes ao espectador. Um exemplo é o leito morto de um rio, um cânion tanto belo quanto tétrico, filmado em plano-sequência. Põe em destaque o relacionamento entre uma mãe e um filho pré-adolescente. Duda (Alessandra Negrini) é uma ambientalista e documentarista que vive viajando para fazer seus filmes e não tem lá muito tempo para a família. O marido morre e o filho a convence a levar as cinzas do pai para seu lugar de origem, no Nordeste, onde ele teria manifestado desejo de ser enterrado. 

 Um road movie, portanto, marcando a longa viagem de carro entre São Paulo e o interior de Pernambuco, onde se encontra a cidade natal do pai. Ou melhor, onde se encontrava, já que foi alagada na transposição das águas do Rio São Francisco. Ao lado, outra cidade foi criada – a agora afluente Nova Rocha, comandada pelo irmão do pai, eleito prefeito. 

Essa viagem serve também como uma espécie de rito de passagem para o garoto Cícero (Antonio Haddad). Ele é muito ligado à imagem do pai morto (Guilherme Weber), um jornalista de TV famoso. Hostiliza a mãe, sempre dedicada “aos seus índios”, relegando a família a segundo plano. Ao chegar à fazenda em Nova Rocha, se deixa seduzir pelo poder do tio, o sedutor e às vezes ameaçador Múcio (Arnaldo Madeira). E pela promessa de que herdaria, no futuro, tudo aquilo. 

Há aí uma engenharia narrativa interessante. Passa pelo que poderíamos chamar de emancipação emocional de um garoto. O trabalho da mãe, em contato com indígenas, lhe parece abstrato e até egoísta. Quando ele mesmo conhecer a realidade, terá outra visão sobre a mãe e seus valores. É um processo de crescimento e reavaliação de perspectivas.

Se passarmos para outro plano, mais geral, podemos imaginar o processo de amadurecimento do jovem Cícero como correspondendo a algo que falta à população brasileira em seu conjunto. Ou, pelo menos, a uma enorme parcela dessa população, que julga os recursos do planeta inesgotáveis, supõe que tudo pode ser destruído em nome do lucro e que povos originários não têm qualquer direito, são preguiçosos e devem ser mensurados em arrobas, como os quilombolas. Aqui, coloca-se em xeque não mais o contraste entre o Brasil moderno e o arcaico, mas o arcaísmo que se deseja passar por moderno. 

Essas inquietações críticas não tomam a forma de teses. Deslizam pela narrativa, de modo natural e nada impositivo. Há uma posição do autor e esta é clara e visível. Mas nem por isso adota o tom professoral de “mensagem” ou de ordenação moral. Lê nas entrelinhas quem quiser. Ou puder. Caso contrário, fique apenas com uma história muito bem contada. 

Mesmo porque Lírio é o que chamamos de “bicho de cinema”. Alguém capaz de articular em imagens toda a estrutura narrativa, dispensando muletas discursivas inúteis. O filme é todo cheio de ritmo (montagem de Vânia Debs) e muito bem fotografado (Gustavo Habda). Gostoso de ver. 

Quem conhece o trabalho anterior do cineasta sabe do seu amor pelo cinema e conhece esse estilo cheio de bossa. Lírio é coautor, com Paulo Caldas, de Baile Perfumado (1997), um dos filmes decisivos da Retomada, vencedor do Festival de Brasília. Em direção solo, fez a ficção Sangue Azul (2014), rodada em Fernando de Noronha, e assina os notáveis documentários musicais Cartola (2007) e O Homem que Engarrafava Nuvens (sobre Humberto Teixeira, de 2009). Acqua Movie é continuação e contraponto de seu Árido Movie, de 2004. 

Trabalho de cinéfilo, Acqua Movie é pontuado de homenagens e referências internas. Estrelado por uma paulistana (Negrini), traz em pequenos porém marcantes papéis atrizes emblemáticas do Nordeste, como Marcélia Cartaxo e Zezita Matos. Dois diretores da região fazem pontas. Uma, um pouquinho maior, com direito a fala, do diretor baiano Edgard Navarro, como dono de um boteco ribeirinho. Outra, apenas de passagem, com o cineasta pernambucano Cláudio Assis, como o governador do Estado presente ao enterro fake do ilustre filho da cidade de Rocha. 

Acqua Movie fala de coisas sérias, mas não perde o humor, como era típico do ser brasileiro antes que as coisas desandassem e ficassem tão exasperadas por aqui. Numa passagem da história, há um diálogo hilário entre o coronel-prefeito e seu jagunço a propósito do Bolero, de Ravel. Puro nonsense, à la irmãos Marx. O cinema de Lírio é líquido e certo. 

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Estadão quarta, 09 de junho de 2021

LIVRO RETRATA 10 HISTÓRIAS DE TRABALHO INFANTIL NO BRASIL, QUE PROSSEGUE EM MEIO À PANDEMIA DE COVID

 

Livro retrata 10 histórias de trabalho infantil no Brasil, que prossegue em meio à pandemia de covid

‘Meninos Malabares’, de Bruna Ribeiro e Tiago Queiroz, conta cotidiano de crianças e adolescentes que atuam nos semáforos, plantações e oficinas de costura por alguns trocados

Camila Tuchlinski, O Estado de S.Paulo

09 de junho de 2021 | 05h00

trabalho infantil no Brasil desapareceu na pandemia de covid-19? Apenas aos olhos dos mais privilegiados ou daqueles que conseguiram migrar totalmente para as atividades em home office. Mas as lentes do fotógrafo Tiago Queiroz, junto com a apuração da jornalista Bruna Ribeiro, que tem um blog no Estadão, registraram, nos faróis, nas lanchonetes e nas plantações pelo País, crianças que tentam sobreviver ganhando o próprio dinheiro, seja para garantir o alimento do dia ou para ajudar a família. Dez histórias são retratadas no livro Meninos Malabares – Retratos do Trabalho Infantil no Brasil lançado nesta quarta-feira, 9, pela Panda Books. São jovens equilibrando cones e tochas nos semáforos, limpando túmulos de cemitérios por uns trocados ou em oficinas de costura. 

 

Trabalho infantiil
Garotos aceitam limpar túmulos de cemitérios por uns trocados.
  Foto: Tiago Queiroz
 

As pesquisas para a obra começaram em 2016 e o agravamento do trabalho infantil e da exclusão escolar ficaram explícitos quando começou a pandemia. “Todas as crianças e adolescentes entrevistados a partir de março de 2020 estavam fora da escola e não acompanhavam as aulas online por diversos fatores, como dificuldade de acesso à internet e a própria necessidade de trabalhar. Essas pessoas não se profissionalizam na vida adulta e são condenadas à reprodução do ciclo da pobreza, além de ficarem expostas a violências físicas, psicológicas e sexuais”, ressalta Bruna Ribeiro. 

 
Trabalho infantil
Nas feiras livres, meninas e meninos trabalham para ajudar famílias.
  Foto: Tiago Queiroz

O fotógrafo Tiago Queiroz se recorda de notar crianças trabalhando em feiras livres na infância dele. “Esses meninos trabalhavam carregando os carrinhos das mulheres ladeira acima do meu bairro. Observava aquele movimento e queria também fazer parte daquilo, ter meu próprio dinheirinho para o sorvete ou para o pastel. Tive a sorte de ter pais que não me deixaram ir, ou melhor, que não precisavam que saísse em busca de meu próprio sustento”, conta.

Mais de 20 anos de fotojornalismo colocaram Tiago em contato com essa realidade diversas vezes, como em 2015, quando retratou meninos que trabalhavam pintando o corpo de prata para se apresentarem nos faróis de São Paulo. “Alguns faziam malabares nos semáforos da estação Armênia e outros pulavam os muros da estação de metrô e iam de vagão em vagão, de linha em linha, distribuindo papeizinhos pedindo algum dinheiro. Inclusive na primeira história que publicamos no livro (Meninos Malabares) voltei nesse local e encontrei outro grupo, mas com roupas de palhaço. Observei que são crianças impelidas a ir para as ruas, pelas condições econômicas precárias de suas famílias e também por uma questão cultural muito forte no Brasil de que "é bom que as crianças aprendam a trabalhar cedo". Fui influenciado por um ensaio de um grande fotógrafo, o chileno Sergio Larrain, que registrou um grupo de crianças em situação de rua em Valparaíso, e não posso deixar de mencionar uma grande inspiração aqui no Brasil, Lilo Clareto, um ex-fotojornalista do grupo Estado, morto recentemente, mais uma das milhares de vítimas da covid-19”, afirma. 

 

Trabalho infantil
Livro 'Meninos Malabares', de Bruna Ribeiro e Tiago Queiroz, retrata histórias de trabalho infantil
  Foto: Tiago Queiroz

Bruna Ribeiro passou anos construindo vínculo com as crianças entrevistadas e suas famílias. “Eu pesquiso o tema desde 2016, quando comecei a escrever para o projeto ‘Criança Livre de Trabalho Infantil’. A relação de confiança com as fontes estabelecida ao longo dos anos foi essencial para o acesso às famílias. Nas formas de trabalho infantil em propriedades privadas ou em comunidades, como oficina de costura, lixão e no campo (plantação de palmito), o trabalho de produção foi mais elaborado. Contei com o apoio das minhas fontes do projeto e com organizações da sociedade civil parceiras. No caso de malabares, praia e feira nos aproximamos contando sobre o nosso projeto. Muitas vezes realizamos mais de uma visita para o fortalecimento do vínculo”, explica a autora. 

 

Trabalho infantil
Crianças imigrantes também acabam trabalhando em oficinas de costura.
  Foto: Tiago Queiroz

As fotos não mostram os rostos e todos os nomes são trocados, para preservar a identidade dos entrevistados. Durante a pandemia, o impacto da crise humanitária e econômica foi devastador no Brasil e passamos a enfrentar a fome. O último capítulo do livro, intitulado ‘A Pandemia e a Mendicância’ conta histórias de crianças e adolescentes que vão em busca de alimentos e doações. 

“Enquanto muito se falava sobre a importância do isolamento social, não havia outra alternativa para essas crianças a não ser sair às ruas. Essa realidade que retratamos de forma sensível e humana, a partir de histórias reais, vem sendo comprovada por estudos e análises de profissionais do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente e de instituições atuantes na área”, ressalta Bruna Ribeiro. Um estudo realizado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) revelou que o número de crianças em situação de trabalho infantil aumentou 26% entre os meses de maio e julho de 2020 em São Paulo. O que é uma verdadeira ironia, pois a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2021 o ‘Ano Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil’. 

 

Trabalho infantil
A exclusão social e escolar ficou evidente em meio a pandemia de covid-19.
  Foto: Tiago Queiroz

“Um dia, em meados do ano passado, eu presenciei um grande grupo de crianças pedindo dinheiro em um semáforo de uma grande avenida de São Paulo. Me chamou a atenção que algumas usavam máscaras, outras não. Elas me disseram que haviam ganho de um dos motoristas abordados. Com exceção disso, elas continuam ainda se arriscando e circulando em busca de dinheiro e meios de sobrevivência. Nunca houve o "fique em casa" para as camadas mais pobres da população brasileira, a verdade é essa”, avalia o fotojornalista Tiago Queiroz.

Um levantamento divulgado em abril de 2021 pelo UNICEF em parceria com o Cenpec Educação revela que mais de 5 milhões de brasileiros de 6 a 17 anos não tinham acesso à educação no Brasil em novembro do ano passado, número semelhante ao que o País apresentava no início dos anos 2000. “Acredito que um dos papéis do jornalismo e do fotojornalismo é jogar luz a temas por vezes indigestos, mas que precisam ser falados. O trabalho infantil em nosso País certamente é um deles. Espero de verdade que o livro, com suas reportagens mostrando crianças trabalhando em cemitérios no dia de Finados, em pequenas fábricas de costura, no campo, nas feiras-livres, nas praias, sensibilize a sociedade. Qual o futuro que estamos reservando para esses pequenos cidadãos?”, conclui Tiago Queiroz. 

 

Trabalho infantil
Em 'Meninos Malabares', Bruna Ribeiro e Tiago Queiroz contam dez histórias envolvendo trabalho infantil no Brasil
  Foto: Tiago Queiroz

Estadão terça, 08 de junho de 2021

JOÃO GILBERTO GANHA ÁLBUM-TRIBUTO LANÇADO POR SELO JAPONÊS

 

João Gilberto ganha álbum-tributo lançado por selo japonês

Mario Adnet, compositor e arranjador, rearranja 15 gravações conhecidas do músico baiano e chama nomes como João Donato, Guinga, Mônica Salmaso, Lisa Ono e Leila Pinheiro para realizar uma homenagem com coprodução do japonês Shigeki Miyata

Julio Maria, O Estado de S.Paulo

08 de junho de 2021 | 05h00

Vinicius de Moraes falava que “o futuro é o passado melhorado”. Era outra vida e o otimismo do poeta Vina hoje, algumas décadas, governos e uma pandemia depois, pode parecer estranho. Menino, Mario Adnet estava por perto ouvindo o que Vinicius dizia. “O futuro é o passado melhorado”, repetia a si mesmo. A alguém que transformaria a devoção aos mestres em uma série de tributos a partir de 1999, com o álbum Para Gershwin & Jobim, a frase caía como um belo acorde a solucionar uma velha canção. Alguns poucos artistas dedicam suas vidas tentando melhorar o passado, o que não significa fazer melhor, mas trazê-lo, revigorá-lo, reabrir suas possibilidades, chamar a atenção para a sua existência e mediá-lo com os novos tempos. Adnet, agora, vai ao passado de um especialista em reformas e melhorias de passados: João Gilberto.

 

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Contato de imagens de João nos anos 70 Foto: Hirosuke Doi
 
 
O álbum foi gravado em muitos estúdios e sessões diferentes. As cordas foram feitas pelos russos da St. Petersburg Studio Orchestra, em São Petersburgo, na Rússia. Naipes com 12 violinos, seis violas, quatro violoncelos e dois contrabaixos – básico mas raro em um álbum brasileiro antes mesmo da pandemia. Outras gravações foram feitas no Rio, em São Paulo e em Tóquio. A assinatura da coprodução, ao lado de Mario, é do lendário Shigeki Miyata, japonês que produziu o álbum lançado no Japão, Live in Tokyo, de 2004. Não por acaso, a editora e o selo responsáveis são os mesmos de João no Japão, a Road & Sky Publishing, da Universal Classics & Jazz. Uma saída um tanto estratégica que acelera o processo das liberações exigidas para as obras de João no Brasil.

As faces escolhidas por Mario são muitas, desde a mais famosa delas a outras pouco lembradas. Garota de Ipanema, de Vinicius e Jobim, é o João moderno e estelar, de 1964, lançada com o saxofonista Stan Getz depois que o cantor Peri Ribeiro a colocou no mundo pela primeira vez sem fazer o mesmo estardalhaço, em 1963, em seu álbum Peri É Todo Bossa. Só mesmo quando João a gravou com Getz e a voz pequenina da então mulher Astrud Gilberto foi que tudo começou. Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e mais de 200 artistas tentariam imprimir novos frescores àquela fotografia de um instante eterno. Sua reconstrução por Mario Adnet, com as vozes reverenciais de Daniel Jobim, Dora Morelenbaum e do próprio arranjador, tem um pensamento arquitetônico e cheio de referências: trechos, introdução e final fazem discretas citações a frases e células que Jobim e João usavam em diferentes momentos. Uma engenharia de memórias. “Sei que muitos preferem trabalhar com a desconstrução para colocar sua personalidade. Eu gosto da pesquisa, de procurar o frescor. E mesmo as canções mais batidas têm esse frescor”, diz Mario.

O João que olhava para trás obsessivamente disposto a melhorá-lo surge em temas como Izaura, de Herivelto Martins e Roberto Roberti. As vozes de Mario e da filha Antonia são colocadas no mesmo nível de volume e alguns acordes são acrescentados. “João a fazia mais simples”, compara o pesquisador. O samba regravado por João em 1973, com a segunda voz de Miúcha deixando a sua ao fundo deslizar deliciosamente nos cromatismos que tanto amava quando dividia ou não uma canção – aqueles momentos em que a melodia descia de degrau em degrau para chegar ao destino sem nenhum grande salto –, ganha uma atualização de pouca interferência, ao contrário do que acontece, ou quase chega a acontecer, com Chega de Saudade.

 

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Mario Adnet, em foto de 2011 Foto: Nelson Faria

Carta de intenções da bossa nova lançada em 1959, capaz de fazer uma geração de futuros grandes compositores querer tocar violão depois de ouvi-la, Chega de Saudade tem aqui a voz de Mônica Salmaso, o violão de Guinga e um arranjo de cordas pensado por Mario Adnet. Seria perfeito se a intenção proposta por Guinga, interrompida logo depois, não fosse tão avassaladora. A gravação original, e as centenas de regravações que a sucederam, tratam a letra triste da primeira parte com uma estranha felicidade de salão.

É possível ver quem canta “vai minha tristeza e diz a ela que sem ela não pode ser” dançando em um baile de carnaval. Mas Guinga levou esta música, talvez pela primeira vez, ao ponto da dor que os versos narram, um sentimento que está até no som dos arrastres da mão em busca de acordes. Até a entrada de Mônica e dos arranjos de Mario, ele canta com um sofrimento espetacular e verdadeiro. Com respeito a tudo o que vem depois, esta era uma Chega de Saudade só de Guinga e seu violão.

Mas o passeio é longo e as memórias são muitas. Leila Pinheiro canta Você e Eu, de Vinicius e Carlos Lyra, lançada por João em 1961. Ela se sai muito respeitosa, sem riscos e convidativa a uma possível reflexão. Há instantes em que a música de João, por sua força, se mostra sólida e imóvel, como se não reagisse a nenhuma tentativa de interferência. É como se novos sopros, acordes, uma interpretação diferente ou qualquer movimento não conseguissem imprimir nenhuma informação. O que sobra é a homenagem e a entrega carinhosa que Leila faz à proposta revisionista. 

João Donato traz a voz e o piano Rhodes para fazer, ao lado de Antonia Adnet, o samba Minha Saudade. A música, gravada em 1959, é uma rara parceria dos Joões Gilberto e Donato, e que tem o significado ainda misterioso para o segundo. Dias depois de entregar a música ao parceiro, Donato ouviu de João a letra que ele havia acabado de fazer: “Minha saudade é a saudade de você que não quis levar de mim a saudade de você”. “Mas o que é isso, João?” O baiano repetiu os versos. “Mas isso não faz sentido”, insistiu Donato. “Faz sim, você é que não entendeu.” João Donato, depois de quase enlouquecer com o fluxo do pensamento levado pela “saudade de você que não quis levar de mim a saudade de você”, diz ainda hoje que segue sem saber o significado de Minha Saudade.

 

João Gilberto em 2008, no Auditório Ibirapuera
João Gilberto em 2008, no Auditório Ibirapuera  Foto: Eduardo Nicolau/Estadão

A seleção segue com Joyce cantando Estate, a regravação de João para a música lançada pelo italiano Bruno Martino; Bim Bom, na voz de Moreno Veloso; Ho Ba La La, com a família Adnet; Doralice, com Rosa Passos; João Marcelo (que João fez para seu filho), com guitarra e arranjos de instrumentista japonês Goro Ito; Pra que Discutir com Madame, de Janet de Almeida e Haroldo Barbosa, também com a família Adnet; Valsa (Como São Lindos os Yogues), ao piano de Febian Reza Pane; All of Me (lembrando que João gravou sua versão em português, Disse Alguém, com Caetano e Gil), aqui com a marimbista Mika Stoltzman e o clarinetista Richard Stoltzman; e Valsa da Despedida, que os japoneses amam, com Lisa Ono.

Do Japão, o produtor Miyata responde a algumas perguntas da reportagem por e-mail. Suas memórias sobre João são biograficamente valiosas e, em alguns momentos, parecem evocar um homem diferente daquele que o Brasil conhece. Sobre as gravações feitas nos shows de João Gilberto pelo Japão, nos anos 1970, Miyata conta: “No contrato da turnê não havia nada escrito sobre as gravações. Portanto, não estava pensando em lançar um CD. Depois de cada concerto, eu entregava ao João uma cassete. Um dia após o último show, ele me ligou e disse: ‘Venha para o meu quarto imediatamente. É muito importante’. Fui para o quarto e o encontrei esperando por mim, sozinho. Ouvimos a fita de um dos shows e ele disse: ‘O que você acha?’” Eu disse: “É fantástico, mas, João, está gravado em mono (não em estéreo).” E ele disse: “Não importa, seja mono ou estéreo, está tudo bem para mim. Vamos fazer nosso CD.”

A relação do músico com os japoneses parece ser de maior confiança e se diferenciar, segundo as memórias do produtor, sobretudo com relação à qualidade sonora buscada obsessivamente. “João nunca reclamava de acústica, incluindo os microfones. Isso talvez seja porque nossa pesquisa e nossa preparação fossem quase perfeitas”, diz Miyata. Aproveitando, por que o Japão segue sendo o país que mais valoriza os artistas de bossa nova no mundo? Até mais do que o Brasil? A resposta de Miyata é essa: “É muito difícil para mim responder a essa pergunta. Na minha opinião, provavelmente porque a bossa nova e a MPB toquem as cordas do coração de uma forma peculiar aos japoneses”.

Mais João. A biografia de João, escrita por Zuza Homem de Mello, morto em 2020, será lançada em outubro, segundo a editora Companhia das Letras. E na semana passada, a Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles, publicou em seu site gravações inéditas de João Gilberto. Os registros estão disponíveis no site da rádio. O material estava em três fitas de rolo captadas e guardadas pelo baiano Carlos Coqueijo. Duas delas foram gravadas na casa de Coqueijo, em Salvador, entre os anos de 1959 e 1960. As reuniões informais mostram João cantando e tocando violão. A outra foi captada em um show de João e Vinicius, na Associação Atlética da Bahia, em 1960. O material estava com Aydil Coqueijo, viúva de Carlos.


Estadão segunda, 07 de junho de 2021

MIGUEL FALABELA SE PREPARA PARA ESTREAR FILME VENEZA

 

Miguel Falabella se prepara para estrear filme 'Veneza'

Entre vários projetos, como a tradução de um livro infantil e a criação de uma série, diretor mostra sua 'ode aos sonhos' a partir do dia 1

Ubiratan Brasil, O Estado de S.Paulo

07 de junho de 2021 | 05h00

Em junho de 2020, Miguel Falabella deixou a Globo, depois de 40 anos de casa. E, ao invés de se lamentar, ele aproveitou o horizonte aberto para se diversificar: quando completa um ano sem contrato fixo, o ator, diretor e roteirista enumera uma série de projetos realizados ou próximos do ponto final, como a tradução de um livro infantil, a criação de uma série para o streaming, a versão filmada de uma de suas peças e, finalmente, a estreia de sua obra mais acarinhada, o filme Veneza.

 

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Miguel Falabella, em 2020  Foto: Silvana Garzaro

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“É o trabalho que marca minha maturidade artística”, comenta ele, emocionado. De fato, se sua estreia como cineasta em 2008, com Polaróides Urbanas, foi um primeiro exercício com a linguagem cinematográfica, agora Falabella dá um salto qualitativo, realizando um longa marcado por uma sofisticada narrativa, com inspiração em mestres como Federico Fellini e Luchino Visconti. Com estreia prevista para o dia 17, Veneza se concentra na história de Gringa, dona de um bordel no interior do Brasil que, mesmo cega e doente, sonha em viajar para a cidade italiana, onde acredita que vai reencontrar um amante que ela abandonou na juventude. Com a impossibilidade financeira de realizar tal desejo, seus amigos simulam a viagem com a ajuda de artistas de circo, usando a fantasia e deixando-a feliz.

 “É um filme poético, inspirado nas fábulas latinas, que permite encher a vida de metáforas”, conta Falabella que, para escrever o roteiro, partiu de uma peça do argentino Jorge Accame. “O original é curto, então fiz algumas adaptações, criando, por exemplo, uma trama paralela sobre uma garota de programa que se apaixona por um rapaz que sonha ser trans e tem ereção quando se veste de mulher.”

Veneza tornou-se um produto bem acabado por conta da conjunção de talentos envolvidos. A começar pelo elenco – Dira Paes vive a administradora do bordel e conta com o auxílio de um rapaz interpretado por Eduardo Moscovis. Já os papéis das prostitutas são distribuídos para Danielle Winits, Carol Castro, Laura Lobo e Maria Eduarda de Carvalho. Mulheres que lutam para sonhar e que vivem cenas voluptuosas, com as quais Falabella homenageia as divas, especialmente as italianas. “Os seios significam uma ode ao prazer”, conta ele que, para o papel da Gringa, necessitava de uma atriz estrangeira.

“Como trabalhei muito na Argentina, minha primeira opção foi Norma Aleandro, uma verdadeira diva, mas, na época (2019), com 83 anos, ela não se sentiu à vontade e sugeriu uma colega com quem divide o mesmo agente artístico: a espanhola Carmen Maura”, relembra Falabella que, embora descrente, enviou o roteiro para a atriz que marcou o início da carreira de Pedro Almodóvar. “Para minha surpresa, ela telefonou dias depois dizendo aceitar o papel. Carmen foi encantadora, e ainda traz nos olhos o brilho da Movida Madrilenha”, observa ele, sobre o movimento de contracultura que sacolejou Madri nos anos 1970, na transição pós-franquista.

Apesar do elenco de primeira linha, o projeto não encontrava financiadores, a maioria temerosos com o fato de o filme ter prostitutas como protagonistas. Quem revelou sensibilidade artística foi Julio Uchôa, que abraçou a empreitada. Mesmo assim, com produção reduzida – foram apenas 28 dias de filmagem, distribuídos em locações como Quissamã (RJ), Montevidéu (Uruguai), Rio e Veneza, propriamente, na qual filmaram durante três noites. 

O filme, no entanto, traz magia nas cores fortes da fotografia de Gustavo Hadba, especialmente nas cenas de magia em que Gringa imagina estar passeando de gôndola em Veneza, uma simulação feita pelos amigos que sua cegueira não permite descobrir. “É um mundo colorido em meio a uma vida cruel”, observa Falabella que, além de Fellini, trouxe referências de outro grande cineasta italiano, Luchino Visconti, especialmente de seu longa Senso – A Sedução da Carne. “Quando hoje revejo Veneza, tenho a impressão de que todos os personagens já estavam mortos, era apenas a recordação de uma fatia da história. São muitas camadas, o que me deixa orgulhoso desse trabalho e me dá mais certeza de que vai ganhar reconhecimento com o tempo.”

Enquanto prepara a estreia do longa, Falabella divide-se em outros projetos. Como o da criação da série O Coro para a Disney+, sobre jovens talentos que buscam o estrelato no teatro musical. Serão nove protagonistas e o elenco já conta com nomes do quilate de Sara Sarres, Guilherme Magon e Daniel Rangel. “Quero homenagear a música brasileira e cada episódio será dedicado a temas como Jovem Guarda, festivais da canção, rock dos anos 1980, sertanejo.” O início das gravações está previsto para agosto. Na agenda do ator/roteirista, há ainda brecha para cuidar da adaptação de sua peça O Som e a Sílaba, que montou com Alessandra Maestrini, em outro projeto para a Disney+

Paralelamente, Falabella busca os últimos detalhes para finalizar Marrom – O Musical, espetáculo produzido por Jô Santana sobre a vida da sambista Alcione. Já foram várias conversas para ajudar no roteiro, em viagens para o Maranhão. “Alcione é fascinante, mas também não é fácil – alguns detalhes ela não deixa escapar”, diverte-se Falabella, referindo-se aos amores da cantora.

  


Na agenda do ator/roteirista, há ainda brecha para cuidar da adaptação de sua peça O Som e a Sílaba, que ele escreveu especialmente para Alessandra Maestrini e Mirna Rubim, cantoras-atrizes com registro lírico, em 2017. Será outro projeto para a Disney+, que a transformará em uma série de 10 episódios.

O gosto por desvendar os mistérios do idioma também o convenceram a fazer a tradução de As Travessuras de Pedro Coelho (Ciranda Cultural), clássico infantil da inglesa Beatrix Potter, cuja trajetória inspirou o filme Miss Potter. Embora o texto seja direcionado para crianças, a autora criou diversas armadilhas linguísticas. “Foi trabalhoso porque ela brinca com a língua em seu universo infantil – há rimas internas e um ritmo muito particular”, explica Falabella que, atualmente, se ocupa de mais um projeto, intitulado Querido Mundo e do qual apenas diz ser um “passeio nos gêneros”. Para ele, o tempo não tem limites.

Crítica: Filme cheio de beleza e encanto, que não se assemelha a nada

A morte de Paulo Gustavo, por covid, causou comoção no País. Paulo foi comparado a Leila Diniz – o que ela fez pelas mulheres de sua geração, ele fez pela população LGBTQIA+. Foi redefinido como artista. Muita gente (re)descobriu a qualidade que passara despercebida quando Minha Mãe É Uma Peça 3 passou como um trator pelas bilheterias. Miguel Falabella também tem sido referência como artista popular, no teatro e na TV. 

Como ator de cinema, trabalhou com o mais erudito dos autores brasileiros, Júlio Bressane, em Cleópatra. Tentou a direção, mas Polaróides Urbanas não empolgou. A comédia centrada em personagens femininas foi meio que descartada como exemplo da troca de estéticas entre cinema e televisão. Algo ocorre agora com Veneza, seu longa que concorreu em Gramado, em 2019. Veneza ganhou dois míseros Kikitos, o de melhor direção de arte e o de atriz coadjuvante para Carol Castro – esse, dividido. 

É pouco provável que Veneza esteja entrando para uma carreira vitoriosa nas telas. As pessoas ainda estão muito temerosas de voltar às salas de cinema. A aposta deve ser nas demais janelas. Se Veneza tivesse de ser comparado a algum outro filme poderia ser com Lisbela e o Prisioneiro, de Guel Arraes, pela explosão de estéticas. Mas a verdade é que Veneza não se assemelha a nada no cinema brasileiro atual. É um óvni, um filme cheio de encanto e beleza. O mago de suas imagens é Gustavo Hadba. 

De cara, o filme, adaptado de uma peça, já revela seu sortilégio. Subindo pelos pés de uma mulher na grama, a câmera chega ao rosto transtornado de Carmen Maura. Ela é a Gringa, velha prostituta e dona de bordel. As pensionistas vêm resgatá-la. A Gringa, meio demente, e cega, berra – “Quero ir a Veneza!”. No passado, ela foi amante de um italiano, Giacomo, a quem traiu. Ele, por amá-la, promete que vai esperá-la – em Veneza, para onde ela agora quer ir. O problema é a falta de dinheiro. 

Falabella, com certeza, viu muita comédia italiana. Menos que de Federico Fellini, seu bordel tem muito da representação das p... de Lina Wertmüller. O circo, sim, é uma representação felliniana. É lá que Du Moscovis, agregado da casa, que troca pequenos trabalhos pelo sexo de graça, mata a charada. A peça dentro do circo – o velho melodrama de Madame X, a mulher que abandonou a família e será acusada pelo filho advogado, sem que ele saiba quem é ela. As p..., de bom coração, choram. Du visualiza a forma de ir à Itália. 

Ele é ligado a Dira Paes e, entre as demais garotas, estão Carol Castro e Danielle Winits. Carol tem um affair com um garoto que se veste como mulher para fazer sexo gostoso com ela. Esse jovem tem um pai autoritário e machista, o toque bolsonarista na trama que perseguia o diretor há mais de dez anos. A viagem a Veneza vira artifício, ilusão. Uma jornada de amor e sexo. Tudo é representação. Outro teatro – melodrama – no circo. Falabella, dessa vez, acertou. A almodovariana Carmen Maura é gloriosa na pele da Gringa, um papel que – permitam ao repórter delirar – poderia ser feito por Fernanda Montenegro. Quanto a Veneza, dá sorte no cinema brasileiro. Em 1957, a cidade dos canais foi recriada em estúdio, por Fernando de Barros, num veículo para Dercy Gonçalves, Uma Certa Lucrécia. / Luiz Carlos Merten


Estadão domingo, 06 de junho de 2021

DI CAVALCANTI: SEUS MURAIS NO TOMIE OHTAKE

Os murais de Di Cavalcanti no Tomie Ohtake

Exposição com obras de grandes dimensões nesta quarta, 2, tem réplica do mural que ele fez em 1930 para o Teatro João Caetano 

Antonio Gonçalves Filho, O Estado de S. Paulo

01 de junho de 2021 | 05h00

Na antiga sede do Estadão, na Rua Major Quedinho, um mosaico (Imprensa, 1952) chama a atenção de quem passa pelo centro de São Paulo, mas o nome do autor talvez escape a alguns transeuntes. A poucos metros do imponente edifício, outro mural (Alegoria das Artes, 1950) do mesmo pintor carioca, na fachada do Teatro Cultura Artística, confirma sua vocação para obras de grandes dimensões. Di Cavalcanti (1897-1976), afinal, foi um dos maiores muralistas modernos brasileiros – e isso tem enorme importância para a história da arte, considerando que, ao se falar do gênero, é comum que os nomes evocados sejam apenas os dos muralistas mexicanos (Orozco, Diego Rivera, Siqueiros). A exposição que o Instituto Tomie Ohtake abre nesta quarta, 2, dedicada ao Di Cavalcanti muralista, vem, assim, refrescar a memória nacional.

 

Os murais de Di Cavalcanti no Instituto Tomie Ohtake
O painel 'Brasil em 4 Fases', que Di Cavalcanti pintou em 1965 para o Banerj Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

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Di Cavalcanti

Com curadoria de Ivo Mesquita, trata-se de uma exposição que traz telas de grandes dimensões e até uma réplica da pintura mural que Di Cavalcanti projetou nos anos 1930 para o Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. Arte ligada à arquitetura, era natural que os murais de Di Cavalcanti, um modernista de primeira hora, que participou da Semana de Arte Moderna de 22, enveredasse para abstração nos anos 1950, com o boom da construção moderna e o processo de industrialização, mas não é isso o que se vê em sua pintura mural. Ele segue fiel à figuração e aos temas populares que o consagraram desde que começou a executar murais, ainda nos anos 1930, a segunda dentição do modernismo, mais voltada ao engajamento social de seus artistas.

 
 
 
Os murais de Di Cavalcanti no Instituto Tomie Ohtake
A tela 'Devaneio', de 1927: ecos das mulheres de Picasso Foto: Instituto Tomie Ohtake

Após os murais para o Teatro João Caetano, Samba e Carnaval (1929-30), Di Cavalcanti assinou, segundo o curador Ivo Mesquita, outros três murais na década de 1930: o do Cassino do Quartel do Derby, no Recife, o da Escola Chile, no Rio de Janeiro, ambos em 1934 e pintados diretamente na parede, e o painel para o Pavilhão da Cia. Franco-Brasileira de Cafés na Exposição Internacional de Artes e Técnicas na Vida Moderna, em Paris. Este último, de acordo com Mesquita, “parece estar desaparecido, mas ganhou medalha de ouro no evento enquanto o do Cassino do Derby foi destruído pelos militares em 1937, depois do golpe do Estado Novo”. Di Cavalcanti, nem é preciso lembrar, era inimigo do ditador Getúlio Vargas, foi preso e torturado pela ditadura e depois exilou-se na França, entre 1936 e 1940.

Muitos dos murais e telas expostos na mostra do Instituto Tomie Ohtake são de um período posterior, os anos 1950, quando a industrialização do País promoveu a instalação de fábricas de pastilhas e revestimentos cerâmicos em São Paulo. Di Cavalcanti, como comprovam os mosaicos anteriormente citados, experimentou a técnica e seu trabalho foi integrado à arquitetura moderna, como o de Athos Bulcão serviu aos projetos de Oscar Niemeyer em Brasília. O painel do teatro Cultura Artística é um grande exemplo dessa adaptação ao meio – e também o maior afresco assinado por Di Cavalcanti, medindo 48 metros de largura por 8 de altura, um mosaico de pastilhas de vidro poupado no incêndio que colocou abaixo o teatro em 2008.

Antes de tudo, a exposição de Di Cavalcanti, que reúne 23 obras dispostas em ordem cronológica, de 1925 a 1950 e 1950 a 1976, é quase uma aula sobre a evolução formal da pintura do artista carioca e sua relação com as pessoas do povo que habitam esse universo – pescadores, vendedores ambulantes, baianas típicas, operários, estivadores, prostitutas, boêmios e desocupados. Num caminho diverso ao de Portinari, que parecia empurrado para a modernidade e o cubismo, Di Cavalcanti parece mais genuíno, porque aquele era mesmo o universo que frequentava – mal comparando, ele seria o Manuel Bandeira da pintura e Portinari, Drummond, o poeta bem-comportado.

É curioso que na sala ao lado esteja expondo um artista da comunidade carioca da Rocinha, Maxwell Alexandre. Pardo é Papel, sua primeira individual em São Paulo (leia abaixo), é quase um aggiornamento dos painéis de Di Cavalcanti com sua gente do povo, só que em registro diferente, reivindicando para os negros brasileiros um outro papel além da sensualidade e da inclinação para o samba. Enquanto Di acabou reforçando um estereótipo, Alexandre se opõe a ele, evocando figuras da cultura brasileira fora da caixa, como o artista Bispo do Rosário, que passou sua vida internado num hospício, e a ativista política assassinada Marielle Franco, em seus grandes painéis de papel.

Ivo Mesquita cita a crítica de Luís Martins que fala sobre a relação de Di Cavalcanti com os trópicos. “O que há em Di Cavalcanti de intrinsecamente brasileiro, ou melhor, de carioca, o levava a uma interpretação pessoal, a uma espécie de tradução para o mulato das mulheres clássicas e um pouco olímpicas de Picasso, dando-lhes um frêmito, uma malícia e uma indolência que elas não tinham.” Martins se refere à figuração de Di Cavalcanti após seu retorno da Europa, em 1925, o primeiro período modernista do qual a mostra organizada por Mesquita tem belíssimos exemplos (como Serenata e Devaneio, ambas de 1927). Di Cavalcanti pode ter caído numa fórmula, mas impossível negar que era um exímio pintor. 

MAXWELL, O MUNDO DA ROCINHA NA GALERIA

Há quatro anos, o jovem artista carioca Maxwell Alexandre, de 30 anos, estava em seu ateliê na Rocinha desenhando alguns autorretratos sobre papel pardo quando o conceito “pardo”, alusão à cor negra, tratada como eufemismo em documentos oficiais, motivou uma série de painéis sobre afrodescendentes – e não só brasileiros, mas estrangeiros, como a cantora Nina Simone, um de seus personagens de sua primeira individual em São Paulo. Pardo é o Papel, que recebeu nada menos que 60 mil visitantes no Museu de Arte do Rio, em 2019, e já passou até pela badalada galeria Zwirner de Londres, está sendo exibida simultaneamente à mostra de Di Cavalcanti, na sala ao lado do Instituto Tomie Ohtake.

 

Um artista da Rocinha chega às galerias
Painel de Maxwell Alexandre no Instituto Tomie Ohtake  Foto: Instituto Tomie Ohtake

As referências de Maxwell Alexandre são muitas. Nos painéis de grandes dimensões agora expostos no Instituto Tomie Ohtake há desde os garotos da Rocinha que tingem os cabelos de loiro e dançam funk até policiais que surgem do nada em meio a uma multidão de desvalidos, passando pela vereadora Marielle Franco, um ícone contra a intolerância. 

Não é mais o mundo idílico das “mulatas” sensuais de Di Cavalcanti, mas o da truculência contra os afrodescendentes. /A.G.F.

 


Estadão sábado, 05 de junho de 2021

MARISA MONTE: CANTORA ANUNCIA PORTAS, NOVO ÁLBUM SOLO EM QUASE DEZ ANOS

 

Marisa Monte anuncia 'Portas', novo álbum solo em quase dez anos

Cantora publicou um vídeo em que narra os planos que tinha para um novo projeto, antes da pandemia de covid-19

Redação, O Estado de S.Paulo

03 de junho de 2021 | 18h19

Marisa Monte está com projeto musical novo. Nesta quinta-feira, 3, a cantora publicou um vídeo no Instagram em que fala sobre o novo álbum que planejava gravar antes da pandemia de covid-19. No fim da gravação, aparece o nome dela seguido do título Portas, que seria o nome do lançamento.

Em maio de 2019, após nova pausa do grupo Tribalistas, ela falou na rede social que entraria "em um período de trabalhos internos" e ficaria "invisível por um tempo". Comentou, ainda, que iria cuidar do jardim e voltar com "um buquê maravilhoso" para o público. Tudo indica que o plantio foi bom e a colheita ocorreu.

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Marisa Monte faz um mergulho em sua obra no projeto 'Cinephonia'

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"Nada melhor do que o silêncio para sentir, pensar e fazer música", ela diz no vídeo publicado nesta quinta-feira. "No início do ano de 2020, eu tinha muitas músicas prontas e o meu plano era, em maio, entrar no estúdio para começar a gravar um novo álbum. Seria o meu primeiro disco solo de inéditas em quase dez anos", conta. 

 
Marisa Monte
Marisa Monte durante show d'Os Tribalistas no Lollapalooza 2019. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

No entanto, o surto do novo coronavírus encheu o mundo de incertezas e, segundo ela, ficou difícil fazer planos. "Foi quando um amigo meu me disse que a vida tem seu próprio GPS e que toda vez que a gente perde uma oportunidade, começa logo a recalcular a rota em busca da próxima saída", ela completa.

Desde a publicação sobre a pausa até agora, Marisa Monte não esteve completamente fora de vista. Em junho do ano passado, a cantora lançou a terceira fase do projeto Cinephonia, que deixa disponível nas plataformas de streaming 30 canções gravadas por ela e que até então só estavam registradas em vídeo, em formato VHS e DVD.

No material distribuído à imprensa an ocasião, ela comentou que todas as canções selecionadas para o projeto fazem parte “de trilhas sonoras dos meus registros audiovisuais, mas que não estavam disponíveis em áudio streaming”. Essa grande compilação é resultado de quatro anos de pesquisas da cantora e compositora, em parceria, desta vez, com arquivistas, biblioteconomistas, pesquisadores, restauradores de áudio e vídeo, técnicos em informática.

 


Estadão sexta, 04 de junho de 2021

FABIANA COZZA: FIM DE SEMANA TEM LIVE COM A CANTORA

 

Fim de semana tem live de Fabiana Cozza e Festival Sem Censura

Cantora se apesenta sábado (5); festival reúne teatro, arte e palestras e segue até domingo (6)

Danilo Casaletti, Especial para o Estadão

04 de junho de 2021 | 05h00

MÚSICA

Fabiana Cozza

 

Fabiana Cozza
Fabiana Cozza: samba como oração Foto: José de Holanda

Em live neste sábado (5), 19h, a cantora Fabiana Cozza apresenta seu mais recente álbum, Dos Santos, lançado em 2020. O trabalho, que tem como tema o universo cultural das religiões de matriz afro-indígena brasileiras, traz canções como Manhã de Obá,  


Estadão quinta, 03 de junho de 2021

TICOZUENIR VENTURA: AOS 90 ANOS, JORNALISTA REMEMORA OS MOMENTOS MAIS EMBLEMÁTICOS DE SUA TRAJETÓRIA

 

Zuenir Ventura rememora os momentos mais emblemáticos de sua trajetória como jornalista

Em ‘Minhas Histórias dos Outros’, autor reúne episódios que presenciou ao longo de mais de 60 anos de jornalismo

Ubiratan Brasil, O Estado de S.Paulo

02 de junho de 2021 | 05h00

Membro da Academia Brasileira de Letras e um dos jornalistas mais respeitados do Brasil, Zuenir Ventura chegou aos 90 anos nesta terça-feira, 1º. O presente, no entanto, foi oferecido aos leitores, com o lançamento do livro Minhas Histórias dos Outros (Objetiva), que chega agora em edição revista e ampliada em relação à obra originalmente publicada em 2005.

 

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O escritor e jornalista Zuenir Ventura Foto: Bel Pedrosa

 

 

Trata-se da reunião de episódios presenciados por Zuenir ao longo de mais de 60 anos de jornalismo, quando testemunhou alguns dos eventos mais notórios da história do País e do mundo. “Sempre tive muita sorte, por acaso encontrei muitas pessoas importantes”, comenta ele, modesto, ao Estadão. A verdade é que, tal qual um Forrest Gump das letras, Zuenir presenciou momentos marcantes, mas teve o talento de saber investigar e de transformar o que viu e ouviu em notícia.

 Escrito em ordem cronológica, o livro recupera fatos emblemáticos de sua trajetória, dividindo com o leitor suas histórias com personagens como Nelson Rodrigues, Betinho, Hélio Pellegrino, Darcy Ribeiro e Glauber Rocha. “São figuras únicas, das quais não encontramos semelhantes.” E, ao acompanhar as seis décadas relatadas por Zuenir, o leitor consegue traçar um vasto panorama, desde o suicídio de Getúlio Vargas (1954), passando pelo eufórico governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) e pela violência da ditadura militar até chegar ao atentado no Riocentro (1981), que revelou as intenções homicidas do governo, e à anistia, sem se esquecer da chegada da aids até, finalmente, a explosão do narcotráfico.

Na verdade, antes mesmo de exercer o jornalismo e manter contato direto com personalidades, o mineiro Zuenir Ventura fez faculdade no Rio de Janeiro, onde estudou com professores notáveis, como Cleonice Berardinelli, Alceu Amoroso Lima, Celso Cunha, José Carlos Lisboa, Bela Josef e o mais famoso deles, o poeta Manuel Bandeira, que ministrava literatura hispano-americana.

“Míope e dentuço, ainda assim vaidoso – gostava de ‘ser fotografado, traduzido, musicado’, como confessava –, Bandeira, com seu constante pigarro, não constituía por si só uma atração numa sala de aula. O que era originalidade na sua poesia – a falta de solenidade, ‘o gosto humilde da tristeza’, como dizia, o jeito espontâneo de transformar em poema seu cotidiano, sua família, seus amigos – nem sempre ajudava o professor, que competia no mesmo elenco com ‘atores’ como Alceu, Lisboa e Cleonice, que faziam de suas aulas espetáculos de expressão verbal e corporal”, escreve, em Minhas Histórias dos Outros, título que tem uma justificativa.

“Considero o livro uma alterbiografia, ou seja, eu me apoio na história de outros para contar a minha própria”, explica Zuenir, que aproveitou o isolamento social forçado pela pandemia da covid, no ano passado, para retrabalhar os capítulos, atualizando o que era possível. “O que foi bom pois, se o livro publicado em 2005 terminava de forma sombria, este agora tem um final mais esperançoso.”

O que explica isso é justamente a última história, A Saga de uma Testemunha. Trata-se do episódio em que Zuenir participou mais diretamente, tornando-se um personagem que mudou o curso da história. É o capítulo sobre Genésio Ferreira da Silva, testemunha fundamental na condenação dos assassinos do ambientalista Chico Mendes, em 1988, no Acre. 

Na época, Genésio tinha 13 anos e trabalhava em uma fazenda onde presenciou os próprios patrões planejando matar o seringueiro. Designado para cobrir jornalisticamente o caso, Zuenir decidiu levar o adolescente para sua casa, no Rio, a fim de protegê-lo de um provável assassinato, a conhecida queima de arquivo.

Foi um ato corajoso, humanitário, mas também controvertido, pois Zuenir quebrou seu código ético ao interferir diretamente no acontecimento da notícia. Genésio permaneceu com ele até completar 21 anos e a convivência não foi fácil, pois o jovem, além de sofrer com o alcoolismo, ensaiava voltar ao Acre, mesmo ciente do enorme risco de ser morto. “Foi a história que mais me fez sofrer para contar no livro”, conta o jornalista. “Mas, se na primeira versão, o episódio terminava de forma melancólica, com Genésio lutando contra o vício e tentando se acertar na vida, agora o final é mais feliz: além de ter escrito um livro (Pássaro Sem Rumo), ele me telefonou no ano passado para contar que estava noivo e, melhor, sem beber.”

A passagem do tempo produziu também uma evolução no padrão de comportamentos da sociedade, o que faria com que Zuenir, hoje, desse um final diferente ao da história narrada no capítulo Um Suicídio Mal Contado – trata-se da morte do escritor e médico Pedro Nava que, na noite de 13 de maio de 1984, disparou um tiro na cabeça, em uma praça do bairro da Glória, no Rio. O motivo teria sido um telefonema que recebera horas antes, aparentemente um caso de chantagem promovido por um garoto de programa com quem Nava estaria tendo um caso.

Zuenir trabalhava na sucursal carioca da revista IstoÉ e, chocado com o caso narrado pelos repórteres destacados para cobrir o fato (eles tinham acabado de entrevistar o garoto de programa), decidiu não publicar aquelas informações, alegando que a fonte não era confiável e que faltavam mais evidências – o chantagista dizia ter uma foto tirada ao lado do escritor, mas nunca a mostrou. “Enquanto nós íamos atrás da informação, os amigos de Nava se movimentavam na direção contrária. Eles queriam evitar que a imagem do grande escritor fosse ‘manchada’, como se dizia”, escreve Zuenir, no livro.

Por fim, a matéria foi publicada sem a versão da chantagem, mantendo intacta a honra do autor. “O ‘caso Pedro Nava’ encerra uma das questões éticas mais complexas do jornalismo: os limites entre aquilo que é público e cujo conhecimento é um direito de todos – e um dever do jornalista divulgar – e o que, por pertencer à esfera privada, deve ser mantido como tal”, continua Zuenir, no livro. “Nava era um homem público que escolheu uma via pública para praticar um gesto que, ele sabia, teria repercussão, chegaria à imprensa e seria investigado em suas causas e motivações. O ato final de sua tragédia foi exposto como um espetáculo.”

Se o fato ocorresse hoje, Zuenir garante que publicaria todos os detalhes da tragédia, por mais que a imprensa ainda cultive uma boa dose de tabus e interditos morais. “Atualmente, as pessoas não se chocam ao ler notícias de personalidades homossexuais – basta ver o apoio recebido pelo marido do ator Paulo Gustavo, quando de sua morte”, observa. “A sociedade avançou muito.”

E, se há pontos positivos nessa evolução dos costumes, há também os negativos, que se tornaram ainda mais notáveis com a eclosão da pandemia da covid. “Ao reler o livro, notei que o Brasil atravessou anos dourados, rebeldes e anos de chumbo. Hoje, eu diria que vivemos anos descarados, com a hipocrisia se impondo em meio à terrível sensação de impunidade total. O cinismo é declarado e nem durante a ditadura militar vi um deboche tão grande pela vida humana.”

 


Estadão quarta, 02 de junho de 2021

CHARLIE BROWN: TIRINHAS INÉDITAS DO CRIADOR DE SNOOPY MOSTRAM CHARLIE QUANDO ADULTO

 

Tirinhas inéditas do criador de Snoopy mostram Charlie Brown quando adulto; confira

Trabalhos dos anos 1950 trazem adultos como personagens e serão exibidos em mostra

Michael Cavna, The Washington Post

01 de junho de 2021 | 12h00

Para alguns, eles se parecem com personagens de Peanuts - se Charlie Brown e sua gangue tivessem crescido. Essas raras curiosidades intrigam e confundem até mesmo os especialistas. "Eles são um enigma para mim", diz Jean Schulz, esposa do falecido cartunista Charles M. Schulz, que os desenhou. 

São sete obras em quadrinhos que fora desenhadas em preto e branco, em meados dos anos 1950, e que são chamadas coletivamente de tiras "Hagemeyer". Quatro delas apareceram em livros. As outras três tiras "perdidas" foram encontradas e compradas em leilão em maio de 2020 - mas nunca foram amplamente publicadas, de acordo com o Museu e Centro de Pesquisa Charles M. Schulz. 

 

 

Charles M. Schulz
Charles M. Schulz, criador dos personagens 'Peanuts', posa com seus personagens Charlie Brown, Lucy e Snoopy enquanto sua estrela é colocada no Hollywood Blvd em 28 de junho de 1996.
  Foto: Hal Garb/REUTERS
 

Os sete originais de "Hagemeyer" serão exibidos ao público pela primeira vez em 17 de junho na galeria do museu em Santa Rosa, Califórnia, como a peça central de uma exposição intitulada "Adultos por Schulz". E alguns espectadores inevitavelmente tentarão fazer comparações com "Peanuts". 

No entanto, ao contrário da famosa criação de Schulz - que nunca retratou suas figuras adultas - as amostras de "Hagemeyer" exibem apenas personagens adultos, que incluem um pacato trabalhador de escritório chamado Elmer Hagemeyer e uma chefe gritona, chamada Miss Hamhock. 

As sete tirinhas foram criadas vários anos depois da estreia de "Peanuts", em 1950; o museu acredita que Schulz apresentou "Hagemeyer" como um produto com potencial para seu distribuidor, a United Feature Syndicate, que aparentemente não se interessou em lançá-lo. 

Schulz lançou vários trabalhos em quadrinhos durante aquela década, incluindo um painel de esportes e jogos intitulado "It's Only a Game", além do trabalho religioso "Young Pillars", centrado na adolescência. 

 

Charles M. Schulz Museum
Uma das três tiras recentemente redescobertas desenhadas por Charles M. Schulz nos anos 1950.
  Foto: Charles M. Schulz Museum

Depois que o museu adquiriu os três originais de "Hagemeyer" redescobertos no ano passado - o vendedor permaneceu anônimo -, os funcionários do Museu Schulz puderam entender um pouco mais sobre o conceito da tira, incluindo quem era o personagem-título. (O museu agora possui todas as sete obras de bico de pena, cada uma com cerca de 29 por 7 polegadas, que ainda mostram as linhas de lápis subjacentes do cartunista.) 

O criador de "Peanuts", que morreu em 2000, "queria desenhar uma tira de aventura", disse Jean Schulz durante uma recente ligação por Zoom, observando que seu marido sempre desenhava adultos, inclusive em seus cadernos de rascunhos do Exército da Segunda Guerra Mundial - ilustrações que iam do traço realista ao mais bem humorado. 

Ela acrescenta: "Schultz acreditava firmemente que você precisa saber como desenhar algo antes de poder fazer um cartoon". Não muito depois do lançamento de "Peanuts", Charles Schulz e um amigo, o artista Jim Sasseville, apresentaram, em colaboração, uma história de aventura intitulada "Joe Cipher". 

O trabalho foi rejeitado, mas a arte de "Hagemeyer" sugere que Schulz estava determinado a se lançar em outros recursos. Gênero e políticas de escritório que refletem a época estão entre os temas escolhidos, como quando Hagemeyer diz: "Simplesmente não consigo me acostumar a ter uma mulher como chefe".

"Hagemeyer" também gerou perguntas sobre a inspiração criativa de Schulz - e qualquer conexão com "Peanuts". "Ele está apenas tentando explorar algo que possa funcionar, tentando divulgar o que tem de melhor", disse o curador do Museu Schulz, Benjamin L. Clark. "O artista se revela um conhecedor de histórias em quadrinhos, e não vejo esse personagens como versão adulta dos  'Peanuts'." 

Uma conexão evidente está na relação de um amigo de Schulz da vida real chamado Hagemeyer e as aparições com esse nome em seus quadrinhos. Elmer Roy Hagemeyer e Schulz se conheceram enquanto trabalhavam no Kentucky, durante a Segunda Guerra Mundial. Como o jovem Schulz estava visivelmente com saudades de casa, o Coronel Hagemeyer, que era uma década mais velho (meu "irmão mais velho", descreveu Schulz, anos mais tarde) decidiu o colega soldado para sua casa em St. Louis para passar um tempo com ele e sua esposa. 

"Ele precisava de alguém para ajudá-lo a se sentir mais seguro", Hagemeyer disse mais tarde sobre o período que passaram em Camp Campbell. Quase uma década após a guerra, Schulz visitaria Hagemeyer em St. Louis. Talvez "ele estivesse procurando por outra ideia" durante a viagem, diz Clark. 

Nas aventuras de "Peanuts", "Hagemeyer" seria mais tarde reconhecido como o nome de casado do professor de Linus, bem como o sobrenome do professor de música de Marcie. 

Havia também um amigo caloroso de Charlie Brown chamado Roy. A tira de quadrinhos que nunca foi pertence a essa lista de referências da vida real que inspirava a caneta de Charles "Sparky" Schulz. Ainda assim, Jean Schulz comenta, ao olhar para os desenhos de "Hagemeyer": "Não vejo Sparky nela."


Estadão terça, 01 de junho de 2021

JAMES CAAN FAZ 60 ANOS DE CINEMA

 

James Caan faz 60 anos de cinema

 


Rodrigo Fonseca

31 de maio de 2021 | 16h49

Aos 81 anos, James Caan faz seis décadas de carreira

Rodrigo Fonseca
Imortalizado como Sonny Corleone, o filho mais feroz de Marlon Brando, em “O Poderoso Chefão” (1972), James Caan está comemorando seis décadas de carreira em 2021. Semana que vem, ele volta às telas nos EUA com “Queen Bees”, ao lado de Ellen Burstyn e de Ann-Margret, ao lado de um viúvo em busca de paixão, em um asilo. Aos 81 anos, Caan passou décadas a amargar ostracismos e papéis de coadjuvante ruins. Seu último bom trabalho como protagonista foi o comovente drama familiar “Lugares Santos” (“Holy Lands”), lançado aqui apenas na TV. Trata-se de uma reflexão sobre responsabilidade, no universo judeu de Israel e de Nova York, filmada por uma escritora, Amanda Sthers, que se saiu bem, anteriormente, na direção de longas-metragens, ao pilotar a comédia “Madame” (2017), com Rossy De Palma. Em seu novo trabalho, ela põe Caan na pele de um cardiologista que, após perder a fé e o amor de sua mulher (Rosanna Arquette, em grande atuação), decide virar um criador de porcos. Na França, plateias caem no pranto com a atuação dele, aplaudindo-o nas sessões ao fim da projeção, mesmo sem ele estar fisicamente lá.

Na ativa desde 1961, Caan marcou seu nome nas telas encarnando um tipo de galã bruto. Foi indicado ao Oscar por seu desempenho como Sonny, firmando com Francis Ford Coppola uma parceria que vinha de “Caminhos mal traçados” (1968). Os dois voltariam a trabalhar juntos em “Jardins de pedra” (1987). Em 1975, Caan lotou cinemas, como herói, no cult “Rollerball – Gladiadores do futuro”, que faturou US$ 30 milhões nas bilheterias – cifras impressionantes para a época.
“Na década de 1970, a América tirou os olhos do próprio umbigo e foi aprender com a Europa o que era fazer um cinema preocupado com a condição humana, para revolucionar amarras políticas e morais. Nós, que atuamos naquela época, vivemos um período em que cada filme era uma tomada de posição ética, dos diretores e da gente. Daí a força dos filmes da dita Nova Hollywood”, disse Caan, ao P de Pop, em uma de suas recentes (e quase invisíveis) passagens por Cannes, para divulgar o policial “Blood ties” (2013), nunca lançado aqui em circuito, só em DVD.


Estadão segunda, 31 de maio de 2021

ALICE E O PREFEITO: ACLAMADO PELA CRÍTICA FRANCESA, FILME CHEGA AO BRASIL

 

Aclamado pela crítica francesa, 'Alice e o Prefeito' chega ao Brasil

Filme sobre uma assessora que vai trabalhar com o prefeito de Lyon trata sobre política e políticos - e o embate entre ideia e ação

Luiz Carlos Merten , Especial para o Estadão

31 de maio de 2021 | 05h00

Nicolas Pariser conversa com a reportagem do Estadão pelo telefone, de Paris. A primavera parisiense está convidativa. Os cinemas reabriram, os restaurantes – tudo com rígidos protocolos de segurança. A vida está voltando, mas todo cuidado é pouco. A chamada terceira onda da covid é uma sombra no horizonte. Pariser é o diretor e roteirista de Alice e o Prefeito, que estreou nesta semana, presencialmente, nos cinemas brasileiros. 

 

Alice e o Prefeito
Fabrice Luchini e Anaïs Demoustier em cena do filme francês 'Alice e o Prefeito' Foto: Arte France Cinema
 

O repórter começa fazendo um mea-culpa. Pela sinopse – garota vai trabalhar como assessora do prefeito de Lyon –, poderia ser uma comédia romântica. Hollywood com certeza faria uma. Só que o tempo passa, a história anda e o romance não vem. Alice e o Prefeito é sobre política e os políticos. “Mostramos o filme no Eliseu (residência do presidente) para o presidente Emmanuel Macron. A Associação de Prefeitos da França também usou o filme como ferramenta para um debate nacional. Fizemos mais de 750 mil espectadores nos cinemas, o que é muito bom, considerando-se que houve a pandemia.”  

Macron gostou? “Mais do que gostar, acho importante destacar que ele considerou o filme uma tentativa válida de debater uma questão que é visceral na política – o embate entre ideia e ação.” Mas vamos com calma. Antes de mais nada é preciso falar sobre o ator que faz o prefeito. “O filme nasceu formatado para Fabrice Luchini. Não sei quanto ele é conhecido no Brasil, mas, na França, Patrice é reconhecido como grande ator.” O repórter arrisca – Luchini é um pouco a versão masculina de Isabelle Huppert. “São talvez os nossos maiores atores vivos. Os dois interpretam seus personagens com um distanciamento crítico que faz da arte da representação um ato reflexivo.” 

Anaïs Demoustier, a Alice? “Ela tem esse olhar, o sorriso de quem percebe o ridículo das situações.” Na trama, Alice é uma intelectual contratada para assessorar o prefeito de Lyon (Luchini). Sua função não é específica, mas ela tem de fornecer ideias ao político. Sua interferência no funcionamento do palácio municipal provoca a ciumeira da equipe. O prefeito é um potencial candidato à presidência. É preciso afastar Alice, antes que o surto de autocrítica que ela estimula produza o desastre da candidatura. 

Por que Lyon? “Sou parisiense, mas queria uma cidade do interior que não fosse pequena. Cheguei a pensar em Bordeaux, mas terminei optando por Lyon por uma série de fatores. Apoio à produção, a importância política de Lyon, o seu significado nos primórdios do cinema.” Lyon vira personagem, com suas ruas e praças, o palácio, a Ópera. “Que bom que você percebeu. Fizemos uma extensa pesquisa para integrar a cidade à ficção.” Como filme de ideias, Alice e o Prefeito termina por mostrar dois personagens que não interagem romanticamente, mas se influenciam mutuamente. Ambos mudam. No final, olha o spoiler, reencontram-se para uma espécie de (re)avaliação dos respectivos caminhos. 

Alice virou mãe. Quem é o pai da criança? “Isso nunca foi uma preocupação. Você tem algumas opções no filme, mas deixar a questão em aberto é uma forma de dizer que não chega a ser uma questão no filme.” A política e os políticos, esquerda e direita, a filosofia e as ciências sociais, as ideias. Todos esses temas e embates atravessam Alice e o Prefeito. O próprio nome, Alice, possui conotações. No País das Maravilhas? “Só se for o reverso”, reflete Pariser. E que tal falar um pouco sobre a forma? Nesse quesito, é difícil, senão impossível, buscar uma conexão do filme de Pariser com o cinema de Eric Rohmer. 

  

Luchini é, ou foi, ator de Rohmer. Pariser lembra – “Fui aluno dele (de Rohmer) na Sorbonne. Seus filmes abordam as ambiguidades nos relacionamentos de homens e mulheres”. Coincidência ou não, o repórter cita o estudo sobre Rohmer na revista de língua inglesa Cineaste. Rohmer e os limites do desejo. “O filme se inspira no dinamismo dos diálogos e na funcionalidade da mise-en-scène de Rohmer. Era um minimalista. Elegante, econômico. Mas, sem o desejo, nosso filme propõe um Rohmer não rohmeriano.” 

Na França, Alice e o Prefeito não fez sucesso só de público, mas também de crítica. Jornais (Libération, Le Figaro) e revistas (Positif, Cahiers du Cinéma, Transfuge) tradicionalmente antagônicos uniram-se nos elogios. Unanimidade? “Creio que o importante foi que o filme surgiu num momento em que a sociedade está predisposta a debater a política, e os políticos.” E mais – “O Brasil tem estado no centro de discussões em todo o mundo. Questões sobre a pandemia, a floresta. Não sou nenhum especialista sobre o Brasil, mas creio que o filme tem material de sobra para estimular a discussão por aí também.”

 

Estadão domingo, 30 de maio de 2021

ETIQUETA: ESPECIALISTA, CLAUDIA MATARAZZO DÁ DICAS DE COMO MINIMIZAR RISCOS AO RECEB

 

 

Especialista em etiqueta, Claudia Matarazzo dá dicas de como minimizar riscos ao receber

Sonia Racy

30 de maio de 2021 | 00h50

Claudia Matarazzo. Foto: Mario Ameni

Vivendo quase um ano e meio no isolamento consequente da pandemia, os cuidados que devem ser tomados para receber no máximo oito pessoas para jantar, ou como se portar em evento presencial, geram dúvidas. Claudia Matarazzo, autora de 20 livros de etiqueta e comportamento, alerta que refeições comunitárias são foco de contaminação, mas, ciente de que encontros têm ocorrido em diversas casas, dá orientações de como minimizar riscos.

Como receber pessoas para jantar na pandemia?
Fazer a refeição ao ar livre é melhor, numa varanda ou com janelas e portas abertas.

 

De quantos convidados estamos falando?
Algo entre seis e oito pessoas. Não adianta falar que 20 pessoas é um número seguro. É ilusão. Para diminuir o risco, é preciso convidar menos pessoas.

Como organizar a mesa?
Sente longe e ainda intercale, não coloque alguém bem na frente de outra pessoa. A Graice Suleiman, infectologista do Emílio Ribas, me disse que a distância entre as pessoas sentadas deve ser 1,5 m ou até 1,8m. A mesa tem que ser grande. A minha, por exemplo, cabem 14, o ideal é sentar seis nela, dois nas cabeceiras e quatro no meio e acabou.

Qual é a outra opção?
É fazer serviço americano, senta cada um num canto, perto de janela. As pessoas me perguntam: como faz com o fumante no jantar? Pelo amor de Deus, pede para ele fumar na janela, faz o canto do fumante, coloca o cinzeiro lá. É duro. É surreal.

Na chegada o convidado cumprimenta o anfitrião com a mão?
Não é pra cumprimentar assim. Dá pra traduzir em palavras, sorri, bate palminha, bate o pé, abana as mãos, fala como está feliz em ver a pessoa.

O que fazer com a máscara na hora de comer?
Tem que ter um porta-máscara, tenha na bolsinha. Não a pendure no encosto da cadeira, sobre a mesa nem pensar. O anfitrião pode oferecer uma caixinha para guardar a máscara para o convidado. É preciso ficar com ela até a hora da refeição.

E o aperitivo?
O tempo do aperitivo durava 1h30, o ideal hoje é ser mais curto ou engatar já pra mesa. O evento tem que ser mais objetivo mesmo. Esquece guardanapo de pano, é melhor o de papel que descarta logo fora.

Quais são os outros desafios do que você chamou de etiqueta preventiva?
Então, o desafio é agregar o acolhimento com glamour. Conseguir trazer essa sensação de segurança, que apazigua o coração, na hora de estar com as pessoas. Hoje o acolhimento é promover segurança e conforto emocional para o seu convidado.

É importante cuidar dos vínculos na pandemia?
Sim. Todo mundo se afastou num primeiro momento e agora há muita saudade. Mas mesmo ligação por vídeo entre amigos é muito gostoso porque a gente dá risada, fala besteira, acho importante.

/ PAULA BONELLI


Estadão sábado, 29 de maio de 2021

GAL COSTA E ARNALDO ANTUNES: FIM DE SEMANA COM OS DOIS, E MAIS

 

Fim de semana tem live de Gal Costa e show de Arnaldo Antunes; veja mais atrações

Entre as opções presenciais, há concerto no Theatro São Pedro e mostra da Spcine no Centro Cultural São Paulo

Danilo Casaletti, Especial para o Estadão

28 de maio de 2021 | 05h00

fim de semana será movimentado musicalmente. A começar com a esperada live de Gal Costa, hoje (20h). No Projeto Inhotim em Cena, o show de Arnaldo Antunes gravado na galeria dedicada ao artista Tunga anima o sábado. E, para quem é fã de filmes musicais, a mostra Cantar, Dançar, Amar vai até domingo com sucessos exibidos no Centro Cultural São Paulo

 

Gal Costa
Gal Costa faz outra live na pandemia, desta vez, com músicas de seu mais recente álbum, 'Nenhuma Dor' Foto: Carol Siqueira

MÚSICA

Gal Costa

Gal Costa faz sua segunda live, desta vez, do palco do Teatro Bradesco, em São Paulo, que estará sem plateia. Na apresentação, ela vai cantar músicas de seu mais recente álbum, Nenhuma Dor, com sucessos como Baby, Meu Bem, Meu Mal e Coração Vagabundo. Hoje (28), 20h. Grátis: bit.ly/livegal 

 
 

Inhotim em Cena

 

O cantor e compositor Arnaldo Antunes, acompanhado do pianista Vitor Araújo, gravou uma versão do show O Real Resiste na galeria dedicada ao artista Tunga, no Instituto Inhotim. Sáb. (29), às 11. Grátis; youtube.com/inhotim

 

Concerto presencial no Theatro São Pedro

O espetáculo Além da Canção: Clara e Fanny será apresentado domingo, com plateia presencial e online. Dom. (30), 17h. Ingressos R$ 10 e R$ 5 (meia). Não haverá venda de ingressos na bilheteria; compre pelo theatrosaopedro.byinti.com. Transmissão gratuita pelo youtube.com/TheatroSaoPedroTSP


 

Ayrton Montarroyos

O cantor Ayrton Montarroyos faz live intimista, direto de sua casa, para cantar e conversar com o público. No repertório, canções que geralmente não estão em suas apresentações, como Negue, sucesso na voz de Maria Bethânia, e Girassol, de Alceu Valença. Hoje, 20h. Grátis. bit.ly/liveayrton

TEATRO

Jogos de poder

O Quatroloscinco – Teatro do Comum apresenta o espetáculo Tragédia, que, em um misto de teatro e cinema, e com um olhar contemporâneo, aborda as tragédias gregas, em especial na figura mitológica de Antígona, filha de Édipo. A dramaturgia é de Assis Benevenuto e Marcos Coletta e a direção, de Ricardo Alves Jr. Dom. (30), 19h. Grátis. 14 anos; bit.ly/pecatragedia 

 

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O Quatroloscinco – Teatro do Comum apresenta o espetáculo 'Tragédia', que mistura teatro e cinema Foto: Glenio Campregher

No sertão

Dentro da programação Cena Aberta, do Itaú Cultural, a peça Notícias do Dilúvio – Um Canto a Canudos, da Cia Biruta, baseada na cidade pernambucana de Petrolina, faz um retrato da participação das mulheres na Guerra de Canudos, uma das maiores resistências populares da história brasileira. Dom. (30), 19h. Grátis; itaucultural.org.br

SPCINE

Mostra Cantar, Dançar e Amar

A Mostra Cantar, Dançar e Amar, que faz parte do Circuito Spcine, leva filmes musicais à Sala Lima Barreto do Centro Cultural São Paulo até domingo (30), sempre às 15h. A entrada é franca. Hoje (28) é a vez de Priscilla, a Rainha do Deserto (1994); amanhã, The Rock Horror Picture Show (1975). O festival se encerra com Cabaret (1972). 


Estadão sexta, 28 de maio de 2021

NELSON SARGENTO SE ENCANTOU: ELE AJUDOU A REVELAR O MORO REAL COSMETIZADO PELA ALTA CULTURA BRASILEIRA

 

Nelson Sargento ajudou a revelar o 'morro real' cosmetizado pela alta cultura brasileira

Ao lado de Zé Keti, Paulinho da Viola e Elton Medeiros no grupo A Voz do Morro, sambista começou a mostrar que, lá em cima, e ao contrário das narrativas da "favela imaginária" de autores não negros, havia primavera, amores e sonho

Julio Maria, O Estado de S.Paulo

27 de maio de 2021 | 18h28

Antes de Nelson Sargento descer ao asfalto para começar a dizer o que tinha a dizer, a vida nos barracos era um tanto imaginária, cantada com poesia por gênios sofisticados e não negros que a observava sem necessariamente subir a Mangueira e o Salgueiro. Dois Brasis tão próximos e tão distantes que obedeceram por anos a uma lógica tácita de submissão cultural e de poder eternizador às obras que dela saíram: para que a história do negro iletrado fizesse parte da alta cultura nacional, ela deveria passar pelo filtro inconteste dos diplomados. Assim, o diplomata Vinicius de Moraes e o ex-estudante de arquitetura Tom Jobim se conheceram transpondo o mito grego de Orfeu para a realidade que imaginavam ser a das favelas cariocas com Orfeu da Conceição, em 1956; o ex-aluno do Liceu Pasteur Sérgio Ricardo contou sobre a enchente que levou o barraco, o violão e os “pedaços tristes” de um favelado na canção Zelão, de 1960; e, para ficar em três exemplos, o ex-aluno de direito da PUC-Rio Edu Lobo criou para Augusto Boal, em 1965, músicas para a saga Arena Conta Zumbi, sobre o rei africano congolês Ganga Zumba, que chega ao País para se tornar líder no Quilombo dos Palmares.

 

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Nelson Sargento no início de 2021 Foto: WILTON JUNIOR / ESTADAO 

Aí mesmo, exatamente nesse 1965, foi que surgiu uma resposta às narrativas de morro criadas pela zona Sul do Rio. Não por acaso chamado A Voz do Morro, o grupo de sambistas negros trazia só quem sabia o que significava a palavra. Zé Keti, portelense, era autor do samba de mesmo nome, A Voz do Morro, de 1955. Mais remediado mas nem tanto, Paulinho da Viola, 23 anos, vinha de Botafogo mas frequentava Vila Valqueire e ainda não tinha lançado seu primeiro disco. Elton Medeiros, da Glória, já havia feito uma caixa de fósforo se tornar tamborim e criado, com o ainda inédito em LPs Cartola, a imortal O Sol Nascerá. E mais Anescarzinho do Salgueiro, o portelense Jair do Cavaquinho, o mangueirense Zé Cruz e o primo de Paulinho, Oscar Bigode, diretor da bateria da Portela, traziam tudo o que as quadras haviam ensinado. Nelson Sargento aparecia ao mundo ali, dez anos depois de dar uma resposta surpreendente a quem acreditava que só poderia haver tristeza e indignação sob os tetos de um barraco com o samba Primavera: “Oh! primavera adorada / Inspiradora de amores / Oh! primavera idolatrada / Sublime estação das flores.” Mas como um maltratado rapaz que só seria tratado com alguma dignidade maior nos anos de serviço às forças armadas poderia ver flores? Sim, ele via, e havia muito mais delas de onde Nelson saiu.

Pelas quadras da agremiação Azul e Branco, no Morro do Salgueiro, Nelsinho gastava o tempo livre do trabalho de entregador das roupas lavadas pela mãe para as famílias que podiam pagar pelo serviço aprendendo o que era samba. O pai, que o garoto pouco conheceu, acabou morrendo precocemente mas o padrasto, Arthur Pequeno, era amigo de Alfredo Português, um raro português sambista e dos grandes autores da Estação Primeira de Mangueira que se tornaria seu primeiro parceiro. Um álbum solo de Nelson só viria mesmo em 1979, Sonho de um Sambista, e mesmo lá, o rancor e a tristeza não eram maior do que uma mania de ter esperança que nunca o deixaria. Agoniza Mas Não Morre, o que chamariam hoje de “Respira”, se tornou sua obra maior: “Samba, agoniza mas não morre / Alguém sempre te socorre antes do suspiro derradeiro / Samba, negro, forte, destemido / Foi duramente perseguido na esquina, no botequim, no terreiro./ Samba, inocente, pé-no-chão / A fidalguia do salão te abraçou, te envolveu / Mudaram toda a sua estrutura, te impuseram outra cultura e você não percebeu.” 

A Voz do Morro primeiro, e as vozes individuais de seus sambistas depois, passaram a cantar uma realidade talvez não tão catastrófica quanto a imaginária. Com álbuns de baixíssimo orçamento, sendo a estreia feita com Roda de Samba 1, de 1965, lançado pelo selo Musidisc com uma instrumentação rudimentar e muito improviso, o Voz abria as portas para o samba lançado em larga escala sem os filtros e a cosmética do favelismo poético. Questões raciais e históricas que remetessem à vinda dos escravos e seus consequentes contextos sociais passavam longe das preocupações de quem vivia nas favelas. Isso era conversa para universitários. Os morros de Sargento queriam escrever com poesia e cantar suas figuras ilustres: o bicheiro, o malandro, o conquistador, o traído e os amores perdidos. Conversa de Malandro, de Paulinho da Viola, lançado no primeiro álbum, falava da felicidade de um ex-malandro que havia deixa a orgia para se dedicar ao matrimônio. Linguajar do Morro, de Noca da Portela e Zé Cruz, desenhava para os não iniciados: “Tudo lá no morro é diferente / Daquela gente não se pode duvidar / Começando pelo samba quente / Que até um inocente sabe o que é sambar / Outro fato muito importante / E também interessante / É a linguagem de lá / Baile lá no morro é fandango / Nome de carro é carango / Discussão é bafafá”. E Pranto Ardente, de Nelson Sargento e Oscar Bigode, mesmo composta por um Nelson então com 41 anos de idade, projetava-se em personagens que os morros têm aos montes e muitos se esquecem: “A minha mocidade já tão longe vai / Por isso um pranto ardente dos meus olhos cai / Sou um pobre velho apoiado num bastão / Vivo sem abrigo, implorando proteção.” O morro de Nelson Sargento, ao final, revelava-se nem tão diferente assim do asfalto. Ele só queria ser escutado com a mesma atenção.


Estadão quinta, 27 de maio de 2021

ITÁLQI HOMENAGEIA DANTE ALIGHIERI COM PARTITURAS MUSICAIS E EXPOSIÇÕES EM MUSEUS

 

Itália homenageia Dante Alighieri com partituras musicais e exposições em museus

Eventos, que incluem também leituras diárias na tumba, homenageiam o escritor 700 anos após sua morte

Colleen Barry, AP

25 de maio de 2021 | 15h00

Como fez todas as noites durante os últimos oito meses, Giuliana Turati abriu seu velho exemplar da Divina Comédia de Dante quando o último dos 13 toques do sino de uma igreja reverberou sobre o túmulo do grande poeta italiano. No 700º aniversário de sua morte, a Itália está homenageando Dante Alighieri - que morreu no exílio de Florença em 13 de setembro de 1321 - de inúmeras maneiras, como novas partituras e concertos de gala, exibições e leituras dramáticas em cenários deslumbrantes em todos os cantos do país. O Papa Francisco escreveu uma carta apostólica, a mais recente de um papa, falando sobre a relação de Dante com a Igreja Católica Romana.

Mas em nenhum outro lugar a homenagem é mais íntima que diante de seu túmulo - restaurado para o aniversário - todos os dias quando o crepúsculo cai na cidade de Ravenna, uma antiga capital bizantina. Turati, moradora de Ravenna por toda a vida, vem ouvir os amantes de Dante lendo um canto, acompanhada da cópia da Divina Comédia com o ano em que ela estudou a obra-prima do poeta na escola: 1967.

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“Sempre tem algo novo”, disse Turati. “Mesmo que você tenha lido e relido, Dante sempre tem algo novo para nos dizer.” 

 

Dante
Livros antigos exibidos no 'Dante. Exposição La visione dell'arte', em Forli, Itália.
  Foto: AP /Antonio Calanni

A leitura diária, parte de uma celebração de um ano que começou em setembro, tem como objetivo conectar pessoas comuns - locais e turistas, acadêmicos e não iniciados - com a Divina Comédia como uma homenagem da cidade que ele adotou no exílio.

“Ler Dante talvez seja a homenagem mais verdadeira e profunda que podemos oferecer”, disse Francesca Masi, secretária-geral do comitê organizador do Dante 700 de Ravenna. “É necessário que todos se esforcem para ir em direção a Dante, e muitas vezes pedimos a Dante que venha em nossa direção, quem sabe esticando um pouco sem entendê-lo. Mas esta forma solene de leitura, sem comentários, é respeitosa”.

Dante passou anos compondo a Divina Comédia durante seu banimento de sua Florença natal, o lar do vernáculo que ele elevou a uma língua literária por meio de sua poesia.

Se Dante foi abraçado como símbolo da unificação da Itália em 1861, Florença e Ravenna continuam a batalha por seu legado. Disputas sobre quem tem o direito de reivindicar seus restos mortais ainda explodem nos jornais sete séculos após sua morte.

Florença, ao que parece, teria desistido de suas reivindicações ao condenar Dante ao exílio, com seu retorno punível com morte.

A sentença foi escrita num registro de tribunal do século 14, agora em exibição até 8 de agosto como parte de uma exposição sobre a relação de Dante com Florença no Museu Nacional Bargello. O museu está instalado num palácio medieval que Dante teria conhecido e visitado como a residência do mais alto magistrado judicial, onde foi condenado na mesma sala abobadada que agora exibe um famoso bronze de Davi do escultor renascentista Donatello.

O museu também possui um afresco de Dante, pintado por seu contemporâneo Giotto após a morte do poeta, e também de Lúcifer, retratado com as imagens do próprio Dante: três cabeças e asas de um morcego. “É muito importante, porque significa que a iconografia introduzida por Dante foi imediatamente recebida em Florença nas artes figurativas”, afirmou a diretora do Museu Nacional Bargello, Paola D'Agostino.

 

Dante all
'Dante all'inferno', pintura de 1899, de Camille Boiry, à direita, e 'Dante incontra Farinata degli Uberti', de 1900, de Silvio Bicchi.
  Foto: AP/Antonio Calanni

Outra exposição no Museu San Domenico de Forli, perto de Ravenna, reúne 300 obras de todo o mundo para contar a história de Dante ao longo dos tempos, desde peças que o influenciaram até aquelas que ele influenciou, disse o diretor do museu, Gianfranco Brunelli.

A exposição, realizada em conjunto com o Uffizi de Florença e que vai até 4 de julho, inclui arte contemporânea a Dante, manuscritos elaborados de sua obra, retratos do poeta e peças inspiradas em seu poema épico e monumental feitas por artistas como Picasso, Giotto, Tintoretto e Michelangelo.

Brunelli disse que não é surpresa que Dante continue a fascinar as pessoas ao longo dos séculos.

“Os temas de Dante são os do céu e da terra. Ele fala de salvação e perdão, de coisas muito fundamentais para a vida humana”, Brunelli disse. Por esta razão, a arte não poderia deixar de retornar um número infinito de vezes a Dante e seus temas”.

Depois de ser condenado ao exílio em 1302, Dante passou grande parte do resto da vida em Verona e depois em Ravenna, onde chegou em 1318 ou 1319. Morreu de malária após uma missão diplomática à República de Veneza, 100 quilômetros ao norte.

Em Ravenna, Dante teria visitado as antigas basílicas bizantinas e os famosos mosaicos da cidade, e acredita-se que estes inspiraram algumas passagens de sua obra-prima. Masi, num tour semanas atrás, indicou a ‘Procissão das Virgens’ dentro da Basílica de Sant’Appolinare Nuovo, que se reflete num verso do Purgatório, a segunda seção de sua obra-prima: “E elas vestiam um branco-brancura que neste mundo nunca se viu”.

 

Dante Alighieri
Vista do túmulo do poeta Dante Alighieri, em Ravenna, Itália.
  Foto: AP/Antonio Calanni

Para o aniversário, em 12 de setembro, outro notável cidadão adotivo de Ravenna, Riccardo Muti, planeja reger uma nova partitura orquestral, inspirada no Purgatório e escrita pelo compositor armênio Tigran Mansurian, como parte do Festival de Ravenna dedicado a Dante. Também haverá apresentações em Florença e Verona.

As festividades de encerramento em setembro incluirão uma peregrinação anual de autoridades de Florença, que chegam a Ravenna com uma oferta de óleo para manter acesa a chama do mausoléu de Dante por mais um ano.

“Dante encontrou sua paz nesta cidade”, Muti disse à Associated Press, acrescentando que ele acha “reconfortante” viver a apenas 200 metros do local do descanso final “desta alma extraordinária”.

“Eu, pessoalmente, sinto esta proximidade com seus ossos como um privilégio, como se desse túmulo emergisse um senso de honestidade, de retidão, um bom presságio do povo italiano de Ravenna para o mundo”, disse Muti.


Estadão quarta, 26 de maio de 2021

QUEM MATOU SARA?: FENÔMENO DA NETFLIX JÁ FOI VISTO POR 55 MILHÕES DE ASSINANTES

 

 

‘Quem Matou Sara?’ ganha o mundo com estrutura policial norte-americana

Diretor chileno José Ignacio Valenzuela fala sobre fenômeno da Netflix que já foi visto por 55 milhões de assinantes

Mariane Morisawa, ESPECIAL PARA O ESTADÃO

26 de maio de 2021 | 05h00

Se você é um dos 55 milhões de assinantes do mundo inteiro que, segundo a Netflix, assistiu a Quem Matou Sara?, pode ficar tranquilo. A segunda temporada, que estreou na quarta, 19, em mais de 190 países, vai trazer respostas. Inclusive, a principal: quem matou Sara (Ximena Lamarid). “Mas vamos ter outras perguntas, podem ficar tranquilos”, contou ao Estadão o criador da série, José Ignacio Valenzuela, por videoconferência.

 

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Cena de 'Quem Matou Sara?'Foto: Netflix

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Um festival de cinema latino americano

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Em Quem Matou Sara?, Álex Guzmán (Manolo Cardona) deixa a prisão depois de cumprir pena de 18 anos pelo assassinato da irmã Sara. Mas ele é inocente e foi condenado por culpa da poderosa família Lazcano, encabeçada por César (Ginés García Millán). Álex (Leo Deluglio nos flashbacks) era um adolescente passando um fim de semana na casa do amigo Rodolfo (Andrés Baida), namorado de Sara, acompanhado do irmão de Rodolfo, Chema (Polo Morín), e de Nicandro (Martin Saracho). Todos passeavam de barco quando o paraglider de Sara se rompeu. Mas, claro, não foi um acidente. Alguém provocou sua morte. Adulto, Álex vai atrás dos Lazcano, incluindo os antigos amigos Rodolfo e Chema (agora vividos por Alejandro Nones e Eugenio Siller), para descobrir a verdade e se vingar pela morte da irmã e por sua prisão. 

 

Quem Matou Sara? é um policial, mas não se envergonha de embaralhar as coisas com mil reviravoltas. “A estrutura, ou os ossos, é gringa, com o formato americano clássico em quatro atos que vimos nos últimos 50 anos. Por isso é tão fácil de decodificar no mundo todo”, disse Valenzuela. “Mas a pele da série é latino-americana, particularmente noveleira. Eu usei o melodrama sem pudores.” Valenzuela, que é chileno, trabalhou no México muitos anos e escreveu diversas telenovelas. Mesmo morando nos Estados Unidos, continua escrevendo para o mercado latino-americano. “Temos uma cena de série gringa, com uma morte, pistas, necrotério, e aí passamos para uma cena de amor entre Álex se apaixonando pela filha do inimigo, o que parece uma novela. Para mim, foi muito divertido de escrever – e pelo jeito foi muito divertido de ver!”

O mais maluco é que as reviravoltas são ainda mais frequentes do que nas telenovelas, porque são poucos episódios – dez na primeira, oito na segunda. Nos novos capítulos, há ainda mais variação, na opinião do ator colombiano Manolo Cardona, que já fez inclusive novela brasileira (Aquele Beijo). “Temos mais ação, mistério, romance, intriga. E muitas respostas”, afirmou. Mesmo sendo uma peça de puro entretenimento, Quem Matou Sara? procura abordar assuntos que incomodam seu autor. “Eu não escrevo sobre o que gosto, porque o que gosto já está resolvido na minha cabeça”, disse Valenzuela. “Então escrevi sobre algo que me incomoda – e que provavelmente incomoda também no Brasil, na Polônia, na França e em Abu Dhabi: o abuso de poder. Essa impunidade que certas pessoas gozam por serem membros do governo, ou por serem alguém importante, ou terem um primo senador. Eles podem fazer as piores coisas que nada vai acontecer.” Assim é César Lazcano, aquele homem que tem dinheiro e sobrenome conhecido e por isso pode enviar um rapaz inocente para a prisão ou ter um bordel com mulheres sequestradas em seu cassino. “Ele pode fazer e desfazer, que as leis não vão tocá-lo”, disse Valenzuela.

A série também aborda outras questões, como o feminicídio, a homossexualidade, a gestação de substituição, a saúde mental. Valenzuela contou que aprendeu a falar de assuntos reais e importantes com as telenovelas brasileiras. “Eu vivi no Chile até 1995, e as novelas estrangeiras que víamos eram as brasileiras”, disse ele, declarando-se fã de Sonia Braga e Glória Pires. “Cresci com Dancin’ DaysO Bem-AmadoTietaPantanal. A diferença entre a telenovela mexicana e a brasileira é que, na telenovela mexicana, a realidade feia não existia. Todos se levantavam às 8 da manhã com os cabelos perfeitos e os cílios postiços colocados. Eles vendiam a esperança. E o Brasil vendia a naturalidade. Havia atrizes suadas, sem maquiagem, porque estavam em Mato Grosso.” Para o autor, a ficção não é um espaço de pura fuga, mas um lugar onde se pode ter opinião, onde se pode mostrar o lado feio, sujo, sombrio. “A história do abuso de poder, da homofobia, da misoginia é muito importante para mim, porque são realidades do mundo e são questões que me incomodam.”

Poder levar essa tradição para o mundo é um motivo de orgulho e responsabilidade. “Eu espero que Quem Matou Sara? abra portas para a América Latina, porque temos grandes histórias para contar, além de uma enorme tradição”, disse o autor. No que depender de José Ignacio Valenzuela, Quem Matou Sara? vai continuar divertindo com suas reviravoltas mesmo depois da segunda temporada. “Não sei se vamos ter uma terceira ou outras”, disse ele. “Mas eu tenho um monte de material.” E isso mesmo revelando quem matou Sara nesta temporada. Na cabeça de um escritor de telenovela, o que não falta são coincidências absurdas, situações fantásticas e reviravoltas de deixar o espectador boquiaberto. 

 


Estadão terça, 25 de maio de 2021

CRUELA MOSTA COMO PERSONAGEM DE 101 DÁLMATAS SE ORNOU MÁ

 

'Cruella' mostra como personagem de '101 Dálmatas' se tornou má

Emma Stone é protagonista do filme de Craig Gillepsie que estreia nesta segunda, 27, nos cinemas e no Disney+

Mariane Morisawa, Especial para o Estadão

24 de maio de 2021 | 05h00

A Madrasta da Branca de Neve queria matá-la apenas porque um espelho disse que ela tinha deixado de ser a mais bonita do reino. A Madrasta da Cinderela também a castiga por causa de sua beleza. Um vilão – em geral, uma vilã – nos contos de fada e nos desenhos da Disney raramente teve chance de ser mais do que mau como o Pica-Pau. Isso até o lançamento de Malévola. Ali, a bruxa que amaldiçoava a princesa Aurora se transformava em uma fada incompreendida. Seu sucesso certamente abriu caminho para a pior de todas as vilãs, aquela fútil o bastante para querer sequestrar filhotes de dálmata para confeccionar um casaco de pele. 

E assim Cruella, de Craig Gillespie, chega aos cinemas e ao Disney+ com Premier Access (custo adicional mesmo para quem é assinante), na quinta-feira, 27. “Os vilões são divertidos de retratar, porque têm licença para fazer coisas que não são apropriadas, criando esses personagens extravagantes”, disse o diretor, que teve sua experiência com “vilãs” em Eu, Tonya, sobre a patinadora artística Tonya Harding, em entrevista coletiva, por videoconferência.

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No primeiro trailer de 'Cruella', Emma Stone surge como uma vilã estilosa

No primeiro trailer de 'Cruella', Emma Stone surge como uma vilã estilosa

Cena do filme 'Cruella', dirigido por Craig Gillespie, com Emma Stone e Emma Thompson. 
  Foto: Walt Disney Studios
 

“Sou brilhante, má e um pouco maluca”, diz Cruella, interpretada por Emma Stone, em determinado momento do filme, que se passa na Londres dos anos 1970. Mas, até ali, o espectador já acompanhou toda a jornada da personagem, a partir da pequena Estella (Tipper Seifert-Cleveland), uma garotinha rebelde de cabelo bicolor que perde a mãe logo cedo. Chegando sozinha a Londres, ela arruma como companheiros os igualmente órfãos Horace (Joseph MacDonald) e Jasper (Ziggy Gardner). 

Na fase adulta, os três, agora interpretados por Stone, Paul Walter Hauser e Joel Fry, praticam roubos cada vez mais elaborados. Até que Jasper vê um anúncio de emprego na loja Liberty. Estella, que sempre quis mexer com moda, começa de baixo, limpando banheiros. Numa noite de frustração e bebedeira, refaz a vitrine da butique, chamando a atenção da Baronesa (Emma Thompson), a maior estilista da época, que a contrata. Não demora, e uma rivalidade feroz se estabelece entre as duas quando o passado vem à tona e provoca desejo de vingança em Estella. Assim nasce Cruella. “Nenhum ser humano sai pelo mundo achando que é um vilão, que é mau”, disse Emma Stone por videoconferência. “É uma história de natureza versus criação. Sua volatilidade, considerada um defeito por sua mãe, torna-se sua força por meio de sua criatividade e genialidade. É um filme sobre como suas fraquezas se tornam suas fortalezas, de certo modo.”

Se a Cruella da animação clássica 101 Dálmatas (1961), de Clyde Geronimi, Hamilton Luske e Wolfgang Reitherman, e do “live action” de 1996, com Glenn Close, parece má, espere até conhecer a Baronesa, toda trabalhada na rigidez e na frieza. “Eu tenho muito interesse no lado sombrio de uma personagem feminina, porque raramente as mulheres têm permissão de serem sombrias. Sempre temos de ser fofas e boas”, disse Emma Thompson na coletiva. Mas a Baronesa também apresenta suas razões para agir como age, dizendo que, se não tivesse sido focada, teria de engavetar seu talento, como tantas outras mulheres da época – e de hoje. “E ela não deixa de ter razão. Eu não faria o que ela faz para conseguir seu espaço, mas acho que tem algo de admirável seu compromisso com sua criatividade”, afirmou Thompson.

Emma Stone também declarou ter preferência por Cruella sobre Estella. “Cruella tem aceitação completa de quem é e da sua autonomia”, disse a atriz. Para o ator Mark Strong, que interpretou sua cota de vilões e vive aqui John, o valete da Baronesa, esse tipo de personagem é muito mais bacana de interpretar. “Porque você pode fazer coisas que não faria na vida real”, disse ele em entrevista ao Estadão. Aqui, há a raridade de serem duas as mulheres nessa posição. “E por que elas não podem se divertir com esse tipo de papel? Eu tinha total consciência de que se tratava de um longa protagonizado por duas mulheres, e tudo bem para mim. Quanto mais produções assim, melhor.” 

Rivalidade é reforçada pelos belos figurinos

 

Emma Stone como protagonista do filme
Emma Stone como protagonista do filme 'Cruella' Foto: Divulgação

A rivalidade de Estella/Cruella e da Baronesa se dá pela moda. Ao ser identificada como a autora de uma vitrine moderna na loja Liberty, Estella é imediatamente contratada pela Baronesa. Mas, se ambas têm talentos semelhantes, seus estilos não poderiam ser mais diferentes. A Baronesa é brilhante, mas está um pouco démodé. Seus vestidos são super estruturados, de tecidos pesados e pouco maleáveis, inspirados em Dior, Givenchy, Balenciaga. Já Estella representa o novo, o espírito punk que se alastrou na Londres dos anos 1970, representado na época por Vivienne Westwood e depois por Alexander McQueen e John Galliano. 

O look de Cruella veio de uma foto da cantora Nina Hagen. “Foi muito inspirador ver aquilo, porque eu não era da turma da música naquela época”, disse a figurinista Jenny Beavan. Muitas das peças têm um ar dos mercados e brechós de Portobello Road, pois era comum misturar uma peça militar com uma saia de frufru, por exemplo. “A minha memória daquele tempo me ajudou muito. E muitas vezes cheguei ao set e vi peças iguaizinhas às que tinha”, contou Beavan. No total, a equipe fez 277 figurinos. Só a Estella/Cruella de Emma Stone tem 47 trocas de roupa. A Baronesa, outras 30. Até Horace e Jasper, os amigos de infância de Estella, têm 30 mudanças cada um, pois se disfarçam para aplicar seus golpes. 

Estella se transforma em Cruella para se vingar da Baronesa, fazendo verdadeiras performances em seus bailes refinados e outros eventos de moda e tirando o foco da sua rival, que fica possessa. Num deles, ela aparece com uma saia gigante vermelha, que cobre um carro. Foram 393 metros de organza, com 5.060 pétalas colocadas a mão, uma a uma. “Precisava ser pesado o suficiente para rodar, mas leve para a Emma Stone poder subir no carro. Foi um desafio”, disse Beavan, vencedora do Oscar por Uma Janela para o Amor (1985) e Mad Max: Estrada da Fúria (2016). 

Em outra ocasião, Cruella aparece num caminhão de lixo, usando um vestido feito com peças da coleção 1967 da Baronesa. “Isso parecia algo apropriadamente agressivo para Cruella fazer”, disse o diretor Craig Gillespie. “Eu queria homenagear essa coisa moderna de reusar, refazer e reformar coisas”, disse Beavan. O vestido tem uma cauda de 12 metros, presa por cabos ao corpo quando Emma Stone percorre as ruas de Londres em cima da caçamba do caminhão de lixo, às 3 da manhã. Sem o truque, a atriz não conseguiria se movimentar. Os dois vestidos foram os favoritos de Stone. “Não é nada remotamente parecido com algo que eu realmente poderia usar na vida real”, disse ela. “Aquela saia vermelha, também. Quando vesti, senti: Isso aqui é mesmo num filme.”

 


Estadão segunda, 24 de maio de 2021

SÃO PAULO VENDE O PALMEIRAS E É CAMPEÃO DO PAULISTÃO 2021

 

São Paulo vence o Palmeiras no Morumbi e volta a conquistar um título após mais de 8 anos

Luan e Luciano marcam os gols da vitória da equipe tricolor, que não vencia o Paulistão desde 2005

Gonçalo Junior, O Estado de S.Paulo

23 de maio de 2021 | 18h07

O dia 23 de maio de 2021 já está marcado na história são-paulina como o fim do jejum mais recente do clube. Com a vitória sobre o Palmeiras por 2 a 0, no Morumbi, o São Paulo se sagrou campeão paulista e “saiu da fila”, como os torcedores costumam dizer. O último troféu havia sido levantado em 2012, na Copa Sul-Americana. Em relação ao estadual, o jejum perdurava desde 2005.

Os heróis da conquista foram o volante Luan, protagonista improvável com um chute de fora da área quando o jogo estava enroscado no primeiro tempo, e o atacante Luciano, que entrou no segundo tempo para tornar o time mais dinâmico e letal nos contra-ataques.

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Luciano marcou o segundo gol da vitória do São Paulo Foto: Carla Carniel/ Reuters
 

O clima de decisão e o peso emocional da disputa ofuscaram as jogadas individuais. Poucos brilharam individualmente. Novamente, os dois times apresentaram esquemas espelhados, com três zagueiros e congestionamento no meio-campo. Jogo travado a exemplo do que havia sido a ida, aquele empate por 0 a 0, no Allianz Parque.

A conquista confere êxito à estratégia da comissão técnica e da diretoria de apostar todas as fichas no Campeonato Paulista Sicredi 2021 para encerrar o jejum de títulos. Desde o início da disputa, o São Paulo usou os titulares, inclusive nas duas últimas partidas da Libertadores, o grande sonho dos clubes brasileiros. A vitória também representa um excelente começo para o técnico Hernán Crespo, em ascensão na carreira. É o segundo título de sua carreira, depois da conquista da Copa Sul-Americana com o Defensa y Justicia.

O São Paulo teve muitas dificuldades na comunicação entre defesa e ataque. Os dois principais articuladores da equipe – Benítez e Daniel Alves – ficaram fora da decisão por causa de lesões. Com isso, o time tentava a ligação direta, do meio para o ataque. Apenas tentava. A bola batia e voltava. Além dos desfalques, o time sentiu falta de movimentação e dinamismo.

O Palmeiras trouxe uma mudança importante no meio. A entrada de Danilo Barbosa foi uma tentativa de chegar mais à área – ele tem uma pegada mais ofensiva do que Patrick de Paula, que atuou na primeira partida. Também foi uma aposta na jogada aérea. Essa foi a razão da mudança nas palavras do próprio técnico Abel Ferreira, antes da partida. O plano começou a dar certo logo aos 8 minutos, quando Rony deixou Danilo em boas condições para finalizar. O chute saiu torto.

Outra diferença a favor do time alviverde foi a presença de Rony. Com velocidade pelos lados do campo, ele garantia profundidade.

Mesmo com leve superioridade palmeirense, as defesas prevaleceram. Jogo com raríssimas finalizações, tamanho o tamanho – e a consistência – dos muros que se formaram à frente das duas defesas.

Nesse cenário truncado, amarrado, como havia sido o primeiro jogo, o time da casa conseguiu abrir o placar aos 36 minutos. O volante Luan chutou de fora da área e contou com desvio em Felipe Melo para fazer 1 a 0. Foi a primeira finalização do time tricolor no jogo. A abertura do placar foi mérito, principalmente, de um jogador que arriscou chutar a gol. Vale lembrar que Luan é volante, marcador tradicional, que rouba a bola e toca de lado. Ele ousou fazer uma coisa diferente.

O Palmeiras tentou ser mais agressivo. Aproveitando toda a paleta de cores do elenco, Abel Ferreira desmontou a linha de três zagueiros mais flexível. A intenção era que mais meias se aproximassem do ataque. Depois, o treinador trocou o cérebro do time, Raphael Veiga, bem marcado e discreto. O jogo do Palmeiras continuava girando em falso.

As mudanças no São Paulo foram mais positivas. Quando Luciano entrou no lugar de Pablo, o time se tornou mais criativo e ganhou mais posse de bola. Luciano voltava para armar e confundia a defesa. Igor Gomes avançava como um camisa 9. Foi nesse cenário que o time da casa conseguiu ampliar o placar. Aos 31 minutos, o volante Rodrigo Nestor, outra novidade do segundo tempo, cruzou e Luciano fez o segundo gol.

Nos dez minutos finais, o jogo ganhou o dinamismo que se esperava desde a primeira partida. As chances se somaram com Gabriel Sara, de um lado, e Wesley, do outro. Jogo aberto, lá e cá. Mas a vantagem de 2 a 0 foi suficiente para o São Paulo fazer uma contagem regressiva segura até gritar novamente "campeão". 

FICHA TÉCNICA

SÃO PAULO 2 X 0 PALMEIRAS

GOLS: Luan, aos 36 do 1º T e Luciano, aos 31 do 2º T

SÃO PAULO: Tiago Volpi; Arboleda, Miranda e Léo; Igor Vinicius, Luan (Nestor), Liziero (William), Gabriel Sara e Reinaldo; Igor Gomes (Rojas) e Pablo (Luciano). Técnico: Hernán Crespo.

PALMEIRAS: Weverton; Luan (Gabriel Menino), Gustavo Gómez e Renan; Mayke, Felipe Melo (Danilo), Danilo Barbosa (Patrick de Paula), Raphael Veiga (Scarpa) e Victor Luis (Wesley); Rony e Luiz Adriano. Técnico: Abel Ferreira.

JUIZ: Raphael Claus.

CARTÕES AMARELOS: Liziero, Igor Gomes, Renan, Lucas Lima, Hernanes, Wesley.

LOCAL: Morumbi


Estadão domingo, 23 de maio de 2021

VASCO DA GAMA: CAMPEÃO DA TAÇA RIO - GOLEIRO PEGOU TODAS AS TRÊS COBRANÇAS DO BOTAFOGO

 

Após defender três pênaltis, Vanderlei fala em 'gravar nome' na história do Vasco

Goleiro pegou todas as cobranças do Botafogo na final da Taça Rio e deu o título ao time cruzmaltino

Redação, Estadão Conteúdo

22 de maio de 2021 | 19h26

Conhecido por pegar pênaltis, Vanderlei viveu mais uma tarde inspirada neste sábado, desta vez em São Januário, no Rio de Janeiro. Após o Vasco perder para o Botafogo por 1 a 0 no tempo normal, na final da Taça Rio, o goleiro defendeu os três pênaltis e garantiu a vitória vascaína por 3 a 0. Apesar do feito pessoal, o goleiro deu mais importância para o coletivo e salientou a importância da conquista para o principal objetivo do time na temporada: retornar à elite do futebol brasileiro.

"Só tenho a agradecer em participar de mais uma final, em um clássico tão importante. Já tinha defendido três pênaltis, mas não seguidos. O mais importante foi que o time conseguiu o objetivo. Isso nos dá mais confiança para a sequência da temporada em que buscaremos o acesso, além da Copa do Brasil", projetou.

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Time do Vasco alinhado antes da final da Taça Rio 2021 Foto: Rafael Ribeiro / Vasco da Gama
 

Ainda sobre a sequência da temporada, Vanderlei voltou a destacar a conquista da Taça Rio, principalmente porque o Botafogo será um adversário direto do Vasco na Série B. Mesmo assim, ele reconheceu que não esperava decidir nos pênaltis.

"Essa vitória nos dá mais confiança sim. É um clássico e o Botafogo é um time que nós vamos enfrentar na Série B e que vai almejar o acesso. Não esperávamos sofrer tanto, mas já sabíamos que seriam jogos difíceis e felizmente conseguimos o objetivo. Com certeza a temporada será boa para a gente", garantiu.

Ao comentar seu novo momento na carreira após passagens por Santos e Grêmio, Vanderlei exaltou a história do Vasco e disse que buscará deixar seu nome gravado no clube. "Estou muito feliz e não vim para cá à toa. Sabia que poderíamos conquistar coisas grandes nessa reconstrução. É um grande clube, uma grande camisa e uma grande história. Espero deixar meu nome gravado também. Dedico essas defesas a Deus e à minha família, mas também para todo elenco, comissão e funcionários do Vasco", finalizou.

Com a conquista da Taça Rio, o Vasco termina com a quinta melhor campanha do Campeonato Carioca, além de prêmio de R$ 1 milhão. Na estreia da Série B, o clube carioca recebe o Operário-PR em São Januário, no próximo sábado. Também está vivo na Copa do Brasil e enfrenta o Boavista-RJ na terceira fase.

MATHEUS FRIZZO LAMENTA ERROS

Do lado do Botafogo, restou lamentar o resultado. "Treino não faltou, faltou competência na hora das cobranças. Merecíamos o resultado, o time jogou bem, fez o seu melhor jogo, mas faltou competência. Sentimento de tristeza, mas a Série B está aí. É nos unir ainda mais e fazer um grande campeonato", disse o volante Matheus Frizzo, um dos jogadores que desperdiçaram a cobrança.


Estadão domingo, 23 de maio de 2021

ZÉLIA DUNCAN: SOU FOLK NA ESSÊNCIA

 

Zélia Duncan: 'Sou folk na essência'

Cantora comemora 40 anos de carreira com lançamento de ‘Pelespírito’, gravado em sua nova casa, em São Paulo, e com o violão de aço como a espinha dorsal

Danilo Casaletti, ESPECIAL PARA O ESTADÃO

22 de maio de 2021 | 05h00

Quem ouvir Pelespírito, novo álbum de Zélia Duncan que acaba de chegar às plataformas digitais pela Universal Music, seguindo a ordem de músicas proposta pela autora – algo mais raro de acontecer atualmente, já que o ouvinte agora percorre caminhos sinuosos e não em linha reta –, vai perceber que há nele um roteiro idealizado pela cantora e compositora fluminense.

 

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Zélia Duncan, 40 anos de carreira Foto: Denise Andrade Universal Music

Esse itinerário, pensado e escrito em parceria com o poeta e músico pernambucano Juliano Holanda, tem a ver com o que Zélia queria expressar, mesmo que de maneira natural – ela se diz avessa à ideia de uma mensagem preestabelecida –, em um disco totalmente de músicas inéditas feito durante um dos períodos mais sombrios para a humanidade, e em especial para o Brasil.

 

Como a faixa que abre o álbum e que o batiza indica, há uma preocupação em entender o que se sente, porém sem esquecer daquilo que o outro possa estar vivendo. É se curar para poder ajudar o próximo. Por fim, buscar uma saída como mostra a faixa Vai Melhorar, que não por acaso encerra o disco e suaviza certo ar de tristeza – e não apenas isso – que o álbum traz.

Ouvi-lo, então, na ordem, revela as fases comuns a todos nesta quarentena que parece não ter fim: o se sentir estranho (Pelespírito), mirar os olhos para o belo quando se precisa ver o mudo da janela (Eu Moro Lá), encarar “300 asnos” (Nas Horas Cruas), amar simplesmente (Nossas Coisinhas), encontrar a alegria dentro da tristeza (Raio de Neon) e buscar saídas (Onde É Que Isso Vai Dar?).

Pelespírito chega no momento em que Zélia crava 40 anos de carreira – considerando-se apenas a fonográfica, são três décadas desde o lançamento de Outra Luz, quando ela assinava com o nome de Zélia Cristina.

“Tenho muito orgulho de comemorar com um álbum de músicas inéditas. Isso não é fácil. Em um mundo no qual todos querem tudo mastigado, é importante manter esse frescor”, diz Zélia, que já soma 15 álbuns lançados. Outra data importante são os 20 anos do álbum Sortimento, o que tem Alma, um de seus grandes sucessos. O lançamento atual e o que faz aniversário estão previstos para sair em vinil, em breve.

Na hora marcada, Zélia Duncan entra na plataforma Zoom, meio escolhido para o bate-papo com o Estadão. Ela está em um quarto de sua nova casa, em São Paulo, onde gravou vozes e instrumentos de Pelespírito. É a primeira vez que ela mora na capital paulista. Tomou a decisão a fim de se casar com a designer Flávia Soares. “Estou sempre na contramão. Enquanto muita gente se separou na pandemia, eu casei”, diz. Atrás dela, uma televisão sem som sintonizada em um canal de notícia mostra os desdobramentos da CPI da covid. O assunto, de uma maneira ou de outra, aparece na conversa. “Não quero estar ao lado de quem não usa máscara ou rejeita a vacina”, diz. Na conversa, Zélia fala sobre outro casamento, o musical, com Juliano Holanda, seu parceiro no disco, e das canções que fizeram.

Se compararmos a parceria musical com um relacionamento, ficar é um feat (participação) e uma parceria de quinze músicas já é praticamente um namoro. Por que escolheu o Juliano Holanda para este trabalho?

As músicas desse trabalho são irmãs, elas nasceram quase do mesmo parto. Eu e Juliano tivemos uma espécie de espasmo. Estou muito ativa, compondo muito e com muita gente. Porém, o Juliano furou a fila de uma maneira muito forte, pela disponibilidade e pelas afinidades que fomos sentindo. Era música o tempo todo! Na faixa Onde É Que Isso Vai Dar?, eu falo “acordo cedo, palavras soltas/ mal lavei o rosto e a canção brinca na boca”. É de uma literalidade desconcertante. Eu acordava olhando o celular, se já havia uma resposta dele, e eu, imediatamente, mandava uma frase. Foi tudo muito intenso. A gente está assim, emocional. É por isso que esse disco fala de algo que diz respeito às pessoas.

Como o conheceu e como sentiu que ele seria seu parceiro?

O (empresário) José Maurício Machline fez um almoço em sua casa para que o Almério cantasse. Juliano estava com ele. Muito calado, na dele. Já achei isso bacana, pois não curto muito oba-oba – e no nosso meio tem muita fagulha para pouca chama (risos). Quando eu estava para entrar em estúdio para gravar o álbum Tudo É Um (de 2019), Almério me ligou, estava com o Juliano no Rio de Janeiro novamente. Eles foram me mostrar algumas canções e eu escolhi O Que Mereço. Até brinquei com o Juliano que ele não me esperou para fazer essa música. Depois disso, um começou a cutucar o outro. Antes da pandemia, começamos a compor juntos. Quando o isolamento começou, a provocação ficou mais intensa. Minha ideia era fazer um disco com as composições que fiz durante a pandemia com diversos parceiros. Porém, um dia, mandei uma mensagem para ele, dizendo que tinha mudado de ideia. Queria fazer um disco só com as nossas. Não estou só gravando músicas, estou afirmando um encontro que foi impactante.

Antes, vocês foram gravados por Elba Ramalho, a canção Eu e Vocês, que batizou o último álbum dela.

Quando a fizemos, disse para o Juliano que era a cara da Elba, pois falava de um coração materno – e eu nem sabia que ela estava fazendo um disco com a família (o filho Luã Yvys, produtor, e as filhas nos vocais). Mandei e ela rapidamente me respondeu que a música estava dentro e seria o nome do álbum. São essas confirmações que recebemos indicando que estamos no caminho certo. Na verdade, fiz essa música pensando no meu público, no banzo que eu sinto do palco, da saudade de cantar com o público. Eu adoro isso: a gente faz uma música por um motivo e ela toca as pessoas por outro. Eu saquei que a Elba ia se identificar pelo lado familiar, e foi o que aconteceu. A letra fala “uma balada simples, um amigo em casa”. A gente nunca deu tanto valor a isso.

A faixa Pelespírito fala de um momento seu, mas mostra sua preocupação com o todo. 

Tem sido uma preocupação constante minha. Tenho aprendido que é preciso estarmos mais juntos para sairmos dessa. E não é o mais junto romântico. É no sentido de que, se eu não te respeitar e se você não me respeita minimamente, não vamos conseguir nada. Mas há pontos que precisam ser comuns. Se você não concorda que tem de usar máscara e tomar vacina, eu não quero falar com você, não tenho vontade. E aí, onde é que isso vai dar? Estamos perdendo pessoas e perdendo momentos valiosos da vida. É um momento de mistério. E ele permeia o disco.

O disco tem uma pegada folk. Por que escolheu esse caminho musical?

Ele é total folk – e eu sou muito folk na minha essência. Quando eu apareci (para o grande público), no disco que tinha Catedral, sempre me perguntavam qual era o meu estilo. Eu inventei que era pop-folk-brasileiro. Nisso, tem o violão de aço, que é uma afinidade que tenho com o meu primeiro parceiro, o Christiaan (Oyens) e também agora com o Juliano. A espinha do disco sou eu e meu violão. Foi muito natural que os arranjos ficassem com essa levada que muito me caracteriza.

Tudo Por Nada talvez surpreenda porque é sertaneja, algo que ainda não tinha explorado.

Nela há um pouco do sertão nordestino e da música pantaneira. É uma brasilidade que também aparece em Eu Moro Lá, que é mais samba-reggae, com o violão que o Webster (Santos), que é baiano danado, tocou. O disco teria 14 músicas, já estava orçado, mas essa precisava entrar. O discurso dela é muito forte, fala “eu preciso doer para te estender a mão”. É tudo o que estamos vivendo agora. Se para isso eu preciso estar doendo, OK, já estou doendo, pronta para ajudar alguém. 

Outra faixa forte é Você Rainha, na qual você aborda a questão da violência contra a mulher, não só como denúncia, mas como uma forma de encontrar uma solução. Como você a criou?

Eu a dedico às mulheres que ficaram em casa com seus algozes ou foram vítimas de feminicídio, que é uma das doenças do Brasil. Nós, mulheres, conhecemos as assediadas. Somos as que sofrem essa violência. Sou essas mulheres. Todas nós somos essas mulheres. Essa canção é um carinho em todas elas. E ela propõe uma virada. Quando a mulher se sente um animal, uma fêmea que se protege, protege suas crias, se torna a rainha de sua vida. Fiz a letra com sentido de urgência e mandei para o Juliano. Ele logo fez a música. É bom poder contar com um parceiro homem nessa luta. 


Estadão sábado, 22 de maio de 2021

BETE COELHO: ATRIZ ENCARA EM TEATROFILME NOVA VERSÃO DE MEDEIA

 

Bete Coelho encarna em teatrofilme nova versão de 'Medeia'

Em esplendoroso branco e preto, a peça sobre a mitológica personagem grega foi filmada durante a pandemia e está disponível online

Luiz Carlos Merten, Especial para o Estadão

21 de maio de 2021 | 05h00

Se não foi a primeira filicida da história - antes dela, conta a Bíblia, Abraão esteve a um passo de sacrificar o filho, Isaac, ao Senhor -, Medeia talvez tenha sido a mais célebre da mitologia. Filha do rei Eetes, da Cólquida, neta do deus Sol, ela traiu seu povo e matou o próprio irmão enlouquecida de desejo por Jasão. Para ele, roubou o Tosão de Ouro e tornou-se maldita. Quando o marido a repudiou para unir-se a Gláucia, filha de Creonte de Corinto - e tornar-se rei -, sua vingança foi cruel. Medeia matou os próprios filhos. 

Essa história é contada na tragédia de Eurípedes e no conto mítico de Jasão e os Argonautas. Virou filmes, no plural, de Pier Paolo Pasolini, com Maria Callas, e de Lars Von Trier, com Kirsten Olesen. Callas é uma soberba Medeia, uma máscara de dor e sofrimento, e só no desfecho, ela solta a voz. A voz da Callas. Pasolini já havia bebido em Sófocles para fazer seu Édipo Rei. Em Eurípedes, buscou a tragédia do feminino. Medeia lamenta que deseje tanto o homem que odeia. Diz que gostaria de trucidá-lo e, no entanto, deitaria agora com ele, se a desejasse: ‘Ai de mim’. Sendo uma tragédia que move mar e terra, e atinge a cosmogonia do Sol - o irmão, que retorna como fantasma, diz que quem planta a escuridão não pode colher a luz -, são famosas as lamentações da mulher traída. 

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Como fazer a dublagem de cinema perfeita: inteligência artificial tem o caminho

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A bordo do Argos, e com Jasão, ela singrou os mares e duas vezes seu ventre inchou. Mas tudo isso é passado. Jasão queixa-se de que Medeia nunca o amou, apenas o irmão que matou. E ela - “Quanto mar, quanto leite, quanto sangue derramado”. Você ainda pode ver Medeia como programa avulso na plataforma Belas Artes à La Carte. O programa estará disponível até julho. Durante a pandemia, e por conta do isolamento, o teatro virou híbrido - gravado, filmado. Houve coisas interessantes nesses processos. Existe agora a Medeia de e com Bete Coelho. Ela assina a direção com Gabriel Fernandes. Ele assina fotografia, câmera, montagem. A produção é da BR116, que exibe o trabalho em seu canal no YouTube, e da Teatrofilme. Poucas vezes o preto e branco foi tão esplendoroso. 


 

 

‘Medeia’. Bete Coelho protagoniza e assina a direção com Gabriel Fernandes, em versão de texto de Consuelo de Castro.  Foto: Cia BR 116

Talvez esteja no olhar de quem vê. Em 1930, ainda na era de ouro do cinema soviético, Alexandre Dovjenko fez de Terra, o mais belo (e telúrico) poema revolucionário do cinema. Os campos de girassóis filmados em PB formam o cenário glorioso do que já era uma tragédia. O jovem urina no trator para batizá-lo. Vem por aquela estrada, feliz e cantando. Irá se casar. Morre assassinado, um tiro. Em 1961 e, depois, em 76, o grego Michael Cacoyannis e seu grande fotógrafo inglês Walter Lassaly fizeram Electra, a Vingadora e Ifigênia. Entre os dois filmes, as duas tragédias, fizeram também As Troianas. O lamento de (H)Écuba, ‘Ai de mim.’ Electra e Ifigênia são as melhores. O preto e branco é suntuoso. Coloca na tela um mundo bárbaro e primitivo. Na concepção de Fernandes (e Bete), Medeia é uma tragédia do desejo. 

Medeia deseja Jasão, que deseja o trono de Creonte, que deseja Medeia. Um vidro separa os personagens em cena, mas é somente para que, muitas vezes, e pelo efeito do reflexo, os rostos e corpos se confundam, e se interpenetrem. Na terra, está enterrado o vestido de ouro que o Sol deu à neta, e que Medeia vai usar para se vingar de Clélia. Terra, fogo, mar. Medeia, a Feiticeira do Amor, título do filme de Pasolini no Brasil. O feitiço vira-se contra a feiticeira. A Medeia de Fernandes e Bete é a revista por Consuelo de Castro. Proibida pela censura do regime militar, sua primeira peça, Prova de Fogo, só foi montada nos anos 1990, com outro título, A Invasão dos Bárbaros. Bastou a segunda, À Flor da Pele, para torná-la famosa. À Flor da Pele virou filme, de Francisco Ramalho Jr. Ganhou Gramado. 

Consuelo escreveu outras peças retratando casais, e dando voz a mulheres libertárias, que se rebelam e recusam ser oprimidas. Seu texto Medeia - Memórias do Mar Aberto teve leitura dramática em 1997. O mar que entra em cena é lindamente estilizado. Poderia ser o mar de celofane dos filmes finais de Federico Fellini. É um mar de gravetos, e Jasão cospe na cara dela. Medeia está presa a esse barco podre, sonhando fugir (com ele). O universo mítico é fechado, não oferece saída. Todo mundo paga um alto preço. Jasão, para se sentar no trono. Medeia, para se vingar. Bete é poderosa soltando o verbo em closes que, ao mesmo tempo, a vulnerabilizam. Os homens, viris, destacam-se pela careca imposta aos atores. Poucas vezes o híbrido funcionou tão bem nessa pandemia. Teatrofilme ou cinema? As velhas teorias de teatro e cinema não estão mais dando conta das transformações ocasionadas pelo isolamento na era do coronavírus. Cinema, teatro. Nada está sendo como antes. Será preciso esperar pelo retorno à normalidade para ver.


Estadão sexta, 21 de maio de 2021

ELBA RAMALHO - LIVES REÚNEM ELBA E CINCO VOZES FEMININAS

 

Lives reúnem Elba e cinco vozes femininas

Encontro de Alcione com Criolo é outro destaque do fim de semana; confira ainda atividades da Semana Nacional dos Museus e a reabertura presencial da Unibes Cultural

Redação, O Estado de S.Paulo

21 de maio de 2021 | 05h00

O fim de semana promete muita voz feminina, com o projeto Cultura nas Estações e o encontro da cantora Alcione, desta vez com o rapper paulistano Criolo. Além disso, há atividades virtuais por causa da Semana Nacional dos Museu e a reabertura presencial da Uniques Cultural.

 

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Festival tem apresentações de cinco cantoras brasileiras;entre elas, Elba Ramalho Foto: Festival Cultura nas Estações

A voz delas

 
Seis vozes femininas se apresentam no projeto Cultura nas Estações no fim de semana. No sáb. (22), tem Elba Ramalho, Preta Gil e Sandra de Sá. No dom. (23), é a vez de Vanessa da Mata, Negra Li e Fernanda Abreu. Sempre às 16h, no youtube.com/enelbrasil.

Alcione e Criolo

A Marrom se une ao rapper paulistano para cantar sucessos do samba. O evento faz parte do movimento Faça Parte: Comece o Que Não Tem Preço, que já doou o equivalente a 5 milhões de refeições via organizações não governamentais para comunidades carentes. Durante a live, um QR Code ficará disponível para que o público faça doações. Sáb. (22), 21h30, grátis. No youtube.com/mastercardbrasil e no canal Multishow. 

Show flutuante

Foli Griô Orquestra transmite o show Flutua, gravado sobre as águas da Lagoa de Saquarema (RJ). No repertório, canções do álbum Ajo, indicado para o Grammy Latino de 2019, que mescla o afrobeat a manifestações culturais brasileiras. Sexta (21), 20h, no foliogrio.com/flutua.

Semana dos Museus

Até domingo (23), uma programação em museus de São Paulo celebra a 19ª Semana Nacional dos Museus. O Museu Afro Brasil terá visitas virtuais grátis no domingo. Agende: museuafrobrasil.org. br. Já o Museu do Futebol realiza a oficina presencial (com inscrição prévia) Museu de Mim, sobre elementos que marcaram a vida de cada um. Site: museudofutebol.org.br.

Portas abertas

A Unibes Cultural retoma seu funcionamento na terça (25) com uma mostra fotográfica que celebra os 75 anos da Fundação Dorina Nowill para Cegos (até 16/7). Além disso, a fachada do prédio retrata o poder feminino com a mostra Amanhã Serei Raiz, até 9/8. R. Oscar Freire, 2.500, Sumaré. Site: unibescultural.org.br.


Estadão quinta, 20 de maio de 2021

BAÚ DE VINÍCIUS DE MORAES: ACERVO COM 11 MIL DOCUMENTOS PERMITE NOTAR A EVOLUÇÃO ARTÍSTICA DO POETINHA

 

Acervo com 11 mil documentos permite notar a evolução artística de Vinicius de Moraes

O baú do poeta, com letras de música, poemas e roteiros, estará disponível na internet - a partir do dia 27

Ubiratan Brasil, O Estado de S.Paulo

20 de maio de 2021 | 05h00

Julia Moraes, neta de Vinicius de Moraes
Julia Moraes. Neta do poeta, ela apresenta curiosidades como uma conta de somar no rascunho da canção ‘Insensatez’. Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Em uma carta em papel timbrado, datada de dezembro de 1949, o ator e diretor Charles Chaplin agradece o recebimento do primeiro número da revista Filme e promete escrever uma mensagem, que será enviada com uma foto autografada. Em outro papel, também timbrado mas sem data, um divertido Orson Welles reforça sua descrença nos jornais então editados por empresário William Randolph Hearst: “Eles noticiaram que eu caí de um andaime a três metros de altura e quebrei uma perna, mas, acredite-me, foi só um desejo”, escreve o cineasta, reforçando o convite para um novo almoço.

As duas correspondências foram endereçadas a Vinicius de Moraes (1913-1980), então cônsul brasileiro na Califórnia, nos Estados Unidos. Dois exemplos do vasto material cuidadosamente arquivado e catalogado, que compreende quase toda a produção intelectual do também poeta, músico, jornalista e dramaturgo e que estará disponível na internet - a partir do dia 27, mais de 11 mil documentos poderão ser consultados na íntegra no site AcervoVinicius de Moraes . São manuscritos e datiloscritos (material produzido em máquina de escrever), que revelam particularidades do processo de criação do poeta ao longo de quase 50 anos. Não haverá material em áudio e vídeo.

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“O acervo é algo vivo, pois conta a história de uma vida e de como Vinicius percebia o mundo”, comenta Julia Moraes, neta do poeta. Ela é a idealizadora e coordenadora do projeto Acervo Digital Vinicius de Moraes, que tem a coordenação técnica e design de Marcus Moraes, sobrinho-neto do artista. “O conjunto dos documentos tem o tamanho da vida de Vinicius, que produziu poesia, além de material para cinema e teatro, e que, na vida pessoal, teve uma infinidade de amigos, com quem manteve uma vasta troca de correspondência”, continua Julia.

 O acervo pessoal está guardado no Arquivo-Museu de Literatura Brasileira (AMLB) da Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, e está disponível para consulta presencial desde 1992. Curiosamente, o AMLB foi criado a partir de um pedido de Carlos Drummond como um local para a memória literária nacional. 

“A família, especialmente as irmãs Lygia e Laetitia e o próprio Vinicius, sempre foi cuidadosa com os documentos, que estavam na casa do poeta, no bairro da Gávea”, conta Marcus. “Minha mãe, que era bibliotecária, manuseava, maravilhada, os originais e ajudou na catalogação. Foi possível notar como Vinicius era um grande trabalhador da palavra - ele fazia e refazia os seus poemas.” Segundo Julia, ele tinha sua rotina: trabalhava pela manhã e, à tarde, recebia os amigos, para longas conversas regadas a uísque.


 

Acervo Vinicius de Moraes
Acervo permite notar a evolução artística do poeta, que refazia com insistência seus escritos. Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

 

Desejo de preservar digitalmente o arquivo, incentivar a pesquisa e democratizar o acesso à obra de Vinicius

O cuidado da família de Vinicius de Moraes com sua obra era constante. “O primeiro poema escrito por ele, aos 8 anos, é um dos documentos que estarão no Acervo Digital, assim como seus últimos escritos”, comenta Julia Moraes, neta e idealizadora do projeto. “O zelo era dele também, pois é possível acompanhar a evolução criativa, por exemplo, do poema O Avesso: há várias versões escritas ao longo de dez anos, é um mapa da criação. E não são só acertos, ali estão os erros também. Acredito que isso valorize todos os artistas.”

Vinicius, de fato, era perfeccionista e não sossegava enquanto não atingisse o resultado considerado ideal. Especialmente quando compunha letras de canções. “É possível notar como ele era rígido em buscar a métrica correta, a sílaba tônica ideal para a melodia”, observa Marcus Moraes, sobrinho-neto do poeta e responsável pela coordenação técnica e design do Acervo Digital, que nasceu a partir do desejo de preservar digitalmente o arquivo, incentivar a pesquisa e democratizar o acesso à obra de Vinicius.

Pesquisar o vasto material criado pelo artista representa uma viagem no tempo e também geográfica. Afinal, homem afetuoso, aberto a novas amizades, Vinicius passou por cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Ouro Preto, Montevidéu, Buenos Aires, Paris, Oxford e Los Angeles, seja na função de diplomata, seja em excursões como músico. E, nesse trajeto, manteve contato com as mais diversas figuras, de Mãe Menininha do Gantois a Orson Welles, de Baden Powell a Pablo Neruda, sem se esquecer dos grandes parceiros nas canções, como Tom Jobim e Toquinho.

 

Acervo de Vinicius de Moraes

Quando o Acervo Digital estiver disponível, a partir do dia 27, fãs e pesquisadores poderão conhecer a magnífica escrita de Vinicius em ordem cronológica, o que permitirá notar com mais clareza sua evolução e, principalmente, como o poeta passou de uma evidente preocupação religiosa no início da carreira para temas mais mundanos, como o cotidiano das pessoas e, principalmente, as relações amorosas. “Será possível também fixar sua trajetória em um determinado momento, como, por exemplo, descobrir tudo o que Vinicius escreveu no ano de 1968”, continua Marcus.

O acervo está dividido em três grandes séries. A primeira, Correspondência, compreenderá cartas, cartões e telegramas recebidos tanto de amigos como de figuras relacionadas ao seu trabalho como diplomata. É curiosa a troca de informações que Vinicius mantinha com seus colegas escritores, como uma carta enviada a Manuel Bandeira em que o poeta solicita uma leitura crítica de seus poemas. Em outra, pede a opinião sobre versos de seu poema Pátria Minha, com receio de ter problemas políticos. 

Será possível também se divertir com a troca de confidências com grandes amigos, como na carta em que Tom Jobim comenta com Vinicius a exigência de um produtor francês para que a dupla compusesse mais rapidamente as canções que formariam a trilha sonora do filme Orfeu Negro (1959), dirigido por Marcel Camus e que ganhou o Oscar de melhor longa estrangeiro. “Na carta, se descobre que o tal produtor anunciava que contrataria um músico mais veloz na criação e que seria Dorival Caymmi. O texto termina com um Há Há Há”, diverte-se Julia, lembrando que o grande cantor e compositor baiano era conhecido pela falta de pressa ao criar seus clássicos.

A segunda série, Produção Intelectual, traz uma documentação abrangente, que revela o extenso campo de atividades nas quais Vinicius se dedicou ao longo da vida: poesia, textos em prosa, artigos, peças, letras de música, shows, roteiros de cinema, discursos, entrevistas e traduções. Assim, será possível observar as diferentes versões do roteiro de Les Amants de la Mer e detalhes da produção até o roteiro final de Garota de Ipanema

Aula. “Há também o roteiro decupado de Orfeu Negro, com todas as anotações técnicas, uma aula de cinema”, nota Marcus, lembrando ainda da presença da curiosa entrevista em que Vinicius contou que adaptou a peça Orfeu da Conceição para o cinema em apenas 15 dias.

Já a área reservada à criação musical traz mais de 260 letras e, assim como os poemas, muitas apresentam mais de uma versão - Insensatez, Chega de Saudade e Canto de Ossanha, por exemplo, têm quatro, enquanto Canção do Amanhecer contém nove versões. “Como a reprodução dos documentos será fiel ao original, vai ser possível notar detalhes curiosos, como a anotação de uma conta de somar no canto do papel onde ele rascunhou a letra de Insensatez”, diz Julia.


 

Acervo Vinicius de Moraes
Acervo. Vinicius de Moraes na sede da Unesco: são mais de 11 mil documentos originais. Foto: VM Cultural/DR

Outro destaque é a documentação completa de Brasília: Sinfonia da Alvorada, poema sinfônico de Vinicius e Tom Jobim feito a pedido de Juscelino Kubitschek e Oscar Niemeyer para a inauguração de Brasília. “Em uma carta, Tom desabafa que a obra não foi bem compreendida”, comenta a pesquisadora. 

Curioso também é um original datado de 1927, de Os Três Amores, uma imitação de A Ceia dos Cardeais, de Júlio Dantas. Em um canto, nota-se uma observação: “Foi feito com a idade de 14 anos. Peço, pois, ao leitor ser bondoso comigo”.

Julia gosta particularmente de um documento, ao qual Vinicius deu o título de O Dever e o Haver. Semelhante ao balanço fiscal que as empresas fazem em sua contabilidade, o trabalho representa uma prestação de contas do poeta, mas com a sua arte.

A terceira série intitula-se Documentos Diversos e reúne folhetos, cadernos de anotações, cartões de visita, convites e documentos importantes para o estabelecimento da história do cinema no Brasil - ali está um dossiê sobre a criação do Instituto Nacional do Cinema.

Além das séries, o projeto Acervo Digital vai contar ainda com o podcast Caderno de Leituras de Vinicius de Moraes, inspirado no livro publicado pela Companhia das Letras, e também um minidocumentário dirigido por Julia, que mostra como são guardados e organizados documentos raros, além do processo de digitalização do acervo. Como se trata de um vasto material, Julia e Marcus pretendem abrir futuramente novas frentes, como exibir todas as matérias publicadas por Vinicius na imprensa. “Ao final, quem consultar toda essa obra vai descobrir o esforço físico e artístico de Vinicius, um homem que se dedicou ao trabalho”, comenta Marcus.


Estadão quarta, 19 de maio de 2021

PROJETO DE NEIL LaBUTE COM DEZ MONÓLOGOS, REVELA A COMPLEXIDADE HUMANA

 

Projeto de Neil LaBute com dez monólogos revela a complexidade humana

No espetáculo ‘Dez por Dez’, que poderá ser visto gratuitamente no site do Teatro Unimed, a partir de quinta, o elenco fala direto para câmera, sem interrupções

Ubiratan Brasil, O Estado de S.Paulo

19 de maio de 2021 | 05h00

Homem confessa sua paixão pelo futebol a ponto de se envolver em brigas nos jogos do filho na escola, enquanto mulher revela sua participação em um triângulo amoroso formado pela amiga e o namorado. Eis duas histórias de um conjunto de dez monólogos que formam o espetáculo Dez por Dez, atos confessionais cuja franqueza verbal tira o fôlego do público, que poderá acessá-los gratuitamente no site do Teatro Unimed, a partir de quinta, 20.

Escritos pelo dramaturgo e cineasta americano Neil LaBute, os monólogos foram criados em 2014 especialmente para exibição no Audience Channel, na TV americana, e seguem uma regra básica: com duração de dez minutos, cada um traz o elenco falando diretamente para a câmera, em tempo real, sem cortes ou edições - a interpretação, sempre limpa, necessita revelar rapidamente o conflito.

 

“Além de ser um excelente exercício de atuação, permite ao ator criar um vínculo com o espectador”, comenta Leopoldo Pacheco, intérprete de um homem de meia-idade que, no discurso, logo se revela uma pessoa racista e homofóbica. Trata-se de um dos diversos perfis humanos com que LaBute exerce a habilidade para narrar dramas sem reservas ou moralismo (conheça os demais abaixo).

  
Leopoldo Pacheco vive o homem que se revela racista em 'Dez por Dez'. Foto: Pedro Pupo

A reportagem acompanhou a filmagem de sua cena, no sábado à tarde, no restaurante Casimiro, localizado no edifício onde está o Teatro Unimed, na região da Avenida Paulista. Foram quatro tomadas em que Pacheco ofereceu variações sutis na interpretação até atingir o ponto ideal. “Foi maravilhoso retomar um trabalho que remete ao teatro, depois de mais de um ano afastado dos palcos por causa da pandemia”, disse ele, visivelmente emocionado. “E justo com o texto sobre um homem horrível, mas que infelizmente reflete bem o que muitos pensam na realidade.”

“LaBute compôs um arco de emoções, que vai do drama à comédia”, observa Guilherme Leme Garcia, diretor das dez atuações que foram filmadas por seu irmão, o cineasta e diretor de fotografia Gustavo Leme. Juntos, eles se mantêm fiéis ao conceito original do projeto, filmando os atores estáticos, em preto e branco, com o olho na câmera. Mas acrescentaram detalhes sofisticados. “Fomos em busca de uma estética documental da fotografia, a partir de trabalhos de nomes como Cartier Bresson, Peter Lindbergh, Annie Leibovitz”, observa Gustavo. 

De fato, LaBute apresenta um retrato do homem contemporâneo que, por sua natureza contraditória, consegue deixar o mundo fora do eixo. A forma direta de sua escrita, porém, já lhe rendeu comentários pouco elogiosos (misógino, chauvinista, moralista), mas seus defensores garantem que LaBute traz em suas observações sobre os homens algo que outros autores contemporâneos ainda não trabalharam com autoridade: o senso de pecado.

“Eu pretendia que Dez por Dez se parecesse com uma experiência bonita, conectada, totalmente realizada, e não apenas uma peça que estava sendo lida para o público por atores talentosos ou conhecidos”, disse LaBute ao Estadão, em entrevista realizada por e-mail. “As palavras são sempre essenciais para mim - elas são a porta de entrada para tudo o que faço ou tento fazer, então sou muito cuidadoso com o que escrevo e tento apresentar ao público.”

A observação encontrou eco entre os atores brasileiros envolvidos no projeto. “LaBute endereça a fala”, comenta Denise Fraga. “O texto é muito direto, simples, e dá a impressão de se tratar de uma pessoa falando naturalmente, sem artimanhas dramatúrgicas. São dez janelas com pessoas falando direto para você. O plano-sequência de 10 minutos dá mais crueza e coloca o espectador como um terapeuta, um amigo, enfim, outro personagem.”


 

Denise Fraga faz a mulher que viveu eventos trágicos.  Foto: Pedro Pupo

“O texto é divertido e, ao mesmo tempo, profundo”, complementa Ícaro Silva, intérprete do homem que relata o sonho bizarro que teve com uma mulher que viajou ao seu lado, em um avião. “Os monólogos dialogam com nosso tempo, que é encarado de frente.”

Denise contou ao Estadão que decidiu participar do espetáculo quando chegou ao final de seu texto - ela vive uma mulher que, depois de eventos trágicos, revela o desejo pelo suicídio - e, ao final, busca a cumplicidade do espectador para ajudá-la a desistir desse desejo. “Essa mulher sente algo muito comum hoje, que é atingir um limite, o momento em que não se sabe mais como prosseguir. Guilherme pediu para que me aproximasse da dor dessa mulher. Ela tem uma avaliação sobre si mesma assustadoramente lúcida, muitas pessoas vão se identificar, pois são pensamentos que passam pela cabeça das pessoas.” 

Nascido em Detroit, em 1961, Neil LaBute estreou no cinema em 1997, com Na Companhia dos Homens, cuja virulência masculina contra mulheres frágeis cravou-lhe a fama de misógino. Mas logo a força de sua dramaturgia se impôs - críticos entusiastas logo compararam suas peças às de Strindberg, Ibsen e Albee em início de carreira. A maioria, no entanto, o equipara a David Mamet. O segredo, portanto, está na carpintaria do texto. “A prosa de LaBute é meticulosamente construída”, atestou, certa vez, Monique Gardenberg, que dirigiu Baque em 2005, primeira montagem brasileira de um trabalho do dramaturgo. “Cada detalhe é cuidadosamente revelado no momento certo, como em uma equação matemática, e, quando o castelo está todo construído, LaBute o destrói sem piedade.”

Monique está à frente da Dueto Produções, empresa que produz Dez por Dez, aumentando a sequência de peças escritas pelo autor americano. “São espectros que revelam a complexidade da natureza humana”, comenta Guilherme Leme, que já dirigiu outro espetáculo de LaBute, A Forma das Coisas, em 2010. Ele e Gustavo são responsáveis pela adaptação dos textos, buscando sempre referências mais próximas ao público brasileiro.


 

Ícaro Silva interpreta o rapaz que tem um sonho bizarro. Foto: Pedro Pupo

No ano passado, uma versão de Dez por Dez foi encenada nos Estados Unidos via Actor’s Studio que, desde 2013, em sua unidade de St. Louis, homenageia LaBute com um festival anual de novos talentos do teatro. Por ser um conjunto de monólogos, o projeto ganhou mais destaque diante do isolamento social provocado pela pandemia de covid

“O tipo de performances teatrais filmadas que cresceram desde o ano passado traz indicativos da intimidade que eu estava tentando alcançar com a série”, conta LaBute, na entrevista. “Uma pessoa falando diretamente para outro espectador (ou espectadores) é o que tenho visto nos últimos doze meses ou mais.”

Zeloso de sua escrita (“as palavras são o tijolo e a argamassa da minha profissão - eu as amo e as trato com o maior respeito”), LaBute curiosamente se revela dividido com a improvisação dos atores quando encenam seus textos. “Permito a improvisação que, às vezes, é ótima, mas outras, não. Não gosto da possibilidade de que alguém acredite que pode rapidamente ter uma ideia, palavra ou frase melhor do que aquelas que tenho lutado para criar por um longo período de tempo. Mas, quando consegue, é como mágica e adoro isso.”

Questionado, na entrevista, sobre se considerar um autor político, LaBute primeiro se revelou surpreso com a pergunta, para então dizer que não. “Estou muito mais interessado na geografia do desejo e em como meus personagens se relacionam (ou não) entre si do que com sua atitude política”, justifica.

A cada semana, serão exibidos dois novos monólogos de Dez por Dez no site do Teatro Unimed. E os primeiros serão os de Angela Vieira e Johnny Massaro. A visualização é gratuita e o público será convidado a colaborar com doações para o Fundo Marlene Colé, em prol dos trabalhadores do teatro em situação de insegurança alimentar devido aos efeitos da pandemia.


 

Os atores e seus personagens

 

  • Angela Vieira - mulher de 60 anos conta sobre um momento do seu passado, quando viveu uma relação que se resumiu a um único beijo, que a marcou para o resto da sua vida.
  •  Leopoldo Pacheco - homem de 60 anos expõe sua resistência a mudanças de hábitos e costumes na sociedade. Aos poucos, revela-se um racista conservador e intolerante com imigrantes.
  •  Denise Fraga - mulher de 50 anos relata uma sequência de eventos trágicos em sua vida e revela, explicitamente, o desejo pelo suicídio. 
  •  Eucir de Souza - homem de 50 anos discorre sobre o orgulho de estar casado há 30 anos, não suportando separações nem enlaces no mesmo sexo. Logo, revela-se um homofóbico radical.
  •  Pathy Dejeus - mulher de 40 anos conta como era frequentemente espancada e abusada emocionalmente por seu marido. Ela foge de casa e acaba se relacionando com outra mulher.
  •  Bruno Mazzeo - homem de 40 anos tem um filho que joga no time da escola e, acompanhando um dos jogos, ele se envolve em uma séria briga com outro pai. 
  •  Chandelly Braz - jovem de 30 anos fala sobre um acidente de trânsito em que uma amiga morreu enviando uma mensagem para o namorado. 
  •  Ícaro Silva - homem de 30 anos conta sobre o incômodo com a vizinha de poltrona em uma viagem de avião. Quando dorme, sonha que vivem uma relação amorosa bizarra.
  •  Luisa Arraes - menina de 20 anos é traída pelo namorado e passa a ter relações afetivas sem sentido, como forma de vingança.
  •  Johnny Massaro - garoto de 20 anos, incomodado com a iminência da calvície, revela um profundo amor pela mãe, acreditando ser a única mulher que o aceitará careca.

Estadão terça, 18 de maio de 2021

ESPETÁCULO DIPLOMACIA NARRA A VIDA DO OFICIAL QUE NÃO CUMPRIU UMA TERRÍVEL ORDEM NAZISTA

 

Espetáculo ‘Diplomacia’ narra a vida do oficial que não cumpriu uma terrível ordem nazista

Peça, com texto do dramaturgo francês Cyril Gely, estreia na quarta-feira, 19, dentro do projeto Em Casa com o Sesc

Bruno Cavalcante, Especial para o Estadão

18 de maio de 2021 | 05h00

General considerado como nome essencial para a ocupação europeia promovida pelo regime nazista de Adolf HitlerDietrich von Choltitz teve a incumbência de entregar Paris às forças contrárias ao regime nazista após o período de ocupação, de 1940 a 1944. Sob ordens diretas de Hitler, o general deveria bombardear a cidade antes de passá-la adiante, impedindo o avanço de forças aliadas. O bombardeio, contudo, nunca aconteceu, e o nazista foi preso e mantido em cárcere até 1966, quando morreu na Normandia.

Os motivos que levaram Choltitz a não cumprir as ordens de Hitler seguem desconhecidos e, ao longo da história, suposições foram levantadas para tentar explicar a desobediência que poupou a vida de milhões de franceses. Uma delas é a que move Diplomacia, texto do dramaturgo francês Cyril Gely que estreia na quarta-feira, 19, dentro do projeto Em Casa com o Sesc.

 
 
  
Eduardo Semerjian e Otávio Martins. Reunião do general Choltitz com Raoul Nordling. Foto: Heloísa Bortz

“O que existe no texto que mais nos aproximou é a possibilidade do diálogo como uma mola propulsora civilizatória”, contextualiza Otávio Martins, que dá vida ao embaixador sueco na obra dirigida por Ricardo Grasson e coestrelada por Eduardo Semerjian.

“Pensando na época em que vivemos, no avanço da extrema direita, nas polarizações, nos direitos humanos, existe um espelho na peça que fala sobre isso tudo. Ela fala sobre até onde você acata a ordem de um superior e qual o limite moral e ético para essa ordem ser seguida à risca. Além de destruir Paris, ele mataria três milhões de pessoas, e para quê? Impedir por duas ou três semanas que os aliados chegassem à Alemanha?”

O espetáculo estreia após um processo que já dura cinco anos, desde que, num encontro casual, Eduardo Semerjian e o diretor e dramaturgo Aimar Labaki discutiram a possibilidade de montar a obra, adaptada para o cinema em 2015. O ator comprou os direitos do texto em 2019 e, devido a problemas de agenda, Labaki deixou o posto de diretor. Ricardo Grasson assumiu.

“Mudou todo mundo menos o Otávio, que estava comigo desde o início e permaneceu por um motivo simples: eu comprei esse texto para que fizéssemos juntos. Sempre é ele quem me chama para as peças que ele escreve, e aí eu quis inverter essa história”, conta Semerjian, que abordou o amigo em momento de transição, quando pensava em deixar de atuar, focando na direção e na dramaturgia.

A dupla se encantou pelos mesmos aspectos da obra, desde a proposição do diálogo até a pulsão política que estabelece pontes com o cenário contemporâneo. “Queremos discutir essa maneira de estabelecer o diálogo, de falar, de ouvir e ver a realidade do que acontece hoje e que não começou agora. Na França, já há essa ameaça da extrema direita com os Le Pen há muito tempo e, por sorte, nunca se concretizou, mas se espalhou no mundo inteiro, nos Estados Unidos, na Hungria, na Turquia, na Áustria, na Polônia e no Brasil”, diz Semerjian.

“O texto mostra o quanto o ciclo se repete desde a ascensão da extrema direita pós-Segunda Guerra. Mas estamos falando de diálogo, de quando esse general alemão se permite a mudar uma chave e ouvir, e quando começa esse processo de escuta ele vê que realmente existe um outro caminho. É claro que isso não aconteceu em uma noite, foi um processo, mas ainda assim é um caminho”, explica Grasson.

“Pouco antes desse encontro houve a Operação Valquíria, que instaurou a lei de que a família do soldado que não cumprisse as ordens seria morta. Se ele não destruísse Paris, a família dele morreria. Daí encontramos o limite ético: obedecer a uma ordem cegamente ou seguir o padrão do bom senso universal? E aí se questiona: se eu fizer em prol da humanidade, vão matar meus filhos e minha mulher. Isso é imbuído de uma representatividade do que vivemos hoje. Existe uma condição humana de limite à qual todos estamos submetidos, parece que falamos de Brasil 2021”, diz Martins.

Diplomacia estreia um ano após a primeira leitura pública, pouco antes da crise sanitária do coronavírus. Para esta temporada, o espetáculo foi adaptado não apenas para a linguagem audiovisual, mas para abarcar apenas os dois atores (o texto original conta com um elenco de cinco pessoas).

“Tem uma equipe pensando este espetáculo especificamente para o online, partindo da centralização destas suas personagens para se adequar ao que acontece online”, diz Grasson, que, assim como o elenco, não vê problemas na adaptação para o formato.

“É uma possibilidade, uma plataforma de trabalho. A arte, quando se vê em dificuldade, descobre outras possibilidades”, finaliza Semerjian. Diplomacia tem transmissão agendada para quarta-feira, 19 de maio, às 19h no canal oficial do Sesc São Paulo no YouTube. A apresentação acontece ao vivo a partir do palco de um dos teatros da rede, e permanecerá disponível no canal do Sesc. Os ingressos são gratuitos.


Estadão segunda, 17 de maio de 2021

PROJETO CRIA INSTRUMENTOS MUSICAIS COM PVC NAS PERIFERIAS

 

 

Projeto cria instrumentos musicais com PVC nas periferias

Duas mil crianças e jovens entre sete e dezessete anos já foram atendidas pelo Fábrica Sonora, idealizado pelo maestro Ricardo Calderoni em 2017; confira o víde

Tiago Queiroz, O Estado de S.Paulo

16 de maio de 2021 | 05h00

Em uma modesta casa localizada numa travessa da Avenida dos Estados, na cidade de Santo André, uma equipe de luthiers (profissionais que constroem e consertam instrumentos musicais de forma artesanal) fabrica instrumentos para que crianças e jovens de baixa renda possam ter acesso aos primeiros passos na música clássica. O que chama atenção nesse caso, além da bela ação cultural, é a matéria-prima utilizada para a fabricação dos violinos, violas e violoncelos: canos de PVC. A partir deste inusitado material, os canos de policloreto de vinila passam pelas mãos hábeis desses artesãos e se transformam em instrumentos capazes de extrair a Nona Sinfonia de Beethoven, uma das primeiras músicas ensinadas para as crianças.

 

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A aluna Gabrielly Ribeiro Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO
 

Trata-se do projeto Fábrica Sonora, idealizado pelo maestro Ricardo Calderoni em 2017, que se uniu aos irmãos Rogério e Sérgio Schuindt, atuantes há duas décadas no projeto Locomotiva, e, juntos, criaram um prolongamento do projeto, o Fábrica Sonora Locomotiva. “É uma maneira de poder fazer de modo rápido instrumentos de qualidade e acessíveis para as crianças do projeto”, argumenta Calderoni, profissional com passagens pela Juilliard School e com regência no Carnegie Hall

São três os polos de atuação do Locomotiva, espalhados pelas cidades de São Paulo, Santo André e Mauá. Nesse período de pandemia, as aulas foram ora presenciais, respeitando os protocolos de segurança, ora online nos momentos mais críticos. As aulas são diárias e, no formato presencial, têm a duração de duas horas e no modo virtual, ministrado até recentemente dessa maneira, tinham a duração de cinquenta minutos. No total, duas mil crianças e jovens entre sete e dezessete anos já foram atendidas no projeto. Hoje, 414 compõem o grupo e mais de 125 já foram contemplados com os instrumentos de PVC. Além das aulas de música, os jovens têm noções de luteria também. 

O trabalho é possível graças à lei de incentivo do Proac, entre outros patrocinadores. A ideia nasceu em 2008, com a visita do maestro Rogério ao projeto El Sistema, na Venezuela, que tem como pilar aulas diárias e gratuitas para jovens carentes do país latino-americano e apresentações constantes, modelo que foi replicado em terras brasileiras. O expoente máximo das aulas do El Sistema é o maestro Gustavo Dudamel, recentemente contratado para reger a Orquestra de Paris

 

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Gabrielly Ribeiro, de 9 anos, que tem aulas online de música clássica em casa Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

O maestro Rogério esclarece que o projeto brasileiro não tem a finalidade de formar músicos profissionais. “O maior objetivo é dar referencial para eles. Todo dia tocando, participando dos ensaios de duas horas, você aprende a ter um espírito de gana, de realização. Eles param de brigar na escola, de brigar na rua. O poder de concentração aumenta muito, quando se aprende a ler uma partitura, tocar em uma orquestra”, exemplifica.

Em uma manhã típica de outono, fria e chuvosa no Jardim Itapark, periferia da cidade de Mauá, a pequena Gabrielly Ribeiro Nunes dos Santos, de 9 anos, participava de aula online na sala de sua casa. Ao seu lado, o cão Tito parecia se entreter com as notas saídas do pequeno violino de PVC. Sua mãe, a técnica de enfermagem Camilla, aprova as aulas. “A Gabrielly adora tocar, mas não tinha se adaptado a um violão que tínhamos por aqui. Já o violino, ela adora. Além dele, ela tem um teclado que ganhamos de uma amiga. De forma autodidata, ela começou a passar as notas musicais que aprendeu no violino para o teclado. Muito bonito de ver isso.” As músicas preferidas de Gabrielly são Asa Branca, A Ponte de Londres e a Nona Sinfonia de Beethoven, cuja execução, com a paisagem do mar de casinhas sem reboco e uma parte ainda verde da encosta da Serra do Mar ao fundo, deixou emocionado o maestro Calderoni, que acompanhou a reportagem à casa da jovem musicista. 

No outro lado do celular, estava Brenda Regina da Silva, de 19 anos, distante alguns bairros na mesma cidade de Mauá. A jovem professora também é fruto do projeto Locomotiva, que tem como uma de suas características promover os alunos mais “antigos” a professores dos colegas iniciantes. Brenda começou a ter aulas em 2018 e já leciona para as crianças que estão começando. Ela continua frequentando as aulas no projeto com um professor “avançado”. Seu sonho é um dia poder tocar em uma orquestra profissional. “A música é a cura da alma. No final do ano, participar da apresentação que fazemos com mais de 300 músicos é mágico”, afirma.

Produção de luthier. Na casinha de Santo André, o responsável pela construção dos instrumentos é o luthier Ivan de Oliveira, que foi contratado pelo maestro para dar vazão à demanda por violinos resistentes e de baixo custo para os jovens. O luthier se empolga ao explicar o passo a passo da produção e destaca que a principal qualidade dos instrumentos é sua durabilidade. Por serem destinados ao estudo, muitas vezes caem no chão, sofrem pancadas que seriam fatais a instrumentos de madeira. 

Tudo começa com um cano de 100 mm de diâmetro por 50 cm de comprimento, a partir daí, o material é amolecido e transformado em chapa com um soprador térmico. São muitos passos, mas a oficina consegue a partir disso produzir violinos, violas e violoncelos para os estudantes. “O grande segredo desses instrumentos de plástico é a produção dos ‘efes’ na caixa de ressonância”, diz o luthier. Esses “efes” são duas aberturas acústicas na tampa superior feitas uma a uma de forma artesanal pela equipe, que utiliza gabaritos feitos com antigas chapas de raios X. “Esse é o grande teste para ser um luthier por aqui”, afirma Oliveira.

Um dos rapazes que trabalham por lá e que passou nesse teste é Samuel de Oliveira. Além dele, outros três, todos maiores de idade, participam da produção. Samuel tem a vida profissional voltada hoje para o projeto. De manhã, sai de Sapopemba, bairro da zona leste de São Paulo, rumo à luteria em Santo André, onde trabalha na produção dos instrumentos até a hora do almoço. De tarde, assume a cadeira de professor de instrumentos de percussão na orquestra do projeto – seu instrumento favorito é a bateria. “Para mim, a maior satisfação é poder contribuir com o aprendizado das crianças, ajudar nesse processo não tem preço”, ressalta ele que, antes de se profissionalizar como um luthier e professor de bateria, trabalhava no ramo de Tecnologia de Informação em uma empresa. “Hoje, estou muito mais realizado com o que faço. Nosso maior combustível é ver o desenvolvimento da criançada”, comenta.

Os instrumentos fabricados por eles não deixam a desejar nem mesmo para músicos profissionais, tais como Mônica Picaço, violoncelista de 30 anos. Junto com o maestro, forma um duo de violoncelo e violão, e também participa de algumas aulas para as crianças, fazendo recitais de demonstração de repertório utilizando os instrumentos de PVC. “Eu sinto que são muito parecidos com os instrumentos convencionais de madeira. Você consegue emocionar as pessoas da mesma maneira. Além do mais, a aparência deles é muito bonita. Chamam a atenção pela cor branca”, diz a musicista. 

Um dos alunos do projeto, Alisson Duarte Maschio, de 14 anos, estuda violino com a professora Brenda e, segundo a jovem mestra, é um dos seus alunos mais aplicados. O menino resume a importância que o projeto tem para esses jovens. “Sonho todos os dias que estou tocando violino numa orquestra profissional, lá na Sala São Paulo, junto com os violinistas e o maestro. E a plateia apreciando uma arte incrível como essa”, diz o jovem, para logo em seguida completar: “Todos os dias não, de sete dias da semana, eu sonho com isso cinco”, diz Alisson.


Estadão domingo, 16 de maio de 2021

CLUBES DE ASSINATURA DE LIVROS GANHAM MAIS LEITORES E SE PROLIFERAM NA PANDEMIA

 

Clubes de assinatura de livros ganham mais leitores e se proliferam na pandemia

Minha Pequena Feminista, Clube F, Armas da Crítica, Bússola e Histórias Irresistíveis são alguns dos novos serviços de assinatura de livro

Maria Fernanda Rodrigues, O Estado de S. Paulo

15 de maio de 2021 | 05h00

Thais Marotta assina o Minha Pequena Feminista para Maria Luiza e João Pedro
Thais Marotta assina o Minha Pequena Feminista para Maria Luiza e João Pedro Foto: Taba Benedicto/Estadão

Julia Plein Amar sempre gostou de ler e nunca saía de uma livraria sem um livro novo. E então ela entrou na faculdade, depois conseguiu um emprego e não sobrava mais tempo para ir escolher o livro nem para a leitura. E veio a pandemia. Achando que só vendo séries ela não chegaria a lugar nenhum, a administradora de 31 anos decidiu que era hora de retomar o antigo hábito, mas quis experimentar algo novo: um clube de assinatura de livro.

Julia voltou a ler, e tem sido surpreendida pelos livros que chegam na caixinha da TAG Inéditos. Por exemplo, ela conta que amou A Garota Que Não se Calou, da nigeriana Abi Daré – um livro que talvez ela não descobrisse sozinha. Este mês, ela e os cerca de 36 mil assinantes desta modalidade do clube vão receber o primeiro inédito de um autor brasileiro a integrar o projeto: Gostaria Que Você Estivesse Aqui, o segundo romance de Fernando Scheller, jornalista do Estadão, que ainda será lançado pela HarperCollins. 

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“Uma coisa que faz toda a diferença, principalmente nesse momento de pandemia, é o carinho que a gente sente em cada caixinha que chega. O time da TAG pensa em tudo com muito carinho e isso transparece na decoração da caixa, no mimo, nas revistas, nas músicas. Eu me sinto abraçada cada vez que chega uma caixinha”, diz Julia.

 
 
Julia Plein Amar
Julia Plein Amar redescobriu o prazer de ler depois que assinou a TAG Foto: Werther Santana/Estadão

Inspirada no lendário Círculo do Livro, a gaúcha TAG foi uma das primeiras a se aventurar neste mercado, em 2014. E é hoje o maior clube de assinatura para adultos do País, com 70 mil associados em suas três modalidades (Inéditos, Curadoria e no novato Grow, de desenvolvimento profissional). Nessa mesma época, nasceu o Leiturinha, também líder, mas entre os serviços de assinatura para crianças. São nada menos do que 180 mil assinantes.

A chegada de Julia à TAG não é um fato isolado. Gustavo Lembert, um dos sócios-fundadores, diz que aumentou muito a procura desde o começo do isolamento social. Em 2019, ela tinha 45 mil associados. Em 2020, 58 mil (no final desse ano, chegou o primeiro investidor externo). E a previsão é fechar 2021 com até 80 mil leitores. “Não há o que se comemorar numa pandemia, mas entendemos que, nesta situação, as pessoas se abriram a novas experiências e muitas delas perderam o medo de comprar pela internet. Sem contar que estamos todos meio carentes e a TAG acaba sendo um respiro, aquela hora de abrir a caixinha e dar um sorriso. Um presente que nos damos. E é menos uma tomada de decisão, o livro só chega”, comenta. 

TAG e Leiturinha, que cresceu 12% no último ano, são líderes, mas nunca estiveram sozinhas. Entre as editoras que investem nesse modelo de negócios, está a Intrínseca, que não revela o número de assinantes do Intrínsecos, de 2018, mas, segundo Heloiza Dau, diretora de Marketing, o clube cresceu 124% no último ano. A ideia é se aproximar cada vez mais de seus leitores fiéis e conquistar um novo público. 

De Fortaleza e comandado por Daniel Herculano e Lívia Menezes desde 2016, o Clube Box também viu sua base de clientes crescer na pandemia – em torno de 25%. Trata-se de um serviço para leitores cinéfilos, ou vice-versa. Na caixa, vem sempre um filme, um livro (que já ganhou alguma adaptação para o cinema ou TV ou tenha a ver com esse universo), algum objeto cinematográfico e uma camiseta feita especialmente para o kit do mês.

 

Clube Box
Clube Fox mira os cinéfilos Foto: Clube Box

Do ano passado para cá, esses e os outros clubes vêm encontrando novos concorrentes. Na pandemia, com as livrarias fechadas e mais gente em casa, assistimos a uma invasão (boa) de novos serviços de assinatura. Todos com valores parecidos (algo em torno de R$ 60) e cada um com a sua cara: alguns com ‘mimos’, outros com conteúdo extra impresso ou online, quase todos com a promessa de mandar o livro antes de ele chegar às livrarias, às vezes descontos em outros livros, acesso a cursos e por aí vai, dependendo da criatividade e do objetivo de cada um. E todos em busca de leitores, e de uma alternativa de modelo de negócio.

Malê, por exemplo, criou o Clubelê em outubro, e as assinaturas viabilizaram o fluxo de lançamentos da editora. “Nosso diferencial é apostar em edições inéditas especiais e exclusivas da literatura escrita por autoras negras”, conta o editor Vagner Amaro. Também do fim de 2020, a Boitempo criou o Armas da Crítica, com livros para “ajudar o leitor a interpretar o mundo”. 

A estreante livraria online Dois Pontos, de Ciça Pinheiro e Ana Paula Rocha, inaugurada mês passado, também tem um clube de não ficção cuja proposta é enviar livros sobre temas da contemporaneidade e que funcionem como uma espécie de introdução ao assunto abordado nele. Os primeiros assinantes do Bússola, bem como do Histórias Irresistíveis, para obras de ficção, começaram a receber seus kits esta semana. 

Livraria e clube nascem juntos, e conversam entre si na proposta de contextualizar as obras escolhidas. E, como o foco do clube é o livro, não vem mais nada na caixa além dele e de uma sobrecapa com conteúdos extras. “Queremos nossa energia e nosso investimento no prazer do livro e da leitura”, explica Ciça.

Bazar do Tempo apresentou, em março, seu clube feminista, o Clube F, só com obras escritas por mulheres – Virginia Woolf foi a primeira.

E, por falar em feminismo, outra novidade recente é o infantil Minha Pequena Feminista. A idealizadora Mayara Reichert, formada em biotecnologia e leitora, conta que a ideia é selecionar livros com protagonistas meninas e que tenham uma diversidade de personagens e de situações. “Vi nos livros um jeito de levar um pouco de feminismo para as crianças. Livros conseguem tocar a família toda”, comenta a empresária de 28 anos. O projeto está crescendo, e ela sabe que tem um longo caminho para se consolidar – diz, por exemplo, que precisa investir mais na comunicação e nos materiais. Mas a ideia é boa.

 

Minha Pequena Feminista
Clube Minha Pequena Feminista tem planos para quatro faixas etárias Foto: Minha Pequena Feminista

Thais Arruda Marotta, frequentadora assídua de livrarias antes da pandemia, queria começar a conversar com Maria Luiza, de 8 anos, sobre empatia, diversidade e inclusão e descobriu o Minha Pequena Feminista. “É uma curadoria voltada para o que eu estava procurando e a carta que vem junto me ajuda. Assinei para a minha filha, mas, nessa sociedade em que vivemos, com esta cultura do machismo, sinto que está sendo muito bom para o João Pedro também.” Aos 4, ele não absorve tudo, mas é um começo. 

Conheça alguns clubes de assinatura de livros

  • TAG

 

Kit Tag
Kit da TAG com romance inédito do jornalista Fernando Scheller Foto: TAG

O maior para adultos, com 70 mil associados. São três clubes: Curadoria, Inéditos e Grow (negócios e profissão), com livro, revista sobre a obra, mimo e conteúdos online. Preço: A partir de R$ 55,90

  • Histórias Irresistíveis e Bússola

Clubes da livraria Dois Pontos. O primeiro, de ficção. O segundo, de não ficção. As obras vêm embaladas numa contracapa de conteúdo. Preço: R$ 59,90

  • Armas da Crítica

Lançamentos antecipados da Boitempo que ‘ajudam a interpretar e transformar o mundo’. Com brinde, versão também em e-book e desconto no site. Preço: R$ 68

  • Intrínsecos

Inéditos da Intrínseca em edição exclusiva. Com revista e brinde. Preço: R$ 59,90

  • Clubelê

Obras inéditas da Malê, escritas por mulheres negras. Preço: R$ 54,90

  • Clube F

 

Bazar do Tempo
Clube F., da Bazar do Tempo Foto: Bazar do Tempo

O clube da Bazar do Tempo só envia livros escritos por mulheres – com brinde e QR code para acessar outros conteúdos, desconto no site, etc. Preço: R$ 60

  • Minha Pequena Feminista

Para crianças até 13 anos, livros com protagonistas meninas sobre empoderamento, igualdade de gênero, empatia e sororidade. Com carta para adulto. Preço: a partir de R$ 35

  • Clube Box

Para cinéfilos, com livro (que inspirou filme ou série) DVD, camiseta exclusiva, brindes. R$ 99 


Estadão sábado, 15 de maio de 2021

CHITÃOZINHO E XORORÓ LANÇAM MÚSICA E PREPARAM ÁLBUM COM A PARTICIPAÇÃO DE BARRY GIBB, DO BEE GEEO

 

Chitãozinho & Xororó lançam música e preparam álbum com participação de Barry Gibb, do Bee Gees

Letra de 'Pássaros' foi escrita por Xororó há três anos, depois que o artista presenciou o voo de um gavião

Danilo Casaletti, ESPECIAL PARA O ESTADÃO

14 de maio de 2021 | 05h00

“Parece uma ‘sofrência’?”, pergunta Xororó aos 40 jornalistas que participaram de uma coletiva de imprensa, promovida pelo site Resenha Musical, para o lançamento da canção Pássaros, parceria dele, Tonny e Kleber. A balada, cantada pela primeira vez no programa do Faustão, em abril, chega agora às plataformas digitais. “Não, é uma música de amor”, sentencia Chitãozinho. De fato, a canção fala de amor à moda antiga – pelo menos para o universo sertanejo. Não tem bebedeiras, traições, sarjeta, ligações para o ex na madrugada – temas tão comum à tal ‘sofrência’, nome pelo qual são conhecidas as baladas pop feitas por nomes como Marília MendonçaGusttavo Lima, Zé Neto & Cristiano e Naiara Azevedo.

 

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Chitãzinho e Xororó Foto: WERTHER SANTANA
 

A letra escrita por Xororó surgiu há cerca de 3 anos, quando ele, em sua fazenda, viu um gavião executar um voo “fantástico”.  "Pensei: que liberdade tem esse pássaro! Veio a ideia da canção. E os pássaros lembram paixão”, conta. O próximo passo foi mostrar a letra para os parceiros da dupla Tonny e Kleber. O primeiro, segundo Xororó, revelou que tinha uma melodia pronta, inspirada justamente em um vídeo que havia visto com imagens captadas em uma câmera colocada em um pássaro. Tudo se encaixou.

 Pássaros foi gravada primeiramente apenas por Xororó, para uma espécie de concurso, o Karaokê do Xororó, que ele promove em seu Instagram incentivando que seus seguidores gravem a segunda voz, parte que cabe ao irmão Chitão. O cantor já havia feito o mesmo com outra canção, Luz, também gravada durante esse período de pandemia.

“Caiu no meu colo. Eu ouvi o Xororó cantando sozinho e foi impactante. Resolvemos gravar juntos”, conta Chitãozinho, que colocou a voz com a canção já pronta. A gravação da faixa foi cuidadosamente planejada por Xororó. Seguidor fiel do isolamento social – há mais de um ano ele não vai nem mesmo para sua fazenda –, ele escolheu um estúdio perto de onde mora, na cidade de Campinas, no interior paulista, para realizar a gravação.

O filho Júnior assina com ele os arranjos e a produção, também dividida com o tecladista Cláudio Paladini, que faz direção musical da dupla. O videoclipe de Pássaros, gravado de forma quase caseira, traz imagens da gravação em estúdio e de Chitão fazendo sua parte em separado, em sua casa.

Esse trabalho à distância, já muito comum no meio musical nos últimos anos, se intensificou com a pandemia. Embora façam parte de uma geração que trabalhou muito em estúdio, com músicos, compositores e produtores sempre reunidos, com canções que muitas vezes nasciam até mesmo dessa convivência, a dupla é entusiasta desse trabalho mais remoto. 

  


“É muito mais fácil e rápido. Depois que passar a pandemia, isso vai ser muito mais comum ainda. Veio para ficar. De estúdio não tenho saudade. Sinto falta é da emoção de fazer no palco”, diz Chitãozinho. “Já gravei viola por celular. Com a tecnologia que os estúdios têm atualmente, é possível deixar o som perfeito”, completa Xororó.

Cinco décadas. O primeiro disco de Chitãozinho & Xororó foi lançado em 1970 e abria com a faixa Galopeira, versão de Pedro Bento para a Galopera, composição do paraguaio Mauricio Cardoso Ocampo, na qual Xororó, ainda adolescente, já mostrava que seria uma das vozes de destaque do gênero.

O sucesso de fato só chegaria quase uma década depois, com o álbum 60 Dias Apaixonados, que alcançou à época o cobiçado disco de ouro por 150 mil cópias vendidas. Era um prenúncio do que aconteceria em 1982, quando venderam 1,5 milhão de discos por conta da canção Fio de Cabelo. Com a dupla, de certa forma, a música sertaneja deixou de ser vista com preconceito. Com Evidências, música que virou cult nos últimos anos, eles provaram que poderiam ser também pop.

A comemoração dos 50 anos de carreira estava programada para acontecer em 2020, com álbum e apresentações especiais. Tudo teve que ser adiado pela dupla, que agora programa a festa para 2022. Um dos desejos dos irmãos é trazer para o Brasil o cantor Barry Gibb, o único da banda Bee Gees ainda vivo – em 1993, a dupla fez uma versão da música Words, que contou com a participação do trio. 

“Queremos fazer algo tão especial como o Sinfônico (projeto com arranjos e regência de orquestra do maestro João Carlos Martins, gravado ao vivo na Sala São Paulo, com participações de Caetano Veloso, Sandy e Fábio Jr.). Podemos cantar qualquer tipo de música, aproximar as canções do sertanejo como fizemos com as canções de Tom Jobim (Tom do Sertão). É só questão de ouvir o que a música pede e encontrar o equilíbrio”, diz. A dupla, como já de praxe em suas entrevistas, evita entrar em temas polêmicos. Questionados sobre política e o debate que o tema gera nas redes sociais, os irmãos preferiram não tomar partido. “Eu defendo o distanciamento, o álcool em gel e a vacina”, diz Xororó. Chitão diz que acha o momento “triste”. “Artista tem que cantar, falar sobre música. A política virou uma quedas de braço. Não vale a pena se posicionar. Torço para que reformas sejam feitas e que venha um novo horizonte pela frente.”


Estadão sexta, 14 de maio de 2021

JAZZMIN,S, RARA BIG BANDA FORMADA SÓ PORE MULHERES, LANÇA EU PRIMEIRO ÁLBUM

 

Jazzmin's, rara big band formada só por mulheres, lança seu primeiro álbum

Além de chegar para afirmar a presença das mulheres no masculino mundo da música instrumental, grupo mostra sonoridade contemporânea que aposta nos sons amadeirados influenciado pela estética do genial Gil Evans

Julio Maria, O Estado de S.Paulo

13 de maio de 2021 | 05h00

A discussão da superfície é legítima. Jazzmin’s, talvez a única big band só de mulheres no País, chega para chamar as atenções com relação à inserção ainda tão desequilibrada dos talentos femininos no ambiente instrumental. Por razões que não se bastam a uma única explicação, o Brasil se tornou um lugar de mulheres no canto e homens nos instrumentos. A relação de recebimento de direitos autorais, para ficarmos em um exemplo, comprova a disparidade: 96% das arrecadações no País seguem para os homens, enquanto 4% vão para as mulheres. E, nas orquestras, elas correspondem a não mais do que 25% do total dos corpos artísticos. A história oficial do jazz deixa visível a bravura de poucas musicistas em um universo no qual os homens aparecem com larga vantagem na condição de criaturas contempladas pelo dom da criação.

 

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Dezessete mulheres a serviço de uma sonoridade incrível Foto: Paulo Rapoport Pop
 

Ainda assim, seria pouco reduzir a Jazzmin’s a um estandarte. Sua formação cheia, com 17 mulheres ao todo, tem como diretor artístico um homem, o compositor e arranjador Rodrigo Morte. Mas um homem em posição de liderança em um grupo de afirmação? A pianista Lis de Carvalho, que concebeu o projeto com a saxofonista Paula Valente, diz que elas precisam dar um passo por vez. “Rodrigo foi um parceiro importante desde o início do projeto, escreveu nosso primeiro arranjo. Queríamos acontecer como instrumentistas nesse primeiro momento, é muita estrada para caminhar.” E, talvez, exista uma outra informação aqui. Ao contrário dos homens, que talvez não chamariam mulheres para posições de destaque, elas, as instrumentistas, não buscam seus lugares pelo exclusivismo de gênero. Homens e mulheres, em equilíbrio, podem criar uma música mais interessante. Algo que pode fazer pensar o que seria se entre Bix Beiderbecke e Wynton Marsalis, com todos os Bird, Miles e Dizzy no meio, quanto haveria de deslumbramento se mais mulheres tivessem firmado seus lugares?

 Ao final, a música, esse ser em tese sem sexo, se firma sobre qualquer discussão. E a música feita pela Jazzmin’s é um assunto que não pode desaparecer na superfície. Lis, antes de ter o grupo formado, tinha como norte as sonoridades das orquestras pensadas por duas cabeças semelhantes, Gil Evans e Maria Schneider. Gil concentrado entre o final dos anos 1950 e a década de 60 (embora sua virada para o fusion nos 70 não seja desprezível) e Maria, dos anos 90 em diante, são as fontes que serão perseguidas pelo grupo e que irão definir a formação dessa big band, sem muitas semelhanças com as orquestras do jazz dos anos 30 que levavam esse nome.

Ao contrário das bandas originais sempre tão masculinas do império de Benny Goodman, o “rei do swing”, que teve como mérito equilibrar o jazz entre o coletivo do estilo de New Orleans dos anos de 1910 e o individualismo dos solos surgidos no estilo Chicago dos anos 20, o som da Jazzmin’s se alinha a um instrumental de menor estridências e mais suavidade. Ou, como conta Lis, em vez de apostar nos metais, ouvir mais as madeiras. “Trabalhamos para ‘amadeirar’ o som, usando clarinete e clarone no lugar dos trompetes, além da trompa, que fica muito interessante. Talvez tenha também a ver com a alma feminina.”

Depois de testar a formação e o repertório em vários shows desde 2017, um álbum começou a se tornar o caminho mais natural. Não foi fácil, mas ele ficou pronto às vésperas de o mundo entrar em isolamento por causa da pandemia, e sai agora com o nome de Quando Eu Te Vejo, nome também da composição de Rodrigo Morte, com toda a proposta de Lis e Paula soando redonda a ponto de se tornar uma marca. A base do Jazzmin’s vem do Grupo Kali, uma formação de banda só de mulheres já pioneira no fusion dos anos 80. Era outra proposta, com mais pressão nos solos da guitarrista Renata Montanari e no peso da então baterista Vera Figueiredo, um dos maiores nomes no instrumento do País que não faz parte da Jazzmin’s, ao lado da pianista Lis e da baixista Gê Cortes. Agora, Pat Metheny ainda é um dos filtros, como se ouve no solo de Renata em Quando Eu Te Vejo, mas não só. 7X1 é um tema arrebatador de Gê, assim como o às vezes samba Passarinho Impertinente, do baterista Nenê; a versão de Doralice, de Caymmi, com arranjo de Tiago Costa; e Esperança, um tema de Lis com arranjo de Rodrigo. As outras mulheres que constroem a sonoridade nos dez temas do álbum precisam ser listadas: Marta Ozzetti (flautas), Lais Francischinelli, (clarinete), Fabrícia Medeiros (clarinete, clarone), Bia Pacheco, Mayara Almeida e Tais Cavalcanti (saxofones), Isabelle Menegasse (trompa), Grazi Pizani e Estefane Santos (trompetes), Cindy Borgani e Sheila Batista (trombones), Carol Oliveira (vibrafone/percussão) e Priscila Brigante (bateria). 

 

Estadão quinta, 13 de maio de 2021

RUTH DE SOUZA: HÁ CEM ANOS, NASCIA A ATRIZ, NOME FUNDAMENTAL DAS ARTES

 

Há cem anos nascia a atriz Ruth de Souza, nome fundamental das artes

Data do centenário da artista ganhou homenagem com Google Doodle

Eliana Silva de Souza, O Estado de S.Paulo

12 de maio de 2021 | 10h05

Ruth de Souza
Ruth de Souza ajudou a construir o teatro focado no negro Foto: Madalena Schwartz/ Acervo Instituto Moreira Sales – 5/5/1983

Inigualável em suas atuações, Ruth de Souza brilhou nas telas e nos palcos por mais de seis décadas. A atriz, que morreu em 2019, completaria 100 anos nesta quarta-feira, 12. Logo cedo mostrou sua força nas artes, superando as dificuldades que surgiam. Nascida no bairro Engenho de Dentro, no subúrbio carioca, Ruth Pinto de Souza passou parte da infância em uma fazenda em Minas Gerais. Com a morte do pai, ela e a mãe voltaram para o Rio de Janeiro. Nesta data marcante para as artes brasileira, a atriz foi homenageada com o Google Doodle. 

Ruth de Souza, ou Dona Ruth, como os amigos a tratavam carinhosamente, tem seu nome inscrito na história da cultura nacional. Em sua extensa carreira, teve participação decisiva na trajetória do teatro, cinema e TV. Ícone de toda uma geração, que a acompanhou nos mais diversos trabalhos, Ruth é exaltada por ter lutado pelo reconhecimento do artista negro no Brasil.

 

 
Ruth de Souza
Ruth de Souza é homenageada em seu centenário com o Google Doodle Foto: Google
 

Expoente do Teatro Experimental do Negro, do multiartista Abdias do Nascimento, ela foi a primeira atriz negra a subir ao palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, encenando a peça O Imperador Jones (1945), do dramaturgo americano Eugene O’Neill. Ainda no teatro, em 1959, sua atuação em Oração para Uma Negra, de William Faulkner, foi tão impactante que ela ganhou uma bolsa da Fundação Rockfeller para estudar nos EUA. Quando retornou ao País, após um ano, trazia na bagagem o conhecimento sobre o movimento negro nos Estados Unidos, na luta por direitos civis. Traz sentimentos que vão nortear ainda mais sua trajetória.

 

Ruth de Souza
Ruth de Souza e Sérgio Cardoso, na novela 'A Cabana do Pai Tomás' (1969) Foto: Memória Globo

No cinema, surgiu na telona no filme Terra Violenta (1948), de Edmond Francis Bernoudy, uma adaptação do romance Terras do Sem Fim, de Jorge Amado. Esse seria apenas o pontapé inicial, que teria ainda outros grandes trabalhos, como atuações em A Morte Comanda o Cangaço, O Assalto ao Trem PagadorAs CariocasO Homem NuOrfeu Negro. E foi na sétima arte que Ruth de Souza foi reconhecida lá fora, quando foi indicada para o prêmio de melhor atriz no Festival de Cinema de Veneza, em 1954, pelo filme Sinhá Moça, dirigido por Tom Payne. No entanto, quem levou o Leão de Ouro na edição foi a alemã Lilli Palmer.

 

Ruth de Souza
Ruth de Souza participou da série 'Heróis de Todo Mundo' Foto: Canal Futura

Na televisão, Ruth participou de inúmeras novelas, sempre com presença marcante, mesmo que fossem papéis secundárioS. E a sua estreia foi em A Deusa Vencida (1965), de Ivani Ribeiro, da TV Excelsior. Passando para a Globo, em 1969, foi a primeira atriz negra a protagonizar uma novela. Em A Cabana do Pai Tomás, ao lado de Sérgio Cardoso, Ruth viveu importante personagem, no entanto, os créditos não davam destaque para ela. Participou de folhetins clássicos como O Bem AmadoOs Ossos do Barão e O Rebu. Sua última participação em uma produção televisiva foi na minissérie Se Eu Fechar Os Olhos Agora, exibida pela Globo em 2018.

Entre as homenagens que recebeu em vida, a grande atriz foi homenageada no carnaval carioca, em março de 2019, pouco antes de sua morte, em julho do mesmo ano. Ruth de Souza foi o tema do samba de enredo da escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz, Ruth de Souza - Senhora Liberdade.

 

Letra do samba Ruth de Souza - Senhora Liberdade

(Autores: Samir Trindade, Elson Ramirez e Júnior Fionda)

Dama, meu motivo de rara beleza

Acalanto a sua alteza

A estrela que brilha por nós

Oh, pérola negra!

Joia que emana a paz

Lapidada nas Minas Gerais

Seu destino: encantar corações

Canoas, um cortejo de saudade

A doce lembrança que ficou pra trás

No Rio, lindo mar de esperança

Refletindo a infância, acende os ideais

Talento é dom pra vencer

Preconceito não pôde calar

Foi preciso acreditar

Menina mostra a força da mulher

O negro pode ser o que quiser

Resplandeceu da humildade a sua glória

A emoção, pioneira no Municipal

E aprendeu, viveu a arte em sua história

Inspiração, no palco do meu carnaval

Divina musa, no esplendor se fez atriz

Um sorriso de uma raça não apaga a cicatriz

Voa, senhora mãe da liberdade

Em seu papel, a igualdade

De quem sentiu na pele a dor

Brilham Marias, Carolinas de Jesus

Você foi a resistência

E a resistência hoje é Santa Cruz

Ê Odara… ê, Odara… ê Odara… Ê,

Oh, Sinhá Moça

Ê, Odara… ê, o samba

A reverenciar Ruth de Souza

 


Estadão quarta, 12 de maio de 2021

DUA LIPA: VENCEDORA DO BRIT AWARDS, CANTORA PEDE AUMENTO DE SALÁRIO AOS TRABALHADORES ES SAÚDA

 

Vencedora do Brit Awards, Dua Lipa pede aumento de salário aos trabalhadores da saúde

No discurso de agradecimento, cantora pediu o reajuste ao primeiro ministro Boris Johnson

Mike Fuller, AP

12 de maio de 2021 | 08h14

A cantora britânica Dua Lipa pediu um aumento "justo" de salário para os profissionais de saúde do Reino Unido, durante a cerimônia do Brit Awards, na terça, 11, quando se tornou uma dupla vencedora. Uma audiência de 4 mil pessoas testemunhou o brilho da cerimônia do mais importante prêmio da música da Grã-Bretanha, na O2 Arena, como parte de um teste de retorno aos eventos de massa na era do coronavírus.

Entre eles, estavam 2.500 profissionais de saúde e seus convidados, que receberam ingressos em reconhecimento aos esforços durante a pandemia.

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Dua Lipa
A cantora Dua Lipa no Brit Awards 2021, em Londres, no Reino Unido
  Foto: John Marshall / AFP
 

Lipa, que levou para casa o prêmio de artista solo feminina britânica e o do álbum do ano, destacou as palavras da enfermeira e acadêmica Elizabeth Anionwu ao dizer que havia uma “enorme disparidade entre gratidão e respeito” para aqueles que estão na linha de frente da saúde.

“O que devemos fazer é dar uma salva de palmas massiva e passar ao (primeiro-ministro britânico) Boris (Johnson) uma mensagem de que todos apoiamos um aumento justo de salário para nossa linha de frente”, disse ela.

Em seus discursos de aceitação, a cantora de Levitating também prestou homenagem a Anionwu, que faz campanha contra a injustiça racial por décadas, assim como Folajimi Olubunmi-Adewole e Joaquin Garcia, que saltaram no rio Tâmisa, perto da Ponte de Londres, para tentar salvar um mulher no mês passado. Olubunmi-Adewole, de 20 anos, não sobreviveu à tentativa de resgate.

Assista ao clipe de 'Levitating', com Dua Lipa:

 

Já Taylor Swift disse que foi uma “honra incrível” receber o título de ícone global, que já havia sido concedido a estrelas como Elton John e David Bowie. “Estou muito orgulhosa de fazer parte desta comunidade musical, especialmente em um ano em que precisávamos tanto da música”, disse Swift. “E o que precisávamos ainda mais era da ajuda e apoio do NHS (sistema de saúde britânico) e dos principais trabalhadores que estão aqui para nós esta noite.”

 

Taylor Swift
Taylor Swift recebeu o título de ícone global, que já havia sido concedido a estrelas como Elton John e David Bowie
  Foto: Ian West/PA via AP

Little Mix se tornou a primeira banda feminina a ganhar o título de melhor grupo britânico e chamou a atenção para o “sexismo e a falta de diversidade” na indústria musical.

Harry Styles levou o prêmio de melhor single britânico por sua canção Watermelon Sugar, enquanto J Hus foi escolhido como o melhor artista solo britânico masculino.

 

Harry Styles
O cantor Harry Styles durante o Brit Awards 2021
  Foto: Ian West/PA via AP

As cantoras e compositoras Arlo Parks e Griff levaram para casa os prêmios de artista revelação e estrela em ascensão, respectivamente. A ex-primeira-dama dos EUA, Michelle Obama, enviou uma mensagem de vídeo ao apresentar ao The Weeknd o prêmio internacional de artista solo masculino.

Billie Eilish foi eleita a melhor artista solo internacional feminina, enquanto Haim foi escolhido como o melhor grupo internacional.

Os artistas que se apresentaram ao vivo na cerimônia, que foi apresentada pelo comediante Jack Whitehall, incluíram Lipa, Coldplay e uma colaboração entre Rag’n’Bone Man, P! Nk e coros do National Health Service.

Foi o maior público para um evento de música ao vivo no Reino Unido desde março de 2020, quando as restrições à pandemia foram introduzidas pela primeira vez.


Estadão terça, 11 de maio de 2021

SIRON FRANCO: INQUIETO E CRIATIVO, ARTISTA GANHA FILME SOBRE SUA VIDA E OBRA

 

Inquieto e criativo, artista Siron Franco ganha filme sobre sua vida e obra

'Siron – Tempo Sobre Tela' começou a ser produzido em 2000, quando artista morava em Londres, e inclui gravações de acervo

Luiz Zanin Oricchio, O Estado de S. Paulo

10 de maio de 2021 | 05h00

Raros são os filmes sobre artistas que se debruçam sobre o processo criativo. De modo geral, os cineastas preferem a vida à obra. Em Siron – Tempo Sobre Tela, em cartaz no cinema, André Guerreiro Lopes e Rodrigo Campos somam as duas vertentes para obter um retrato mais completo do artista goiano Siron Franco. Há, até mesmo, uma sequência em que Siron pinta sobre um vidro transparente, com a câmera captando os movimentos, o traçado e a obra em estado nascente. O procedimento evoca o incontornável O Mistério de Picasso (1956), de Henri-George Clouzot, documentário sobre o ato da pintura. 

 

Siron Franco
O artista Siron Franco Foto: Marcos de Paula/Estadão
 

A dupla de cineastas contou com um personagem inquieto, uma usina de ideias que adora uma boa conversa. Além do mais, o próprio Siron flertou (e namorou) muito com o cinema, tendo em casa um bom acervo de filmagens domésticas. A tudo isso, os dois diretores somaram um trabalho paciente, que se estendeu ao longo de 20 anos e se ocupou das várias fases do trabalho do artista. 

 O projeto se iniciou no ano 2000, quando Siron morava em Londres e pintava inspirado no bairro do Soho. Os diretores filmaram obsessivamente o artista em ação. Mas depois perceberam que o material era apenas ponto de partida para algo mais amplo. E esse algo mais tomou forma quando Siron mostrou a eles seu material doméstico, um amplo acervo em VHS e Super-8. Tudo isso foi complementado por filmagens de Siron em ação tanto em seu ateliê quanto em sua casa. 

Vale, para o documentário, a imersão na obra e no pensamento do artista, como ele vê a si mesmo e seu trabalho. Por exemplo, Siron diz que se lembra mais do que pintou do que das coisas que viveu. O que é perfeitamente justo, considerando que cada trabalho é a reelaboração artística do vivido. 

O que não afasta o artista da realidade; pelo contrário, torna mais profundo seu mergulho no real. Siron não se afasta da realidade que o cerca, com suas contradições e injustiças. Seus trabalhos com temática social são amplamente conhecidos, como os 499 totens indígenas erguidos no cerrado. Todos foram destruídos, com exceção de um, feito em concreto armado. Ou a obra sobre o acidente com o material radioativo Césio 137 acontecido em Goiânia, em 1987. 

Siron foi às vezes vítima do espírito de repetição do mercado, quando lhe pediam apenas Madonas, a partir do sucesso de um primeiro quadro com esse tema. Ele pintava e vendia. Até para contradizer a profecia do pai, para quem ele morreria de fome se abraçasse a carreira artística. Mas, ao mesmo tempo, Siron não conseguia refrear o espírito crítico e passou a pintar as Madonas... com os dentes cariados. Ou com expressões faciais que evocam tudo, menos a santidade.

O artista é um inventor, um subversivo de si mesmo. Sobrevive apenas quando se contradiz e deixa para trás territórios conquistados. “Quando você domina uma técnica, é hora de afastar-se dela”, afirma Siron. Picasso dizia que, quando pintasse perfeitamente com a mão direita, precisaria mudar para a esquerda. 

Essa inquietação é responsável pela obra diversificada, pelo estilo múltiplo, pelo sentido universal, mas ao mesmo tempo atento às suas raízes. Num depoimento, o poeta, mas também crítico de arte, Ferreira Gullar diz que Siron não tinha a aspiração comum a artistas brasileiros de sair do País assim que pudesse. “Ele permanece em Goiás”, espantava-se o poeta maranhense. Buscar a temática – e mesmo o estilo – naquilo que é próximo em nada significa provincianismo. Pelo contrário, ilustra o pensamento famoso de Tolstoi – para ser universal, o artista precisa falar de sua aldeia. 


Estadão segunda, 10 de maio de 2021

THE GIRLFRIEND EXPERIENCE: SÉRIE DISFCUTE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL DESEJO HUMANO EM NOVA TEMPORADA

 

'The Girlfriend Experience' discute inteligência artificial e desejo humano em nova temporada

Terceira temporada da série da Starzplay se passa em Londres e tem como protagonista Julia Goldani Telles, filha de mãe brasileir

Mariane Morisawa, Especial para o Estadão

09 de maio de 2021 | 18h35

Mais de três anos após o fim da segunda temporada de The Girlfriend Experience, a série em formato de antologia está de volta para sua terceira leva de episódios, todos os domingos, na Starzplay. Entre as mudanças, estão a entrada da alemã Anja Marquardt (Ela Perdeu o Controle, de 2014) no lugar dos roteiristas e diretores Lodge Kerrigan e Amy Seimetz, e a transferência de cenário dos Estados Unidos para Londres. 

“Como houve um bom tempo de distância da segunda temporada, eu tive muita liberdade e pude chegar com minha visão e meu ponto de vista”, disse Marquardt em entrevista ao Estadão, por videoconferência. 

 

 

Cena da série The Girlfriend Experience
Cena da série The Girlfriend Experience Foto: Starzplay
 

Anja, que estava desenvolvendo projetos falando de tecnologia e ciência, acabou incorporando esses elementos à “experiência de namorada” do título. The Girlfriend Experience, a série, é um spin-off de Confissões de uma Garota de Programa (2009), filme dirigido por Steven Soderbergh, sobre uma prostituta de luxo em Manhattan durante a eleição presidencial de 2008. 

Soderbergh é produtor executivo da série, que a cada temporada foca em uma história diferente. Na primeira, uma estudante de Direito (Riley Keough) entrava para o mundo das namoradas de aluguel – garotas contratadas por uma empresa para oferecer companhia, consolo, conversa, sexo.

A segunda se passava no ambiente de arrecadação de fundos para o Partido Republicano e envolvia chantagem e uma ‘namorada’ entrando no serviço de proteção à testemunha. No elenco, Anna Friel, Louisa Krause e Carmen Ejogo. 

Nesta terceira temporada, Iris (a filha de brasileira Julia Goldani Telles, de The Affair) é uma estudante de neurociências que se muda dos Estados Unidos para Londres para trabalhar numa startup que estuda o comportamento humano e descobre que ser uma namorada lhe oferece vantagens nesse mundo – e vice-versa. 

“Ela tem essa vida científica, mas também entende, assim como a série, que ser uma ‘namorada’ é uma experiência que não trata apenas de sexo”, disse Telles em entrevista ao Estadão. “É uma experiência de conexão, de estar num relacionamento com uma pessoa, entender a pessoa. E essa é a parte que a Iris prefere. Ela gosta desse lado porque ela sente que pode traduzir esses componentes emocionais e variáveis para a sua vida científica e para ajudar na sua carreira.” 

Para Iris, as relações são transações. “Todas as relações íntimas têm uma troca, seja sexo, seja dinheiro, qualquer coisa. E ela sabe que essa é uma oportunidade única de colecionar dados como cientista para depois traduzir em algo que pode ajudar seu público na tecnologia”, contou a atriz. “Claro, ela tem um interesse pessoal nisso, que a gente não entende bem no início da série, mas que fica mais claro depois.”

Para Anja Marquardt, o tema da série é a questão do livre arbítrio versus o determinismo. “Mas desta vez também há um outro cruzamento, entre realidade e simulação, e é aí que eu encontro meus interesses. Em cada interação que nossa protagonista tem com um cliente, há um grau de simulação. Porque ela entra no lugar e decide rapidamente qual é a persona que vai usar para aquela pessoa especificamente. Mas, por ser humana, há um limite para a compartimentação dessa simulação.” 

Anja estava interessada em debater como as máquinas estão aprendendo muito mais rapidamente do que nós estamos como espécie. “E elas estão se tornando cada vez melhores na simulação do que nós somos ou no espelhamento do que nós somos em relação ao que somos capazes de aprender sobre o que somos”, afirmou. “E isso é interessante, fascinante e aterrorizante. Mas eu gosto de abordar questões sombrias no meu trabalho.”

Em muitos momentos, Iris parece estar fora de si. “Ela é muito corajosa, quase num nível sobre-humano”, disse a diretora e roteirista. “Mas depois vamos descobrindo melhor suas razões. E essa é a justaposição em que eu estava interessada.” De um lado, a experiência da namorada é de intimidade emocional e física. De outro, a neurociência pelo ângulo da inteligência artificial é algo um tanto distanciado, porque são máquinas e dados. 

Quando a pandemia foi declarada, os produtores e a equipe tiveram de discutir se isso ia afetar a história – sem dúvida, houve impacto na produção da série, que teve de seguir protocolos rígidos para poder acontecer e deixar todo o mundo seguro, num set em que a proximidade dos atores por vezes era inevitável. 

“Mas, no fim, vimos que não afetaria em nada a trama”, disse Anja. “Quando estava escrevendo, pensei que essa era a direção em que estávamos seguindo. E a pandemia só acelerou isso. Estamos todos nessa experiência gigantesca de viver virtualmente. Só estamos aqui vendo o rosto uma da outra por causa da tecnologia. Se não fosse por ela, estaríamos conversando por telefone. Então, quem sabe, haja algo de bom nisso tudo. Depende de como vamos usar a tecnologia seguindo adiante, acho 

'The Girlfriend Experience' fala de desejos humanos

Julia Goldani Telles, tem 26 anos, é filha de brasileira e morou em Campinas e no Rio de Janeiro quando era pequena, antes de voltar a seu país natal, os Estados Unidos. De uma família de acadêmicos, começou sua carreira como atriz na adolescência, na série Bunheads, de Lamar Damon e Amy Sherman-Palladino, que durou apenas uma temporada. Seu papel mais famoso antes de Iris foi como a filha mais velha do casal Solloway em The Affair. Ela falou ao Estadão meio em inglês e meio em português.

Como vê a questão da tecnologia nos relacionamentos pessoais dos seres humanos?

Pessoalmente, eu tive de aprender muito para fazer essa personagem. Eu não sabia muito sobre a relação entre os desejos humanos e a tecnologia. Tem muitas coisas que ainda não entendemos sobre tecnologia. Mas estava mais preocupada com o que a motiva e por que ela escolheu esse campo em particular, por que faz o que faz. 

Quando percebeu que queria ser atriz?

Sempre quis, no fundo. Eu gostava de ver filmes e fingir ser outras pessoas. E era uma criança sensível. Quando eu estava na segunda série, a mãe da minha amiga escreveu a peça que a classe ia apresentar e me deixou ser a estrela, porque ela sabia que eu queria ser atriz. Mas essa foi toda a minha experiência de atuação até fazer a série Bunheads e começar minha carreira, já adolescente.

Seus pais são acadêmicos, um dos seus irmãos é físico e o outro, engenheiro. Você mesma fez sociologia. Acha que isso influencia suas escolhas como atriz?

Acho que sim. O Steven Soderbergh, que é o produtor executivo da série, é um dos diretores que mais lida com temas sociológicos. The Girlfriend Experience pareceu a interseção lógica entre meu interesse em sociologia e meu interesse em cinema e televisão.


Estadão domingo, 09 de maio de 2021

OSCAR 2021: BELA VINGANÇA MOSTRA O OUTRO LADO DA VIOLÊNCIA

 

Bela Vingança' mostra o outro lado da violência

Produção que já está em cartaz é saudado como contraponto a abordagens problemáticas da temática do estupro

Paula Reverbel, O Estado de S.Paulo

08 de maio de 2021 | 05h00

Como uma mulher comum – sem superpoderes, fortuna ou uma faixa-preta em artes marciais – poderia se vingar de violência sexual? Foi essa uma das perguntas que motivaram Emerald Fennell a escrever e dirigir seu filme de estreia, Bela Vingança (cujo título em inglês, Promising Young Woman, se traduz para “jovem promissora”), já em cartaz nos cinemas. As respostas propostas por Fennell estrearam ano passado, no Festival Sundance de Cinema, e, depois, renderam nada menos que o Oscar de melhor roteiro original. Além disso, o filme vem sendo saudado pela crítica e por analistas como um saudável contraponto a várias representações e abordagens problemáticas do tema da violência sexual. 

 

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Cenas do longa-metragem 'Bela Vingança' Foto: Divulgação/Universal Pictures
 

Para entregar apenas o que já consta no trailer, a história começa com a protagonista, Cassie (Carey Mulligan), em uma balada, visivelmente embriagada, a ponto de mal conseguir erguer a própria cabeça. Alguns homens nas redondezas começam a flertar com a possibilidade de se aproveitarem da situação. Finalmente, ela é abordada por um rapaz bem-intencionado que quer ajudá-la a escapar do perigo e oferece uma carona. No meio da corrida, ele desconfia que rolou um clima e propõe uma saideira em seu apartamento. A situação progride até o sofá do rapaz e, depois – quando Cassie diz que precisa se deitar –, até a cama, onde ele passa a beijá-la. Ela, semiconsciente, começa a balbuciar: “O que você está fazendo?”. O rapaz começa a despir a mulher. É nesse momento que o olhar desorientado da protagonista ganha foco. “O que você está fazendo?”, repete, assertiva, com pronúncia impecável. O rapaz se dá conta de duas coisas. Primeiro: Cassie, na verdade, está sóbria. Segundo: ele não estava sendo um cara tão legal quanto imaginou.

O espectador é assim apresentado à heroína do thriller: uma mulher que, anos atrás, abandonou o curso de Medicina na esteira de uma tragédia envolvendo sua melhor amiga de infância. Toda semana, Cassie finge estar bêbada até que um homem invariavelmente tenta se aproveitar dela, mesmo que ele não se veja como alguém capaz de cometer violência sexual. Bela Vingança trata de um tipo de violação que, embora seja recorrente em festas e câmpus universitários, é muito menos retratada. E avança na discussão sobre quem pratica a violência – segundo Fennell, são pessoas comuns: os homens que não questionam o que estão fazendo, as mulheres que minimizam ações dos amigos, as autoridades que não tomam ações.

“Há muitos filmes que retratam o estupro, mas não fazem dele um tema de conversa, usam (a trama) apenas como artífice do desenvolvimento do personagem, seja masculino ou feminino”, disse ao Estadão a antropóloga Beatriz Accioly Lins, especialista em violência contra mulheres, consultora do Instituto do Cinema e coordenadora de pesquisa do Instituto Avon. Ela explica que, em geral, cenas de violência sexual são usadas pelos cineastas como uma ferramenta para demonstrar o nível de desvirtuação moral de personagens – como em Laranja Mecânica – ou como justificativa de todo o restante da trama, seja uma história de superação feminina ou uma narrativa ao redor do homem que vinga a honra da mulher que ele ama. “É incomum que o estupro não seja um mero artifício narrativo, mas o próprio tema do filme”, disse a antropóloga, que salienta a necessidade de abordar questões como a centralidade do consentimento.

“O fato de as mulheres estarem embriagadas, ou não poderem consentir o sexo, transforma a interação em violadora. Muitos homens que são acusados argumentam que não usaram de força ou que não tinham a intenção (de cometer violência sexual). Mas é central discutir que só isso não é o suficiente para impedir que haja uma violência. É preciso que as duas partes estejam conscientes e capazes de consentir”, conclui.

O que a antropóloga diz sobre a necessidade de consentimento passou a constar em lei no Brasil, a partir de 2018, quando foi criado o crime de importunação sexual: “praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro”. A pena vai de um a cinco anos de prisão. Até 2018, havia um limbo jurídico entre o estupro – praticado com uso de força ou ameaça – e a antiga contravenção penal de importunação ofensiva ao pudor.

Apesar da seriedade da trama, Bela Vingança contém momentos engraçados e cenas idênticas ao que se espera de uma comédia romântica. Além disso, a estética do longa é uma ode sincera ao feminino estereotipado: a trilha sonora inclui hits de Britney Spears, o figurino está repleto de estampas florais, a paleta de cores das cenas é vibrante e as unhas de Cassie são pintadas com candy colors, as cores suaves que remetem às tonalidades de confeitos. 

Para interpretar os homens que tentam fazer coisas erradas, Fennell propositalmente escalou um time de atores conhecidos por seus papéis de bons moços. Adam Brody viveu Seth Cohen, o nerd com um coração de ouro na série The O.C.; Christopher Mintz-Plasse, do longa Superbad (2007), ficou famoso no papel de um adolescente tão ingênuo que se batizou de “McLovin” na identidade falsa. Sam Richardson é conhecido por seu personagem amável, Richard Splett, na série Veep. Há também Max Greenfield, o arrumadinho Schimdt do seriado New Girl, e Chris Lowell, o sensível Piz de Veronica Mars.

“É fácil condenar (violência sexual) quando os envolvidos são pessoas que você já achava desprezíveis. O assunto passa a ser complicado quando são pessoas que você ama e respeita”, argumentou Fennell à revista Entertainment Weekly, ao falar sobre a escolha dos atores. 

Accioly Lins sustenta que filmes são importantes para desbancar o mito de que um estuprador é um desconhecido que está em uma rua escura e usa uma arma e um capuz. “O estupro acontece de formas muito variadas e é muito comum que envolva conhecidos ou amigos da mulher violada e não necessariamente precisa que haja violência”, explicou.

Jasmin Rosemberg, ex-editora da revista Variety – ela própria sobrevivente de uma violação ocorrida há dez anos –, elogiou Bela Vingança por mostrar como um trauma pode pesar sobre a vida das pessoas afetadas. A personagem Cassie não perde o seu protagonismo, como acontece com muitas vítimas estereotipadas, mas também não supera o assunto. Sua vida estaciona em função de um plano de retribuição. Em boa parte do filme, o espectador fica sem saber até onde Cassie está indo de fato em sua busca por vingança – é preciso assistir ao longa para saber. Darren Mooney, colunista da revista The Escapist, observou que essa ambiguidade força o espectador a se perguntar até onde ele quer que a vingança chegue.

Crítica: Em alguns momentos, filme se aproxima de um drama familiar

Deu zebra na recente premiação do Oscar. Havia a expectativa de que Chadwick Boseman recebesse postumamente o Oscar de melhor ator, por A Voz Suprema do Blues, mas ele perdeu para Anthony Hopkins, de Meu Pai, que nem estava presente. O começo já fora anticlimático. Indicado em seis categorias, Nomadland, de Chloé Zhao, venceu em três – melhor filme, direção e atriz, Frances McDormand –, mas perdeu (para Meu Pai) a prestigiada estatueta de roteiro adaptado. 

Quem venceu na categoria de roteiro original foi a diretora e roteirista Emerald Fennell, por Bela Vingança. O filme chegou aos cinemas nesta quinta, 6. Nem é preciso lembrar o filme Mank para destacar a importância acordada pela indústria ao roteiro. Segundo as teses de Pauline Kael e Jack Fincher, pai do diretor David Fincher, o roteirista Herman Mankiewicz e não Orson Welles seria o autor de Cidadão Kane. E Emerald Fennell aborda um tema forte. 

Desde À Procura de Mr. Goodbar, de Richard Brooks, de 1977, e talvez até antes, mulheres liberadas, em busca de parceiros sexuais, têm sido o flagelo da família norte-americana. Glenn Close fez história em Atração Fatal, o thriller de Adrian Lyne, de 1987. Bela Vingança seria o Atração Fatal dos anos 2020, repaginado para a era do #MeToo. Não é bem exato. O filme tem mais a ver com Em Carne Viva, de Jane Campion, com Meg Ryan, de 2003, e Valente, de Neil Jordan, com Jodie Foster, de 2007. Jodie pega em armas e vira vigilante, qual uma Charles Bronson de saias. O que a consome é o desejo de matar o homem que executou seu namorado e a violentou no Central Park, à noite. Sempre a noite para expressar desejos inconfessáveis.

No original, Bela Vingança chama-se Promising Young Woman. A promissora mulher jovem é Carey Mulligan, que chega aos 30 anos com a vida estagnada. Nunca se recuperou com o que ocorreu com a melhor amiga. A garota foi estuprada numa festinha da escola de medicina. O estuprador-mor saiu ileso, porque o sistema protege os homens. Se a garota bebeu, provocando os machos, é porque estava afim. Em vez de defendê-la, a diretora da escola prefere conceder o benefício da dúvida ao estuprador.

Em 1988, Jodie Foster ganhou seu primeiro Oscar por Acusados, de Jonathan Kaplan. A garota abusada, que foi violentada no bilhar. Jodie, nesse filme, não pega em armas, mas, com a ajuda da advogada Kelly McGillis leva o caso ao tribunal. Conseguem provar que a vítima não é culpada. Em Bela Vingança, Carey banca a vulnerável para atrair os homens à sua armadilha. Apaixona-se por um antigo colega, mas a ligação é condenada.

O diferencial, aqui, é a internet, a forma como Cassie/Carey usa as ferramentas da nova tecnologia para se vingar. Como quase todas as mulheres dos filmes citados, ela paga um preço, mas vence – uma vitória de Pirro? Em alguns momentos – a relação com a mãe e, principalmente, com o pai –, Emerald vislumbra algo parecido com um drama intimista familiar. Mudam as armas, mas, na ‘América’, você sabe, os conflitos se resolvem pela violência. O detalhe: Emerald é atriz na série The Crown. Faz Camilla, a Condessa da Cornualha, que, por décadas, foi a outra na vida do príncipe Charles. Como Camilla, Emerald foi paciente. Sempre soube seu lugar. A bela vingança, via Cassie, é dela. / Luiz Carlos Merten


Estadão sábado, 08 de maio de 2021

PRÊMIO JABUTI PRESTA HOMENAGEM A IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO E QUER SER MAIS INCLUSIVO

 

Prêmio Jabuti presta homenagem a Ignácio de Loyola Brandão e quer ser mais inclusivo

Mais tradicional prêmio do mercado editorial, o Jabuti anuncia mudanças e ajustes no regulamento

Maria Fernanda Rodrigues, O Estado de S. Paulo

06 de maio de 2021 | 12h51

Com um novo curador para sua 63.ª edição, o editor Marcos Marcionilo, o Prêmio Jabuti anunciou nesta quinta-feira, 6, mudanças no nome de seus eixos e descontos de 10% no primeiro mês de inscrição. Ignácio de Loyola Brandão, escritor, imortal da Academia Brasileira de Letras e cronista do Estadão, será a Personalidade Literária do Ano.

"Esse convite justifica minha obra, salva minha história e, em certa medida, minha própria vida", disse Loyola Brandão, autor de obras icônicas como Zero e Não Verás País Nenhum e vencedor de cinco Jabutis ao saber da homenagem, ao saber da homenagem.

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Ignácio de Loyola Brandão
Ignácio de Loyola Brandão é escritor e cronista do Estadão Foto: Daniel Teixeira/Estadão
 

Jabuti continua com 20 categorias, mas o eixo Livro passa a se chamar Produção Editorial e o eixo Ensaio ganha o nome de Não Ficção. Podem concorrer obras publicadas no Brasil em 2020. A divulgação dos finalistas será feita em duas etapas, em novembro. Também em novembro será realizada a cerimônia de premiação que, segundo os organizadores, já está confirmada como online. O vencedor ganha R$ 5 mil e o autor do Livro do Ano leva R$ 100 mil.

Ao lado de Marciolino na curadoria estão Ana Elisa Ribeiro, Bel Santos Mayer, Camile Mendrot e Luiz Gonzaga Godoi Trigo. Outra mudança anunciada, sutil, mas importante, é que agora, no regulamento, constam escritores e escritoras, ilustradores e ilustradoras, e por aí vai, e não mais apenas no masculino. Critérios de gênero e raça também foram aperfeiçoados.

“Vimos, passados 62 anos, o quanto tem sido importante, para todas as políticas, nós sabermos quem somos, qual é a nossa cor, raça, etnia e gênero”, comenta Bel Santos Mayer, educadora social e nome importante na discussão de criação de bibliotecas comunitárias e acesso à leitura. Gênero, como ela ressalta, já estava presente como uma categoria aberta, mas isso dificultava análises de autoria. "Este ano aparecem também homem cis, mulher cis, homem trans, mulher tras, travesti, pessoa não binária e outro."

“No quesito cor e raça, optamos pelas categorias do IBGE, pelas possibilidades que elas nos dão de analisar os vários conjuntos populacionais. Vai ser a primeira vez que vamos coletar esses dados e poderemos fazer uma discussão bastante consistente sobre autoria indígena e negra, por exemplo. É um passo importante”, comenta Bel.

Marcos Marcionilo acredita que esses dados vão poder orientar também ações editoriais. “A atenção a essa classificação não é ceder a um modismo, mas buscar posições diante das questões que nós temos e o Jabuti, tendo tantas inscrições, pode ser uma mostra significativa”, disse.

No ano passado, o prêmio recebeu 2.600 inscrições. Este ano, Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro, que promove o Jabuti, espera 3 mil.  “E esperamos um Jabuti muito mais diverso, pegando todos os pensamentos”, comentou.

O júri é indicado pelo conselho curador, mas também por chamada pública, aberta até o dia 6 de junho no site do prêmio.

Outras duas mudanças foram feitas no regulamento. Antes, a editora do melhor livro brasileiro publicado no exterior ganhava apenas a estatueta. Agora, se ela for membro do projeto Brazilian Publishers, da Câmara Brasileira do Livro e Apex, ela ganha uma bolsa de tradução no valor de R$ 5 mil. Se ela não for membro, ganha uma anuidade e pode participar de todas as ações do projeto, cujo objetivo é divulgar e exportar a produção editorial brasileira.

Além disso, na hora da inscrição, que é digital, será possível anexar, além do arquivo do livro, materiais complementares, como fotos e vídeos, que ajudem na avaliação do objeto.


Estadão sexta, 07 de maio de 2021

ALCIONE E TERESA CRISTINA FAZEM SHOW ONLINE GRATUITO NO DIA DAS MÃES

 

Alcione e Teresa Cristina fazem show online gratuito no Dia das Mães

Fim de semana tem apresentação das cantoras de samba; confira também outras atrações

Danilo Casaletti, Especial para o Estadão

07 de maio de 2021 | 05h00

Alcione e Teresa Cristina, representantes de diferentes gerações do samba, se encontram em um apresentação para o Dias das Mães, com produção do Coala.lab. Elas mostrarão clássicos do gênero, músicas de seus repertórios e farão duetos inéditos. Dom. (9), 20h30. No canal no YouTube da TNT Brasil.

 

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No Dia das Mães, Alcione e Teresa Cristina fazem juntas show online gratuito Foto: Paulo Cesar Mendes

Show inédito de Silva

O cantor e compositor Silva apresenta pela primeira vez ao vivo o show de seu álbum Cinco, lançado em dezembro de 2020. Acompanhado por sete músicos, ele mostrará, além das novas músicas, sucessos que acumulou ao longo da carreira. Sáb. (8), 17h. Grátis. No canal do Silva no YouTube.

Moacyr Luz no projeto Nosso Samba

 

O cantor e compositor Moacyr Luz, acompanhado de seu violão, faz apresentação online dentro do projeto Nosso Samba. No repertório, sucessos que ele compôs, como Vida da Minha VidaSaudades da Guanabara e Cabo Meu Pai. Sáb. (8), 21h. R$ 20/R$ 500.

Cantor Fred Martins além-mar

O cantor carioca Fred Martins, há quatro anos radicado em Portugal, faz show de lançamento de seu álbum Ultramarino, com composições inéditas. Transmitida de Sintra, a apresentação contará com as participações da cantora portuguesa Joana Amendoeira e da cabo-verdiana Nancy Vieira. Sáb. (8), 13h. Grátis. No canal de Fred Martins no YouTube.

 

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Farol Santander reabre para visita presencial; em cartaz, 'Floresta de Números', de Emmanuelle Moureaux Foto: Carol Quintanilha

Exposições e painel na fachada do Farol Santander

Farol Santander está aberto para visitas presenciais. A exposição Floresta de Números, até 20/6, da artista francesa Emmanuelle Moureaux, mostra 15 mil números de papel. Além disso, um painel de 92 m2 na fachada exibe 65 fotos do fotógrafo Tuca Reinés, que retratam cidades brasileiras. Grátis. 7h/23h. Até 4/7.

Sesc-SP reabre para visita presencial

Sesc São Paulo retoma, na 3ª (11), a visita presencial a dez exposições em suas unidades. Entre elas, a Oficina Molina – Palatnik, no Sesc Avenida Paulista, propõe um diálogo entre a obra de Abraham Palatnik e de Mestre Molina. No Consolação, Países Espelhados: Objetos, Imagens, Sabores, Memórias - Encontros Culturais entre o Brasil e Nações Africanas de Língua Portuguesa traz obras de países lusófonos como Brasil, Angola, Cabo Verde e Moçambique. Grátis. Agendamento obrigatório: sescsp.org.br/exposicoes.

Ary Barroso pelo Ballet Stagium

Ballet Stagium apresenta sábado (8) o inédito espetáculo de dança O Canto da Minha Terra – Dançando Ary BarrosoTeatro J. Safra. R. Josef Kryss, 318. Barra Funda. 19h. R$ 20/R$ 50.


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