Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 09 de setembro de 2017

STAND-UP COM POESIA - 09.09.17

CONFISSÃO DE DÉBITO

“Devo, não nego
Pago quando puder”
Não sou desclassificado
Mas se não puder não pago
Eu sou pobre e analfabeto
Mas, não costumo dever
Eu quero pagar todo teto
Uma parte quando eu morrer
A outra eu mando de lá
Bote seu endereço completo
Pru mode eu poder pagar. 
Agora que está tudo certo
Bote uma, pra comemorar

MINHA POESIA

Minha poesia 
Se faz e se desfaz
Todo tempo 
O tempo todo…

No seu labor
Mostra-se em cor
Deixa-se ver
Deixa-se ler
Com todo ardor

Se não a mostro
Ela se guarda
Na vanguarda
Deste meu peito
Até que a posto

Quando acontece
Não é mais minha
Mas leva a marca
Por onde for
Deste poeta 
Que a gerou

PERDAS

Minha primeira perda 
Foi o útero materno
Depois o leite do peito
E ainda não satisfeito
Em seguida perdi o colo
Tive que dormir no solo
Sem as cantigas de ninar…
Criei meu próprio canto
E inventei o meu pranto 
Pra quando eu quiser chorar

Vou refazer minhas pegadas
Em busca do tesouro perdido
Embora saiba, não ache nada

Tomara, eu esteja, errado.
Tomara, meu Deus, tomara!

DESCOBERTA

Descobri que as alturas
Já não mais nos tenta
Por isso aqui mesmo 
No chão do nosso quarto
Eu te tento, tu me tentas
De modo tão contínuo
Continuamos tentando 
Sem nenhum medo de cair
Assim passamos o tempo

Pois você é uma tentação!


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 01 de setembro de 2017

STAND-UP COM POESIA - 01.09.2017

MEU DESTINO

Meu destino 
É fazer poesia
De tudo que é perene
De tudo que fenece
De tudo que é efêmero
De tudo que apodrece

CALVÁRIO

Tive um dia 
Extra(ordinário) 
Não fosse o calvário
Porque passei
Quem sabe, talvez
Só fosse poesia

ODE AOS OLHOS

Teus olhos castanhos claros
Os teus cabelos castanhos
Parecem uma tentação
Quando você sai do banho
Meu Deus! Que provocação

Teus olhos azuis celeste
Tinta que sobrou do Céu
Presente que tu me deste
Acobertado com um véu

Os teus olhos verdes mata
Eu comparo a um rio mar
Se parecem duas cascatas
Quando começam chorar

Termino esta ode aos olhos,
com os versos de Castro Alves.

“Teus olhos são negros, negros
Como as noites sem luar…
São ardentes, são profundos
Como o negrume do mar”.

RIO TOCANTINS

Hoje sentei-me 
No corredor da saudade
E lavei o meu rosto
Com os dejetos da cidade

Dos tempos de invernia
Só restou a saudade
E matéria pra poesia.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 18 de agosto de 2017

STAND-UP COM POESIA

DESCONSTRUÇÃO

Desmanchei
Com minhas mãos
O que Deus fez 
No sexto dia
Reconstrui-me 
Com o que tinha:
As manhãs frias
As noites sem lua
Os dias de chuva
Sem sol, sem poesia

Perdi, quase tudo: 
A mulher amada 
Fiquei meio surdo,
Não enxergo nada, 
Alterei a estética
E desconstruído 
Fiquei meio louco
Pensei um pouco
Meio arrependido
Fiquei meio poeta.

NOSSO ESPETÁCULO

Quando as cortinas se fecham
Com aplausos ou vaias
O espetáculo se encerra
E você me pede que eu saia.

Na verdade, é sempre assim:
Meu respeitável público
Afastem-se do púlpito
Nós chegamos ao fim.

QUEM SOU?

Eis quem sou: 
Aquele que pecou 
Para ter a humildade 
De te pedir perdão.

Difícil é me manter puro
Deslizando nas tuas curvas
Com os faróis apagados
Na mais completa escuridão.

Uma força centrífuga
Me afasta. 
Uma força centrípeta 
Me atrai. 
Sigo desgovernado, sem direção.

BRASIL

Credo em cruz, 
Te desconjuro, 
Tanto aumento de preço
Tanta cobrança de juro
Nem sei onde vai parar
Se assim continuar 
Esse país no futuro.

No fundo do poço,
não é.
No fundo do fundo, 
já estamos.

ESCASSEZ

Quando a bunda não abunda
é porque não há bunda
nem esperança.
Pois a bunda só abunda
quando há bunda
em abundância.

NOITES & DIAS

Nas minhas noites sem lua,
qualquer luz de vagalume é dia.
Nos meus dias inférteis, qualquer
verso de pé quebrado é poesia.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 11 de agosto de 2017

STAND-UP COM POESIA

EU QUERIA SER PLURAL

No abraçar, no beijar,
No riso, nas lágrimas, 
No toque, no olhar, 
Na cama ao deitar, 
No leito, do meu jeito…
Eu queria tanto, tanto
E de tanto eu querer
Acaso eu não consiga
Quero você, do mesmo jeito.

ANTES DOS OLHOS

Sempre projetei meus olhos
Para chegar antes de mim 
Mas, como estava escuro
Eu tropecei em você 
Chegando antes dos olhos
Acho, foi melhor assim

PENA DA PENA

Não me dá pena quando a pena
Seca pra dar vida ao poema.
Mas, me dá pena quando a pena
Seca pra não dar vida a cena.
Aí dá dó.

BAÚ DE POESIA

Levei alguns anos 
Para descobrir a senha
Secreta da minha essência
Foram apenas alguns dias 
Para perdê-la novamente. 
Hoje amargo a agonia
Sem saber aonde se esconde
O meu baú de poesia.

O POETA

Na aridez dos meus dias
Eu não tenho fome de pão
Minha fome é de poesia


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 05 de agosto de 2017

STAND-UP COM POESIA

RECEITA PARA AMAR

Comece pela testa
Detenha-se nos lábios
Deslize as mãos pelo corpo
O resto você já sabe.
Não?
Vem que te ensino.

QUERO

Quero que teus encantos
Fiquem em algum canto:
No quarto, na sala,
Ou na escrivaninha…
Onde escrevi estes versos
Só te peço como castigo
Me deixe uma lembrança
Ou então, me leve contigo.

GUARDADO

Guardo comigo
Um pedaço de ti
Pra tatear a noite
Antes de dormir
Pra sentir teu jeito
Quase perfeito
De me fazer sorrir

A VOCÊ

Amei a ti uma só vez
Mas com tanta intensidade
Que durou a vida inteira.

ESPELHO

Eu quero sim, um espelho
Que reflita a minha essência
Não somente a aparência
Que conheço e sei de có
Quero ver o meu xodó
Motivo da minha alegria
Guardado com muita calma
Nos recônditos de minh’alma
Eu quero ver minha poesia

POESIA

Tivesse eu que me acabar
Na mais cerrada escuridão
Queria eu ter às mãos
Um livro de poesia.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 01 de agosto de 2017

STAND-UP COM POESIA

SEI NÃO…

Só sei que não sei não
Se foi da noite pro dia
Do dia pra noite, foi não
Só sei que o que eu sei
O certo é que de repente
Eu sei que me apaixonei
Não me pergunte mais nada
Porque é só isso que eu sei.

Quase nada.

* * *

VOCÊ

Eu trago o meu coração
Na ponta de cada dedo
Na mente trago um enredo
Na minha mão uma pena
Para escrever um poema
Guardado como segredo
E ai me aparece você
E eu escrevo o poema
Pois você é o meu tema
Não há mais nada a fazer

* * *

O PINTADOR DE DESASTRE

Pinto a noite enluarada
Da janela do meu quarto
Divido, parto e reparto
Fico com a pior parte
A que causou o desastre
Do Tocantins a agonia
Depois da Ave Maria
Pinto a dor, pinto o frio
“Sem lápis pinto meu rio
Só usando a poesia”

Mote encontrado no JBF


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 28 de julho de 2017

STAND-UP COM POESIA

PROCURA-SE

Procura-se um puxador de palmas
Para o tema, salvar o Têmer
No Congresso Nacional 
Que está cheio de problema

* * *

PAGA-SE BEM

Passagem para Curitiba 
Só de ida, não tem volta
Em um jatinho da FAB 
Acompanhado, com escolta

Entrevista com Sergio Moro
Àquele da LAVA JATO
Papo de alto nível 
Com um juiz de fino trato

Se a sorte lhe favorecer
Depois do procedimento
Verá, quadrado o sol nascer
Durante ainda um bom tempo

Depois de toda essa história
Para refletir, ficarás a sós
Não se preocupe com o ônus
Pois este, pagaremos nós


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia segunda, 24 de julho de 2017

STAND-UP COM POESIA

ATRAÇÃO

Dizem que os opostos se atraem,
Mas, quando se tocam se incendeiam.
Por isso mesmo eu prefiro os iguais.
Eu mais você, igual a nós dois.

* * *

COMO SOMOS

Somos como:
Unhas e esmalte
Lábios e batom
Tímpanos e som
Ferimento e dor
Nariz e odor
Sutiã e seio…
Até que a morte
Nos separe
O resto não sei.

A quem interessar possa:
Estamos felizes, todos nós
Conseguimos desatar os nós
Que nos prendia a vós.

Anulamos nossos votos.

* * *

GOSTO PELA POESIA

Ainda implume fiz
meus primeiros versos.
Hoje emplumado, 
meus versos me fazem.

* * *

NOSSOS PECADOS

Jesus morreu
Pregado numa cruz
Viveu momentos
De grande agonia
Foi sepultado
Ressuscitou dos mortos
No terceiro dia
A cruz continua lá
Aonde nós o pregamos
Com nossas ações impuras
Todos os dias.

* * *

PRIMEIRA VEZ

Primeiro contado com o amor
Me deixou tonto
Eu não estava pronto
Fiquei bem alto do chão
Metade de mim era pecado
A outra metade era perdão
Metade de mim dizia vai
A outra metade dizia não…
Minha maior dificuldade
Depois que tudo passou
E que até hoje eu estou
É juntar as duas metades

Uma me diz que estou certo
A outra que estou errado.

* * *

A CARA DO PAI

Minha poesia é a minha cara,
mesmo quando não se parece 
comigo.

Poesia é essência.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quinta, 13 de julho de 2017

STAND-UP COM POESIA

MEU HABITAT

Meu poema é brejeiro
Minha poesia é de taipa
Meu verso de chão batido
Sem luxo, sem megabytes…
Só assim ela faz sentido
Minha vida nesse habitat.

* * *

TUDO EU

O projeto da Dilma
Nem eu mesmo aguento
A maneira correta
De estocar o vento

Nem ata,
Nem desata
Nem prende,
Nem esquece
Ou vida ingrata
A vida do Aécio

Esse chove,
Não molha
Não há
Quem engula
O tríplex
Do Guarujá
É da OAS
Ou do Lula?

Eu faço
Eu mando
Eu quero
Eu posso
Eu estou
No comando
Eu prendo
O Palocci

Eu temo
Que o Têmer
Age com desprezo
Não teme
O que eu temo
De vê-lo preso

* * *

SINO OU SINA

As badaladas do meu peito
Plangem igual as do sino
Quando te vejo menina
Não sei bem se é direito
Mexer comigo desse jeito
Se é meu sino ou tua sina

* * *

O QUE EU QUERIA E O QUE EU QUERO

Quando eu era criança
Tudo que eu queria, era:
Um rolamento estragado
Uma câmara de ar furada
E um cavalo de pau.
Era tudo que eu precisava
Pra construir o meu sonho

Adulto o que eu quero
Um mundo decente
Feito essencialmente
Sem choro e sem dor
Construído com argamassa
Da essência do amor.

E se mais te posso pedir
Eu te peço Senhor
Constrói um mundo de paz
Pras gerações do porvir


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 27 de junho de 2017

STAND-UP COM POESIA

HISTÓRIA DE AMOR

Quando nos casamos
Você não tinha nada
Eu tinha menos ainda
Juntamos o teu nada
Com o menos que eu
Ainda tinha, e vendemos
Com o lucro do apurado
Até hoje nós vivemos
Quarenta anos depois
E ainda temos estoque
De amor pra mais quarenta.

* * *

SACIEM-ME

Não concordo:
Que matem a sede
Que matem a fome
Exterminem o homem…
O crime não compensa
Prefiro que saciem.
mas se querem matar
Sugiro que mudem
Proponho um desvio
De verbas da saúde,
Corte na educação,
Sucateiem a segurança…
São maneiras de matar
Sem ferir e sem sangrar
Pela supressão do sonho

* * *

RESISTÊNCIA INÚTIL

Resisti enquanto pude
Mas cedi aos teus encantos
E como sou homem rude
Não te ofereci meu pranto
Só minha alegria, meu canto,
Meus versos e minha poesia
No momento isso me basta
O resto faremos juntos:
O que você acha?

* * *

CORAÇÃO DEFEITUOSO

Meu coração criou calo
Batendo dentro do peito
Quando viu você passar
Remendo não dá mais jeito
Ele só vai bater direito
No dia que você voltar.

* * *

MEU SONHO

Eu tenho um sonho
Me perder contigo
Num lugar a sós
O Céu como abrigo
Não sabe os fazeres?
Não se preocupe
O tal sonho é meu
Pergunte, eu te digo


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 21 de junho de 2017

STAND-UP COM POESIA


RESPINGOS

No meu quarto
Respingou você
Resta saber

Se entrando
Ou saindo
Se entrando
Se abanque
Crie raízes
Me ame depois

Se saindo
Me leve
Ou então
Seja breve
Volte depois

O mundo foi feito
Pra viver a dois.

* * *

SE PRA TE AMAR…

Se pra te amar
Tenho que te aprender
Hei de te aprender.
Se pra te aprender
Tenho que te amar
Hei de te amar.

Se algum dia
Eu não mais te ver
Hei de te sentir.
Se pra te sentir
Eu tenho que te ver
Hei de te ver.

Se eu
Não te aprender,
Não te amar,
Não te ver
Não te sentir.
Hei de te sonhar,

E se pra te sonhar
Eu tiver que dormir
Hei de dormir

Se esse é o preço
Eu pago o castigo.

* * *

COLISÃO FRONTAL

Você vinha quente
Eu estava fervendo
Você ardente
Eu derretendo
Na rota de colisão
Você inexperiente
Abalroo meu coração
Entre feridos e mortos
Todos viraram cinza

"


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia segunda, 12 de junho de 2017

STAND-UP COM POESIA

POETA LOUCO

Às vezes me sinto louco
Às vezes me sinto poeta
Quando sou poeta louco
Eu não me sinto

Às vezes eu sou passado
Às vezes eu sou presente
Quando eu sou futuro
Não me reconheço

Será quem sou?

* * *

ARREPENDIMENTO

Deus
Quando fez o homem
Pensou em tudo
E certamente
Não se arrepende
Só não deve ter pensado
Que da sua imagem e semelhança
Sairia o Gilmar Mendes

* * *

ENVELHECIMENTO

Envelheceu o meu corpo
Cabeça, tronco e membros
Só para citar as partes
Que no momento eu lembro
Por isso recorro a ti poesia
Quem sabe tenha um remédio
Pra minimizar meu tédio
E embotar a minha dor
Quem sabe, talvez, um verso,
Talvez, quem sabe, a fantasia…
Ou quem sabe, talvez, o amor.

* * *

QUEM FUI? QUEM SOU?

Já fui sardinha num coletivo
Viajando para o trabalho
Oprimido, pisado, espremido…
Antes de ser aposentado

Passei vexame, passei fome…
Para atingir minha meta
Só consolidei meu nome
Quando me tornei poeta

Sem mais nada pra fazer
Fiz poesia pra sobreviver

Estou vivo, querer mais o que?


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 06 de junho de 2017

STAND-UP COM POESIA

 

TENTAÇÃO

Você se despia
À beira do lago
Não me vê fingia
Virava às costas
Eu ficava de lado
Só pra te olhar
Mais uma vez
Depois perguntar:
Tem gente aí?
Embora soubesse
Que só tinha você.

* * *

NOSSOS ÓRGÃOS

Meu coração
É uma bomba
Que explode
Quando te vê

Teu corpo
É uma brasa
Que incendeia
Quando me toca

Nossos encontros
Só resta cinza
Incendiado
Pela paixão

Moral da história
Somos uma brasa
Mora!

* * *

NORDESTINO

Nordestino não nasce
Estréia
Quando o nordestino
Estréia
Nordestino não chora
Declama
Quando as cortinas da vida
Se fecham
Nordestino se recolhe
Pra escrever poesia.

* * *

AMEAÇAS

Tô sofrendo ameaças
De vida longa
Durante o dia
Mesa e banho
Durante à noite
Quarto e cama
Corpo em chamas
Com teu beijo quente
E com o sol nascente
Do outro dia
Se você quer saber
Tudo de novo
O mesmo sacrifício
Fazer o que
Só se submeter
São ossos do ofício…

Oh Deus!
Tende piedade da gente.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 30 de maio de 2017

STAND-UP COM POESIA
 


PEDIDO DE AJUDA

Tô sofrendo ameaças
De vida longa
Durante o dia
Mesa e banho
Durante à noite
Quarto e cama
Corpo em chamas
Com teu beijo quente
E com o sol nascente
Do outro dia
Se você quer saber
Tudo de novo
O mesmo sacrifício
Fazer o que
Só se submeter
São ossos do ofício…

Oh Deus!
Tende piedade da gente.

* * *

EU QUERIA SER…

Eu queria ser um pássaro
Para atingir as alturas
Numa fantástica aventura
Olhar com ironia pra baixo…
Não sou.

Não sendo eu queria ser
Um renomado poeta
Sendo eu queria escrever
Poesias lindas pra você…
Não sou

Eu queria ser uma criança
Numa aventura incrível
Acreditar que sou livre
Como manda os estatutos
Não sou

Pequei por ser um adulto

Não sendo nada vou sendo
O que nunca pensei em ser.

* * *

TIRA TUDO

Amor: Tira estas tuas vestes
Que me impede de ver tuas curvas
Tira tudo, tira às meias, tira as luvas…
Já não há mais pecado em se despir
Vem comigo, espera só, o sol nascer
Se você ainda quiser, pode se vestir.

* * *

SILÊNCIO

O meu poetar
Quem sabe, talvez
Não seja tudo

O meu cantar
Talvez, quem sabe
Também não sei

Outros poetam
Os pássaros cantam
E também encantam

O que mais dói
É o que eu penso
Quando não falo
E que me desconstrói

O pior de tudo
É este silêncio
De um poeta mudo.

* * *

QUANDO ÉRAMOS… QUANDO

Quando éramos crianças
Olhávamos, brincávamos
Tocávamos, abraçávamos
Beijávamos sem maldade
E na maior simplicidade
Íamos nos conhecendo
Quando éramos… quando
Tudo sem, querer querendo
Acabávamos fazendo sexo
Eu acho.

Aquilo sim, era poesia
O que escrevo hoje, não


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 19 de maio de 2017

STAND-UP COM POESIA
 


CHEQUE AO PORTADOR

O Brasil de hoje é um cheque ao portador sem provisões de fundos.

Nem sei se o meu Brasil
Querido, está no fundo
Ou mesmo se estão
No fundo do meu Brasil
Sei que nesse fim de mundo
Deste país varonil
A nossa maior carência
É a provisão de fundos
O verde, amarelo, azul-anil
Das cores da nossa bandeira
Pintaram num fundo roxo
Com um vermelho nas beiras

Estamos carentes de fundos!

* * *

ADEUS

Teu adeus machuca
Doe dentro de mim
É sempre assim
Me falta inspiração
Fico numa encruzilhada
E preciso escolher
Melhor seria
Que não tivesse adeus
Que não me faltasse você

Você me faz falta poesia.

* * *

SEM ÓCULOS

Aos sem óculos, o que é dos cegos.
O tato.
Aos poetas, a liberdade de escrever
Os fatos.

Sem óculos
Não escuto nada
Não sinto a brisa,
Não tem gosto a comida
Só o tato das minhas mãos
Percorrendo seus desvãos
Ainda faz sentido.

Somente isso, mais nada.

* * *

MENINO DE RUA

Um menino cruzou
O meu caminho
Fraco, mirradinho
Esperança perdida
Quase sem vida
Semidespido
Olhar perdido
Melancólico, absorto
Uma ruga no rosto
Marca da desilusão
Me disse baixinho
Senhor, por favor
Me dê um trocado
Pra comprar um pão

Além da esmola
Dê-lhe um sorriso
Velho e surrado
Mas era preciso
E eu tinha de sobra
Ele saiu correndo
Dinheiro na mão
Talvez pra comprar droga.

Dei a costa
Ao menino de rua
Meio perdido
Mas com a sensação
Do dever cumprido


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia segunda, 15 de maio de 2017

STAND-UP COM POESIA

SE O TEMPO VOLTASSE

Se de repente
Subitamente
O ontem voltasse
Criança eu virasse
Se você quer saber
Eu não queria crescer
Se o tempo voltasse
Eu faria uma casinha
Ia brincar de médico
Só nós dois, eu e você.

* * *

LEILÃO

Quem me dá
Um tostão furado
Num coração quebrado
Sem chance a vista
De ser recuperado

Quem arremata
Esse exemplar da raça
Boêmio, notívago…
Dormindo na praça

Quantos reais
Valem a prenda
Façam oferendas
Quem dá mais?

Façam seus lances
Que não seja o mínimo
Deem uma chance
Que de lábia ele é o fino

Ninguém se habilita
Estou mal na fita
Essa minha desdita
A mim inquieta
Ninguém quer comprar
O coração de um poeta?

* * *

MEU LIMITE

Meu limite
Está no infinito
E no desvão
Entre o principio
E o fim, estou eu
Pintando o sete…
E está você
Sem o que fazer
Julgando a mim.

* * *

ÓCULOS ESCURO

Usei óculos escuro
No meio da noite
A injustiça me cega
E se você não sabia
Ela também acontece
À luz do dia.

E sem óculos
Eu não a enxergo.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia segunda, 08 de maio de 2017

STAND-UP COM POESIA

 

SER OU NÃO SER

É fácil ser Lewandowiski
Toffoli e Gilmar Mendes
Nem precisa competência
Basta aval do presidente
Nesse Brasil jurisconsulto
De povo frágil, belo, inculto…
Difícil mesmo é ser gente

* * *

MEUS DELÍRIOS

Em meus delírios
Chego a aspirar
Fortuna.
Quando estou sóbrio
Não desejo
Coisa alguma.
Tenho alguém
Que por si só
Já me completa
Esteja sóbrio
Ou delirando.
Eu sou poeta.

* * *

ORGASMO DE AMOR

O Sol ejaculou
No útero da terra
Luz e calor
Pela primeira vez
A terra teve
Um orgasmo
Em flor

Era primavera.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 29 de abril de 2017

STAND-UP COM POESIA

ISTO SOU EU

Eu sou assim:
Interiorano,
Indefinido
Abstrato,
Vazio,
Mal escrito
Sem fim…
Acho que sou
Um rascunho de mim

Isto sou eu

* * *

EU QUERIA

Queria te amar mais
Muito mais do que te amo
Queria te ver mais
Muito mais do que te vejo
Queria te desejar mais
Muito mais do que desejo
Queria te sentir mais
Muito mais do que te sinto
Queria ter mais você
Muito mais do que já tenho
Queria te encontrar mais
Muito mais do que te encontro…
Estes são só alguns pontos
Do que eu queria, enfim…
Como não posso querer mais
Te quero um tantão assim

* * *

TEU CHEIRO

Teu cheiro
Ficou impregnado
Nas paredes
Do meu quarto.
Exala de cada dobra
Contidas nos meus lençóis
Fechei janelas e portas
Para que teu cheiro dure
E a paixão me segure
Enquanto você não volta

* * *

OBRIGADO DEUS

Obrigado Deus
Por me dar a vida
Por me dar o corpo
Por me dar a alma
Por me dar o riso
Por me dar o pranto
E por esse encanto
De me fazer feliz.

Obrigado Deus!

* * *

O QUE EU QUERO

Eu quero um mundo
Onde o ódio definhe
Onde o amor germine
Dê frutos dez por um

Eu quero um paraíso
Sem cobras, sem castigo
Sem frutos proibido
Pois eu adoro maçãs

Eu quero um mundo
Sem eira nem beira
Se não for pedir demais
Eu também quero você
Sem folhas de parreiras


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 25 de abril de 2017

STAND-UP COM POESIA

BANHO EXÓTICO

Ensaboa-me
Com teus beijos
Enxagua-me
Com teus abraços
Enxuga-me
Com tuas carícias
Torce-me
Com teus amassos
Depois fica de sentinela
Enquanto seco-me no varal
Em frente a tua janela
Cuida para que as outras
Não levem a mim pra elas.

* * *

ENCONTRO D’ALMAS

Minha alma
Foi ao encontro
Da perdição
Da tu’alma
Nua em pelo

Tomara que
O encontro
D’almas nuas
Dê prazer.

Tomara!

* * *

ABSTINÊNCIA

Se não queres
Falar comigo
Como castigo
Eu te pego
Te beijo
Te amasso
Te acaricio
Te abraço…
Terás que falar
Embora seja
Para dizer:
Pode parar


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 19 de abril de 2017

STAND-UP COM POESIA

 

DEVASTAÇÃO

Os jovens escrevem
Seus nomes nas árvores
Corações entrelaçados
Tornam-se adultos
E por nem um minuto
Ficam parados.
Dilaceram os corações
E destroem as árvores

* * *

EU E VOCÊ

Você:
Exagerou no decote
Eu o olhei de viés
A mim você ignorou
E eu saí de fininho
Triste, segui sozinho
Lamentei o desperdício
E minha falta de sorte

* * *

O VICIADO

Já usei COCA
Fui um viciado
Vivia drogado
Eu estava perdido
Hoje arrependido
Só uso PEPSI

* * *

REALIDADE

Nos caminhos estreitos
Da minha infância
Cabia meus medos
Cabia meus sonhos,
Cabia muito mais…

Nas estradas largas
Do meu mundo adulto
Os medos se acabam
Os sonhos se esvaem
Cabem só as lembranças
Os percalços, nada mais.

* * *

HISTÓRIA DA CRIAÇÃO

No dia da criação
Éramos os últimos da fila
Chegada a nossa vez
Acabou o material
Com a obra incompleta
Descansar Deus não podia
Com infinita sabedoria
Deus amassou argila
De mim Deus fez poeta
De você Deus fez poesia

 

 

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Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 12 de abril de 2017

STAND-UP COM POESIA

 



ASSASSINATO

Fiz sexo com a gramática
Sem usar preservativo
Grafei palavras sem nexo
Gerei frases sem juízo
Meus parágrafos desconexos
Geraram textos inconclusos
Meu livro ficou incompleto
Com um assunto confuso
Assassinei a gramática
Por desconhecer seu uso

* * *

CARNE FRACA

Se a carne não fosse tão fraca
Não fosse tão curto teu vestido
Se você não fosse tão bonita
Nada disso teria acontecido

Tudo culpa da carne!

* * *

CICLO DO AMOR

Pediste um abraço
Eu te dei
Insaciável tu és
Pediste um beijo,
Um carinho, um amasso…
Não te neguei.

Devolvesse dobrado,
Eis o ciclo do amor
Os benefícios recebidos
Serão devolvidos
Dobrados.

É dando que se recebe.

* * *

LIMPO E PURO

Emergi das Águas
Agora, quem diria
Puro, sem mágoas
Para fazer poesia

* * *

JURAS FALSAS

Já chorei de saudade
Já jurei não mais chorar
Jurar falso, é falsidade
Na minha instabilidade
Eu jurei não mais jurar

* * *

CARNE FRACA

Se a carne não fosse tão fraca
Não fosse tão curto teu vestido
Se você não fosse tão bonita
Nada disso teria acontecido

Tudo culpa da carne!

 

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Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 21 de março de 2017

STAND-UP COM POESIA
 

AS MÃOS

“Uma mão lava a outra”
“As duas lavam o rosto”
As nossas quatro mãos
Escorregam pelo corpo
Fazendo tantas coisas
Só de pensar me dá gosto

Depois, do disse me disse
Rapaz deixa de tolice
Só o natural que atrasou
O côncavo virou convexo
Mas, não teve nada de sexo
Foi tudo feito com as mãos…

Me engana que eu gosto!

* * *

O ANORMAL

Sábio que fui
Me apaixonei
Tornei-me poeta.
Poeta que fui
Perdi o amor
Tornei-me louco.
Louco que fui,
Poeta também
Sem sabedoria
E sem ter você
Vaguei pela noite
Fazendo poesia.

Você voltou
A mim encontrou
Um poeta-louco
Boêmio e inculto
Vagando na noite
Dormindo na praça
O bolso vazio
Sem nenhum tostão
Sem norte, sem rumo
Movido a paixão

Alguém sabe
O que devo fazer
Para ser normal?


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 17 de março de 2017

STAND-UP COM POESIA
 

AS MÃOS

As mãos semeia
As mãos colhe
As mãos afasta
As mãos acolhe
As mãos falam
As mãos vêem
Esbofeteia,
Acaricia,
Faz piada,
Faz poesia…
Ah as mãos!
Órgão sexual
Dos impotentes
E se às mãos
Faltar um dedo
Ainda se tornam
P R E S I D E N T E.

* * *

FUNDIÇÃO

Desperto como o Sol
Desvirginando as nuvens
Vai ejaculando luz
Para iluminar os corpos

Ao me fundir contigo
Produzimos luz e calor
Creio não haver perigo
Acredito que seja amor

* * *

MINHAS COISAS

Quando amealho palavras
E discorro sobre a emoção
Alguns dizem que é poesia
Outros dizem que é paixão
Na realidade com palavras
Amealhadas na minha lavra
Faço da vida uma canção

* * *

“DE POETA E DE LOUCO TODOS NÓS TEMOS UM POUCO”

De poeta eu tenho um pouco.
De médico nada que o valha
Humanamente e de louco
É o resto do meu DNA.
Pouco demais pra ser humano
Muito para não ser louco.

* * *

ÉPOCA DIFÍCIL

Comi o pão que o diabo amassou
Época difícil que quero esquecer
Tribulação vivida, mas tudo passou
Hoje amasso pão pro diabo comer

 

Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quinta, 23 de fevereiro de 2017

STAND-UP COM POESIA
 

SÓ METADE

Regurgitei o meu amor
Duma só vez na tua boca
Eu gostei, você gostou
Prazer demais, coisa louca
Fusão de alma e de corpo
Pra mostrar que na verdade
Nós dois somos só metade
De uma mesma laranja.

* * *

NUS

Tu me despes
Com teu olhar
Sem que eu perceba.
E quando nu
Sou mais puro
Mais seguro
E sem soberba.
Nus, estávamos
Nus, ficamos
Nus, estamos
Nus, beijamos
Nus, amamos
Sempre nus.
Porque nu,
Sou mais eu
Sou único
E proibido
Mais libido
Todo seu

* * *
INSOLÚVEL

Triste não é saber
Que não há
Solução à vista.
Triste é descobrir
Que a vista
Já não avista
A solução.

* * *

AMASSAMENTO

Se nos amássemos mais
E nos amassácemos menos
Certamente teríamos paz


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 14 de fevereiro de 2017

STAND-UP COM POESIA

SÓ POESIA

Teus olhos
Me olham
Me despem
Me profanam
E de dentro
Do teu peito
Teu coração
Me espia
E teu amor
Emana.
E todo teu ser
Se desmancha
Em poesia.

* * *

“DOIDO VARRIDO”

Minha loucura
Quem sabe,
Tenha cura
Com teu abraço
Meu caso é grave
E inspira cuidados
Talvez, quem sabe
Ministrando carícias
E beijos na boca
Eu seja curado.
Já vi uma louca
Doida varrida,
Maltrapilha, ferida…
Sendo curada

* * *

OPÇÃO

Tentei ser mar
Não consegui
Tornei-me doce
Hoje sou rio.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 08 de fevereiro de 2017

STAND-UP COM POESIA

NÓS

Sonhando nós nos despimos
Nus, nós nos beijamos
Acordados nós descobrimos
O quanto nós nos amamos
Juntos nós ficamos juntos
Até que a morte nos separe
E juntos até hoje estamos
Até hoje nós não morremos

* * *

EM TERRA DE CEGO

Em terra de cego
Quem tem um só olho
Está impedido de vêr
Só enxerga metade
De toda beleza
Que existe em você
Ainda bem, certamente
Que em terra de cego
Tenho menos concorrente.
Mas o que me causa aflição
É que os meus concorrentes
Para enxergar
Em qualquer lugar
têm que passar a mão.

* * *

DESCOBERTA

Descobri por acaso
A saída de incêndio
Do teu corpo molhado
Relutei um bocado
Mas resolvi ficar
E morrer queimado
É preciso superar
O medo de morrer
Quando estou
Impregnado de você.

"


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia segunda, 06 de fevereiro de 2017

STAND-UP COM POESIA

ROUPAS SEM ELA

Adoro ver roupas
Estendidas, molhadas,
Passadas, dobradas
Indicam que a dona
Encontra-se pelada
O poeta, quem diria
pensando, parado…
Escrevendo poesia
Se não fosse comigo
Idiota, eu diria
Vê se pode!

* * *

DOENÇA DE CHAGAS

Dei nome as minhas chagas
Chamei “perebas” as do meu pé
Das nádegas chamei “curubas”
Mas não dei nome as “feridas”
Pois na minha face querida
Tá lisa, igual bumbum de bebê
Limpa e pura.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 03 de fevereiro de 2017

STAND-UP COM POESIA

NADA A VER NEM HAVER

Moço, não tem nada a ver
Juro, o cu com as calças
Se a cueca está no meio.
Assim como não tem haver
Na minha conta bancária
A dita está no vermelho.

* * *

QUEM SOMOS

Todos somos
Como somos
Cromossomos
Mal nascemos
Somos sonhos
Mal andamos
Tropeçamos
E caímos
Levantamos
E seguimos
Mal crescemos
Envelhecemos
E nada somos
Mas já fomos

* * *

BONS LADRÕES

Quando nos encontramos
Bebemos e fumamos
O cachimbo da paz.

Pecado eu não vejo
Te roubo um beijo
Aproveito o ensejo
Pra te roubar algo mais

Você, por sua vez
Me rouba um abraço,
Um carinho, um amasso…
To nem aí, tanto faz.

Se pecamos os dois
É pra não pecarmos só
Peco eu e você
Pecamos nós.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 28 de janeiro de 2017

STAND-UP COM POESIA

 

SEI DE NADA

Pouco sei
Do porvir
Do passado
Já esqueci
Do presente
Nada sei
Sei de nada
Dessa gente
Se pecador
Ou inocente
“Eu só sei
Que nada sei”

* * *

SEM SAÍDA

Eu nado, nado e nada
Não encontro a saída.
Pra liberdade, pra vida
Se eu corro eu canso
Se ando não alcanço
Ajo mais por instinto
Não quero, não consinto
E nesta vida de contos
Vou sentar-me e pronto
E esperar que a saída
Venha ao meu encontro.

* * *
LUA

Oh Lua!
Qual é a tua?
Desfilando nua
Outra vez.
Cruzou com o Sol
E se deu mal
Não fez pré-natal
Foi pro hospital
E pariu um raio.
Hoje anda distante
Triste, minguante
Pedindo pensão.
Não vem que não tem
Não te dou um vintém
Comigo não
Procure outro alguém.

* * *

SÓ DEUS

Quando te vejo
De frente, de costa…
Pergunto a você:
Como se pode fazer
Um ser tão perfeito
Com uma costela torta

Só Deus mesmo.

 

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