Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Samba e Sambistas domingo, 05 de novembro de 2017

OLHA O GATO, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA

Olha o Gato, samba de Lauro Maia, com Os Demônios da Garoa:

 


Samba e Sambistas sexta, 03 de novembro de 2017

IZIDORA, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA

Izidora, samba, com Os Demônios da Garoa:

 

 


Samba e Sambistas quarta, 01 de novembro de 2017

CANOA FURADA, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA

Canoa Furada, samba Aluísio Figueiredo e José Guuimarães, com Os  Demônios da Garoa:

 

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Samba e Sambistas terça, 31 de outubro de 2017

DEIXA QUE VÁ, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA

Deixa Que Vá, samba de Adoniran Barbosa e Fernando Guilhermoni, com Os Demônios da Garoa:

 


Samba e Sambistas domingo, 29 de outubro de 2017

VOCÊ FOI MAIS UMA, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas sábado, 28 de outubro de 2017

VILA ESPERANÇA, MARCHA-RANCHO, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas sexta, 27 de outubro de 2017

UM SAMBA NO BEXIGA, SAMBA, COM ADONIRAN BARBOSA


Samba e Sambistas quinta, 26 de outubro de 2017

UM SAMBA DIFERENTE, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas quarta, 25 de outubro de 2017

TREM DAS ONZE, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas terça, 24 de outubro de 2017

TIRO AO ÁLVARO, SAMBA, COM ADONIRAN BARBOSA E ELIS REGINA


Samba e Sambistas segunda, 23 de outubro de 2017

SAUDOSA MALOCA, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas domingo, 22 de outubro de 2017

SAMBA DO ARNESTO,SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas sábado, 21 de outubro de 2017

QUEM BATE SOU EU, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas sexta, 20 de outubro de 2017

A PROMESSA DO JACÓ, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas quinta, 19 de outubro de 2017

PRAÇA ONZE, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas quarta, 18 de outubro de 2017

PAFUNÇA, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas segunda, 16 de outubro de 2017

NO MORRO DA CASA VERDE, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas domingo, 15 de outubro de 2017

NÃO ME DIGA ADEUS, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas quinta, 12 de outubro de 2017

MALVINA, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA

 


Samba e Sambistas quarta, 11 de outubro de 2017

MALOCA DOS MEUS AMORES, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas terça, 10 de outubro de 2017

LENÇO NA MOLEIRA, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas segunda, 09 de outubro de 2017

JOGA A CHAVE, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas domingo, 08 de outubro de 2017

IRACEMA, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas sábado, 07 de outubro de 2017

HELENA, HELENA, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas sexta, 06 de outubro de 2017

FICA DOIDO VARRIDO, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas quinta, 05 de outubro de 2017

EMÍLIA, SAMBA, COM ROBERTO SILVA


Samba e Sambistas quarta, 04 de outubro de 2017

CONSELHO DE MULHER (PROGRÉSSIO), SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas terça, 03 de outubro de 2017

CIDADE DO BARULHO, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas segunda, 02 de outubro de 2017

CABELOS BRANCOS, SAMBA, COM QUATRO ASES E UM CURINGA


Samba e Sambistas domingo, 01 de outubro de 2017

MEUS VINTE ANOS, SAMBA, COM SÍLVIO CALDAS


Samba e Sambistas domingo, 01 de outubro de 2017

CABELOS BRANCOS, SAMBA-CANÇÃO, COM SÍLVIO CALDAS


Samba e Sambistas sexta, 29 de setembro de 2017

BEM FEITO, SAMBA PAULISTA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas quinta, 28 de setembro de 2017

BARRACÃO, SAMBA, COM ELIZETH CARDOSO


Samba e Sambistas quarta, 27 de setembro de 2017

ATIRE A PRIMEIRA PEDRA, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA

 


Samba e Sambistas terça, 26 de setembro de 2017

AS MARIPOSA, SAMBA PAULISTA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas segunda, 25 de setembro de 2017

APAGA O FOGO, MANÉ, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas domingo, 24 de setembro de 2017

AI, QUE SAUDADES DA AMÉLIA, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas sábado, 23 de setembro de 2017

ABRIGO DE VAGABUNDO, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas sexta, 22 de setembro de 2017

A VOZ DO MORRO, SAMBA, COM ZÉ KÉTTY


Samba e Sambistas quinta, 21 de setembro de 2017

A MAIOR MARIA, SAMBA, OS VOCALISTAS TROPICAIS

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Samba e Sambistas quarta, 20 de setembro de 2017

A LEI DO MORRO, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas terça, 19 de setembro de 2017

A LEI DO INQUILINATO, SAMBA, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA


Samba e Sambistas sábado, 19 de novembro de 2016

MANOEL BRIGADEIRO, O EMBAIXADOR DO SAMBA

MANOEL BRIGADEIRO, O EMBAIXADOR DO SAMBA

Raimundo Floriano

 

Brigadeiro e Raimundo - Carnaval 1996

 

                        Nestes tempos cabeludos de campanhas eleitorais cheias de bravatas e promessas mirabolantes – jamais cumpridas – para engabelar o eleitoranta, digo, o eleitorado, tempos de avacalhação do ensino da Língua Portuguesa, fico a lembrar-me de meu amigo Manoel Brigadeiro, por duas de suas composições, premonitórias, das quais adiante lhes falarei.

 

                        Manoel Frederico Soares nasceu no dia 25 de maio de 1922, em Natividade (RJ) e foi batizado com o sobrenome dos patrões de seus ancestrais, remanescentes dos tempos da escravatura.

 

                        De família bastante humilde, mudou-se para o Rio de Janeiro aos oito anos de idade, começando a trabalhar muito cedo, como empregado doméstico, na casa dum militar, Antônio Guedes Muniz, que chegou a Marechal-do-ar. A cada promoção que o patrão recebia, os amigos, carinhosamente, também o elevavam de posto. Daí seu pseudônimo artístico: Manoel Brigadeiro.

 

                        Embora não tenha estudado Música, Manoel Brigadeiro iniciou-se, ainda na adolescência, na arte da composição de música popular. Frequentava todas as Escolas de Samba, nas quais até hoje tem trânsito livre, andou fazendo uns sambas de enredo, mas logo desistiu desse gênero, passando a dedicar-se a sambas de meio de ano e a marchinhas.

 

                        Em sua discografia, constam mais de 60 peças de sua autoria, gravadas por ele mesmo e por grandes nomes da MPB, como Alcides Gerardi, Carmen Costa, Isaurinha Garcia e Mário Genari Filho.

 

                        O convívio no meio aeronáutico lhe rendeu a profissão de mecânico de aviões e um cargo no então Ministério da Viação e Obras Públicas. Em 1974, foi transferido para Brasília, lotado no Ministério dos Transportes, vindo aqui residir, acompanhado de Gilda, sua mulher, e dos filhos do casal.

 

                        E foi naquele mesmo ano que o conheci. Todos os dias, nosso grupo de amigos ligados ao samba e ao Carnaval se reunia na Estação Rodoviária, após o expediente, num boteco ao qual denominávamos Escritório, para bater papo, jogar conversa fora, compor, paquerar as transeuntes, combinar armações, tomar a saideira, esta acompanhada de caprichado tira-gosto, tudo isso até as 20h00, quando a cambada batia em retirada rumo ao sagrado conforto do lar.

 

                        Turminha boa aquela, de vários órgãos da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes: Tarcísio Marujo, Alvinho Barbicha, Walter Passarela, Waldir Pajaraca, Vovô Ozório, Tonico da Portela, José Guedes – pai do saxofonista e gaitista Mílton Guedes –, Lourenço Rodrigues, os Irmãos Pequeno – um deles pai da voleibolista Paula Pequeno –, Salvador da ARUC, Edson Coroa, Ney Coroa, Caju, Roberto Derrubada, José Cordeiro, Capitão Benon, Heitor Brandão, João Quarela, Antônio Patrício, Tenente Fogo Eterno, Juvêncio Das Quebras, Sacramento, Joãozinho Monteiro.

 

                        Foi no Escritório que aquele inconfundível negão, com seus característicos terno e boné brancos, se revelou para mim como o compositor, em parceria com João Correia da Silva, do samba Tem Bobo Pra Tudo, que eu já conhecia desde 1963, época de seu lançamento, na voz de Alcides Gerardi, o qual retrata a maioria do eleitoranta, digo, eleitorado de hoje:

 

Quem não sabe tocar violão, nem pistom, toca surdo.

Sempre agrada porque neste mundo tem bobo pra tudo.

 

Camelô na conversa ele vende algodão por veludo.

Não tem bronca porque neste mundo tem bobo pra tudo.

 

A mulher que é bonita consegue o que quer, não me iludo.

E concordo porque neste mundo tem bobo pra tudo.

 

Todo mal do sabido é pensar que não é enganado.

Quantas vezes também como bobo já fui apontado.

 

Tem alguém que é bobo de alguém, apesar do estudo.

Está provado porque neste mundo tem bobo pra tudo.

 

                        Aqui na Capital Federal, Manoel Brigadeiro pode ser facilmente localizado na ARUC - Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro, Escola de Samba mais antiga de Brasília, da qual assisti ao nascimento. Mas ele não toma partido pela ARUC. Promove todas as Escolas, divulga seus trabalhos, representa-as onde se faça necessário, tendo sido, por isso mesmo, nomeado Embaixador do Samba. No período carnavalesco, sua presença em atos oficiais, em clubes, em batalhas de confetes e no Ceilanbódromo – local dos desfiles das Escolas de Samba do Distrito Federal – é tão importante e imprescindível quanto a do Rei Momo e da Rainha do Carnaval.

 

                        Manoel Brigadeiro é atração onde quer que chegue. Vez em quando, apresenta-se em casas de espetáculos, como em recente temporada com o compositor portelense Carlos Elias, também radicado em Brasília, este com músicas gravadas por Paulinho da Viola, Clara Nunes, Nara Leão e Beth Carvalho. A foto abaixo registra dois desses momentos.

 

Manoel Brigadeiro e Carlos Elias, duas atrações da Capital Federal 

                        Para o Carnaval de 1976, Manoel Brigadeiro, em parceria com Lourival Faissal, brindou-nos com a marchinha Ana-Alfa-Beta, em alusão ao MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetização, que procurava tirar grande parcela do povo da escuridão literária, em contrapartida com o atual Ministério da Educação, que distribuiu centenas de milhares de livros desensinando o uso correto da Língua Portuguesa:

 

Vai pro MOBRAL

Aprender a ler

O MOBRAL vai lhe ensinar

Por que

Não se deve dizer

 

Nóis vai subir pra cima

Nóis vai descer pra baixo

Foi ontem que eu vi ela

Olha a boca dela

 

Quem não sabe ler

É um verdadeiro pateta

Se você não aprender

Vai ser Ana-Alfa-Beta

                       

                        Ouçamos, portando, a marchinha Ana Alfa Beta, de Manoel Brigadeiro e Lourival Faissal, gravação de Carmen Costa, para o Carnaval de 1976:

 

                        E Tem Bobo Pra Tudo, samba de Manoel Brigadeiro e João Correia de Silva, gravação de Alcides Gerardi, no ano d e1963:

 


Samba e Sambistas sexta, 18 de novembro de 2016

VASSOURINHA, O ETERNO ADOLESCENTE SAMBISTA

VASSOURINHA, O ETERNO ADOLESCENTE SAMBISTA

Raimundo Floriano 

  

Vassourinha aos 12 anos 

                        Mário Ramos de Oliveira, o Vassourinha, nasceu em São Paulo (SP), no dia 16 de maio de 1923.

 

                        Já era assim conhecido quando, em 1935, aos 12 anos, foi registrado como contínuo – para driblar a legislação trabalhista de então – na Rádio Record, onde iniciou a carreira de cantor, atuando também no horário noturno.

 

                        Começou cantando com o nome de JURACY, porque se tratava de uma nomenclatura neutra. Sua voz tendia para timbres agudos, infantis, daí a ideia de dar-lhe um nome que tanto servia para homem como para mulher.

 

                        Vale aqui relembrar a origem do pseudônimo. Havia em São Paulo, no Largo do Paysandu, um motorista de praça negro, muito alegre, apelidado de VASSOURA, pelo fato de, altas madrugadas, levar para casa os últimos freqüentadores do Ponto Chic, reduto preferido dos artistas e da grã-finagem da cidade. Quer dizer, “varria” os retardatários. Figura muito popular na capital paulista seria imediatamente lembrado ao se precisar de eficiente nome artístico para o pretinho Mário. Por analogia, gaiatice, ou seja lá o que for, passaram a inventar que o menino era “filho” do Vassoura, e assim nasceu o VASSOURINHA.

 

                        Ainda aos 12 anos, participou do filme Fazendo Fita, dirigido por Vittorio Capellaro. Na Rádio Record, formou dupla com a cantora Isaurinha Garcia, apresentando-se em shows e circos.

 

                        Em 1941, foi para o Rio de Janeiro, onde gravou na Colúmbia e atuou na Rádio Clube do Brasil. Nos anos de 1941 e 1942, gravou os seis únicos discos – bolachões, de cera de carnaúba – que deixou. O primeiro, com os sambas Juracy e Seu Libório, fez grande sucesso e o projetou nacionalmente como genuíno herdeiro do consagrado sambista Luís Barbosa.

 

                        Entre as demais músicas, destacam-se Emília, que ratificou seu êxito inicial, Amanhã tem Baile, Olga e Volta Pra Casa, Emília. Aliás, todo o seu repertório é até hoje cantado pelos curtidores da Velha Guarda.

 

                        A 03 de agosto de 1942, com apenas 19 anos, veio a falecer, em São Paulo, vítima, ao que parece, de uma osteomielite, deixando em sua diminuta discografia o suficiente para consagrar-se como um dos maiores sambistas brasileiros.

 

Vassourinha aos 19 anos 

                        Na época de sua morte, era grande o elenco de famosos artistas no cenário radiofônico nacional. Astros como Gilberto Alves, Ciro Monteiro, Risadinha, Luís Barbosa, Moreira da Silva, Nélson Gonçalves, Sílvio Caldas, Orlando Silva, Carlos Galhardo, Ataulfo, Alves, Déo, Francisco Alves, Nuno Roland e Roberto Paiva, atuando com o mesmo gênero ou absorvendo seu repertório, fizeram com que o nome do adolescente Vassourinha fosse rapidamente relegado ao esquecimento.

 

Estas são as 12 músicas que ele deixou gravadas:

 

  1. Seu Libório - Samba (João de Barro e Alberto Ribeiro) 1941
  2. Juracy - Samba (Antônio Almeida e Cyro de Souza) 1941
  3. Emília - Samba (Haroldo Lobo e Wilson Batista) 1941
  4. Ela Vai à Feira - Samba (Roberto Roberti e Almanyr Greco) 1941
  5. Chick, Chick, Bum - Marcha (Antônio Almeida) 1941
  6. Apaga a Vela - Marcha (João de Barro) 1941
  7. Olga - Samba (Alberto Ribeiro e Satyro de Mello) 1941
  8. Tá Gostoso - Marcha (Alberto Ribeiro e Antônio Almeida) 1941
  9. E o Juiz Apitou - Samba (Antônio Almeida e Wilson. Batista) 1942
  10. Amanhã Eu Volto - Samba (Antônio Almeida e Roberto Martins) 1942
  11. Amanhã Tem Baile - Samba (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) 1942
  12. Volta Pra Casa, Emília - Samba (Antônio Almeida e J. Batista) 1942

 

                        Aproveitando ainda os eflúvios futebolísticos do último Brasileirão, no qual o Vasco da Gama gloriosamente conquistou o Vice-Campeonato, ofereço-lhes o samba E o Juiz Apitou, de Wilson Batista e Antônio Almeida, gravado a 15.04.1942.

 

                        Quequié? Vice e nada é a mesma coisa? Só mesmo neste Brasilzão querido, onde grandes valores são desprezados apenas pelo simples fato de não terem alcançado o ápice. Relembre você, meu dileto leitor, seus tempos de colegial, quando tirar o segundo lugar em sua Turma lhe dava o maior cartaz com seus familiares e, principalmente, com as mocinhas de sua laia. Ou quando você se classificou em segundo lugar num concurso público de âmbito nacional. Pois então?

 

                        A referência ao patrão vascaíno merece que E o Juiz Apitou, composto por flamenguistas, em sadia gozação, chegue agora, decorridos 74 anos, ao conhecimento dos leitores deste Almanaque:

 

                        E mais esta pequena amostra de seu repertório: 

Seu Libório, samba de João de Barro e Alberto Ribeiro, 1941:

 

Emília, samba de Haroldo Lobo e Wilson Batista, 1941:

 

Olga, samba de Alberto Ribeiro e Satyro de Mello, 1941:

 

Amanhã Eu Volto, samba de Antônio Almeida e Roberto Martins, 1942:

 

Volta Pra Casa, Emília, samba de Antônio Almeida e J. Batista, 1942:

 

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Samba e Sambistas sexta, 18 de novembro de 2016

GERMANO MATHIAS, O MALANDRO PAULISTANO

GERMANO MATHIAS,

O MALANDRO PAULISTANO

Raimundo Floriano

 

Germano e sua ginga no asfalto 

                        Germano Mathias foi primeiro o malandro genuinamente paulistano que incorporei a meu acervo musical, no ano de 1958, quando mergulhei de cabeça na curtição MPB. Com o perfil desse grande sambista, presto mais uma homenagem a sua cidade natal, que a 25 de janeiro passado aniversariou.

 

                        Nascido em São Paulo (SP), a 02.06.1934, no bairro do Alto do Pari, frequentava, desde rapaz, as rodas de samba promovidas por engraxates colegas seus das Praças da Sé, Clóvis Bevilacqua e João Mendes. Entrou para Escola de Samba Rosas Negras, em 1951, integrando, depois, a Lavapés.

 

                        Em 1955, apresentou-se num quadro para calouros denominado À Procura de Um Astro, no programa Caravana de Alegria, da Rádio Tupi de São Paulo, cantando um samba sincopado, gênero que marcaria para sempre sua carreira.  A 26 de outubro, foi contratado e recebeu sua Carteira de Artista com a inscrição “cantor e executante de instrumentos exóticos”, porque marcava o ritmo numa tampa de lata de graxa.

 

Com a lata de graxa e encarando o telespectador 

                        Em 1956, gravou, pela Polydor, seu primeiro registro fonográfico, Minha Nêga na Janela, composição dele em parceria com Doca, samba que logo se tornou sucesso nacional, num tempo em que o rock já começava a invadir a mídia brasileira. Eis a letra:

Não sou de briga

Mas estou com a razão,

Ainda ontem bateram na janela

Do meu barracão.

Saltei de banda

Peguei da navalha, disse:

– Pula, moleque abusado,

Deixa de alegria pro meu lado!

 

Minha nega na janela

Diz que está tirando linha

– Êita nega tu é feia

Que parece macaquinha!

Olhei pra ela, disse:

– Vai já pra cozinha!

Dei um murro nela

E joguei ela dentro da pia.

(Breque)

Quem foi que disse

Que essa nega não cabia?

 

                        Pela mesma etiqueta, em 1957, lançou os sambas A Situação do Escurinho, de Padeirinho da Mangueira e Aldacir Louro e Falso Rebolado, de Venâncio d Jorge Costa. No mesmo ano, gravou, na Polydor, seu primeiro LP, Germano Mathias, o Sambista Diferente, recebendo por esse trabalho os prêmios Roquete Pinto e Guarani.

 

                        O lançamento seguinte, em 1958, deu-se na RGE, com seu samba de parceria com Sereno Guarde a Sandália Dela, de sucesso arrebatador, mais tarde regravado por Elis Regina e Jair Rodrigues. Em 1959, lançou pela mesma RGE o samba Malandro de Araque, de Príncipe Hindu e Rafael Gentil, sátira aos playboys caboclos e à moda das lambretas recém-surgida. Daí pra frente, sua carreira galgou os degraus da fama, para nunca mais descer.

 

Na malandragem, gingando no palco e imitando trombone com a boca

 

                        Além de inspirado compositor, Germano Mathias é um homem-show. No palco, ele canta, dança, faz piruetas, acompanha-se com a lata e graça e imita o trombone de vara, tocando com a boca e fazendo os gestos característicos.

 

                        Quando estive no Recife, para tomar posse na Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, tendo como Patrona a cantora Elba Ramalho, fiquei abismado com a quantidade de forrozeiros que compareceram à solenidade, gente que hoje domina todo o cenário musical do Nordeste, mas que é completamente desconhecida no resto do País. Bem assim acontece com Germano Mathias. Do lado de cima do Mapa do Brasil, quase ninguém o conhece. Mas é só ir a São Paulo, a Capital Mais Nordestina desta Nação, para constatar o quanto ele é, ali, popular, conhecido e atual.

 

                        Possuo em meu acervo estas preciosidades que ele gravou:

 

A Situação do Escurinho, de Aldacir Louro e Padeirinho; Amélia Grã-fina, de Germano Mathias e Oswaldo França; Amor Sociedade Anônima, de Jorge Costa e Durum-dum-dum; Audiência ao Prefeito, de Tóbis e Orlando Líbero; Baiano Capoeira, de Jorge Costa e Geraldo Filme; Baile do Risca-Faca, de Jorge Costa e Durum-dum-dum; Bonitona do Primeiro Andar, de Jorge Costa e Durum-dum-dum; Braço a Torcer, de Alceu Menezes e Antoninho Lopes; Bronca de Marilu, de Jorge Costa e Américo de Campos; Chavecada na Pavuna, de Gariba e Basílio Alves; Derrocada no Salgueiro, de Germano Mathias e Jorge da Silva; Desigualdade, de Germano Mathias; Esculacho na Bonifácia, de Jorge Costa e Durum-dum-dum; Falso Rebolado, de Venâncio e Jorge Costa; Feitiço Fracassado, de Germano Mathias e Wivio Sá; Força do Perdão, de José Ramos e Jorge Costa; Figurão, de Germano Mathias e Doca; Guarde a Sandália Dela, de Germano Mathias e Sereno; Juca do Paulistano, de Henricão e Conde; Lar Sem Pão, de Venâncio e Jorge Costa; Lata de Graxa, de Mário Vieira e Geraldo Blota; Malvadeza Durão, de Zé Kétty; Maria Antonieta, de Germano Mathias e Wivio Sá; Maria Espingardina, de Jorge Costa e Zé da Glória; Mexi Com Ela, de Zé Kétty; Minha Nêga na Janela, de Germano Mathias e Doca; Minha Pretinha, de Jair Gonçalves e Edison Borges; Mulher Por Acaso, de Venâncio e Jorge Costa; Não Aumenta, de J. Santos e Carneiro Filho; Não Volto Pra Casa, de Denis Brean e O. Guilherme; O Mandamento do Amor, de Elzo Augusto; O Presidente Jurou, de Germano Mathias e Sereno; Paraíso da Tereza, de Antoninho Lopes e Benedito Augusto; Pedra Dura, de Antoninho Lopes e Benedito Augusto; Recordando Confusão, de Tóbis; Requebrado Diferente, de Jorge Costa e Luiz Walderley; Romeu e Julieta, de Tânio Jairo e Tião Mendes; Rua, de Jair Gonçalves; Sabão na Panela, de Germano Mathias e Antoninho Lopes; Senhor Delegado, de Ernani Silva e Antoninho Lopes; Sinfonia da Goteira, de Oswaldo França e Antoninho Lopes; Tem Que Ter Mulata, de Túlio Paiva; Vaidosa, de Herivelto Martins e Arthur Morais; e Vigarista no Terreiro, de Zé Kétty e Álvaro Xavier. 

                        Com vocês, Minha Nêga na Janela, sua primeira gravação. 

                        E mais esta pequena amostra de seu riquíssimo repertório. 

                        A Situação do Escurinho, samba de Aldacir Louro e Padeirinho:

 

                        Baile do Risca-faca, samba de Jorge Costa e Durum Dum Dum:

 

                        Falso Rebolado, samba de Venâncio e Jorge Costa:

 

                        Guarde a Sandália Dela, samba de Germano Mathias e Sereno:

 

                        Malvadeza Durão, samba de Zé Ketty:

 

                        Maria Espingardina, samba de Jorge Costa e Zé da Glória:

 

                        Tem Que Ter Mulata, samba de Túlio Paiva:

 

                        E este youtube, com O Meu Fraco É Mulher, samba de Conde e Heitor de Barros:

 


Samba e Sambistas quinta, 17 de novembro de 2016

GERMANO MATHIAS - GUARDE A SANDÁLIA DELA/HISTÓRIA DE UM VALNENTE


Samba e Sambistas quarta, 16 de novembro de 2016

DIOGO NOGUEIRA CANTA ALMA BOÊMIA, DE SUA AUTORIA


Samba e Sambistas terça, 08 de novembro de 2016

JAMELÃO: MINHA VELHA MANGUEIRA QUE SE FOI

JAMELÃO: MINHA VELHA MANGUEIRA QUE SE FOI

Raimundo Floriano

 

José Clementino Bispo dos Santos, o Jamelão, e a bandeira da Verde e Rosa

(Jamelão: Rio de Janeiro (RJ), 12.5.1913 – 14.6.2008) 

                               Sou Mangueira desde meus tempos de pés no chão e calças curtas lá no sertão sul-maranhense. Mal atingira a idade da razão, e já me maravilhava com os lindos sambas mangueirenses, entoados por Dona Maria Bezerra, minha saudosa mãezinha, enquanto controlava a meninada nas tarefas de limpar terreiro e terreno, roçar, capinar, plantar, colher, debulhar legumes, descaroçar algodão, desembaraçar meada, ou nas suas corriqueiras tarefas domésticas ao pé do fogão, à boca do forno e à frente do tear. Mangueira, Despedida de Mangueira e Sabiá de Mangueira foram das primeiras músicas que aprendi a cantar.

 

                        A Mangueira introduziu em meu altar o primeiro super-herói dos muitos que eu viria a cultuar. Chamava-se Laurindo e era seu mestre-de-bateria. Estávamos no tempo da Guerra, e o Brasil se aliara a outros países na luta contra o Eixo. Por isso, vigorava o “esforço de guerra”, no qual o governo se empenhava na angariação do máximo de metal para a fabricação de material bélico. Vivíamos, igualmente, na iminência do fim da Praça Onze como templo do Carnaval Carioca.

 

                        No samba Laurindo, vemos o sambista chegar com sua bateria àquele local, constatar seu ocaso, apitar a “evolução” e toda a Escola largar a bateria no chão, formando imensa pirâmide a ser derretida no mencionado esforço. Mas não ficou só nisso. Em Lá Vem Mangueira, vemos a Escola descer o morro sem Laurindo à frente da bateria, pois fora ele convocado para o Front. Em Cabo Laurindo, temos sua volta triunfal com as duas divisas que merecidamente conquistou. Em Comício em Mangueira, ele declina da oportunidade que lhe ofereciam para disputar qualquer cargo eletivo.

 

                        A bateria da Mangueira é inconfundível. Enquanto as outras têm o surdão e a resposta – TUM-tum, TUM-tum, TUM-tum –, ela tem apenas um tempo forte no qual, à distância, ouve-se somente a pancada do surdão – TUM-(   ),  TUM-(   ),  TUM-(   ). Deu pra entender? Não,? Pois então ouçam as gravações existentes para conferir. E isso foi invenção do inesquecível e lendário Cabo Laurindo.

 

Bateristas da Mangueira

 

                        Aí, em 1949, chegou o Jamelão. Ele já fizera várias incursões no mudo musical, porém foi na Mangueira que encontrou o ambiente para se afirmar como cantor e se transformar no maior intérprete de sambas-de-enredo de todos os tempos, reinado que durou por 57 anos, até sua morte. Seu primeiro disco, ainda em 1949, em 78 rotações, constou do calango A Jibóia Comeu, e do samba Pensando Nela. Naquele tempo, os sambas-de-enredo ainda não representavam possibilidade de lucro para as gravadoras, que preferiam investir com força nas marchinhas e nos sambas carnavalescos, cantados nos corsos e nos salões. Dessa forma, muita coisa boa se perdeu. Ainda que não concordasse com a nova roupagem que tomou o samba, Jamelão sempre fez questão de defender a Escola na Avenida. Como prova Das Águas do Velho Chico, Nasce Um Rio Esperança, de 2006, seu último trabalho.

 

Jamelão: a Mangueira e o Vasco no coração 

                        Jamelão tinha comigo e com Jackson do Pandeiro algo em comum: não era de andar se abrindo facilmente, feito cadeado de soldado. O que levou alguns dos seus críticos a chamarem-no de mal-humorado. Mas porra, digo eu, como pode ser mal-humorado um cara que vive envolvido com música, fazendo do cântico sua profissão. Concordo com ele quando, ao ser interpelado por uma repórter sobre por que não ria, disparou: “Rir de quê?”.

 

                        Durante muitos anos foi crooner da Orquestra Tabajara, de Severino Araújo, com quem gravou grandes sucessos do compositor Lupicínio Rodrigues, do qual é até hoje considerado também o melhor intérprete. Caderia Vazia, Meu Pecado e Nervos de Aço são belos sambas-canções que povoaram minhas serenatas nos tempos de rapaz solteiro, namorador e raparigueiro.

 

                        Jamelão nasceu no Rio de Janeiro (RJ), no dia 12 de maio de 1913. Ao falecer, no dia 14 de junho de 2008, aos 95 anos de idade, Jamelão nos deixou uma obra de extrema importância para a MPB. Ao partir, levou consigo a velha Mangueira tradicional, hoje submetida a longos sambas plastificados – o último samba-de-enredo que gravou dura 6:33 min –, difíceis de cantar ou de assobiar, e que morrem na quarta-feira de cinzas.

 

                        Agora, outro vulto histórico da Velha Guarda da Mangueira se foi, deixando-a quase órfã de suas raízes: 

 

                        Hélio Laurindo da Silva, o Delegado – por prender as cabrochas na conversa –, estava com quase 91 anos de idade.

 

                        Delegado, Presidente de Honra de Mangueira, foi o Mestre-Sala mais famoso do Carnaval Carioca. Jamais tirou nota abaixo de 10 nos desfiles da agremiação e, nos últimos três anos, mesmo lutando contra o câncer que o vitimou, participava de todos os eventos da Escola à qual dedicou todos os momentos de sua existência.

 

                        A Mangueira continua, sobreviverá sempre, com a força de seus fieis valores, como as cantoras Alcione Beth Carvalho: 

 

                        Sua Velha Guarda será a fonte inspiradora para a juventude mangueirense: 

 

                        Belas mulheres também darão brilho especial a seus desfiles: 

 

                        Entretanto, mesmo com toda a beleza visual, com toda a modernidade e com toda a arte apresentada nos efeitos especais e nas coreografias, considero que a Mangueira dos sambas bonitos, que se cantavam para sempre, é apenas história. Os sambas plastificados, quilométricos, com seus ritmos acelerados, acabaram com a musicalidade, restando apenas o espetáculo, feito mais para a TV do que para verdadeiros sambistas.

 

                        Possuo em meu acervo fonográfico 42 sambas que cantam a Mangueira, alguns, como acima citados, fazendo parte de minha infância.

 

                        Para mostrar-lhes um pouquinho do trabalho do Jamelão, aqui vão títulos que ficaram para sempre no coração dos brasileiros de seu empo.

 

                        As Três Rendeiras do Universo, samba-enredo de Hélio Turco, Alvinho e Jurandir da Mangueira - 1991:

 

                        Cântico à Natureza, samba-enredo de Nélson Matos, Jamelão e A. Lourenço - 1955:

 

                        Capitão da Mata, samba de Henrique de Almeida, Gadé e Humberto de Carvalho - 1950:

 

                        Caymmi Mostra ao Mundo o Que a Bahia e a Mangueira Têm, samba-enredo de Ivo, Paulinho e Lula - 1986:

 

                        Cem Anos de Liberdade, Realidade ou Ilusão?, samba-enredo de Hélio Turco, Jurandir e Alvinho - 1988:

 

                        E Deu a Louca no Barroco - samba-enredo de Hélio Turco, Jurandir e Alvinho -1990:

 

                        Eu Agora Sou Feliz, samba de Jamelão e Mestre Gato - 1963:

 

                        Exaltação à Mangueira, samba de Enéas Brites e Aloísio Augusto da Costa - 1956:

 

                        Fechei a Porta, samba de Sebastião Mota e Ferreira dos Santos - 1960:

 

                        Guarde Seu Conselho, samba de Alcebíades Nogueira, L. França e Átila Nunes - 1959:

 

                        Imagens Poéticas de Jorge de Lima, samba-enredo de Tolito, Mosar e Délson - 1975:

 

                        O Samba É Bom Assim, partido-alto de Hélio Nascimento e Norival Reis - 1959:

 

                        Os Tambores da Mangueira na Terra da Encantaria, samba-enredo de (Chiquinho Campo Grande e Marcondes - 1996:

 

                        Quem Samba, Fica, partido-alto de Jamelão e Tião Motorista - 1963:

 

                        Se Todos Fossem Iguais a Você, samba-enredo de Hélio Turco, Alvinho e Jurandir da Mangueira - 1992:

 

                        Só Meu Coração, samba de Ferreira dos Santos e José Garcia - 1962:

 

                        Terra de Caruaru, samba de Sidney da Conceição e Antônio Corvina - 1970:

 

                        Trinca de Reis, samba-enredo de Ney João, Adílson da Viola e Fandinho - 1989:

 

 

 

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Samba e Sambistas domingo, 30 de outubro de 2016

ARACY DE ALMEIDA, O SAMBA EM PESSOA

ARACY DE ALMEIDA, O SAMBA EM PESSOA

Raimundo Floriano

 

Três momentos de Aracy de Almeida 

                        Aracy é um nome predestinado ao sucesso. Não conheço uma que tenha dado com os burros n’água.

 

                        Tem a paranaense Aracy Guimarães Rosa, hoje viúva do grande escritor, a qual, quando o futuro marido era Cônsul Adjunto na Alemanha, trabalhou na Seção de Vistos daquele Consulado. Em 1938, na contramão da Circular Secreta 1.127, do Governo Brasileiro, que restringia a entrada de judeus em nosso país, ela resolveu, por sua conta e risco, continuar a preparar os processos de vistos a judeus, despachando-os diretamente com o Cônsul Geral, gesto que ajudou a resgatar milhares de vidas das garras nazistas. Por esse ato de coragem, seu nome consta numa placa existente no Museu do Holocausto, em Israel, homenageando 18 diplomatas que ajudaram a salvar judeus na Segunda Guerra Mundial.

 

                        Tem a carioca Aracy Cortes, pseudônimo de Zilda de Carvalho Espíndola, que começou ainda nos Anos 20, cantando e dançando em circos e depois no teatro rebolado da Praça Tiradentes, sendo responsável pelo lançamento de vários compositores então desconhecidos, como Ary Barroso, Zé da Zilda e Benedito Lacerda.  Em 1928, estrelou a revista Miss Brasil, onde consagrou o samba-canção Ai, Ioiô (Linda Flor), de Luiz Peixoto, Henrique Vogeler e Marques Porto. Outros sucessos marcados por sua interpretação: Jura, samba de Sinhô, Vamos Deixar de Intimidade, samba de Ary Barroso, Tem Francesa no Morro, samba de Assis Valente, Os Quindins de Iaiá, samba de Pedro Sá Pereira e Cardoso de Menezes.

 

                        Tem a sul-matogrossense Aracy Balabanian, diva da dramaturgia brasileira, que nos tem emocionado desde 1968, quando estrelou a novela Antônio Maria, contracenando com Sérgio Cardoso, que fazia o papel-titulo. Depois disso, magistrais foram suas interpretações em Nino, o Italianinho, Coração Alado, Rainha da Sucata.

 

                        Tem a carioca Aracy Costa, que começou cantando em circos e, ao vencer o programa de calouros Papel Carbono, de Renato Murce, obteve contrato com a Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Deixou gravados inúmeros sucessos carnavalescos do passado, como Papai me Disse, marchinha de José Batista e Peterpan, Abre a Porta, samba de Arlindo Marques Júnior, José Batista e Roberto Roberti, Carnaval na Lua, marchinha de João de Barro. Em 1960, com o samba Favela Amarela, de Jota Júnior e Oldemar Magalhães, foi eleita Rainha do Rádio.

 

                        Eu mesmo conheci pessoalmente uma, a mineira Aracy Calipígia, no final dos anos 50. Nunca lhe soube o sobrenome. Com seus requebros e maneiras, extasiava a rapaziada que freqüentava o Montanhês, famoso dancing de Belo Horizonte, com orquestra de 30 músicos, onde também batia o ponto a lendária Hilda Furacão. Dançando com Aracy, eu gastava quase todo o meu polpudo ordenado de 3º Sargento do Exército, pagando minuto a minuto, conforme era picotado meu cartão pelos atentos fiscais de pista.

 

                        Para manter-me à altura de suas onerosas prendas, parodiando Jorge Veiga, saudoso cantor de samba-de-breque, mandei fazer pra mim um paletó vermelho, sem bolso, sem botão e na lapela um espelho, sendo um traje que a cidade igual nunca mais viu, sapato preto e branco, calça boca de funil. Chapéu americano e óculos Ray-Ban, se parava numa esquina, logo ganhava uma fã, e se a garota era boa, e ficava admirada, eu dizia: “Sou o Fulô do Bico Doce, tô charlando e paquerando”. Estripulias de rapaz solteiro. Depois que vim para Brasília, soube que ela se casou com um rico industrial do ramo automobilístico. Agora, chega! Chega de conversa fiada! Vamos ao que interessa!

 

                        Quero convidá-los a um passeio através do tempo com Aracy de Almeida, A Dama do Encantado, O Samba em Pessoa A Dama da Central do Brasil. Cada canção aqui citada é precedida de um número, que corresponde à posição ocupada no selecionado repertório virtual disponibilizada ao término desta matéria. É um passeio por 100 paisagens musicais, em 78 RPM até à Faixa 92, no qual conheceremos a amplitude do seu trabalho e a evolução por ele absorvida à medida em que se aperfeiçoavam os recursos da Tecnologia. Por isso, muitos títulos repetidos. Não é uma biografia, mas apenas pequena amostra dos mais de 400 registros fonográficos que nos legou.

 

A DAMA DO ENCANTADO

 

                        Araci Teles de Almeida – depois Aracy, com “y”, que ela achava mais bacana – nasceu a 19.08.1914 no subúrbio carioca do Encantado, onde foi criada.  Filha de pais evangélicos, tinha apenas irmãos homens, daí seu jeito desbocado e um tanto masculinizado. Tinha o apelido de Batatinha, por causa do formato achatado do seu nariz, que ela sempre odiou.

 

                        Começou cantando hinos religiosos nos cultos, mas, escondida dos pais, também cantava em terreiros de macumba e em blocos carnavalescos. Mas isso não dava dinheiro. Em 1933, conheceu o compositor Custódio Mesquita que, ouvindo-a, a levou para a Rádio Educadora – depois Tamoio –, onde Noel Rosa gostou de sua voz, convidou-a para tomar um chope na Taberna da Glória, e ali mesmo compôs para ela 01 - Riso de Criança, lançado em 1935. Há notícia de que ela gravara Em Plena Folia, de Julieta Oliveira, em 1933, mas nenhum colecionador conhecido dispõe desse registro. Por isso, considero que 01 - Riso de Criança foi sua primeira gravação. Coincidentemente, a última foi também uma composição de Noel, como mais adiante se verá.

 

                        Desde esse encontro, nasceu entre Noel e Aracy uma grande amizade, que nunca teve qualquer envolvimento amoroso. Ele era enrabichado por outras, como Marília Batista, cantora com quem gravou várias de suas composições, Cecy, dama da noite, ambas com 16 aninhos, e Lindaura com quem acabou se casando. Só Noel acreditou em Aracy, a quem os “outros a consideraram apenas uma escurinha que queria... bem uma escurinha qualquer”, nas palavras da cantora.  Foi para ela que ele fez uma de suas últimas composições, profeticamente intitulada 25 - Último Desejo, que lhe entregou com mais três outras, poucos dias antes de morrer: 18 - Eu Sei Sofrer, 19 - O Maior Castigo Que Eu Te Dou e 26 - Século do Progresso. Com essas e outras tantas, Aracy de Almeida foi a maior divulgadora de Noel, sendo também considerada sua melhor intérprete.

 

 

A DAMA DA CENTRAL DO BRASIL

 

                        Aracy era assim conhecida porque só viajava de trem nas suas idas e vindas no trecho Rio de Janeiro/São Paulo, para shows e compromissos com diversas e emissoras de rádio e televisão.

 

                        Nunca foi casada. Viveu com Rey, famoso goleiro, e morou durante muito tempo com Henrique Leopoldo, um general que era apaixonado por ela, se tornou seu procurador e lhe dava toda a segurança.

 

                        Com o advento da Televisão, do Rock e da Jovem Guarda, os intérpretes de samba já não eram tão solicitados. Mas ela soube adaptar-se aos novos tempos. Passou a trabalhar como jurada em programas de TV famosos, como Programa do Bolinha, Buzina do Chacrinha, Pepita Rodrigues e Almoço com as Estrelas. Mas foi no Programa Silvio Santos que ela ficou mais tempo e se afirmou como uma julgadora severa e competente, ainda que caricata e cheia de gírias e parangolés, expressão que muito usava.

 

                        E foi Silvio Santos que, a partir de então, sempre a apoiou, provendo-lhe os recursos necessários quando se viu enferma e, em seus últimos dias, lhe telefonava, sempre às 16 horas, o que durou até 20 de junho de 1988 quando ela faleceu, aos 74 anos.

 

QUAL É O TOM, PORRA!

 

                        Em 1980, os cantores Tico Terpins – que só a chamava de Meu Pai – e Zé Rodrix – que a chamou de pai, levou o maior do esporro, mas depois recebeu a autorização para chamá-la de Tio, e olhe lá –, produziram o show denominado Aracy - Ao vivo e à vontade, que só mais tarde, em 1988, teve sua trilha lançada em LP, quando isso nenhum benefício poderia mais trazer para ela, nem para herdeiros seus, pois não os deixou. Porém, para nós, os seus fãs e curtidores, ficou registrado seu derradeiro trabalho, sem artifícios nem retoques, conforme se encontra nas Faixas 93 a 100, esta uma entrevista da qual Zé Rodrix participou. Atenção para Faixa 96 - Palpite Infeliz, onde ela não se acerta com o Regional, mas é socorrida pela platéia, em comovente apoteose.

 

O SAMBA EM PESSOA

 

                        Epíteto que lhe dera, no passado, o radialista César Ladeira. Mas não só de Noel Rosa se constituía seu variadíssimo repertório. Vadico, Valfrido Silva, Bide, Roberto Martins, Nássara, Frazão, Hervê Cordovil, Christóvão de Alencar, Mário Lago, Cyro de Souza, Haroldo Lobo, Milton de Oliveira, Antônio Almeida, Lamartine Babo, Nélson Ferreira, Sá Ró0ris, David Nasser, Ary Barroso, Joracy Camargo, Assis Valente, Benedito Lacerda, Wilson Batista, Custódio Mesquita, Paquito, Romeu Gentil, Fernando Lobo, Joel de Almeida, Carvalhinho, Humberto Teixeira, Kid Pepe, Zé da Zilda, Antônio Maria, Vinícius de Moraes, João de Barro, Dorival Caymmi e muito outros, constantes deste passeio, tiveram suas criações consagradas pela voz de Aracy. Por todo o conjunto do seu trabalho, justificou o apelido.

 

                        No final dos Anos 40 e início dos Anos 50, relançou várias composições de Noel Rosa. Essa nova roupagem vocês ouvirão aqui, nas Faixas 63 a 79.

 

                        Assim como a corda e a caçamba, a marcha sempre acompanhou o samba. E Aracy teve nesse ritmo intensa atuação nos carnavais de outrora, com inesquecíveis marchinhas, algumas das quais tocadas e cantadas até hoje nos bailes da saudade e nos blocos de sujo: 04 - Chave de Ouro, 32 - Miau, Miau, 37 - Passarinho do Relógio (Cuco), 42 - O Passo do Canguru, 44 - A Mulher do Leiteiro, 49 - Não Sou Manuel, 59 - O Passo da Girafa, 60 - O Circo Vem Aí e 62 - Vai Ver Que É. Versátil que era, também agraciou-nos com preciosas amostras de quase todos os gêneros então existentes: samba-canção, dobrado, toada, rumba, seresta, guaracha, bolero, baião.

 

                        Para mostrar talento desse grande ícone da MPB, escolhi os sambas abaixo, extraídos dos elepês O Samba em Pessoa, Volumes 1 e 2:

 

                        Rapaz Folgado, de Noel Rosa, de 1937:

 

                        Eu Vou Pra Vila, de Noel Rosa, gravado em 1931:

 

                        Para Me Livrar do Mal, de Noel Rosa e Ismael Silva, de1932:

 

                        Tristezas Não Pagam Dívidas, de M. Silva, de 1933:

 

                        Tenha Pena de Mim, de Cyro de Souza e Babalu, de 1938:

 

                        Com Razão ou Sem Razão, de Aracy de Almeida e David Nasser, de 1941:

 

                        Camisa Amarela, de Ary Barroso, de 1930

 

                        Último Desejo, de Noel Rosa, de 1937:

 

                        O Maior Castigo Que Eu Te Dou, de Noel Rosa, de 1937:

 

                        Fez Bobagem, de Assis Valente, de 1942:

 


Samba e Sambistas segunda, 24 de outubro de 2016

CIRO MONTEIRO, O MESTRE DO SAMBA

CIRO MONTEIRO, O MESTRE DO SAMBA

Raimundo Floriano

 

 

                        Seu nome é grafado de duas formas, ora com “Y”, ora com “I”. Prefiro esta última, consagrada na Enciclopédia da Música Brasileira, da Art Editora Ltda., edição coordenada pelo Maestro Régis Duprat.

 

                        Ciro Monteiro, cantor e compositor, nasceu no subúrbio do Rocha, Rio de Janeiro, no dia 25.5.1913, cidade onde veio a falecer a 13.7.1973, aos 60 anos de idade. Seu pai, dentista, era Capitão do Exército reformado e funcionário público. Tinha nove irmãos, todos com nomes começados pela letra “C”. Era primo de Cauby, Andyara e Araken Peixoto, e sobrinho do pianista Moacyr Peixoto

 

                        Aos dois anos de idade, mudou-se para Niterói, entrando, em 1920, para o Grupo Escolar Alberto Brandão, cursando, a partir de 1925, a Escola Profissional Washington Luís, e, depois, em 1929, o Instituto de Humanidades.

 

                        Nessa época, já cantava em festas em dueto com o irmão Careno, quando um tio, chamado Nonô, costumava levar a dupla Sílvio Caldas e Luís Barbosa para ensaiar em sua casa. Daí, surgiu sua primeira oportunidade no rádio: em 1933, Silvio Caldas convidou-o para substituir Luís Barbosa no Programa do Casé, da Rádio Philips. A nova dupla fez sucesso, mas ele, com remorso de ter abandonado o irmão, resolveu não mais cantar.

 

 

 

                        Em 1934, porém, o produtor Diocleciano Maurício levou-o de volta ao rádio, para trabalhar no Programa das Donas de Casa, idealizado e dirigido por Napoleão Tavares, na Rádio Mayrink Veiga. Foi aí que começou a desenvolver seu próprio estilo, elaborado a partir do gênero de Luís Barbosa, cantando sempre com uma caixa de fósforos na mão, a marcar o ritmo.

 

                        Sua primeira gravação aconteceu na Odeon, com o samba Perdoa, de Kid Pepe e Jaime Barcelos, e a marchinha Vê Se Desguia, de Kid Pepe, Germano Augusto e Fadel, em 1935, para o Carnaval de 1936.

 

                        Nesse mesmo ano, passou para o horário noturno da Rádio Mayrink Veiga, atuando ao lado de outros cantores de sucesso, como Chico Alves, Carmen Miranda e Mário Reis.

 

                        Participando de programas em todas as emissoras cariocas, lançou, em 1937, no Programa Piccolino, de Barbosa Júnior, seu primeiro grande sucesso, Se Acaso Você Chegasse, samba de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins, que gravou pela RCA Victor, em 1938.

 

                        A partir de então, Formigão – apelido que ganhou do compositor Frazão – começou também a compor, geralmente em parceria com Dias Cruz. Em 1939, formou com o cantor Dilermando Pinheiro a Dupla Onze, que passou a atuar na Rádio Mayrink Veiga.

 

                        Gravou, em 1940, Oh, Seu Oscar, samba de Ataulfo Alves e Wilson Batista, e, até o final da década, destacou-se, a cada ano, com pelo menos um samba de sucesso pela Victor.

 

                        Vejamos alguns deles: Beijo na Boca, de Ciro de Souza e Augusto Garcez, e Os Quindins de Iaiá, de Ari Barroso, em 1941; O Bonde São Januário, de Ataulfo Alves e Wilson Batista, vencedor do Carnaval, Você É o Meu Xodó, de Ataulfo Alves Wilson Batista, afirmando-se como grande intérprete, e Botões de Laranjeira, de Pedro Caetano, em 1942; Beija-me, de Roberto Martins e Mário Rossi, em 1943; Falsas Baiana, de Geraldo Pereira, compositor a quem muito ajudou, em 1944. Boogie-woogie na Favela, de Denis Brean, abafando de norte a sul, em 1945; Deus Me Perdoe, de Humberto Teixeira e Lauro Maia, O que se Leva Dessa Vida, de Pedro Caetano, e Santo Antônio Amigo, de Pereira Matos, Neneco e A. Gomes, três registros consagrados pelo povo em 1946. Pisei Num Despacho, de Geraldo Pereira e Elpídio Viana, em 1947; e Sereia de Copacabana, marchinha de A. F. Marques e Antônio Borges, em 1948.

 

                        Ciro Monteiro foi casado com a cantora Odete Amaral, outro grande nome da Música Popular Brasileira.

 

                        E 1940, começou ele a apresentar sintomas de distúrbios pulmonares, passando, então, a diminuir seus compromissos artísticos.

 

                        Em 1954, gravou, pela Todamérica, outro samba de sucesso, Escurinho, de Geraldo Pereira, e, dois anos mais tarde, estreou como ator na peça Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes, fazendo o papel de Apolo, pai de Orfeu.

 

                        A seguir, apresentou-se em boates paulistas, entre as quais a Cave, e, em 1958, fez, com Dias da Cruz, sua música de maior êxito como compositor, Madame Fulano de Tal, grande êxito gravado por Nélson Gonçalves.

 

                        Internou-se, em 1959, no Sanatório de Correias, sendo submetido a uma intervenção cirúrgica que o fez pensar em parar de cantar.  Mas, ao mostrar uma composição para Paulo Marques, na CBS, dois anos depois, foi convidado por Roberto Corte Real para gravar, surgindo, então, seu LP Sr. Samba, que o relançou. 

 

                        Nessa mesma época, voltou para a Rádio Mayrink Veiga e começou a participar de shows na televisão.

 

                        A seguir, gravou, pela CBS, o LP Sr. Samba, Volume 2, e passou a fazer parte do programa Bossaudade, apresentado, e 1965, na TV Record de São Paulo, por Elizeth Cardoso, do qual sairia um LP gravado ao vivo pela Copacabana, como acompanhamento do Regional de Caçulinha. Ainda em 1965, apresentou-se, em São Paulo, com Dilermando Pinheiro, no show montado por Sérgio Cabral, Telecoteco Opus nº 1, com muito sucesso, gravando um LP, pela Philips, com o mesmo nome – reeditado pela Fontana, nove anos depois –, no qual se destacaram músicas como Alô, João, de Baden Powell, Minha Palhoça, de J. Cascata. Emília, de Wilson Batista e Haroldo Lobo, Florisbela, de Nássara e Frazão, e Formosa, de Baden Powell e Vinicuis de Moraes, que ele havia lançado no programa O Fino da Bossa

 

                        Em 1968, lançou, com Nora Ney e Clementina de Jesus, o LP Mudando de Conversa, pela Odeon, gravação do show do mesmo nome, produzido por Hermínio Belo de Carvalho, realizado no Teatro Santa Rosa, do Rio de Janeiro. Com Jorge Veiga, gravou, em 1971, o LP De Leve, pela RCA Victor, em que cada um repassou o respectivo repertório, cantando em dupla ou sozinho.

 

                        A última vez em que registrou sua voz foi cantando com Vinícius de Moraes e Toquinho os sambas Que Martírio!, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, e Você Errou, de sua autoria, gravações lançadas em 1974, depois de sua morte, no LP Toquinho, Vinícius, e Amigos.

  

                        Ciro faleceu no Rio de Janeiro, com apenas 60 anos, como já dito.  Foi sepultado, com grande acompanhamento, no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, ao som do Hino do Flamengo, do qual era apaixonado torcedor, cantado por integrantes da Torcida Jovem e coberto com as bandeiras rubro-negra, de seu clube, e verde-e-rosa, da Estação Primeira de Mangueira.

 

                        O poeta e compositor Vinicius de Moraes o considerava "o maior cantor popular brasileiro de todos os tempos". Em 2009, a sessão Hoje na História, do Jornal do Brasil, publicou reportagem relembrando seu falecimento. Segundo a reportagem ele teria dito as seguintes palavras, em algum momento durante os 10 dias em que ficou internado: "Leve um recado pros meus amigos Vinícius de Moraes, Fernando Lobo e Reinaldo Dias Leme. Diga a eles que é pra não chorar, porque eu tenho um encontro marcado com Pixinguinha, Stanislaw Ponte Preta e Benedito Lacerda. Eu não bebo há dois anos, e agora vou tomar o maior pileque da minha vida". 

                        Ficou conhecido pelos admiradores como "O cantor das mil e umas fãs". 

                        Os discos aqui citados, encontram-se à disposição nos sites de busca, assim como coletâneas contendo remasterizações de sucessos que nos deixou, como esta: 

 

                        Ciro Monteiro legou-nos um repertório e 212 faixas, a maioria sambas de meio de ano. Para relembrar o trabalho desse inesquecível ícone da MPB, escolhi algumas de suas criações que gosto de cantar: 

                        Se Acaso Você Chegasse, samba de Lupicínio Rodrigues, e Felisberto Martins, seu primeiro sucesso:

  

                        Falsa Baiana, samba de Geraldo Pereira, merecedor de regravações por vários intérpretes:

  

                        Santo Antônio Amigo, samba de Pereira Matos, Neneco e A. Gomes, que tem muito a ver com Balsas, minha terra Natal, cujo padroeiro é Santo Antônio: e

 

                        Deus Me Perdoe, onde os cearenses Humberto Teixeira e Lauro Maia se juntaram para fazer uma obra-prima do samba brasileiro:

  

                        Você É o Meu Xodó, samba de Ataulfo Alves e Wilson Batista, onde ele mostra um gingado muito especial:

 

 

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Samba e Sambistas sábado, 22 de outubro de 2016

ROBERTO SILVA, O PRÍNCIPE DO SAMBA

ROBERTO SILVA, O PRÍNCIPE DO SAMBA

Raimundo Floriano

 

Roberto Silva 

                        Na Música Popular Brasileira, sou monarquista por demais. Porém não aceito qualquer tipo de Monarca. Para mim, até agora, e para sempre, só reconheço três Reis: Chico Alves, o Rei da Voz, Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, e Jackson do Pandeiro, o Rei do Ritmo. Porém, no que tange ao restante da Corte, há respeitadíssimo número de príncipes, de um dos quais passo agora a falar.

 

                        Roberto Napoleão Silva, cantor, nasceu no Morro do Cantagalo, Copacabana, no Rio de Janeiro, no dia 9.4.1920, cidade onde veio a falecer, no dia 9.9.2012, aos 92 anos de idade. Era filho do chapeleiro italiano Gilisberto Napoleão com a carioca Belarmina Adolfo.

 

                        Para mim, foi o intérprete que com mais elegância se apresentou nos palcos brasileiros, quer no Teatro ou na TV, só encontrando rival nesse item com Ataulfo Alves, outro ícone sagrado da MPB, que também primava no garbo e na galhardia onde quer que estivesse.

 

                        Aos seis anos de idade o pai mudou-se com a família para o subúrbio de Inhaúma. Ainda menino, a mãe o presenteou com uma flauta, que logo foi trocada por um violão. Mas, como gostava de cantar, não aprofundou estudos em qualquer dos instrumentos. Frequentava as festinhas da vizinhança, cantando músicas de Pixinguinha, Benedito Lacerda e, principalmente, dos cantores da época, como Sílvio Caldas, Orlando Silva, de quem teria muita influência no estilo de cantar, e Francisco Alves.  Aos 12 anos, começou a trabalhar numa marmoraria, na Rua do Matoso. Depois, aprendeu e exerceu outras profissões, como lustrador de móveis e mecânico. Em 1936, foi trabalhar no Departamento de Correios e Telégrafos.

 

                        Iniciou sua carreira artística no Programa Canta, Moçada, na Rádio Guanabara, em 1938. Dois anos depois, fez um teste na Rádio Mauá, passando a atuar no Programa Trabalhadores Cantando.

 

                        Em 1945, gravou, pela Continental, seu primeiro disco, com os sambas Ele É Esquisito, de L. Guilherme, Walter Teixeira e R. Lucas, e O Errado Sou Eu, de Erasmo Andrade e Djalma Mafra. No mesmo ano, Evaldo Ruy e Haroldo Barbosa levaram-no para a Rádio Nacional, onde permaneceu um ano e meio quando foi, então, convidado por Paulo Gracindo a integrar o elenco da Rádio Tupi.

 

                        Ele e Ciro Monteiro foram os grandes sucessores do estilo de cantar samba sincopado, com rica divisão rítmica, lançado por Luís Barbosa e Vassourinha. Consagrado popularmente, passou para a gravadora Star, onde lançou seu primeiro sucesso em disco, o samba Mandei Fazer Um Patuá, de Raimundo Olavo e Gilberto Martins.

 

                        Em 1949, participou do filme Eu Quero É Movimento, direção de Luís Barros, passando, depois, a excursionar pelo país, interpretando grandes sucessos, com Maria Teresa, de Altamiro Carrilho, Juraci Me Deixou, de Raimundo Olavo e Oldemar Magalhães, Normélia, de Raimundo Olavo e Norberto Martins, e O Baile Começa às Nove, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira. Por essa época, fazia-se acompanhar ao violão.

 

 

                        Em 1958, gravou o primeiro LP da Série Descendo o Morro, pela Copacabana, acompanhado por Altamiro Carrilho, na flauta, Raul de Barros, no trombone, Dino e Meira, nos violões, Canhoto, no cavaquinho, e Jorge, Gilson, Décio e Rubens na percussão. A série continuou até o Volume 4.

 

 

                        Também, pela Copacabana, foram lançados os LPs O Samba é Roberto Silva, Volumes 1 e 2, Eu, o Luar e s Serenata, Volumes 1 e 2, O Príncipe do Samba, e Saudade em Forma de Samba.

 

 

                        Destacam-se nesses discos sucessos como Lembras-te daquela Zinha?, de Geraldo Pereira e Augusto Garcez, Crioulo Sambista, de Nélson Trigueiro e Sinval Silva, Domine Sua Paixão, de João Bastos Filho e Djalma Mafra, Escurinho, de Geraldo Pereira, Chora, Cavaquinho, de Dunga, Emília, de Wilson Batista e Haroldo Lobo, Diz a Verdade Todinha, de Roberto Faissal, Boneca, de Benedito Lacerda e Aldo Cabral, e muito outros. Seu repertório contabiliza 192 títulos.

 

                        Roberto Silva faleceu no Hospital Salgado Filho, no Méier, vítima de um AVC. Conhecido como O Príncipe do Samba, as primeiras homenagens públicas que lhe foram prestadas vieram do Instituto Cultural Cravo Albin, na Rádio Roquete Pinto, e do Instituto Moreira Salles.

 

                        Em 1985, a FENABB – Federação Nacional de Associações Atléticas Banco do Brasil lançou um projeto que ficará para sempre na memória dos amantes da MPB. Trata-se de Velhos Sambas, Velhos Bambas, Volume 1, com 3 elepês, e Volume 2, este em 1989, com dois. Além de resgatar alguns intérpretes tradicionais, trouxe-nos, com grande orquestra e arranjos modernos, a fina flor do que ainda restava da Velha Guarda de nosso cancioneiro sambista: Gilberto Milfont, Ademilde Fonseca, Violeta Cavalcanti, Roberto Paiva, Zezé Gonzaga, Adoniran Barbosa, Adeilton Alves, Luiz Cláudio, Núbia Lafayette, e, como não poderia faltar, Roberto Silva.

 

 

                        E é com essa nova roupagem que escolhi alguns números para mostrar um pouco do talento e da voz do Príncipe do Samba:

 

                        Divina Dama, samba de Cartola, que já recebeu diversas regravações:

 

                        Cansei, samba de Sinhô, outro clássico da MPB sempre regravado.

 

                        Você Não Tem Palavra, samba de Ataulfo Alves, e Newton Teixeira, uma das boas lembranças de minha infância:

 

                        Amar a Uma Só Mulher, samba de Sinhô, um dos clássicos da MPB: e

 

                        Na Virada da Montanha, samba de Ary Barroso e Lamartine Babo, que, a meu ver, tem em Roberto Silva seu melhor intérprete: 

 

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Samba e Sambistas quinta, 20 de outubro de 2016

CLEMENTINA DE JESUS

CLEMENTINA DE JESUS

Raimundo Floriano

 

Clementina de Jesus

 

                        Clementina de Jesus da Silva, cantora, nasceu em Valença (RJ), no dia 7.2.1901, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), no dia 19.7.1987, com 86 anos de idade.

 

                         Filha de um violeiro e de uma capoeirista, desde criança ouvia os cantos de trabalho, jongos, benditos, ladainhas e partidos altos cantados pela mãe.

 

                        Mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, passando a adolescência no Bairro de Osvaldo Cruz. Aos 12 anos, desfilava no Bloco Moreninhas das Campinas. Três anos depois, já cantava no Coro de uma das muitas igrejas de seu bairro. Por essa época, participava das rodas de samba na casa de Dona Maria Nenê. Mais tarde, passou a frequentar o Grêmio Recreativo e Escola de Samba Portela

 

                        Em 1940, casou-se com Albino Pé Grande e foi morar no morro da Mangueira. Durante 20 anos, trabalhou como empregada doméstica, cantando só para os amigos, sendo descoberta, aos 63, por Hermínio Bello de Carvalho.

 

                        Sua primeira aparição como cantora profissional se deu em 1964, quando, a convite de Hermínio, participou do show O Menestrel, com Turíbio Santos. Em 1965, integrou o Musical Rosa de Ouro, apresentado no Teatro Jovem do Rio de Janeiro e dirigido por Hermínio Bello de Carvalho e Kleber Santos, ao lado da veterana Aracy Cortes e do Conjunto Rosa de Ouro, que tinha como integrantes, entre outros, Paulinho da Viola, Elton Medeiros e Nelson Sargento. Dele, forram editados dois LPs, o Rosa de Ouro 1, em 1965, e Rosa de Ouro 2, em 1967.

 

 

                        O show seguiu em turnê pela Bahia e teatros São Paulo. Em 1966, Clementina viajou para Dacar e Senegal, representando o Brasil no Festival de Arte Negra, acompanhada de Elizeth Cardoso, Elton Medeiros e Paulinho da Viola. É também de 1966 seu primeiro disco solo, Clementina de Jesus, pela Odeon.

 

                        Nessa época, participou de Concertos na Aldeia de Arcozelo e, em dueto com Helcio Milito, apresentou, na Sala Cecília Meirelles, do Rio de Janeiro, a Missa de São Benedito, de autoria de José Maria Neves. Em 1967, prestou seu histórico depoimento para o MIS - Museu da Imagem e do Som, no qual foi entrevistada por Hermínio Bello de Carvalho e Ricardo Cravo Albin.

 

                        Em 1968, com João da Baiana e Pixinguinha, gravou o disco Gente da Antiga, lançado pela Odeon. Nesse mesmo ano, ao lado de Nora Ney e Cyro Monteiro, lançou o LP Mudando de Conversa, gravação do show homônimo, realizado no Teatro Santa Rosa, no Rio de Janeiro, com roteiro e direção de Hermínio Bello de Carvalho.

 

 

                        Ainda em 1968, lançou o LP Fala Mangueira, com Carlos Cachaça, Cartola, Nélson Cavaquinho e Odette Amaral. No ano de 1970, gravou seu segundo disco solo, Clementina Cadê Você, lançado pelo MIS, no ano de 1973, e, cinco meses depois de sofrer uma trombose que, conforme parecia, ameaçava encerrar sua carreira artística, lançou, pela Odeon, o LP Marinheiro Só, produção de Caetano Veloso.

 

 

                        Ainda em 1973, fez uma participação especial no LP Milagre dos Peixes, de Milton Nascimento, na faixa Escravo de Jô, de Milton e Fernando Brant. No ano de 1976, lançou o LP Clementina de Jesus - Convida Carlos Cachaça. Em 1977, participou, como convidada, de Clara Nunes, do LP As Forças da Natureza. Em 1979, gravou seu derradeiro disco, Clementina e Convidados, pela Emi-Odeon.

 

 

                         No ano de 1982, a Escola de Samba Lins Imperial se apresentou com enredo em sua homenagem: Clementina - Uma Rainha Negra. Em 1983, recebeu, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, grande homenagem. Ainda em 1983, participou do LP O Canto dos Escravos, com Doca e Geraldo Filme, interpretando cânticos dos escravos de Minas Gerais, lançado pela gravadora Eldorado.

 

                        Em 1985, recebeu do Governo Francês, através do Ministro da Cultura Jack Lang, a Comenda da Ordem das Artes e Letras, com a presença de Jorge Amado, Caetano Veloso e Milton Nascimento.

 

                        Seu último show foi no mês de maio no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, no ano de 1987, vindo a falecer em julho desse mesmo ano.

 

                        Em 2000, às vésperas da comemoração de seu Centenário, foi produzida, por Hermínio Bello de Carvalho e João Carlos Carino, uma caixa com nove CDs, reunindo quase toda sua obra gravada em LPs na Odeon, com exceção do disco produzido no MIS.

 

                        Também a gravadora EMI prestigiou-a com dois CDs, na Série Raízes do Samba, um com partes do show Rosas de Ouro, e outro individual, com grandes sucessos de sua carreira.

 

 

                        Clementina de Jesus ficou conhecida como a Rainha Ginga ou Rainha Quelé. A primeira homenagem, devido a sua importância e grandeza na música popular, divulgando as raízes africanas, e, a segunda, pela corruptela carinhosa de seu nome.

 

                        Todos os discos acima citados são facilmente encontráveis no mercado virtual especializado.

 

                        Sua discografia é extensa. Mencionarei aqui alguns de suas criações que ficaram para sempre em minha cabeça de amante da MPB e trombonista de carnaval: Nasceste de Uma Semente, de José Ramos; Saudosa Mangueira, de Herivelto Martins; Sei Lá, Mangueira, de Pulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho; Sabiá de Mangueira, de Frazão e Benedito Lacerda; Vai, Saudade, de Candeia e David da Portela; A Coruja Comeu Meu Curió, tradidional; A Mangueira Lá no Céu, de Maurício Tapajós e Hermínio Bello de Carvalho; Pergunte ao João, de Helena Silva e Milton Costa; Marinheiro Só, de Caetano Veloso; Tantas Você Fez, de Candeia; Olhos de Azeviche, de Jaguarão; Na Hora da Sede, de Braguinha e Luís Américo; Torresmo à Milanesa, de Adoniran Barbosa e Carlinhos Vergueiro; e Sonho Meu, de Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho.

 

Rainha Quelé

 

                        Dentro de meu agrado, escolhi estes cinco sambas como pequena amostra do trabalho desse grande ícone da Música Popular Brasileira:

 

                        Vai, Saudade, de Candeia e David da Portela:

 

 

                        Pergunte ao João, de Helena Silva e Milton Costa:

 

 

                        Marinheiro Só, de Caetano Veloso:

 

 

                        Sei Lá, Mangueira, de Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho:

 

 

                        Torresmo à Milanesa, de Adoniran Barbosa e Carlinhos Vergueiro, com participação de Adoniran:

 

                        E, a pedido do leitor Flávio Feronato, Incompatibilidade de Gênios, de João Bosco e Aldir Blanco.

 


Samba e Sambistas quarta, 19 de outubro de 2016

SAMBA, A IDENTIDADE NACIONAL BRASILEIRA

SAMBA, A IDENTIDADE NACIONAL BRASILEIRA

Raimundo Floriano

 

 

                        O samba é gênero musical derivado de um tipo de dança de raízes africanas, surgido no Brasil e considerado uma das principais manifestações culturais populares brasileiras. Dentre suas características originais, possuía dança acompanhada por pequenas frases melódicas e refrãos de criação anônima, com alicerces do samba de roda nascido no Recôncavo Baiano

 

                        Apesar de resultante das estruturas musicais europeias e africanas, foi com os símbolos da cultura negra brasileira que o samba se alastrou pelo território nacional. Embora houvesse variadas formas de samba no Brasil – não apenas na Bahia, como também no Maranhão, em Minas Gerais, em Pernambuco e em São Paulo–, sob a forma de diversos ritmos e danças populares regionais que se originaram do batuque, o samba, como gênero musical, é entendido como expressão musical urbana surgida no início do século XX na cidade do Rio de Janeiro, nas casas das chamadas "tias baianas" — migrantes da Bahia —, quando o samba de roda, entrando em contato com outros gêneros musicais populares entre os cariocas, como a polca, o maxixe, o lundu e o xote, fez nascer um gênero de caráter totalmente singular.

 

                        Um marco dentro da história moderna e urbana do samba ocorreu a 27 e novembro de 1916, no próprio Rio de Janeiro, com o registro em disco, pelo cantor Bahiano, de Pelo Telefone, de Ernesto dos Santos, o Donga, e Mauro de Almeida, considerado o primeiro samba a ser gravado no Brasil, segundo os anais da Biblioteca Nacional. O sucesso alcançado pela canção contribuiu para a divulgação e popularização do samba como gênero musical.

 

Donga, Mauro de Almeida e Bahiano

 

                        Vamos ouvi-lo, na gravação original:

 

 

                        Neste ano de 2016, estamos comemorando, portanto, oficialmente, o Centenário do Samba. Ainda que já existisse desde tempos imemoriais, a palavra samba, no selo desse disco, marcou seu registro de nascimento. Na verdade, pelo andamento da gravação, parece-se mais com um maxixe, mas deixemos isso pra lá.

 

                        A partir de então, esse estilo de samba urbano surgido no Rio começou a ser propagado pelo país e, no ano de 1930, foi alçado da condição "local" à de símbolo da identidade nacional brasileira.

 

                        Inicialmente, o samba foi associado ao carnaval e, posteriormente, adquirindo um lugar próprio no mercado musical. Surgiram muitos compositores, como Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Pixinguinha, Donga e Sinhô, mas seus sambas eram amaxixados, conhecidos como sambas-maxixe. Os contornos modernos desse samba urbano carioca viriam somente no final da Década de 1920, a partir de inovações em duas frentes: com um grupo de compositores dos blocos carnavalescos dos bairros do Estácio de Sá e Osvaldo Cruz e com compositores dos morros da cidade, como em Mangueira, Salgueiro e São Carlos.

 

Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Pixinguinha e Sinhô

 

                        Não por acaso, identifica-se esse formato de samba como genuíno ou de raiz. À medida em que o samba no Rio de Janeiro se consolidava como uma expressão musical urbana e moderna, ele passou a ser tocado em larga escala nas rádios, espalhando-se pelos morros cariocas e bairros da Zona Sul do Rio de Janeiro. Inicialmente criminalizado e visto com preconceito, por suas origens negras, o samba conquistaria o público de classe média também.

 

                        O samba moderno urbano surgido a partir do início do século XX, no Rio de Janeiro, tem ritmo basicamente 2/4 e andamento variado, com aproveitamento consciente das possibilidades dos estribilhos cantados ao som de palmas e ritmo batucado, e aos quais seriam acrescentados uma ou mais partes, ou estâncias, de versos declamatórios.

 

                        Tradicionalmente, esse samba é tocado por instrumentos de corda – cavaquinho e diversos tipos de violão – e variados instrumentos de percussão, como o pandeiro, o surdo e o tamborim. Com o passar dos anos, outros instrumentos foram sendo assimilados, e se criaram novas vertentes oriundas dessa base urbana carioca do samba, que ganharam denominações próprias. Nesse pequeno apanhado, quero mostrar-lhes as categorias do samba mais conhecidas pelos brasileiros.

 

                        Sambão - Som pesado, bateria competente, este gênero é o mais apropriado para os dançarinos exibirem seus talentos individuais, o chamado samba no pé. Como exemplo, Sem Perdão, de Jorge Aragão, Nilton Barros e Sereno, Gravação de Alcione, em1982:

 

 

                        Samba Carnavalesco - Também dançante, outrora cantado nos clubes e nos blocos de sujos pelos foliões, geralmente é esquecido no Carnaval seguinte, não sendo o caso deste, Pra Seu Governo, de Haroldo Lobo e Milton Oliveira, que ficou para sempre, na voz de Gilberto Milfont, lançado em 1951:

 

 

                        Samba de Meio de Ano - Abrange também o pagode. Para ser cantado, muito apreciado nos tempos em que ainda se dançava agarradinho. Como amostra, aí vai Última Chance, de Roberto Martins e Mário Rossi, na voz de Gilberto Alves, lançado em 1946:

 

 

                        Samba-enredo - Conta musicalmente o tema imaginado pelo Carnavalesco para o desfile da Escola de Samba, como este Festa Para Um Rei Negro, ou Pega no Ganzê, de Zuzuca, enredo do Salgueiro, na voz de Jair Rodrigues, lançado em 1971:

 

 

               Samba-canção - Neste gênero, a ênfase musical recai sobre a melodia, geralmente romântica e sentimental, contribuindo para amolecer o ritmo, como em A Volta do Boêmio, de Adelino Moreira, na voz de Nelson Gonçalves, lançado em1956:

 

                Samba de Breque - Acentuadamente sincopada, com paradas súbitas chamadas breque, do Inglês break, nome popularizado no Brasil para freios de automóvel, dando tempo ao cantor para encaixar comentários, como em Baile da Piedade, de Raul Marques e Jorge Veiga, que o interpreta, gravação de 1947:

 

                        Samba-exaltação: Gênero de melodia extensa e letra de tema patriótico, cuja ênfase musical recai sobre o arranjo orquestral, que busca um caráter de grandiosidade, como em Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, lançado em 1939, aqui na interpretação de Gilberto Milfont e Núbia Lafayette:

 

 

                        Samba Nordestino - Geralmente trazendo como tema amores desfeitos, relações mal resolvidas, a chamada dor de corno, muito bem representado em Pra Não Morrer de Tristeza, de João Silva e K-Boclinho, composição de 1989, aqui na voz de Ney Matogrosso:

 

 

                        Partido Alto - No partido alto, correspondente à expressão alto gabarito, exibe-se a capacidade de improvisação do intérprete, depois do refrão fixo, como em Saudades da República, de Artúlio Reis, aqui apresentado por Luiz Ayrão, gravação de 1974:

 

 

                        Outras denominações como samba de gafeira, samba-choro, samba de quadra, samba de terreiro, samba de latada, samba-batido, samba-chulado, samba-corrido, samba-de-chave, samba-de-lenço, sambalada, sambalanço, etc., nada mais são que variações dos acima apresentados.

 


Samba e Sambistas quarta, 19 de outubro de 2016

SAMBA, A IDENTIDADE NACIONAL BRASILEIRA

SAMBA, A IDENTIDADE NACIONAL BRASILEIRA

Raimundo Floriano

 

 

                        O samba é gênero musical derivado de um tipo de dança de raízes africanas, surgido no Brasil e considerado uma das principais manifestações culturais populares brasileiras. Dentre suas características originais, possuía dança acompanhada por pequenas frases melódicas e refrãos de criação anônima, com alicerces do samba de roda nascido no Recôncavo Baiano

 

                        Apesar de resultante das estruturas musicais europeias e africanas, foi com os símbolos da cultura negra brasileira que o samba se alastrou pelo território nacional. Embora houvesse variadas formas de samba no Brasil – não apenas na Bahia, como também no Maranhão, em Minas Gerais, em Pernambuco e em São Paulo–, sob a forma de diversos ritmos e danças populares regionais que se originaram do batuque, o samba, como gênero musical, é entendido como expressão musical urbana surgida no início do século XX na cidade do Rio de Janeiro, nas casas das chamadas "tias baianas" — migrantes da Bahia —, quando o samba de roda, entrando em contato com outros gêneros musicais populares entre os cariocas, como a polca, o maxixe, o lundu e o xote, fez nascer um gênero de caráter totalmente singular.

 

                        Um marco dentro da história moderna e urbana do samba ocorreu a 27 e novembro de 1916, no próprio Rio de Janeiro, com o registro em disco, pelo cantor Bahiano, de Pelo Telefone, de Ernesto dos Santos, o Donga, e Mauro de Almeida, considerado o primeiro samba a ser gravado no Brasil, segundo os anais da Biblioteca Nacional. O sucesso alcançado pela canção contribuiu para a divulgação e popularização do samba como gênero musical.

 

Donga, Mauro de Almeida e Bahiano

 

                        Vamos ouvi-lo, na gravação original:

 

 

                        Neste ano de 2016, estamos comemorando, portanto, oficialmente, o Centenário do Samba. Ainda que já existisse desde tempos imemoriais, a palavra samba, no selo desse disco, marcou seu registro de nascimento. Na verdade, pelo andamento da gravação, parece-se mais com um maxixe, mas deixemos isso pra lá.

 

                        A partir de então, esse estilo de samba urbano surgido no Rio começou a ser propagado pelo país e, no ano de 1930, foi alçado da condição "local" à de símbolo da identidade nacional brasileira.

 

                        Inicialmente, o samba foi associado ao carnaval e, posteriormente, adquirindo um lugar próprio no mercado musical. Surgiram muitos compositores, como Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Pixinguinha, Donga e Sinhô, mas seus sambas eram amaxixados, conhecidos como sambas-maxixe. Os contornos modernos desse samba urbano carioca viriam somente no final da Década de 1920, a partir de inovações em duas frentes: com um grupo de compositores dos blocos carnavalescos dos bairros do Estácio de Sá e Osvaldo Cruz e com compositores dos morros da cidade, como em Mangueira, Salgueiro e São Carlos.

 

Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Pixinguinha e Sinhô

 

                        Não por acaso, identifica-se esse formato de samba como genuíno ou de raiz. À medida em que o samba no Rio de Janeiro se consolidava como uma expressão musical urbana e moderna, ele passou a ser tocado em larga escala nas rádios, espalhando-se pelos morros cariocas e bairros da Zona Sul do Rio de Janeiro. Inicialmente criminalizado e visto com preconceito, por suas origens negras, o samba conquistaria o público de classe média também.

 

                        O samba moderno urbano surgido a partir do início do século XX, no Rio de Janeiro, tem ritmo basicamente 2/4 e andamento variado, com aproveitamento consciente das possibilidades dos estribilhos cantados ao som de palmas e ritmo batucado, e aos quais seriam acrescentados uma ou mais partes, ou estâncias, de versos declamatórios.

 

                        Tradicionalmente, esse samba é tocado por instrumentos de corda – cavaquinho e diversos tipos de violão – e variados instrumentos de percussão, como o pandeiro, o surdo e o tamborim. Com o passar dos anos, outros instrumentos foram sendo assimilados, e se criaram novas vertentes oriundas dessa base urbana carioca do samba, que ganharam denominações próprias. Nesse pequeno apanhado, quero mostrar-lhes as categorias do samba mais conhecidas pelos brasileiros.

 

                        Sambão - Som pesado, bateria competente, este gênero é o mais apropriado para os dançarinos exibirem seus talentos individuais, o chamado samba no pé. Como exemplo, Sem Perdão, de Jorge Aragão, Nilton Barros e Sereno, Gravação de Alcione, em1982:

 

 

                        Samba Carnavalesco - Também dançante, outrora cantado nos clubes e nos blocos de sujos pelos foliões, geralmente é esquecido no Carnaval seguinte, não sendo o caso deste, Pra Seu Governo, de Haroldo Lobo e Milton Oliveira, que ficou para sempre, na voz de Gilberto Milfont, lançado em 1951:

 

 

                        Samba de Meio de Ano - Abrange também o pagode. Para ser cantado, muito apreciado nos tempos em que ainda se dançava agarradinho. Como amostra, aí vai Última Chance, de Roberto Martins e Mário Rossi, na voz de Gilberto Alves, lançado em 1946:

 

 

                        Samba-enredo - Conta musicalmente o tema imaginado pelo Carnavalesco para o desfile da Escola de Samba, como este Festa Para Um Rei Negro, ou Pega no Ganzê, de Zuzuca, enredo do Salgueiro, na voz de Jair Rodrigues, lançado em 1971:

 

 

                        Samba-canção - Neste gênero, a ênfase musical recai sobre a melodia, geralmente romântica e sentimental, contribuindo para amolecer o ritmo, como em A Volta do Boêmio, de Adelino Moreira, na voz de Nelson Gonçalves, lançado em1956:

 

                        Samba de Breque - Acentuadamente sincopada, com paradas súbitas chamadas breque, do Inglês break, nome popularizado no Brasil para freios de automóvel, dando tempo ao cantor para encaixar comentários, como em Baile da Piedade, de Raul Marques e Jorge Veiga, que o interpreta, gravação de 1947:

 

                        Samba-exaltação: Gênero de melodia extensa e letra de tema patriótico, cuja ênfase musical recai sobre o arranjo orquestral, que busca um caráter de grandiosidade, como em Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, lançado em 1939, aqui na interpretação de Gilberto Milfont e Núbia Lafayette:

 

 

                        Samba Nordestino - Geralmente trazendo como tema amores desfeitos, relações mal resolvidas, a chamada dor de corno, muito bem representado em Pra Não Morrer de Tristeza, de João Silva e K-Boclinho, composição de 1989, aqui na voz de Ney Matogrosso:

 

 

                        Partido Alto - No partido alto, correspondente à expressão alto gabarito, exibe-se a capacidade de improvisação do intérprete, depois do refrão fixo, como em Saudades da República, de Artúlio Reis, aqui apresentado por Luiz Ayrão, gravação de 1974:

 

 

                        Outras denominações como samba de gafeira, samba-choro, samba de quadra, samba de terreiro, samba de latada, samba-batido, samba-chulado, samba-corrido, samba-de-chave, samba-de-lenço, sambalada, sambalanço, etc., nada mais são que variações dos acima apresentados.


Samba e Sambistas quarta, 19 de outubro de 2016

JORGE VEIGA, O CARICATURISTA DO SAMBA

JORGE VEIGA, O CARICATURISTA DO SAMBA

Raimundo Floriano

 Almanaque Raimundo Floriano

Jorge Veiga

 

                        Jorge de Oliveira Veiga, cantor e compositor, nasceu em Engenho de Dentro, Bairro do subúrbio do Rio de Janeiro (RJ), no dia 14.4.1910, cidade onde veio a falecer, no dia 29.6.79, aos 69 anos de idade.

 

                        Teve infância de menino pobre, trabalhando como engraxate, vendedor de frutas e pirulitos e biscateiro. Quando adulto, trabalhou como pintor de paredes e, ao cantar durante o serviço, o proprietário da casa comercial que estava pintando percebeu que ele tinha qualidades de cantor e conseguiu que ele cantasse num Programa da Rádio Educadora do Brasil, PRB-7, oportunidade que deu início a sua carreira artística.

 

                        Levado ao Programa Metrópolis, estreou, em 1934, cantando no estilo de Silvio Caldas, um dos intérpretes de maior prestigio na época. Por influência do compositor Heitor Catumbi, e, depois, do violonista Gregório Guimarães, resolveu mudar de estilo.

 

                        Integrante do elenco da Rádio Tupi, a partir de 1942, o cantor firmou-se, sobretudo, como intérprete de sambas malandros e anedóticos e também de sambas de breque, cacacterística de seu repertório, merecendo de Paulo Gracindo, em cujo Programa atuava, o título de Caricaturista do Samba.

 

 Almanaque Raimundo Floriano

                        Estreou no disco com a gravação do samba Iracema, de Raul Marques e Otolindo Lopes, grande sucesso no Carnaval de 1944. Nos anos seguintes, alcançou novos êxitos, interpretando os sambas Rosalina e Cabo Laurindo, ambos de Haroldo Lobo e Wilson Batista, e Na Minha Casa Mando Eu, samba de Ciro de Souza, em 1945; Vou Sambar em Madureira, samba de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, e Pode Ser Que Não Seja, samba de Antônio Almeida e João de Barro, em 1946.

 

                        No Carnaval de 1947, sua interpretação da marchinha Eu Quero É Rosetar, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, alcançou estrondoso sucesso.

 

                        Na Rádio Tupi e, depois, na Rádio Nacional, ficou famoso pelo bordão criado pelo ator, radialista e compositor Floriano Faissal, com o qual iniciava seus programas:

 

“Alô, alô, senhores aviadores que cruzam os céus do Brasil, aqui fala Jorge Veiga, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Estações do Interior, queiram dar os seus prefixos para guia de nossas aeronaves".

 

                        Como compositor, lançou, em 1955, em parceria com Zé Violão, o samba Aviadores do Brasil, entre outros.

 

                        Durante a Década de 1950, obteve seus maiores sucessos com os sambas Sou Flamengo, de Pedro Caetano e Carlos Renato, Estatutos da Gafieira, de Billy Blanco, lançado em 1954, e Café Soçaite, de Miguel Gustavo, em 1955. O grande sucesso desse samba gerou um LP apenas com músicas de Miguel Gustavo, todas de sátiras ao “Café Soçaite” da época. Em decorrência, Jorge Veiga resolveu adotar, com magnífica aceitação, no Rádio e na Televisão, a imagem do malandro grã-fino, apresentando-se sempre de smoking.

 Almanaque Raimundo Floriano

 

                        Ainda em 1955, lançou o Hino da Torcida do Flamengo, de Getúlio Macedo e Lourival Faissal. Em 1956, gravou os sambas Solução, de Raul Sampaio e Ivo Santos, Fora da Jogada, seu, em parceria com Haroldo Lobo, e, em dueto com Carmen Costa, Obsessão, de Mirabeau e Milton de Oliveira. Em 1957, gravou, de sua autoria, em parceria com Zé Violão, o samba Em Boi Morto Até Eu Bato, a marchinha Marcha da Feira, de Paquito, Romeu Gentil e Rubens Machado, e os sambas Palhaço, Fernando Lobo e Ari Cordovil e Samba de Itaguaí, seu, em parceria com Raul Marques.

 

                        Em 1958, lançou, para o Carnaval, a marchinha Vamos Pra Brasília, de Átila Bezerra, Sebastião Gomes e Valdir Ribeiro, e o samba Falador Passa Mal, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira. No mesmo ano, gravou mais uma música alusiva ao futebol, o samba Torcida Organizada, de Gordurinha e Francisco Soares.

 

                        Anda em 1957, lançou, também no mesmo ano, o LP O Caricaturista do Samba, incluindo os sambas Recado Que a Maria Mandou, de Haroldo Lobo e Wilson Batista, Rei do Samba, de Arino Nunes e Miguel Lima, Faustina, de Gadé e Sambista no Céu, de sua autoria.

 

                        Em 1959, conheceu novo grande sucesso com a regravação do samba Acertei no Milhar, de Wilson Batista e Geraldo Pereira, que virou um marco na sua carreira. Também no mesmo ano, fez sucesso com o samba Orora Analfabeta, de Gordurinha e Nascimento Gomes.

 

                        Em 1960, lançou os sambas Assunto do Dia, de Zé Violão e Água no Leite, de Ciro Monteiro e Nascimento Gomes, e a marchinha Brigitte Bardot, de Miguel Gustavo, alusiva à famosa atriz francesa em pleno sucesso na época e que, no Brasil, passou uma temporada morando em Búzios, praia do norte fluminense.

 

                        Em 1961, fez sucesso com o samba Obrigado Doutor, de sua autoria e Gabilan. No mesmo ano, transferiu-se para a RCA Victor e lançou os sambas O Pugilista da Fama, de Claudionor Martins e Moreira da Silva, e Imaginação de Pobre, de Claudionor Martins e Nelson Maia. Nesse ano, lançou o LP A Volta do Sambista - Obrigado, Dr.!, que apresentava, entre outros, os sambas Aluga-se Uma Casa, samba de Sebastião Gomes e René Bittencourt, Dinorah, de Heitor Catumbi e Benedito Lacerda, e Aguenta o Velho Galho, de Heitor Catumbi.

 

                        Em 1962, fez sucesso com a marchinha Garota de Saint-Tropez, de João de Barro e Jota Jr., e gravou, também, os sambas Carta à Brigitte Bardot, de Miguel Gustavo, em outra alusão à atriz francesa, Caixa Alta em Paris e O Marido da Vedete, os dois de Gordurinha, e Na Cadência do Samba, de Ataulfo Alves e Paulo Gesta.

 

                        Em 1964, fez grande sucesso no Carnaval com o samba-coco Bigorrilho, de Paquito, Romeu Gentil e Sebastião Gomes, que se tornou depois obrigatório em seus shows. Em 1971, gravou, com Ciro Monteiro, o LP De Leve, pelo selo RCA, interpretando, entre outros sucessos, os sambas Pra Seu Governo, de Haroldo Lobo e M. de Oliveira, Falso Amor, de J. B. de Carvalho, Não Tenho Lágrimas, de M. Bulhões e M. de Oliveira, e Café Soçaite.

 

 

                        Em 1972, gravou o lundu Isto é Bom, de Xisto Bahia, e o samba Vou Te Abandonar, de Heitor dos Prazeres, especialmente para o Fascículo Donga e os Primitivos, da série Nova História da Música Popular Brasileira, da Abril Cultural.

 

                        Em 1974, gravou, com Roberto Paiva, o LP Noel Rosa x Wilson Batista, dentro da Série Temas e Figuras da MPB, retratando a famosa polêmica entre os dois compositores. Em 1975, saiu, pela Copacabana, o LP O Melhor de Jorge Veiga. Em 1978, a convite do produtor Ricardo Cravo Albin, foi um dos astros, ao lado de Clementina de Jesus, Cauby Peixoto, Fafá de Belém e Marlene, do LP O Dinheiro na Música Popular Brasileira, produzido pelo Banco do Brasil, como brinde de Natal, com larga distribuição em todo o país.

 

                        Em 1979, ano de seu falecimento, a CBS lançou o LP O Eterno Jorge Veiga, com um apanhado de seus sucessos, incluindo sambas de sua autoria, como Boi Com Abóbora, parceria com Marinho da Muda, Festival de Bolachadas, parceria com Gordurinha, e Casa Que Tem Cachorro, parceria com Newton Teixeira. 

 

 

 

                       

 

                        Não há rapaz de minha época que não imitou Jorge Veiga, que não cantou como ele, que não quis ser ele. Eu, por exemplo, até hoje seu fã de carteirinha, possuindo 284 de seus sucessos em meu acervo. Em minha juventude, eu sabia cantar até alguns de seus comerciais, como este:

 

Eu sou Jorge Veiga

Cantor de samba de breque

Eu faço a barba é com Gillette Tech

Com esse novo aparelho de fazer a barba

Eu me barbeio num instante

Sou um tipo elegante

Guarde este nome de cor:

Gillette Tech!

Taratatá, taratatá!

 

                        Sua discografia é extensa e facilmente encontrável nos sites especializados, bem como 301 títulos remasterizadas de bolachões 78 RMP.

 

                        Como amostra de seu trabalho, aí vão estas cinco faixas:

 

                        Cala a Boca, Etelvina, samba de Antônio Almeida e Wilson Batista;

 

 

                        Baile da Piedade, samba de breque de Jorge Veiga e Raul Marques;

 

 

                        Bigorrilho, samba-coco de Paquito, Romeu Gentil e Sebastião Gomes;

 

 

                        Garota de Copacabana, samba de breque de Zé da Zilda;

 

 

                        Café Soçaite, samba de Miguel Gustavo:

                       

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