Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 30 de abril de 2018

JÚNIOR E SÊNIOR – ACENTO E PLURAL

 

Júnior e sênior — acento e plural

 Sênior joga no time de júnior. Um e outro fazem o plural do mesmo jeitinho (seniores e juniores). A sílaba tônica também cai no mesmo lugar. Paroxítonos, a fortona se desloca para o o — se-ni-o-res e ju-ni-o-res.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 30 de abril de 2018

JUNTAMENTE COM – BASTA COM

 

Juntamente com — basta com

O desnecessário sobra. Basta comO diretor, com (não: juntamente com) os professores e coordenadores, participou da solenidade de entrega dos prêmios.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 30 de abril de 2018

JUNTO A? NÃOOOOOOOOO!

 

Junto a? Nãoooooooo!

Eta vício danado! É comum ver a locução junto a empregada inadequadamente. Deixe a preguiça pra lá e busque a preposição adequada ao contexto: Intermediou empréstimos junto ao Banco do Brasil? Não. Intermediou empréstimos no Banco do Brasil.  Comprou o passe dos jogadores junto ao Barcelona? Nem pensar. Comprou o passe dos  jogadores do Barcelona. Manteve entendimentos junto ao BID? Claro que não. Manteve entendimentos com o BID.

Junto a tem emprego muito restrito. Equivale a adido a (embaixador do Brasil junto ao Vaticano). Fora esse caso, deve-se procurar a preposição correta. Sem corpo mole.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 29 de abril de 2018

ARTIGO –TODOS OU ALGUNS

 

Artigo — todos ou alguns

 

Ser claro é obrigação de quem escreve. O artigo definido se presta a confusão de significados. Dobre a atenção ao usá-lo. Ao dizer “os estudantes da UnB aderiram à greve”, englobam-se todos os estudantes. Se não são todos, dispensa-se o artigo: Estudantes aderiram à greve.  
 

Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 29 de abril de 2018

CARGOS E FUNÇÕES – FEMININO OU MASCULINO

 

Cargos e funções — feminino ou masculino

Cargos e funções, se exercidos por mulher, escrevem-se no feminino. Presidente (ou presidenta), agente administrativa, secretária-executiva servem de exemplo. Atenção ao exagero. Siga a índole da língua. Na concorrência de feminino e masculino, fique com o masculino plural. Filhos engloba filhos e filhas. Brasileiros, brasileiros e brasileiras. Amigos, amigos e amigas. Não caia no modismo irritante de discriminar — sem necessidade — o sexo das pessoas: todos e todas, os presentes e as presentes, os leitores e as leitoras, os embaixadores e as embaixadoras, os senadores e as senadoras, os comunicadores e as comunicadoras. Os artistas e as artistas, os atletas e as atletas. Cruz-credo!
 

Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 28 de abril de 2018

NÃO À FORMA NEGATIVA - SIM À POSITIVA.

 

Não à forma negativa. Sim à positiva

não provoca arrepios. Talvez por lembrar repressões da infância. Não faça isso, não faça aquilo. Não pode isso, não pode aquilo. Os nãos acompanham a pessoa vida afora. Mas ninguém os ama, ninguém os quer. Muitos preferem mantê-los no esquecimento. Por isso a forma positiva ganha banda de música e tapete vermelho. A regra é dizer o que é, não o que não é. Não ser pontual é ser impontual. Não lembrar é esquecer. Não assistir à aula é faltar à aula. Não mentir é falar a verdade. Não duvidar é ter certeza. Não fazer mudanças na equipe é manter a equipe. Não votar o projeto hoje é adiar a votação.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 27 de abril de 2018

CONDOLÊNCIAS & CIA. – NÚMERO E CONCORDÂNCIA

 

Condolências & cia. — número e concordância

O substantivo condolências se usa sempre no plural: Assinou o livro de condolências. Vai apresentar condolências à família.

Outras palavras jogam no time de condolências.  É o caso de anais, antolhos, cãs,  exéquias, férias, fezes, núpcias, óculos, olheiras, pêsames, víveres. Os naipes do baralho também entraram na onda (dama de copas, rei de espadas, dois de ouros, nove de paus). Artigos, adjetivos, pronomes e verbos a elas relacionados vão atrás. Concordam com elas: As férias escolares estão mais curtas ano após ano. Felizes férias, moçada! Apresentou os pêsames à família. Você viu meus óculos escuros? Só encontro os de grau.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 26 de abril de 2018

CHARGES ONLINE (AUTORES DIVERSOS)

 


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 26 de abril de 2018

HAMBÚRGUER – PLURAL E ORIGEM

 

Hambúrguer — plural e origem

De onde vem o nome do sanduíche adorado pelos americanos? Vem da Alemanha. Marinheiros de Hamburgo aproveitaram velha receita de povos nômades da Ásia e Europa oriental. Eles comiam carne crua cortada bemmmmmmmmm fininha. Os hamburgueses avançaram um passo — cozinharam a iguaria. Imigrantes que partiam do porto de Hamburgo levaram a delícia para a Terra do Tio Sam. Os americanos gostaram da novidade. Mas, ao ver o bolinho desamparado no prato, deram outro passo. Casaram-no com o pão. Viva! O plural do estrangeirinho? É hambúrgueres.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 26 de abril de 2018

VÍRGULA – CONJUNÇÃO E (2)

 

Vírgula: conjunção e (2)

 

Lembra-se das conjunções coordenativas? São aquelas cinco que todos os alunos sabem de cor e salteado: aditivas (e, nem), adversativas (mas, porém, todavia, contudo, no entanto), alternativas (ou, ou; ora, ora), explicativas (pois, que, porque), conclusiva (pois, portanto, logo).

Quase igual

Assim como existem termos coordenados, existem as orações coordenadas. Elas se dividem em dois grupos:

1. Assindéticas. Elas querem distância da conjunção. Ficam só com a vírgula: Cheguei, vi, venci. Trabalho, estudo, viajo.

2. Sindéticas. Essas são gulosas que só. Exigem a conjunção e a vírgula. É dose dupla: O deputado falou muito, mas não convenceu. Ou estuda, ou trabalhaFeche a porta, que seu pai está dormindo. Penso, logo existo.

Caso especial

e ficou de fora? Ficou. Ele detesta excessos. Por isso, dispensa a vírgula: Trabalho e estudo. Vou a Pernambuco e depois à Paraíba.

Só num caso vai de dose dupla. Aí, impõe duas condições. Uma: as orações têm que ter sujeitos diferentes. A outra: a possibilidade de provocarem confusão. Veja:

O Estado Islâmico atacou Palmira e a Síria reagiu.

Percebeu? O período tem orações com sujeitos diferentes. Um é Estado Islâmico. O outro, Síria. Uma leitura rápida dá a impressão de que o Estado Islâmico atacou Palmira e a Síria. O que fazer? Usar a vírgula antes do eO Estado Islâmicatacou Palmira, e a Síria reagiu.

Atenção, descuidados. A vírgula aparece antes da conjunção. Não depois. 


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 26 de abril de 2018

VÍRGULA – CONJUNÇÃO E (1)

 

Vírgula — conjunção e (1)

 

Na separação dos termos compostos, o e brinca de esconde-esconde. Ora aparece. Ora some. É capricho? Não. Ele manda um recadinho aos leitores. Examine as duas frases:

Na feira, comprei laranja, pera, maçã, abacate e figo.

Na feira, comprei laranja, pera, maçã, abacate, figo.

Reparou? A presença do e diz: comprei só as frutas enumeradas. Nenhuma mais. A ausência do ezinho significa que comprei outras frutas além das citadas. Funciona como o etc.

Dica: o etc. é recurso de preguiçoso. Sem ele, a frase fica mais elegante. Mande-o pras cucuias.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 26 de abril de 2018

ADJETIVO – NOTA 10 E NOTA ZERO

 

Adjetivo — nota 10 e nota zero

O adjetivo não deixa alternativa. Dá vida ou mata. Para animar, deve revelar virtudes capazes de especificar melhor o substantivo e restringir-lhe a abrangência. Em outras palavras: precisa acrescentar precisão e economia à frase. Nunca enfeitar o enunciado.

Existem dois tipos de adjetivos. Um: o denotativo, que particulariza o objeto. Não emite opinião, informa. É bem-vindo (mesa redonda, parede branca, homem negro, cabelo loiro). O outro: o subjetivo ou afetivo. Limita-se a registrar o julgamento de quem escreve (cor repousante, mulher bonita, pessoa desagradável). Usá-lo pressupõe que o leitor esteja pedindo a opinião do repórter. É pretensioso.

Nesse time figuram os adjetivos-ônibus — termos vazios e inexpressivos porque se aplicam a qualquer substantivo: maravilhoso, formidável, fantástico, lindo, bonito. Fuja deles.

Certos adjetivos associados a determinados substantivos formam chavões pela insistência do uso. É fácil romper o casamento:

ascensão meteórica (em que consiste?), lucros fabulosos (valor aproximado?),inflação galopante (índice?), monstruoso congestionamento (quantos carros?),prejuízos incalculáveis

(valor aproximado?), vitória esmagadora (número de votos? Percentagem?)


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 25 de abril de 2018

FI-LO PORQUE QUI-LO

 

Fi-lo porque qui-lo

 
 
Nayala de Souza Ferreira Maia tem uma dúvida tão antiga quanto o mito de Adão e Eva. Trata-se da velha frase atribuída a Jânio Quadros. “Fi-lo porque qui-lo”, teria respondido o ex-presidente quando o repórter lhe perguntou por que havia renunciado. “A frase obedece à norma culta?”, quer saber ela.
 
Não. A conjunção porque pertence à gangue dos ímãs da língua. Ela atrai o pronome para antes do verbo. Se o bigodudo da vassourinha estivesse preocupado com a correção gramatical, teria dito:
 
— Fi-lo porque o quis.
 
Mas, convenhamos, a frase perderia a graça. Ou não? 

Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 25 de abril de 2018

IMPLICAR – REGÊNCIA

 

Implicar: regência

O verbo implicar tem três empregos. Em dois, ninguém tem dúvida:

1. Na acepção de ter implicância, pede a preposição com: O diretor implicou com ele.

2. Na de comprometerenvolver, é a vez do em: A secretária implicou o chefe no escândalo.

   A dúvida surge no significado de produzir como consequência. Aí, implicar implica e complica. O verbo parece, mas não é. No sentido de acarretar consequências, o malandro é transitivo direto. Não suporta a preposição emAutonomia também implica responsabilidade. Deflação implica recessão. Aumento da taxa de juros implica crescimento do deficit público.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 24 de abril de 2018

GRIPE – ETIMOLOGIA E HUMOR

 

Gripe — etimologia e humor

Que medão! A gripe veio furiosa. Está levando adultos e crianças para o outro mundo. O que fazer? Melhor prevenir que remediar. Ou morrer. Hoje, começa a vacinação contra a gripe. Vamos lá?

Por falar em gripe…

O nome da doença que dá moleza, dor no corpo, febre e rouba o apetite vem do francês. Gripper, na língua de Cervantes, quer dizer agarrar. O verbo sugere o jeito de o vírus agir nas pessoas acometidas pela enfermidade infecciosa.

Humor à solta

Dois baianos se encontram. Um estava fora do estado. Ao voltar, perguntou pro amigo:

— Como está a gripe na Bahia?

— Empatada: H1N1.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 24 de abril de 2018

MAIS BEM E MAIS MAL – QUANDO USAR

 

Mais bem e mais mal — quando usar

“Terroristas fazem mais mal à causa do que bem.” A frase acendeu uma dúvida na cabeça dos leitores. Não sobre o conteúdo da afirmação, mas sobre o emprego de “mais mal”. Está certo? Está. Mais bem e mais mal têm vez em dois empregos:

1. Comparação de características: Alimentos gordurosos fazem mais mal à saúde do que bem. Em certos casos, correr faz mais bem do que andar devagar. Terroristas fazem mais mal à causa do que bem.

2. Antes de particípio: Joana foi mais mal classificada no concurso do que Carlos. Não há discurso mais mal redigido do que o apresentado ontem. Este é o comentário mais bem aceito por todos. As francesas são as mulheres mais bem vestidas da Europa.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 24 de abril de 2018

PREFERIR – REGÊNCIA

 

Preferir — regência

Noventa entre 100 brasileiros tropeçam na regência do verbo preferir. Dizem “prefiro isto do que aquilo”. Valha-nos, Deus. Pisam feio na construção da frase. A gente prefere uma coisa a outra (não do que outra). Prefere alguém a outro alguém (não do que outro).

Nota 10 para: Prefiro morrer de pé a ficar de joelhos. Os brasilienses preferiram ir às ruas a ficar em casa. Gregos, romanos e baianos preferem a liberdade de expressão à censura ou autocensura. Prefiro ler a escrever. Os brasileiros preferem futebol a natação.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 24 de abril de 2018

PRONOME ÁTONO – TUDO SOBRE A COLOCAÇÃO

 

Pronome átono — tudo sobre a colocação

 

Na língua, existem criaturas errantes. São os pronomes átonos. Me, te, se, lhe, o, a adoram bater perna. Ora aparecem antes do verbo. Ora, depois. Há também os que se metem no meio. Mas, apesar da flexibilidade, muitos abusam. Cometem pecados.

  1. Iniciar a frase com o fracote

O pronome se chama átono porque é fraco. Tão fraco que precisa de apoio. Onde se encostar? Em outra palavra. Por isso, na norma culta, é proibido iniciar a frase com pronome átono. O pecador deixa a vítima desamparada. Ela tomba. Na queda, atropela a reputação do ímpio.

2. Ignorar a abrangência de iniciar

Olho vivo! Iniciar a frase tem duas acepções. Uma é iniciar mesmo, ser a primeira palavra do período. Assim: Me dá um cigarro? Te telefono amanhã. Lhe deu a resposta ontem.

A outra usa máscaras. Deixa, como na acepção anterior, o pronome desprotegido. Mas não inicia a frase. Em geral vem depois de vírgula. Compare: Aqui se fala português. ( O aqui ampara o pronome.) Aqui, fala-se português. (Ops! A vírgula impede o apoio.)

Nem sempre a vírgula expulsa o pequenino para depois do verbo. Há casos em que ela separa termos intercalados. O apoio se distancia, mas permanece. Preste atenção na malandragem: Brasília se localiza no Planalto Central. Brasília, a capital do Brasil, se localiza no Planalto Central. (Mesmo de longe, Brasília ampara o pronome.)

3. Desrespeitar a atração

Há palavras que funcionam como ímãs. Puxam o pronome para junto de si. Lembra-se delas? Eis algumas: a gangue do qu (que, quem, quando, quanto, qual), a turma negativa (não, nunca, jamais, ninguém, nada), as senhoras conjunções subordinativas (como, porque, embora, se, conquanto): Quero que se retirem logo.Não me disse nada. Se me convidarem, irei.

4. Bobear com o futuro

Sabia? A terminação do futuro tem alergia ao pronome. Ambos, futuro do presente (irei) e futuro do pretérito (iria) ficam cheinhos de brotoejas diante do átono. A saída? Há duas.

Uma: levar o pronome para antes do verbo. No caso, o pequenino tem de ter amparo: Maria me telefonará amanhã. Se pudesse, Temer, o presidente do Brasil, se manteria no Planalto.

A outra: ficar no meio do caminho. Sem amparo e impedido de se colocar na rabeira do verbo, fica no meio do caminho. Como? Posiciona-se entre o infinitivo e a terminação do verbo. Veja: Telefonar-lhe-ei amanhã. Falar-se-iam mais tarde.

5. Esquecer a maquiagem

Ops! Olho nos pronomes o e a. Antecedidos de rsz, viram lolaVou pôr o livro na estante. (Vou pô-lo na estante.) Ajudamos os amigos. (Ajudamo-los.) Fez a filha feliz. (Fê-la feliz.)

Mais: com som nasal (m ou til), a dupla se disfarça de nonaPõe o prato sobre a mesa. (Põe-no sobre a mesa.) Quiseram a filha formada. (Quiseram-na formada.)

6. Superdica

Os gramáticos concordam que a colocação dos pronomes no Brasil tomou os próprios rumos. Reduz-se a duas normas. Uma: não inicie frase com o pronome átono. A outra: ponha o pronome sempre na frente: Dize-me com quem andas que te direi quem és. Ele se tinha retirado antes da sobremesa. Lia o chantageou? Não, deu-lhe conselhos. Para se retirar, pediu licença.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 23 de abril de 2018

ANIVERSÁRIO DE 58 ANOS - PLEONASMO

 

Aniversário de 58 anos — pleonasmo

Brasília completou 58 anos. Bandas de música e tapetes vermelhos não faltaram. Abusos tampouco. No calor dos festejos, lá estava: “A capital comemora o aniversário de 58 anos”. Valha-nos, Deus! Xô, redundância! Aniversário contém a palavra ano. Significa dia em que se somam 12 meses que se deu certo acontecimento. Aniversário dispensa ano. Ano dispensa aniversário. Em bom português: Brasília comemorou 58 anos. Brasília comemorou o 58º aniversário.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 23 de abril de 2018

ANIVERSÁRIO DE UM MÊS? – NÃOOOOOOOOO!

 

Aniversário de um mês? Nãooooooo!

Você é apressado? Então é do time dos que comemoram o “aniversário” de um mês do namoro, do casamento, do nascimento do filho. Manda convites. Promove festa. Apaga velinha. Abra o olho. Nesse ritmo, o calendário vencerá você. Tudo envelhecerá rapidinho, rapidinho. Para que a carroça não vá na frente dos bois, bata palmas para o 1º mês disto ou daquilo. Aniversário? Tenha paciência. Espere 12 meses.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 23 de abril de 2018

HÍFEN - NUMERAIS ORDINAIS

 

Hífen — numerais ordinais

Olho vivo, moçada. Escrever os numerais ordinais por extenso provoca uma senhora tentação. A vontade de pôr o hífen é quase irresistível. Seja forte. Resista. A indicação de ordem é livre e solta — sem o tracinho: quinquagésimo oitavo, décimo primeiro, vigésimo quarto, centésimo sexagésimo quinto.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 22 de abril de 2018

21 DE ABRIL - LETRA MAIÚSCULA

 

21 de Abril — letra maiúscula

Atenção, gente fina. O nome do mês é substantivo comum. Escreve-se com a inicial pequenina: janeiro, fevereiro, março, abril.

Mas, quando se refere a data comemorativa, o mês entra em outra equipe. Torna-se substantivo próprio: 21 de Abril, 1º de Maio, 7 de Setembro.

Olho vivo! O nome dos meses se escreve com inicial minúscula. O dos dias da semana também: segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira, sábado e domingo.

O plural dos meses e dos dias da semana? É fácil como andar pra frente ou tirar chupeta de bebê. Basta acrescentar um s: janeiros, fevereiros, marços, abris; segundas-feiras, quintas-feiras, sábados, domingos.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 22 de abril de 2018

VERBO HAVER - ACERTE SEMPRE

 

Verbo haver — acerte sempre

Alguém disse que a língua é um sistema de ciladas. Pensava, com certeza, no haver. O verbo ora é pessoal. Conjuga-se em todas as pessoas. Ora, impessoal. Só se flexiona na 3ª pessoa do singular. Lidar com ele parece difícil. Mas não é. Basta entender-lhe as manhas. Uma vez conhecidas, fica a certeza: o leão é manso como o gatinho lá de casa.

Pessoal

O pessoal tem dois empregos. Um: nas locuções verbais (hei de ver, hás de ver, há de ver, havemos de ver, heis de ver, hão de ver). O outro: nos tempos compostos (havia visto, havias visto, havia visto, havíamos visto, havíeis visto, haviam visto; (que) eu haja visto, tu hajas visto, ele haja visto, nós hajamos visto, vós hajais visto, eles hajam visto).

 Impessoal 

Só se conjuga na terceira pessoa do singular. No caso, emprega-se no sentido de:

  • ocorrer
  • existir
  • contagem de tempo passado

Ocorrer 

  • Houve distúrbios durante a festa.
  • Havia manifestações na Esplanada quando o ministro chegou.
  • Haverá confusões durante a votação?

Existir 

. Há 20 pessoas nesta sala.

  • Havia 20 deputados no plenário.
  • Haverá mais inscrições que vagas.

Contagem de tempo passado

  • Moro aqui há  20 anos.
  • Foi ao Rio há  duas semanas.
  • Chegamos há  pouco.
  • Caminhava pelas ruas havia três horas.
  • Saíamos e entrávamos havia mais de cinco minutos.

 

Superdica

Há… atrás formam baita pleonasmo. Há indica passado. Atrás também. Escolha. Fique com um ou outro:

Cheguei há  cinco minutos.

Cheguei cinco minutos atrás.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 22 de abril de 2018

HAJA VISTO E HAJA VISTA - EMPREGO

 

Haja visto e haja vista — emprego

Haja visto é forma do verbo haver. Flexiona-se:

É importante que eu haja visto o filme para fazer o comentário.

É importante que ele haja visto o filme para fazer o comentário.

É importante que nós hajamos visto o filme para fazer o comentário.

É importante que eles hajam visto o filme para fazer o comentário.

 

Haja vista é invariável. Significa veja-se:

Ele viu o filme, haja vista o comentário feito. 
Ocorreram imprevistos, haja vista a chegada da polícia ao comício.

Superdica

Na dúvida, apele para o troca-troca. Em vez de haver, use ter:

É importante que eu haja (tenha) visto o filme para fazer o comentário.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 21 de abril de 2018

PENSAMENTOS: MILLÔR FERNANDES E LÍGIA FAGUNDES TELLES

 

Lygia Fagundes Telles ensinou:

"Sabendo interpretar o que lê, o estudante organiza as ideias e produz bom texto. O resto é conversa, falsa teoria.”
 

Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 21 de abril de 2018

APESAR DE - APESAR DO – EMPREGO E PONTUAÇÃO

 

Apesar de / apesar do — emprego e pontuação

A locução apesar de dá ideia de concessão. Abre uma brecha na declaração principal, mas não adianta nada. As coisas ficam na mesma. Quer ver?

Apesar de estudar muito, não passou no concurso.

Viu? Ele estudou (é a concessão). Não conseguiu passar (declaração principal).

*

Na vida do apesar de há um problema. É a fraqueza da carne. A preposição de não resiste aos encantos do artigo. Basta haver um por perto e pronto. Ela se amiga com ele: Apesar do feriado, o comércio abriu. Estamos todos salvos apesar dos pesares. Meu time ganhou partida apesar da bravura do adversário.

Só num caso eles não se juntam. É quando o artigo faz parte do sujeito. Aí vai um pra lá, outro pra cá. Os dois nem se olham. Por quê? O sujeito tem alergia à preposição: Apesar de o governo (sujeito) negar, corremos risco de enfrentar uma senhora recessão. Apesar de a TV anunciar, o programa não foi ao ar.

*

Reparou na vírgula? Se a oração concessiva (iniciada pelo apesar de) estiver na frente da outra (a principal), vem separada por vírgula. Caso contrário, não: Apesar de vir de ônibus, chegou cedo ao encontro. Chegou cedo ao encontro apesar de vir de ônibus.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 21 de abril de 2018

CHAMPANHE – GÊNERO

 

Champanhe — gênero

Hoje é aniversário de Brasília. A capital de todos nós completa 58 anos. Viva! Vamos brindar? Taça de cristal à espera do borbulhante geladinho. Pra descer redondinha, a charmosa impõe uma condição. Exige respeito ao gênero. Como é vinho, champanhe prefere jogar no time masculino: O champanhe nasceu na província de Champagne. Por isso só existe champanhe francês. Quer um champanhe?

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 20 de abril de 2018

MADRE SUPERIORA - ESCOLA SUPERIOR: O PORQUÊ DO FEMININO E DO MASCULINO

 

Madre superiora / escola superior: o porquê do feminino e masculino

Por que se diz madre superiora, mas escola superior? Madre e escola são nomes femininos. Mas o segundo adjetivo é masculino.Vamos combinar? Osuperiora joga claro. Refere-se a madre. O superior brinca de esconde-esconde. Entre o nome e o adjetivo, está a locução “de nível”: escola (de nível) superior, instituição (de nível) superior, mercadoria (de nível) superior.

Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 20 de abril de 2018

8 PALAVRAS COM DUAS GRAFIAS NOTA 10

 

8 palavras com duas grafias nota 10

Há palavras flexíveis como cintura de político mineiro. Generosas, admitem mais de uma forma. Conseguem, assim, ficar de bem com gregos, troianos, goianos e baianos. Quer ver? Eis exemplos:

 

O dicionário abona má-formação e malformação do feto. Você escolhe. Sem erro.

*

Má-criação ou malcriação? Nota 10 para as duas escritas. Zero para o comportamento.

*

Sub-humano ou subumano — qual você prefere? Escolha. É acertar ou acertar.

*

Os pernambucanos exigem Recife. Os demais brasileiros, Recife. O artigo é charme regional. Sem reparos: Recife é a capital de Pernambuco. O Recife é a capital de Pernambuco. Moro em Recife. Moro no Recife.

*

Entrar de férias ou sair de férias? O sentido é o mesmo — tempo pra curtir o prazer. Aplauso para as duas construções: Estou em férias. Estou de férias. Viva! É hora de sombra e água fresca.

*

Loura ou loira não faz diferença. O dourado se mantém em ambos os ditongos. É brilhar ou brilhar.

*

Entrega-se a carta em mão ou em mãos. Há pouco, só o singular tinha vez. O Houaiss registrou o plural. Agora, singular ou plural é igual.

*

Dilma foi presidenta ou presidente do Brasil? Acredite. O dicionário diz que as duas grafias estão certinhas. As feministas preferem presidenta. Os demais mortais, presidente. E você?


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 20 de abril de 2018

PONTO: DENTRO OU FORA DE ASPAS?

 

Ponto: dentro ou fora das aspas?

“Um dia, o povo fez uma oração comunitária. Eles se uniram num mesmo espírito.” Por que o ponto vem dentro das aspas? Aspas e ponto firmaram um pacto. Se as aspas começam o período, o ponto encerra o enunciado. Vai dentro delas. Caso contrário, vai fora. Observe os exemplos:

O amor é infinito enquanto dura.” Vinicius de Moraes escreveu esse verso em Portugal.

Vinicius de Moraes escreveu este verso em Portugal: “O amor é infinito enquanto dura”.

O amor”, escreveu Vinicius de Moraes, “é infinito enquanto dura.”


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 20 de abril de 2018

É HORA DE O TREM CHEGAR – POR QUE O DE O?

 

É hora de o trem chegar — por que de o?

Na gramática, nem todos são iguais perante a lei. Alguns são mais iguais. É o caso do sujeito. Dono e senhor da oração, ele manda e desmanda. Um dos caprichos do mandachuva: nunca vir preposicionado. Por isso, nem em delírio, combine o artigo ou o pronome que acompanha o todo-poderoso com a preposição. É briga certa. Dizer é hora do show começar? Valha-nos, Deus. Peça perdão de joelhos. E redima-se: É hora de o show começar.

Superdica: para ser mais igual, o sujeito vem sempre, sempre mesmo, seguido de verbo no infinitivo: Antes de o galo cantar, tu me negarás três vezes. É hora de o trem chegar. Sobre a possibilidade de ele ganhar as eleições, muito se falará. É tempo de a TV diminuir a violência. Está na hora de eu entrar.

Atenção, marinheiro de poucas viagens. Não seja mais real que o rei. Só o sujeito rejeita a preposição. Os outros termos pertencem ao time dos iguais: É hora do descanso. Falamos sobre a possibilidade de reconciliação dos dois. Gosto dela.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 19 de abril de 2018

GRANDE MAIORIA - CORRETO?

Grande maioria — correto?

É correta a expressão “grande maioria”? existe pequena maioria? Os nossos jornalistas usam e abusam da duplinha. Estão certos? Sim. Maioria é metade mais um. Às vezes, a diferença é bemmmmmmmm maior. Trata-se de grande maioria. Quer um exemplo? Paulo e Pedro disputavam 100 votos. Paulo obteve 51. Ganhou por pequena maioria. Se tivesse conseguido 98, ops! Teria obtido quase a unanimidade. É grande maioria. Ou não?

Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 19 de abril de 2018

DEVENDO SEREM - CORRETO?

 

Devendo serem — correto?

Está correta a frase “… devendo os bens comuns serem partilhados exclusivamente entre os descendentes”? Não. O xis da questão é devendo… serem… Trata-se de locução verbal. Ser é o verbo principal. Dever, o auxiliar. No caso, a língua apela para a lei do menor esforço. Só o auxiliar se flexiona. O companheiro fica no infinitivo: … devendo os bens comuns ser partilhados exclusivamente entre os descendentes.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 19 de abril de 2018

REVEZAMENTO: O PORQUÊ DO Z

 

Revezamento: o porquê do z

Por que revezamento se escreve com z? Porque é derivado de vez. O sufixo re- quer dizer repetir. É o mesmo que aparece em reler, rever, reatar. Conclusão: revezamento é a repetição da vez.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 18 de abril de 2018

ÍDOLA? NÃOOOOOOOOOO!

 

dola? Nãoooooooooo!

Ídolo só tem um gênero: Ele é meu ídolo. Ela é meu ídolo. Eles são meus ídolos. Elas são meus ídolos.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 18 de abril de 2018

IGREJA: MAIÚSCULA OU MINÚSCULA?

 

Igreja: maiúscula ou minúscula?

Escreve-se com a inicial maiúscula quando se tratar da instituição e com minúscula quando se referir a templo: O cardeal defendeu a posição da Igreja. Lutava-se para separar a Igreja do Estado. A velha senhora ia à igreja todos os domingos.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 18 de abril de 2018

IMERGIR E EMERGIR

 

Imergir e emergir

Emergir = vir à tona. Imergir: ficar sob a água.

Viu? A pessoa que mergulha imerge. Daí banho de imersão. Quando põe a cabecinha fora d´água, emerge.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 18 de abril de 2018

INCLUSIVE E ATÉ: DIFERENÇA

 

Inclusive e até: diferença

Atenção ao modismo:

1. Inclusive não é partícula de reforço. Empregue-a como antônimo de exclusive: O curso se estende de 24 de janeiro a 2 de fevereiro, inclusive.

2. Não a use como sinônimo de até em frases como esta: O presidente sugeriu, inclusive, que o preço dos combustíveis poderia cair. O certo é: O presidente sugeriu que os preços dos combustíveis até poderiam cair.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 17 de abril de 2018

PONTO E VÍRGULA: QUANDO USAR

 

Ponto e vírgula: quando usar

A vírgula é uma parada pequena. O ponto, uma pausa prolongada. As reticências são sonhos, suspiros apaixonados. A exclamação e a interrogação traduzem dúvida ou encantamento. E o ponto e vírgula? É o sinal mais sofisticado da língua. Pode-se viver sem ele, mas, com ele, vive-se com mais requinte.

Passeie os olhos por jornais e revistas. Raramente você verá o casalzinho. Por quê? Poucos sabem empregá-lo. “Nunca o usei e nunca me fez falta”, escreveu Luis Fernando Verissimo. “A Maria Eugênia é uma moça muito inteligente. Ela sabe usar ponto e vírgula”, concluiu Mário Quintana. A duplinha, o sinal mais sofisticado da língua, tem dois empregos.

O primeiro

Separa termos de uma enumeração. No caso, é arroz de festa de leis, decretos, portarias. Até Deus o usou.

São mandamentos do Senhor:

1. Amar a Deus sobre todas as coisas;

2. Não tomar Seu santo nome em vão;

3. Guardar os dias santos;

4. Honrar pai e mãe;

5. Não matar;

6. Não pecar contra a castidade;

7. Não furtar;

8. Não levantar falso testemunho;

9. Não desejar a mulher do próximo; e

10. Não cobiçar as coisas alheias.

Superdica 1

O casadinho fica no meio do caminho. No lugar dele poderia estar a vírgula. Ou o ponto. Por isso, muitos nem se preocupam em lhe dar oportunidade. No aperto, partem pra outra. E se dão bem.

Superdica 2

Olho vivo. Observe o e no 9º mandamento. Ele vem depois do ponto e vírgula.

O segundo

A duplinha torna o texto mais claro. Com isso, facilita a vida do leitor. Quer ver? Examine esta frase:

João trabalha no Senado, Pedro trabalha na Câmara, Carlos trabalha no banco, Beatriz trabalha na universidade, Alberto trabalha no shopping.

O período está correto e compreensível. As vírgulas separam as orações coordenadas. Mas há um senão. A repetição do verbo torna-o cansativo. O que fazer? Há uma saída. A gente mantém o trabalha na primeira oração. E mete a faca nos demais. No lugar deles, põe a vírgula:

João trabalha no Senado, Pedro, na Câmara, Carlos, no banco, Beatriz, na universidade, Alberto no shopping.

Ops! Na primeira leitura, o enunciado parece o samba do texto doido. Quem bate o olho no período não entende nada. O jeito é recorrer ao ponto e vírgula. Ele tem lugar – separa as orações coordenadas:

João trabalha no Senado; Pedro, na Câmara; Carlos, no banco; Beatriz, na universidade; Alberto no shopping.

Chique, não? Veja mais dois exemplos:

Eu estudo na USP; Maria, na UnB.

Alencar escreveu romances; Drummond, poesias.

Carlos e Paulo são jornalistas. Este trabalha no Correio; aquele, no Estado de Minas.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 17 de abril de 2018

MAS OU MAIS – EIS A QUESTÃO

 

Mas ou mais — eis a questão

Parecido não é igual. Mais e mas têm alguma semelhança. Mas não se conhecem nem de elevador:

Mais é o contrário de menosTrabalho mais (menos) que ele. Se pudesse, comeria mais (menos). Carla é mais (menos) bonita que Beatriz.

Mas quer dizer porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto: Trabalho muito, mas o salário é sempre mais curto que o mês. Estudei pouco, mas tirei a melhor nota do concurso. Comemos doces à beça, mas não engordamos.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 17 de abril de 2018

A PRIMEIRA VEZ QUE? A PRIMEIRA VEZ EM QUE?

 

A primeira vez que? A primeira vez em que?

Expressões temporais, a primeira vez que, a segunda vez que, a terceira vez que & cia. dispensam a preposição em antes do queA primeira vez que vi Maria (não: a primeira vez em que vi Maria). A segunda vez que encontrei Paulo, ele estava bronzeado. A terceira vez que falei com Lia, achei-a mais brilhante do que nunca.

 Conhece o poema “Teresa”, de Manuel Bandeira? Ele usa a expressão como manda a gramática:

A primeira vez que vi Teresa

Achei que ela tinha pernas estúpidas

Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo

Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo

(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada

Os céus se misturaram com a terra 

E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 17 de abril de 2018

A PRINCÍPIO - EM PRINCÍPIO - QUANDO USAR

 

A princípio / em princípio — quando usar

A princípio = no começo, inicialmenteA princípio o Brasil era o favorito das apostas. Depois da partida de estreia, deixou de sê-lo. Toda conquista é, a princípio, muito excitante.Com o tempo, pode mudar de figura.

Em princípio = teoricamente, em tese, de modo geral: Em princípio, toda mudança é benéfica. Estamos, em princípio, abertos às novidades tecnológicas.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 17 de abril de 2018

ENTRE E DENTRE - EMPREGO

 

Entre / dentre — emprego

Entre ou dentre? Quase sempre entre. Dentre tem uso muito limitado. Significa do meio de. É resultado do casamento da preposição de com a preposição entre. Para que ocorra o matrimônio, um verbo precisa pedir a preposição de. Como sair, saltar, ressurgir.

macaco saiu dentre duas árvores.

Quem sai sai de algum lugar. De onde? De entre duas árvores (do meio de duas árvores).

O pássaro começava a saltar dentre o arvoredo (quem salta salta de algum lugar. De onde? De entre o arvoredo).

É isso: use dentre só no caso do encontro de de + entre.

Nos outros, a vez é do entre. Não bobeie. Satã está à espreita. Cheio de novidades.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 16 de abril de 2018

TODO, TODO O, TODOS, TODOS OS: EMPREGO

 

Todo, todo o, todos, todos os: emprego

“Todos setores temem o futuro”, escreveu o Correio Braziliense. Leitores ficaram com a pulga atrás da orelha. Leram e releram a frase. Tornaram a fazê-lo. Deram-se conta de que algo estava destoando. O pronome? Não. O substantivo? Não. Eureca! O texto sonegou o artigo. Sem ele, fica o dito pelo não dito. A construção é ilustre desconhecida na língua de Camões, Machado e Clarice.

Dois times

O pronome todo é cheio de manhas. Ora aparece no singular. Ora no plural. Ora acompanhado de artigo. Ora solitário — livre e solto, sem lenço e sem documento.

Todo

O dissílabo, no singular e sem companhia, significa qualquer, inteiroTodo (qualquer) país tem uma capital. Todo (qualquer) homem é mortal. Li o livro todo (inteiro). Todo brasileiro tem direito à educação de qualidade. Percorreu a casa toda sem encontrar o que procurava.

Todo o

No singular, de mãos dadas com o artigo, o pronome quer dizer inteiroLi todo o livro. Assisti a todo o filme. Conheço todo o mundoPercorri todo o trecho, mas não localizei o endereço indicado.

Todos os

A dupla plural é pra lá de poderosa. Engloba todas as pessoas ou representantes de determinada categoria, grupo ou espécie: Todos os governadores compareceram à reunião. Todos os que quiseram retiraram a senha e participaram do sorteio. Dirigiu-se a todos os presentes. A sociedade quer todas as crianças em escolas de qualidade.

O desnecessário sobra

Atenção à manha de todos os. Em muitas construções, o pronome é desnecessário. O artigo sozinho dá o recado. Veja: Na reunião com todos os grevistas, o governador apresentou a proposta. Reparou? O todos sobra. A presença do artigo informa que são todos: Na reunião com os grevistas, o governador apresentou a proposta. (Não são todos? Xô, artigo: Na reunião com grevistas, o governador apresentou a proposta.)


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 16 de abril de 2018

TODO MUNDO - TODO O MUNDO: DIFERENÇA

 

Todo mundo / todo o mundo: diferença

O artigo é pequeno. Mas faz senhora diferença. Veja, por exemplo, todo mundo e todo o mundo:

Todo mundo é forma coloquial. Significa todosTodo mundo aplaudiu o convidadoTodo mundo considerou o discurso realista. Nem Cristo agradou a todo mundo.

*

Todo o mundo quer dizer o mundo inteiroPassou a vida viajando. Conhece todo o mundo. O sonho da Vera é conhecer todo o mundo. Será possível? Talvez precise morar em aviões e aeroportos.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 16 de abril de 2018

TODOS OS DOIS? NÃOOOOOOOO!

 

Todos os dois? Nãooooooooo!

Sabia? As palavras se parecem com as criaturas humanas. Fazem agrados, dizem desaforos, cortam relações. O pronome todos não foge à regra. Ele é inimigo do numeraldois (todos os dois). Não os junte. Diga os dois ou ambos.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 15 de abril de 2018

FOBIA: DE ONDE VEM A PALAVRA

 

Fobia: de onde vem a palavra

Fobia vem do grego. Quer dizer medo exagerado, pavor, aversão: hidrofobia (aversão à água), claustrofobia (pavor de lugar fechado), fotofobia (aversão à luz), xenofobia (aversão a estrangeiro).

Origem

Fobos é filha de Marte, o deus da guerra. Ela se veste de jeito muito estranho. Não usa sutiã nem calcinha. Em cima do corpo nu, joga uma pele de leão. A moça acompanha o pai aos campos de batalha. Quando os combatentes a veem, pensam estar diante de um fantasma. Fogem apavorados. E Marte coleciona vitórias. Hoje Fobos não assusta nem passarinho. Mas deixou senhora herança. É a palavra fobia. O vocábulo quer dizer medo. Mas um medo grannnnnnnnnnnnnnnde, incontrolável.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 15 de abril de 2018

FREI OU FRADE: QUANDO USAR

 

Frei e frade: quando usar

Frei é forma reduzida de frade. Usa-se só antes do nome singular (nunca do sobrenome): frei Carlos, frei Daniel.

Frade se usa com sobrenome, mais de um nome ou na segunda referência: Falei com o frade Castro. Referiu-se aos frades Carlos e Daniel. O frade saiu.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 15 de abril de 2018

SUPERLATIVO: MANHAS

 

Superlativo: manhas

 O superlativo absoluto sintético é cheio de poder. Uma só palavra revela tudo. Basta um sufixo. Em geral, o –íssimo resolve (belíssimo, velhíssimo, limpíssimo). Mas há vocábulos que pedem outro (facílimo, macérrimo, paupérrimo). Outros têm duas formas. Uma popular (negríssimo, docíssimo, nobríssimo). Outra erudita (nigérrimo, dulcíssimo, nobilíssimo).

Há, também, o supersuper – o superlativo que dobra o i. Coisa rara. Só cinco ou seis adjetivos têm esse poder. Quais? Os terminados em –io no masculino: frio (friíssimo), macio (maciíssimo), necessário (necessariíssimo), sério (seriíssimo), sumário (sumariíssimo).

 


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 15 de abril de 2018

TEMPO E TEMPERATURA: PROPRIEDADE VOCABULAR

 

 

Tempo e temperatura: propriedade vocabular

Frio e quente se usam para tempo: tempo quente, tempo frio, dia quente, dia frio, tarde quente, tarde fria. 2. A temperatura não pode ser quente ou fria. É alta ou baixa, elevada ou reduzida.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 14 de abril de 2018

ATRAÇÃO DO PRONOME ÁTONO

 

Atração do pronome átono

“No segundo semestre de 2016, foi constatada a existência de R$ 827 milhões, dinheiro que, em última análise, destina-se ao pagamento das aposentadorias”, escrevemos na pág. 3. Viu? Ignoramos a atração do pronome que. Ele funciona como ímã. Puxa o pronome pra frente do verbo. Assim: No segundo semestre de 2016, foi constatada a existência de R$ 827 milhões, dinheiro que, em última análise, se destina ao pagamento das aposentadorias.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 14 de abril de 2018

ESTILO: 4 REGRAS DE OURO

 

Estilo: 4 regras de ouro

Variar pra agradar é regra de ouro do estilo. Ela recebe a diversidade com banda de música e tapete vermelho. Por quê? As repetições — de sons, palavras ou estruturas — são sinal de inexperiência, descuido e pobreza vocabular. Há jeitos de evitá-las. Vamos lá?

 

1. Elimine os ecos. A rima é qualidade da poesia. Mas defeito na prosa. Pra descobrir os sons mesmeiros, leia o texto em voz alta. Eles incomodam o ouvido. Veja exemplos:

Mau: Há anos em que a reunião no pavilhão da Bienal é mensal.

Melhor: Há anos em que ocorrem reuniões mensais no pavilhão da Bienal.

Mau: O crescimento sem desenvolvimento pode implicar incremento do subdesenvolvimento.

Melhor: Crescer sem preocupação com o desenvolvimento pode implicar mais atraso.

 

2. Acabe com as fileirinhas de dês. Termos ligados por um trenzinho de dês contituem armadilha no caminho do leitor. De um lado, pecam pela abstração. De outro, pela dificuldade de serem entendidos. Vale tudo pra fugir da esparrela. A melhor estratégia: transformar substantivos e adjetivos em verbos. Assim:

Mau: O progresso dos estudantes de instituições de ensino do governo é lento.

Melhor: Os estudantes de escolas públicas progridem lentamente.

 

3. Livre-se de quês. Sem apegos ou compaixão, conjugue os verbos caçar e cassar. Encontre os mesmeiros e passe a tesoura sem pena! Ah, coisa boa!

Mau: O governador afirmou que Brasília, que é a capital do Brasil, deve servir de exemplo do que o país tem de melhor no que se refere ao serviço público.

Melhor: O governador afirmou que Brasília, a capital do Brasil, deve ser exemplo da excelência nacional no tocante ao serviço público.

Também: O governador disse: “Brasília, a capital do Brasil, deve ser exemplo de excelência nacional no tocante ao serviço público”.

Idem: Sabe o que disse o governador? “Brasília, a capital do Brasil, deve ser exemplo de excelência nacional no tocante ao serviço público”.

 

4. Fuja da repetição de palavras. Não dê atestado de descuido ou pobreza vocabular. Persiga a mesmeira sem piedade. Use as armas que a língua lhe oferece. São três. Uma: suprimir o vocábulo. Outra: substituí-lo por sinônimo. Mais uma: dar outro torneio da frase.

Espero terminar o curso de direito em quatro anos. Não vou perder tempo. Em seguida, vou partir para um curso de pós-graduação.

Fácil, não? O leitor não merece a dose dupla do substantivo curso. Xô, monotonia! Vem, tesoura: Espero terminar o curso de direito em quatro anos. Não quero perder tempo. Em seguida, vou partir para a pós-graduação.

Trabalho porque pago minhas contas com o fruto do meu trabalho.

Melhor: Trabalho porque pago minhas contas com o suor do meu rosto.

Também: Trabalho porque preciso pagar as contas.

Idem: Por que trabalho? Só conto com o salário pra pagar as contas.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 14 de abril de 2018

ADERIR: CONJUGAÇÃO

 

Aderir: conjugação

A lista não tem fim. São tropeços que atropelam redações, entrevistas e diálogos amorosos. É o caso da poetisa que ganhou importante prêmio literário. Os amigos decidiram homenageá-la com um jantar de adesão no restaurante que a artista mais apreciava. Quando ela soube, contou ao namorado. “Eu adero”, respondeu ele entusiasmado. Ops! Jogou água fria na paixão. O amor acabou ali.

Ele se esqueceu de pormenor pra lá de importante. Aderir joga no time de preferir. Um e outro se conjugam do mesmo jeitinho: eu prefiro (adiro), ele prefere (adere), nós preferimos (aderimos), eles preferem (aderem). Etc. e tal.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 14 de abril de 2018

FALIR: CONJUGAÇÃO

 

Falir: conjugação

Falir é verbo defectivo. Só se conjuga nas formas em que não se confunde com falar. São aquelas em que aparece o i depois do l. No presente do indicativo, só o nós e o vós têm vez (falimos, falis). O presente do subjuntivo não existe. Os demais tempos conjugam-se normalmente: fali, faliu, falimos, faliram; falia, falia, falíamos, faliam; falirei, falirá, faliremos, falirão; faliria, faliria, faliríamos, faliriam; falindo; falido. 2. As formas inexistentes podem ser supridas. O verbo quebrar é uma saída. A expressão abrir falência, outra.

O que quer dizer defectivo?

Preguiçoso, o verbo defectivo não se conjuga em todas as pessoas, tempos e modos. Por quê? Alguns por eufonia. Soam mal. “Eu coloro”, de colorir, está nesse grupo. “Eu abolo”, de abolir, também. Outros armam confusão. É o caso de falir. Há formas que coincidem com as do verbo falar — eu falo, ele fale. Amante da clareza, falir cede. Dá a vez à ação mais comum.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 13 de abril de 2018

PLEONASMOS: PEQUENO DETALHE E PLANO PARA O FUTURO

 

Pleonasmos: pequeno detalhe e plano para o futuro

Pequeno detalhe? Ops! Todo detalhe é pequeno. Basta detalhe.

Plano para o futuro? Ganha a MegaSena quem fizer plano para o passado. Todo plano é para o futuro. Basta plano.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 13 de abril de 2018

TODA PODEROSA? NÃOOOOOOOOOOO!

 

Toda-poderosa? Nãooooooooooo!

Sabia? Todo costuma mudar de classe. Deixa de ser pronome e se bandeia pro time dos advérbios. Aí, não dá outra. Com o sentido de totalmente, torna-se invariável — sem feminino, masculino, singular ou plural: o todo-poderoso, os todo-poderosos, a todo-poderosa, as todo-poderosas.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 13 de abril de 2018

LETRA U: CONFUSÕES

 

Letra u: confusões

A última das cinco vogais responde por senhoras confusões. Uma delas: muda o significado de palavras. É o caso de comprimento (extensão) e cumprimento (saudação, realização). É o caso também de soar (emitir som) e suar (transpirar).

2. O ou u? Se tiver o dicionário por perto, pergunte a ele. Se não, grafe com o – bolacha, bússola, costume, moleque, boteco.

3. Senhoras e senhores, abram alas para o u. A carta de jogar se chama curinga. A fruta pretinha e doce, jabuticaba. O roedor esperto, camundongo. O bichinho que não sobre em árvore, jabuti. Da tábua vem tabuada.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 12 de abril de 2018

QUE OU QUÊ?

 

Que ou quê?

Acento e pronúncia formam par inseparável. Agudo e circunflexo só caem sobre a sílaba tônica. Em dissílabos, trissílabos e polissílabos, descobrir a fortona é fácil como passar criança pra trás na fila. Com os monossílabos, porém, a história muda de enredo. Os pequeninos obedecem a um caso das oxítonas. Acentuam-se os terminados em ae e oseguidos ou não de s. Veja: está (dá), estás (dás), pajé (dê), pajés (dês), vovó (dó), vovós (dós).

A questão…

Nada de especial. Por que, então, o quê dá nó nos miolos? Porque é vira-casaca. Muda de time a torto e a direito. Ora é conjunção. Ora pronome. Ora substantivo. A primeira equipe não dá problemas. Apresenta-se sempre com a mesma cara. As duas outras provocam enxaqueca. Às vezes pedem chapéu. Outras vezes dispensam o acessório. Você sabe lidar com as estripulias delas?

1º time 

A equipe da conjunção se apresenta com a mesma cara – sem acento: Disse que acabará o estágio em dezembro. Saia mais cedo, que o metrô não circula hoje.

2º time

As outras provocam dor de cabeça. Por duas razões. De um lado, a criatura tem o poder da mobilidade. Salta daqui para ali como macaco salta de galho. De outro, varia de classe gramatical. Passa de pronome a substantivo com a facilidade com que andamos pra frente. Elas fazem as artes. Nós pagamos o pato. O preço dessas mudanças é o acento. Quando usá-lo? Em duas oportunidades:

  1. Quando o quê for substantivo. Aí será antecedido de pronome, artigo ou numeral. Como todo nome, tem plural:

Modelos na passarela têm um quê de sedutor.

Qual o mistério dos quês?

Este quê não me confunde mais.

Corte os quês da redação.

Belo quê você introduziu no discurso. Quem mandou?

  1. Quando o quê for a última palavra da frase – a última mesmo, coladinha no ponto:

Trabalhar pra quê?

Riu, mas não disse por quê.

Você se atrasou por quê?

Ele se ofendeu com quê?

Quero saber a razão do emprego desse quê.

Moral da opereta

 Desvendados os dois empregos, o quê recolhe-se à própria insignificância. Redatores que arrancam os cabelos por causa do acentinho chegam à conclusão óbvia: não há por que temer o quê. Ele é mais manso que o gatinho lá de casa.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 12 de abril de 2018

TEMPESTIVO E INTEMPESTIVO: QUESTÃO DE TEMPO

 

Tempestivo e intempestivo: questão de tempo

Tempestivo e intempestivo não têm relação com temperamento. Pertencem à família do substantivo tempo:

Tempestivo = que vem ou sucede no tempo devido, oportuno: O advogado apresentou o recurso tempestivamente (no prazo).

Intempestivo = fora do tempo próprio, inoportuno; súbito, imprevisto:  Manifestou-se intempestivamente.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 12 de abril de 2018

TER QUE OU TER DE?

 

Ter que ou ter de?

As duas formas são sinônimas: Tenho de estudar para me sair bem nas provas. Tenho que estudar para me sair bem nas provas.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 12 de abril de 2018

TERRA: MAIÚSCULA OU MINÚSCULA?

 

Terra: maiúscula ou minúscula?

Inicial grandona ou pequenina? Ao falar do planeta, use inicial maiúscula. No mais, minúscula: A Terra gira em torno do Sol. A Terra é redonda e azul. Voltou à terra natal depois de 12 anos.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 12 de abril de 2018

TAMPOUCO E TÃO POUCO: EMPREGO

 

Tampouco e tão pouco: emprego

Tampouco = também não, muito menos: Maria não fez a prova e tampouco deu explicações. Não estuda e tampouco trabalha.  Se não tem dinheiro para ir a São Paulo, tampouco terá para ir a Roma.

Tão pouco = muito pouco:  O candidato falou tão pouco que surpreendeu. Comeu tão pouco que deixou a mãe preocupada. Peço tão pouco!

 


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 11 de abril de 2018

IMPLICAR: REGÊNCIA

 

Implicar: regência

 O verbo implicar tem três empregos. Em dois, ninguém tem dúvida:

1. Na acepção de ter implicância, pede a preposição com: O diretor implicou com ele.

2. Na de comprometerenvolver, é a vez do em: A secretária implicou o chefe no escândalo.

   A dúvida surge no significado de produzir como consequência. Aí, implicar implica e complica. O verbo parece, mas não é. No sentido de acarretar consequências, o malandro é transitivo direto. Não suporta a preposição emAutonomia também implica responsabilidade. Deflação implica recessão. Aumento da taxa de juros implica crescimento do deficit público.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 11 de abril de 2018

FORA DA LEI: SEM FLEXÃO

 

Fora da lei: sem flexão

Qual é o do fora da lei? Fora da lei não tem feminino, nem masculino, nem singular, nem plural. Com o trio é tudo igual: o fora da lei, os fora da lei, a fora da lei, as fora da lei, indivíduos fora da lei, mulheres fora da lei.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 11 de abril de 2018

EU O CUMPRIMENTO? EU LHE CUMPRIMENTO?

 

Eu o cumprimento? Eu lhe cumprimento?

 

Cumprimentar é verbo queridinho da  correspondência. Cartas, ofícios, memorandos? Lá está ele. Pega bem, pois, tratá-lo bem.

Cumprimentar rejeita intermediários. É transitivo direto – a gente cumprimenta alguém (não: a alguém): Eu cumprimento João. João cumprimenta Rafael. O diretor cumprimenta você.

Na substituição do nome pelo pronome, é a vez do o ou a. (Nada de lhe): Eu o cumprimento. Tenho a honra de cumprimentá-lo. Você as cumprimentou? Quero cumprimentá-las pela nota.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 11 de abril de 2018

CONCERTAR E CONSERTAR. CONSERTO: DIFERENÇA

 

Concertar e consertar. Concerto e conserto: diferença

Concertar = harmonizar. Consertar = ação de reparar, restaurar: concertar opiniões, consertar o chuveiro.

Concerto = harmonia: concerto das nações, concerto da orquestra sinfônica.

Conserto = remendo, reparo: conserto do carro, conserto da estrada, conserto do aparelho.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 11 de abril de 2018

CONCORDÂNCIA: VERBO + SE

 

Concordância: verbo + se

Nas frases construídas com o pronome apassivador se, facilmente se cometem erros de concordância. Por isso, preste atenção dobrada a elas. O primeiro passo é procurar-lhes o sujeito. O verbo, como de regra, deve concordar com ele. Exige-se boa aparência (Que é que se exige? Boa aparência, sujeito). Procuram-se candidatos (Que é que se procura? Candidatos, sujeito). Adotaram-se medidas severas (Que é que se adotou? Medidas severas, sujeito).

Em caso de dúvida, recorra a este truque: construa a frase com o verbo ser: Boa aparência é exigida. Candidatos são procurados. Medidas severas são adotadas. Se o verbo ser ficar no plural, o verbo da frase também deve ficar. Se no singular, o verbo o acompanhará.

Nem sempre o se é pronome apassivador. Em geral, na voz passiva, o verbo é seguido de substantivo sem preposição (Procuram-se digitadores. Vendem-se carros novos e usados. Alugam-se casas).

Se não for seguido de substantivo, ocorrem duas possibilidades: 1) o verbo será acompanhado de preposição (Trata-se de problemas domésticos. Obedece-se aossuperiores), ou 2) não será seguido de substantivo (Come-se bem em Brasília. Dorme-se regularmente nas cidades barulhentas). O verbo, no caso, permanece na terceira pessoa do singular.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 10 de abril de 2018

CADA E TODO: DIFERENÇA

 

Cada e todo: diferença

Cada indica diversidade de ação, particulariza:

Usa cada dia um vestido (não repete o traje).

Cada filho tem um comportamento.

Cada macaco no seu galho. Dava brinquedos a cada criança.

Todo generaliza. Significa qualquer:

Todo dia é dia.

Dava brinquedos a toda criança.

Todo homem é mortal.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 10 de abril de 2018

GANHO, GANHADO & OUTROS PRIVILEGIADOS

 

Ganho, ganhado & outros privilegiados

A língua privilegia certos verbos. Um deles: ganhar. Ganho ou ganhado? Antes, os auxiliares ter e haver exigiam o particípio regular (ganhado). Ser estar, o irregular (ganho). Modernamente, a lei do menor esforço fala mais alto. Há preferência pela forma dissílaba em todas as construções. Assim: O Brasil tinha (havia) ganho. A partida foi ganha. A partida estava ganha.

Muitos torcem o nariz pra flexibilidade. Preferem a trissílaba. A língua, outra vez, se mostra generosa. Abre caminho pra preferência. E lhe dá nota 10: O Brasil tinha ganhado. O Brasil havia ganhado.

Mesmo time

Além de ganhar, gastar, pagar e pegar gozam do privilégio da dose dupla. Com ter ehaver, aceitam o particípio regular (gastado, pagado, pegado) e o irregular (gasto, pago, pego). Com ser e estar, só a forma pequenina tem vez. Assim: Ele havia (tinha) gastado o dinheiro. Ele tinha (havia) gasto o dinheiro. O dinheiro foi gasto. O dinheiro está gasto. Ele tinha pago (pagado) a conta. A conta é (está) paga. O jogador tinha (havia) pegado a bola. Ele havia (tinha) pego a bola. A bola será (está) pega.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 10 de abril de 2018

CONCORDÂNCIA: PERCENTAGEM

 

Concordância: percentagem

A concordância com percentagem dá nó nos miolos. Mas é fácil como andar pra frente:
  1. Com o número anteposto ao verbo, prefere-se a concordância com o termo posposto: Quinze por cento da população absteve-se de votar. Cerca de 1% dos votantes tumultuaram o processo eleitoral.

2. Com o número percentual determinado por artigo, pronome ou adjetivo, não há alternativa. A concordância se fará só com o numeral: Os 10% restantes deixaram para votar nas primeiras horas da tarde. Uns 8% da população economicamente ativa ganham acima de 10 mil dólares. Este 1% de indecisos decidirá o resultado. Bons 30% dos candidatos faltaram à convocação.

3. Com o número percentual posposto ao verbo, a concordância se faz obrigatoriamente com o numeral: Abstiveram-se de votar 30% da população. Tumultuou o processo 1% dos candidatos inconformados com a flagrante discriminação.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 09 de abril de 2018

EM VEZ DE? AO INVÉS DE?

 

Em vez de? Ao invés de?

Ao invés de significa ao contrário de. É contrário mesmo, oposição: Saiu ao invés de ficar em casa. Comeu ao invés de jejuar. Há religiões que pregam a morte ao invés de pregar a vida.

Nas demais acepções,  não duvide. Use em vez de. As três letrinhas querem dizer em lugar de, em substituição aComeu frango em vez de peixe. Em vez de ir ao teatro, foi ao cinema. Convidou Paula em vez de Célia.

Dica pra lá de útil:: deixe o ao invés de pra lá. A locuçãozinha em vez de o substitui com galhardia. Ela vale por dois: Comeu em vez de jejuar. Em vez da carta, o carteiro entregou o pacote. Bobeou. 

 


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 09 de abril de 2018

VÍRGULA: ARTIGOS, PARÁGRAFOS & CIA.

 

Vírgula: artigos, parágrafos & cia.

Como empregar a vírgula em artigos, parágrafos, incisos etc. e tal? A resposta está na ordem. Olho vivo:

1. Se a referência obedecer à ordem crescente, não use a vírgula: Inciso II do parágrafo 2º do art. 5º da Constituição Federal.

2. Se a referência não obedecer à ordem crescente, a vírgula pede passagem:Constituição Federal, art. 5º, parágrafo 2º, inciso II.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 09 de abril de 2018

AO NÍVEL DE E EM NÍVEL DE: QUANDO USAR

 

Ao nível de e em nível de: quando usar

 

Ao nível de significa à mesma alturaSantos está ao nível do mar.

Em nível de tem os sentidos de em instância, no âmbito, paridade, igualdade: A decisão foi tomada em nível de diretoria. O consenso só será possível em nível político. As duas chefias estão em nível presidencial.

A nível de não existe. É praga.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 08 de abril de 2018

A ALFACE? O ALFACE?

 

A alface? O alface?

Alface é feminina: a alface, alface americana, alface crespa.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 08 de abril de 2018

AO ENCONTRO? DE ENCONTRO?

 

Ao encontro? De encontro?

 

Ao encontro de quer dizer em favor de ou na direção deO projeto veio ao encontro de seus interesses. O resultado das eleições pareceu-lhe vir ao encontro das ambições do prefeito. Caminhou ao encontro do filhoDe encontro a significa contra, em sentido contrário aO carro foi de encontro à árvore. O projeto vai de encontro às pretensões do governador.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 07 de abril de 2018

CRASE: MACETE COM PRONOMES POSSESSIVOS

 

Crase: macete com pronomes possessivos

 

— Crase antes de pronome possessivo?

Os precipitados têm a resposta na ponta da língua:

— É facultativa.

Os atentos pensam duas vezes:

— Depende da frase.

E daí?

O pronome possessivo goza de privilégios. Ora vem acompanhado de artigo. Ora não. Por isso, a gente pode dizer:

Minha cidade tem duas faculdades.

A minha cidade tem duas faculdades.

A crase é a fusão da preposição a com outro a. Quando o artigo é facultativo, a crase também é. Logo, está certinho da silva escrever:

Vou a minha cidade.

Vou à minha cidade.

Na incerteza, banque o São Tomé. Recorra ao tira-teima. Substitua a palavra feminina por uma masculina. Se no troca-troca aparecer ao, sinal de crase. Caso contrário, xô, grampinho:

Vou a (ao) meu país.

 

Olho vivo

Nem tudo o que reluz é ouro. Há uma construção enganadora. O a que antecede o possessivo tem cara de artigo. Mas artigo não é. Trata-se do ardiloso pronome demonstrativo:

Não fui a (à) minha cidade, mas à sua.

Desmembrada a segunda oração, temos:

Não fui a (à) minha cidade, mas à que (àquela que) é sua.

O raciocínio é um só: o artigo é facultativo. O pronome não. Exige o sinal de crase. Aplique o tira-teima:

Não fui a (ao) meu país, mas ao seu.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 07 de abril de 2018

CRASE: MACETE COM OS DEMONSTRATIVOS

 

Crase: macete com os demonstrativos

Na língua rolam muitas histórias de amor. Uma é velha conhecida nossa. Trata-se da paixão da preposição a pelo artigo a. Eles juntaram os trapinhos há tempo. Desde então, perderam a individualidade. Viraram à. Outra é o da preposição com os demonstrativos. Tudo começou com o nascimento dos pronomes aquela e aquele. Eles têm irmãozinhos gêmeos — a e o. Um pode ocupar o lugar do outro sem alterar o sentido da frase:

Aquelas que preencherem o cupom concorrerão aos prêmios.

As que preencherem o cupom concorrerão aos prêmios.

Aqueles que escrevem sem esforço são lidos sem prazer.

Os que escrevem sem esforço são lidos sem prazer.

 

Casório

Quando vê o demonstrativo, a preposição não resiste. Sem preconceitos, amasia-se com ele. Nasce, então, a duplinha à que. Para chegar lá, percorre um trajeto. Ei-lo:

Sua proposta é anterior à proposta que chegou ontem.

Para não repetir o substantivo proposta, há uma saída. A gente o substitui pelo demonstrativo. Pode ser aquela ou o irmãozinho a:

 

Sua proposta é anterior àquela que chegou ontem.

Sua proposta é anterior à que chegou ontem.

 

Sofisticado, não? A fim de não tropeçar, recorra ao velho macete. Substitua o substantivo feminino que aparece antes do a que por um masculino (qualquer um, não precisa ser sinônimo). Se no troca-troca der ao que, sinal de crase. Se der a que, só a preposição solteirinha tem vez:

Sua proposta é anterior à que chegou ontem.

(Seu projeto é anterior ao que chegou ontem.)

A proposta a que me referi não foi aceita.

(O projeto a que me referi não foi aceito.)

Houve uma sugestão posterior à que você apresentou.

(Houve um projeto posterior ao que você apresentou.)

Em bom português: na dúvida, o velho macete do troca-troca resolve a questão. Recorra a ele. Sem cerimônia.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 07 de abril de 2018

CRASE: MACETE NA INDICAÇÃO DE HORAS

 

Crase: macete na indicação de horas

Que escravidão! O relógio não dá sossego. É hora de pular da cama, hora do banho, hora do café, hora do ônibus, hora do ponto, hora da reunião, hora do almoço, hora do banco, hora da consulta, hora do lanche, hora da carona, hora da faculdade. Ufa! Conclusão: hora é pra lá de poderosa. Contra ela, não adianta lutar. O bom senso, no caso, aconselha entender-se com a controladora. É o que diz o povo sabido: “Se você não pode com ela, junte-se a ela”. O que fazer? Só há uma saída — aprender a indicar as horas. Em outras palavras: usar o grampinho se necessário. Mandá-lo pras cucuias se for preciso:

Meu expediente começa às 8 horas.

Estou ao telefone desde as 2 horas.

Trabalho das 8h às 12h.

Dúvida? Não esquente a cabeça. Recorra ao macete. Substitua hora por meio-dia. Se no troca-troca der ao, ponha o acento. Caso contrário, xô! Nem pensar. Aprecie o tira-teima aplicado nas frases acima:

Meu expediente começa ao meio-dia.

Estou ao telefone desde o meio-dia.

Trabalho das 8h ao meio-dia.

É isso.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 07 de abril de 2018

CRASE: MACETE DOS CASAIS

 

Crase: macete dos casais de…a, da…à

A língua copia a vida. Lá e cá existem os casais. O que acontece com um acontece com o outro. Se um par tem preposição, o outro vai atrás.

De segunda a sexta.

De é preposição pura. A só pode ser preposição pura. Em ambas o artigo não tem vez:

Trabalho de quarta a sexta.

A farmácia faz entregas de segunda a sábado.

Vejo tevê de domingo a domingo.

*

Da rodoviária à quadra comercial.

Da é combinação da preposição de com o artigo a. O à vai atrás. O acento serve de  prova da fusão.

Mais exemplos

Li da página 8 à página 12.

O expediente é de segunda a sexta, das 8h às 18h30.

Trabalho das 14h às 18h.

Atenção, gente fina. Às vezes, a preposição de vem casadinha com o artigo o. O sexo não muda a regra. O segundo par mantém a fidelidade:

Viajei do Paraguai à França.

Fui de carro do Rio à Paraíba.

Corri do aeroporto à rodoviária.

 Olho na traição

Misturar o par de um com o de outro gera deformações. São os cruzamentos. É como casar girafa com elefante. Já imaginou o pobre filhote? Eis um monstrinho:

Horário do expediente: de segunda a sábado, de 7h30 às 20h.

 Reparou? O primeiro casalzinho (de…a) merece nota mil. O segundo juntou o parceiro de um par com o parceiro de outro. Xô! A forma bem-amada é: das 7h30 às 20h.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 07 de abril de 2018

CRASE: MACETE DAS PALAVRAS REPETIDAS

 

Crase: macete das palavras repetidas

A crase não foi feita pra humilhar. Mas pra tentar. Certas construções dão coceira na mão. Diante delas, o desejo parece irresistível. Ao menor descuido, lá está o acentinho comprometedor. Seguuuuuuuuuuuuuuuuuura!

Tentação satânica são as palavras repetidas. Ao vê-las, dobre os cuidados. Pare, pense e controle-se. Lembre-se de que as duplinhas têm alergia à crase. Não aceitam o sinalzinho nem a pedido dos deuses do Olimpo: face a face, cara a cara, semana a semana, frente a frente, uma a uma, gota a gota.

No caso, o artigo não tem vez. Se tivesse, o primeiro par viria devidamente acompanhado. Não vem. Sem artigo, nada de crase. Deixe a tentação para apelos mais fortes.

Duvida? Recorra ao tira-teima. Substitua a palavra feminina por uma masculina. Se der ao, sinal de crase. Caso contrário, nada feito: lado a lado, caso a caso.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 06 de abril de 2018

MERITÍSSIMO: COM I - E OUTRAS DICAS

 

Meritíssimo: com i

Há um juiz por perto? Não dá outra. É meritíssimo pra lá, meritíssimo pra cá, meritíssimo pracolá. Olho vivo. Meritíssimo se escreve assim — com i. A razão é simples. A palavra vem de mérito. Como diz o outro, filho de peixe peixinho é.
 

Sentença e parecer: quem faz o quê

Cuidado com a Justiça. Com a ceguinha não se brinca. Ela exige propriedade vocabular. Nunca diga que o juiz dá parecer, atribuição do Ministério Público. O meritíssimo sentencia, decide, ordena, determina, absolve e condena. Em bom português: ele profere sentença. Parecer é coisa dos outros mortais.
 

Erramos: pleonasmo

“Além da corrupção, também serão debatidos assuntos ligados à segurança pública”, escrevemos na pág. 13. Reparou no pleonasmo? Além de indica adição. Também transmite a mesma ideia. Melhor ficar com um ou outro: Além da corrupção, serão debatidos assuntos ligados à segurança pública. Serão debatidos assuntos ligados à corrupção e, também, à segurança pública.
 

Justiça: maiúscula ou minúscula

Escreva Justiça quando se tratar do Poder Judiciário. E justiça nos demais casos: A Justiça ordenou o pagamento dos atrasados. Não houve justiça na divisão dos bens. Fazer justiça com as próprias mãos.  
 

Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 06 de abril de 2018

CRASE: 3 PASSOS PARA ACERTAR SEMPRE

 

Crase: 3 passos para acertar sempre

Ferreira Gullar disse que a crase não foi feita pra humilhar ninguém. Pode ser. Mas que dá nó nos miolos, isso dá. Como desatá-lo? É fácil como andar pra frente.

Primeiro passo: desvendar o segredo do acentinho

Crase é como aliança no dedo esquerdo. Avisa que estamos diante de ilustre senhora casada. A preposição a se encontra com outro a. Pode ser artigo ou pronome demonstrativo. Os dois se olham. O coração estremece. Aí, não dá outra. Juntam os trapinhos e viram um único ser.

Segundo passo: descobrir se existem dois aa

Para que a duplinha tenha vez, impõem-se duas condições. Uma: estar diante de uma palavra feminina. A outra: estar diante de um verbo, adjetivo ou advérbio que peçam a preposição a:

Vou à escola das crianças.

O verbo ir pede a preposição a (a gente vai a algum lugar).

O substantivo escola adora o artigo (a escola das crianças).

Resultado: a + a = à

 

João é fiel à namorada.

O adjetivo fiel reclama a preposição a (a gente é fiel a alguém).

Namorada se usa com artigo (a namorada de João).

Resultado: a + a = à

 

Relativamente à questão proposta, nada posso informar.

O advérbio relativamente exige a preposição a (relativamente a alguém ou a alguma coisa).

Questão pede o artigo a (a questão ainda não tem resposta)

Resultado: a + a = à

 

Terceiro passo: recorrer ao macete

Na dúvida, peça ajuda ao tira-teima. Substitua a palavra feminina por uma masculina. (Não precisa ser sinônima.) Se no troca-troca der ao, é crase na certa:

Vou à escola. Vou ao clube.

João é fiel à namorada. Carla é fiel ao namorado.

Relativamente à questão, nada posso fazer. Relativamente ao problema, nada posso fazer.

Vou a duas reuniões programadas. Vou a dois encontros programados.

Vou às duas reuniões programadas. Vou aos dois encontros programados.

 

Vale a pergunta. Se é tão simples, por que tantos tombam tanto? Acredite. A resposta está no artigo. Nossa dificuldade não reside na preposição, mas no saber se aparece artigo ou não. É o caso de nome de cidades, estados, países ou pessoas, dos pronomes possessivos, de palavras repetidas. E por aí vai.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 05 de abril de 2018

SIGLAS: COMO ESCREVÊ-LAS

 

Siglas: como escrevê-las

As siglas não dão folga. Você abre o jornal, lá estão elas. Liga a tevê, não dá outra. Conversa com os amigos, as danadinhas aparecem. É ONU pra cá, PT pra lá, PM, UTI, Embratur pracolá. O Programa de Aceleração do Crescimento perdeu o tamanhão original. Virou PAC.

Até as pessoas se transformam em siglas. É o caso de FHC. Fernando Henrique Cardoso governou o Brasil de 1994 a 2002. Em oito anos, fez e aconteceu. ACM também virou sigla. Antônio Carlos Magalhães, o rei da Bahia, era temido no estado e fora dele.

Se as siglas fazem parte da vida, não adianta bancar o cego. O jeito é aprender a lidar com elas. Como escrevê-las? Todas as letras maiúsculas? Com ponto ou sem ponto entre as letras? Com o s de plural ou não? Gramáticas não se preocupam com o assunto. O problema caiu no colo de jornais e revistas. Eles ditam normas.

Use todas as letras maiúsculas:

1. se a sigla tiver até três letras: Organização das Nações Unidas (ONU), Caixa Econômica Federal (CEF), Ministério da Educação (MEC), unidade de terapia intensiva (UTI), Polícia Militar (PM), Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa).

2. se todas as letras forem pronunciadas: Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS),  Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Nos demais casos, só a inicial é grandona: Departamento de Trânsito (Detran), Organização dos Produtores Exportadores de Petróleo (Opep), Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Departamento Nacional do Trânsito (Denatran).

Atenção, gente fina. Escreva os serezinhos sem ponto. Se estiverem no plural, o s  minúsculo pede passagem: PMs, Detrans, UTIs.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 04 de abril de 2018

SEU E SUA: QUANDO É PROIBIDO USAR

 

Seu e sua: quando é proibido usar

 

Certas palavras rejeitam o possessivo. Aproximá-los é briga certa. Evite confusões. Não o use com:

  1. as partes do corpo: Na batida, quebrou a perna (nunca sua perna). Arranhou o rosto. Fraturou os dedos.
  2. os objetos de uso pessoal: Calçou os sapatos (não seus sapatos). Pôs os óculos. Vestiu a saia.
  3. as qualidades do espírito: Perdeu a consciência (não sua consciência). Mudou a mentalidade. Alterou o comportamento.

Dica: em 90% dos casos, o possessivo é desnecessário. Se é desnecessário, sobra: Paulo fez a (sua) redação. Pegou o (seu) jornal. Perdeu as (suas) chaves.

É isso. Escrever é cortar. Ou trocar.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 03 de abril de 2018

CRIANÇA MEIO DOENTE? MEIA DOENTE?

 

Criança meio doente? Meia doente?

Meio-dia e meia? Meio-dia e meio? Criança meio adoentada? Criança meia adoentada? A dúvida tem diagnóstico. É a confusão entre adjetivo e advérbio. Adjetivo é variável. Advérbio, invariável. Como identificar um e outro? A tarefa é fácil como andar pra frente.

O adjetivo é mutável. Tem feminino, masculino, singular e plural. Subordinado ao substantivo, concorda com o chefão em gênero e número: menino alto, meninos altos; menina alta, meninas altas; meio quilo, meios quilos; meia verdade, meias verdades; meio melão, meios melões.

O advérbio joga em outro time. Para ele não existe gênero nem número. No caso, meio acompanha o adjetivo. Quando aparece, quer dizer um tanto, mais ou menos: Maria anda meio (um tanto) chateada. O ministro anda meio (um tanto) desaparecido da mídia. Deixe as portas meio (mais ou menos) abertas.

Macete

Pintou a dúvida? Pare e pense. Na frase, meio joga em que time — quer dizermetade ou um tanto? Se metade, é adjetivo. Dança conforme a música do substantivo. Se um tanto, é advérbio. Mantém-se imutável, indiferente ao feminino, masculino, singular ou plural: A senadora saiu ao meio-dia e meia (hora) meio (um tanto) aborrecida.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 02 de abril de 2018

ASCENSÃO E ASSUNÇÃO: EMPREGO

Ascensão e assunção: emprego

Quarenta dias depois da Páscoa, Jesus voltou pra casa. Sozinho, sem ajuda. O ato milagroso se chama ascensão. O verbo, ascender. Maria seguiu o filho. Mas precisou ser levada. A subida dela às alturas se denomina assunção.

Páscoa: significado e história

A língua adora bater papo. E, no vai e vem de histórias, incorpora palavras de outros idiomas. Vale o exemplo de Páscoa. Hebraica, a dissílaba quer dizer passagem e é tão antiga quanto Adão e Eva. Bem antes de Moisés vir ao mundo, os pastores nômades comemoravam a Páscoa. Cantavam e dançavam pela despedida do inverno e a chegada da primavera, quando a neve se ia, os campos se cobriam de pastagens e os alimentos abundavam.

Mais tarde, os judeus começaram a festejar a Páscoa. Lembravam, com sacrifícios, a saída do povo de Israel do Egito. Era a passagem da escravidão para a liberdade. Em 325, os cristãos instituíram a Páscoa. Com ela, exaltam a ressurreição de Cristo – a passagem da morte para a vida.

O círio e o coelho: símbolos da Páscoa

A Páscoa tem símbolos. Um deles: o círio pascal. Trata-se de uma vela onde estão inscritas a primeira e a última letra do alfabeto grego – alfa e ômega. A mensagem: Cristo é o princípio e o fim. Ao mesmo tempo, luz.

O coelho

O outro é o coelho com o ovo. “Coelhinho da Páscoa, que trazes pra mim – um ovo, dois ovos, três ovos, assim”, canta a meninada lambuzada de chocolate. Cá entre nós: o que o ovo tem a ver com a Páscoa, e a Páscoa com o coelho? No duro, no duro, nada. A relação é simbólica. O ovo representa o nascimento e a ressurreição. O coelho, a fertilidade. Gera coelhinhos pra dar, vender e emprestar.

Será?

Dizem que Simão, que ajudou Jesus a carregar a cruz até o Calvário, era vendedor de ovos. Depois da crucificação, ops! Milagre! Os ovos se cobriram de cores. São os mesmos que as crianças buscam nos mais diferentes esconderijos.

Pascal, pascoal: significado do sufixo -al

O substantivo Páscoa sentiu-se solitário. Que tal uma família jeitosa? Oba! Pediu socorro ao sufixo -al. Com ele, formou os adjetivos pascal e pascoal. As duas letrinhas aparecem em montões de adjetivos. Em todos, têm o mesmo significado. Querem dizer relacionado com, pertinente a.

Pascal e pascoal são relacionados com a Páscoa (festa pascal, Monte Pascoal). Campal, com campo (batalha campal). Matrimonial, com matrimônio (festa matrimonial). E por aí vai.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 01 de abril de 2018

APÓS E DEPOIS - PRESENTEAR, CEAR E FREAR: CONJUGAÇÃO

 

Após e depois: questão de naturalidade

“Seja natural”, aconselham os manuais de estilo. Escreva do jeito que você fala. Frases curtas, perguntas diretas, palavras simples conquistam o leitor. Dão a impressão de um bate-papo de amigos que se encontram para tomar um cafezinho ou comer um sanduíche.

Mas nem todos estão atentos às manhas da língua. Um dos tropeços mais comuns é o uso do após. Por alguma razão que até Deus desconhece, falamos uma palavra, mas escrevemos outra. Que coisa!

Guarde isto: após é artificial. Use-o em expressões consagradas (ano após ano, dia após dia). No mais, dê preferência ao depois: Depois do sinal, deixe o recado. Depois de consultar o ministro, o presidente soltou a nota. Arrependeu-se depois de falar mal do chefe. Mas o mal estava feito.

Presentear, frear e cear: conjugação

Amanhã é Páscoa. A meninada espera ansiosa a visita do coelhinho. Ele vai conjugar o verbo presentear. Conjugá-lo como manda a gramática pega bem como dar bom-dia no elevador, usar cinto de segurança, pedir licença e dizer obrigado. Como frear e cearpresentear perde o no nós e vós dos dois presentes — do indicativo e do subjuntivo.

Veja: eu presenteio (freio,ceio), ele presenteia (freia, ceia), nós presenteamos (freamos, ceamos), vós presenteais (freais, ceais), eles presenteiam (freiam, ceiam); que eu presenteie (freie, ceie), ele presenteie (freie, ceie), nós presenteemos (freemos, ceemos), vós presenteeis (freeis, ceeis), eles presenteiem (freiem, ceiem).

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 31 de março de 2018

AMIGO PESSOAL? NÃOOOOOOO! - DEPOR: REGÊNCIA

 

Amigo pessoal? Nãooooooo!

A Polícia Federal deflagrou ontem a Operação Skala. Jornais, rádios, tevês, sites e blogues só falam no assunto. Ressaltam que a maior parte dos mandados de prisão temporária atinge amigos “pessoais” do presidente. Ops! Ganha um ovão de Páscoa quem tiver um amigo que não seja pessoal. Vale chutar? Talvez eles queiram dizer amigos íntimos do presidente. Ou amigos próximos.

Depor: regência

O verbo mais usado nos últimos anos? É depor. De ontem pra hoje, com a prisão dos amigos do presidente, a coisa explodiu. É depor pra lá, depor pra cá, depor pracolá.  Pinta, então, a dúvida. Qual a regência do dissílabo? Eis a resposta: ele exige a preposição em: Amigos íntimos de Michel Temer depõem na Polícia Federal. Alguns já depuseram em CPIs. Ontem Maria depôs na delegacia.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 30 de março de 2018

À: PRONÚNCIA - E OUTRAS DICAS

 

À: pronúncia

Roberto Neves vive com dor de ouvido. Compra que compra remédio pra otite. Mas os medicamentos estão pela hora da morte. E o dinheiro encurtou. “O problema”, diz ele, “não é da alçada do otorrino. Pertence ao universo da prosódia. Muita gente pronuncia o à como se fossem dois aa (vou a a praia). Pode estar certo. Mas maltrata os tímpanos”.

São manhas da escola antiga. No ditado, os professores pronunciavam dois aa para os alunos se darem conta da crase. Era um truque. Virou vício. Corra dele.

Letra maiúscula: acentua-se?

A Laura é secretária de uma escola. Ela se preocupa com a grafia do nome das crianças. Observa acentos, esses e zês. “As certidões, diz ela, trazem o nome em letra maiúscula. Nem sempre devidamente acentuados. O que devo fazer?”

Em português, as maiúsculas não gozam de privilégios. Têm o mesmo tratamento das minúsculas. Devem ser acentuadas quando necessário (Ásia, Índia). Pressupõe-se que os cartórios saibam disso. Mas, se na certidão não aparecer o acento, respeite o registro. É lei.

Ele sobressai ou se sobressai?

Sobressair não é pronominal. Altivo, dispensa objeto. Reina sozinho, absoluto: O Ceará sobressai na educação. Bolssonaro sobressai nas pesquisas. Os povos da Mesopotâmia sobressaíram na escultura. O relator sobressaiu na discussão ao defender  prisão dos suspeitos.

Extorquir alguém? Nãoooooooooo!

Que susto! Deu na TV: “Fiscais extorquiram delegada”. É difícil. Extorquir não é lá coisa boa. Significa obter por violência, ameaças ou ardis. O verbo tem uma manha. Seu objeto direto tem de ser coisa. Nunca pessoa. Extorque-se alguma coisa. Não alguém: Fiscais extorquiram dinheiro de delegada. A polícia tentou extorquir o segredo. Extorquiram a fórmula ao cientista. 

Metade das laranjas apodreceu? Apodreceram?

Existem as expressões partitivas: parte de, uma porção de, o resto de, a metade de, a maioria de. Quando elas são seguidas de substantivo ou pronome no plural – e só assim – o verbo se esbalda. Pode ir para o singular. Ou plural:

• A maioria das faltas não existiu (o verbo concorda com maioria).

• A maioria das faltas não existiram (concorda com faltas).

. Metade das laranjas apodreceu (concorda com metade).

. Metade das laranjas apodreceram (concorda com laranjas).

. A maior parte da população reagiu bem. (Parte é singular. População é singular. Só o singular tem vez.)

Pode-se citar exemplos? Podem-se citar exemplos?

Eta construção que incomoda! Parece um calo no pé. É a passiva com se. Outro dia, o Correio Braziliense publicou esta frase: “Não se combate verdades com inverdades”. Combate ou combatem? A dúvida paira no ar.

Nas orações em que aparece o pronome apassivador se, facilmente se cometem erros. Para não entrar em fria, há um macete: construa a frase com o verbo ser. Se ele for para o plural, o verbo da frase com se também irá. Caso contrário, nada feito. A regra vale para as locuções verbais. No caso, o auxiliar é que se flexiona ou não:

Não se combatem verdades com inverdades. (Verdades não são combatidas com inverdades.)

Procuram-se datilógrafos. (Datilógrafos são procurados.)

Vende-se esta casa. (Esta casa é vendida.)

Podem-se citar  exemplos. (Exemplos podem ser citados.)

Pode-se citar um caso. (Um caso pode ser citado.)

Devem-se mencionar três episódios. (Três episódios devem ser mencionados.)

Deve-se mencionar o episódio principal. (O episódio principal deve ser mencionado.)

Rir: conjugação

Rir é gozador. Ri de nós. Em razão do ‘eu rio’, as pessoas pensam que ele é aleijão. Que teria falta de pessoas, tempos ou modos. Nada disso. O boa-vida é completinho da silva. Mas é irregular. Foge ao modelo da conjugação dele: eu rio, tu ris, ele ri, nós rimos, vós rides, eles riem; eu ri, ele riu, nós rimos, eles riram; que eu ria, você ria, nós riamos, eles riam; se eu rir, nós rirmos, eles rirem. E por aí vai. 

Maluf reouve a liberdade? Reaviu a liberdade?

Quem vê cara não vê formação. Reaver que o diga. À primeira vista, o verbinho tem pinta de derivado de ver. Mas é só à primeira vista. Porque os dois nunca se viram nem de longe.

Reaver é filhote de haver. Significa haver de novo, recobrar, recuperar: Maluf foi preso. Passados alguns meses, reouve a liberdade. A casa de Gilberto foi assaltada. Os ladrões levaram joias e dinheiro. A polícia os prendeu. Mas não conseguiu reaver os bens.

O verbo, de origem tão nobre, padece de grave enfermidade. É preguiçoso pra chuchu. Não se conjuga em todos os tempos e modos. Só dá as caras nas formas em que aparece o v de haver. No presente do indicativo, por exemplo, apenas o nós e o vós têm vez: reavemos, reaveis.

O indolente não tem presente do subjuntivo. Em compensação, exibe todas as formas do passado e futuro: reouve, reouvemos, reouveram; reavia, reavias, reavíamos; reaverei, reaverás; reaveria, reaveriam; reouver, reouveres, reouvermos; reouvesse, reouvéssemos. E por aí vai.

Não caia na tentação. Reavê, reaviu, reaveja não existem (seriam derivados de ver). Nem fazem falta. Recuperar ou recobrar estão aí pra quebrar o galho. Lembre-se: o inferno está pululando de insubstituíveis.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 29 de março de 2018

NÓS OU ELE REDIGIRÁ O TEXTO? OU REDIGIREMOS? – É PROIBIDO ENTRADA? É PROIBIDA ENTRADA?

 

Nós ou ele redigirá o texto? Ou redigiremos?

A conjunção ou adora pregar peças em falantes desatentos. A pegadinha: o verbo vai para o singular ou o plural? A resposta: depende da ideia:

1. Se for de exclusão, o verbo fica no singularOu João ou Rafael será presidente do clube (só há uma vaga de presidente). Carla ou Maria se casará com Marcelo. Há apenas uma vaga na empresa. Tereza ou Marlene a preencherá.

2. Se for de inclusão (=e), o verbo vai para o pluralUm ou outro convidado saíram mais cedo da festa. Casamento ou divórcio são regulamentados por lei. Quem sairá mais tarde? O professor ou o secretário sairão depois do horário.

3. Se for retificação, o verbo concorda com o núcleo mais próximoOs autores ou o autor da melhor reportagem receberá o prêmio. O autor ou os autores da melhor reportagem receberão o prêmio. Ele ou nós redigiremos o requerimento. Nós ou ele redigirá o requerimento.

 

É proibido entrada? É proibida entrada?

“Há mais mistérios entre o céu e a Terra do que imagina nossa vã filosofia”, disse Shakespeare. Ele devia estar pensando na concordância do é bom, é proibido, é feio, énecessário, é preciso & cia. A danada tem manhas. O adjetivo pode ficar invariável ou flexionar-se. Depende do recado.

O imutável tem vez quando se deseja fazer referência de modo vago e geral. No caso, o sujeito não vem acompanhado de artigo: É necessário paciência. É proibido entrada. É perigoso mudanças. Água é bom. Não é necessário inspetoras na escola.

Quando o sujeito recebe determinação, cessa tudo que a musa antiga canta. A concordância entra na vala comum. Esta cerveja não é boa para a saúde. Aquelas pimentas são boas para a circulação. É necessária a paciência de Jó. É proibida a entrada.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 28 de março de 2018

CILADAS DA PRONÚNCIA: SUBSÍDIO E GRATUITO

 

Ciladas da pronúncia: subsídio e gratuito

 

Carla é linda. Morena, olhos azuis, peso de manequim, pernas longas e andar ondulante como as ondas do mar. Ela tem um sonho. Fazer televisão. Qualidades não lhe faltam. Submeteu-se a teste. Fotogênica, ultrapassou o primeiro obstáculo. Depois, veio a prova de locução. O texto era simples. Mas cheio de ciladas. Em duas ela caiu como sereia: A entrada é gratuita. O governo vai cortar o subsídio.

A bela pôs um baita acento no i de gratuito. E disse “subzídio”. Esqueceu-se de duas dicas pra lá de preciosas. Uma: gratuito pronuncia-se como circuito e fortuito. A outra: o s de subsídio soa igualzinho ao de subsolo.

Moral da opereta: Beleza nem sempre põe mesa.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 27 de março de 2018

A VÍRGULA MUDA SIGNIFICADOS – DE ONDE VEM O NOME DOS MESES?

 

A vírgula muda significados

 

“Neymar, fora.” “Neymar fora.” Duas frases. Uma vírgula. O sinalzinho muda a mensagem? A dúvida: estão mandando Neymar pra casa? Ou ele foi mandado pra casa?

A resposta está na pontuação. Compare:

Neymar, fora.

Com a vírgula, Neymar vira vocativo — o ser a quem nos dirigimos. No caso, dá-se uma ordem pra ele. Ele obedece. Ou não. A única certeza é o sinal de pontuação. Esteja onde estiver, o nome vem isolado. Veja exemplos: Neymar, fora. Fora, Neymar. Pra frente, Brasil. Brasil, pra frente. Maria, volte logo. Volte logo, Maria. Aprende com eles, Brasil. Brasil, aprende com eles. Te adoro, garoto. Garoto, te adoro.

Neymar fora.

Sem a vírgula, subentende-se o verbo estar: Neymar (está) fora. Que diferença, hem?

De onde vem o nome dos meses?

 

Janeiro

O primeiro mês do ano homenageia Jano. O deus grego tem duas caras. Uma olha pra frente. A outra, pra trás. A primeira abre as portas dos 365 dias que se iniciam. A segunda as fecha para o ano que se despede. Janela, que também abre e fecha, pertence à família do entra e sai.

Fevereiro

O segundinho, que tem menos dias que os irmãos, se inspira em Februa, deus da purificação dos mortos.

Março

Epa! Marte, o deus da guerra, originou vários nomes na nossa língua de todos os dias. Um deles é março. Outros, Márcio e Márcia. Marciano também. E marcial? Idem.

Abril

Todos a amam e todos a querem. Trata-se de Vênus, a deusa do amor e da entrega. Em homenagem a ela, criou-se aprilis. Trata-se da comemoração sagrada dedicada à musa olímpica. Daí nasceu abril.

Maio

A primavera no Hemisfério Norte corresponde ao nosso outono. Com inverno rigoroso, os campos se cobrem de neve, e a agricultura sofre. As comemorações que se faziam depois do frio reverenciavam Maia e Flora – deusas do crescimento de plantas e flores.

Junho

Hera em grego. Juno em latim. Ela era a primeira-dama do Olimpo. Defensora incondicional do casamento, ao descobrir as traições do marido, Zeus, não punha em risco o próprio lar. Punia a outra. Passou a ser considerada a protetora da maternidade. Para render-lhe loas, junho se chama junho.

Julho

Julho era o quinto mês do ano antes de janeiro e fevereiro mudarem de lugar. Chamava-se quintilis. Mas, em 44 a.C., mudou de nome por causa de Júlio César. O grande líder romano foi assassinado por gente de casa, Brutus, o próprio filho. Mas não caiu no esquecimento. Ganhou lugar cativo na história e no calendário.

Agosto

Agosto, que rima com desgosto, serve de prova da ciumeira. Por ser o sexto mês do ano, chamava-se sextilis. Mas, como julho balançou o calendário, o primeiro imperador de Roma, sucessor de Júlio César, não ficou atrás. “Eu também quero”, disse ele. Levou. Agosto se chama agosto em homenagem a Augustus.

Setembro, outubro, novembro e dezembro

O quarteto não estava nem aí para a mudança  de janeiro e fevereiro. Eles mantiveram o nome. Setembro, do latim septe, era o sétimo mês do ano. Outubro, de octo, o oitavo. Novembro, de nove, o nono. Dezembro, de decem, o décimo.

Gregoriano

Ufa! Até chegar à forma de hoje, o contar dos meses sofreu muitas alterações. Com elas, falhas foram corrigidas. A última mexida, do papa Gregório XIII, ocorreu em 1582. Por isso, nosso calendário se chama gregoriano.

 

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Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 26 de março de 2018

CRASE: QUANDO É PROIBIDA

 

Crase: quando é proibida

Antes de nome masculino. Crase é o casamento de dois aa. Um deles é a preposição. O outro, o artigo. Ora, o pequenino a só tem vez antes de nome feminino. O machinho pede o Bebê a bordo. Saiu a todo vapor. Com palavras repetidas: cara a cara, uma a uma, gota a gota, face a face, semana a semana, frente a frente. 
 

Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 25 de março de 2018

OU SEJA: EMPREGO

 

 

 

 

Ou seja: emprego

Ou seja joga no time dos invariáveis. Escreve-se sempre entre vírgulas: Falou 120 minutos, ou seja, duas horas.  
 

Oculto ou ocultado?

Use ocultado com os auxiliares ter e haver; oculto, com ser e estar: O garoto tinha ocultado o dinheiro debaixo do tapete. O governo venezuelano tem ocultado o índice da inflação. A resposta está oculta. A trapaça foi oculta durante os debates. 
 

Obter: emprego

Não troque as bolas. Obter quer dizer ganhar, granjear, conquistar o que se deseja, o que se busca. Por isso só o use em sentido positivo: O time obteve vitórias (nunca obteve derrotas). Paulo obteve 90 pontos no concurso. Maria obteve o cargo pelo qual lutou durante dois anos.  
 

Que ou o qual: quando usar

Use o qual se o pronome for antecedido de preposição com mais de uma sílaba. Se não for, prefira que: O livro de que lhe falei está esgotado. O livro sobre o qual lhe falei está esgotado. O público perante o qual se pronunciou manteve-se indiferente.  
 

Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 24 de março de 2018

MAIS ANTIGA QUE? MAIS ANTIGA DO QUE?

 

Mais antiga que? Mais antiga do que?

Planaltina é mais antiga que Brasília? Ou mais antiga do que Brasília? Faça a sua aposta. Ficou na dúvida? A razão é simples. As duas formas merecem nota mil. Planaltina é mais antiga que Brasília. Ou mais antiga do que Brasília. Brasília é mais nova que Planaltina. Ou é mais nova do que Planaltina. Qual a melhor? A mais econômica. Mais antiga que Brasília. 
 

Erramos

“Nos bastidores, integrantes do partido falam que o ex-presidente será impedido de disputar as eleições “, escrevemos na pág. 3. Ops! Esquecemos pormenor pra lá de importante. Falar não é dizer. Falar é pronunciar palavras (falou cedo, fala inglês). Dizer é afirmar. Melhor: Nos bastidores, integrantes do partido dizem que o ex-presidente será impedido de disputar as eleições.  
 

Enxurrada com x. Enchente com ch. Por quê?

Puxa! Que chuvarada. Rio e São Paulo ficaram alagados. As tempestades trouxeram duas palavras ao cartaz. Uma: enxurrada. A outra: enchente. Pintou, então, uma pergunta. Por que enxurrada se escreve com x e enchente com ch? A regra diz que, depois de en, vem x (enxoval, enxofre, enxugar, enxame, enxurrada). Enchente joga em outro time. De cheio, nasceu encher. De encher, enchente. Tudo com ch.
 

A ou há: questão de tempo

A Lei Maria da Penha nasceu em 2006. Portanto, há 12 anos. Por que a presença do h? Guarde isto: tempo passado é com h. Tempo futuro, sem h. Bater em mulher virou crime há 12 anos. Passado. Com h. Daqui a três anos, a lei completa uma década e meia. Futuro. Sem h. Mais exemplos? Cheguei há pouco. Passado, com h. Estamos a dois dias da posse.
 

Candidato melhor avaliado? Mais bem avaliado?

Eleição rima com confusão? Não. Rima com discussão e solução. Candidatos prometem. Os eleitores avaliam promessas. Se convencem? As pesquisas respondem. O resultado levanta uma questão de português. A gente diz candidato melhor avaliado ou mais bem avaliado? Avaliado é particípio. Como dançado, cantado, votado. Guarde isto: antes de particípio, só mais bem tem vez. Diga sem medo de errar: candidato mais bem avaliado, música;
 

 

 

Vossa Excelência & cia.: letra maiúscula

Hoje o Supremo Tribunal Federal se reúne para decidir o habeas corpus do Lula. Qual será a sentença? Todos chutam, mas ninguém tem a resposta. A única certeza é que os ouvidos se cansarão de ouvir a duplinha Vossa Excelência. Vale a lembrança. Pronomes de tratamento começados por “vossa” se escrevem com a inicial grandona: Vossa Excelência, Vossa Majestade, Vossa Senhoria.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 23 de março de 2018

VOSSA EXCELÊNCIA & CIA.: LETRA MAIÚSCULA

 

Vossa Excelência & cia.: letra maiúscula

Hoje o Supremo Tribunal Federal se reúne para decidir o habeas corpus do Lula. Qual será a sentença? Todos chutam, mas ninguém tem a resposta. A única certeza é que os ouvidos se cansarão de ouvir a duplinha Vossa Excelência. Vale a lembrança. Pronomes de tratamento começados por “vossa” se escrevem com a inicial grandona: Vossa Excelência, Vossa Majestade, Vossa Senhoria.
 

Erramos

“Três travestis são acusadas de matar cliente”, escrevemos na pág. 23. Bobeamos. Travesti joga no time de estudante. É substantivo de dois gêneros. Artigo, pronome e adjetivo concordam com o sexo da pessoa. No caso, são homens travestidos de mulher. São, pois, os travestis. Melhor: Três travestis são acusados de matar cliente.
 

Cela ou sela? Depende

Cela ou sela? Quando usar uma e outra? Cela é aposento, quarto de dormir pequeno, quarto de penitenciária. Sela joga em outro time. Pode ser arreio de cavalo ou forma do verbo selar: selo, sela, selamos, selam.
 

 

 

 

 

Tropeço no Fórum Mundial da Água

O leitor Sebastião Machado Aragão escreveu: “Como é que o GDF manda fazer um banner e não observa um erro de grafia: `Bem vindos à Vila Cidadã´, diz o texto. Cadê o hífen da palavra bem-vindos?” O gato comeu.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 22 de março de 2018

SEM-NOÇÃO JOGA NO TIME DO SEM-TERRA

 

Sem-noção joga no time de sem-terra

Motoristas irresponsáveis? Existem pra dar, vender e emprestar. Além de desrespeitar o limite de velocidade, estacionam como lhes dá na cabeça. Diante das escolas, veem-se carros em filas duplas e triplas. A meninada chama os condutores de “sem noção”. Ao escrever a duplinha, pintou a dúvida. Com hífen? Sem hífen? Sem-noção joga no time de sem-terra, sem-teto, sem-emprego. 
 
 

Meio-dia e… meio ou meia?

A questão pintou na aula da 6ª série. Meio-dia e meio ou meio-dia e meia? A turma se dividiu. Uns ficaram com o masculino. Outros, com o feminino. E daí? A professora entrou na discussão. Fez esta pergunta: — Meio-dia e … metade de hora ou metade do dia? Caiu a ficha. A moçada aprendeu sem risco de esquecer. Meio-dia e meia são 12h30. 
 

 

 

Metade das escolas atingiu? Atingiram?

“Com esses dados, podemos ver que, na verdade, aproximadamente metade das escolas privadas atingiram a pontuação que a maioria das escolas públicas não conseguem”. A frase está correta? Metade das escolas atingiram? A maioria das escolas não conseguem? Trata-se do partitivo. No caso, o verbo pode concordar com o núcleo do sujeito (metade, maioria) ou com o complemento (escolas privadas, escolas públicas). 
 

 

 

 

 

 

 

Ir a e ir para

O verbo ir admite duas preposições. Cada uma dá recado diferente. Ir a significa que vamos voltar rapidinho (vou ao clube, vou ao cinema, vou ao teatro, vou a São Paulo). Ir para avisa que vamos de mala e cuia — pra ficar ou pra demorar um tempão: Vai para Nova York fazer pós-graduação. Vai para Porto Alegre morar com os pais. 
 

Concluir: regência

É correto afirmar que o Ministério Público concluiu “pela” ou “por” alguma coisa? Regência é calo nos dois pés. Na dúvida, é melhor recorrer ao paizão. O dicionário de verbos e regimes, de Francisco Fernandes (o melhor que temos), dá nota 10 para concluir por (pelo, pela), que significa convencer-se de: Gonçalo concluiu pela necessidade de acabar a novela.  
 

Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 21 de março de 2018

ÓPTICO OU ÓTICO?

 

Óptico ou ótico?

Óptico é relativo à visão (músculo óptico, fibra óptica). Ótico, relativo ou pertencente ao ouvido (músculo ótico). Para definir ponto de vista ou o estudo da luz, é preferível a forma ótica: ilusão de ótica, estudo da ótica. Olho vivo Óptico admite a variante ótico. Mas pode armar confusão com ótico, referente a ouvido. 
 

Onomatopeia enriquece a língua

Imitamos as vozes dos bichos ou o ruído das coisas. Com elas, formamos novas palavras. São as onomatopeias. As danadinhas aumentam o vocabulário e, com isso, enriquecem a língua. Miau-miau, mia o gato. Au-au, late o cão. Muuuuu-muuuuuu, muge a vaca. Cocoricó, canta o galo. Cri-cri-cri, cricrila o grilo. Zum-zum-zum, zune a mosca. Tique-taque, bate o relógio. Pingue-pongue, salta a bola. 
 

Onde ou em que? Depende

Onde indica lugar físico: a cidade onde moro, o lugar onde nasci, a gaveta onde guardei, as palmeiras onde canta o sabiá. Em que indica lugar não físico: Na palestra em que falou sobre a crise americana, o presidente recebeu entusiasmados aplausos.    
 

Obrigar & cia.: regência

Atenção à regência do verbo obrigar. Obriga-se alguém a fazer alguma coisa: Obrigou o filho a estudar. O professor obriga os alunos a se manterem calados. Eu o obriguei a fazer horas extras. Outros verbos exigem a preposição a antes do infinitivo. É o caso de começar, convidar, ensinar e forçar: Começou a escrever a peça em 1989. Convidamos os amigos a participar da festa.
 

Artigo indefinido? Xô! Xô! Xô!

A escrita agradável tem muitos segredos. Um deles: fugir do artigo indefinido. Um, uma, uns, umas fazem estragos. Tornam o substantivo impreciso e molengão. Mais ou menos como Sansão sem cabelo. Quer ver? Paulistanos foram surpreendidos por (um) temporal  que alagou a cidade. Deus é (um) poder supremo. (Um) outro bate-boca ocorreu ontem entre o marido e a mulher. 
 

 

 

Pleonasmos: quando têm vez?

A palavra pleonasmo vem do grego. Na língua de Platão e Aristóteles, quer dizer superabundância. Em bom português: repetição de uma ideia com palavras diferentes. Há pleonasmos e pleonasmos. Alguns não dão nenhuma expressividade à frase. Aí, deixam de ser figuras de linguagem e passam a ser vício. É o caso de comer com a boca, subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro.
 

Era por volta das 10h30? Eram por volta das 10h30?

Ops! Saiu na primeira página do jornal: “A tragédia parou São Sebastião. Era por volta das 10h30 quando o motorista de um caminhão de bebidas perdeu a direção na íngreme descida da pista principal da cidade”. Observou o cochilo? Na indicação de horas, o verbo concorda com o número: Era 1h. Eram 13h. É 1h. São 4h. É meio-dia. São 12h. 
 

Sir Richard Burton ensinou

“Há quatro espécies de homens. O que não sabe e não sabe que não sabe. É tolo — evita-o. O que não sabe e sabe que não sabe. É simples — ensina-o. O que sabe e não sabe que sabe. Ele dorme — acorda-o. O que sabe e sabe que sabe. É sábio — segue-o.”  
 

Pôr, depor & cia.: conjugação

Depor é filho de pôr e irmãozinho dos verbos terminados em -or. Compor, repor, transpor & cia. fazem parte da família pra lá de unida. Toda a filharada se conjuga tal qual o paizão. Assim: ponho (deponho, componho, reponho, transponho), põe (depõe, compõe, repõe, transpõe), pomos (depomos, compomos, repomos, transpomos), põem (depõem, compõem, repõem, transpõem). Moleza? Sim. 
 

Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 20 de março de 2018

X: LETRA COM MAIOR NÚMERO DE PRONÚNCIAS

 

X: letra com maior número de pronúncias

O xis é a letra com o maior número de pronúncias em português. Em certas palavras, pronuncia-se ch (enxoval). Em outras, z (exame). Em outras, ainda, s (excelência). Chega? Não. Há os casos em que a gloriosa soa ks (táxi). Ufa!    
 

Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 19 de março de 2018

ADMISSÃO, DEMISSÃO & CIA.: POR QUE SS?

 

Reúso: o porquê do acento

Reaproveitar a água é a ordem. Reúso, a palavra. Ela deriva de uso. O prefixo re- quer dizer de novo (reler, rever). O acento se impõe. Ele quebra o ditongo. O u, pra ganhar o grampinho, exige o cumprimento de quatro condições. Uma: ser tônico. Outra: ser antecedido de vogal. Mais uma: formar sílaba sozinho ou com s. A última: não ser seguido de nhuma vogal.
 

Sobre a água: citações

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“Água detida é má bebida.” (povo sabido) “Água silenciosa é sempre perigosa.” (provérbio) “Água salgada, alma lavada.” (voz do povo) “A água de boa qualidade é como a saúde ou a liberdade: só tem valor quando acaba.” “A água vai faltar mesmo sabendo usar.” (Alex Periscinoto) “As falhas dos homens eternizam-se no bronze. As virtudes se escrevem na água.” (William Shakespeare).


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