Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 19 de fevereiro de 2021

MORTE TRÁGICA (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

MORTE TRÁGICA

Francisco Itaerço

Nem sei se você fé deu.

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia segunda, 08 de fevereiro de 2021

TUDO QUE EU PENSO (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

Quando os meus olhos
Solitários eles enxergam
A claridade dos templos
Veem a extensão dos Céus
No meu infantil sossego
Aí sim, eu penso em Deus

Quando o meu sorriso
De esperança ele é cheio
Quando abro os meus lábios
E acalento a minha dor
Quando feliz eu me creio
Eu logo penso no amor

Quando o que é mais belo
E o singular me encanta
Quando eu sinto o prazer
O prazer de estar aqui
Quando a luz da esperança
Vem a mim imagem santa
Juro amor, eu penso em ti.

 

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 19 de janeiro de 2021

GUARDA-ME CONTIGO (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

GUARDA-ME CONTIGO

Se algo em mim te apraz
Toma e guarda contigo
Tu hás de cuidar melhor
Do que cuida meu espelho
Desconfio que o fedelho
Rouba-me todos os dias
Minha beleza e energia…
Quando me olho, me vejo
De relance, num lampejo
No rosto, rugas e estrias


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quinta, 14 de janeiro de 2021

EVOLUÇÃO DO PECADO (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO

 

EVOLUÇÃO DO PECADO

Nas tardes antigas
O Sol se escondia
No poente mais cedo
Morria de medo
E tinha vergonha
De ver tanta orgia.
Já hoje em dia
Acorda mais cedo
Não há mais segredo
Vê gente despida.
Nas praias da vida
É pura alegria
Matéria prima
Para o poeta
Fazer poesia

Deus, por favor
Dai-me mais tempo
Mais inspiração
Uma boa visão
Papel e uma pena
Pra guardar a cena
Dessa evolução.
Só isso mais nada.

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 12 de janeiro de 2021

RETRATO DE MÃE (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

RETRATO DE MÃE

Mãos na massa
Pés no batente
Leite de peito
Colo quente
Cantigas de ninar
Sempre presente
Antes de dormir
Palavras sussurradas
No ouvido da gente
Deus protege
Meu filho inocente.
Frágil e cansada
Se mostra contente
É o retrato de mãe
Que trago na mente


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 05 de janeiro de 2021

QUAIS SÃO OS MORTOS? (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

 

QUAIS SÃO OS MORTOS?

“Quantos mortos trago vivos
No fundo do meu coração
Dentro de mim quantos vivos
Há muito mortos estão.”

Belmiro Braga

Serão eles os mortos?
Os que estão sob a tumba.
Não, não são eles os mortos!
Mortos são os que vivem
Que sobre os vícios afundam

Serão eles os mortos?
Os que partiram pra vida eterna
Não, não são eles os mortos!
Mortos são os que vivem
Sem dignidade aqui na terra

Enfim, quem são os mortos?
Os espíritos que vagam no firmamento!
Ainda não são eles os mortos
Mortos são os que vivem
Transgredindo os mandamentos

Partindo destes princípios
Sem nenhum medo de errar
Ratifico o que tenho dito
Mortos são os que não creem
Em um Deus Trino a lhes guiar


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 30 de dezembro de 2020

DÚVIDA CRUEL (POEMA DE FRANCISCO ITAREÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

DÚVIDA CRUEL

Francisco Itaerço

 

Oh Jussara!
Você é tão linda
Tão jovem ainda
Tão pequenina
Destemida guerreira
Quase uma menina…
Quando você faz juçara
Numa taça me brinda
Fico na dúvida
Qual Jussara escolher:
Jussara com SS
Ou juçara com Ç
A dúvida persiste
E se ela existe
A culpa é da língua.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 28 de outubro de 2020

MEUS DESEJOS (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

MEUS DESEJOS

Francisco Itaerço

 

Não desejo viver muito
Aspiro muito é viver bem
Não me atrai a riqueza
Mas desejo adquiri-la
Chorar não me envergonha
Quando choro de alegria
Não me mato por lazer
Mas morro por não tê-lo
Não sei se te quero tanto
Mas sei o tanto de te querer
Confesso que não é pouco
Pouco é viver sem você.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 14 de outubro de 2020

DECLARAÇÃO DE VOTO (CORDEL DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

DECLARAÇÃO DE VOTO

Mote:

Eu vou votar no seu “ninga”
Porque em ninguém mais creio

Custei a me decidir
Depois de muito pensar
Declaro que vou votar
Em quem nada me pedir
E nem adianta insistir
Pois mentir é muito feio
Na TV, FACE ou e-mail
Onde a mentira respinga
Eu vou votar no seu “ninga”
Porque em ninguém mais creio


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quinta, 08 de outubro de 2020

DESPUDOR DA LUA (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

DESPUDOR DA LUA

Francisco Itaerço

 

O sol debruçou-se
Sobre o firmamento
Esperando a lua
Pro acasalamento
A lua como sempre
Chegou atrasada
Grávida de sonhos
Vazia de pudor
Cheia de astros
Minguante de amor
E foram dormir
Em quarto crescente
Pra acordar novamente
Nem nova, nem cheia
Lua simplesmente

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia segunda, 05 de outubro de 2020

NADA EM MIM TE PERTENCE (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

NADA EM MIM TE PERTENCE

Nada a ti pertence
Nem meus olhos
Nem minha boca
Nem essa vontade
Louca de te beijar

Nada a ti dedico
Nem meu silêncio
Nem o meu grito
Nem meus sonhos
Nem meus pesadelos…
Se a mim pertencem
De ti não há de sê-los

Nada a ti eu inspiro
Nem um poema
Nem uma poesia
Nem a primavera
Orlada de flores
Porque sem flores
Ela não existe.

Nada em mim eu te dou
Nem em qualquer
Tempo eu te darei
Tudo que eu tinha
A muito já te dei
Na primeira vez
Em que eu te vi
Me dei a ti por inteiro
E nem eu percebi.

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 03 de outubro de 2020

CONSELHOS NO TRÂNSITO (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

CONSELHOS NO TRÂNSITO

Franisco Itaerço

Dirija embriagado de prudência
Em relação aos carros a sua frente
Dê aos pedestres a preferência
Antes de desistir, ao menos tente
 
Sinalize todas as suas manobras
Mude essa realidade nua e crua
Motivos você tem e ainda sobra
Pra salvar vidas, inclusive a sua
 
Esqueça o telefone celular
Utilize o cinto de segurança
E dê uma banana para o azar
 
Assegure a sua volta com sucesso
Faça com a vida uma aliança
Boa viagem e breve regresso. 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quinta, 01 de outubro de 2020

MAL GENERALIZADO (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

MAL GENERALIZADO

Francisco Itaerço

De repente
Todos meus órgãos
Começaram bater
Como se fossem
Corações.
Pura inveja
Dizem as mãos
As únicas
Que não batem
Apenas acariciam.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 29 de setembro de 2020

CONFISSÃO (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

CONFISSÃO

Tenho mais peso n’alma
Que no meu corpo mirrado
Ainda bebo, fumo e minto…
Alimentando meus pecados

Quisera eu tanto ser santo
Lutei pela minha santidade
Anjo, serviria, por enquanto
Pra anjo, já passei da idade

O defeito está na carne
Malcheirosa, sem cor, fraca…
Salguei-a mas já era tarde

Apesar de tantos defeitos
Talvez, com um bom reparo
Quem sabe, ainda tenha jeito


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quinta, 24 de setembro de 2020

MINHA PRESSÃO (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

MINHA PRESSÃO

Eu tenho a impressão
Que a minha pressão
Quando nos beijamos
Aumenta alguns graus

Eu tenho a impressão
Que a minha pressão
Quando nos separamos
Ela volta ao normal

Eu tenho a impressão
Que se não fosse você
Nem havia pressão

Eu tenho a impressão
Com tanta oscilação
Ainda morrerei disso.

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia segunda, 21 de setembro de 2020

SE VOCÊ ME QUISER (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

SE VOCÊ ME QUISER

Francisco Itaerço

Se você me quiser
Eu sou bronco
Mas não ronco
Não tenho posse
Nem tenho tosse
Não tenho cheiro
Nem tenho fedor
Não sou incolor
Sou sucinto
No meu falar
Sou paciente
No meu ouvir
As vezes minto…
Não fumo, não jogo
As vezes me drogo
De felicidade
Sou ótimo na cama
Me deito e durmo
Serei bom amante
Se não dormir antes
Não levo pra casa
Nenhum desaforo
Pode ficar com eles
Não procuro briga
Mas quando encontro
Disfarço e fujo…
Se você me quiser
Levo como dote
A minha mulher
E o meu carinho
Cinco filhos,
Cinco netos…
Nem pense
Que irei sozinho
Levo meu afeto
Meu abraço de poeta…
SE VOCÊ ME QUISER


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia domingo, 20 de setembro de 2020

AH! SE O HOMEM QUISESSE! (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

AH! SE O HOMEM QUISESSE!

Ah! Se o homem quisesse!
Passar a limpo o passado
Reescrever sua história
Sem cometer o pecado
De querer se igualar a Deus
Com tamanhos predicados

Ah! Se o homem quisesse!
Deveras, repartir o pão
Semear a concórdia
Entre todos os irmãos
Esquecer a conduta sórdida
Que o impede de estender a mão

Ah! Se o homem quisesse!
Tornar feliz a humanidade
Pelo amor, pela tolerância
Pelo respeito, pela igualdade
Talvez, quem sabe…refletisse
A essência divina da santidade

Bastaria que o homem
Usasse a sabedoria
Escrevesse leis amenas
Em versos, rimas e poesias
O mundo seria um poema
Ao invés de uma utopia.

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quinta, 17 de setembro de 2020

DOAÇÃO E POBREZA (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

DOAÇÃO DE POBREZA

Francisco Itaerço

 

E se o reino dos céus é dos pobres
Ajude a salvar outro alguém
Doe um pouco da pobreza que tem

Seja um doador voluntário.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 29 de agosto de 2020

SONHO PROIBIDO (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

SONHO PROIBIDO

Estou tendo visões
Alma de saia curta
Acima dos joelhos
Lábios vermelhos
Cintura muito fina
Pernas grossas, longas…
O resto não sei
Não observei
Fecho os olhos
Faço uma prece
Com um pedido:
Ah quem me dera
Se acaso eu pudesse…
Abro os meus olhos
E a visão já era
Acho, era pecado
Sou um caso perdido

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 19 de agosto de 2020

ADÚLTERO CONFESSO (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DOA ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

ADÚLTERO CONFESSO

Quando caía a noite, você aparecia
Vestida de branco, lá no horizonte
Discreta, distante, só eu percebia
Senhora de si, sedutora, confiante

Adúltero confesso, condeno a ti
O teu silêncio, prenhe de palavras
Foi mais forte que eu, não resisti

Ainda minguante, você me completava
Conduzia-me ao delírio, puro êxtase
Oh Lua cheia, paixão dos poetas.

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 14 de agosto de 2020

AO MEU PAI (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

AO MEU PAI

In memoriam

Meu rei
Sei que…
Tu reinas
Em outro
Reino
Com tua
Rainha.
Se te serve
Esse
Teu servo
Quem sabe
Um dia
Ainda há
De te servir.
Enquanto isso
Fica por conta
Da minha
Poesia.

“Bença” Pai!


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 22 de maio de 2020

MEU TEMA (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

MEU TEMA

Eu quero um tema
Que fale de amor
Sem problema
De qualquer valor
Pode ser em cores
Pode ser incolor
Sem disse me disse
Sem apologia a sandice
Mas, me deem um tema
Por favor.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 19 de maio de 2020

GOIABEMICÍDIO (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

GOIABEMICÍDIO

FRANCISCO ITAERÇO

 

 

Você é tão doce
Como se mel fosse
Está sempre cercada
De abelhas e zangões
As abelhas são dóceis
Mas lhes falta ferrões
Pra defender a posse
Aí é que a vaca tosse
Não lhes agrada viver
Rodeadas de sócios
Oh vida dura
Goiaba madura
Toma cuidado
Elas podem cometer
Um goiabemicídio
E você é culpada


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 02 de maio de 2020

ENTREGA EM DOMICÍLIO (CORDEL DE FRANCISCO ITAERÇO,COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

ENTREGO EM DOMICÍLIO

Fique em casa…
Que te levo flores
Se mais te convier
Me peça que fique
Só se certifique
Que tô limpo e puro
Livre de COVID.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 25 de abril de 2020

BANHO EXÓTICO (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

BANHO EXÓTICO

 

Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quinta, 23 de abril de 2020

MINHA CASA, MINHA VIDA (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

MINHA CASA MINHA VIDA

Eu amo ficar em casa
Muito mais eu amaria
Se eu fosse um caracol
E para evitar o sol
Minha casa ficasse em mim.
Pudéssemos sair pra rua
Juntos, eu e minha casa
Mas, porém, como castigo
A minha casa se nega
Sair para rua comigo
Prefere ficar aqui
Tenho que sair sozinho


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 10 de abril de 2020

UMA GLOSA - 10.04.20

 

UMA GLOSA

Mote deste colunista:

Em tempo de coronavírus
Toda coceira é suspeita.

Eu conheci uma “mina”
Que estava passando mal
Com enjoo e coisa e tal
Coçando por todo corpo
Deixando o pai absorto
Vivia pois, insatisfeita
Pensando tá com maleita
Sua vida era um martírio
Em tempo de coronavírus
Toda coceira é suspeita.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 08 de abril de 2020

UMA GLOSA - 08.04.20

 

UMA GLOSA

Fico com minha patroa
Só saio se ela deixar.

O caso está muito sério
Uma fogueira com brasa
Um diz pra ficar em casa
Outro já estou saindo
Confessa quase sorrindo
Eu me ponho a meditar
Um “pé aqui outro acolá”
Não creio em qualquer pessoa
Fico com minha patroa
Só saio se ela deixar.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quinta, 02 de abril de 2020

UMA GLOSA (CORDEL DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

UMA GLOSA

Mote do colunista:

Preso sem cometer crime
É um preço alto demais

Esse meu confinamento
Tá me deixando sem graça
Vontade de ir à praça
Me vem a todo momento
Quem tiver discernimento
Diga pois, se lhe apraz
Se necessário se faz
Aguentar esse regime
Preso sem cometer crime
É um preço alto demais


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia segunda, 30 de março de 2020

UMA GLOSA DO MOTE: SE EU ESCAPAR DESSE VÍRUS, MORREREI FAZENDO AMOR

 

UMA GLOSA

Mote deste colunista:

Se eu escapar desse virus
Morrerei fazendo amor

Essa tal de quarentena
Está me deixando louco
Estou no maior sufoco
Tô pagando a maior pena
Desliguei minhas antenas
Para me desligar da dor
Trancafiado como estou
Para mim é um martírio
Se eu escapar desse vírus
Morrerei fazendo amor


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quinta, 26 de março de 2020

DUAS GLOSAS - 26.03.20

 

DUAS GLOSAS

 

Eu não quero ver o vírus
Nem que o vírus me veja

Daqui de casa não saio
Mas, nem que seja na peia
Na rua a coisa está feia
É vírus pra todo lado
Não quero ser culpado
Por uma gripe que seja
Deus do Céu que me proteja
Morrer de fome prefiro
Eu não quero ver o vírus
Nem que o vírus me veja

Não sairei mais de casa
Mas, nem que a vaca tussa
Vou botar a carapuça
E ficar de quarentena
Prefiro sair de sena
Por alguns dias que seja
Continuar na peleja
Abater o mal com um tiro
Eu não quero ver o vírus
Nem que o vírus me veja.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia domingo, 22 de março de 2020

LAVANDO AS MÃOS

 

 

LAVANDO AS MÃOS

Quando você me beijou …
Eu lavei minhas mãos
Me abraçou, me amassou
Eu lavei minhas mãos
Me contou um segredo
Fiquei com medo
Mas lavei minhas mãos
Eu estava seguro
Que agindo assim
Eu não morreria
Só morri de amor
Porque ninguém lavou
O meu coração
Nem eu!

Mas morri
Limpo e puro


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia domingo, 08 de março de 2020

MULHER (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

 

MULHER

Francisco Itaerço

A minha cara metade, extensiva a todas as caras metades do JBF, do Brasil e do mundo, para que amem e sejam amadas.

SAUDADE

Quarenta e três anos juntos
com encontros e desencontros
Mas todos foram superados
Sempre encontramos atalhos
Para encruzilhadas previstas
E seguimos de mãos dadas
Felizes a Perder de vista

Se eu tivesse a capacidade
Para retornar ao passado
Naquela mesma igrejinha
Em que entrei ao teu lado.
Eu estava grávido de sonhos
E você grávida de mim
E nós dois em uníssonos
No altar dissemos SIM…
Juro amor, faria tudo de novo
Porque ainda te amo.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 13 de dezembro de 2019

O CEGO (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

O CEGO

Se eu fosse um cego
Amaria com as mãos
Quanto mais lombadas,
Mais curvas, mais depressão
Aumentaria a emoção
Bastaria uma encruzilhada
Um ponto cego ao lado
Um atalho complicado
Uma pista escorregadia
Uma colisão de frente
Certamente aconteceria:
Um cajado “molemente”
Um cego todo quebrado
Seria minha perdição.

E agora seu guarda?
Como voltar para casa?
Onde a outra me espera
Ela deve estar uma fera
Me aponte uma solução.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia domingo, 01 de dezembro de 2019

NOITE DE HORROR (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

NOITE DE HORROR

Estacionei meu coração
Em um lugar proibido
Você me encontrou
Aprontou o maior drama
Depois me guinchou
Rebocou pra sua cama
Em seguida me multou
Pagamento em beijos
Sem nenhum descontos
Esse era seu desejo…
Beijei que fiquei tonto
Inda perdi sete ponto
Na minha carteira.

Oh noite de horror!
Horror de beijos.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quinta, 21 de novembro de 2019

BRASIL X ARGENTINA (CORDEL DE FRANCISCO ITAERÇO)

 

 

BRASIL X ARGENTINA

Quem pergunta quer saber
Quem sabe, posso ajudar
Grátis, sem nada cobrar
Pra tanto basta me dizer
Como conseguem fazer
Viver sem dar uma esmola
Mas, rouba, mata, esfola…
E ainda se sentir feliz
Com tanto ladrão num país
Por que ninguém rouba bola?

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 13 de novembro de 2019

UM GOLE DE POESIA

 

 

UM GOLE DE POESIA

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia domingo, 27 de outubro de 2019

GOSTO DE MAR (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO)

 

GOSTO DO MAR

Gosto do mar
Pelo despudorado assédio
Às extrovertidas marés
E ao inocente luar

Gosto do mar
Que eu tenho em mente
E que diz a gente
Para odiar e amar

Gosto do mar
Que tenho na lembrança
Das histórias de crianças
Que viviam a me contar

Gosto do mar
Pelo despudor das sereias
Embora eu fique na areia
Só a espiar.

Ah se eu soubesse nadar!


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 25 de outubro de 2019

MEUS DIAS (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO)

 

MEUS DIAS

Tem dias:
Que os quero curtos
Porque estou triste
Hoje eu o quero longo
Porque você existe

Tem dias:
Que eu tenho dúvida
Como será meu porvir
Quando estou com você
Meu futuro me sorrir

Tem dias:
Que eu os quero frios
Pra que você me aqueça
Nesses dias de estios
Espero que não me esqueça

Tem dias:
Que é mais um
Especial no calendário
Nesse dia especial
É o seu aniversário

24/10/2019 esse é o dia!


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 22 de outubro de 2019

DIVISÃO JUSTA

 

 

DIVISÃO JUSTA

Dividi contigo:
O quarto a cama
Os dias da semana
Só não dividi a grana
Pois grana não havia

Dividi o amor
O mesmo espaço
Os beijos, os abraços
Só não dividi o cansaço
Não existia cansaço
Com você não havia

Dividi contigo
A alegria de uma criança
O sonho e a esperança
Só não dividi a ignorância
Não havia lugar pra tanto

Dividi contigo:
O calor desse instante
Esse sol escaldante
Só não dividi a lua
Ela estava em minguante

Dividi contigo:
As rosas dos jardins
Os cravos e os espinhos
As pedras dos caminhos
Ficaram para mim

Dividi tudo
Com sinceridade
Depois de tudo dividir
Aí então descobri
Que somos duas metades.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quinta, 03 de outubro de 2019

ASSASSINANDO A LÍNGUA

 

 

ASSASSINANDO A LÍNGUA

Ainda hoje fui ao médico
Fazer um check-up de rotina
A moça que me atendeu
Disse-me mesmo assim:
– Moço o senhor perdeu
O médico hoje “não vai vim”

Eu pensei, valha-me Deus!
E desesperado a chorar
Chamei a moça a um canto
Pedi-lhe banhado em pranto
Moça troque “não vai vim”
Por favor, por não virá.

Ela me disse solícita
– Isso aqui é uma loucura
Mas deixa isso pra lá
Não quero questionar
“Por conta” da sua frescura
Ficaste em último lugar.

– Troque “por conta” por causa
Não me deixe morre a míngua
Falando assim desse jeito
Português cheio de defeito
Você não terá saída
Irá assassinar a língua

– Para encurtar a conversa
Veja o que o senhor me fez
Deve-me R$. 200,00
Pra pagar de uma só vez.
– Fica por conta da aula
Que te dei de português

Saí dali de fininho
Deveras, sem pagar nada
Quem mandou a atendente
Só falar palavra errada.

Eu só sei que foi assim.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 28 de setembro de 2019

ENFIM, SÓ

 

 

 

ENFIM, SÓ

Sou livre
Sem paquera
Me amarrar
Deus me livre
Com você
Ai quem dera
Se eu demorar
Me espera
Que seja aqui
Ou noutra esfera
Caso contrário, amor
Já era.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 25 de setembro de 2019

STAND-UP COM POESIA - 25.09.19

 

 

STAND-UP COM POESIA

QUERO

Quero contigo casar
Ter uma prole numerosa
Quero ter filhos e netos
Quero criar cães e gatos
Pode não ser prazeroso
Mas deve ser um barato

OLHOS PRA QUE OS QUERO

Pra que olhos?
Se pra te enxergar
Tenho as mãos
Para te sentir
Tenho o tato
Para te seguir
Tenho o coração…
Só tomo cuidado
Coração acelerado
Aumenta a pressão

TATUAGEM

Tatue um verso
Na minha pele
Sele, chancele,
À noite, ao dia
No fim, será fim
Nada mais, enfim
Será só nós, a sós
Só tu, eu e a poesia.

A COR DA FOME

“A fome é negra”
Não creio que seja
Quem assim graceja
E a cor nunca viu
É pura maldade
Com sua leviandade
Alguém se feriu
Pois há controvérsia
E pode ser conversa
De primeiro de abril.

PECAMOS NÓS

Mudo o tratamento
Te chamo senhora
Somente agora
Quando estamos a sós
Desato os nós
Da língua pátria
Altero a gramática
Desrespeito as regras
No esfrega, esfrega
Te chamo de tu
Não estou nem aí
É cada qual por si
No quarto, na cama,
No jardim, na grama…
Depois do rala e rola
Ouço o que tu me diz:
Veja só o que tu fez.
O que tá feito, tá feito
Não tem outro jeito
Eu quero outra vez.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 18 de setembro de 2019

STAND-UP COM POESIA - 18.09.19

 

 

STAND-UP COM POESIA

MINHA ULTIMA CARTA

Minha última carta
Perdeu-se, não chegou
Se chegou, ela não leu
Se leu, nem percebeu
Que ela era tão singela
Que minha última carta
Não era minha era dela
Pois assim estava escrito:
Última carta, pra uma estrela.

SEM GRAÇA I
A graça de envelhecer
É poder contar estórias
Fantasiosas, acontecidas
De uma infância vivida
Se algum erro cometer
E ninguém poder dizer
O que tu fala é mentira

MINHA LÍNGUA

Você já não me atrai
Falta visgo na saliva
O sujeito está oculto
Creio, sem motivo algum
Ou por não concordar
Do verbo vir primeiro
E naquele desespero
A frase morreu a míngua
Sem concordância alguma
Maldita essa minha língua

PRIMAVERA
Certa vez um ancião
Disse para uma flor
Ainda temos primavera
Inteira de vida e de cor
Pare então, de reclamar
Da efemeridade da vida
Viva alegre e contente
Torne-se fruto e semente
E prepare-se para partida

AMOR A TERRA

Uma casa antiga
Um batente alto
Piso de chão batido
Rua sem asfalto
Um poema escrito
Com letras de fogo
Onde o amor à terra
Não estava em jogo
Havia paz, harmonia
Vivi cheio de alegria
E escrevi meu poema
Prenhe de verso e poesia


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 11 de setembro de 2019

STAND-UP COM POESIA - 11.09.19

 

 

STAND-UP

SOU O QUE SOU

Sou somente o que sou
Nunca pensei não ser
Quase sempre morro
Algumas vezes planícies
Planalto sei que não sou
Envergonho-me de ser
Querer ser o que não sou
É burrice.

DESNUDANDO VOCÊ

Desnuda tua alma
Deixa teu corpo comigo
Farei com toda calma
Sem te causar perigo
Detenho-me nas curvas
Livre de sol, de chuva…
Busco uma encruzilhada
Final da minha procura.

É SEMPRE ASSIM

Depois do orgasmo
O pânico
Qual de nós dois
Ficará grávido?
Eu fico grávido
De amor
Você fica grávida
De pranto

É sempre assim!

COLHEITA

Recolhi da água
As mais puras gotas
Do orvalho da noite
Pendurado nas folhas
E trouxe para ti.
Nenhuma tão pura
Quanto o teu pranto
Quando me despedi
Foi tudo que eu vi
E também chorei.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 04 de setembro de 2019

STAND-UP COM POESIA - 04.09.19

 

 

STAND-UP COM POESIA.

POESIA DO CUME

Pimenta no cume arde
Quem tem cume tem medo
Não passe no cume o dedo
Cume ardendo faz parte 
Trate seu cume com arte
No cume um fio de cabelo 
Pode estragar o tapume
No cume não ponha roupa 
E não passe a mão na boca
Depois de passar no cume

FIM DE MUNDO

Nossa floresta queimando
Pouca semente a plantar
O mundo desmoronando
E pouca esperança há
O diabo está comandando
Tem pouca gente orando 
Muita gente pra pecar
Nossa fauna se acabando 
“Muitos socós se coçando
Pra um socó só coçar”

A VIDA

A vida é essa estrada reta
As curvas fui eu que fiz
Com os dias que não vivi
Quando segui errada a seta
Não cumpri minha meta
Deus, tantos erros repeti
Quando só pensei em mim
Alguns aclives não subi
Tarde demais, descobri 
Que já estou quase no fim

CORAÇÃO AVARIADO

Trago cerzido 
Dentro do pito
Coração com defeito
É só o que tenho
Livre, pra te dar
Procure arrumar
Quem sabe ainda
Coração tenha jeito

Se por ventura
Meu coração 
Avariado, ferido
Imperfeito, cerzido
Não tiver conserto
Não amar direito
Evite desperdiço
Atire no lixo
Quem sabe 
Uma catadora
Leve pra casa
E o reaproveite

DO CHORO

O pranto sincero 
Não se seca 
Com lenço
Pra não parecer 
Encenação 
Seca-se sim 
Com o dorso 
Da mão
Para em contato
Com a pele
Encontrar 
O caminho do peito 
Habitat do coração
É isso que penso.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 12 de abril de 2019

STAND-UP COM POESIA - 12.04.19

 

 

STAND-UP COM POESIA

 

ME ENGANA QUE EU GOSTO

A bala era de festim
Nada a temer.
Mas estava perdida
Era curto o pavio
O lugar era o Rio
Cumpri meu dever.

Só não chora quem nunca foi
criança e não aprendeu a chorar.

CICLO DO AMOR

Pediste um abraço
Eu te dei
Insaciável
Pediste um beijo,
Um carinho,
Um amasso…
Não te neguei

Devolveste em dobro
É o ciclo do amor:
É dando que se recebe.

ARTE & POESIA

O nome flor
Já basta
Isto é arte
A perfeição
É poesia.

FALANDO DE AMOR

Alguém me disse:
“O amor é cego”
Escrevi 
Meu primeiro poema
Em braile.
Ninguém me leu.

Acrescentou mais: 
É surdo-mudo
Meu segundo poema
Escrevi em sinais
Ninguém me escutou.

Chorei 
Minha desilusão
Dispensei a pena
Que pena!
Nem pena, 
Nem mãos
Falei de amor
Com meu coração


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 10 de abril de 2019

CARNE FRACA (POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO)

 

 

CARNE FRACA

 

Se a carne não fosse tão fraca
Não fosse tão curto o teu vestido
Se você não fosse tão bonita…
Nada disso teria acontecido

Não houvesse tanta maçã madura
Pendendo dos galhos da macieira
Se teu corpo não fosse essa loucura
E se não faltasse folhas de parreira

Se teus joelhos não se separassem
Quando você senta nesta cadeira
Resolveria, talvez, este impasse

Se só, no Paraíso, Deus me deixasse
Sem cobra, sem maçã, sem companheira
Talvez, quem sabe, eu inda me salvasse


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 06 de abril de 2019

STAND-UP COM POESIA - 06.04.19

 

 

STAND-UP COM POESIA

 

Estou com um problema
Por favor, me ajude
Os ratos invadiram 
A despensa lá de casa
Fátima inconsequente
Resolveu criar um gato
Eu, por mim, prefiro os ratos 
Não aceito a concorrência

TEUS OLHOS

Quase não vejo
O Céu distante
Quando estou diante
Dos teus olhos azuis
Penso depois:
O Céu é só um
Teus olhos são dois

CUMPLICIDADE

A cadeira que me sento
Para escrever poesia
Nem desconfia
Da cumplicidade
Que me propicia

TRISTEZA

Teu corpo coberto
Como tantos outros
Guarda o rebanho
Dos meus desejos
Não os outros.

SÓ AMOR

Abri a caixa preta do teu peito
Só encontrei amor,
Um tantão assim
Ousei acreditar
Que é por mim


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 03 de abril de 2019

STAND-UP COM POESIA - 03.04.19

 

 

STAND-UP COM POESIA

 

LOUCURA

A poesia
É essa coisa
Meio louca
Feita por 
Um louco
Meio poeta.

LIVRE

Sou livre
Sem paquera
Me amarrar
Deus me livre
Com você 
Ai quem dera
Se eu demorar
Me espera
Que seja aqui
Ou noutra esfera
Caso contrário, amor
Já era.

DOS SEIOS

Dos seios
O que sei:
Os poetas tiram 
A poesia.
Os pintores tiram
a imagem
Os bebês tiram 
Alimentação
Eu só tiro
O pecado
Indício de perdição

MULHER

Por mais 
Que eu chore
Não será 
Por ti
É por 
Tuas curvas
Onde me perdi.

A ordem dos fatores,
altera sim, o resultado

Nem sempre todo final
Tem o mesmo resultado
Com os fatores alterados
Na verdade, afinal
Mau também não é mal
E na soma influencia
Nem todo verso é poesia
Pode testar se quiser
Durma com Maria José
Depois com José Maria

Depois você me conta!


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 06 de março de 2019

STAND-UP COM POESIA - 06.03.19

 

 

STAND-UP COM POESIA

 

MEU CARNAVAL

EU ENCHO A CARA DE AMOR
DE AMOR PELO MEU PRÓXIMO

No Centro de Convenções
O clima era propício 
Eu não estava de serviço
Fui ouvir as pregações
Os cânticos as orações
Eu faço sempre que posso
Aquele fervor endosso
Pois alivia minha dor 
Eu encho a cara de amor 
De amor pelo meu próximo

FOLIÃO QUE TEM PEGADA
NÃO PEGA SEM PERMISSÃO

Te mostrei o polegar 
Me acusaste de assédio
Te mostrei o dedo médio
Mas sem querer me vingar
Percebi que porfiar
Não seria a solução
Melhor seria o perdão
Vingança não tá com nada
Folião que tem pegada
Não pega sem permissão

DESCONJURO, CREDO EM CRUZ
MELHOR É NEM PENSAR NISSO

E se o mundo acabasse 
E só ficasse nós dois 
E algum tempo depois
Quando o frio apertasse 
Ajuda você me negasse
e se eu morresse por isso
Já pensou o reboliço 
Quando me faltasse luz…
Desconjuro, credo em cruz
Melhor é nem pensar nisso

Se sem roupa eu ficasse
Se você me desse a sua
Ficasse de costa e nua
Para que eu me trocasse
Quando você se virasse
E visse este estrupício
Dissesse, não era isso
Isso aqui não me seduz 
Desconjuro, credo em cruz
Melhor é nem pensar nisso


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quinta, 28 de fevereiro de 2019

STAND-UP COM POESIA - 28.02.19

 

STAND-UP COM POESIA

 

AMORES NOTURNO

Beijei a boca da noite
Namorei a madrugada
As duas me jogaram fora
Há males que veem pro bem
Estou pegando a aurora.

LOUCO DE AMOR

Se o amor é uma loucura
Do que me serve a sanidade
Prefiro-me louco de amor
Que são com necessidade

CONFISSÃO

Eu bebo
Eu jogo
Eu minto
Pitar
Eu não pito
Vontade
Eu não sinto.
Roubar
Já roubei
Somente
Uma vez.
Tenho dois corações
Um obsoleto
Já quis devolver
A dona não quis
Doar não posso
Muito menos vender
Coração não é meu
Só tenho a posse
Doutor, o que faço?
Eu quero saber.

A PROCURA

Andei pelas estrelas
Feito um átomo humano
Tinha comigo um plano
Queria te encontrar
Destruí muros aos murros
Os que não consegui pular
Seu quarto estava vazio
Cansei de te procurar.

COITADO

SÓ PRA NÃO DIZER
QUE ESQUECI VOCÊ

Selaram o Lula na cela
Não sei como ele se sente
Coitado, ele é inocente
Quem come merda se mela
Nem que seja presidente
Ele caiu na esparrela
Moro disse que ele mente…
Aqui do sitio de Atibaia
Eu vou é cair na gandaia
Pois não tenho concorrente


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 22 de fevereiro de 2019

STAND-UP COM POESIA - 22.02.19

 

TAND-UP COM POESIA

Francisco Itaerço

MEU ANIVERSÁRIO

Todo aniversário
Substituo em mim
Aquele jovem …
De cabelos longos
Calça apertada…
Que não escrevia nada
Por um senhor
De cabelos grisalhos
Calça folgada
Que escreve poesia…

LUAS CHEIAS

Duas luas
Sob tua blusa
Ambas cheias,
Tão perto de mim
E não consigo 
Pega-las.
Pra cometer assedio 
Esse tédio
Será meu fim.

OBSESSÃO

Meus olhos
Só são tristes
Porque não resiste
A tentação de vê
O teu corpo nu.
Meu pensamento
Me disse 
Que ele existe.

COMPLICAÇÃO GRAMATICAL

COISA COM COISA:

ACENDER não é ASCENDER
DESCENTE não é DECENTE …
Pode ser coisa com coisa
Mas são coisas diferentes.

SELA nunca foi CELA
SELA: Ato de selar
CELA: Local onde o Lula está.

AUTO nem sempre é ALTO
Às vezes AUTO é tão baixo…
Que fica rente ao chão


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 05 de janeiro de 2019

STAND-UP COM POESIA - 05.01.19

 

 
STAND-UP COM POESIA

Mote:

“Se correr o bicho pega”
Se ficar o Moro prende

Se um dia você pecou
Não pode dormir tranquilo
Porque carregou aquilo 
Em mala ou em cueca
Remorso que é bom, “neca”
Não sei se você me entende
Toma jeito, se arrepende
Baixa a guarda, se entrega
“Se correr o bicho pega”
Se ficar o Moro prende

Se quiser ter liberdade
Procure entrar na linha
Se você fugir da rinha
E praticar a crueldade
Vai morar atrás das grades
Quem da justiça depende
E sua vida não defende
Nunca vai fugir da regra
“Se correr o bicho pega”
se ficar o Moro prende

Sê é que sabe!


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 01 de janeiro de 2019

STAND-UP COM POESIA - 01.01.19

 

 
STAND-UP COM POESIA

LEMBRANÇAS DA MINHA INFÂNCIA

Revoada de santos
E de anjos meninos
Povoava meus sonhos
De garoto traquino…
No morro uma pedra
Inda está suspensa
No mesmo endereço
Por milagre ou magia
Ou por brincadeira
De um anjo travesso
E naquele recanto
Entre anjos e santos
Era ali que eu vivia

O lugar é o mesmo
Só eu que mudei
Criança eu cria
Em anjos e santos
Inda hoje eu creio
Porém, mesmo assim
Os anjos e os santos
Não creem em mim.

QUE COISA!

Uma coisa é uma coisa
Isso todo mundo sabe
Se outra coisa é outra coisa…
Explicar a mim não cabe
Cada coisa é uma coisa
Diferente doutra coisa
Desigual, como se sabe

Quem sabe, talvez, se fosse
Se fosse uma outra coisa
Coisa que não ficou clara
Não disse coisa com coisa
Pois se a coisa misturasse
A coisa que se formasse
Não seria a mesma coisa

As coisas têm dessas coisas
Que coisa!

MINHA POESIA

Minha poesia:
É um pequeno veio
Infiltrada no meio
Da imaginação
Que escorre
Pelo bico da pena
Para desaguar
No teu coração
E vir (a) mar

METAMORFOSE

Transformei em pena
A minha enxada
O meu roçado 
Em papel pautado
Minha inspiração 
Na palavra escrita
Ficou tão bonita
Que pensei comigo
Missão cumprida
Voltei pra roça
Pra gerar comida. 
Em 2019 
Continuarei a lida.

MEUS MEDOS

É ficar cego de encanto
Tatear por todo canto
Pelos côncavos e convexos…
Apalpar nos teus anexos
A geografia do teu corpo
Navegar por mares mortos
Nas entranças e reentrâncias
Viver tanto desconforto
Sem nenhuma esperança
De ancorar n’algum porto


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 25 de dezembro de 2018

STAND-UP COM POESIA - 25.12.18

 

STAND-UP COM POESIA

PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA

Pulei cerca com frequência
Para o “Moro” fui culpado
Para o “Melo” desviado…
Do caminho da decência
Só cabe a competência
Pra que eu seja julgado
Quando a mim for negado
A presunção da inocência
O Tribunal está em recesso,
Ainda vai demandar tempo
Meu julgamento está suspenso

PRESUMO, SOU INOCENTE
ATÉ O MELO ME JULGAR

Pulei cerca, que perigo
Não havia outra saída
Você estava impedida
De se encontrar comigo
Por descuido ou castigo
“Moro” foi nos procurar
Pra prender e condenar…
Por ato inconsequente
Presumo, sou inocente
Até o “Melo” me julgar

NATAL

Se quiseres festejar o NATAL 
nem precisa ir a Belém. Basta
abrir seu coração e Belém 
virá até você, trazendo: uma
Manjedoura, um jumentinho, 
três reis magos, José e Maria,
o menino JESUS…E certamente
todas as pessoas que lhe querem
bem virão por acréscimo. Inclusive, eu.

Feliz Natal a essa galera.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 07 de dezembro de 2018

STAND-UP COM POESIA - 07.12.18

 

STAND-UP COM POESIA

A PROPÓSITO

A propósito da frase: 
“Crescei e multiplicai”
Crescer eu até cresci
Mas só consegui somar…

ACORDA BRASIL

A história do meu Brasil
Desde seu descobrimento
Vive à todo momento
Uma desconstrução vil
De forma pouco sutil
Roubam nossas divisas
Deixam o povo com fome
Numa exceção a regra 
“Se correr o bicho pega
Se ficar o bicho come”

CUSTO

O custo da partida 
é a saudade.
O custo da chegada 
é a alegria.
O custo de ficar juntos
é a amizade.
O custo de ser poeta
é a poesia.

MUNDO IMUNDO

Vivo num mundo imundo 
Impróprio pra minha idade
Pois me falta capacidade
Meu mundo não é seguro
Tentar, já tentei, eu juro
Mas, não posso esconder
Puro não consigo ser
Por favor, quero a receita
Dificuldade foi feita 
Pra minha fé exercer!…

POESIA

A poesia é cheia de significados implícitos
mesmo que o poeta que a escreveu não os
encontre, alguém haverá de encontra-los um dia.

NORMALIDADE

O mundo está carente de pessoas anormais,
pois está cheio de pessoas normais que agem
com anomalia.

SILÊNCIO & PAZ

Quanto mais estridente o apito,
mais fere a alma do silêncio,
mais tira o sossego da paz.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia segunda, 12 de novembro de 2018

STAND-UP COM POESIA - 12.11.18

 

STAND-UP COM POESIA

INFÂNCIA DISTANTE

Pelo decote do horizonte
Vi os seios da mocidade
Com as lágrimas da fonte
Lavei o rosto da saudade

CALA-TE BOCA

Vim ao mundo ouvir coisas
Muito mais do que dizê-las.
Tagarela como sou, disse coisas
Muito antes de sabe-las

ASSIM SOU EU

Sonho ser poeta 
Por medo do ostracismo,
Clamo, declamo, 
Me viro, me derramo…
Em cores e ao vivo.
Quando você passa
Parece castigo
Esqueço, te sigo…
Adio meu sonho.

A FALTA QUE NÃO FIZ

Viajei pelo meu ego
Tomei vinho, comi pão,
Embriaguei-me, pois não
Pensei no mundo sem mim
Pobre mundo, terá fim
Fui mestre, vim aprendiz
Pois faltava ser feliz
Perdi ouro, perdi prata
Faltei para fazer falta
Contudo, nem falta fiz

Surpreendi-me, por tudo
Pois o mundo continuou
Na paz, amizade e amor
Um Deus trino de escudo
Porém, todavia, contudo
Da lição pouco aprendi
Pouco restou do que vi
Minha vaidade era alta 
Faltei para fazer falta

CORAÇÃO

Meu coração bate tanto
Tanto, quanto o meu pai
Com meu pai eu aprendi
Ao meu coração eu pedi
Meu coração, bate mais.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 23 de outubro de 2018

STAND-UP COM POESIA - 23.10.18

 

 
STAND-UP COM POESIA

GENTE DA GENTE

Tem gente que a gente gosta
Gente que gosta da gente
Gente diferente, embora
Seja igualzinha a gente
Gente que rir e que chora
Que fica triste e contente
Uma gente tão diferente
Mas, na nossa companhia
Faz a diferença, sabia?
Porque é gente da gente.

DECLARAÇÃO DE UM PECADOR

Não sou dono do mundo
Acho nem filho do dono
Sou imagem do abandono
Talvez, cheque sem fundo
Pois meu pecado é imundo
Comi um fruto proibido
Cometi o pecado da gula 
Fui expulso do paraíso
E já que estava perdido
Findei votando no Lula
Acho que estou fu…gido

ASSASSINANDO A LÍNGUA

Tributo de admiração e respeito 
ao professor Arnaldo Monteiro 
In memoriam

Ainda hoje fui ao médico
Fazer um check-up de rotina
A moça que me atendeu
Disse-me, mesmo assim:
–Moço, o senhor perdeu 
O médico hoje, “não vai vim”

Eu pensei, valha-me Deus!
E desesperado a chorar
Chamei a moça a um canto
Pedi-lhe banhado em pranto
–Moça, troque “não vai vim”
Por favor, por não virá

Ela me disse solícita 
–Isso aqui é uma loucura
Mas, deixa isso pra lá
Não quero questionar
“Por conta” da sua frescura
Ficaste em último lugar

– Troque “por conta”, por causa
Não me deixe morrer a míngua
Falando assim desse jeito
Português cheio de defeito
Você não terá saída
Irá assassinar a língua

– Para encurtar a conversa
Veja o que o senhor me fez:
Deve-me R$. 200,00 
Pagar de uma só vez.
– “Fica por conta” da aula
Que te dei de português

Saí dali de fininho, 
Deveras, sem pagar nada
Quem mandou a atendente
Só falar palavra errada


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 29 de setembro de 2018

STAND-UP COM POESIA - 29.09.18

 

 
STAND-UP COM POESIA

Eu amo essa galera, poeticamente digo isso assim:

“EU AMO NÓS”

“EU AMO NÓS”
Pecadores e inocentes
Incorreto gramaticalmente…
“EU AMO NÓS”

“EU AMO NÓS”
E se meu nome for relegado
Ao mais perpetuo esquecimento
E meus escritos forem colocados
Na parte escura de vossas mentes
Ainda assim, “EU AMO NÓS”

Sempre e sempre.

MEU DILEMA

Preso:
Sonhei com a liberdade
Liberto: 
Senti saudade da clausura
dos teus braços. 
E agora, o que eu faço?

MOTE

EU NÃO COMECEI NO BERÇO
NEM FINDAREI COM A MORTE

Eu venho de outras vidas
E cheguei aqui com festa
Vim aparar as arrestas
Depois sarar as feridas
Empreenderei a partida
Já tirei meu passaporte
Meu e de minha consorte
Já com o novo endereço
Eu não comecei no berço
Nem findarei com a morte

PERDIDOS E ACHADOS

Perdi a esperança, 
Procurei feito louco 
Não a encontrei 
Acho que vou
Adotar um sonho
É o que farei.

PECAMOS QUE SÓ

Mudo o tratamento
Te chamo senhora
Somente agora….
Quando estamos a sós
Altero a gramática
Desrespeito às regras
No esfrega, esfrega
Te chamo de tu
Não estou nem aí
É cada qual por si
É no quarto, na cama
No jardim, na grama…
Depois do rala e rola
Ouço o que tu me diz:
Minha nossa senhora
O que foi que eu fiz?

Agora é tarde
Não tem mais jeito
O que tá feito, tá feito
E você foi cúmplice.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 08 de setembro de 2018

STAND-UP COM POESIA - 08.09.18

 

 
STAND-UP COM POESIA

MEU SONHO DE CONSUMO

Uma casinha de taipa 
Um sítio meio afastado
Num lugar do meu agrado
Pode até ser em Atibaia
Minha turma da gandaia
Quero uma adega cheia 
Dinheiro dentro da meia
Carne assada de primeira
Rede armada na biqueira 
Fim de semana, casa cheia

A conta a Odebrecht paga.

FAZER POESIA

Fazer poesia é tão fácil:
É como domar um leão,
É pegar o Sol com a mão
Catar com luvas de box
Pulga no próprio cangote
Tirar leite de uma cobra,
Depilar axilas da sogra
Enfiar vento em cordão…
É dizer: votei consciente 
E sair dali todo contente 
Logo depois da votação

LEMBRANÇAS

Passeei com meu bem
Pelo cantinho da sorte,
Já cruzei de Sul a Norte,
De Leste a Oeste também
E o destino ingrato vem
Nos deixa dores, sequela,
E hoje da minha bela
Tenho lembrança, mais nada.
Nem a poeira da estrada
Apagou o nome dela.

MEU POEMA

O poema que não fiz
Continua dentro de mim
Vivo, ativo, enfim…
E de tudo que escrevi
De repente percebi
Que estou longe do fim
Isso não é um problema
Não quero sair de cena
Pois inda existe você
E você é o meu poema

PREVENÇÃO

Arquitetei vários planos 
Para que meu coração 
Tivesse uma proteção 
Contra tantos desenganos: 
Dei minha mão aos ciganos, 
Mandei um padre benzer, 
Um médico pediu pra ver 
Se eu estava com maleita. 
Por favor, mande a receita 
Pra que eu possa lhe esquecer.

CORAÇÃO AVARIADO

Trago cerzido
Dentro do peito
Coração com defeito
É só o que tenho
Para te dar.
Manda arrumar
Quem sabe ainda 
Coração tenha jeito.

Se por ventura o coração 
Avariado, ferido, imperfeito…
Não conseguir amar direito
Evite, pois, o desperdício
Coloque coração no lixo
Quem sabe uma catadora
Leve pra casa e aproveite.

VERSOS LIVRES

Já vi, Deus, isto é incrível
Só que em outros patamares
Alguns versos irregulares
Dizendo ser versos livres
Como se uma amarra prive
Os versos livres não fossem
E que o doce da poesia 
Se transformasse em amargor
Causando ao seu fazedor
Uma ingente agonia.

Por isso rimo meus versos.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 01 de setembro de 2018

SATAND-UP COM POESIA - 01.09.18

 

 
 
 
STAND-UP COM POESIA

PAÍS SEM HÍMEN

Num país
Que não sobra
Nem dez hímen…
Que não se dizime
Talvez na sobra
Algo se encontre
Quem sabe honra
Além de rima.

Tudo é possível!

CAFÉ DA MANHÃ

Vem a aurora
Com ela a saliva
Com que te direi…
Bom dia.

Vem o pão quente
Que mata da gente
A fome cruel
Se repartido

Vem os versos
Que fiz um poema
Com o mesmo tema
Que fiz a poesia

E nesse clima
De autoestima
A vida continua
Só alegria

CURTO CIRCUITO

Só não curto 
Um curto circuito
Porque um curto circuito
É muito curto
E curto circuito 
Mata.

LEMBRANÇAS

Alguns anos não consigo
Esquecer o que me deste
Aos teus quatorze anos …
E eu aos meus dezessete
Hoje os tempos mudaram
Muitas coisas se afogaram
Os sonhos, nossas paixões…
Dos meus tenros dezessete
E dos teus quatorze anos
Só resta apenas os reflexos

O RISO

Rirei a todo momento
Talvez o riso escancarado
Retarde meu envelhecimento…
Já tentei a maquiagem
A um bom tempo
O certo é que não deu certo

Por hoje é só.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia domingo, 12 de agosto de 2018

STAND-UP COM POESIA - 12.08.18

 

STAND-UP COM POESIA

MUNDO IMUNDO

Deus criou o homem
Depois de fazer o mundo
Antes de todo mundo…
Fez ali a sua imagem
Encheu-se de coragem
E lhe deu livre arbítrio
Lhe disse ao terminar:
Não é permitido errar
Ganhe o pão com seu suor
Que agora vou descansar

Aí o homem fez o resto
E o que mais fez foi errar

Somos um caso perdido
Se o Mestre sabia disso
Por que nos deu livre arbítrio?

MEU POEMA

Te vejo como um poema
Em gestação ou nascida
Sublime, bela, vivida,…
No palco, atriz serena,
Tinteiro, papel e pena
Às vezes, noite sombria
Quero numa manhã fria
Contigo um dedo de prosa
Um jardim cheio de rosas
Pra transformar em poesia

PENA DA PENA

Não me dá pena quando a pena
Seca pra dar vida ao poema.
Mas, me dá pena quando a pena…
Seca pra não dar vida a cena.

Aí dá dó.

BARCO A DERIVA

Meu barco
Está a deriva
Você na proa …
Eu na popa
Você nuinha
Eu sem roupa…
Perdidos em alto mar
Nós dois, eu e você
Nem queremos saber
Em qual praia iremos parar

Tomara seja deserta.

 

 

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quinta, 09 de agosto de 2018

STAND-UP COM POESIA - 09.08.18

 

STAND-UP COM POESIA

O AMOR

O amor só é possível,
fora do tempo,
No seu curso normal
vive intercalado por contratempo.

DECLARAÇÃO

Não posso mais ser rei!
Doei o meu condado
Aos meus vassalos, doei 
Minhas moedas de prata
E os meus moinhos leiloei
Libertei os meus escravos 
E suas dividas perdoei

Pai, console meus parentes
Que não chorem a partilha
Proteja toda essa gente
Abençoe minha família

Deixarei a barba crescer
E me tornarei profeta
Usarei batina pra ser frei 
Ou então, falarei francês 
Pra quem sabe, ser poeta

Já que não posso ser rei
Andarei nu pelo deserto
Me alimentarei de insetos 
E serei feliz, sendo plebeu

 

 

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia segunda, 30 de julho de 2018

STAND-UP COM POESIA - 30.07.18

 

STAND-UP COM POESIA

JUSTIÇA INJUSTA

Socorro, alguém me ajude,
sou inocente, eu juro!

Nunca assediei Cleópatra
Nem queimei Joana D’Arc
Tô fora, da minha parte…
As duas que sigam em paz

Eu nunca peguei a Dalila
Não por medo de “Sansões”
Ela não era moça de família
E eu tive muit’outras opções

Não sou nenhum filisteu
Para temer “queixadada”
Nunca fui nenhum Romeu
Com Julieta não tive nada

Agora criaram-me um impasse
Assédio a Jacqueline, nunca
Pois eu era amigo de Onassis

Agora vejam o despautério
Pobre de mim, estão dizendo
Que fui conivente com nero.

Eu sou inocente, eu juro!!!

 

 

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 25 de julho de 2018

STAND-UP COM POESIA - 25.07.18

STAND-UP COM POESIA

CROMOS (SOMOS)

Somos como
Unha e esmalte
Lábios e batom
Tímpanos e som
Ferimento e dor
Nariz e odor
Sutiã e seio
Até que a morte
Nos separe
O resto, não sei.

QUEM SOU EU?

0 problema me induz
A busca de solução
A solução só revela
O quanto inculto sou eu
A solução só revela
Que vim da tempestade
E sou somente poeira
Sou só paz e calmaria
Sou extinção da violência
Sou verso, talvez, poesia
Isso tudo aí sou eu.

SUICÍDIO

Pensei em matar-me
Rodopiando contigo
No meio de um salão
Ao som de uma canção
Em cores e ao vivo,
Cair nos teus braços
Morrer de cansaço…
E no impedimento
De uma morte assim
É que eu ainda vivo

MORADOR DE RUA E O POETA

O morador de rua
Engana a fome
Durante o dia
Nada come
À noite ele dorme
O poeta insone
Engana à noite
Com poesia
Durante o dia
Poeta dorme

A PALAVRA

Procuro uma palavra que me defina,
não encontro. Na falta de identidade,
me finjo poeta. Acho que é isso que sou.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 17 de julho de 2018

STAND-UP COM POESIA - 17.07.18

 

STAND-UP COM POESIA

SONHO ADIADO

Meu coração encontra-se 
Deveras, amarelecido 
Na Rússia fomos vencidos
No gramado, pelos belgas
Bando de filhos da égua
Adiaram nosso sonho
Por quatro anos, suponho
Aí sim, seremos hexa 
Ou então voltamos nessa
Envergonhado e tristonho

SEM TE CONHECER

Um certo dia 
Desenhei no chão
Com minhas mãos
Nossa moradia
Nem te conhecia
Mas de antemão
Ou premonição 
Resolvi construir
No meu presente
O lar, do porvir

MAÇÃ PROIBIDA

A primeira maçã
A gente só esquece
Quando a segunda maçã
Proibida aparece.

CRIA DO MATO

Sou cria do mato,
tanto é que na cidade,
fico perdido: que só cego
em tiroteio, feito peixe
fora d’água, ou botão
fora de casa.

BALAS PERDIDAS

As balas perdidas são cegas, 
não distingue um traficante
de uma mãe com uma criança no colo. 
Que as balas se percam, antes
de se tornarem perdidas.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 11 de julho de 2018

STAND-UP COM POESIA - 11.07.18

 

OCORRO

Socorro
Eu quero ser preso
O Lula está solto
Livre e ileso

Com o Lula livre 
Não tem pra ninguém
Eu não consigo roubar
Nem um vintém.

Socorro…

MOMENTO

Um momento só
O Lula voltou 
Eu quero ser solto
A cela é pequena
Só cabe um só
Que seja o Lula
Que chegou primeiro
Tem triplex em Guarujá
Sitio em Atibaia
E mala de dinheiro.

 

 

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia domingo, 01 de julho de 2018

STAND-UP COM POESIA - 01.07.18

 

A poesia é essa coisa meio louca,
feita por um louco, meio poeta.

Escrevo para que não se perca o
poema nem esqueçam o poeta.

FRUTO PROIBIDO

Nunca comi
Fruto proibido
Nada adiantou
Acabei sozinho
Aqui no paraiso
Com fome
Sem maçã
Sem Eva
Desvestido
E sem uma costela.

O POETA

O poeta
É como um cão farejador
Farejando tudo
Em plena luz do dia
Até no monturo
Encontra poesia

PESCARIA IMPRODUTIVA

Atirei minha rede
Nas águas deste rio
Você andava cheia …
Nuinha, nuinha
Deitada na areia
Tremendo de frio
Eu quase me afogando
Tentando, tentando
Pescar lambari

RESISTÊNCIA INÚTIL

Resisti enquanto pude
Mas cedi aos teus encantos
E como sou homem rude…
Não te ofereci meu pranto
Só minha alegria, meu canto,
Meus versos e minha poesia
No momento isso me basta
O resto faremos juntos:

MINHAS LEMBRANÇAS

Tomei banho tibungando
De cima duma pinguela
Bebi água de gamela…
Andei descalço fungando
Morceguei carro andando
Carreguei pote com rodia
Comigo ninguém bulia
Vivia o verde da esperança
Essas são minhas lembranças
E eu era feliz e sabia

TIBUNGAR = pular dentro do rio de cima de uma ribanceira ou de uma árvore…
PINGUELA = ponte rustica feita de madeira sobre córregos
GAMELA = vasilha de madeira feita de tronco de árvore para colocar água e ração para animais
FUNGAR = absorver pelo nariz; resmungar
MORCEGAR = pendurar-se em carroceria de caminhão em movimento
RODIA = o mesmo que RODILHA, rosca de pano em que se assenta a carga na cabeça.
BULIR= mexer com quem está quieto

Quando bate a saudade
Nesse meu peito ferido
Coração fica partido
Sangra, segrega, a vontade
Lembrando da mocidade
Dói em mim por todo canto
A vida perde o encanto
O poeta vira calouro
“Eu fui temperar o choro
Acabei salgando o pranto”

 

 

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia segunda, 11 de junho de 2018

STAND-UP COM POESIA - 11.06.18

PRESSA

Meus olhos azuis 
Atirei sobre ti
Nada mais vi
Deixaste comigo 
O melhor de nós 
Na pressa de partir
Pelo sim, pelo não
As lembranças deixadas
Só entregarei em mãos.

POEMA INACABADO

Pode ser que minha pena 
Seque a tinta, que horror 
Eu use a tela de um pintor
E com algumas pinceladas
Eu termine o meu poema 
Usando um lápis de cor
E nessa linda aquarela 
Tendo a vida como tela 
Vou pintando o meu amor!

COMO TE VEJO

“Vejo o mundo com bons olhos”
Com os olhos que eu te vejo
Imagine se eu o beijasse 
Com os lábios que te beijo
Talvez, me condenassem
E até me crucificassem
Por isso reprimo meu desejo.

MEUS PECADOS

Minha matéria é pura
Meu espírito é promíscuo
Enquanto eu durmo
Meu espirito vaga
Em busca de vicio.

MEU MAIOR BEM

Meu maior bem 
Está na essência
A minha aparência
É apenas o casulo 
Guardião do meu bem
Guardado comigo 
Não serve a ninguem


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 09 de junho de 2018

STAND-UP COM POESIA - 09.06.18

 

 

QUEM PERGUNTA QUER SABER

Nunca duvidei da existência dos anjos
Eu só queria saber: se quando os anjos crescem
Eles se tornam santos ou idosos?

IMPOSSIVEL DE ESQUECER

Aonde quer que eu vá
O calor do teu último abraço
O sabor do teu último beijo
Seguem-me 
E é isso que me impede 
De esquecer-me de ti.

TUDO É PÓSSÍVEL

A cidade dorme
Só o poeta vaga
Em busca de
Uma janela aberta
Ou um balde d’água

Tudo é possível.

DEUS ME LIVRE!

Deus me livre
De ser sempre o mesmo
Quero amanhecer
Com outros desejos
E ser sempre assim
Pra melhorar o mundo
A partir de mim
Pode ser que não seja
Mas eu tentei 
Louvado seja.

PECADO

Naquele tempo
Pegar naquilo 
podia
Não era pecado
Porque eu não sabia.
Hoje que eu sei
É pecado mortal 
Só porque peguei.

 

 

Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 22 de maio de 2018

MARANHÃO, UM PAÍS À PARTE

 

Pra nascer, vá a Maternidade Marly Sarney

Para morar, escolha uma das vilas: Sarney, Sarney filho, Kiola Sarney ou Roseana Sarney.

Para estudar há as seguintes opções de escolas: Sarney Neto, Roseana Sarney, Fernando Sarney, Marly Sarney e José Sarney.

Para pesquisar, apanhe um taxi no Posto de Saúde, Marly Sarney, e vá até a Biblioteca José Sarney, que fica na maior Universidade Particular do Estado do Maranhão, que o povo jura que pertence a um tal de José Sarney.

Para inteirar-se das notícias, leia o Jornal O Estado do Maranhão, ou ligue a TV na TV Mirante, ou se preferir ouvir rádio, sintonize as Rádios Mirante AM, e FM, do tal José Sarney.

Se estiver no interior do Estado, ligue para uma das 35 emissoras de rádios ou uma das 13 repetidoras da TV Mirante. Todas do mesmo propri(otário). Ou desculpem, proprietário. Otário, somo nós que aceitamos tudo isso.

Para saber sobre as contas públicas, vá ao Tribunal de Contas Roseana Murad Sarney (recém batizado com esse nome, coisa proibida pela Constituição, lei que no Estado do Maranhão não tem nenhum valor).

Para entrar ou sair da cidade de São Luiz, atravesse a Ponte José Sarney, vá até a Rodoviária Kiola Sarney. Lá se quiser, pegue um ônibus caindo aos pedaços, ande por algumas horas pelas esburacadas estradas maranhenses e aporte num dos municípios José Sarney.

Não concordou com nada disso? Então quer reclamar? Vá, então, ao foro José Sarney, procure o salão de imprensa Marly Sarney, informe-se e dirija-se à sala da Defensoria Pública Kiola Sarney…

Seria cômico, se não fosse tão trágico.

 

 

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 12 de maio de 2018

STAND-UP COM POESIA - 12.05.18

 

IMPERATRIZ

O Sol se põe chorando
A Lua já nasce triste
As estrelas inexistem 
Não há poetas a contá-las
A poesia nem se fala 
Tudo está ultrapassado
O velho está encostado
O moderno pede vênia 
A Imperatriz boemia 
Só existiu no passado

QUESTÃO DE GOSTO

Não gosto de maçãs
Nem as do teu rosto
Prefiro os teus lábios
Têm melhor gosto

COMO SABER?

“MANGA” de mim
Uma palavra
Dispersa em mil
Confusão sem fim.
Nosso português
Não é tão simples assim
CRIANÇA X ADULTO
A criança que fui deixei
chorando pelos caminhos.
Para me tornar o adulto que sou
sorrindo pelas estradas.

FOGO DA PAIXÃO

Mantive a meia chama
O fogo da nossa paixão
Por isso ainda há fumaça
Nos lençóis da nossa cama
Com um sopro, talvez
A fumaça vire fogueira
E queime a noite inteira
Talvez, quem sabe, talvez.

CÔNCAVO X CONVEXO

Já rolamos na lama
Na grama, na cama
No serrado, na fama…
Quarenta anos depois
Eu continuo côncavo
Você ainda convexa 
Muito pouco ainda rola
Mas o amor nos conexa

ISTO SOU EU

Eu sou assim:
Interiorano, 
Indefinido 
Abstrato, 
Vazio,
Mal escrito
Sem fim definido…
Acho que sou
Um rascunho de mim
Isto sou eu

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quinta, 03 de maio de 2018

STAND-UP COM POESIA - 03.05.18

CÔNCAVO X CONVEXO

Já rolamos na lama
Na grama, na cama
No serrado, na fama…
Quarenta anos depois
Eu continuo côncavo
Você ainda convexa 
Muito pouco ainda rola
Só o amor se conexa

ISTO SOU EU

Eu sou assim:
Interiorano, 
Indefinido 
Abstrato, 
Vazio,
Mal escrito
Sem fim definido…
Acho que sou
Um rascunho de mim
Isto sou eu

O ANDARILHO

Fui andarilho
Até encontrar você
Comi todas as maçãs
Tantas, quantas apareceram
Hoje na escassez 
Maçãs não me atraem tanto
Não quanto os teus encantos 
Vivo preso neste canto
Que também é o teu canto

JURO

Eu sou puro 
Meu espírito é pecador
É ele que se aventura
Enquanto eu durmo 
No período noturno
Criando sonhos eróticos
Bordando e pintando o sete
Quando ele volta 
Se fingindo de bonzinho
Sou eu que pago o pato

POETA DE BAR

Sou um poeta de bar
Sem destino, sem lar 
Fecharam todas as janelas
Me aparece numa delas
Me atira um balde d’agua 
Mostra que te chamei atenção
Quem sabe um dia eu volte
E conquiste teu coração.

ESPERANDO SENTADO

Não cheguei porque era distante
Não alcancei porque era alto
Não lutei porque não era forte
Fiquei esperando a morte 
E lamentando a falta de sorte.

TEMPO DE VIDA

Aprendi com o tempo
Que quem não ousa
Tem bem mais tempo
Pra viver bem menos


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia segunda, 23 de abril de 2018

CORDEL DA INJUSTIÇA INJUSTA

 

 

Meu Deus, prenderam o Lula
Palocci e Cunha também 
Esses três homens não tem 
Nenhum centavo na Suíça
Mas partiram da premissa
Que os três se corrompia
Por todo canto em que ia 
Quanto a isso não me iludo
“Oh meu Deus prenderam tudo
Tanto bem que eu lhes queria”

Eles não sabiam nada
Paulo Maluf também 
Jader Barbalho em Belém
Andreia Neves foi citada
Foi presa, foi liberada
Porque também não sabia
Se eu soubesse não faria
Pois esse coelho é rabudo 
“Oh meu Deus prenderam tudo
Tanto bem que eu lhes queria”

E prender ainda falta
O bandido Zé Dirceu
Mas só não aconteceu
Porque a justiça é cega
Tem igual comportamento
Conduta e sentimento 
Quase uma parceria
De alma e corpo, contudo
“Oh meu Deus prenderam tudo
Tanto bem que eu lhes queria”…

Tancredo Neves lá do Céu
Deve estar envergonhado 
Vendo o neto e afilhado
Metido neste escarcéu 
Sendo citado como réu
Por tamanha patifaria
E dizendo que não sabia
Sem ter o avô como escudo
“Oh meu Deus prenderam tudo
Tanto bem que eu lhes queria”…

Também deve entrar na lista
Nosso presidente Temer
Que tem muito a temer
Co’o governo equilibrista
Junto com Dilma e Lula
Escabreado pululam
Seus mal-feitos, noite e dia
Preso, vão levar “cascudo”
Oh meu Deus prenderam tudo
Tanto bem que eu lhes queria”…

Não se esqueça do Gedel
Homem de muitos milhões
Vai enfrentar os grilhões
E passar a lua de mel
Trancado numa masmorra
Sem que ninguém lhe socorra
Vai ficar em cela fria 
Por não ter grande estudo
“Oh meu Deus prenderam tudo
Tanto bem que eu lhes queria”…

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 13 de abril de 2018

STAND-UP COM POESIA - 13.04.18

NADA TENHO

Já não tenho pai
Perdi o útero materno
Pra viver neste inferno.
Não tenho patrão,
Nem sou
Não sou rei, 
Nem vassalo 
Nem herói, 
Nem guru, 
Nada tenho, 
Nada sou…
Tenho somente 
Alguns amigos (as) 
E a Ti Senhor 
Isso me basta 
Para ir vivendo.

CONTENTAMENTO

Eu me contento 
Com tão pouco
Basta um olhar
Um beijo na boca
Um abraço apertado
No teu corpo molhado
As mãos feito loucas
Num frenesi danado
E algo mais.
Parece tão pouco
Mas me satisfaz.

O BRASIL QUE NÓS QUEREMOS

O Brasil que nós queremos
Tem o verde da esperança
Tem fartura em abundância 
Tem um clima mais ameno…
Não é o Brasil que temos
Com tanta sede de saber
Calado por desconhecer
Até como falar direito
O Brasil ainda tem jeito
É só plantar e colher.

Desde o tempo de Caminhas
O Brasil é um celeiro 
Desde um abacateiro 
A um laranjal e vinhas 
Já disseram por a cá 
Em plantando tudo dá 
É esperar para ver 
Tudo aqui é está bem feito 
O Brasil ainda tem jeito 
É só plantar e colher…

MENINAS MOÇAS

As meninas de hoje
Já nascem moças…
As bonecas de louças
Vivem assustadas 
Quem as embalarás 
Nos braços, no porvir.
Não temos direito
De ser crianças.
Nem de brincar
Nem de sorrir…

PRISÃO DOMICILIAR

Teu corpo nu 
É a tornozeleira eletrônica
Que me mantem
Em prisão domiciliar.

 

Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 21 de março de 2018

STAND-UP COM POESIA - 21.03.18

 

ADOÇÃO

ADOTE TRÊS 
E LEVE QUATRO

L eve 
U m ladrão
L impe
A nação

E/ou

C oloque na cadeia
U m espertalhão 
N a base da peia
H ora sim, hora não
A coisa está feia

Lembre-se que:

T emos corruptos
E m quantidade
M uitos astutos
E stão ocultos
R ogando piedade

Leve mais um:

A ntes que acabe
E sta promoção
C arregue mais um
I nfrator, incomum
O brigado, meu irmão.

Concordam comigo, ou não?


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 17 de março de 2018

STAND-UP COM POESIA - 17.03.18

 

AH SE EU FOSSE

Ah se fosse uma pipa
Uma pipa ou um passarinho
Um passarinho ou uma estrela…
Uma estrela na imensidão
Na imensidão, do infinito
No infinito eu queria estar
Queria estar perto de Deus
Mesmo estando aqui no chão.

AMADA MINHA

Desveste-te e flutua
Tira este teu baby-doll
Estou banhado de lua
Vem queimada de sol

Desveste-te, amada minha

OU VIDA DURA!

Nem só de pão vive um político
Há que ter peixe e vinho
Em caldeirada ou frito…
Vinho em tonel ou garrafão
Salário, mais de um milhão
Assim como está escrito
Conta secreta na Suíça
Para fugir da inflação

LEMBRANÇAS

Lembro uma casa de palha
Piso de chão batido…
Penso que um palacete …
Ali, não fazia sentido

Lembro uma menina de shorte
Correndo pelas campinas
Eu, um menino de sorte
Amando aquela menina

Aquilo sim, fazia sentido

Mas, o tempo passou
A casa de palha caiu
Nada daquilo restou
Só a saudade não ruiu

Escrevo estas lembranças
Confesso, meio pedrdido
Quem sabe, na esperança
Disso, talvez, fazer sentido

RECRIANDO VOCÊ

Recrio você 
Na minha mente
Para tê-la 
Junto de mim
Quando estiveres
Ausente.

Amo você, poesia.

AH SE EU FOSSE

Ah se fosse uma pipa
Uma pipa ou um passarinho
Um passarinho ou uma estrela…
Uma estrela na imensidão
Na imensidão, do infinito
No infinito eu queria estar
Queria estar perto de Deus
Mesmo estando aqui no chão.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 10 de março de 2018

STAND-UP COM POESIA - 10.03.18

ÀS VEZES

Às vezes esquecia
O sabor do pão
Do pão o sabor 
Que às vezes
Nem tinha.

Às vezes pensava 
Que havia sonhado
Sonhado às vezes
Sem nem ter dormido

Às vezes eu sorria
Somente um pouco
Um pouco somente
De tanta alegria

Às vezes me lembro
De tudo que fiz 
Sinto-me às vezes 
Um pouco feliz

Às vezes…

SOU MONOGLOTA

Na minha boca
Só cabe uma língua
A sua.
Por isso mesmo
Só falo um idioma
Falar com a boca cheia
É falta de educação.

REAL E FICTÍCIO

Minha imagem habita
O fundo do espelho
Meu sorriso a superfície
Meu corpo existe
Fora do contexto.

PONTE

Há sempre uma ponte
Entre mim e meu próximo
Mas quase sempre ficamos
Em lados opostos.

MULHER

Quando eu estiver morrendo
Não me acuda, não
Deixa que o feitiço do teu corpo
Pise o meu próprio chão
E o fogo desse amor 
Invada meu coração…
Deixa-me arder te amando
Espero que minhas cinzas
Virem bolhas nas tuas mãos…
Aí sim te ferirei 
Com o mesmo ardor
Que me feriu essa paixão.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 07 de março de 2018

STAND-UP COM POESIA - 07.03.18

 

DELAÇÃO PREMIADA

No escuro da noite
Onde nem Deus
Se encontra…
O diabo apronta.

Malas cheias de dinheiro
Passa de mão em mão
De políticos, faz de conta…
Ninguém sabia de nada.
Fiz-me noite, vi tudo.

SEM VOCÊ MULHER

É estar no deserto
Sem que haja deserto
É estar em retiro…
Sem sair daqui
É regressar calado,
É Tomar sozinho
Uma taça de vinho
Sem fazer tim tim…

SAUDADE

Ah se eu tivesse tempo
Para voltar ao passado
Lá naquela igrejinha …
Onde entrei ao teu lado
Eu estava grávido de sonho
Você estava grávida de mim
Nós dois em uníssonos
No altar dissemos SIM

INÚLTIL CHORAR

Nenhum rio
Encheu o mar
Nenhuma seca…
O fez secar.
Quando partires
Juro, não choro
É inútil chorar
Porque minhas lágrimas
Não te fará voltar.

VOZES DOS ANIMAIS

No Congresso Nacional
As ovelhas ladram 
Para afugentar os lobos
Os lobos balem para 
Enganar as ovelhas.
Sobrevive os fluentes 
Nas duas vozes.

“DE POETA E DE LOUCO TODOS NÓS TEMOS UM POUCO”

De poeta eu tenho um pouco.
De médico nada que o valha
Tenho muito pra ser louco…
Pouco demais pra ser canalha
Humanamente eu seria gente
Mas, sobrou pouco demais.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia segunda, 05 de março de 2018

STAND-UP COM POESIA - 05.03.18

 

VERSOS INVERSOS

Quem tem um tiro
Dá num toco
Já disse um louco…
Eu atiro no chão
Porque não me apraz
Perder munição

“Atire a primeira pedra”
Mas vê se não erra
Porque na verdade
Talvez tu não tenha
Outra oportunidad

CONSELHO

Proponho ao Sol
Uma queima de arquivo
Afasta-te da lua …
Se isso for possível
Mas se for um martírio
Que seja discreto
Muda de endereço
Por Deus eu te peço
Enquanto tu dormes
Ela desfila garbosa
Por todo universo

Censurá-lo não posso
A mim não cabe
Mas toma cuidado
Fica aí meu recado
Você é que sabe

CINZAS DE AMOR

Brincavas com fogo
E ateavas em mim
Enquanto eu ardia…
Beijavas-me à boca
E fugia.
Simples, assim…
Deixavas comigo
As cinzas de mim

SAUDADE

Aos vinte anos eu tinha tudo
Tinha paixão, tinha saúde,
Vontade, garra, atitude,…
Tempo pra errar e acertar…
Podia até me dar o luxo
De não saber o que queria…
Só me faltava sabedoria
Pra usar o clube de vantagens
Que me oferecia à idade
Hoje aos setenta e cinco
De ter tudo ainda brinco
Porem só tenho a saudade

CONSELHO

Proponho ao Sol 
Uma queima de arquivo 
Afasta-te da lua 
Se isso for possível 
Mas se for um martírio
Que seja discreto
Muda de endereço
Por Deus eu te peço
Enquanto tu dormes
Ela desfila garbosa
Por todo universo

Censurá-lo não posso 
A mim não cabe
Mas toma cuidado
Fica aí meu recado
Você é que sabe.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 28 de fevereiro de 2018

STAND-UP COM POESIA - 28.02.18

 

MENTIRA

Cerrei meus olhos
Pensando em ti
Te vi, nuínha, nuínha…
Se oferecendo a mim
Abri-os em seguida
Por saber, ser mentira.

Quando a esmola é grande
Olhos cerrados desconfia.

MEU AMOR NAS CURVAS

Meu amor é do tamanho
Das curvas do teu corpo
Nas retas, eu corro.

O TEMPO E OS PROBLEMAS

O passar do tempo
Tanto faz
Meus problemas
Me envelhece mais

SÓ UM MINUTO

Não saia daí
Um minuto apenas 
Pra encher a pena
Escorrer entre os dedos
O mais novo poema
Que escrevi pra ti

Outros virão certamente
Antes do fim.

TORCICOLO ETERNO

Olhei para o alto
Em busca de Deus
Só vi estrelas
Sofri um torcicolo
E nunca mais
Vi meu próximo.

O AFOGADO

Ontem “afoguei o ganso”
Trabalho inútil o meu
Sem saber que ele era d’água
E pra tristeza da minh’alma 
O meliante não morreu.

QUESTÃO DE ESCOLHA

A fera que te fere
O ferro que te ferra
A faca que te corta
A garra que te marca…
Te deixam marcas.

A boca que te beija
Os braços que te abraçam
As mãos que te acariciam 
O ombro que te consola
Também te marca

A escolha é sua.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 23 de fevereiro de 2018

STAND-UP COM POESIA - 23.02.18

 

FALHA NOSSA

Cadastrei meu amor
No teu coração
Por esquecimento …
Não anotei a proporção
Amei demais
Sufoquei você
Perdão. 
Desculpa, falha nossa!

TUDO AZUL

Penetrei nas palavras
Descobri subscrito
O que nunca havia dito:
Eu ainda te amo

APRENDIZADO

Quando aprendi a soletrar tuas curvas
Desaprendi o significado de uma reta

PRIMAVERA

A primavera
É a festa das árvores
Traduzida em flores…
Derramada nos campos
É o jardim do Éden
Dos olhos é o encanto
A prima (Vera)
É uma parente
A média distância
Paixão proibida
Do tempo de infância.

ENCONTRO

Eu te encontrei
pelos teus gemidos de dor,
no meio de uma tempestade. …
A tormenta passou,
Daí então gememos juntos
Gemidos de amor.

GLOSA

Quando parto, me reparto
Derramo o pranto da arte
Dói a parte que se parte
Mas minha dor eu descarto
Chega de dor, estou farto
Depois eu entro nos eixos
As vezes, choro, me queixo
Mas, você também chorou
Pois sempre quando me vou
Lamento quando te deixo.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 17 de fevereiro de 2018

STAND-UP COM POESIA - 17.02.18

 

“LAVO AS MÃOS”

Lavei as mãos
De nada serviu
Não me impediu
De escrever besteira.

VERBO

Demorei tanto
Encontrar o verbo
Quando encontrei
Não mais era verbo
Já era sujeito
As leis da gramática

AMOR

Guardo dentro de mim
Um amor tão grande
Que se exteriorizá-lo
Corro o risco de sufocar
O amor de outro alguém.

Dentro de mim, de nada me serve.

A POESIA

A poesia transcende a sua materialização,
Por isso é sempre muito criticada.
Uns criticam porque não a entendem
Outros não entendem por que a criticam.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 09 de fevereiro de 2018

STAND-UP COM POESIA - 09.02.18

 

DECLARAÇÃO DE UM VICIADO

Confesso sou um viciado
E sempre que eu posso
Uso meu tempo livre …
Drogo-me de amor ao próximo

Não gosto nem de lembrar
Outro dia fui multado
Por dirigir usando droga
A droga de um celular

Embora eu lute contra isso
Quase todo meu salário
Gasto com a mega-sena
E a droga do jogo do bicho

A droga que mais me droga
É a droga do meu título
Quando chega outubro
Tenho que ir as urnas
Pra votar em um político

Tem mais, mas não confesso.

METAMORFOSE

Tornei-me tristeza
Pra entender a alegria
Tornei-me barulho…
Pra entender o silêncio
Tornei-me inverno
Pra entender o verão
Tornei-me outono
Pra entender a primavera
E continuei me tornando
O que eu ainda não era
Tornei-me amor
Pra entender o carinho
Tornei-me flor
Pra entender os espinhos
Tornei-me verbo
Pra entender o sujeito
Tornei-me noite
Pra entender o dia
Tornei-me você
Pra entender a mim…
Na minha metamorfose
Tornei-me poeta
Pra entender a poesia.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 03 de fevereiro de 2018

STAND-UP COM POESIA - 03.02.18

 

LINGUAJAR NORDESTINEZ

Desta vez, fui longe demais 
Mili e num sei quantas léguas
Bem pra lá de Bagdá 
Perto da baixa da égua 
Fiquei com a vista turva
Gastei um pá de apragata
Fui onde o vento faz curva
Uma manhã disperdiçada
Impaei todo meu tempo
Acabei num fazendo nada
Arre égua!

QUEM SOU EU?

O que não está em mim
Está nos versos que escrevo
Na consciência do que devo
Neles estão meus acertos
Meus erros, e eles existem
Ainda estão dentro de mim
Estes são impublicáveis.

IDOSO

Idoso é um ser humano
Com prazo de validade vencida
Cercado de morte, por todos os lados.

Não quero ficar velho
Menos ainda morrer jovem.

A LUA E OS AMERICANOS

A Lua lá no Céu
Encheu-se de gente
Depois descontente
Minguou de repente
Derramou todo mundo

A VIDA

A vida é nada mais 
Que uma vela acesa
O vento sopra
Apaga-se a labareda
E a vida se desfaz

TO NEM AÍ

To nem aí 
Pra quem pintou o Céu
Quero o resto da tinta
A escada e o pincel
Quero pintar o mundo
Colorido dos meus sonhos

MINHAS CHAGAS

Dei nome as minhas chagas 
No meu pé eu chamei “perebas”
Das minhas nádegas “curubas”
Falta nomes para as “feridas”
Pois a minha cara querida 
Ainda está lisa e lambida


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 31 de janeiro de 2018

STAND-UP COM POESIA - 31.01.18

 

MEUS MEDOS

Morro de medo
Desde cedo
Continuo com….
O medo é tanto
Até me espanto
Se você quer saber:
Depois de morto
Ainda tenho medo
De morrer.

O POETA E OS PÁSSAROS

Um elo invisível
Liga o poeta aos pássaros.
Pássaros voam, ao sabor do vento…
Poetas ao sabor do pensamento.

A QUEDA

Caiu à tarde
Pensem num tombo
Caiu à noite…
Sobre meus ombros
Só não sei o que faço
Pra que você
Caia em meus braços.
Ah se eu te pego!

ALZHEIMER

O tempo passou
Esqueci teu rosto
Não esqueci tua boca
Que com tanto gosto
Me chamava de amor

SEI DE NADA

Pouco sei
Do porvir
Do passado …
Já esqueci
Do presente
Nada sei
Sei de nada
Dessa gente
Se pecador
Ou inocente
“Eu só sei
Que nada sei”

SONHOS DE UM POETA

Das minha vísceras 
Nascem meus sonhos
Envelhecidos, suponho
Meus sonhos
Versam melhor.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 23 de janeiro de 2018

STAND-UP COM POESIA - 23.01.18

 

Enquanto um adeus afasta,
há um Deus que aproxima 
e foi por Ele que me aproximei
de ti.

OPÇÃO

Entrei no mar
Quase me afogo
Saí do mar 
A praia era um fogo
Voltei para o mar
Melhor me afogar
Que morrer queimado…
Quem me conhece 
Feito meu espelho
Sabe que não sou 
De morrer de joelho 
Sem luta, sem show

ENROLAÇÃO

Embrulhei meu estômago
Com papel de jornal
Quando minhas vísceras
Leram as notícias 
Passaram mal
As informações
Estavam sem sal.

SE VOCÊ QUISER

Se você deixar
Eu me apaixono
Se você quiser 
Eu me abandono
Se você pedir 
Ficaremos juntos
Ligado um ao outro
Na hora do sono 
Das noites sem lua
Eu não reclamo…
Se você quiser 
Eu faço poesia
Nas noites de lua
Eu declamo
E direi bem alto
Eu te amo!

QUANDO TE BEIJO

Quando te beijo
Eu fico tonto
Não mais me vejo
Nem me encontro
Só vejo a ti e pronto.

ESPELHO, ESPELHO MEU…

Olhei-me no espelho
Vi uma imagem repetida
O mesmo plágio da vida
Essa vida é muito curta
Levantei-me, fui à luta
Ouvindo o mesmo conselho: 
Fiquei, pois, todo vermelho
E aproveitando o ensejo 
Pra não ver mais o que vejo 
Melhor quebrar o espelho

DOIS EM UM

Evadi-me de mim
Para ficar contigo
Num consenso comum
Não somos mais dois
Nós dois somos um

ENCONTRO

Já te procurei
Em todos os quadrantes
Deste universo
Só te encontrei
No meu leito
E na grafia
Dos meus versos.

 

 


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 17 de janeiro de 2018

STAND-UP COM POESIA - 17.01.18

 

CIÚMES LUNAR

Você mata a Lua de ciúmes
quando expõe os dotes do
seu corpo ao Sol, nem que
seja só para ganhar cor.

FANTASIA

Amar só uma vez, é pecado;
Porque fica-se fantasiando
Quão picante seriam as outras.

DE VOLTA AS AULAS

Hoje eu voltei à minha carta de ABC: 
Uma professora, Um quadro negro,
Uma palmatória sobre a mesa,
alguns caroços de milho num canto da sala
e eu aprendendo a ler.

Ah se o tempo voltasse!

O PRIMEIRO PASSO

Sempre que dou um passo
Aprendo como dar o passo
seguinte, sempre que paro
esqueço como caminhar.

PRAZO DE VALIDADE

Meu prazo de validade está
quase vencido, mas meu prazo
de amar ainda há muito a ser
vivido.

SONHOS E PESADELOS

Meus sonhos se acabam antes
que eu acorde, meus pesadelos
continuam mesmo depois de
acordado.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 09 de janeiro de 2018

STAND-UP COM POESIA - 09.01.18

 

VOCÊ

Mesmo quando há silêncio
Eu sinto a tua presença
Pois você não está no som
Está nos momentos bons
Que nós dois tivemos juntos.

CUIDADO!!!

O teu corpo de mulher
Está cheio de curvas
Tá começando a chuva
É melhor seguir a pé
E acredite se quiser:
Estás com medo, eu sei
Pegue a pista do meio
E a velocidade reduza
Se estás com a vista turva
Minha libido está sem freio
Cuidado! É melhor parar

VERDE

Você gosta de verde
Plante que o Céu garante
Se não chove como antes
E o problema é secura
Regue a semeadura
Para a planta não morrer
Só depende de você
Levante-se dessa rede
E faça assim como eu:
Até meu cheiro é verde.

TRIBUTO DE AMOR AO RIO TOCANTINS

Pobre do rio Tocantins
Tá seco esturricado
Pois chove pra todo lado
Mas aqui nestes confins
Nem água de botequim
Tem pra molhar papelão
Não escorre pelo chão
Eis a triste realidade
Quem plantou tempestade
Só colheu degradação

DECLARAÇÃO DE AMOR

Gosto docê e tu de mim
Tô um tantão apaixonado
Quatro pneus arriado 
Vivo em função desse amor 
Não sorria de mim, por favor
Vamos juntar nossos trem 
Juntos, iremos mais além
Lembre-se tu disse assim
Nunca vai faltar amor 
Porque sou teu e tu de mim.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia domingo, 24 de dezembro de 2017

STAND-UP COM POESIA - 24.12.17

 

ALINHAMENTO

Ocupei teu corpo nu 
Literalmento os anexos
O teu corpo era côncavo
Meu corpo ficou convexo.

FORA DO TEMPO

Não fumo
Não bebo
Não jogo…
Não minto
Não tenho amantes.
Sou completamente
Dependente de mim
Nas horas vagas
Eu faço poesia.

RICO & POBRE

Todo mundo ao nascer
Pensa logo ficar rico
Acho, por isso, vai ver
Que até hoje não nasci.

FIM

E se o sonho acabar
Se a esperança morrer
Do que o poeta viverá
Sem poesia pra escrever

TEM GENTE

Tem gente que a gente cuida
Gente que cuida da gente
Tem gente que a gente quer bem…
Gente que quer bem a gente
Tem gente que a gente gosta
Gente que gosta da gente
Tem gente que a gente ama
Gente que ama a gente…

Você, Luiz Berto, 
Vocês colunistas e leitores do JBF.

ARREPENDIMENTO

Se arrependimento matasse
Juro, eu já havia morrido
O primeiro beijo que te dei…
Mil vezes teria repedido

Arrependo-me dos beijos que não te dei.

DESTINO

Por fora
Uma mão de tinta
E um aviso:
Não me toque
Tinta fresca.

Moral da história:
Morreu solteira
E ainda fresca.

FELIZ NATAL.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia domingo, 10 de dezembro de 2017

STAND-UP COM POESIA - 10.12.17

 

SONO

Meu sono era tão leve, 
com ele levaram meus sonhos,
Ficaram somente os pesadelos.

MEDO

A boca da noite não me intimida, 
O que eu temo é o final de uma 
mal dormida.

ESTOQUE DE SONHOS

Meu estoque de sonhos
Nunca se esgotou,
Se exauriu minhas forças
para executa-los
Haja força, eu continuo sonhando.

MINHAS LÁGRIMAS

Olha minhas lágrimas amor
Separa as que eu chorei por ti,
Enche um cântaro
Rega as tristeza do meu pranto
E me faz sorrir

DENTRO DE MIM

Dentro de mim
Cabe um país
Cabe um estado
Cabe a cidade
Em que eu nasci
Dentro de mim
Cabe o Nordeste
Dentro do Nordeste
Cabe Imperatriz
Tudo isso cabe
Dentro de mim.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quarta, 06 de dezembro de 2017

STAND-UP COM POESIA - 06.12.17

 

AMOR AO PRÓXIMO

Pode ser que
meu próximo me ame
Pode ser que
eu ame meu próximo.
Pode ser que 
esse amor se derrame
e atinja o próximo do meu próximo…

Pode ser, quem sabe. 
Tudo é possível.

FIM DO MUNDO

Não quero saber
Do inicio do mundo
Quero esquecer
Que existe um fim
Só quero viver
O mundo presente
Que existe em mim.

O POETA

O poeta está para poesia
Como o escultor pra escultura
Como o mágico pra magia
Como o criador pra criatura…
Como Deus pra todos nós

MULHER PARTIDA

Só te quero por inteira
Quero tamanho família
Porem, se preciso for
Que se faça a partilha
Mas que seja, por favor
Partida na horizontal
Pra não haver cambalacho
Mulher partida por igual
Dou-te a parte de cima
Fico eu com a de baixo

“Quem parte e reparte
Não fica com a melhor parte,
Ou é muito bobo 
Ou não tem arte.”

PEDRAS QUE MALTRATAM

Pedras do meu tropeço
Pedras que me machucam
Aquelas que atiram em mim
As pedras do meu sapato
Pedras que ferem de fato…
Mas as que me maltratam
São as pedras dos meus rins

TUDO QUE FIZ

Apalpei os seios
Lactantes da poesia
Suguei o néctar
Das letras livres
E por um instante
Me tornei amante
E me fiz poeta.

Ah poesia! 
Quem não se apaixonaria?

LÍNGUAS

Eu aprendi várias línguas,
Mas nunca esqueci a sua.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 01 de dezembro de 2017

STAND-UP COM POESIA - 01.12.17

 

DESISTÊNCIA

Já desisti
De aprender 
Muita coisa,
Minha cabeça
Está cheia 
De sonho.

O POETA

Que se fecundem
Corações e mentes
Papéis e penas
Que ejaculem versos
Pra gerar poemas
No útero da poesia

GOTAS DE POESIA

Dos teus seios nus
Goteja a poesia 
Que alimenta o poeta.

RIO/MAR

Hoje sou rio
Mas se somar
O que antes fui
Com o que hoje sou
Sorrio, sendo mar.

ESPELHO

Maldito espelho
Insiste em mostrar
O que hoje sou
Esquece de lembrar
O que já fui
Que horror

MINHAS DORES

Minhas dores:
Desaguam nas minhas lágrimas
Escorrem pelos rios da vida
E vão todas para os mares
Recipiente de todas as magoas

JULIA & HELOÍSA

Cada um tem seu herói
Eu tenho duas heroínas
Ainda tão pequeninas
Já grandes e carismáticas
Doces, meigas, simpáticas…
São duas fadas, tão belas
Nenhum’outra é igual elas
Valentes, guerreiras, espertas
Penso, um dia, quem sabe
Um de nós três será poeta

Talvez eu, quem sabe elas!


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 28 de novembro de 2017

STAND-UP COM POESIA - 28.11.17

 

COISA DE POETA

Rocei o teu rosto
Suave como a brisa
E te deixei inquieta
Te beijei e parti
Coisa de poeta

JANELA DA ALMA

A janela da tua alma 
É a porta da minha entrada, 
Prepare hospedagem pra mais um
Minha permanência é ilimitada.

JUNTOS

Se estamos juntos
Nem dor, nem pranto
Somente encanto
Se eu te pergunto
Qualquer assunto
Sobre teus encantos
Você me abraça
Me pega, me amassa
Me beija na boca
E pronto.

OUSADIA

Embaixo da tua janela
Tempo de pura ousadia
Você jogava as tranças
Eu me agarrava e subia
Lá dentro fazíamos tudo
Certo de que ninguém via
Antes da noite acabar
Novamente pelas tranças
Eu me agarrava e descia
Mas o teu pai me flagrou
E acabou com a folia
Tempo bom, com final trágico.

PECADO ORIGINAL

Enquanto eu colhia
Folhas de parreiras
Pra cobrir tua nudez
Você e a serpente
Colhiam maçãs…
Eu já sabia que
Você era pecadora
E eu não conseguiria
Te vê-la despida
Pecar ia, também.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sábado, 25 de novembro de 2017

STAND-UP COM POESIA - 25.11.17

RECUSA

Recuso-me abrir
Tua carta de despedida,
Enquanto não conhecer o conteúdo,
Continuo te amando.

CLAUSURA

Vivo enclausurado
Na doçura dos teus beijos
Nas curvas fechadas 
Do teu corpo nu…
Quando começo a viver
Me embaraço de desejo
Porque me mato de amor
No momento que te vejo.

AMOR, SÓ AMOR…

Amor, só amor não basta
Precisa fazer um chamego
No ouvido, contar um segredo
Se não tiver segredo, inventa
Tranque a porta por dentro
Jogue a chave pela janela
Depois é só dizer pra ela
Se você quiser, vou buscar
Só pra ouvi-la dizer:
Não, deixa pra lá. 
Vamos fazer mais amor 
Pro nosso amor não acabar.

MINHA POESIA

Minha poesia
É escandalosa,
Erótica, obscena,
Profana, inútil,
É insossa é fútil…
Mas, é minha poesia.
E talvez alguém
Leia e me crucifique
Mas um dia quem sabe
Talvez eu a publique.
Assim são os poetas.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia sexta, 24 de novembro de 2017

STAND-UP COM POESIA - 24.11.17

PODE SER QUE SIM, PODE SER QUE NÃO

Se uma brisa suave
Roçar o seu rosto
Pode ser que não seja
O que você deseja, 
Uma carícia, um beijo…
Pode te dar desgosto
Pode não ser o esperado
Pode ser mau-olhado
Ou até um encosto.
Pode até ser que sim
Pode até ser que não.

CONTENTO-ME COM TÃO POUCO

Um mar de amor, 
Uma praia somente
Uma choupana ao lado
Uma folha de parreira
Uma lua durante a noite 
Um sol durante o dia
Uma mulher eu já tenho
Nem, faz falta o paraíso
Se eu me cansar desta vida
Pode deixar, eu aviso.

BIG-BANG

Contento-me 
Com tão pouco
Só você, despida
Nem precisa 
Estar vestida
Uns beijos 
Uns abraços 
Uns amassos…
Minha mão 
Na tua mão 
A outra mão 
Não sei aonde.
O tempo fecha
Ninguém recua
Eu nu, tu nua
De repente 
Aquele show 
Big-bang
Formou-se
O verso.

RECONCILIAÇÃO

Toda vez que eu morro
Reconcilio-me com a natureza,
Toda vez que brigamos,
Renasço das cinzas.


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia quinta, 09 de novembro de 2017

STAND-UP COM POESIA - 09.11.17

CLAUSURA

Vivo enclausurado
Na doçura dos teus beijos
Nas curvas fechadas 
Do teu corpo nu…
Quando começo a viver
Me embaraço de desejo
Porque me mato de amor
No momento que te vejo.

QUANDO EU DIGO

Quando eu digo
Vou embora 
É porque fico
E jamais vou 
Meu a Deus 
Significa 
Uma oferenda 
Ao Criador.
Quase sempre 
Uma oração 
De um pecador

VERBOS A PARTE

O homem divide-se 
Em três partes,
A primeira é barro
É terra fria, 
A segunda é arte,
É alma é poesia.
A terceira sou eu 
Quem diria.

VAZIO

Meu peito está vazio
Não tem mais coração
Substituí por fibra ótica
Pra levar minha paixão

COISA DE LOUCO

Esta tua boca 
Feita só de lábios 
Coisa de louco…

Estas tuas mãos 
Quando me afaga
Me deixa elétrico…

Este teu corpo 
Cheio de curvas
É um perigo…

Dentro do teu peito 
Não tem coração
Tem fibra ótica
Para transmitir
Tamanha paixão

Mas, se não fosse 
Pecado, pecar…
Não houvesse castigo
Talvez, quem sabe
Casar-me-ia contigo.

NÃO DIGA

Não diga “por conta de”
Nem também, “sou de menor”
Para a língua não ferir
Diga sim, “por causa de”
E “eu sou menor, ou maior”

Não diga, “moro na rua”
Procure outro lugar
“Moro à rua”, por favor
Morar na rua é perigoso
Você pode se machucar

Não diga, “sentei na mesa”
A mesa pode quebrar 
“Sente-se à mesa”, por favor 
Ou procure outro lugar.

Não diga, “fui no banco”
“Fui ao banco”, por favor
Mostre que está antenado
E pela língua tenha amor.

Pode falar o que quiser
Mas, só diga onde
Se souber aonde
E só diga aonde
Quando não souber

Quem fala errado produz afta


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia terça, 24 de outubro de 2017

STAND-UP COM POESIA - 24.10.17

LATROCÍNIO

No pescoço da vítima
Havia um fio de cabelo
Suponho, a arma do crime

Mas, só depois da autopsia 
Pude comprovar o latrocínio
Roubo, seguido de morte.

O coração estava sem cor,
Frio, frágil, flácido, vazio…
Sem nem um pingo de amor.

A criminosa havia fugido 
Deixando um coração ferido
E um cenário de horror

Quem não ama, não sofre por amor.

A DISTÂNCIA QUE NOS SEPARA

A distância que nos separa
É infinitamente pequena
Mas não dá pra medir
No olho-a-olho
Preciso de régua
Para medir as léguas
Que separa nós dois
A distância exata
Confirmarei depois.
Não é muita coisa
Isso posso afirmar
Quem se meter entre nós
Vai se machucar
Quer pagar pra ver?
Se meta e verá

RIO TOCANTINS

Carrego comigo 
Parte desse rio
Por isso sorrio
E me ponho a pensar
Se hoje sou rio 
Um dia serei mar.

COISA DE POETA

Um poeta na rua
No meio da madrugada
Uma janela entreaberta
Duas tranças penduradas
Um balde de água fria
Acaba com a poesia
Duma cena inusitada…
As tranças se recolhem
O poeta todo molhado,
Põe a viola no saco
Já é tarde, vai embora

DESENCONTRO

Quando a alegria bate 
na nossa porta da frente,
A tristeza sai pela nossa
porta do fundo


Francisco Itaerço - Os Contos Nossos de Cada Dia segunda, 09 de outubro de 2017

STAND-UP COM POESIA

 

TROCA, TROCA

Troquei a fechadura da porta
Depois que você entrou
Troquei os lençóis da cama
Depois que você usou…
Os beijos trocamos nós
Depois de fazer amor.

MEIO BARRO, MEIO HOMEM

Barro amassado
Ainda meio argila
Já meio homem
Deus soprou-lhe
Nas narinas
Deu-lhe a vida,
E livre arbítrio
Foi descansar
No sexto dia
Sem imaginar
Que o trabalho
Bem acabado
Ainda não havia.

LEVO A VIDA

Levo a vida que eu levo
Da vida eu não levo nada
Minhas angústias relevo
Deixo uma obra inacabada

LÍNGUAS

Conheço bem 
Duas línguas
A minha e a sua
Eventualmente 
Conheci outras
Sapecas, marotas…
Puras, impuras,
Às vezes inseguras
Nem por isso
Menos línguas

DESPUDOR DA LUA

O Sol debruçou-se 
Sobre o firmamento
Esperando a Lua 
Pro acasalamento
A Lua chegou
Grávida de sonho
Vazia de pudor
Cheia de astros
Minguante de amor
E foram dormir
Em quarto crescente
O Sol coitado
Esperando a Lua
Chegar nova(mente)
Nem vazia, nem cheia
Lua simples(ment


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