Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo terça, 07 de junho de 2022

PANDEMIA: COVID-19 - AS CINCO LIÇÕES QUE APRENDEMOS (OU DEVERÍAMOS TER APRENDIDO) PAR A EVITAR NOVAS ONDAS E DOENÇAS

Por Bernardo Yoneshigue

 


Imunização contra a Covid-19 de crianças e com dose de reforço nos adultos segue aquém do esperado. — Foto: Eliane Neves/Fotoarena/Agência O Globo

Imunização contra a Covid-19 de crianças e com dose de reforço nos adultos segue aquém do esperado. — Foto: Eliane Neves/Fotoarena/Agência O Globo

 

Desde março de 2020, uma série de mudanças – como uso de máscaras, ventilação dos ambientes, obrigatoriedade de testes, medidas restritivas, entre muitos outros hábitos – foram incorporadas no cotidiano de milhões de brasileiros. Mais de dois anos depois, com o avanço da vacinação e uma consequente menor gravidade da Covid-19, a situação epidemiológica da pandemia melhorou e diversas práticas ficaram pelo caminho. Porém, o recente aumento de casos, com testes positivos em farmácias do país disparando 326% no último mês, acende um alerta.

Especialistas ouvidos pelo GLOBO apontam alguns costumes que se tornaram – ou ao menos deveriam se tornar – aprendizados permanentes para evitar novas ondas da doença e avanços de outros patógenos. Para além do mais importante entre eles no momento (manter o calendário vacinal em dia), há uma série de medidas que minimizam os riscos de infecção e a severidade de uma nova onda.

— A pandemia trouxe hábitos que deveríamos manter, como lavar as mãos, usar máscaras em locais de risco, preferir espaços abertos aos fechados, isolar-se em caso de sintomas para não transmitir a doença e, claro, se vacinar. No geral, o que já deveríamos ter aprendido é que endemias e pandemias são problemas coletivos e não individuais e, portanto, requerem ações de todos — explica o doutor em saúde coletiva Fernando Hellmann, professor no departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

 

As lições que a pandemia trouxe servem não apenas para conter o avanço da Covid-19, como também o de outros agentes infecciosos. É o caso da disseminação da varíola dos macacos pelo mundo, um vírus que até então era restrito a áreas endêmicas de onze países africanos, mas passou no último mês a provocar centenas de diagnósticos em nações de todos os continentes do planeta – com sete suspeitas no Brasil.

Confira abaixo cinco pontos listados por profissionais da epidemiologia, infectologia e saúde pública para frear a transmissão das doenças transmissíveis no país.

 

1 - Calendário vacinal em dia

 

Hoje é unânime entre os especialistas que o mais importante é manter o calendário vacinal atualizado. Isso porque as novas subvariantes da Ômicron – como a BA.2, que é prevalente no Brasil; a BA.4 e BA.5, que levaram ao aumento de casos na África do Sul, e a BA.2.12.1, por trás da nova onda nos Estados Unidos – têm um potencial maior de reinfecção.

Por isso, essas sublinhagens, junto à queda da proteção induzida pela vacina com o passar dos meses, têm motivado o crescimento dos testes positivos, mesmo entre imunizados. Ainda assim, os especialistas ressaltam que, quando contemplada com todas as doses indicadas da vacina, a pessoa tem um risco muito menor de desenvolver formas graves da doença.

No entanto, a proteção só é garantida com o esquema completo, ou seja, duas doses para crianças de 5 a 11 anos; três doses para aqueles com mais de 12 anos e quatro para os acima de 50. No caso dos imunossuprimidos, há ainda a indicação de uma dose adicional além dessas.

 

— É algo que aprendemos: a necessidade da vacinação em massa. Para isso, devemos trabalhar mais na educação, para ampliar a adesão dos faltosos às vacinas. Assim poderemos não só nos proteger, como também aqueles que por algum motivo de saúde não possam ser vacinados — afirma Hellmann.

Segundo um levantamento do Ministério da Saúde, feito a pedido do GLOBO, ao menos 46 milhões dos brasileiros adultos ainda não receberam a dose de reforço, considerada essencial para uma resposta imune adequada contra a variante Ômicron.

 

2 - Uso de máscaras

 

Apesar da série de mudanças nas recomendações dos estados e municípios sobre o uso de máscaras, os especialistas concordam em relação a determinados espaços e situações em que elas ainda não deveriam ser completamente liberadas. É o caso de ambientes com aglomerações, locais fechados e, principalmente, de pessoas com sintomas respiratórios.

A doutora em Epidemiologia das Doenças Transmissíveis pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Andrea Von Zuben, professora do programa de pós-graduação em Saúde Coletiva da universidade, reforça que muitas pessoas dispensam o item por acreditar que os sintomas são de gripe ou resfriado.

No entanto, ela explica que, com a vacinação, os sinais da Covid-19 são mais leves que aqueles relatados em 2020 e, mesmo no caso de outras doenças respiratórias, é importante usar a máscara pois elas também são transmitidas por vias aéreas.

— Quando a gente pensa em doenças respiratórias, a gente não pode mais abrir mão das máscaras, especialmente em ambientes muito aglomerados. Isso para que não aconteça de pessoas andando nas ruas com manifestação desses sintomas contaminando as outras sem saber— diz Andrea.

Na semana passada, o Comitê Científico do governo de São Paulo voltou a orientar o uso da proteção em lugares fechados, como salas de cinema, de aula, academias e escritórios, diante do aumento nas internações pela Covid-19 no estado.

 

 

3 - Testagem em caso de contato com infectado ou sintomas

 

A confusão com outras infecções respiratórias pode levar não apenas os contaminados a deixarem de usar a máscara, como também a não realizar o período de isolamento social orientado pelas autoridades de saúde.

Por isso, o doutor em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela USP e professor de infectologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Kleber Luz, que também é consultor internacional da Organização PanAmericana da Saúde (OPAS) para arboviroses, destaca a importância de se realizar o teste no caso de sintomas ou de contato com uma pessoa infectada.

— Durante a epidemia do H1N1, por exemplo, era outro cenário, a disponibilidade dos testes era escassa. Mas com a Covid-19, todo mundo pode se testar independentemente da gravidade do caso. Isso leva a um diagnóstico rápido, então você consegue isolar o caso com mais facilidade e evitar que ele transmita para outras pessoas — explica o professor da UFRN.

 

4 - Vigilância de fronteiras

 

Um fator importante para evitar a disseminação do vírus é uma forte vigilância em áreas de fronteiras, como aviões e aeroportos, destaca Andrea Von Zuben. Por isso, na recente atualização das regras vigentes, a Anvisa decidiu pela manutenção da obrigatoriedade do uso de máscaras nesses locais. Além disso, a depender do local de destino da viagem, ainda é requerido o resultado de um teste negativo antes de embarcar.

A epidemiologista ressalta que isso é necessário pois muitas doenças, como a Covid-19 e a varíola dos macacos, estão se espalhando pelo mundo de forma cada vez mais rápida.

— Então o Brasil tem que ter uma vigilância de portos, aeroportos e fronteiras muito melhor do que ela é hoje. Nesse mundo globalizado, o coronavírus que foi identificado pela primeira vez na China chegou muito rapidamente aos outros países. A gente tem ainda uma deficiência nesse setor e, em viagens, muitas vezes pessoas de países onde algumas doenças não são endêmicas vão a outros lugares, acabam se contaminando e levam a doença — explica Andrea.

 

 

5 - Investimento em vigilância genômica

 

O cenário de alta circulação do Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19, também propicia que o vírus passe por uma série de mutações que o tornem mais transmissível ou aumentem o potencial para escapar dos anticorpos de infecções anteriores ou da vacina.

Por isso, é importante saber qual é a cepa predominante no momento, identificar de forma rápida se uma outra variante que está provocando aumento de casos em outros países chegou ao Brasil e também qual é o comportamento dessas novas versões do vírus em relação à gravidade da doença e à disseminação.

Porém, a epidemiologista da Unicamp explica que isso só é possível com estruturas de vigilância genômica capacitadas, que conseguem realizar o sequenciamento do agente infeccioso e classificá-lo – um aparato que é carente no Brasil. Ainda que instituições como o Instituto Butantan e a Fiocruz sejam consideradas de excelência, os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens), lugares de referência para o sequenciamento, não têm a estrutura e a equipe adequada, pontua Andrea.

— A gente tem hoje um monitoramento genômico em relação à Covid-19 e as suas variantes aquém do suficiente. E essa é uma estratégia que não pode deixar de existir porque se na introdução de um novo patógeno você tem um monitoramento precoce, você consegue fazer prevenção e controle. Mas se a gente não tiver essa capacidade de detecção, quando identificamos acaba sendo tarde demais — afirma a professora da Unicamp.


O Globo segunda, 06 de junho de 2022

BRASILEIRÃO - DERROTADO PELO LANTERNA FORTALEZA NO MARACANÃ, FLAMENGO SEM EVOLUÇÃO E PERSPECTIVA POSITIVA

 

Por Rafael Oliveira — Rio de Janeiro

 


Thiago Maia e Rodrigo Caio atônitos com a derrota do Flamengo para o Fortaleza, no Maracanã — Foto: Marcelo Theobald

Thiago Maia e Rodrigo Caio atônitos com a derrota do Flamengo para o Fortaleza, no Maracanã — Foto: Marcelo Theobald

Há cerca de 20 dias, quando o Flamengo empatou com o Ceará e Paulo Sousa sofria forte pressão, havia uma expectativa interna de que a sequência de cinco jogos no Maracanã (sem desgaste com viagens e sem o excesso de desfalques que vinha tendo) ajudaria a equipe a buscar a tão cobrada evolução. Passado este período, o saldo não parece ser positivo. O time obteve uma sequência de quatro vitórias sem atuações consistentes, e, após a derrota (2 a 1) para o Fortaleza, prevaleceu a impressão de que não houve avanços.

O resultado não agradou a torcida. Mas, não fossem os erros individuais e coletivos tão corriqueiros, o placar poderia ser interpretado como um ponto fora da curva. Ainda mais por se tratar do Fortaleza, adversário cuja qualidade é reconhecida por todos, apesar da má colocação na tabela do Brasileiro.

O jogo deste domingo apresentou um conjunto dos principais problemas do Flamengo com Paulo Sousa. Ironicamente, o primeiro com a semana inteira para recuperação e treinos. Até agora, o time não parece ter assimilado uma estratégia de jogo e aposta mais na qualidade individual dos jogadores. Como consequência, em diversos momentos comete pecados como o de não ter amplitude, o que o deixa sem opção de virada no terço final do campo, e, principalmente, de falhar na transição defensiva, tornando-se presa fácil para ligações diretas.

As falhas individuais, como Paulo Sousa gosta de destacar em suas coletivas, também são um problema frequente. E acabam sabotando o time como um todo. Neste domingo, Willian Arão abusou dos passes errados. Como o que parou nos pés de Matheus Jussa e terminou no gol de Robson, aos 27 do primeiro tempo. João Gomes também não foi bem neste quesito. E o Flamengo passou todo o primeiro tempo sem saída de bola. Pedro e Bruno Henrique ficaram isolados na frente.

Na defesa, Pablo teve uma tarde irreconhecível. Errou passes, tempo de bola e posicionamento. Não por acaso, ele e os dois volantes foram sacados já no intervalo.

Bola de Cristal do Brasileirão: As chances de vitória de cada time na rodada

Mas os erros não foram exclusividades do trio. Ayrton Lucas foi uma avenida pela esquerda. E Matheuzinho, embora não tenha comprometido no mesmo nível, nem sempre conseguiu acompanhar as investidas do Fortaleza pelo seu lado.

O time só não desceu para o intervalo atrás no placar porque o adversário teve dificuldade para concluir e porque Éverton Ribeiro, o mais lúcido da equipe rubro-negra, empatou no último lance do primeiro tempo.

O Flamengo do segundo tempo conseguiu errar um pouco menos e levar mais perigo na frente. As entradas de Vitinho e Thiago Maia deram ao meio de campo mais conexão entre os jogadores e levaram a equipe a empurrar o Fortaleza. Mas, tirando o pênalti desperdiçado por Pedro logo no começo, o gol nunca pareceu estar próximo.

A melhora ofensiva não foi acompanhada de mais solidez atrás. Hugo Sousa chegou a fazer duas defesas difíceis antes de sofrer o segundo gol, de Hércules, já nos acréscimos. No lance, havia seis jogadores do Flamengo dentro da área. Mas todos voltados apenas para a tentativa de ataque pela esquerda. Sozinho no centro, o volante teve toda liberdade para aproveitar o rebote. Mais do que a frustração pela derrota, o jogo terminou marcado pela falta de perspectiva para o futuro.

 


O Globo domingo, 05 de junho de 2022

SELEÇÃO BRASILEIRA: COMO TRINTÕES DA GERAÇÃO 92 E JOVENS FUNCIONAM NO BRASIL RUMO À COPA

Por Bruno Marinho — Rio de Janeiro

 


Vini Jr. é recebido por Neymar: eles são os principais nomes de gerações diferentes que se uniram na seleção brasileira — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Vini Jr. é recebido por Neymar: eles são os principais nomes de gerações diferentes que se uniram na seleção brasileira — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

O Brasil provavelmente enfrentará o Japão segunda-feira, em Tóquio, com quatro deles em campo. Alisson no gol, Casemiro e Fred na contenção, Neymar na criação das jogadas. No geral, contando com Danilo, lateral-direito que foi cortado dos amistosos devido à lesão, são nove jogadores que compõem o grupo de Tite com 30 anos ou próximos disso: Alisson, Alex Telles, Casemiro, Philippe Coutinho e Neymar (nascidos em 1992), Danilo e Alex Sandro (em 1991) e Fabinho e Fred (em 1993).

São jogadores no auge das carreiras: com longa experiência no futebol europeu, alguns deles multicampeões por clubes, já experimentados na seleção brasileira. Seis deles estiveram na Copa da Rússia — Alisson, Danilo, Casemiro, Fred, Coutinho e Neymar.

 

A caminho do Mundial do Catar, os trintões proporcionam aos mais jovens a passagem de bastão que nem sempre existiu da melhor forma na seleção. Neymar é o caso mais emblemático disso, talvez na história da amarelinha. Ao ser lançado como referência ainda aos 18 anos em 2010, sem o respaldo de jogadores que deixaram de frequentar o grupo antes do imaginado, casos de Ronaldinho, Kaká, Robinho e Adriano.

Casemiro líder

A despeito do peso inquestionável dos veteraníssimos Daniel Alves e Thiago Silva, emerge como referência desse grupo o volante Casemiro. O simples fato de ter sido ele o escolhido para falar sobre o pequeno atrito ocorrido entre o grupo da seleção e o então presidente da CBF, Rogério Caboclo, no caso da realização da Copa América do ano passado, sinaliza o tamanho do jogador dentro do vestiário.

O volante do Real Madrid acaba exercendo o papel, tanto no clube espanhol, quanto na seleção brasileira, de alguém que tenta controlar as expectativas criadas em torno de Rodrygo e, principalmente, Vini Jr, ambos de apenas 21 anos.

Tecnicamente falando, quem oferece a maior guarida para esses jogadores é Neymar. Rumo à sua terceira Copa do Mundo, talvez a última, se continuar com a ideia de se aposentar da seleção depois do Mundial, o camisa 10, ao entrar em campo, é quem canaliza as maiores responsabilidades em termos de atuação.

Além disso, em termos táticos, Neymar tem migrado para a criação das jogadas do Brasil. Acaba atuando mais em função dos mais jovens do que o contrário, quando a seleção tem a bola. Na goleada sobre a Coreia do Sul, Neymar ocupou muito a faixa intermediária ofensiva e encontrou bons passes em diagonal para os jogadores que avançavam pelas pontas. No ocasião, Lucas Paquetá e Raphinha.

— Por mais que seja pouco tempo de trabalho que a gente tenha juntos, cada um conhece bem o outro dentro das suas características. O Ney consegue entender meu estilo, o estilo do Vini, o Paquetá entende o do Ney e assim por diante — explicou o atacante Raphinha.

O grande desafio dos trintões será se manterem bem fisicamente para a competição no Oriente Médio. Neymar, por exemplo, vive às voltas com problemas de lesão. Ontem, postou nas redes sociais imagens de hematomas no pé direito. Ainda assim, isso não deve ser problema a ponto de tirá-lo do jogo contra o Japão.

Além de Vini Jr, outra provável mudança na seleção em relação aos titulares contra a Coreia do Sul será a entrada de Guilherme Arana no lugar de Alex Sandro na lateral esquerda. Eder Militão participou de parte do treino no lugar de Thiago Silva, ao lado de Marquinhos na defesa.


O Globo sábado, 04 de junho de 2022

ENOLOGIA: VINHOS DE PORTUGAL - PRIMEIRO DIA DO EVENTO É MARCADO POR REENCONTROS, BRINDES E *CALOR HUMANO*

Por O Globo — Rio de Janeiro

 


Ligia Santos, da Caminhos Cruzados, no Salão de Degustação do Vinhos de Portugal 2022 — Foto: Rebecca Alves

Ligia Santos, da Caminhos Cruzados, no Salão de Degustação do Vinhos de Portugal 2022 — Foto: Rebecca Alves

O primeiro dia da nona edição do Vinhos de Portugal foi marcado pelos reencontros. Foram muitos os abraços, os sorrisos trocados, as fotos tiradas e os brindes na sexta-feira (3) no Jockey Club, na Gávea. O evento realizado pelos jornais O Globo, Público e Valor Econômico em parceria com a ViniPortugal continua neste sábado (4) e domingo (5).

Luis Pato, um dos produtores mais conhecidos dos brasileiros, perdeu a conta dos pedidos de selfies que recebeu durante as primeiras horas do evento.

— Estou reencontrando pessoas que não via há dois anos. Esses últimos anos on-line foram ótimos, mas nada como o calor humano —contou ele, que trouxe um espumante sem sulfito para apresentar. — É o primeiro de Portugal assim. Quero integrar também essa nova onda de vinhos mais naturais. Será meu rótulo pensando nesse futuro. Sou formado em Engenharia Química, então cuidei de todos os processos. — disse.

No concorrido Salão de Degustação, cariocas experimentaram as novidades apresentadas pelos 81 produtores participantes. No total, eles trouxeram mais de 600 rótulos para apresentar por aqui. Na Caminhos Cruzados, de Ligia Santos, uma fila de pessoas estava ávida pelas novidades, incluindo dois rótulos inéditos. Ela contou que a vinda ao Rio foi sua primeira viagem depois do período crítico da pandemia.

Para hoje, ainda há ingressos para a prova especial “O melhor terroir de Portugal”, às 12h, comandada pelo Master of Wine brasileiro Dirceu Vianna Júnior. Em seguida, às 15h, o crítico Jorge Lucki apresenta a prova “Moscatel: o néctar de Setúbal”. Os ingressos estão disponíveis no site oficial do evento: vinhosdeportugal2022.com.br

O produtor Luís Pato, da Bairrada, no Jockey Club, para o Vinhos de Portugal 2022 — Foto: Rebecca Alves

O produtor Luís Pato, da Bairrada, no Jockey Club, para o Vinhos de Portugal 2022 — Foto: Rebecca Alves

Já os talk shows — que acontecem na área comum e reúnem críticos, produtores e personalidades em encontros descontraídos, gratuitos e com duração de 30 minutos — hoje começam às 13h, com o chef Rafa Costa e Silva, do Lasai, e seguem com a sommelière Elaine Oliveira, o restaurateur Chico Mascarenhas, do Guimas, a jornalista e crítica de gastronomia Luciana Fróes e a jornalista portuguesa Isabel Lucas, que estará em mesa sobre as trocas culturais entre Brasil e Portugal. As senhas serão distribuídas meia hora antes.

— Estava ansioso para o retorno do evento. Adoro esses encontros em formato descontraído, sempre muito bem pensados, com uma combinação ótima de pessoas e ainda degustação de ótimos rótulos. Não perco — elogiou o aposentado Augusto Abreu.

 

Confira a agenda deste sábado (4) no Vinhos de Portugal

 

Salão de Degustação
Sessões às 11h, 14h, 16h30 e 19h

Sala de Provas
12h O melhor terroir de Portugal (com Dirceu Vianna Júnior)
13h30 Os muitos Alentejos (com Cecilia Aldaz)
15h Moscatel: o néctar de Setúbal (com Jorge Lucki)
16h30 Vinhos raros e seus mistérios (com Dirceu Vianna Júnior)
18h Susana Esteban, uma história singular (com Jorge Lucki)
19h30 O Dão e a gastronomia brasileira: um casamento perfeito (com Alexandra Prado Coelho e Manuel Carvalho)

Talk shows
13h
 Alentejo (com Jorge Lucki, Rafa Costa e Silva, Susana Esteban e Mouchão)
14h Dão (com Manuel Carvalho, Elaine de Oliveira, Magnum e Boas Quintas)
15h Douro (com Manuel Carvalho, Chico Mascarenhas, Niepoort e Taylor’s)
16h Lisboa (com Cecilia Aldaz, Luciana Fróes, Parras Wines e Quinta de Chocapalha)
17h30 Setúbal (com Alexandra Prado Coelho, Elaine de Oliveira, Adega Cooperativa de Palmela e Casa Ermelinda Freitas)
18h30 Douro (com Gabi Bigarelli, Luciana Fróes, Ramos Pinto e Lima & Smith)
19h30 200 anos: o vai e vem entre Portugal e Brasil (com Simone Duarte, Isabel Lucas, Casal Branco e Aveleda)

Festival EA Live
20h30 Tiago Nacarato e Fran

Onde
Jockey Club – tribunas B e C
Praça Santos Dumont, 31 – Gávea


O Globo sexta, 03 de junho de 2022

CINEMA: TRILOGIA *JURASSIC WORLD" CHEGA DO FIM MISTURANDO AVENTURA E DEFESA DE PRESERVAÇÃO

 

Por Eduardo Graça — São Paulo

 


'Jurassic World: Dominio', último filme da segunda trilogia baseada no filme original de Steven Spielberg — Foto: Divulgação

'Jurassic World: Dominio', último filme da segunda trilogia baseada no filme original de Steven Spielberg — Foto: Divulgação

Quem for aos cinemas para ver “Jurassic World: Domínio”, em cartaz desde ontem, encontrará dois filmes em um. Episódio derradeiro da segunda trilogia da franquia idealizada pelo diretor Colin Trevorrow, ele tem duas facetas. Uma é o thriller de aventura, com o casal Chris Pratt (Owen) e Bryce Dallas Howard (Claire) decidido a proteger a menina Maisie Lockwood, que carrega em si o desfecho da história. A outra tem pegada científica e reúne, pela primeira vez desde o celebrado original de Steven Spielberg, de 1993, o trio Laura Dern (a botânica Ellie Sattler, agora, não por acaso, especializada em mudanças climáticas), Sam Neill (o paleontologista Alan Grant) e Jeff Goldblum (o matemático Iam Malcolm). E quando as narrativas finalmente se juntam escancara-se a pauta da vez: a necessidade de se conviver com o diferente para preservar o planeta.

— Este filme tem um teor de horror apocalíptico, o que, creio, nos dá mais relevância. Tratamos da ganância das grandes corporações, da importância da ética na ciência e da preservação de todas as espécies. Namoramos descaradamente com o épico — diz Pratt. 

“Domínio” começa quatro anos após a destruição da Ilha Nublar, no segundo tomo da trilogia atual, e logo descobre-se que alguns dinossauros foram resgatados. Uns estão em uma reserva natural, mas muitos outros estão sassaricando nos quatro cantos do planeta, impulsionando um mercado negro de abate e venda dos seres jurássicos cujo centro é Malta. Uma das sequências de ação mais impressionantes se dá na ilha mediterrânica, é a favorita de Trevorrow e quase transforma Owen e Claire em dois Jason Bourne.

A confusão com o retorno dos dinossauros ao planeta sem estarem confinados em local específico é tamanha que tem a capacidade de alterar sensivelmente a rede de distribuição de alimentos em escala global e causar a extinção dos seres humanos. E a solução pode vir da manipulação genética das duas espécies.

É onde entra a BioSyn, gigante farmacêutica com tiques de Vale do Silício, comandada pelo mesmo Lewis Dodgson (personagem de Campbell Scott), que no original queria roubar embriões de dinossauros. E agora jurando que deseja apenas decifrar o código genético dos dinos para curar doenças nos homens.

 

Reflexão

 

A entrada da velha guarda científica escancara que este é um filme de “mensagens” e “para toda a família”, sem medo de didatismos e simplificações ao mergulhar na dicotomia humanismo versus desenvolvimento tecnológico. A sequência final poderia ter surgido de um programa de tevê especializado no tema ou de material de campanha de algum partido ecológico.

Quando trouxe de volta Dern, Goldblum e Neill, Trevorrow não apostou apenas na nostalgia fácil. Às vésperas de celebrar 30 anos, “Jurassic Park”, de Spielberg, foi um rugido imenso e duradouro. O filme provou que já havia meios para se levar para o telão a sacada de Michael Crichton, autor do livro que deu origem à saga, e impressionar a audiência com dinossauros realistas dos mais variados tamanhos. Mesmo com o salto tecnológico desde então (em “Domínio”, todos os dinossauros interagem de fato com os atores, graças ao avanço da robótica, controlados remotamente), Trevorrow já disse que não ambiciona causar no público o mesmo abrir a boca de 1993. O que ele desejava para sua saída de cena era usar a história para refletir sobre como estamos tratando o planeta que já foi dos dinos e hoje parece ser nosso.

Chris Pratt em cena de 'Jurassic World: Dominio' — Foto: Divulgação

Chris Pratt em cena de 'Jurassic World: Dominio' — Foto: Divulgação

Se Spielberg nos levou para um passeio por um parque de diversões como nenhum outro, Trevorrow nos dá a mão em um mergulho num museu de História Natural onde olhamos para o passado com atenção, mas miramos o tempo todo em um futuro que parece sombrio.

A primeira pista para se entender a mais recente trilogia da franquia era dada no título do primeiro filme, de 2015 — saía Park, entrava World. A ideia central era a de levar os bichanos para o mundo. Uma nova era, Neojurássica, é proposta, e já havia sido sugerida no curta “Jurassic World: a batalha de Big Rock”, em que uma família acampando enfrenta dinossauros soltos tentando entender seu habitat. E a escolha de “Domínio” para o derradeiro filme oferece mais uma peça: tudo leva a crer que são os muito mais velhos que nos deixarão a (não mais) ver navios.

Em “Domínio”, as criaturas não são meros coadjuvantes. Além do T-Rex e dos Velociraptors (Blue está de volta, agora com sua filhotinha, Beta), se destacam o Giganotosauro (“o maior carnívoro que o planeta já viu”, frase, aliás, repetida à exaustão), no céu surge o Quetzalcoatlus, sem esquecer do Pyroraptor, com sua penugem singular.

— Foi tudo muito surreal. Quando Jurassic estreou eu tinha 13 anos. E não tinha a menor ideia que seria um ator. Imagina a minha cara quando estes três chegaram no set e não saíram mais? — diz Chris Pratt.

Para Laura Dern, o retorno de Ellie também serviu de reflexão sobre o original. E de como sua personagem foi pensada como uma cientista de primeiro calibre no mesmo patamar dos personagens de Goldblum e Neill, “algo que não acontecia amiúde nos anos 1990”.

Jeff Goldblum é um dos atores do primeiro 'Jurassic Park' que volta em 'Jurassic World: Dominio' — Foto: Divulgação

Jeff Goldblum é um dos atores do primeiro 'Jurassic Park' que volta em 'Jurassic World: Dominio' — Foto: Divulgação

“Jurassic World: Domínio” é, para o bem e para o mal, um filme pensado para audiências mais novas, propositadamente simplista ao propor uma revisão ética nas decisões sobre o futuro do planeta e nossa saúde, e que parece resolver de vez a história iniciada em 2015, com destinos claros para todos os personagens.

Em uma franquia que já rendeu, só de bilheteria, mais de US$ 2 bilhões mundo afora, e com os dinossauros ainda presentes no inconsciente coletivo geral, não surpreenderá a ninguém um anúncio de que novas caras retornarão ao tema em um futuro não muito distante.


O Globo quinta, 02 de junho de 2022

RAINHA ELIZABETH II: REINO UNIDO CELEBRA SEU JUBILEU DE PLATINHA

Reino Unido celebra Jubileu de Platina da rainha Elizabeth II; acompanhe

Quatro dias de eventos oficiais começam nesta quinta-feira em território britânico


Últimas atualizações

 

Entenda a tradição por trás da parada militar

Príncipes Charles e William, ao lado de princesa Anne, participam de parada militar no Jubileu de Platina

Príncipes Charles e William, ao lado de princesa Anne, participam de parada militar no Jubileu de Platina (Foto: JONATHAN BRADY/AFP)

O nome oficial do desfile desta quinta é Trooping the Colour, uma parada militar que tem suas origens no século XVII e marca o aniversário da soberana do país. Elizabeth completou 96 anos em abril, mas os festejos tradicionalmente acontecem em junho, quando os termômetros já marcam temperaturas mais quentes.

Os soldados que participam da do evento formam um dos regimentos mais antigos do Exército Britânico, a Divisão Doméstica. Na prática, as cores são bandeiras que representam as diferentes divisões do Exército, usadas no passado em conflitos para que os soldados identifiquem seus batalhões.

Na cerimônia, o príncipe Charles foi saudado pelos soldados e, sem seguida, os inspecionou. Logo após, as “cores” foram exibidas, tal qual era feita no passado, e Charles, que representa sua mãe, guiou a parada até Buckingham para uma segunda saudação.

Os três filhos do príncipe William e Catherine, a duquesa de Cambridge, os príncipes George (frente) e Louis e sua irmã, a princesa Charlotte

Os três filhos do príncipe William e Catherine, a duquesa de Cambridge, os príncipes George (frente) e Louis e sua irmã, a princesa Charlotte (Foto: JONATHAN BRADY/AFP)

 

Família real participa de festejos

Os integrantes da família real já saíram do Palácio de Buckingham para a parada. A cavalo e com uniforme militar, o príncipe Charles, primeiro na fila de sucessão ao trono, inspeciona as tropas, uma parte tradicional do evento que marca o aniversário da rainha. Ele é acompanhado pelo príncipe William, segundo na linha sucessória, e a princesa Anne, ex-equestre olímpica. O trio acumula uma série títulos militares honorários.

O príncipe William, no canto esquerdo, ao lado de seu pai, o príncipe Charles, e sua tia, a princesa Anne, durante desfile de aniversário da rainha

O príncipe William, no canto esquerdo, ao lado de seu pai, o príncipe Charles, e sua tia, a princesa Anne, durante desfile de aniversário da rainha (Foto: BEN STANSALL/AFP)

Camilla, a duquesa da Cornualha, e Catherine, a duquesa de Cambridge, saíram de carruagem. Elas estavam acompanhada dos príncipes George e Louis e da princesa Charlotte, os três filhos de Catherine e William. As crianças, em particular, recebem aplausos efusivos de quem acompanha o evento ao vivo.

Vale lembrar que a rainha não participará do desfile militar, mas estará presente na aparição da família real na sacada de Buckingham.

Camilla, a duquesa da Cornualha, Catherine, a duquesa de Cambridge, e o príncipe George participam dos festejos do Jubileu

Camilla, a duquesa da Cornualha, Catherine, a duquesa de Cambridge, e o príncipe George participam dos festejos do Jubileu (Foto: BEN STANSALL/AFP)

Líderes dão seus parabéns à rainha

Vários líderes internacionais e ex-primeiro-ministros britânicos parabenizam Elizabeth II nesta quinta-feira. Em uma mensagem por vídeo, o presidente Emmanuel Macron expressou em inglês seus “parabéns sinceros” à monarca, reconhecendo-a como um pilar das relações franco-britânicas no último século.

Também por vídeo, o ex-presidente americano Barack Obama afirmou que criou uma "relação especial" com a rainha durante seus anos na Casa Branca. De acordo com o democrata, "a sua vida tem sido um presente, não só para o Reino Unido, mas para o mundo.

O ex-premier britânico John Major (1990-1997), por sua vez, descreveu a rainha em uma entrevista de rádio como uma bastiã do “soft power” britânico, cuja força não depende de armas ou Exércitos. A monarca é chefe de Estado, mas seu papel é cerimonial, já que a função de chefe de governo cabe ao primeiro-ministro.

 
 

Integrantes da família real ainda não deixaram o Palácio de Buckingham, mas parada de guardas a cavalo já começou. Os chapéus dos guardas são supostamente feitos do pelo de ursos negros do Canadá e relativamente leves, pesando pouco mais de 2 quilos — menos que vários dos adereços usados no carnaval, por exemplo. Os chapéus, contudo, combinam menos com o clima londrino nesta quinta, que se aproxima dos 20ºC.

 

Quem estará com a Rainha na sacada do Palácio de Buckingham?

Carregadas de simbolismos, as aparições de membros da Família Real na sacada do Palácio de Buckingham, em Londres, são um marco da realeza britânica — tradição iniciada pela rainha Vitória em 1851. Para o Jubileu de Platina da rainha Elizabeth II, a icônica sacada será mais uma vez o palco para um evento histórico na realeza. A monarca estará ao lado de mais 17 membros da Família Real para celebrar os 70 anos de reinado, dando continuidade a uma série de eventos comemorativos durante a semana. Saiba quem serão aqui.

Rainha Elizabeth ao lado do príncipe Philip na cerimônia dos 25 anos de reinado

Rainha Elizabeth ao lado do príncipe Philip na cerimônia dos 25 anos de reinado (Foto: Arquivo/Royal Collection)

Bom dia! O Reino Unido começa nesta quinta-feira as celebrações do Jubileu de Platina, que marca os 70 anos da rainha Elizabeth II à frente do trono britânico.

Os festejos começaram às 10h (6h em Brasília) com uma parada de guardas a cavalo, guardas irlandeses e mais de 1.200 oficiais e soldados da Divisão Doméstica. Os integrantes da família real deixarão o Palácio de Buckingham às 10h30, mas a rainha não deve participar pessoalmente do desfile, sendo representada oficialmente por seu primogênito, o príncipe Charles.

Assim que o desfile terminar e a procissão real retornar ao Palácio de Buckingham, está programada a aparição da Família Real na sacada, como em anos anteriores. Desta vez, a monarca se juntará a seus parentes.

Saiba mais sobre os eventos dos próximos dias.Britânicos celebram nas ruas o Jubileu de Platina da rainha Elizabeth II

 

Britânicos celebram nas ruas o Jubileu de Platina da rainha Elizabeth II (Foto: BEN

 


O Globo quarta, 01 de junho de 2022

SAÚDE: DORMIR DE LADO, DE COSTAS, DE BRUÇOS?

Por Evelin Azevedo

 


Dormir virado para o lado esquerdo também melhora a circulação sanguínea e a digestão.  — Foto: Freepik.com

Dormir virado para o lado esquerdo também melhora a circulação sanguínea e a digestão. — Foto: Freepik.com

Um estudo feito por pesquisadores americanos das Universidades de Rochester, Stony Brook e Langone Medical Center de Nova York, demonstrou que a posição que costumamos dormir pode proteger o nosso cérebro de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla. Durante o sono, o nosso corpo faz uma verdadeira faxina no cérebro, eliminando toxinas e proteínas residuais que, quando acumuladas, iniciam um processo de neurodegeneração.

A limpeza é realizada pelo sistema glinfático — um canal que drena resíduos tóxicos do sistema nervoso central. Os pesquisadores observaram no estudo que a depuração glinfática é mais eficiente quando o sono ocorre na posição lateral (ou de lado), em comparação com as posições supinada (deitada de costas) ou pronada (deitada de bruços).

As razões para esta diferença no funcionamento do sistema glinfático durante o sono ainda não são totalmente compreendidas, relataram os cientistas. Mas os resultados estão possivelmente relacionados aos efeitos da gravidade no corpo, assim como a compressão e alongamento do tecido durante o sono.

Como dormir do jeito certo (e evitar o errado) — Foto: Editoria de Arte

Como dormir do jeito certo (e evitar o errado) — Foto: Editoria de Arte

 

Dormir de lado

 

Além de ajudar na limpeza de toxinas cerebrais, dormir de lado também alivia a pressão feita na coluna, deixando esta estrutura relaxada durante o sono. Mas, para isso, é preciso manter o pescoço alinhado. O travesseiro deve ter o tamanho ideal para que a cabeça fique reta, sem inclinar para cima nem para baixo. Especialistas recomendam também colocar um travesseiro fino entre as pernas para ajustar a posição da coluna.

Estudos mostram também que dormir do lado esquerdo pode ser ainda melhor para a saúde. Isso porque esta posição promove uma melhor circulação sanguínea para o corpo. Deitar no lado esquerdo facilita também a passagem dos alimentos pelo intestino, cenário que favorece a digestão.

Dormir de costas

 

Dormir de costas pode provocar dores na lombar por causa da pressão provocada pela gravidade sobre a região. Mas se você só consegue dormir desta maneira, especialistas recomendam colocar um rolo ou travesseiro mais fino entre as pernas na altura dos joelhos. Essa adaptação alivia a pressão na área da lombar, diminuindo os riscos de dores ao acordar.

Nessa posição também estimula o ronco e a apneia obstrutiva do sono. Deitar de costas provoca o deslocamento da língua e estruturas da faringe para trás, o que reduz o espaço livre para a passagem de ar pelas vias aéreas, causando o barulho irritante durante a noite e dificultando a respiração.

 

Dormir de bruços

 

Apesar de parecer uma posição confortável, dormir de bruços pode causar problemas nas regiões cervical e lombar, podendo causar dores e piorar problemas ortopédicos. Isso porque quando dormimos com a barriga sobre a cama, a nossa coluna perde sua curvatura natural, sendo pressionada a ficar reta. Além disso, para dormir de bruços é preciso virar o pescoço, deixando a região torcida e tensionada durante a noite toda, o que pode causar lesões graves na área.

Deitar de bruços não deve ser uma rotina. A posição só é recomendada para os dias em que não se consegue dormir de lado, quando há dores no quadril, por exemplo. Nos dias em que for preciso dormir de barriga, a dica dos especialistas é deitar sobre um travesseiro fino, o que vai ajudar a manter a curvatura natural da coluna e diminuir a sobrecarga sobre o pescoço.


O Globo terça, 31 de maio de 2022

LUTO: MILTON GONÇALVES SE ENCANTOU - ATOR MORREU, AOS 88 ANOS, NA ÚLTIMA SEGUNDA-FEIRA, 30

Por Lucas Salgado

 


Inicio do velório de Milton Gonçalves no Theatro Municipal, no Rio — Foto: Lucas Salgado/Agência O Globo

Inicio do velório de Milton Gonçalves no Theatro Municipal, no Rio — Foto: Lucas Salgado/Agência O Globo

Acontece na manhã desta terça (31), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o velório do ator Milton Gonçalves, que morreu, aos 88 anos, na última segunda-feira (30).

O caixão foi coberto por uma camisa do Flamengo e outra da Mangueira, duas paixões do ator. Na frente, foi colocado o Kikito de homenagem especial que recebeu do Festival de Gramado em 2003. Em volta, havia coroas de flores enviadas por empresas, como a TV Globo, e amigos da área cultural, como o diretor Daniel Filho.

Antes da abertura ao público, que aconteceu pontualmente às 9h30m, o velório foi fechado para familiares. As filhas do ator, Alda e Catarina, foram as primeiras a chegar para velar o pai.

— Minha mãe às vezes reclamava porque a casa estava sempre bagunçada, cheia de discos e livros espalhados — disse Catarina. — E meu pai falava: “deixa espalhado, porque um dia a criança se abaixa e puxa o livro da estante”. Ele era assim, um educador. Neste momento, a dor é profunda, vamos sentir muito a falta do riso e da alma pura dele.

A família está preparando um documentário sobre o artista, algo que ele sabia e que o deixava muito feliz. A ideia é contar a história da vida dele do ponto de vista familiar, "sobre o pai e marido amoroso que foi", segundo Catarina.

 

'Missão cumprida'

 

Amigo do ator, Antônio Pitanga foi um dos primeiros a chegar ao Municipal.

—Milton Gonçalves significou muito em meu crescimento enquanto ser, enquanto criatura pensante. Ele sai da vida e entra na história com uma missão cumprida. E cabe a nós continuar a luta desse cara que estava lá, em 1965, na fundação da TV Globo, e fez o chamamento da negritude para a tela — disse Pitanga.

O velório despertou a atenção de fãs do ator, como Edson Rosa (foto), e pessoas que passavam pelo centro.

Fã do ator Milton Gonçalves em velório — Foto: Lucas Salgado

Fã do ator Milton Gonçalves em velório — Foto: Lucas Salgado


O Globo segunda, 30 de maio de 2022

IMIGRAÇÃO: QUAL O PREÇO DE VIVER EM PORTUGAL?

 

Qual o preço de viver em Portugal? País ainda tem custo de vida baixo, entenda

 

Casal à beira do Rio Tejo, na Ribeira das Naus, em Lisboa

 

 Nem a inflação recorde de 7,2% afastou os brasileiros de Portugal. A principal comunidade estrangeira aumenta a cada mês, seja pela entrada de novos integrantes ou pela regularização progressiva dos residentes que estão na fila do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. 

Cidadania portuguesaLei é regulamentada, e pedidos de brasileiros disparam

 

Mas qual o preço de viver em Portugal agora? Ir ao supermercado, por exemplo, tem sido uma surpresa para muitos brasileiros, que estavam habituados a valores que permaneceram quase congelados por anos. E para a sociedade em geral. Tanto que o governo pagou, na última sexta-feira, um apoio de € 60 (R$ 308) para famílias carentes, que já eram beneficiadas pela Tarifa Social de Energia.

O conjunto dos produtos básicos aumentou € 21 (R$108) desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia. Uma subida de 11,78%, segundo a Associação para a Defesa do Consumidor (Deco). Isso significa gastar cerca de € 205 (R$ 1.056) na compra de bens essenciais.

Ainda assim, o custo de vida em Portugal é um dos menores da Europa, explicou Marcelo Rubin, da consultoria Clube do Passaporte. A informação pode ser confirmada no ranking do Expatisan, especialista em comparações.

Mas este fator depende da cidade, do padrão de vida, renda, objetivo da imigração, profissão, tamanho do núcleo familiar e etc. É preciso ressaltar, ainda, que Portugal mantém uma das políticas salariais mais baixas da Europa, apesar da carga fiscal considerada elevada. 

— Mesmo agora, se comparado com outros países europeus, os valores gerais em Portugal não são altos. Pelo contrário, são os mais baixos entre os países da Europa Ocidental. Por isso, ainda é o destino preferido dos brasileiros que querem deixar o país — garantiu Rubin.

LacunaPortugal termina o ano com 85 mil trabalhadores em falta no turismo

Uma família com dois adultos, vivendo em um apartamento pequeno, de dois quartos e um banheiro, na área central (ou próximo) do centro de Lisboa ou do Porto, gastaria, no mínimo, entre € 1,3 mil (R$ 6,6 mil) e € 1,5 mil (R$ 7,7 mil). A projeção incluiu contas fixas e básicas, sem automóvel (portanto, sem combustível) e com a utilização do Sistema Nacional de Saúde (sem taxas a partir de agora).

A estimativa acima levou em conta o aluguel de apartamentos sem móveis ou eletrodomésticos, encontrados no site de buscas Idealista na última terça-feira: € 630 (R$ 3,2 mil) em Lisboa/Alcântara, e € 610 (R$ 3,1 mil) no Porto/Campanhã. 

Havia apenas um imóvel em cada cidade na faixa de € 600, o que indica a dificuldade de conseguir pagar um aluguel baixo e, por isso, a pesquisa foi incluída na apuração, para destacar a odisseia. Quem fechar um contrato assim no Porto ou Lisboa é considerado inquilino de sorte. Muitos, inclusive, gastam horas e a esperança nas longas filas das visitas. E saem frustrados.

Já os valores máximos desta tipologia se aproximam dos € 2 mil (R$ 10 mil). O mais perto da realidade é pagar entre € 850 (R$ 4,3 mil) e € 1,1 mil (R$ 5,1 mil) por um imóvel de dois quartos. Então, na previsão com aluguel mais elevado, o gasto inicial mensal subiria para cerca de € 2 mil (R$ 10 mil). Porém, no ato da assinatura, é comum o inquilino depositar três meses de caução, prática prevista em lei.

Viver em PortugalBrasil é segundo na compra de imóveis em Lisboa e Porto, com gasto estimado de R$ 2,9 bi em 2020

As demais contas foram apuradas em relação à faturação do mês de maio, informadas por moradores de apartamentos semelhantes. Combo de TV, telefones fixo e celulares e internet (de € 55 / R$ 282 a € 65 / R$ 334 ); luz (€ 60), água (€ 25); supermercado e alimentação eventual fora de casa (€ 400 /R$ 2.056); lazer € 150 (R$ 771); planos de transportes públicos normais (€ 80 / R$ 411). As despesas tendem a subir no inverno devido ao custo das diversas formas de aquecimento dos imóveis.

Caso sejam incluídas despesas com crianças, o valor fixo pode variar um pouco, dependendo dos gastos emergenciais. Mas é preciso levar em conta que a família em questão utilize serviços públicos de creche, escola e saúde. 

aluguel é o responsável por grande parte dos gastos, sendo maior em Lisboa e no Porto. É preciso pesquisar muito para encontrar imóvel bem localizado, que não destrua um orçamento e acomode a família com conforto. Inclusive nas cidades periféricas das regiões metropolitanas das duas maiores cidades. 

A prática de fugir para municípios menores tem sido tendência ao longo do anos, como mostrou O Globo e tem sido tema recorrente aqui no Portugal Giro

— Na maioria dos casos, os apartamentos no centro da cidade tendem a ser menores. Por isso, há uma tendência das famílias irem viver em áreas suburbanas. Obviamente, dependendo do tamanho do imóvel, os valores podem ficar ainda mais altos — explicou Itay Mor, advogado e fundador do Clube do Passaporte.

CidadaniaComo tirar? Netos têm direito? Especialistas tiram dúvidas sobre lei

O custo de vida aumenta se o brasileiro optar por serviços privados, como plano de saúde, que nem é tão caro, dependendo da cobertura: cerca de € 30 por pessoa. Já a escola particular representa uma grande diferença, com mensalidades que podem começar, no Porto, em € 3,6 mil (R$ 18,4 mil) por ano.

— Uma escola particular custa aproximadamente € 9,3 mil (R$ 47 mil) por ano, enquanto uma escola internacional varia de € 23 mil /R$ 117 mil) a € 37 mil /R$ 189 mil) anualmente. Já os custos médios de uma universidade pública (que são pagas) dependem do curso e das bolsas — garantiu Mor.

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O Globo domingo, 29 de maio de 2022

LIGA DOS CAMPEÕES DA EUROPA: COMO VINI JR. SUPEROU O APELIDO DE *NEGUEBINHA* DO FLAMENGO PARA SER SERÓ DO REAL NA CHAMPIONS

Por Diogo Dantas

 


Vini Jr. na final da Liga dos Campeões  — Foto: REUTERS

Vini Jr. na final da Liga dos Campeões — Foto: REUTERS

O protagonismo de Vini Jr. na final da Champions pelo Real Madrid coroou um trabalho pessoal do atacante e de sua família para que o menino de São Gonçalo comprovasse a aposta do clube espanhol em 2017, quando pagou 45 milhões de euros ao Flamengo. Mais do que a evolução em campo, o atacante de 21 anos precisou lidar com desconfiança desde que deixou o Brasil. E ao ir, viver e vencer, motivou muitos comentários carinhosos dos torcedores que acreditavam que ele vingaria.

Alvo de racismo no começo do ano já na Europa, Vini Jr ainda era Vinicius no Flamengo quando começou a ser apelidado de novo Negueba, outro atacante que passou pelo clube sem o mesmo brilho. O "Neguebinha", como era chamado por rivais, teve a venda ao Real Madrid questionada e muita gente chegou a dizer que ele não passaria ao time principal após um período no Real Madrid Castilla, que usa atletas recém-contratados jovens para adquirirem experiência. O apelido depreciativo voltou a ficar entre os temas mais comentados nas redes sociais após o título do Real sobre o Liverpool. Sobretudo pela mobilização da torcida do Flamengo, ainda mais orgulhosa.

Desde antes de se tornar jogador do Flamengo, Vini era torcedor do clube. Formado em escolinha antes de atuar na base rubro-negra e chamar atenção, o garoto criado no bairro do Porto Rosa ia ao Maracanã com a torcida Nação 12, que neste sábado lhe rendeu homenagens ao lembrar da presença do agora craque mundial nas arquibancadas.


O Globo sábado, 28 de maio de 2022

NUTRIÇÃO: POR QUE VOCÊ PRECISA LER O RÓTULO DOS ALIMENTOS

 

Por que você precisa ler o rótulo dos alimentos

 

Saiba a importância de ler os rótulos

 

Se na hora do supermercado você mal presta atenção na embalagem do que está comprando, corre o risco de levar gato por lebre. Como ser saudável é a nova onda, muitas marcas destacam apenas um ou outro item (como "zero gordura”, "zero açúcar” e “integral”), enquanto outras substâncias menos desejadas (corantes, conservantes, gorduras e açúcares) ficam disfarçadas ou quase escondidas, em letras minúsculas.
  
“A lista de ingredientes está em ordem decrescente no rótulo, ou seja, do maior para o menor. Os primeiros ingredientes são presentes em maior quantidade. E essa informação é muito importante, porque, se você vai comprar um suco e, no rótulo, os dois primeiros ingredientes são água e açúcar, melhor escolher outro”, afirma o endocrinologista Luiz Fernando Sella.
 
Os rótulos trazem também a tabela de informação nutricional, as calorias e quantidades por porção de carboidrato, proteína, gordura, fibras, sódio e, eventualmente, nutrientes como cálcio, ferro e vitaminas, além de quanto essas quantidades representam das necessidades diárias, com base em uma dieta de 2.000 calorias. 
 
Em geral, a primeira informação que as pessoas buscam no rótulo é a quantidade de calorias. Mas é importante conferir a que porção elas se referem. Às vezes um pacote pequeno de salgadinho traz as calorias de apenas 1/4 do pacote e uma garrafinha de 350 ml de bebida traz as calorias referentes a apenas 200 ml.
 
Na hora das compras, fique atento: “Os produtos ultraprocessados (comida congelada, salgadinho de pacote, biscoitos, embutidos, sorvete, refrigerantes e refrescos) contém excesso de gordura, açúcar, sal, sódio e aditivos (corantes, conservantes, edulcorantes)”, diz Sella.
 
Ele dá algumas dicas para entender os ingredientes.
  • Fique atento aos nomes disfarçados do açúcar. “Xarope de milho, açúcar invertido, maltodextrina, maltose, extrato de malte, dextrose, glicose, sacarose, frutose, suco de fruta concentrado e mel são tipos de açúcar.”
  • Edulcorante é sinônimo de adoçante, que aparece com nomes como acessulfame k, aspartame, sacarina, ciclamato, sorbitol, sucralose, manitol, estévia, xilitol. 
  • “Nitratos e nitritos são conservantes usados para preservar e salgar embutidos (linguiça, salame, salsicha, presunto, peito de peru). Eles são carcinogênicos: várias pesquisas mostram a associação desses conservantes a diversos tipos de câncer.”
  • A gordura vem com nomes como óleo vegetal, gordura vegetal, óleo de palma, gordura de coco. “Óleo e coco e óleo de palma são gorduras saturadas, que, como a gordura trans, facilitam o entupimento das artérias, aumentando o risco de problemas cardiovasculares, diabetes tipo 2 e demência.”
A pipoca de microondas está entre as campeãs de gordura saturada: são 2 gramas em 1 xícara. E 4,5 gramas de gorduras totais (!?!).
 
As pizzas congeladas também estão no topo da lista de gordura e sódio. A tabela nutricional de várias delas considera uma fatia minúscula, de 77 gramas. A versão mussarela tem 9,4 gramas de gorduras totais e e 406 mg de sódio, 20% do que vc pode consumir no dia.
 
Cuidado com os “sucos” de caixinha. O que precisa para fazer um suco de laranja? Laranja. Pois no rótulo de um suposto suco de laranja encontrei 18 ingredientes: água e açúcar são os em maior quantidade, mas ainda nomes estranhíssimos como carboximetilcelulose sódica, sequestrantes hexametafosfato de sódio e edta cálcio dissódico, além de 2 conservantes, 2 adoçantes e 2 corantes artificiais. Ao olhar melhor o rótulo, em vez da palavra “suco” encontrei apenas ”sabor laranja”. Em letras menores, “néctar misto de laranja e maçã”.
 
Néctar não é suco. Os fabricantes de bebidas só podem chamar de suco os produtos que tiverem cerca de 50% de polpa, a parte comestível da fruta. Segundo determinação do Ministério da Agricultura, ele não pode conter aromas nem corantes artificiais, e a quantidade máxima de açúcar adicional é de 10% de seu volume total.
 
Já o néctar de frutas tem entre 20% e 30% de polpa de frutas – bem menos do que o suco. E, ao contrário dos sucos, pode receber aditivos, como corantes, conservantes, açúcar ou outros adoçantes. Ou seja, é água com açúcar e aditivos, com quase nada de suco. O suco de verdade vem escrito “integral” ou 100% suco.
 
Outra surpresa na minha incursão pelas gôndolas: nos achocolatados, o açúcar é o primeiro ingrediente. E se ilude quem pensa que biscoito de água e sal é inofensivo. Quatro unidades têm cerca de 130 calorias e nenhum valor nutricional. Ingredientes, na ordem: farinha branca, gordura vegetal, extrato de malte (que é um tipo de açúcar), açúcar inervertido, sal, amido e, de novo, açúcar. “Ele deveria se chamar biscoito de água e açúcar”, diz Sella.
 
E fique de olho nas barrinhas de cereais: muitas são enganação. Veja a lista de ingredientes de uma barrinha “light aveia, banana e mel”: xarope de glicose (é açúcar), cereais, açúcar, maltodextrina (é açúcar), extrato de malte (é açúcar), sal, antiumectante, estabilizante, aveia, mel, açúcar mascavo, gordura de palma (é gordura saturada), açúcar invertido, polpa de banana, óleo de milho, antioxidante, corantes e aromatizantes. Tem 7 tipos de açúcar  e 2 tipos de gordura. Prefira as barrinhas de nuts, com amendoim, amêndoas e outras castanhas, mas sempre lendo o rótulo. 
 
Outra decepção está na prateleira dos iogurtes. A maioria nem é iogurte, mas “sobremesas lácteas”. Alimentos que seriam supostamente saudáveis são bombas de açúcar, amido e aditivos. 
 
Eu faço iogurte em casa. O iogurte natural precisa só de dois ingredientes: leite e fermento lácteo. Encontrei alguns poucos iogurtes naturais integrais no supermercado com apenas dois ingredientes. O susto maior aconteceu ao ler o rótulo dos "iogurtes gregos". Encontrei um “grego” com 23 ingredientes (!!!!!), sendo que creme de leite e açúcar líquido aparecem em terceiro e quarto lugar em termos de quantidade. O amido modificado aparece três vezes. Entre os ingredientes estão espessantes, acidulante, estabilizante, corante e conservantes. Tem mais gorduras do que proteínas e quatro vezes mais carboidratos do que proteínas.
 
“A boa alimentação começa com as compras, e ler os rótulos é fundamental para fazer boas escolhas”, diz Sella.
 
Ele conclui com algumas dicas preciosas do livro Regras da Comida, de Michael Pollan (recomendo a leitura!) para comer com sabedoria.
  • Coma comida de verdade.
  • Não coma nada que sua avó não reconheceria como comida.
  • Evite produtos com ingredientes que uma criança na terceira série não consiga pronunciar.
  • Evite alimentos com mais de cinco ingredientes na lista.
Convencido a ler o rótulo nas próximas compras?

O Globo sexta, 27 de maio de 2022

CINEMA: RAY LIOTTA SE ENCANTOU - ATOR AMERICANO MORREU NESTA QUINTA-FEIRA, 26, AOS 67 ANOS DE IDADE

 


Ray Liotta deixa uma noiva, Jacy, e uma filha de 23 anos, Karsen. — Foto: Danny Moloshok / Reuters

Ray Liotta deixa uma noiva, Jacy, e uma filha de 23 anos, Karsen. — Foto: Danny Moloshok / Reuters

 

O ator americano Ray Liotta, que morreu nesta quinta-feira (26), chegou a ser socorrido e recebeu massagens cardíacas no quarto do hotel onde estava hospedado, às 5h59, mas acabou não resistindo ao infarto do qual foi vítima. As informações são do jornal dominicano El Día.

Ray Liotta e a noiva Jacy Nittolo — Foto: Reprodução/Instagram

Ray Liotta e a noiva Jacy Nittolo — Foto: Reprodução/Instagram

Liotta estava comendo em um restaurante quando passou mal e seguiu para o hotel, na República Dominicana, onde realiza as filmagens de "Dangerous Waters". No boletim de ocorrência, consta que alguém pediu socorro para a emergência local em inglês, por meio de um telefone de número estrangeiro, já comunicando que ele não estaria apresentando mais sinais vitais. Segundo informações de jornais locais, a pessoa que pediu o socorro, provavelmente a noiva do ator, Jacy Nittolo, que estava com ele no momento, disse: "Meu deus, ele não está mais respirando!".

 

Quando os paramédicos chegaram, já não havia sinais vitais no ator de 67 anos, mas ainda assim foram realizados quatro ciclos de massagens cardiopulmonares para trazê-lo de volta, sem sucesso. O corpo de Liotta passará por necrópsia na República Dominicana antes de seguir para os Estados Unidos, onde o ator será enterrado.


O Globo quinta, 26 de maio de 2022

TURISMO: CONHEÇA A ILHA DE CANOUAN, ONDE BILIONÁRIOS SE ESCONDEM DE MILIONÁRIOS

Por Gilberto Júnior

 

Conheça a Ilha de Canouan, o lugar onde os bilionários se escondem dos milionários
 

Corre nas altas rodas do Hemisfério Norte que os bilionários já têm um destino para se esconder dos milionários: a Ilha de Canouan, parte do Arquipélago das Granadinas, no Caribe. Embora pareça exagerado, o lugar se tornou o novo hot spot do luxo, jogando St. Barth, até então a queridinha das celebridades, para trás da fila.

Chegar a esse pedaço do mapa exige um tiquinho de esforço. Voos diários partem de Miami — ou seja: é necessário ter um visto americano — direto para Barbados, parada fundamental nessa conexão. Da terra de Rihanna, que tem sua imagem estampada por todos os lados, um jato particular leva os turistas VIPs até ao aeroporto de Canouan, construído com madeira e palha (não esqueça de levar na mala de mão o certificado da vacinação contra a febre amarela). A ilha tem 7,6 quilômetros e cerca de dois mil habitantes. “Temos mais tartarugas do que gente”, afirma um funcionário do campo de aviação.

 

  

O grupo Mandarin Oriental instalou seu primeiro hotel no Caribe — Foto: Divulgação

O grupo Mandarin Oriental instalou seu primeiro hotel no Caribe — Foto: Divulgação

De certos pontos, com a ajuda de binóculos, é possível avistar as vizinhas estreladas: Bequia, Mustique e Petit St. Vincent, que costumam atrair pessoas abastadas, dispostas a espalhar seus iates por marinas poderosas — a de Canouan é abarrotada de lojas e restaurantes e é avaliada em US$ 250 milhões. Mas nesse pedaço de terra o que salta aos olhos são as ruas calmas e as montanhas desobstruídas, que entregam nas curvas uma visão espetacular de uma das maiores barreiras de corais do Caribe. Os moradores — a maioria agricultores e pescadores — também encantam com sua simpatia e desenvoltura na cozinha em pratos como fruta-pão assada e peixe-gato frito.

No meio dessa “simplicidade”, o grupo Mandarin Oriental instalou seu primeiro hotel no Caribe. São 26 suítes, dois tipos de vilas — oito Patio Villas (que seguem a linha contemporânea) e seis Lagoon Villas (com layout colonial). Alguns quartos têm acesso direto à praia. O que mais impressiona, no entanto, é o sistema computadorizado que controla iluminação, cortinas, ar-condicionado e som por meio de um tablet. Há ainda serviço de mordomo privê.

 

“As 32 ilhas e ilhotas de São Vicente e Granadinas têm sido um refúgio tropical precioso para viajantes, com praias idílicas e isoladas e acres de terreno intocados e exuberantes”, diz Pietro Addis, gerente-geral do Mandarin Oriental Canouan.

O grupo Mandarin Oriental instalou seu primeiro hotel no Caribe — Foto: Divulgação

O grupo Mandarin Oriental instalou seu primeiro hotel no Caribe — Foto: Divulgação

Na propriedade, há duas cabanas sobre as águas que funcionam como salas de spa, com tratamentos exclusivos executados por terapeutas asiáticos. Experimente os tratamentos do sono e os faciais com ingredientes naturais da região. Há outras salas ativadas ao lado de montanhas. No roteiro cabem ainda aulas de kitesurf e pesca em alto mar, na Union Island.

“O hotel reúne o que mais amo num destino: o mar azul-turquesa a perder de vista, as praias praticamente desertas, o serviço impecável e a exclusividade. Achei incrível a decoração cor-de-rosa”, avalia a travel blogger Lala Rebelo, que esteve no local em fevereiro de 2020.

O grupo Mandarin Oriental instalou seu primeiro hotel no Caribe — Foto: Divulgação

O grupo Mandarin Oriental instalou seu primeiro hotel no Caribe — Foto: Divulgação

E não para por aí. O próprio Mandarin organiza esses passeios para outras ilhas da região, como Tobago Cays, onde pode-se almoçar em pleno mar. A trilha para Mount Royal é imperdível e tem vista privilegiada do arquipélago. À noite, a pedida é uma visita ao Scruffy’s Bar — a dica é provar a cerveja local Hairoun.<

Dentro do hotel há cinco restaurantes, especializados em culinárias asiática e europeia. Guarde para seu último pôr do sol na ilha o brinde no 13º buraco do campo de golfe do espaço. Dali, é possível contemplar de um lado o Oceano Atlântico e do outro o mar do Caribe.


O Globo quarta, 25 de maio de 2022

CORRIDA: MARATONA DE NITERÓI ESTÁ CONFIRMADA PARA 2023

 

Por Leonardo Sodré

 


 Corredores esperam sinal início da prova no Caminho Niemeyer — Foto: Divulgação/Maratona de Niterói

Corredores esperam sinal início da prova no Caminho Niemeyer — Foto: Divulgação/Maratona de Niterói

A Maratona de Niterói está confirmada para 2023 e deverá ser realizada em maio. Os organizadores da prova, que aconteceu pela primeira vez na cidade no último domingo e contou com 2,3 mil maratonistas, esperam até 5 mil participantes na edição do próximo ano.

Minas Gerais foi alto do pódio das duas principais provas da 1ª Maratona de Niterói que aconteceu no domingo, dia 15. Jocemar Fernandes Correia e Marina Peixoto Fraguas foram os campeões da disputa de 42 Quilômetros solo. A programação contou ainda com revezamento em dupla e quarteto, além da prova de 5 Quilômetros. Os participantes largaram no Caminho Niemeyer e percorreram toda a orla da cidade, fizeram a curva na entrada de Camboinhas e retornaram ao Centro. No Caminho Niemeyer, além dos box para atendimento aos atletas e toda a estrutura operacional do evento , houve ainda feira de adoção de animais e materiais esportivos, área de alimentação e premiação , passeio de balão e show com a banda Bicho Solto.

Sócios-fundadores da 1ª Maratona de Niterói, os triatletas Karen Casalini e Armando Barcellos contam que o número de inscrições superou as expectativas. Eles celebraram o sucesso da prova e esperam que o evento cresça em 2023.

 

— O resultado foi muito positivo. É recorde de público. Para o primeiro ano, nós entramos com o pé direito. E a minha expectativa para o ano que vem é passar dos 3 mil inscritos — afirma o triatleta.

Karen vai além. Sua expectativa é chegar a 5 mil atletas inscritos na segunda edição do evento.

— Estou muito feliz. É uma satisfação enorme realizar a primeira maratona da cidade. É um evento que tem tudo pra crescer ainda mais. Já foi um megaevento. Tivemos uma quantidade histórica de atletas inscritos. Nunca em Niterói houve uma corrida com tanta gente — surpreende-se.


O Globo terça, 24 de maio de 2022

MÚSICA: EMICIDA SOBRE A CANTORA ALAÍDE COSTA *O MUNDO PRECISA VER ESSA MULHER*

 

Por Maria Fortuna — Rio de Janeiro

 


Emicida e Alaíde Costa: 'Uma estrela como Alaíde pode, deve e merece receber prêmio, ovações e reconhecimento nesse plano com ela aqui' — Foto: Divulgação / Ênio Cesar

Emicida e Alaíde Costa: 'Uma estrela como Alaíde pode, deve e merece receber prêmio, ovações e reconhecimento nesse plano com ela aqui' — Foto: Divulgação / Ênio Cesar

 - Fiquei surpresa de o Emicida gostar de mim e de ter tido a vontade de trabalhar comigo. A praia dele é outra. Ele quis nadar na minha, e eu estou na dele - brinca a rainha das canções de fossa, que remou contra a maré durante boa parte de seus 66 anos de carreira ao escolher navegar por bossas líricas e dramáticas quando o mundo lhe sugeria que gravasse samba ou "algo mais animado, um oba-oba".

Capa do novo disco de Alaíde Costa — Foto: reprodução

Capa do novo disco de Alaíde Costa — Foto: reprodução

A ideia do projeto surgiu depois que Preto (diretor musical por trás de discos de Gal Costa, Erasmo Carlos e Nando Reis) enviou ao rapper o material de divulgação de uma live que Alaíde faria (e fez, em 2020) interpretando canções de Johnny Alf. Os dois passaram a trocar mensagens e descobriam que aquela mulher de canto doce e cristalino era uma paixão em comum. E o que chega ao alcance do público agora é o reflexo dela.

Na verdade, uma declaração de amor em forma de disco. E não só de Emicida e Preto, mas dos vários nomes que fizeram canções especialmente para Alaíde: Joyce Moreno ("Aurorear", com Emicida); Erasmo Carlos e Tim Bernardes ("Praga"); Céu e Diogo Pouças ("Turmalina negra"); Fátima Guedes ("Nenhuma ilusão"); Ivan Lins ("Pessoa-Ilha", com Emicida); e Guilherme Arantes ("Berceuse"). João Bosco e o filho Francisco assinam a única não inédita do disco, "Aos meus pés". A essas sete, junta-se "Tristonho", melodia de Alaíde Costa letrada por Nando Reis, lançada como single em abril.

A adesão ao chamado dos produtores para que artistas mandassem composições para um álbum de Alaíde foi tão maciça que virá ainda um segundo disco (sem previsão de lançamento). Desta vez, com músicas de João Donato, Francis Hime, Marcos Valle, Guinga, Gilson Peranzzetta, entre outros. Marisa Monte a Carlinhos Brown também já enviaram uma, batizada de "Moço". Rubel e Emicida já têm pronta "Bilhetinho".

- Estou lisonjeada, feliz por essa turma toda ter abraçado o projeto. São várias gerações e autores famosos, né? Nunca tinha gravado João Bosco e ele mandou uma música belíssima, que é a minha cara - diz ela, referindo-se à letra que diz "comi o pão todinho/ que o diabo amassou". - Sinto que, finalmente, veio o reconhecimento, que ele tardou, mas chegou no fim da vida. Se eu morrer hoje, morro muito feliz e grata.

- Acredito que quando Milton a convidou, fez com a mesma intenção que fazemos agora, que é o sentimento genuíno de que o mundo precisa ver essa mulher! Ela é uma força da natureza, nasceu e segue pronta - afirma Emicida. - Acho que deveríamos fazer mais disso. Às vezes, parece que a música contemporânea do Brasil nasceu de chocadeira, não tem pai, não tem mãe, não tem avó, todo mundo nasceu pronto e ninguém é parte do legado das gerações anteriores. Isso é triste e suicida, porque quem lida mal com seu passado não vai saber lidar com seu futuro, se tiver a sorte de conseguir chegar lá.

O rapper vibra com a oportunidade de homenagear uma artista como Alaíde em vida.

- Temos uma relação problemática com a memória na cultura brasileira. Historicamente, temos grandes heróis e heroínas, mas, infelizmente, eles têm pouco ou nenhum reconhecimento perto do que merecem e ainda mais em vida - analisa. - No final, contar histórias é sobre poder e humildemente o que Marcus Preto e eu temos feito nesse projeto é sugerir que uma estrela como Alaíde pode, deve e, aliás, merece receber prêmios, ovações e reconhecimento nesse plano com ela aqui. Assim, acredito que inspiramos mais gente a fazer o mesmo por seus ídolos também.

Alaíde Costa, Emicida e Marcus Preto — Foto: Ênio Cesar

Alaíde Costa, Emicida e Marcus Preto — Foto: Ênio Cesar

- Penso no que aconteceu com a Elza Soares. Se ela tivesse partido sem gravar "A mulher do fim do mundo", a história seria outra. Estou falando de reconstrução de narrativa, de transformar o que as pessoas pensam sobre ela - diz Preto. - Esse álbum fala de uma mulher de 86 anos que viveu um monte de coisa importante, que viveu à margem, e agora conta o ponto de vista dela. Para mim, Alaíde é a Billie Holiday brasileira, uma artista sofisticadíssima.

Alaíde agradece e diz que, agora, os calos que traz consigo já não doem tanto:

- Hoje, eles dizem: "Finalmente, a coisa está mais amena". E graças a uns meninos que poderiam ser meus filhos.

 


O Globo segunda, 23 de maio de 2022

TEATRO: FESTIVAL DE ÓPERA NO AMAZONAS TEM OBRA DE 1945 E MONTAGEM COM *O MENINO MALUQUINHO*

Por Eduardo Graça — Manaus (AM)

 


Cena de “Peter Grimes”, também montado na Royal Opera House e na Bavarian State Opera este ano — Foto: Cleuton Mendonça/Divulgação

Cena de “Peter Grimes”, também montado na Royal Opera House e na Bavarian State Opera este ano — Foto: Cleuton Mendonça/Divulgação

No palco do Teatro Amazonas, é impossível não fixar o olhar na enorme cabana de madeira de pescador e no bar erguido sobre palafitas, cenários centrais de “Peter Grimes”. Considerada uma das melhores óperas do século XX, a obra-prima de 1945 do inglês Benjamin Britten (1913-1976) é a principal atração do 24º Festival Amazonas de Ópera (FAO), com três récitas concorridas, a última delas amanhã. A edição marca o retorno ao formato totalmente presencial, após o evento não acontecer em 2020 e de uma experiência híbrida no ano passado.

Peter Grimes é um pescador de uma cidadezinha portuária inglesa acusado de causar a morte de seu aprendiz. O avesso da simpatia, fixado no lucro da pesca, cai em desgraça por conta do disse me disse de personagens quase sempre mesquinhos e hipócritas. A aldeia espelha o embrutecimento do protagonista e a tensão cresce em direção a um linchamento aparentemente inevitável.

 O estudo da violência tem atraído encenadores interessados em tratar da polarização política atual, das fake news e do tribunal da internet com sua visão enviesada da justiça e cancelamento sumário de indivíduos. Composto durante a Segunda Guerra Mundial por um barulhento pacifista, “Peter Grimes” teve produções destacadas este ano na britânica Royal Opera House e na alemã Bavarian State Opera.

Em duas semanas a Colômbia vai às urnas para escolher um presidente em eleições marcadas por episódios de violência e a possibilidade de uma vitória inédita da esquerda, com um ex-guerrilheiro, e sua vice, negra, liderando as pesquisas.

— A violência é marca central de nossos dois países e se debruçar sobre ela é vital. Contamos aqui a história de Britten sem nos desviarmos dela, mas não me interessa fazer um museu operático e sim algo que dialogue com o entorno e o público local — diz Salazar.

Os cenários do também colombiano Julián Hoyos, que tomaram forma após pesquisa em comunidades indígenas nos dois lados da fronteira, aumentam a intimidade do público local com o que se vê no palco. No papel-título, o tenor Fernando Portari, aos 54 anos, imprime o tom exato de emoção e já deve incluir o personagem como destaque em uma carreira de êxitos. E a Orquestra Sinfônica da Amazônica, sob a batuta do maestro Luiz Fernando Malheiro, diretor artístico do FAO, brilha ao criar seus próprios sons do mar, de pássaros a apitos de embarcações, das ondas à tempestade, real e figurativa.

No coro de “Peter Grimes”, é possível identificar crianças da vila de pescadores que voltam ao palco no dia seguinte em “O Menino Maluquinho”. O FAO sempre conta com pelo menos uma atração voltada para o público infantil, na busca de se formar profissionais e de trazer as crianças ao Teatro Amazonas. A se levar em conta a reação entusiasmada neste sábado da meninada, a “maluquice” de Ziraldo coube bem no prédio concluído em 1896 para a elite manauara.

— O público do teatro hoje é o avesso do da época de ouro da borracha. Temos ingressos populares, programação acessível o ano todo e chegando à marca de 25 anos de continuidade do festival. Somos a prova cabal de que ópera não é uma atividade exclusiva para as elites do Sul e do Sudeste — diz Malheiro.

“O Menino Maluquinho”: Inspirada em Ziraldo, ópera mantém a tradição da programação infantojuvenil do evento — Foto: Cleuton Mendonça/Divulgação

“O Menino Maluquinho”: Inspirada em Ziraldo, ópera mantém a tradição da programação infantojuvenil do evento — Foto: Cleuton Mendonça/Divulgação

A mais nova encenação da ópera de Ernani Aguiar, com libreto de Maria Gessy de Sales e direção de Matheus Sabbá, de 26 anos, tem elenco todo local, com muitos talentos do Coral Infantil e Infanto-juvenil do Liceu de Artes e Ofício Claudio Santoro, órgão público e gratuito estadual voltado para a formação das artes. Aguiar estará no FAO na semana que vem para as derradeiras apresentações de “O Menino Maluquinho”.

O compositor acaba de estrear outra ópera, “Aleijadinho”, sobre a trajetória do gênio mineiro (1738-1814), composta sobre libreto de André Cardoso. A primeira apresentação reuniu, no dia 29 de abril, quatro mil pessoas na plateia improvisada na praça em frente à Igreja São Francisco de Assis, em Ouro Preto, onde se encontram obras-primas do mestre barroco. A produção foi do Palácio das Artes, de Belo Horizonte, onde o espetáculo teve quatro récitas, a última delas nesta sexta-feira.

Parceria para 2023

 

A busca de um circuito nacional de óperas com ênfase em coproduções foi tratada no 3° Encontro de Economia Criativa e Teatros de Ópera na América Latina, realizado durante o festival. Além de números que atestam o impacto do FAO (a diretora-executiva Flavia Furtado informa que, em duas décadas, dez estabelecimentos e sete hotéis foram abertos em torno do Teatro, e pelo menos 600 empregos são gerados diretamente todos os anos), um dos resultados práticos da reunião foi o anúncio da produção conjunta, pelo Teatro Amazonas, o Theatro Municipal de São Paulo e o Palácio das Artes, da ópera “O contratador de diamantes”, de Francisco Mignone, que estreará no FAO no ano que vem e depois irá às capitais paulista e mineira. A edição deste ano já contou com uma parceria com o Theatro da Paz, de Belém (“Il Tabarro”, de Puccini) e a Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (“O caixeiro da taverna”, de Martins Pena).

“Peter Grimes” será apresentada novamente na terça-feira e “O Menino Maluquinho” no sábado. O FAO, que é realizado pelo governo do Amazonas com apoio do Bradesco via Lei Rouanet a um custo de R$ 5 milhões, conta ainda com transmissão pela TV local. A programação segue até o dia 31 na capital e em quatro cidades do interior amazonense.

* Eduardo Graça viajou a convite do FAO


O Globo domingo, 22 de maio de 2022

ENTRETENIMENTO: FESTIVAL VIKING REUNIRÁ JOGOS, MÚSICA, GASTRONOMIA E ARTIGOS DE INSPIRAÇÃO MEDIEVAL NA BARRA

 

Por Madson Gama — Rio de Janeiro

 


Expositores de figurinos são um dos destaques do festival Midgard Market — Foto: Divulgação

Expositores de figurinos são um dos destaques do festival Midgard Market — Foto: Divulgação

Os amantes da era viking terão a oportunidade de tirar as fantasias do armário e aproveitar um evento todo dedicado à temática no fim de semana. Nestes sábado e domingo, dias 21 e 22, o shopping Uptown Barra será palco do festival Midgard Market, que reunirá 72 estandes com o objetivo de expor e comercializar produtos inspirados nessa cultura da Idade Média, como roupas medievais e artigos esotéricos. No espaço, o público poderá se consultar com cartomantes e ciganas, além de ter à disposição sessões de aromaterapia, cromoterapia, alinhamento de chakra e reiki.

— Existe muita gente que é aficionada pela cultura viking. Então, a proposta é reunir artesãos e produtores que trabalham com essa temática para atrair esse público, num clima de grande festa, em que as pessoas vêm caracterizadas e se tornam a atração. É uma feira muito diversa, com pessoas de todos os tipos, raças e religiões reunidas num mesmo ambiente — garante Marcelo de Barros, organizador do evento.

Festival terá estandes comercializando roupas medievais — Foto: Divulgação

Festival terá estandes comercializando roupas medievais — Foto: Divulgação

O festival contará com um espaço para a prática de tiro ao alvo usando arco e flecha e com músicos tocando instrumentos como a gaita de fole.

— A gaita de fole é muito antiga, tocada desde a Idade Média. Teremos artistas como Alex Navar, que é uma referência mundial quando o assunto é o instrumento, e as bandas Fúria Gitana, uma família tradicional que apresenta músicas ciganas; Brazilian Piper, de São Gonçalo e que toca um som irlandês; e Tailten, também com músicas da Irlanda — conta Barros. — Também teremos batalhas medievais, um jogo em que diferentes clãs vão se enfrentar com espada de espuma. Conforme a espada toca o adversário, ele vai perdendo a parte do corpo atingida, até morrer.

Artigos esotéricos e consultas com cartomantes e ciganas estarão à disposição do público — Foto: Divulgação

Artigos esotéricos e consultas com cartomantes e ciganas estarão à disposição do público — Foto: Divulgação

Expositores de hidromel, considerada a bebida dos deuses pelos vikings, também marcarão presença. Néctar dos Deuses, Fafinir Hidromel, Martelo Pagão e Cosbart são alguns deles. Cervejas artesanais de produtoras como Sundog, Noi, Hocus Pocus, Farra, Saideira e Sete Vargas serão outra opção. 

Já na gastronomia, além de hambúrgueres artesanais, crepes, sanduíches e yakissoba, será servido churrasco, sob o comando do chef Luiz Otavio Castro, com cortes tradicionais, costela bovina defumada, cupim defumado e barriga de porco.


O Globo sábado, 21 de maio de 2022

FESTIVAL BRASIL SABOR: VEJA OS PRATOS DOS 11 RESTAURANTES QUE PARTICIPAM NA ZONA SUL

Por Priscilla Aguiar Litwak — Rio de Janeiro

 


No Botequim Restaurante, em Botafogo, (2286-3391), o prato é o Picadinho de Mignon ao Molho de Especiarias (R$ 72) com purê de banana-da-terra e farofa crocante — Foto: Divulgação

No Botequim Restaurante, em Botafogo, (2286-3391), o prato é o Picadinho de Mignon ao Molho de Especiarias (R$ 72) com purê de banana-da-terra e farofa crocante — Foto: Divulgação

Uma seleção de pratos brasileiríssimos, com ingredientes ou técnicas nacionais, mais que aprovados pelo público e com a assinatura do chef. Com esse objetivo, o Brasil Sabor, festival de restaurantes da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), chega a sua 16ª edição, que acontecerá até o próximo dia 29. Sob o tema “Maior do mundo, original do Brasil”, o evento terá modelo híbrido: o cliente pode aproveitar as receitas nos restaurantes ou pedir por delivery.

Na Zona Sul, são 11 estabelecimentos participantes e que servem pratos com preços entre R$ 42,90 e R$ 99. Um exemplo é a Galinhada Caipira, do Aprazível, em Santa Teresa, por R$ 76, servida com arroz que leva galinha caipira e ainda feijão surpresa, couve, banana-da-terra, linguiça mineira e geleia de pimenta. A receita vai bem com uma das cachaças artesanais produzidas na casa.

Festival Sabor Brasil: saiba onde comer pratos brasileiríssimos assinados por chefs

O Páreo, na Gávea (2540-9017), traz para o evento o Nhoque de Milho ao Tucupi (R$ 88) — Foto: Ana BrancoGalinhada Caipira (R$ 76), do Aprazível (96741-3850): arroz, banana-da-terra, feijão e couve — Foto: Divulgação
11 fotos
Picadinho de Mignon ao Molho de Especiarias (R$ 72), purê de banana-da-terra e farofa do Botequim, em Botafogo 2286-3391
De churrasco misto a baião de dois, uma seleção de receitas aprovadas pelos brasileiros em restaurantes da Zona Sul

O Globo sexta, 20 de maio de 2022

MÚSICA: GORILLAZ, ATRAÇÃO DO MITA, TOCA PELA PRIMEIRA VEZ NO RIO

Por Silvio Essinger — Rio de Janeiro

 


Damon Albarn, o frontman real do Gorillaz, durante a apresentação da banda em São Paulo. — Foto: Divulgação

Damon Albarn, o frontman real do Gorillaz, durante a apresentação da banda em São Paulo. — Foto: Divulgação

Ainda que, de fato, quem comande a banda Gorillaz seja o vocalista e multi-instrumentista londrino Damon Albarn, de 54 anos, conhecido por liderar o Blur, são os personagens em desenho animado 2D, Murdoc, Noodle e Russel, integrantes virtuais do grupo britânico de rock alternativo e trip hop, que insistem, um tanto irônicos, em dar esta entrevista. Eles se apresentam pela primeira vez no Rio de Janeiro neste sábado (21), na edição carioca do Mita, festival que aconteceu em São Paulo no último fim de semana e agora chega ao Jockey Club, na Gávea. São eles, os personagens, que ficarão no telão atrás do palco enquanto Albarn desfilará alguns dos sucessos da banda, como “Feel good inc”, “Clint Eastwood” e “On Melancholy Hill”.

Em 1998, quando o Gorillaz foi formado, vocês acreditariam se alguém lhe dissesse que a banda ainda estaria tocando e lançando músicas em 2022?

Murdoc: A resposta, claro, é o CEO inspirador do Gorillaz, Murdoc F Niccals. Coloque-me em uma gola alta e eu sou basicamente Steve Jobs com um baixo.

 Por que fazer essa turnê mundial em 2022 e começar na América Latina?

Murdoc: Entramos fortes nesta turnê para compensar todas as datas que foram cortadas nos últimos dois anos. A América Latina é o ponto de partida óbvio porque nós adoramos e Russ tinha um desejo real por empanadas de chili.

Russel, Murdoc, 2D e Noodles, os personagens virtuais do Gorillaz. — Foto: Divulgação

Russel, Murdoc, 2D e Noodles, os personagens virtuais do Gorillaz. — Foto: Divulgação

Em uma época em que estamos caminhando para um universo virtual de metaversos e NFTs, quanto os Gorillaz querem participar disso?
2D: Onde está o megaverso? Fica perto do MegaBowl? Há um em Crawley.

Você teme o fim do mundo? Quão louco o mundo parece para você agora?
Murdoc: Foi Hunter S Thomspn quem escreveu “os loucos nunca morrem”. Se isso for verdade, não vejo com o que temos que nos preocupar.

Como foram esses tempos de pandemia para vocês, uma banda que ficou conhecida por fazer as coisas virtualmente?
Murdoc: Sem problemas, cara. Faça o que quiser conosco, nós nos adaptamos. Gorillaz são uma força imparável. Bem, eu sou. Os outros três são pedaços de papel usado ou sacolas flutuantes que foram varridas pela minha força imparável. Mas, ainda assim, somos uma equipe.

A onda da música latina, os feats, as ilhas de plástico, o bedroom pop, o presidente Donald Trump... o que o Gorillaz não previu?
2D: Nós nunca pensamos que haveria um Baby Yoda. Isso foi uma surpresa bem grande.


O Globo quinta, 19 de maio de 2022

MÚSICA: BYAFRA, AOS 40, LANÇA MÚSICA PARA MAE E VOLTA A VOAR

Por Silvio Essinger — Rio de Janeiro

 


Cantor e compositor Byafra — Foto: Leo Martins/Agência O Globo

Cantor e compositor Byafra — Foto: Leo Martins/Agência O Globo

A sorte faz graça com Maurício Pinheiro Reis, o Byafra (até alguns anos, Biafra). Cantor romântico de sucesso nos anos 1980, ele vivia uma vida discreta no começo dos 2000, quando foi convidado pelo diretor Nelson Hoineff para dar um depoimento para um documentário sobre Chacrinha (“Alô, alô, Terezinha!”). No meio de sua participação, ele cantava o seu hit de 1984, “Sonho de Ícaro” (aquele do refrão “voar, voar, subir, subir”), quando foi atingido por um parapente.

 A cena virou teaser do filme e viralizou. De uma hora para outra, o nome do sumido cantor voltou à boca do povo e ele foi chamado para uma campanha publicitária de uma companhia de seguros — fazendo graça de si mesmo.

— Que a minha sorte continue assim. A própria “Sonho de Ícaro” foi uma música improvável. Ela tem cinco minutos e 25 segundos, e isso numa época em que as músicas só tocavam no rádio se tivessem três minutos. Comigo é sempre ao contrário! — teoriza o cantor niteroiense de 64 anos, que volta aos palcos pela primeira vez desde o começo da pandemia, no Teatro Rival Refit, para apresentar o muito adiado show “4.0”, dos seus 40 anos de carreira.

A primeira a ser lançada foi “Ione”, feita para a mãe, vitimada pela Covid (“foi a gripezinha que mais matou até hoje, foi muito doloroso, todo mundo teve alguma perda”, lamenta). A próxima a sair nas plataformas é “Solidão a dois”, sobre o que o estresse do confinamento provocou nos casais.

 

Boas notícias

 

Mas durante o isolamento, Byafra também teve boas notícias. Seus LPs de sucesso, dos anos 1980, foram relançados no streaming depois que o cantor Ed Motta incluiu “Leão ferido” (hit de 1981) na coletânea estrangeira “Too slow to disco Brasil” (2018) — hoje, a música tem boa parte de seus ouvintes na Alemanha. E uma de suas mais conhecidas canções, “Te amo”, voltou a tocar depois que a cantora Marília Mendonça a interpretou em uma de suas lives. Mais recentemente, o cantor foi procurado por um de seus mais novos e ilustres fãs: Sebastião, filho de Nando Reis, integrante do trio de música folk Colomy.

— Quando minha mãe me apresentou “Leão ferido”, foi uma explosão de sentimentos. É uma música magnífica, da letra aos caminhos melódicos que ele encontra com os seus agudos. Isso sempre me fascinou — derrama-se Sebastião, que espera seguir com a comunicação (e, espera ainda, parceria) virtual com o ídolo.

 — Estão descobrindo o lado B da minha obra, de canções tipo “Voa, bicho”... Desisti de tentar entender o que está acontecendo, vou deixar rolar! — resigna-se Byafra, que teve seu primeiro hit em 1979, “Helena”, faixa do seu LP de estreia. — Meu primeiro disco saiu junto com a (criação da) Rádio Cidade. “Helena” tocou bastante lá e um dia o Lulu Santos, que na época era produtor da Som Livre, sugeriu que fosse incluída da trilha da novela “Marrom glacê” (depois, eles seriam parceiros em “Pra se levar a vida”).

O primeiro grande hit, “Leão ferido”, fez com um amigo de Niterói, Dalto, num momento de revolta com a gravadora.

— Queriam me enquadrar num modelito. Eu era bem novo e me mandaram uma música que dizia “eu não tô legal”. E eu estava legal, não ia gravar aquilo — conta. — O “Leão ferido” surgiu dessa revolta. “Tenho que ser bandido, tenho que ser cruel”... É uma música revoltada! Eu era um leão ferido, eu não era o padrão. Era um menino tímido cantando um repertório ousado. E o Lincoln (Olivetti, arranjador) sacou que dava para fazer um arranjo grandioso. Depois, a gravadora nunca mais quis palpitar.

Um hit maior estava por vir quando o cantor foi para a gravadora Ariola, em 1984, pelas mãos do diretor Marco Mazzola. Fechado o repertório do LP, Mazzola sentiu que ainda não tinha uma grande música, aquela que ia abrir o caminho das rádios para o cantor. Aí lembrou de uma canção de Piska (guitarrista da banda de Ney Matogrosso) e do letrista Claudio Rabello.

— Eu pedi a música, mas não sabia ainda para que artista. Achava que era para o Ney, mas ele não curtiu. Aí ela acabou ficando com o Byafra, e foi um sucesso que levantou a carreira dele — recorda-se o produtor.

— A explicação que o Claudio deu foi tão complicada que era melhor não ter explicado nada! — diverte-se o cantor, que nos tempos de “Sonho de Ícaro” sofria bullying homofóbico por causa da voz aguda e a pinta de estrela romântica. — Eu dizia para os caras que faziam piadas: “Tanta menina bonita nesse baile e vocês vêm tirar onda comigo!”

Por causa do bullying também foi que ele ganhou no colégio o apelido de Biafra.

— Eu era magro de ver bater o coração. Estava rolando a guerra de Biafra (com imagens de crianças esqueléticas por causa da fome) e deu nisso — explica o artista, que mais tarde teve problemas porque os mecanismos de busca na internet levavam “Biafra” para as páginas relativas à guerra. — Eu botei o Y porque as pessoas procuravam pelo cantor e caíam na África. Uma vez, inclusive, o Luiz Melodia me falou: “Pensava que você era negro!”

 

Serviço

 

Onde: Teatro Rival Refit
Rua Álvaro Alvim 33, Centro
Quando: Qui, às 19h30
Quanto: A partir de R$ 30 (via Sympla)
Classificação: 18 anos


O Globo quarta, 18 de maio de 2022

BEM-ESTAR: VOLTAR A CORRER É MAIS FÁCIL DO QUE SE PENSA, MEMÓRIA É SEGREDO

Por Knvul Sheikh, The New York Times

 


Voltar a correr pode ser doloroso no início, mas encontrar pequenas rotinas ou recompensas que o mantenham ativo pode ajudar — Foto: Custódio Coimbra/ Agência O Globo

Voltar a correr pode ser doloroso no início, mas encontrar pequenas rotinas ou recompensas que o mantenham ativo pode ajudar — Foto: Custódio Coimbra/ Agência O Globo

A boa notícia é que os músculos retêm uma memória de sua força anterior, o que pode facilitar a recuperação do seu condicionamento físico — diferentemente do que ocorreria se você estivesse começando do zero, por exemplo. Caso tenha ficado de fora das atividades por apenas duas ou três semanas, pode ser que uma mudança significativa no seu desempenho nem seja notada, especialmente se você permaneceu fisicamente ativo durante o tempo livre.

Mas, caso o tempo de pausa tenha sido mais longo, você pode não conseguir correr vários quilômetros seguidos. Em vez disso, uma dica é misturar a corrida com a caminhada e reservar um tempo para fortalecer os músculos não utilizados, além de inserir alguns truques para se motivar e recompensar a si mesmo.

 

 

Crie uma rotina

 

É mais provável manter o hábito da corrida se começar com objetivos pequenos. Isso pode significar que você precise maneirar um pouco o ritmo e a distância percorridos.

— É devagar e sempre que se vence a corrida — disse Karena Wu, fisioterapeuta e proprietária da ActiveCare Physical Therapy, em Nova York. O objetivo é desacelerar até conseguir passar no teste da fala, que significa manter uma conversa enquanto corre.

Tente fazer duas a três corridas curtas e fáceis por semana. Você também pode seguir um plano de treinamento de sofá projetado para corredores iniciantes e para aqueles que estão retornando após uma longa pausa. Alternativamente, você pode usar uma estratégia que incorpore pausas de caminhada em suas corridas.

Qualquer que seja o plano escolhido, certifique-se de que ele tenha elementos de treinamento de força, alongamento e descanso. O ponto é permanecer consistente e lembrar que você está usando esse tempo para recondicionar os músculos, tendões, ligamentos e tecidos conjuntivos em suas pernas.

 

Recompensas imediatas

 

Pesquisas sugerem que a motivação por si só nem sempre é suficiente. Combinar recompensas pequenas e imediatas a uma tarefa — como assistir filmes enquanto está na esteira ou se deliciar com um banho de sal após uma longa corrida — pode tornar mais fácil e agradável continuar fazendo essas atividades.

— As pessoas repetem comportamentos de que gostam — disse Wendy Wood, psicóloga pesquisadora da Universidade do Sul da Califórnia. — Se você odeia correr, provavelmente não há muito que você possa fazer para se motivar.

Recompensas de curto prazo podem ajudá-lo nos dias em que sua motivação está em falta. E eles podem até acelerar a formação do novo hábito de corrida.

Estudos também mostram que você pode obter recompensas psicológicas ao correr com um grupo de amigos, ouvindo palavras de afirmação de um treinador ou escutando suas músicas favoritas.

 

Treinamento de força

 

O treinamento de força ajuda a preparar seu corpo para correr novamente e pode mantê-lo livre de lesões a longo prazo. Muitos fisioterapeutas e especialistas em corrida recomendam este treinamento algumas semanas antes de voltar a correr para aumentar a força muscular, a flexibilidade e melhorar a biomecânica geral.

— Acho que muitas pessoas usam a corrida para entrar em forma, mas eu realmente recomendo entrar em forma para voltar a correr — disse Irene Davis, especialista em biomecânica da corrida da Universidade do Sul da Flórida.

Os corredores tendem a ser fracos nos pés e tornozelos, assim como nos quadris e glúteos, disse Davis. Para fortalecer essas áreas, é recomendado o levantamento de peso, yoga, calistenia ou pliometria pelo menos dois dias por semana. Ou seja, exercícios que treinam vários músculos ao mesmo tempo.

 

Aquecimento

 

Um aquecimento bem planejado também pode fazer seu sangue fluir e preparar seus músculos para correr. Wu e Davis recomendaram alongamentos dinâmicos, nos quais você move suas articulações e músculos imitando o movimento que você está prestes a realiza. Para os corredores, geralmente são os mesmos exercícios usados ​​no treinamento de força, como lunges e agachamentos.

Ela também recomendou levar o joelho ao peito, puxar o tornozelo em direção aos glúteos, encostar-se a uma parede para alongar as panturrilhas ou mover os quadris em círculo. Experimente o alongamento e veja se isso faz você se sentir mais flexível ou ajuda a recuperar energia para a próxima corrida.

 

Descanse bastante

 

Só porque seu corpo se lembra de como fazer uma corrida não significa que seus músculos e articulações estão prontos para o pedágio que ela pode exigir. Enquanto você está reconstruindo resistência e força durante as corridas, você também está quebrando seu corpo de várias maneiras. Tirar pelo menos um dia de folga por semana ajudará a evitar lesões e permitirá que você volte mais forte, permitindo que seu corpo se recupere.

Durante cada corrida, seu corpo também esgota suas reservas de glicogênio, um tipo de carboidrato armazenado nos músculos e no fígado. Descansar e reabastecer ajuda a repor essas reservas para que você possa usá-las como energia quando voltar a correr.

Lembre-se de que você está progredindo ao longo de todo o processo. Correr é uma maneira revigorante de se exercitar com a brisa nos cabelos e o chão aos pés. Então tire o pó desses sapatos e saia pela porta.


O Globo terça, 17 de maio de 2022

CULTURA: PASSISTAS DE ESCOLAS DE SAMBA TORNAM-SE PATRIMÔNIO CULTURAL DO ESTADO DO RIO

Passistas de escolas de samba tornam-se Patrimônio Cultural do Estado do Rio

 

Passistas são patrimônio cultural do Rio

 

O governador Cláudio Castro sancionou lei que declara passistas de samba como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro. O texto saiu na edição de hoje do Diário Oficial do Rio.

Além de exaltar a ala que traz o samba no pé e alegria a todos que assistem ao maior espetáculo da Terra, a iniciativa serve como reconhecimento à importância do carnaval para a cultura e a sociedade fluminense.

 

Em janeiro, o governador declarou, por meio de outra lei, que mestres-sala e a portas-bandeira também são Patrimônio Cultural de natureza imaterial do Rio de Janeiro.


O Globo segunda, 16 de maio de 2022

CULTURA: CHIMAMANDA FALA PARA MILHARES NO RIO, MAS RECHAÇA STATUS DE ÍDOLO POP

Por Renata Izaal — Rio de Janeiro

 


Chimamanda Ngozi Adichie no Rio — Foto: Leo Martins/Agência O Globo

Chimamanda Ngozi Adichie no Rio — Foto: Leo Martins/Agência O Globo

Quando Chimamanda Ngozi Adichie esteve no Brasil pela primeira vez, para participar da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) em 2008, ela era uma promissora escritora nigeriana cujos dois primeiros livros, “Hibisco roxo” e “Meio sol amarelo”, tinham conquistado os meios literários. Quatorze anos depois, voltou ao país no último fim de semana para participar do LER - Salão Carioca do Livro, agora com outro status: ícone cultural e feminista.

Chegou e foi embora como um ídolo pop, posição raríssima para uma escritora. Entre sexta e domingo, o quanto durou sua estadia em um hotel cinco estrelas de Copacabana, cumpriu uma agenda tão intensa que chegou a desmarcar entrevistas. Com o GLOBO, falou durante 30 minutos na van que a levou do hotel ao Maracanãzinho, onde, na noite de sábado, discursou para uma plateia de 3 mil pessoas, a maioria estudantes da rede pública. No caminho, a escritora respondeu a algumas perguntas, mas, sobretudo, fez as suas, ávida em entender o panorama político, racial e de gênero do Brasil, o que, convenhamos, não é lá muito simples de explicar em pouco tempo.

Chimamanda Ngozi Adichie no Maracanazinho — Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Chimamanda Ngozi Adichie no Maracanazinho — Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Nesses três dias, Chimamanda falou, ouviu muito e deixou recados, alguns políticos e outros afetivos, com a autoridade de quem, desta vez, trouxe consigo um prêmio do National Book Critics Circle pelo romance “Americanah”, 16 títulos de doutora honoris causa, um discurso citado por Beyoncé na canção “Flawless” e o título de uma de suas palestras estampado em uma camiseta da Dior. Aliás, seus dois TED Talks, “O perigo da história única” e “Deveríamos ser todos feministas”, somam 15 milhões de visualizações. Não é de estranhar, então, que a escritora tenha sido ovacionada no Maracanãzinho por uma legião de chimamanders.

O público ouviu, por cerca de uma hora e meia, a conferência “Contando histórias para empoderar e humanizar”, na qual a autora repetiu temas que têm sido mantras nos últimos anos: a importância de formar leitores e, mais ainda, das histórias para a construção de sociedades plurais. Chimamanda subiu ao palco armado no ginásio apresentada pela filósofa Djamila Ribeiro, a quem saudou como “corajosa e inspiradora”. A admiração é mútua.

— Chimamanda é muito lida no Brasil e sua obra dialoga com a realidade do país. Além de excelente escritora, ela tem um trabalho importante como feminista. Tê-la num ginásio, falando para milhares, é um marco. Mostra o poder dela e o alcance de sua obra, ao mesmo tempo que democratiza seus saberes — contou Djamila ao GLOBO.

 

Chimamanda no B

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A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie posa para O GLOBO no hotel onde se hospedou no Rio, em Copacabana — Foto: Leo Martins
Chimamanda Ngozi Adichie veio ao Rio a convite do LER - Salão Carioca de Livros  — Foto: Leo Martins
Chimamanda Ngozi Adichie fala a 3 mil pessoas no Maracanãzinho, no Rio — Foto: Leo Martins
Escritora nigeriana falou para 3 mil pessoas no Maracanãzinho, no Rio

O texto apresentado na noite de sábado foi alterado horas antes do início da conferência para incluir os pensamentos da escritora sobre tudo o que viu e ouviu no país. Antes de falar ao público, ela jantou com uma turma que incluía o ator Lázaro Ramos, a jornalista Maju Coutinho, a própria Djamila e a escritora Eliana Alves Cruz, cuja obra ela lamentou não poder conhecer (“É preciso traduzir os escritores negros brasileiros”, disse). Deu também uma coletiva de imprensa, onde, para sua surpresa, a maioria das jornalistas eram negras. Um encontro do qual saiu chocada com os casos recentes de trabalho análogo à escravidão, encantada com as tranças das mulheres (“quero saber se há muitos trancistas no Rio, porque vocês têm cabelos lindos”) e emocionada com os relatos.

Acompanhada no Rio pelo irmão, o marido e a filha de 6 anos (os quatro só conversam em igbo, língua do grupo étnico a que sua família pertence: “é a mais bonita do mundo”, diz ela), Chimamanda foi na manhã de domingo a Rocinha, um desejo depois de entender que a maior parte da população das favelas cariocas é negra. No Maracanãzinho, ela não deixou por menos: “É preciso contar as histórias verdadeiras. A história de que as favelas têm maioria negra é incompleta. É preciso começar contando as razões dessa pobreza”, afirmou sob muitos “uhuu”.

 

Enquanto durou nosso passeio de van, Chimamanda quis saber mais sobre a preservação do Cais do Valongo e sobre as falas misóginas do presidente Jair Bolsonaro. Diante de episódios como o da “fraquejada”, não titubeou: “Soa para mim como uma criança estúpida. Como ele tem apelo?”.

No Maracanãzinho, ela se despediu dizendo esperar que a mensagem do Brasil para o mundo seja sua diversidade racial e cultural, não apenas suas praias e biquínis. E assegurou que vai voltar ao país.

“Espero que quando eu estiver aqui de novo vocês tenham um governante que respeite as mulheres”.

 

 


O Globo domingo, 15 de maio de 2022

MÚSICA: MILTON NASCIMENTO ANUNCIA QUE FARÁ A ÚLTIMA TURNÊ

Por Luiz Fernando Vianna; Especial Para O GLOBO — Rio de Janeiro

 


Milton Nascimento fará sua última turnê  — Foto: Divulgação/Marcos Hermes

Milton Nascimento fará sua última turnê — Foto: Divulgação/Marcos Hermes

Ao ouvir Milton Nascimento cantando “Ponta de areia” e tocando sua pequena sanfona, o público dos próximos shows do artista começará a viver um encontro que é também uma despedida. “A última sessão de música” é a turnê final de Milton. Poderá ainda fazer gravações, mas não subirá mais em palcos.

 — De shows, eu quero parar. Mas quero continuar compondo e cantando. Não vou deixar de mexer com música — afirma ele, que completará 80 anos em 26 de outubro.

A série de apresentações ganhará hoje um site próprio: www.aultimasessaodemusica.com. Na quarta-feira, dia 18, começará a venda de ingressos para as noites já confirmadas: 5 e 6 de agosto no Rio (Jeunesse Arena); 26 e 27 de agosto em São Paulo (Espaço das Américas); 13 de novembro em Belo Horizonte (estádio Mineirão).

A pré-estreia — antes de uma viagem para se despedir de palcos europeus — será em 11 de junho, na Cidade das Artes, na Barra. Haverá apenas 400 pessoas na plateia, além de convidados. Elas terão adquirido o NFT Milton Nascimento. NFTs (tokens não fungíveis, na sigla em inglês) são peças únicas, com certificação digital. No caso, darão direito, por exemplo, a pôsteres autografados. A venda também se iniciará na quarta-feira. Os valores serão divulgados no site.

Em seguida, virão na ordem canções de vários discos, de “Milton” (1970) até “Pietá” (2002). No final, entrará “Encontros e despedidas”, faixa-título do LP de 1986.

— Ela é o conceito do show — explica Augusto.

A semana que passou trouxe uma ótima notícia para Milton. “Clube da Esquina”, de 1972, foi escolhido o melhor álbum brasileiro de todos os tempos numa enquete promovida pelo podcast Discoteca Básica.

 

— Não dá nem para falar da alegria que eu estou sentindo. Melhor de todos os tempos eu não pensei. Mas que é bom, é — diz o cantor.

Milton Nascimento fará a última turnê de sua carreira — Foto: Divulgação/Marcos Hermes

Milton Nascimento fará a última turnê de sua carreira — Foto: Divulgação/Marcos Hermes

Juntamente com seu nome na capa entrou o de Lô Borges, então com 20 anos, dez a menos do que o amigo. Mas o álbum duplo foi uma produção coletiva, com criações de diversos compositores (Beto Guedes entre eles) e participações de diversos músicos. Se não bastasse a força das canções, o trabalho surgiu com uma qualidade técnica impensável. O estúdio da Odeon tinha apenas dois canais de gravação, o que obrigava o registro de vários instrumentos ao mesmo tempo.

Do disco clássico, estarão na última turnê “Tudo o que você podia ser”, “Cais”, “San Vicente”, “Clube da Esquina 2”, “Lília” e “Nada será como antes”. Do segundo “Clube da Esquina”, de 1978, entrará apenas a faixa “Maria, Maria”. A ideia é que o roteiro reúna os grandes sucessos. Não faltará, portanto, “Nos bailes da vida”.

Nem tanto sucesso fez “Canção do sal”, mas que está no show porque teve um papel decisivo: foi lançada em 1965 por Elis Regina quando o compositor era um desconhecido no Rio.

 

— Fui na casa dela com o (Gilberto) Gil. Mostrei um monte de músicas, e Elis não disse nada. Ela perguntou: “Não tem mais nenhuma?” Eu falei: “Tem, mas não gosto.” Toquei “Canção do sal”, e ela falou: “É essa!”

Milton fez quatro shows recentemente. Tinham ficado pendentes, pois a turnê “Clube da Esquina” foi suspensa por causa da pandemia. Desde o aparecimento da Covid-19, realizou três lives em casa e uma já no palco — mas sem público — com a Orquestra de Ouro Preto.

— Foram três anos sem fazer música e dentro de casa, sem ver quase ninguém — lamenta.

Coração de estudante. Milton na Passeata dos Cem Mil (sexto da esquerda para a direita na primeira fila), em 1968, com artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Zé Celso, Chico Buarque, Edu Lobo e Othon Bastos: “Se os jovens soubessem o que é uma ditadura, não iam querer” — Foto: arquivo/26-6-1968

Coração de estudante. Milton na Passeata dos Cem Mil (sexto da esquerda para a direita na primeira fila), em 1968, com artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Zé Celso, Chico Buarque, Edu Lobo e Othon Bastos: “Se os jovens soubessem o que é uma ditadura, não iam querer” — Foto: arquivo/26-6-1968

— Eu fiquei paranoico. O que as pessoas falavam sobre grupo de risco era o que se encaixava nele. Eu pensei: vai morrer. Aí tranquei a casa. Até hoje, não chego perto dele sem máscara. Mas, agora, tomou a quarta dose da vacina.

Milton Nascimento se locomove com alguma dificuldade. Precisa controlar a diabete, que já saiu do prumo várias vezes. Reforça não ter Mal de Parkinson. Diz que mexer muito com a mão direita é mania. Em 2014, enfrentou um período de depressão profunda. Daquele ano até o final de 2021, morou em Juiz de Fora (MG). De volta ao Rio, não quer mais sair da cidade. Ele, aliás, é carioca de berço, tendo se mudado para Três Pontas, com seus pais adotivos, aos 3 anos.

— Estava sentindo falta da floresta — diz em sua casa no Itanhangá, com paisagem farta em verde.

A paz é interrompida quando pensa na situação política do país. Assusta-se quando ouve falar na possibilidade de um novo golpe militar. Durante a ditadura, recebia cartas ameaçadoras do CCC (Comando de Caça aos Comunistas). Há poucos anos, encontraram em sua ficha no Dops (Departamento de Ordem Política e Social, órgão de repressão) fotos que mostram que ele era seguido pelo regime. Foi um período em que mergulhou fundo na bebida.

— Se os jovens soubessem o que é uma ditadura, não iam querer. Só espero que não aconteça mais. Outra dessa o país não aguenta — diz ele, em cujos shows tem ouvido coros de “Fora, Bolsonaro”.

Como não poderia deixar de ser, sua voz não é mais a mesma. Os falsetes marcantes não são viáveis, e o canto está mais contido. Ele recorda que até a adolescência era fã de vozes femininas que escutava no rádio, como as de Dalva de Oliveira e Angela Maria.

 

Celebração

 

Nos shows, ele tem o apoio vocal de Zé Ibarra (também violonista) e Wilson Lopes (violão, guitarra e direção musical). A banda tem oito integrantes, que Milton considera uma família. “A última sessão de música” ainda terá cenário com assinatura de Osgemeos e figurinos de Ronaldo Fraga.

&lt;caption&gt;&lt;cutline_leadin&gt;Clube da Esquina.&lt;/cutline_leadin&gt; &lt;EP,1&gt;Lô Borges, Hélcio Jacaré, Milton Nascimento e Beto Guedes na cidade de Três Pontas (MG), onde Bituca cresceu&lt;EP,1&gt;&lt;/caption&gt; — Foto: arquivo/4-6-1972

O cantor considera a turnê uma comemoração de 60 anos de carreira. O marco inicial, que ele estabeleceu, é a mudança de Três Pontas para Belo Horizonte, quando começou a tocar na noite ao lado de Wagner Tiso e outros músicos.

Indício de que a carreira não está se encerrando são as três melodias que compôs recentemente. Uma delas ganhou letra de um de seus principais parceiros, Ronaldo Bastos, e o título “Sorte no amor”. Augusto tem planos de ainda produzir um álbum de inéditas.


O Globo sábado, 14 de maio de 2022

ESPORTES - BRASILEIRÃO, CHELSEA X LIVERPOOL E MASTERS 1.000 DE ROMA SÃO DESTAQUES DESTE SÁBADO

Brasileirão, Chelsea x Liverpool e Masters 1.000 de Roma são destaques deste sábado

 


Últimas atualizações

 

Como será a Fórmula 4, nova categoria do automobilismo que começa neste sábado

Com 16 pilotos no grid, incluindo uma menina e alguns sobrenomes famosos, uma categoria de automobilismo estreia hoje no Brasil com a promessa de oferecer uma possibilidade de crescimento para os novos talentos. A Fórmula 4 terá sua corrida inaugural em Mogi Guaçu (SP). No total, serão seis etapas, compostas por três provas cada, com transmissão ao vivo do canal BandSports e YouTube da Stock Car. LEIA A MATÉRIA COMPLETA

Teste do novo carro da Fórmula-4 no Brasil na pista da Pirelli, no Brasil

Teste do novo carro da Fórmula-4 no Brasil na pista da Pirelli, no Brasil (Foto: Duda Bairros/Divulgação)

Cinco partidas abrem neste sábado a sexta rodada do Brasileiro. Atual líder da competição, o Corinthians encara o Internacional, às 19h, fora de casa. Mais cedo, o Flamengo tenta buscar a recuperação diante do Ceará, às 16h30, também fora. O Fluminense encara o Athletico, às 21h, em Volta Redonda. O sábado também terá a final da Copa da Inglaterra (FA Cup) entre Chelsea e Liverpool, às 12h45 (de Brasília), além de duelos decisivos no Masters 1.000 de Roma. VEJA A PROGRAMAÇÃO DE TV COMPLETA.

Djokovic, Salah eGabigol

Djokovic, Salah eGabigol (Foto: AFP e divulgação)

 

Após a emocionante final da Copa da Liga em 27 de fevereiro, com vitória do Liverpool nos pênaltis (11-10) sobre o Chelsea, as duas equipes voltam a se encontrar na final da prestigiosa FA Cup, neste sábado, às 12h45, em Wembley. Os 'Reds' têm a chance de adicionar o segundo troféu da temporada à galeria de Anfield, duas semanas antes da final da Liga dos Campeões contra o Real Madrid. Já o Chelsea só luta por esse título e buscará a vingança contra o Liverpool após a final da Copa da Liga.

 

Chelsea e Liverpool se enfrentam pelo título da FA Cup

Chelsea e Liverpool se enfrentam pelo título da FA Cup (Foto: Action Images via Reuters/Andrew Boyers)

Médico do Flamengo, Márcio Tannure, com o técnico Paulo Sousa (Foto: Divulgação)

 


O Globo sexta, 13 de maio de 2022

MODA! CABELO AFRO RESISTE AO RACISMO ESTÉTICO

Por Pâmela Dias e Jéssica Marques — Rio

 


Renata Varella reforça a importância da rede de apoio entre mulheres negras — Foto: Leo Martins

Renata Varella reforça a importância da rede de apoio entre mulheres negras — Foto: Leo Martins

Black Power, rastafari, com dreads, cacheados, encarapinhados... Os cabelos das mulheres pretas chegam a este 13 de maio — data que marca a abolição da escravidão — livres e como um dos maiores símbolos da negritude ao lado da pele. Protagonista do debate racial desde sempre, ele volta à roda no Brasil de hoje com o resgate da ancestralidade, na ressignificação do conceito de beleza e na denúncia do racismo estético. Na última semana, por exemplo, ao defender seu crespo, uma mulher negra mobilizou o metrô de São Paulo a externar o preconceito sofrido por ela, após uma senhora branca declarar que temia “pegar doença” ao encostar em seu cabelo.

 Não é de agora que o cabelo afro é tachado de “feio”, “sujo” e “duro”. O processo de colonização da África, que se repetiu no Brasil, deixou como herança uma sociedade que reconhece majoritariamente os fios lisos como belo, de acordo com a antropóloga Denise da Costa, professora da Universidade da Integração da Lusofonia Afro-brasileira. Graças à atuação secular de movimentos negros, que tomaram fôlego entre 1960 e 1970 com o “black is beautiful” (preto é bonito, na tradução), a história de ancestralidade se traduz por números do Google: nos últimos cinco anos, a busca por cabelos cacheados e crespos superou a de lisos em 309%, de acordo com uma pesquisa do Dossiê BrandLab.

 

Transição capilar

 

Não à toa o processo de transição capilar — em que negros deixam de alisar os cabelos para assumir a forma crespa — tem se intensificado. A analista de sistemas, Olívia Raquel, de 23 anos, começou a fazer relaxamento ainda criança, aos 11 anos, por influência da sua mãe branca. Por cinco anos, ela teve os fios lisos para não ouvir comentários de que tinha cabelos “pichaim” ou “duro”.

— Sinto que alisar nunca foi algo que eu realmente queria — diz ela, que deixou a raiz crescer e viu os cachos ressurgirem aos 16 anos.

A modelo gaúcha Tatiani Souza, de 42 anos, hoje assina, artisticamente, “Tati Crespa”. Mas nem sempre foi assim: ela alisou o cabelo por 22 anos. Com o cabelo livre da química há mais de cinco, ela diz que ainda recebe propostas na área da moda para fazer “escova progressiva”. A última oferta foi de R$ 3 mil. Ela recusa e é irredutível, quer que “suas origens sejam respeitadas”.

— Sai Tatiani e entra Tati Crespa. Hoje, quem quiser trabalhar com a minha imagem, vai ter que me aceitar do jeito que sou. Um penteado até vai, mas química nunca mais. Defendo que sou livre para assumir meu cabelo, fazer até uma escova, se eu quiser, mas livre dos preconceitos e imposições — diz. 

O mercado de trabalho, por sinal, é um dos espaços em que a presença do racismo estético é forte. Um estudo publicado na revista “Social Psychological and Personality Science”, em 2020, mostrou que durante entrevistas de emprego, mulheres negras americanas com cabelos crespos eram percebidas como menos profissionais, menos competentes e menos propensas a serem recomendadas para uma vaga do que mulheres negras com cabelos alisados e mulheres brancas com penteados cacheados ou lisos. Uma realidade de preconceito que se parece com a daqui: Cristiane de Almeida, de 51 anos, foi vítima do escárnio de um colega de trabalho quando iniciou a transição capilar, há quatro anos, no Clube das Pretas — salão especializado em cortes e penteados de cabelos crespos e cacheados.

— O processo de transição foi muito difícil. Um colega puxava o meu cabelo e me ridicularizava na frente das pessoas. Eu me senti mal, achei que estava todo mundo olhando para o meu cabelo. E estavam olhando mesmo. Percebi que tais brincadeiras não eram feiras com outras colegas de cabelo liso e brancas — diz Cristiane.

 

Acolhimento

 

Levantando a bandeira do “nós por nós”, uma das criadoras do Clube das Pretas, a professora Renata Varella, de 37 anos, defende que a rede de apoio faz toda a diferença no processo de reconhecimento das madeixas afro.

— A relação da mulher negra com o seu cabelo natural é de anos de sofrimento. É uma busca infinita por achar que nossos cabelos afros são um problema. Mas isso está mudando — diz a professora.

Segundo a antropóloga Denise da Costa, apesar de lento, o aumento da conscientização sobre o racismo no país é notório e pode ter contribuído para que, no caso de racismo no metrô de SP, centenas de passageiros apoiassem a vítima Welica Ribeiro na denúncia contra a húngara Agnes Vajda.


O Globo quinta, 12 de maio de 2022

TURISMO: TAILÂNDIA - REGRAS DE ENTRADA MAIS FLEXÍVEIS E SUSTENTABILIDADE NA RETOMADA DO TURISMO

Por Eduardo Maia

 


Praia mais famosa da Tailândia, Maya Bay foi reaberta ao público em janeiro de 2022, com restrição de visitação — Foto: Athit Perawongmetha/Reuters

Praia mais famosa da Tailândia, Maya Bay foi reaberta ao público em janeiro de 2022, com restrição de visitação — Foto: Athit Perawongmetha/Reuters

Um dos símbolos deste novo momento é Maya Bay, o ponto mais famoso do litoral tailandês, que, depois de ter servido de cenário para o filme “A praia” (2000), com Leonardo DiCaprio, passou por uma explosão turística, até precisar ser fechado totalmente em 2018, para a recuperação de seu frágil ecossistema. Acredita-se que cerca de 50% de seus corais tenham sido destruídos pelas âncoras das embarcações que paravam.

Em 1º de janeiro, a pequena enseada foi reaberta à visitação, mas com novas regras. Agora, barcos turísticos não são mais permitidos, e o acesso se dá por um novo píer, construído na praia vizinha de Loh Samah, a uma curta caminhada de distância. Serão permitidos até três mil visitantes por dia, sendo 300 por vez, e os banhistas poderão ficar apenas na areia ou entrar no mar dentro de uma faixa de 50 metros.

No estande da Tailândia na ILTM Latin America, principal feira do turismo de luxo do país, que aconteceu na última semana, em São Paulo, o representante do turismo na América do Sul, Jefferson Santos, afirmou que a pandemia ajudou o país a reavaliar que tipo de visita quer promover:

— Antes, parte importante dos turistas na Tailândia era de países vizinhos, sobretudo a China, que passavam pouco tempo e iam embora. Agora, é clara a ideia de substituir as visitas mais curtas e rápidas por aquelas que valorizem mais a experiência e o contato com a cultura tailandesa.

 

Banho nos elefantes

 

Criança turista alimenta um elefante num dos santuários dedicados à preservação da espécie na Tailândia — Foto: Divulgação / TATLA

Criança turista alimenta um elefante num dos santuários dedicados à preservação da espécie na Tailândia — Foto: Divulgação / TATLA

Um exemplo dessa nova abordagem passa pelos elefantes. Presentes não apenas nas florestas, mas também na vida da sociedade tailandesa, os maiores animais terrestres do continente por muitos anos vêm sendo explorados também como atrativos turísticos.

Em vez de passeios no lombo dos elefantes, os viajantes estão sendo incentivados a conhecer santuários eticamente responsáveis, muitos com elefantes resgatados de práticas de maus-tratos. Nesses lugares, o turista “adota” um animal e, durante um dia, participa de seus cuidados, da alimentação ao banho. E passando por momentos, digamos, inesquecíveis.

Estes santuários estão espalhados por todo o país. Entre os mais conhecidos e próximos a importantes destinos turísticos da Tailândia estão o Elephant Nature Park, na histórica cidade de Chiang Mai, no Norte; o Phuket Elephant Sanctuary, no movimentado balneário, no Sul do país; e ElephantsWorld, em Kanchanaburi, a duas horas de Bangkok.

Quarto de frente para o Rio Chao Phraya do hotel cinco estrelas Capella Bangkok, aberto no final de 2020  — Foto: Divulgação

Quarto de frente para o Rio Chao Phraya do hotel cinco estrelas Capella Bangkok, aberto no final de 2020 — Foto: Divulgação

Outra maneira de mergulhar na cultura tailandesa, claro, é por meio de sua gastronomia. Para Candy Krajangsri, executiva de Marketing da Autoridade Turística da Tailândia, também presente da ILMT Latin America, quem viaja para o país pensando que encontrará apenas comida condimentada e apimentada costuma se surpreender.

— Nossa comida é tão diversa como o próprio país, e quem prova dela quer sempre repetir a dose, nem que seja em casa. Tanto que um dos programas que mais têm crescido nos últimos tempos é o das aulas de culinária para turistas — comentou.

 

As novas regras

 

O famoso Buda dourado de 18 metros de altura do templo Wat Phra Yai, na cidade de Pattaya, Tailândia  — Foto: Manan Vatsyayana / AFP

O famoso Buda dourado de 18 metros de altura do templo Wat Phra Yai, na cidade de Pattaya, Tailândia — Foto: Manan Vatsyayana / AFP

Antes da pandemia, o turismo representava 12% do PIB Tailandês — que foi de US$ 501 bilhões. A reabertura aos visitantes internacionais vem acontecendo em fases, desde meados de 2021, quando destinos turísticos como Phuket começaram a receber visitantes. Em outubro, mais regiões reabriram, como Bangkok e Pattaya, conhecida, entre outras coisas, pelo Buda dourado de 18 metros de altura do templo Wat Phra Yai.

A mais recente fase começou agora em maio. Nela, viajantes com a vacinação completa precisam apenas preencher o formulário eletrônico Thailand Pass (tp.consular.go.th), onde devem incluir o certificado de vacinação e um seguro de saúde com uma cobertura mínima de US$ 10 mil (antes, era de US$ 20 mil).

Já os não vacinados podem entrar sob duas condições. Se apresentarem um PCR negativo feito com 72 horas de antecedência, não precisarão fazer quarentena nem teste na chegada. Quem não apresentar este teste deve ficar em isolamento no hotel após o desembarque, e precisa fazer um exame após cinco dias para ser liberado.

 


O Globo quarta, 11 de maio de 2022

SELEÇÃO BRASILEIRA: TITE FAZ NOVA CONVOCAÇÃO

Por Bruno Marinho — Rio de Janeiro

 


Tite fez penúltima convocação antes da lista final da Copa do Mundo — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Tite fez penúltima convocação antes da lista final da Copa do Mundo — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

O técnico Tite convocou a seleção brasileira para os amistosos contra Coreia do Sul, Japão e um terceiro adversário, dias 2, 6 e 11 de junho. A grande novidade é a presença de Danilo, do Palmeiras. O volante foi chamado pela primeira vez. Sua inclusão ou não no grupo é uma das poucas questões abertas para o Mundial, a seis meses de seu início. Com a ausência de Raphael Veiga, também do alviverde, as chances do jogador de ir ao Catar ficam bem reduzidas.

Foi a penúltima lista antes da relação final. Ela contou com 27 nomes. O Brasil entrará em campo novamente em setembro, provavelmente contra Argentina e México, e depois jogará contra a Sérvia, dia 24 de novembro, sua estreia pelo Grupo G da Copa do Mundo.

A final da Champions, entre Real Madrid e Liverpool, dia 28, em Paris, vai desfalcar a seleção no começo dos trabalhos, dia 24, e também deve tirar os finalistas convocados por Tite do primeiro amistoso, contra a Coreia do Sul, casos de Alisson e Fabinho, Militão, Casemiro, Vini Jr. e Rodrygo.

Do futebol brasileiro, além de Danilo, o goleiro Weverton, do Palmeiras, e Guilherme Arana, do Atlético-MG, foram chamados. Os jogadores vão desfalcar seus times por no mínimo quatro rodadas do Brasileirão, o que inclui um duelo entre o alviverde e o Galo.

 

Inicialmente, o Brasil realizaria amistoso contra a Argentina, depois de Coreia do Sul e Japão. Entretanto, a CBF foi comunicada pela Pitch, empresa que negocia as partidas amistosas da seleção, que o jogo não seria realizado. O Brasil busca novo adversário, provavelmente um africano, em partida que deve acontecer preferencialmente na Europa.

A lista:

Goleiros: Alisson (Liverpool), Ederson (Manchester City) e Weverton (Palmeiras)

Laterais: Danilo (Juventus), Dani Alves (Barcelona), Alex Sandro (Juventus), Alex Telles (Manchester United) e Guilherme Arana (Atlético-MG)

Zagueiros: Thiago Silva (Chelsea), Marquinhos (PSG), Eder Militão (Real Madrid) e Gabriel Magalhães (Arsenal)

Volantes e meias: Casemiro (Real Madrid), Danilo (Palmeiras), Fabinho (Liverpool), Fred (Manchester United), Bruno Guimarães (Newcastle), Lucas Paquetá (Lyon) e Philippe Coutinho (Aston Villa)

Atacantes: Neymar (PSG), Vini Jr. (Real Madrid), Matheus Cunha (Atlético de Madrid), Gabriel Jesus (Manchester City), Richarlison (Everton), Raphinha (Leeds United) e Rodrygo (Real Madrid), Gabriel Martinelli (Arsenal).


O Globo terça, 10 de maio de 2022

TURISMO: CONHEÇA O HOTEL QUE O JOGADOR HULK ABRIRÁ EM JOÃO PESSOA

Por Eduardo Maia

 


Projeto do Ba'ra, hotel cinco estrelas que abrirá na orla de João Pessoa, na Paraíba, e terá o jogador Hulk como sócio — Foto: Crádito

Projeto do Ba'ra, hotel cinco estrelas que abrirá na orla de João Pessoa, na Paraíba, e terá o jogador Hulk como sócio — Foto: Crádito

Maior artilheiro do futebol brasileiro em 2021, o atacante Hulk, do Atlético-MG, está prestes a marcar mais um belo gol em 2022. A diferença é que desta vez não será no gramado de um grande estádio, e sim de frente para o mar, na Praia de Cabo Branco, em João Pessoa. Na orla da capital da Paraíba será inaugurado em outubro o Ba'ra, hotel que tem o jogador como sócio.

  

Natural da também paraibana Campina Grande, o atacante faz sua estreia no setor com um hotel de 123 quartos, sendo quatro suítes, num dos pontos mais nobres de João Pessoa. Com proposta de luxo e estilo moderno, o hotel terá um restaurante italiano no térreo e um gastrobar no quarto e último andar, com vista privilegiada para o mar.

- Nossa proposta é ser um hotel de luxo, mas descomplicado. Ele foi projetado para se integrar com o calçadão do Cabo Branco, de forma a convidar moradores e visitantes a frequentarem o hotel. Especialmente nossas opções gastronômicas - explica Gefferson Alves, diretor geral do Ba'ra.

Imagem mostra como será o Ba'ra Hotel na Praia de Cabo Branco, em João Pessoa: jogador Hulk é um dos sócios — Foto: Divulgação

Imagem mostra como será o Ba'ra Hotel na Praia de Cabo Branco, em João Pessoa: jogador Hulk é um dos sócios — Foto: Divulgação

A área de maior integração com a comunidade local será o Ba'ra Largo, um espaço aberto que conecta o calçadão da orla ao lobby do hotel, pensado para receber também eventos em geral, de festas a desfiles de moda. Ele é um dos destaques do projeto arquitetônico, assinado pelo escritório colombiano Plan B, que criou um prédio moderno, com grandes jardins suspensos e aproveitamento de luz natural.

Alves conta que o nome Ba'ra vem de um termo tupi-guarani que significa "mar". A proximidade com o oceano, claro, será bastante explorada, especialmente na cobertura, no quarto andar, onde o bar do rooftop e a piscina de borda infinita oferecerão um lindo visual para a orla.

A piscina do Ba'ra Hotel ficará na cobertura, com vista privilegiada para a praia do Cabo Branco, em João Pessoa, Paraíba — Foto: Divulgação

A piscina do Ba'ra Hotel ficará na cobertura, com vista privilegiada para a praia do Cabo Branco, em João Pessoa, Paraíba — Foto: Divulgação

Mas o universo fluvial também tem grande importância na concepção do hotel. Os corredores foram batizados em homenagem a rios brasileiros que correm para o mar. E as categorias de quartos levam nomes de arquipélagos ou ilhas fluviais do país. As principais suítes, por exemplo são das categorias Anavilhanas e Marajó.

A previsão de inauguração é outubro de 2022, mas as pré-reservas já estão abertas no site barahotel.com.br. As diárias variam entre R$ 792 e R$ 2.874 dependendo do tipo de quarto.


O Globo segunda, 09 de maio de 2022

NORDESTE: AÇUDE CEDRO, NO CEARÁ, COM 115 ANOS, VOLTA A TER ÁGUA APÓS SEIS MESES

Por Bruno Alfano — Rio

 


Açude Cedro voltou a ter água em 2022, após seis meses completamente seco — Foto: Divulgação

Açude Cedro voltou a ter água em 2022, após seis meses completamente seco — Foto: Divulgação

Monumento do Império contra a seca de 115 anos de história, o Açude Cedro, em Quixadá, voltou a ter água depois de seis meses completamente vazio. Com capacidade para 125 milhões de m³, o equivalente a 50 mil piscinas olímpicas, a represa no coração do sertão cearense foi a primeira obra para o combate à seca no país. Defasado e pequeno para a região, perdeu importância hidrológica, mas virou orgulho e ponto turístico emoldurado aos pés da Galinha Choca, uma formação rochosa de destaque no local.

 O novo cenário, possível devido às chuvas acima da média que foram registradas mês passado no Ceará, representa apenas 710 mil m³ represados no açude — ou 0,7% do seu volume útil —, ainda assim simboliza esperança.

Açude Cedro, no Ceará, cheio, em 2008 — Foto: Divulgação

Açude Cedro, no Ceará, cheio, em 2008 — Foto: Divulgação

— Quem se identifica com a nossa história, sobretudo os mais velhos que cresceram no interior e têm identificação maior com a água, na verdade, com a falta dela, dá muito valor ao Açude Cedro — conta Francisco Teixeira, secretário de Recursos Hídricos do Ceará.

 

Obra emblemática

 

A estrutura, que no ponto mais profundo chega a marcar 20 metros de altura, começou a ser erguida em 1884 por ordem de Dom Pedro II após uma grande seca que assolou o Ceará em 1877. A previsão era de que a obra fosse concluída em 1887, mas isso só ocorreu 1906, já na República.

No caminho, suspeitas de superfaturamento de um engenheiro inglês, acusado de gastar em excesso, de contratar desnecessariamente trabalhadores estrangeiros e de não seguir o projeto; mudanças da presidência da província do Ceará; e muita disputa entre trabalhadores e governantes.

— No dia 20 de dezembro de 1889 houve uma grande confusão envolvendo os retirantes e a polícia, por causa da ausência de comida para todos que estavam na obra do açude. Na ocasião, somente as mulheres e os inválidos (aqueles que não podiam trabalhar) receberam comida. Por isso inúmeros sujeitos entraram em atrito com a força policial, quando tentaram saquear os armazéns. Na briga, dois retirantes foram mortos — conta Renata Monteiro, historiadora autora da dissertação “Um monumento ao Sertão: ciência, política e trabalho na construção do Açude Cedro”, pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Na época, segundo a historiadora, uma elite intelectual chegou a tratar o açude até com certo desdém. Euclides da Cunha, autor de “Os Sertões”, afirmou que ele seria “único, monumental e inútil”.

— É uma obra emblemática, construída em blocos de pedra, com tecnologia inglesa, mas superdimensionada. Do ponto de vista hidrológico, não atendeu à região. É muito grande para pouca contribuição de água — diz Teixeira.

Atualmente, a prefeitura de Quixadá tenta junto do governo federal a liberação de R$ 1 milhão para a revitalização do entorno do monumento, que é gerido pela União.

Ao longo do tempo, em meio a cheias e secas, o açude terminou a primeira década do século 21 com bastante água após chuvas acima da média em 2004, 2008, 2009 e 2011. No entanto, desde 2012 a região vive com precipitações abaixo do esperado e, em 2016, o Açude do Cedro voltou a secar completamente.

— Há uma década não chove dentro da média lá e muitos reservatórios foram construídos acima dele que interceptam água. Portanto, o Cedro é de difícil recarga. Além disso, a evaporação do sol no sertão leva mais de dois metros de água por ano — explica Teixeira.

Com o fim da água, o açude virou um cemitério de cágados. Uma equipe de biólogos chegou a contar mais de 430 carcaças. Em 2016, foi a quinta vez que o Cedro secou na história (o fenômeno já havia sido registrado em 1930, 1932, 1950 e 1999), e, depois disso, nunca subiu mais do que 5%.

— No Ceará, a gente tem a incerteza da chuva no primeiro semestre e a certeza da seca no segundo — diz o secretário.

O Ceará conta hoje com uma malha de 155 reservatórios para abastecimento d’água. O maior dele é o Castanhão, que recebe até 6,5 bilhões de m³ d’água — 65 vezes maior do que o Cedro. Neste momento, está com 19% da sua capacidade preenchida, o que significa 600 milhões de m³ estocados.

— Um reservatório com 125 milhões de m³ d’água tem relevância em outros locais. Lá no Cedro, não. A chuva é muito irregular e o sol consome demais. Ou seja, a evaporação seca muito rápido e a água não é reposta — diz Teixeira.

Mudanças climáticas

 

Neste mês, os reservatórios cearenses atingiram 35% da sua capacidade, a maior média de volume hídrico desde outubro de 2013. A marca tem relação com chuvas acima da média que vêm sendo registradas no estado. No entanto, apenas o Norte (o litoral) e o Sul recebem os sistemas atmosféricos de chuva. No entanto, o miolo do estado, onde fica o Cedro, tem ficado sem preciptação.

 — É como se os sistemas atmosféricos não tivessem força para entrar no centro do estado, o que foi causado pelas mudanças climáticas. Além disso, as secas estão mais severas, mais prologadas e os períodos de chuva extrema mais esporádicos — afirma o secretário.

Mas a pouca água já faz brotar a esperança. O cineasta Clébio Viriato conta que o açude é o coração de Quixadá.

— Ele seco nos deixa numa tristeza profunda — diz.

O cineasta lembra com clareza das últimas vezes que o Cedro “sangrou”. Ou seja, quando o nível d’água passou da sua capacidade de armazenamento e ele transbordou.

— Foi um verdadeiro acontecimento — recorda-se.

Clébio estava na escola em 1986 quando o Cedro sangrou. O fenômeno só aconteceu seis vezes na história (1924, 1925, 1974, 1975, 1986 e 1989). Menino, ele foi do colégio direto para o açude, pulou na água de uniforme e teve que se explicar em casa.

— Meu pai estava querendo me dar uma pisa, mas depois ele fez foi rir de ver o filho se identificando com o açude que ele e meu avô já se identificavam — lembra Viriato.


O Globo domingo, 08 de maio de 2022

MODA: CONHEÇA A IRREVERÊNCIA E A CRIATIVIDADE DA STYLIST E MULTIARTISTA LULU NOVIS

 

Por Marcia Disitzer

 


Lulu Novis veste tricô Loop Vintage, cinto Madnomad, luva Ohlograma, saia Farm e brincos Lool Store — Foto: Guilherme Nabhan. Styling Felipe Veloso. Beleza Carol Ribeiro

Lulu Novis veste tricô Loop Vintage, cinto Madnomad, luva Ohlograma, saia Farm e brincos Lool Store — Foto: Guilherme Nabhan. Styling Felipe Veloso. Beleza Carol Ribeiro

Lulu: top, saia e chapéu Prada e sapato Clergerie. Antônia: vestido Farm, camisa Mabô, óulos Yayoi Kusamapara Louis Vuitton e tênis All Star. Felipa: camisa bordada Lulu Novispara C&A, salopete e blazer Lulu Lobster — Foto: Guilherme Nabhan

Lulu: top, saia e chapéu Prada e sapato Clergerie. Antônia: vestido Farm, camisa Mabô, óulos Yayoi Kusamapara Louis Vuitton e tênis All Star. Felipa: camisa bordada Lulu Novispara C&amp;A, salopete e blazer Lulu Lobster — Foto: Guilherme Nabhan

Lulu é hoje um dos nomes mais consistentes e criativos da moda nacional. Depois de ter assinado inhas com a Farm e a C&A, que se esgotaram em pouquíssimos dias, uniu-se à portuguesa Bordallo Pinheiro em uma parceria exclusiva, que será lançada no Brasil na ArtRio. Além disso, é consultora criativa da Farm global e parte da Gucci Gang no Brasil, nome dado às amigas da grife. Também coube a ela a tarefa de vestir Mônica Martelli no desfile da São Clemente, em homenagem ao humorista Paulo Gustavo. Para fechar a lista (por enquanto), realiza um sonho em sintonia com o Dia das Mães: lança, amanhã, a própria marca, a Lulu Lobster.

Mas engana-se, e muito, quem acha que essa colheita não custou muitas gargalhadas, algumas lágrim as e noites insones. “Você não sabe o quanto eu caminhei para chegar até aqui”. diz Lulu, usando os versos da canção “A estrada”, do Cidade Negra, para ilustrar a emoção em relação ao atual momento profissional. “É incrível ver minhas criações pelo mundo.”

Vestido e blazer Chanel e brinco Monies — Foto: Guilherme Nabhan

Vestido e blazer Chanel e brinco Monies — Foto: Guilherme Nabhan

A artista mergulhou de cabeça na profissão por meio do jornalismo de moda no começo dos anos 2000, depois de passar quase quatro anos na faculdade de Medicina. “Sempre gostei muito de gente, de olhar para o outro, de ciências e da estética do corpo humano”, explica. “Naquela época, não era comum fazer faculdade de Moda, isso não existia. Então, acabei escolhendo Medicina para exercer a minha vocação de acolher o próximo. Também adorava montar looks para ir ao plantão”, conta. Porém, ao ser confrontada com as doenças, se deu conta de que não continuaria a trilhar aquele caminho. “Sofria junto, não conseguia me separar. Fiz a transição para o jornalismo de moda, já que sempre gostei de escrever.”

A criação dos looks para as meninas começou com o nascimento da primogênita. “No início, eram estudos de padronagens, mas acabou se tornando uma conexão estética afetiva entre nós duas.” Antonia herdou da mãe o bom humor e o espírito fashion: “Brincamos com essa coisa da roupa”, diz.

: Lulu: camisa, calça e quimono Handred, colares Nuassis e Sauer, brincos Alix Duvernoy e tamanco Mari Giudicelli. Antonia: macacão e blazer Lulu Lobster e espadrille acervo. Felipa: vestido Lulu Lobster e tênis Vans — Foto: Guilherme Nabhan

: Lulu: camisa, calça e quimono Handred, colares Nuassis e Sauer, brincos Alix Duvernoy e tamanco Mari Giudicelli. Antonia: macacão e blazer Lulu Lobster e espadrille acervo. Felipa: vestido Lulu Lobster e tênis Vans — Foto: Guilherme Nabhan

Lenny Niemeyer, que teve Lulu na equipe, a define em uma palavra. “Ensolarada”, crava. “Começou a trabalhar comigo bem novinha e sempre foi extremamente talentosa. Amadureceu, criou estilo próprio e faz um mix de coisas superlindas. Tenho orgulho da mulher que ela se tornou”, afirma. “Ela é ensolarada. começou a trabalhar comigo bem novinha e sempre foi extremamente talentosa. faz um mix de coisas lindas ”

A escolha pela sustentável irreverência do ser — “A vida já é tão dura, conseguir tocar as pessoas com meu trabalho me traz uma imensa alegria” —, traduzida em roupas e objetos, fizeram com que as collabs para a Farm, lançada em 2019, e para a C&A, em 2021, se convertessem em sucesso comercial e estabelecessem parcerias longevas. “Lulu cria coleção, apresenta lives e atualmente é responsável pelo projeto de visual merchandising da Farm global, na Liberty, em Londres. Queremos tê-la sempre por pert

Camisa, saia e top BDLN, sandália Ferragamo, pulseiras acervo, colar Sauer e óculos acervo — Foto: Guilherme Nabhan

Camisa, saia e top BDLN, sandália Ferragamo, pulseiras acervo, colar Sauer e óculos acervo — Foto: Guilherme Nabhan

o”, declara Kátia Barros, cofundadora da marca carioca. Os valores nos quais acredita também estão inseridos nessa fórmula. “Minha missão é levar beleza e autoestima para o mundo. Acredito em consumo consciente, em modelagens democráticas, que abriguem diversos corpos, e em tecidos puros. Essas são as premissas para eu criar”, ressalta Lulu. “Por isso, só me relaciono com empresas que façam sentido para mim. O convite da Bordallo, por exemplo. Sou fã deles num grau! Criei uma sardinha em cerâmica, foi muito incrível.” Já as lagostas são uma antiga fixação. “Coleciono desde adolescente, não sei quantas eu tenho”, admite. “Primeiro, me interessei pelo shape elegante e pelas cores. Depois meu encantamento aumentou ao saber que a lagosta, para crescer, quebra a casca, revela a parte mole, que é sua vulnerabilidade, expande e, aí sim, cria uma nova casca. Levo essa metáfora para a vida”, pontua. “Tenho lagostas espalhadas pela casa para me lembrar a todo instante que preciso ser corajosa para correr atrás dos meus sonhos”, diz a stylist, que também tem falos espalhados pela casa e entre seus acessórios. “Fazem parte do fascínio que tenho pelo corpo humano. Na Antiguidade Clássica, simbolizavam sorte e felicidade, e imagens fálicas espantavam más energias”, frisa, sem neuras.

Camisa e saia Neriage, meia Lupo , sandália Prada , brinco Lool Store e cinto Gallerist — Foto: Guilherme Nabhan. Set design: Adriane Lisboa. Assistência de fotografia: Márcio Marcolino. Assistência de beleza: Jô Oliveira. Assistência de estilo: Thalita Santos. Tratamento de imagem: Angélica Marinacci. Agradecimentos: Paloma Danemberg (AD Studio), Catalina Marchesi (La Pomponera) e Tiza Rangel.

Camisa e saia Neriage, meia Lupo , sandália Prada , brinco Lool Store e cinto Gallerist — Foto: Guilherme Nabhan. Set design: Adriane Lisboa. Assistência de fotografia: Márcio Marcolino. Assistência de beleza: Jô Oliveira. Assistência de estilo: Thalita Santos. Tratamento de imagem: Angélica Marinacci. Agradecimentos: Paloma Danemberg (AD Studio), Catalina Marchesi (La Pomponera) e Tiza Rangel.

Segundo o empresário Gustavo Sá, com quem Lulu é casada desde 2008, a criatividade da stylist transborda na vida e na casa. “Que é toda vestida com suas estampas, não tem um pedacinho de parede sem. Lulu traz os valores afetivos dela para o nosso ambiente. Às vezes, fico resistente no início, mas depois vejo que faz todo sentido”, diz. Com as filhas, ela faz questão de estabelecer uma relação horizontal. “Precisamos humanizar as mães”, brada. “Honro e respeito todas. É uma missão desafiadora e cada uma tem seu processo, suas dores. No meu caso, quero ser verdadeira e poder falar sobre qualquer assunto com elas, nada aqui é camuflado. Mostro a minha fragilidade e assumo meus erros”, afirma. “Ela não esconde nada, tudo a gente sabe”, emenda Antonia, que avisou à mãe que não usaria vestidos de babados nesse ensaio. “Eu entendo e respeito. Ela agora está amando vestir as minhas roupas”, entrega Lulu.

A stylist Lulu Novis e as filhas, Antonia e Felipa n cabana de cogumelo: profusão de poás — Foto: Guilherme Nabhan

A stylist Lulu Novis e as filhas, Antonia e Felipa n cabana de cogumelo: profusão de poás — Foto: Guilherme Nabhan

Já a nova marca infantil, Lulu Lobster, cujas peças serão vendidas via Instagram, na multimarcas Pinga e na Ki&Co, é um projeto cultivado há 12 anos. “Cheguei a ir ao Peru grávida de Felipa para pesquisar tecidos. Fiquei gestando essa história e durante a pandemia senti que tinha chegando a hora.” Roupas nos tamanhos de 6 meses a 12 anos vêm em edições limitadas e peças numeradas. “São feitas de forma artesanal. Amo essa coisa de ‘criança vestida de criança’. A infância já é tão curta hoje em dia, é preciso sonhar”, analisa. E injetar fantasia no cotidiano é uma das especialidades de Lulu: “Acredito na arte, na roupa e na liberdade, juntas, andando com fé para celebrar a beleza de ser quem se é”.

Mônica Martelli, atriz e apresentadora


O Globo sexta, 06 de maio de 2022

SAÚDE: OS SETE BRINQUEDOS QUE FAZEM BEM PARA O CÉREBRO DE CRIANÇAS E ADULTOS

Por Evelin Azevedo — Rio de Janeiro

 


Squishmallows: brinquedos ajudam crianças a controlar ansiedade e achar o equilíbrio — Foto: Reprodução

Squishmallows: brinquedos ajudam crianças a controlar ansiedade e achar o equilíbrio — Foto: Reprodução

Brincar é coisa séria. Novos estudos comprovam que alivia a ansiedade e ativa a memória em crianças e adultos. Conduzido pelo The National Institute for Play, organização americana sem fins lucrativos, uma pesquisa foi além e detalhou o papel de brinquedos específicos na saúde cerebral. Lidar com objetos tridimensionais, como o cubo mágico, por exemplo, age no lobo frontal, a área executiva do cérebro. Os mais lúdicos, como bonecas, atuam no sistema límbico, das emoções. Abraçar um ursinho de pelúcia, por sua vez, libera uma série de neurotransmissores, como a endorfina, que acalmam e relaxam.

 A relação estreita dos brinquedos com o cérebro foi deflagrada por um dos maiores sucessos mundiais durante a pandemia, os fidget toys. Inicialmente criados para motivar o desenvolvimento de pessoas com Transtorno do Espectro Autismo, são brinquedos sensoriais que estimulam o bem-estar, a concentração e reduzem o estresse.

Apertar uma bolinha que se expande, usar os dedos para "estourar" uma bolha e ouvir o barulho que isso faz e ter uma pelúcia fofinha para abraçar sempre que sentir necessidade, são algumas das atividades que geram uma sensação de conforto e tranquilidade para pessoas ansiosas. Deixar as mãos ocupadas executando uma tarefa repetitiva ajuda também a focar no presente e a se desligar do motivo que gera a ansiedade, afirmam especialistas.

O impacto é observado tanto em adultos, quanto em crianças. Mas no organismo em formação dos pequenos ele é mais intenso, sobretudo no que tratamento da ansiedade.

Ansiedade infantil

Os sintomas da ansiedade em crianças se dividem em dois grupos, de acordo com a medicina. O primeiro são os chamados sinais internalizantes. Ou seja, pensamentos ruminantes que ocupam as mentes das crianças o tempo todo, fazendo com que elas se preocupem em excesso com aquela questão. O segundo são os externantes, que se traduzem em agitações motoras e verbais: se mexer ou falar sem parar, roer unhas, balançar pernas, suar frio nas mãos, sentir o coração batendo mais rápido, ter dificuldade para dormir, entre outras sensações.

Assim como adultos, crianças podem ficar ansiosas quando estão na expectativa de algum acontecimento muito esperado — como o retorno às aulas ou a tão desejada festa de aniversário — ou quando se deparam com algo que gere uma insegurança sobre o futuro — como a separação dos pais ou a ida ao consultório médico. Apresentar os sintomas da ansiedade nesses contextos, e por um período compatível com a situação, é normal. Diante desses cenários, os brinquedos podem ajudar a aliviar a tensão que a expectativa gera. No entanto, dar sinais por mais de seis meses pode significar um transtorno de ansiedade. 

Segundo Rochele Paz Fonseca, professora de Psicologia da PUC do Rio Grande do Sul e presidente da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia, a ansiedade pode ter fatores genéticos e ambientais.

Recentemente, a Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA (USPSTF), apoiada pelo governo americano, recomendou que as crianças a partir de 8 anos sejam avaliadas para ansiedade mesmo que não apresentem sintomas para a condição. O objetivo é diagnosticar preventivamente o problema e prevenir consequências negativas futuras. No Brasil, ainda não há orientações específicas sobre o assunto.

 

 

A família deve ficar atenta a mudanças de comportamento das crianças, principalmente diante de situações que podem servir de gatilho para a ansiedade. Ao notar que há algo de diferente, é preciso agir. O ideal é sempre procurar por uma ajuda especializada, seja de um pediatra ou de um psicólogo, para avaliar os gatilhos que lavaram a criança a ficar ansiosa.

Os melhores brinquedos para ansiedade

Massinha

Massinha tem ação relaxante pelo tato e oferece oportunidade de trabalhar a criatividade — Foto: Reprodução

Massinha tem ação relaxante pelo tato e oferece oportunidade de trabalhar a criatividade — Foto: Reprodução

Apertar uma massinha de modelar deflagra sensação de alívio. Além disso, esse brinquedo ainda proporciona a possibilidade de exercer a criatividade, fazendo a pessoa se concentrar naquele momento e esquecer os problemas que provocam a ansiedade.

O brinquedo de silicone ajuda a aliviar a ansiedade por causa dos movimentos repetitivos, do toque suave à superfície emborrachada e do barulho semelhante ao estouro de bolhas. Tudo isso produz uma sensação agradável, pois ativa áreas do cérebro ligadas à gratificação, ao alívio e conforto.

Spinner

O brinquedo giratório ajuda o cérebro a "desligar" do que acontece no entorno e a focar em apenas uma ação. Isso ajuda a esquecer das questões que geram ansiedade, por exemplo.

Squishmallows

Squishmallows: brinquedos ajudam crianças a controlar ansiedade e achar o equilíbrio — Foto: Reprodução

Squishmallows: brinquedos ajudam crianças a controlar ansiedade e achar o equilíbrio — Foto: Reprodução

As pelúcias feitas de fibra de poliéster (tecido com uma textura macia) e com forma arredondada proporcionam uma estimulação tátil calmante e satisfatória. A superfície agradável e o design fofo são um convite para um abraço apertado. Abraçar libera uma série de neurotransmissores, como a endorfina, que acalmam e relaxam.

Cubo infinito

Esse brinquedo é formado por 8 cubos pequenos que podem girar em qualquer direção e ângulo, sem restrições. Ele ajuda a manter o foco, além de estimular a criatividade.

Slime

Slime: Meleca colorida traz relaxamento por meio do tato — Foto: Reprodução

Slime: Meleca colorida traz relaxamento por meio do tato — Foto: Reprodução

Areia cinética

A capacidade da areia cinética de se juntar ou se espalhar é encantadora. Essa característica traz curiosidade e ativa áreas do cérebro responsáveis pelo mecanismo de recompensa.

Esfera de Hoberman

A possibilidade de movimentos de abrir e fechar podem auxiliar quando é preciso se concentrar na respiração. O movimento de abrir e fechar da bola pode acompanhar a inspiração e expiração, ajudando a relaxar.

Liquid Motion Bubbler Timer

Liquid Motion Bubble funciona quase como "hipnotizante" ao prender a atenção pelos movimentos e cores — Foto: Reprodução

Liquid Motion Bubble funciona quase como "hipnotizante" ao prender a atenção pelos movimentos e cores — Foto: Reprodução

Esse brinquedo lembra os laboratórios de ciências. Bolhas coloridas que giram por um minuto dentro de um cilindro com água prendem a atenção e ajudam a esquecer de tudo o que acontece ao redor. O movimento e as cores têm efeitos "hipnotizantes" e acalmam o cérebro.


O Globo quinta, 05 de maio de 2022

ESPORTES: ANDERSON SILVA - NUNCA MAIS CORRI

'Nunca mais corri, é uma dor insuportável', diz Anderson Silva sobre perna quebrada há oito anos

Lutador afirmou em entrevista para podcast que sente medo de tirar haste que está no joelho
'Nunca mais corri, é uma dor insuportável', diz Anderson Silva sobre perna quebrada há oito anos Foto: Eric Espada / AFP
'Nunca mais corri, é uma dor insuportável', diz Anderson Silva sobre perna quebrada há oito anos Foto: Eric Espada / AFP
 

Quando se pensa em Anderson Silva, a imagem é de um lutador vencedor e muito seguro de si. Mas em entrevista ao podcast 'Mais que 8 Minutos', o ex-campeão do UFC afirmou que ainda sofre com a lesão que sofreu há oito anos, quando quebrou a perna esquerda ao chutar o americano Chris Weidman em dezembro de 2013.

"Eu estava em uma casa na frente da praia. Olhava a galera correndo e falava que ia correr quando a perna ficasse boa. Nunca mais corri. Eu até tento, mas não consigo. Não corro mais. De vez em quando, eu tento correr e começa a doer a perna. É uma dor insuportável. Tem as duas hastes e parafuso no joelho e no tornozelo. O medo agora é de repente ter que tirar a haste. O médico falou que poderia tirar, mas eu falei para deixar", falou Spider, ao explicar o que sentiu no momento da contusão:

"A perna foi um choque, mais do que a dor. Quando eu chutei e senti que quebrou, eu não botei o pé no chão. Caí e segurei a perna. Falei: 'Não acredito que está acontecendo isso comigo'", contou.

Além disso, Spider relatou como foi o processo de recuperação da cirurgia na perna esquerda.

"Quando você quebra a perna, bota aquelas antenas externas. Eu ficava falando que não queria colocar aqueles negócios na perna. Os caras me dando remédio para me acalmar, porque eu achava que ia ficar aquelas paradas para fora. Operei, acordei no outro dia e falei: 'passou'. Passou nada. Aí começou a vir a dor. A minha perna ficava para cima, não bombeava sangue. Quando botava para baixo, descia a pressão do sangue todo. Foi um ano de perrengue."

Coincidentemente, o mesmo Chris Weidman sofreu lesão parecida há um ano, em abril de 2021. Por saber o quão difícil é a recuperação da contusão, Spider afirmou que conversou com o lutador.

"Eu falei com ele. A gente está praticando esporte, mas estamos ali trabalhando. Ele estava defendendo o dele. A mesma dor que eu senti, ele vai sentir também. Se tem alguma coisa misteriosa, espiritual em volta disso, não sabemos, mas o cara quebrou igual. Eu falei que era difícil, mas que ele tem que ter foco. Se você parar um dia a fisioterapia, já vai complicar tudo. Tem que ficar ali na fisioterapia todo dia".

 


O Globo quarta, 04 de maio de 2022

GASTRONOMIA: DO PARÁ À ITÁLIA, A FOLIA GASTRONÔMICA ESTÁ NA MESA

Por Gustavo Cunha

 


Drinques autorais do Bottega Gastrobar, novidade em Botafogo — Foto: Tomás Vélez/Divulgação

Drinques autorais do Bottega Gastrobar, novidade em Botafogo — Foto: Tomás Vélez/Divulgação

 

Há novos sabores na cidade. Das margens do Rio Tapajós para a da Baía de Guanabara, chega o renomado Casa do Saulo e seus sabores amazônicos. No topo do Hotel Nacional, em São Conrado, o The View tem o visual como aperitivo para a mistura de receitas europeias e brasileiras do chef italiano Samuele Oliva. Ainda tem um restaurante de clássicos italianos, outros dois (dois!) dedicados à carne suína e bares.

 

Casa do Saulo

 

Mix Tapajônico,  com iguarias típicas do Pará, do restaurante Casa do Saulo, que abriu filial no Rio de Janeiro — Foto: Hermes Jr./Divulgação

Mix Tapajônico, com iguarias típicas do Pará, do restaurante Casa do Saulo, que abriu filial no Rio de Janeiro — Foto: Hermes Jr./Divulgação

Um dos mais cultuados restaurantes do Pará, às margens do Rio Tapajós, acaba de ganhar uma filial carioca, no Museu do Amanhã. A cozinha tocada por Saulo Jennings tem por base ingredientes amazônicos produzidos por comunidades rurais de Santarém. Quem desbravar essa floresta de sabores pode começar com o Mix Tapajônico (R$ 45,90), uma tábua de petiscos com dadinho de tapioca e geleia apimentada de cupuaçu, bolinho de piracuí com maionese de pirarucu defumada e isca de peixe com geleia de açaí e bacon.

 

Casa do Saulo: restaurante do Pará abre filial no Rio de Janeiro

O ambiente do restaurante Casa do Saulo, no Museu do Amanhã, voltado para espelho d'água à beira da Baía de Guanabara — Foto: DivulgaçãoO ambiente do restaurante Casa do Saulo, no Museu do Amanhã — Foto: Divulgação
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Detalhe na decoração do restaurante Casa do Saulo, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro — Foto: Divulgação
Premiada casa no Norte do Brasil ganha endereço no Museu do Amanhã

Também para beliscar, tem linguiça de pirarucu com jambu (R$ 49,90), que deixa a língua formigando devido ao efeito da erva típica. Entre os pratos individuais, opções como o Paraíso Verde (pirarucu com bacon, melaço de tucupi e homus de feijão-santarém, R$ 75,90) e a Feijoqueca ( pirarucu e camarão rosa no molho de moqueca com cumaru, feijão-santarém, banana-da-terra e crispy de jambu, R$ 89,90). Ambos com arroz de chicória e farofa.

Museu do Amanhã. Praça Mauá 1, Centro — 3812-1800. Ter a dom, do meio-dia às 18h.

 

The View

 

O restaurante The View, no 30º andar do Hotel Nacional, em São Conrado — Foto: Divulgação

O restaurante The View, no 30º andar do Hotel Nacional, em São Conrado — Foto: Divulgação

O nome do restaurante que ocupa o 30º andar do Hotel Nacional dá a dica sobre o que esperar do endereço recém-aberto. A vista para o mar enche os olhos, mas a casa não se resume à paisagem. Da cozinha comandada pelo italiano Samuele Oliva (ex-Terraço Itália e ex-Casa Camolese) saem pratos que fundem as culinárias espanhola, árabe, portuguesa, brasileira, francesa, italiana e mediterrânea. Entre as opções de pratos principais, destaque para o risoto de frutos do mar com sorbet de alcachofra (R$ 83), o espaguete com camarões ao perfume de limão (R$ 78) e o miolo de chorizo grelhado com batatas ao murro, aspargos, crocante de bacon e espuma de menta (R$ 119).

 

Hotel Nacional. Av. Niemeyer 769, São Conrado — 96855-1818. Seg a qui, das 17h à meia-noite. Sáb e dom, do meio-dia às 16h e das 20h à meia-noite.

 

Bottega Gastrobar

 

O restaurante Bottega Gastrobar, em Botafogo, no Rio de Janeiro — Foto: Tomás Vélez/Divulgação

O restaurante Bottega Gastrobar, em Botafogo, no Rio de Janeiro — Foto: Tomás Vélez/Divulgação

O Bottega, que ocupa um endereço na Rua Paissandu, no Flamengo, agora também marca presença em Botafogo. A filial, inaugurada na última sexta-feira, está instalada numa casa de dois andares e varanda, na Rua Visconde de Caravelas. O cardápio da chef Sol Mass tem por base a cozinha mediterrânea, e tem opções como peixe grelhado com espuma de inhame (R$52,90) e filé de frango crocante com risoto de limão siciliano (R$ 48,90). Na carta de drinques, dezenas de criações irreverentes, como o Sardenha (gim, toque de azeite trufado, vermute tinto, Aperol, calda de mirtilo e manjericão roxo, R$ 36).

Rua Visconde de Caravelas 121, Botafogo — 99644-0701. Ter a qui, das 11h30 às 16h e das 18h à meia-noite. Sex e sáb, das 11h30 à 1h. Dom, das 11h30 à meia-noite.

 

Casa Tua

 

Lombo de cordeiro em crosta de funghi com risoto de ervas frescas, do restaurante Casa Tua — Foto: Roberto Moreyra/Agência O Globo

Lombo de cordeiro em crosta de funghi com risoto de ervas frescas, do restaurante Casa Tua — Foto: Roberto Moreyra/Agência O Globo

 

Desde que abriu as portas no lugar onde funcionou o Gero Barra, há pouco mais de uma semana, o Casa Tua anda cheio. Empreendimento de Alexandre Accioly e Atagerdes Alves (ex-Fasano), o restaurante oferece clássicos italianos e criações autorais. O cardápio é extenso, com opções como o tortelli recheado com carne de vitelo braseado e molho de cogumelos (R$ 94) e o lombo de cordeiro em crosta de cogumelos ao molho de vinho tinto, com risoto de ervas (R$ 182). Ainda neste mês, abre, no mesmo imóvel, o Casa Tua Forneria, endereço com pegada mais descolada, pizzas e sanduíches.

Av. Erico Verissimo 190, Barra — 3030-0010. Ter a qui, do meio-dia às 15h e das 19h à meia-noite emeia. Sex, do meio-dia às 16h e das 19h a 1h30. Sáb, do meio-dia a 1h30. Dom, do meio-dia às 17h.

 

BistrOgro

 

Porc au vin: releitura de clássico francês do restaurante BistrOgro — Foto: Beto Roma/Divulgação

Porc au vin: releitura de clássico francês do restaurante BistrOgro — Foto: Beto Roma/Divulgação

O chef Jimmy McManis — mais conhecido como Jimmy Ogro — abriu, no último mês, um restaurante dedicado à carne suína. No menu, releituras irreverentes para pratos clássicos, como o ceviche de mignon suíno assado com batata chips (R$ 42), a moqueca de porco com farofa e arroz (R$ 54) e o “porc au vin” (R$54), com purê de batata com alho assado. A casa, que também serve hambúrgueres, massas e risotos, ocupa o local onde funcionou o Empório Santa Fé, ao lado do antigo Edifício Manchete.

 

Praia do Flamengo 2, Flamengo — 99343-4442. Seg e ter, do meio-dia às 17h. Qua a dom, do meio-dia a 1h.

 

Porco Amigo Bar

 

Pratos e petiscos do Porco Amigo Bar, que abre filial no Leblon — Foto: Guiga Lessa/Divulgação

Pratos e petiscos do Porco Amigo Bar, que abre filial no Leblon — Foto: Guiga Lessa/Divulgação

E por falar em carne suína... O bar de sucesso em Botafogo abriu há pouco sua primeira filial, no Leblon, no lugar do extinto Desacato. No menu, aperitivos criativos como a coxinha de leitão com creme de queijo defumado (R$ 9,50), a empada de bobó de porco com queijo cremoso (R$ 9,50) e o bolinho de arroz com linguiça suína, queijo meia cura e aioli de alho assado (R$ 9,50). Há opções generosas como as bochechas lusitanas com legumes grelhados (R$ 56) e a costela de porco preto com farofa, vinagrete, batatas e legumes assados (R$ 89).

Rua Conde de Bernadotte 26A, Leblon — 3012-1621. Ter a sáb, do meio-dia a 1h30. Dom, do meio-dia às 22h.

 

Tio Ruy

 

Tio Ruy: nova filial na Barra tem promoção semanal de chopes artesanais — Foto: Bruno de Lima/Divulgação

Tio Ruy: nova filial na Barra tem promoção semanal de chopes artesanais — Foto: Bruno de Lima/Divulgação

 

Com bares na Gávea (no Planetário) e na Barra (no UpTown), a cervejaria Tio Ruy completa cinco anos com um novo endereço, com mesas na calçada, que já virou point na Olegário Maciel. Às terças-feiras, são servidos chopes artesanais em dobro — os copos saem a partir de R$ 8,50 (ou R$ 4,25, na promoção). Há opções em conta para comer, como os palitos de queijo coalho com mel (R$ 26) e as tábuas com linguiça, carne e frango, com farofa e molho à campanha, a R$ 96. No almoço de segunda a sexta-feira, pratos executivos a partir de R$ 25,90.

Av. Olegário Maciel 231, Barra — 97679-1067. Dom a ter, do meio-dia à meia-noite. Qua, do meio-dia a 1h. Qui, do meio-dia às 2h. Sex e sáb, do meio-dia às 3h.

 

Bibi Lab

 

A fachada do restaurante/lanchonete Bibi Lab, novidade em Copacabana — Foto: João Lobo/Diulgação

A fachada do restaurante/lanchonete Bibi Lab, novidade em Copacabana — Foto: João Lobo/Diulgação

Rede de lanchonetes consolidada na cidade há quase três décadas, a Bibi Sucos criou uma espécie de laboratório gastronômico em Copacabana. Por ali, são testadas receitas que, a depender do sucesso com o público, entram no cardápio das lojas. Em teste, sanduíches como o Crok Fish (R$ 45,90), com peixe crocante, aioli, legumes acidulados e couve frita, e o Choripan (R$ 34,90), com linguiça de pernil, salsa de tomate, picles de cebola roxa e aioli.

 

Rua Santa Clara 33, Copacabana — 2236-6000. Diariamente, das 8h30 à meia-noite.


O Globo terça, 03 de maio de 2022

PARIS: MOULIN ROUGE ABRE SEU FAMOSO MOINHO PARA HOSPEDAGEM PELA PRIMEIRA VEZ EM SUA HISTÓRIA

 


O quarto temático dentro do moinho do Moulin Rouge, em Paris, aberto para três noites em junho — Foto: Divulgação / Airbnb

O quarto temático dentro do moinho do Moulin Rouge, em Paris, aberto para três noites em junho — Foto: Divulgação / Airbnb

Uma das construções mais conhecidas de Paris, o moinho vermelho do Moulin Rouge receberá hóspedes pela primeira vez em sua história. Um quarto foi montado dentro da estrutura e poderá ser reservado pelo Airbnb, em três datas ao longo de junho.

O quarto poderá ser ocupado nas noites de 13, 20 e 27 de junho, e as reservas estarão abertas na plataforma de aluguel por temporada a partir do dia 17 de maio. Serão permitidas até duas pessoas por noite, e o valor da reserva é simbólico: apenas 1 euro (R$ 5,30 aproximadamente).

Além da chance de dormir no moinho mais famoso da França, a diária dá direito a um tour pelos bastidores do famoso cabaré, para conhecer sua história e os profissionais que trabalham ali. Os hóspedes terão ainda um aperitivo, no romântico terraço da cobertura, seguido de jantar com três pratos do menu Belle Époque, preparados pelo chef Arnaud Demerville, e um clássico café da manhã parisiense.

Veja imagens: o quarto 'secreto' dentro do moinho do Moulin Rouge, em Paris

A decoração do quarto segue bem o estilo romântico e exagerado do Moulin Rouge, em Paris
6 fotos
Em junho, será possível reservar um quarto no cabaré mais famoso da França pelo Airbnb

Também estão incluídos dois ingressos para lugares privilegiados do show "Féerie", o espetáculo fixo da casa, em cartaz desde 1999. Os hóspedes, aliás, serão recebidos pessoalmente pela dançarina principal do Moulin Rouge e estrela maior da produção, Claudine Van Den Bergh, e poderão tirar fotos com o elenco.

 A decoração do quarto segue o estilo art nouveau e remete ao final do século XIX, em plena Belle Époque francesa, quando o moinho surgiu homenageando o passado rural da região, onde hoje está o agitado bairro de Montmartre. Erguido em 1889, foi reconstruído três décadas mais tarde, após ser danificado por um incêndio. Para conseguir criar um cenário fidedigno, o Airbnb contou com a consultoria de Jean-Claude Yon, um especialista naquele período.

A decoração do quarto segue bem o estilo romântico e exagerado do Moulin Rouge, em Paris — Foto: Divulgação / Airbnb

A decoração do quarto segue bem o estilo romântico e exagerado do Moulin Rouge, em Paris — Foto: Divulgação / Airbnb

"A Belle Époque foi um período em que a cultura e as artes francesas floresceram – e nenhum local deste período é mais emblemático do que o Moulin Rouge. Este quarto secreto, dentro do famoso moinho do cabaré, foi projetada para levar os hóspedes a uma autêntica viagem no tempo, para conhecer a história da capital francesa, da arte e do prazer”, explicou o historiador, em comunicado à imprensa.

O quarto conta ainda com detalhes curiosos, como um palco de papel em miniatura do cabaré, um camarim com acessórios glamourosos de época, com trajes vintage, perfumes e cartas de fãs e um terraço privativo na cobertura, com móveis característicos da época.

O terraço anexo ao quarto do moinho do Moulin Rouge, em Paris: ótimo lugar para um drinque pós-show — Foto: Divulgação / Airbnb

O terraço anexo ao quarto do moinho do Moulin Rouge, em Paris: ótimo lugar para um drinque pós-show — Foto: Divulgação / Airbnb

As reservas devem ser feitas a partir das 19h do dia 17 de maio, através do site airbnb.com/moulinrouge.


O Globo segunda, 02 de maio de 2022

EMIGRAÇÃO: CIDADANIA PORTUGUESA - LEI É REGULAMENTADA, E PEDIDOS DE BRASILEIROS DISPARAM

 

Cidadania portuguesa: lei é regulamentada, e pedidos de brasileiros disparam

 

Menino pega carona em um bondinho em Alfama, Lisboa

 

 A recente regulamentação das alterações na Lei da Nacionalidade, aprovadas em 2020, ajudou a impulsionar o número de pedidos e consultas de brasileiros que buscam a cidadania portuguesa.

PassaportePedidos de cidadania portuguesa feitos por brasileiros subiram 141%

Entre as principais mudanças de 2020 que foram agora regulamentadas: netos de portugueses estão dispensados de comprovar vínculo com o país. Para brasileiros, basta domínio da língua portuguesa. E podem requerer sem que os pais tenham cidadania. Pessoas casadas com portugueses e portuguesas podem obter a cidadania após três anos de união estável.

 

As modificações na Lei da Nacionalidade não são novas. Mas somente em 15 de abril, com quase dois anos de atraso, entrou em vigor o decreto que altera o Regulamento da Nacionalidade Portuguesa, publicado no Diário da República em 18 de março. 

Especialistas dizem que a regulamentação da lei acrescenta um novo fator de desejo pela cidadania, ao lado dos tradicionais segurança, qualidade de vida e estabilidade na econômica e na política. Ainda mais em ano de eleição presidencial no Brasil. 

ImigraçãoPortugal é o segundo país que mais concede cidadanias na Europa

Assim, houve aumento de consultas e de entradas em pedidos em ao menos quatro dos escritórios mais atuantes no auxílio à imigração consultados pelo Portugal Giro.

No Clube do Passaporte, houve aumento de 368% dos contratos nos quatro primeiros meses deste ano, garantiu Gabriel Ezra, um dos sócios.

— Consideramos o número de clientes fechados nos primeiros quatro meses deste ano, comparados com 2021. Ano passado foram 50. Este ano, 184. É um aumento de 368% — disse Ezra.

O escritório admite que houve aumento acima do esperado após as novas regras, mas ressalta que a procura tem sido intensa desde o início deste ano.

HerançaPerfil dos pedidos de cidadania portuguesa muda e vira saída para incerteza econômica no Brasil

O mesmo aconteceu no Pimentel Aniceto Advogados, assegurou o sócio Fábio Pimentel.

—  A procura aumentou entre 45% e 50%. A regulamentação daquela lei de 2020 reforça o estabelecimento de critérios mais justos e benéficos — disse Pimentel.

O advogado Thiago Huver, sócio da Martins Castro Consultoria Internacional, afirma que houve aumento de 30% nas últimas duas semanas.

— O fato de o domínio da língua portuguesa ser um comprovante de vínculo à comunidade portuguesa facilitou o acesso aos descendentes de netos portugueses — declarou Huver.

Veja o que mudaFator Abramovich faz Portugal apertar acesso à cidadania e presidente de associação judaica fala em insulto 

Na ALM Advogadas Associadas, o aumento foi de 20%. Vanessa Lopes, uma das sócias, ressalta que a possibilidade de fazer o pedido pela internet, previsto no decreto, é promissora. Mas a via eletrônica ainda não está disponível e nem há data para que entre em vigor.

— Acredito que o governo precisa implementar um novo sistema de suporte aos serviços de registro, que funcione de forma menos burocrática e ágil — declarou Lopes.

A advogada Mafalda Dias Martins adverte que a regulamentação da lei não garante imediatamente mais rapidez, mas promete agilidade nos processos, que se acumularam ao longo dos anos. Ela analisa os crescentes pedidos feitos por brasileiros como a possibilidade de ter uma alternativa ao Brasil.

— As eleições presidenciais e a incerteza cambial têm sido alguns dos motivos que levam, cada vez mais, brasileiros a procurar a possibilidade de requerer a cidadania. Não se trata, necessariamente, de uma vontade de se mudarem para Portugal, mas sim a possibilidade de ter um plano B — revelou Martins.

EntendaBusca pela cidadania portuguesa fica mais sofisticada e encontra milhares de brasileiros com direito

O processo do advogado mineiro Francisco Rocha é um dos que estão na fila da análise. Neto de português, ele deu entrada em 2020 antes da alteração da lei, mas precisou requerer primeiro a cidadania do pai, o que atrasou o procedimento.

— Não havia a facilidade de obter a cidadania direto de avô para neto. A do meu pai já saiu. Se pensarmos que talvez a minha demorasse o mesmo tempo, eu já seria cidadão português — disse Rocha.

Na prática, além da regulamentação, o decreto introduz “algumas melhorias na tramitação dos procedimentos de nacionalidade (...)  agilizando alguns aspectos”. Isso poderá acontecer com uma tentativa de padronização dos procedimentos e melhor comunicação eletrônica entre a Conservatória dos Registos Centrais com outros serviços ou entidades.

ReivindicaçãoBrasileiros reconhecidos tardiamente por pais portugueses buscam cidadania no Parlamento

No decreto, Portugal também amplia a cidadania aos bebês nascidos no país, mesmo que os pais não estejam com residência regularizada.

Em relação aos judeus sefarditas, o governo, a partir do decreto, passa a exigir provas de “ligação efetiva e duradoura com Portugal”.


O Globo domingo, 01 de maio de 2022

NATUREZA: O DESAFIO DE SALVAR OS ÚLTIMOS 30 BOTOS-CINZA DA BAÍA DE GUANABARA

 

Por Ana Lúcia Azevedo

 


Boto nada na Baía de Guanabara; ao fundo, a Ilha de Paquetá — Foto: Custodio Coimbra

Boto nada na Baía de Guanabara; ao fundo, a Ilha de Paquetá — Foto: Custodio Coimbra

 

RIO —Num recanto de mar onde o passado de paraíso tropical da Baía de Guanabara persiste, uma fêmea de boto-cinza nada junto a um filhote recém-nascido. O único som é o do esguicho da respiração dos cetáceos ao subir à superfície. A água parece um espelho e o tempo, ter parado. Movimento só o dos botos, que fazem acrobacias na paisagem emoldurada pela Serra dos Órgãos, a mesma cena que há séculos encanta gerações. O silêncio e os animais são os últimos sobreviventes de um mundo quase perdido.

 
Os botos-cinza do Rio de Janeiro 
 

Os botos-cinza do Rio de Janeiro

 

Já não chegam a 30 os botos da Guanabara. E eles materializam a resiliência e os desafios de sobrevivência da própria baía. A fêmea é o boto mais velho e o filhote o bebê mais novo da Guanabara, explicam cientistas do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores (Maqua) da Faculdade de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Há três décadas o Maqua estuda e busca salvar os botos-cinza (Sotalia guianensis) da Guanabara. Existe esperança, mas o portal do tempo onde os botos resistem se estreita à medida que a poluição da água e sonora avançam, alertam os cientistas do Maqua.

— As águas da Guanabara ainda guardam imensa riqueza, mas as agressões só aumentam e afetam a todos nós. Os botos, animais do topo da cadeia alimentar, são as suas sentinelas e o seu maior símbolo. A poluição que os afeta também nos atinge. Salvar os oceanos é salvar a nós mesmos e é possível — destaca José Lailson Brito Junior, oceanógrafo, doutor em biofísica e um dos fundadores e coordenadores do Maqua.

Ouça: os botos-cinza do Rio de Janeiro
 
 
 
 
 A fêmea, apelidada de Titia pelos cientistas, tem mais de 20 anos, já está próxima do fim da vida, pois sua espécie não costuma passar dos 30. Ela nunca teve filhotes, mas, como as fêmeas de sua espécie, participa da criação dos bebês do grupo.
 
 

O bebê é o primeiro nascido este ano e, como a maioria dos botos da Guanabara, tem reduzida chance de chegar a 6 ou 7 anos, idade em que começam a se reproduzir, afirma Alexandre de Freitas Azevedo, especialista em comportamento e bioacústica de cetáceos e também um dos fundadores e coordenadores do Maqua. É essa morte precoce que, ano a ano, coloca o boto da Guanabara cada vez mais perto do fim.

Em seu canto de mar, o grupo de Titia e do bebê, que ainda não foi “batizado” pelos pesquisadores, trabalha com conjunto para capturar peixes. Também coopera para a proteção. O bebê está sempre colado na mãe e em algum adulto, nada o tempo todo sob a vigilância dos mais velhos.

Mas alguns botos apresentam comportamentos peculiares na baía. Parecem se divertir capturando pedaços de lixo plástico com o focinho ou a ponta de cauda e os atirando para outros membros do grupo. Um jogo perigoso, que pode ser aprendizado de caça a cardumes, mas os expõe a engolir e sufocar com detritos contaminados.

Botos-cinza nadam nas águas do Rio — Foto: Custodio Coimbra / Agência O Globo

Botos-cinza nadam nas águas do Rio — Foto: Custodio Coimbra / Agência O Globo

Quando os primeiros europeus chegaram, os botos se contavam aos milhares. No século XVI, o missionário francês Jean de Léry (1536-1613), autor de “História de uma viagem à terra do Brasil”, escreveu que os botos “reuniam-se não raro em tão grande número em torno de nós e até onde alcançava a vista”.

 Os botos foram caçados à beira do extermínio, tiveram seu hábitat progressivamente destruído. Porém, até o início do século XX ainda eram relativamente comuns, ao ponto de estarem no brasão e na bandeira do município do Rio de Janeiro.
 

“O habitante mais curioso da nossa baía e considerado, até a presente data, como exclusivo da Guanabara: é o boto. (...)São os acrobatas da nossa baía, considerados pelos homens do mar como amigos”, escreveu o naturalista e jornalista Armando Magalhães Corrêa (1889-1944), em “Águas Cariocas”, coletânea de crônicas sobre a Guanabara do início dos anos 30 do século XX.

Porém, já na década de 1980, não havia mais que 400 animais. Em 1992, ano em que o Maqua foi fundado, esse número havia caído para pouco mais de uma centena. Em 2014, só 40 foram registrados pelos cientistas do Maqua.

"Os botos-cinza são guerreiros. Resistem, insistem. E nos fascinam", diz Rafael Ramos Carvalho, pesquisador do Maqua. — Foto: Custodio Coimbra / Agência O Globo

"Os botos-cinza são guerreiros. Resistem, insistem. E nos fascinam", diz Rafael Ramos Carvalho, pesquisador do Maqua. — Foto: Custodio Coimbra / Agência O Globo

Este ano, eles não chegam a 30. São os últimos. E a vista quase já não os alcança. Vê-los se tornou prêmio, privilégio. Os cientistas recorrem não apenas aos olhos treinados, mas a equipamentos como hidrofones para encontrá-los, pois é dentro d’água que esses cetáceos se comunicam.

 

Diferentemente dos golfinhos, oceânicos e desinibidos, os botos costeiros são tímidos, evitam se aproximar do ser humano. Estão praticamente confinados num canto da baía junto à Estação Ecológica da Guanabara e à Área de Proteção Ambiental de Guapimirim. Já houve tempo em que acompanhavam a barca para Paquetá e chegassem até a Praia de Ramos.

— Hoje é muito difícil que deixem as áreas protegidas — observa Azevedo.

Nelas, as águas são um pouco menos sujas e há menos ruído. No restante da baía, os navios tornam o fundo do mar mais barulhento do que a Avenida Brasil. Uma cacafonia de estrondos e zumbidos sem regras, gerada pelos motores permanentemente ligados de navios e o vai-e-vem incessante de embarcações. O fundo das águas é mais barulhento do que a superfície, enfatizam os cientistas.

Para os botos, a poluição sonora é intolerável. Eles usam ecolocalização para encontrar seu alimento, principalmente corvinas e camarões. E se comunicam com uma variedade de sons, seja para caçar em grupo, alertar sobre algum perigo ou numa série de interações sociais complexas.

Equivocado sobre a distribuição geográfica da espécie, já que ela é encontrada em baías costeiras de Honduras a Santa Catarina, Magalhães Corrêa, a seu modo, estava certo sobre o quão excepcionais são os botos da Guanabara.

— São guerreiros. Resistem, insistem. E nos fascinam. Nunca conhecemos a espécie tão bem quanto agora graças aos anos de pesquisa, dedicação e tecnologia. Porém, paradoxalmente, eles também nunca foram tão raros e ameaçados — frisa Rafael Ramos Carvalho, pesquisador do Maqua.

Os filhotes de botos da Guanabara têm pouca chance de chegar à idade adulta porque são vítimas de agressão. A primeira é a pesca acidental, não são poucos os que morrem asfixiados ao ficar presos em redes de arrasto.

 

Mas inimiga muito maior é a poluição. Mamíferos, os botos gastam imensa quantidade de energia para sobreviverem na água. Seu metabolismo é intenso e precisam comer muito. Por isso, ingerem também grande quantidade de poluentes presentes na água e nos peixes e crustáceos dos quais se alimentam.

Os poluentes se acumulam no tecido adiposo ao longo da vida do animal. Como as mães passam entre 80% a 90% de sua gordura para o filhote no leite, altamente energético, os botos bebês já recebem poluentes desde o nascimento. Há também transferência na gestação, via placenta.

— Com 6 anos de vida, um boto já tem uma carga brutal de poluentes. É tão grande que quase sempre as fêmeas perdem o seu primeiro filhote, porque ele já nasce com o sistema imunológico comprometido devido à contaminação e não resistem a doenças — explica Brito Junior.

Por volta de 6 anos, também os contaminantes acumulados deixam os animais com o sistema de defesa comprometido e a maioria morre.

Na Guanabara sem saneamento, há esgoto doméstico e poluentes industriais tão agressivos e letais quanto PCBs, ascarel, dioxina (resultado da queima de lixo doméstico e industrial), retardantes de chamas, que persistem por anos após o lançamento.

— Os cetáceos do Brasil têm a maior taxa de contaminação já registrada em um animal do mundo — afirma José Lailson Brito Junior.

Ele enfatiza que os mesmos poluentes também afetam os seres humanos expostos a eles:

— Tudo o que vemos acontecer com os cetáceos ocorre também conosco, em diferentes escalas, mas não deixa de nos afetar. O boto nos avisa — acrescenta.

Em tese, o boto-cinza poderia se aventurar oceano afora. Mas a espécie é residente, vive por toda a vida na baía onde nasceu. E os da Guanabara insistem na baía que Magalhães Corrêa descreveu como “verdadeiro jardim tropical, o maior e mais belo do mundo, onde a biologia está à espera do homem para ensiná-lo.”


O Globo sábado, 30 de abril de 2022

TURISMO: NA ESPANHA, OS ENCANTOS DE UM VILAREJO ONDE HÁ MAIS LIVREIROS DO QUE ALUNOS

Por Raphael Minder / 2022 / The New York Times

 


Vista aérea de Urueña, povoado no interior da Espanha — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

Vista aérea de Urueña, povoado no interior da Espanha — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

Situada no topo de uma colina no noroeste da Espanha, Urueña dá vista para uma paisagem ampla e varrida pelo vento que inclui campos de girassóis, de cevada e uma vinícola famosa. As paredes de algumas lojas foram erguidas lado a lado com as muralhas do século XII que a circundam.

Apesar de toda essa beleza rústica, e como muitos vilarejos no interior espanhol, há décadas ela vem enfrentando problemas por causa do encolhimento e do envelhecimento da população, estagnada em apenas cem moradores em tempo integral. Aqui não há açougueiro nem padeiro, já que ambos se aposentaram há alguns meses; a escola conta com apenas nove alunos. Nos últimos dez anos, porém, um setor que vai de vento em popa é o literário: há 11 casas comerciais que vendem livros, sendo nove especializadas.

— Nasci em um vilarejo que não tinha livrarias, onde as pessoas se preocupavam muito mais em cultivar a terra e criar animais do que ler. Essa mudança é meio estranha, sim, mas não deixa de ser motivo de orgulho um lugar minúsculo como este ter se tornado um centro cultural, o que sem dúvida nos diferencia e nos torna especiais em comparação com as aldeias à nossa volta — afirma o prefeito Francisco Rodríguez, de 53 anos.

Urueña, o vilarejo no interior da Espanha que virou atração turística para amantes dos livros

A livraria Páramo, uma das 11 que funcionam em Urueña, cidadezinha no interior da Espanha com apenas cem habitantes — Foto: Samuel Aranda/The New York Times
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Com uma população fixa de apenas cem pessoas, cidadezinha a duas horas de Madri tem 11 livrarias

A tentativa de transformar Urueña em um centro literário vem de 2007, quando as autoridades da província investiram três milhões de euros para ajudar a restaurar e converter as construções locais em livrarias e construir um centro de exposições e conferências. E fizeram uma oferta de dez euros mensais como aluguel simbólico para os interessados em administrar um dos negócios.

O plano era manter a aldeia viva graças ao turismo de livros, imitando o de outros centros literários rurais europeus — mais notadamente Montmorillon na França e Hay-on-Wye no Reino Unido, que organiza um dos festivais mais famosos do continente.

A Espanha é dona de um dos maiores mercados editoriais da Europa, que alimenta uma rede de cerca de três mil livrarias independentes — e o dobro disso se contarmos as papelarias e outras casas comerciais que também vendem livros.

— No entanto, 40% delas têm um lucro anual de menos de 90 mil euros, o que as coloca na categoria de "subsistência". Nesse setor, tamanho é documento; a tendência é que as menores desapareçam, como se dá em outros países onde essa é uma indústria consolidada — explica Álvaro Manso, porta-voz da Cegal, associação que representa as livrarias independentes espanholas.

Crianças brincam no letreiro que descreve Urueña como a 'cidade do livro' na Espanha — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

Crianças brincam no letreiro que descreve Urueña como a 'cidade do livro' na Espanha — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

Para ajudar as empresas menores a competir, o Ministério da Cultura da Espanha injetou nove milhões de euros em subsídios para a modernização e a digitalização do setor.

— A sobrevivência dessa imensa rede de livrarias na Espanha, onde os níveis de leitura não são particularmente altos, é um dos grandes paradoxos deste país, mas acho que também porque vivemos em uma bolha literária. Como o aluguel é baixo, dá para sobreviver financeiramente vendendo usados, que vão desde clássicos da língua espanhola, como "Pedro Páramo", em que me inspirei para dar nome à loja, até HQs como Tintin. De quebra, tenho uma exibição de 50 modelos de máquinas de escrever que supostamente foram usados por nomes como Jack Kerouac, J.R.R. Tolkien, Karen Blixen e Patricia Highsmith — disse Victor López-Bachiller, de 47 anos, dono de uma livraria e um dos cem residentes em tempo integral de Urueña, dos quais a maioria é de aposentados.

 

 

A jornalista Tamara Crespo e seu marido, o fotógrafo Fidel Raso, compraram uma casa em Urueña em 2001, antes da iniciativa de torná-la um centro literário, mas também abriram uma livraria especializada em fotojornalismo.

As muralhas do século XII que circundam o vilarejo de Urueña, no noroeste da Espanha — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

As muralhas do século XII que circundam o vilarejo de Urueña, no noroeste da Espanha — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

Rodríguez, o prefeito, reconheceu que o fato de se tornar um destino turístico não garante que as pessoas de fora queiram se mudar e manter o vilarejo vivo:

—A aposentadoria recente de alguns comerciantes é prova disso. Infelizmente, não conseguimos encontrar ninguém mais jovem disposto a assumir o açougue.

Com isso, o pão matinal e a carne estão sendo entregues pela aldeia vizinha.

 

 

Ele prevê que a demografia desfavorável da Espanha rural — fenômeno conhecido como "La España Vacía", ou "Espanha Vazia" — continue sendo um desafio para a sobrevivência da área. Apesar disso, a iniciativa literária vem dando frutos: Urueña foi escolhida para receber os subsídios por causa da beleza local, das peculiaridades arquitetônicas e da localização relativamente fácil, na saída de uma rodovia no noroeste do país, a pouco mais de duas horas de carro de Madri e a menos de 50 quilômetros da cidade medieval de Valladolid.

Isaac García em sua livraria Grifilm, especializada em cinema, é um dos que apostaram em Urueña, na Espanha  — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

Isaac García em sua livraria Grifilm, especializada em cinema, é um dos que apostaram em Urueña, na Espanha — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

O departamento de turismo local registrou 19 mil visitantes em 2021, mesmo em plena pandemia. Segundo as autoridades, o número real foi muito mais alto porque os excursionistas que chegam só para passar o dia não se registram na sede. Urueña também recebe cerca de 70 mil euros por ano em dinheiro público para organizar eventos culturais como aulas de caligrafia, apresentações teatrais e conferências.

Isaac García, dono de uma livraria especializada em livros sobre cinema, já morou com a companheira, Inés Toharia, na periferia de Hay-on-Wye, o paraíso dos livros do País de Gales, e não pensou duas vezes em agarrar a oportunidade de ter o próprio negócio no centro da Espanha:

— Nossa ideia era poder unir uma grande iniciativa com o estilo de vida dos nossos sonhos, mas na nossa terra natal. É claro que Hay teve muito mais tempo para se estabelecer, mas acho que Urueña, aos pouquinhos, também chega lá.

Eles, às vezes, usam a parede dos fundos da loja para a projeção de filmes, mas as poucas tentativas de instaurar exibições noturnas ao ar livre se mostraram complicadas demais.

— O vento é muito forte — justificou.

Pessoas caminham nas ruas da pequena Urueña, que recebeu cerca de 19 mil visitantes em 2021 — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

Pessoas caminham nas ruas da pequena Urueña, que recebeu cerca de 19 mil visitantes em 2021 — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

Mas, mesmo antes da chegada das livrarias, Urueña tinha lá suas atrações culturais — como Joaquín Díaz, morador de longa data, que é cantor de músicas de raiz e etnógrafo. Ele saiu de Valladolid nos anos 1980 e hoje, aos 74 anos, vive em um prédio antigo, onde reuniu uma vasta coleção de instrumentos, livros e gravações tradicionais. Sua casa, aliás, foi transformada em museu pelas autoridades da província, há 30 anos.

— Sou realista, não acredito em excesso de nostalgia — comentou, referindo-se à perda de lojas e setores em vilarejos como Urueña. — No geral, a vida é muito mais fácil no interior da Espanha hoje do que há 50 anos, e ninguém jamais poderia imaginar, quando cheguei aqui, que o comércio de livros é que ajudaria a manter a cidade viva.

 


O Globo sexta, 29 de abril de 2022

TURISMO: UM RESORT À BEIRA-MAR COM UMA PRAIA FLUTUANTE? SIM, ELE EXISTE NO PANAMÁ

 


A 'praia flutuante' de Kupu-Kupu, no resort Boca Bali, em Bocas del Toro, Panamá  — Foto: Divulgação

A 'praia flutuante' de Kupu-Kupu, no resort Boca Bali, em Bocas del Toro, Panamá — Foto: Divulgação

Batizada de Kupu-Kupu (do termo indonésio para "borboleta"), a "praia" é, na verdade, um deque em forma de leque, que avança sobre o mar, no final de uma longa passarela de madeira que atravessa o manguezal da ilha.

Piscina flutuante do Bocas Bali, resort de luxo em Bocas del Toro, no Panamá — Foto: Divulgação

Piscina flutuante do Bocas Bali, resort de luxo em Bocas del Toro, no Panamá — Foto: Divulgação

Na parte de cima, com aproximadamente 30 metros de comprimento e 6 metros de largura, uma camada de areia cobre a estrutura, o que dá ao banhista a sensação de estar mesmo relaxando no litoral. O espaço é equipado com algumas espreguiçadeiras, um bar e palmeiras, que ainda estão pequenas mas, em breve, deixarão o cenário ainda mais convincente.

Se a areia confere à Kupu-Kupu uma sensação quase real de uma praia, o acesso à água é muito mais parecido com o de uma piscina. Escadas de quartzo verde descem em cascata do nível da praia, permitindo que os hóspedes entrem na água cristalina com bastante facilidade. Snorkeling, caiaque e outras atividades aquáticas não motorizadas também estão disponíveis na área da praia.

Entrada para a água da praia flutuante do resort Boca Bali, em Bocas del Toro, no Panamá — Foto: Divulgação

Entrada para a água da praia flutuante do resort Boca Bali, em Bocas del Toro, no Panamá — Foto: Divulgação

Segundo o proprietário e fundador do Bocas Bali, Dan Behm, a única coisa que faltava no resort, inaugurado em setembro de 2021, era justamente a praia. Todo o hotel, incluindo os quartos e o novo espaço, foi construído numa área de manguezais.

“Queríamos criar uma experiência única que por si só homenageasse o cenário natural incomparável, proporcionando aos nossos hóspedes o luxo de uma experiência de praia privada em nossa ilha exclusiva”, comentou Behm através de comunicado à imprensa.

Entrada para a água da praia flutuante do resort Boca Bali, em Bocas del Toro, no Panamá — Foto: Divulgação

Entrada para a água da praia flutuante do resort Boca Bali, em Bocas del Toro, no Panamá — Foto: Divulgação

O resort foi inaugurado em setembro de 2021 com 16 vilas personalizadas sobre a água, uma piscina de água doce de 20 metros e o restaurante Elephant House, que já funciona naquele mesmo local há cem anos anos. Entre as atividades possíveis estão mergulho, snorkeling, passeios de barco e caiaque e outras não motorizadas, para não perturbar o ecossistema local.

A preocupação ambiental está presente em todos os aspectos do projeto, garantem os responsáveis. Toda luz elétrica vem da energia solar, e foi projetado um sistema de tratamento de águas residuais ecologicamente correto especificamente para uma ilha de mangue. Já as bacias de captação podem armazenar até 100 mil galões de água da chuva, fornecendo todas as necessidades de água doce purificada.

Apraia flutuante do resor Boca Bali, em Bocas del Toro, no Panamá — Foto: Divulgação

Apraia flutuante do resor Boca Bali, em Bocas del Toro, no Panamá — Foto: Divulgação

As tarifas começam em US$ 1.100 por noite durante a alta temporada e $ 900 por noite durante a temporada de chuvas, incluindo todas as refeições e esportes aquáticos não motorizados no destino durante todo o ano. Mais informações e reservas no site bocasbali.com.


O Globo quinta, 28 de abril de 2022

TURISMO: UM ROTEIRO PELA COSTA MAYA, O TESOURO A SER DESCOBERTO NO CARIBE MEXICANO

Por Eduardo Maia

 


Viajantes descansam em frente à Laguna de los Siete Colores, em Bacalar, na Costa Maya, Caribe Mexicano — Foto: Ivan Macias / Wikimedia Commons / Reprodução

Viajantes descansam em frente à Laguna de los Siete Colores, em Bacalar, na Costa Maya, Caribe Mexicano — Foto: Ivan Macias / Wikimedia Commons / Reprodução

A melhor base para explorar a Costa Maya é Chetumal, capital do estado de Quintana Roo (o mesmo de Cancún), colada em Belize. Não exatamente pelo charme, que esta cidade de cerca de 170 mil habitantes, e aquele típico vaivém das fronteiras, não tem. E sim pela boa estrutura de meios de hospedagem e serviços turísticos, além da proximidade com as principais atrações da região. Chetumal até tem seus atrativos, como o Museo de la Cultura Maya ou os bares e restaurantes da orla do Boulevard Bahía. Mas são em outras águas que os visitantes normalmente querem mergulhar.

Laguna de los Siete Colores, em Bacalar, na Costa Maya, Caribe Mexicano — Foto: Wikimedia Commons / Reprodução

Laguna de los Siete Colores, em Bacalar, na Costa Maya, Caribe Mexicano — Foto: Wikimedia Commons / Reprodução

Elas ficam em Bacalar, cidadezinha a apenas 40km da capital, banhada por um conjunto de lagos de beleza surreal. O ponto mais conhecido é a Laguna Bacalar, ou Laguna de los Siete Colores, com tons de azul que remetem do Caribe às Maldivas. Com um detalhe: a água é doce. O lugar é muito apreciado para passeios de caiaque, stand-up paddle, catamarã ou veleiro. Ou apenas para curtir o visual a partir de um bar ou restaurante às margens do lago. Há ali também três cenotes onde se pode mergulhar, sendo o Azul o mais popular e de mais fácil acesso.

Cheia de belas casas de veraneio e hotéis charmosos, Bacalar faz parte da rede de Pueblos Mágicos do México, cidadezinhas encantadoras, ricas em história e natureza. Fora d’água, mas às margens de outro lago, o Fuerte San Felipe é a principal atração feita pelo homem por ali. Com suas estruturas de pedra muito bem conservadas até hoje, a instalação militar foi inaugurada em 1729, quando os colonizadores espanhóis se esforçavam para defender o território dos ataques de holandeses, franceses e ingleses. Estas e muitas outras histórias da região estão contadas no museu que funciona dentro do forte.

Um dos vários rostos de pedra esculpidos no Templo de los Mascarones, nas ruínas de Kohunlich, na Costa Maya, no México — Foto: Wikimedia Commons / Reprodução

Um dos vários rostos de pedra esculpidos no Templo de los Mascarones, nas ruínas de Kohunlich, na Costa Maya, no México — Foto: Wikimedia Commons / Reprodução

História é o que não falta também em dois grandes sítios arqueológicos pré-colombianos na região. Cerca de 50km ao norte de Bacalar, as ruínas de Chacchoben guardam resquícios de uma importante cidade maia do século IV, com pirâmides e outras construções, em sua maioria ainda tomadas pela selva. Já as ruínas de Kohunlich, a 60km de Chetumal, bem perto da fronteira com Belize, merecem ser visitadas especialmente pelo Templo de los Mascarones, um conjunto de rostos de pedra numa área cerimonial que teve seu auge entre os séculos III e VII.

No litoral, o principal destino da região é Mahahual, onde, há pouco mais de 20 anos, apenas barcos de pescadores costumavam ser vistos ao longo de sua praia. Hoje a pescaria é outra: o trabalho agora é fisgar os milhares de passageiros que desembarcam diariamente dos navios de cruzeiros que atracam no porto da Costa Maya.

Um dos beach clubs de Mahahual, praia na Costa Maya, Caribe Mexicano — Foto: Eduardo Maia

Um dos beach clubs de Mahahual, praia na Costa Maya, Caribe Mexicano — Foto: Eduardo Maia

O terminal turístico, inaugurado em 2002, é usado por algumas das principais armadoras dos Estados Unidos em seus roteiros pelo Caribe mexicano, como Disney Cruise Line, Norwegian, Carnival, Virgin Voyages e Royal Caribbean. No complexo do porto há um grande shopping, um beach club, um parque aquático que simula ruínas maias e uma atração para quem quer mergulhar com golfinhos. Mas nada disso é melhor que pegar um táxi ou alugar uma bicicleta e escapar para a praia de Mahahual, logo ali ao lado.

 

 

Apesar do grande número de turistas, o lugar não chega a ficar lotado, já que muitos deles contratam passeios para Bacalar ou as ruínas, por exemplo. Sobram, claro, estabelecimentos com aquela cara típica de pega turista. Mas ao longo da orla da cidade é possível encontrar bares, restaurantes e hotéis interessantes, muitos com estruturas de serviço pé na areia, onde se pode passar o dia — há opções de day use a partir de US$ 20 com bebida e comida. Mas se não quiser gastar nada, vale apenas sentar na areia e contemplar este canto ainda cheio de surpresas do Caribe mexicano.


O Globo quarta, 27 de abril de 2022

RIO DE JANEIRO: PROIBIÇÃO DE CAIXA DE SOM NA AREIA DAS PRAIAS CARIOCAS DIVIDE OS BANHISTAS

Proibição de caixa de som na areia das praias cariocas divide os banhistas

Decreto publicado pela prefeitura começou a valer ontem; guardas municipais farão a fiscalização
 
Música à beira-mar. Caixa de som ligada via bluetooth em barraca na Praia do Flamengo. Foto: Lucas Tavares / Agência O Globo
Música à beira-mar. Caixa de som ligada via bluetooth em barraca na Praia do Flamengo. Foto: Lucas Tavares / Agência O Globo
 

RIO — Proibir ou não proibir? Eis a questão que divide a opinião de banhistas nas praias cariocas desde terça-feira, quando foi publicado e começou a valer o decreto da prefeitura vetando o uso de caixas de som nas faixas de areia da cidade. Alex Calvet, que frequenta a Praia do Flamengo, aprovou a medida:

 

— Com dor no coração, mas achei bom proibir, porque incomoda. Você acaba ouvindo um som que não quer — disse, após retirar os fones de ouvido, que usa, justamente, para não incomodar os “vizinhos” na areia.

Em Copacabana, a notícia da medida desagradou a Ruan Carvalho, que mora em Caxias e, pelo menos duas vezes na semana, aproveita a folga na praia. Sempre com sua caixinha de som.

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— Não concordo (com o decreto). Esse é um momento de lazer, e ele não está só relacionado ao silêncio. É uma válvula de escape, é dessa forma que eu consigo relaxar e curtir o momento — defendeu.

Há três anos trabalhando em uma barraca na areia da Praia do Flamengo, Davidson Santos costuma sintonizar o rádio com música popular. Para ele, é preciso “moderação” por parte de quem coloca som na praia.

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— Se houvesse um meio termo, seria o ideal. Mais da metade das barracas tem som ambiente próprio. Tem que haver bom senso. Entre ter e não ter som, é melhor que não tenha para todo mundo. O carioca não vai deixar de vir se nenhuma barraca tiver música — pondera.

Poluição sonora

O decreto dispõe sobre medidas de controle e fiscalização “das fontes de poluição sonora nas praias e parques”. Para o professor do departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da UFRJ Fernando Castro Pinto, a regra pode ser efetiva no combate ao incômodo sonoro.

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— A pessoa acha que, porque ela gosta de uma música, todo mundo ao redor tem que ouvir a mesma música. Então, há um incômodo sonoro muito grande. Proibir o uso desenfreado das caixas de som é positivo — afirma o professor, ressaltando, no entanto, que nas exceções previstas no decreto não há informações sobre os limites de decibéis permitidos para os eventos autorizados pela prefeitura. — Não vi no decreto nenhuma prevenção para esses eventos que têm permissão para usar equipamento de som. O texto não estabelece o limite do nível de poluição sonora. Para esses casos, se o decreto condicionasse o uso desses equipamentos à emissão de um nível máximo de decibéis, esse limite poderia ser facilmente verificado com um medidor de pressão sonora.

 

 

O decreto que coíbe o uso de caixas de som diz respeito apenas à faixa de areia: a música continua liberada nos quiosques da orla, de acordo com lei complementar sobre apresentações ao vivo nesses estabelecimentos e também por um decreto que determina nesses locais o limite de 55 decibéis entre 7h e 22h, e de 50 decibéis de 22h até as 7h do dia seguinte.

Mas a mais recente medida não trata só das praias. Desde ontem, está proibido o uso de amplificadores sonoros em unidades de conservação de proteção integral do Rio.

O texto prevê, no caso de descumprimento da medida, a apreensão do equipamento pela Guarda Municipal. A exceção é para o uso em atividades desportivas ou de lazer autorizadas pela prefeitura, além de eventos previamente autorizados. O recolhimento do aparelho será formalizado com a emissão de um Termo de Retenção de Equipamento Sonoro. Segundo a Secretaria municipal de Ordem Pública (Seop), para a retirada do equipamento é necessária a apresentação do lacre entregue no momento da apreensão e da nota fiscal do produto.

Na próxima semana, deve ser publicada uma resolução detalhando as penalidades. Até lá, a abordagem nas praias e parques terá como finalidade a orientação dos frequentadores.


O Globo terça, 26 de abril de 2022

GASTRONOMIA: INHOTIM REÚNE SABORES DO BRASIL DURANTE VOLTA PRESENCIAL DO FESTIVAL FARTURA GASTRONOMIA

 


Instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais, receberá o primeiro festival Fartura Gastronomia presencial desde o início da pandemia — Foto: Divulgação

Instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais, receberá o primeiro festival Fartura Gastronomia presencial desde o início da pandemia — Foto: Divulgação

O Fartura Gastronomia 2022 terá a participação dos cinco embaixadores gastronômicos do Itamaraty, um de cada região do país: Morena Leite (Nordeste), Janaina Rueda (Sudeste), Manu Buffara (Sul), Saulo Jennings (Norte) e Paulo Machado (Centro-Oeste). Com mediação de Claude Troisgros, eles se reúnem para discutir a internacionalização da gastronomia brasileira e cozinhar para o público.

Essas rodas de conversas, sobre a formação da identidade alimentar nacional e as maneiras de a culinária brasileira se expandir pelo mundo sem perder suas origens, acontecerão no Espaço Igrejinha. Mas os chefs vão colocar a mão na massa em outro espaço, assinado pelo Senac, onde cozinharão ao vivo. O público presente poderá aprender as receitas, assistir à preparação dos pratos e provar o resultado final.

O Menu Fartura, com pratos criados especialmente para o festival, estará presente nos dois restaurantes do Instituto Inhotim, o Tamboril e o Oiticica. Neles, os clientes poderão provar sobremesas assinadas pelos chefs participantes. Já na cidade de Brumadinho, os restaurantes Vila da Lavanda, Massa Demais, Rancho do Peixe, Curral Casa Branca, Abóbora, Ateliê Abraão, V8 e Bistrô Mendes abrirão suas cozinhas para chefs de Belo Horizonte, que também apresentarão pratos especiais no almoço e no jantar.

O evento gastronômico, que acontece das 10h às 17h, é aberto aos visitantes do Instituto Inhotim (o ingresso para o parque custa R$ 44, para um dia de visitação). Mas é sujeito à lotação e as vagas serão preenchidas por ordem de chegada. A programação, que terá também apresentações de DJs e música ao vivo, pode ser vista aqui.

O Instituto Inhotim continua seguindo alguns protocolos contra a Covid-19. Máscaras ainda são obrigatórias em espaços internos e há pontos de distribuição de álcool em gel espalhados por todo o parque. E a visitação diária está limitada em até três mil pessoas, por isso é importante garantir o ingresso com antecedência, pelo site. As visitas guiadas são feitas para grupos de até 15 pessoas.


O Globo segunda, 25 de abril de 2022

CINEMA: DETETIVES DO PRÉDIO AZUL COMPLETA DEZ ANOS COM ESTREIA DE NOVO FILME E DESPEDIDA DO ELENCO

'Detetives do Prédio Azul’ completa dez anos com estreia de novo filme e despedida do elenco

‘Um animalzinho deles custa um filme nosso inteiro’, diz criadora da série sobre a competição com ‘Animais fantásticos 3’
 
'Detetives do prédio azul 3 - Uma aventura no fim do mundo' Foto: Desirée do Valle / Divulgação
 
 

Há praticamente dez anos, no dia 15 de junho de 2012, foi ao ar pela primeira vez o Gloob, canal por assinatura voltado para o público infantil. No mesmo dia, na programação do canal, estreou a série “Detetives do Prédio Azul”, em que três amigos inseparáveis se uniam para brincar de detetive nos corredores do prédio onde moram.

De lá pra cá, foram 16 temporadas exibidas e três filmes lançados nos cinemas. O último deles é “Detetives do Prédio Azul 3 - Uma aventura no fim do mundo”, em cartaz nas salas de todo Brasil buscando repetir o sucesso dos anteriores. Lançado em 2017, “Detetives do Prédio Azul - O filme” levou 1,2 milhão de pessoas aos cinemas e arrecadou R$ 16 milhões nas bilheterias. No ano seguinte, “Detetives do prédio azul 2 - O mistério italiano” alcançou números parecidos, com público de 1,3 milhão e faturamento de aproximadamente R$ 18 milhões.

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“D.P.A.” foi criado pela escritora Flávia Lins e Silva, especializada no público infantil. Roteirista da série e dos filmes, a autora lembra que, há dez anos, trabalhavam em uma produção com pouca verba, em um espaço limitado e para episódios de aproximadamente 13 minutos. Neste sentido, comemora o sucesso da franquia e a possibilidade de poderem investir cada vez mais no desenvolvimento e no acabamento de cada obra. O novo longa foi orçado em R$ 9,8 milhões de reais, e investiu bastante em efeitos visuais e cenários, com parte da trama passada em Ushuaia, na Argentina.

Lançado em 740 salas, “D.P.A. 3” chega aos cinemas competindo com outro filme que se passa em um mundo de bruxos: “Animais fantásticos: Os segredos de Dumbledore”, que estreou em mais de 1.200  salas.

— Um animalzinho deles custa um filme nosso inteiro — brinca Flávia. — É dura a competição, mas confio na nossa criatividade e na fidelidade do público, que já demonstrou que gosta da série.

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Conhecido pelo trabalho em filmes mais sérios como “Meu nome não é Johnny” (2008) e “Tim Maia” (2014), Mauro Lima é o responsável por dirigir o terceiro filme, que marca a despedida da geração de detetives formada por Bento (Anderson Lima), Sol (Letícia Braga) e Pippo (Pedro Motta).

O diretor volta a trabalhar com o público infantil 18 anos após “Tainá 2 - A aventura continua” (2004), mas considera a experiência muito diferente uma vez que em “Tainá” trabalhava com uma protagonista que não era atriz profissional (Eunice Baía), enquanto que em “D.P.A.” assume um elenco com mais conhecimento da franquia do que ele. Sobre competir com Hollywood, o diretor lamenta que sempre haverá um filme hollywoodiano maior e aponta para um mercado “desequilibrado e desigual”.

Produtora associada dos filmes e envolvida com a franquia desde que chegou às telinhas, Juliana Capelini vê uma consolidação cada vez maior da marca “Detetives do Prédio Azul” e comemora o fato dos longas conseguirem resgatar uma parcela do público que, em razão da idade, já deixou de assistir a série na TV. Ela também destaca a força do cinema infantojuvenil brasileiro.

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— O mercado cinematográfico infantil sempre foi muito forte no Brasil. Tivemos os filmes da Xuxa, dos Trapalhões, que levavam muito público aos cinemas, mas depois houve um hiato de produções infantis. Considero que “Carrossel: O filme” foi a primeira retomada. Depois vieram “D.P.A.” e “Turma da Mônica”, sempre produções que têm grandes marcas por trás, o que facilita a disputa com os filmes de grandes estúdios — aponta a produtora.

No momento, além do terceiro filme, os envolvidos na saga estão trabalhando na produção da 18ª temporada. E Flávia Lins e Silva avisa que a ideia não é parar por aí.


O Globo domingo, 24 de abril de 2022

RIO SHOW: FESTIVAL REÚNE GRANDES NOMES DO ROCK BRASILEIRO NA MARINA

 


Dinho Ouro Preto, Frejat e Nando Reis estarão no palco do Rock Brasil 40 anos.  — Foto: Arte

Dinho Ouro Preto, Frejat e Nando Reis estarão no palco do Rock Brasil 40 anos. — Foto: Arte

Os anos 1980 estão logo ali. A partir desta quarta-feira (20), o Festival Rock Brasil 40 anos vai reunir 25 shows de grandes nomes daquela geração na Marina da Glória, como Paralamas, Titãs, Blitz, Barão Vermelho, Nando Reis, Marina Lima e Capital Inicial, entre outros.

— É importante marcar os 40 anos do Rock Brasil porque foi uma fase fundamental da nossa cultura. Começou com o discurso crítico naquele momento do final da ditadura e, infelizmente, são contestações que ainda valem até os dias de hoje. — destaca o baterista João Barone, dos Paralamas do Sucesso, que se apresenta no domingo (24).

Esta é mais uma etapa do evento que começou menor, em outubro do ano passado, com apresentações no Centro Cultural Banco do Brasil e na Praça da Pira, na Candelária. Depois, o festival seguiu para Belo Horizonte e São Paulo, antes de retornar ao Rio, onde os organizadores esperam atrair cerca de 10 mil pessoas por dia.

— O mais emocionante do projeto é o reencontro da galera, aqui no Rio, onde tudo começou. — afirma Peck Mecenas, produtor, curador e idealizador do festival. — Vemos pais levando filhos e famílias inteiras curtindo porque as letras do Rock Brasil são atemporais, tanto as políticas quanto as de amor, que canto até hoje para minha esposa.

 

Todos os shows do festival serão transmitidos ao vivo pelo Canal Brasil. Confira a programação completa:

Quarta (20)
George Israel, às 19h
Arnaldo Antunes, às 20h30
Marina Lima, às 22h15
Nando Reis, às 23h45
Frejat, às 01h30

Quinta (21)
Fernando Magalhães, às 16h
Plebe Rude, às 17h30
Titãs, às 19h15
Ira!, às 21h
Camisa de Vênus, às 22h45

Sexta (22)
George Israel, às 19h
Fernanda Abreu, às 20h30
Biquini Cavadão, às 22h10
Blitz, às 00h
Paulo Ricardo, às 1h45

Sábado (23)
Fernando Magalhães, às 19h
Leo Jaime, às 20h30
Humberto Gessinger, às 22h10
Celeebration, às 00h
Capital Inicial, às 01h15

Domingo (24)
George Israel, às 17h
Bruce Gomlevsky canta Renato Russo, às 18h30
Barão Vermelho, às 20h30
Os Paralamas do Sucesso, às 22h15
Flausino e Sideral cantam Cazuza, às 00h

Marina da Glória. Av. Infante Dom Henrique s/nº, Aterro do Flamengo. Qui e dom, abertura dos portões às 14h. Qua, sex e sáb, abertura dos portões às 18h. A partir de R$ 110 (pelo Ingresso Certo). Não recomendado para menores de 18 anos.


O Globo sábado, 23 de abril de 2022

RIO SHOW: TERREIRÃO DO SAMBA TERÁ PAULINHO DA VIOLA, DIOGO NOGUEIRA, ALCIONE E OUTROS, A R$20

 

 


Artista que se apresentam no Terreirão do Samba em 2022 — Foto: Arte

Artista que se apresentam no Terreirão do Samba em 2022 — Foto: Arte

Os desfiles voltam a ocupar a Sapucaí, e os shows retornam ao Terreirão do Samba Nelson Sargento, ao lado da Avenida. Com ingressos a R$ 20, a programação inclui apresentações de Paulinho da Viola, pela primeira vez no local, Alcione, Fundo de Quintal, Diogo Nogueira, Tereza Cristina, Tia Surica e Moacyr Luz e o Samba do Trabalhador, entre outros.

 

Quarta, dia 20

 

 

  • 19h- DJ
  • 20h - Ginga Pura, Quintal do Pagodinho, Brasil, Elaine Machado, Gabrielzinho de Irajá, Dunga, Wanderley Monteiro, Alamir e Moacyr Luz e o Samba do Trabalhador
  • 22h20 - Teresa Cristina
  • 22h40 - Chico Alves
  • 23h20 - Alcione
  • 00h30 - DJ
  • 01h - Belo
  • 02h10 - DJ
  • 02h30 - Toninho Geraes

 

 

Quinta, dia 21

 

 

  • 19h - DJ
  • 20h30 - Almirzinho e Banda, Marquinho Diniz, Dorina e Alex Ribeiro
  • 23h - Fundo de Quintal
  • 00h30 - DJ
  • 01h - Clareou
  • 02h3 - DJ
  • 03h - Caju para Baixo
  • 04h30 - DJ

 

 

Sexta, dia 22

 

 

  • 19h - DJ
  • 20h - Tempero Carioca, Zé Luiz do Império, Matriarcas do Samba e Tia Surica
  • 22h10 - Banda do Terreirão
  • 22h40 - Luiz Camilo
  • 23h10 - Bruno Maia
  • 23h20 - Zeca do Trambone
  • 23h30 - Carlos Dafé
  • 00h - Agita Samba
  • 01h - DJ
  • 01h30 - Diogo Nogueira
  • 03h30 - Pique Novo

 

Sábado, dia 23

 

 

  • 19h - DJ
  • 20h - Bruno Gama, Mauro Diniz, Juliana Diniz, João Diniz, Marquinho Sathã e Velha Guarda do Império Serrano
  • 23h30 - Delcio Luiz
  • 00h - Jorge Aragão
  • 02h - DJ
  • 03h - Vou pro Sereno

 

 

Sábado, dia 30

 

 

  • 19h - DJ
  • 20h - Terreiro de Criolo, Didu Nogueira, Pedrinho da Flor e Amanda Amado
  • 23h - Paulinho da Viola e Beatriz Rabelo
  • 00h30 - DJ
  • 01h - Lecy Brandão
  • 02h30 - DJ
  • 03h30 - Péricles
  • 05h00 - DJ

 

Terreirão do Samba: Rua Benedito Hipólito 66, Centro. Quarta a sábado e dia 30 de abril. A partir das 19h. RS 20.


O Globo sexta, 22 de abril de 2022

TURISMO: UM PASSEIO POR FLORENÇA A PARTIR DA GALERIA UFFIZI

Por Gian Amato, Especial Para O Globo

 


Florença vista a partir do Giardino delle Rose, um dos pontos mais concorridos entre turistas e moradores  — Foto: Gian Amato

Florença vista a partir do Giardino delle Rose, um dos pontos mais concorridos entre turistas e moradores — Foto: Gian Amato

É o renascimento de Florença. A capital da Toscana é agora o endereço da atração cultural mais visitada da Itália, a Galeria Uffizi. De maneira inédita, seus corredores repletos de obras de grandes mestres superaram o Coliseu, os Museus do Vaticano e as ruínas de Pompeia. Do lado de fora, a atmosfera dos cafés, bares, ruas e praças lotadas de arte e gente contam a história da nova ascensão da cidade que foi berço da Renascença.

O diretor do museu, Eike Schmidt, enumerou os três fatores decisivos para o ressurgimento.

 

— As novas salas dedicadas ao século XVI, inauguradas em maio passado, as exposições que vão da antiguidade clássica à contemporânea e a oferta cultural que distribuímos na web e nas redes sociais — pontuou Schmidt, em comunicado enviado ao GLOBO.

A Uffizi condensa parte da história da arte ocidental em um palácio de mais de 500 anos, com dois andares e dezenas de salas. É um feito digno de Perseu, algoz da Medusa.

Sala da Galeria Uffizi, em Florença, onde fica a

Sala da Galeria Uffizi, em Florença, onde fica a "Medusa", uma das obras mais conhecidas de Caravaggio — Foto: Divulgação

Aliás, admirar a estátua do herói mitológico localizada na Piazza della Signoria, perto da Uffizi e ao lado do Palazzo Vecchio, é um bom aquecimento antes das galerias. Esculpida em bronze pelo renascentista Benvenuto Cellini, integra a Loggia dei Lanzi, o museu a céu aberto e gratuito que também tem obras de Pio Fedi e Giambologna.

Clássico e contemporâneo também se misturam na Piazza della Signoria. A “Pietá” (2021), de Francesco Vezzoli, tem a cabeça arrancada por um leão e jaz vestida com as cores da Ucrânia, intervenção do artista tcheco Vaclav Pisvejc. Nas vitrines e janelas da cidade, bandeiras coloridas pedem paz.

Na Piazza della Signoria, em Florença, a 'Pietá' (2021) de Francesco Vezzoli ganhou as cores da Ucrânia, após intervenção do artista tcheco Vaclav Pisvejc  — Foto: Gian Amato

Na Piazza della Signoria, em Florença, a 'Pietá' (2021) de Francesco Vezzoli ganhou as cores da Ucrânia, após intervenção do artista tcheco Vaclav Pisvejc — Foto: Gian Amato

Depois de flanar pela Signoria, chega a hora marcada com antecedência para entrar na Uffizi, uma conveniência que elimina a fila e acrescenta € 4 ao ingresso de € 20 (cerca de R$ 101). Lembrete: a Itália encerrou em março o estado de emergência, mas as máscaras ainda são obrigatórias em locais fechados.

Os corredores são organizados em formato de U e o site oferece um PDF que põe o elenco de artistas na palma da mão: Giotto, Botticelli, Rafael, Michelangelo, Da Vinci, Rembrandt, Caravaggio, Artemisia, Tiziano e etc.

As amplas janelas emolduram ângulos da cidade como se fossem obras de arte. Em um deles, o panorama da Ponte Vecchio sobre o Rio Arno atrai a mesma atenção que esculturas, quadros e pinturas no teto do palácio.

Visitantes na Galeria Uffizi, no centro histórico de Florença, na Itália — Foto: Divulgação

Visitantes na Galeria Uffizi, no centro histórico de Florença, na Itália — Foto: Divulgação

“A primavera” e “O nascimento de Vênus”, na sala Botticelli, causam impacto pelas dimensões físicas e artísticas. Teriam sido feitas sob encomenda para adornar uma residência privada de Lorenzo de Médici. A Vênus virou ícone e se multiplicou na cultura popular. É uma ironia tão grande quanto o Corredor Vasari, caminho seleto criado para a família mais abastada do Renascimento cruzar o Arno enquanto admirava parte da coleção particular. Será reaberto ao público ainda este ano, informa a assessoria do museu.

A Ponte Vecchio sobre o Rio Arno, um cartão-postal de Florença, na Toscana — Foto: Divulgação / Enit

A Ponte Vecchio sobre o Rio Arno, um cartão-postal de Florença, na Toscana — Foto: Divulgação / Enit

Na piazzale está uma das réplicas do “Davi” de Michelangelo espalhadas por Florença. O original está na Galleria dell’Accademia e a visita, que custa € 12 (cerca de R$ 61), é indispensável.

É fácil cruzar a cidade a pé da Accademia até a Santa Croce (€ 9), o panteão onde estão as tumbas de Michelangelo, Maquiavel e Galileu. No caminho, pausa para conhecer o café mais simpático de Florença: Forno, na Via Ghibellina. É perto da Casa Buonarroti, que pertenceu a Michelangelo.

 


O Globo quinta, 21 de abril de 2022

CULTURA: LIVRO CONTA HISTÓRIAS POR TRÁS DAS BELEZAS DE COPACABANA, IPANEMA E LEBLON

 

 

Livro conta as histórias por trás das belezas de Copacabana, Ipanema e Leblon

‘Que lugar bacana’! traz ainda fotos novas e antigas de cada bairro
 
Vista do Posto 6. Copacabana é um dos bairros retratados no livro “Que lugar bacana!”, que acaba de ser lançadoFoto:/ Divulgação/Paulo Marcos de Mendonça Lima
Vista do Posto 6. Copacabana é um dos bairros retratados no livro “Que lugar bacana!”, que acaba de ser lançado Foto: / Divulgação/Paulo Marcos de Mendonça Lima
 

RIO — Que Tom Jobim morou na Rua Nascimento Silva 107, em Ipanema, Toquinho e Vinicius contaram lá atrás em “Carta ao Tom 74”, um dos clássicos da bossa nova. O bairro, no entanto, tem outras histórias ainda por serem reveladas — assim como seus vizinhos, Copacabana e Leblon. Parte delas está reunida no livro “Que lugar bacana!”, que acaba de ser lançado pela Portunhol Entretenimento.

O livro físico resiste:Bancas literárias, livrarias de bairro e lançamentos comprovam

— Tinha vontade de mostrar como esses bairros se formaram e como ganharam identidades próprias ao longo do tempo. Pessoas chegaram em cada um deles com propostas de vida diferentes — afirma o produtor cultural Sylas Andrade, morador de São Conrado e idealizador do livro.

 

Rua Nascimento Silva 107. Fachada da casa onde morou Tom Jobim em Ipanema Foto: Divulgação/Paulo Marcos de Mendonça Lima

Rua Nascimento Silva 107. Fachada da casa onde morou Tom Jobim em Ipanema Foto: Divulgação/Paulo Marcos de Mendonça Lima

Ele destaca que Copacabana sofreu uma especulação imobiliária muito grande nos anos 1950 e 1960, quando começaram a subir os espigões que verticalizaram a cidade.

 

— Ipanema é um bairro mais boêmio, ligado à Música Popular Brasileira. E o Leblon é mais tranquilo e onde as pessoas se conhecem bem, por ser um bairro menor — compara Andrade.

Copacabana à beira-mar Foto: Divulgação/Paulo Marcos de Mendonça Lima
Copacabana à beira-mar Foto: Divulgação/Paulo Marcos de Mendonça Lima

O livro, que está à venda por R$ 90 pelo Instagram @que_lugar_bacana, tem design de Luis Carlos Moreira Rocha, o Maraca; fotos de Paulo Marcos de Mendonça Lima; e texto do jornalista Aydano André Motta.

— Imaginei um passeio não linear que começa na Avenida Princesa Isabel, em Copacabana, e vai até a Avenida Visconde de Albuquerque, no Leblon — conta Motta, morador da Lagoa

Para crianças: Era uma vez duas amigas que queriam semear a leitura

Uma das histórias que ele destaca é a de dom Antônio do Desterro, que, quando chegava de Angola, em 1746, para assumir o cargo de bispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, enfrentou uma tempestade violenta e fez uma promessa:

— Ele disse que, se escapasse da chuva impiedosa, cuidaria da igrejinha de Nossa Senhora de Copacabana. Ele se salvou e reformou a igreja, que ficava onde séculos mais tarde seria erguido o Forte de Copacabana.

 


O Globo quarta, 20 de abril de 2022

GRAFITE: ARTISTA INTRIGA CARIOCAS AO PINTAR PALAVRAS PELAS RUAS DA CIDADE

Por Eduardo Vanini

 


Márcio de Carvalho posa diante de intervenção em Santa Teresa — Foto: Ana Branco

Márcio de Carvalho posa diante de intervenção em Santa Teresa — Foto: Ana Branco

O artista gráfico Márcio de Carvalho já perdeu as contas da quantidade de vezes em que foi abordado por alguém, enquanto pintava uma palavra no meio-fio. Entre policiais e comerciantes, todos vão da curiosidade ao encantamento quando entendem do que se trata. “Outro dia, uma senhora que mora na rua, na Glória, chegou perto de mim e disse: ‘Você fica aí escrevendo e nunca faz nada no meu cantinho. Fui lá e pintei ‘compaixão’”, conta.

A rotina se repete desde meados do ano passado, quando o carioca, de 53 anos, começou a série pelas ruas do Catete, onde mora. A ideia, diz, surgiu espontaneamente, após realizar intervenções em que reorganizava e fotografava os diferentes objetos vendidos nas calçadas da região por aqueles que, em plena pandemia, não podiam ficar em casa. Nessa mesma época, escreveu poesias em cartazes de supermercados e fotografou pessoas segurando letreiros com preços. “Foi um ímpeto, uma emoção. Quis colocar poesia onde não tem”, comenta. “Quando escrevi ‘acalmar’, no Aterro do Flamengo, fiquei impressionado com a necessidade das pessoas por essa palavra.”

 

Conheça o trabalho de Márcio de Carvalho

Intervenção do artista Marcio do Vale — Foto: Ana BrancoIntervenção  em banco diante dos Arcos da Lapa
8 fotos
A primeira palavra escrita pelo artista nas ruas do Rio
Artista intriga cariocas com palavras escritas no meio-fio

“Deserto” foi a primeira. Depois vieram inúmeras outras, num jogo que se irradia por bairros como Centro, Glória, Santa Teresa e Flamengo. Escritas com uma grafia simples e na cor branca (um contraponto à sujeira e ao caos urbano), as expressões aparecem soltas justamente para não induzir os passantes a uma única interpretação. “Uma palavra pode ter mil sentidos. Acho interessante ver como cabe um mundo inteiro dentro dela”, afirma o artista, que mostra suas criações pelo Instagram, no perfil @mar_do_vale.

Em cartaz atualmente na Bhering com a coletiva “Pequenos Formatos”, Márcio tem a mente em plena ebulição. Além das palavras, produz vídeos e imagens munido apenas de celular. Parte deles foram exibidos recentemente numa apresentação do projeto musical Eletrorama, no Galpão Dama, no Centro do Rio. “É muito bom que ele esteja ocupando a cidade dessa maneira”, comenta Adriana Lima, responsável pelo espaço. Ela, inclusive, já o chamou para fazer intervenções no próximo evento no local, uma festa em homenagem a São Jorge, no dia 22. “Ele está desabrochando com uma avalanche de coisas lindas. É um furacão colocando tudo para fora.”


O Globo terça, 19 de abril de 2022

RIO: JÁ É CARNAVAL EM MADUREIRA

 

Já é carnaval em Madureira: evento gratuito agita a Arena Fernando Torres

Gabrielzinho do Irajá é uma das atrações do show desta terça-feira (19)
Gabrielzinho do Irajá é uma das atrações do espetáculo "O samba pede passagem" Foto: Divulgação
Gabrielzinho do Irajá é uma das atrações do espetáculo "O samba pede passagem" Foto: Divulgação
 

RIO — Chegou a hora de esquentar os tamborins. “O samba pede passagem” na próxima terça-feira, a partir das 20h, na Arena Carioca Fernando Torres, em Madureira. A primeira edição do evento, idealizado por Mauro Diniz e que é uma espécie de contagem regressiva para o carnaval fora de época a ser realizado entre quinta e domingo que vem, conta com as participações dos cantores Gabrielzinho do Irajá e Juninho Thybau, além dos músicos do Cordão da Bola Preta e de outros bambas. No show, gratuito, o público vai ouvir sucessos como “Meu lugar”, “Vou festejar”, “Coração em desalinho”, “Samba pras moças” e “Lama nas ruas”.

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Morador do bairro que virou seu sobrenome, Gabrielzinho resume o que este evento representa para os apaixonados por carnaval:

 
O cantor e compositor Mauro Diniz é o idealizador do evento "O samba pede passagem" Foto: Divulgação/Roger Manso
O cantor e compositor Mauro Diniz é o idealizador do evento "O samba pede passagem" Foto: Divulgação/Roger Manso

 

— “O samba pede passagem” vai acontecer em Madureira, terra do samba, área da minha Portela, do Império Serrano, do Parque Madureira, do Mercadão, de lugares que representam muito bem o subúrbio, a Zona Norte e o ritmo que é tão carioca. Vai ser um momento maravilhoso, de exaltação a grandes clássicos do samba.

O evento presta ainda uma homenagem a Monarco (1933-2021) e será encerrado pelo Cordão da Bola Preta, que relembrará marchinhas de antigos carnavais.


O Globo segunda, 18 de abril de 2022

CULTURA MUSICAL: MARGARETH MENEZES FALA DOS 35 ANOS DE CARREIRA E DE *RACISMO CULTURAL*

 

Margareth Menezes fala dos 35 anos de carreira e diz por que não teve a mesma projeção que Daniela e Ivete: 'Racismo estrutural'

Cantora prepara novo disco e turnê, terá biografia escrita por Djamila Ribeiro e documentário sobre sua trajetória profissional e de vida, que inclui aborto espontâneo e luta pela visibilidade negra: 'O legado preto é bom no samba, na comida, mas na hora de reconhecer direitos não é?'
 
Margareth Menezes sobre obstáculos que enfrentou na carreira: 'Existe saída enquanto estivermos vivos. A gente não pode aceitar o não. Foto: Divulgação / Wallace Robert
Margareth Menezes sobre obstáculos que enfrentou na carreira: 'Existe saída enquanto estivermos vivos. A gente não pode aceitar o não. Foto: Divulgação / Wallace Robert

 

A cena aconteceu no início do mês em um sarau informal e diz muito sobre a personalidade da cantora baiana de 59 anos, famosa por hits como "Faraó" e "Elegibô" e de importância seminal para o Axé Music. Por trás da artista, de força imensa no palco, está a discrição em pessoa. Alguém que "chega devagar" e nunca foi "de se jogar". Tudo muda, no entanto, quando ela sobe na ribalta e solta a vigorosa voz grave.

 

É o que fará no próximo dia 21, data em que o Baile da Maga chega a Salvador natal de Margareth (mais precisamente no Sollar Baía, no Museu de Arte Moderna) pela primeira vez. A apresentação, que celebra a energia do carnaval e conta com sucessos como "Dandalunda", marca seu retorno oficial ao palco pós-pandemia.

— É um show dançante para matar a saudade, agora que dá para abraçar. Vamos reanimar a nossa energia, porque temos que ser feliz em algum momento, né? — diz a criadora do estilo musical afropop brasileiro, que mistura elementos africanos, brasileiros e pop.

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A apresentação também é parte das comemorações pelos 35 anos de carreira da artista que, em fevereiro, lançou "Terra Afefé" em parceria com Carlinhos Brown. A canção estará em seu novo disco, previsto para o segundo semestre. Produzido em parceria com Russo Passapusso, o álbum terá nove composições. Músicas próprias, de novos artistas e de nomes importantes para a carreira de Margareth.

Turnê, biografia escrita por Djamila Ribeiro e um documentário dirigido por Joelma Oliveira Gonzaga também estão em andamento. O filme abordará a trajetória de Margareth que, no ano passado foi reconhecida como uma das 100 personalidades negras mais influentes do mundo pela Mipad 100 (instituição chancelada pela ONU) e indicada pela quarta vez ao Grammy.

 

Em 2021, a artista também foi nomeada embaixadora da cultura popular do Brasil pela Unesco, eleita uma das cinco mulheres inspiradoras no Latin America Lifetime Award e protagonista do seriado "Casa da vó". O programa, da plataforma Wolo TV, a primeira no país com conteúdo focado na população negra, está sendo exibido em Portugal e em países de língua portuguesa da África.

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Abaixo, Margareth, que ainda se dedica ao projeto social Fábrica Cultural na Península de Itapagipe, complexo de favelas onde nasceu, afirma que a culpa de não ter tido a projeção de Daniela e Ivete é do racismo estrutural e lembra a dor de um aborto espontâneo.

A celebração pelos seus 35 anos de carreira começou com o lançamento de "Terra Afefé". A canção fala sobre a revolução que a mulher faz a partir do momento que começa a se movimentar e a perceber o seu poder. Quando você tomou consciência do seu?

Minha vida foi luta o tempo todo. Em algum momento, vi que tinha que criar a minha identidade em relação à música. "Maga é o que?" Afropop brasileiro! Comecei a defender essa identidade musical, porque o axé music foi um rótulo de generalização. Vi que a música que eu fazia tinha todo o meu legado. Sempre gostei de percussão, do meu histórico ancestral, mas também da coisa urbana. Havia toda uma urbanidade que me influenciava: Tropicália, Belchior, Fagner, João Gilberto, Dorival Caymmi, Rita Lee, Elis Regina, Ney Matogrosso...

 
Margareth Menezes: 'Sempre fui livre na maneira de me relacionar, na minha sexualidade, não presto satisfação em relação a isso' Foto: Divulgação/ Rachel Cardoso
Margareth Menezes: 'Sempre fui livre na maneira de me relacionar, na minha sexualidade, não presto satisfação em relação a isso' Foto: Divulgação/ Rachel Cardoso

 

Me via nisso tudo, mas com o tambor sempre tocando no meu coração. É a base do meu talento, do meu legado, das coisas que tenho dentro de mim. Aí vem o afropop brasileiro, o estilo, Gil, Caetano, Ijexá, os blocos afro. Abri meu coração para receber tudo isso. Está dentro do axé music, mas também é uma conexão com o mundo, com esse caldeirão que significa worl music.

Afefé é o vento forte que acompanha as aparições de Iansã na mitologia afro-brasileira. Isso é muito forte por tudo que significa, a força feminina, o vento que movimenta a atmosfera, o mar, leva coisa ruins, traz coisas novas, as voltas que o mundo dá ao redor do planeta. "Terra Afefé" é a energia que concentra tudo isso, a renovação.

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Quando você ficou gravadora, foi lá e abriu um selo, o "Estrela do mar", para lançar seus discos. Ao se ver sem patrocínio para fazer live no carnaval da pandemia, pôs a boca no trombone nas redes sociais e, rapidinho, foi convidada para um projeto. Margareth não é de se conformar com o “não”? Usa obstáculos que poderiam desmotivar para se reinventar?

Acredito que exista saída enquanto estivermos vivos, que a gente tem que procurar porque tem o "sim" em algum lugar. Pode ficar puto, xingar, se sentir deixado de lado, ir lá no fundo do poço, mas tem que voltar, a gente não pode aceitar o não.

Apesar de você ter vindo antes e de ser seminal para a música baiana, Daniela Mercury e Ivete Sangalo tiveram mais projeção. Por que?

São histórias de patamares diferentes e existem aí várias coisas dentro do mesmo pacote. Tem a questão racial, o racismo estrutural da nossa sociedade. A isso, soma-se a estética, o padrão da televisão. Nós, mulheres artistas negras, não tínhamos as mesmas oportunidades, aberturas, convites.

Outro diferencial é que Daniela e Ivete, mulheres fantásticas e grandes talentos com contribuições enormes na cultura, tiveram a oportunidade de participar de blocos com estrutura, já com a logística arrumada, patrocinadores. Não tinham as mesmas preocupações que eu, que venho da música e de trio independente.

Por outro lado, tive a sagacidade de conseguir o meu espaço dentro disso tudo. Fui uma artista inquieta, sempre gostei de fazer coisas diferentes e sobrevivi a uma situação brutal, fiquei oito anos sem gravadora (depois do disco "Luz dourada", de 1993, e até o "Maga - Afropop brasileiro", de 2001, lançado em parceria com a Universal). Mesmo assim, fiz uma carreira de destaque aqui e fora do Brasil. Continuei os projetos e pude atravessar o deserto.

Mas consigo entender cada coisa em seu lugar sem ferir a minha relação com elas, por quem tenho muito respeito. Daniela, inclusive, vai fazer participação no meu show e sempre me convida também.

Pode contar algo que estará na sua biografia? Vai falar sobre a relação com seus pais?

Estou feliz de poder realizar isso. Com o tempo, a gente vai percebendo a importância de contarmos nossa própria história. Por mais que as narrativas alheias sejam bacanas, sempre vai faltar o sentimento de quem viveu. Tenho momentos bons e ruins na carreira, um sentimento diante das coisas que vivi, e quero deixar isso registrado.

Vou falar da ideia dos Blocos dos Mascarados, do movimento afropop brasileiro... Foram ideias criadas não para proveito próprio, mas para resgatar o lúdico, a alegria, criar espaços de diversidade e fortalecer alguns apelos em relação ao espaço dentro do carnaval.

E também para aproveitar esse espaço para mostrar a minha pesquisa musical.Vou falar dos meus pais, pessoas de origem humilde. Ele, que era motorista, aprendeu a ler e a dirigir sozinho. Ela era, cozinheira, costureira... Os dois eram muito simples, mas com uma visão de vida que favoreceu muito a gente. Viemos de família pobre, mas não chegamos a passar necessidade como a maioria das pessoas negras e pobres. Tive uma relação dura com meu pai. Ele era radical em tudo. Depois, a gente pôde se resgatar um pouco e pude viver coisas melhores com ele.

 
 
Margareth Menezes: 'Sou tímida, tenho uma maneira de chegar devagar nas pessoas, nunca fui de me jogar' Foto: Divulgação / Raquel Cardoso
Margareth Menezes: 'Sou tímida, tenho uma maneira de chegar devagar nas pessoas, nunca fui de me jogar' Foto: Divulgação / Raquel Cardoso

 

O fato de você ser artista o incomodava?

Nunca foi muito bem aceito por ele. Meu pai providenciou o estudo para a gente. Era escola pública, mas ele não deixava faltar livros, fazia um esforço muito grande. Para a cabeça dele, me ver num grupo de teatro... E sempre fui muito livre na maneira de me relacionar, na minha sexualidade, não presto satisfação em relação a isso, nunca prestei. E meu pai era muito agressivo nessas questões.

Mas é importante esse lugar de entender qual era a condição dos nossos pais, ao que tiveram acesso. Essa reflexão chegou para mim a tempo e foi importante para olhar para frente, mais para o tempo que a gente tinha do que ficar sofrendo por coisas do passado.

Nesses conflitos de família, alguém tem que ceder. E se você muda a maneira de se comportar abre uma janela para recuperar o laço que está se partindo. Podemos manifestar o desacordo fora da agressividade, o que não significa ter menos razão.

Essa reflexão serve também para esses tempos de ódio generalizado entre as pessoas, né?

É o que precisamos fazer hoje. Nós brasileiros, estamos passando por muitos conflitos, sem humanizar nada. As pessoas estão se armando para matar quem? O outro que não concorda com ele? Por causa de que? Quem será a vítima desse povo armado? Somos seres humanos, vivemos num país com diversidade de sentimentos e etnias.

Você completa 60 anos esse ano. Se sente com essa idade?

Menina, de jeito nenhum! Mas me importo é com vitalidade. Nessa questão da idade, a minha geração conseguiu fazer uma coisa interessante que é dar mais longevidade, se manter ativo. Hoje, a gente sabe que o corpo humano aguenta muito mais se cuidar da saúde, tiver qualidade de vida.

O negócio é não comprar muito essa questão de "tô ficando velha". Porque, aí, começa a envergar. Acho que isso vem de dentro. Me sinto bem, com saúde, ativa. Meus mestres estão aí produzindo, Gil, Caetano, muita gente boa. Dona Elza (Soares) partiu, mas dois dias antes ainda estrava trabalhando.

E essa sexualidade livre que você mencionou... Continua?

Hoje sou mais de ir para o cinema, ver televisão (risos). Sou uma pessoa sadia em relação à sexualidade, estou de acordo com o andamento da minha carroça (risos). Acho que quanto mais madura com a vida, a sexualidade vai tendo outro lugar. O valor das coisas, de ter alguém ou não ter. Acho que passa muito por construir sua história nas relações.

Sempre fui tranquila. A gente tem que ser feliz e não ficar carregando mala sem alça, né? Relação não é só momento de prazer e felicidade, também é dialogar, refletir sobre a individualidades. Às vezes, a gente sofre com o que pessoa está fazendo, mas para que esquentar a cabeça com isso?

 
 

Você disse uma vez, en passant, que engravidou e não pariu. O que aconteceu? Ficou tristeza em relação a isso?

Naquele momento, sim. Não foi legal. Era uma gravidez tardia, estava entre 45 e 50 anos. Foi logo no comecinho. Aquilo me alimentava, eu queria. Não é que eu não quis mais, mas esse acontecimento foi dolorido, a gente ficou triste. Não persegui mais esse sonho. Mas não tenho sofrimento.

Naquele sarau na casa do Gil quando nos encontramos, pude observar o quanto você, fora do palco, é discreta, econômica até nos movimentos. É um pouco desconfiada também?

É só jeito de corpo. Sou assim mesmo. Quando vou para o palco ou começo a ficar à vontade, tenho outras expressões. Mas tenho um jeito de chegar nos lugares, para falar com as pessoas, chego devagar. Sou mais na minha. Sou uma pessoa tímida. É da minha natureza, nunca fui de me jogar.

Margareth Menezes às vésperas dos 60 anos: 'O negócio é não comprar muito essa questão de 'tô ficando velha'. Porque, aí, começa a envergar' Foto: Divulgação/ Raquel Cardoso
Margareth Menezes às vésperas dos 60 anos: 'O negócio é não comprar muito essa questão de 'tô ficando velha'. Porque, aí, começa a envergar' Foto: Divulgação/ Raquel Cardoso

 

Me contaram que está no meio de uma transição de cabelo. Vem novidade por aí?

Tirei as tranças para pintar e hidratar o cabelo. Estou nesse estudo para ver o que vou fazer. Gosto de trança, mas seria bom uma novidade. Sou libriana (risos), é fogo para decidir... Analiso de um jeito, de outro...

Você está no elenco da série Luiz Fernando Carvalho sobre a Independência do Brasil, que partirá do ponto de vista dos excluídos, como negros e mulheres. Qual é a importância de apresentar outras narrativas sobre essa história?

Precisamos fazer isso para que nós, brasileiros, entendamos por que as coisas são desse jeito e como podemos mudá-las. Foi uma perversidade o que aconteceu com o povo negro no Brasil, a maneira como as pessoas foram tiradas da África e o tempo que durou. Pensa no desespero que foram dois anos de pandemia e imagina 300 e tantos anos submetendo vidas humanas à escravidão...

Isso suscitou muito desgaste, desequilíbrio emocional. Quando a dominação se dá, é imposta em cima de mecanismos de sofrimento, de desqualificar, de humilhação. Você quebra o espírito, a verve da pessoa. Isso foi imposto ao povo negro no Brasil. Quando se conhecesse mais sobre essa história, vem a gana de sair dessa situação, principalmente, essa nova geração com mais acesso à informação. Começam a resgatar as religiões de matriz africana, a não aceitar certas coisas.

Isso não é um problema de branco e preto, mas do Estado que precisa fazer a reparação que não foi feita na Abolição. Não houve indenização, ao contrário, os donos de escravos é que foram indenizados. As pessoas foram deixadas a esmo para morrer. Durante esse tempo de penúria, de falta de visão, como houve para outros imigrantes que vieram, há ainda uma dívida história a ser reparada. Por isso, a necessidade de cotas e políticas públicas justas para haver democracia.

 
 

Você cunhou a expressão "máquina do privilégio", como define o favorecimento a artistas brancos. O que diria a quem afirma que isso é "mimimi"?

As pessoas dizem que reclamamos muito. Bicho, não é reclamar, não é criar polêmica, é uma reflexão sobre a história real de um país que a gente precisa pensar para que a coisa comece a ter outro rumo. É fácil para quem não sente na pele, a gente precisa falar que isso dói. Não sou uma pessoa que se coloca no lugar de vítima. Estou falando de uma estrutura que faz mal a um número enorme de pessoas.

Precisamos construir uma outra forma de contemplar todos os brasileiros, ter representatividade do povo negro em todos os postos de poder, compartilhar das coisas boas é um direito nosso que nascemos nesse solo e somos afrobrasileiros, nosso lugar precisa ser reconhecido. Nossos antepassados foram trazidos para cá e o legado é muito positivo para o Brasil. Porque é bom na hora do samba, da comida e na hora de reconhecer direito não é bom?

O Brasil a valoriza como merece?

O Brasil não valoriza o povo como merece. O cidadão brasileiro precisa reconhecer o valor do próprio povo, da cultura, da arte, das potencialidades, da ciência, das pesquisas do Brasil. Não é sobre mim, pois quando olho a minha história, vejo que é o povo do Brasil que me sustenta. Estou viva até hoje porque tenho fãs aqui (Salvador), no Rio, em São Paulo. Viajo o Brasil fazendo shows. Estou falando de uma estrutura racista, mas não posso dizer que não tenho reconhecimento do povo brasileiro.

Acha que cantoras negras da cena atual, como Larissa Luz, Luedji Luna e Xênia França já vem com a resistência no DNA? Não que você não tivesse, mas talvez hoje haja uma consciência mais generalizada sobre a importância de se colocar... Ao mesmo tempo que você é inspiração, aprende com elas também?

Essa galera vem com maiores oportunidades, conquistadas à base de muita luta e história das artistas que vieram antes. Temos Márcia Short, Sandra de Sá e todas as mulheres artistas negras construíram algum legado para essa geração nova. Não veio de bandeja. Hoje, elas têm acesso a outras ferramentas, como as redes sociais, que conseguem gerar uma comunicação direta com o público.

Vemos influencers que têm linguagens certas, maneira de ganhar mais seguidores. Nós artistas temos a nossa arte, as pessoas que nos seguem estão ali em função do que a gente construiu. E tem Ludmilla, Iza, artistas com muitos seguidores, e acho que tem que ser assim mesmo para chegar aos lugares.

E com certeza, a partir do momento em que se tem mais acesso e se conhece a história do nosso povo, o approach é muito mais firme.

 

Você disse outro dia, na gravação do programa "Por acaso", que quando as pesquisas dos blocos afro desaguaram em músicas sobre histórias positivas do povo negro e outros povos foi uma verdadeira revolução... Pode falar um pouquinho sobre isso?

Foi uma luz. E ela veio de todas as ações que nos trouxeram referências positivas ao longo desse tempo todo de luta. Os terreiros de candomblé, as mães de santo, os blocos afro são guardadores da memória do povo, assim como as escolas de samba.

A partir daí é que se constrói memória e referências para reagir, para se ter autoestima. Não esquecemos quem veio antes, revisitamos a nossa ancestralidade. Todo ser humano precisa ter essa busca, conhecer a história de sua família de alguma maneira. Perguntar para pai, mãe, avó.

Para nós, negros, é mais difícil por conta de como as coisas aconteceram. Mas a gente busca, começando pelos significados das palavras nas línguas de África. Tudo isso é fortalecedor. Inclusive, ver a história antes da escravidão. Nem todos os povos da África foram escravizados. Tem muita coisa para conhecer. Muita coisa nasceu ali, muita ciência. A origem de muitas coisas positivas vem da África.


O Globo domingo, 17 de abril de 2022

PÁSCOA: *PÁSCOA DE GUERRA* - PAPA FRANCISCO FAZ APELO POR PAZ NA UCRÂNIA DURANTE CELEBRAÇÃO NO VATICANO

'Páscoa de guerra': Papa Francisco faz apelo por paz na Ucrânia durante celebração no Vaticano

Pontífice ressaltou que conflito é 'cruel e sem sentido'
Papa Francisco faz apelo por paz na Ucrânia durante celebração da Páscoa no Vaticano Foto: REMO CASILLI / REUTERS
Papa Francisco faz apelo por paz na Ucrânia durante celebração da Páscoa no Vaticano Foto: REMO CASILLI / REUTERS
 

VATICANO — Durante a celebração de Páscoa neste domingo, o Papa Francisco fez novamente um apelo por paz na Ucrânia, país em guerra desde a invasão de tropas russas em 24 de fevereiro. Francisco ressaltou aos fiéis presentes no Vaticano que a nação ucraniana foi "arrastada" para um conflito "cruel e sem sentido" e alertou que a situação poderia levar à destruição da humanidade.

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 — Que os líderes das nações ouçam o apelo do povo pela paz. Que eles ouçam essa pergunta perturbadora feita pelos cientistas há quase setenta anos: "Vamos acabar os humanos, ou a humanidade deve renunciar à guerra?" — Lembrou o pontífice, citando o Manifesto Russell-Einstein de 1955, que alertava para a destruição global que poderia ser causada por armas nucleares —  Por favor, não nos acostumemos com a guerra!
 

O papa também lamentou que, após dois anos de pandemia de Covid-19, quando todos "uniram forças e recursos" , o mundo esteja enfrentando uma "Páscoa de guerra".

— Estamos mostrando que ainda temos dentro de nós o espírito de Caim, que viu Abel não como um irmão, mas como um rival, e pensou em como matá-lo. Precisamos do Senhor crucificado e ressuscitado para que possamos crer na vitória do amor e esperar a reconciliação — ressaltou o líder da Igreja Católica. 

Cerca de 50 mil pessoas estavam na Praça de São Pedro nesta manhã. Esta foi a primeira celebração de Páscoa com autorização de público no local após dois anos de restrições por conta do coronavírus.

Desde o início da guerra Francisco já lamentou os combates entre Rússia e Ucrânia diversas vezes. Ele chegou a dizer que estava com o "coração partido" por conta da situação e descreveu o conflito como uma "insensatez" e um "massacre".

 


O Globo sábado, 16 de abril de 2022

ARTE SACRA: OURO PRETO GANHA MUSEU QUE MOSTRA COMO O BARROCO SE ADAPTOU NAS AMÉRICAS E NA ÁSIA

 


Imagens do acervo do Museu Boulieu, o mais novo de Ouro Preto, em Minas Gerais, focado na arte barroca  — Foto: Nelson Kon / Divulgação

Imagens do acervo do Museu Boulieu, o mais novo de Ouro Preto, em Minas Gerais, focado na arte barroca — Foto: Nelson Kon / Divulgação

Ao pisar no salão cheio de imagens sacras dos séculos XVII e XVIII, o visitante é envolvido pela voz de Maria Bethânia declamando poemas de Fernando Pessoa. Essa é uma das experiências proporcionadas pelo Museu Boulieu, o mais novo espaço cultural dedicado ao barroco em Ouro Preto, coração do circuito de cidades históricas de Minas Gerais.

Inaugurado no último dia 13 , o novo museu se destaca por mostrar como a arte barroca se desenvolveu não apenas em Minas Gerais, mas em diversos países do mundo. A coleção foca em peças produzidas também em outras colônias europeias na Ásia e na América Latina, e os resultados obtidos por artistas de cada um desses locais, frutos de misturas culturais e sincretismos religiosos.

O museu foi formado através da coleção doada pelo casal Jacques e Maria Helena Boulieu, com 2.500 peças. Dessas, 1.050 farão parte da exposição permanente. Há especialmente esculturas de pedra e madeira, mas também pinturas, móveis, utensílios de prata e ouro e peças religiosas.

Veja fotos do Museu Boulieu, novo espaço cultural em Ouro Preto dedicado à arte barroca

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Imagens do acervo do Museu Boulieu, o mais novo de Ouro Preto, em Minas Gerais, focado na arte barroca  — Foto: Nelson Kon / Divulgação
Aberta em abril, galeria tem seis salas de exposição e mais de mil peças em exibição

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Com patrocínio do Instituto Cultural Vale, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e projeto de restauração e expografia do Instituto Pedra, o museu tem curadoria de Angelo Oswaldo. Ele, que é o atual prefeito de Ouro Preto, dispôs o acervo de modo a ajudar a contar um pouco da histórica do espalhamento da fé cristã a partir da Península Ibérica em direção às colônias. São nove setores: "A fé e o império conquistam o mar"; "O mundo encantado das Índias"; "Americanos de Norte a Sul sob o sinal da cruz"; "O brilho dos metais e a luz da religião"; "A América hispânica e o esplendor do culto"; "Os engenhos da arte no Brasil açucareiro"; "A palma barroca na mão do povo"; "O eldorado no coração da grande floresta"; e "Esfera da opulência e teatro da religião".

Também há um espaço dedicado a exposições temporárias, com peças de fora da própria coleção. A primeira, que irá até 30 de julho, é "Aleijadinho - fotografias de Horacio Coppola", em parceria com o Instituto Moreira Salles. O conjunto de fotografias retrata as obras do mais importante escultor do barroco brasileiro, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, a partir da viagem feita por Coppola a Minas Gerais em 1945.

Imagens do acervo do Museu Boulieu, o mais novo de Ouro Preto, em Minas Gerais, focado na arte barroca  — Foto: Nelson Kon / Divulgação

Imagens do acervo do Museu Boulieu, o mais novo de Ouro Preto, em Minas Gerais, focado na arte barroca — Foto: Nelson Kon / Divulgação

Instalado no antigo Asilo São Vicente de Paulo, um prédio de 1932 num dos principais acessos ao centro de Ouro Preto, o museu ocupa um espaço de 400 metros quadrados. As seis salas de exposição se concentram no segundo andar, e os visitantes têm acesso ainda a um café e uma loja.

O Museu Boulieu fica na Rua Padre Rolim 412 e funciona segunda, quinta, sexta, sábado e domingo das 10h às 18h; e quarta, das 13h às 22h. O ingresso custa R$ 10, menos às quartas, quando a entrada é gratuita. Mais informações em museuboulieu.org.br.


O Globo sexta, 15 de abril de 2022

CULTURA: O VINIL NÃO É MAIS AQUELE - AGORA É A VEZ DE O CD ENCANTAR OS COLECIONADORES

 

O vinil não é mais aquele: agora é a vez de o CD encantar os colecionadores

A alta do ‘hype’ nos LPs, um disco raro chega a R$ 20 mil, trouxe de volta aquele formato físico de ouvir música calado lá nos anos 1990. Sensação entre a Geração Z, o CD já está até inflacionado
Philipe Baldissara Antunes procura por CDs na Loja Tracks, na Gávea, Rio Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Philipe Baldissara Antunes procura por CDs na Loja Tracks, na Gávea, Rio Foto: Ana Branco / Agência O Globo

Proprietário da loja de discos Tracks, há 27 anos na Gávea, Heitor Trengrouse é um dos muitos que, até há pouco, tinham decretado a morte do CD. Diante da baixa procura por lançamentos no formato, cada dia mais suplantado pelo streaming, ele já estava planejando diminuir a presença do produto em sua loja, que também comercializa LPs e DVDs.

Em novembro, porém, Trengrouse tentou algo diferente. Pela primeira vez, adquiriu uma grande coleção de CDs usados. Vendidos a preços mais acessíveis, o lote teve uma saída surpreendente. O perfil dos compradores variava: desde jovens nostálgicos em busca dos artistas dos anos 1990 e 2000 que ouviam na infância (e que só foram lançados em CD) a colecionadores que não querem mais pagar os valores inflacionados dos vinis.

 — O primeiro lote de usados foi um start, funcionou tão bem que passamos a adquirir outros — diz ele. — Está claro que estamos vivendo um aquecimento nessa área.

Lázaro Ramos: 'A tentativa de silenciar as pessoas ajuda o caos e não um projeto de nação'

Outros proprietários de lojas concordam com Trengrouse: há empolgante crescimento das compras de CD de segunda mão, que parece inversamente proporcional à procura por lançamentos no mesmo formato.

Segundo uma pesquisa divulgada pela Pro-Música Brasil, associação afiliada e representante nacional da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), a produção de streaming correspondeu a 86% do faturamento total da indústria fonográfica no Brasil em 2021. As vendas dos formatos físicos como um todo (CD, LP e DVDs), por sua vez, representaram apenas 0,6% do total das receitas da indústria.

Febre mundial nos anos 1990, os CDs praticamente deixaram de ser lançados no Brasil de 2022 Foto: Paulo Rubens Fonseca / Agência O Globo
Febre mundial nos anos 1990, os CDs praticamente deixaram de ser lançados no Brasil de 2022 Foto: Paulo Rubens Fonseca / Agência O Globo

Nessa conjuntura, a produção de CD em território nacional minguou. Mesmo alguns lançamentos de artistas brasileiros só chegam aqui muitas vezes via importação, o que tornam os preços exorbitantes. Os últimos de Caetano Veloso e Marisa Monte, por exemplo, estão saindo por quase R$ 200 na Tracks Discos.

— Imagino que a decisão de lançar um CD ou um vinil hoje deva-se mais a uma estratégia promocional do que à busca por um faturamento maior, sendo que existem artistas e gêneros musicais, o clássico, por exemplo, que subvertem continuamente esta lógica — opina Paulo Rosa, presidente da Pro-Música Brasil.

No restrito mundo dos colecionadores, a história é outra. O formato, que reinou nos anos 1990 e parte dos 2000, vive um renascimento próprio. Fábio Pereira, dono da Supernut Mara Records, uma loja online de compra e venda de discos, vivia recusando ofertas de CDs. De dois anos para cá, passou a comprar novos lotes semanalmente.

— Está acontecendo com o CD o que ocorreu com o vinil anos atrás: tem muita gente jogando fora, e você pode encontrar coisas boas e baratas. Estou aproveitando para estocar. Além disso, os LPs raros chegam a valores surreais, e ouço muitos clientes dizerem que estão comprando CD porque é mais barato — conta. — Eles têm a necessidade do material físico.

Streaming sem limites

A tendência chegou a jovens que não conheceram o auge do CD e que ainda têm o streaming como “toca-discos”. Ouvinte de música erudita, Ana Nader, de 20 anos, seguiu rumo ao CD com o objetivo de se afastar um pouco do celular. O primeiro contato com essa tecnologia quase “arcaica” para a sua geração teve altos e baixos. Por um lado, ela achou o CD um tanto restritivo, dada a limitação do espaço para músicas. Por outro, acredita ter ficado um pouco mais seletiva sem a oferta infinita do streaming.

— Se pelo streaming podia, num intervalo de uns 40 minutos, ouvir de Bach a Boulez, por exemplo, pelos CDs me limitei a escutar algo específico, seja a seleção do intérprete ou a seleção de épocas — conta a jovem de Sorocaba, São Paulo. — Isso foi positivo, já que não ficava muita informação para a cabeça num dia só.

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A tendência de comportamento de consumo musical, apesar de relativamente recente, já começa a dar sinais de causa e efeito no mercado. E os mesmos preços inflacionados que atormentaram os colecionadores de vinil nos últimos anos também estão, em menor medida, ameaçando o novo queridinho dos sebos. Ainda que um CD dificilmente iguale o valor de um LP raro (que pode chegar até R$ 20 mil), os amantes de CD já sentem no bolso o “índice hype” do momento.

— Os CDs de heavy metal, por exemplo, subiram de maneira inimaginável — diz Philipe Baldissara Antunes, 22 anos, que voltou a consumir CDs após ter abandonado o hábito em 2012. —Quando eu era adolescente, comprava clássicos do gênero por R$ 20 ou R$ 30 reais, hoje são coisas que você encontra de R$ 90 para cima.

Assustado com o preço nas lojas, Philipe Baldissara Antunes passou a garimpar em sebos, e também em grupos de Facebook.


O Globo quinta, 14 de abril de 2022

DONA IVONE LARA, 100 ANOS

Dona Ivone Lara, 100 anos: A sambista que fez carreira como profissional da saúde mental

 

Dona Ivone Lara em julho de 1982

 

 

"Sonho meu, sonho meu/ Vai buscar quem mora longe, sonho meu/ Vai mostrar esta saudade, sonho meu/ Com a sua liberdade, sonho meu/ No meu céu a estrela-guia se perdeu". 

Para quem conhece a vida e a obra da gigante Dona Ivone Lara, que completaria 100 anos nesta quarta-feira, sua canção mais famosa, "Sonho meu", pode ter sido inspirada nos anos de trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional D. Pedro II, no Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio, sob a supervisão de Nise da Silveira, médica responsável por revolucionar o tratamento de saúde mental do Brasil. 

 

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Pouca gente sabe, mas antes de se tornar famosa com seus sambas, Dona Ivone Lara foi uma aguerrida profissional de saúde mental. Orfã de pai aos 2 anos e de mãe aos 16, Dona Ivone Lara cursou Enfermagem na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e, aos 25 anos, deu início a sua carreira na instituição no Engenho de Dentro, onde trabalhou por 30 anos. Filha de uma família musical (seu pai tocava violão de sete cordas, e a mãe cantava), ela já compunha e também cantava desde muito jovem. Mas só se dedicou inteiramente ao samba depois de se aposentar do serviço público, em 1977.

 

Dona Ivone no hospital no Engenho de Dentro

 

 

Carregando nos ombros o legado da resistência negra e do pioneirismo das mulheres no mercado de trabalho, a carioca transitava entre o universo da classe média vivida na faculdade e a realidade de uma famíla pobre, negra e, portanto, marginalizada. Por isso, agrarrou-se à vaga conseguida no Serviço Nacional de Doenças Mentais, logo que saiu da vida acadêmica.

Seis anos após se formar em Enfermagem, em meados dos anos 1940, ela se tornou uma das primeiras estudantes de Serviço Social no Brasil e, em seguida, especializou-se em terapia ocupacional, no curso ministrado por Nise da Silveira, com quem atuou também na Casa das Palmeiras, em Botafogo, na Zona Sul.

Homenagem: Artista fará intervenções na cidade em memória de Dona Ivone

Naquele período, o tratamento de doentes mentais no Brasil ainda era muito voltado para a internação, com o uso de terapias agressivas como eletrochoques e lobotomia. Muitos pacientes eram abandonados pelas famílias em institutos como aquele em que Ivone Lara trabalhava. A psiquiatra Nise da Silveira, porém, foi responsável por quebrar essa tradição, incentivamento o engajamento de doentes com atividades culturais e a aproximação de seus pacientes com a família. Muitas das práticas iniciadas pela médica são referência no tratamento mental até hoje. 

 

Dona Ivone Lara em show no Teatro Opinião, em 1978

 

 

Foi nesse ponto da revolução promovida por Silveira, hoje considerada o marco inicial da luta antimanicomial, que o trabalho da sambista se mostrou de suma importância. Atuando como visitadora social em nome do hospital, Dona Ivone Lara tinha, muitas vezes, a tarefa de percorrer centenas de quilômetros em território fluminense, ou até em outros estados do Brasil, atrás das famílas de pacientes internados, com o objetivo de reunir os parentes com os assistidos. 

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No instituto na Zona Norte, Ivone atuava em oficinas de música com internos e eventos nos quais promovia a aproximação de doentes com pais, mães, avós, irmãos etc. Há quem diga que esse trabalho, realizado até hoje na unidade de saúde, plantou a semente do bloco de carnaval Loucura Suburbana, que, tradicionalmente, sai do prédio, hoje chamado de Instituto Municipal Nise da Silveira, e percorre as ruas do Engenho de Dentro, misturando pacientes, familiares, profissionais de saúde e moradores do bairro.

 

Dona Ivone durante desfile da Império Serrano em 1972

 

 

 

Dona Ivone em gravação de depoimento no Museu da Imagem e do Som em 2008

O Globo quarta, 13 de abril de 2022

ESPORTES: ROBERTO DINAMITE COMPLETA 68 ANOS EM MEIO A TRATAMENTO DE CÂNCER - *QUERO VIVER MUITO AINDA*

Roberto Dinamite completa 68 anos em meio a tratamento de câncer: 'Quero viver muito ainda'

Ídolo do Vasco recebe homenagens de torcedores pelo Brasil
Roberto Dinamite trata câncer no intestino Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
Roberto Dinamite trata câncer no intestino Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
 

A rouquidão de Roberto Dinamite não é páreo para a mensagem que ela tenta abafar. O maior ídolo do Vasco, em meio ao tratamento de um câncer no intestino, vive e deseja viver. Hoje, ele comemora 68 anos em meio a homenagens. Receberá o título de benemérito e, até o fim do mês, uma estátua que ficará em São Januário.

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O ex-jogador perdeu 20kg em 20 dias no começo da quimioterapia — outro efeito colateral das sessões é a fraqueza na voz. Chorou quando recebeu a notícia da doença, descoberta ao investigar uma obstrução intestinal. Quatro meses depois, os sentimentos continuam à flor da pele.

— Hoje, eu me emociono de alegria, por acreditar que vou passar por essa etapa.

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Com você está?

Estou me recuperando, convivendo com uma situação, vamos dizer, nada normal. Para alguém com a minha vida, eu tive minha carreira como atleta. De repente, você se vê numa situação que está aí, todo mundo sabe. É uma etapa que precisa ser feita na minha vida. Operei às vésperas do Natal. Era uma obstrução intestinal. Fui operar e identificamos o câncer. Hoje eu uso isso aqui (mostra a bolsa intestinal). Qualquer coisa que eu coma, desce aqui.

Como foi o começo do tratamento?

No primeiro momento, você não sabe como vai ser sua reação. Serão oito sessões de quimioterapia. Já estou entre a sétima e a oitava. Em 20 dias, eu perdi 20kg. Fui lá para baixo. Estava dando topada em pedrinha no chão porque andava arrastando os pés, minha musculatura foi lá para baixo. Agora estou forte, comparado a antes. No começo, passei muito mal, vomitei. Agora já durmo na sessão.

 

Você logo falou da doença publicamente. Muitos preferem guardar para si...

Eu, depois que falei, conheci um monte de gente na mesma situação. Acho que é legal colocar isso externamente. Jamais pensei em esconder nada. A informação é tudo. Tem muitas pessoas passando por isso. Quero mostrar que é fundamental estar fazendo exames, sabendo como está, entender como está passando. Foi tudo muito rápido.

 

Tem recebido muito apoio?

É gente de tudo quanto é canto. Dizendo que está rezando, orando. Hoje, a coisa está mais ou menos estabilizada. Convivo com a bolsa (intestinal) e vou continuar convivendo. Não tem essa de vergonha. O que sai está dentro de mim, é do corpo humano. Estou convivendo bem com isso.

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Como vê essas homenagens justamente no período em que passa por essa doença?

Independentemente disso, é o reconhecimento. Não vejo como um favor, nem de um lado nem do outro. O Vasco me proporcionou muito e houve a troca. Com vitórias, derrotas. Isso é a vida. Se Deus quiser que eu saia dessa, e eu vou sair, vou mostrar que as pessoas podem sonhar com o tratamento. E ter o pensamento positivo. No primeiro dia, chorei. Depois pensei, ‘não vou chorar’. Eu me emociono hoje, mas muito mais de alegria, por acreditar que vou passar por essa etapa.

Esse carinho todo ajuda?

Sem dúvida, a pessoa passa a te ver não apenas como ídolo, mas como um ser humano. Desejarem o bem é muito legal, transcende, entra muito mais pelo lado humano. Não é pena, é torcer, querer bem. Estava muito fraco antes, agora comecei a fazer fisioterapia, faço duas vezes na semana, as vezes três. Daremos uma parada no tratamento. E avaliaremos um segundo estágio. Não tem nada definido. A ideia é buscar algo que me dê mais qualidade de vida.

 
 

Você imaginava um dia ter uma estátua no Vasco?

Jamais poderia imaginar. Vai ser legal, a estátua me mantém eterno. Eu fecho os olhos e posso ver tudo que eu passei para chegar até ela. Eu quero viver, quero viver muito ainda. Para ter alegrias como essa. Estar triste por um motivo, feliz por outro. Assim é a vida.

O Vasco está para passar por mudanças profundas (o clube tenta repassar o controle do futebol para investidores americanos). Como vê isso?

Acredito que é o caminho. Essa parceria se faz necessária para o clube. A instituição está acima das pessoas. Eu sou vaidoso, mas o Vasco está acima disso. Se eu não tivesse a estátua e tivesse o Vasco vencedor, campeão novamente, estaria feliz. Eu trocaria tudo que estou tendo hoje por um Vasco mais forte. As pessoas que gostam do Vasco e respeitam o clube, a história que está lá, que sempre vai estar, precisam deixá-lo seguir adiante.

O quanto essa fase do Vasco mexe com você?

Você pode até não acreditar, mas se eu pudesse dividir um pouco a corrente positiva que estou recebendo com o Vasco, eu dividiria. Daria 51% de toda a energia que estou recebendo. Está bom, né? (risos). Se eu puder viver mais não sei quanto tempo e puder dividir isso com o Vasco, dividiria. Não é demagogia. É o que o meu coração fala. Não quero nada mais do Vasco, que não seja ver o Vasco feliz.

 

 


O Globo terça, 12 de abril de 2022

TURISMO: VEJA BONS MOTIVOS PARA VISITAR ORLANDO EM 2022

Por Carla Lencastre; Especial Para O Globo

 


Mickey, Minnie e outros personagens com a roupa especial, desenhada para a festa de 50 anos do Walt Disney World, na Flórida — Foto: Divulgação

Mickey, Minnie e outros personagens com a roupa especial, desenhada para a festa de 50 anos do Walt Disney World, na Flórida — Foto: Divulgação

“Bem-vindo de volta. Sentimos muito a sua falta”. A frase ocupando uma imensa parede na área do desembarque internacional do Aeroporto de Orlando parece ter sido escrita para os brasileiros, um dos maiores mercados internacionais da cidade dos parques temáticos. Com a suspensão das restrições mais severas impostas pela pandemia e o dólar ligeiramente menos caro, é hora de começar a tomar coragem seja para encarar a nova Jurassic World VelociCoaster, no parque Islands of Adventure, do Universal Orlando Resort, ou simplesmente abraçar e beijar Mickey e Minnie no Walt Disney World. Sim, beijo e abraço, sem distanciamento social. A “volta do abraço” nos personagens pelos parques e hotéis do Walt Disney World, que está celebrando 50 anos, acaba de ser anunciada para a alegria dos disneymaíacos.

Em evento realizado na primeira semana de abril em São Paulo, representantes do Visit Orlando, escritório de promoção turística da cidade, se mostraram otimista com o retorno dos visitantes internacionais. A expectativa é que até o final de 2022 o número alcance 93% dos índices de 2019. Quando o assunto é mercado estrangeiro, os que estão se recuperando mais rapidamente são Reino Unido e México. A retomada do Brasil é gradual, porém um pouco mais lenta, já que as principais restrições de entrada de brasileiros nos Estados Unidos foram suspensas somente no final de 2021 e a emissão de vistos ainda não se normalizou.

 

Para gritar alto

 

A grande atração de 2022 em Orlando é a montanha-russa Guardians of the Galaxy: Cosmic Rewind. Com inauguração marcada para 27 de maio, será totalmente fechada. A primeira ride do Epcot marca uma nova etapa na fase de transformação pela qual vem passando este parque do Walt Disney World. No Universal, quem procura adrenalina deve começar pela nova VelociCoaster, inspirada nos filmes “Jurassic World”. Aberta ano passado, é a mais alta (47 metros) do parque e a mais rápida, alcançando 112 km/h em 2,4 segundos. Ainda na fila para a atração, a perfeição dos dinossauros em animatrônicos já impressiona e (não) prepara para o que vem depois, como um giro de 360º.

 

Pelas ruas dos parques

 

Na Disney, abraçar os personagens a partir de 18 abril será uma realidade esperada com ansiedade principalmente crianças. No Universal, este ano as ruas do parque voltaram a ser ocupadas pela parada de Mardi Gras, uma homenagem ao carnaval de Nova Orleans. O evento começou em fevereiro e vai até 24 de abril. Quem quiser desfilar no alto de um carro alegórico, jogando os famosos colares de contas coloridas para os visitantes na plateia, precisa se inscrever em uma fila virtual assim que chegar ao parque.

 

Festa de aniversário

 

A montanha-russa dos Guardiões das Galáxias é a grande novidade do Epcot, mas não a única, já que o parque está passando muitas mudanças. Em 1º de outubro de 2021, dando início às comemorações do cinquentenário do Walt Disney World na Flórida, foi inaugurado o restaurante La Crêperie de Paris, no Pavilhão da França, e estreou o musical noturno “Harmonius”, também nesta área do World Showcase. São 15 canções em 13 diferentes idiomas gravadas por 240 artistas de todo o mundo. No Magic Kingdom, há um novo espetáculo noturno, o “Disney Enchantment”, que se espalha pela Main Street e termina com fogos de artifício, claro. O Castelo da Cinderela foi repaginado, e alguns personagens ganharam trajes de festa e esculturas douradas espalhadas pelos parques. A celebração das cinco décadas do WDW terá duração de 18 meses e vai até o início de 2023.

 

Bons sonhos

 

O Universal tem dois novos hotéis temáticos que parecem feitos sob medida para parte do público brasileiro. De perfil econômico, o Dockside Inn and Suites e o Surfside Inn and Suites são coloridos e confortáveis, com lojas temáticas, cafés, bares e restaurantes, e 2.800 quartos em três torres, cada uma com a sua piscina. O Dockside tem suítes com dois quartos e três camas, que acomodam confortavelmente até seis pessoas. Em parceria com a Loews, como todos os hotéis do Universal, as torres ficam no complexo Endless Summer, e oferecem transporte gratuito para os parques do Universal e entrada uma hora antes. Já a Disney aproveitou a pandemia para renovar alguns de seus hotéis. Os quartos dos resorts Contemporary e Polynesian Village foram reformados inspirados, respectivamente, em “Os incríveis”, da Pixar, e “Moana: um mar de aventuras”. O All-Star Sports Resort reabriu no dia 31 março. Era o último hotel Disney que ainda estava fechado por causa da pandemia.

 


O Globo segunda, 11 de abril de 2022

RIO SHOW: DUDA BEAT, PRETA GIL, LULU SANTOS E OUTROS QUE SÃO DESTAQUES DA SEMANA NO RIO

Por Ricardo Ferreira

 


Mais uma semana bem pop nos palcos da cidade: temos Duda Beat no Aterro, Lulu Santos na Barra e Preta Gil no Centro, pra citar alguns shows que marcam a agenda. O rock alternativo também tem vez com Maglore e El Efecto no Circo Voador, e, no Jockey, Baia relembra seus sucessos em último show de uma rápida temporada no Brasil. Confira os destaques da programação:

Duda Beat, Preta Gil e Lulu Santos: destaques na agenda de shows. — Foto: Arte

Duda Beat, Preta Gil e Lulu Santos: destaques na agenda de shows. — Foto: Arte

Baby do Brasil e Pepeu Gomes
Encerrando a temporada de shows do Tim Noites Cariocas, os ex-Novos Baianos, que já foram casados, estreiam a turnê "Baby do Brasil & Pepeu Gomes a 140 graus”. O repertório tem músicas dos Novos Baianos, canções que ficaram conhecidas no trabalho solo de cada um e outras releituras.
Morro da Urca: Av. Pasteur 520, Urca. Sáb, a partir das 21h. A partir de R$ 193,50. 18 anos.

Baia
Antes de voltar para Miami, onde mora desde 2017, Baia sobe ao palco do Bosque Bar para seu último show na cidade. Ele vai cantar músicas novas, como "I believe sim" e "Um gato nesse mundo cão", e alguns de seus sucessos, como "Ouro de tolo" e "Habeas corpus".
Bosque Bar: Av. Bartolomeu Mitre 114, Gávea. Dom, às 19h. R$ 40. 18 anos.

 

Duda Beat
A cantora chega ao Vivo Rio com "Duda Beat on tour", show que ela interpreta músicas do "Te amo lá fora", seu último disco, e resgata algumas canções do "Sinto muito", seu primeiro.
Vivo Rio: Av. Infante Dom Henrique 85, Aterro do Flamengo. Sex, às 22h. A partir de R$ 70. 18 anos.

Festival Se Rasgum
Comemorando 15 anos de história, o festival paraense chega ao Circo com três shows que misturam ritmos e influências: Metá Metá com Lucas Estrela; Os Amantes; e Otto, com participação de Luê. Os DJs João Brasil, Ananindeusa e Nave de Som cuidam dos intervalos.
Circo Voador: Rua dos Arcos s/nº, Lapa. Sáb, a partir das 21h. A partir de R$ 50. 18 anos.

Lulu Santos
Em seu show "Alô, base", Lulu mistura alguns de seus trabalhos mais recentes com seus hits consagrados, como "De repente Califórnia", "Como uma onda no mar" e "Tão bem".
Qualistage: Via Parque Shopping. Av. Ayrton Senna 3000, Barra. Sáb, às 20h30. A partir de R$ 180. 18 anos.

Maglore + El Efecto
Teago, Lelão, Luquinhas e Dieder – os baianos do Maglore – repassam mais de uma década de estrada e quatro discos em noite que também tem show do El Efecto, ícone da cena alternativa carioca.
Circo Voador: Rua dos Arcos s/nº, Lapa. Sex, a partir das 22h. A partir de R$ 50. 18 anos.

Ordinarius
O septeto vocal e percussivo carioca passeia por ritmos brasileiros como choro, baião, samba e ijexá no show "Bossa 20", que tem clássicos como “Garota de Ipanema”, “A rã”, “Você” e “Manhã de Carnaval” no setlist, entre muitas outras canções.
Teatro Rival Refit: Rua Álvaro Alvim 33/37, Cinelândia. Sex, às 19h30. A partir de R$ 35. 18 anos.

Orquestra Petrobras Sinfônica
Tem dobradinha da OPES na Sala Cecília Meireles. Sábado e domingo, a companhia apresenta um programa com obras de Stravinsky, Beethoven e Camargo Guarnieri, com participação do pianista Lucas Thomazinho. A regência é do maestro Claudio Cruz, regente titular e diretor musical da Orquestra Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo.
Sala Cecília Meireles: Rua da Lapa 47, Lapa. Sex, às 19h. Sáb, às 16h. A partir de R$ 20. Livre.

É a inauguração da temporada 2022 do projeto "Fim de tarde", que põe artistas pra tocar a preços populares no Teatro João Caetano. Com produção musical de Pedro Baby, a apresentação reúne 20 músicas que dão um panorama da carreira da cantora carioca.
Teatro João Caetano: Praça Tiradentes s/nº, Centro. Ter, às 18h30. R$ 5. Livre.


O Globo domingo, 10 de abril de 2022

ARTES VISUAIS: PENSADOR, DE RODIN, VAI A LEILÃO NA CHRISTIE*S DE PARIS, EM JUNHO

'Pensador' de Rodin vai a leilão na Christie's de Paris em junho

Cerca de 40 cópias da famosa escultura foram produzidas; exemplar a ser leiloado foi feito em 1928 e estava na coleção de um apartamento parisiense projetado pelo famoso decorador Alberto Pinto
 
Exemplar do Pensador, de Rodin, será leiloado em Paris, em junho Foto: TIMOTHY A. CLARY / AFP
Exemplar do Pensador, de Rodin, será leiloado em Paris, em junho Foto: TIMOTHY A. CLARY / AFP
 

Uma escultura de "O Pensador" em bronze do artista francês Auguste Rodin, cobiçada por colecionadores, será leiloada pela Christie's de Paris em 30 de junho, informou a casa de leilões. Cerca de 40 cópias da famosa imagem do homem sentado, pensativo, com o queixo apoiado na mão direita, foram feitas em vida por Rodin (1840-1917) e após sua morte, até 1969. A peça a ser leiloada tem um preço de venda estimado entre 9 milhões e 14 milhões de euros (cerca de R$ 45 milhões a R$ 70 milhões).

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Este exemplar foi produzido em torno de 1928 pela fundição Alexis Rudier, conhecida por ter criado algumas das mais famosas esculturas em bronze da obra de Rodin. A peça faz parte de uma coleção particular chamada "Le Grand Style", de um apartamento parisiense projetado pelo famoso decorador Alberto Pinto. O imóvel será leiloado em seu conjunto, nesta mesma data, pela Christie's.

 
 

Concebido por Rodin por volta de 1880 como parte integrante da "Porta do Inferno", inspirada na obra de Dante, "O Pensador" se tornou uma escultura autônoma a partir de 1904. Neste ano, foi exibido pela primeira vez no Salão de Paris. O Museu Rodin retomou sua edição após a morte do escultor, em 1917, e encomendou 26 exemplares póstumos feitos por várias fundições, em dois períodos: 1919-1945 e 1954-1969.

Como "Mona Lisa", de Leonardo da Vinci, "O Nascimento de Vênus", de Botticelli, ou "O Grito", de Edward Munch, "O Pensador" está entre as obras mais famosas da história da arte. Está exposto em sua versão monumental na Universidade Columbia, em Nova York, em frente ao Palácio da Legião de Honra da Califórnia, e no Palácio Ca'Pesaro, em Veneza.

A estátua a ser leiloada pela Christie's iniciou uma turnê mundial na sexta-feira (8), com exposições em Nova York e em Hong Kong, antes de ser exibida em Paris, a partir de 23 de junho. O último recorde de leilão para um "O Pensador" é de US$ 15,2 milhões, estabelecido em 2013, pela Sotheby's, em Nova York, segundo o site de mercado de arte Artnet.


O Globo sábado, 09 de abril de 2022

BRASILEIRÃO 2022: TORNEIO COM PONTOS CORRIDOS CHEGA À 20ª EDIÇÃO

 

Brasileirão de pontos corridos chega à 20ª edição com evoluções, problemas pendentes e desafios para o futuro; saiba quais

Recém-eleito, presidente da CBF fala em debater calendário e investimento em estádios
 
Ilustração feita pela editoria de arte Foto: O Globo
Ilustração feita pela editoria de arte Foto: O Globo
 

Quando a bola rolar para Fluminense e Santos, às 16h30, no Maracanã, o Brasileirão terá início pela 20ª vez no sistema de pontos corridos. O número redondo representa o amadurecimento de uma competição que entra no último ano de sua segunda década refletindo a evolução do futebol nacional — nos defeitos e nas virtudes. A discussão sobre o formato ficou ultrapassada. Ele parece irreversível. E se depara com desafios contemporâneos, como a constituição das primeiras SAFs e a iminente criação da liga de clubes.

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A primeira prova de seu amadurecimento está justamente na solidez do formato, com o respeito às dinâmicas de acesso e descenso. Ficaram para trás as “viradas de mesa” e, depois de fixado em 20, o número de participantes não mais se alterou. A organização no topo da pirâmide gerou um efeito cascata na base, como destaca o presidente da CBF Ednaldo Rodrigues, eleito em março:

 — A maior evolução que a consolidação do formato trouxe foi a estabilidade para a organização de várias divisões, promovendo atividade o ano inteiro para vários clubes e permitindo o planejamento técnico e comercial das competições a médio e longo prazo — explicou o dirigente ao GLOBO (confira no final da matéria a entrevista completa com Ednaldo).

 

Também houve avanços na esfera financeira, especialmente com o boom nos valores oriundos dos direitos de transmissão a partir dos contratos individuais, iniciados em 2012. Em um primeiro momento, privilegiou a força individual de alguns clubes. Mas, desde 2019, um novo modelo tornou esta divisão menos desigual: uma fatia é repartida igualmente; outra, de acordo com o número de jogos exibidos; e a última, segundo a posição na tabela.

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O avançar das temporadas, por outro lado, não foi suficiente para solucionar problemas crônicos, como o calendário conflitante. Ednaldo reconhece o problema e promete um debate com federações, clubes e uma eventual liga. Mas lembra que a solução precisa levar em conta uma parcela significativa de equipes que só jogam Estaduais:

— Hoje, praticamente 90% dos clubes registrados na CBF jogam em média 19 partidas por ano. Poucos participam da Copa do Brasil e a maioria só tem atividade durante o Estadual, demitindo em seguida seus atletas, treinadores e comissão técnica. Apenas 14% jogam o ano todo, disputando as séries do Campeonato Brasileiro. E 1% jogam até demais, chegando a mais de 70 partidas por ano — pontua o presidente da CBF. — No Brasil, alguns clubes jogam muito e quase todos jogam muito pouco.

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Nenhum desafio parece mais urgente do que a qualidade dos gramados e da arbitragem, que afetam diretamente as partidas e são alvo de queixas de jogadores e treinadores. Uma das promessas feitas pelo novo presidente da CBF em sua posse foi a de investir em infraestrutura de estádios. Para isso, quer vender as duas aeronaves da entidade (um jatinho e um helicóptero) e usar o dinheiro arrecadado e o da economia anual a ser gerada.

Contudo, a entidade também uma função regulatória, já que os gramados são de responsabillidade dos administradores dos estádios. O Regulamento Geral de Competições ainda é muito genérico em relação ao tema.

Historicamente, a arbitragem talvez seja o setor que menos evoluiu ao longo das últimas 19 edições. Teve o mérito de ter conseguido se desvencilhar do escândalo da “máfia do apito”, que manchou o Brasileiro de 2005. Mas nem mesmo a entrada do VAR evitou a ocorrência de erros graves. Para o ex-árbitro e comentarista da TV Globo Sálvio Spinola, a tecnologia não será suficiente enquanto não houver foco na preparação de quem trabalha no campo.

— O Brasileiro mudou para pontos corridos há 19 anos e continua a mesma coisa: quem forma o árbitro são as federações, não é a CBF. Você tem o árbitro apitando o campeonato estadual, que é fraco, e ele é emprestado para apitar o da CBF, que é forte — opina Spinola, para quem também é preciso que fiquem mais claros os critérios de quando o VAR deve ou não intervir. — O Brasil vai para a quarta temporada com a tecnologia e ainda não chegou a uma definição de critério.

Mudança no apito

Na última quinta, a CBF anunciou Wilson Seneme como novo chefe da Comissão de Arbitragem. Ele deixou a Conmebol para assumir o setor palco da maior crise da última edição do Brasileiro, que resultou na queda do então responsável pela área (Leonardo Gaciba) com o campeonato em andamento.

Seneme fala em investir na capacitação dos árbitros feita pela própria CBF e no fortalecimento de uma filosofia em que o VAR seja utilizado apenas em último caso. O excesso de tempo em que as partidas ficam paralisadas é outro alvo.

 


O Globo sexta, 08 de abril de 2022

FUTEBOL: EM PROTESTO NO NINHO, TORCIDA DO FLAMENGO COBRA JOGADORES E XINGA MARCOS BRAZ

Em protesto no Ninho, torcida do Flamengo cobra jogadores e xinga Marcos Braz

Posicionados na entrada do centro de treinamentos, rubro-negros esperam carros de jogadores
 
Torcedores protestam no Ninho do Urubu Foto: Reprodução
Torcedores protestam no Ninho do Urubu Foto: Reprodução
 

No dia seguinte à desmarcação de uma reunião do elenco do Flamengo com torcedores organizados planejada pelo vice-presidente de futebol Marcos Braz, rubro-negros foram à porta do centro de treinamentos Ninho do Urubu, em Vargem Grande, fazer cobranças ao elenco. Uniformizados com as vestes de uma organizada do clube, eles aguardam os jogadores e membros da comissão técnica chegarem para fazer cobranças.


O Globo quinta, 07 de abril de 2022

RIO SHOW - EXPOSIÇÃO DE VAN GOGH, ESGOTADA, TERÁ INGRESSOS EXTRAS

Por Carmem Angel

 


Exposição 'Van Gogh e seus contemporâneos', na Casa França-Brasil — Foto: Gabi Carrera/Divulgação

Exposição 'Van Gogh e seus contemporâneos', na Casa França-Brasil — Foto: Gabi Carrera/Divulgação

Depois de estrear em Florença, na Itália, a exposição multimídia “Van Gogh e seus contemporâneos” abre hoje na Casa França-Brasil, no Centro, com todos os 38 mil ingressos inicialmente disponibilizados já esgotados. Por isso, a produção abrirá, a partir do dia 10, novos horários até o fim da mostra, em 5 de junho.

A linguagem imersiva da mostra — com projeções HD em 360°, do teto ao chão, e cerca de 60 minutos de duração — propõe um mergulho na obra de um dos precursores do expressionismo, além de exibir trabalhos de artistas como Cézanne, Gauguin e Toulouse-Lautrec, destacando semelhanças e diferenças em relação ao pintor holandês.

— A exposição tem entretenimento, mas também uma função educativa — diz a produtora da exposição, Marisa Mello.

Veja como é a mostra imersiva dedicada a Van Gogh

Reprodução cenográfica do quadro 'Quarto em Arles' (1888): instagramávelMostra imersiva que homenageia Van Gogh entra em cartaz nesta quarta-feira (6) — Foto: Gabi Carrera/Divulgação
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"Noite estrelada": um dos destaques
 
 

Na entrada, uma sala reproduz cenograficamente o ambiente do célebre “Quarto em Arles” (1888). Há ainda um quadro gigante em 3D no qual é possível se sentir dentro da tela “Doze girassóis numa jarra” (1888), e um painel do clássico “A noite estrelada” (1889). “Autorretrato” (1889) e “Campo de trigo com corvos” (1890) são algumas das pinturas em foco.

'Van Gogh e seus contemporâneos': Casa França-Brasil. Rua Visconde de Itaboraí 78, Centro. Ter a dom, 10h às 18h. Até 5 de junho. Grátis (ter a qui) e R$ 20 (qui a dom). Novos ingressos: dia 10, às 10h, no site Eventim.


O Globo quarta, 06 de abril de 2022

FUTEBOL - FLUMINENSE: POR QUE A SUL-AMERICANA MERECE A EMPOLGAÇÃO DA TORCIDA

Fluminense: Por que a Sul-americana merece a empolgação da torcida

Tricolor inicia sua caminhada em busca do título contra o Oriente Petrolero, da Bolívia, no Maracanã
 
O técnico Abel Braga passa as últimas orientações antes da estreia Foto: Mailson Santana/Fluminense FC
O técnico Abel Braga passa as últimas orientações antes da estreia Foto: Mailson Santana/Fluminense FC

Tabela da Copa do Mundo 2022:Veja todos os jogos até a final

O principal é o fato do time viver seu melhor momento na temporada. E não apenas pela conquista do Campeonato Carioca, o que por si só já seria um grande estímulo. Afinal, desde 2012, quando venceram o Estadual e o Brasileiro, os tricolores não conquistavam uma taça de relevância. Mas porque, para ganhar a decisão, os comandados de Abel Braga jogaram seu melhor futebol no ano e deram a impressão de ter encontrado a formação ideal.

 

Marcelo Barreto:Continuar, a lição e desafio do Fla-Flu

O Fluminense que levou a melhor sobre o Flamengo apresentou mais criatividade no meio de campo, o que vinha sendo um problema até então, e soube se defender sem atuar muito recuado. Uma evolução possível graças a mudanças feitas por Abel, que inseriu um meia de criação na equipe (Paulo Henrique Ganso) sem abrir mão dos três zagueiros. Para comportar o armador, o técnico abdicou do trio de ataque. Acertou ainda ao escolher Willian para sair em vez do colombiano Jhon Arias.

Evolução tática

De quebra, esta novidade mostrou que os tricolores possuem variação tática, o que será importante não só ao longo da Sul-Americana como do Brasileiro e da Copa do Brasil. Pode jogar mais recuado e apostando na transição rápida — como a torcida está mais acostumada — e também com suas linhas mais adiantadas e valorizando a construção em toques curtos.

Independentemente do bom momento, é inegável que, dos três compromissos, a Sul-Americana é o caminho mais curto até o título. Como clube que vem da Libertadores, o Fluminense enfrentará adversários em sua maioria de menor nível técnico do que nos outros campeonatos. Importante destacar, contudo, que nas oitavas de final o torneio receberá outra leva de eliminados da principal competição continental.

A maior perspectiva de brigar pelo título pode representar o fim da longa busca dos tricolores por uma inédita conquista continental. O Fluminense tenta voltar a vencer um torneio internacional desde a Copa Rio de 1952. Já chegou à decisão duas vezes: na Libertadores de 2008 e na Sul-Americana do ano seguinte.

De lá para cá, o mais longe que chegou foram as semifinais da própria Sul-Americana de 2018 e as quartas da Libertadores do ano passado. Mas nesta temporada possui um time mais qualificado do que nas anteriores.

— Perdemos a confiança depois desse jogo contra o Olimpia. Agora retomamos isso. Serviu a experiência, para não fazermos a mesma coisa na Sul-Americana. O time está com muita confiança. Acho que o Fluminense vai brigar muito na Sul-Americana. Porque queremos esta taça também — disse Cano, que se firmou na posição durante a ausência de Fred e, agora, com o camisa 9 novamente à disposição, deixou Abel Braga com um problema para resolver.

Estímulo no Brasileiro

Um sucesso na Sul-Americana ainda poderia servir como incentivo para a campanha no Brasileiro, onde mais uma vez os tricolores tentarão ficar na parte de cima. Ainda mais agora, que passaram com autoridade pelo Flamengo e viram que podem jogar bem contra as equipes dos clubes de maior investimento.

— Vamos enfrentar todas as competições da melhor maneira possível. Temos um time muito bom para conquistar mais taças. A equipe está ligada para brigar por tudo e acho que seria muito bom conquistar as coisas que sonhamos — concluiu Cano.

O Globo terça, 05 de abril de 2022

LIBERTADORES: BRASILEIROS TÊM DOMÍNIO MAIOR QUE OS DE INGLESES E ESPANHÓIS NA CHAMPIONS

 

Com Palmeiras, Flamengo e Galo, brasileiros na Libertadores têm domínio maior que os de ingleses e espanhóis na Champions

Mudança no formato, com torneio disputado nos dois semestres, é ponto de virada para aumento do desequilíbrio
O Palmeiras de Raphael Veiga e o Flamengo de Gabigol disputam a Libertadores 2022 Foto: Editoria de arte / O Globo
O Palmeiras de Raphael Veiga e o Flamengo de Gabigol disputam a Libertadores 2022 Foto: Editoria de arte / O Globo

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Se na fase de grupos todos os membros da Conmebol estão representados de acordo com seu peso dentro do futebol sul-americano, à medida que a Libertadores afunila a gangorra pesa. Na lista dos últimos cinco campeões o desequilíbrio é evidente: foram quatro conquistas de brasileiros e uma argentina.

 Mas esse desequilíbrio começa antes. A partir das oitavas, são 15 duelos até a definição do título. Como cada um deles envolve duas equipes, ao todo são 30 “vagas”. Levando em conta os últimos cinco anos, foram 150. Destas, 64 foram preenchidas por brasileiros — 42,6% do total. Os clubes argentinos vêm em segundo, mas bem abaixo: 48 presenças em duelos decisivos. Equivale a 32%. Ou seja: juntos, os dois países correspondem a 74,6% dos times que disputam os jogos de mata-mata.

 Equador e Paraguai, com 8,6% cada, lideram o grupo restante, que inclui ainda Uruguai, Bolívia, Chile e Colômbia. Peru e Venezuela não tiveram nenhum representante na fase decisiva nos últimos cinco anos.

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Esta assimetria é maior do que na Europa, onde o futebol também apresenta uma concentração de forças em poucos países. Nas últimas cinco edições completas da Liga dos Campeões mais a atual, em andamento, foram 174 “vagas” nos duelos decisivos. Destas, 47 (27%) ficaram com ingleses, 41 (23,5%) com espanhóis e 27 (15,5%) com alemães.

Tabela da Copa do Mundo 2022:Veja todos os jogos até a final

São também estas as três nacionalidades campeãs no período. Foram duas taças para os clubes da Premier League, duas para os da La Liga e uma para a Bundesliga. Juntas, as três ligas representam 66% da presença nos confrontos das oitavas até a final. Uma concentração menor do que a de Brasil e Argentina na América do Sul.

Tanto na Liga dos Campeões quanto na Libertadores, este desequilíbrio acompanha o poder econômico dos clubes. A questão é que, na América do Sul, a distância entre a força econômica do futebol brasileiro e a dos demais países é bem maior do que entre Inglaterra e Espanha e o restante da Europa.

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É nítido o momento em que o fator financeiro passou a pesar tanto. Quando a Libertadores passou a ser disputada ao longo de todo o ano, os clubes dos demais países se tornaram meros coadjuvantes. Entre 2012 e 2016, as cinco últimas edições no formato antigo, o cenário foi diferente. A começar pelos títulos: dois brasileiros, dois argentinos e um colombiano. Já os confrontos das oitavas até a final tiveram 27,3% de presença brasileira e 26% argentina, o que dá pouco mais que a metade: 53,3%.

Outro sinal de perda de equilíbrio: enquanto as finais de 2012 a 2016 contaram com clubes de Brasil, Argentina, Paraguai, Colômbia, Equador e México, as cinco decisões seguintes só tiveram times dos dois primeiros países — sendo as duas mais recentes monopolizadas pelos brasileiros. Números que podem deixar torcedores de Flamengo, Palmeiras, Corinthians, Atlético-MG, Bragantino, América-MG e Athletico ainda mais otimistas.


O Globo segunda, 04 de abril de 2022

RIO SHOW - GASTRONOMIA: RIO GASTRONOMIA 2022 JÁ TEM DATA CONFIRMADA

Por O GLOBO — Rio de Janeiro

 


Em 2022, Rio Gastronomia voltará ao espaço que ocupou em 2021,  no meio das pistas de corridas do Jockey Club — Foto: Alex Ferro

Em 2022, Rio Gastronomia voltará ao espaço que ocupou em 2021, no meio das pistas de corridas do Jockey Club — Foto: Alex Ferro

 

Maior evento de gastronomia do Brasil, o Rio Gastronomia já tem data marcada em 2022. O festival voltará a ocupar uma área externa no Jockey Club do Rio, na Gávea, entre os dias 11 a 21 de agosto — sempre de quinta-feira a domingo..

A edição deste ano promete repetir o sucesso da última, com aulas ministradas por chefs renomados, shows de grandes nomes da MPB, feiras de pequenos produtores, atividades para a criançada e, é claro, a presença dos melhores bares e restaurantes da cidade, que montarão cardápios especiais para o evento.

Rio Gastronomia: edição de 2021 foi um sucesso

Imagem aérea do Rio Gastronomia 2021, no Jockey Club — Foto: Alex Ferro/Agência O Globo
Geraldo Azevedo faz show no Rio Gastronomia 2021 — Foto: Alex Ferro/Agência O Globo
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Público assiste a aula de chefs renomados no Rio Gastronomia 2021 — Foto: Bruno Kaiuca/Agência O Globo
Evento aconteceu em área a céu aberto no Jockey Club do Rio
 

O ambiente a céu aberto, emoldurado pelo Cristo Redentor — e que contou com roda-gigante em 2021 —, voltará a ser cenário para selfies. Entre 2012 e 2015, a farra gastroetílica aconteceu no Píer Mauá, na Zona Portuária. Em breve, os detalhes dessa festa serão divulgados por meio do site do Rio Gastronomia.


O Globo domingo, 03 de abril de 2022

TURISMO: CRISTO REDENTOR RECEBE NOVA ILUMINAÇÃO

Com patrocínio da Enel, nova iluminação do Cristo Redentor tem redução de 68% no consumo de energia

Investimentos vão garantir aumento da nitidez e melhor definição nas cores nas projeções realizadas na estátua
 
O projeto “90 Anos de Luz” contempla o novo sistema luminotécnico do monumento. Foto: Antonio Pinheiro / Divulgação Enel
O projeto “90 Anos de Luz” contempla o novo sistema luminotécnico do monumento. Foto: Antonio Pinheiro / Divulgação Enel
 

Os cariocas e turistas que visitam a Cidade Maravilhosa ganharam um presente especial e transformador. Com patrocínio da Enel Distribuição Rio, o Cristo Redentor recebeu em março um novo sistema de iluminação que reduz em 68% o consumo de energia em relação ao anterior.

Lançado oficialmente no dia 17 de março de 2022 em cerimônia no Morro do Corcovado, a primeira fase do projeto “90 Anos de Luz” contempla o novo sistema luminotécnico do monumento, que vai garantir maior definição das imagens projetadas na estátua, além de permitir o uso de novas cores, ser inovador e sustentável.

Para o country manager da Enel no Brasil, Nicola Cotugno, o patrocínio à iluminação do Cristo reafirma a conexão entre Itália e Brasil e a ligação entre a empresa e a cidade do Rio de Janeiro, que passou a abrigar, no segundo semestre de 2021, os escritórios da empresa no Estado, localizados na região portuária.

"O monumento do Cristo foi iluminado pela primeira vez em 1931, a partir de um impulso elétrico disparado de Roma, a 10 mil quilômetros de distância, onde fica a sede do Grupo Enel. Para nós, este patrocínio ao Cristo Redentor é muito simbólico e renova a conexão entre os dois países. É um abraço no Rio que se estende a todo o Brasil, especialmente aos mais de 18 milhões de clientes da Enel”, afirma Nicola.

A nova iluminação faz parte de uma série de homenagens e benfeitorias que vem celebrando os 90 anos do monumento desde o ano passado. O número de refletores foi reduzido de 280 para 142, com um aumento da eficiência luminosa, o que garante maior produção de luminosidade e estabilidade da luz. Ao todo, o consumo do novo parque de iluminação será de 9.900 watts, uma redução de 68% em relação ao anterior.

“Tornar mais eficiente uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno reafirma o nosso compromisso em contribuir para a eletrificação das cidades. Queremos seguir contribuindo para que as cidades sejam cada vez mais sustentáveis e inteligentes”, destaca o country manager da Enel no Brasil.

Eficiência energética para um mundo sustentável

Nas cidades, projetos luminotécnicos direcionados aos patrimônios históricos favorecem o turismo e ajudam a promover o desenvolvimento social e econômico.Em tempos de construções de cidades inteligentes, a iluminação inteligente e eficiência energética são essenciais para diminuir o consumo de energia, aumentar a durabilidade dos projetos e promover maior sustentabilidade ambiental.

Outro recurso utilizado para evitar desperdícios no consumo de energia é um software que gerencia os horários para ligar e desligar a iluminação de forma automática. Além disso, a tecnologia com a utilização de LED aplicada é mais sustentável, uma vez que componentes como alumínio e chips eletrônicos podem ser reciclados em mais de 90% da sua composição. Essa solução contribui para o aumento da eficiência energética e sustentabilidade da cidade do Rio de Janeiro.

O gerenciamento do novo sistema permite que o controle da iluminação seja realizado tanto do próprio monumento, quanto remotamente, por um smartphone. Isso torna possível, por exemplo, a programação do acionamento da iluminação do Cristo em uma série de ações culturais, religiosas e temáticas integradas ao projeto “90 Anos de Luz”, como as campanhas “Outubro Rosa”, “Novembro Azul” e "Dia Internacional da Mulher", que já se tornaram datas aguardadas pelos moradores da cidade.


O Globo sábado, 02 de abril de 2022

COPA DO MUNDO 2022: QUEM SÃO OS TRÊS JOGADORES DO BRASIL QUE PODEM FAZER A DIFERENÇA NA PRIMEIRA FASE

 

Copa do Mundo 2022: Quem são os três jogadores do Brasil que podem fazer a diferença na primeira fase

Thiago Silva, Fred e Vini Jr terão papel importante contra Sérvia, Suíça e Camaraões, respectivamente
Fred, Vini Jr. e Thiago Silva são destaques do Brasil Foto: Arte
Fred, Vini Jr. e Thiago Silva são destaques do Brasil Foto: Arte
 

O sorteio da Copa do Mundo revelou os adversários da seleção brasileira na primeira fase, e o trabalho do técnico Tite começa com a análise de como passar por Sérvia, Suíça e Camarões no Catar. Nesse sentido, O GLOBO preparou uma projeção e escolheu um jogador que terá papel preponderante nos duelos contra cada uma dessas equipes.

Copa do Mundo do Catar: Brasil faz primeiro e terceiro jogo no estádio da final

Choque de "Monstros"

Thiago Silva terá 38 anos em novembro quando encarar Vlahovic, atacante da Sérvia de 22, na estreia da Copa do Mundo do Catar. Destaque da sólida defesa do Brasil nas Eliminatórias Sul-Americanas, o veterano e sua experiência serão importantes no primeiro desafio da Seleção.

 Com 49 gols em 108 partidas na Fiorentina, Vlahovic iniciou o ano de 2022 vendido para a Juventus por 80 milhões de euros. Do alto de seu 1,90 m, é perigoso na jogada aérea, mas tem mobilidade. Canhoto, faz bem o pivô e tem potência para arrancar em velocidade contra os zagueiros.
O defensor brasileiro foi o autor de um dos gols na vitória do Brasil sobre a Sérvia na Copa da Rússia. Na ocasião, Vlahovic ainda não era uma realidade na equipe principal. Agora, está em ascensão no futebol europeu.

Em seu mapa de calor, o atacante sérvio dá sinais de que alia força à intensidade, ao ocupar não apenas o centro do ataque, mas também com movimentação lateral e o recuo até o meio do campo para ajudar a abrir espaços e criar situações. Vai dar trabalho para o Monstro. Seu último gol pela Sérvia foi na goleada sobre o Catar.

Thiago Silva vem de sucessivas temporadas com média de mais de 30 jogos na Europa. Mas pela questão física precisará dosar os botes no adversário, e também ficar atento ao domínio de bola de costas que Vlahovic faz muito bem, quando gira a arremata para o gol.

A Sérvia está longe de ser um oponente tranquilo. Em novembro, na última rodada do Grupo A das Eliminatórias Europeias, conseguiu uma virada no minuto final contra Portugal em pleno Estádio da Luz e terminou em primeiro lugar da chave, carimbando um lugar direto no Catar. Os gols foram de Tadic e Mitrovic.

A Sérvia terminou as Eliminatórias invicta, com seis vitórias e dois empates. O último resultado do time, no entanto, não foi positivo. Em Copenhagen, os sérvios foram goleados pela Dinamarca por 3 a 0, com direito a gol de Eriksen. O técnico da Sérvia, Dragan Stojkovi, mostrou respeito à seleção brasileira e disse que o Grupo G da Copa do Mundo do Catar será complicado.

— Quando as pessoas falam de futebol a primeira coisa que a gente pensa é o Brasil. O Brasil é muito importante. Eu respeito muito o Brasil, é um dos favoritos. O grupo é muito difícil. Brasil, Suíça, Camarões... É difícil. O Brasil é favorito e passará. No mesmo tempo é um grande desafio e eu gosto de grandes desafios — afirmou.

É Copa, amigo: Saiba os horários dos jogos da Copa do Mundo do Catar

Fred é peça-chave para furar defesa suíça

A Suíça que se classificou para a Copa do Mundo como primeira colocada em um grupo que contava também com a Itália tenta dar um passo adiante em termos ofensivos desde que Murat Yakin assumiu como técnico. Foram 15 gols marcados em oito jogos.

Mas a grande virtude segue sendo a defesa. Nas duas partidas contra os italianos, campeões da Euro meses antes, abriu mão da posse de bola, recuou o time e segurou dois empates em 0 a 0. Os suíços tentam diversificar as opções de jogo, são mais versáteis do que já foram no passado recente, mas seguem fazem uma linha de cinco atrás como ninguém. O técnico Tite tem planos para lidar com isso.

Fred é peça-chave nessa estratégia. Tite enxerga na igualdade ou até na superioridade numérica uma maneira de furar defesas com cinco. Cabe ao segundo volante, quando o Brasil tem a bola, avançar pelo meio, mirando espaços que os atacantes de lado, bem agudos, abrem, e a movimentação de Lucas Paquetá e Neymar. O jogador do Manchester United vive grande fase. Seu reserva imediato, Bruno Guimarães, tem ainda mais recursos, para finalizar ou dar o último passe.

Contra a fortaleza suíça, são até mais os volantes do que os atacantes que podem fazer a diferença. Se não funcionar, Tite deve fazer uso até mesmo dos avanços de um dos laterais para colocar seis na linha ofensiva. Com tantos homens na frente, espera ter condições de trocar passes e chegar ao gol suíço. Em contrapartida, terá de se preparar para suportar os contra-ataques que os europeus tentarão encaixar.

Quatro anos atrás, Brasil e Suíça se enfrentaram na primeira rodada da Copa da Rússia. A partida terminou empatada em 1 a 1. Philippe Coutinho abriu o placar no primeiro tempo. Na segunda etapa, o gol de empate foi marcado por Zuber, em um lance em que os brasileiros reclamaram de falta. Foi um jogo de poucas chances de gols, muito por causa da qualidade defensiva dos suíços. Daqueles 23 jogadores convocados para o Mundial de 2018, Sommer, Freuler, Zakaria, Gravanovic, Schar e Shaqiri estiveram na goleada da Suíça sobre a Bulgária, que confirmou a classificação do país para o Catar.

O grupo está renovado e rejuvenescido. Breel Embolo é um dos nomes de maior destaque. O atacante de 25 anos defende o Borussia Monchengladbach e viverá uma situação curiosa na competição. Ele é nascido em Camarões, mas naturalizado suíço. Enfrentará a seleção do país africano na primeira fase.

Convite para as jogadas individuais de Vini Jr

Camarões se classificou aos trancos e barrancos para a Copa do Mundo. Vive mudanças na comissão técnica a sete meses do começo da competição. É prato cheio para os atacantes do Brasil se sobressaírem.

O ponto mais fraco na linha defensiva é a lateral direita. Faltam jogadores de maior qualidade no setor. Nos jogos decisivos pelas Eliminatórias, Collins Fai foi titular. Aos 29 anos, joga no Al-Tai, da Arábia Saudita. Destoa de um grupo com a maior parte dos jogadores atuando na Europa.

A fragilidade pode facilitar a vida de Vini Jr., cuja principal virtude é o duelo direto com o marcador, no um contra um. Ao levar a vantagem nas jogadas, o atacante brasileiro desmontará o sistema defensivo e deixar[a o adversário em um dilema: ou um segundo jogador de Camarões chegará para fazer a cobertura e fatalmente desmarcará algum outro brasileiro, ou dará liberdade para o atacante do Real Madrid seguir na direção do gol.

Seleções africanas costumam se lançar ao ataque, mesmo contra adversários tecnicamente mais fortes. Isso, para o Brasil, pode ser precioso. Quando consegue fazer a transição rápida, a seleção de Tite é ainda mais perigosa do que diante de retrancas bem montadas. E esse tipo de ataque costuma ser o que mais favorece o jogo de Vini Jr., baseado nas arrancadas em velocidade. É assim que ele mais se destaca sob o comando de Carlo Ancelotti.

O jogador do Real Madrid deve disputar seu primeiro Mundial na condição de coadjuvante, com a maior parte das preocupações adversárias recaindo sobre Neymar. Se o Brasil souber explorar isso, Vini Jr. pode aparecer com menos marcação na frente.

O jogo será o último da primeira fase. Dependendo dos outros resultados, o Brasil entrará em campo já classificado. Se não, vai precisar buscar o resultado para conseguir não apenas a ida para as oitavas de final, como também, eventualmente, a posição como primeiro do grupo. Isso pode fazer toda a diferença no decorrer da competição.

Entre as seleções africanas classificadas para a Copa do Mundo, Camarões desponta como um das mais limitadas tecnicamente. A classificação saiu com um gol nos acréscimos, contra a favorita Argélia. Os Leões Indomáveis estão a caminho do Catar pela força da camisa — é a seleção africana com mais participações na competição, oito. Mas isso não deverá pesar nos confrontos pelo Grupo G. Seu principal destaque é Choupo-Moting, atacante do Bayern de Munique.


O Globo sexta, 01 de abril de 2022

CULTURA: MASP GANHA MOSTRA COM TELAS GIGANTES QUE REPENSAM A HISTÓRIA DO BRASIL

Masp ganha mostra com telas gigantes que repensam História do Brasil

“Luiz Zerbini: a mesma história nunca é a mesma” reúne 50 obras e tem abertura marcada para esta sexta
Luiz Zerbini: obra Rio das Mortes.2021 (1).jpg Foto: Reprodução
Luiz Zerbini: obra Rio das Mortes.2021 (1).jpg Foto: Reprodução

Simbolistas, regionalistas e apocalípticosNem só de São Paulo vivia o modernismo brasileiro

Os tais assuntos urgentes e inadiáveis que o impediam de falar sobre a interessante justaposição de cores e elementos naturais na obra “Massacre de Haximu (2020)”– que se refere ao genocídio de ianomâmis em 1993 — são justamente as alarmantes notícias do espraiamento do garimpo sobre terras indígenas. Em 2020, no ápice da pandemia, o garimpo avançou 30% neste pedaço de terra entre os estados do Amazonas e Roraima. Atento às notícias, mas também interessado em retratar o passado, Zerbini empunhou lápis e papel para preparar o que seria uma espécie do projeto da grandiosa obra a ser vista no museu paulistano, com quase 4 metros de altura.

 — Estamos vivendo o momento mais grave, mas esse processo (de violência contra os povos originários) aconteceu desde sempre. A verdade é que esses problemas estão, sim, muito agravados por conta do Bolsonaro, mas fazem parte da história do Brasil (desde sempre)— teoriza Zerbini.

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A sensação de que a história — e, neste caso, a tragédia — brasileira está em ritmo de repetição é o fio condutor da exposição “Luiz Zerbini: a mesma história nunca é a mesma”, com cinquenta obras disponíveis. Abre a mostra a monumental “A Primeira Missa”, cuja concepção, em 2014, relê o episódio religioso e histórico sob um outro olhar, os dos indígenas. Para criar a composição, o artista observou fotografias do povo Krenak e delas partiu como um guia para sua composição. Nesse jogo, a postura corporal de uns ou o olhar penetrante de outros ganharam versão em tinta sobre tela, numa dança entre a realidade e sua observação.

– É como se os indígenas observassem a chegada de outras pessoas aqui, no Brasil. Isso aqui é um nó. A primeira missa é um pretexto para falar de um nó, da impossibilidade dessas duas civilizações conviverem — comenta.

Guilherme Giufrida, curador da exposição ao lado de Adriano Pedrosa diretor artístico do museu, tem na ponta da língua as referências e anos de concepção de cada item na mostra.  Ao lado do artista, avalia que a obra da missa inicial ressoa nos humores da atualidade, momento em que há uma “reinvenção de imaginários”. Se antes caía bem observar representações da cerimônia religiosa, realizada em 26 de abril de 1500, com indígenas escanteados,” vulnerabilizados”, hoje faz mais sentido dar luz a outras visões, cuja função central é deixar claro que esse momento da fundação do país é permeado de violência.

— A Primeira Missa do Luiz Zerbini tem 8 anos e já foi incluída em livros didáticos e provas de vestibular. Ela tem impacto recente, justamente por trazer a ideia de repensar a história do Brasil a partir de novas cenas —  analisa.

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Cinquenta obras

A exposição está de acordo com o interesse do museu em retratar “Histórias Brasileiras”, cordão umbilical que une as atividades da casa entre 2021 e 2022. O convite para a atual mostra foi feito a Zerbini ainda em 2019, com o pedido de que o artista realizasse pinturas comissionadas pelo museu. A ideia era apresentar pinturas de grande dimensão – em geral, chegando aos 4 metros de altura – com episódios históricos revisitados. Giufrida, o curador, explica que os tamanhos impressionantes das obras — que observadas bem de pertinho agrupam saborosos detalhes em cores e traços —  não são ao acaso: a imponência é ferramenta para dar status de releitura histórica àquelas peças. Um convite para que perdurem.

Uma das imagens exclusivas da exposição é a "Rio das Mortes (2021)", em que há uma interessante representação de uma uma bromélia gigante que parece brotar da tela em direção aos visitantes. Completa a imagem uma espécie de andaime, sobre as àguas, onde um garimpeiro parece ter acabado de encerrar o expediente. Na água poluída que banha a cena há uma profusão sinuosa de cores. Uma faca, um pratinho, uma caixa de fósforos com alguns palitos queimados, estavam no ateliê do artista no momento da pintura e ganharam representação na imagem. Os objetos “originais” também podem ser observados na lateral da exposição.

Completam a seleção de imagens, dezenas de monotipias da série Macunaíma (2017), que acompanharam uma edição do romance “Macunaíma: o herói sem nenhum caráter”, de Mário de Andrade (1893-1945).

– A exposição faz sentido. Incorporar esses episódios relacionados à natureza como fatos mal contados — diz o artista com certo despreendimento em falar sobre seu processo de composição.  — As explicações limitam muito o que há no processo. Há muita loucura também em tudo isso.


O Globo quinta, 31 de março de 2022

CARIOCÃO: FLU SAI NA FRENTE - VITÓRIA É PRÊMIO PARA UM FLUMINENSE QUE SE MANTEVE FIEL AO SEU ESTILO

Análise: Vitória é prêmio para um Fluminense que se manteve fiel ao seu estilo e para a chuva de acertos de Abel Braga

Treinador manteve o esquema de três zagueiros, acertou em escalar Ganso como titular e Arias no segundo tempo. Tricolor tem a vantagem para o jogo de volta da final do Carioca
Cano fez dois na vitória sobre o Flamengo Foto: Alexandre Cassiano
Cano fez dois na vitória sobre o Flamengo Foto: Alexandre Cassiano
 

É possível fazer várias análises ponderadas após a vitória do Fluminense por 2 a 0 sobre o Flamengo, nesta quarta-feira, no Maracanã, pelo jogo de ida da final do Campeonato Carioca. Mas elas podem esperar. O cenário é idêntico ao da Libertadores: pode perder por até um gol de diferença que terá a vantagem — e consequentemente será campeão. Porém, antes de lembrar de desastres recentes, é honesto que o tricolor comemore uma vitória merecida.

Sim, o Fluminense mereceu vencer o Flamengo. Não porque teve mais posse de bola ou qualidade técnica, mas porque foi fiel ao seu estilo de jogo do início ao fim da partida. Contou com dois erros individuais para ficar com a vitória? Sim, mas até eles foram forçados pelo Fluminense.

Abel Braga, tão criticado nas redes sociais e arquibancadas, merece ser elogiado quando acerta. Acertou em colocar Willian Bigode como titular e deixar Jhon Arias para o segundo tempo, onde costuma entrar melhor pegando defesas adversárias cansadas. Foi ele quem forçou o erro de Léo Pereira no primeiro tento tricolor.

Abel Braga acertou ao manter a formação com três zagueiros, que foi pensada exatamente para jogos como o desta quarta-feira. A solidez defensiva tão procurada foi vista, apesar de não ter sido perfeita — Fábio ainda fez grandes defesas para salvar o Fluminense. Aliás, a escolha do arqueiro como titular foi mais um acerto. Este dividindo méritos com o preparador de goleiros André Carvalho.

Abel Braga acertou em colocar Felipe Melo em campo mesmo que ainda aparentando não estar 100% fisicamente. Acertou que colocar Paulo Henrique Ganso para dosar a posse de bola nos momentos de maior pressão do Flamengo. Assim, evitou que a bola batesse e voltasse como foi com o Botafogo.

No jogo de volta, o Fluminense terá diante de si o momento mais importante da temporada. Vencer um título diante do maior rival é daqueles momentos que salva o ano. Mas Abel Braga e Willian Bigode já falaram o óbvio: nada está definido.

Mas lembra dessas preocupações sobre segurar vantagem? Isso conversamos durante a semana. Agora, o torcedor tem o direito de comemorar.

Afinal, apenas 90 minutos separam o tricolor do título do Campeonato Carioca.


O Globo quarta, 30 de março de 2022

CULTURA: MOSTRA NO CCBB COM 140 OBRAS DESTACA LEGADO DO MOVIMENTO ARMORIAL, CRIADO POR ARIANO SUASSUNA EM 1970

 

Mostra no CCBB com 140 obras destaca legado do Movimento Armorial, criado por Ariano Suassuna em 1970

Exposição reúne trabalhos de nomes como Francisco Brennand, Gilvan Samico, J. Borgese o próprio Suassuna, incluindo acervo que nunca havia saído de Pernambuco
 
Óleo sobre tela 'Figura com três animais', de Fernando Lopes da Paz Foto: Divulgação
Óleo sobre tela 'Figura com três animais', de Fernando Lopes da Paz Foto: Divulgação
 

Idealizado em 1970 pelo dramaturgo, poeta, ensaísta e artista visual Ariano Suassuna (1927-2014), o Movimento Armorial propôs o cruzamento entre o erudito e a cultura popular a partir de uma produção genuinamente brasileira, que abarcasse diferentes práticas, como a música, o teatro, a dança, a literatura e as artes visuais. Pensada para celebrar o cinquentenário da iniciativa, mas atrasada a por conta da pandemia de Covid-19, a mostra “Movimento Armorial — 50 anos” é aberta hoje ao público do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio, buscando sintetizar em 140 obras a essência desta produção, incluindo nomes como Francisco Brennand, Gilvan Samico, Miguel dos Santos, J. Borges, Fernando Lopes da Paz e o próprio Suassuna.

Com curadoria de Denise Mattar e consultoria do artista visual Manuel Dantas Suassuna (filho de Ariano) e de Carlos Newton Júnior, professor da Universidade Federal de Pernambuco e especialista na obra do dramaturgo, a exposição inclui obras do acervo da UFPE que saíram de Pernambuco pela primeira vez.

 — Quando o Ariano foi secretário de Educação e Cultura de Pernambuco, na década de 1970, ele adquiriu para a UFPE estas obras da primeira fase do movimento, chamada Experimental, incluindo trabalhos que fizeram parte do evento inaugural, em 18 de outubro de 1970 — explica Denise, para quem Ariano criou um conceito que evidenciou elementos já presentes na produção de outros artistas. — O Samico, por exemplo, já desenvolvia algumas destas temáticas, mas a partir de conversas com Ariano ele explorou mais o imaginário fantástico ou as referências ibéricas.

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A exposição — que já passou pelo CCBB de Belo Horizonte (MG) entre dezembro de 2021 e o início deste mês, e do Rio vai seguir para Brasília e São Paulo — também terá uma programação musical e seminários entre 31 de maio a 13 de junho (mês em que Suassuna completaria 95 anos), com curadoria do músico e maestro Antônio Madureira, integrante do Quinteto Armorial. Outra interseção entre as artes proposta pelo movimento que será apresentada ao público da mostra é a recriação do figurino do longa “A Compadecida” (1969), primeira adaptação para o cinema de “Auto da Compadecida” (1955), de Suassuna, filmado por George Jonas em Brejo da Madre de Deus, no agreste pernambucano.

— Na pesquisa, encontramos uma das vestes originais, o manto de Nossa Senhora, e decidimos recriar algumas peças do figurino, que foi assinado pelo Francisco Brennand (1927-2019). Ali já havia muitos elementos da cultura popular inseridos, como no figurino de Jesus Cristo (vivido por Zózimo Bulbul), que era inspirado nos caboclos de lança do maracatu — observa Denise.

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A mostra é dividida em quatro seções, incluindo as duas fases do movimento, uma dedicada à vida e à obra de Suassuna e outra voltada às referências que definiram a estética armorial. Nesta última se destaca o universo do cordel, uma das maiores influências do dramaturgo.

— O Ariano dizia que o cordel continha todo o conceito por trás do Armorial, por ser uma arte completa. Há a literatura no romanceiro nordestino, as artes visuais contempladas nas xilogravuras das capas e ilustrações e a música e a dança presentes nas apresentações dos cantadores, quando transformam em canções aquelas histórias — comenta a curadora.

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Manuel Dantas Suassuna diz que a mostra foi uma oportunidade de se aprofundar na obra do pai, da qual precisou se afastar no início de sua carreira.

— Quando comecei nas artes plásticas, optei por sair de casa e ficar um pouco longe da referência do meu pai, para buscar a minha própria identidade — lembra Dantas. — Mas também não fui para muito longe, fui para Taperoá (PB), que é o berço da nossa ancestralidade.

Anos depois, pai e filho voltaram a dividir projetos, como a “Ilumiara Jaúna”, um monumento esculpido em baixo relevo na fazenda da família em Taperoá, inspirado nas inscrições rupestres da Pedra do Ingá, localizada no agreste paraibano. Com a proximidade do “encantamento” do dramaturgo, como Dantas chama a morte do pai, os laços ganharam mais força.

— Em 2013, ele chamou a mim e ao Carlos (Newton Júnior) para dizer o que ele gostaria que fosse feito de sua obra, com coisas que ainda estavam pendentes, como seu último livro (“Romance de Dom Pantero no palco dos pecadores”, publicado postumamente). Ele terminou de escrever pouco antes de se encantar, e nós cuidamos da capa e toda a parte visual — conta Dantas.

 

Além de celebrar os 95 anos que o pai faria com a exposição no CCBB do Rio, Dantas destaca uma coincidência na programação do centro cultural, que também exibe a mostra “Marc Chagall: sonho de amor”, inaugurada no último dia 16.

— Meu pai gostava muito de Chagall, era um de seus artistas preferidos. Me lembro de uma conversa lá em casa, quando estava começando a me interessar por artes plásticas, com ele falando sobre o Chagall e o Francisco Brennand defendendo o Picasso — diz Dantas. — É importante ver como essa geração partiu destas referências de fora para desenvolver uma arte com identidade nacional, olhando para a cultura popular. E ver como movimentos como o Armorial ou a Semana de 1922, que propuseram uma arte genuinamente brasileira, ainda mantém sua força entre nós.

Onde: CCBB. Rua Primeiro de Março 66, Centro (3808-2020). Quando: Qua a sáb, 9h às 21h. Dom, 9h às 20h. Abertura hoje. Até 6 de junho. Quanto: Grátis, mediante agendamento pelo site Eventim. Classificação: Livre.


O Globo terça, 29 de março de 2022

OSCAR 2022: NO RITMO DO CORAÇÃO, VENCEDOR DE MELHOR FILME; CRÍTICA

No ritmo do coração', vencedor do Oscar de melhor filme; crítica

Versão americana do longa francês 'A família Bélier' também levou estatuetas de ator coadjuvante e roteiro adaptado; Bonequinho aplaude
 
"No ritmo do coração". Foto: Divulgação
"No ritmo do coração". Foto: Divulgação
 

Com as premiações dos sindicatos dos atores, dos roteiristas e dos produtores, “No ritmo do coração” chegou ao Oscar como a grande aposta para a estatueta de melhor filme. E acabou levando, não só o prêmio principal mas também os de ator coadjuvante, para Troy Kotsur, e roteiro adaptado. O longa foi lançado sem muita pretensão e passou discreto no circuito, mas isso não impediu que o filme fosse um sucesso nos festivais, com 137 indicações (três delas as merecidíssimas de ator coadjuvante, roteiro adaptado e filme no Oscar) e 55 vitórias.

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Na trama, Ruby é adolescente e única ouvinte numa família de surdos, o que nos EUA leva o nome de “Coda” (“child of deaf adults”, filha de adultos surdos), título original do filme. Todo dia, antes da escola, ela precisa trabalhar no barco de pesca da família para ajudar os pais como intérprete. Ao mesmo tempo, Ruby descobre seu dom de cantar e é incentivada pelo professor do coral do colégio a se inscrever numa escola de música de prestígio. E fica numa encruzilhada: ajudar os pais ou ter um futuro como cantora?

 

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“No ritmo do coração” é a refilmagem de “A família Bélier” (França/Bélgica, 2014), de Éric Lartigau, que foi adaptado e dirigido pela americana Sian Heder. Apesar de tratar dos mesmos temas, como amadurecimento e as dúvidas adolescentes em relação a escola, família, amigos, amor e lugar no mundo, Heder, em sua versão, evita o sentimentalismo e consegue equilibrar drama e humor sem ser piegas, superando o filme original.

Apesar de, num primeiro momento, o longa poder incomodar por se encaixar no nicho remakes americanos de produções não faladas em inglês, Sian Heder entregou um filme melhor tanto tecnicamente como dramaturgicamente, de extrema sensibilidade e com um elenco em estado de graça. Algo que lembra o que Martin Scorsese fez com “Os infiltrados”, remake do chinês “Conflitos Internos” (2002) que ganhou o Oscar de melhor filme em 2007. Pode ser que a história se repita.

Onde: Prime Video, Google Play e Apple TV.


O Globo segunda, 28 de março de 2022

FUTEBOL - CRISTIANO RONALDO EM 2026?

Cristiano Ronaldo em 2026? Craque nega que Qatar possa ser sua última Copa: 'Quem manda sou eu'

Jogador tenta levar Portugal ao Mundial em duelo contra a Macedônia do Norte, nesta terça-feira
Cristiano Ronaldo durante a entrevista coletiva Foto: MIGUEL VIDAL / REUTERS
Cristiano Ronaldo durante a entrevista coletiva Foto: MIGUEL VIDAL / REUTERS
 

É difícil cravar o futuro de Cristiano Ronaldo, que segue jogando em altíssimo nível e é estrela do Manchester United aos 36 anos. Nesta segunda-feira, o craque tratou de tornar o tema ainda mais quente. Em conversa com jornalistas, o camisa 7 frisou que a Copa do Mundo do Qatar, em novembro, pode não ser a sua última.

— Já começo a ver que muitos de vocês fazem a mesma pergunta. Quem vai decidir o meu futuro sou eu, mais ninguém. Se me apetecer jogar mais, jogo. Se não me apetecer jogar mais, não jogo. Quem manda sou eu, ponto final.

A declaração foi dada em entrevista coletiva antes da partida entre Portugal e Macedônia do Norte, nesta terça-feira. A partida pela repescagem das eliminatórias europeias vale a vaga na Copa do Mundo às equipes que eliminaram Turquia e Itália nas semifinais, respectivamente.

Cristiano Ronaldo jogou quatro Copas do Mundo pela seleção de Portugal. Ele esteve em campo nos Mundiais de 20006, 2010, 2014 e 2018. Pela equipe, tem um título de Eurocopa e outro de Liga das Nações da Uefa.

Se chegar ao quinto Mundial da carreira, CR7 igualará os recordistas Antonio Carbajal e Rafa Márquez (México), Lothar Matthaus (Alemanha) e Gianluigi Buffon (Itália).


O Globo domingo, 27 de março de 2022

COPA DO MUNDO 2022: BRASIL COMPLETA TRÊS ANOS SEM ENFRENTAR EUROPEUS

Brasil completa três anos sem enfrentar europeus e irá ao Qatar sem fazer testes que Eliminatórias não oferecem

Confrontos até o início do Mundial estão descartados; calendário da Uefa e pandemia foram empecilhos
 
Tite já pediu por confrontos com europeus, mas pedido não será atendido Foto: Ricardo Moraes/Reuters
Tite já pediu por confrontos com europeus, mas pedido não será atendido Foto: Ricardo Moraes/Reuters
 

Cruzar com europeus no mata-mata virou a grande barreira para o Brasil nas últimas Copas. Em 2006, caiu para a França. Quatro anos depois, para a Holanda. Em 2014, o atropelo para a Alemanha. Por fim, em 2018, a queda para a Bélgica. Por isso, são inevitáveis os questionamentos sobre o quanto a seleção está preparada para enfrentá-los. Nos Mundiais anteriores, foi possível chegar com alguma noção. Desta vez, Tite está no escuro. Chega ao Qatar tendo feito só um jogo com rivais do Velho Continente em todo ciclo: contra a Repúblico Tcheca, que completa hoje três anos.

Tite já manifestou sua preocupação com a falta de confrontos com europeus. Em mais de uma vez, suplicou por uma oportunidade de medir forças com adversários do outro lado do Atlântico. Mas ela não deve ser atendida até o Qatar. O calendário de seleções da Uefa praticamente inviabilizou qualquer possibilidade. Os jogos pela Eurocopa (incluindo fase qualificatória) e pela Liga das Nações preencheram as datas Fifa. As poucas que ainda poderiam ser aproveitadas foram perdidas com a prorrogação das Eliminatórias continentais devido à pandemia. Um cenário que deixa a dúvida: o quanto este hiato pesará na preparação?

— Faz muita falta (não jogar contra europeus). Em 1993, 1994, a gente fazia partidas na Europa. Jogava contra Inglaterra, Alemanha... — opina Carlos Alberto Parreira, técnico da seleção nos Mundiais de 1994 e de 2006. — É um intercâmbio para ver a intensidade, velocidade, as características de seleções que a gente enfrenta na Copa.

A maioria dos jogadores da seleção atua na Europa e está acostumada a jogar contra os atletas que enfrentarão no Qatar. A principal perda é coletiva. O time de Tite ataca como os principais rivais europeus: com cinco homens (às vezes, seis), sendo dois alargando o máximo possível os lados do campo. E, justamente por essa mecânica já ser padrão por lá, as defesas também são mais preparadas para neutralizá-la. Um exemplo disso foi dado esta semana pela surpreendente Macedônia do Norte, que resistiu à pressão da Itália e deixou a atual campeã da Eurocopa fora de sua segunda Copa seguida.

— As seleções da Europa são pensadas para neutralizar as amplitudes dos dois pontas. E também o jogo entre linhas, como as tabelas do Neymar e do Paquetá — analisa Leonardo Miranda, responsável pelo blog Painel Tático, do site GE. — São defesas melhor postadas do que as daqui da América. Seria uma chance para o Tite aprimorar seu estilo de jogo com a bola.


O Globo sábado, 26 de março de 2022

TURISMO: SAIBA COM O BURACO AZUL VIROU ATRAÇÃO TURÍSTICA NO CEARÁ

Por O GLOBO

 


Buraco Azul, no Ceará, onde turista se afogou — Foto: Reprodução

Buraco Azul, no Ceará, onde turista se afogou — Foto: Reprodução

À primeira vista, o Buraco Azul - onde um turista em visita ao Ceará se afogou nesta segunda-feira (21) - parece uma beleza natural como tantas outras que o próprio planeta Terra é capaz de formar. Mas foi uma interferência do homem que fez com que ele surgisse neste pedacinho do litoral oeste do estado, em Caiçara, distrito do município de Cruz, a cerca de 20km da disputada Jericoacoara.

 Tudo começou com o trabalho de escavações e retirada de terra para a construção de uma rodovia, a CE-182. Parte da terra, por exemplo, foi usada para pavimentação desta via, num trecho de 13km de extensão, ligando a CE-85, até então a principal estrada entre Fortaleza e Jericoacoara, até a chamada Praia do Preá, na mesma cidade de Cruz (e hoje um dos principais acessos à Jeri). A repaginada CE-182 foi inaugurada em 2018 e facilitou muito o acesso de carros de passeio até Jeri, que, afinal, é a grande estrela turística da região.

 
Buraco Azul da Caiçara, que virou atração no litoral oeste do Ceará — Foto: Reprodução

Buraco Azul da Caiçara, que virou atração no litoral oeste do Ceará — Foto: Reprodução

As escavações deixaram grandes áreas abertas nas imediações, como a que acabou se transformando no Buraco Azul, que chega a ter 7m de profundidade em alguns trechos. E aí, sim, entra uma mãozinha da natureza. Foi em 2017, depois do período mais chuvoso no Ceará - de fevereiro a maio - que o lugar teve sua primeira cheia. No ano seguinte, novas chuvas ajudaram a elevar o nível de água, que acumulou também graças ao que é proveniente de lençóis freáticos. Mas foi somente em 2019, quando a estação chuvosa foi mais intensa na região, que a cheia no lugar chegou a seu limite máximo, chamando ainda mais a atenção de moradores e comerciantes locais, já atentos à possibilidade de o lugar virar um ponto turístico. Nascia então uma lagoa, mais tarde batizada de Buraco Azul.

O grande chamariz está explícito no nome: a água de cor azul turquesa. Visto do alto, o Buraco Azul parece uma imensa piscina, mas cercada de vegetação como cajueiros e com as bordas branquinhas. Seria o fundo branco, aliás, combinado com a incidência do reflexo da luz solar e a qualidade da água (com pouco material em suspensão, sem bactérias para absorver a cor) que ajudaria a dar o azul intenso à lagoa.

Criança salta no Buraco Azul, point no Ceará — Foto: Reprodução

Criança salta no Buraco Azul, point no Ceará — Foto: Reprodução

Não demorou para que o lugar realmente virasse um point, por onde já passaram famosos como Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank. Não sem antes registrar certa confusão. Como o local é privado, proprietários chegaram a cercar a área, temendo invasão e afogamentos. Não adiantou. Muita gente derrubava a cerca e atravessava para um mergulho, e o donos resolveram abrir o lugar ao público. No início de 2020, nem havia cobrança de entrada. Passados dois anos, a entrada pode chegar a R$ 20, e o lugar funciona sob a administração de um restaurante de mesmo nome.

Depois da morte de um turista, a Prefeitura Municipal de Cruz divulgou nota dizendo que "Considerando o acidente ocorrido na tarde de segunda-feira, 21 de março de 2022, que vitimou fatalmente um turista no empreendimento 'Buraco Azul' em razão de afogamento, vem por meio desta nota esclarecer que o Buraco Azul é um empreendimento turístico de natureza privada, possuindo Alvará de Funcionamento e Alvará Sanitário vigentes, no que diz respeito às condicionantes ora existentes na legislação municipal. Ressaltamos, ainda, que é o primeiro caso de acidente fatal que nos fora relatado junto referido estabelecimento (...)". Sobre a qualidade da água, na época em que o lugar começou a entrar no roteiro turístico, em 2019, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) informou a veículos de comunicação do estado que não podia atestar se era própria para banho ou não, já que se tratava de propriedade particular.

 

A natureza foi generosa no Ceará, mas no caso do Buraco Azul, foi mesmo a ação do homem que deixou ali sua marca.


O Globo sexta, 25 de março de 2022

ELIMINATÓRIAS: QUARTETO DA SELEÇÃO É APROVADO

 

Análise: Quarteto da seleção é aprovado, mas pede ajustes que passam por Neymar

Atacante deve ser meia de ligação que equipe precisa em etapas do jogo
 
Neymar comemora gol sobre o Chile no Maracanã Foto: Foto Lucas Figueiredo/CBF / Agência O Globo
Neymar comemora gol sobre o Chile no Maracanã Foto: Foto Lucas Figueiredo/CBF / Agência O Globo
 

Em tempos de posições extremadas e certezas absolutas sobre tudo, a goleada do Brasil no Maracanã, sobre um adversário apenas mediano como é o Chile, foi do tamanho exato do estágio de evolução dessa seleção, a oito meses da Copa do Mundo do Qatar. Quem foi ao estádio pré disposto a sentir raiva — como os muitos que vaiaram o técnico Tite antes de a partida começar —, deixaram o estádio certamente frustrados. Talvez de mãos dadas com aqueles mais ufanistas, que exigiam atuação espetacular do quarteto ofensivo, formado por Antony, Vini Jr, Lucas Paquetá e Neymar.

A formação cumpriu bem seu papel nos 4 a 0. Entretanto, deu sinais de que correções precisam acontecer. Duas boas notícias: há tempo para isso, até a estreia no Oriente Médio. E parte depende justamente do jogador com mais recursos da seleção, o camisa 10. 

Uma das principais lições no Maracanã foi a de que o Brasil precisará encontrar maneiras de sair jogando desde o campo de defesa quando for pressionado na saída de bola. Alguns dos maiores apuros da seleção ocorreram quando o Chile conseguiu subir a marcação. Com quatro jogadores muito avançados, os defensores ficaram com poucas opções de passe no meio de campo. Uma alternativa para corrigir isso é pedir para Neymar dar uns bons passos na direção da intermediária defensiva. Basta que ele consiga girar com a bola dominada para ter três opções de passe e um adversário que se desarrumou para tentar marcar com pressão. Cenário perfeito.

Além disso, existiu um gargalo nas fases do jogo em que o Chile conseguiu se postar bem na linha defensiva. Ao jogar com tantos homens talentosos na linha de ataque — em muitos momentos, Fred se juntou aos quatro da frente —, o Brasil se torna mais dependente da qualidade de passe de Casemiro e dos laterais. Nem sempre houve a bola esticada tão qualificada, a visão de jogo mais aguçada. Daniel Alves, neste caso, talvez seja uma alternativa melhor do que Danilo. Mesmo que isso obrigue recuar Arana.

 
 

Pontas brilham

O que mais funcionou no Maracanã foram os dois extremos, Vini Jr e Antony. O primeiro foi o mais acionado. Leva vantagem por jogar muito próximo de Neymar. Como o camisa 10 é procurado por todos, o atacante do Real Madrid é privilegiado por tabela. Justamente quando trocou passes com Neymar, o eterno xodó da torcida do Flamengo foi muito produtivo. Deixou o jogador do Paris Saint-Germain duas vezes em ótima condição de marcar. Neymar deve se preparar para isso acontecer mais vezes e ser mais efetivo na área.

Vini Jr. é peça fundamental no Real Madrid por deixar Benzema bem situado para marcar os gols. O francês não costuma desperdiçar e o camisa 10 do Brasil precisa resgatar um espírito artilheiro que tinha mais latente no começo da carreira. Se habituar a ser o homem do último toque.

Os dois gols de bola rolando sobre o Chile e as jogadas que terminaram nos dois pênaltis saíram de lances que demandaram menos trocas de passes envolventes, algo que praticamente não existiu na seleção no Maracanã. Foram momentos em que a defesa do Chile não estava tão bem organizada. O bom de ter quatro atacantes em campo é que, com eles, essas brechas dadas pelos adversários tendem a ser mais mortais.

O que o jogo no Maracanã mostrou é que a torcida brasileira está disposta a abraçar Neymar, em má fase no PSG. Sua atuação contra o Chile foi apenas razoável, mas ainda assim o Brasil conseguiu funcionar ofensivamente. Um sinal de que, diferentemente de outros tempos, a equipe de Tite não está tão dependente do talento de seu principal jogador.

Cada vez menos propenso às arrancadas que foram sua marca registrada no início da carreira, Neymar pode ajudar mais a seleção usando seu talento para armar o jogo e finalizar. Isso quer dizer soltar mais a bola. Ser mais coletivo. Menos virtuoso e mais objetivo. A companhia ao redor tem qualidade, merece esse voto de confiança.


O Globo quinta, 24 de março de 2022

RIO SHOW: O BAÚ DE INÉDITAS DE PIXINGUINHA - GRUPO APRESENTA 21 CANÇÕES NO CCBB

O baú de inéditas de Pixinguinha: grupo apresenta 21 canções no CCBB

Entre os músicos que participam do show, estão Henrique cazes, Silvério Pontes e Carlos Malta
SC EXCLUSIVO / Pixinguinha como nunca, espetáculo com 26 obras inéditas do compositor no CCBB. Na foto, o Sexteto do Nunca Foto: Divulgação/ MARILIA FIGUEIREDO / Divulgação
SC EXCLUSIVO / Pixinguinha como nunca, espetáculo com 26 obras inéditas do compositor no CCBB. Na foto, o Sexteto do Nunca Foto: Divulgação/ MARILIA FIGUEIREDO / Divulgação
 
 

Acredite: em pleno ano de 2022, ainda há muito o que se descobrir na obra deixada por Alfredo da Rocha Vianna Filho (1897-1973), o Pixinguinha. Prova disso é que hoje, no Centro Cultural Banco do Brasil, o espetáculo musical “Pixinguinha como nunca” apresenta 21 músicas inéditas de um dos maiores nomes da música brasileira de todos os tempos. No palco, um time de prestígio formado por Henrique Cazes (cavaquinho), Marcelo Caldi (sanfona), Carlos Malta (flauta e sax), Silvério Pontes (trompete e flugelhorn), Marcos Suzano (percussão) e João Camarero (violão de 7 cordas) — o Sexteto do Nunca — interpreta canções de Pixinguinha que nunca foram gravadas como “Paraibana”, uma valsa escrita por ele pouco antes de morrer, em 1973. O grupo repete o espetáculo no CCBB na próxima quarta-feira e no dia 6 de abril, antes de seguir para as unidades do centro cultural em Brasília e Belo Horizonte.

 

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As canções inéditas foram peneiradas junto ao rico acervo do músico que está em posse do Instituto Moreira Salles desde 2000. Já foram encontradas mais de 50 músicas inéditas, das quais 26 serão tocadas nos shows do grupo no CCBB do Rio (eles trocam duas a cada apresentação). Há choro, samba, polca e tango, num repertório que abraça sete décadas de trabalho de Pixinguinha. Em maio, o projeto entra em estúdio para virar quatro discos: “Pixinguinha na roda”, “Pixinguinha virtuose”, “Pixinguinha canção” e “Pixinguinha internacional”. Para Henrique Cazes, diretor musical do espetáculo, alguns fatores contribuíram para que tantas canções estivessem escondidas do público por todo esse tempo, como o alto volume de produção de Pixinguinha, as circunstâncias culturais do final da década de 1930 e um quê de racismo.

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— Ele produzia muito. Uma vez ficou internado e compôs mais músicas do que os dias que ficou no hospital, fez uma pro médico, outra pra enfermeira, outra pra neta da enfermeira que havia nascido. Era algo muito natural— afirma Cazes, que também assina os arranjos do show. — No final da década de 30, no auge da carreira dele, com a chegada daquela onda de propaganda norte-americana, das big bands, acabaram passando Pixinguinha da vanguarda pra velha guarda, sem escalas. Ele ficou deslocado. Não existe até hoje um livro falando sobre a técnica que ele usava na orquestração, uma coisa que deveria estar na base da música brasileira. Existe uma camada de racismo, sim, de não enxergar um preto como superior.

 
 

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Um acervo a explorar

O ator e cantor Marcelo Vianna, neto de Pixinguinha, assina a direção artística do show e participa cantando algumas músicas. Ele trabalhou com Henrique Cazes entre 2015 e 2017, no projeto “Pixinguinha: as 5 estações”, uma série de aulas-espetáculos. Ali, os dois tiveram a ideia que toma forma hoje no palco do CCBB. Vianna compartilha do discurso do colega, sugerindo que falta aceitar “esse protagonismo preto”, diz que planeja montar um bloco de carnaval e um documentário em torno da obra do avô e dá uma noção do tamanho do acervo, do qual outras canções podem vir à luz:

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—São mais de 800 arranjos nesse acervo, e cada arranjo é um calhamaço de papel. Sabemos que tem coisa perdida, outras que não foram gravadas — conta Vianna, mostrando a empolgação com o início do projeto. —Fico muito feliz de estar com esses caras. O Baden Powell falava com propriedade que Pixinguinha foi o maior compositor de todos os tempos. É uma obra moderna, um compositor que nos deu quase tudo. Ouvir Pixinguinha é entender o Brasil.

 

Serviço

CBB. Rua Primeiro de Março 66, Centro (3808-2020). Qua, às 19h30. Até 6 de abril.  R$ 30. Livre.

 


O Globo quarta, 23 de março de 2022

VIAGEM: PASSEIO ESPECIAL EM HOLAMBRA MOSTRARÁ OS BASTIDORES DA PRODUÇÃO DE FLORES

Por Eduardo Maia

 


Flores na estufa do Rancho Raízes,  produtor de crisântemos em Holambra, no interior de São Paulo — Foto: Divulgação

Flores na estufa do Rancho Raízes, produtor de crisântemos em Holambra, no interior de São Paulo — Foto: Divulgação

primavera é a alta estação do turismo em Holambra, no interior de São Paulo. Mas é possível admirar as cores da maior produtora e exportadora de flores do Brasil o ano todo. Em abril, por exemplo, o passeio Estufas Abertas levará visitante aos bastidores dos locais onde as flores são plantadas e desenvolvidas.

O evento, que acontecerá nos dias 2 e 3 de abril, é inspirado no “Kom in de kas!” (“Entre na estufa!”), uma tradição em diversas regiões da Holanda desde a década de 1970. Nele, os produtores de Holambra voltarão a abrir suas fazendas e ranchos para os visitantes interessados no cultivo de flores e plantas ornamentais.

A partir de três roteiros diferentes, os visitantes poderão conhecer todo o processo produtivo – do plantio à colheita – de seis propriedades e também as instalações da Faculdade de Agronegócios de Holambra (Faagroh), do Grupo Unieduk. O passeio será feito a bordo de um ônibus especial, que passará por duas fazendas por circuito. Os visitantes poderão escolher o tempo de permanência em cada parada, e também alterar a programação, se quiserem, já que os veículos passarão de tempos em tempos.

As fazendas escolhidas para esta edição cultivam plantas ornamentais (Brumado e Giardino de Cozi), kalanchoes e calandivas (Joost van Oene), crisântemos (Rancho Raízes), azaleias (Sleutjes) e antúrios (Symphony). Os visitantes poderão passear entre os canteiros para observar, fotografar ou filmar de perto as flores e plantas em todas as fases de suas vidas. Os grupos serão acompanhados pelos próprios produtores, que explicarão sobre as técnicas de cultivo e sua evolução ao longo dos anos, desde a chegada dos primeiros colonos holandeses à região.

As saídas acontecerão nos dias 2 e 3 de abril de 2022, das 9h às 17h. O embarque será feito no estacionamento do Parque da Expoflora (Rodovia SP 107), em frente ao Moinho Povos Unidos, onde os visitantes poderão deixar seus veículos até o final do passeio.

Os ingressos custam R$ 100 (ou R$ 80, se comprados até 31 de março), com meia entrada garantida por lei e . As vendas acontecem pelo site ingressorapido.com.br e mais informações podem ser obtidas pelo e-mail estufasabertasholambra@gmail.com.


O Globo terça, 22 de março de 2022

RIO SHOW: MARC CHAGALL GANHA MOSTRA COM 186 OBRAS NO CCBB

Marc Chagall ganha mostra com 186 obras no CCBB

Maior exposição dedicada ao artista russo naturalizado francês destaca seu olhar sobre amor e a esperança
 
Detalhe da tela “Os amantes com asno azul” (1955), que está na mostra dedicada a Marc Chagall no CCBB Foto: Divulgação
Detalhe da tela “Os amantes com asno azul” (1955), que está na mostra dedicada a Marc Chagall no CCBB Foto: Divulgação

A vida e a obra do russo naturalizado francês Marc Chagall são destaque da exposição “Marc Chagall: sonho de amor”, que inaugura nesta quarta-feira (16) no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio. Com 186 trabalhos, a mostra é a maior já realizada no Brasil sobre o artista, cuja  obra é reconhecida mundialmente como uma ode ao amor e à esperança, e encanta o público com seu universo onírico.

A mostra é dividida em quatro seções que abrangem os principais temas de sua produção, como as memórias de infância na Rússia, a religião e a espiritualidade, a relação com a escrita e as representações do amor. Além dos diferentes momentos de sua carreira, a exposição destaca as muitas técnicas e suportes explorados por Chagall, como óleos, guaches e pastéis, em pinturas, desenhos e litografias.

 

'O galo violeta' (1966-1972), de Marc Chagall Foto: © Chagall, Marc/AUTVIS, Brasil, 2022

'O galo violeta' (1966-1972), de Marc Chagall Foto: © Chagall, Marc/AUTVIS, Brasil, 2022

Casa Roberto MarinhoDesejo por trás das esculturas de Maria Martins é tema de mostra

 

A seleção traz obras de coleções de várias partes do mundo, incluindo empréstimos de instituições brasileiras, a exemplo das telas “O vendedor de gado” (1922), do acervo do Masp, “O violinista apaixonado” (1967) e “Cidade cinzenta” (1964), da Coleção Nemirovsky, em comodato com a Pinacoteca do Estado de São Paulo.

No dia da inauguração, a historiadora da arte e curadora da exposição Lola Durán Úcar fará uma palestra gratuita, às 18h30, no auditório do CCBB, em que guiará os visitantes pelo universo de Chagall, passando por seus processos artísticos e os momentos históricos que marcaram sua trajetória pessoal. Os ingressos para o encontro com a curadora devem ser reservados pelo site da Eventim — onde também se retiram as entradas para a mostra — ou diretamente na bilheteria.

Portinari, Tarsila do Amaral e mais:confira as novidades no roteiro de exposições no Rio

'O vendedor de gado' (1922) vem do acervo do Masp Foto: Fotos de divulgação/Chagall, Marc/AUTVIS, Brasil, 2022
'O vendedor de gado' (1922) vem do acervo do Masp Foto: Fotos de divulgação/Chagall, Marc/AUTVIS, Brasil, 2022

 

Serviço 'Chagall: sonho de amor'

CCBB. Rua Primeiro de Março 66, Centro (3808-2020). Qua a sáb, 9h às 21h. Dom, 9h às 20h. Até 6 de junho. Grátis, mediante agendamento pelo site Eventim. Livre.

 


O Globo segunda, 21 de março de 2022

LIVROS: HISTÓRIAS DOS BASTIDORES DO PASQUIM SÃO RETRATADAS EM NOVO LIVRO

'Rato de redação': Histórias dos bastidores do Pasquim são retratadas em novo livro

‘Realmente era a diversão de que falam’, diz Sérgio Augusto, um dos integrantes do Pasquim, que tem história contada em livro
 
O Pasquim (1969-1991) Foto: Reprodução
O Pasquim (1969-1991) Foto: Reprodução

Certa feita, o Pasquim, famoso por suas entrevistas regadas a uísque, chamou Rita Lee e Tim Maia para um papo. Os dois astros da música, ainda jovens, em 1970, foram entrevistados juntos porque os jornalistas acharam que um dos dois sozinho não renderia uma das famosas “entrevistas do Pasquim”. Eles estavam certos, até demais.

— Nem Tim nem Rita gostavam muito de beber na época, e a entrevista acabou saindo fraquinha — conta o jornalista gaúcho Márcio Pinheiro, 55 anos, autor de “Rato de redação: Sig e a história do Pasquim” (Matrix Editora), biografia do revolucionário tabloide ipanemense (1969-1991) que terá lançamento no Rio no próximo dia 31, às 18h30, na Livraria Argumento, no Leblon.

Há décadas historiador da imprensa brasileira e colecionador do Pasquim, Pinheiro baseou o livro em seu farto material e em conversas com Sérgio Augusto, Martha Alencar e Reinaldo Figueiredo, três ex-titulares do tabloide. A ideia original do autor era aproveitar o cinquentenário do periódico, em 2019, para contar a história da redação que uniu nomes como Henfil, Ivan Lessa, Tarso de Castro, Paulo Francis, Jaguar, Ziraldo, Sérgio Cabral e tantos outros.

 — Achei que meu livro seria um dentre vários que surgiriam com a efeméride — conta ele, que ficou surpreso ao ver que foi o único que teve a ideia, ou que a levou adiante, em um momento “entre empregos”. — Além de tudo o que eu já tinha em casa, o Pasquim está inteirinho digitalizado pela Biblioteca Nacional. Minha ideia foi mesmo contar a história em cima do arquivo.

Cara de pau

De fato, é só dar um pulo no acervo digital da instituição (memoria.bn.br) que lá estão Ibrahim Sued dizendo que era um imortal sem fardão, Chico Buarque explicando por que é tricolor e os desenhos de Jaguar (que, aos 90 anos, mandou um exclusivo para Márcio festejando o livro). “O Pasquim surge com duas vantagens: é um semanário com autocrítica, planejado e executado só por jornalistas que se consideram geniais e que, como os donos de jornais não reconhecessem tal fato em termos financeiros, resolveram ser empresários”, diz o editorial cara de pau da edição de estreia, de 26 de junho de 1969.

— O livro é muito fiel ao que acontecia naquela redação, principalmente na época em que era um prédio na Rua Clarice Índio do Brasil, no Flamengo — conta Sérgio Augusto. —E realmente era a diversão toda de que as pessoas falam. Eram figuras muito engraçadas, como o Francis, com seu mau humor e seus sambas e marchinhas, e o Ivan Lessa, um moleque com idade mental de 12 anos, que passava o tempo fazendo bullying com a Nelma, nossa secretária.

 
 

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A figura mais perene dos 22 anos de Pasquim foi Sérgio Jaguaribe, o Jaguar, cartunista e criador do rato Sig (de Sigmund Freud, o pai da psicanálise).

— Sig era filho meu e do Ivan Lessa — lembra Jaguar, de sua casa na serra. — Ele era responsável por uma espécie de editorial, fazia comentários e destacava trechos dos textos, em desenhos por cima das páginas já diagramadas. E, quando o Pasquim acabou, aconteceu o contrário do ditado: foi o navio que deixou o rato.

No auge, o debochado tabloide chegou a vender mais de 200 mil cópias por semana, superando publicações como as revistas Veja e Manchete, onde, aliás, alguns dos pasquinenses também escreviam.

Além da competência do staff (“Tarso era o dínamo que tocava a redação, ‘o mais louco de todos’, segundo Jaguar”; “Sérgio Augusto tem texto e memória maravilhosos, as coisas dele não envelheceram até hoje”), o autor do livro aponta os métodos pouco ortodoxos como parte da razão do sucesso. A vivência nas redações (e botequins) pelo Brasil ajudaram o jornal a ter colaboradores que iam de Chico Buarque, correspondente em Roma na época do exílio, a Carlos Drummond de Andrade.

— O Drummond subia a pé a Rua Saint-Roman, no pé do Pavão-Pavãozinho, para levar os textos que saíam no Pasquim, na época em que a redação era lá — lembra Jaguar. — Ele, na verdade, estava paquerando a Nelma. Sorte a nossa.

Entre seções e textos simplesmente batizados com os nomes de seus autores, o Pasquim entrou para a história pelas entrevistas, algumas históricas, como as de Leila Diniz, Ibrahim Sued (que antecipou ao jornal o então futuro presidente do Brasil, Médici, que se seguiu a Costa e Silva) e de políticos como Leonel Brizola.

Combate à censura

Por trás (ou na frente, ou no meio) de toda a galhofa, o Pasquim tinha como motor central o combate à ditadura e à censura. Isso rendeu a famosa prisão de boa parte da redação, no fim de 1970. Sérgio Cabral estava em Campos, no Norte Fluminense, quando recebeu um telefonema da mulher, a museóloga Magaly Cabral.

— Ele ficou preocupado, pensou que era algum problema com o filho, Serginho (o ex-governador do Rio, atualmente preso) — conta Márcio. — Quando ela disse que os agentes da ditadura tinham ido lá para prendê-lo, ele ficou aliviado: “Graças a Deus!”.

Quando Sérgio Cabral voltou ao Rio, tomou umas cervejas e se entregou, junto com Jaguar e o dramaturgo Flávio Rangel.

— Eu nunca me diverti tanto quanto naquela cela — lembra Jaguar, às gargalhadas. — No Natal, o Antonio’s (tradicional bar da boemia da Zona Sul do Rio) nos mandou uma ceia, ficamos comendo, bebendo vinho e oferecendo aos guardinhas, que não acreditavam no que estava acontecendo.

Apesar de o cárcere ter sido relativamente leve para os profissionais do Pasquim, o episódio foi um racha na redação:

— Tarso brigou com o Millôr, acusando-o de covardia por se esconder e não acompanhar os colegas na prisão — conta Márcio Pinheiro.

A partir da metade dos anos 1970, segundo o autor, o jornal se tornou mais politizado, principalmente com a Anistia, no fim da década, que trouxe de volta do exílio figuras importantes da política como Brizola, Miguel Arraes, Fernando Gabeira, Darcy Ribeiro e Luiz Carlos Prestes, todos eventualmente entrevistados nas páginas do Pasquim. Foi na primeira metade daquela década que o jovem Reinaldo apareceu na redação com um desenho e foi imediatamente contratado.

— Minha temporada lá foi fundamental para o que aconteceu depois —diz o Seu Casseta, fundador também do Planeta Diário. — Foi no Pasquim, quando era o editor de humor, que comecei a experimentar muita coisa, junto com Hubert e Cláudio Paiva. Isso foi uma espécie de laboratório para a criação do Planeta Diário.

Com o fim da ditadura e uma debandada dos jornalistas para outras redações, que exigiam exclusividade, o semanário foi morrendo.

— Na eleição de 1986, quando Moreira Franco se tornou governador do Rio, ele já estava morto —avalia Márcio. — Jaguar seguiu tocando até 1991 como aquele japonês da Segunda Guerra, que ficou escondido anos numa floresta sem saber que o conflito tinha acabado.

 


O Globo domingo, 20 de março de 2022

GENTE: LUCIANA GIMENEZ IMPRESSIONA SEGUIDORES COM SHORTINHO E TOP BRILHANTE

Luciana Gimenez impressiona seguidores com shortinho e top brilhante

 

Apresentadora publicou imagem em seu perfil do Instagram

 
Luciana Gimenez Foto: Reprodução
Luciana Gimenez Foto: Reprodução

Luciana Gimenez tirou o fôlego de seus seguidores do Instagram, na noite do último sábado. A apresentadora publicou uma sequência de fotos na rede social em que aparece com um shortinho florido e top brilhante.

"Sábado á noite", escreveu ela na legenda da publicação.

"Mulherão",  "Que lindaaaaaaa", "Sempre esse sorrisão lindo!", "Tá arrasando....", "Linda demais", "Vc é muito perfeita", elogiaram alguns internautas.


O Globo sábado, 19 de março de 2022

LIGA DOS CAMPEÕES: UEFA DEFINE CONFRONTOS DAS QUARTAS DE FINAL

Champions League: Uefa define confrontos das quartas de final; veja

Clubes também já sabem quem poderão enfrentar caso avancem à semifinal da competição
UEFA sorteou confrontos das quartas de final da Champions League Foto: Reprodução
UEFA sorteou confrontos das quartas de final da Champions League Foto: Reprodução
 

A Uefa sorteou nesta sexta-feira os confrontos das quartas de final da Champions League. Os clubes também já sabem quem vão enfrentar caso avancem às semifinais da competição.

Os confrontos definidos foram:

Chelsea x Real Madrid

Manchester City x Atlético de Madrid

Villarreal x Bayern de Munique

Benfica x Liverpool

 

Os jogos de ida das quartas de final acontecem nos dias 5 e 6 de abril. Já as partidas de volta estão previstas para os dias 12 e 13 de abril. Entre as equipes que disputam as quartas, três buscam o título inédito: Atlético de Madri, Manchester City e Villarreal. Atual campeão do torneio, o Chelsea tenta o bicampeonato consecutivo em meio a dificuldades financeiras provocadas pelas sanções ao bilionário russo Roman Abramovich.

Na semifinal, o vencedor de City e Atlético de Madrid vai jogará contra o ganhador de Chelsea e Real Madrid. Já o vencedor de Benfica e Liverpool enfrenta quem passar entre Villarreal e Bayern de Munique.

 

Os jogos das semifinais estão marcados para 26 e 27 de abril e 3 e 4 de maio. A final ocorre no dia 28 de maio, no Stade France, em Paris. A sede da grande decisão, que seria em São Petersburgo, foi mudada pela Uefa em razão da invasão russa à Ucrânia.


O Globo sexta, 18 de março de 2022

TURISMO: PRAIA SE HOSPEDAR COMO UM REI

 

Para se hospedar como um rei: em Portugal, um castelo de verdade faz sucesso no Airbnb

Construção centenária a 40 minutos do Porto tem 12 quartos, piscina, salas de jantar e jardins
 
O Castelo de Santa Marta de Portuzelo, na cidade de Viana do Castelo, norte de Portugal, faz sucesso no Airbnb Foto: Reprodução
O Castelo de Santa Marta de Portuzelo, na cidade de Viana do Castelo, norte de Portugal, faz sucesso no Airbnb Foto: Reprodução
 

RIO - Portugal tem muitos castelos que merecem a visita. O de São Jorge, dominando a paisagem de Lisboa. O de Óbidos, dado pelo rei Dinis à rainha Dona Isabel, como presente de casamento. Ou mesmo o de Marvão, construído na fronteira com a Espanha no século XII para proteger o território português. Menos conhecido, o Castelo de Santa Marta de Portuzelo tem um diferencial: nele é possível hospedar-se. E por isso mesmo tem feito sucesso no Airbnb entre aqueles que pretendem passar algumas noites de realeza no país.

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 O castelo fica na freguesia de Santa Marta de Portuzelo, na cidade de Viana do Castelo, a pouco mais de 70 quilômetros ao norte do Porto.  "Um lugar ideal para descansar" garante o anúncio na plataforma. Além de bucólica, a localização era estratégica para a defesa do território no século XIII, quando foi construída uma torre no mesmo espaço, que séculos depois seria substituída pelo atual palácio em estilo manuelino, datado de 1853 - e que desde 1977 é tombado como imóvel de interesse público pelo governo português.
 
Um dos salões do Castelo de Santa Marta de Portuzelo, na cidade de Viana do Castelo, norte de Portugal Foto: Reprodução
Um dos salões do Castelo de Santa Marta de Portuzelo, na cidade de Viana do Castelo, norte de Portugal Foto: Reprodução

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Com uma estrutura fortificada quadrada, com uma torre no meio, o castelo tem cerca de dois mil metros quadrados e conta com 12 quartos, sendo nove disponíveis para os hóspedes. Cada um deles leva o nome de uma cidade portuguesa (como Lisboa, Óbidos, Porto e Viana) e tem camas de casal ou de solteiro e banheiro privativo. As paredes grossas de pedra e o piso de madeira garantem a sensação de viagem no tempo. O mesmo acontece nos salões, de estar e jantar, espalhados pelo palacete, com móveis antigos e ar aristocrático. Os hóspedes podem também contar com os serviços de cozinheiros.

Em volta dessa construção de pedra está o jardim de mais de 17 mil metros quadrados, com muito espaço ao ar livre e grande variedade de árvores ornamentais como laranjeira, limoeiro, oliveira, castanheira, palmeira, cipreste, nogueira e figueira. Uma das diversões possíveis é acessar essa área externa através de um túnel subterrâneo, que sai de dentro da casa principal. Outros destaques são a piscina, de 17 metros de comprimento por oito de largura, e a fonte, do século XV. E, claro, a bela vista para o vilarejo, que preserva um clima rural, mesmo estando tão perto de grandes cidades.

 
 
A piscina do Castelo de Santa Marta de Portuzelo, na cidade de Viana do Castelo, norte de Portugal Foto: Reprodução
A piscina do Castelo de Santa Marta de Portuzelo, na cidade de Viana do Castelo, norte de Portugal Foto: Reprodução

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Um dos usos mais frequentes do castelo é como cenário de festas de casamento. Além de ideal para a sessão de fotos, o espaço comporta muitos convidados e tem até uma capela centenária (fechada aos hóspedes na maioria do tempo) para a realização da cerimônia religiosa. Mas também é possível alugar o espaço para outros tipos de evento ou viagens em famílias numerosas. Para isso, é preciso pagar uma diária que está na casa dos R$ 4,4 mil. E ainda assim há poucas vagas disponíveis para os próximos meses.


O Globo quinta, 17 de março de 2022

GASTRONOMIA: CONHEÇA A COZINHA FOCADA EM PEIXES FRESCOS

 

Conheça a cozinha focada em peixes frescos e ‘dry age’ do chef Geronimo Athuel, na Ilha da Gigóia

“Adoro quando chegam espécies diferentes de peixes. A minha cozinha é como um laboratório”, destaca o cozinheiro
 
Inaugurado há pouco mais de um mes, o Restaurante Ocyá, na Ilha Primeira, já encanta os cariocas pelo charme do espaço e culinária intuitiva. O restaurante é comandado pelo chef Gerônimo Athuel, do Espírito Santo, um expert em produtos do mar. A casa possui uma cozinha com janelão de vidro onde os clientes podem apreciar as feituras de seus pratos. Atração especial para o setor de grelhados na varanda. Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Inaugurado há pouco mais de um mes, o Restaurante Ocyá, na Ilha Primeira, já encanta os cariocas pelo charme do espaço e culinária intuitiva. O restaurante é comandado pelo chef Gerônimo Athuel, do Espírito Santo, um expert em produtos do mar. A casa possui uma cozinha com janelão de vidro onde os clientes podem apreciar as feituras de seus pratos. Atração especial para o setor de grelhados na varanda. Foto: Ana Branco / Agência O Globo
 

Entre o mar e a terra, o chef e pescador Geronimo Athuel, de 35 anos, captura peixes e frutos do mar em seu barco e os prepara no restaurante Ocyá, na Ilha da Gigóia, na Barra. A casa tem apenas dois meses de funcionamento, mas as filas de espera são longas e o cardápio, focado em peixes dry age e na brasa, tem sempre novidade. Afinal, o mar tem suas surpresas. “Adoro quando chegam espécies diferentes. A minha cozinha é como um laboratório”, conta.

Ele, que cresceu em Vitória, mais precisamente ao lado de pescadores no Píer Iemanjá, entende da captura, da limpeza e dos preparos desde muito cedo. “Dos 8 aos 18 anos, passei meus dias ali e aprendi tudo com esses homens do mar”, lembra o chef, que teve passagens por diversos restaurantes e hotéis da América Central, além do D.O.M (SP), Atlântico (BH) e um dos restaurantes do Estúdios Globo, antes de criar projetos autorais. Primeiro foi o Experiência Elemento, no jardim da casa do pai da namorada, a atriz Estela Ribeiro, e, desde janeiro, o Ocyá, dessa vez na área externa da própria casa.

 É ali que faz uma cozinha de produto como o filé de dourado maturado e cozido na brasa, servido com flor de sal e aioli de salsa. “A pele fica crocante e, por dentro, é suculento. E ainda tem o sabor defumado”, descreve. “O segredo está no frescor. Meu ingrediente foi pescado há, no máximo, cinco horas. Muitas vezes, os polvos chegam vivos. Além disso, sou um dos poucos que trabalha o peixe em dry age. Essa maturação intensifica o sabor e dá firmeza à carne.”
 

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Ainda tem linguiça de peixe acebolada; polvo supermacio com maionese de kimchi, batatas coradas e páprica; lula na brasa recheada com cebola, tomate e manjericão; mexilhões no vapor; crus, como sashimis, tartares e ceviches; e pratos como espaguete de camarão cremoso. Isso tudo servido em um clima de fim de semana na praia, com barquinhos indo e vindo, capivaras e até jacarés passando no canal à frente, mesas à sombra de uma amendoeira e um pôr do sol logo na frente. “Sem falar no charme que é pegar um barco para chegar aqui”, destaca Geronimo.


O Globo quarta, 16 de março de 2022

MISS MUNDO 2022: CAROLINE TEIXEIRA A BRASILEIRA QUE IRÁ DISPUTAR O TÍTULO NESTA QUARTA-FEIRA

Saiba quem é a brasileira que irá disputar o Miss Mundo, que acontece nesta quarta-feira

Caroline Teixeira, de 24 anos, é formada em Direito, já jogou basquete e há três anos se curou de um câncer na tireoide; concurso foi adiado após surto de Covid-19 entre candidatas
 
Caroline Teixeira é a representante brasileira no Miss Mundo 2021 Foto: Reprodução/Instagram
Caroline Teixeira é a representante brasileira no Miss Mundo 2021 Foto: Reprodução/Instagram
 

RIO - Após ter sido adiado por conta de um surto de Covid-19 entre as candidatas, o Miss Mundo acontece nesta quarta-feira, em Porto Rico. A 70ª edição da competição conta com a brasileira Caroline Teixeira, de 24 anos, entre as 40 participantes. 

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Caso vença, Caroline será a primeira brasileira em 50 anos a sair vitoriosa do concurso de beleza. A última vencedora brasileira foi Lúcia Petterle, em 1971.

Em agosto de 2021, Caroline, que era a representante do Distrito Federal, conquistou o primeiro lugar do Miss Brasil Mundo. Como prêmio, recebeu roupas, joias, R$ 15 mil e uma viagem para Dubai, nos Emirados Árabes.

 Nascida no Distrito Federal, a brasiliense chegou a morar no interior de São Paulo, em Jundiaí, onde foi treinar basquete aos 14. Após três anos na cidade, passou uma temporada de seis meses em Railegh, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, onde fora convidada para jogar basquete.

Com 21 anos, Caroline se curou de um câncer na tireoide. Formada em Direito, ela diz ter como sonho passar no concurso do Ministério Público.

O concurso de 2020 foi cancelado devido à pandemia, o que significa que a vencedora de 2019, a jamaicana Toni-Ann Singh, continua sendo a detentora da coroa. A 70ª edição da competição estava programada para acontecer ano passado, mas foi adiada após um surto de covid entre candidatas e suas equipes.


O Globo terça, 15 de março de 2022

RIO SHOW: DJAVAN É NOVA ATRAÇÃO DO FESTIVAL ROCK THE MOUNTAIN

Djavan é nova atração do festival Rock the Mountain, que tem ainda Caetano Veloso, Gal Costa, Alceu Valença e Marina Sena

Evento que acontece nos dias 16, 17, 23 e 24 de abril em Itaipava, na Região Serrana, tem mais de 100 atrações confirmadas
Djavan é nova atração confirmada do Rock the Mountain, que acontece em abril na Região Serrana do Rio Foto: Leo Aversa
Djavan é nova atração confirmada do Rock the Mountain, que acontece em abril na Região Serrana do Rio Foto: Leo Aversa
 

O cantor e compositor Djavan é a nova atração confirmada para o festival Rock the Mountain, que acontece nos dias 16, 17, 23 e 24 de abril em Petrópolis, Região Serrana fluminense. O artista alagoano se junta a nomes como Caetano Veloso, Gal Costa, Criolo, Alceu Valença, Marina Sena e Djonga, que compõem o lineup de mais de 100 shows confirmados.

Um novo lote com poucos ingressos foi aberto e está à venda pelo site Sympla. Os passaportes são vendidos para sábado e domingo, e custam R$ 770.

Rock in Rio 2022:festival anuncia novas atrações e data de abertura da venda oficial de ingressos

 

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Entre os artistas de peso que marcarão presença estão também Marina Lima, Silva, Teresa Cristina, BaianaSystem, Mateus Carrilho, Black Alien, Tropkillaz e Jaloo. O cronograma de apresentações de cada dia ainda não foi divulgado, mas todas as atrações estão garantidas nos dois fins de semana do festival.

 
Ultima edição do Rock the Mountain foi realizada em 2019 Foto: Sand/Divulgação
Ultima edição do Rock the Mountain foi realizada em 2019 Foto: Sand/Divulgação

A 6ª edição do evento, que foi adiado no ano passado por causa da pandemia, deve reunir milhares de pessoas no Parque de Exposições de Itaipava com programação que dura o dia inteiro, dividida em seis palcos. Além da música, o festival ao ar livre conta com diversões como tirolesa, balão, roda gigante, instalações de arte e até uma horta, em um espaço cercado pela Mata Atlântica.

Serviço

Rock the Mountain 2022. Parque de Exposições - Itaipava, Petrópolis. Dias 16, 17, 23 e 24 de abril. R$ 700 (passaporte para sábado e domingo).


O Globo segunda, 14 de março de 2022

CINEMA: WILLIAM HURT SE ENCANTOU, OSCAR EM O BEIJO DA MULHER ARANHA, ATOR MORRE AO S71 1NOS

 

Morre William Hurt, vencedor do Oscar pela atuação em 'O beijo da mulher aranha', aos 71 anos

Notícia foi divulgada pelo filho do ator, que faria aniversário daqui a uma semana
 
William Hurt no filme 'O beijo da mulher aranha' (1985) Foto: Divulgação
William Hurt no filme 'O beijo da mulher aranha' (1985) Foto: Divulgação
 

Ganhador do Oscar por sua interpretação de um prisioneiro gay em "O beijo da mulher aranha" (1985), dirigido por Hector Babenco, o ator William Hurt morreu neste domingo, em casa, aos 71 anos, de causas naturais. Ele teve quatro filhos. Não foram divulgados detalhes sobre o sepultamento. Em 2018, foi divulgado que ele sofria de um câncer na próstata que tinha se espalhado para os ossos.

 

 O filho do ator, Will, postou em suas redes a notícia: "É com grande tristeza que a família Hurt lamenta a morte de William Hurt, pai amado e ator vencedor do Oscar, em 13 de março de 2022, uma semana antes de seu 72º aniversário", escreveu ele. Além da indicação pelo filme de Babenco, Hurt concorreu por suas atuações nos filmes "Filhos do silêncio" (1986), "Nos batidores da notícia" (1987) e "Marcas da violência" (2005).
 
Ator que passou por espetáculos da Off-Broadway, William Hurt teve seu primeiro papel de destaque no cinema como um cientista no thriller de ficção científica "Viagens alucinantes", pelo qual recebeu uma indicação ao Globo de Ouro de Nova Estrela do Ano. Em seguida, teve desempenho memorável como o advogado seduzido por Kathleen Turner em "Corpos ardentes" (1981) e depois apareceu no papel de Arkady Renko em "Mistério no Parque Gorky" (1983) e em "O reencontro" (1983)  - atuações que fizeram dele um dos atores novos mais cultuados dos anos 1980.

Sua carreira continuou com filmes de sucesso, como "O turista acidental" (1988), "Simpesmente Alice" (1990, de Woody Allen, ao lado de Mia Farrow), "A peste" (1992, em que viveu o protagonista da adaptação do livro de Albert Camus), "Perdidos no espaço: O filme" (1998),  "A.I. Inteligência artificial" (2001, de Steven Spielberg) e "Syriana: a indústria do petróleo" (2005).

Os fãs do universo Marvel dos quadrinhos lembrarão de William Hurt como o ator que viveu o general Thaddeus Ross nos filmes "O Incrível Hulk" (2008), "O primeiro vingador: guerra dos heróis" (2016), "Vingadores: Guerra infinita" (2018), "Vingadores: Ultimato" (2019) e "Viúva Negra" (2021). Juntamente com seus papéis no cinema, Hurt também apareceu em vários programas de TV. Ele recebeu indicações a prêmios por seu papel em Damages em 2009 e também esteve nos elencos de "Goliath" e "Condor".

 

Sua última atuação foi no filme "A Filha do rei" ao lado de Pierce Brosnan, e teve vários projetos que deveriam entrar em produção em breve: a série de TV "Pantheon" e os filmes "The fence", "Men of granite" e "Edward Enderby".

William Hurt nasceu em 20 de março de 1950 em Washington, DC. Seu pai fazia parte da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional, uma função que o levou a mudar-se com a família se mudar para Lahore, Mogadíscio e Cartum. Seus pais se divorciaram e sua mãe se casou com Henry Luce III, filho do editor Henry Luce.

Hurt frequentou a Universidade Tufts, onde estudou teologia. Mas o bichinho da atuação o mordeu, e ele se juntou à divisão de drama da Juilliard School, onde passou quatro anos imerso entre futuras estrelas como Robin Williams e Christopher Reeve.

A partir de 1977, o ator foi membro da Circle Repertory Company, ganhando um Obie Award por sua aparição em "My life", peça de Corinne Jacker. Ele tinha um amplo currículo no teatro, tendo ganhado um Theatre World Award de 1978 por suas atuações em "Fifth of July", "Ulysses in traction" e "Lulu".


O Globo domingo, 13 de março de 2022

ANIMAÇÃO: SUPER MARIO VAI À CALIFÓRNIA

Super Mario vai à Califórnia: área temática da Nintendo chegará ao Universal Studios Hollywood em 2023

Parque temático em Los Angeles receberá atrações inspiradas nos videogames, que já existem no Japão
 
Mario e Luigi posam ao lado duas visiantes da Super Nintendo World, nova área temática do parque Universal Studios Japan, em Osaka Foto: IRENE WANG / REUTERS
Mario e Luigi posam ao lado duas visiantes da Super Nintendo World, nova área temática do parque Universal Studios Japan, em Osaka Foto: IRENE WANG / REUTERS
 

RIO - Fãs de Super Mario e Donkey Kong podem se programar Los Angeles em 2023. É que a área temática Nintendo World chegará ao Universal Studios Hollywood no próximo ano, depois de fazer sucesso no parque do grupo no Japão.

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Ainda não há uma data definida para a inauguração, nem detalhes sobre que atrações haverá na área. Até o momento foi divulgado apenas que a primeira Super Nintendo World nos Estados Unidos está sendo construída num novo setor do parque, em ampliação. E que o cenário será inspirado nos gráficos das duas principais franquias de jogos da marca, com muitos blocos coloridos, brinquedos que reproduzem situações e personagens dos games e muitas lojas e restaurantes temáticos.

 
Visitantes a bordo de um dos carrinhos da atração baseada no jogo 'Mario Kart' na área Super Nintendo World, do parque Universal Studios Japan, em Osaka Foto: PHILIP FONG / AFP
Visitantes a bordo de um dos carrinhos da atração baseada no jogo 'Mario Kart' na área Super Nintendo World, do parque Universal Studios Japan, em Osaka Foto: PHILIP FONG / AFP

Super Nintendo World e mais:as atrações dos parques temáticos baseadas em videogames

Enquanto a área não é de fato inaugurada, os fãs dos jogos poderão entrar no clima na loja Feature Presentation, que vai inaugurar em breve uma seção dedicada ao Super Nintendo World, com todo tipo de produtos, de roupas de Mario e Luigi a bonecos e brinquedos de vários tamanhos.

Há a expectativa de que a área temática esteja presente também no futuro Epic Universe. O parque, que será o terceiro temático do Universal Orlando Resort, na Flórida, está sendo construído em uma outra área da cidade, distante dos dois atuais, Islands of Adventure e Universal Studios Florida, com previsão de abertura para 2024.

Como é a área Super Nintendo World no Japão

 

Aberta ao público em 18 de março de 2021, a nova área temática do Universal Studios Japan, em Osaka, marcou a chegada dos personagens de videogames ao um dos principais grupos de parques temáticos do mundo. 

Com brinquedos, espaços e experiências que reproduzem os cenários e situações dos jogos da linha "Super Mario Bros", a área Super Nintendo World foi anunciada em 2015 e as construções começaram dois anos depois, ao custo de aproximadamente US$ 315 milhões. O resultado é uma verdadeira imersão no universo apresentado pelos jogos.

 
 

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Os visitantes entram na nova área através de um longo túnel, na forma de um cano, como os que Mario e Luigi usam para se transportar de um ambiente para o outro nos jogos. No fim dessa passagem, o que se encontra é a materialização dos cenários dos videogames, com as mesmas cores, formas, figuras e, até mesmo, trilha sonora.

O visitante é até mesmo incentivado a dar soquinhos em diversos tijolos dourados espalhados pelo cenário, para ver se acumula moedas de ouro virtuais. Isso é parte da “Asobi”, uma experiência de jogo desenvolvida para essa área temática, que simula, no mundo real, o jogo eletrônico. Para brincar à vera, o visitante precisa comprar a Power-Up Band, uma pulseira com um sensor, e sincronizá-la com seus smartphones, para acompanhar sua pontuação e competir com outros visitantes.

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Uma das atrações mais aguardadas é o Mario Kart Koopa's Challenge, uma dark ride em que os visitantes embarcam nuns carrinhos, que se movimentam pelos corredores da atração, e podem acumular pontos interagindo com o que aparece nas telas ao longo do caminho e atirando cascos de tartaruga (virtuais, é claro). A Yoshi Adventure, com apelo mais familiar, é outra atração muito esperada, com carrinhos em forma do famoso dinossauro amigo de Mario.

 
 

A aérea temática japonesa ganhará uma expansão em 2024, com a inauguração do setor inspirado na franquia Donkey Kong. As atrações baseadas no popular gorila dos videogames que incluem uma montanha-russa, experiências interativas, lojas temáticas, restaurantes e lanchonetes e farão parte da expansão da land, atualmente ocupara apenas por atrações baseadas na franquia "Super Mario Bros" e que crescerá cerca de 70% em tamanho.


O Globo sábado, 12 de março de 2022

CARNAVAL 2022: BLOCOS OFICIAIS PRESSIONAM PELA LIBERAÇÃO DO CARNAVAL DE RUA EM ABRIL

 

Blocos oficiais pressionam pela liberação do carnaval de rua em abril

Por enquanto, a farra nas ruas segue, oficialmente, vetada
 
Quase carnaval. Foliões num bloco informal lotam a Rua Visconde de Itaboraí, no Centro: de olho na festa de abrilFoto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Quase carnaval. Foliões num bloco informal lotam a Rua Visconde de Itaboraí, no Centro: de olho na festa de abril Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
 

RIO — Há três meses, o carnaval de rua parecia fadado a mais um ano de espera com a propagação da Ômicron e o cancelamento da festa pela prefeitura. Mas a folia capitaneada pelos grupos secretos, o aval para festas privadas e a mudança no cenário da Covid-19, com a liberação das máscaras na cidade, vêm movimentando o circuito de blocos oficiais: agremiações, entre elas o Cordão da Bola Preta, começam a pressionar para a inclusão dos cortejos no calendário momesco de abril. Pelo decreto municipal, entre os dias 20 e 24 do próximo mês, a Marquês de Sapucaí volta a ser palco dos desfiles das escolas de samba. Blocos não autorizados também fazem planos para retornarem à cena. Mas, por ora, a farra nas ruas segue, oficialmente, vetada.

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Diretora-executiva do coletivo Coreto, com mais de 30 blocos, Cris Couri entende que o fim da obrigatoriedade da máscara derruba os últimos argumentos contra a festa.

— Temos, sim, blocos do Coreto que desejam sair em abril se a curva permanecer decrescente e forem autorizados — afirma ela. — Sobre procurar a Riotur ou a prefeitura, ainda precisamos alinhar internamente com os blocos e externamente com as demais ligas antes de uma posição oficial.

Presidente do Cordão da Bola Preta, Pedro Ernesto Marinho afirma esperar a conversa entre blocos e prefeitura nos próximos dias:

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— Isso vai acontecer naturalmente pela importância do carnaval de rua para a economia criativa. Como “o carnaval que não teve mas teve” foi na semana passada, acredito em novidades adiante.

Debate intenso

Esse movimento ocorre quando a pandemia também é um baque na cadeia econômica da folia. Embora muitos blocos tenham encontrado nas festas privadas uma alternativa, as ruas ainda são uma vitrine. Fora que a própria infraestrutura da festa movimenta muito dinheiro: o caderno de encargos para 2022 previa investimentos dos patrocinadores na ordem de R$ 40 milhões, o maior volume da história.

 

No Fogo e Paixão, se apresentar para o público no Largo de São Francisco em abril é uma discussão “muito viva”:

— Nosso objetivo é trabalhar alinhado com os órgãos públicos. O aval do comitê científico para circular sem máscara é um fator importante — defende João Marcelo Oliveira, um dos organizadores do bloco.

Julio Page, do Butano na Bureta, vai além e questiona:

— Por que pode haver Sapucaí, Intendente Magalhães e atividades relacionadas a carnaval com cobrança de ingresso, mas o carnaval de rua não pode acontecer? É por razões sanitárias ou tem algo mais?

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Em grupos no WhatsApp, não se fala em outra “treta”. Em nota, a Riotur alega que “não há tempo hábil para organizar o carnaval de rua com estrutura necessária”. A justificava, porém, não vale para os blocos que fazem seus cortejos sem pedir licença oficial. Esses prometem em abril um “segundo carnaval” ainda maior que o do fim de fevereiro, que não sofreu por parte da prefeitura a repressão esperada.

Organizador de uma série de blocos, como Caetano Virado e Nada Demais, o saxofonista Raphael Pavan resume:

— Se o “não carnaval” foi assim, em abril a ideia é que esse movimento se repita com mais força — reforça. — Nosso argumento sempre foi de que as pessoas deveriam chiar com quem não se vacinou até hoje — continua ele.

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Já para o movimento Desliga dos Blocos, integrado por grupos que se dizem contra a mercantilização da folia, cada bloco deve decidir se desfilará em abril, analisando, próximo às datas, o dados sobre o estágio da pandemia. Os grupos dessa corrente, como o Boi Tolo, ainda não saíram este ano.

O que regeu a decisão, destaca Luis Otavio Almeida, representante do Desliga, foi apenas a consciência sobre os riscos do coronavírus:

— O que impediu os blocos do carnaval livre de irem às ruas não foi a proibição da prefeitura, mas a consciência de que aglomerações não eram apropriadas.

Ele, porém, é mais um que rebate as críticas ao carnaval não oficial, destacando a liberação de outras atividades:

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— Muita gente criticou grupos que saíram às ruas no carnaval. Achei um tanto hipócrita, pois essas mesmas pessoas não levantaram as vozes contra todo tipo de aglomeração que rolou no Rio desde o início do ano — diz ele.

Falta de tempo e dinheiro

A pouco mais de um mês para o feriadão de Tiradentes, há também agremiações que, mesmo sonhando em ocupar as ruas, declaram não ter condições para isso, dado o pouco tempo para se organizarem. O Desliga da Justiça é um que adiou totalmente seu desfile de rua. O planejamento agora é voltado para um arraiá em lugar fechado, no mês de julho.

A posição do pioneiro Cacique de Ramos segue a mesma linha. Para a direção, faltariam tempo e dinheiro: em nota, informa que a preparação dos desfiles “requer atenção, logística e estrutura, e os custos são altos para esta produção”.

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À frente do Empolga às 9 e do Turbilhão Carioca, Kiko Cupello é pessimista: até agora, ele diz não ver alinhamento e apoio dos órgãos públicos.

— Não deram o devido valor ao carnaval de rua. Deveriam ter se organizado para que tivéssemos eventos em locais públicos, com controles e protocolos — opina ele, que agora foca em 2023.

No caso do sertanejo Chora Me Liga, pesam os riscos ainda existentes de contaminação. Enquanto Rita Fernandes, presidente da Sebastiana, liga com 11 blocos, avalia que não há como organizar a infraestrutura da cidade para os desfiles de blocos em abril. Ela sentencia:

— No caso da Sebastiana, nós demos por encerrado o carnaval de rua deste ano. Agora, só em 2023.

Yeda Dantas, que comanda o Gigantes da Lira, concorda:

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— O carnaval de rua envolve uma espontaneidade coletiva, que acredito não ser possível recuperar num estalar de dedos, logo ali em abril.

À frente da Dream Factory, empresa que cuidaria da festa, Duda Magalhães diz que a organização num ano normal leva cerca de quatro meses, e que esse trabalho foi desmobilizado em janeiro. Ele lembra que parte dos banheiros químicos vem da Holanda e conta que não há consenso entre patrocinadores com relação à folia:

— Há uma impossibilidade hoje de colocar na rua a estrutura tal como a conhecemos. Querem fazer uma coisa mais localizada? Cabe à prefeitura decidir e, havendo tempo hábil e financiamento, seria um caso a ser estudada. Mas, a cada dia que passa, isso fica mais difícil.


O Globo sexta, 11 de março de 2022

ECOLOGIA: CAVALOS-MARINHOS VOLTAM A POVOAR PRAIAS CARIOCAS

Ameaçados de extinção, cavalos-marinhos voltam a povoar praias cariocas

Espécies voltaram a ser encontradas no litoral carioca e em outros locais do Estado

A equipe dela descobriu que há populações de cavalos-marinhos mesmo nas extremamente poluídas baías de Guanabara e de Sepetiba. Na praia de Urca nem é preciso mergulhar, eles nadam de seu jeito suave, quase parado, onde a água não chega aos joelhos. O projeto monitora ainda os cavalos-marinhos da Ilha Grande, de Arraial do Cabo e de Búzios, e investiga sua presença junto aos costões cariocas, como o do Arpoador e o do Leblon.

Os cavalos-marinhos quase foram extintos do Rio devido à poluição e, sobretudo, ao aquarismo. Foram capturados ao esgotamento para virar peixinhos de aquário. Mas, desde 2014, com a Portaria 445 do Ibama, que proibiu captura, transporte, armazenamento, guarda e manejo, a população de cavalos-marinhos tem dado sinais de recuperação, diz Freret-Meurer. Apenas a criação para pesquisa ou com autorização do Ibama é permitida.

Pequenos, medem entre 12cm e 21 cm Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Pequenos, medem entre 12cm e 21 cm Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Na Baía de Guanabara, em 2015, a média era de dois cavalos-marinhos a cada 400 metros quadrados. Em 2018, chegou a oito peixes por 400 metros quadrados. Mas, em 2021, já eram 13 os cavalinhos na mesma área. No entanto, educar a população é preciso para que os cavalos-marinhos continuem a colorir as águas do Rio em paz, adverte a bióloga.

— Emociona mergulhar ao lado desses animais tão pacíficos. Mas, para que essa alegria seja de todos, algumas pessoas não podem capturá-los para confiná-los em aquários. São animais selvagens, pertencem ao mar — frisa a cientista.

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O projeto foi criado em 2002 por pesquisadores da Universidade Santa Úrsula e conta com o apoio de outras instituições, como o Instituto Mar Urbano, e a participação de pescadores.

O cavalo-marinho parece um experimento da natureza. A cabeça lembra a do cavalo. A cauda preênsil usada para se agarrar a algas e corais remete à do macaco. Mas, para a microfauna da qual se alimenta, o cavalinho é um predador de topo da cadeia. Em escala reduzida, ele desempenha o papel do tubarão em ecossistemas de estuários e costões que habita, diz Freret-Meurer.

Ele é carnívoro, mas não tem dentes. Seu bico funciona como aspirador, que suga microanimais marinhos, como larvas de peixes e crustáceos diminutos, que vivem entre as algas e nos corais. Pequeno (os do Rio medem entre 12cm e 21 cm), ele presta um grande serviço ambiental ao impedir que a microfauna devore as algas e o fitoplâncton dos quais depende o equilíbrio dos mares.


O Globo quinta, 10 de março de 2022

CULTURA: BRASILEIRO PAULO SCOTT É INDICADO AO AO INTERNATIONAL BOOKER PRIZE

Brasileiro Paulo Scott é indicado ao International Booker Prize com o livro 'Marrom e amarelo'

Entre os 13 escritores que concorrem ao importante prêmio literário, há autores como Olga Tokarczuk, Jon FoBsse e David Grossman
O escritor gaúcho Paulo Scott Foto: Divulgação
O escritor gaúcho Paulo Scott Foto: Divulgação
 

O escritor brasileiro Paulo Scott é um dos 13 autores que concorrem ao International Booker Prize, um dos mais prestigiados prêmios literários no mundo. A obra "Marrom e amarelo", traduzida para o inglês por Daniel Hahn, é um dos 13 títulos semifinalistas que disputam o reconhecimento de melhor livro de ficção traduzido e publicado no Reino Unido.

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Entre os escritores nomeados, há autores consagrados internacionalmente, como a polonesa Olga Tokarczuk (por "The books of Jacob"), vencedora do Nobel de Literatura e do próprio International Booker Prize, ambos em 2018; o norueguês Jon Fosse (por "A new name: septology VI-VII"); e o israelita David Grossman (pela tradução inglesa de "A vida brinca comigo"), laureado com o International Booker Prize em 2017 pelo romance "O inferno dos outros".

O júri da edição de 2022 é presidido pelo tradutor Frank Wynne e composto pela autora e acadêmica Merve Emre, pela escritora e advogada Petina Gappah, pela escritora e humorista Viv Groskop e pelo tradutor e escritor Jeremy Tiang.

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A seleção dos autores que concorrem ao prêmio, que oferece o valor de 50 mil libras ao vencedor (dividido entre escritor e tradutor), foi feita a partir de 135 obras, um número recorde de candidaturas. Em 2021, o laureado foi o romancista francês David Diop, com o livro "De noite todo o sangue é negro". Em 2016, o brasileiro Raduan Nassar foi semifinalista ao prêmio (pelo livro "Um copo de cólera") ao lado de autores como Elena Ferrante e José Eduardo Agualusa.

A lista de finalistas do Man Booker Prize Internacional de 2022 será anunciada no dia 7 de abril. O trabalho vencedor vai ser revelado em 26 de maio. A seguir, confira a lista com os 13 autores semifinalistas selecionados ao prêmio:

  • Fernanda Melchor (México), por "Paradais";
  • Mieko Kawakami (Japão), por "Heaven";
  • Sang Young Park (Coreia do Sul), por "Love in the big city";
  • Norman Erikson Pasaribu (Indonésia), por "Happy stories, mostly";
  • Claudia Piñeiro (Argentina), por "Elena knows");
  • Violaine Huisman (França), por "The book of mother";
  • David Grossman (Israel), por "More than I love my life";
  • Paulo Scott (Brasil), por "Phenotypes" (originalmente publicado como "Marrom e amarelo");
  • Jon Fosse (Noruega), por "A new name: septology VI-VII";
  • Jonas Eika (Dinamarca), por "After the sun";
  • Geetanjali Thapa (Índia), por "Tomb of sand";
  • Olga Tokarczuk (Polônia), por "The books of Jacob";
  • Bora Chung (Coreia do Sul), por "Cursed bunny".

Livro aborda 'hierarquia cromática'

Publicado no Brasil em 2019 pela Companhia das Letras, "Marrom e amarelo" é narrado por Federico, um cientista social e militante antirracista, pesquisador da "hierarquia cromática entre peles, da pigmentocracia" brasileira.

 

Quando um novo governo assume, Federico é convocado a participar de uma comissão idealizada para discutir soluções para o "caos que, de súbito, tinha se tornado a aplicação da política de cotas raciais para estudantes no Brasil" – na história, diante das denúncias de brancos se autodeclarando pardos, o governo passa a apoiar a criação de um software que avaliaria fotos dos candidatos e concluiria quem era suficientemente preto, pardo ou indígena para obter o benefício das cotas.

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O pai e o irmão de Federico têm a pele retinta, a mãe dele dizia que eram uma família negra, mas ele têm a pele clara, passa por branco com facilidade e, desde criança, desviava dos insultos racistas que atingiam o irmão. Por não ser nem preto nem branco o suficiente, herdou "um imenso não lugar pra gerenciar".

– Parti de um coisa que eu conheço e localizei a ação em um bairro que é o meu, mas depois a história foi acontecendo, ganhando um arco narrativo próprio, os personagens foram tomando corpo e eu fui me apaixonando por eles. A história andou sozinha – disse o escritor gaúcho, autor de outros títulos, como "Ithaca road" e "Habitante irreal", em entrevista ao GLOBO, à época do lançamento do livro. – Eu também sou muitas vezes confundido com branco. Já estive em reunião do movimento negro onde me disseram que eu não sou negro porque não tenho a pele retina ou o fenótipo.


O Globo quarta, 09 de março de 2022

COPA DO BRASIL 2022: JUAZEIRENSE X VASCO - QUARTA PARTIDA EM 11 DIAS É TESTE DE RESISTÊNCIA PARA NENÊ

Juazeirense x Vasco: quarta partida em 11 dias é teste de resistência para Nenê

Camisa 10 vive maratona que pode sera maior na temporada
 
Nenê é recebido por torcedores do Vasco no Nordeste Foto: Rafael Ribeiro / Vasco
Nenê é recebido por torcedores do Vasco no Nordeste Foto: Rafael Ribeiro / Vasco
 

Clássico no Rio de Janeiro. Viagem de avião e ônibus para Araraquara, interior de São Paulo. Depois, volta de ônibus e avião para o Rio. Mais um clássico em casa. Na sequência, voo até Petrolina, interior de Pernambuco. Quinta-feira, retorno para a capital fluminense.

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No espaço de 11 dias, o Vasco tem uma sequência de jogos e viagens que pode ser a maior de 2022. Presente em todos os campos, voos e concentrações, Nenê coloca à prova nesta quarta-feira, às 21h30, contra o Juazeirense (BA), pela segunda fase da Copa do Brasil, sua resistência.

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O meia, que completará 41 anos em julho, acumula, nas três partidas da maratona, 260 minutos em campo, dos 270 possíveis. Somará cerca de 2.600km percorridos depois do jogo desta noite, no interior baiano.

O mapa de calor e o número de posse de bola nas últimas três partidas, de acordo com o site Footstats, mostram que Nenê conseguiu manter até agora o mesmo nível de movimentação em campo e de participação no jogo. Em Juazeiro, o Vasco conta demais com o meia, mais uma vez.

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A vaga na terceira fase será decidida em jogo único e o Vasco, apesar de visitante e melhor colocado no ranking da CBF, não terá vantagem alguma. Quem vencer, seguirá na competição nacional diretamente. Em caso de empate, a disputa de hoje vai para os pênaltis.

O sucesso de Nenê e do Vasco esta noite implicará na ocorrência de outras maratonas pesadas como essa. Fora isso, a Série B terá no máximo três jogos seguidos com intervalo menor do que uma semana entre eles. No próximo jogo do Vasco, contra o Resende, existe a possibilidade de Nenê ser poupado, já de olho nas partidas pela semifinal do Carioca.

Outra decorrência da classificação em Juazeiro será financeira. Até agora, o clube acumulou, pela participação na primeira e na segunda fases da Copa do Brasil, R$ 1,37 milhão. Passando para a terceira fase, receberá mais R$ 1,9 milhão.

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O dinheiro cairá muito bem em São Januário, mesmo depois de o empréstimo de R$ 70 milhões da 777 Partners ter caído na conta vascaína. Com o dinheiro, a diretoria quitou dois meses de salário de funcionário no regime das CLT, quitou duas parcelas do Regime Centralizado de Execuções (RCE), que visa a quitar a dívida trabalhista e cível do clube, e ainda zerou pendências com funcionários contratados no formato de pessoa física — com alguns, a dívida era de até cinco meses.

O dinheiro ainda abrirá espaço no orçamento para contratação de reforços.


O Globo terça, 08 de março de 2022

TURISMO: MAIOR NAVIO DO MUNDO, COM 19 PISCINAS E ÁREA VERDE COM 20 MIL PLANTAS E ÁRVORES, ZARPA PELA PRIMEIRA VEZ

Maior navio do mundo, com 19 piscinas e área verde com 20 mil plantas e árvores, zarpa pela primeira vez

Inauguração do Wonder of the Seas, cinco vezes mais pesado do que o Titanic, ocorreu na sexta-feira em Fort Lauderdale, na Flórida, EUA
Cruzeiro Wonder of the Seas, o maior do mundo, em 2022 Foto: Royal Caribbean
Cruzeiro Wonder of the Seas, o maior do mundo, em 2022 Foto: Royal Caribbean
 
 

RIO — O maior navio de cruzeiro do mundo, com 236.857 toneladas — cinco vezes mais pesado que o Titanic — zarpou na última sexta-feira, com suas 19 piscinas, 20 restaurantes, 11 bares, uma pista de gelo, um cassino e uma área verde, com 20 mil plantas e árvores. A viagem inaugural de sete dias partiu de Fort Lauderdale, na Flórida, nos EUA, e vai até o Caribe.

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Com capacidade para transportar 6.988 clientes e 2,3 mil tripulantes, o Wonder of the Seas também pode conter, segundo a Royal Caribbean, cerveja suficiente para encher duas vezes todas as piscinas a bordo.

O transatlântico, com 362 metros de comprimento, levou três anos para ser construído em Saint-Nazaire, na França, mediante um custo equivalente a R$ 6,7 bilhões. São 18 deques, sendo 16 para passageiros, com uma velocidade máxima de 22 nós (40 quilômetros por hora). O navio já tem previsão de realizar um novo passeio no verão do hemisfério Norte, pelo litoral europeu.

Entre os destaques estão coquetéis feitos por robôs no Bionic Bar, na área Royal Promenade, possibilidade de assistir ao musical "Chicago", apresentado por um elenco da Broadway, uma piscina de surf com ondas de quatro metros de altura, uma tirolesa de 25 metros de comprimento e duas paredes de escalada.

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Há ainda um campo de minigolfe, fliperama, cinema ao ar livre, spa de luxo, academia e um escorregador de 30 metros que vai do deque 16 para ao 6 em 13 segundos. Além disso, a suíte Ultimate Family, que pode acomodar 10 pessoas, vem com um escorregador de dois andares do quarto para a sala de estar.

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Segundo a companhia responsável pelo cruzeiro, ele estava originalmente planejado para realizar sua estreia na China no último ano, mas teve a inauguração adiada devido à pandemia.

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— Os restaurantes foram renomeados e as placas em mandarim foram alteradas para o inglês. Ela navegará pelo Caribe antes de mudar para os cruzeiros europeus neste verão — afirmou um porta-voz da empresa ao "Daily Mail".

 


O Globo segunda, 07 de março de 2022

LIVROS: BETH O*LEARY, COMPARADA A JOJO MOYES, SE SURPREENDE COM SUCESSO

Comparada a Jojo Moyes, Beth O’Leary se surpreende com sucesso: 'Honestamente, não sei o que toca tanto as pessoas'

Com mais de 300 mil livros vendidos só no Brasil, inglesa de 30 anos ganhará adaptação para o cinema pela produtora de Steven Spielberg
 
Beth O'Leary, autora de 'Na estrada com o ex' Foto: Tom Medwell/Divulgação
Beth O'Leary, autora de 'Na estrada com o ex' Foto: Tom Medwell/Divulgação

—Sempre escrevi, desde criança— diz ela, hoje com 30 anos. —Enviei minha primeira consulta a um agente literário aos 17.

Apenas um topou ler mais do que cinco capítulos, pois vislumbrou o que muitos não conseguiram. Beth não era somente uma máquina ao escrever, tinha também potencial para um desempenho igualmente voraz nas vendas. E ele acertou em cheio. Só no Brasil, onde chega agora seu terceiro livro, “Na estrada com o ex”, ela já vendeu, segundo a editora Intrínseca, cerca de 300 mil cópias entre exemplares físicos e digitais. No ano passado, segundo a Publish News, “Teto para dois” foi o quinto livro de ficção mais vendido do país.

Aqui e no mundo tem sido chamada de a nova Jojo Moyes — autora de best-sellers diversos, entre eles “Como eu era antes de você” (que virou filme com Emilia Clarke e Sam Clafin), pelos romances com pegada de comédia pop.

— Sou uma grande admiradora dela, então a comparação é um privilégio. Nós duas escrevemos histórias românticas com temas sérios entrelaçados, e talvez seja daí que vem isso — diz Beth, que, mesmo assim, ainda tem uma certa síndrome de impostora quando pensa no sucesso. — É muito louco pensar que os leitores amam meus livros. Honestamente, não sei o que há neles que toca tanto as pessoas. Se eu penso muito nisso, acabo me enrolando para escrever o seguinte.

Livro 'Na estrada com o ex', de Beth O'Leary Foto: Divulgação
Livro 'Na estrada com o ex', de Beth O'Leary Foto: Divulgação

O próximo sai no exterior em abril, mas, enquanto isso, no Brasil, a jovem badala “Na estrada com o ex”, a história de Dylan e Addie, ex-namorados que viajam para o casamento de uma amiga em comum, cada um num carro, até que um bate no outro. Eles são obrigados a dividir o mesmo veículo da Inglaterra para Escócia a fim de chegar a tempo da cerimônia. O estresse dos percalços da viagem e do espaço apertado com outros amigos traz à tona as arestas mal aparadas do fim do relacionamento.

— O conceito desse livro veio anos atrás, enquanto eu escrevia o primeiro. Adorava a ideia da colisão dos carros, mas eu não tinha descoberto quem essas pessoas eram umas para as outras. Isso só parecia uma trama pela metade. Tenho um monte de meias histórias se formando no fundo da minha mente o tempo todo —diz ela, que pensou no resto durante umas férias na Provença, na França.

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É lá que se passam os flashbacks do livro, usados para contar como começou a história de amor entre Dylan e Addie.

— Raramente me inspiro por um local, mas pensei que adoraria definir algo ali — conta.

Ela diz que o método de produção acelerado (são quatro livros em quatro anos, se contarmos o que ainda não foi lançado em 2022) funciona assim:

— Costumo começar com uma pergunta ou situação que me intriga, e depois penso no resto. Os temas surgem à medida que conheço os personagens e as histórias de fundo.

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Esse jeito de trabalhar as narrativas atraiu a Amblin, nada mais, nada menos que a produtora de Steven Spielberg. A empresa do diretor comprou os direitos de adaptação para o cinema de “A troca”, segundo livro de Beth. A ideia é ter Rachel Brosnaham, da série “A maravilhosa Ms. Maisel”,  como protagonista da história que gira em torno de uma neta e uma avó que trocam de apartamento, rotina, amigos e até celulares.

— É surreal e incrível ter sido escolhida pela produtora do Spielberg. No entanto, as coisas andam devagar em Hollywood e estamos no estágio inicial do projeto. Só posso compartilhar o quão animada eu estou — diz a jovem, que será uma das produtoras executivas do longa.

 


O Globo domingo, 06 de março de 2022

GASTRONOMIA: RESTAURANTES E BARES QUE OFERECEM COMIDA A METRO OU DE TAMANHO EXAGERADO

Restaurantes e bares que oferecem comida a metro ou de tamanho exagerado apostam em desafios e recebem clientes famosos

É preciso disposição e fome para encarar pizza, coxinha e cachorros-quentes gigantes, entre outras gostosuras
Tábua tamanho família, do Nosso Lugar: um metro de muita gostosura Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
Tábua tamanho família, do Nosso Lugar: um metro de muita gostosura Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
 

RIO - Haja fome! O pecado da gula passa bem longe de restaurantes, lanchonetes e carrocinhas de cachorro quente no Rio e Baixada Fluminense, onde a abundância faz parte cardápio. Com eles não têm miséria! Os tamanhos e a quantidade de ítens é de encher os olhos e, principalmente, a barriga.

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Uma pizza gigante, com 90cm de diâmetro e coxinhas nas bordas é uma das atrações da Pizzaria Lavoro, em Tomás Coelho, na Zona Norte do Rio. O proprietário, Rômulo Penza, de 41 anos, há três anos lançou um desafio oferecendo R$ 500 de prêmio a quem conseguisse comer sozinho a tal pizza que serve de 20 a 25 pessoas e custa R$ 220. Um amigo até que se habilitou, mas mal conseguiu chegar à metade. Quem não se deu por vencido foi o Rômulo, que vai retomar a missão:

Até Dudu Nobre se rendeu à pizza gigante da Lavoro, em Tomás Coelho Foto: Agência O Globo
Até Dudu Nobre se rendeu à pizza gigante da Lavoro, em Tomás Coelho Foto: Agência O Globo

Pela dificuldade de produção e entrega — exige um baú especial — a pizza gigante, que tem fãs famosos como Dudu Nobre, só é vendida sob encomenda. O mesmo acontece com o cachorro-quente de um metro que faz sucesso no Méier, na Zona Norte. Lá também tem desafio: o cliente que conseguir comer sozinho o cachorrão e, de quebra, tomar um litro de refrigerante não paga o lanche e ainda ganha R$ 100.

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O dogão que alimenta de três a quatro pessoas pesa mais de três quilos e custa R$ 75. É feito com um pão especial, leva seis linguiças, tomate, cebola roxa, pimentão, maionese de ervas finas, queijo ralado e batata palha. A criação é de Elaine Cristina da Silva, de 41, que toca com a filha o Cachorro-Quente do Gaúcho, com filial no Recreio.

Cachorro Quente do Gaúcho: um metro de gostosura que alimenta até quatro pessoas Foto: Agência O Globo
Cachorro Quente do Gaúcho: um metro de gostosura que alimenta até quatro pessoas Foto: Agência O Globo

A lanchonete foi batizada com o apelido do marido dela Antônio Carlos Pereira Allender, morto em 2015. Nas redes sociais tem um garoto-propaganda que é luxo só: Xande de Pilares. Mas ele não é o único. O dogão também já foi recomendado na internet por Anderson Leonardo, do Molejo, e pelos integrantes do Grupo Clareou.

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Cachorro-quente gigante é também a especialidade de Francisco Ferreira, de 32 anos. Ele tinha uma hamburgueria que fechou durante a pandemia. Depois de um ano parado, montou, há oito meses, uma barraca de lanches na rua, na Taquara. Apostou no dogão como diferencial para atrais a clientela. Deu tão certo que há três semanas saiu da calçada e se mudou para uma loja no mesmo bairro.

— A ideia do lanche gigante era atrair pessoas, pela curiosidade, para filmar, fotografar e marcar a gente nas redes sociais. Deu certo —avalia o comerciante, cujo cachorrão mede quase um metro e é feito com duas baguetes, de 50 cm, cada, recheadas com linguiça suína defumada, maionese, creme cheddar e bacon.

Francisco Ferreira faz sucesso na Taquara com o cachorro quente de quase um metro Foto: Agência O Globo
Francisco Ferreira faz sucesso na Taquara com o cachorro quente de quase um metro Foto: Agência O Globo

O cachorrão que serve de três a quatro pessoas custa R$ 70. Há outras opções do tamanho da fome do cliente, como o doguinho de 20 cm, que sai a R$ 20. Na Dona Confeitaria, em Duque de Caxias, a tradicional coxinha cresceu de tamanho. O estabelecimento que já oferecia um salgado de um quilo dobrou o peso na sua nova versão. Agora são impressionantes dois quilos de pura delícia, que servem de quatro a cinco pessoas. Segundo o sócio Lucas Corrra, a ideia surgiu durante a pandemia. A intenção é, num momento de crise, servir toda família com um só salgado.

— Ao invés de colocar vários na mesa, a gente coloca só um que serve a todos —explica o chefe de cozinha Jorge Martins, de 66 anos.

A coxinha gigante, da Dona Confeitaria, em Duque de Caxias,  custa R$ 59,90 e serve até cinco pessoas. São 900 gramas de massa, 150 gramas de requeijão e 950 gramas de frango. O super lanche, que como os demais é considerado por muitos um gatilho contra a dieta, também é feito apenas por encomenda.

 

Uma só coxinha para toda a família Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
Uma só coxinha para toda a família Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo

Como não ficar boquiaberto diante da tábua de petiscos de um metro, servida no Nosso Lugar, hamburgueria no Centro de Duque de Caxias? É preciso uma fome apoteótica para encarar mais de dois quilos de comida, em forma de petisco. Haja cerveja ou chope para acompanhar a tábua de pão de alho, contra-filé, linguiça, isca de frango empanado e batata com bacon e parmesão. A aventura gastronômica sai a R$ 169. Mas, levando conta que alimenta até oito pessoas, se todos dividirem a despesa vão gastar pouco mais de R$ 21, cada. Trata-se de uma boa opção para compartilhar com os amigos. Segundo Anderson dos Anjos, de 41 anos, sócio do Nosso Lugar, por enquanto ainda não há histórico de nenhum cliente que tenha encarado a tábua sozinho.

— Já pediram para três e sobrou. Nunca vi mesa de quatro comendo tudo. Só mais de cinco. Menos que isso, é preciso ser muito bom de boca — diz o sócio da hamburgueria, que costuma embulhar as sobras para viagem, no caso de que não consegue ir com a comilança até o fim.


O Globo sábado, 05 de março de 2022

RIO SHOW: VAN GOGH E MONET GANHAM EXPOSIÇÕES IMERSIVAS NO RIO

Van Gogh e Monet ganham exposições imersivas no Rio

Com efeitos especiais e projeções das obras do teto ao chão, mostras propõem um mergulho no trabalho dos artistas
'Paisagem en vert' é uma das oito narrativas audiovisuais que enfatizam diferentes aspectos da obra de Monet na exposição 'Monet à beira d'água' Foto: Divulgação/Reinaldo Ponte
'Paisagem en vert' é uma das oito narrativas audiovisuais que enfatizam diferentes aspectos da obra de Monet na exposição 'Monet à beira d'água' Foto: Divulgação/Reinaldo Ponte
 

Sucesso em várias cidade do mundo, as exposições imersivas enfim vão chegar ao Rio a partir de março com mostras dedicadas a dois grandes nomes da história da arte, o francês Claude Monet e o holandês Vincent  Van Gogh. Apostando em tecnologia de ponta, as experiências sensoriais propõem uma viagem por dentro das obras dos artistas, que são projetadas em 360 graus, acompanhadas de trilha sonora original.

'Van Gogh e seus contemporâneos' ocupará a Casa França-Brasil Foto: Divulgação
'Van Gogh e seus contemporâneos' ocupará a Casa França-Brasil Foto: Divulgação

'Monet à beira d'água'

A maior exposição imersiva do mundo sobre o mestre impressionista Claude Monet (1840-1926) abre ao público no dia 19 de março, em uma tenda de dois mil metros quadrados, no Boulevard Olímpico. Parceria com o Museu de Arte do Rio,  "Monet à beira d'água" propõe uma viagem através das paisagens do artista, pintadas às margens de rios, mares e lagos.

Em painéis de mais de sete metros de altura, serão projetadas 285 obras do pintor, acompanhadas de trilha sonora original, sistema de som 3D em alta definição, animações e efeitos especiais para uma imersão em multissensorial em 360 graus.

Com cerca de 65 minutos de duração, o espetáculo é formado por oito narrativas audiovisuais que enfatizam diferentes aspectos da obra de Monet, com as temáticas "Uma viagem de trem"; "Campos e moinhos"; "O mar e a luz"; "Passeio pelo lago"; "Arquitetura do tempo"; "Horizonte nevado"; "Paisagens 'en vert'" e "Flores de tinta".

Dentre as principais obras de Monet presentes na mostra, estão as séries da Estação Saint-Lazare (1877), da Catedral de Rouen (1893), do Lago das Ninfeias (1895-1926), do Palácio de Westminster (1904) e do Grand Canal de Veneza (1908).

Temática 'O mar e a luz' é uma das oito que compõem o espetáculo de 65 minutos da exposição 'Monet à beira d'água' Foto: Divulgação/Reinaldo Ponte
Temática 'O mar e a luz' é uma das oito que compõem o espetáculo de 65 minutos da exposição 'Monet à beira d'água' Foto: Divulgação/Reinaldo Ponte

A exposição, que levou mais de 2 anos sendo produzida e estreia no Rio, ressalta a proximidade do pintor francês com a água. Nascido em Paris, às margens do Rio Sena, Monet cresceu à beira-mar em Le Havre, cidade no Canal da Macha para onde se mudou aos cinco anos de idade. A imensidão do azul o inspirou a criar obras que examinavam os efeitos de luzes, cores e formas sobre a paisagem.

 

Nos museus: confira as melhores exposições em cartaz na cidade

Os ingressos para visitar "Monet à beira d'água" já podem ser comprados através do site Ingressorápido.com, por R$ 34 (terça a quinta-feira) ou R$ 59 (sexta a domingo). Há desconto para moradores da cidade do Rio, que pagam R$ 28 (ter a qui) ou R$ 49 (sex a dom). Já a meia-entrada sai por R$ 20 (ter a qui) ou R$ 35 (sex a dom).

 
 

'Van Gogh e seus contemporâneos'

A experiência sensorial em homenagem ao precursor do expressionismo Van Gogh (1853-1890 ) chega em 6 de abril à Casa França-Brasil, após estrear em Florença, na Itália. Com imagens em alta definição de obras do mestre holandês e de outros artistas, como Cézanne, Gauguin e Toulouse-Lautrec, a exposição conta uma narrativa de cerca de 60 minutos, acompanhada por trilha sonora original.

Van Gogh e seus contemporâneos': projeções do teto ao chão Foto: Divulgação
Van Gogh e seus contemporâneos': projeções do teto ao chão Foto: Divulgação

O mergulho na obra e na vida de um dos principais nomes da arte do século XIX começa por um espaço que reproduz o quarto de Van Gogh, retratado no célebre quadro "Quarto em Arles" (1888). A cada ambiente, múltiplos projetores adaptam as telas ao espaço expositivo, garantindo a sensação de estar dentro das obras e evidenciando as cores e pinceladas expressivas do artista.

O projeto ajuda o visitante a entender detalhes da vida do pintor, que compôs mais de 2 mil quadros. Interessado pela arte desde a infância, Van Gogh ficou conhecido principalmente por seus autoretratos e paisagens ao ar livre, como o quadro "A noite estrelada" (1889), que também faz parte da exposição.

Serviço

'Monet à beira d'água'. Boulevard Olímpico - Av. Venezuela 194, Gamboa. Ter e qua, 12h às 17h30. Qui a dom, 10h às 17h30. A partir de R$ 20 (ter a qui) ou R$ 35 (sex a dom) via Ingressocerto. De 19 de março a 12 de junho.

 
 

'Van Gogh e seus contemporâneos'. Casa França-Brasil - Rua Visconde de Itaboraí 78, Centro. Ter a dom, 10h às 18h. Grátis às ter e qua. R$ 20 (qui a dom). De 6 de abril a 5 de junho.


O Globo sexta, 04 de março de 2022

ROCK IN RIO 2022: FESTIVAL ANUNCIA NOVAS ATRAÇÕES E DATA DE ABERTURA DA VENDA OFICIAL DE INGRESSOS

Rock in Rio 2022: Festival anuncia novas atrações e data de abertura da venda oficial de ingressos

Cliente Itaú, Itaucard, Credicard e Iti poderão adquirir seus passes ainda esse mês
The Offpring se apresenta dia 8 Foto: Divulgação
The Offpring se apresenta dia 8 Foto: Divulgação
 

A volta do maior festival do mundo está cada vez mais próxima.  A organização do festival anunciou nesta quinta-feira (03) a data oficial de início da venda de ingressos. Dia 5 de abril, às 19h, o público poderá entrar no site para adquirir seus passes.  Após três anos longe dos fãs, a Cidade do Rock abre seus portões dia 2 de setembro e segue sua programação pelos dias 3, 4, 8, 9, 10 e 11.

Também tem novidade no line up. No dia 4, os rappers do Migos, grupo composto pelos renomados Quavo, Offset e Takeoff, faz a estreia no Brasil e no Palco Mundo com seus hits “Bad and Boujee”, “Walk It Talk It” e “Slippery”. Já no dia 8 de setembro é a vez da banda californiana The Offspring apresentar os clássicos “You’re Gonna Go Far, Kid”, “The Kids Aren’t Alright” e “Self Esteem”, além do CPM22 que vai abrir a noite e agitar o público com os sucessos “Um Minuto Para o Fim do Mundo”, “Dias Atrás” e “Não Sei Viver Sem Ter Você”.

Outra mudança foi a cenografia do Palco Mundo, feita com aço 100% reciclado. A estrutura será ainda maior, com mais de 100 metros de largura e altura equivalente a um prédio de 10 andares. Além de toda cenografia renovada, ele também terá efeitos especiais por meio de uma programação de luzes em toda área externa do Palco.

Quem adquiriu o Rock in Rio Card pode definir em qual data pretende usá-lo até o dia 1º de abril de 2022, depois disso ele perde a garantia de disponibilidade de datas para escolher.

Pela 6a edição consecutiva, a Ingresso.com será o parceiro de vendas oficial do festival. Para a edição do Rock in Rio Brasil 2022, o valor da entrada será R$ 625,00 (inteira) e R$ 312,50 (meia-entrada). O pagamento poderá ser feito por cartão de crédito e o valor parcelado em até 6x sem juros.

Para os membros do Rock in Rio Club e clientes com cartões de crédito Itaú, Itaucard, Credicard e Iti a boa notícia é que todos terão a oportunidade de adquirir o ingresso antes do público em geral: a pré-venda começa no dia 17 de março, às 19h, e segue até o dia 04 de abril, às 19h, também no site oficial do evento.


O Globo quinta, 03 de março de 2022

CRUZEIROS: TEMPORADA NO BRASIL SERÁ RETOMADA - VEJA O QUE MUDA NOS ROTEIROS

Temporada de cruzeiros no Brasil será retomada: veja o que muda nos roteiros

Transatlânticos farão 19 viagens no litoral do país entre 5 de março e 18 de abril
 
O Waterfront Boardwalk, espécie de calçadão do navio de cruzeiros MSC Seaside Foto: Ivan Sarfatti / MSC / Divulgação
O Waterfront Boardwalk, espécie de calçadão do navio de cruzeiros MSC Seaside Foto: Ivan Sarfatti / MSC / Divulgação
 

RIO - Suspensa desde 3 de janeiro, a temporada brasileira de cruzeiros 2021/2022 será retomada em 5 de março. Até 18 de abril, os quatro navios restantes no litoral (um a menos que no começo) farão mais 19 viagens, algumas delas com roteiros adaptados e até mesmo reduzidos.

A data foi confirmada na última quarta-feira pela Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros (Clia Brasil), dias após o Ministério da Saúde autorizar o retorno da atividade. A retomada acontecerá dois meses e dois dias após a suspensão da navegação no início do ano, quando a variante Ômicron provocou uma explosão de novos casos de Covid-19. Naquela ocasião, foram detectados surtos da doença em todos os transatlânticos que navegavam pelo litoral brasileiro.

As duas armadoras que fazem navegação de cabotagem pelo litoral brasileiro precisaram fazer adaptações em sua programação. A mudança mais radical acontece com a Costa Cruzeiros, que não terá o navio Costa Fascinosa para o resto da temporada. A operação será concentrada no Costa Diadema, que entre 14 de março e 18 de abril fará viagens de três, quatro e sete noites, com embarques em Rio de Janeiro, Santos e Itajaí, em Santa Catarina.

Com um navio a menos, a companhia optou por concentrar seus roteiros nas regiões Sul e Sudeste, com paradas em Itajaí, Rio, Búzios e Ilhabela substituindo as escalas em Salvador e Ilhéus, que antes faziam parte dos roteiros do Diadema.

Os passageiros que já tinham pacotes comprados para o Costa Fascinosa poderão embarcar sem custos adicionais no Costa Diadema, inclusive para a travessia de volta à Itália, em 18 de abril. Quem preferir esperar pela próxima temporada receberá o valor já pago em forma de créditos para cruzeiros futuros. A companhia garante ainda que também devolverá o dinheiro aos clientes que não quiserem mais navegar.

Navio MSC Preziosa Foto: Ivan Sarfatti / MSC Cruzeiros / Divulgação
Navio MSC Preziosa Foto: Ivan Sarfatti / MSC Cruzeiros / Divulgação

A MSC Cruzeiros por sua vez manterá os três navios que vieram para a temporada brasileira, mas também fez alterações em sua programação. Em 5 de março,  MSC Seaside, que está fazendo a sua primeira temporada no Brasil, partirá de Santos para uma viagem de sete noites. Em 6 de março, saindo do Rio, o MSC Preziosa partirá para um minicruzeiro de três noites pelo litoral do Sudeste. No mesmo dia o MSC Splendida partirá de de Santos para um cruzeiro de sete noites.

Além dessas três saídas, a companhia vai acrescentar quatro minicruzeiros com valores promocionais a bordo do MSC Preziosa, saindo do porto de Santos. O roteiro que começa em 11 de março terá quatro noites e visitará Ilha Grande e Búzios, no litoral fluminense. Já nos dias 18, 25 e 31 de março ele fará cruzeiros de três noites parando apenas Ilha Grande.


O Globo quarta, 02 de março de 2022

TURISMO: LAS VEGAS - SAIBA COMO TER GEORGE CLOONEY COMO CONVIDADO DE SEU CASAMENTOO

Las Vegas: saiba como ter George Clooney como convidado de seu casamento

Museu de cera Madame Tussauds acaba de abrir sua capelinha para casais apaixonados na cidade
 
Capela para casamentos no museu de cera Madame Tussauds, em Las Vegas Foto: Matt Mapriott / Madame Tussauds / Reprodução
Capela para casamentos no museu de cera Madame Tussauds, em Las Vegas Foto: Matt Mapriott / Madame Tussauds / Reprodução
 

RIO - Nem só de Elvis Presley vive a indústria de casamentos em Las Vegas. Não que o Rei do Rock tenha perdido a majestade quando o assunto são as cerimônias envolvendo casais apaixonados (e animados) na cidade. É que agora há mais celebridades disponíveis para enriquecer o momento do sim, desde que ele aconteça na capela do Madame Tussauds Las Vegas, dentro do hotel The Venetian.

Cuidados: O que se deve fazer se o exame para Covid-19 der positivo durante a viagem?

A famosa rede internacional de museus de cera desenvolveu dois pacotes de casamento especialmente para sua unidade na cidade. O mais simples deles, o Walk-Up Wax Wedding, custa US$ 199 e dá direito a George Clooney (de cera, claro) como testemunha da cerimônia, que é realizada por uma pessoa de verdade e inclui música, faixas para os noivos, fotos digitais e uma minigarrafa de champanhe.

 

Interior da capela de casamento do museu de cera Madame Tussauds, em Las Vegas Foto: Reprodução
Interior da capela de casamento do museu de cera Madame Tussauds, em Las Vegas Foto: Reprodução

Antes e depois:veja como seria Las Vegas se estes resorts tivessem saído do papel

Para não deixar Clooney isolado na festa, o casal pode pagar US$ 25  a mais e contratar o plano VIP Walk-Up Wax Wedding. Esta categoria dá direito a uma lista maior de convidados especiais, a partir de uma lista pré-selecionada de estátuas disponíveis no museu. Os nomes variam todos os dias, mas pode se dar a sorte de contar com figuras como Beyoncé e Michael Jackson, por exemplo.

Apesar de ser num museu de cera, o casamento é para valer, dentro da lei do estado de Nevada, do mesmo jeito que seria nas capelas mais tradicionais da cidade

Capela de casamento do museu de cera Madame Tussauds de Las Vegas Foto: Reprodução
Capela de casamento do museu de cera Madame Tussauds de Las Vegas Foto: Reprodução

As cerimônias acontecem na wedding chapel que foi montada em 2015, quando o museu recriou os personagens do filme "Se beber, não case". Na época, foi criado um pacote especial de casamento com essa temática, que permitia ao casal a presença de toda a gangue do filme (inclusive de Michael Tyson e seu tigre), além de Sandra Bullock e George Clooney como testemunhas.

Hoje em dia, os personagens da comédia estão alocados num outro espaço, o The Hangover Movie Bar Experience. Um ponto ideal para a comemoração pós-casamento.


O Globo terça, 01 de março de 2022

TURISMO: MALDÍVIAS TÊM OS AEROPORTOS COM OS CENÁRIOS MAIS BONITOS DO MUNDO; CONFIRA AS INAGENS

Maldivas têm os aeroportos com os cenários mais bonitos do mundo; confira as imagens

O mais recente deles, Madivaru, ocupa praticamente uma ilha inteira, com pistas quase no mar
 
O Aeroporto de Madivaru, no atol de Lhaviyani, nas Maldivas, foi inaugurado em fevereiro Foto: Reprodução
O Aeroporto de Madivaru, no atol de Lhaviyani, nas Maldivas, foi inaugurado em fevereiro Foto: Reprodução
 

RIO - Com um mar azul turquesa e a areia branquíssima, a ilha de Madivaru é um desses cartões-postais que nos fazem sonhar em conhecer as Maldivas. Um cenário onde a tranquilidade só é quebrada nos momentos de pousos e decolagens dos aviões no novíssimo aeroporto local, inaugurado há pouco mais de uma semana e já considerado um dos mais bonitos do mundo.

Cuidados:  Saiba quais são os prazos de validade das vacinas contra Covid-19 para viagens internacionais

Com seus 1.200 metros de pista ocupando praticamente toda a ilha, de ponta a ponta, o Aeroporto de Madivaru (LMV, no código da Iata) é mais um entre os tantos terminais aéreos "paradisíacos" do arquipélago. Seja em ilhotas desabitadas, como esta, ou na capital Malé, principal porta de chegada ao país, é comum encontrar pistas que correm paralelas ao mar cristalino do Oceano Índico, e terminais de passageiros praticamente "pé na areia". Confira nessas imagens.

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A explicação é óbvia. Formado por 1.196 ilhas (das quais apenas 203 são habitadas), divididas em 26 atóis, Maldivas é um país praticamente sem estradas. Para ir de um ponto a outro é preciso navegar ou voar, o que levou à criação de diversos pequenos aeroportos, todos em ilhas pequenas.

Como é o caso da própria Madivaru, uma ilha bem estreita, que é praticamente toda ocupada pelo novo aeroporto, operado pela companhia aérea nacional Maldivian, que tem voos diários para o Aeroporto Internacional Velana de Malé, com cerca de 25 minutos de duração. O terminal de passageiros, como é de se imaginar, conta com uma marina, onde atracam os pequenos barcos que funcionam como táxis marítimos para os resorts que ficam a curtas distâncias dali.

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O novo aeroporto foi construído para aumentar o fluxo de visitantes no atol de Lhaviyani, um importante polo turístico do arquipélago que até então só era atendido por rotas de hidroaviões, que só podem voar enquanto houver luz natural. A nova estrutura permite a operação de voos noturnos, que se encaixam melhor com os horários de chegada e saída dos voos internacionais em Malé.

 
 
Avião de grande porte pousa no Aeroporto Internacional Ibrahim Nasir, também chamado de Velana, em Malé, a capital das ilhas Maldivas Foto: Reprodução
Avião de grande porte pousa no Aeroporto Internacional Ibrahim Nasir, também chamado de Velana, em Malé, a capital das ilhas Maldivas Foto: Reprodução

Mesmo sendo o mais movimentado do país, e instalado no meio do principal centro urbano do país (entre a capital Malé e a charmosa Hulhumalé), o Aeroporto Internacional Ibrahim Nasir, também chamado de Velana, oferece um visual espetacular para os passageiros. Tanto para quem viaja nos aviões maiores, de companhias como Air France, British Airways, Emirates, Lufthansa e Turkish Airlines, quanto para quem embarca nos hidroaviões de companhias regionais como a Trans Maldivian, a Manta Air e a própria Maldivian.

De janeiro a dezembro:  Veja os melhores lugares para viajar pelo Brasil em cada mês de 2022

O segundo maior aeroporto do país, na ilha de Gam, é outro em que o passageiro já sente vontade de mergulhar no mar assim que desce do avião. Ele fica no atol Addu, o mais ao sul do arquipélago, e recebe voos da Srilankan Airlines para Colombo, a capital do Sri Lanka, e da Maldivian, para Malé. Sua história remonta aos anos 1950, quando foi construído para ser uma base da Força Aérea Britânica.

O Aeroporto Internacional de Gan, segundo maior das Ilhas Maldivas, também fica de frente para o mar Foto: Reprodução
O Aeroporto Internacional de Gan, segundo maior das Ilhas Maldivas, também fica de frente para o mar Foto: Reprodução

Um aeroporto que pode chamar muita atenção no futuro é o instalado na ilha de Hanimaadhoo, que atualmente recebe voos vindos de Thiruvananthapuram, na Índia. O governo de Maldivas procura parceiros para o projeto de reformulação total do terminal, que ganharia uma arquitetura futurista, passarelas para passageiros sobre as águas e um aumento significativo na capacidade de suas pistas, que poderiam receber aviões de grande porte como o Airbus A320 e o Boeing-737, possibilitando voos para países do Oriente Médio, Sudeste Asiático e leste da África.


O Globo segunda, 28 de fevereiro de 2022

CARNAVAL 2022: DOMINGO DE CARNAVAL EM SILÊNCIO SÓ NO SAMBÓDROMO

Domingo de carnaval em silêncio só no Sambódromo; Lapa e Leblon concentram a festa noturna dos foliões

Blocos improvisados, muito batuque, bares e ruas com agitos típicos da época pré-pandemia montaram o cenário carioca
 
Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo
Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo
 

RIO —  Quando o relógio da Marquês de Sapucaí apontou 21h30 da noite do domingo de carnaval, pelo segundo ano seguido, devido às restrições da pandemia da Covid-19, não foi ouvido o som da campainha que marca o início do desfile das escolas de samba do Grupo Especial. O palco estava pronto, a Avenida iluminada, as estruturas de cercas e andaimes no entorno do Sambódromo montadas, mas ao longo da noite só o silêncio no local, que, desde 1984, abriga o maior espetáculo da Terra. Se não aconteceu no ano passado, pelo menos agora está marcado para os dias 21 e 22 de abril.

'Rio Carnaval':  Segunda noite de desfiles na Cidade do Samba começa com Tuiuti, Tijuca e Mangueira

Para turista ver:  Escadaria Selarón, na Lapa, vira cenário para os gringos durante o carnaval, mesmo sem blocos de rua

Alguns poucos pedestres que passavam davam uma espiada por entre as grades e correntes que trancam o acesso à Marquês de Sapucaí. O sentimento de que faltava algo era visível em todos.

Mas não foi só ali que essa sensação vigorava. Na Zona Norte, mais especificamente na Estrada Intendente Magalhães, o mesmo vazio era sentido pelos moradores, acostumados com a movimentação dos desfiles dos grupos de acesso do Carnaval carioca. Menos badalados, é verdade, mas que despertam a mesma paixão e são tão disputados quanto o Grupo Especial.

 

No entanto, se nas passarelas de samba não havia festas nem aglomerações de foliões, por mais uma noite e madrugada, em outros pontos da cidade o cenário era o oposto. A pouco mais de dois quilômetros de distância da Sapucaí, blocos não oficiais faziam batuques improvisados na Lapa, onde a movimentação intensa de pessoas pelos bares e ruas dava a impressão de um fim de semana comum no período anterior à pandemia.

Confira:

O funcionamento de transportes e serviços no feriadão
Carnaval será com tempo firme e calor no Rio; confira a previsão

O mesmo panorama se repetiu na Zona Sul, em pontos conhecidos da boemia, como a Praça São Salvador, no Flamengo, e, de forma mais intensa, no Leblon, na região da Rua Dias Ferreira, onde uma multidão mostrou que pelo menos lá o carnaval transcorria normalmente.


O Globo domingo, 27 de fevereiro de 2022

RIO SHOW: DEZ PROGRAMAS PARA CURTIR COM AS CRIANÇAS NO FERIADÃO DE CARNAVAL

Dez programas para curtir com as crianças no feriadão de carnaval

Além dos passeios clássicos, como aquário e zoológico, lista inclui atividades recreativas
Teatro de Marionetes Carlos Werneck, no Aterro do Flamengo Foto: Divulgação/Gui Espindola
Teatro de Marionetes Carlos Werneck, no Aterro do Flamengo Foto: Divulgação/Gui Espindola
 

Seja no ritmo do Carnaval ou fugindo da folia, não faltam opções de passeios e atividades para aproveitar o feriadão com as crianças. A lista inclui recreação no Museu do Pontal, brincadeiras a céu aberto do Parque das Ruínas, últimas apresentações do Reder Circus com Diego Hypolito e Daniele Hypolito em Nova Iguaçu, e até passeio de barco na Baía de Guanabara. Confira.

Museu do Pontal

Além das seis exposições da mostra "Novos ares: Pontal reinventado" em cartaz, o museu que é referência internacional em arte popular brasileira oferece atividades para toda a família. Neste fim de semana, tem baú de brinquedos populares (12h e 16h) e visitas musicadas (11h e 15h), com ênfase em marchinhas de Carnaval, a partir da obra “Escola de Samba”, de Adalton Fernandes Lopes (1938 – 2005), com seus mais de 300 personagens em cerâmica que se movimentam ao ritmo da música.

Serviço: Avenida Celia Ribeiro da Silva Mendes 3.300, Barra. Qui a dom, das 10h às 18h. Contribuição voluntária.

'Cultura com as crianças'

A programação de atividades ao ar livre com crianças continua durante o feriadão. No sábado, tem o espetáculo "Povo de rua" (10h), no Teatro de Guignol Tijuca da Praça dos Cavalinhos, e uma série de brincadeiras populares com música, advinhações e bonecos (10h) no Parque das Ruínas, em Santa Teresa. As brincadeiras acontecem também no domingo (16h), no Centro Artur da Távola, na Tijuca. No mesmo dia, tem ainda rodinha de samba, reunindo sambas antigos e folclóricos (10h) no Teatro de Marionetes, no Aterro do Flamengo, e o espetáculo "Ossain e o Axé da Folha" (10h), no Teatro de Guignol Méier.

Serviço: Teatro de Guignol Tijuca: Praça Xavier de Brito (Praça dos Cavalinhos). Parque das Ruínas: Rua Murtinho Nobre 169, Santa Teresa. Centro da Música Carioca Artur da Távola: Rua Conde de Bonfim 824, Tijuca. Teatro de Marionetes e Fantoches Carlos Werneck de Carvalho: Av. Infante Dom Henrique s/nº, Flamengo. Teatro de Guignol Méier: Praça Jardim do Méier.

'Jardim das maravilhas de Miró'

Após passar por São Paulo, a exposição que homenageia o pintor catalão Joan Miró chega ao Rio propondo um passeio sensorial pelo universo do artista. Poemas, litografias, impressões e um jardim cenográfico compõem o percurso repleto de experiências imersivas. Durante o Carnaval, a exposição estará aberta à visitação de sábado a segunda-feira, e fechará na terça e na quarta-feira.

 
 

Serviço: Rio Design Barra - Av. das Américas 7777. Ter a sex, das 12h às21h. Sáb, das 10h às 22h. Dom, das 11h às 20h. R$ 60 via Sympla.

Espaço Cultural da Marinha

Neste fim de semana, o espaço cultural estará fechado, mas os passeios marítimos pela Baía de Guanabara esrão mantidos, com saídas às 13h15 e 15h. Na segunda e na terça-feira, funcionarão os passeios e o museu. No local, os visitantes podem entrar no submarino museu Riachuelo, no navio Bauru, na Nau dos Descobrimentos, o helicóptero Sea King e ao carro de combate Cascavel. Na quarta, o espaço estará fechado.

Serviço: Orla Conde (Boulevard Olímpico), s/n, entre o Largo da Candelária e a Praça XV — 4063-3003. Espaço Cultural da Marinha: Seg e ter, de 11h às 17h. R$ 14. Passeio Marítimo: Sáb a ter, 13h15 e 15h. R$ 42. Vendas pelo site Ingresso com desconto.

Os irmãos Diego e Daniele Hypolito no espetáculo 'Abradacabra', da Reder Circus Foto: Divulgação
Os irmãos Diego e Daniele Hypolito no espetáculo 'Abradacabra', da Reder Circus Foto: Divulgação

Reder Circus - 'Abracadabra'

Com participação dos ex-ginastas olímpicos Diego Hypolito e Daniele Hypolito, o espetáculo musical da Reder Circus tem mais de 50 artistas no picadeiro, além de orquestra ao vivo. Há trapezistas voadores, o "Globo da Vida", o palhaço Bossa Nova, foramalabaristas, acrobatas, bailarinos e outros artistas de circo.

Serviço: No estacionamento do Novo Shopping Nova Iguaçu. Av. Abílio Augusto Távora 1111. Sáb e dom, às 15h, 17h30 e 20h. Seg, ter, qui, sex, 20h. A partir de R$ 60 no site do circo.

 

'Diversão no Park'

Durante todo o feriado, o shopping oferece gratuitamente shows, área de brinquedos e oficinas artísticas, como pintura facial, biju, fantasia e bola mania, além da presença de personagens infantis. Entre as apresentações, estão a Bandinha da Diversão (sáb); o Circo do Macaco Prego (dom), com espetáculo teatral e brincadeiras; a turma do AfroReggae (seg); e o pessoal do Violúdico (ter), que faz um show musical e interativo.

Serviço: Shopping ParkJacarepaguá - Estrada de Jacarepaguá 6.069, Anil. Sáb a ter, 15h Às 20h. Grátis.

Bloquinho do Nico

Em ritmo de folia, o cortejo do Bloquinho do Nico agita o Shopping Metropolitano, na Barra, ao longo do fim de semana, com presença do mascote, bandinha ao vivo e recreadores.

Serviço: Shopping Metropolitano Barra - Av. Embaixador Abelardo Bueno 1300. Sáb e dom, 16h às 18h. Grátis.

AquaRio

O maior aquário da América do Sul vai funcionar todos os dias do feriadão, com promoção. Na "AquaFolia", que vai até terça-feira, o ingresso inteiro sairá por R$ 90, enquanto para nascidos e moradores do estado do Rio sai por R$ 70. Há ainda combos para visitar o AquaRio e o BioParque por R$ 130 (brasileiros) ou R$ 99 (estado do Rio), e ainda a opção AquaRio + Cristo Redentor, que sai a R$150 (brasileiros) ou R$ 100 (estado do Rio).

Serviço: Praça Muhammad Ali, Gamboa (3900-6670). Sáb a ter, 09h às 16h. Ingresso inteiro a partir de R$ 70.

 
 

BioParque

Com um novo conceito de integração dos bichos, o zoológico tem animais de 140 espécies divididas nas seções savana africana, carnívoros, asiáticos, imersão tropical, vila dos répteis, ilha dos primatas, fazendinha, reis da selva e Cerrado. O espaço está aberto todos os dias.

Serviço: Quinta da Boa Vista, São Cristóvão. Diariamente, 9h às 17h. Último horário de entrada às 16h. R$ 40.

Planetário da Gávea

O espaço funciona no fim de semana e fecha entre segunda e quarta-feira de Carnaval. Com três andares de exposição, o Museu do Universo apresenta experimentos interativos de Astronomia e Astrofísica. Há ainda sessões de cúpula com filmes temáticos projetados em superfícies esféricas para uma sensação de imersão no espectador.

Serviço: Rua Vice-Governador Rubens Berardo 100, Gávea (2088-0536). Museu: sáb e dom, 10h às 17h. Sessões de cúpula: sáb e dom, 10h, 11h, 14h, 15h e 16h30. R$ 15 (museu) ou R$ 30 (museu + sessão de cúpula). Ingressos em planetario.dsiarena.com.

 


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