Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Cícero Tavares - Crônicas e Comentários domingo, 03 de fevereiro de 2019

CALOR NA BACURINHA

 

CÍCERO TAVARES – RECIFE-PE

 

Segue uma contribuiçãozinha para esse site. 

Num calor desses, Dona Maricotinha abana a bacurinha em pleno coletivo cheio de gente entupido e deixa ser filmada como Sônia Braga na Dama do Lotação, em pleno gozo do sopro do vento.

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários sábado, 05 de janeiro de 2019

A DIFERENÇA ENTRE O PRESIDENTE DA ELITE E O PRESIDENTE DO POVO

 

 
A DIFERENÇA DO PRESIDENTE DA ELITE E O PRESIDENTE DO POVO

Nada mais fático do que um flagrante para mostrar a verdade e demonstrar quem incorpora a personalidade do bem e do mal.

É indiscutível que, tanto Jair Messias Bolsonaro, o atual presidente eleito democraticamente pelo povo numa eleição histórica, conduzida pela sede de mudança, quanto Luiz Inácio Lula da Silva, vieram de família humildade.

Lapa de Presidiário, desde a época “sindicalista” sempre foi amante das benesses do poder, sempre fez acordos escusos, conchavos com os patrões, ludibriando seus “representados”, os trabalhadores, que deixavam ser levados por suas promessas vãs.

Lapa de Ladrão, uma vez eleito para presidente, sempre demonstrou um comportamento psicopata, tirano, com os seus subordinados.

Já o atual presidente, Jair Bolsonaro, por sua vez, foi estrategicamente tachado pela esquerda devassa, reacionária, esquerdopata, como uma pessoa machista, racista, homofóbico, misógino e anti-viado, mas na prática a teoria está demonstrando o contrário.

É a velha tática ensinada pelo tirano ditador sanguinolento Lenin:

“Xingue-os do que você é; acuse-os do que você faz”.

Demais:

1.Corrompa a juventude e dê-lhe liberdade sexual;

2.Infiltre e depois controle todos os veículos de comunicação de massa;

3.Divida a população em grupos antagônicos, incitando-os a discussões sobre assuntos sociais;

4.Fale sempre sobre Democracia e em Estado de Direito, mas, tão logo haja oportunidade, assuma o Poder sem nenhum escrúpulo;

5.Colabore para o esbanjamento do dinheiro público;

6.Coloque em descrédito a imagem do País, especialmente no exterior e provoque o pânico e o desassossego na população por meio da inflação;

7.Promova greves, mesmo ilegais, nas indústrias vitais do País;

8.Promova distúrbios e contribua para que as autoridades constituídas não as coíbam;

9.Contribua para a derrocada dos valores morais, da honestidade e da crença nas promessas dos governantes. Nossos parlamentares infiltrados nos partidos democráticos devem acusar os não-comunistas, obrigando-os, sem pena de expô-los ao ridículo, a votar somente no que for de interesse da causa socialista;

10.Procure catalogar todos aqueles que possuam armas de fogo, para que elas sejam confiscadas no momento oportuno, tornando impossível qualquer resistência à causa…

Lapa de Bandido sempre adorou se aproximar da elite, conviver com a elite, usufruir das benesses da elite e enganar o povo com sua pilantragem.

Prova disso é que hoje é um presidiário, condenado em todas as estâncias do Judiciário e, de dentro da cadeia ainda tentou até as últimas, eleger um poste para se perpetuar no poder ao lado dos maiores mafiosos já formados neste País.

Está pagando pelo que fez! O mundo dá muita volta!

 



Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 01 de janeiro de 2019

NA DEMOCRACIA TEM DESSAS COISAS - GRAÇAS A DEUS

 

NA DEMOCRACIA TEM DESSAS COISAS – GRAÇAS A DEUS

Poeta Fabrício Carpinejar X o tabacudo Alexandre Frota

Com exceção de todas as outras formas de governo inventadas pelo homem, a Democracia ainda é a melhor – como dizia o genial estadista Winston Churchill.

Propenso a publicar uma crônica à moda “cenas do caminho” da colunista do JBF, Violante Pimentel, quando deparei com essa aberração patrocinada pelo cafajeste, ator de filme pornô, Alexandre Frota, infelizmente eleito deputado federal pelo (PSL-SP), quando respondeu a um seguidor do perfil do tuiter do deputado federal eleito por Pernambuco, Túlio Gadêlha (PDT), namorado da apresentadora do programa da Rede Globo “Encontro com Fátima Bernardes”, dizendo que “Só podia ser de Pernambuco”, frase com conotação xenofóbica, por um tuiteiro tê-lo criticado ironizando que “existe ator de filme pornô que não paga a pensão alimentícia do filho.”

Mal a polêmica viraliza na internet, o escritor, poeta e jornalista gaúcho Fabrício Carpinejar saiu em defesa do Leão do Norte e, pegando carona no mote “Só podia ser de Pernambuco”, escreveu esse belíssimo poema enaltecendo as belezas materiais e imateriais locais, empurrando a pajaraca de Polodoro no rabo de Frota, que está mais afolozado do que o xibiu de Ritinha de Zé Lezin.

Polodoro no ponto para enrabar o tabacudo Alexandre Frota

Eis o poema de Fabrício Carpinejar em resposta à grosseria do tabacudo dador de rabo Alexandre Frota:

SÓ PODIA SER MESMO DE PERNAMBUCO – Fabrício Carpinejar

Só podia ser de Pernambuco a poesia geométrica de João Cabral, o teatro da vida real, a morte e vida severina.

Só podia ser de Pernambuco o frevo, o maracatu, o Galo da Madrugada, a alegria ecumênica.

Só podia ser de Pernambuco os bonecos de Olinda, o olhar oceânico do alto das igrejas e dos muros brancos.

Só podia ser de Pernambuco a literatura de cordel, o raciocínio rápido do repente, a magia dos violeiros.

Só podia ser de Pernambuco Manuel Bandeira e a Estrela da Manhã.

Só podia ser de Pernambuco Nelson Rodrigues e o seu carinho pelos vira-latas mancos.

Só podia ser de Pernambuco a infância misteriosa de Clarice Lispector, a descoberta da leitura.

Só podia ser de Pernambuco Chico Science e o movimento manguebeat.

Só podia ser de Pernambuco a cerâmica de Francisco Brennand e seus 1033 dias iluminados de esculturas e azulejos.

Só podia ser de Pernambuco o modernismo de Cícero Dias, que já dizia em sua pintura: “Eu vi o mundo… ele começava no Recife”.

Só podia ser de Pernambuco a pedagogia de Paulo Freire (do oprimido, da libertação, do compromisso, da autonomia e da solidariedade).

Só podia ser de Pernambuco o cinema inovador de Kleber Mendonça Filho (“O Som ao Redor” e “Aquarius”) e de Cláudio Assis (“Amarelo Manga” e “Febre do Rato”).

Só podia ser de Pernambuco a irreverência contagiante de Chacrinha.

Só podia ser de Pernambuco a sociologia de Gilberto Freyre, profeta do multiculturalismo.

Só podia ser de Pernambuco Vavá, o peito de aço, bicampeão mundial de futebol.

Só podia ser de Pernambuco Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.

Só podia ser de Pernambuco o abolicionista Joaquim Nabuco.

Tem razão. Só podia ser mesmo de Pernambuco.

PS: Feliz 2019 para toda comunidade fubânica!


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 25 de dezembro de 2018

ZEN, O VIRA-LATA SAPECA, TRAÍDO PELA CINOMOSE

 

ZEN, O VIRA-LATA SAPECA TRAÍDO PELA CINOMOSE

Zen, com três meses de vida

Zen era um vira lata esperto, ligado, atento, audacioso, brincalhão. Apesar de poucos meses de idade já dava cangapés, pulos “discostas” e para frente, para pegar baratas, ratos, escorpiões, víboras, lagartixas e outros insetos que o instinto animal repulsa.

Nascido de uma ninhada de seis cãezinhos, sendo dois machos e quatro fêmeas, Zen já trouxe consigo o faro e o fado de Tibicuera, o índio retratado magistralmente pelo romancista Érico Veríssimo no livro “As Aventuras de Tibicuera”, rejeitado pelo pajé que viu nele um sujeito fraco, desmilinguido, sem nenhuma sustança para o enfrentamento da vida diária nas florestas íngremes do Brasil cabralino, que exigia astúcia, disposição, firmeza, força, coragem e espírito aventureiro.

Qual “Mila” de Carlos Heitor Cony, Zen conquistou alguns “fumus fidalgos”, como o “Dom Casmurro” de Machado de Assis. Enquanto viveu, era um Lorde, um Rei Salomão numa liteira inundada de sol e transportado por súditos imaginários.

Para sua felicidade, Zen não teve o mesmo destino dos irmãos que foram doados a família distintas e desleixadas. Ficou em casa sendo tratado como um paxá pela sua curadora que dele cuidava com fidalguia.

Para sua desdita – era mês de maio -, início de chuvas tropicais para o plantio e cultivo do milharal e outros vegetais. Numa manhã chuvosa, Zen amanheceu meio cambaleante, olho esquerdo mais claro que o direito, branquinho, meio desanimado e menos disposto a brincar.

Levado a um veterinário com urgência, não deu outro o diagnóstico: Cinomose, a doença mais cruel que acometa o Fiel Amigo do Homem!

Dali em diante começava-lhe o martírio: tiques nervosos, convulsões, paralisias, mioclonias, sintomas jamais vistos num animal: Diarreia constante, febre alta, falta de apetite, tremor nas pernas, gritos progressivos e, pior, gemidos provocados como se estivesse sentindo uma dor cerebral involuntária sem fim, dia e noite.

Depois de suportar esse sofrimento por mais de dois meses, apesar da recomendação da veterinária para o sacrifício, pois estatisticamente a chance de sobrevida é de apenas 15% e com sequelas irrecuperáveis, Zen se encantou sendo segurado por quatro mãos. Apesar de seu corpo parecer uma borracha, o semblante sorria de felicidades por não ter sido abandonado em vida em momento desesperador, pelos seus donos!

Encantou-se com dignidade e sentiu esse amor fraternal lhe dado por sua cuidadora!

Zen se encantou cedo, mas nos deixou uma grande lição de vida: Amar enquanto há vida para ser vivida e sentida, porque depois de morto só há a escuridão infinita! Não chore por mim depois de morto – parecia dizer! Os olhos fechados, o mundo escurece para sempre!

P:S: Feliz Natal para todos que fazemos parte da confraria fubânica!


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 18 de dezembro de 2018

FALCÃO: BONITO, LINDO E JOIADO – UM DISCO IMPAGÁVEL À REVELIA DA MÍDIA

 

 
FALCÃO: BONITO, LINDO E JOIADO – UM DISCO IMPAGÁVEL À REVELIA DA MÍDIA


Só Porque Ninguém Ouviu Não Significa Dizer Que Eu Não Disse a Besteira. (Falcão)

Pegando carona na informação trazida a público pelo cronista, poeta, compositor, letrista, violonista e honroso colunista do Jornal da Besta Fubana (JBF), Marcos Mairton, sendo confirmado pelo parceiro e produtor de Falcão Tarcísio Matos, no programa Leruaite da TV Ceará, de que em l991 a revista Rolling Stones, versão brasileira, escolheu o bardo Falcão como segundo melhor compositor do Brasil pelo LP Bonito, Lindo e Joiado, perdendo apenas para “Circuladô de Fulô”, de Caetano Veloso. E em 1992, a mesma publicação, segundo o mesmo colunista, Falcão foi escolhido de novo como segundo melhor compositor do Brasil, com o LP O Dinheiro não é Tudo, Mas é 100%, desta vez perdendo para o LP “Cabeça Dinossauro”, dos Titãs. Aproveito o ensejo para trazer à luz um fato histórico ocorrido aqui no Recife, Venérea Brasileira, quando o brega-cult Falcão, em 1993, amuntado no estrondoso sucesso de “I’m Not Dog No” (versão inglesa macarrônica de “Eu Não Sou Cachorro, Não”), do brega-porrada, Waldick Soriano, esteve no programa Super Manhã, do comunicador da maioria Geraldo Freire, âncora, e o saudoso parceiro, médico e radialista Fernando Freitas, para uma entrevista antológica naquele dia.

Durante aquela entrevista, que foi um estrondoso sucesso de audiência, Geraldo Freire, mais escrachado do que Zé Rola Grande, um gramofoneiro comunitário de Chã de Alegria-PE, dirigindo-se ao brega-cult Falcão, não perdeu a oportunidade e perguntou:

– “Falcão, como é que um LP tão bosta, tão merda como esse teve uma produção tão impecável e é um sucesso de vendas tão da porra?!”

Ao que Falcão, escrachado, gozador, genial e bem humorado como sempre, respondeu na bucha para greia geral dos ouvintes:

– “Para você ver, Geraldo, que até a bosta quando bem produzida, cheira!”

Durante o mesmo programa uma fã perguntou a Falcão se ele havia vertido “Eu Não Sou Cachorro, Não” para aquele inglês macarrônico para se amostrar.

Ácido, sarcástico e bem humorado, Falcão respondeu na bucha:

– Não! Que havia traduzido a obra-prima de Waldick Soriano para o inglês para mostrar aqueles chifrudos que no Brasil há um cantor romântico, compositor e poeta brega melhor do que o espalhafatoso Rod Stewart, do Reino Unido, o maior corno britânico de todos os tempos, só perdendo para o Príncipe Charles, o sujeito de maior mau gosto do mundo, nas palavras precisas do gênio de Taperoá, Ariano Suassuna.

Semana antes da entrevista no Programa Super manhã da Rádio Jornal AM, o Jornal do Commercio publicou uma resenha antológica assinada pelo saudoso jornalista Herbert Fonseca no Caderno C, página inteira: “Um Disco Impagável à Revelia da Mídia”, sobre o LP Bonito, Lindo e Joiado, que infelizmente se encantou antes do tempo previsto pela natureza, via mistério do suicídio injustificável que a ciência até hoje não possui uma resposta plausível para essas tragédias pessoais.

Autor da biografia “Caetano – esse cara”, Editora Revan: 1993, o jornalista Herbert Fonseca não economizou adjetivos para louvar a obra-prima do bardo Falcão que, junto com seu parceiro e comparsa Tarcísio Matos, abalou a estrutura da já capenga MPB com melodias, letras e arranjos cearensês de fazerem inveja ao maestro brega-corno norte-americano Ray Conniff. No mesmo ano, para a felicidade geral da falconete Eva Gina, o hebdomadário, O Papa-Figo, editado por Emanoel Bione e José Telles, colunista musical do Jornal do Commercio, publicou uma entrevista antológica com Falcão caracterizado numa charge cheia de chifres na cabeça: “Uma Entrevista Pra Corno Nenhum Botar Defeito”, onde o bardo cearense responde que “Só é Corno Quem Quer”, título de uma pérola de sua autoria e de Tarcísio Matos, uma das faixas do LP Bonito, Lindo e Joiado. Segundo Falcão na justificativa: “Tratado ontológico do bicho chifre que orna a caixa craniana de seres passionais e impassionais. Tentamos fazer um painel didático com todas as modalidades de cornagem que se tem notícia, bem como suas consequências mais imediatas. O primeiro chifre a gente nunca esquece!”

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 11 de dezembro de 2018

LUANDA ENCANTOU-SE RINDO, OUVINDO BOLEROS DE ISABEL!

 

 
LUANDA ENCANTOU-SE RINDO, OUVINDO BOLERO DE ISABEL!

Para Jessier Quirino.

Reeditado a pedido!

Viajou para o Céu do Nunca no inicio de janeiro de 2017 uma linda sobrinha de beleza ímpar que morava na cidade de Lagoa do Carro-PE. Era querida de todos!

O amor explica por quê!

Por ser enfermeira, se dedicava e amava tanto à profissão que escolheu que se esqueceu de cuidar dela própria.

Era feliz no ofício!

Descobriu que estava com um “maldito” já em estágio avançadíssimo quando foi fazer um exame de rotina, embora sofresse os sintomas há muito e houvesse histórico  na família.

Assim que tomou conhecimento do diagnóstico macabro por meio de sua médica oncologista, pediu a esta que não a internasse em hospital para tratamento quimioterápico. Queria esperar a indesejada das Gentes em casa, cara a cara, tête-à-tête, no seu leito de vida. Pois, segundo afirmava “o tratamento com a presença de outras pessoas padecendo do mesmo mal sem ela poder ajudar a fazia sofrer mais, e era-lhe violentamente mais angustiante, sofria mais!”. Vivência e experiência da profissão que ela amava lhe davam a certeza absoluta da decisão tomada!

Deitada na cama do seu quarto passou a assistir à novela da Globo, Velho Chico, e encantou-se pela dupla Avelino e Egídio, vivida por Xangai e Maciel Melo na trama de autoria do excelente novelista Benedito Ruy Barbosa.

Segundo me contou sua mãe, minha irmã Mariinha, ela se enamorou tanto pela dupla de cantadores que davam vida aos personagens, que começou a pesquisar na Internet sobre suas vidas artísticas. Pesquisou tanto sobre os dois trovadores que talvez soubesse mais sobre suas vidas do que eles próprios!

Fascinou-se tanto por um vídeo de Xangai cantando BOLERO DE ISABEL, composição de Jessier Quirino, que passou a viver em função da beleza enluarada da música que ela dizia ser a que lhe dava mais emoção e vontade de viver minuto a minuto do que lhe restava da vida terrena. Chegou a assistir ao vídeo mais de mil vezes! E quanto mais assistia mais emoção sentia! Assistiu-o tantas vezes que esquecia que estava doente e não sentia a presença da indesejada das Gentes lhe rondando a cama!

BOLERO DE ISABEL lhe fez tanto bem emocionalmente que as pessoas que a iam visitar e prosear, ficavam impressionadas com a sua naturalidade no leito da vida! Parecia o semblante de Branca de Neve deitada no esquife de vidro preparado pelos Sete Anões!

Luanda dizia que nada no mundo substitui a emoção! A emoção move o mundo, dando sentido ao prazer, à vida! A emoção é a leveza da vida, é a fé, é o olhar otimista contra o pessimismo! É o bem melhor da vida! O cérebro sempre agradece a grandeza da emoção!

Segundo me disse sua mãe, ela passou a pesquisar sobre Maciel Melo, quando descobriu um vídeo dele cantando Rainha de Todos os Santos, que ele dedicou a sua mãe, dona Lurdinha, e a seu avô, seu Pedro Gídio!

Nas pesquisas feitas na Internet, ela ficou mais fascinada ainda quando tomou conhecimento que o cantor Xangai e o percussionista Naná Vasconcelos, por quem ela nutria uma admiração incondicional, tiveram participação especial na gravação original da música Rainha de Todos os Santos, de autoria de Maciel Melo.

Sabia tudo sobre a vida artista do gênio da percussão, nunca tendo perdido a abertura do Carnaval do Recife, no Marco Zero, sobre a batuta de Naná Vasconcelos, mesmo vivendo no interior de Lagoa do Carro-PE!

Bateu-lhe no leito da vida um desejo e uma vontade inenarrável, que só não foi concretizada porque ela só veio a descobri-los quando descobriu também a doença já avançada: conhecer Xangai, Jessier Quirino e Maciel Melo, de testa num show qualquer! Encantou-se com o sonho não realizado! Mas valeu a intenção!

O sonho não foi concretizado, mas ela encantou-se feliz ao som de BOLERO DE ISABEL, ouvindo no IPOD do filho. E na estante, junto à cama, os livros prediletos que ela lia todos os dias: PROSA MORENA – Chico Boa e Zé Qualquer Fazendo Sala na Cozinha -, de Jessier Quirino, Edições Bagaço. Ano: 2005, com Orelha de Luiz Berto, romancista e editor do Jornal da Besta Fubana (JBF) e O ALIENISTA, do genial Machado de Assis, Editora Ática. Ano: 1979.

Encantou-se Luanda! Encantou-se feliz! Não quis choro nem lágrimas no cortejo fúnebre – assim deixou escrito como seu último desejo, e ao som de BOLERO DE ISABEL cantado por Xangai!

P.S. Luanda, antes de se encantar, deixou esse bilhete para a mãe, Maria Josefa Tavares (Mariinha), debaixo do livro PROSA MORENA.

Mãiinha:

Não gostaria de ver tristeza no meu cortejo fúnebre. A experiência da profissão me vacinou contra esse vírus que antecede à morte do cérebro.

Não vou pedir para a senhora não chorar porque sei que minha mama é muito emotiva, não foge desse “lugar-comum”. Mas avise os outros que festejem cantando. Minha “alma” vai se sentir mais feliz.

Transfira esse desejo a Luandes e Mateus, meus filhos amados. Eles sabem do amor que a mãe sente por eles.

Avise a eles que se houver “vida” do outro lado do mundo, como prega o “Livro Sagrado Cristão”, eu vou guiar os dois, daqui de cima, tal qual fiz na terra.

Também avise a eles que nunca deixe de solidarizar-se e ajudar todas as pessoas necessitadas e desassistidas, além de elas não terem culpa do fado pesado que carregam nas costas, “Deus” lhes fechou as portas da esperança e trancou-a de cadeados, entregando-os aos “poderosos” sem coração!

Também avise a titio Cícero que não me deixe sem ‘ouvir’ BOLERO DE ISABEL no percurso do cortejo fúnebre. A canção torna o momento mais suave, mais alegre, mais descontraído, mais musical!

Bjs. da sua eterna filha,

Luanda Tavares

 

 

* * *

Luanda, antes de se encantar, assistia a esses vídeos que lhe tocavam mais o coração e a inspiravam mais ainda a amar as pessoas. “Somos apenas poeira das estrelas”, tio Cícero – dizia. “Nada na terra nos pertence.”

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 27 de novembro de 2018

OS CANEIROS ZÉ MARIA E CHICO TIRA-GOSTO

 

OS CANEIROS ZÉ DE MARIA E CHICO TIRA-GOSTO

Zé de Maria era um exímio caçador de pebas noturnos. Seus animais prediletos eram javalis, gambás e preás de cana. Dizia ele terem esses animais as carnes mais saborosas do mundo para tomar com cinquenta e um e não ficar bêbado!

 

Um dia ouviu falar que nas matas do sítio de Chico Tanoeiro havia muitos gambás gordos, pois de noite eles invadiam o galinheiro do Velho e comiam as galinhas de capoeiros que dormiam no poleiro de madeira do quintal da casa grande.

Zé de Maria, como era chamado pelos seus colegas de copo, apesar de saber da existência dos gambás do sítio de seu Chico Tanoeiro, não tinha coragem de ir até lá sozinho porque tinha medo de passar por um matagal cerrado, escuro como breu que, – diziam – havia muitas almas sebosas “perdidas” por lá. “Penando.” “Observando o ambiente”. Visagens que urravam durante a noite clamando pela salvação da “alma” que ainda se encontrava no purgatório, “aguardando autorização divina para entrarem no reino do céu” e por isso rogavam por uma ajudazinha dos “sem-pecado”.

Como tinha medo de almas “penadas”, Zé de Maria resolveu chamar o colega de copo Chico Tira Gosto para ir ao tal sítio à noite com ele. E saíram a caçar gambás nas matas do seu Chico Tanoeiro, ambos armados com espingarda soca-soca: Um tiro, uma carreira!

Um dia saíram os dois armados com suas espingardas. Como Zé de Maria estava bêbado qualquer vulto que passasse em sua frente para ele era um gambá… Depois de muito observar e não “ver” ver nada, cansado, ele se deita em cima de uma touceira de capim e põe-se a roncar. Nesse momento chega Chico Tira Gosto e, sem dar conta que era o amigo, mas sim um “vulto” feito um gambá, mira a espingarda nos ovos do colega de copo, puxa o gatilho e, puffffffffffff!!, e o chumbo espalha na “trôxa” de Zé de Maria espatifando os “grogomilos”

Nesse momento, Zé de Maria sentindo o impacto do chumbo nos ovos, mesmo cambaleante de bêbado, levanta-se e percebe os “bichos” pendurados e, aos solavancos, com o “cacho” na mão todo ensanguentado, pergunta para o colega:

– Que diabo foi isso, Chico! Arrancasse de mim o mais sagrado órgão do corpo que Deus me deu, homem! Como vou explicar a Ritinha que não posso mais comer ela?

– Zé – disse Chico Tira Gosto – desculpa aí macho! Eu pensei que tua “trôxa” fosse um gambá. Esqueci-me completamente que tu tens os ovos grandes!

E, sem perder tempo, Chico Tira Gosto leva o parceiro de copo para a Maternidade municipal na carroça de burro. Chegando lá na sala de emergência preocupado com a situação do amigo, vai logo perguntando ao enfermeiro de plantão se era grave o problema e se ele corria risco de morte. Ao que o enfermeiro, sarcástico, afirmou:

– Grave não é não! Mas só tem um porem: Nunca mais ele vai poder comer uma bacurinha! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá!

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 20 de novembro de 2018

A PRÁTICA PETISTA DE EDUCAR

A PRÁTICA PETISTA DE EDUCAR

 
A PÁTRIA PETISTA DE EDUCAR

Jovens lindas, ingênuas, cabeças sãs, aparentemente vacinadas de quaisquer contaminações político-ideológicas e outras doenças partidárias transmissíveis, tipos petezão, pecebão, pecedubezão, etc. e tal., oriundas de cidades interioranas, passam no vestibular de universidade federal do grande centro urbano – todas sucateadas por quatorze anos de dominação petista – e aos poucos vão se juntando aos modernosos descerebrados da banda podre da Pátria petista de educar.

Mas por serem descerebradas, com todos os defeitos que contaminam os adolescentes, sem as experiências da maturidade, como dizia o genial Nelson Rodrigues, começam a dar muitas cagadas verbais, orais, cusais e comportamentais nas instituições públicas, contaminadas pela ideologia “Pajubá” da seita petista, que transforma do dia para noite os jovens sãos em imbecis, idiotas, desqualificados e noiados.

Empolgados com os conceitos da Teoria do Cu, idealizada pela filósofa Márcia Tiburi; Teoria do Pinguelo Grande e Duro, idealizada por Jandira Pinguelão; Teoria da Suruba, idealizada por Manoela Dávila; Teoria dos Pentelhos Grandes e Fedorentos, idealizada por Dilmão Russefão; Teoria dos Cabelos do Sovaco Fedorentos, esses jovens começam a absorver a alienação da escola petista de educar logo cedo de forma assustadora.

O PT foi o grande idealizador e disseminador dessa virose contaminosa!

Não fosse a virada de mesa nessa última eleição presidencial, quando a população elegeu um candidato decente, honesto, bem intencionado, transformador, pronto para varrer o Brasil desse caos, desse lixo, desse excremento, nosso futuro seria sinistro, sombrio e imprevisível. E os jovens iriam se descerebrar cada vez mais sem rumo, prumo, ordem e disciplina.

Para ter uma ideia do que seria nossa juventude e, consequentemente, o futuro do Brasil, fixemos os olhos e a mente nesses rostos jovens desfigurados por uma lavagem cerebral inimaginável no mundo de hoje.

Essas figuras logo abaixo transformadas em seres inanimados, representam o PT que nos dominou por mais de treze anos e queria se perpetuar no poder!

 

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários sexta, 09 de novembro de 2018

DELEGADA BOAZUDA, CORAJOSA E DESTEMIDA

 

Caro Editor :

Delegada boazuda, corajosa e destemida.

Em 2014 um ladrão armado com uma pistola ponto 40, disposto a tudo, tentou roubar o carro da delegada Rosely Baeta Neves e se deu mal com a reação dela.

Como numa cena de filme de Quentin Tarantino a delegada desce do carro, tranquila, mas antes, no golpe de mestra experiente, pega sua pistola ponto 45 debaixo da bunda e reage, atirando no bandido que ela fez questão de persegui-lo, alvejando e o prendendo.

Seguidora do lema contra bandido “comigo é tiro, porrada e bomba”, nada mais justo do que o presidente Jair Bolsonaro a chamasse para chefiar uma delegacia especializada em ladroagem do colarinho branco para prender o resto do bando do presidiário.

Fica a sugestão!

R. O fubânico luleiro Caçador de Nazistas, furioso, brabo, furibundo e babando pelos cantos dos beiços desde que o capitão foi eleito presidente, vai ficar puto com este vídeo que você nos mandou e vai baixar o pau (êpa) nesta delegada.

Aliás, pelo volumoso pé da rabo, pela grossura do mocotó e pelo par de fartos úberes da dotôra, ela merece sentir os gozos da vida.

Uma criatura que não teme bandidos e manda marginais pros quintos, deve ser premiada com todos os prazeres do mundo!!!!

Quem quiser conhecer o feissibuqui da delegada Rosely Baeta Neves, é só clicar aqui.

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quinta, 08 de novembro de 2018

COMO CAVAR TÚNEIS

 

COMO CAVAR TÚNEIS

De posse do Manuel de Instrução: “Como Cavar um Túnel”, escrito pelo narcotraficante mexicano, Joaquín Archivaldo Guzmán Loera, o El Chapo, preso nos Estados Unidos, o presidiário Lapa de Ladrão tem como nova missão cavar um túnel da carceragem de Curitiba, onde se encontra preso, até a sede do sindicato da quadrilha em São Bernardo do Campo-SP, QG da maior quadrilha que assaltou o país de ponta a ponta.

Minguadas as chances de ser solto com o auxílio dos comparsas do Supremo Tribunal Federal: Dias Tofolli, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Marcos Aurélio Mello, após a esmagadora vitória nas urnas do capitão, Lapa de Bandido está acertando os últimos detalhes da empreitada com o bandidão José Dirceu, especialista em cavar buraco de minhoca na Guerra do Araguaia – revelou uma fonte fidedigna das FARC.

De olho nele, ministro Sérgio Moro!

Quem foi bandido nunca deixará de ser!

R. Meu caro colunista fubânico, cada um lê o que é da sua área de interesse e atuação.

Veja só o que o Herói do Povo Brasileiro estava lendo no avião que o levou a Brasília:


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 06 de novembro de 2018

ADVOGADA FOI ALGEMADA NO FORO POR ESTAR TRABALHANDO

 

ADVOGADA FOI ALGEMADA NO FORO POR ESTAR TRABALHANDO

A advogada Valéria Lucia dos Santos no seu escritório de advocacia

O mundo dá muitas voltas e o destino reescreve os caminhos de todos. E, eventualmente, de forma surpreendente, positivamente ou negativamente, dependendo do que você plantou. Isso em qualquer área do seguimento humano!

A advogada Valéria Lucia dos Santos que o diga!

Ela ficou conhecida em todo o Brasil no dia 10 de agosto de 2018, após ser filmada sendo algemada quando se recusou a deixar a audiência de que participava sem fazer a contestação de cobrança indevida por parte de operadora telefônica contra sua cliente.

Policiais militares algemaram-na e prenderam-na durante audiência no 3º Juizado Especial Cível de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Tudo começou depois que a juíza leiga e a advogada discutiram se incluiriam ou não uma contestação no processo.

De acordo com a reportagem do site Universia, ela, neste período de pouco mais de um mês, viu o número de cliente triplicar, confirmando que vai abrir um escritório voltado para minorias brevemente, além de estar viajando pelo país dando palestras.

“A exposição de uma coisa ruim virou algo positivo.” Triplicou o número de casos que chegam a mim, inclusive, os de racismo. Já tenho o de três meninas reprovadas numa entrevista de emprego para estoquista de loja porque não tinham, segundo os empregadores, “características para o cargo” – disse ela à reportagem do Universia.

O que está acontecendo com a advogada é resultado de uma superexposição de sua imagem. Em que pese o fato acontecido com ela ter sido extremamente desagradável, a projeção de uma imagem de aguerrida e brigona, sem baixar a cabeça para a repressão envolvida, pesou de forma muito positiva na imagem da advogada.

O aumento do número de clientes e palestras é o resultado direto de uma impressão positiva que ela deixou.

Valéria era antes enfermeira, e se formou em Direito apenas em agosto de 2016. Antes do episódio ela trabalhava em casa e prestava serviços em um escritório duas vezes por semana, elaborando peças e participando de audiências.

Agora ela alugou uma sala própria e viu uma transformação na forma como cobra os honorários. Antes ela cobrava R$ 3 mil por uma causa de família e os clientes não queriam pagar. Agora, cobra R$ 7 mil e os clientes não mais reclamam.

Evidentemente, o que aconteceu com ela foi algo excepcional e que ninguém deseja passar, mas, por uma via transversa, ela conseguiu mostrar seu valor e agora colhe os frutos desta valia. Trabalhar é preciso!

A advogada foi vítima de um brutal tratamento discriminatório em audiência por uma juíza leiga prepotente, arrogante, inconsequente, descerebrada e preconceituosa!

O Tribunal de Justiça do Rio informou por meio de “bilhete” que a juíza leiga chamou a polícia porque a advogada não acatou as imposições dela de sair da sala de audiência. De acordo com o TJ-RJ, ela resistiu e oferecia perigo às pessoas presentes, por isso foi algemada e levada para a delegacia. O nome da juíza leiga não foi divulgado por questão de segurança máxima. Ela pode receber um atentado à Bolsonaro por um Adélio ou Adélia malucos – disse um funcionário do TJ-RJ que não quis ser identificado.

O resultado da investigação preliminar feito pelo TJ-RJ sobre o incidente concluiu que: A juíza leiga estava certa e agiu correto em chamar os policiais para retirar a advogada da sala de audiência algemada, pois esta estava perturbando um ambiente solene, oficial, fazendo muito barulho, reivindicando os direitos de sua cliente e, como no Brasil quem decide quem tem direito ou não são os poderosos, a advogada negra foi algemada, posta no corredor do foro para poder respeitar o ambiente público e a juíza leiga foi absolvida pelo TJ-RJ por agir no estrito cumprimento do seu dever, preservando a ordem, a moral, a ética e os bons costumes do Tribunal, mesmo violando as prerrogativas do advogado estabelecidas na Lei 8.906/94 e na Súmula Vinculante n.º 11 do Supremo Tribunal Federal!

O mais surpreendente nesse “imbróglio” estúpido todo foi o equilíbrio, a lucidez e a sobriedade da advogada Valéria Lúcia dos Santos ao responder à jornalista negra da CULTNE – acerua digital de cultura negra – no Ato de Desagravo promovido pela OAB-RJ, ocorrido no Fórum de Caxias, Baixada Fluminense, sobre o que ela mais tirou de lição do lamentável episódio: Estudar e trabalhar!

 

 

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 30 de outubro de 2018

SONINHA, A GUERREIRA QUE NÃO CUIDOU DO CÂNCER

 

 
SONINHA – A GUERREIRA QUE NÃO CUIDOU DO CÂNCER


Soninha e este colunista em charge feita por W. Santos em 2006

Por sugestão do eminente jurista, José Paulo Cavalcanti Filho, advogado no Recife, ”exemplo do pensamento cartesiano, do profundo conhecedor do Direito, do texto ao mesmo tempo de clareza e de profundidade, que brinca com as palavras na mesma intensidade com que cita um artigo da Constituição”, colunista do Jornal da Besta Fubana (JBF), do Diário de Pernambuco e de O Globo, e autor de vários livros, entre eles: Aos Amigos Tudo (poesia), Informação e PoderO Mel e o FelSomente a Verdade e a obra-prima: FERNANDO PESSOA – UMA QUASE AUTOBIOGRAFIA, criei coragem para contar uma história real e dolorosa que, passados mais de dois anos da realidade fatídica, até hoje me angústia, deixa atônito, deprime, provando que o melhor da vida é vivê-la intensamente, conforme sábias palavras do poeta Fernando Pessoa, que Soninha repetia sempre com otimismo quando viva, por isso mesmo encantou-se feliz, em paz consigo mesma e com as suas convicções de que só o trabalho, a determinação e a honestidade dignificam o ser, apesar da dor e do sofrimento sem fim.

“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”

Em 2007, Soninha foi até a clínica de sua ginecologista particular fazer um check-up, principalmente na parte atinente ao câncer de mama. Depois que a médica a analisou, suspeitou de alguns nódulos pequenos nos seus mamilos, imediatamente a encaminhou para uma oncologista.

Chegando à oncologista indicada, Soninha foi submetida a uma ressonância, tendo a médica mastologista realizado uma biópsia com agulhas em um dos seios dela, mas nada de grave naquele momento fora detectado nos nódulos, segundo resultado da biopsia.

De posse do resultado da mamografia e da biopsia, Soninha retorna à sua ginecologista e esta, analisando o resultado do exame de mama e outros solicitados, como: ultrassom pélvico, papanicolau, rastreamento infeccioso, colposcopia, citologia e microflora vaginais e não vislumbrando nada grave nos exames, pediu que Soninha retornasse para casa e a intimou a voltar ao consultório médico no máximo em seis meses, impreterivelmente já que havia histórico de câncer mamário na família materna.

Trabalhadora compulsiva, workaholic, Soninha linda, inteligente, corpo escultural e duma beleza interna e externa ímpares, tendo de trabalhar mais de quinze horas por dia, de domingo a domingo e feriado, para sobreviver, pagar impostos ao governo e viver com dignidade com o que sobrava, deixou passar in albis o retornou à clínica ginecológica de sua médica e, dois anos depois voltou lá devido a uns incômodos sentidos nos seios.

Chegando à clínica de sua ginecologista com hiato de mais de dois anos, a médica espantou-se com o descaso de Soninha com a sua saúde. E passou a examiná-la e, para seu espanto, os tumores malignos haviam crescidos, multiplicados e, conforme o resultado da mamografia realizado naquele momento, o câncer já havia se enraizado, chegado à metástase! Daí começou o drama impiedoso, devastador, cruel, sofrimento sem fim para ela.

Depois do resultado do exame letal, iniciou-se o tratamento: quimioterapia, radioterapia, com seus resultados quimioterápicos devastadores que foram deixando Soninha frágil, magra, pálida, vulnerável a qualquer vírus e bactérias, e totalmente careca. Qualquer pessoa que a conhecesse antes e a visse depois do início da quimioterapia entrava em depressão com tamanho sofrimento sem fim e desfiguração total! Não há fingimento na dor!

Depois de um ano de agruras, dores e sofrimentos com idas e vindas ao Hospital do Câncer de Pernambuco, o quadro clínico de Soninha se agravou e ela teve de ser internada por ordem médica.

Com dois meses de internamento a metástase tornou-se irreversível e os médicos do hospital que cuidavam dela, percebendo que não havia mais chance para vencer o maldito, mandou chamar a família e anunciou o que ninguém gostaria de ouvir: ela só tem um mês de vida! Aproveitem o máximo para externar o amor que sentem por ela. E tudo foi feito na santa paz do afeto. “A indesejada das gentes a qualquer momento pode chegar para levá-la!” – sentenciou o médico!

Antes de deixar esse mundo material e ir-se para o outro lado do desconhecido, Soninha chamou-me a mim, à família e às enfermeiras do hospital para externar uma preocupação: que todos ali se comprometessem a cuidar bem de sua filhinha de quatro anos, que não deixassem lhe faltar nada, que lhe fosse dado carinho, afeto, educação, formação, e bons modos de vida: honradez, respeito, trabalho e honestidade. Foi quando a freira e enfermeira-chefe do hospital, no gesto da mais pura grandeza, de amor, de afeto e do valor social à família, encostou-se ao ouvido dela, e num geste do mais puro amor profissional, lhe falou:

– Fique tranquila, minha filha! Descanse em paz! Sua filhinha terá o mesmo amor que você dispensava a ela, por todos que a amam!

Bastou a freira dizer isso, com a assistência de todos que estavam presentes, para ela se virar de lado com o semblante lindo, e a certeza de que sua filhinha ia ser tão bem cuidada como Anamaria, filha de Olívia com Eugênio Pontes, do antológico romance Olhai os Lírios do Campo, do romancista genial cruz-altense, Érico Veríssimo, o qual Soninha já havia lido umas trinta vezes, e partiu desta sorrindo para o outro lado do universo desconhecido. Parou de sofrer!
Quando da retirada do corpo da cama e a preparação para pô-lo no paletó de madeira, dentro da simplicidade suplicada por ela dizendo em vida não querer ostentação à sua última viagem ao além, os profissionais encontraram por baixo do seu travesseiro o referido romance que ela tanto admirava, com a página aberta na carta de Olívia a Eugênio Pontes, com essa passagem grifada à caneta azul marca texto:…

“Quero que abra os olhos, Eugênio, que acorde enquanto é tempo. Peço-te que pegues a minha Bíblia que está na estante de livros, perto do rádio. Leias apenas o Sermão da Montanha. Não te será difícil achar, pois a página está marcada com uma tira de papel. Os homens deviam ler e meditar esse trecho, principalmente no ponto em que Jesus nos fala dos lírios do campo que não trabalham nem fiam e, no entanto, nem Salomão em toda sua glória jamais se vestiu como um deles.”

“Está claro que não devemos tomar as parábolas de Cristo ao pé da letra e ficar deitados à espera de que tudo nos caia do céu. É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza. Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções. E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.”

“Não penses que estou fazendo o elogio do puro espírito contemplativo e da renúncia, ou que ache que o povo devia viver narcotizado pela esperança da felicidade na “outra vida”? Há na terra um grande trabalho a realizar. É tarefa para seres fortes, para corações corajosos. Não podemos cruzar os braços enquanto os aproveitadores sem escrúpulos engendram os monopólios ambiciosos, as guerras e as intrigas cruéis. Temos de fazer-lhes frente. É indispensável que conquistemos este mundo, não com as armas do ódio e da violência e sim com as do amor e da persuasão. Considera a vida de Jesus. Ele foi antes de tudo um homem de ação e não um puro contemplativo…”


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 23 de outubro de 2018

O FILHO BASTARDO

 

 
O FILHO BASTARDO

Paulinho nasceu de um relacionamento extramatrimonial de sua mãe, Carminha, com um cardiologista famoso do estado.

Baixinha, de corpo escultural, inteligente, discreta, elegante, competente, atenciosa, Carminha logo foi despertando interesse no cardiologista que, sempre que o consultório ficava vazio, parava tudo e ia conversar com aquela enfermeira paradigmática, de olhos bem fixados nos peitos pontudos e duros dela, nas coxas grossas, com uma sensualidade à Marilyn Monroe, que o cardiologista jamais tinha vista em outras mulheres que conheceu e que já havia passado no consultório. Carminha era diferente em tudo!

Conversa vai conversa vem, com seis meses de trabalho, Carminha e o cardiologista se tornaram amantes, paixão avassaladora que mesmo em dias de não expedientes no consultório os dois se encontravam para homéricas horas de prazer e curtição.

Dois meses depois da primeira relação amorosa, Carminha percebeu que estava grávida do médico, mas não lhe contou logo, esperando a confirmação do teste de gravidez.

Assim que confirmou a gestação procurou o cardiologista e contou-lhe a novidade. Como médico famoso na praça e temendo a repercussão do caso no meio onde era admirado ele reagiu insidioso, soltando os cachorros na cara de Carminha e exigindo que ela abortasse sob pena de demissão por justa causa e fim do relacionamento.

De personalidade forte e determinada, já amando definitivamente aquela coisa linda crescendo no seu ventre, Carminha não atendeu ao apelo do médico, preferindo ser demitida. E foi o que aconteceu!

Rebaixada em outro emprego que havia sido admitida, Carminha foi até o fim com a gravidez que transcorreu, felizmente, numa boa, vindo a ter Paulinho saudável, lindo, tornando-se o xodó da família.

Guerreira, Carminha trabalhava em duas clínicas para sustentar o filho, que teve o registro de nascimento feito sem o assentamento do nome do pai que se recusou a registrar, e ajudar a família que tomava conta de Paulinho na sua ausência.

A criança cresceu e sempre soube pela boca da mãe quem lhe era o pai e que não o quis reconhecer para evitar escândalos na família, já que era um médico rico e influente no convívio com a sociedade.

Com a ajuda da mãe e muito determinado, estudando em colégio do estado e fazendo cursos particulares pagos por fora pela mãe, Paulinho conseguiu passar no vestibular de medicina da federal na primeira tacada em ótima colocação. Feliz consigo mesmo por ter tido o apoio irrestrito da mãe, da família materna e de ter sido classificado entre os dez primeiros colocados, resolveu procurar o pai biológico sem a mãe saber, mostrar-se a ele e dizer-lhe que havia passado no curso de medicina.

Foi o que fez assim que se matriculou na universidade federal.

Para não suscitar dúvidas, marcou uma consulta no consultório para ver o pai de perto, olhar-lhe nos olhos e dizer-lhe que era seu filho e havia passado no vestibular de medicina da federal.

Dia e hora marcados chega Paulinho ao consultório do pai, cardiologista famoso, conversa com a recepcionista que faz algumas anotações no prontuário e depois o manda sentar-se no sofá confortável da sala e ficar aguardando a chamada.

Meia hora após ter chegado, com a saída do paciente que o pai estava atendendo a secretária chama Paulinho e manda-o entrar.

Educadamente ele se levanta da poltrona e dirige-se à sala luxuosa onde o pai estava atendendo. Senta-se na frente dele e este lhe pergunta com sorriso largo:

– O que o traz aqui, meu jovem bonitão?

Paulinho, sem pestanejar, olhos firmes, com a mesma tranquilidade e firmeza do pai, responde:

– Não vim aqui para consulta, não, doutor! Vim aqui para conhecer meu pai de quem tanto mamãe fala, mas nunca me apresentou a ele porque ele não queria conhecer. Sou Paulinho, o filho que o senhor mandou minha mãe abortar! Lembra? Passei em medicina e vou me especializar na área cardiológica! Faço questão de seguir os seus passos com minhas próprias qualidades e defeitos!

– Não vim aqui pedi nenhum favor ao senhor – continuou – apenas dizer que sou seu filho e vou estudar medicina na mesma universidade que o senhor passou, estudou e se formou.

Percebendo que o pai ficou trespassado com a presença do filho renegado por ele no passado e percebendo que sua presença lhe teria provocado uma surpresa inesperada, aproveitou que o pai estava com o rosto pálido, tapando-o com as mãos trêmulas e mudo, levantou-se do sofá, abriu a porta, saiu e pediu à secretária que mandasse entrar outro paciente que o “doutor estava livre”!

O mundo dá muitas voltas! E cada volta é uma surpresa, para o bem ou para o mal, dependendo do que você plantou!


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 16 de outubro de 2018

SAÚBA DOS BONECOS: FORÇA QUE VEM DA ARTE

 

 
SAÚBA DOS BONECOS: FORÇA QUE VEM DA ARTE

Saúba dos Bonecos e o Preto Velho Zé Cosmes

Antônio Elias da Silva, eis o nome registral desse exímio artesão rústico nascido em Carpina-PE aos 09 de maio de 1953.

Artesão empírico, com extraordinária habilidade no trato com a madeira tosca – o mulungu – árvore apropriada para a confecção de seus bonecos artísticos, cedo teve de sorver a puberdade lúdica, na palha da cana dos engenhos da região da Zona da Mata Norte, sob o sol causticante e inclemente do trabalho com a enxada, limpando matos dentro dos canaviais íngremes para sobreviver e ajudar a família.

Autodidata, nunca pisou o batente de uma escola oficial. Seu mestre, professor, instrutor, inspirador é sua espantosa capacidade observativa e habilidade intuitiva em transformar tudo que é madeira tosca de mulungu em verdadeiras obras-primas artesanais.

Devido à sua extrema habilidade arteira manual, esse carpinense casual, cedo começou a divertir e maravilhar sua sofrida gente nas festas juninas no bairro de Santo Antônio, em Carpina, com seus mamulengos cômicos e satíricos, ridicularizando os costumes e o comportamento da sociedade local nos teatros de pano improvisados ao ar livro.

Além de escultor, Mestre Saúba é um exímio dançarino e juntamente com D.ª Lindalva, uma boneca de madeira em tamanho natural, faz um espetáculo pitoresco que sempre atrai centenas de pessoas nos lugares onde se apresenta. Mestre Saúba também é ventríloquo e contracena com o divertido boneco Benedito. Dona Quitéria, Mané Pacaru, Dona Lilia, João Gago, Simão, Coquinho, Laré e Dona Liprosina são alguns dos outros personagens nascidos pelas mãos do artista. Outra criação que marcou muito seu trabalho foi os ciclistas, que pedalam e mexem a cabeça.

Apesar de seus trabalhos correrem o país e o mundo, serem expostos em galerias de luxo, maravilharem o Brasil em shows nos canais de televisão mais populares, tanto locais quanto nacionais, esse autêntico e verdadeiro artista mamulengueiro continua pobre e miserável, devendo até os pentelhos aos agiotas, e sem dinheiro para alimentar a prole numerosíssima, filhos de várias manteúdas que dele se aproximam pensando ser detentor de uma grande fortuna em dólar ganhada de gringos e guardada em uma botija debaixo da cama de lona comprada na feira de mangaio em Caruaru.

É doloroso vê-lo trôpego, cheio de manguaça, todo cagado cambaleando pelas ruas cheias de bueiros de guabirus na sua terra natal, Carpina, com as mãos e os pés melados de cola de madeira, com os bolsos mais lisos do que pau de tarado, dando murro no ar e rogando pragas ao vento por lhe faltar os caraminguás.

Espera-se que não se deixe acontecer com ele as mesmas injustiças e indiferenças que houve ao maior pintor pós-impressionista do século XIX, o Neerlandês Vincent Willen Van Gogh – “lúcido e louco; dócil e violento” -, que depois de morto, seus quadros alcançaram a glória, sendo vendidos em leilões suntuosos por fortunas incalculáveis; seu busto virou estátua no mundo; seu nome virou rua em todo o planeta; seu túmulo, adoração; mas em vida só conheceu a miséria, o desprezo, o abandono, a indiferença e as loucuras dos choques elétricos nos manicômios.

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quinta, 11 de outubro de 2018

JEOVÁ MENDES - UM EXÍMIO HISTORIADOR DA PATROLOGIA MUNDIAL

 

 
JEOVAH MENDES – UM EXÍMIO HISTORIADOR DA PATROLOGIA MUNDIAL

Jeovah Mendes e Falcão em 14/junho/2016

Jeovah Mendes é um dos mais exímios historiadores mundiais, conhecedor profundo da Patrologia ou Patricista, estudioso da vida e da obra dos “oitenta e quatro Pais da igreja”, segundo o Judaísmo.

Desde 1973, pesquisa com faro de gênio o Talmude, a Cabala, o Zohar – livro do Esplendor Judaico – e o Tanakh, tradicionais escrituras hebraicas.

Nascido em Itapiúna-CE, José Jeovah Mendes – Jeovah Mendes, como é conhecido no universo historiográfico – é descendente em linha paterna de Antônio Vicente Mendes Maciel, O Conselheiro, tendo como bisavô Matias Ferreira Mendes Maciel, parente próximo do líder revolucionário da Guerra de Canudos.

Dono de uma obra suprema que destrinça a historiografia patricista mundial, Jeovah Mendes já publicou mais de oito livros sobre o tema, entre ele: “Os 30 PAPAS que enalteceram a Humanidade: De Pedro a Francisco”, “Os Terroristas Mais Cruéis da História: De Sargão II a Osama Bin Laden”; “Dos Porões Sombrios do Vaticano: Os 30 PAPAS que Envergonharam a Humanidade”, “Os Piores Assassinos e Hereges da História: De Caim a Saddam Hussein”, “Curiosidades da Bíblia e da História: De Adão aos Nossos Dias”, “Os Grandes Mártires do Cristianismo: De Estevão a Martin Luther King”, “Homens e Fatos que a Bíblia e a História nem Sempre Mencionam”, “Os Piores Traidores da História: De Judas aos Delatores de Lampião” e “Onde Estava Jesus Cristo dos Treze aos Trinta Anos” e outros ainda não lançados.

Em 14/junho/2016 o historiador Jeovah Mendes concedeu uma entrevista espetacular ao programa LERUAITE do FALCÃO na TVCEARÁ, demonstrando um conhecimento extraordinário dos porões obscuros da Igreja Católica, com conhecimento e autoridade de quem garimpou a fundo sobre o tema. Clique aqui e assista à fuleiragem.

É o historiador nacional que mais foi entrevistado no Programa Jô Soares da Rede Globo. Com sete livros publicados sobre os porões da Igreja Católica e três no prelo a espera de Editora que se interessem em publicá-los, mas, infelizmente, continua no ostracismo dentro do seu próprio País.

Coisas de Banânia!

Para entrar em contato com ele e adquirir seus livros basta telefonar apara os números: (85) 98844-3269/ (85)9905-8422 ou através do email: jeovahmendesoficial@gmail.com.

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PLAYING FOR CHANGE

E para alegrar esta quarta-feira, assistiremos à banda PLAYING FOR CHANGE numa noite antológica na Austrália, cantado a música YAHAMBA:

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 02 de outubro de 2018

O GORDINHO DO POSTO IPIRANGA

 

 
O GORDINHO DO POSTO IPIRANGA

Placa com anúncio na entrada da Secretaria de Finanças anunciando prioridade aos velhos

O ancião Amadeu, já passando dos oitenta e lavai o trem descarrilhado, procurou a Secretaria de Finanças de determinado município do Estado de Pernambuco, localizado no litoral norte da Região Metropolitana do Recife, distante 18 quilômetros da capital do estado, para solicitar a transferência da titularidade do IPTU de um apartamento que lhe pertence de direito há mais de dez anos, mas que já havia repassado para outro proprietário formalmente há mais de oito anos.

Munido de uma cópia da procuração pública e da escritura de compra e venda do apartamento feito no Tabelionato de Notas do Município para provar que já havia vendido o imóvel a um promissário comprador, dirigiu-se ao balcão de informação da Secretaria de Finanças. Lá lhe deram uma ficha de prioridade e pediram para aguardar na fila que já passava de quinhentos velhos à sua frente para serem atendidos sobre transferência, atraso, titularidade e parcelamento de IPTU.

Sentado na cadeira, Seu Amadeu começou a perceber que a fila dos idosos não “andava”, mas a dos “normais” o painel vermelho à sua frente chamava direto! Mal os “normais” chegavam e já eram chamados e atendidos sem delonga! Vez por outra é que o encarregado do setor chamava um velhinho que já estava esperando ser atendido há décadas! “Ficha 24!” “Guichê dos idosos ou qualquer um disponível!” – Gritava.

Inconformado com aquele descaso, desrespeito, violação à lei federal, Seu Amadeu se levantou de onde estava há horas, se dirige até o balcão de atendimento e gentilmente pergunta ao atendente por que a fila dos idosos não “andava”, mas a dos “normais” parecia um supersônico. O atendente o ouviu atentamente, pediu licença e foi consultar o “encarregado do setor”. Quando retornou, chamou Seu Amadeu e, na frente da pessoa que estava atendendo, respondeu:

– O “chefe do setor” informa que desconhece essa lei federal a que o senhor se refere que dá preferência a velhos! Ele mandou perguntar se o senhor não está inventando essa tal de lei do idoso para passar as pernas nos outros velhos. Segundo ele, todos os municípios da Região funcionam assim para o público, não é agora que vai mudar! Lei de prioridade para velhos é esperar sentado! Ele mandou dizer que, se o senhor tiver se sentindo incomodado, desrespeitado nos seus direitos, procure o gordinho do POSTO IPIRANGA que ele irá lhe informar melhor. Segundo ele, “o melhor que o senhor tem a fazer é se sentar e ficar aguardando sua vez de ser atendido que ele não pode fazer nada!” E voltou a atender os “normais” que chegaram.

Passado mais de três horas de espera, o encarregado chama o número do Seu Amadeu que se levanta com dificuldade e se dirige até o balcão de atendimento. Trôpego, devido à idade, mãos e pés tremendo, lentamente Seu Amadeu vai tirando da pasta a procuração pública e o contrato de compra e venda do apartamento e entrega tudo ao atendente, pedindo para ele verificar no sistema se o IPTU daquele apartamento ainda se encontrava cadastrado no nome dele. Caso o promissário comprador não tenha feito ainda que o atendente fizesse agora porque lhe chegou à residência cobrança da Secretaria de Finanças da Prefeitura informando que ele, Seu Amadeu, estava em atraso desde dois mil e doze e que o nome dele iria ser executado, inscrito no Cadastro de Maus Pagadores do Município, SPC, SERASA, CADIN, sem contar que a Prefeitura Municipal iria publicitar o nome dele e de outros inadimplentes em “outdoor”, amparado numa lei municipal aprovada pelos vereadores à unanimidade na calada da noite, sobre o sugestivo título de Lei dos Caloteiros de IPTU e Impostos Afins!

Mexendo para cá, mexendo para lá no teclado do monitor e reclamando da lentidão, depois de muitos cliques e porradas nas teclas, o atendente imprime várias cópias do IPTU em atrasos e entrega ao ancião, alertando:

– Senhor, realmente, tem muitos anos de IPTU em atraso na inscrição desse apartamento e ainda está no nome do senhor! Agora, aqui a gente não muda não! A única coisa que a gente faz aqui é lhe fornecer o BIC (Boletim de Inscrição Cadastral). Daqui o senhor se dirige até o setor de Cartografia da Secretaria de Finanças. É lá que eles fazem a transferência de titularidade e, consultando o relógio, discorre:

– Mas é melhor o senhor vir outro dia porque já é meio dia e meia da tarde e, antes desse horário, eles encerram o expediente!

Antes de se levantar da cadeira para agradecer o atendente que compreendia não ter culpa naquela zona na Secretaria de Finanças – o descaso vem lá de cima! -, Seu Amadeu, em voz baixa, pergunta:

– Meu filho, eu sei que não é culpa sua, mas me responda uma coisa: Por que nessa secretaria tem mais gente para atender do que para ser atendida? São funcionários atropelando funcionários com todo mundo fingindo que trabalha e nada funciona?

Não gostando da observação irônica feita por Seu Amadeu, o atendente lhe pede licença e vai perguntar ao “encarregado do setor”. Quando retorna lhe responde com as palavras ipsis litteris ditas pelo “chefe comissionado encarregado do setor:”

– Senhor, o “Homem” mandou dizer para o senhor que o sistema sempre funcionou assim desde que Cabral pisou aqui. Tudo isso sempre foi cabide de empregos dos apadrinhados do prefeito eleito. É o chamado toma lá! Dá cá! E se o senhor tiver se sentindo incomodado, ultrajado nos seus direitos procure o gordinho do POSTO IPIRANGA para reclamar para ver se ele lhe dá a solução! E encerrou a conversa!

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 25 de setembro de 2018

O CIRCO DEUS TOMARA QUE NÃO CHOVA

 

 
O CIRCO “DEUS TOMARA QUE NÃO CHOVA”

Para a cronista do JBF, Violante Pimentel

Meado dos anos setenta para o início dos anos oitenta.

A temporada de circo popular já estava começando a decair vertiginosamente por todo o interior do Estado de Pernambuco por causa da chegada do rádio e da televisão.

Nessa época chegou aos arredores do Sítio São Francisco de propriedade dos meus pais, um circo sem nome que a gente logo o batizou sarcasticamente de “Deus tomara que não chova”.

Composto de um palhaço desmilinguido, pau para toda obra, dois cachorros vira latas, uma macaquinha, um papagaio desbocado e quatro adolescentes filhos do palhaço com os buchos cheios de ascaris lumbricoides, que minha mãe ajudou a tratar com ervas do mato e muito leite de jumenta e cabra.

Antes da primeira apresentação, o palhaço saiu de sítio em sítio durante o dia numa bicicleta toda esculhambada convidando a população e informando-a que ia haver espetáculo à noite e que começava às oito horas. Aproveitando o ensejo, já que era um circo pobre, pedia alimentos para suster a família aos proprietários dos sítios que visitava. Papai sempre dava mais do que o necessário! Fome dá dor de cabeça – dizia!

No dia da primeira apresentação chegou do Recife uma cunhada que a gente chamava de “Cumade Salvina”. Balzaquiana cheia de vida, alegre, descontraída, desbocada, espevitada, histérica, cochas grossas, bunda enorme, tarada por homem. Ria de tudo e encabulava todo mundo com as suas risadas histéricas e altas. Qualquer motivo para ela era pretexto para dar altas gargalhadas que incomodava até “a mãe de calor de figo” – no dizer de minha querida mãe. A gente a adorava; ria de se mijar!!

Sete da noite, taca a gente para o circo assistir ao tão aguardado espetáculo, principalmente a apresentação do palhaço e do malabarista.

Chegando lá, a arquibancada velha e cai mais não cai, já estava toda ocupada de marmanjos e marmanjas da redondeza cheios de expectativas.

Ocupamos mais de oito assentos nas arquibancadas que davam de frente para o picadeiro. Astuciosamente deixamos Cumade Salvina sentada no meio da trupe, de fronte para o palhaço.

Antes de sair de casa mamãe recomendou Cumade Salvina para se comportar, “pois suas risadas escandalosas poderiam tirar a concentração do palhaço e malabarista e esse poderia perder a compostura, ficar aborrecido e querer tirar satisfação com ela.”

Mais ou menos às sete e meia da noite entra um adolescente com o rosto todo melado de cal, sobe no picadeiro e, com voz de falsete, anuncia o primeiro número da noite:

– Atenção, minha gente! Vamos receber agora o maior equilibrista da redondeza. Ele consegue movimentar seis troncos de peroba sem deixar nenhum cair no chão.

Fica em cima de uma tábua equilibrada numa bola sem cair no chão e ainda equilibra a bola na cabeça por mais de meia hora sem ela cair no chão! É fantástico!

Quando o palhaço entra no picadeiro todo lambuzado de tinta amarela, calças e camisas rasgadas, e começa a movimentar os paus lisos, um espírito zambeteiro baixa em Cumade Salvina que, não contendo o riso, começa a gargalhar sem parar: Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá!…, com o povo ao lado sirrindo também!

Nesse momento, o palhaço joga os paus para cima e, meio desequilibrado, deixa dois caírem no chão. Desequilibra-se da tábua e cai no chão esparramado também, ficando todo melado de lama, pois havia chovido horas antes e o circo não tinha lona para cobrir todo o teto. Vendo a cena hilária, Cumade Salvina não se contém e desaba numa risadagem histérica sem fim que chama a atenção até do povoado.

– Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá!… Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá! Quá!…

Encabulado e todo melado de lama, o palhaço pega a tábua e as bolas, se dirige à Cumade Salvina e pede “pelo amor de deus”:

– Moça, por favor! Deixe das suas risadagens porque quem já está ficando destreinado sou eu! A continuar desse jeito com a senhora com essas risadas altas eu não consigo me concentrar! O espetáculo vai por água abaixo e eu fico sem meu ganha pão!..

Mal o palhaço deixou de falar Cumade Salvina desabou noutra risadagem histérica tão da molesta do cachorro que nós achamos por bem pegar o Bonde do Tigrão e partir para casa antes que o palhaço perdesse as estribeiras e tacasse o cacete em toda trupe!

Cumade Salvina tirava qualquer um do sério, até palhaço de circo! Quá!Quá! Quá! Quá!

* * *

CONDENAÇÃO

O rapper americano Suge Knight, considerado o ícone do hip hop e empresário arrojado, cofundador da Death Row Records, Marion ‘Suge’ Knight, foi condenado a 28 anos de prisão pelo juiz Ronald Coen, do Supremo Tribunal de Los Angeles, acusado de assassinato, tentativa de assassinato e atropelamento com fuga. Esse episódio aconteceu em janeiro de 2015 e a condenação foi confirmar no dia vinte de setembro.

Ele afirmou em audiência não contestar as palavras do juiz. Sua sentença passará a valer a partir do dia 4 de outubro. A condenação foi por 22 aos pelo assassinato, mais 6 por ter violado sua condicional. Ele se safou de pegar prisão perpétua por que fez um acordo com o juiz para cumprir a pena e não ir a júri popular.

Tomando como exemplo o caso acima, fosse aqui no Brasil, o rapper americano Suge Knight estaria livre, leve e solto, gozando da cara das gentes decentes, por extinção da punibilidade por interposição de recursos e mais recursos protelatórios, que resultaria na prescrição criminal. Requeria a insanidade mental. Alegaria ser primário com bons antecedentes, empresário, criador de empregos, como aconteceu com o marginal Edmundo Alves de Souza Neto, responsável pela morte dolosa de três jovens inocentes em 1999 e que teve sua pena extinta 2007 pelo Supremo Tribunal de Favores (STF), por prescrição penal! Isto é: A vida no Brasil, para o Código Penal de 1940, é uma bosta!

Qual o candidato que se apresenta à presidência da República do Brasil que tem a coragem de trabalhar para mudar o rumo cruel dessa impunidade que afronta todos os princípios básicos da dignidade dos homens e das mulheres trabalhadeiras e honestas?


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 18 de setembro de 2018

PLAYING FOR CHANGE – PROJETO MÚSICA PARA O MUNDO

 

 
PLAYING FOR CHANGE – PROJETO MÚSICA PARA O MUNDO

O produtor americano Mark Johnson ao lado de crianças carentes da África

O produtor musical e documentarista americano Mark Johnson, cofundador do projeto Playing For Change, teve a ideia genial de criar uma ONG musical para percorrer todos os estados americanos para elevar e mostrar às pessoas do mundo as diferentes culturas através da música e mostrar o quanto estamos conectados por meio delas. A ideia deu tão certo que ele começou a gravar todos os artistas de rua americanos e, não satisfeito, começou a percorrer o mundo inteiro, testando todos os talentos anônimos, agregando-os, gravando-os e expandindo-os para o mundo ouvir e ajudar as escolas carentes e ONGs que ajudam crianças e adultos talentosos e necessitados por meia da música.

Criado em 2002, Playing For Change, é um projeto multimídia criado com o objetivo de unir músicos do mundo inteiro em prol de mudanças globais e culturais. Integra o projeto a Playing For Change Foundation, uma organização não governamental que tem construído escolas de música em comunidades carentes. O projeto produz discos e vídeos com músicos como Grandpa Elliot, Keb’Mo, Clarence Milton Beeker, Keiko Komaki, Tal Ben Ari (Tula), natural de Tel Al Viv, Israel, Peter Buneta (baterista), junto a artistas desconhecidos de várias partes do mundo, tocando versões de canções conhecidas e composições próprias. Já foram lançados três discos: Playing for Change Live, Playing For Change 2 e Playing For Change 3, dentre outros de músicos e cantores de países de diferentes culturas musicais.

Parte dos integrantes da banda Playing For Change em visita a ONG de Cajuru, Curitiba, em 2016

Os músicos da banda ficaram famosos antes mesmo de se tornarem um grupo. Eles fizeram parte de um documentário filmado em 2004, no qual o produtor e engenheiro Mark Johnson viajou o mundo gravando pessoas cantando e tocando clássicos da música. A repercussão da interpretação de Stand by me, de Ben E. King e que também foi cantada por John Lennon, ganhou mais de 40 milhões de pageviews no Youtube. Esta canção é apenas uma do CD e DVD Playing For Change – Songs Around The World, de 2009, gravado com mais de cem artistas de 40 países diferentes.

O Playing For Change é um movimento global que usa a música e as artes para promover a cultura da paz e mudanças positivas no planeta através de duas ferramentas:

– Produção e transmissão de vídeos com músicos de rua do mundo inteiro.

– Apresentações da banda Praying For Change, formada por parte destes músicos com objetivo de gerar sustentabilidade para a Foundation e para os profissionais envolvidos.

Um empreendimento social e cultural a altura do talento do produtor e dos músicos envolvidos.

O objetivo é fazer com que as crianças das comunidades onde o Playing For Change está inserido se desenvolvam em harmonia, crescendo num ambiente que inspira paz, música e aprendizado.

No Brasil, o Instituto Playing For Change foi ao bairro de Cajuru, em Curitiba, que atende a crianças de idade entre 7 a 14 anos em seu turno escolar, oferecendo aulas que visam desenvolver cidadania, disciplina, técnica e conhecimentos instrumentais diversificados, expressões corporais e voz. A metodologia adotada pela Escola está focada em atender individualmente cada criança, respeitando sua história pessoal.

O Playing For Change Day é ação global, voluntária e espontânea de músicos engajados e comprometidos com o próximo, que abrem mão de seus cachês para ajudar na arrecadação de recursos para criação e manutenção de projetos de educação musical em comunidades de periferia – disse o produtor e idealizador do projeto Mark Johnson quando veio a Curitiba em 2016.

Visando a realização do Playing For Change Day com maior impacto e excelência, os voluntários se organizaram para promover o movimento durante todo ano através de ações de ativação e fortalecimento da marca e do conceito PFC.
A principal estratégia é convidar profissionais engajados e fãs apaixonados para fazer parte do movimento para mantê-los. Por isso criamos contra partidas que podem colaborar para o desenvolvimento pessoal e profissional deles, finalizou o Mark.

Estamos de mudança para novo local que pretende servir de ponto de encontro para voluntários do movimento e um espaço gratuito de criatividade e solidariedade para músicos e afins. Uma estratégia para atrair novos voluntários, parceiros e apoiadores; Promover network, Marketing cultural e social (Exposição arte e de serviços e produtos); Realização de eventos (workshops, treinamentos, show cases etc.) Fomentação de projetos e ações de música e solidariedade – disse Mark Johnson.

O mais impressionante em tudo isso é que todo esse projeto grandioso, criado com o intuito de unir culturas e resgatar artistas anônimos do mundo inteiro, foi idealizado por um filho do país mais reacionário do mundo: Os Estados Unidos!

Clique aqui para acessar o site do grandioso projeto sem fins lucrativos que ajuda as crianças e os artistas carentes do mundo inteiro.

Abaixo o clipe da música ON LOVE (Bob Marley/Curtis Mayfield), que faz parte do repertório da banda, um vídeo gravado em Curitiba com a ONG ligada ao projeto.

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 11 de setembro de 2018

GRAÇA ARAÚJO - HOMENAGEM

 

HOMENAGEM

Graça Araújo nos estúdios da Rádio Jornal pronta para mais uma missão

Deixo de publicar uma crônica com pretensão de reportagem sobre o PLAYING FOR CHANGE – PROJETO MÚSICA PARA O MUDO, que já estava pronto para a coluna de hoje, transferindo-a para a próxima semana, apesar de ser um projeto musical americano de alta relevância para o mundo, para prestar uma simbólica homenagem a essa que foi, sem sombra de dúvida, uma das mais importantes profissionais jornalistas de todos os tempos do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC), pela sua competência, capacidade laborativa, brilhantismo, seriedade, carisma, simpatia, imparcialidade e honestidade no trato com todos os temas noticiaristas abordados por ela no TV Jornal Meio Dia – Maria Gracilane Araújo da Silva, ou Graça Araújo, como era conhecida no meio jornalístico, que se encantou inesperadamente no vigor da juventude aos 62 anos vítima de um inesperado Acidente Vascular Cerebral (AVC), deixando o telejornalismo pernambucano de luto e sem substituto.

Nascida em 02 de abril de 1956 no município de Itambé, na Zona da Mata de Pernambuco, Maria Gracilane Araújo da Silva seguiu para São Paulo ainda criança. Começou a trabalhar aos 14 anos e, antes de chegar ao jornalismo, sonhava em ser médica e, para ajudar a pagar as despesas de casa, foi auxiliar de embalagem de enxovais de bebê, funcionária de uma indústria e balconista.

Ao trabalhar numa editora de uma revista de construção, desenvolveu interesse pelo ofício de comunicação. Formou-se em jornalismo em 1983, pela Universidade Alcântara Machado de São Paulo. Graça Araújo seguiu para Recife no mesmo ano.

Segundo a Diretora de Jornalismo da TV e Rádio Jornal, Beatriz Ivo – “Não é por acaso que nos dão nomes. É para nos traduzir para o mundo. E o nome de Graça Araújo cumpriu a missão sob medida. Dizia muito sobre ela. Pequena de sorriso largo. Tinha uma luz que vinha da alma e transbordava para o brilho pessoal. Menina pobre e negra. Guerreou muito para quebrar a barreira secular que a história brasileira cravou em tantas outras meninas iguais. Fez do jornalismo seu milagre. Incansável na luta para mudar destinos, cobrar justiça, denunciar os que não se importam com o bem comum. Rigorosa no ofício e com ela mesma. Referência para tantos. Honrou a vida. E vai continuar nos inspirando”.

Para Geraldo Freire, o comunicador da Super Manhã, Você Sabendo de Tudo, um dos maiores admiradores e incentivadores de Graça Araújo, “Ninguém se preparou tanto para viver como Graça se preparou. Parece até que foi um erro de Deus. Uma bala doida divina pegou na nossa negona querida.”

Para se ter uma ideia da sua seriedade profissional, capacidade, destemor e imparcialidade no trabalho jornalístico que comandava na TV Jornal Meio Dia e as críticas contundentes que fazia aos governantes que prometem o céu a todos os eleitores antes das eleições e depois os abandonam nas profundezas do inferno, desassistidos, desamparados e abandonados, assistam ao vídeo abaixo feito pela equipe dessa grande profissional em 2017 sobre as enchentes que destruíram muitos municípios da Zona da Mata pernambucana por irresponsabilidades criminosas de todos os homens públicos.

Maria Gracilane Araújo da Silva, ou Graça Araújo, vai fazer muita falta ao jornalismo sério, imparcial, comprometido com os anseios da população.

“Quem tem de brilhar nessa tela é quem está do outro lado da tela.” – Graça Araújo.

Diante das enchentes de 2017 que castigaram cidades inteiras da Zona da Mata a jornalista faz um desabafo contra o governador da época Eduardo Campos que não priorizou a construção das cinco barragens prometidas em campanha.

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 04 de setembro de 2018

JARBAS LASCONCELOS CONTRADIZ JARBAS LASCONCELOS

 

 
JARBAS LASCONCELOS CONTRADIZ JARBAS LASCONCELOS

Jarbas Lasconcelos => Bode Rouco: “’Amigos’ por conveniências políticas”!

Consciência de político no Brasil é debaixo dos pés, com uma pedra de gelo em cima. Eles são acometidos da mesma percepção patológica dos piores chefões das facções criminosas, uma vez eleitos ninguém escapa aos seus instintos oportunistas, facciosos.

Há três anos o ex prefeito, ex governador, ex senador por Pernambuco e hoje deputado federal, Jarbas Lasconcelos, declarou em alto e bom tom irônico que, “ver Lapa de Ladrão sendo conduzido preso para Curitiba seria uma cena bonita, indescritível, digna de constar nos anais da História!”.

Hoje, aliado do senador petralha Humberto Costa, o vil Bode Rouco, defensor ardoroso do presidiário, parceiro e comparsa de chapa, ele dá uma banana para a Lei da Ficha Limpa que contribuiu aprová-la no parlamento e, contrariando dita lei, defende “a possibilidade do Chefão-Mor ter a candidatura registrada no TSE e disputar a eleição como presidiário!” Imagine um elemento de alta periculosidade feito Lapa de Presidiário, condenado e cumprindo pena, com mais cinco processos em curso contra ele, sendo eleito e nomear um Ministro da Justiça? Como questionou Joselito Muller em programa de entrevista a Ênio Mainardi. O país vira um puteiro inadministrável.

Toda essa falácia do candidato ao senado por Pernambuco, Jarbas Lasconcelos, comporta um oportunismo, infelizmente, inerente a todo candidato a deputado federal, senador, deputado estadual, governador: Apoiar o maior bandido e chefe de quadrilha do Brasil de todos os tempos, Lapa de Larápio, por pura conveniência política, porque as pesquisas o indicam à frente de todos os outros, sendo idolatrado por uma massa ignara, pobre, carente, analfabeta, faminta, desprovida de qualquer discernimento que ele, Lapa de Bandido, amestrou durante doze anos de desgoverno, para se perpetuar no poder, tal qual um Antônio Conselheiro de Canudos, psicopata que conduziu uma turba ignara ao suicídio coletivo, prometendo um paraíso que só existia na cabeça dele.

A despeito de já ter dado uma contribuição política singular ao país, com um histórico de realização parlamentar regular, o candidato ao senado por Pernambuco, Jarbas Lasconcelos, não precisava arreganhar tanto o furico para tentar se reeleger senador, apoiando uma seita partidária onde integra o maior número de delinquentes por metros quadrados de todos os tempos, dispostos a quaisquer atos criminosos para manter, perpetuar no poder e saquear a nação mais ainda em pró dos seus privilégios escusos.

Jarbas Lasconcelos em sessão plenária do senado em 2010 tacando o pau duro em Lapa de Presidiário:

 

 

P:S: Segundo o site O Antagonista, para justificar o voto injustificável, o ministro do STF e do TSE Edison Fachin, foi buscar uma lei de 1891 da jurisprudência da Nova Zelândia, e com a leitura carregada de sotaque português – embora seja gaúcho – para ser o único a assegurar que a Lei da Ficha Limpa é uma bosta e que Lapa de Ladrão poderia ser sim candidato, mesmo preso e, se eleito, ser empossado presodente dentro do presídio de Curitiba e de lá mesmo governar o país. A sela da cadeia da Polícia Federal seria o protótipo cabarelizado do Palácio do Jaburu, com convidados honrados feito Fernadinho Beira-Mar, Elias Maluco, Marcola, Nem, dentre outros, e os guabirus políticos presos na Operação Lava Jato: Eduardo Cunhão, André Vargas, Geddel Vieira, Antônio Paloffi, João Vaccarri…

Ao proferir o único voto contrário, o ministro parecia estar muito doidão, com sintoma de quem havia fumado um baseado estragado, misturado com cola de sapateiro, cogumelo e raspa de chifre de pai de chiqueiro, do Sertão do São Francisco.


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quinta, 30 de agosto de 2018

CRÔNICA DE UMA PAIXÃO ANUNCIADA

 

 
 
CRÔNICA DE UMA PAIXÃO ANUNCIADA


Bela paisagem do município de Gravatá

Assim que se aproximou dela pela vez primeira, apresentada por um amigo, ele pressentiu que aquela mulher teria uma enorme importância na sua vida. Sentiu que ia a amar mesmo que não houvesse correspondência entre ambos, principalmente da parte dela. Não se recordava de ter sentido algo tão penetrante, pungente, num ser feminino que lhe chamasse tanto a atenção como naquela mulher. Mesmo sabendo que ela tinha a soberana liberdade de escolha e que ele tinha de respeitar porque não lhe cabia decidir pela vontade dela. Mas a estranha vontade de amá-la permanece nele latente como uma locomotiva nos trilhos até o fim da linha. Onde existe amor e sonhos não existe tempo para começar e prazo para acabar.

Aos olhos dele ela será sempre a mulher dos seus sonhos. Nunca tinha visto nada que se comparasse com aquela pele morena, aquela boca carnuda, aquela tez brilhosa, aquela voz feminina, sensual, aqueles olhos negros, atraentes e penetrantes, aquelas mãos pequenas de dedos grossos, aqueles seios fartos e luxuosos, aquele corpo escultural, aquela bunda enorme e rígida, aquela polidez no falar, no chorar de emoção, e principalmente aquela honestidade no agir, princípio basilar da decência humana. Ele sempre ver nela essas virtudes e muito mais que o atraem perdidamente.

Por diversas vezes ele tentou dizer a ela o quanto a amava de forma clara, aberta e subliminar. O quanto ela marcou a vida dele, e que não saberia explicar-lhe a razão desse amor possesso por meio de palavras, gestos, afetos. Sabe exatamente o que sente quando a ver: O corpo estremece, os poros se lubrificam, a libido aumenta, a voz embarga, a tesão prescinde a razão e ele mata os impulsos sexuais se delirando na masturbação, imaginando ela sempre nua como veio ao mundo, dançando a dança do ventre na penumbra da lamparina na alcova, de camisola de chita transparente.

Em confissão ao amigo leal que a apresentou chegou a dizer-lhe que a amava muito, sentia um desejo estranho e inexplicável por ela mais que não podia fazer nada, pois ela é soberana nas suas vontades e decisões, uma vez que ninguém pode fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da liberdade de escolha pessoal, individual. Ao que o amigo leal respondeu que tivesse paciência, pois a qualquer momento podia chegar sua vez. Pediu para ele ficar sonhando com ela porque sonhar é bom para manter o equilíbrio e a vitalidade do cérebro.

Ao que ele respondeu:

– E quando chegar minha vez e eu já tiver viajado para a cidade “de pés juntos”, quem me substituirá nos braços dela com meus desejos e vontades?

O amigo respondeu:

– Se houver céu e os dois não forem para o “purgatório”, haverá chance. Mas o meu conselho é que você não perca tempo! Corra atrás e não desista desse amor!

Ao que ele respondeu e perguntou:

– Só pelo fato de amá-la sem tocá-la ela já faz parte da minha vida, me domina, prende! Como explicar esse sentimento que nasce de repente e a gente não controla?

Nesse momento o amigo ficou mudo, ergueu os olhos aos céus contemplando as estrelas conversando sobre os mistérios dos sentimentos, sem dar resposta à indagação.

Enquanto isso ele fitou a sereia no reservatório da praça refletindo ela nua no espelho d’ água se dirigindo para ele com os braços abertos, e ficou a pensar: Onde está ela agora, será que pensando em mim? “Oh! Juca Mulato, a dor me aquebranta quando lembro o olhar que adoro, e que nunca esquecerei!” – lamentou!


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 21 de agosto de 2018

REMINISCÊNCIAS DE UMA DAMA - MARIA LIA FARIA CAVALCANTI

 



Dona Maria Lia Faria Cavalcanti – Rio de Janeiro, 28/Fev/1944

 

Viktor Emil Frankl-(1905-1997), famoso psiquiatra austríaco, que viveu as circunstâncias mais terríveis em campo de concentração, em meio ao caos perguntava: O que diante do desespero total, após ter perdido tudo, inclusive seus parentes mais queridos, o impedia de suicidar-se? O prazer de viver, amar, solidarizar e recordar!

Lembro essa indagação de um gênio da psiquiatria que quase tirou a vida em duro golpe do destino para dar razão à existência e abrir espaço para louvar um dos livros de reminiscências mais femininos que li nesses tempos de empoderamento feminino. Não é um livro sobre a revolução feminista, evolução da cirurgia plástica para retardar e tentar enganar a maturidade, deixando a mulher andrógena, mas um livro que relembra fatos pitorescos da vida de uma Dama que vive para viver, amar, ser amada pelos filhos que para ela, acredito, são uns verdadeiros Colossos de Rodes, pela honestidade e decência com que levam e vivem a existência, os sagrados preceitos do caráter humano!

Mãe de seis gênios da modéstia, da bondade, da retidão e de tudo que é mais hierático que se encontram no caráter humano, Dona Maria Lia Faria Cavalcanti, essa matriarca quiteriana que ainda se encontra tão bonita quanto a jovem da capa do livro das memórias, apesar dos noventa e dois anos de vida bem vividos, dizer que “a velhice é uma merda”, ter orgulho dos filhos, Maria Lia le Flaguais, que mora e trabalha em Paris, mas vivi viajando; Hebe Cavalcanti, doutora em matemática; Patrícia Arruda que, mesmo elegante, vive querendo emagrecer; Isis Costa Pinto, que trocou Boa Viagem por um sítio, buscando melhor qualidade de vida; José Roberto Cavalcanti, o irreverente Zeca, bom advogado, bom pai, e um dos últimos homens felizes do planeta; e o maior jurista do Brasil, principalmente como ser humano: Dr.º José Paulo Cavalcanti Filho, o filho da cara redonda mais parecido com a mãe.

Lendo Recordar é Viver, o leitor vai se deparar com a história fascinante de Dona Zulmira, filha do seu Guimarães e de Dona Cândida, mãe de Dona Maria Lia Faria Cavalcanti. Suas reminiscências e recordações da Bahia, menina-flor-de-lis, admirando o mar e a arquitetura dos prédios soteropolitanos. A deliciosa história das Casas da Banha. As ideias geniais de Dona Zulmira na sua mania obsessiva por asseio para deixar todos os móveis do lar limpos, nos trinques. Essas e outras deliciosas recordações estão no livro de memória de Dona Maria Lia, que o leitor vai se deliciar lendo-as, histórias por historias, todas datilografadas numa OLIVETTI!!

P:S: Lançado no dia 16 de março 2018, dia em que Dona Maria Lia Faria Cavalcanti fez 92 primaveras!

Impressão: FacForm Impressos Ltda.
Rua Barão de Água Branca, n.º 521
Boa Viagem, Recife, PE, Brasil. CEP 51160-30


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 14 de agosto de 2018

JAIR BOLSONARO OU ÁLVARO DIAS?

 

JAIR BOLSONARO OU ÁLVARO DIAS?

Desde 2006 hibernando sem votar em Presidente da República, resolvi fazê-lo este ano e tornar pública minha preferência presidencial.

Não o fiz antes porque quando buscava um candidato mais ou menos confiável para presidir o Brasil só vislumbrava incerteza, insegurança, oportunismo, mau caráter, alcoólatra mental, e não um estadista de visão que pensasse no País do amanhã. O último foi Getúlio Vargas. Parecia até que a redemocratização do País havia feito um grande mal à Nação!

Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos, como afirma o pensador e maior estadista da história do século vinte, o londrino Winston Churchill.

Lapa de Ladrão havia morrido dentro de um projeto que pensei ter sonhado para o Brasil. Por isso, tive de enterrar a ilusão de ter ilusão! Nos primeiros passos do seu desgoverno já era visível um esquema de corrupção jamais visto em qualquer regime democrático do mundo. Em todos os locais estratégicos dos ministérios do país ele tinha no posto um bandido apara administrar o cofre e conduzir o mecanismo espúrio.

Sua aproximação a ditadores corruptos, tiranos, opressores, sanguinários e ladrões, tipos Fidel Castro, Nicolás Maduro, Hugo Chaves, Evo Morales, e todas as almas sebosas do mundo já dava uma dimensão de como ficaria a América Latina caso esse bandido continuasse a se perpetuar criminosamente no poder com o voto dos descerebrados que ele e seus asseclas modificaram os genes nos laboratórios neonazistas criados no Brasil: Os filhos do bolsa-família, bolsa-parasita, bolsa-descerebrado, bolsa-presidiário!…

Para não viver no mundo de zumbis onde não existe futuro e não me sentir culpado pela carnificina sem freio, resolvi dar um basta por esses anos e deixasse que os descerebrados e súditos se responsabilizassem pela catástrofe em que se encontra o Brasil atual, carente de um nacionalista-estadista-visionário que o escancare para o mundo, fazendo uma revolução neoliberal de resultado que projete o País para o futuro.

Se essa revolução vir, só vem de um presidente macho, que ama o País, tenha a coragem de modificar e endurecer as leis penais, privatizar e extinguir todas as empresas públicas, autarquias e quejandos, que são as parasitas da nação. Faça uma reforma tributária e previdenciária decentes. Coloque em cada ministério público estratégico homens e mulheres técnicos e competentes. Acabe com as regalias de presos condenados, aplicando-lhes os mesmos tratamentos prisionais americanos. Em fim, que seja um nacionalista que ame o país e o pense para o futuro, escancarando a economia para o mundo sem perder sua independência. Que deixe todos os empresários trabalharem, criarem riquezas para aqueles que procuram e não encontram empregos.

Vou dar um voto de confiança a Jair Bolsonaro! Vou mandar “a esperança venceu o medo” para a casa da puta que o pariu, depois de doze anos de hibernação!

Álvaro Dias seria uma boa opção também, ao meu ver, pela competência, capacidade de diálogo, histórico político no parlamento, conduta ilibada, moderno, defensor ardoroso das ideias neoliberais, mas, por hora, prefiro radicalizar e atirar com meu tresoitão em direção à luz do fim do túnel!… Se der em merda, mudo a direção da bala!

Quando teremos, no Brasil, um estadista tal qual D. Pedro II, que em 12/janeiro/1861, implementou, por meio de decreto, o nascimento da aplicação financeira junto à Caixa Econômica Federal, 27 anos antes da abolição da escravidão para proteger os escravos libertos da penúria e que continua até hoje como o investimento mais popular e seguro?

 

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 07 de agosto de 2018

ALMAS SEBOSAS

ALMAS SEBOSAS

Em dois mil e dezesseis, uma jovem negra, estudiosa, recebeu de presente dos pais um APHONE GALAXY 6, por ter passado no vestibular de Pedagogia de uma Universidade Pública por mérito, mesma profissão que os genitores abraçaram com amor, mesmo sabendo não serem valorizados no País onde a Educação é considerada esgoto público!

No primeiro dia que utilizou o celular ela o levou a uma festa de confraternização na casa dos amigos e o esqueceu no sanitário. Outra jovem que entrou depois o pegou, guardou e não o devolveu. E começou a utilizá-lo indiscriminadamente, até que a verdadeira dona o descobriu com quem estava porque o aparelho possuía rastreador.

A jovem, dona do celular “perdido”, procurou a jovem que estava com o celular dela e esta não lhe devolveu, argumentando o seguinte:

– Minha filha, achado não é roubado! Não devolvo de jeito nenhum! Não cometi crime de furto.

A jovem que teve o celular achado e não devolvido, sabendo com quem estava, iniciou uma campanha nas Redes Sociais – “hastag (#)” – pedindo a jovem que ficou com seu celular para devolver teve uma repercussão tão grande que alguém sensato soube do fato e chegou para a jovem que estava com o celular e disse:

– Minha filha, você vai ter que devolver o celular para a dona até o prazo de quinze dias sob pena de apropriação indébita. Não sou eu quem diz isso não! Está no “Fantástico Mundo de Bobby”, ou seja: No Código Penal Brasileiro de 1940!!!

A jovem era tão mala, mas tão mala, tão mala, que só devolveu o celular às 23h:59 min, antes de completar os dezesseis dias! Pense num espírito de porco!

Exemplo familiar, mas com o mesmo “animus necandi”: um sujeito teve de sair da casa residencial por força de uma liminar judicial até às 23h de tal dia. Mas o sujeito era tão mala, tão mala, tão seboso, que ficou na casa e usufruiu de tudo que a ex esposa havia comprado até às 23h:59 min. do dia e horas estabelecidos pela Justiça! Pense no seboso!

 

O chefão seboso filho de Caetés, agora presidiário

Tudo isso faz lembrar uma alma sebosa nascida em Caetés. Lapa de Ladrão. Lapa de Traidor. Lapa de Canalha. Lapa de Corrupto. Chefão do maior bando que assaltou os cobres públicos desta nação espoliada. Dono, proprietário da seita dos descerebrados. Presidiário em Curitiba, de onde comete crimes de lesa-pátria pior do que os maiores traficantes de droga do mundo, com emissão de ordens do presídio onde está preso para os seus comparsas pressionarem a Justiça banda podre cá fora pela sua soltura, trair seus cumpanhêros de partidos e de outros, tudo sobre sua conveniência e prazer para fuder quem está atrapalhando seus planos bandidos de ser presidente novamente!


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 31 de julho de 2018

O CANDIDATO, A MANTEÚDA E A ELEIÇÃO

 

O CANDIDATO, A MANTEÚDA E A ELEIÇÃO

Corria o ano de dois mil e dois, ano que a galera medonha se preparava em todo Brasil para eleger vereador e prefeito, dando os primeiros passos na arte de articular o mecanismo para assaltar o erário público legitimado com a outorga do eleitor.

Como já tinha tido outras experiências malfadadas de eleições passadas e já se considerava preparado para enfrentar novo desafio eleitoral, Dr.º Marcos não perdeu tempo. Filiou-se a um partido nanico, planejou a campanha e caiu em campo com garra e coragem, independente da ajuda da agremiação partidária.

Como possuía um vasto prontuário de clientes, que poderia utilizar como cadastro de contato, informando que estava atendendo na comunidade do Tururu, do Rato e Chega Mais, fazendo consultas de graça em dias diferentes, entregando remédios, fazendo exames. Por dia atendia de trina a cinquenta pacientes. E o povo era Dr. Marcos para cá, Dr.º Marcos para lá. Todo dia era uma verdadeira romaria de doentes a procurar Dr.º Marcos, e a cada pessoa atendida ele entregava seu número de candidato.

Também foi em todos os cabarés, furdunços, freges, quermesses, rela bucho do município para informar às pessoas que estava candidato a vereador. Nada escapava às suas investidas políticas, de doze a dezesseis horas de domingo a domingo.

Um mês antes das eleições era impressionante a quantidade de pessoas que o procuravam para se consultar e dispostas a trabalhar para ele como voluntária na campanha, sonhando em ver um médico de confiança na vereança do município para atender a população carente, como ele já fazia há muito sem ser vereador.

Comunidade do Tururu

No último dia antes da votação a campanha foi intensificada, e sem ajuda do partido, Dr. Marcos, crente da vitória, com recursos próprios, empenhou até o fiesta-2002 para pagar as despesas com propagandas, camisas com estampa do número dele, confecções de santinhos, pagamentos de fiscais de boca de urna, panfletagens, lanches, almoços…

Terminada a eleição, vem a apuração dos votos. Para a decepção do Dr.º Marcos, seu desempenho das urnas foi tão pífio que o papudinho Tião Cu de Cana, da Comunidade dos Milagres, teve mais voto do que ele!

Decepção geral dele e de todos que faziam parte da sua equipe. Muita gente que trabalhou com honestidade para ele chorou ao ver o resultado das urnas. Tentou-se buscar explicação dele para tal fenômeno anormal, mas ele nunca quis saber embora tivesse uma ideia do por que do fracasso.

Passadas as eleições a vida voltou ao normal para Dr. Marcos. Todo dia chegava gente no Hospital das Clínicas onde ele atendia com o mesmo profissionalismo, nos Postos de Saúde das comunidades carentes, nos Consultórios particulares…

Mas qual a causa do fracasso, do fiasco de Dr.º Marcos na eleição, um homem tão querido de todos? – Indagavam os mais chegados a ele.

Semana depois do resultado das urnas, uma romaria de pessoas leais a Dr.º Marcos e decepcionada com o resultado das urnas, veio ter uma conversa com ele e lhe explicar o motivo do fracasso colhido boca a boca das pessoas nas comunidades:

– Dr.º Marcos, todos que estamos aqui presentes viemos nos solidarizar com o senhor pelo resultado negativo das urnas que não lhe elegeu, embora tivéssemos certeza da vitória. Infelizmente o povo não votou no senhor porque o povo não suportava aquela mulher do senhor. Olhe, o senhor nos desculpe, mas aquela mulher do senhor é a pessoa mais intragável de mundo! O senhor só perdeu a eleição por causa dela – disse o emissário da comitiva, presidente da comunidade do Tururu. Eu só votei no senhor porque sou um homem de palavra, mas não podia obrigar as pessoas!

– Todo mundo que a gente consultou ficou pensando assim: Se aquela mulher de Dr.º Marcos já tem o rei na barriga, se acha as pregas de Odete sem Dr. Marcos ser vereador, imagine ele vereador? Como a gente vai ter acesso a ele com uma criatura intragável daquela ao lado dele feito piolho de cobra e chata que só o caralho?

Dr.º Marcos não disse nada. Ouviu tudo calado. Agradeceu a gentileza da visita e a honestidade de todos por dizer a verdade, mas tinha a certeza de que o fracasso das urnas era por causa da manteúda mesmo que desagradava a todo mundo! E ficava pensando na máxima do pai: Cuidado com a paixão de mulher fogosa e possessiva! Ela pode deixar você abilolado, só pensando naquilo e estragar qualquer projeto seu!

Foi o que aconteceu e a paixão dura até hoje!

* * *

 

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários sábado, 28 de julho de 2018

DONA MARIA SUCATA, O NETO E O ADVOGADO MALANDRO

 

DONA MARIA DA SUCATA, O NETO E O ADVOGADO MALANDRO

Dona Maria da Sucata é uma favelada íntegra. Tem orgulho de ser conhecida por todos por esse epíteto. Para sobreviver sai todos os dias com sua carroça à procura de latinhas de cervejas e refrigerantes, garrafas plásticas, papelão, copos descartáveis, peças de computadores, ferros velhos e outros objetos inutilizados. É uma recicladora do planeta.

Tudo que junta de ferro ou qualquer outro objeto de metal precioso já usado e considerado inútil, que se refunde para poder ser novamente utilizado, recolhe.

Dona Maria da Sucata tem um neto incapaz que é viciado em tóxico. Por ser inábil em conter sua vontade, não pode ver nada fácil que furta ou rouba, para sustentar o vício da droga. O medo dela: que ele seja executado por débito com o tráfico.

Recentemente foi preso numa boca de fumo, e desceu diretamente para o Muro das Lamentações do município de Abreu e Lima. Não houve audiência de custodia porque Dona Maria da Sucata não pôde pagar um advogado na hora e não havia defensor público para acompanhá-lo. Estavam ocupados com afazeres pessoais!

Busca aqui, busca acolá, encontrou um advogado para acompanhar o neto, mas de cara ele cobrou mil paus. Ela pagou. Ele não deu recibo do dinheiro recebido e prometeu soltar o neto dela com menos de vinte quatro horas se ela conseguisse mais mil paus.

Depois do acerto com o advogado Dona Maria da Sucata trabalhou dia e noite, quase desmaiando de fome para conseguir o dinheiro. Conseguiu juntar sucatas que valiam mais de dois mil paus, mas o dono do depósito a ludibriou e roubou-lhe uma parte no peso e só pagou a metade do valor. Mesmo assim ela aceitou e agradeceu, pois estava precisando do dinheiro para entregar ao advogado que prometera soltar o neto.

Dinheiro na mão, neto liberto – disse sarcástico!

Do depósito de sucata com o dinheiro dentro do porta seio, ela foi direto para o advogado e entregou a outra metade combinada, sem receber recibo. De posse do dinheiro o advogado disse a ela que esperasse em casa, preparasse uma feijoada para comemorar a liberdade do neto que estava solto no outro dia. Não pediu procuração do custodiado, nem cópia do CPF, RG, CTPS, nem endereço residencial, nem rol de testemunhas para preparar a defesa do indiciado. Nada!… Só quis saber do dinheiro!

Passadas duas semanas do prometido, e depois de várias idas ao Muro das Lamentações para visitar o neto, Dona Maria da Sucata descobriu que o advogado a tinha roubado, sequer visitou o neto. Quem compareceu ao ato processual designado foi um defensor público nomeado pelo juiz que, a contragosto, não abriu o bico na audiência.

Temendo pela vida do neto nas duas visitas feitas ao Inferno de Dante, ela procurou outro advogado que prometeu soltar o neto em vinte quatro horas. De cara para trabalhar no caso e entrar com o pedido de relaxamento de prisão lhe cobrou três mil paus de entrada e os outros três mil divididos em duas parcelas de mil e quinhentos.

Desconfiada com a proposta do advogado ela procurou uma vizinha que tinha sido vitima das mesmas artimanhas do jurisconsulto escroque, inclusive, forçada por ele, teve de vender uma casa que alugava para complementar a renda familiar, e o jurisperito não soltou o filho conforme havia prometido. O causídico lhe roubou tudo. Não passou recibo e o viciado continua preso à espera de um habeas corpus de Gilmar Mendes.

Desesperada e vendo a hora o neto morrer envolvido com gangues lá dentro ela recorreu a uma pessoa de bom coração, voluntaria, que conhecia um advogado muito solícito que trabalhava para uma ONG da qual ela fazia parte como voluntária também!

Sem cobrar nada de Dona Maria da Sucata, o advogado, já aposentado, comovido com o sofrimento dela e percebendo a angústia, o desespero de o neto ser morto lá dentro, juntou provas da incapacidade transitória dele, participou da primeira audiência, juntou as provas da incapacidade do neto da sucateira e requereu ao juiz exame de insanidade mental do preso que foi provado por uma junta médica nomeada pelo magistrado como incapaz, e o juiz o soltou por insuficiência de provas da materialidade do delito e por incapacidade mental do prisioneiro.

Após o neto solto e já em casa, Dona Maria da Sucata recebeu a visita de uma vizinha com o mesmo problema com o filho, informando que tinha sido procurada pelo advogado que a roubou, cobrando-lhe o mesmo valor para soltar o filho em vinte quatro horas como o havia feito com o da “velha da carroça”. E a vizinha queria saber da lisura do advogado à colega para confiar a tentativa de soltura do filho a ele.

Ao que Dona Maria da Sucata, curta e grossa, alertou e aconselhou a colega:

– Minha filha, aquilo é um ladrão descarado! Me roubou dois mil reais e não fez nada pelo meu neto. Eu não sei como a OAB mantém nos seus quadros um cabra safado desses enganando o povo desesperado! Se fosse por ele eu teria enterrado meu neto há muito tempo. Foi graça a solidariedade de um advogado de uma ONG que meu neto está comigo. Tome o telefone onde ele presta serviços voluntários e ligue.

Antes de se despedir de Dona Maria da Sucata e agradecer-lhe a orientação, o celular da vizinha toca. Ela atende. Era o advogado querendo saber se ela já estava com o dinheiro na mão para ele ir pegar e preparar a defesa do filho.


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 24 de julho de 2018

DONA MARIA DA SUCATA, O NETO E O ADVOGADO MALANDRO

 

DONA MARIA DA SUCATA, O NETO E O ADVOGADO MALANDRO

Dona Maria da Sucata é uma favelada íntegra. Tem orgulho de ser conhecida por todos por esse epíteto. Para sobreviver sai todos os dias com sua carroça à procura de latinhas de cervejas e refrigerantes, garrafas plásticas, papelão, copos descartáveis, peças de computadores, ferros velhos e outros objetos inutilizados. É uma recicladora do planeta.

Tudo que junta de ferro ou qualquer outro objeto de metal precioso já usado e considerado inútil, que se refunde para poder ser novamente utilizado, recolhe.

 

 

Dona Maria da Sucata tem um neto incapaz que é viciado em tóxico. Por ser inábil em conter sua vontade, não pode ver nada fácil que furta ou rouba, para sustentar o vício da droga. O medo dela: que ele seja executado por débito com o tráfico.

Recentemente foi preso numa boca de fumo, e desceu diretamente para o Muro das Lamentações do município de Abreu e Lima. Não houve audiência de custodia porque Dona Maria da Sucata não pôde pagar um advogado na hora e não havia defensor público para acompanhá-lo. Estavam ocupados com afazeres pessoais!

Busca aqui, busca acolá, encontrou um advogado para acompanhar o neto, mas de cara ele cobrou mil paus. Ela pagou. Ele não deu recibo do dinheiro recebido e prometeu soltar o neto dela com menos de vinte quatro horas se ela conseguisse mais mil paus.

Depois do acerto com o advogado Dona Maria da Sucata trabalhou dia e noite, quase desmaiando de fome para conseguir o dinheiro. Conseguiu juntar sucatas que valiam mais de dois mil paus, mas o dono do depósito a ludibriou e roubou-lhe uma parte no peso e só pagou a metade do valor. Mesmo assim ela aceitou e agradeceu, pois estava precisando do dinheiro para entregar ao advogado que prometera soltar o neto.

Dinheiro na mão, neto liberto – disse sarcástico!

Do depósito de sucata com o dinheiro dentro do porta seio, ela foi direto para o advogado e entregou a outra metade combinada, sem receber recibo. De posse do dinheiro o advogado disse a ela que esperasse em casa, preparasse uma feijoada para comemorar a liberdade do neto que estava solto no outro dia. Não pediu procuração do custodiado, nem cópia do CPF, RG, CTPS, nem endereço residencial, nem rol de testemunhas para preparar a defesa do indiciado. Nada!… Só quis saber do dinheiro!

Passadas duas semanas do prometido, e depois de várias idas ao Muro das Lamentações para visitar o neto, Dona Maria da Sucata descobriu que o advogado a tinha roubado, sequer visitou o neto. Quem compareceu ao ato processual designado foi um defensor público nomeado pelo juiz que, a contragosto, não abriu o bico na audiência.

Temendo pela vida do neto nas duas visitas feitas ao Inferno de Dante, ela procurou outro advogado que prometeu soltar o neto em vinte quatro horas. De cara para trabalhar no caso e entrar com o pedido de relaxamento de prisão lhe cobrou três mil paus de entrada e os outros três mil divididos em duas parcelas de mil e quinhentos.

Desconfiada com a proposta do advogado ela procurou uma vizinha que tinha sido vitima das mesmas artimanhas do jurisconsulto escroque, inclusive, forçada por ele, teve de vender uma casa que alugava para complementar a renda familiar, e o jurisperito não soltou o filho conforme havia prometido. O causídico lhe roubou tudo. Não passou recibo e o viciado continua preso à espera de um habeas corpus de Gilmar Mendes.

Desesperada e vendo a hora o neto morrer envolvido com gangues lá dentro ela recorreu a uma pessoa de bom coração, voluntaria, que conhecia um advogado muito solícito que trabalhava para uma ONG da qual ela fazia parte como voluntária também!

Sem cobrar nada de Dona Maria da Sucata, o advogado, já aposentado, comovido com o sofrimento dela e percebendo a angústia, o desespero de o neto ser morto lá dentro, juntou provas da incapacidade transitória dele, participou da primeira audiência, juntou as provas da incapacidade do neto da sucateira e requereu ao juiz exame de insanidade mental do preso que foi provado por uma junta médica nomeada pelo magistrado como incapaz, e o juiz o soltou por insuficiência de provas da materialidade do delito e por incapacidade mental do prisioneiro.

Após o neto solto e já em casa, Dona Maria da Sucata recebeu a visita de uma vizinha com o mesmo problema com o filho, informando que tinha sido procurada pelo advogado que a roubou, cobrando-lhe o mesmo valor para soltar o filho em vinte quatro horas como o havia feito com o da “velha da carroça”. E a vizinha queria saber da lisura do advogado à colega para confiar a tentativa de soltura do filho a ele.

Ao que Dona Maria da Sucata, curta e grossa, alertou e aconselhou a colega:

– Minha filha, aquilo é um ladrão descarado! Me roubou dois mil reais e não fez nada pelo meu neto. Eu não sei como a OAB mantém nos seus quadros um cabra safado desses enganando o povo desesperado! Se fosse por ele eu teria enterrado meu neto há muito tempo. Foi graça a solidariedade de um advogado de uma ONG que meu neto está comigo. Tome o telefone onde ele presta serviços voluntários e ligue.

Antes de se despedir de Dona Maria da Sucata e agradecer-lhe a orientação, o celular da vizinha toca. Ela atende. Era o advogado querendo saber se ela já estava com o dinheiro na mão para ele ir pegar e preparar a defesa do filho.


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quinta, 19 de julho de 2018

O PODER JUDICIÁRIO DE BANÂNIA

 

PODER JUDICIÁRIO DE BANÂNIA É REFÉM DE MARGINAIS

Juíza de Direito Dr.ª Tatiane Moreira Lima

Em 08/abril/2016 uma imagem chamou a atenção do mundo: Um marginal agressor de mulher manteve a Juíza de Direito Dr.ª Tatiane Moreira Lima, do Fórum do Butantã, Zona Oeste da Capital de São Paulo refém, quando adentrou ao local de trabalho dela e a derrubou no chão, chamando-a de pilantra e ameaçando queimá-la viva, colocar fogo no prédio e resistir à prisão, indignado com a sentença proferida por ela que o condenou por ter batido na companheira.

Premeditado, o marginal espancador de mulher, entrou correndo no local, com uma mochila repleta de garrafas com líquido inflamável, passando pela segurança, para tocar fogo na juíza. Antes já havia jogado coquetel molotov nos policiais de plantão.

Fosse nos Estados Unidos, país reacionário, tolerante e complacente com bandidos, nesse episódio, no mínimo, o marginal que investiu contra a magistrada sairia de lá direto para a cidade de pés juntos com um tiro na testa.

Condenado a mais de 20 anos de prisão pelo Tribunal do Júri, pela acusação de tentativa de assassinato qualificado e cárcere privado contra a juíza que, não se concretizou por um acaso da vida, o agressor, Alfredo José dos Santos, vai ser sustentado pelos contribuintes honestos pagadores de impostos. Ganhará um salário mínimo enquanto estiver preso, o Estado vai sustentar os filhos menores e, se alguma coisa acontecer-lhe na prisão, o Estado terá de ressarci-lo, ou, em caso de morte, indenizar a família!

O mais interessante nesse caso escabroso, filmado e provado, são os argumentos fajutos feitos à data do júri pelos advogados do condenado, que sustentaram a tese de que em nenhum momento ele tentou assassinar a magistrada, mesmo tendo jogado combustível por toda roupa dela, ameaçando-a acender o isqueiro, mas apenas chamar a atenção da mídia para um processo que ele se dizia inocente. Os advogados criminais são uns urubus na carniça!

Infelizmente a Constituição recepcionou essa excrecência!

Tome-se como exemplo esse caso do Petrolão, maior esquema de propina do mundo, onde a maior quadrilha que assaltou o Brasil, liderada pelo chefe-mor, Lapa de Ladrão, se diz inocente de tudo, acusa o Ministério Publico Federal, a Policia Federal e o Judiciário por perseguição, onde existem várias quadrilhas de advogados surrupiando fortunas desses larápios dos cofres públicos sendo pagos com o dinheiro roubado da Saúde, da Segurança, da Educação, do Desenvolvimento e do Progresso de Banânia.

Lamentável que tudo isso aconteça, a impunidade impera e quem paga a conta são as pessoas honestas, trabalhadoras e cumpridoras dos seus deveres, direitos e obrigações.

Esses e outros casos de terrorismo no fórum ou fora dele contra os agentes públicos que agem com respeito às leis, à ordem, colocam o Estado Democrático de Direito em risco, porque é uma violência contra a instituição permanente.

 

 

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 16 de julho de 2018

O VIADO, A SELA E O DOUTOR

 

O VIADO, A SELA E O DOUTOR

 

Déjà Vu – tataraneto de Pierre Collier

Paulinho de Zefa era um matuto apombalhado que saiu nos anos oitenta do distrito de Lagoa do Carro-PE para cursar Ciências Políticas na UFPE. Seu sonho: professor!

Como se destacava dos demais calouros por ser grandalhão, fez amizade na classe com Jeferson Fran, um rapagão falsa bandeira da capital, chegado às baladas afrangalhadas das noites do Recífilis.

Entrosado em todos os trabalhos de classe, Paulinho não desconfiava das tendências viadais de Jeferson e convidou-o para ir ao sítio dos pais para passar um final de semana em contato com a Natureza e os animais de estimação.

Jeferson adorou a ideia e num final de semana viajou com Paulinho para o sítio. Chegando lá ficou encantado com o negão Adamastor Pezão, pau para toda obra, um metro e oitenta e oito, braços grossos, beiço de gamela, botina quarenta e quatro.

Além de Pezão, Jeferson ficou com água na boca quando viu o jumento Pierre Collier, com a pica maior do que a de Polodoro, pra lá e pra cá, dura, correndo atrás das jumentas no cio. Era pai de todos os jegues e éguas que nasciam! Um gigante!

À noite, quando todo mundo estava dormindo, Jerferson, só pensando na picona de Collier, levantou-se da cama de campanha na ponta dos dedos dos pés, e, no silêncio da noite, foi direto à estrebaria onde o jumento dormia em pé.

Lá, no escuro, Jerferson, o alisou, passou a mão por todas as partes íntimas do bicho, pegou-lhe a jatumama e, não resistindo, arriou a bermuda e deixou entrar só a cabeça… Depois do coito zoofílico, correu para cama, todo ensanguentado e dolorido, andando com as pernas em forma de cangalha.

Manhanzinha, Paulinho, percebendo a ausência de Jerferson na hora do café, foi até a varanda da casa onde ele se encontrava deitado. Encontrando-o gemendo e com o oi da goiaba sangrando.

Assustado com a cena, Paulinho perguntou o que aconteceu:

– Paulinho – disfarçou Jerferson – me desculpa cara. Mas é que eu não resisti à noite, tomei a liberdade de andar de cavalo, pus a sela em Pierre Collier e, quando escanchei as pernas e fui apoiar as nádegas, sentei-me mesmo no pito da sela que entrou todinha no meu ânus e desde ontem está sangrando e doendo muito!

Assustado, Paulinho não perdeu tempo diante da situação. Pegou o opala do pai e levou Jerferson às pressas à maternidade local onde havia um clínico geral.

Assim que chegou à maternidade, Paulinho não perdeu tempo, tibungou com Jerferson no corredor e foi direto para sala de emergência.

O médico proctologista que estava de plantão, percebendo a gravidade do problema e desconfiando da sinceridade de Jerferson, perguntou-lhe:

– Como foi esse acidente, meu filho? Foi no pito da sela mesmo ou você andou fazendo traquinagem que não devia. Olhe eu vou fazer um tratamento aqui com penicilinas e óleo de peroba. Mas se não estancar a sangria eu vou ter de utilizar um antibiótico novo que chegou de Cuba aqui na Maternidade. Agora só tem um detalhe: Se você estiver mentindo o remédio vai ter um efeito colateral! Além de sofrer com insuportáveis dores, vai ter uma hemorragia letal! Portanto, é melhor contar a verdade!

Ao que Jerferson, temeroso, e desconfiado que o médico, experiente, já estava por dentro do “acidente”, confessou:

– Doutor, o senhor está certo! Eu senti uma atração irresistível pela mimosana do jumento do sítio e não perdi tempo! Foi muito bom o desejo, doutor, mas quando entrou a cabeça, eu desmaiei e só vim me acordar no outro dia todo ensanguentado com o Paulinho me chamando e perguntando o que era isso. Agora não conta nada pra ele não, visse doutor! É que eu sou viado, mas gostaria que ele não soubesse!

O médico deu um sorriso irônico no canto da boca e ficou a refletir olhando a imagem de Santo Agostinho instalada na parede da sala de plantão: Os tempos estão mudando!

PL 6621/16

Está sendo tramado na calada da noite na Câmara dos Deputados, Prostíbulo de Brasília, esse PL de autoria do senador Eunício Ladrão Oliveira, sobre o argumento de gestão, organização, processamento divisório e controle social das dez agências reguladoras de Banânia, com o fito exclusivo de roubar mais ainda todos os cidadãos honestos, decentes e trabalhadores deste país, com deliberalidade para escolher parentes até o terceiro grau para preencher cargos comissionados sem concurso público, verdadeira afronta à Súmula Vinculante n.º 13 do STF, que veda nepotismo nos três poderes. De olhos bem abertos nesses bandidos sujos, Mestre Adônis Oliveira!

Renan Ladroeiro Calheiros, Senador-PMDB-AL, e Eunicio Larápio Oliveira, Senador-PMDB-CE. Uma parelha de canalhas do caralho de Banânia.

 

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 10 de julho de 2018

JERÔNIMO DE MENDONÇA FURTADO - UM GOVERNADOR XUMBREGA

 

JERÔNIMO DE MENDONÇA FURTADO – UM GOVERNADOR XUMBREGA

 

Gravura de Olinda da época das Capitanias Hereditárias

A palavra brega tem muito a ver com o governador Jerônimo de Mendonça Furtado (Lisboa,1510; Portugal,1584), que assumiu a governança da Capitania de Pernambuco em 5 de março de 1664.

Homem raparigueiro e deslumbrado por cabaré, após ter servido nas lutas da Guerra da Restauração, conflitos de confrontos armados entre o reino de Portugal e Espanha, foi nomeado capitão-general e governador da capitania de Pernambuco, o que desagradou os pernambucanos e os olindenses por ser um estrangeiro, por isso é que, revoltados, os nativos deflagraram um dos primeiros movimentos nativistas ocorridos no Brasil Colônia, a chamada Guerra dos Mascotes.

Friedrich Hermann von Schönberg (1615-1690)

O governador Jerônimo de Mendonça Furtado era pejorativamente apelidado de xumberga ou xumbrega por seus desafetos, uma referência ao marechal alemão Friedrich van Schomberg, por usar um bigode e gostar de frequentar os lupanares e furdunços da época, o que mais tarde pode ter dado origem ao termo BREGA no Brasil.

Suas desventuras de homem chegado a um cabaré à procura de priquitos, pouco se lixando para a sua administração como governador da capitania, estão narradas pelo historiador Evaldo Cabral de Melo em sua obra “A Fronda dos Mazombos: Nobres contra Mascotes”.

O Brega é um gênero musical brasileiro comparado ao twist e às baladas de rock dos anos 1960 nos Estados Unidos. Todavia, sua definição como estética musical tem sido um tanto difícil, pois não há um ritmo musical propriamente brega. É muito usado para designar a música romântica popular de baixa qualidade, com exageros dramáticos ou ingenuidade. O samba-canção, bolero e jovem-guarda foram vinculados a esta estética, atualmente o brega envolve kizomba, zouk, funana, além do twistmodernizado que batizaram de forma aportuguesada de tecno-brega.

O brega também teve origem nas baladas românticas dos Estados Unidos, muito dos temas se originaram de canções italianas, francesas e até mesmo canções alemães. Mesmo sem terem estabelecidas características suficientemente rígidas, o termo praticamente foi alçado à condição de gênero.

Aqui, entre os artistas rotulados como bregas, não é diferente a dificuldade em torno do que seria o estilo. Como observa o jornalista José Teles, “não é exatamente a música, mas o intérprete que confere o status de brega ou não.” Alguns desses rejeitam serem representados sob o estigma da cafonice e mau gosto. Em uma entrevista em 2008, o cantor Wando afirmou sentir-se incomodado com o termo pejorativo. “Quando as pessoas falam de brega, sempre se referem a uma coisa ruim”. “Então eu brigo por isso”. Questionado sobre o assunto, Fernando Mendes disse certa vez que “brega era um lugar onde a gente ia, era um substantivo e hoje é um adjetivo com que falam mal da gente. Quando me perguntaram o que eu achava, eu disse: brega é o termo, a palavra é o nome que o invejoso usa pra criticar o vitorioso”.

Waldick Soriano diz: ”Concordar a gente não concorda. Porque brega é usado para falar de casa de prostituição. Nesses lugares, as pessoas ouvem música romântica, mas não só nos bregas. Faço música romântica. As pessoas gostam disso”. Com o tempo, porém, alguns outros artistas assumiram o termo brega. Foi o caso do cantor Reginaldo Rossi, que se auto intitulou como o Rei do Brega. Outro exemplo é, ainda que não seja consensual e conceitualmente um estilo, o próprio surgimento das vertentes paraenses brega pop e tecno brega, que indicam que seus artistas assumem-se de alguma forma ou de outra como bregas.

Brega, segundo o cantor Falcão, é aquela música romântica simples, que toca no coração do povo musicalmente falando, com letras, no início, exageradamente doloridas, carregadas, dramáticas, chifrais, corníferas, que deixam o sujeito mais manso, conformado e antenado, com as emoções captando as dores de amores sem sofrência!

* * *

KIBELOCO CONFIRMA POR QUE O BRASIL PERDEU A COPA: KKKKKKKKKKKKKK!!

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Música Tortura de Amor. Segundo o historiador musical e biógrafo Paulo César de Araújo, foi a mais bela canção romântica da época da dita-dura composta por Waldick Soriano, alcunhada pejorativamente de “brega”.

 

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 02 de julho de 2018

O BRASIL QUE EU QUERO

 

O Brasil que eu quero para o futuro é o Brasil que o lema Ordem e Progresso seja respeitado e amado

O Brasil que eu quero para o futuro é o Brasil onde o Poder Judiciário – talvez o menos corruptos dos três poderes – não deixe ser desmoralizado, avacalhado. Cuide da Constituição, das leis e da sociedade, respeitando-as e livrando-as integralmente das manobras escusas e inescrupulosas dos poderosos do andar de cima. Condenando e colocando na cadeia todos os corruptos, delinquentes e bandidos sujos de colarinhos brancos responsáveis por assaltarem e roubarem a Nação!

O Brasil que eu quero para o futuro é o Brasil onde o habeas corpus, tão exaltado pelo saudoso jurista Rui Barbosa como um remédio constitucional que assegura a liberdade de ir e vir de condenados e presos, não seja uma panaceia libertária para ricos e poderosos, assaltantes e bandidos sujos, como ocorre hoje em dia com o presidente, os deputados federais, os senadores, deputados estaduais e grandes empresários ladrões que roubam a nação e, com o dinheiro roubado da nação honesta pagam grandes escritórios de advocacias, verdadeiras máfias inescrupulosas, para se livrarem da cadeia.

O Brasil que eu quero para o futuro não é o Brasil gigolô, onde quatros ministros do Supremo Tribunal Federal estupram a Constituição à vista de todos os brasileiros, jogam bosta no ventilador do plenário e transforma a Corte Constitucional num Prostíbulo sem alvará de funcionamento.

O Brasil que eu quero para o futuro é o Brasil onde todos os Direitos Sociais sejam cumpridos na sua integralidade como estão previstos na Constituição Cidadã a todos os homens e mulheres honestos e trabalhadores deste País.

O Brasil que eu quero para o futuro é o Brasil que a saúde, a segurança, a educação, o transporte coletivo, o progresso, o desenvolvimento, que são direitos de todos e dever do Estado, sejam respeitados!

O Brasil que eu quero para o futuro é o Brasil que extirpe todos os cargos de prefeitos, vice, vereadores, suplentes; todos os tribunais de conta no âmbito da União, dos estados e dos municípios; todas as empresas públicas diretas, indiretas, mistas; autarquias, fundações e outras criadas com esse mesmo objetivo escuso para surrupiarem o dinheiro da nação.

O Brasil que eu quero para o futuro é o Brasil que se comprometa com uma Reforma Fiscal para o país voltar a crescer, desenvolver, gerar empregos, pois sem uma reforma fiscal decente não há investimentos do capital privado!

O Brasil que eu quero para o futuro é o Brasil do tamanho mínimo possível para o cidadão não se tornar servo dele, como defendia o genial economista Roberto Campos, pois, segundo ele, o princípio axiológico do capitalismo é que o homem é dono de seu corpo e do produto de suas faculdades e só pode ser privado do produto dessas faculdades por consenso, contrato, ou pela aceitação de tributos sujeitos ao crivo da representação democrática. Já o socialismo parte do princípio de que o homem é proprietário de seu corpo, mas não é proprietário do uso de suas faculdades. Esse produto pode — e deve — ser redistribuído segundo determinados critérios ideológicos e políticos para alcançar algo definido como justiça social. O resultado é que não se otimiza o esforço produtivo, e é por isso que toda a tragédia do socialismo é, no fundo, a sub otimização do esforço produtivo.

O Brasil que eu quero para o futuro é o Brasil onde a empresa privada deixe de ser controlada pelo governo, e a empresa pública deixe de existir, porque não há controle sobre ela! A Petrossauro é um exemplo universal de assalto à Nação!

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ORLANDO TEJO

“Não morre aquele que deixou na terra a melodia de seu cântico na música de seus versos.”

Cora Coralina

 

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 26 de junho de 2018

ASSIS VALENTE - UM COMPOSITOR DE GÊNIO PERTURBADO

 

 

José de Assis Valente nasceu no dia 19 de março de 1911 no distrito de Bom Jardim, Santo Amaro-BA – há controvérsia -, município do Recôncavo baiano e encantou-se em 1958, tomando formicida com guaraná sentado no banco de Rua no Rio de Janeiro. Ficou conhecido no meio artístico como Assis Valente, compositor genial, dono de uma extraordinária versatilidade para compor clássicos acessíveis, desenhar e fazer escultura.

Tornou-se conhecido por compor diversos sucessos para Aracy Cortez, o Bando da Lua, Orlando Silva, Altamiro Carrilho, Aracy de Almeida, Carlos Galhardo e Carmen Miranda, para quem compôs inúmeros sucessos e por quem nutria uma tesão e paixão arrebatadora. Além da canção Brasil Pandeiro, samba exaltação recusada à época por ela, mas depois se tornou um imenso sucesso com os Anjos do Inferno, conjunto vocal instrumental brasileiro de samba e marchinhas de carnaval formado em 1934, e principalmente com os Novos Baianos, conjunto musical brasileiro, nascido na Bahia na época da Tropicália, atingindo seu auge entre os anos 1969 e 1979, por mesclar guitarra elétrica, baixo e bateria com cavaquinho, chocalho, pandeiro e agogô. Formado por Moraes Moreira, Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor, Dadi e Luiz Galvão. Carmem Miranda veio a se arrepender depois por não ter gravado Brasil Pandeiro, que alcançou enorme sucesso na voz dos Novos Baianos, gravada no segundo Long Play do conjunto Acabou Chorare, de 1972.

Assis Valente era filho de José de Assis Valente e Maria Esteves Valente. Segundo relato da época, fora roubado dos pais ainda pequeno, sendo depois entregue a uma família de Santo Amaro que lhe deu educação, ao mesmo tempo em que o forçava a trabalhar, algo extenuante, semiescravidão para ele.

Quando tinha seis anos, houve nova mudança na vida, passando a ser criado por um casal de Alagoinhas, Georgina e Manoel Cana Brasil, dentista naquela cidade. Assis Valente realizava trabalhos domésticos a contragosto, mas com a mudança do casal para a capital baiana, logo conseguiu trabalho no Hospital Santa Izabel e, por suas habilidades, acabou sendo contratado pelo médico irmão de seu pai adotivo, que dirigia a Maternidade da Bahia. Ali demonstrou talento para as artes e foi matriculado pelos criadores no Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, a fim de aprimorar-se no desenho e em escultura, dividindo seu tempo entre o trabalho e o estudo.

Por esta época, foi convidado por um padre para trabalhar num hospital católico na interiorana cidade de Senhor do Bonfim, mas ao declamar versos anticlericais do poeta Guerra Junqueiro, político e panfletário da escola nova, numa festa popular, foi demitido. Juntou-se, então, ao Circo Brasileiro, onde declamava versos de grandes poetas de improviso, que encantava a todos que estivessem presentes, admirados com seu talento precoce!

Em 1927 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se empregou como protético e conseguiu publicar alguns desenhos em magazines como Shimmy e Fon-Fon, revistas brasileiras fundadas no Rio de Janeiro no ano de 1907.

Em função de uma dívida cobrada por Elvira Pagã, atriz, cantora, compositora e vedete brasileira da época, Assis Valente tentou o suicídio pela primeira vez, cortando os pulsos. Elvira cantara alguns de seus sucessos junto com a irmã.

Casou-se, em 23 de dezembro de 1939, com Nadyli da Silva Santos. Em 1941, no dia 13 de maio, tentaria o suicídio mais uma vez, saltando do Corcovado – tentativa frustrada por haver a queda sido amortecida pelas árvores. Em 1942 nasce sua única filha, Nara Nadyli, depois se separa da esposa devido à vida pregressa que levava!

Em 1958, desesperado com as dívidas, Assis Valente foi ao escritório de direitos autorais, na esperança de conseguir dinheiro. Ali só conseguiu um calmante. Telefonou aos empregados, instruindo-os no caso de sua morte, e depois para dois amigos, comunicando sua decisão.

Sentado num banco de rua ingeriu formicida com guaraná, deixando no bolso um bilhete à polícia, onde pedia ao também compositor e amigo Ary Barroso que lhe pagasse dois alugueis em atraso. No bilhete, o último verso:

“Vou parar de escrever, pois estou chorando de saudade de todos, e de tudo.”

Seu trabalho foi um dos mais profícuos na música, constando que chegava a compor quase uma canção por dia, muitas delas vendidas a baixos preços para os comprositores, que então figuravam como autores.

Seu primeiro sucesso de 1932 foi Tem Francesa no Morro, cantado por Aracy Cortez.

Foi autor, também, de peças para o Teatro de Revista, como “Rei Momo na Guerra”, de 1943, em parceria com Freire Júnior.

Após sua morte, foi sendo esquecido, para ser finalmente redescoberto nos anos 1960, na voz de grandes intérpretes da MPB, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Novos Baianos, Elis Regina, Adriana Calcanhoto, dentre outros.

Suas canções foram muitas vezes regravadas, mesmo depois de sua morte, atingindo sucessivas gerações, no Brasil. Suas composições trazem um conteúdo poético sutil, que buscam emocionar; outras com um teor mais reflexivo. Exemplo:

Já faz tempo que eu pedi
Mas o meu Papai Noel não vem.
Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem.

De: Boas Festas.

Infelizmente, a vida é mesmo assim desde que o mundo é mundo!

 

 

 

Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 12 de junho de 2018

AS COISAS MUDAM: O LULA DE HOJE E O DE ONTEM

 

No primeiro ano do seu mandato como presidente da República Federativa de Banânia, Lapa de Ladrão, apoiado por seu consultor jurídico malandrão e ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, sancionou uma lei que se tornaria, 15 anos depois de sua publicação, uma das suas maiores dores de cabeça em seu embate contra a operação Lava Jato.

O feitiço virou contra o feiticeiro, e este levou no furico!

Mal sabia Lapa de Prisioneiro que, quinze anos depois de ser sancionada e publicada no D.O.U em 13.11.2003, a Lei 10.763/2003, com apenas quatro parágrafos, que alterou pontos do vetusto, inútil e obsceno Código Penal de 1941 sobre crime do colarinho branco endurecendo, ainda mais, a punição para o crime de corrupção, cuja pena máxima, passou de 8 anos para 12 de prisão, iria condená-lo a cagar, por 12 anos e 1 mês no boi de Curitiba, isso se o ministro do Supremo Tribunal de Favores, Gilmar Psicopata Mendes, não lhe conceder um habeas corpus ex officio.

A regra criada naquela época contribuiu para ampliar a punição imposta a Lapa de Larápio no caso do Tríplex do Guarujá pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, que julga os casos da Lava Jato na segunda instância. A pena por corrupção e lavagem de dinheiro foi aumentada de 9 anos e 6 meses, aplicada pelo juiz Sérgio Moro, para 12 anos e 1 mês de prisão, em regime inicial merecidamente fechado!

Outro parágrafo da referida lei promete causar ainda mais transtorno merecidamente justo a Lapa de Bandido: o que condiciona a progressão de regime à “devolução do produto ilícito praticado”, que Lapa de Enganador e seus asseclas roubaram da Saúde, da Educação, da Segurança e do Desenvolvimento da Nação!

Caso não reverta sua condenação ou sua prisão nos tribunais superiores, o presidiário só poderá passar ao regime semiaberto, após cumprir dois anos em regime fechado, e se já tiver pagado a indenização imposta pelo TRF-4, em R$ 13,7 milhões, com juros e correção monetária…

O veto à progressão de regime caso não sejam devolvidos os valores desviados já vem impedindo que condenados da operação passem para o semiaberto na Lava Jato.

No caso de Lapa de Canalha, o fato de ele ter sido o presidente a sancionar a lei que hoje se tornou um obstáculo em seu caso é uma “fatalidade natural e legal”, na opinião do tabacudo coordenador de pós-graduação em Direito Penal Econômico do Instituto de Direito Público de São Paulo, Fernando Debiloide Castelo Branco.

Segundo ele, “Temos um processo legislativo em que o Congresso vota, decide e o presidente da República promulga (promulga?)”, diz o especialista em tolêtes penais. “Na condição de presidente, ele seguiu esse processo legislativo outorgando a eficácia para essa legislação.” “Infelizmente, tomou no cu” – finalizou o especialista bananeiro.

Também foi Lapa de Quadrilheiro quem sancionou a Lei da Ficha Limpa, em 2010, que se tornou hoje outro entrave em sua trajetória. A legislação barra candidaturas de condenados em segunda instância, como ele, e foi aprovada no Congresso após um projeto via iniciativa popular, com mais de 1,6 milhão de assinaturas.

Ainda na área judicial, Lapa de Ladrão se fudeu ao dar assinatura final, no início de seu governo, em legislação que prevê a emissão anual de um atestado de cumprimento de pena aos presos, o que beneficia os detentos.

O certo é que Lapa de Corrupto está fudido até o cuzinho, e vem mais cuzanças por aí com a condenação do Sítio de Atibaia, com o juiz Sérgio Moro se preparando para sentenciá-lo com uma sentença pajaraca botando até o tronco no rabo dele!

Segundo o romancista Érico Veríssimo: existe um senhor que não mente nunca para quem faz merda na vida e sofre as consequências! Quem faz aqui; paga aqui: O Tempo! E o Tempo mostrou quem é Lapa de Prisioneiro: Um bandido Psicopata!

Íntegra da Lei que fudeu Lapa de Bandido, sancionada por ele. Vale salientar que a roubalheira e os saques criminosos aos cofres públicos ainda não haviam começado!…

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI No 10.763, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2003.

Acrescenta artigo ao Código Penal e modifica a pena cominada aos crimes de corrupção ativa e passiva.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o O art. 33 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, passa a vigorar acrescido do seguinte § 4o:
“Art. 33. ………………………………………………..
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.” (NR)

Art. 2o O art. 317 do Decreto-Lei no 2.848, de 1940 – Código Penal, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 317. ………………………………………………..
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.” (NR)

Art. 3o O art. 333 do Decreto-Lei no 2.848, de 1940 – Código Penal, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 333 ………………………………………………..
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.” (NR)

Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 12 de novembro de 2003; 182.o da Independência e 115.o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Márcio Thomaz Bastos
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 13.11.2003.

 

 

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quinta, 07 de junho de 2018

EXEMPLO DE POBREZA E HONESTIDADE NO BRASIL

Essa história aconteceu em Santo Antônio da Platina, no norte do Paraná, e viralizou na internet depois que o eletricista funcionário da Companhia Paranaense de Energia (Copel), João Cândido da Silva Neto, 57 anos, relatou em sua página do Feissibuqui, que foi até a casa de uma família de baixa renda cortar a luz por falta de pagamento. Fazer o que ele chama de “atividade desagradável”. Contou que foi procurado por uma criança que lhe pediu um R$ 1, mas como ele não tinha no bolso R$.1,00 real, abriu a carteira e deu de cara com R$ 5,00. Deu ao menino e lhe pediu para dividir com os dois irmãos. Para sua surpresa quando retornou para fazer a religação da energia, à tarde, da casa torta de madeira, a criança esperava-o e devolveu os R$ 2,00 reais de troco!! “Ainda bem que o senhor voltou para eu entregar o troco” – disse a criança a um homem emocionado!

“Naquele instante, ao me devolver os R$ 2,00 reais “Geninho” (nome fictício dado à criança pelo eletricista), estava me mostrando o maior exemplo de honestidade e responsabilidade que eu já tinha visto na vida”, relatou emocionado o trabalhador.

Após a repercussão da história nas redes sociais, que já alcançou mais de 100 mil compartilhamentos, muita gente está mandando mensagens para João Cândido dizendo que quer ajudar a família. Por isso, ele fez uma nova visita à casa do menino e contou por que voltou a se emocionar novamente.

Segundo João Cândido, “o pai da criança disse que não precisava levar nada para eles não, porque tem gente que precisa mais do que a gente!”

Mas, segundo João Cândido, a situação da família é complicada, já que o casal está desempregado. “Não são só duas contas de luz atrasadas”, explicou. O pai tem problemas cardíacos e não pode fazer muito esforço, e a mãe também está doente, conforme o eletricista.

De acordo com João Cândido, funcionários da Copel que fazem voluntariado estão verificando uma forma de organizar as doações para que cheguem até a família. “Eu estou muito feliz, estou transbordando de felicidade!”, comemorou o eletricista que também faz trabalho voluntário e escreve contos e crônicas de fatos do dia a dia.

No encontro que houve, ele disse que conheceu melhor a família e, diferente do que escreveu no Feissibuqui, informou que o casal tem três filhos, uma menina e dois meninos, todos estudando. No dia em que ele foi até lá para cortar a energia, estavam na casa o menino, o irmão e a irmã. Além disso, o nome do menino é fictício, para preservar a família.

O resto dessa história comovente, dada por uma criança de nove anos, deveria servir como exemplo a todos esses políticos, presidentes, juízes, desembargadores e, principalmente, ministros do Supremo Tribunal de Favores mau caráteres e ladrões que envergonham o País, tipo Gilmar Mendes, que merecia um busca pé no rabo para subir ao quinto dos infernos, ou fuzilado em praça pública com a plateia assistindo feliz!

Vale apenas assistir o vídeo e se emocionar com uma história de honestidade e dignidade vinda de uma criança filha de pais humildes!

 

 

* * *

EXEMPLO DE CAPITALISMO DE OPORTUNIDADES NOS ESTADOS UNIDOS

O estudante negro Corey Patrick da cidade de Tarrant, Estados Unidos, ganhou um carro de presente do radialista negro da cidade local, Rickey Smiley, após ser fotografado indo à sua formatura na escola Tarrant High School quando estava em seu último ano do curso.

Segundo Felicia White, mãe do rapaz, ao canal WBRC, a família teve de se mudar e ficou morando a 16 quilômetros da escola do estudante, o que obrigava o jovem adolescente se levantar às 4h30mim da madrugada para chegar ao ponto do ônibus às 5h41mim. Na volta, ele tinha de esperar até às 17h19mim, quando o ônibus retornava. Esse trajeto consumia para Corey

Patrick uma hora e meia. E ele nunca farrapou.

Registre-se: Apesar do caminho deserto a caminhar, Patrick nunca foi assaltado!!

Corey Patrick teve de repetir esse mesmo procedimento durante um ano. Foi num desses momentos que ele foi fotografado por um desconhecido indo para o ponto de ônibus vestido da beca da formatura. A imagem viralizou e chamou a atenção do radialista Rickey Smiley da comunidade que, sensibilizado e comovido com a dedicação e perseverança do rapaz, lhe deu um carro de presente.

Esse é o tipo de exemplo que vem do maior país capitalista reacionário do mundo, odiado por todos os esquerdoides e descerebrados de Banânia, mas morrem de inveja por não estarem lá!

 

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 29 de maio de 2018

MINISTRO DO STF É CONTRÁRIO À PRISÃO DO LADRÃO-MOR

 

Em meado de janeiro de 2018, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio de Mello Seboso, no dizer do colunista fubânico Altamir Pinheiro, sempre voto vencido nas decisões em ADC, ADPF, ADIn, Repercussão Geral e outras ações relevantes só julgadas pela Corte Constitucional, propôs a não prisão de Lapa de Corrupto, insinuando que a 8.ª Turma do TRF-4 cedesse à chantagem dos grupos extremistas dos Brecker Brothers, MSTs, MTSTs e outros bandos de terroristas petistas e similares de Banânia, que se propunham a desobedecer à ordem judicial contra a prisão de Lapa de Ladrão, o chefe-mor da máfia que assaltou o país.

O ministro Marco Aurélio de Mello Seboso, desmoralizado por uma liminar não cumprida pelo mafioso Renan Calheiro, de forma irresponsável e inconsequente, atitude típica de um ministro subserviente e canalha, sem moral, disse à data que a prisão de Lapa de Bandido pela 8.ª Turma do TRF-4 “poderia incendiar o país”. O ministro (?) afirmou que se tinha de preservar a paz social cedendo à chantagem de grupos terroristas que propunham a desobediência à ordem judicial,  especialmente com uso de violência.

Segundo comentava-se à data, e isso era motivo de preocupação do irresponsável ministro Marco Aurélio de Mello Seboso, o “general” João Pedro Stédile prometeu colocar seu “exército” à disposição do grande chefão. “Aqui vai um recado para dona Polícia Federal e para o Poder Judiciário: não pensem que vocês mandam no país. Nós, dos movimentos populares não aceitaremos de forma alguma e, impediremos com tudo que for possível, que o companheiro Lula seja preso!”, ameaçou dias antes da prisão.

Promessa semelhante tinha sido feita ainda na quarta-feira por Guilherme Boulos, o terrorista e explorador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, durante ato em São Paulo.

Ninguém duvida do potencial criminoso do MST, do MTST e de outros grupos, demonstrado em inúmeras ocasiões Brasil afora. Mas, quando Marco Aurélio de Mello Seboso cagou esses tolêtes grossos à imprensa, tipo de afirmações inconsequentes e irresponsáveis, admitiu implicitamente a incapacidade de o Estado brasileiro fazer cumprir as leis, ou, no mínimo que, em certas ocasiões é melhor não fazê-las cumprir. Isso seria a mais pura rendição à chantagem de criminosos; estaríamos em uma anomia em que são os “movimentos sociais escusos” que dão as cartas. Difícil acreditar que um ministro da mais alta Corte tenha cagado esses tolêtes grossos. O caminho correto é a responsabilização de quem prega a desobediência à Justiça e uma ação firme das forças de segurança caso haja quem esteja disposto a empregar a violência para impedir o cumprimento de uma decisão judicial, no Estado Democrático de Direito, e não se curvar a ela.

Afinal, o Estado existe para quê?

A capitulação do ministro Marco Aurélio de Mello Seboso diante dos movimentos sociais terroristas é ainda mais incompreensível porque é ilusório crer que a população sairia às ruas para impedir o cumprimento de uma eventual ordem judicial para que Lapa de Ladrão não fosse preso. Se alguém resolvesse se colocar no caminho da Justiça, seriam apenas os petistas e as entidades de descerebrados por eles comandadas, e que contam com o repúdio da maioria dos brasileiros honestos, decentes e honrados, que hoje sofre na pele, no sangue, no osso, na carne, o desmando daquele bandido-mor!

Um ministro irresponsável que concedeu habeas corpus para colocar em liberdade um dos maiores assassinos de alugueres do Pará, Regivaldo Pereira Galvão, conhecido pela alcunha de “Taradão”, responsável pelo assassinato da Missionária Americana Dorothy Mae Stang, condenado pelo Tribunal do Júri daquele estado a 30 anos de prisão, não tem respeito nenhum pelo sofrimento humano e pela Justiça que diz representar.

O certo é que Lapa de Ladrão está preso, por ordem do Juiz Sérgio Moro, o verdadeiro Herói Nacional, há dois meses, cagando no boi de Curitiba, cheio de chanha nos ovos, piolhos e carrapatos nos pentelhos, frieira entre os dedos, sebo na cabeça da bimba, e tendo por diversão assistir às festas e estripulias dos ratos, baratas, grilos, escorpiões e outros insetos passeando no chão e paredes da cadeia, tentando a todo custo procurar o butico dele para enfiar o ferrão, e o Brasil e os brasileiros continuam firmes e fortes sem lembrar que esse vírus contagioso chamado Lapa de Bandido existe e vai estar isolado no Complexo Médico Penal de Pinhais.

Carga Pesada

Curiosamente, no dia 28 de maio de 2004, há praticamente 14 anos, ia ao ar um episódio do seriado da TV GLOBO, Carga Pesada, estrelado por Antônio Fagundes (Pedro) e Stênio Garcia (Bino) em que a dupla é responsável por mobilizar um bloqueio numa estrada esburacada sem condições de tráfego, clamando pelos direitos de melhorias.

Uma equipe de reportagem aparece de helicóptero para entrevistar Pedro, o líder da manifestação. Neste momento, o caos se instaura e um grupo liderado por um motorista revoltado com uma barra de ferro se aproxima dos apoiadores da paralisação.

Bino resolve mudar de lado e sobe em um caminhão para fazer um discurso de conciliação com os motoristas, cidadãos e cidadãs de bens que estão sofrendo com a paralisação, ressaltando a necessidade das reinvindicações dos colegas de estrada, buscando compreender a ira dos que estão afetados pelo bloqueio necessário.

Mera coincidência?

Há mais de oito dias o Brasil vive o caos com a greve dos caminhoneiros, que tem afetado direta e indiretamente todos os serviços essenciais. O Brasil virou um caos, um prostíbulo mal administrado! Está acéfalo! O governo federal não abre mãos nos assaltos dos CIDE, PIS, COFINS; os estados, dos ICMS. Enquanto isso o povo fica feito bosta n’água, para frente e para trás feito coro de pica e sem poder gozar!

De Carga Pesada para cá o Brasil, vergonhosamente, piorou, tornou-se mais escroto, escroque, trapaceiro, embusteiro, impostor; e os políticos, mais ladrões!

 

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 22 de maio de 2018

PAULO FRANCIS, O POLEMISTA QUE FAZ FALTA NO BRASIL

 

Nascido no Estado do Rio de Janeiro no dia 02 de setembro de 1930, Franz Paul Trannin da Motta Heilborn, adotou o pseudônimo de Paulo Francis, por sugestão, à época, 1957, do ator, poeta, teatrólogo e diplomata Pascoal Carlos Magno, e com ele criou fama de polemista e provocador, na carreira de jornalista, crítico de teatro, diretor e escritor. Também escreveu para jornais, como Ultima Hora, O Pasquim, O Estado de São Paulo, A Folha de São Paulo, onde, durante muito tempo manteve a coluna O Diário da Corte, onde expunha suas opiniões com clareza, ironia, deboche e sarcasmo.

Com sua experiência de diretor, Paulo Francis notabilizou-se, em primeiro lugar, como crítico de teatro do Diário Carioca, entre 1957 e 1963, quando intentou realizar uma crítica de teatro que, longe de simplesmente fazer a promoção pessoal das estrelas do momento, buscava entender os textos teatrais do repertório clássico para realizar montagens que fossem não apenas espetáculos, mas atos culturais – nas suas próprias palavras, “buscar em cena um equivalente da unidade e totalidade de expressão que um texto, idealmente, nos dá em leitura […] a unidade e totalidade de expressões literárias”. Seu papel como crítico, à época, foi extremamente importante.

Paulo Francis foi o centro de diversas polêmicas e disensão. Dizia que a ferocidade que seria a marca registrada de seus textos nasceu na infância. Aos 7 anos foi arrancado dos braços da mãe e atirado às feras de um internato na ilha de Paquetá. Atribuía todo o sarcasmo e agressividade a essa brutal separação, contou ao jornalista José Castello, colunista da Folha de São Paulo à época.

Ficou famoso o ataque – que ele mesmo classificaria mais tarde de “mesquinho, deliberadamente cruel” – à atriz Tônia Carrero que, por havê-lo acusado de “sofrer do fígado” e ser “sexy” – na gíria da época, homossexual – foi por ele acusada de haver-se prostituído e de mercadejar fotos de si mesma despida. Foi por isso agredido fisicamente duas vezes – pelo então marido da atriz, Adolfo Celi, e pelo colega de Tônia no Teatro Brasileiro de Comédia, Paulo Autran.

Em 1983, a sexualidade de Paulo Francis foi, mais uma vez, alvo de ataques e de insinuações. Ele criticou a entrevista que Caetano Veloso fizera com Mick Jagger, alegando que o roqueiro inglês zombou do entrevistador. Caetano respondeu, dizendo que Francis era uma “bicha amarga” e uma “boneca travada”.

No final da década de 1970, Paulo Francis lançou-se como romancista, tentando fazer uma crítica geral da sociedade brasileira através dos seus romances Cabeça de Papel (1977) e Cabeça de Negro (1979). Para essa crítica por meio da literatura, Francis aproveitou suas experiências pessoais dentro da elite cultural e social do Brasil e principalmente do Rio de Janeiro.

Os dois romances são uma tentativa de retratar os meios jornalísticos e da boemia carioca dos anos 1960 e 1970, através do uso de um alter ego, que atua como narrador em primeira pessoa, num estilo subjetivo, à maneira já consagrada na ficção moderna por James Joyce e Marcel Proust; por outro lado, esta representação subjetiva, própria da literatura de elite, busca uma concessão ao interesse do leitor médio, ajustando-se, no entender de muitos, como o amigo de Francis, o cartunista Ziraldo mal a um enredo de thriller de espionagem sofisticado, à maneira de Graham Greene e John Le Carré.

Paulo Francis engajou-se na literatura de ficção com sua costumeira autossuficiência. Ele declarou, em entrevista ao Jornal do Brasil, que no Brasil só se fariam dois tipos de literatura: o registro de sensações e as reflexões existenciais de uma mulher intelectualizada, Clarice Lispector, ou as desventuras do povo oprimido pela elite do regionalismo de Jorge Amado, e que a ele caberia a tarefa de produzir uma literatura romanesca centrada não nos oprimidos de classe ou gênero, mas nas elites.

Seja como for, Paulo Francis admitiria logo depois, em seu livro de memórias, O Afeto que se encerra (1980), que contava que o sucesso como escritor lhe garantisse recursos materiais suficientes para abandonar o jornalismo diário, mas vergou-se ao fracasso comercial dos livros, incluindo as duas novelas reunidas no volume Filhas do Segundo Sexo, de (1982), em que havia feito uma tentativa de tematizar a emancipação da mulher de classe média no Brasil da época, através de uma ficção sem muitos recursos formais, semelhante à do cronista José Carlos Oliveira, muito popular na época.

Para marcar a virada de Francis, a melhor referência é o economista Roberto Campos, seu alvo de crítica por dez anos, não faltando sequer insultos. Até que, em fevereiro de 1985, tudo mudou, na coluna “O guerreiro Roberto Campos”. Dizendo que o economista “melhorara horrores, em pessoa”, ele se desculpou: “Escrevi coisas brutais sobre Campos. São erradas. Retiro-as”. E acrescentou: “Cheguei à conclusão de que capitalismo num país rico é opcional. Num país pobre, no tipo de economia inter-relacionada de hoje, a suposta saída que se propõe no Brasil de o Estado assumir e administrar leva à perpetuação do atraso e do patrimonialismo”.

O fim do regime militar, em 1985, colocou Paulo Francis numa situação similar a outros membros da elite intelectual brasileira que haviam militado na “resistência” à ditadura: se o fim do regime ditatorial atendia às suas aspirações políticas e intelectuais, ao mesmo tempo sentiam-se dominados por um desencanto com um crescente plebeísmo dos costumes políticos brasileiros, combinado a uma consciência cada vez mais clara da incompetência e a corrupção dos governantes na Nova República. Tal desencanto tomaria a forma de rejeição especialmente com o Partido dos Trabalhadores.

Essa rejeição suscitaria um de seus artigos atacando o PT que teve grande repercussão e provocou, entre várias reações, uma resposta de Caio Túlio Costa, então ombudsman da Folha de S. Paulo. A tréplica gerou grande polêmica, sendo a possível causa de sua mudança da Folha de S. Paulo para o jornal O Estado de S. Paulo.

Em 1981, tornou-se comentarista televisivo das Organizações Globo – uma virada emblemática para quem havia acusado Roberto Marinho em 1971 de ter provocado o seu banimento do país durante uma de suas prisões, em um artigo n’O Pasquim, intitulado “Um homem chamado porcaria”, no qual dizia ser “caso de polícia que seu poder continue em expansão”. Estreou em 1981, como comentarista de política internacional. No mesmo ano, também foi o comentarista do Jornal da Globo, falando sobre política e atualidades. De Nova York, Francis também entrava no Jornal Nacional, emitindo opiniões sobre política internacional e cultura. Em 1995, dividiu com Joelmir Beting e Arnaldo Jabor uma coluna de opinião.

A partir de 1993, ao lado de Lucas Mendes, Caio Blinder e Nelson Motta, Francis fez parte do programa Manhattan Connection, então transmitido pelo canal pago GNT. A partir de junho de 1996, passou a trabalhar na Globo News entrevistando personalidades internacionais como o economista John Kenneth Galbraith.

Em inícios de 1997, durante o programa Manhattan Connection, Francis propôs a privatização da Petrobras – então presidida por Joel Rennó, e acusou os diretores da estatal de possuírem US$50 milhões em contas na Suíça – acusação pela qual foi processado na justiça norte-americana, sob alegação da Petrobras de que o programa seria transmitido nos Estados Unidos para assinantes brasileiros de TV por assinatura.

Amigos fizeram o possível para livrar o jornalista da guerra judicial. Chegaram a apelar ao então presidente Fernando Henrique Cardoso, que tentou, em vão, convencer os diretores da Petrobras a desistir da ação.

Na época, o comentarista da Globo estaria abalado emocionalmente por ser réu no processo cuja indenização exigida era de 100 milhões de dólares. Segundo seu amigo pessoal, o escritor Elio Gaspari, o processo ocupou um espaço surpreendente na alma de Francis. Tomou o lugar não apenas do sono, mas também dos seus prazeres da música e da leitura. Diogo Mainardi, pupilo de Francis, foi mais enfático: sugeriu que a pressão psicológica do processo pode ter contribuído para o futuro infarto fulminante do jornalista.

Doutor Joel Rennó, o senhor ganhou, escreveu Elio Gaspari na Folha de São Paulo em 1997, um dia após a morte de Paulo Francis.

Talvez o presidente da Petrobrás, doutor Joel Rennó, não saiba (e sabe-se lá o que o doutor Rennó sabe), mas nos últimos meses ele foi um estrategista vitorioso. Conseguiu o seguinte:

Paulo Francis vivia sobressaltado pelo processo que a Petrobrás lhe movia na justiça americana, exigindo US$ 100 milhões de indenização por conta de ataques que fizera à diretoria da empresa no programa de televisão Manhattan Connection.

Era difícil conversar com Francis por mais que uns poucos minutos sem que ele se queixasse do absurdo da situação. Rennó o processava nos Estados Unidos por coisas, ditas numa televisão brasileira, que jamais foram ao ar fora do Brasil.

Francis perdeu o sono.

Naquela armadura de arrogância havia uma pessoa tensa, afetuosa, tímida, solitária e desajeitada. Era-lhe difícil comprar uma camisa na Brooks Brothers, incompreensível tratar com um advogado da defesa num processo que ameaçava arruiná-lo. Percebera a tática do doutor Rennó. Com os recursos ilimitados da empresa, mesmo sabendo que perderia o caso, o presidente da Petrobrás pretendia espichar o litígio até o limite do possível. Seu propósito era azucrinar a vida de Francis. Quem já teve uma questão judicial num simples condomínio de edifício sabe o aborrecimento que um processo provoca em quem não é advogado. Imagine-se o que vem a ser um processo de US$ 100 milhões, o maior do gênero na história brasileira e um dos maiores na dos Estados Unidos.

A partir de comentários aos quais Francis dava tom casual, um de seus amigos fraternais, pessoa de fina percepção psicológica, tocou um sinal de alerta para o Brasil: a situação era bem mais grave do que ele demonstrava. Há umas poucas semanas, Francis recuperara um pouco da tranquilidade. O presidente Fernando Henrique Cardoso, informado pelo senador José Serra do efeito que o processo do doutor Rennó causara ao estado emocional de Francis, pedira que se chegasse a um entendimento que desse fim ao caso. Foi uma melhora sensível, porém momentânea. Tratado o caso com o doutor Rennó, ele astuciosamente jogou a bola para os advogados que a viúva paga a Petrobrás em Nova York. Sugeriu que Francis os procurasse. Pessoa incapaz de sustentar com desembaraço uma conversa de coquetel com um estranho, Francis consultou seu advogado. Ele lhe explicou que a iniciativa devia caber a Petrobrás. A bola voltou ao meio do campo, e Francis viu-se diante da possibilidade de continuar sendo chutado de um lado para o outro.

Na última semana, tentava encontrar uma maneira de desatar o nó. Dissera que todos os diretores da Petrobrás tinham contas secretas na Suíça e, em pelo menos duas ocasiões, retratara-se quase que inteiramente.

Tinha duas preocupações. A primeira era o transtorno do processo. A segunda, o receio de que pudesse parecer intimidado. Estava abatido. Quanto mais magoado, mais atacava, como se Rennó tivesse conseguido produzir um mecanismo no qual sua valentia se alimentasse de angústia.

A gestão estimulada por FHC caducou na manhã de ontem. Paulo Francis está morto. O que o doutor Rennó precisa saber (e sabe-se lá o que ele sabe) é que conseguiu ferir o seu adversário. Seu processo ocupou um espaço surpreendente na alma de Francis. Tomou o lugar não apenas do sono, mas também dos seus prazeres da música e da leitura. O traço obsessivo de sua personalidade, que com muita frequência colocava a serviço do conforto dos amigos, foi ocupado pelo assombro de se ver perseguido.

Dizer que o processo do doutor Rennó o matou seria uma injustiça piegas, verdadeira estupidez. O que aconteceu foi outra coisa. O doutor Rennó conseguiu tomar uma carona no último capítulo da biografia de Paulo Francis. E, se algum dia Rennó tiver biografia, terá Paulo Francis nela. É difícil que consiga fazer coisa melhor, sobretudo à custa do dinheiro da viúva.

Encantou-se antes do prazo concedido pela Natureza por ter dito a verdade sobre a PETROBRAS: A mina de ouro de todos os políticos e funcionários ladrões!

 

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 14 de maio de 2018

UM BANDIDO NA COMISSÃO QUE ANALISA O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Preso no Centro de Detenção Provisória do Complexo da Papuda em Brasília desde 08 de fevereiro de 2018 por ordem da segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, que o condenou por 5 anos e 3 meses de prisão, o deputado federal João Rodrigues (PSD-SC), tem ainda o direito às verbas relacionadas ao exercício do mandato – como a cota para o exercício da atividade parlamentar, de R$ 39.877,78, a verba de gabinete de R$ 101.971,94 e mantém ainda o gabinete funcionando porque não teve suplente convocado ainda e tem direito a sair da cela para presidir a comissão que analisa o novo Código de Processo Penal!

O parlamentar foi condenado primeiro pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) a cinco anos e três meses de prisão em regime semiaberto por crimes da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Lei de Licitações enquanto era prefeito do município de Pinhalzinho (SC). O Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a decisão do TRF-4, determinando a imediata prisão do deputado.

No dia 08 de fevereiro de 2018, o então deputado federal João Rodrigues (PSD-SC) foi preso pela Polícia Federal no aeroporto de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, após mudar a rota do voo para Assunción, Paraguai, e tentar desembarcar naquele país. Em virtude do risco de fuga e eventual manobra para tentar a prescrição do crime, o nome do deputado foi inserido em lista da Interpol por decisão do TRF-4.

O ainda deputado federal João Rodrigues é conhecido por defender a pena de morte a condenados, utilizando jargões populares como “bandido bom é bandido morto”, sendo ele um tremendo de um bandido assaltante do Erário Público!

Também é réu em ação civil pública por ato de improbidade administrativa envolvendo superfaturamento de merenda escolar no Município de Chapecó durante o período em que era prefeito. A ação, que estima o superfaturamento em cerca de R$. 8 milhões de reais, foi ajuizada pelo Ministério Público Federal em Santa Catarina. A ação de improbidade teve origem em denúncia realizada pelo vereador da Câmara Municipal de Chapecó/SC, Marcelino Chiarello, encontrado morto em sua casa em 28 de novembro de 2011 em circunstância misteriosa até hoje não esclarecida!.

Membro da bancada da bala e ruralista, o deputado é mais conhecido pelas confusões em que se mete do que por sua produção legislativa. O parlamentar já ameaçou dar “porrada” e “cacete” em deputados que divergem dele.

Em maio de 2015, o deputado foi flagrado em plenário pela reportagem do SBT Brasília assistindo, pelo smartphone, a um vídeo de sexo explícito na sessão sobre a reforma política da Câmara.

Nas imagens gravadas pelo SBT, João Rodrigues mostra as imagens aos colegas. “Abri para ver o que era, e daí apareceu uma imagem pesada, por isso, coloquei o celular embaixo da mesa e mostrei para o deputado ao lado. Eu disse ‘olha a imagem pesada que eu recebi pelo Whatsapp’ e ele falou: ‘que merda é essa?”, explicou-se na época.

 

 

Na ocasião, o deputado contou que o vídeo foi apagado logo após ser visto. “Eu acho que a emissora está transgredindo a legislação brasileira com isso.” O episódio não teve consequências, mas viria a ser lembrado por colegas em discussões futuras com João Rodrigues.

Pois é, senhoras e senhores, é esse bandido de alta periculosidade, capaz de qualquer ato ignominio, ardil, contra o país e sua gente, condenado pelo Supremo Tribunal Federal por roubar merenda das crianças carentes do município de Chapecó (SC) quando era prefeito, fraudar e dispensa irregular em licitações, é um dos responsáveis pela comissão que analisa o novo Código de Processo Penal da República Federativa de Banânia!

É triste, mas é a realidade de um país onde os políticos são os escárnios da sociedade!

Deu no Jornal

Após ter filho com amante, homem registra esposa como mãe da criança por engano em Santa Catarina e o caso ganha um buruçu familiar desproporcional após 28 anos:

Alegando está muito doido na época de registrar o menor, chapado de comer cogumelo extraído de mijo de jumenta no cio e chá feito da semente de cannabis sativa, o semianalfabeto Damião Lula da Silva, o Come Quieto, em depoimento colhido informalmente no TJSC, o homem contou em audiência que estava com os documentos da esposa quando foi registrar o filho “bastardo” e entregou os papéis ao cartório sem perceber o engano. A mãe da criança notou o erro, mas não se opôs.

Já Dona Maricota, a esposa traída, porém, ao descobrir o “caso” depois de 28 anos, exigiu a declaração negativa de maternidade e retificação do registro de nascimento:

– Ou você me trás essa porra corrigida ou eu toro seus culhões em mil pedaços e boto na lavagem pros porcos comerem – sentenciou a matriarca Maricotinha para um Damião com os olhos arregalados!

Sabendo do gênio da esposa e do que era capaz, Damião procurou logo a justiça para corrigir o “engano”, mas não precisou porque, sendo o filho maior e capaz, ele mesmo poderia requerer à justiça a retificação. E assim foi feito para alivio do seu Damião, que preservou os cunhões da ira de Dona Maricotinha, mas não agradeceu o filho “extra!”

Notícia triste!

Laís Fernanda Araújo Silva (Goiânia), advogada, 30 anos, na flor da idade. Linda, cheia de sonhos, guerreira, batalhadora, honesta, independente, na plenitude de sua juventude e criatividade, mas desprotegida da segurança do Estado de Goiás, que não a defendeu da senha assassina de dois assassinos, marginais, que lhe ceifaram a vida no estacionamento do Setor Alto da Glória e continuam solto para roubar e matar mais!

Quantas mortes ainda serão necessárias para os congressistas e os governos bandidos de Banânia perceberem que já passaram dos limites as mortes de pessoas inocentes como Laís? Que é preciso adaptar a Lei de Talião ao Novo Código Penal do Brasil, que consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena!

 

 

Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 01 de maio de 2018

TEREZINHA, A IRMÃ QUE PERDEU O CABAÇO AOS QUARENTA

 

Terezinha era uma morena prendada, discreta, caridosa. Um metro e cinquenta de altura, quarenta anos, peitos fartos e duros, pernas grossas, cabelos pretos e longos. Cristã fervorosa, dessas de ir à igreja todos os domingos se confessar com o padre Rubião, da igreja do bairro: As Escadas Para o Paraíso Eterno.

Sua maior preocupação na vida era que já estava passando dos quarenta anos, virando titia, e ainda não havia encontrado um pretendente do seu agrado para se casar. Enquanto isso, todas as suas colegas da irmandade e vizinhanças já haviam feito o caminho inverso.

Não sabia a quem atribuir esse caritó: se a sua exigência por um homem que só seus olhos enxergavam ou porque sentia medo de se aproximar de um pretendente, por ser muito fechada e arisca. Ou talvez trauma da infância.

Mesmo assim, uns dez ou vinte candidatos já lhe teriam se chegado perto, mas ela ficava arisca, cismada quando ia ser abraçada ou beijada. Quando o caboclo se enxeria muito ela já passava um rabo de olho enviesado para ver se a braguilha ou o calção do pretendente estavam intumescidos, com o “trussue duro”, e quando percebia algo estranho procurava se afastar toda desconfiada, e o descartava na bucha. Ó Deus! – Por que todo homem só pensa naquilo e quer logo comer a gente? – lamentava ela sem não entender!

Solteirona reprimida, sonhava quase todas às noites com um príncipe encantado diferente lhe beijando o cangote, lambendo as orelhas, roçando o pescoço, pegando-lhe os peitos fartos, mas quando aproximava a mão boba por cima do cara preta, ela se acordava assustada e sonhando em bica. – Meu Deus, o que está acontecendo comigo?! – Indagava-se a si mesma na penumbra do quarto solitário.

Um dia criou coragem e foi se confessar com o padre Rubião, um Alemão mais vermelho do que a carne da FRIBOI, e contar-lhe os sonhos eróticos que vinha fantasiando constantemente.

Véu na cabeça, entre as dez beatas que estavam à sua frente para se confessar, chegou a sua vez. Ajoelhou-se. Pigarreou nervosa. E no silêncio do confessionário o padre lhe perguntou: Minha filha, o que traz você aqui?

– Padre, respondeu ela nervosa. Eu estou assustada comigo mesma, padre. Estou com quarenta anos, sou solteira, virgem ainda, cabaço, sonho todos os dias com um homem diferente me possuindo, mas todos que se aproximam de mim, no sonho, eu expulso com medo, me acordo assustada com a calcinha dota molhada de desejos. Aí meu Deus! Isso não é pecado não, padre, esses sonhos estranhos comigo? Deus não vai me castigar?

– Minha filha – respondeu o padre Rubião! “Deus” não castiga ninguém! O castigo de “Deus” é uma heresia que a igreja inventou para meter medo nas descerebradas! O primeiro que se lhe apropinquar de hoje em diante, não perca tempo não. Agarre-o, namore-o, case-se ou se junte, dê, mas realize seu sonho! Não se esqueça: Deus está de cunhão cheio de tanto cabaço solto no céu e com mais o seu ele vai pirar. Esses sonhos que você está tendo, é falta de estímulo à libido! Exercite-a urgente senão você vai surtar feito Maria Madalena!

Terezinha, que já vinha de olho em Lucio, um eunuco com cara de debiloide de mais de cinquenta anos que frequenta a igreja também, ficou ouriçada com as palavras do padre, e partiu para conquistar o solteirão e, não mais pensando com a cabeça e sim com a parte do corpo de baixo, cantou o pretendente se gostaria de lhe namorar.

Dois meses depois dessa cantada, ficaram noivos. Ela fazendo questão de escolher e pagar as alianças e acertar o dia do casamento, pois não aquentava mais aquele caritó, aqueles sonhos eróticos alucinados, aqueles desejos que lhe pipocavam os poros, lhe deixando maluca. Queria sentir o gosto do desejo, do prazer, do clímax, em fim. Não queria perder mais tempo sem o remelexo da sanfona, o vai e vem do camelo, o rela bucho do chamego apimentado da sanfona de oito baixos.

Quatro meses depois do noivado, ela mesma marcou a data do casamento. Comprou o enxoval, o traje de casamento do noivo, preparou os convites, tudo que um casório propiciava.

Solteirona juramentada, que recebia uma gorda pensão especial por morte do pai, que havia sido ex combatente da Segunda Guerra Mundial, dinheiro não lhe era problema, era solução.

Quando chegou o dia do casamento ela, que nunca havia ido a uma manicure depiladora, mandou a profissional caprichar: fazer barba, cabelo e bigode na possuída, deixando-a nos trinques para a tão sonhada noite de núpcias com o maridão.

Após a realização do casório na igreja As Escadas Para o Paraíso Eterno com a bênção do padre Rubião e o seu “tivirta-se”, Terezinha, só pensando naquele momento que toda noiva sonha na alcova, deixou os convidados na igreja, pediu licença a todos os presentes e partiu para o que ela achava ser a noite mais alucinante do mundo!

Pegou o Gordini Renault anos cinquenta, assumiu a direção, mandou o marido entrar, e deu uma arrancada tão da gota serena que os pneus cantaram no asfalto, tamanha era a vontade de se ver nua na frente do agora esposo, se deliciando de todas as fantasias sexuais que lhe passavam pela cabeça naquele momento.

Chegando em casa, não perdeu tempo. Mandou o esposo para o quanto, pediu-lhe que a aguardasse com a luz na penumbra e foi para a suíte se produzir para a dança do ventre antes das loucuras de amor com o maridão na cama.

Para sua frustração e toda produzida para aquele momento tão esperado, quando entrou no quarto encontrou o esposo roncando no sono eterno e ainda vestido com o traje do casamento.

Tentou acordá-lo, mas não conseguiu porque o eunuco estava no sono tão profundo que parecia um paciente entubado na UTI do SUS. Havia tomado um comprimido de Gardenal e outro de Rivotril ainda quando estava na igreja se casando.

Frustrada, decepcionada, arrasada com o ocorrido, Terezinha viveu por mais dois meses com essa angústia de não ter podido concretizar a tão sonhada noite de núpcias, e ainda teve de engolir as piadinhas e os sarros das colegas da igreja, da família e de outras dondocas que se encontravam na mesma situação que ela: cabaço!

Puta da vida e decidida a romper com todos os seus conceitos e preceitos de pecados, religião, “temência a Deus” e disposta a mandar o padre para a puta que o pariu também, decidiu expulsar o eunuco e inútil esposo de casa com todos os seus “mijados” e pediu o divórcio por absoluta incapacidade de copulação dele.

Dois dias depois do rompimento do casório, magoada ainda, mas disposta a não perder mais tempo com o caritó, se encontrou com Tião, um colega íntimo e bem gaiatão que já a havia cantado mais de cem vezes e ela não lhe caia nas lábias.

Conversar vai, conversa vem e, dirrepentelho, Terezinha estava nos braços do garanhão que, já sabendo do ocorrido, partiu para cima com todos os poderes de Grayskull, e tome beijos para lá, tome beijos para cá: no cangote, nas orelhas, no pescoço, no umbigo, nos peitos. Chamego, amasso, esfrega frega, que satisfez Terezinha na primeira noite sem ser de núpcias, que ela se sentiu tão feliz, tão relaxada, tão satisfeita, tão realizada, que quando amanheceu o dia, ela abriu os olhos e não desejando perder mais tempo, sussurrou no ouvido de Tião, que já estava todo quebrado da noite anterior:

-Amor, eu quero mais calamengal. Me faz recuperar esses tempos perdidos! Vem, olha como eu estou…

E sem mais temer os pecados de “Deus” e as ameaças do padre com inferno e tal, Terezinha se joga nos braços de Tião novamente, como se o mundo fosse acabar naquele momento, se delicia nas fantasias do prazer e nas loucuras do amor, suspirando, fungando, sussurrando e gritando de exultação.

Terminada a copulação e curioso por aquela grinalda de cem graus de Terezinha nas atitudes antes conservadoras, Tião se virou para ela, beijou-a mais uma vez a boca carinhosamente, e perguntou-lhe:

– Amor, por que essa mudança tão brusca na sua vida? Descobriu que o paraíso é aqui na terra, foi?

– Sim, amor! Descobri que “Deus” não reprime, não oprime, não censura e não proíbe nada que traz o bem! Ele nos deu o livre arbítrio para escolhermos e fazermos o que quisermos e desejarmos conosco e nosso corpo. A gente é que se reprime com o fantasma do pecado inventado pelo homem! Eu vivi essa ilusão por toda minha vida, mas agora me libertei com você! Disse isso e voltou a beijar Tião novamente na boca, desejando mais uma vez que ele a possuísse.


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 24 de abril de 2018

O MATUTO E A LEI 9099, DE 1995

Um matuto com cara de tabaco leso, mas nem tanto, se dirige a um determinado Juizado Especial Cível para prestar uma queixa contra um determinado banco que está querendo botar no fiofó dele sem vaselina por um contrato bancário inexistente.

De posse das cobranças de várias prestações indevidas enviadas ao seu endereço, comprovante de nome nogativado nos serviços de restrições ao crédito, o matuto se dirige à secretária do JEC para formalizar a queixa contra o dragão financeiro, o banco!

No JEC, depois de formalizar a pré-quexa, a jovem que o atendeu lhe fornece o número do processo, informa-lhe a data da Audiência de Tentativa de Conciliação, Instrução e Julgamento e lhe explica que no dia da audiência caso não chegue a um acordo na hora, o conciliador ou juiz leigo que estiver conduzindo a Audiência, parte logo para Instrução e Julgamento, onde serão ouvidos os dois lados, o Burro e a Águia, digo: O matuto e o banco.

No momento de formalizar o protesto a jovem que atendeu o matuto disse que ele não precisava levar advogado no dia da audiência, porque o valor da causa era inferior a vinte salários mínimos, e a lei 9.099/95 faculta às partes conciliarem sozinhas. E o matuto, mesmo desconfiado por não entender porra nenhuma, acreditou e foi-se.

No dia da audiência marcada o matuto compareceu sozinho, desconfiado por não ter ouvido os aconselhado dos colegas papudins para que procurasse um advogado. Que não confiasse nessa Lei do Juizado Especial Cível que manda dispensar advogado, porque o pau só cai em riba do mais fraco, do fudido. Porque do outro lado o banco vai mais armados com advogados do que o tenente João Bezerra e o sargento Aniceto, quando metralharam Lampião em Angico e contaram-lhe a cabeça e do bando.

Disseram os pinguços ao matuto numa roda de jogo de bozó regada a Pitú e tira-gosto de preá, antes da audiência:

– Zé, quem avisa amigo é! Cuidado, home! Depois que o fumo está dentro não adianta tentar tirar porque a desmoralização já está no olho da rua vestida de catirina. Tu não pode confiar numa lei que foi feita por um bando de pulítico ladrão, chapado de chá de cogumelo e folha de cocaína!!. Taí ficando doido é?

– Essa corja que criou essa merda dessa lei não pensou na gente não, Zé – disse um papudim engolindo um copo de cinquenta e um! Donde já se viu uma lei que diz que um cabra sozinho, sem entender porra nenhuma dos seus dereito vai fazer na frente dum cardume de tubarão armado até os dentes? Eles comem teu cu lá mesmo na sala e tu não sente e ainda fica querendo mais! Cai, nessa, visse!

Dito e feito. No dia da audiência de conciliação, o matuto e o banco foram chamados. Entraram na sala. O banco foi representado por dois advogados fuderosos, armados a até os zovos de argumentos jurídicos para fuder o Zé. Do outro lado o matuto, franzino, chapéu na mão, ficou assustado, amuado! O conciliador expôs a importância da conciliação, demonstrando porque se a coisa encerrasse ali era bom para as partes, mesmo sabendo que o matuto tinha razão, tinha um direito violado e estava sendo prejudicado na sua honra!

Foi quando o matuto, que só tinha de besta a cabeça da bimba, que é cega e entra em qualquer buraco quando dura e aprumada, refletindo nas palavras que os papudins da roça lhe cuspiram, disse ao conciliador:

– Vossa insolência me adesculpe a ingnorância, mas eu num vou fazer esse acordo não! Vou premeiro consultar os cabras lá do sítio, saber se eles conhecem um adevogado para me defender dos meus dereitos! Eu não comi, não robei, não matei, não inganei! O banco me cobra dinhero que não devo, me azucrina o juízo de telefonemas todos os dias, me bota nesses spcs e sirasas e vossa insolência diz que não houve nada! Pera aí sinhô!!

– Bem que meus amigos da roça me disseram: – Zé, não confia nessa lei não, Zé! Quem já se viu num país de rapariga feito o Brasil donde só tem pulíticos ladrão o cabra ir só pra justiça sem adevogado? Só na cabeça desses doidões cocainados que criaram essa lei de puta veia desqualificada que não serve pra porra nenhuma pra quem não sabe de nada! Tu sabe teus dereitos?

Foi nesse exato momento que o conciliador, olhando para os advogados do banco, não encontrando outra alternativa para fuder o matuto, marcou outra audiência de tentativa de Conciliação, Instrução e Julgamento para outra data, dessa vez com o matuto sendo acompanhado por um advogado!

Moral da História:

O legislador originário e o derivado podem ter tido ótimas intenções quando criou a Lei dos Juizados Especiais Cíveis, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade, facultando às partes irem para a Audiência de Conciliação e Instrução e Julgamento sem advogados, mas não previu como a parte mais fraca se defendesse caso a parte mais forte venha armada até os dentes, tecnicamente. É por isso que a população pobre que busca esses juizados para resolver injustiças praticadas contra ela está se fudendo todos os dias nesses juizados especiais cíveis e o congresso, covarde, ainda não discutiu uma mudança eficaz na Lei 9.099/95, exigindo a presença de advogados em todas as ações. Enquanto essa mudança não vier os Zés da Vida vão se fudendo, levando no furico sem vaselina todos os dias!

P.S. Essa história é real e o Zé da Silva que ouviu o conselho dos amigos cachacistas, procurou um advogado para que o acompanhasse na audiência. Não aceitou a esmola ofertada pelo banco. Deixou para o Juiz tomar a decisão final. Na sentença o magistrado, curto e grosso, com mais de um ano de atraso, desrespeitando o que diz a lei, reconhecendo que o banco errou ao enviar cobranças indevidas e negativar o nome do matuto, constrangendo-o e humilhando-o, aplicou-lhe uma indenização por dano moral do tamanho do caralho do jumento Polodoro, que foi confirmada em sede de recurso!

Se o matuto Zé da Silva não tivesse ouvido os seus colegas papudins e contratado um advogado seria mais uma injustiça cometida nesse país contra os mais pobres, fudidos e mal pagos.


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 17 de abril de 2018

UM MAFIOSO PRESTES A PRESIDIR O STF

 

Assim determinou o constituinte originário quando da elaboração da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no seu artigo 101, caput:

“O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada” (?).

Jamais o constituinte originário imaginara que um determinado presidente pilantra, bandido, nos anos dois mil, que cortara o dedo mindinho para ludibriar a viúva e se aposentar, tornar-se-ia sindicalista de araque, seria o responsável pela maior organização criminosa do mundo e iria nomear um tremendo mafioso para o cargo de ministro capaz de todo estratagema para inocentar e absolver bandidos de colarinhos brancos, ser o guardião da constituição.

Sim! Dias Toffoli é esse corleone! E está chegando para presidir de 2019 a 2020, o Supremo Tribunal Federal para avacalhá-lo definitivamente, transformando-o no maior coito aputerado que este país já teve!

Indicado por Lapa de Ladrão para ser consultor jurídico do Departamento Nacional dos Trabalhadores Rurais da Central Única dos Trabalhadores (1993-1994). Por ser petralha sempre ocupou os melhores cargos jurídicos na era de Lapa de Vigarista!

Em 12 de março de 2007, a convite do presidente Lapa de Corrupto, de quem Dias Toffoli fora advogado de campanha, assumiu a Advocacia-Geral da União.

Dias Toffoli foi indicado por Lapa de Farsante para assumir a vaga decorrente do falecimento do ministro Carlos Alberto Menezes Direito no Supremo Tribunal Federal (STF). Antes, Dias Toffoli já havia sido considerado para assumir a vaga aberta pela aposentadoria do ministro tabacudo Sepúlveda Pertence, ocasião em que o indicado fora Menezes Direito, que viera de STJ.

Na posse de Dias Tofolli, já se prenunciando o que viria pela frente em sua gestão, envolveu-se em uma polêmica relacionada a sua festa de posse no Supremo Tribunal Federal, por conta de um patrocínio de 40 mil reais da Caixa Econômica Federal. Defendido pelo ministro Marco Aurélio Mello, declarou que não estava a par dos fatos, e que a festa não fora de sua iniciativa.

Ao comentar o episódio, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) declarou que a festa era um absurdo desnecessário à Caixa Econômica Federal.

Em fevereiro de 2012, em depoimento à Polícia Federal, a advogada Christiane Araújo de Oliveira, assessora do ex-deputado federal João Caldas (PSDB-AL), declarou que, no período que antecedeu o escândalo do Mensalão no Distrito Federal, manteve relações íntimas em troca de favores com várias figuras envolvidas no caso, inclusive com Dias Toffoli.

Em 22 de agosto de 2012, durante o julgamento do Mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, advogados do Movimento Endireita Brasil apresentaram denúncia por crime de responsabilidade, contra Dias Toffoli, ao Senado. Na apresentação da denúncia, é assinalada a relação de Toffoli com José Dirceu e com o PT, de quem era advogado na época em que os fatos julgados ocorreram. O ministro Marco Aurélio Mello já havia dito que a situação de Toffoli era “delicada”, tendo em vista sua relação próxima com os acusados além do fato de sua namorada, Roberta Rangel, também ter sido advogada de outros acusados no processo, mas depois teve amnésia e esqueceu o que disse!

Em 9 de abril de 2015, o procurador da Fazenda Nacional, Matheus Faria Carneiro, protocolou no Senado Federal o segundo pedido de Impeachment de Dias Toffoli, alegando crimes de responsabilidade por ter participado de julgamento que deveria ter declarado suspeição. O procurador citou o caso específico do Banco Mercantil, onde o ministro contraiu empréstimo milionário em 2011. Posteriormente, Toffoli participou de julgamentos que envolviam o banco. O pedido, porém, foi rejeitado pela Mesa do Senado Federal que, àquelas alturas, só havia raposas comandando o galinheiro.

Esses e outros atributos nefastos são a ponta do iceberg da biografia desse delinquente que vai presidir o Supremo Tribunal Federal por dois anos. Um homem que, além de possuir um currículo invejável para estar onde estar, tendo tentado por duas vezes o concurso de juiz substituto, em 1994 e 1995, no Estado de São Paulo e ter sido reprovado nas duas tentativas por pura incompetência.

* * *

O bandido que não se conforma com a prisão

Lapa de Ladrão, o dito iluminado de Deus, o dono da Seite Messiânica “51”, o presidente que eliminou a fome, a pobreza e a miséria no país, não conformado com a sentença condenatória que o pôs no xilindró por 12 anos e um mês, por meio de sua corja de advogados, todos pagos a peso de outro com o dinheiro que Lapa de Corrupto roubou da nação, aproveitando-se da definição-indefinição do Supremo Tribunal Federal que pôs-não-pôs um ponto final na execução da pena condenatória em segunda instância, interpôs Agravo Regimental contra decisão do ministro Edson Fachin, que negou trâmite à reclamação que questiona o início da execução provisória da pena imposta a Lapa de Bandido, por determinação do TRF da 4ª região.

O ministro-relator Edson Fachin enviou o Agravo Regimental da defesa de Lapa de Canalha para manifestação da PGR.

É chegado o momento de o Supremo Tribunal Federal por um ponto final a essa sequência patológica de recursos patrocinados por Lapa Bandido, dando um basta as medidas cautelares das ADCs 43 e 44 e calando definitivamente a boca desse Seboso, como o bem diz o colunista Altamir Pinheiro.

Todos os brasileiros e brasileiras honestos e decentes deste País já não suportam mais essas trapaças desse delinquente de Caetés!

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 10 de abril de 2018

ADELINO MOREIRA, O POETA DOS AMORES SUBURBANOS

Nascido em Gondomar, Portugal, em 28 de março de 1918, Adelino Moreira de Castro, nome artístico Adelino Moreira, veio morar no Brasil, Campo Grande, subúrbio do Rio de Janeiro, com apenas um ano de idade. Foi o maior compositor luso-brasileiro interpretado por Nelson Gonçalves. Entre suas obras-primas destacam-se Última Seresta (a primeira a ser gravada), A Volta do Boêmio, A Deusa do Asfalto (reinterpretada magistralmente por Xangai), Boêmia, Negue, Escultura, Flor do Meu Bairro, Fica Comigo Esta Noite, Devolvi (esta gravada por Núbia Lafayette), Ciclone (interpretada por Carlos Nobre), Cinderela, Beijo Roubado, Êxtase, Última Serenata, e tantas outras excelentes composições de amores suburbanos dramáticos gravadas principalmente por Nélson Gonçalves, seu intérprete maior.

Iniciou sua carreira musical a convite do compositor Carlos Alberto Ferreira Braga, o Braguinha, então diretor artístico da Continental, onde gravou, em 1944, os fados Saudades e Olhos d’alma, de Campos e Morais. Em 1945, começou a tocar violão. Nesse mesmo ano, gravou seu segundo disco com as primeiras composições: o samba Mulato Artilheiro e a marcha Nem Cachopa, Nem Comida!. Esta, uma parceria com Carlos Campos. Em 1946, gravou as canções A Minha Oração e Perdoa, de Moreno e Ferreira e as marchas Num Coração, duas Pátrias, de Renato Batista e O Expresso Continua, de sua autoria com Américo Morais. Em 1948, voltou a Portugal, gravando canções brasileiras. Lá, participou como cantor da revista Os Vareiros. Retornando ao Brasil, no início dos anos 1950, abandonou a carreira de cantor, intensificando sua atividade de compositor.

Em 1952, conheceu o cantor Nelson Gonçalves e iniciaram uma intensa parceria. Em geral Adelino compunha e Nelson gravava, mas em algumas músicas como o bolero Fica Comigo Esta Noite, os dois assinaram em dupla. A primeira canção gravada por Nelson foi Última Seresta (1952), seguida de inúmeras outras que passaram a dominar os discos do cantor – normalmente sambas-canções dramáticos – dos quais se destacam o clássico A Volta do Boêmio (que vendeu a astronômica cifra de um milhão de cópias), Meu Dilema, Meu Vício É Você, Doidivana, Flor do Meu Bairro, entre outras.

Durante uma década (1955-1965) Adelino Moreira foi uma máquina de sucessos, provando que era mais forte do que seus intérpretes. Quando se afastou de Nelson Gonçalves, em 1964, num período conturbado da biografia do cantor, Adelino começou a distribuir composições para outros intérpretes. Um dos maiores sucessos de 1959 foi o samba-canção Ciclone que fez para Carlos Nobre, um dos muitos imitadores de Nelson Gonçalves, com quem reataria a amizade dois anos depois. Adelino alegou, na época, que só deu a música para Carlos Nobre para que Nelson Gonçalves entendesse que não era insubstituível.

Foi uma amizade de ótimos resultados financeiros para Adelino Moreira. O sucesso de Argumento, Meu Desejo, Êxtase, Meu Vício é Você e, sobretudo, A Volta do Boêmio, renderam a Adelino Moreira, em 1960, o suficiente para comprar, à vista, um palacete por seis milhões de cruzeiros na Zona Norte carioca, andar de carro importado e deixar de lado os “bicos” (como aprendiz de teatrólogo, sem muito êxito, e radialista).

Sabia como ninguém a fórmula do sucesso e seus limites. Não aderia a modismos. Suas composições eram basicamente do samba-canção (e marchinhas carnavalescas). Em suas letras pintavam cenários suburbanos, habitados por manicures, mariposas (mulheres atraídas pelas luzes das casas noturnas), cinderela e uma fartura de desencontros amorosos.

Em 1962, no programa de TV, sendo entrevistado pelo cultuado e admirado compositor de Aquarela do Brasil, Ary Barroso, este se queixou a Adelino Moreira de não fazer mais sucesso e perguntou se ele poderia lhe explicar o motivo. Mesmo estando de ante de um mito da música popular brasileira, que morreria dali a dois anos, Adelino Moreira não se deixou por rogado, e fulminou naturalmente: “O senhor começou a compor músicas para meia dúzia de criaturas que o endeusam e colocam o senhor no lugar em que o senhor não se encontra. O senhor se esqueceu completamente daquela massa que o elegeu como o maior compositor brasileiro até dez anos atrás. Se o senhor volta a compor para essa massa popular, voltará a fazer o mesmo sucesso.”

O compositor Fernando César, de grandes sucessos no início dos anos 1960, especialistas em versões (fez, por exemplo, a de Marcianita para Sérgio Murilo), definiu com precisão a música de Adelino Moreira: “O Adelino escreve pra gente que toma traçado (coquetel de cachaça com vermute), frequenta botequins, vai ao enterro de todos os amigos, dá cabeçadas nas vitrinas, usa sapato preto com meia branca, diz ‘com o perdão da palavra’ quando fala em suínos, e ‘Deus te ajude’ quando alguém espirra, ou seja, escreve para a grande maioria.”

Adelino Moreira morreu em 2002, com 84 anos, de um infarto, um óbito que ganhou grande cobertura da imprensa. Àquela altura, sua obra tinha sido reavaliada e ele desfrutava o status de mestre da MPB. Artistas de nichos diferentes o regravaram. Maria Bethânia deu uma interpretação definitiva a Negue, trazendo-a de volta às paradas e ao estrelato merecido em 1983 (no álbum Álibi). Em 2001, Negue foi incluída no CD São Vicente di Longe, de Cesária Évora. A banda mineira Pato Fu gravou A Volta do Boêmio, em 1995, no CD Gol de Quem? Sem contar as interpretações feitas pelo grupo Camisa de Vênus, em 1991, Ney Matogrosso e o genial violonista Rafael Rabelo. Em 1980, Ângela Ro Ro fez uma releitura de ‘Fica Comigo Esta Noite’ – música que foi faixa-título do CD da cantora Simone em 2000 – e, em 1998 as irmãs Alzira e Tete Espíndola reviveram ‘Garota Solitária’.

Adelino Moreira não era bem visto pela crítica high society da burguesia metida a bunda da bossa nova, tanto é que o produtor Valter Silva, conhecido como Pica Pau, recusava-se a apresentar as músicas dele no programa que tinha na Rádio Bandeirantes. Mas o grande compositor de ‘Deusa no Asfalto’ e ‘A Volta do Boêmio’ não perdeu a pouse e a classe e o fulminou nos versos do samba-canção ‘Seresta Moderna’ cantada por Nelson Gonçalves: ‘Um gaiato cantando sem voz/um samba sem graça/desafinado que só vendo/e as meninas de copo na mão/fingindo entender/mas na verdade, nada entendendo’.

 

 

 

Cícero Tavares - Crônicas e Comentários domingo, 08 de abril de 2018

BRITTANY ZAMORA, UMA PROFESSORA TARADONA

 

Professora de inglês na escola Las Brisas Academy em Goodyear, Arizona, Região Central dos EUA, sapeca, ninfomaníaca e taradona, a pedagoga Brittany Zamora, casada há mais de três anos e lá vai o trem com um professor de Sociologia do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e Sem Teto de Banânia, pós-graduado na Bolívia, com doutorado na Venezuela e pós-doutorado no Brasil, tendo como orientador o magnânimo João Pedro Stédile, que preferiu ocultar o nome para não ter sua identidade cornífera revelada pela imprensa direitista, é o chamado corno galo, que é aquele que sabe que está levando chifres, a mulher é uma galinha e ele ainda acorda de madrugada cantando ao lado dela dormindo nua feito um anjo!

Inspirada em outra professora taradona de Ohio (EUA), Laura Lynn Cross, de 37 anos, que admitiu no Tribunal de ter tido um “caso” com um donzelão de 14 anos e dele ter engravidado e tido um filho, e por esse caso ter sido considerada culpada e sentenciada a 15 anos de prisão em regime fechado, Brittany Zamora não pensou duas vezes, apesar de conhecer o rigor da lei estadual. Chamou o “virginão” no canto da sala, informou que ele estava fudido com as notas de inglês baixa, mas que poderia dar um jeitinho à lá brasileiro e prometeu dar-lhe dez em todas as provas se com ela ele fizesse sexo na posição 69, o chamado pé com cabeça, sacanagem essa que ela aprendeu com um PhD em suruba no Carnaval da Venérea Brasileira no ano de dois mil em dez, ano do último show da banda Cordel do Fogo Encantado no Marco Zero.

O plano cornífero só foi descoberto quando a mãe do donzelão de treze anos, senhora Jessica Arroyo disse à emissora ABC local que percebeu umas coisas estranhas no comportamento do filho, como perda de memória, confusão de alho com bugalho, fala grogue, indisposição para comer, muita vontade de dormir, ficando esquelético a olho visto e os olhos fundos!

Apesar de toda beleza do romance secreto, cujo relacionamento começou em 2013 e durou três anos, o caso veio à tona em 2015 graças à mãe do adolescente donzelão que fez uma queixa-crime contra Brittany Zamora, mas o filho se recusava a deixar a casa da professora, alegando que estava vivendo no paraíso, conforme ensina o Kama Sutra.

É uma pena que Brittany Zamora ter sido sentenciada a uma pena de 13 anos de prisão em regime fechado por manter relações sexuais meia nove com um inimputável que conhecia mais de putaria do que a cafetina Maria Bago Mole, levando em consideração um romance que só trouxe felicidades para ambos!

Mas como os Zistados Zunidos não são Banânia, onde a “Constituição Cidadã” é uma manta feita para proteger bandidos, pedófilos, assassinos, traficantes, terroristas, quadrilheiros, matadores profissionais e políticos ladrões ricos que possuem muito dinheiro roubado da nação para pagarem advogados inescrupulosos e ficar impunes, o Código Penal é uma bosta, o Código de Processo Penal é uma merda e ainda tem o Supremo Tribunal de Favores para proteger toda essa carnificina jurídica. Por isso é que no Brasil tudo é possível: Manda quem pode; obedece quem está fudido!


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quarta, 28 de março de 2018

GETÚLIO CORTÊS – O COMPOSITOR GRAVADO POR ROBERTO CARLOS NA ÉPOCA DA JOVEM GUARDA

É irmão do cantor e compositor Gérson Rodrigues Cortês, conhecido como Gerson King Combo, o James Brown Brasileiro, também cantor e compositor de soul e funk, exímio dançarino e coreógrafo, tendo feito muito sucesso nos anos sessenta, fazendo dublagem no programa Hoje é Dia de Rock, apresentado por Jair de Taumaturgo, um dos principais radialistas da Rádio Mayrink Veiga da época.

O início da carreira de Getúlio Cortês no meio artístico da época se deu por meio de interpretações de músicas dos grandes astros das canções norte-americanas como Frank Sinatra, Louis Armstrong, dentre vários outros cantores de gêneros indefinidos. Integrou nos anos 60 o grupo The Wonderful Boys, como compositor, depois se foi projetando e sendo cultuado graças ao talento para fazer composições de temas diversos, jogando com as palavras com a habilidade de um repentista, cordelista, glosador, com canções de versos curtos e precisos, resumindo sentimentos ambíguos e paixões numa só frase.

No início da carreira, teve suas composições gravadas por Renato e seus Blues Caps. E depois por Roberto Carlos. Mas foi na voz de Roberto Carlos que suas composições ganharam projeção e publicidade. Negro Gato (1968) (Uma versão da música “Three Cool Cats”, da dupla Leiber/Stoler, hit americano dos Coasters.); Atitude (1973); O Sósia (1967); (música de enorme sucesso na época, que Roberto Carlos de início se recusou a gravar ); O Gênio (1966); Noite de Terror (1965); O Feio (1965); Pega Ladrão(1966);Quase fui lhe procurar (1968); Por Motivo de Força Maior (1976), dentre outras de enorme sucesso na época na voz do Rei da Jovem Guarda. Getúlio Cortês foi um dos raros compositores que Roberto Carlos gravou duas canções em um único álbum.

Em 2002, Getúlio Cortês foi homenageado com um CD tributo “O Pulo do Negro Gato” no qual Erasmo Carlos, Léo Jaime, Renato e seus Blue Caps, Fagner, Leno, Almir, Golden Boys e Jerry Adriani relembraram seus sucessos, entre as quais, “Negro Gato”, “Pega Ladrão,” “O Tempo Vai Apagar” e “O Feio”. O CD é encerrado com sua interpretação para o tango-rock “Coração Embalsamado”, de sua autoria. Em 2008, apresentou, na quadra do G.R.E.S. Império Serrano, em Madureira, (RJ) o show “A Noite do Negro Gato”, em que recebeu amigos e o irmão Gerson King Combo, Lilian Knapp e Michel Sullivan, entre outros. Só não entrou o “rei” na homenagem porque quando o colega de surubas, Erasmo Carlos, o procurou para homenagear quem lhe projetou na Jovem Guarda, ele se encontrava “doidão”, “piradão”, no apartamento do Leblon fumando aquele cachimbo de marijuana como na capa do Lpeido: Roberto Carlos: Pra Sempre, abraçado com a planta do edifício “Emoções”.

Hoje Getúlio Cortês chega aos 80 anos, e comemora também o lançamento do primeiro álbum solo, “Negro Gato” (com produção de André Paixão, direção artística do competente pesquisador musical Marcelo Fróes), com muitas histórias para contar.

Viva Getúlio Cortês, o negão oitenta boa pinta!

 

Getúlio Francisco Côrtes, cujo nome artístico é Getúlio Cortês, nasceu no Rio de Janeiro no dia 22 de março de 1938. Além de excelente compositor de sacadas geniais nas histórias que conta nas letras das músicas, jogando com as palavras, é também cantor e exímio instrumentista.


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 20 de março de 2018

CORDEL DO FOGO ENCANTADO - VIAGEM AO CORAÇÃO DO SOL

 

Cícero Tavares

Depois de um hiato de oito anos sem lançar disco e ausente dos palcos pelo mesmo período, a banda de Arcoverde, “Cordel do Fogo Encantado”, que revolucionou a cena musical pernambucana e incendiou o Brasil inteiro com seu sebastianismo musical, após o encantamento de Chico Science da Nação Zumbi, ressurge com um novo disco com os mesmos músicos originários para mostrar que no Brasil há cabeças inteligentes e inspiradas para fazer músicas perenes!

Com Banânia vivendo uma fase de dejetos musicais, com uma poluição sonora absoluta tirando a paz dos ouvidos sensíveis, tipo LC Loma e as Gêmeas Lacração, Pablo Vittar, Jojo Todynho, Glória Groove, Aretuza Lovi, MC Kevinho, MC Gui, MC Pedrinho, Ludmilla, Anitta e outras marmotas do “gênero escremental”, nada melhor do que extasiar com a volta da banda “Cordel do Fogo Encantado” para suplantar esse lixo musical imbecilizado que nos estoura os tímpanos!

Com o CD “Viagem ao Coração do Sol” já gravado no Estúdio EL Rocha, em São Paulo e Totem Estúdio, em Fortaleza, dos competentes e instigados produtores e músicos cearenses Yuri Kalil e Fernando Catatau, o “Cordel do Fogo Encantado” traz canções que ficaram guardadas desde 2010 e novas composições feitas depois que os componentes se reuniram após o encantamento do percussionista Naná Vasconcelos em 2016, que produziu e tocou percussão no primeiro disco homônimo da banda lançado em 2001.

Segundo José Paes de Lira – o exímio declamador e performático Lirinha -, vocalista, compositor e pandeirista do “Cordel do Fogo Encantado”, houve uma opção estética de não ser um grupo de releitura e ou glorificação do passado. As novas letras vão dialogar com os sentimentos humanos, com aquilo que nos cerca, mas musicalmente a banda vai manter a característica de sempre surpreender.

O “Cordel do Fogo Encantado” surgiu destilando a alta octanagem da poesia oral dos cantadores, repentistas, trovadores e a expressividade teatral, principalmente nas declamações e interpretações de Lirinha. Sua deglutição percussiva deixava exposta a tradição afro-indígena sertaneja. Se no primeiro disco – “Cordel do Fogo Encantado”-2001 -, os componentes cantavam em forma de cordel, no segundo disco – “O Palhaço do Circo Sem Futuro”, de 2003, produzido por eles mesmos, faziam uma metáfora da existência humana na figura de um palhaço de um circo sem futuro. Já no terceiro álbum de inédita – “Transfiguração”, lançado em 2006 pela Trama, com produção de Carlos Eduardo Miranda e Gustavo Lenza, é marcado pela retomada dos ritmos regionais típicos da banda, tanto como pela releitura da poesia dos cordelistas sertanejos, adaptada à formação da banda: um cantor performático que abusa sabiamente da teatralidade, um violão orquestra endiabrado e percussões a todo vapor.

As músicas, que conferem até ao tema corriqueiro de uma paixão um cunho messiânico, fenômeno remetente ao vasto folclore nordestino, têm seu poder intuído já a partir dos títulos, aos exemplos de Pedra e Bala (Os Sertões), Tempestade (ou A Dança dos Trovões), Sobre as Folhas (ou Barão nas Árvores), ou mesmo na música homônima do álbum, “Transfiguração”, onde versos simples, mas enigmáticos, sugerem a originalidade dos músicos nordestinos: “Volta, este mundo só precisa de você/ volta, outro homem nunca assim vai te chamar/ Não fique aí enterrada/ Vem para a rua”.

Com “Viagem ao Coração do Sol” a ser lançado em todo o Brasil no dia 6 de abril, o “Cordel do Fogo Encantado” fazem uma remissão ao terceiro disco, “Transfiguração”, que indicava uma pausa, que veio. Segundo Lirinha: agora é sair para o sol, florescer, caminhar em direção à luz, sair de dentro da terra, rasgar o casulo.

Aguardamos ansiosos, pois, o lançamento do novo CD da banda depois de oito anos de hibernação. Enquanto não vem, assistiremos ao clipe oficial da música “Liberdade, A Filha do Vento” lançado dia três, de autoria de Lirinha e gravada no Recife. E depois, faremos uma comparação com um lixo sonoro musical interpretado pela (o) “sensação do momento” Pablo Vittar – “Open Bar!”

Deixem os ouvidos bem atentos para se deliciarem com o clipe oficial de “Liberdade, a Filha do Vento”!

E depois, prendam a respiração, segurem a depressão para ouvir o clipe da música “Open Bar” de Pablo Vittar!

Tá uma gracinha!!

“A sensação do momento!”

Se no início ou no meio do clipe você sentir o gosto amargo do suicídio, detone o vídeo: Não se mate! Sua vida é mais importante do que um lixo sonoro!

Novo CD do Cordel do Fogo Encantado a ser lançado para o mundo no dia 06.04.2018.

 

 

O clipe da música “Open Bar” do genial Pablo Vittar, a poluição sonora do momento!

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 06 de março de 2018

O VELHO, A LEI N.º 10.741/03, O ATENDIMENTO NO SETOR PÚBLICO E O GORDINHO DO POSTO IPIRANGA

 

O VELHO, A LEI N.º 10.741/03, O ATENDIMENTO NO SETOR PÚBLICO E O GORDINHO DO POSTO IPIRANGA

O ancião Amadeu, já passando dos oitenta e lavai o trem descarrilhado, procurou a Secretaria de Finanças de determinado município do Estado de Pernambuco, localizado no litoral norte da Região Metropolitana do Recife, distante 18 quilômetros da capital do estado, para solicitar a transferência da titularidade do IPTU de um apartamento que lhe pertence de direito, mas não de fato há mais de dez anos.

Munido de uma cópia da procuração pública e da escritura de compra e venda do apartamento feito no Tabelionato de Notas do Município para provar que já havia vendido o imóvel a um promissário comprador, dirigiu-se ao balcão de informação da Secretaria de Finanças e lá lhe deram uma ficha de prioridade e pediram para aguardar na fila que já passava de quinhentos velhos à sua frente para serem atendidos sobre transferência, atraso, titularidade e parcelamento de IPTU.

 

 

Sentado na cadeira, Seu Amadeu começou a perceber que a fila dos idosos não “andava”, mas a dos normais o painel vermelho à sua frente chamava direto! Mal os normais chegavam e já eram chamados e atendidos sem delonga! Vez por outra é que o encarregado do setor chamava um velhinho que já estava esperando ser atendido há décadas! “Ficha 24!” “Guichê dos idosos ou qualquer um disponível!”

Inconformado com aquele descaso, desrespeito, violação à lei federal, Seu Amadeu se levantou de onde estava e se dirigiu até o balcão de atendimento e gentilmente perguntou ao atendente por que a fila dos idosos não “andava”. O atendente o ouviu, pediu licença e foi consultar o “encarregado do setor”. Quando retornou, chamou Seu Amadeu e, na frente da pessoa que estava atendendo, respondeu:

– O “chefe do setor” informa que desconhece essa lei federal a que o senhor se refere que dá preferência a velhos! Ele mandou perguntar se o senhor não está inventando essa lei do idoso para passar as pernas nos outros velhos. Segundo ele, todos os municípios da Região funcionam assim para o público, não é agora que vai mudar! Lei de prioridade para velhos é esperar! Ele mandou dizer que, se o senhor tiver se sentindo incomodado, desrespeitado nos seus direitos, procure o gordinho do POSTO IPIRANGA que ele irá lhe informar melhor. Segundo ele, “o melhor que o senhor tem a fazer é se sentar e ficar aguardando sua vez de ser chamado que ele não pode fazer nada!” E voltou a atender o normal que estava na vez do velhinho.

Passado mais de três horas de espera, o encarregado chama o número do Seu Amadeu que se levanta com dificuldade e se dirige até o balcão de atendimento. Trôpego, devido à idade, mãos e pés tremendo, lentamente Seu Amadeu vai tirando da pasta a procuração pública e o contrato de compra e venda do apartamento e entrega tudo ao atendente, pedindo para ele verificar no sistema se o IPTU daquele apartamento ainda se encontra cadastrado no nome dele. Caso o promissário comprador não tenha feito ainda que o atendente faça agora porque lhe chegou à residência cobrança da Secretaria de Finanças da Prefeitura informando que ele, Seu Amadeu, estava em atraso desde dois mil e doze e que o nome dele iria ser executado, inscrito no Cadastro de Maus Pagadores do Município, SPC, SERASA, CADIN, sem contar que a Prefeitura Municipal iria publicitar o nome dele e de outros inadimplentes em “outdoor”, amparado numa lei municipal aprovada pelos vereadores à unanimidade na calada da noite, sobre o sugestivo título de Lei dos Caloteiros de IPTU e Impostos Afins!

Mexendo para cá, mexendo para lá no monitor e reclamando da lentidão, depois de muitos cliques e porradas nas teclas, o atendente imprime várias cópias do IPTU em atrasos e entrega ao ancião, avisando:

– Senhor, realmente, tem muitos anos de IPTU em atraso na inscrição desse apartamento e ainda está no nome do senhor! Agora, aqui a gente não muda não! A única coisa que a gente faz aqui é lhe fornecer o BIC (Boletim de Inscrição Cadastral). Daqui o senhor se dirige até o setor de Cartografia da Secretaria de Finanças. É lá que eles fazem a transferência de titularidade e, consultando o relógio, alerta:

– Mas é melhor o senhor vir outro dia porque já é meio dia e meia da tarde e, antes desse horário, eles encerram o expediente!

Antes de se levantar da cadeira para agradecer o atendente que compreendia não ter culpa naquela zona na Secretaria de Finanças – o descaso vem lá de cima! -, Seu Amadeu, em voz baixa, pergunta:

– Meu filho, eu sei que não é culpa sua, mas me responda uma coisa: por que nessa secretaria tem mais gente para atender do que para ser atendida? É funcionários atropelando funcionários com todo mundo fingindo que trabalha?

Não gostando da observação irônica feita pelo ancião, o atendente lhe pede licença e vai perguntar ao “encarregado”. Quando retorna lhe responde com as palavras ipsis litteris ditas pelo “chefe do setor:”

– O “Homem” mandou dizer para o senhor que o sistema sempre funcionou assim desde que Cabral pisou aqui. Tudo isso sempre foi cabide de empregos dos apadrinhados do prefeito eleito.

É o chamado toma lá! Dá cá! E se o senhor tiver se sentindo incomodado, procure o gordinho do POSTO IPIRANGA para reclamar!…

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 27 de fevereiro de 2018

ZÉ FIDÉLIS – UM COMPOSITOR DE SENSO E IMPROVISAÇÃO GENIAL

 

Descobri que rico não é quem tem muito. Rico é quem precisa de pouco para viver com dignidade e automaticamente é feliz. Luiz Fidélis, explicando por que não saiu do Juazeiro do Norte, onde mora no sítio na serra, no programa LERUAITE apresentado por Falcão.

Nascido no Juazeiro do Norte, Região Metropolitana do Cariri, o compositor e cantor Luiz Fidélis é um dos grandes gênios da música do Estado do Ceará, com a cabeça antenada para o mundo, com uma potência de conhecimento, de senso de improvisação e competência rara, que saca e pensa muito rápido, segundo opinião do produtor musical o visionário Emanoel Gurgel, criador da gravadora SomZoom Stúdio responsável pela revolução do forró nos anos noventa, época em que o ritmo estava quase sendo jogado na lata do lixo do estrume da bosta do cavalo do bandido.

Como compositor consegue ser popular sem ser popularesco. Em uma mesma composição consegue agradar de A a Z. Simples, singular, único, Luiz Fidélis canta a verdade, o cotidiano. Suas músicas são realmente inspiradas e não inventadas, daí serem eternas sem perder a essência.

Luiz Fidélis não pára para fazer música. A música é que lhe pára. Joga com as palavras e tem lágrimas na voz quando interpreta suas músicas, cantando e passando sentimentos, na opinião do cantor e compositor de forró Petrúcio Amorim.

É um compositor regional de dimensão universal que todo o Brasil assimila. Versátil, polivalente, eclético, não deixa nada escapar dos acontecimentos do cotidiano na sua visão de poeta-letrista. Com mais de 300 músicas gravadas pelas bandas da gravadora SomZoom Stúdio do produtor musical Emanoel Gurgel, seu nome será sempre lembrado quando o tema for forró de qualidade melódica e eclética!

Luiz Fidélis está presente no repertório dos grandes nomes da música popular nordestina que já gravaram suas músicas, dentre eles Elba Ramalho, Marinês e sua Gente, bandas Mastruz com Leite, Cachorra da Molesta, Calcinha Preta, cantores como Frank Aguiar, Santana, o Cantador, Fagner, Dominguinhos, Fábio Carneirinho, Maciel Melo, Quinteto Violado, Patativa do Assaré, nas músicas O Boi Zebu e as Formigas e O Sem Terra, ambas gravadas pela banda de forró Mastruz com Leite…

Nos anos setenta, participou do Festival da Credimus, em Fortaleza. Festival Som das Águas (MG), Festival da Canção, no Crato (CE), Do Movimento Massa Feira em Fortaleza (CE), Festival Universitário no Cariri (CE), Shows na Concha Acústica da UFC Fortaleza (CE), Teatro Segredo de Itapuan, Salvador (BA). Teve participações em show’s com Xangai, Elomar e Vital Farias. Dono de uma bagagem como essa, foi merecidamente lembrado pela Rede Globo para fazer parte do São João do Nordeste em 2009 num clipe veiculado para todo o Brasil. Além de sua música Flor do Mamulengo ter sido tese de mestrado na USP (SP).

Nascido na terra do Padre Cícero, Luiz Fidélis já possui cinco trabalhos fonográficos, 2 Lp’s e 2 Cd’s: 1.º Retrato(LP), 2.º Renovação (LP), 3.º O Preço de um Homem (CD), 4.º Luiz Fidélis Voz e Violão (Vol. 1) (CD), dentre outros CDs de enorme sucessos.

Compositor de músicas universais como Meio DiaFlor do Mamulengo (música sublime feita para uma peça teatral de bonecos), Caro Amigo (feita para dois veados), Noda de Caju, Tem Gente (gravada por Falcão), Seis Cordas, Pra Enxergar?, (forró arretado feito para a banda Tô Nem Vendo) do programa LERUAITE apresentado pelo genial brega star Falcão na TV Diário, Ceará, Transito Engarrafado (feita há mais de vinte e cinco anos, mas atualíssima), E o que é Saudade? (obra-prima feita para uma criança filho de um amigo, morto numa tragédia banal de trânsito), Viagra sob Medida (feita para zoar com os velhos de pau murcho), Se Lembra Coração(gravada por Marinês no estúdio SomZoom Stúdio), Olhinhos de Fogueira (excelente forró romântico feito para a sempre namorada Darineia), Só o Filé, Jovem Senhor (música que define sua filosofia de vida) dentre outras…

Luiz Fidélis tem nível superior, é Engenheiro Civil com especialidade em saneamento ambiental, foi graduado pela UNIFOR (Universidade de Fortaleza). É casado há mais de trinta e quatro anos com a lindíssima e bem humorada Darineia, sua musa inspiradora em todas as músicas. Pai de quatro filhos, apaixonado por futebol, cavalos e pela vida, ele vê no amor a razão de toda felicidade. Como Lamartine Babo que fez os hinos do Rio de Janeiro, compôs o hino do Icasa e do Guarani do Juazeiro do Norte.

LUIZ FIDÉLIS É UM SACADOR DE PRIMEIRA LINHA!

P:S:

Deus fez a grande natura
Com tudo quanto ela tem,
Mas não passou escritura
Da terra para ninguém.

Se a terra foi Deus quem fez
Se é obra da criação
Deve cada camponês
Ter uma faixa de chão

Faz pena ver sobre a terra
O sangue humano correr
O grande provoca guerra
Para o pequeno morrer.

Vive o mundo sempre em guerra
Ambicioso e sanhudo
Tudo brigando por terra
E a terra comendo tudo.

O Sem Terra – música de Luiz Fidélis e letra de Patativa do Assaré.

Clique aqui e veja o cantor e compositor Luiz Fidélis no programa LERUAITE do Falcão do dia 15.11.2016.


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 20 de fevereiro de 2018

RITA DE CÁSSIA, UMA COMPOSITORA DE TALENTO

 

Rita de Cássia de Oliveira Reis, filha do agricultor e sanfoneiro autodidata Francisco Flor dos Reis, sábio lavrador analfabeto que colhia da vivência da vida a pedagogia do saber, e da professora Maria Oliveira dos Reis, que colhia da vida o saber da pedagogia.

Conhecida no mundo artístico como Rita de Cássia, cantora e compositora de mais de quinhentas músicas de forró, nasceu em Alto Santo, município do Estado do Ceará, localizado na microrregião do baixo Jaguaribe.

No decorrer de sua carreira, que começou com menos de doze anos como compositora, lá em Alto Santo, Rita de Cássia já gravou mais de 12 CDs em parceria com seu irmão Redondo e a Banda Som do Norte, mais de 05 CDs Voz e Violão, 02 DVDs Acústicos, 01 CD em comemoração aos 20 anos de carreira, 01 CD Rita de Cássia Ao Vivo (2010) e 01 CD intitulado de “Cuide de ser feliz” (2015), com 13 faixas inéditas.

Mas seu reconhecimento como compositora criativa, de sensibilidade rara foi descoberto e só veio a público pelas mãos do visionário produtor musical cearense Emanoel Gurgel, que viu nela um extraordinário potencial promissor e a projetou no cenário nacional e internacional com suas composições de forró romântico gravadas pelas bandas Cavalo de Pau, Mel com Terra, Catuaba com Amendoim, Brasas do Forró, Aviões do Forró e principalmente a Mastruz com Leite nos anos noventa, e até hoje domina o cenário musical nacional em toda época do ano, antes só vivenciando no mês junino porque o povo tinha vergonha de cantar depois por ser brega.

Além dessas bandas de forró que gravaram suas músicas, a cantora e compositora Rita de Cássia, já teve várias canções de sua autoria gravadas por Eliana, Katia de Trói, Frank Aguiar, Wesley dos Teclados, Amelinha, Marinês, As Mineirinhas e tantos outros cantores e cantoras de reconhecimento artísticos nacionais.

Quando começou a compor, escrevia suas composições em cadernos e guardava só para ela, porque não se interessava em mostrar a ninguém. Quando concluiu o 2° grau seu irmão Redondo a convidou para ser vocalista da Banda Som do Norte, criada por ele.
Mesmo sem aprovação dos pais, ingressou em seu sonho de cantar e ser uma grande compositora na companhia do irmão. Com o tempo ela fez os pais mudarem de ideia.

Em 1992 a cantora Eliane grava Brilho da Lua, tornando sucesso absoluto, sendo a música mais executada em Fortaleza. Logo em seguida, Sonho Real foi gravada pela banda Mastruz com Leite que já começava a despontar com muito sucesso no Ceará e outros estados do Nordeste.

Em 1993 a banda Mastruz com Leite grava Meu Vaqueiro, Meu Peão de Rita de Cássia e foi uma explosão de sucesso em todo Brasil. Meu Vaqueiro, meu Peão, tornou-se um hino do forró. Começa aí o estrelato de Rita de Cássia como compositora. Ganhou o diploma “Destaque de Melhor Compositora do Ceará em 1993”. O forró começava a tomar conta de todo Nordeste com uma linguagem romântica, com poesia suave.

A forma direta de falar de amor começou a dar certo e Rita de Cássia, usando todo o seu talento e carisma, continuava compondo canções lindíssimas e recebia muitos elogios a cada dia de locutores, bandas e principalmente de jovens que passaram a gostar do forró com esta grande evolução.

Em 1994, Rita de Cássia ganha o prêmio destaque da Região Vale do Jaguaribe, como melhor compositora. Além disso, já estava em 8° lugar entre os melhores compositores do País e, em 1995 recebeu os parabéns do ECAD ( Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), por ter sido primeiro lugar em execução no Brasil, juntamente com a SOMZOOM STÚDIO, criada pelo visionário produtor Emanoel Gurgel, depois de levar muitas lapadas das grandes gravadoras e dos “disc jockys”, que rejeitavam seu produto musical assim que ele dava as costas, mesmo pagando altíssimo “jabá” para tocar.

Foi também nesse ano que a cantora e compositora Rita de Cássia foi gravar o primeiro CD intitulado Rita de Cássia, Redondo e Banda Som do Norte, tendo como sucesso a música No Voo da Asa Branca, em que retratava a saudade dos nordestinos que deixavam sua terra natal e partiam para a solidão das grandes cidades.

Em 1998, a banda Mastruz com Leite volta a fazer sucesso com a música Tatuagem de autoria de Rita de Cássia, que foi umas das mais tocadas nas rádios de todo o Brasil, e depois com A Saga de um Vaqueiro, música genialmente extensa que conta uma história de amor impossível com mais de nove minutos de execução.

Em 2000 seus méritos também foram reconhecidos no evento “XX – O Século das Mulheres”, promovido pelo jornal Folha do Comércio, onde ela foi homenageada e recebeu o título de “Compositora do Século XX”.

Em 2002 teve novamente a explosão de suas composições na música Jeito de Amar (Porres por Você), gravado nas vozes de Solange e Xande (Aviões do Forró) no 2º CD da banda e, mais tarde, pela banda Mastruz com Leite.

Segundo o produtor musical Emanoel Gurgel, criador da produtora SomZoom Stúdio, responsável pela projeção desse riquíssimo sucesso musical, o estúdio nasceu da necessidade de se valorizar um mercado rico musicalmente mas que era desvalorizado pelas grandes gravadoras e grandes emissoras de rádios da época que torciam o nariz chamando-o de produto estrume e sem futuro.

Rita de Cássia e Emanoel Gurgel venceram com seu talento, determinação e muito trabalho e hoje fazem parte da história da música de forró romântico que à época era considerada produto descartável, brega.

Existe um senhor que não mente nunca, dependendo do que você faz de bom ou de ruim na vida: O Tempo! E o tempo deu razão a Emanoel Gurgel e Rita de Cássia!

O forró pé de serra havia feito sua história! Estava no limbo! O forró romântico veio ocupar esse espaço quase vazio com a força de uma metralhadora 100 sem avacalhar o ritmo, graças ao visionário Emanoel Gurgel, o grande responsável por essa revolução musical.

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 13 de fevereiro de 2018

ARROGÂNCIA ILIMITADA

 

Determinado enfermeiro fora contratado por uma empresa terceirizada para trabalhar como maqueiro de um grande hospital do Recife.

Apesar de sua larga experiência na área de atendimento aos enfermos em hospitais particulares o maqueiro se assustou no primeiro dia de trabalho no tal hospital público ao ver tanta miséria nos corredores do hospital: gente acidentada, estropiada, um verdadeiro campo de guerra onde os doentes morrem e ninguém toma conhecimento.

Um caos!

Quando estava cursando enfermagem, o maqueiro aprendeu que, segundo a constituição cidadã, “são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma da constituição.” Mas o que ele viu na prática do dia a dia naquele hospital foi o avesso do avesso do que determina a constituição, onde os direitos nela assegurados não passam de um monte de bosta!

Já quase adaptado ao clima de guerra hospitalar, onde um amontoado de pobre e desassistido pelos governos padece como se estivesse no inferno, tamanha era a carnificina nos corredores sem leitos, sem macas, sem decência, o maqueiro assistiu a um caso inusitado de arrogância e prepotência humanas sem limites, mesmo dentro de um hospital onde impera a miséria, o descaso, a negligência, a falta de infraestrutura que deem decência e dignidade ao ser humano!

Certo dia, cinco da manhã de uma segunda-feira chuvosa, dá entrada no hospital um casal de jovens já mortos, vítima de um terrível acidente ocorrido numa famosa e movimentada avenida do bairro do Recife. Pelos indícios colhidos nas primeiras investigações policiais, tinha havido consumo de bebida e uso de drogas, pois o interior do veículo estava abarrotado de provas.

Assim que tomou conhecimento do trágico acidente que, infelizmente, ceifou a vida do belo casal, a família, prepotente e arrogante, correu ao hospital e, todos, com trajes formais e de óculos escuros, adentraram ao setor de emergência e procuraram o médico de plantão exigindo dele a transferência do casal para um hospital particular onde, acreditavam, seriam melhores atendidos. E partiram para cima do médico plantonista com toda a força da ignorância e prepotência que regem o ser humano que, por se acharem mais capazes por terem posses, podem mandar no mundo e darem as ordens do que deve ser feito ou não.

– Doutor, aquele casal que deu entrada hoje de manhã aqui no hospital são nossos filhos e queremos que com urgência o senhor autorize a transferência deles para um hospital mais decente!

E antes que o médico falasse que seria um procedimento difícil e que…

– Doutor, nós estamos ordenando a transferência do casal e o senhor não tem que pensar, não! O senhor é servidor da gente! Queremos que o casal seja transferido e agora! E o senhor vai assinar a transferência sobre pena de responsabilidade civil e desacato à autoridade!… Ou o senhor não sabe com quem está falando!?…

E, entes que o médico tentasse explicar novamente o trágico falecimento do casal, uma das madames se achando dona da verdade, ordenou ao médico:

– Doutor, se o senhor não assinar o termo de transferência do casal com urgência para um hospital mais decente, nós vamos processá-lo por quaisquer danos estéticos e materiais irreparáveis provocados nos jovens, ouviu isso?!…

Foi quando o médico, polido e educado, com larga experiência na área plantonista, acostumado a lidar com tais situações, frangiu a testa, levantou-se da cadeira, abotoo o jaleco e, como um Buda Nagô, foi até ao corredor com a comitiva e disse:

– Desculpe-me se estou sendo indelicado com vocês!… Entendo a situação!… Tenho mais de trinta anos de plantonista e já passei pelo inimaginável na área hospitalar!… Mas lamento informá-los: O casal que vocês procuram deu entrada no hospital sem vida!… Está lá no necrotério!…Se quiserem ver os corpos me acompanhem!…

Foi nesse momento que duas das madames que acompanhavam o grupo caíram desmaiadas e precisaram ser socorridas ali mesmo pelo médico que antes elas xingavam, davam ordens e o ameaçavam por imperícia e desacato civil…

Só o motorista que servia a comitiva teve a coragem de ir até o necrotério espiar os corpos dos jovens que pareciam dois anjos dormindo.

Vá entender o ser humano, disse ele aos seus botões!…


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 06 de fevereiro de 2018

ONDE ANDARÁ A FAXINEIRA POLIGLOTA PERNAMBUCANA QUE CONQUISTOU O MUNDO?

 

Belo Horizonte – 2013!

Simples e atenciosa, meiga e educada, delicada e sorridente, inteligente e determinada.

A faxineira pernambucana poliglota, Maria da Conceição da Silva, vira celebridade no Mercado Central de Belo Horizonte – eram as manchetes em destaque nos grandes veículos de comunicação de massa daquele Estado e nos de todo o País, na época da Copa das Confederações no Brasil!

Assim começava a história impressionante da contabilista pernambucana que fala sete línguas, deixa de ser faxineira para ser recepcionista e guia turística e se torna celebridade no Mercado Central de Belo Horizonte e vence um grande desafio: acompanhar e orientar turistas e embaixadores europeus em visita ao ponto turístico do estado, sem aquelas poses eloquentes tão comuns aos intérpretes bastardos e arrogantes.

 

 

Por um acaso da vida ela conheceu, em 2005, um espanhol, um alemão e uma holandesa em viagem de intercâmbio ao Brasil. Na época, como os turistas procuravam uma casa para se hospedar, Maria da Conceição da Silva ofereceu a sua em Campina Grande em troca de uma pequena ajuda. Dessa amizade surgiu a oportunidade de ela viajar para Holanda onde fez de tudo para sobreviver: faxina, pintura, reforma de residência, aproveitando as ocasiões para aprimorar a língua e aprender outras.

Devido ao frio e inverno rigorosos da Holanda, problemas familiares e a saudade do Brasil que nunca lhe saía da lembrança, retorna sete anos depois e resolve fixar residência em Minas Gerais, onde começa a procurar qualquer emprego para sobreviver, apesar de ser formada em contabilidade e falar sete línguas!

Em uma dessas tentativas, já quase desistindo de procurar, consegue um emprego de faxineira no Mercado Central de Belo Horizonte e, por um acaso da vida um vigilante a descobre conversando ao telefone com uma holandesa, leva ao conhecimento do chefe do Mercado e, esse, por sua vez, leva ao conhecimento da gerente geral que contrata a faxineira como recepcionista no guichê da Belotur do Mercadão, com novo salário!…

A partir daí a vida de Maria da Conceição da Silva começa a mudar de rumo. Torna-se garota propaganda do Mercado Central de Belo Horizonte e, por causa dos anúncios feitos pela Belotur divulgando o mercado para todo o mundo em todos os veículos de comunicação, tendo como objetivo a atrair turistas à Copa das Confederações, e como garota propaganda a pernambucana faxineira e poliglota, o resultado da empreitada torna-se um sucesso para o Mercando, não para Maria da Conceição.

Vendo sua imagem sendo explorada em todos os veículos de comunicação sem sua autorização e em troca não receber a contra partida, a faxineira poliglota entra com uma Reclamação Trabalhista contra a Belotur por uso indevido de imagem sem autorização, que tinha como título: “Poliglota do Mercado Central”, com o objetivo de atrair turistas à Copa das Confederações do Brasil. A Juíza Hadma Christina Murta Campos, da 9.ª Vara do Trabalho da Capital Mineira condenou a empresa por uso indevido da imagem da funcionária, fixando na sentença R$.12 mil reais só em indenização por uso indevido de imagem, afora outros penduricalhos relacionados à Reclamação Trabalhista.

De acordo com a magistrada, a divulgação da imagem de Maria da Conceição em reportagens e programas de televisão serviu indevidamente como propaganda do mercado. “A reclamante figurou por um período considerável como verdadeira ‘garota propaganda’ do reclamado, bastando verificar as dezenas de reportagens, inclusive em programas de TV de grande apelo popular”, diz a sentença.

A Juíza destaca que a faxineira foi usada com o objetivo de atrair turistas na época da Copa das Confederações no Brasil, em junho de 2013.

“Por óbvio, houve divulgação do local em um período de grande movimento turístico na capital, pois coincidente com a realização da Copa das Confederações.”

A Justiça foi feita em favor de Maria Conceição da Silva que, com simplicidade, determinação, inteligência, educação, elegância e simpatia, conquista a todos com a dignidade que lhe é peculiar, sem utilizar-se de artifícios ardis para enganar o povo como o fez LAPA DE LADRÃO DE CAETÊS!

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 30 de janeiro de 2018

MARIA BAGO MOLE E SEU BITÕEQUÊI – O CIÚME E DOIS SEGREDOS

 

Depois de ter tido uma noite inesquecível com Maria Bago Mole, a dona do famoso cabaré de mesmo nome, seu Bitõequêi, o fazendeiro durão da Zona da Mata de Carpina, retorna à fazenda, não mais contrariado por ter acordado fora do horário habitual.

Chegando ao rancho por volta das nove horas da manhã, encontra todos os empregados apreensivos no pátio da casa grande, pensando haver lhe acontecido alguma coisa grave, mas quando pressente o patrão meio cabreiro e contrariado apear o cavalo e mandar um dos capangas recolher a sela, calam-se e esperam a ordem do homem, que calado estava, calado ficou, não informando nada sobre o acontecido, limitando-se apenas a ordenar aos subordinados as tarefas do dia.

 


Cabaré de Maria Bago Mole nos anos sessenta, zona de Carpina-PE 

 

Depois de dar as ordens aos empregados, seu Bitôequêi entra no casarão, abre as janelas e se dirige até as governantas na cozinha, dar-lhes bom dia, retorna à sala, e começa a pensar em Maria Bago Mole, da noite inesquecível que tivera com ela, dos prazeres que ela lhe proporcionou e, além de sentir que estava apaixonado, começa a ter-lhe ciúme, imaginando-a naquele cabaré cheio de homens doidos para comê-la!

Foi nesse momento que aquele homem durão, acostumado a lidar com vacas, cavalos brabos e capangas rudes, sentiu estar dominado por um sentimento jamais vivido em toda sua vida. Maria Bago Mole havia lhe domado o coração!

Da segunda para o sábado seu Bitõequêi ficou absolutamente inquieto, sonhou com Maria Bago Mole todas as noites sempre nos braços de outros homens e acordava durante a noite todo suado, com o ciúme lhe dominando e sufocando o peito ao ponto de ele ficar irreconhecível!

Ansioso e só pensando em Maria Bago Mole, no sábado logo cedo, manda seu capanga Simeão Pau Preto por a sela no cavalo branco, vestiu sua calça e camisa de linho branco e logo cedo se mandou para o Cabaré para se encontrar com a dona do seu coração!

Em lá chegando, veio-lhe uma tempestade de ciúmes por causa dos homens que cercava sua Amada que, quando o avistou, saiu correndo em sua direção:

– Oi amor! Estava com muitas saudades! Você não imagina a eternidade que foram esses dias sem você! E aplicou-lhe um beijo bem demorado! Pegou-lhe pelas mãos, tirou-lhe a sela do cavalo e o chamou para ficar com ela nos aposentos do cabaré, local onde tivera sua primeira noite de nupcia extraconjugal.

Se ele estava doido de paixão, mais apaixonado ficou com todo o carinho, atenção e dedicação dispensado por Maria Bago Mole, que lhe sabia dar o que ele nunca teve na vida: amor, prazer e liberdade!

Naquele sábado ficou com Maria Bago Mole novamente, e mais uma vez quando se levantaram já passava das dez horas do dia! Curiosamente o homem durão que ficou contrariado da primeira vez, se levantou relaxado, de bem consigo mesmo e deu um beijou na amada demoradamente. Foi até o sanitário do cabaré, tomou um banho de cuia, enxugou-se e voltou ao aposento onde Maria Bago Mole o esperava nua de bunda para cima!

Depois de dar uma rapinha prazerosa, ambos se levantam, trocam de roupa e ela o leva carinhosamente até onde está o cavalo apeado, guardando o segredo de que lhe estava prenha, e ele também deixando para outra oportunidade que iria pedir-lhe que abandonasse o cabaré para ficar com ele definitivamente…


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 22 de janeiro de 2018

CHICO ANÍSIO EM TRÊS MOMENTOS ANTOLÓGICOS E O MESTRE ARIANO SUASSUNA COM A ARTE DO CÔMICO

 

Para os colunistas do JBF Sonia Regina e Alamir Longo

Nascido Francisco Anísio de Oliveira Paula Filho, em 12 de abril de 1931, na cidade de Maranguape, a 2 Km do Ceará, o maior humorista do Brasil de todos os tempos que fazia rir e pensar, Chico Anísio, criou mais de duzentos e nove personagens que alegrou o País de ponta a ponta e o mundo.

Possuía uma versatilidade criativa só capaz aos grandes gênios da raça humana!

Sua mãe, Dona Haydée Viana de Oliveira Paula, conta uma história interessante sobre o dia do nascimento do pequeno gênio Chico Anísio: Um domingo, cinco horas da manhã, junto ao quarto onde ele nasceu havia uma mangueira frondosa e no dia do seu nascimento todos os pássaros do sítio vieram cantar naquela árvore, como se tivessem a dizer: seu filho será um iluminado e encantará o mundo com o seu humor!

Para conhecer a genialidade do humorista Chico Anísio, que Zé Lezin considerava o pai de todos os humoristas, seguem três episódios que comprovam a ilimitada versatilidade desse incorporador de personagens jamais visto no mundo!

Mais um viva a esse gênio do humor nacional, insuperável e insubstituível!

E por fim: O mestre Ariano Suassuna explicando por que a caricatura é a arte do cômico que, segundo a teoria do gênio aristotélico: É uma desarmonia de pequenas proporções e sem consequências dolorosas. O cômico é a arte do feio, do desarmonioso.

Assistimos aos vídeos e nos divertimos! O riso, assim como o sexo, é o antídoto da angústia, é o relaxamento do corpo e da “alma”!

Chico Anísio e a Velhinha Puta: 

 

Chico Anísio apresentando Maranguape:

 

Chico Anísio e seu filho, André Lucas, apresentando um quadro humorístico no Jô Soares:

 

 

Ariano Suassuna – O Cômico: 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 16 de janeiro de 2018

AUGUSTO LUCENA MOSTRA O PAU À PROFESSORA MARIQUINHA BUNDÃO

 

De 1964 a 1969, anos de chumbo que o prefeito Augusto Lucena foi nomeado pelo governador Eraldo Gueiros de Pernambuco para administrar a Prefeitura do Recife, contam-se trapalhadas homéricas de arrepiar os pentelhos do forévis dos bastidores do Cabaré de José Mariano durante os ânus que o homem de chapéu ramenzoni ficou à frente do executivo.

Modernizador do bairro de São José, Augusto Lucena era alvo de elogios, mas de pesadas críticas dos seus desafetos quando o assunto era sua administração, chegando ao ponto de seus inimigos políticos o chamarem de: “Revitalizador da Venérea Brasileira”, por ser o bairro dos cortiços onde predominavam os maiores índices de gonorreias, sífilis, chatos, cristas de galo, blenorragia, herpes genital…

Durante suas gestões foram criados o edifício-sede da Prefeitura, o Colégio Municipal para ensino do 1º e 2º graus, mais de 4000 casas populares, muitas avenidas, entre elas: a Caxangá, a Antônio de Góis, a José Estelita, a Nossa Senhora do Carmo, a Agamenon Magalhães, a Domingos Ferreira, a Abdias de Carvalho e o Cais do Apolo; as pontes de Limoeiro, Jiquiá, Capunga e Caxangá, o alargamento da Av. Dantas Barreto, onde houve a necessidade da demolição da Igreja dos Martírios, considerado pela municipalidade como imprescindível para a construção e alargamento da avenida.

Foi nesse tempo que os religiosos que defendiam a permaneça da Igreja dos Martírios se insurgiram contra o prefeito Augusto Lucena e se puseram em frente à igreja deitados de bunda para cima como resistência à sua demolição e o velho mandou passar o trator por cima dos que resistiram à derrubada. Esse episódio ficou conhecido como “A revolta dos cus aperobados”.

Mas foi no período em que administrou a cidade do Recife que o prefeito Augusto Lucena enfrentou sua mais dura batalha caseira: os desaforos da professora Mariquinha Bundão, uma baixinha enfezada moradora do bairro de Água Fria.

Certa vez um grupo de professora, à frente a educadora baixinha Mariquinha Bundão, insatisfeita com o salário de miséria que recebia da Prefeitura, fez uma marcha de protesto até o Cabaré de Jose Mariano para reivindicar melhores salários e condições de trabalho…

Quando adentrou no recinto da câmara de vereadores, encontrou o prefeito Augusto Lucena debatendo boca com outros funcionários que protestavam também por aumento de salário, e as professoras, à frente a líder, Mariquinha Bundão, foram logo se dirigindo ao chefe do executivo e dizendo, dedo em riste:

– Ei, cunhão murcho, vai pagar a gente ou não vai o aumento salarial? Essa merda que a gente está recebendo não dá nem pra comprar um sabugo de milho para limpar o furico! Como queres que a gente dê aulas com os dentes arreganhados?

Tenso e atrapalhado com tanta pressão, o chefe do executivo municipal não teve outra alternativa: pôs a mão no fecho ecler, pegou o pau com os ovos e, chacoalhando-os, disse:

– Olha aqui que eu tenho para vocês de aumento salarial! Se não estão satisfeitas com o que ganham, vão dar o rabo nos botecos da São José! Vocês ganham mais!

Revoltada com a resposta desaforada do prefeito e percebendo que o homem era duro na queda para dar aumento, na frente de todos que estavam no salão do Cabaré de José Mariano, Dona Mariquinha Bundão, sem papa na língua, perguntou:

– Tudo bem, mas onde fica esse cortiço que o senhor frequenta pra eu ir até lá pra gente dar uma a seu gosto e preferência? Prometo-lhe fazer de tudo! Qual! Qual! Qual! Qual! Qual! E saiu de fininho antes que o prefeito soltasse os cachorros!

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 09 de janeiro de 2018

SEVERINO BIL E A CABRITA MIMOSA

 

Severino Bil era um adolescente bem-afeiçoado, corpanzil escultural, apesar de filho de neta de escrava. Sua atividade era pastorar as cabritas do avô materno nos canaviais de Lagoa do Carro, distrito pacato de Carpina, Pernambuco. No colégio estadual do distrito onde estudava era cobiçado pelas meninas que viam nele um galã de cinema, um Jemes Dean, um Marlon Brando, mas ele nunca dava atenção a elas, pôs não tinha a malícia de sacar as pretensões astuciosas das adolescentes assanhadas, que ficavam toda molhada só em imaginá-lo pelado na frende delas.

Olhos azuis, cabelos pretos e lisos, rosto afilado, Severino Bil puxou à genética do pai de origem alemã, que deixou a mãe assim que percebeu que ela estava prenha dele, depois de uma convivência amancebada de mais de dois anos, morando num quartinho de dois vãos no sítio Padre Cícero Romão Batista do avô materno, seu Zé Bil de Maria.

Quando completou dezessete anos aí é que o adolescente despertava suspiros alucinados nas alunas do Colégio Joaquim Nabuco mesmo, principalmente na professora balzaquiana Chiquinha, cabaço absoluto, que, segundo ela às colegas de profissão, todo dia sonhava com o rapagão a comendo na posição meia nove!…

– Minhas meninas, dizia Chiquinha às colegas professoras na hora dos intervalos de classes, é impressionante o poder de sedução que aquele adolescente exerce em mim! Que Olhos! Que boca! Vocês acreditam que todo dia eu sonho com aquele safadinho me comendo? Ao passo que as colegas, ouvindo tais confissões indecentes de Chiquinha, arregalavam os olhos e a censuravam, mas desejando o mesmo para elas:

– Mas, Chiquinha, isso é pecado capital! Quem já se viu uma educadora feito tu teres tesão por um adolescente que é teu aluno, mulher? Deus te castiga, visse?…

Como resposta às surpresas das colegas, Chiquinha respondia com todas as forças da paixão e desejos reprimidos:

– Minhas meninas, se vocês soubessem os sonhos eróticos que tenho com aquele adolescente, as posições com que ele me pega, as sacanagens que ele me faz nos sonhos, vocês não diziam isso!… Desconfio que Deus não se preocupe com isso não!…

Depois dessa conversa com as colegas em classe, Chiquinha nunca mais quis tocar no assunto referente ao adolescente nem as colegas perguntavam.

É que, segundo as más línguas, Chiquinha resolveu visitá-lo no sítio do avô materno no período de férias escolares com pretexto de conhecer a família e matar a saudade da paixão avassaladora que a devorava nos sonhos eróticos com ele.

Quando chegou ao sítio Padre Cícero Romão Batista encontrou Dona Maria das Dores, mãe de Severino Bill e perguntou onde estava o rapaz e esta respondeu, apontando para o canavial: “Está lá em guentão dentro do canavial pastorando as cabritas do avô.”

Ansiosa, Chiquinha, pede licença a Dona Maria Das Dores e adentra ao mato, indo ao encontro de Severino Bill, enquanto as professoras que vieram com ela ficaram com a mãe do adolescente no alpendre da casa grande, conversando.

Para sua surpresa e decepção, Chiquinha, quando adentra no mato para descobrir o local onde está Severino Bil pastorando as cabritas ouve um sussurro, um fungado, um “ai mimosa, ui mimosa”. Para sua decepção e nojo, era Severino Bill pastorando a cabrinha Mimosa por trás e a chamando de “minha doce cabritinha!”

A decepção da professora Chiquinha foi tão grande, tão avassaladora com a cena a que assistiu que ela saiu correndo em desabalada carreira por dentro do canavial que até hoje se a procura nas imediações e não se a encontra, passados mais de quarenta anos do flagra do “hidden love” entre Severino Bill e a cabrita Mimosa.


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 02 de janeiro de 2018

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL SE TRANSFORMA NUMA CORTE DE CONVENIÊNCIA

 

“Gilmar Mendes Supremo Tribunal Federal é a degradação do Judiciário brasileiro.” O Jurista Dalmo de Abreu Dallari proferiu essa profética frase em 2002 por ocasião da indicaçãono e nomeação do ministro àquela Corte Constitucional, por Fernando Henrique Cardoso.

 

Em 17.02.2017, no julgamento histórico que discutia a legitimidade de ato do TJ/SP no HC 126.292, que negou provimento ao recurso exclusivo da defesa, e determinou o início da execução da pena, o pleno do Supremo Tribunal Federal (STF), por 7 votos a 4, mudou a jurisprudência que persistia na Corte desde 2009 no julgamento do HC 8.4078/MG, de relatoria do ministro aposentado Eros Grau. No HC 126.292/SP o STF confirmou que era, sim, possível a execução da pena depois de decisão condenatória confirmada em segunda instância, mudando o entendimento até então prevalente, desde que seja imperiosa a indicação concreta e objetiva de que os pressupostos descritos no artigo 312 do CPP incidam na espécie.

No julgamento, cujo relator do processo foi o profícuo, ético, ilibado, escorreito e “suicidado-se em tragédia aérea” ministro Teori Zavascki, que votou no sentido de mudança da jurisprudência, no que foi prontamente seguido pelos ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, cada um apresentando argumentos muito pertinentes.

Passados menos de um ano do julgado histórico e com o advento da Operação Laja Jato a todo vapor, que resultou no conjunto de investigações pela Polícia Federal do Brasil, que cumpriu mais de mil mandados de busca e apreensão, de prisão temporária, de prisão preventiva e de condução coercitiva, visando apurar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou bilhões de reais em propina, que veio como furacão prendendo políticos e empresários ladrões, fenômeno esse jamais visto em terra Banânia. O dinheiro que, no dizer do genial Millôr Fernandes, compra até amor sincero e paga toda sua felicidade, mudou o entendimento de dois ministros canalhas, pilantras, escrotos, escroques, ladrões: Gilmar Mendes e Dias Toffoli, que passaram a se insurgir contra decisões defendidas por eles próprios como corretas. Entre o dinheiro sujo que receberam e o direito de punir para não receberem nada, optaram pela bandidagem, mudando entendimento jurisprudencial que eles mesmos firmaram na mais alta Corte Constitucional, antes da visibilidade da Lava Jato.

Após verem o dinheiro sujo cair em suas mãos como prêmios, vindo de políticos ladrões e empresários bandidos, os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli passaram para o lado da bandidagem e começam a se insurgir contra prisões cautelares de quaisquer espécies, prisão temporária, prisão preventiva, condução coercitiva e busca e apreensão, de forma monocrática que, segundo entendem agora maculam a imagem de gente honesta, séria, ilibada, que a única coisa que deseja é o bem do Brasil e dos brasileiros.

“É justo que gente da hombridade, da honestidade, da seriedade, do caráter dum Paulo Maluf, dum José Dirceu, dum Eduardo Cunha, dum Garotinho, duma Rosinha, dum Sérgio Cabral e tantos outros anjos ungidos estejam presos por decisões de juízes de primeiro grau irresponsáveis?, – perguntou Gilmar Mendes em coletiva ao Jornal “O Puteiro de Notícias” de Carpina, PE, tirando o cu do assento antes que o repórter Ivan Pé de Mesa perguntasse se a “mala recebida por ele de Garotinho tinha muita nota de cem”.

 

 

P:S: Feliz 2018 para todos os colunistas, chargistas, comentaristas e leitores.


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quinta, 28 de dezembro de 2017

GOVERNO DE GOIÁS CONSIDERA NORMAL A DISTRIBUIÇÃO DE BONECAS COM GENITÁLIA ÀS CRIANÇAS CARENTES



“A loucura é um dom de quem se julga normal”. Falcão e Tarcísio Matos.

 

Milhares de bonecas com pênis e periquitas salientes foram distribuídas às crianças carentes pelo Governo de Goiás semana passada e geraram intensas discussões nas redes sociais, nos salões de cabeleireiros, nos bares, botecos, cabarés e tertúlias de guris.

Vídeos gravados por pais de crianças apreensivos com a bizarrice do caso ocorrida no município de Jataí e outros, no entorno do Distrito Federal (DF), capital onde fica instalado o centro da máfia política do Brasil, mostram que as bonecas têm características femininas, mas possuem órgãos genitais masculinos e femininos.

Muitos moradores que se julgam normais chegaram a chamar as bonecas de transgênero e fizeram duras críticas aos distribuidores. Outros, com tendência à viadagem, no entanto, não viram problema nas bonecas com genitálias e ressaltaram a importância do combate ao preconceito desde criança.

“É preciso estimular a libido das crianças logo cedo sobre as cores do arco-íris, porque, se elas tiverem tendência a queimar o caneco, gostar do pratevai e esfregar as aranhas, já começa a se estimularem” – declarou o estilista Jaque Porrô de Cupuá, frangão assumido ainda na barriga da mãe e entusiasta do mainstream.

Segundo o presidente da Organização das Voluntárias e Voluntários de Goiás (OVG), o veadão Jaque Bruder, a (OVC), que tem a tradição de distribuir brinquedos em todos os municípios do Estado no final do ano, por meio de licitações direcionadas, sempre teve a preocupação de entregar presentes de qualidade, dentro das especificações técnicas estabelecidas pelos órgãos de controle, informou não haver problema nenhum nas bonecas com genitálias. “Elas representam o que há de mais modernos no mundo atual: A iniciação da queimação da rosca no varejo das crianças!”

“Os mesmos bonecos e bonecas – devidamente vestidos – já foram distribuídos no ano passado sem frescura. A variedade de presentes é uma forma de mais uma vez agradar às crianças dos municípios goianos, não havendo outro objetivo senão presenteá-las.”, “Se dermos cestas básicas, não convêm, porque a comida enche o bucho das crianças por um dia e elas voltam a azucrinar o juízo da mãe por mais comidas no outro. Com as bonecas é diferente: as crianças brincam com a barriga vazia e se deleitam pegando nas genitálias delas e não enchem o saco da genitora para comer. Isso é que é pedagogia do oprimido!” – disse em nota oficial o chefe boiolão, Jaque Bruder, cupincha mafioso do governo, contemplado com a licitação direcionada.

Tempos modernos! Tempos confusos!

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 25 de dezembro de 2017

ADVOGADO KAYKAY PROMETE SOLTAR MARIN DA JUSTIÇA AMERICANA NO BERRO

 

“Sou bravo! Com meu cliente, ninguém mexe! Até a Justiça americana me estende o tapete vermelho!” – Declarou o espalhafatoso advogado Antônio Carlos de Almeida Castro – O Kaykay

Considerado culpado por seis das sete acusações lhe impostas nos Estados Unidos por crimes de conspiração e formação de organização criminosa, fraude financeira nas Libertadores, lavagem de dinheiro nas Libertadores, fraude financeira na Copa do Brasil e fraude financeira na Copa América, e – preso! – o todo poderoso ex chefão da CBF e da FIFA, José Maria Marin, 86 anos, já contratou o espalhafatoso advogado Antônio Carlos de Almeida Castro – O Kaykay – para livrá-lo da prisão no Department of Justice – Federal Bureau of Prisons – Metropolitan Detention Center – local onde está preso e como castigo leva uma dedada no rabo por dia para ficar mais sensível às agruras do dia a dia prisional: como varrer o chão da cadeia, encerar, colher o lixo, limpar o vaso sanitário e lavar o fiofó com apenas um caneco de água!

 

 

Em entrevista à Falha de São Paulo por cognição, mediada pelo jornalista boiolão Reinaldo Azevedo, que preferiu só publicar os pontos menos polêmicos da falação, por considerar desconexa a maioria do conteúdo, uma vez que o espalhafatoso causídico Kaykay estava para lá de Bagdá cheio de manguaça.

Num dos trechos da entrevista o pomposo causídico disse que iria mostrar aos americanos com quantos paus se faz uma canoa, mas entendo que o objetivo imediato é fazer com que Marin possa esperar a sentença em liberdade, já que se fosse aqui em Banânia ele ficava cagando e andando com uma liminar do meu amigo Gilmar Mendes, conterrâneo de boates, cabarés e rodas de surubas. Entendo também – e isso vou provar – nem que seja no berro para a Justiça Americana – continuou – que é uma prisão que não tem justificativa, diante da idade do meu cliente, das condições físicas dele, da dificuldade de se movimentar, ele ficar preso até a sentença de uma juíza federal chinfrim. Então, isso é a nossa prioridade. Depois vamos apelar do veredicto, justificou o barbicha-de-besouro-espalha-bosta, encerrando a entrevista soltando uma bufa de batata-purgante na cara do jornalista boiolão e ordenando que o mordomo Pau Preto o conduzisse até o porão da mansão que fica localizada no Lago Paranoá, em Brasília, o Cabaré do Brasil.

Retornando da recepção ao jornalista falsa-bandeira, o mordomo Pau Preto ouviu o causídico fanfarrão Kaykay se vangloriando no reflexo do espelho da mansão dos clientes que já defendeu e defende aqui em Banânia: “Ora, se eu com minha experiência com figurões do quilate de mafiosos dum Edison Lobão, Romero Jucá, Roseana Sarney, Aécio Neves, Ciro Nogueira, Duda Mendonça, Antônio Carlos Magalhães, José Sarney, José Dirceu e o doidão Roberto Carlos não ganhar essa nos Estados Unidos, trazendo Marin livre, leve e solto, feito Jesus Cristo de braços abertos sobre a Guanabara, eu dou meu rabo para quem quiser comer.” Foi terminando de dizer essas tolices para depois se deitar no sofá da mansão com o olhar complacente do mordomo Pau Preto, que ficou pensando: Por que será que gente rica é tão cheia de putaria, meu Deus?

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quinta, 21 de dezembro de 2017

ADVOGADA É ADVERTIDA POR DECORO PROVOCATIVO

 

A advogada Natália Martins Nunes, de Uberlândia, Minas Gerais, foi advertida pelo segurança Adamastor Florisberto da Silva, macumbeiro e pastor evangélico, e o vigilante Dom Casmurro Silva, que estava impedida de entrar no Fórum daquela Comarca para participar de audiências por estar usando um decote lascivo, provocativo, sensual demais, incompatível com o decoro de advogada, segundo previsões legais estabelecidas nos artigos 31 e 58, XI, do Estatuto da OAB, e nas normas de Conduta e Comportamento estabelecidas na Resolução 69 do TJMG, elaborado por uma comissão de velhinhos da época em que o “papai e mamãe” eram a regra entre os casais.

 

 

Segundo os vigilantes Adamastor Florisberto da Silva e Dom Casmurro Silva aos que sacanamente perguntavam por que a admoestação ao decote da advogada, justificaram que assim que ela adentrou ao Fórum com aqueles peitões trepidando no sutiã todos os servidores do judiciário e advogados que estavam por perto ficaram eriçados, arrepiados, intumescidos, inclusive eles, provocando um congestionamento de tarados jamais visto naquele recinto, de modo que ficamos assustados para que não houvesse uma corrida desenfreada de bronheiros aos sanitários forenses e o chão ficasse abarrotado de espermatozoides morrendo feito piabas no seco.

Devido à repercussão do episódio do decote sensual, a advogada Natalia Martins Nunes foi chamada pelo diretor da Comarca de Uberlândia, juiz José Lourenço Migliorini Tabajara que informou que ela ficasse tranquila, pois ele iria consultar o Deus Todo Poderoso do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Cara de Buceta Ferreira Mendes para dar um parecer sobre a constitucionalidade daquela Resolução, uma vez considerar que ela não foi recepcionada pela “Constituição Cidadã” e por isso mesmo merecendo o destino das prisões cautelares coercitivas contra senadores, deputados federais, deputados estaduais, empresários ricos, corruptos e corruptores, ladrões dos cofres públicos e bandidos de estimação: A LATA DO LIXO!


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 18 de dezembro de 2017

EM BANÂNIA, A ASCENSÃO DA BANDIDAGEM NO CONGRESSO NACIONAL DESTRÓI A CREDIBILIDADE DO PAÍS E AFRONTA SUAS LEIS

  

O cabo e pastor Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos, mais conhecido como cabo Daciolo, é um bombeiro militar e político bananeiro. Em 2014, foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro. Expulso do PSOL em 2015, atualmente é filiado à quadrilha que atende pelo nome de “Avante” (ex-PTdoB).

Cabo Daciolo ganhou notoriedade em 2011, quando foi uma das lideranças da greve dos bombeiros no Rio de Janeiro. Na ocasião, os grevistas ocuparam o quartel-general da corporação e acamparam nas escadarias da ALERJ. O cabo Daciolo chegou a ser preso por nove dias no presídio de Bangu I por insubordinação e incitação à greve, proibida expressamente no artigo 142, §3, IV, da utópica “Constituição Cidadã.”

Em maio de 2015, o diretório nacional do PSOL decidiu expulsá-lo do partido depois que ele propôs uma emenda constitucional para alterar o parágrafo primeiro da Constituição Brasileira de: “Todo poder emana do povo” para: “Todo poder emana de Deus”, o que segundo o PSOL, fere o estado laico. Além disso, em março de 2015, Daciolo gerou atrito dentro do PSOL ao defender a libertação dos doze policiais acusados de participar da tortura e morte do pedreiro Amarildo Dias de Souza em 2013. Na mesma reunião do diretório nacional, o PSOL decidiu não reivindicar ao Tribunal Superior Eleitoral o mandato do cabo Daciolo.

Em fevereiro de 2015, junto com o deputado pastor Edmilson Rodrigues (Psol-PA), o deputado Daciolo dos Santos foi autor do PL/17 da Câmara Federal, que resultou na Lei nº 13.293, de 1º de junho de 2016 que anistiou bombeiros e policiais militares de diversos estados que participaram de movimentos grevistas em 2011 – quando a então presidente Dilma Rousseff (PT) já havia concedido uma anistia – e a data da publicação da nova lei, depois de ter o veto presidencial rejeitado pelo senado.

 

Um ano e meio depois, no último dia 12, os ministros do Supremo Tribunal Federal declararam extinta a punibilidade do deputado federal cabo Daciolo, por causa da anistia criada pela lei proposta quando o réu já respondia à ação por associação criminosa (artigo 288, parágrafo único, do Código Penal) e por diversos dispositivos da Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/1983).

Decididamente Banânia não tem salvação enquanto os eleitores não fizerem uma assepsia política, NÃO elegendo para lhes representar batedores de carteiras, sindicalistas e líderes comunitários delinquentes, pastores ladrões, sonegadores inescrupulosos, quadrilheiros criminosos, saqueadores dos cofres públicos, exploradores da fé alheia, traficantes de entorpecentes, associados ao tráfico, matadores de aluguel, bandidos, ladrões, assassinos, condenados, fichas sujas, réus. Os praticantes de delitos de associação criminosa, corrupção passiva, usurpação de função pública qualificada pelo auferimento de vantagem, todos do Código Penal, feito essa corja que empesta, hoje, as duas casas legislativas do Congresso Nacional.

Como diz o competente comentarista político da TV Gazeta, Josias de Souza: Num cenário político assim, o problema não é os políticos tentarem fazer os eleitores de idiotas; o grande problema mesmo é que eles ainda encontram muitos eleitores idiotas!

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quarta, 13 de dezembro de 2017

VACA PEIDONA – A DISLÉXICA CORISTINA COM GROSELHA



O INMET – Instituto Nacional de Meteorologia, órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, responsável por prover informações meteorológicas diariamente, em nível nacional, a previsão do tempo, avisos e boletins meteorológicos especiais, por falta de investimento do governo federal, está ameaçado de dar a previsão do tempo em todo Brasil.

 

Os meteorologistas, com a falta de investimento do governo federal para a monitoração e previsão do tempo em Banânia, vão contratar a descerebrada Dilma Rousseff para passar a previsão do tempo a todos os bananeiros, como nesse discurso que fez recentemente no Estado de São Paulo, quando estava sendo contrata após está de saco cheio sem fazer nada, depois que deixou o governo petralha à deriva.

Na dissertação que escreveu para ser contratada a ex presidenta disse o seguinte numa passagem célebre do texto dissertativo, pegando a deixa da chuva caindo:

“O Estado de São Paulo começou a chover muito e o pessoal tá saindo da chuva.” “Com razão”. “Então, o pessoal que não tá protegido, tá saindo da chuva”. “É bom que chova”. “Mas, tem hora que quem tá na chuva não quer… pegar a chuva.” Então, é essa contradição sempre!”

Esses e outros discursos dissertativos antológicos da anta, ex presidenta Dilma Rousseff, estão todos reunidos nesse vídeo abaixo para todos os bananeiros que quiserem se deliciar com os conceitos climatológicos, escrotológicos, deste ser que Deus botou no mundo só para ser serva de Lapa de Ladrão e frescar com a a cara da gente!

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 12 de dezembro de 2017

PREFEITO, MAIS UM CARGO GUABIRU CRIADO PELA UTÓPICA “CONSTITUIÇÃO CIDADÔ



Em críticas ácidas, pertinentes e proféticas, o genial economista e constituinte originário Roberto Campos sempre disse que a Constituição Federal de 1988 – um dicionário de utopias de mais de 321 artigos, um avanço do retrocesso, – discorre utopicamente em seu artigo 29 que o prefeito é o chefe do executivo municipal, ou seja, a principal autoridade política do município. Cabendo-lhe administrar os serviços públicos locais, decidindo onde serão aplicados os recursos provenientes dos impostos e dos repasses do estado e da União, quais obras devem ser executadas e programas a serem implantados. Também é função do prefeito sancionar e revogar leis, vetando propostas que sejam inconstitucionais ou não atendam ao interesse público.

Isso é o que deveria acontecer na prática se houvesse leis penais rigorosas, sérias, decentes justas e condenação exemplar em Banânia, logo em primeira instância para políticos corruptos ativos e passivos, com confisco de todos os bens e inelegibilidade por mais de dez anos a quaisquer cargos públicos!

Mas como na prática a teoria é diferente, a maioria esmagadora dos prefeitos eleitos em toda Banânia de quatro em quatro anos se arvoram à eleição porque ver no cargo do executivo uma oportunidade única de se locupletar, sangrar os cofres públicos em beneficio próprio, puxar o trem com a caneta – de trás para frente – cheio de parentes, de agregados, de aderentes, etc. e tal, como diz o filósofo fuleiragem Falcão, na letra da musica O dinheiro não é tudo, mas é 100%, feita em parceria com Tarcísio Matos.

Um dos casos mais visíveis e ímprobos dessa extorsão criminosa executiva do câncer predador que ganhou notoriedade nacional e internacional foi o do município pobre e lascado de Bom Jardim, no Maranhão, onde a ex prefeita ostentação, Lidiane Leite da Silva, antes uma fudida vendedora de leite de jumenta, junto com seu amante, o ex-secretário de Articulação Política, Humberto Dantas dos Santos, o Beto Rocha, roubou todo o dinheiro da educação e da merenda escolar das crianças carentes daquele município para torrar em festas deslumbrantes, viagens luxuosas, hospedagens em motéis cinco estrelas, e compra de patrimônios luxuosos em nome de laranjas!

Condenada pela justiça de primeira instância a mais de 20 anos de prisão sem o confisco dos bens roubados, a pedido do Ministério Público do Maranhão, por fraude em compra de caixões, não chegou nem a mijar na boca do boi da cadeia local que logo foi solta, sendo beneficiada pela benevolência do inútil Estatuto da Primeira Infância (Lei n.º 13.257/16), que permite a conversão da preventiva pela domiciliar para mulheres gestantes ou com filhos de até 12 anos incompletos. Mais uma lei bostal criada pelos congressistas de Banânia para beneficiar políticos ladrões, bandidos e traficantes ricos que podem pagar habeas corpus a peso de ouro do dinheiro roubado da nação a advogados inescrupulosos.

Três dias após a determinação da prisão domiciliar, a ex prefeita ostentação, Lidiane Leite de Jumenta, publicou várias fotos de dentro de um carro no banco do motorista nas redes sociais, com os dois filhos no banco de trás. Pelo vidro traseiro do carro é possível observar que o veículo está parado em uma rua e não na garagem da casa da ex prefeita, descumprindo as medidas cautelares determinadas pela Justiça do Maranhão para não sair de casa! A foto teve mais de duas mil curtidas e mais de duzentos comentários de puxas-sacos, a maioria elogiando a beleza do trio.

Em outra imagem em que aparece fora de casa, a ex prefeita ostentação Lidiane Leite de Jumenta, está dentro de um carro, na rua com o marido Julyfran Catingueira, vereador do município de Lagoa de Pedra (MA). Na legenda ela usa uma música do cantor Lenny Kravitz e se declara ao marido. A foto, publicada há três semanas, já obteve mais de cinco mil curtidas e mais de quinhentos comentários de descerebrados. Em um deles, a própria Lidiane Leite de Jumenta afirma que está com saudades de uma amiga e que vai visitá-la por esses dias e, parodiando Getúlio Vargas, diz não dar importância à decisão judicial para ficar domiciliar, pois decisão judicial para quem tem dinheiro roubado da nação, é feito cabaço, ficou para ser descumprida, ou melhor: rompida!

* * *

Dercy Gonçalves e os prefeitos de sua terra natal

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quarta, 06 de dezembro de 2017

O QUE FAZ UM VEREADOR?

 

Segundo a Constituição Federal de 1988, no seu artigo 29, o vereador é um agente político, eleito para sua função pelo voto direto e secreto da população de quatro em quatro anos. Ele trabalha no Poder Legislativo da esfera municipal da federação brasileira. O Brasil é uma federação composta por três esferas de poder: União, Estados e Municípios. Assim, o vereador tem um papel equivalente ao que deputados e senadores possuem nas esferas mais amplas dos Estados e União… Será mentira ou será verdade?

Isso é o que está escrito na Constituição de 1988, por opção do legislador originário, que sonhou que Banânia é um paraíso onde existe uma harmonia perfeita entre os três poderes, principalmente no Executivo e no Legislativo: O Refúgio dos Ladrões!

Como integrante do Poder Legislativo municipal, o vereador tem como função primordial: representar os interesses da população perante o poder público. Esse é, ou pelo menos deveria ser o objetivo final de uma pessoa escolhida como representante do povo, mas na prática a teoria é diferente, já dizia o sábio Joelmir Beting.

E como um vereador pode representar, na prática, os eleitores? Pode-se dizer que a atividade mais importante do dia a dia de um vereador é legislar. O que significa isso? Podemos entender legislar todas as ações relacionadas ao tratamento do corpo de leis que regem as ações do poder público e as relações sociais em Banânia no âmbito municipal. O Brasil tem como tradição fazer a regulação de assuntos importantes para a vida em sociedade por meio de leis escritas, seguindo princípios que remontam ao Direito Romano. É por isso que temos uma grande Constituição com característica formal, escrita, promulgada, rígida, analítica e dogmática, com centenas de artigos, parágrafos e alíneas quase inúteis. E não acaba por aí: a Constituição serve apenas para guiar as leis “menores”, mais específicas, as que dizem respeito a uma grande variedade de assuntos.

Dessa forma, podemos citar como ações típicas que estão ao alcance de um vereador, segundo está escrito na Constituição de 1988, criar, extinguir e emendar leis municipais, da maneira que ele julgar que seja mais adequada ao interesse público?

Esse vídeo que está logo abaixo parece dizer o seguinte: as câmaras de vereadores em toda Banânia são uma fossa pública onde todos os dejetos – que são os vereadores – estão ali para jogar bosta no ventilador da população e roubar-lhe o dinheiro!

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 04 de dezembro de 2017

SOLOGAMIA E A CARTA DA VÉIA FILOMENA

 

Segundo definição dos “magnatas” do assunto que virou mania nos Estados Unidos e na Europa, e que ainda não se encontra definido conceitualmente nem no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa nem no Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a “Sologamia” é o casamento feminino ou masculino realizado consigo mesmo. E parece ser o caminho normal a ser percorrido pela civilização moderna.

Esta não é uma prática nova, mas que, de acordo com o site “WUSA9“ filiado à CBS, tem crescido cada vez mais entre a comunidade norte-americana. Tal como o nome indica, a sologamia acontece quando um homem ou uma mulher decide se casar consigo próprio, quer seja por nunca ter chegado a encontrar a cara metade quer seja porque, como diz o ditado, mais vale ficar sozinho do que mal acompanhado.

Uma das praticantes sologamistas é Erika Anderson, de 37 anos. Entrevistada em Brooklyn pelo “WUSA9”, a norte-americana descreve a sua cerimônia de auto-casamento como “uma mulher a dizer ‘sim’ a si mesma. Significa que somos suficientes, mesmo que não estejamos ao lado de outra pessoa”. A cerimônia decorreu como se de um casamento se tratasse, mas, em vez de ter um noivo à sua espera no altar, não havia absolutamente ninguém! Somente Erika Anderson mesma!

Embora incomum, esta prática já foi apresentada em séries como “Jam-2000-2000”, “Glee-2009-2015”, da Fox, ou “Sex and the City-1998-2004”, da HBO, o que levou a sologamia a crescer exponencialmente e a assumir-se como uma solução para quem estava farto de ouvir a pergunta “mas porque é que ainda estás a sós?”.

No Canadá, Estados Unidos e outros países europeus já existem até empresas especializadas para o fenômeno, como a canadense “Marry Yourself (casar-se)”, que oferece serviços como fotografia e os preparativos de cerimônia.

Uma das casadas, Erika Anderson diz que, apesar de estar casada consigo mesma, não fecha as portas a um possível relacionamento, principalmente se for um homem bom de pegada. Será considerado traição se isso vier a acontecer? – pergunta?

Dois anos atrás, a britânica Sophie Tanner virou notícia mundo afora por ter se casado com ela mesma.

Só que, no programa “This Morning”, da ITV, Sophie, moradora de Brighton (Inglaterra),confessou “ter se traído”. A britânica de 38 anos teve um “caso” com um homem identificado como Ruari Barratt, que era defensor da poligamia.

Só que o caso durou cinco meses. Ruari decidiu seguir o exemplo de Sophie e se casou consigo mesmo e foi morar em Las Vegas (Nevada, EUA) e se uniu com o seu “eu”.

Quanta à Sophie, ela não pretende se divorciar, afirmando que “o seu casamento consigo mesma é para a eternidade, embora, aqui e acolá, dê umas escapulidas!”

O casamento de Sophie com Sophie teve cerimônia com padrinhos, convidados, buquê jogado para as solteiras, festa e lua de mel!

“É a moda!” Como profeticamente o disse o genial e saudoso humorista de Caruaru, Luiz Jacinto Silva, o Coronel Ludugero, na sua “Carta da Véia Filomena-1968!” “Moda é moda! “Afinal de conta não há crime nenhum!” “Pois se é moda manda fazer dois buracos aqui no meu chapéu de couro, porque se é a moda eu tenho de acompanhar a moda também!” “E não precisa nem dizer pra que é!” “Vá fazer agora! Vá logo!!” Kkkkkkkkkkkkkkk!

Profético e fantástico Coronel Ludugero!

 

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quarta, 29 de novembro de 2017

DIA DO SERVIDOR BONITO ESTETICAMENTE

A Câmara de Vereadores da cidade de Petrópolis, do Rio de Janeiro, aprovou a Lei Municipal n.º 7.587/17, de autoria do vereador Márcio Arruda, que tramitou na Câmara de Vereadores, onde passou por todas as comissões e foi aprovada em duas votações e, como não houve nenhum óbice legislativo posterior, foi sancionada pelo prefeito Bernardo Rossi (PMDB-RJ) e publicada no Diário Oficial do município no dia 21.11.2017, criando o Dia do Servidor Público Municipal “Bonito Esteticamente”.

 

 

Segundo o inusitado texto da lei aprovada, para concorrer à honrosa escolha o pré-requisito básico é estar em pleno exercício de suas funções no Executivo ou no Legislativo. Os postulantes ao concurso são escolhidos aleatoriamente por uma comissão de três Membros da Câmara Municipal, ou por meio da indicação das secretarias, companhias mistas, Legislativo e Executivo.

Escolhidos os aspirantes ao título, segundo estabelece a magnífica lei mencionada, seus dotes estéticos serão analisados por um colegiado de dez mulheres em evento exclusivo para esse fim. O texto da lei diz não poder haver mais de dez candidatos, mas não é claro sobre se haverá disputas masculina e feminina ou se homens e mulheres, ou veados e sapatões concorrerão entre si.

Segundo o artigo 2.º, inciso III, da referida lei municipal, os postulantes desfilarão “graciosamente”. “Os mais desinibidos poderão se vestir da maneira que melhor se lhes convier, desde que não seja sunga ou short para homens e maiô ou biquínis paras as mulheres, para não haver olhos grandes concentrados nas genitálias ou nas piceletas”.

Os três primeiros colocados receberão medalhas de lata, ferro e chumbo, “correspondentes às suas colocações”, e os outros sete concorrentes levarão para casa as medalhas de participação, como sendo: canudos de papel de embrulho de rolo de fumo de Arapiraca, de preferência preto!

Segundo a lei, cada um dos candidatos deverá vender dez ingressos para o evento, que custarão 20 reais. A boa notícia, também segundo as boas intenções da lei, é que o dinheiro será revertido a três instituições de caridade: uma responsável por idosos, outra por crianças carentes e a terceira: por cegos, aleijados, mocos e mudos. As entidades serão escolhidas pelas primeiras-damas da Prefeitura e da Câmara de Petrópolis.

Essa lei é mais um escárnio, um deboche, uma afronte, um acinte, um penico de bosta de banheiro público jogado na cara da dignidade da população decente de Petrópolis pelo Legislativo e Executivo municipais, com o dinheiro desviado da Saúde, da Educação, da Segurança, do Transporte, da Alimentação e do desenvolvimento econômico daquele município para promover mais essa suruba oficial que, infelizmente, acontece na maioria dos grotões de Banânia e ninguém é punido por isso.


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quinta, 23 de novembro de 2017

INSTINTO PERVERSO X PODER JUDICIÁRIO LENIENTE

João e Pedro moravam na favela “muvuca” desde criança. João cresceu trabalhando com o pai na “secos e molhados”, que dá de frente para a praça principal. O espaço foi crescendo com a chegada do progresso e, como João vivia trabalhando muito com o pai, pois não poderia deixá-lo só na mercearia, cedeu o espaço a Pedro oferecido pela Prefeitura do Munícipio para vigiar a Praça e vender produtos a granel às pessoas que frequentavam o ambiente, pois queriam consumir. Pedro rejeitou a proposta de João, afirmando que sua ambição era mais alta, que não tinha nascido para ganhar dinheiro a retalhos. Isso era coisa de gente sem visão!

 

 

Depois da rejeição de Pedro, João vendo no negócio uma grande oportunidade de crescimento, começou a vender produtos que os fregueses procuravam quando frequentavam o local à noite. Vendia de um tudo! E foi crescendo, progredindo. Enquanto João trabalhava com o pai na mercearia e no seu negócio, Pedro foi crescendo e se envolvendo com más companhias e se debandando para o mundo do crime na “muvuca”: Pequenos roubos, homicídios, latrocínios e tráficos de entorpecentes…

Um dia passou em frente do comércio de João e percebeu que ele estava organizado, com dinheiro! Estava faturando! Pedro se juntou aos comparsas da gangue e planejou assaltar João. Dia e hora marcados chegaram lá quando João estava organizando as mercadorias nas prateleiras, anunciou o assalto, roubou todo o dinheiro do apurado de João do dia anterior e, como João o havia reconhecido, perguntou-lhe por que estava fazendo aquilo e justo com ele. Pedro não teve demora: deu um tiro na testa de João, pegou duas garrafas de bebidas e se mandou com os comparsas para comemorar na comunidade do crime: O beco da “muvuca”. Mas antes de se mandar, também atirou no pai de João, acertando-lhe dois tiros no peito, fugindo em seguida com os comparsas.

 

 

Pegos no mesmo dia com os produtos do roubo e o revólver que atirou em João pelo delegado de polícia da jurisdição, foram trancafiados na cadeia. Logo apareceram dois advogados criminalistas de olho na grana de Pedro e seus comparsas que haviam roubado do armazém de João. Foram para a Audiência de Custodia. Depois de interrogados pelo juiz, este resolveu relaxar a prisão preventiva da gangue por intender que eles não ofereciam perigo à comunidade, apesar de terem confessado o crime e serem contumazes em roubos na localidade, além de traficarem drogas!

É doloroso afirmar, mas João e o pai estão mortos. O comércio foi à falência porque não havia quem os substituísse. A família foi à ruína! Os advogados que participaram da Audiência de Custódia ficaram com o dinheiro que Pedro e sua gangue levaram nos latrocínios. O Estado, por meio do Judiciário, tirou o cu foram da responsabilidade. É gente perversa, criminosa, que não faz nada matando gente honesta que produz e gera riqueza à nação, e ficando impune para matar e roubar outros inocentes com a anuência do estado juiz, via Poder Judiciário e leis penais natimortas!

Decididamente Banânia não tem salvação enquanto existir um Poder Judiciário leniente e um Congresso Nacional cheio de ladrões assaltando a Nação!


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 20 de novembro de 2017

CASAMENTO É PARA SEMPRE

No livro “Somente a Verdade”, lançado em 2016 pela Editora Record, o mais sensato advogado de mídia do Recife e do Brasil, Dr. José Paulo Cavalcanti Filho, um dos homens mais honestos, honrados e conscienciosos desta Réupublica Federativa de Banânia (RFB), narra uma história de amor pungente, comovente, penetrante, que só o ser humano é capaz de proporcionar e externá-lo nos seus mais puros sentimentos, mas que infelizmente um ressentimento idiota destruiu toda beleza de sua existência.

Tal história é retratada na crônica “Casamento é para sempre,” do referido livro, pág. 21

É a história de uma mulher que passou mais de trinta e dois anos separada do marido mas sem se divorciar dele, após descobrir que ele tinha um filho fora do casamento e nunca lhe perdoou a traição. E o expulsou de casa, embora ele a sustentasse e os filhos e os visitasse todos os finais de semana.

Guardou essa mágoa para sempre, mesmo nunca tendo deixá-lo de amar!

Trinta e dois anos depois da “separação” sofreu um AVC, e quando estava no leito de cama do hospital com uma das faces paralisada, mandou-o chamar para ter uma conversa reservada com ele no quarto hospitalar. Desejava-lhe um beijo! E ele cumpriu o pedido dela, confessando ao causídico ter sido o beijo mais quente e demorado de sua vida, mas ela não voltou para ele por não lhe perdoar a traição! Ressentimentos!

Narro esse fragmento extraído da crônica para dar um testemunho pessoal, porém nada doloroso, sofredor, ao contrário…

Casado por mais de seis anos com minha primeira esposa nos separamos, mas nunca conseguimos desvencilhar um do outro, principalmente da família dela, apesar de ela ter se juntado a outro, ter tido dois filhos e recentemente ter enviuvado. Já nos encontramos por várias vezes e quando isso acontece é uma festa de choro, alegria, lágrima, riso e emoção. Com ela sempre rindo do meu senso de humor! Quem assiste à cena à distância com a gente se abraçando na maior descontração, nunca vai acredita tratar-se de um casal afetivo que não vive mais junto há mais de trinta e dois anos!

Dias atrás, num desses encontros pungentes, inesquecíveis, onde a ternura foi mais uma vez a tona festiva de nosso encontro, nos tornando mais humano, e, rindo, perguntei a ela por que é que a gente se ama tanto até hoje e separou. Resposta: Porque tinha de ser assim! Tinha de haver essa separação em nossa vida! Segundo ela: a gente nunca deixou de se amar. Porque a gente vai viver um para o outro mesmo a gente separado e não se vendo todos os dias! Você é a maior lembrança boa da minha vida! – disse ela. Por que não deu certo? – Perguntei. É que na época que nos casamos nós éramos dois irresponsáveis – disse ela para mim se afastando para não chorar! E eu a deixei mais uma vez ir embora, respeitando sua vontade soberana!

Quem explica esses mistérios do amor?

Clique aqui para assistir entrevista do colunista fubânico José Paulo Cavalcanti no Programa Jô Soa


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quarta, 15 de novembro de 2017

VÁ DEVAGAR

“Você tem de pensar em si mesmo como uma criança pequena”. Você está aprendendo a andar! Você precisa dar pequenos passos! Tudo precisa ser feito em pequenas etapas, e você tem que ser bom para si mesmo. Há uma grande tendência a ficar muito frustrado. Há uma grande curva de aprendizagem. Vá devagar!!”

Foram essas palavras ditas pela advogada Valeria Newman, especialista em apelação que conseguiu a reversão da prisão perpetua de outros condenados, inclusive ao recém-condicionado Bobby Hines, depois de ele ter cumprido 28 anos de prisão por ter participado indiretamente da morte de um garoto da mesma idade na época do assassinato por disputa por drogas.

Na verdade Bobby Hines havia pego prisão perpétua sem direito à condicional, porque numa noite de 1989, ele e mais dois garotos da mesma idade, 15 anos, teriam ajudado a matar James Warren, jovem de outra gangue. Hines não atirou. Apenas instigou seus companheiros a atirarem. Estava na gangue por causa de disputa por drogas!

A revisão da prisão perpétua de Bobby Hines só foi possível porque a Corte Suprema dos EUA, por 6 a 3, em 2012, ampliou a proibição de prisões perpétuas sem condicional para criminosos juvenis que já estavam na prisão, lançando uma onda de novas sentenças e a liberdade de dezenas de prisioneiros nos estados de Michigan, Pensilvânia, Arkansas dentre outros.

A maioria dos jovens condenados à prisão perpétua, libertados até agora ao redor dos EUA está fora da prisão há um ano ou menos devido à revisão sentencial depois da decisão da Corte Suprema. Segundo os oficiais correcionais da Pensilvânia, Michigan e Louisiana, dos mais de mil e duzentos condicionados, até o presente momento, nenhum violou a condicional ou cometeu outro crime.

Tudo isso só é possível porque nos EUA existe um sistema assistencial prisional sério, austero, intransigente, incorruptível, com educação de qualidade e qualificação profissional proficiente, com o oferecimento de diplomas equivalentes ao do ensino médio, com curso preparatório de faculdade de negócios com uma completa série de programas de autoajuda e treinamento para enfrentar o mercado de trabalho. Diferentemente de Banânia, onde presos saem da carceragem com PhD em ciências criminais, principalmente de forem políticos ladrões e agentes públicos de colarinhos brancos, com direito a pernoite carceral, bolsa motel, bolsa família, bolsa prisão, bolsa celular, bolsa FGTS, bolsa minha casa, minha vida, bolsa tríplex, bolsa habeas corpus concedidos pelo Supremo Tribunal Federal, bolsa tornozeleira eletrônica, bolsa o caralho a quatro.

Bobbys Hines foi solto após cumprir 28 anos de prisão por participação indireta por um crime cometido quando tinha 14 anos. Depois de solto, teve seu primeiro encontro com o oficial condicional, que estabeleceu as regras: ter de comparecer todas as primeiras e terceiras sextas feiras do mês para pagar uma taxa US$240 por ano de supervisão da condicional e US$ 1.033 em restituição pelo funeral de sua vítima. Fosse aqui em Banânia, com certeza já teria matado uns 50 inocentes, traficados uma tonelada de entorpecentes para as baladas aecianas e influenciado a classe política à bandidagem refinada, a maior beneficiária por essas qualificadoras por terem o foro privilegiado!

Definitivamente Banânia não tem conserto se comparado ao sistema punitivista americano, onde o direito penal sobrepõe a todos os outros!


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 13 de novembro de 2017

A CELPE ERA UMA PUTA QUE A GENTE COMIA, MAS NÃO DAVA VALOR

Em 2006, com o Banco do Estado de Pernambuco (Bandepe) ainda funcionando dentro da Celpe, privatizada em 2000 no governo Jarbas Vasconcelos, sendo arrematada por um consórcio composto pela Iberdrola da Espanha, Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil e Banco do Brasil Investimento, mantendo, portanto, a maioria da participação nacional. Em 2004 o consórcio controlador passou a se chamar Grupo Neoenergia. Na sede principal da Rua João de Barros, Boa Vista, eu fui até lá fazer um depósito em nome de um funcionário do então Grupo Neoenergia.

Lá chegando, encontrei uns vinte funcionários e ex funcionários da extinta Celpe na fila do caixa do banco aguardando serem atendidos. Dava para perceber que a maioria dos que estavam ali era de ex funcionários aposentados da extinta Celpe. Conversa vai conversar vem, João se dirigi a um tal de Manuel, e pergunta:

– Manuel, como estão aquelas reuniões que a gente fazia no pátio depois do almoço, aquelas mesas de dominós, de baralhos, porrinhas, palitos de fósforos?…

Desolado, Manuel, que ainda trabalhava na empresa, responde:

– Ah! Meu filho, as coisas mudaram! Aquelas mamatas acabaram! Hoje a Celpe tem dono! E a gente que reclamava tanto na época de Pai Arraes, chamando-o de corno velho, filho da puta, comunista; e Jarbas Vasconcelos, de veado, filho de rapariga, traidor, entreguista, querendo todo lucro da empresa para a gente!… A gente era feliz e não sabia! A gente era dono da Celpe e não tinha consciência disso!

E Joaquim e outros ex funcionários de outros setores da extinta Celpe que estavam também na fila, curiosos com a conversa entre o funcionário da ativa e o aposentado, entraram no convence e perguntaram:

– E aquelas liberdades que agente tinha de entrar na cozinha, tomar um cafezinho, comer uma bolachinha cream cracker, ir à sala da contabilidade, à sala do gerente para saber de tudo que estava por vir em beneficio da gente por meio do nosso sindicato, ainda existe?

Mais desolado ainda, Manoel e outros responderam:

– Um caralho!!, Aquelas mamatas acabaram! Hoje a palavra lá dentro é: TRABALHO, ORDEM E PROGRESSO! Não trabalhou, rua! Rua!!! Acabou-se o que era doce! A Celpe era uma puta que a gente comia, pagava a gente e a gente não dava valor!

Foi nesse momento que um ex funcionário, que estava na fila, sem se importar com o mau caratismo explícito, falou para todos que estavam presentes ouvir:

– Vocês lembram quando mandavam a gente ir para as noites naquelas Toyotas Bandeirantes fazermos serviços noturnos em redes elétricas em bairros inteiros? Pois é, amigos, a gente já puto da vida, cheio da manguaça, quebrava o freio do carro, furava os pneus, quebrava a caixa de marcha, desligava o rádio amador, parava o carro e ficava tomando caéba e raparigando até o cu do amanhecer! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!

Eita tempo bom da porra!!

Foi quando um funcionário neófito que havia entrado já com a Celpe privatizada, se intrometeu na conversa e indagou inocentemente para todos que estavam na fila que eram do quadro de funcionários antigos, e perguntou:

– Mas, realmente isso acontecia mesmo?! E ninguém tomava providência?! E o administrador geral onde estava que não via essas ações irresponsáveis e criminosas?!

Foi quando o aposentado que estava na fila, gaiato e malandro, se atravessou, e rindo com a cara mais deslavada do mundo do funcionário novato, respondeu:

– Meu jovem, quem mandava nessa porra era a política! E onde a política entra a moral, a ética, a honestidade e a responsabilidade procuram uma fresta na porta, botam o rabo entre as pernas, e se recolhem a suas insignificâncias, envergonhadas sem poder fazer porra nenhuma, entendeu!?

Aprenda uma lição, continuou o ex-funcionário aposentado da extinta Celpe: toda empresa pública é feito cachimbo de cachorra no cio, todo cachorro quer empurrar a vara e gozar dentro, mas nenhum quer se responsabilizar pelos cachorros que nascem!

Se a Celpe não tivesse sido privatizada, Pernambuco, hoje, estaria sendo iluminado por lamparinas da época do Império – conclui ele.

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quarta, 08 de novembro de 2017

O BRASIL OFICIAL CAGA NA CABEÇA DOS BRASILEIROS HONESTOS

No dia 8 de outubro de 2017, sobre o título sugestivo de “Herança Maldita – 1975. Auge do Milagre brasileiro, o mestre Adônis de Oliveira escreveu essa pérola publicada aqui no Jornal da Besta Fubana e que talvez tenha passado desapercebido por boa parte dos leitores dessa Gazeta Escrota, demonstrando, minuciosamente, detalhadamente, sucintamente, como estamos sendo usurpados, roubados, ludibriados e massacrados todos os dias na nossa dignidade por todos esses políticos ladrões, corruptos, criminosos e desonestos com o dinheiro público de Banânia, sangrados da segurança, da saúde, da educação, da alimentação, do desenvolvimento, do transporte, via empresas públicas, autarquias, empresas mistas, fundações, tribunais de contas, organizações governamentais, associações sem fins lucrativos que são subsidiadas com o dinheiro roubados dos contribuintes; bolsas famílias, bolsas presídios – tudo criado com um só objetivo: roubar, roubar, roubar, roubar, infinitamente.

A certa altura do artigo o nobre colunista comenta: O resto só dá para amamentar gulosamente hordas compostas por milhões de picaretas! São deputados, senadores, ministros, prefeitos, secretários, aspones, procuradores, auditores, corregedores, promotores, defensores públicos (o cargo mais mamateiro do judiciário), ouvidores, fiscalizadores, sindicatos, etc. Para cada assunto que o cidadão pensar ou imaginar, existem umas dez organizações governamentais e pastas secretariais encarregadas de defecar as famigeradas “Políticas Públicas” para o setor, todas sempre competindo por pedaços da mesma carniça: Verbas, emendas parlamentares, dotações orçamentárias, transferências voluntárias, e por aí vai… Não sobra quase nada para investimentos.

Vou mais além do que o nobre colunista: além das mencionadas pragas acima que agem nos bastidores feito ratos, baratas e escorpiões, corroendo toda a economia, para que horda pior para Banânia do que os prefeitos, vereadores de todos os municípios, que só estão ali para assaltarem a população e loteá-los em cargos nos nomes dos parentes, dos agregados, dos aderentes, etc. e tal. como diz o bardo Falcão na antológica O dinheiro não e tudo, mas é 100%? 

O que esperar do Brasil com um Poder Executivo, Legislativo e Judiciário mais escroto do que o Cabaré de Maria Bago Mole, que foi à bancarrota quando os bandidos e assassinos começaram a mandar?

 

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quarta, 01 de novembro de 2017

CARLOS HENRIQUE RAPOSO, O CARLOS KAISER CARA DE PAU X LULA, LAPA DE LADRÃO, O 51 DA PITU

Considerado a maior farsa que já houve na história do futebol brasileiro, assim como Lapa de Ladrão, na história da política, Carlos Henrique Raposo, conhecido como Forresp Gump, também conhecido como Carlos Kaiser devido sua semelhança com o jogador alemão Franz Beckenbauer, conseguiu passar incólume e enganar todos os dirigentes futebolísticos banânicos e do estrangeiro sem nunca ter jogado uma única partida de futebol.

De 1.86m de altura de pura pilantragem, Carlos Henrique Raposo, ou Carlos Kaiser, nascido em Rio Pardo, Rio Grande do Sul, em 2 de abril de 1963, com uma malandragem típica do brasileiro filho de Caetês, o maior farsante que o Nordeste pariu para ser presidente da República Federativa de Banânia por duas vezes, vai ter a vida virada pelo avesso através de um documentário intitulado Kaiser: The Greatest Footballer Never to Have Played Football (em tradução livre: Kaiser: O maior futebolista que nunca jogou futebol), pelo realizador e produtor britânico Louis Myles, responsável por vários documentários sobre futebol.

 

Em 2011, o programa Esporte Espetacular, da Rede Globo, exibiu uma matéria que contava, com detalhes, como Carlos Kaiser, o maior farsante do futebol brasileiro, por mais de 20 anos conseguiu ludibriar diversos clubes brasileiros, como Botafogo, Flamengo, Bangu, Fluminense, Vasco da Gama, América e do exterior, como o Puebla do México, Independiente da Argentina, El Paso Patriots dos EUA, Louletano de Portugal e Gazélec Ajaccio da França, fazendo parte de seus elencos, mesmo sem praticamente ter disputado partidas oficiais. Entre seus supostos feitos notáveis, Kaiser alega ter sido campeão Mundial Interclubes pelo Independiente em 1984, fato não confirmado pela diretoria do clube argentino.

Tendo como maior habilidade fazer amizade com os jogadores mais importantes da época como Romário, Bebeto, Branco e Edmundo, e assim, conseguir ser contratado pelos grandes clubes, Carlos Kaiser não perdia a oportunidade de se apresentar como grande jogador e conquistar a simpatia de grandes dirigentes futebolísticos e, dessa forma, ser contratado como grande revelação mesmo sem jogar uma partida de futebol.

O próprio Carlos Raposo explicou sua maneira de agir diante dos jogadores que acabavam tornando-se seus amigos para conseguir notoriedade: “A gente se encontrava num hotel e eu levava mulheres”. E completou: “Alugava apartamentos com uma diferença de dois andares dos jogadores, assim ninguém precisava sair do hotel.” Dessa maneira, e por intermédio do sexo feminino, ele conseguia se aproximar dos jogadores para ser contratado pelos grandes times.

Em 1986, Carlos Raposo conseguiu, no futebol, o seu primeiro contrato ou, o que muitos consideravam seu primeiro golpe, já que foi convocado pelo simples fato de estar ligado a uma figura do meio. Maurício foi quem o levou ao Botafogo, onde era ídolo. O vínculo entre eles tinha nascido na infância e ganhou importância nos anos seguintes.

Assim como os comediantes quando sobem ao palco para iniciar seu monólogo num stand-up, Raposo tinha seu método para viver o dia a dia no clube: “Fazia algum movimento estranho, tocava minha coxa e ficava 20 dias no departamento médico”. Era assim que, numa época em que as ressonâncias magnéticas não existiam, esse jogador fictício vivia do clube.

Assim como Lula Lapa de Ladrão, que se tornou uma “lêndia”, uma “fricção” para os fudidos, um Antônio Conselheiros para os lascados, Carlos Kaiser continua desfilando sua malandragem aos quatro cantos do mundo e conseguindo manter seu status quo, mesmo depois de se provar por “A” mais “B” sua farsa de grande jogador.

Carlos Henrique Raposo é conhecido no mundo do futebol como o maior golpista que viveu desse esporte. As estatísticas são notáveis: atuou como jogador por 20 anos e esteve em 15 equipes diferentes. Algumas delas foram Botafogo, Flamengo, Puebla, Bangu, América, Vasco da Gama, Fluminense e Independiente.

Assim como Lapa de Ladrão, o maior canalha politiqueiro saído das entranhas de Caetês para enganar o Brasil e o mundo, deu-se tão bem em suas malandragens que até hoje os tabacudos e descerebrados endeusam suas farsas nas caravanas do fracasso.

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários sexta, 27 de outubro de 2017

DEPUTADO CARLOS MARUN DANÇA FESTEJANDO VITÓRIA DE TEMER

A afronta, a canalhice, o escárnio, o mau caratismo e o deboche com que o “deputado federal” Carlos Marun comemorou no Plenário do Prostíbulo de Brasília, o Congresso Nacional, cantando a música de Benito Di Paula: “Tudo está no seu lugar”, após ter dado a vitória a Michel Temer contra a 2.º denúncia apresentada pelo Procurador Geral da República, dá a exata dimensão da putrefação, suruba, galinhagem, em que se transformou a política de Banânia, hoje comandada por ratos, baratas, escorpiões e aedes aegypti.

Pior ainda: a votação do deputado federal Celso Jacob (PMDB-RJ), condenado por crime de estelionato, saindo do presídio para proferir o 171 a favor do presidente!

E o pior: todos os 251 deputados que salvaram o cu de Temer estão implicados em roubos, corrupção ativa e passiva, estelionatos, contravenção e falsidade ideológica, sem contar que à sua disposição o presidente disponibilizou uma verba suplementar de mais de R$.12 milhões surrupiadas da saúde, da segurança, da educação e do desenvolvimento nacional!

O que mais se esperar de um presidente e de um congresso nacional que agem assim?

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quarta, 25 de outubro de 2017

ARIANO SUASSUNA E SUA VISÃO DE DEUS

De todas as entrevistas concedidas pelo gênio de Taperoá, o dramaturgo, romancista, ensaísta, poeta, pintor e xilógrafo, Ariano Suassuna, uma me chama a atenção pelo tom filosófico que o entrevistado se posiciona objetivamente sob sua visão de Deus. Com uma lucidez extraordinária diz: eu não conseguiria conviver com essa visão dura, amarga, atormentada e sangrenta do mundo… Segundo suas palavras: ou existe Deus ou a vida não tem sentido nenhum. Bastaria a morte para tirar qualquer sentido da existência, conclui.

 

Segundo Ariano: Deus para ele é uma necessidade! E conclui: Se eu não acreditasse em Deus era um desesperado.

Mais a pergunta que se faz é a seguinte: por que se mata e rouba tanto em nome de Deus, principalmente dentro das religiões?

Mas um fato trágico acontecido no dia 22.10.2017 me deixou mais ainda encafifado sobre o que se passa na mente humana acreditando ou não em Deus.

O suicídio aparentemente sem explicação da jovem estudante de jornalismo da Universidade Federal de Tocantins (UFT) e ativista negra, Dáleti Jeovane.

Curiosamente antes de se suicidar ela teria se posicionado metaforicamente sobre seu sofrimento, angústia, excesso de trabalho e responsabilidade na sua página no feissibuqui no texto chamado “Ana” e pedia ajuda. Mas a pergunta que não quer calar é a seguinte: Por que não pediu ajuda explicitamente? Aos irmãos, aos amigos, ao pai, preferindo a morte? Será que os que acreditam em Deus explica esse mistério?…

No texto, Dáleti falava sobre o suicídio da dor, do sofrimento e da desesperança; isto é, o suicídio da alma. Na verdade, ela estava se referindo a si própria, mas ninguém compreendeu.

Dáleti Jeovane deixou centenas de amigos e fãs chocados com a sua morte precoce. Ela era filha de pastor e órfã de mãe. A rotina árdua de trabalho e estudos lhe impôs sobrecarga de problemas e responsabilidades, mas ela nunca procurou um psicólogo, dizem amigos próximos.

Será que a árdua rotina de trabalho, estudo, responsabilidade que ela a si mesma impôs a levou a esse tresloucado gesto?

Conhecido político pernambucano, Bayron Sarinho, em 2002, vivia pregando publicamente que não passaria dos sessenta anos para não dar trabalhos aos outros, e se matou. Dr. José Paulo Cavalcanti Filho, em artigo publicado no Jornal do Commercio, à época, lamentou o fato e, triste com a tragédia, perguntou: por que não procurou os amigos antes do tresloucado gesto? E a tragédia se repete com uma jovem linda com um futuro promissor, sem se saber os mistérios da mente, infelizmente!

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 23 de outubro de 2017

BONECA INFLÁVEL: O FUTURO CHEGOU PARA O HOMEM MONOSSEXUAL

Uma notícia para lá de inusitada abalou o mundo pacato das delegacias de Amsterdã, capital da cidade mais populosa do Reino dos Países Baixos.

A polícia do distrito oeste relatou em sua página do feissibuqui que tentou resgatar uma boneca inflável seminua de uma residência na cidade de Amsterdã, após denúncias de vizinhos aflitos, ao verem pela janela aberta de uma casa pensar ser uma mulher aparentemente inconsciente, depois de uma noite de bilu bilu com um solteirão monossexual.

Após as ligações de apelos insistentes dos vizinhos, os agentes da polícia foram até a casa para socorrer a possível vítima, levando até mesmo desfibriladores para o caso de a mulher ter sofrido parada cardíaca por ter praticado sadomasoquismo com o “esposo”.

Ao chegar ao imóvel, os policiais observaram a mulher imóvel por um longo período de tempo e trajando apenas roupas íntimas e, como não obtiveram resposta ao bater na porta várias vezes e chamá-la, os agentes se viram obrigados a usar a força e arrombaram a porta da residência.

De acordo com o portal alemão DutchNews.nl, após perceber do que se tratava a situação, os policiais retiraram a boneca inflável de perto da janela para evitar novos enganos de outros vizinhos. E em seguida entraram em contado com o “esposo”, que se encontrava numa loja de SEX SHOP, comprando produtos ideais para apimentar a vida sexual, como introdutor anal, estimulantes e outros acessórios especialmente feitos para os homens sadomasoquistas, produtos esses que irão contribuir para uma vida sexual mais saudável e feliz, disse outro monoxesual vendedor da loja de produtos eróticos.

Após o quiproquó, segundo os policiais, a divulgação da ocorrência bizarra viralizou na internet depois que a própria polícia de Amsterdã publicou a história no feissibuqui oficial da corporação e pôs a foto da boneca com as pernas abertas no sofá. “Quando entramos, encontramos uma mulher sem vida… feita de plástico e cheia de ar”, afirmou a polícia em sua mensagem. “Saímos de lá aliviados e com uma boa história de sacanagem para contar aos nossos companheiros de farda,” acrescentou sorrindo.

Esqueça aquelas bonecas infláveis com feições engraçadas que aparecem em filmes antigos. As novas criações do mercado estão cada vez mais fiéis a uma mulher humana. Ao menos as novas peças da Orient Industry, empresa japonesa especializada neste nicho. De acordo com a marca, sua nova linha de bonecas infláveis é tão realista que quase não dá para distinguir o produto de uma mulher comum e quem compra não vai nem precisar de namorada, amante ou esposa. E ela se comporta que e uma bênção!

Faz sentido: feita com um material especial, a boneca tem até mesmo a pele superparecida com a das mulheres. Um mecanismo flexível faz com que ela possa ser colocada em qualquer posição. Tamanho do busto, cor dos olhos e do cabelo também podem ser personalizados. Com apenas 3,8 mil paus você tem a sua mulher preferida sem se preocupar com chifres – comentou um vendedor da loja SOS Solteiros de Amsterdã, que pretende abrir uma franquia no Centro de Brasília, Prostíbulo do Brasil, ao lado dos TRÊS PODRERES, tendo como símbolo máximo a deusa THÊMIS.

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 16 de outubro de 2017

MULHER CASA COM CACHORRO COM QUEM VIVIA AMIGADA HÁ MAIS DE UM ANO

 

Quando a gente pensa que já viu de tudo que é bizarro nesse mundo de meu deuso, eis que mais um fato incomum surge para abalar as estruturas da família politicamente correta, tradicional, papai mamãe.

Na Irlanda do Norte, a doidivana psicodélica, Wilhelmina Morgan Callaghan, depois de conviver por mais de um ano amancebada com Henry Frederick Stanley Morgan, seu cachorro de estimação, decidiu se casar com ele e justificou sua decisão com os olhos lacrimejados: Henry possui uma característica fuderológica que falta aos homens ditos varões: não tem experiências em preliminares embeiçadas, até porque é um animal canino, mas quando engata, passa mais de uma hora me satisfazendo prazerosamente.

De melhor amigo, amante e agora marido, assim foi transformada a vida de Wilhelmina Morgan, após a norte-irlandesa desistir de namorar os homens por causa de seguidas decepções amoráveis. Afirmou Wilhelmina Callanhan de 43 anos: minha escolha foi uma escolha acertada porque Henry está sempre disponível para me fazer carinho, lamber-me todas as partes sensíveis do meu corpo, fazer-me mulher latu senso. É leal, bondoso e companheiro, desde que eu tenha cuidado para que ele não veja uma cadela em estado feromônio! Aí o bicho pega! – declarou ela ao tabloide inglês Daily Mirror.

O casamento com Henry se deu por meio de um site zoofílico inglês, que se especializou em reunir em matrimônio mulheres e homens simpatizantes da exposição Queer museu Santander, onde deus, jesus cristo, animais, pirocas e prostituição infantil tornaram-se patrocinadas pela Lei Rouanet por serem artes de alta catilogência.

O canzarrão foi adotado por Wilhelmina em 2008. A relação se tornou muito forte e se intensificou ainda mais após a união formal, em dezembro do ano seguinte, que teve até papel passado e firma reconhecida em cartório da fronteira do Brasil/Paraguai.

Em 2009, logo após casarmos, eu perdi o meu emprego em um necrotério e passei a ser free-lancer de embalsamento. Não havia muito dinheiro, e a minha casa acabou inundada em um temporal, recordou a norte-irlandesa à reportagem do Daily Mirror. Henry se me manteve leal. Ele tornou-se meu rei na alegria, no prazer, na tristeza e na dor – completou a irlandesa toda chorosa de emoção.

O relacionamento deu frutos cachorrais. Wilhelmina tem outros dez cães parecidos com o fucinho dela: Merrick-Thor, Mercurius, Medeia, Celia, Madoc, Francesca, Bebe, Victor, Blodwen e Ludwig. Henry Morgan é quem mantém a ordem e a paz em casa.

Casamentos com pessoas acabam, mas sei que estarei com Henry pelo resto da vida. Ele é perfeito para mim, finalizou Wilhelmina beijando a boca de Henry na frente do repórter, que teve de se ausentar para não vomitar até o bofe de nojo na frente dos pets.

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quarta, 11 de outubro de 2017

MAMONAS ASSASSINAS E A TRAGÉDIA QUE CHOCOU O BRASIL

 

No dia 2 de março de 1996 o Brasil assistia à tragédia mais chocante e comovente de sua história: a morte dos cinco palhaços modernos de Guarulhos no auge da fama num acidente aéreo na Serra da Cantareira.

Mamonas Assassinas, antes chamada de Utopia, foi uma banda brasileira de rock cômico formada em Guarulhos em 1989. Seu som consistia numa mistura de pop rock com influências de gêneros populares, tais como sertanejo, brega, heavy metal, pagode, forró, forrock, música mexicana, reggae, vira, bolero…

O único álbum de estúdio gravado pela banda, lançado em junho de 1995, vendeu mais de 3 milhões de cópias no Brasil, sendo certificado com disco de diamante comprovado pela Associação Projeto Brasileiro de Dança (APBD). Foi o disco de estreia que mais vendeu no Brasil e também o que mais vendeu cópias em um único dia: 25 mil cópias nas primeiras 12 horas após a execução das músicas Vira-Vira e Robocop Gay na 89 FM, Rádio Rock de Osasco, com sede em São Paulo.

Com um sucesso meteórico, a carreira da banda Mamonas Assassinas durou pouco mais de sete meses, de 23 junho de 1995 a 2 de março de 1996, quando o grupo foi vítima dum acidente aéreo fatal sobre a Serra da Cantareira quando vinha de um show no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, o que ocasionou a morte de todos os seus integrantes, causando grande comoção nacional. Passados mais de 21 anos da fatídica tragédia a banda ainda continua influenciando e inspirando gerações.

Em março de 1989, Sérgio Reis de Oliveira, que mais tarde adotaria o nome artístico de Sérgio Reoli, trabalhando na empresa de máquinas de escrever Olivetti, conhece Maurício Hinoto, irmão de Alberto Hinoto, que mais tarde adotaria o nome artístico de Bento Hinoto. Ao saber que Sérgio Reoli é baterista, Maurício decide apresentar o irmão, que toca guitarra. A partir daí, SérgioReoli conhece Alberto Hinoto e decidem criar uma banda. Na época, Samuel Reis de Oliveira, que mais tarde adotaria o nome artístico de Samuel Reoli, irmão de Sérgio Reoli, não se interessava por música, preferindo desenhar aviões. Contudo, ao ver Sérgio e Bento ensaiarem em sua casa, SamuelReoli se interessou pela música e passou a tocar baixo elétrico. Estava formado, assim, o embrião da banda, com baixo, guitarra e bateria. Os três formaram o grupo Utopia, cantando “covers” de grupos como Ultraje a Rigor, Legião Urbana, Titãs, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Rush, entre outras.

O Utopia passou a apresentar-se na periferia da grande São Paulo. Durante um show realizado em Julho de 1990 no Parque Cecap, um conjunto habitacional de Guarulhos, o público solicitou que o trio executasse a canção Sweet Child of Mine, do Guns N’ Roses. Como desconheciam a letra, pediram a um dos espectadores que subisse ao palco para ajudá-los. Alecsander Alves, que mais tarde adotaria o nome artístico de Dinho, apresentou-se para cantar. Mesmo não sabendo a letra, mas com sua performance e embromação provocaram grandes risadas na plateia. E foi assim que, com sua desenvoltura escrachada, habilidade performática, com deboche apimentado, garantiu o posto de vocalista da banda.

Em 1992, a banda conhece o produtor Rick Bonadio, apelidado de Creuzebek por Dinho e seu estúdio produz o vinil da Utopia, seu primeiro e único disco independente, composto por 6 músicas. Das 1.000 cópias produzidas, apenas 100 foram vendidas. O resto dos discos foram jogados no Index Librorum Prohibitorum do DoiCodi.

Nessa época o tecladista e poeta Júlio César, que passou a incorporar o nome artístico de Júlio Rasec, se juntou à banda por sugestão de Dinho seu amigo e estava formada, assim, a banda Mamonas Assassinas.

Aos poucos, os integrantes começaram a perceber que as palhaçadas e músicas de paródias que faziam nos ensaios para se divertirem eram mais bem recebidas pelo público do que covers e músicas sérias. Gradualmente, foram apresentando nos shows algumas paródias musicais, com receio da aceitação do público. O público, porém, aceitava muito bem as músicas escrachadas. A Utopia percebeu que a chave para o sucesso da banda estava no seu rumo e tocou em frente.

Segundo o jornalista, historiador e tradutor Eduardo Bueno, o Peninha, na biografia autorizada “MAMONAS ASSASSINAS – BLÁ, BLÁ, BLÁ”, lançada em 1996 pela Editora L£PM Editores, a gravação do primeiro e único disco com a formação Mamonas Assassinas foi toda feita no estúdio do produtor Rick Bonadio, o Creuzebek, que monitorava passo a passo os trejeitos dos integrantes da banda a mão de ferro, não permitindo qualquer seriedade nas atitudes de suas diabruras, só zoeiras, escrachos, deboches, molecagens, com as músicas compostas seguindo o mesmo tom debochado, escrachado, zombaria, gozação, cômico, brincalhão, carnavalização.

Muita gente se pergunta como a banda Mamonas Assassinas conseguiu atingir tanto sucesso entre todas as faixas etárias e sociais da nossa população, unindo criança, adolescente, marmanjos, pais e avós no mesmo balaio com músicas “politicamente incorretas” que não deveriam tocar em rádios, por conta dos palavrões, e mesmo sendo formada pelos mesmos integrantes do “fracassado” grupo Utopia, e como se tornaram ídolos do público infantil.

Segundo a crítica especializada, a fórmula de sucesso do grupo estava calcada em letras de humor escrachado e músicas ecléticas, de apelo pop, que parodiavam estilos diferentes, como rock, heavy metal, brega e até o vira português, entre outros. Para Rafael Ramos, outro produtor musical que descobriu os Mamonas, “tinha muita coisa estourando na época, mas ninguém fazia algo tão engraçado. O que veio depois era cópia. Eles eram muito carismáticos e, além disso, chegaram antes de muita gente”.

Outra questão levantada é qual o legado deixado por eles, já que as letras de suas músicas eram apelativas – como a de Robocop Gay, que sofreu duras críticas de grupos LGBTs – e mesmo sofrendo duras críticas da mídia especializada, e mesmo sendo tachados de ridículos e palhaços da música pela crítica especializada.

Para muitos, a alegria e o humor irreverentes, marcas do comportamento de seus jovens integrantes, liderados pela comédia natural do vocalista, aliado a letras irreverentes, figurinos exóticos e performance estilo pastelão, foi o legado deixado pelo grupo.

Os Mamonas Assassinas foram os maiores heróis de carne e osso que o Brasil já teve. Heróis em cima do palco, onde tocavam sem reclamar até três vezes por noite. Heróis fora do palco, nas nossas casas, onde nos alegravam com suas músicas escrachadas e suas piadas debochadas e escrotas, conseguindo, com isso, unir crianças, adolescentes, pais, mães e avós no escracho politicamente incorreto.

Segundo Rick Bonadio, eles fizeram sucesso sendo eles mesmos, palhaços, escrachados, debochados, inteligentes, adolescentes, originais.

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 09 de outubro de 2017

DINHO E MIRELLA ZACANINI – ANTES DA EXPLOSÃO DOS MAMONAS ASSASSINAS



Em abril de 1996 a modelo e apresentadora de TV Mirella Zacanini lançou sua autobiografia adolescente sobre um romance avassalador que tivera com o vocalista Dinho da banda Mamonas Assassinas durante quatro anos, após a fatídica tragédia área do dia 2 de março de 1996, que matou todos os componentes do grupo na Serra da Cantareira e comoveu o Brasil do Oiapoque ao Chuí.

Intitulado Pitchulinha – Minha Vida Com Dinho – Até Que os Mamonas nos Separem – Uma História de Amor e Conquista, o livro é o relato de quase quatro anos da paixão vivida pela modelo paulista Mirella Zacanini e o líder da banda, maior ícone escrachado da gurizada brasileira do final do século XX.

Segundo Mirella Zacanini, antes de o vocalista Dinho tornar-se famoso como líder da Mamonas Assassinas, ele vivia o sonho da banda Utopia, que não conseguiu emplacar o único LP que gravara porque seguia um estilo sério, tipo Legião Urbana, Titãs, Raimundos e outros, destoando de sua verve escrachada, debochada, escrotista, lúdica.

O produtor Savério Zacanini, Pai de Mirella Zacanini, que comandava um programa de auditório chamado Sábado Show, na TV Record, onde Dinho se apresentava imitando personagens da cena politica nacional, sacou o talento do vocalista e logo o incentivou.

Durante muito tempo o filho de Hildebrando Alves e Célia Ramos acalentava o sonho do ídolo dos cornos, Reginaldo Rossi, de quem era admirador e que o levou e Júlio Rasec a comporem a música hamletiana, “Bois Don’t Cry”, em homenagem ao fã Rossi.

Em 19 de abril de 1996 a colunista do caderno cotidiano do jornal Folha de S. Paulo, Bárbara Gancia, publicou uma resenha sobre a autobiografia adolescente escrita pela ex namorada do vocalista Dinho, Mirella Zacanini, que nunca fora bem aceita no lar do pai do vocalista por motivos pessoais, fatos esses que nunca foram contados nas biografias autorizadas que escreveram sobre os Mamonas Assassinas.

Segundo Bárbara Gancia, em janeiro de 1996, nos poucos dias de convívio que teve com Dinho para entrevistá-lo constatou que o vocalista dos Mamonas Assassinas e a nova namorada, Valeria Volpeto, exibiam aquele inconfundível brilho nos olhos, exclusivo dos apaixonados. Segundo a colunista, a imagem que guardou dos dois pombinhos enamorados era totalmente oposta àquela que Mirela Zacanini tentava vender no livro de que Dinho estava só dando um tempo na relação dos dois. Por isso aconselhou Mirella Zanini a não ter ilusão sobre os novos rumos priquitoniais do Dinho e citou como exemplo John Lennon e Nelson Piquet com suas respectivas amadas antes da fama, Cynthia e Clara.

Depois que a fama chega à cabeça, o passado de miséria e os amores são esquecidos rápidos, só tendo muita personalidade e caráter para manter a coerência e a lucidez, caso raro nos humanos – finalizou a jornalista na conclusão da entrevista.

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quarta, 04 de outubro de 2017

SINA DE TODOS BRASILEIROS HONESTO: SER ENRABADO PELOS POLÍTICOS QUE ELEGEU! MAS… ATÉ QUANDO?

 

Mais uma vez se confirma a máxima de que no Brasil não existe salvação na esfera política. A roubalheira é endêmica. Sistêmica. Carcinogênico. Um tumor maligno incurável. Está no DNA do político brasileiro! Parece até que todos que se arvoram para as aventuras executivas e legislativas já entram com uma determinação pré-fixada: roubar, assaltar, saquear, tirar o máximo de proveito em benefício próprio, da família, dos parentes, dos aderentes, dos agregados, etc. e tal.

Depois do escandaloso caso envolvendo a ex prefeita Lidiane Leite da Silva de Bom Jardim, Maranhão, afastada do cargo pela Polícia Federal na Operação Éden em 2014, ficando conhecida nacional e internacionalmente como prefeita ostentação por desvio de verbas da merenda escolar, saqueando todo o município junto com a quadrilha do macho bandido, o ex secretário Humberto Dantas dos Santos, o Belo Rocha, que estava impedido de se candidatar por condenação pela LC n.º 135/10, (Lei da Filha Limpa), outro escândalo sem precedente e impunível assola o município de Mamanguape (PB), onde a atual vice-prefeita, Baby Helenice Veloso (PRTB), (na foto) antes pobre, fudida, lascada, arrombada, sem dinheiro até para comprar uma calcinha da feira de Caruaru, e pedindo arreglo até aos mendigos da praça principal para se eleger com a prefeita Maria Eunice do Nascimento Pessoa, 72 anos, hoje desfila de Rainha de Sabá (Makeda), ostentando carro de luxo, conduzido pelo filho de 11 anos. E este debochando da polícia, cagando para o Secretário de Segurança Publica do Estado da Paraíba e mandando os eleitores que elegeram sua mãe tomarem no centro do olho do furico!

DINHEIRO NA PREFEITURA É QUE NÃO FALTA PARA A GENTE GASTAR. AFINAL DE CONTAS FOMOS ELEITAS PARA ISSO – DECLAROU ELA EM FESTA DE ANIVERSÁRIO DESFILANDO EM CARRO ABERTO DIRIGIDO PELO FILHO MENOR, SENDO APLAUDIDA DE PÉ PELOS PUXA-SACOS!

Não satisfeita com toda ostentação, desacato à polícia e promoção de festas e mais festas com o dinheiro destinado às necessidades do município, Baby Helenita Veloso também é destaque nas redes sociais de fim de semana por causa de um vídeo em que aparece no desfile do Dia da Independência, que em Mamanguape aconteceu no sábado (23). A vice-prefeita do município desfilou vestida de rainha e chegou na avenida em uma carruagem, abrindo o desfile da Secretaria de Assistência Social de Mamanguape. O desfile teve como tema “Nossa Terra, Nossa História”, e contou com 250 componentes, todos das famílias que a apoiam no esquema de propina do município.

Em declaração ao Portal Ponto G, Paraíba, ela punhetou: Nós, podem ter certeza, não comprometemos o dinheiro público com coisas banais. Esse traje glamuroso que estou usando, (sic) que tanto falam foi um traje cedido.” E ainda explicou que estava vestida de rainha para simbolizar a cidade de Mamanguape, que é conhecida como a Rainha do Vale. A vice prefeita ainda explicou que parte do dinheiro para bancar a apresentação partiu de um projeto social do município chamado de É DANDO QUE SE RECEBE!

ELA SÓ APARECE NA ENTREVISTA COM ESSA CARA DE DESCARAMENTO ABSOLUTO COMO SE NADA TIVESSE ACONTECENDO PORQUE SABE QUE NADA VAI LHE ACONTECER NA ESFERA CIVIL E PENAL – COMENTOU UM CANDIDATO DE OPOSIÇÃO QUE, SE ESTIVESSE LÁ, FARIA O MESMO! TRISTE BRASIL!

 

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Cícero Tavares - Crônicas e Comentários quarta, 27 de setembro de 2017

RAQUEL DODGE - NOVA PROCURADORA GERAL DA REPÚBLICA. O QUE ESPERAR DELA?


Em artigo irretocável publicado no jornal o Globo do dia 21.09.2017, o diretor da Fundação Getúlio Vargas, Joaquim Falcão, como faz sempre com lucidez e equilíbrio jurídico em artigos diversos escritos sobre temas políticos e judicantes, discorreu sobre a importância da postura do discurso da nova Procuradora Geral da República Raquel Dodge. Se vai honrar o cargo para qual foi escolhida, isso são outros quinhentos. O Brasil aguarda vigilante sua postura ética e imparcial à frente da Procuradoria Geral da República e de olhos bem abertos.

 

 

“Em primeiras linhas sua intervenção foi literalmente de duas páginas. Curta. Mesmo assim, como diria Fernando Pessoa, nada faltou ou excedeu. Curta e objetiva, como poderiam ser os votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal na maioria dos casos.

Ou seja, o culpado por sessões intermináveis não é a TV Justiça. É o modo como os ministros usam a TV Justiça e estruturam seus votos. O memorial imediatamente envelheceu os votos recheados de doutrinas e doutrinações.

Segundo: sua brevidade objetiva só foi possível porque descartou atalhos fora da questão central. Não se aproveitou para falar de outros assuntos, ou avançar posições em futuros julgamentos.

Não tratou da legalidade da delação premiada. Não era pertinente.

Não tratou da legalidade de provas. Não era pertinente.

Não julgou os procedimentos do Ministério Público. Não era pertinente.

O memorial envelheceu a estratégia de usar a sessão como palco midiático. Não é. Não aproveitou decidir sobre A, para falar de B.

Tratou apenas de se posicionar diante da questão vital: se o Supremo Tribunal Federal deve ou não encaminhar a denúncia logo à Câmara. Ou pode e deve fazer qualquer avaliação prévia.

Disse não. Mande-se logo.

A Constituição é rigorosa. As etapas estão bem definidas. Ponto final.

Terceiro: não personalizou a questão. Não ameaçou ninguém. Não fez insinuações. Não usou de sutilezas. Não desqualificou comportamentos. Não deu interpretações próprias sobre o passado nem avançou o futuro. Não fez elucubrações.

É de bom olvide ler a íntegra do discurso de Raquel Dodge, primeira mulher a ocupar cargo tão importante em Banânia. Clique aqui para

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Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 25 de setembro de 2017

JOSELITO MÜLLER ENRABA MARIA DO ROSÁRIO NO TJDF

 

À unanimidade a Segunda Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal negou seguimento ao recurso de apelação de Maria do Rosário contra o colunista ficcional do Jornal da Besta Fubana (JBF), em 20.09.2017, em razão de dois textos publicados pelo ficcionista no seu – o Blog do Joselito Muller e no Jornal da Besta Fubana, mantendo sentença de primeiro grau que condenou a deputada federal (PT-RS) e defensora de araque dos Direitos dos Manos.

Os textos humorísticos publicados pelo ficcionista Joselito Muller que Maria do Rosário ficou furiosa e por isso mesmo ocupou a justiça desnecessariamente para processar o colunista foram:

“MARIA DO ROSÁRIO FICA COMOVIDA QUANDO VÊ LADRÃO BALEADO” e

“MARIA DO ROSÁRIO CRIA PROJETO DE LEI QUE PREVÊ O CRIME DE TRAVESTICÍDIO NO CÓDIGO PENAL”

Todos amparados na liberdade de expressão e assegurados pela Constituição Federal e também amparados na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Em primeira instância o Juiz Federal julgou improcedente todos os argumentos nonsenses e pedidos absurdos elencados pela deputada federal contra as sátiras inteligentes e bem humoradas do colunista, não encontrando nenhuma afronta à pessoa da deputada, e por isso mesmo condenou a deputada federal a pagar ao colunista indenização por danos morais no porte de R$ 3.000,00 corrigidos desde a data da sentença, além do pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, por pensar besteira, falar besteira, vomitar besteira, cagar tolêtes grossos pela boca e outros orifícios e procurar o aparato judicial para exercer suas neuroses priquitomaníacas.

Em contrapartida, o colunista do Jornal da Besta Fubana, além de receber a indenização por danos morais imposta à deputada federal pelo TJPF, vai processar a ex-Secretária de Direitos dos Manos no governo da Vaca Peidona, Dilma Pinguelão, por ter dado uma entrevista à Folha de S. Paulo em 29.04.2017, afirmando que o Joselito Muller é um criminoso, implicando em injuria, crime contra a honra do humorista.

Segundo Joselito Muller no programa 5 contra 1, vai mover uma ação contra a deputada federal Maria do Rosário no Supremo Tribunal Federal, por ter ela, infelizmente, prerrogativa de foro, e depois mover uma ação por danos morais em primeira instância para que, se ela for condenada, ter os direitos eleitorais cassados para as próximas eleições, prestando um bem republicando à sociedade.


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 18 de setembro de 2017

FALCÃO, O FRANK SINATRA DA FULEIRAGEM QUE SE RIR-SE DE SI MESMO
 


Nasceu no interior do Ceará, na cidade de Pereiro, onde viveu até os 12 anos em uma casa modesta e sem eletricidade. Por influência do pai, farmacêutico da cidade e “o único lá em Pereiro que tinha uma radiola, com uma coleção grande de discos, de gosto muito eclético”, escuta música italiana e cantores como Waldick Soriano, Núbia Lafayete, Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Nelson Gonçalves. Ocasionalmente Falcão também captava através de rádios cariocas como a Rádio Globo, Nacional e Tupi as músicas dos Beatles, da Tropicália e da Jovem Guarda.

Em 1970 muda-se de vez para Fortaleza para frequentar a escola no colégio Júlia Jorge, na Parquelândia. Aprende a tocar violão junto com os irmãos, e conhece seu futuro parceiro musical Tarcísio Matos, apresentado a ele pelo violonista Tarcísio Sardinha, outro parceiro até hoje, que tocou guitarra e violão no LP Bonito, Lindo e Joaido.

Por gostar de desenhar, opta pela área de arquitetura. Após se formar técnico em edificações na Escola Técnica Federal do Ceará em 1978, Falcão começa a trabalhar como desenhista enquanto tentava o vestibular da Universidade Federal do Ceará, na qual ingressou no curso de Arquitetura depois de cinco tentativas, em 1982. Ao mesmo tempo investia na carreira artística.

 

Em 1980 funda juntamente com Flávio Paiva, Tarcísio Matos, Eugênia Nogueira e outros estudantes de comunicação social, Um Jornal Sem Regras, onde sua coluna era a fotografia de sua coluna vertebral, cujos integrantes também formaram um grupo musical Bufo-Bufo. As composições eram irreverentes, mas com consciência política, já que Tarcísio Matos e Flavio Paiva queriam fazer uma coisa mais séria pendendo para a MPB, mas Falcão propositadamente na hora de cantar mudava as letras para ficarem mais cômicas parecendo com seu jeito caricato, pilhérico e escrachado.

Formou-se em Arquitetura em 1988 e abriu um escritório com colegas no qual trabalhou por apenas três anos, até resolver focar mesmo na música.

Em outubro de 1988, faz sua primeira incursão musical. Tarcísio Matos, seu parceiro há mais de trinta e cinco anos, trabalhava no Banco do Brasil como carimbador de cheques e junto com Falcão se inscreve no Festival da Canção Bancária, realizado no BNB Clube. Em contraste às canções sérias do festival, apresentam o bolero brega escrachado “Canto Bregoriano II”, com letras sobre inovação litúrgica e acompanhamento de coral, com Falcão usando a vestimenta colorida e chocante que se tornou sua marca registrada. O público aplaude, vai ao delírio, mas a apresentação recebe zero de todos os jurados. O público protesta contra a decisão de desclassificar a música com urras, xingamentos e exige a volta de Falcão ao palco. Os jurados, não encontrando outra opção, revoga a decisão e Falcão retorna ao tablado sendo aplaudido de pé por todo público presente. É a consagração do popstar do brega.

No Natal do mesmo ano faz seu primeiro show solo, no Pirata Bar em Fortaleza. Em seguida começou a fazer shows nos fins de semana, sendo inclusive tachado de comediante por, à época, surgirem muitos humoristas no Ceará como Tom Cavalcante, a dupla Caboré e outros. Com muitos pedidos para gravar um disco, faz o álbum, Bonito, Lindo e Joiado, com produção de Helio Santos, Falcão e Tarcísio Matos, sendo lançado de forma independente em 1990.

Em 1991 o cantor Beto Barbosa leva o LP Bonito, Lindo e Joiado para a gravadora Continental, onde é lançado com status de popstar, com ascensão estrondosa das músicas “Canto Bregoriano II”, “Um Bodegueiro na FIEC” e “I m Not Dog No”, versão em inglês macarrônico de “Eu não Sou Cachorro, Não”, do brega porrada Waldick Soriano, que recebe elogio rasgado de Paulo Francis na sua coluna Diário da Corte.

Por influência de Raimundo Fagner, que conseguiu uma gravação em fita cassete de um show de Falcão, chamou a atenção da gravadora BMG. Enquanto “I am Not Dog No” virava seu primeiro sucesso de abrangência nacional, gravou pela BMG o disco O Dinheiro Não é Tudo, Mas é 100%, em 1994. Repetindo a fórmula do anterior, o disco tinha a música “Black People Car”, traduzindo a letra de outro sucesso brega, “Fuscão Preto”, de Almir Rogério. O álbum seguinte, A Besteira é a Base da Sabedoria (1995) se tornou o mais vendido da carreira de Falcão com 240 mil cópias, alçado pelo sucesso “Hollyday Foi Muito” e “Se Eu Morrer Sem Gozar do Seu Amor, A Minha Alma Lhe Persegue de Pau Duror.” Recentemente lançou o clipe da música “Ô Povo Fei”.

Ao longo de sua carreira, Falcão já lançou nove discos autorais: Bonito, Lindo e Joiado (1992), O Dinheiro não é Tudo, mas é 100% (1994), A Besteira é a Base da Sabedoria (1995), A Um Passo da MPB (1996), Quanto Pior, Melhor (1997), 500 Anos de Chifre (1999), Do Penico à Bomba Atômica (2000), What Porra Is This? (2006) e Sucessão de Sucessos Que Se Sucedem Sucessivamente Sem Cessar (2014).

Em 2012 Falcão estreia o programa Leruaite na TV Ceará, autointitulado “talco show”, com produção de Tarcísio Matos e o acompanhamento da banda de cegos “Tô Nem Vendo”, com Tarcísio Sardinha no violão, Valdeci na sanfona, Bubu no zabumba e Vanda no triângulo e backing vocal.

Em 2015 a TVDIÁRIO Ceará contrata Falcão e todos mudam de casa, levando o “Talk Show” Leruaite com a mesma irreverência e escracho para a nova emissora.

No programa Leruaite o brega star Falcão entrevista com irreverência e bom humor personalidades de destaques do Ceará, do resto do Brasil e do mundo, envolvendo os convidados em diversos quadros cômicos e divertidos.

Entre os quadros de destaque, estão “S’eu cozinho com Falcão”, com a culinária ‘nonsense’ do cantor; “Onde andará”, quando Falcão toca, numa vitrola portátil, LPs de cantores sumidos da mídia; “Siobrando”, uma composição musical concebida dentro de um banheiro químico; A “vassoura de varrer rastro de corno”, passada no estúdio para higienizar resquícios de chifres dos convidados; “Ensinamentos práticos para a vida”, com dicas de Falcão para um dia mais agradável; os 15 segundos de “arre égua”, “vá se lascar, “aí dentro” ou vaia, onde o telespectador pode participar fazendo seus pedidos e indicando suas vítimas; o Jornal Leruaite, com apresentação fuleiragem de Falcão e outro âncora-piru, apresentando as notícias mais bizarras do mundo que não passam no Jornal Nacional, SBTeira e Record Asneira, e o serviço de lanche que serve pitomba, siriguela, “bulim” e broa.

Leruaite é um programa mais solidário que frequentar guengas demitidas por justa causa – define Falcão o programa que apresenta toda terça-feira na TVDIÁRIO CEARÁ.

Vale a pena assisti-lo pelo show de bom humor, inteligência, descontração e fuleiragem.

 

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Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 11 de setembro de 2017

AUTO-HEMOTERAPIA: SANGUE QUE CURA

“A auto-hemoterapia é uma técnica simples em que, mediante a retirada de sangue da veia e aplicação no músculo, se estimula o aumento dos macrófagos, que fazem a limpeza de tudo no organismo: das bactérias, dos vírus, das células cancerosas (chamadas de neoplásticas). Fazem uma limpeza total. Elimina, inclusive, a fibrina, que é o sangue coagulado.” Assim o clínico geral Dr. Luiz Moura, falecido em 2016, aos 91 anos, explica, no DVD “Auto-hemoterapia: contribuição para a saúde”, como funciona a auto-hemoterapia, conduta que ele aplicou por mais de trinta anos e que fez questão de divulgar por todo o país.

O sangue é retirado no momento em que será aplicado no paciente e não recebe nenhum tratamento. A quantidade de sangue a ser aplicada depende da doença que deve ser tratada e pode variar de 5 mililitros a 20 mililitros. Cada braço só pode receber até 5 mililitros e cada nádega até 10 mililitros, como explica no DVD Dr. Luiz Moura. Quando o organismo recebe o sangue no músculo, o reconhece como um corpo estranho que é rejeitado pelo Sistema Retículo Endotelial (conjunto de células que ajudam na formação do sangue e também nos mecanismos de defesa). Com isso, aumenta a produção dos macrófagos que tem taxa normal de 5% e, com a aplicação, sobe para 22% sua presença no organismo. Esta taxa mais alta permanece por cinco dias e começa a declinar novamente para os 5%, por isso, deve-se fazer uma nova aplicação após uma semana.

O pioneiro da aplicação da auto-hemoterapia em Recife foi o clínico geral Dr. Marcos Paiva na Clínica “Saúde Center”, em Água Fria. Na opinião do médico nessa prática a técnica é eficiente, porque o sangue que será aplicado no paciente não recebe tratamento. De acordo com ele, há mais de quarenta e cinco anos na profissão de clínico geral, a principal finalidade dessa técnica é aumentar a defesa orgânica.

 

Dr. Marcos Paiva atendendo pessoa carente do Consultório na Estrada Velha de Água Fria

Segundo Dr. Marcos Paiva, o procedimento também pode ser utilizado e associado ao tratamento de várias patologias, como acne, viroses, infecções, cistos ovarianos, miomas, artrites reumatoides, lúpus eritematoso, verrugas e outras doenças da pele. O médico diz que a auto-hemoterapia é indicada a gestantes e até mesmo a portadores de HIV. O profissional recifense, que possui experiência na utilização da auto-hemoterapia há mais de quinze anos, afirma que a prática é segura, porque se usa o sangue do próprio paciente sem qualquer modificação.

Segundo ele, “a indicação da maioria dos procedimentos é feita a partir dos 50 anos.” Isso porque, nessa faixa etária, o sistema imunológico torna-se mais frágil, por isso, a auto-hemoterapia estimula o organismo a produzir os macrófagos. Para Dr. Marcos Paiva, os principais beneficiados com a terapia são os pacientes que usam antibióticos em consequências de doenças graves e que têm a defesa baixa do organismo. “Esse é um recurso importante porque reduz o número de remédios e possibilita a reprodução de bactérias”. “A ação de um completa a outra,” ressalta o médico.

Ele conta que durante todo esse tempo atuando na área já conseguiu vários resultados positivos em pacientes com doenças alérgicas e infecciosas graves. “Há dois anos recebi um paciente que tinha indicação da amputação de um dedo, pois a pele estava necrosada.” Depois de conversar com a família dele iniciei o tratamento com a auto-hemoterapia e fazendo curativo no dedo. Após dois meses de tratamento dei alta a ele sem precisar amputar o dedo. Outro paciente meu tinha cirrose hepática em altíssimo grau. Além de alguns medicamentos, usei a auto-hemoterapia para aumentar suas defesas. Ele não andava nem 10 metros e agora anda até de bicicleta, revela.

O certo é que, apesar dos avanços tecnológicos na área de saúde, a auto-hemoterapia continua despertando curiosidades e a cada dia mais especialistas surgem aprofundando os estudos de conhecimentos de sua eficiência na cura de pacientes deficitários de macrófagos. Como, infelizmente, em toda área da saúde aparecem os curandeiros com remédios milagrosos para a solução do caso sem nenhum conhecimento científico, é preciso estar atendo e ter sempre cuidado para não ser ludibriado por esses charlatões plantão oferecendo curas ungidas. Procure sempre um médico especialista.

A auto-hemoterapia é eficiente, tendo sido empregada pela primeira vez em 1911, com o auge de sua utilização ocorrido na década de 1940, quando passou a ser aproveitada para evitar doenças infeciosas. Mas apesar de não ter ainda o aval da Hemoterapia do Hemope, nem o reconhecimento do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), bem como do Conselho Federal de Medicina (CFM), assim como acontece com a Acupuntura, prática terapêutica inspirada nas tradições médicas orientais milenares, continua curando de forma simples, barata e sem provocar dor.

O baixo custo do tratamento não desperta olho grande!

 

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Os Oitos Malfeitores – o filme

 

Depois do estrondoso sucesso de crítica e de público do filme Polícia Federal: A Lei é para Todos, que narra os bastidores da operação Lava-jato que levou muitos políticos e empresários ladrões fuderosos para a cadeia, vem aí aquele que pode ser considerado o maior filme de todos os tempos já produzido em terra Cabrália: Os Oitos Malfeitores, que conta os bastidores da maior organização criminosa responsável pelo maior assalto aos cofres das “empresas estatais do país” de todos os tempos.

Liderado pelo chefe-mor, Lula da Silva, o “quadrilhão”, como está sendo chamado nos bastidores das filmagens que se iniciaram na sedo do Partidão em São Bernardo do Campo, as primeiras tomadas aéreas estão assustando os moradores locais e adjacências, ainda traumatizados com a quantia de dinheiro que a quadrilha roubou da nação, com as explosões de caixas eletrônicos, assaltos às “empresas públicas estatais” e roubos a todos os fundos de pensões e poupanças dos brasileiros.

Segundo o produtor e diretor do longa metragem, o experiente Luiz Fernando da Costa, mas conhecido nas fronteiras dos crimes organizados como Fernandinho Beira Mar, o filme vai surpreender e assustar o mundo quando tomar conhecimento que um operário que nunca foi operário, com apenas nove dedos (até hoje não se sabe como ele amputou o mindinho), adepto de Antônio Conselheiro e Lampião, foi capaz de enganar todo um país, afirmando ser um homem mais honesto do que Jota Cristo, mas que engambelou toda uma Nação, retirando-lhe o Sonho, a Esperança, o Trabalho e o Tesão.

– Nem eu cometi tantas barbaridades no submundo do narcotráfico! – Disse o diretor aos jornalistas que estão acompanhando as filmagens, sem previsão para terminar.


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 04 de setembro de 2017

O SEGREDO DO PAJÉ NAS AVENTURAS DE TIBICUERA
 
 

Para João Berto

Em 1937, com o objetivo de fazer frente ao nacionalismo ufanista do Estado Novo de Getúlio Vargas, Érico Veríssimo oferece sua versão da história do Brasil por meio das peripécias de um jovem índio capaz de vencer o tempo e a morte. Logo no início, o herói recebe dois presentes do pajé de sua tribo – o apelido Tibicuera, que significa ‘cemitério’ em sua língua devido à magreza assustadora do índio, e o segredo da eterna mocidade. A posse desse segundo regalo lhe permite participar de episódios marcantes da história do Brasil. O índio está no litoral da Bahia quando Cabral aporta, em 1500. Participa da luta contra os franceses e holandeses no Rio de Janeiro e em Pernambuco, e da defesa do Quilombo dos Palmares. Combate na Revolução Farroupilha e está presente nos eventos da Independência, bem como na agitação que marca a proclamação da República. Amigo de Anchieta, de Tiradentes e de José do Patrocínio, fornece o testemunho vivo e presente da história.

 

 

No prefacio que escreve para o livro, Érico Veríssimo não hesitar em afirma – “a princípio pode parecer fantástico que um homem tenha conseguido atravessar vivo e rijo mais de quatrocentos anos. Mas estou certo de que, após a leitura do capítulo intitulado “O Segredo do Pajé”, todos vocês não só aceitarão o fato como também farão o possível para seguir os conselhos do feiticeiro, a fim de vencer o tempo e a morte.”

Eis ‘O Segredo do Pajé’, um dos mais belos contos do livro, sobre a amizade, a compreensão, a tolerância, a honestidade, a afetividade, a fraternidade e o amor, Érico Veríssimo prova porque era o romancista mais querido e lido do Modernismo:

Um dia o pajé me chamou à sua oca. Entrei. Fui recebido com esta pergunta:

– Tibicuera, qual o maior bem da vida?

– A coragem – respondi, sem esperar um segundo.

– Só a coragem?

Embatuquei. O pajé ficou sorrindo por trás da fumaça do cachimbo. Gaguejei:

– A… a…

O feiticeiro me interrompeu:

– O pajé é corajoso. Mas de que vale isso? Seu braço não pode levantar o tacape, seus pés não têm mais força para correr…

– Ah! – exclamei. – Mas tu és poderoso, sabes de remédios para todas as dores, consegues tudo com tuas mágicas.

O pajé continuou a sorrir. Sacudiu a cabeça:

– Ilusão – disse. Pura ilusão.

Depois dum silêncio curto, tornou a falar:

– O maior bem da vida é a mocidade. Um dia Tibicuera fica velho. Atirado na oca, tecendo redes. Não pode ir mais para a guerra. O jaguar urra no mato e Tibicuera não tem força para manejar o arco. Tibicuera é mais fraco que mulher.

Escancarou a boca desdentada. Eu escondi o rosto nas mãos para não enxergar o fantasma da minha velhice.

– Pajé… Tibicuera não quer ficar velho. Ensina-me um remédio para vender o tempo, para enganar a morte. Tu, que sabes tudo, que viste tudo, que falaste com o grande Sumé…

O pajé continuava a me olhar com os olhos entrefechados. Bateu na testa com o dedo indicador da mão direita.

– O remédio está aqui dentro, Tibicuera. Não há feitiçaria. O pajé gosta de ti. Ele te ensina. Escuta. O tempo passa, mas a gente finge que não vê. A velhice vem, mas a gente luta contra ela, como se ela fosse um guerreiro inimigo. Os homens envelhecem porque querem. Só muito tarde é que compreendi isso. Tibicuera pode vencer o tempo. Tibicuera pode iludir a morte. O remédio está aqui. – Tornou a bater na testa. – Está no espírito. Um espírito alegre e são vence o tempo, vence a morte. Tibicuera morre? Os filhos de Tibicuera continuam. O espírito continua: a coragem de Tibicuera, o nome de Tibicuera, a alma de Tibicuera. O filho é a continuação do pai. E teu filho terá outro filho e teu neto também terá descendentes e o teu bisneto será bisavô dum homem que continuará o espírito de Tibicuera e que portanto ainda será Tibicuera. O corpo pode ser outro, mas o espírito é o mesmo. E eu te digo, rapaz, que isso só será possível se entre pai e filho existir uma amizade, um amor tão grande, tão fundo, tão cheio de compreensão, que no fim Tibicuera não sabe se ele e o filho são duas pessoas ou uma só.

Eu olhava para o pajé, mal compreendendo o que ele me ensinava. O feiticeiro falou até madrugada alta. Quando voltei para minha oca, fiquei por longo tempo olhando para meu filho que dormia na rede.

E eu me enxerguei nele, como se a rede fosse um grande espelho ou a superfície dum lago calmo.

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O decreto criminoso de Michel Temer e a sua suspensão por um juiz federal honrado

O juiz Federal de Brasília, Dr. Rolando Spanholo, que determinou a suspensão imediata de “todo e qualquer ato administrativo” que busque extinguir a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), já foi borracheiro e lavou carros junto com o pai no interior do Rio Grande do Sul quando era adolescente.

 

O Juiz Rolando Spanholo, adolescente, lavando carro junto com os irmãos no Rio Grande do Sul

Por meio de uma Ação Popular, medida prevista no art. 5.º, LXXIII da Constituição Federal, a que tem direito qualquer cidadão que deseje questionar judicialmente a validade de atos que considera lesivos ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, um eleitor consciente de Brasília propôs na Justiça Federal a decretação da inconstitucionalidade do Decreto n.º 9. 147, de 28.08.2017, deliberado pelo presidente da república, extinguindo a Reserva Nacional de Cobre e Seus Associados, reserva mineral e outras constituídas. Prontamente o juiz acatou o pedido do cidadão em decisão liminar e suspendeu o decreto criminoso do presidente Michel Temer.

Na decisão sobre a reserva amazônica, publicada na terça-feira, dia 29, o juiz Rolando Spanholo fala da importância da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), e diz que o local não pode ter seu uso alterado por decreto. A medida é liminar (urgente e provisória), e prevê que qualquer alteração no uso dos recursos existentes na área só pode ser feita a partir de decisão do Poder Legislativo.

A Advocacia-Geral da União (AGU), tão insensata quanto o presidente, informou que vai recorrer ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região para suspender a liminar do juiz Dr. Rolando Spanholo, atitude insana essa da AGU que demonstra que age como os serralheiros que cortaram a palmeira imperial da Praça (Nossa Senhora) do Carmo para as antas ouvirem o discurso tolête grosso de Lapa de Traidor.

 

O juiz federal Rolando Spanholo, em 2015, tomando posse no TRF 1 da JFDF

Criada em 1984 (Decreto n.º 89.404, de 24.02.1984, presidente João Figueiredo) e localizada entre os estados do Amapá e do Pará, a reserva tem mais de 4 milhões de hectares, aproximadamente do tamanho da Dinamarca. A área tem potencial para exploração de ouro e outros minerais, entre os quais ferro, manganês e tântalo, o que desperta a cobiça ilimitada humana, sem racionalidade pouco lhe importando o destino do planeta amanhã!

“A Natureza nada faz contra a ação nefasta do homem.” “Simplesmente se vinga e o homem não vai ter tempo de se arrepender pela agressão feita.”

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Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 28 de agosto de 2017

A HIPOCRISIA DO POLITICAMENTE CORRETO

“Somos o grupo de humoristas mais politicamente correto do Brasil – debochamos de todas as minorias sem nenhuma distinção de sexo, credo ou raça. E temos amparo para isso porque há no grupo dois judeus, dois negros e até uma bicha, que não posso dizer quem é”. – Bussunda

Esse fato aconteceu em meado dos anos oitenta. Era uma segunda-feira de um mês chuvoso. Prenúncio de um primeiro dia da semana normal. Estava de plantão no Hospital Central de Paulista (HCP) uma equipe médica multidisciplinar, preparada para enfrentar qualquer situação de emergência. Mas como na vida nada é estanque, tudo pode acontecer de bom ou ruim a qualquer momento, inclusive nada.

Tendo como chefe plantonista o Médico Clínico Geral, Dr. Marcos Paiva, já com uma larga experiência em situações emergenciais, inspirado no Dr. Seixas, personagem humanista do romance “Olhai os Lírios do Campo”, do romancista Érico Veríssimo, cuja filosofia de vida era o de bem servir a todos indistintamente para no final do expediente hipocrático, que tinha hora para começar, mas não para terminar, sair de cabeça erguida, certo da missão cumprida e com a tranquilidade de um Buda Nagô.

 

Mas naquele dia aconteceu um fato raro de parto fórceps que deixou a maioria dos médicos da equipe do Dr. Marcos Paiva aflita, tensa, pelo inusitado do caso. Até o chefe da equipe se preocupou.

O parto fórceps é um parto vaginal, porém realizado com a ajuda de um instrumento cirúrgico parecido com uma grande colher para a retirada do feto. O instrumento é aberto e cada ponta é encaixada em volta da cabeça do bebê a fim de auxiliar a expulsão e retirá-lo o mais rapidamente do canal vaginal. Esse método é muito utilizado em partos de risco ou onde o bebê fica encravado dificultando a saída e é necessária a intervenção para que a saída ocorra sem sofrimento para mãe e bebê, ou morte deste ou de ambos. Se o médico não tiver habilidade no procedimento fórceps acaba por matar mãe e nenê pela delicada responsabilidade que o caso requer.

Na equipe médica comandada por Dr. Marcos Paiva havia um médico, Dr. Marcos Ferreira, 24 anos, barbudo, de hábitos e atitudes simples, harmoniosas, cabelos compridos e amarrados com uma fita, usava sandália de couro artesanal. Recém-incorporado à equipe, não tinha a simpatia da maioria dos funcionários do hospital, tão pouco de parte da equipe médica que o olhava de maneira enviesada. Mas como possuía uma habilidade excepcionalíssima no trato com os pequenos e delicados incidentes cirúrgicos hospitalares e capaz de resolvê-los naturalmente, a equipe médica foi enxergando nele um profissional de talento e responsabilidade raros e com isso o “engolindo”, mesmo não aceitando de bom grato suas “modernidades vestais.”

Assim que a paciente em trabalho de parto chegou ao hospital foi atendida pela equipe médica rapidamente por se tratar de um caso de urgência. O bebê estava atravessado no canal vaginal da paciente o que impossibilitaria um parto habitual. Primeiro a equipe de médico plantonista tentou o óbvio, o parto normal. Não houve êxito. Depois pensou uma cesariana via abdominal. Também não houve êxito. O tempo passando e a paciente agonizando. Foi quando o Dr. Marcos Paiva, com a experiência e lucidez de sempre e conhecendo a competência do “médico hippie”, se dirigiu a ele e perguntou-lhe se havia possibilidade de intervir com o procedimento fórceps.

O Dr. Marcos Ferreira, com a calma e a simplicidade “hippie”, disse que sim ao chefe de plantão e utilizou o procedimento do fórceps. E sobre o olhar atento e abismado de toda a equipe de plantão, pegou a grande colher, ejetou na pelve óssea vaginal da paciente e com um criterioso cuidado retirou o bebê que saiu sem hematoma, corte, arranhão, e a paciente não precisou levar nenhum corte no períneo (perpendicular à vagina em direção ao reto), para facilitar a saída do bebê, que saiu são e salvo, chorando e querendo mamar, para a alegria geral de toda a equipe.

Foi nesse momento de relaxamento e resignação que parte da equipe indiferente à aparência hippie do Dr. Marcos Ferreira, olhou-se extasiada com a habilidade do jovem médico e a partir daquele momento ele conquistou a confiança e o respeito de todos que viu nele um grande talento e respeitável profissional, menos o chefe da equipe, Dr. Marcos Paiva, que o havia convidado para integrar a equipe porque sabia que aparência e modos de vida não definiam competência, responsabilidade, honestidade, bom caráter e profissionalismo, e fazia questão de conhecer seus colegas profissionais como pessoas, não como entidades abstratas.

O CORNO FALCÃONÉTICO

Certo dia, Dr. Marcos Paiva estava na clínica que funcionava na Estrada Velha de Água Fria, quando de repente adentrou na sala um “paciente” aflito, desiludido, disposto a fazer qualquer loucura consigo após haver descoberto que a mulher, vinte anos mais nova, o andava chifrando com o sobrinho que ele mais gostava de nome Zeca Urubu.

Ouvindo-o atentamente o desabafo, Dr. Marcos Paiva não disse nada durante uma hora. Quando o “paciente” terminou o lamento cornífero, o médico levantou-se, deu-lhe um aperto de mão, pediu-lhe calma, pois a vida era bela, e em seguida lhe deu de presente um CD do cantor Falcão, “500 anos de Chifre: O Brega do Brega (1999)”, que havia ganhado da filha mais velha no aniversário, e recomendou-o ouvir a música ”A Esperança É A Única Que Morre” e depois retornasse ao consultório.

No outro dia, depois de escutar a música por mais de 100 vezes e atentando para o conselho do médico, o “paciente” voltou à clinica, falou com a atendente, adentrou novamente à sala e, todo sorridente, apertou a mão do Dr. Marcos Paiva, murmurando-lhe no ouvido:

– Dr. Marcos, muito obrigado pelo remédio sonífero. Nunca tomei antídoto melhor para essa doença que estava me fervendo a testa. Realmente foi um “milagre”! Aceitei o conselho do cantor. Muito didático! E quem gostou mais foi minha mulher!

 

 

 

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Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 21 de agosto de 2017

CLAUDIONOR, O CARTEIRO MEIA-NOITE

“Honestidade é o primeiro capítulo do livro da sabedoria”. Thomas Jefferson

Seu Claudionor era um funcionário que sempre se preocupou em honrar a função de carteiro que ocupava nos Correios. Não se sentia melhor nem pior do que ninguém. Cumpria seu ofício. Nunca faltava ao serviço por faltar, nunca chegava atrasado à repartição, nunca atrasava a entrega das correspondências em sua área. Chovesse ou fizesse sol, ele estava lá no batente cumprindo seu múnus de carteiro.

Passou mais de quarenta anos nesse labor. Durante esse tempo, assistiu a muitas transformações no âmbito da repartição onde trabalhava. Episódios desagradáveis e inacreditáveis praticados por colegas de profissão nas paragens da vida. Amigos eram constantemente demitidos em justa causa, por absoluta irresponsabilidade: imprudências, imperícias, negligências, transgressões, infrações, violações, delitos.

Sempre soube de muitos amigos de profissão que, por pura maldade, fingia que entregava as correspondências em suas áreas, muitas delas de grande valia para os destinatários, mas que eram jogadas dentro dos rios, queimadas nas fogueiras dos quintais. Outras rasgadas, picadas e jogadas nas latas do lixo para os depósitos públicos.

Um certo dia, chegando à repartição encontrou um casal de velhinhos sentados no banco da repartição, aflitos, que viera de longe, para pegar um dinheiro que o filho havia remetido de outro estado para eles e o responsável pela função do serviço havia saído para prosear. Os velhinhos se encontravam ali há mais de cinco horas com fome, quase desmaiando sem serem atendidos! Ninguém para resolver o caso!

Seu Claudionor não teve dúvida vendo aquela cena desumana. Foi até a escrivaninha do responsável, pegou uma marreta no almoxarifado, quebrou a gaveta, arrancou o cadeado, pegou o envelope do dinheiro dos velhinhos que o filho havia mandado pelos Correios e os entregou fazendo as devidas anotações no caderno, e os velhinhos foram embora felizes e agradecidos pela atitude do carteiro. Não demorou meia hora, os velhinhos retornaram à repartição e como forma de agradecimento trouxeram para o atendente um quarto de bode, duas galinhas capoeiras, cem ovos de codornas, duas buchadas de bode, que ele teve de aceitar para não ser taxado de mal educado pelos velhinhos, que choravam de emoção pela atitude do funcionário.

Outro dia ele chegou logo cedo à repartição e, antes de entrar, viu uma cédula de cinquenta mil cruzeiros jogada no chão, junto à porta de entrada. Na época era muito dinheiro numa cédula só. Pegou. Pôs no bolso. Não avisou nada aos colegas de repartição, e prosseguiu trabalhando na organização das cartas para serem entregues.

Não demorou muito e o silêncio foi quebrado pela chamada do chefe da repartição para que todos os funcionários fossem para a antessala e avisou a todos os presentes que havia desaparecido cinquenta mil cruzeiros do colega de profissão e perguntou se algum funcionário ali presente havia tirado ou encontrado o dinheiro do colega para devolver, pois tinha sido um empréstimo que o mesmo havia tirado no banco para reformar a casa, pagar algumas dívidas e estava desesperado com o sumiço da grana. Ninguém presente se manifestou, inclusive seu Claudionor porque, se ele fosse contar a história poderia parecer ao funcionário que ele havida lhe roubado o dinheiro da gaveta.

Por não poder entregar o dinheiro ao colega de profissão nem ter lhe contado a história como foi, seu Claudionor passou um mês angustiado, sem dormir, contorcendo-se na cama nas noites de insônia, rezando para que o final do mês chegasse logo. Assim que recebesse o salário, completaria o dinheiro do homem, lhe contava a história e pedia desculpas por não ter entregue naquela ocasião pôs poderia parecer ao colega que ele, Claudionor, havia roubado a grana do colega.

Mal chegou o final do mês, seu Claudionor recebeu o salário, completou a parte que havia gastado com a compra de umas carteiras de cigarros, regadas a caipiroscas durante uns dias, e chamou o colega para lhe contar o fato como o fato foi.

Assim que chegou ao bar da Encruzilhada para tomar umas com o colega, foi logo abrindo a boca para externar aquilo que lhe estava fazendo mal, lhe engasgando a consciência, tirando o sossego.

– Paulo, disse ele ao colega de trabalho. Se lembra daqueles cinquenta mil cruzeiros que você disse que alguém lhe roubou na repartição? Ninguém roubou não. Fui eu quem encontrou no chão, na entrada da repartição. Não lhe devolvi naquele momento que o chefe nos chamou para perguntar que alguém havia tirado para não parecer que fui eu que roubei. Mas quero lhe dizer que sofri muito por não ter lhe entregue naquele momento e tinha consciência do quanto você estava angustiado por ter perdido.

Pois a mão no bolso das calças, tirou os cinquenta mil cruzeiros que estava enrolado num elástico, entregou ao colega de profissão e ainda lhe pediu desculpas por ter ficado calado no momento da reunião.

– Peço-lhe desculpadas por não ter lhe falado na hora! Sofri horrores por isso! Talvez eu tenha sofrido mais do que você! Sempre acreditei que um homem honrado não pega as coisas do outro, assim aprendi dos meus velhos pais – justificou! Foi nessa hora que o colega levantou-se da cadeira, deu-lhe um grande abraço, chorou, e, em planto, pegou uma parte do dinheiro, dividiu-o por um terço para lhe dar uma recompensa.

Foi quando seu Claudionor, comovido com a cena, feliz por ter tirado um peso da consciência, disse:

– Não quero um tostão seu! O fato de você ter entendido minha justificativa por não ter lhe entregue o dinheiro naquela hora já me faz o homem mais feliz do mundo! E continuaram a tomar cachaça até o dia clarear. De um lado, um homem feliz por ter tirado o pesa da consciência e do outro, um homem exultante por ter tido o seu dinheiro de volta recebido das mãos de um homem honesto!

Língua errada do povo. Língua certa do povo

Como diz o genial jornalista da Folha de S. Paulo, humorista da BandNews Fm e do portal UOL, onde tem um site oficial com seus conhecidos programas Monkey News e Ondas Latinas, José Simão: no Brasil, quase todo mundo escreve errado e todo mundo se entende.

Atente-se para essa placa fotografada numa banca de revista na esquina da Rua da Soledade com a Avenida Conde da Boa Vista, onde um confeccionador de carimbo posicionou essa pérola:

Exemplo de justiça que vem dos EUA, o país capitalista mais reacionário do mundo

O juiz Frank Caprio, conhecido pela sua habilidade em resolver casos aparentemente complexos, mas de pequenas montas nos EUA, país mais reacionário do mundo, interroga um casal de africano vivendo nos isteites há seis meses, por excesso de velocidade. Após ouvir o depoimento do motorista e as razões por ter sido multado por excesso de velocidade, o respeitado juiz chama uma criança filho do casal e pergunta se o pai é culpado ou não culpado por não ter obedecido às normas de trânsito, e o garoto responde: “É culpado!”, e o juiz absolve o motorista pela honestidade da criança.

Lindo exemplo! Linda atitude do juiz! Honesta resposta da criança!

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 14 de agosto de 2017

FALCÃO E TARCÍSIO MATOS: UMA PAREIA DE ALTA CATILOGÊNCIA

À moda do exímio pesquisador popular Aristeu Bezerra, que garimpa frases, provérbios, ditados populares, anexins sobre a vida, reflexão sobre o tempo, filosofia de para-choque, frases anônimas bem humoradas… para dentro de sua coluna “Cultura Popular”, publicada no Jornal da Besta Fubana toda segunda-feira, resolvi seguir a cartilha, desta vez trazendo minha contribuição de algumas frases filosóficas-fuleiragens pinçadas dos bardos cearensês Facão e Tarcísio Matos, duas das maiores autoridades da cultura cearês da atualidade, quiçá do Brasil:

“Só porque ninguém ouviu não significa dizer que eu não disse a besteira.”

“No Brasil, escândalo é que nem cheiro de ânus: Acaba nunca!”

“Tudo foi experimentado com ratos, inclusive o homem”.

“No rio da vida, as enchentes de uma diarreia podem destruir sólidas pontes do intestino.”

“Se a reforma passar pelo congresso, seu cachorro será obrigado a dizer obrigado em francês.”

“Sogra só presta pra ter dois dentes, um pra doer e outro pra morder a língua.”

“O DNA tá todo na bosta seca.”

“Não vejo como perda de tempo você conversar com um jumento sobre a Academia Brasileira de Letras.”

“Receita do dia: Bolo salgado com cará tilápia e alho… Se não tiver tilápia, use só o cará e alho…”

“Ser doido não é ruim, o que lasca é não saber explicar isso pros outros.”

“Salário veio de sal, muito valioso tempos atrás. Hoje, o salário só dar mesmo pro sal.”

“A melhor forma de disfarçar o nervosismo é mascar fumo de Arapiraca.”

“Só não me lembro de nada porque nessa hora eu estava dormindo.”

“Se você acha que o chifre é inevitável, entregue-me logo sua mulher.”

“Não tenho adversário à altura de me roubar sua mulher.”

“Simples: quem é feliz não vive triste!”

“A principal fonte de prazer vem das raparigas naturais, sem corantes.”

“Uma coisa é saco escrotal, outra coisa são os ovos”

“Lá em casa nós tivemos uma crise tão grande, mas tão grande, que nós passamos dois anos comendo só ovo. Não tinha dinheiro pra comer carne. Só ovo, ovo, ovo. Ovo de manhã, de meio dia e de noite. No dia que papai mandou limpar a fossa, quando abriu a tampa encontrou dois mil e quinhentos pintos dentro.”

“Supunhetemos que de repentelho… – Locução que traduz dúvida sobre o que virá imediatamente.”

“69 – Número do Conjunto dos Naturais Inteiros (noves fora 6), mas que só dois podem fazer.”

“E dizem que quando Tiradentes era vivo estava com a corda toda.”

“Toda rapariga tem uma lamparina na alma.”

“Homem que não sabe ganhar dinheiro também não precisa aprender a perder.”

“Hoje eu tô feito serrote: só tenho dente.”

“Tudo no mundo tem uma ciência, inclusive o besouro rola-bosta…”

“Dois passos pra frente e um atrás são aceitáveis, mas se forem simultâneos o sujeito pode levar uma queda.”

“Primeiro, vamos nos entender, depois a gente briga…”

“Qualquer coisa a gente faz uma vaquinha e compra o Brasil.”

“Falcão, uma na entrada e a criança só daqui a nove meses.”

“A mulher, quando cisma, vai nem que seja com o marido!”

“É muito fácil comparar, difícil é fazer uma comparação…”

“Catilogência, definição falcãonista: categoria, lógica, inteligência.”

Canto Bregoriano II (clique aqui para ouvir) – “Bolero sacro-sindical, espelhado nos benditos do Padre Zezinho. A letra é um apanhado geral de tudo quanto é leriado litúrgico, porque não dizer ecumênico, misturado ao jargão profuso da classe trabalhadora nacional, através de seus representantes. O refrão é o grito do operário desiludido e deprimido frente ao contra-cheque. Quanto ao palavreado em latim, nem eu mesmo sei de onde é que veio – procure um professor ou conforme-se com tal. Sobre o versículo 16, deu bem certinho no verso – vá na onda não.”

“Segundo a OAB, não deve dar voz de prisão a quem está defecando.”

“Advogado não livra ninguém de prisão de ventre.”

“Tente NÃO SER imbecil.”

“O cara que inventou o alfabeto era analfabeto.”

“A música é um carro sem motorista.”

IMPERDÍVEL!

Assistam ao vídeo com Falcão entrevistando o genial produtor do Programa Leruiate, Tarcísio Matos, pesquisador, letrista, cantor, escritor. Um programa de rara inteligência cultural e fuleiral, coisas que só os gênios são capazes de fazer com maestria, competência, destreza e sutileza.

Mesmo para aqueles que se mostrarem indiferentes, vale apenas assistir à entrevista até o fim. A empatia entre entrevistado e entrevistando é pura catilogência, a beleza na diversidade. Uma aula de inteligência, sabedoria e bom humor entre dois titãs da cultura fuleiragem.

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 07 de agosto de 2017

FALCÃO: BONITO, LINDO E JOIADO - UM DISCO IMPAGÁVEL À REVELIA DA MÍDIA!


Para o colunista Marcos Mairton

“Só Porque Ninguém Ouviu Não Significa Dizer Que Eu Não Disse a Besteira”. Falcão

Marcos Mairton, colunista do JBF, e Falcão nos bastidores do programa Leruaite

Pegando carona na informação histórica trazida a público pelo meritíssimo contista, cronista, poeta, compositor, letrista, violonista, pesquisador e honroso colunista do editodos Jornal da Besta Fubana (JBF), Marcos Mairton, de que em 1991 a revista Rolling Stones, versão brasileira, escolheu o bardo Falcão como segundo melhor compositor do Brasil pelo LP Bonito, Lindo e Joiado, perdendo apenas para “Circuladô de Fulô”, de Caetano Veloso. E em 1992, a mesma publicação, segundo o mesmo colunista, escolheu Falcão novamente como segundo melhor compositor do Brasil, com o LP O Dinheiro não é Tudo, Mas é 100%, desta vez perdendo para o LP “Cabeça Dinossauro”, dos Titãs. Aproveito o ensejo para trazer à luz um fato histórico ocorrido aqui no Recífilis, Venérea Brasileira, quando o brega-cult Falcão, em 1993, amuntado no estrondoso sucesso de “I’m Not Dog No” (versão inglesa macarrônica de “Eu Não Sou Cachorro, Não”), do brega-porrada, Waldick Soriano, esteve no programa Super Manhã AM, do comunicador da maioria Geraldo Freire, âncora, e o parceiro, médico e radialista Fernando Freitas, para uma entrevista antológica naquele dia.

Durante aquela entrevista, que foi um estrondoso sucesso de audiência, Geraldo Freire, mais escrachado do que Zé Rola Grande, um gramofoneiro comunitário de Chã de Alegria, dirigindo-se ao brega-cult Falcão, não perdeu a oportunidade e alfinetou: Falcão, como é que um LP tão porcaria, tão bosta, tão merda desses, teve uma produção tão impecável e é um sucesso de vendas tão da porra?! Ao passo que Falcão, escrachado e bem humorado como sempre, respondeu na bucha para greia geral dos ouvintes: para você ver que até a merda quando bem produzida, cheira!

Durante o mesmo programa uma fã perguntou a Falcão se ele havia vertido “Eu Não Sou Cachorro, Não” para aquele inglês macarrônico para se amostrar. Ácido, sarcástico e bem humorado, Falcão respondeu: Não! Que havia traduzido a obra-prima de Waldick Soriano para o inglês para mostrar aqueles chifrudos que no Brasil há um cantor e compositor e poeta brega melhor do que o espalhafatoso Rod Stewart, do Reino Unido, o maior corno britânico de todos os tempos, só perdendo para o Príncipe Charles, o sujeito de maior mau gosto do mundo, nas palavras precisas do gênio de Taperoá, Ariano Suassuna.

Semana antes da entrevista no Programa Super manhã da Rádio Jornal AM, o Jornal do Commercio publicou uma resenha antológica assinada pelo saudoso jornalista Herbert Fonseca no Caderno C, página inteira: “Um Disco Impagável à Revelia da Mídia”, sobre o LP Bonito, Lindo e Joiado, que infelizmente se encantou antes do tempo previsto pela natureza, via mistério do suicídio injustificável que a ciência até hoje não possui uma resposta plausível para essas tragédias pessoais.

Autor da biografia “CAETANO – esse cara”, Editora Revan: 1993, o jornalista Herbert Fonseca não economizou adjetivos para louvar a obra-prima do bardo Falcão que, junto com seu parceiro e comparsa Tarcísio Matos, abalou a estrutura da já capenga MPB com melodias, letras e arranjos cearensês de fazerem invejas ao maestro brega-corno norte-americano, Ray Conniff. No mesmo ano, para a felicidade geral da falconete Eva Gina, o hebdomadário, O Papa-Figo, editado por Emanoel Bione e José Telles, colunista musical do Jornal do Commercio, publicou uma entrevista antológica com Falcão caracterizado numa charge cheia de chifres na cabeça: “Uma Entrevista Pra Corno Nenhum Botar Defeito”, onde o bardo cearês responde que “Só é Corno Quem Quer”, título de uma pérola de sua autoria e de Tarcísio Matos, uma das faixas do LP Bonito, Lindo e Joiado. Segundo Falcão na justificativa: Tratado ontológico do bicho chifre que orna a caixa craniana de seres passionais e impassionais. Tentamos fazer um painel didático com todas as modalidades de cornagem que se tem notícia, bem como suas consequências mais imediatas. O primeiro chifre a gente nunca esquece!

FALCÃO É O GÊNIO DO BOM HUMOR CEARENSÊS!

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 31 de julho de 2017

CINE HOLLIÚDY 2, A CHIBATA SIDERAL

Com o término das filmagens no final de fevereiro de 2017 e em fase de montagem, chega às salas de cinemas de todo o Brasil brevemente o mais novo filme de um dos cineastas mais criativos e originais da atualidade, o cearense Helder Gomes, Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral, continuação de Cine Holliúdy, lançado em 2013, com grande sucesso de público e de crítica, que conta a história do personagem Francisgleydisson (Edmilson Filho) que luta desesperadamente para manter viva a paixão pela sétima arte, com criatividade e humor, num pequeno cinema da cidade do interior cearense, Cine Holliúdy, tendo a difícil missão de se manter vivo como opção de entretenimento na batalha contra as novidades do avanço da TV.

Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral, que conta no elenco com atores do mérito do comediante Edmilson Filho (Francisgleydisson), protagonista de todos os filmes do cineasta Helder Gomes, Milhem Cortaz (Tropa de Elite), Chico Diaz (Velho Chico), Gore Milagres (comediante – Ó Coitado!), Samantha Schmutz (comediante e atriz) e o bardo brega-cult-pós-pós, o cantor fuleiragem Falcão, no papel do cego Isaias. O filme conta a história de um exibidor de cinema cearense que resiste na profissão ante o avanço da televisão e a transformação das salas de projeção em igrejas evangélicas. Segundo o cineasta Helder Gomes, é um filme de complexa execução, seja pela sua história fantástica, pelo uso de efeitos visuais, pela presença de cenas de luta, pela metalinguagem, pela necessidade de filmagem de quatro semanas noturnas, pela necessidade de direção de arte de época, para recriar os anos 1980.

Tendo como cenário a belíssima e verdíssima cidade de Pacatuba, município da Microrregião Metropolitana de Fortaleza e como atores coadjuvantes a Praça da Paixão, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, as antigas Estações Ferroviárias, os casarios antigos do Centro tombados pelo IPHAN, e toda a paisagem exuberante dos seus verdes mais verdes da Microrregião de Fortaleza, Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral certamente trará ingredientes cinematográficos suficientemente lúdicos e excêntricos que o consagrarão como mais uma obra-prima do cineasta Helder Gomes, responsável pelo ótimo Shaolin do Sertão, rodado em Quixadá e lançado em 2014.

 

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CARAVANAS – NOVO CD DE CHICO BUARQUE

Chega às lojas de discos de todo Brasil no final de agosto o mais novo CD do ícone da MPB, Chico Buarque, o 23.º de sua carreira, pela gravadora Biscoito Fino, cujo primeiro single do álbum já está disponível na plataforma digital, para todos que curtem música e letra de qualidade incontestes: Tua Cantiga (Cristóvão Bastos/Chico Buarque).

Seguindo a toada de uma paixão incondicional, Tua Cantiga já nasce clássica, com acordes da bonita melodia do pianista Cristóvão Bastos se repetindo como um mantra reforçando a declaração de amor sem limite a uma mulher comprometida. Nos versos poéticos, o amante promete até largar esposa e filhos ao menor apelo da musa amada, vislumbrando felicidade até na diluição cotidiana do romantismo (“Na nossa casa/Serás rainha/Serás cruel, talvez/Vais fazer manha/Me aperrear/E eu, sempre mais feliz/Silentemente/Vou te deitar/Na cama que arrumei/Pisando em plumas/Toda manhã/Eu te despertarei“).

Tua Cantiga é música que reitera a habilidade de Chico Buarque para construir letras coloquiais, aparentemente simples, mas de arquitetura engenhosa. Símbolo do amor que move a transcendental paixão poetizada na letra, como concluem os versos metalinguísticos da última estrofe, a cantiga-toada seduzirá quem nutre paixão incondicional pela obra do compositor, no dizer preciso do crítico musical Mauro Ferreira do Portal G1.

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 24 de julho de 2017

O CABARÉ DE MARIA BAGO MOLE - A ORIGEM

A gente só anda para frente. A gente cumpre o destino que tem de cumprir. A Natureza me pôs no mundo para isso. E eu tenho de seguir em frente. – Maria Bago Mole

Nos anos quarenta aportou no vilarejo Casas de Taipa, Centro da cidade de Florestas dos Leões, uma mulherinha de olhos negros, cabelos pretos, compridos e salientes, peitos pequenos e duros, parecendo duas maçãs. À boca miúda, espalhou-se no povoado ser a estranha filha da Tribo dos Índios Chuparam a Mãe.

Ninguém no local sabia de onde teria vindo aquela mulherzinha misteriosa, pragmática, altruísta. Tampouco procurou saber seu passado. Ninguém na vila queria saber disso. O certo é que aos poucos ela começou a conquistar a admiração e a confiança do povoado da localidade, e lá se instalou como sua residência oficial.

Muito inteligente, prestativa, fala sensual, dois anos depois de se instalar oficialmente no lugar, aquela mulherinha começou a desenvolver a plântula daquele que no futuro receberia o seu nome como homenagem: O Cabaré de Maria Bago Mole.

Na casa de taipa com quatro cômodos onde ela se instalou, doada por um dos vizinhos que ela socorreu em momentos difíceis e depois ficou dando assistência material, aos poucos começou a vender refeições aos caminhoneiros e cortadores de cana que por ali passavam rumo aos engenhos de cana-de-açúcar. O negócio começou a crescer, prosperar, e ela antevendo que poderia oferecer outras comidas àqueles homens sedentos por sexos que sempre a procuravam e a cantavam para uma trepadinha, prometendo torná-la a Cleópatra de todas as Cleópatra.

Pressentindo o sucesso com o negócio crescendo e a pressão dos fregueses por diversões sexuais, ela resolveu viajar à sua cidade natal e de lá trouxe algumas “meninas defloradas”, que os pais expulsavam de casa por terem perdido o cabaço com os namorados antes do casório.

Poucos anos depois a casa de taipa de quatro cômodos recebeu uma reforma caprichada para a época e se transformou numa pousada de dois pavimentos. Em baixo ficava o bar com o aposento da mulherinha e, em cima, foram construídos os quartos onde os homens levavam as meninas para se lambuzarem de cachimbadas movidas a óleo de peroba.

No dia da inauguração apareceram homens de toda região sedentos por sexo, principalmente senhores de engenhos, que tinham vontade de conhecer e comer a tão falada e idolatrada administradora do cabaré, que dizia às suas meninas não querer compromisso com nenhum homem para não destoar do seu comércio, deixando essa função para as suas cortesãs. Mas essa afirmativa da cafetina era um mistério, pois havia um zunzunzum na vila de ela ter sido estuprada pelo pai e expulsa de casa para não dedurá-lo já que era de família casca grossa da Zona da Mata, por isso havia lhe desenvolvido inconscientemente “a síndrome da repulsa ao sexo”.

Nesse dia apareceu por lá o senhor de engenho mais conhecido e poderoso da redondeza, Bitõe Quêi, um galegão de um metro e noventa, olhos claros, que tinha uma tara da gota serena por Maria Bago Mole, só em ouvir falar no nome dela e por causa dos seus dotes administrativos inteligentes e de xibiu preservado, e por ser uma quarentona enxuta, conservada, com tudo nos trinques.

Depois da festa de inauguração, que transcorreu no maior buruçu: brigas, freges, arranca-rabos por disputas internas entre caminhoneiros, cortadores de cana e outros fregueses: quem ia dormir e comer quem das meninas do cabaré, a cafetina pôs para funcionar seu instinto de administradora para aquelas ocasiões. Pegou uma chibata que havia comprado na feira livre para aqueles fins e nas relhadas saiu expulsando todos os penetras e lisos do recinto, organizando a desordem e ordenando que as meninas se recolhessem aos quartos com seus clientes escolhidos, que já “pagaram pelos serviços”.

– Der o melhor de vocês aos seus homens. Satisfaçam-lhes todos os desejos e fantasias sexuais. Não deixem nada pela metade. Lembrem que lá fora ninguém percebe o que está acontecendo aqui dentro. Portanto, der o melhor de vocês! Vocês estão recebendo para isso. Não se esqueçam de que o sucesso de vocês depende de vocês. – Dizia a cafetina com voz mansa e imperativa às suas meninas.

Feito isso e percebendo que tudo estava aparentemente normal, foi para o seu aposento com o homem que lhe tirou o cabaço pela segunda vez. A farra foi tão picante, excitante, regrada a todos os prazeres do sexo, que Maria Bago Mole e seu Bitõe Quêi perderam a hora e quando acordaram já passavam das dez horas da manhã, o que para ambos era uma desmoralização, acostumados a estarem de pé antes das cinco da manhã.

Percebendo o horário e totalmente contrariado, o poderoso senhor de engenho quis se apressar para sair. Nesse momento foi contido pela cafetina que o pegou pelas mãos e o conduziu até o banheiro para tomar um banho, tomar café e depois se ir-se.

– Não tenha pressa, bem! A gente só anda para frente. A gente cumpre o destino que tem de cumprir. Você está procedendo do mesmo jeito que os outros homens! Acalme-se! Depois de uma noite daquela você não deve se preocupar com o que aconteceu ou deixou de acontecer lá fora! Ou você já se esqueceu do que aconteceu entre nós dois? Por falar em nós dois, quando você vier por aqui novamente visitar a “casa” eu desejo ter uma conversa séria com você! Nada de mais! – Disse ela lhe dando um beijo na boca com gosto de café. E ele apressado, passou a mão no cavalo, pôs a sela, subiu e se mandou contrariado com a hora: meio dia! E ela, sorrindo com a contrariedade dele, ficou-o olhando troteando no cavalo e com a certeza de que aquele homem rude havia lhe conquistado o coração…


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 17 de julho de 2017

PAULO FRANCIS, PROVOCADOR E POLEMISTA

Nascido no Estado do Rio de Janeiro no dia 02 de setembro de 1930, Franz Paul Trannin da Motta Heilborn, adotou o pseudônimo de Paulo Francis, por sugestão, à época, 1957, do ator, poeta, teatrólogo e diplomata Pascoal Carlos Magno, e com ele criou fama de polemista e provocador, na carreira de jornalista, crítico de teatro, diretor e escritor. Também escreveu para jornais, como Ultima Hora, O Pasquim, O Estado de São Paulo, A Folha de São Paulo, onde, durante muito tempo manteve a coluna O Diário da Corte, onde expunha suas opiniões com clareza, ironia, deboche e sarcasmo.

Com sua experiência de diretor, Paulo Francis notabilizou-se, em primeiro lugar, como crítico de teatro do Diário Carioca, entre 1957 e 1963, quando intentou realizar uma crítica de teatro que, longe de simplesmente fazer a promoção pessoal das estrelas do momento, buscava entender os textos teatrais do repertório clássico para realizar montagens que fossem não apenas espetáculos, mas atos culturais – nas suas próprias palavras, “buscar em cena um equivalente da unidade e totalidade de expressão que um texto, idealmente, nos dá em leitura […] a unidade e totalidade de expressões literárias”. Seu papel como crítico, à época, foi extremamente importante.

Paulo Francis foi o centro de diversas polêmicas e disenssão. Dizia que a ferocidade que seria a marca registrada de seus textos nasceu na infância. Aos 7 anos foi arrancado dos braços da mãe e atirado às feras de um internato na ilha de Paquetá. Atribuía todo o sarcasmo e agressividade a essa brutal separação, contou ao jornalista José Castello, colunista da Folha de São Paulo à época.

Ficou famoso o ataque – que ele mesmo classificaria mais tarde de “mesquinho, deliberadamente cruel” – à atriz Tônia Carrero que, por havê-lo acusado de “sofrer do fígado” e ser “sexy” – na gíria da época, homossexual – foi por ele acusada de haver-se prostituído e de mercadejar fotos de si mesma despida. Foi por isso agredido fisicamente duas vezes – pelo então marido da atriz, Adolfo Celi, e pelo colega de Tônia no Teatro Brasileiro de Comédia, Paulo Autran.

Em 1983, a sexualidade de Paulo Francis foi, mais uma vez, alvo de ataques e de insinuações. Ele criticou a entrevista que Caetano Veloso fizera com Mick Jagger, alegando que o roqueiro inglês zombou do entrevistador. Caetano respondeu, dizendo que Francis era uma “bicha amarga” e uma “boneca travada”.

No final da década de 1970, Paulo Francis lançou-se como romancista, tentando fazer uma crítica geral da sociedade brasileira através dos seus romances Cabeça de Papel (1977) e Cabeça de Negro (1979). Para essa crítica por meio da literatura, Francis aproveitou suas experiências pessoais dentro da elite cultural e social do Brasil e principalmente do Rio de Janeiro.

 

Os dois romances são uma tentativa de retratar os meios jornalísticos e da boemia carioca dos anos 1960 e 1970, através do uso de um alter ego, que atua como narrador em primeira pessoa, num estilo subjetivo, à maneira já consagrada na ficção moderna por James Joyce e Marcel Proust; por outro lado, esta representação subjetiva, própria da literatura de elite, busca uma concessão ao interesse do leitor médio, ajustando-se, no entender de muitos, como o amigo de Francis, o cartunista Ziraldo mal a um enredo de thriller de espionagem sofisticado, à maneira de Graham Greene e John Le Carré.

Paulo Francis engajou-se na literatura de ficção com sua costumeira autossuficiência. Ele declarou, em entrevista ao Jornal do Brasil, que no Brasil só se fariam dois tipos de literatura: o registro de sensações e as reflexões existenciais de uma mulher intelectualizada, Clarice Lispector, ou as desventuras do povo oprimido pela elite do regionalismo de Jorge Amado, e que a ele caberia a tarefa de produzir uma literatura romanesca centrada não nos oprimidos de classe ou gênero, mas nas elites.

Seja como for, Paulo Francis admitiria logo depois, em seu livro de memórias, O Afeto que se encerra (1980), que contava que o sucesso como escritor lhe garantisse recursos materiais suficientes para abandonar o jornalismo diário, mas vergou-se ao fracasso comercial dos livros, incluindo as duas novelas reunidas no volume Filhas do Segundo Sexo, de (1982), em que havia feito uma tentativa de tematizar a emancipação da mulher de classe média no Brasil da época, através de uma ficção sem muitos recursos formais, semelhante à do cronista José Carlos Oliveira, muito popular na época.

Para marcar a virada de Francis, a melhor referência é o economista Roberto Campos, seu alvo de crítica por dez anos, não faltando sequer insultos. Até que, em fevereiro de 1985, tudo mudou, na coluna “O guerreiro Roberto Campos”. Dizendo que o economista “melhorara horrores, em pessoa”, ele se desculpou: “Escrevi coisas brutais sobre Campos. São erradas. Retiro-as”. E acrescentou: “Cheguei à conclusão de que capitalismo num país rico é opcional. Num país pobre, no tipo de economia inter-relacionada de hoje, a suposta saída que se propõe no Brasil de o Estado assumir e administrar leva à perpetuação do atraso e do patrimonialismo”.

O fim do regime militar, em 1985, colocou Paulo Francis numa situação similar a outros membros da elite intelectual brasileira que haviam militado na “resistência” à ditadura: se o fim do regime ditatorial atendia às suas aspirações políticas e intelectuais, ao mesmo tempo sentiam-se dominados por um desencanto com um crescente plebeísmo dos costumes políticos brasileiros, combinado a uma consciência cada vez mais clara da incompetência e a corrupção dos governantes na Nova República. Tal desencanto tomaria a forma de rejeição especialmente com o Partido dos Trabalhadores.

Essa rejeição suscitaria um de seus artigos atacando o PT que teve grande repercussão e provocou, entre várias reações, uma resposta de Caio Túlio Costa, então ombudsman da Folha de S. Paulo. A tréplica gerou grande polêmica, sendo a possível causa de sua mudança da Folha de S. Paulo para o jornal O Estado de S. Paulo.

Em 1981, tornou-se comentarista televisivo das Organizações Globo – uma virada emblemática para quem havia acusado Roberto Marinho em 1971 de ter provocado o seu banimento do país durante uma de suas prisões, em um artigo n’O Pasquim, intitulado “Um homem chamado porcaria”, no qual dizia ser “caso de polícia que seu poder continue em expansão”. Estreou em 1981, como comentarista de política internacional. No mesmo ano, também foi o comentarista do Jornal da Globo, falando sobre política e atualidades. De Nova York, Francis também entrava no Jornal Nacional, emitindo opiniões sobre política internacional e cultura. Em 1995, dividiu com Joelmir Beting e Arnaldo Jabor uma coluna de opinião.

A partir de 1993, ao lado de Lucas Mendes, Caio Blinder e Nelson Motta, Francis fez parte do programa Manhattan Connection, então transmitido pelo canal pago GNT. A partir de junho de 1996, passou a trabalhar na Globo Newsentrevistando personalidades internacionais como o economista John Kenneth Galbraith.

Em inícios de 1997, durante o programa Manhattan Connection, Francis propôs a privatização da Petrobras – então presidida por Joel Rennó, e acusou os diretores da estatal de possuírem US$50 milhões em contas na Suíça – acusação pela qual foi processado na justiça norte-americana, sob alegação da Petrobras de que o programa seria transmitido nos Estados Unidos para assinantes brasileiros de TV por assinatura.

Amigos fizeram o possível para livrar o jornalista da guerra judicial. Chegaram a apelar ao então presidente Fernando Henrique Cardoso, que tentou, em vão, convencer os diretores da Petrobras a desistir da ação.

Na época, o comentarista da Globo estaria abalado emocionalmente por ser réu no processo cuja indenização exigida era de 100 milhões de dólares. Segundo seu amigo pessoal, o escritor Elio Gaspari, o processo ocupou um espaço surpreendente na alma de Francis. Tomou o lugar não apenas do sono, mas também dos seus prazeres da música e da leitura. Diogo Mainardi, pupilo de Francis, foi mais enfático: sugeriu que a pressão psicológica do processo pode ter contribuído para o futuro infarto fulminante do jornalista.

Doutor Joel Rennó, o senhor ganhou, escreveu Elio Gaspari na Folha de S. Paulo em 1997, um dia após a morte de Paulo Francis.

Talvez o presidente da Petrobrás, doutor Joel Rennó, não saiba (e sabe-se lá o que o doutor Rennó sabe), mas nos últimos meses ele foi um estrategista vitorioso. Conseguiu o seguinte: Paulo Francis vivia sobressaltado pelo processo que a Petrobrás lhe movia na justiça americana, exigindo US$ 100 milhões de indenização por conta de ataques que fizera à diretoria da empresa no programa de televisão Manhattan Connection”, concluiu Gaspari.

Era difícil conversar com Francis por mais que uns poucos minutos sem que ele se queixasse do absurdo da situação. Rennó o processava nos Estados Unidos por coisas, ditas numa televisão brasileira, que jamais foram ao ar fora do Brasil.

Francis perdeu o sono.

Naquela armadura de arrogância havia uma pessoa tensa, afetuosa, tímida, solitária e desajeitada. Era-lhe difícil comprar uma camisa na Brooks Brothers, incompreensível tratar com um advogado da defesa num processo que ameaçava arruiná-lo. Percebera a tática do doutor Rennó. Com os recursos ilimitados da empresa, mesmo sabendo que perderia o caso, o presidente da Petrobrás pretendia espichar o litígio até o limite do possível. Seu propósito era azucrinar a vida de Francis. Quem já teve uma questão judicial num simples condomínio de edifício sabe o aborrecimento que um processo provoca em quem não é advogado. Imagine-se o que vem a ser um processo de US$ 100 milhões, o maior do gênero na história brasileira e um dos maiores na dos Estados Unidos.

A partir de comentários aos quais Francis dava tom casual, um de seus amigos fraternais, pessoa de fina percepção psicológica, tocou um sinal de alerta para o Brasil: a situação era bem mais grave do que ele demonstrava. Há umas poucas semanas, Francis recuperara um pouco da tranquilidade. O presidente Fernando Henrique Cardoso, informado pelo senador José Serra do efeito que o processo do doutor Rennó causara ao estado emocional de Francis, pedira que se chegasse a um entendimento que desse fim ao caso. Foi uma melhora sensível, porém momentânea. Tratado o caso com o doutor Rennó, ele astuciosamente jogou a bola para os advogados que a viúva paga a Petrobrás em Nova York. Sugeriu que Francis os procurasse. Pessoa incapaz de sustentar com desembaraço uma conversa de coquetel com um estranho, Francis consultou seu advogado. Ele lhe explicou que a iniciativa devia caber a Petrobrás. A bola voltou ao meio do campo, e Francis viu-se diante da possibilidade de continuar sendo chutado de um lado para o outro.

Na última semana, tentava encontrar uma maneira de desatar o nó. Dissera que todos os diretores da Petrobrás tinham contas secretas na Suíça e, em pelo menos duas ocasiões, retratara-se quase que inteiramente.

Tinha duas preocupações. A primeira era o transtorno do processo. A segunda, o receio de que pudesse parecer intimidado. Estava abatido. Quanto mais magoado, mais atacava, como se Rennó tivesse conseguido produzir um mecanismo no qual sua valentia se alimentasse de angústia.

A gestão estimulada por FHC caducou na manhã de ontem. Paulo Francis está morto. O que o doutor Rennó precisa saber (e sabe-se lá o que ele sabe) é que conseguiu ferir o seu adversário. Seu processo ocupou um espaço surpreendente na alma de Francis. Tomou o lugar não apenas do sono, mas também dos seus prazeres da música e da leitura. O traço obsessivo de sua personalidade, que com muita frequência colocava a serviço do conforto dos amigos, foi ocupado pelo assombro de se ver perseguido.

Dizer que o processo do doutor Rennó o matou seria uma injustiça piegas, verdadeira estupidez. O que aconteceu foi outra coisa. O doutor Rennó conseguiu tomar uma carona no último capítulo da biografia de Paulo Francis. E, se algum dia Rennó tiver biografia, terá Paulo Francis nela. É difícil que consiga fazer coisa melhor, sobretudo à custa do dinheiro da viúva.

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 10 de julho de 2017

A VIÚVA QUE SÓ PENSAVA EM SEXO

 

Seu Luiz era um setentão bem casado. Pai de quatro filhos. Avô de seis netos. Frequentador assíduo da Igreja Universal do Queijo do Reino, (mas não pagava dízimo nem com a bixiga lixa! Deus não precisa de dinheiro! – dizia ele). No bairro onde morava era conhecido pela paciência, serenidade, solidariedade e respeito aos vizinhos.

Marceneiro de mão cheia, seu Luiz não parava em casa. Era constantemente solicitado para ir à casa de um freguês instalar um móvel, fazer um armário, armar uma cama, consertar uma mesa, uma cadeira, coisas da profissão.

Certo dia recebeu um telefonema em sua casa de uma desconhecida chamando-o para ir à casa dela instalar um armário de cozinha na parede. Ele anotou o telefone, o endereço e prometeu que no outro dia chegava lá no horário marcado, cedinho.

Ao chegar à casa da viúva, seu Luiz foi recebido com agrado, galanteio, afago, cortesia, com a coroa toda empiriquitada, indicando o local onde queria instalar o armário, como desejava que fosse instalado e o deixou bem a vontade dizendo que não tinha pressa. Acertando o preço da instalação e o material que ia ser comprado para utilizar.

Com o material à mão comprado, seu Luiz volta no outro dia à casa da viúva alegre. Bate palmas. Ela vem atendê-lo. Ele pede licença, entra, conversa com ela mais uma vez detalhes de como deseja a posição da colocação do armário e depois começa a trabalhar.

Assanhada, a viúva alegre se aproxima do marceneiro e pergunta se ele não deseja fazer um lanche, tomar um café, beber uma água, tomar um suco. Enquanto vai lhe oferecendo essas cortesias a viúva alegre vai observando seu Luiz da cabeça aos pés: mulato, gordinho, braços e pernas grossos, sério, educado, tudo que a viúva alegre deseja num homem. Nesse ínterim, vai lhe subindo um calor com um desejo louco de ter aquele coroa nos seus braços. Imagina-o pelado na frente dela e se excita toda!

Naquele instante a viúva assanhada cria uma fantasia erótica tão da moléstia do cachorro pensando em seu Luiz que não se apercebe que havia passados mais de seis horas trabalhando na instalação do armário e que ele já havia terminado o serviço!

Quando deu por si o marceneiro a chama na cozinha, pergunta se está tudo bom, se ela gostou e, a viúva, já pensando como ter uma conversa com o coroa, diz que adorou a instalação e pede a ele que retorne no outro dia para receber o valor do serviço acertado. Despede-se dele, olha-o mais uma vez dos pés a cabeça e devora-o no pensamento.

No outro dia, na hora marcada, lá está seu Luiz no terraço da viúva alegre. Ela vem o atender. Abre a porta, Manda-o entrar. Tranca a porta e tira a chave sem ele perceber. Pede para ele sentar no sofá e aguardar um momento enquanto ela vai tomar um banho. Nesse momento seu Luiz fica apavorado com a atitude da viúva. Mas, mesmo contrariado com o pedido dela, fica esperando que ela saia do banho o mais rápido possível e venha lhe pagar o valor do serviço acertado para ele ir-se embora.

Depois de mais uma hora de espera, seu Luiz já nervoso de tanto esperar e estranhando o silêncio da viúva, fica em pé e a chama para lhe atender, dizendo-lhe que tem outro serviço para olhar.

Nesse momento, a viúva lhe aparece de camisola transparente, sem calcinha, sem sutiã, e na frente dele, abre a camisola e o provoca:

– E aí meu gostosão, está pronto para fazermos uns tilicuticos regados aos prazeres da carne mijada? Tomei um banho, me perfumei toda, raspei a danadinha só pensando na gente! Vem, corre, que estou louca de desejos! Sou uma ninfomaníaca insaciável! Desde ontem que não paro de pensar em nós dois em baixo do lençol! Tudo está pronto. Só está faltando você! Vem!!

Nesse momento, vendo aquele desmantelo à sua frente e pensando na esposa que deixou em casa e que nunca a tinha traído, seu Luiz arregalou os olhos fundo de garrafa, ficou mais preto do que já era e, ameaçando a viúva, inquiri:

– Olhe, madame, eu não vim aqui para isso não, viu! Eu vim para receber meu dinheiro! Se a senhora insistir mais uma vez eu quebro aquela porta, faço o maior escândalo aqui e vou me embora. Tá ouvindo?!

Foi nesse momento que a viúva assanhada, com medo da ameaça do velho, foi lá dentro, pegou o dinheiro, vestiu uma blusa, e chegou até a porta para pagar a seu Luiz. Mas antes de pagar, olhou o coroa mais uma vez da cabeça aos pés e lhe provocou:

– Olhe, tudo isso aqui é seu (e abriu a camisola transparente mais uma vez). Basta você me telefonar, marcar o momento para a gente fazer aquele ziriguidum (e começou a requebrar toda e revirar os olhos) que garanto que você não vai se arrepender! Estou à sua inteira disposição! A hora que quiser, pode vir seu garanhão! E começou a por a língua nos lábios em forma de gestos obscenos provocando o coroa, que já estava apavorado com tais atitudes estranhas da velha assanhada!

Enquanto a viúva fechava a porta seu Luiz saiu para rua, apavorado, desnorteado, pensando naquele desmantelo jamais lhe ocorrido na vida.

Chegando a casa, seu Luiz chamou o filho mais novo, solteiro, ao canto da casa e lhe contou o vexame por que havia passado, e o filho sirrindo-se de se mijar, olhou para o velho, e o provoca:

– Mas meu pai, e o senhor não comeu essa coroa, não?!! Puta merda! Meu Deus do Céu! Ó Senhor, deste a coroa à pessoa errada, Senhor! Por que não deste a mim, Senhor?!

E seu Luiz, sobressaltado com a reação galhofa do filho, imaginou: Meu Deus, como as coisas estão mudadas!… E ficou mudo porque percebeu que vinha vindo sua esposa, Dona Santinha, da igreja, com cara de quem comeu e não gostou!

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 03 de julho de 2017

QUEM É JOSELITO MÜLLER?

 

Seu nome de batismo é Emanuel de Holanda Grilo, 36 anos, nascido no Pará, criado na Paraíba, onde comeu muitas cabritas na adolescência, é radicado atualmente em Natal.

O nome de ablução não diz nada para a maioria dos leitores que o admiram e o leem no Jornal da Besta Fubana (JBF). Foi com o pseudônimo Joselito Muller que Emanuel Grilo tornou-se uma figura conhecida e cultuada da internet. No site batizado pelo personagem fictício, Joselito Muller, atanaza políticos de esquerda, do centro, da direita, da dita mole, da dita dura, dos direitos humanos, dos direitos sociais, fatais, letais, escrotais, publicando notícias satíricas – tomadas por muito leitores como verdadeiras.

Nesse quiproquó, queixam-se os satirizados políticos: os comentários postados causam danos na prática às suas imagens, reputação, honestidade, boa fé, motivo pelo qual alguns desses ‘homens e fêmeas públicas’ vão à Justiça contra Joselito Muller/Emanuel Grilo.

Em 2015, Joselito Muller publicou uma nota satirizando a deputada fuderal Manuela Dávila (PC do B-RS) com o seguinte teor: Manuela Dávila diz que foi para NY sem querer: “Me perdi quando ia para Havana!” Por causa dessa sátira ela entrou com uma ação de danos morais contra o jornalista/ficcional e perdeu. Na sentença proferida em 21 de março de 2016, o juiz Oyama Assis Brasil de Moraes disse ter interpretado o texto como ‘comentário humorístico incapaz de causar abalo à honra e à boa reputação da demandante’ e que, ‘tendo a autora optado pela carreira pública e se beneficiando da notoriedade que tal carreira lhe alcançou, deve arcar com os ônus da notoriedade, sem que isso lhe traga direito à indenização’. Na mesma sentença o juiz ainda condenou a autora a pagar R$.3.000,00 a título de custas processuais e honorários advocatícios. Por último, foi o deputado fuderal Chico Alencar (PSOL-RJ), que se irritou com uma publicação de Joselito Muller afirmando que o parlamentar havia publicado nas redes sociais uma frase defendendo a distribuição de renda nas ruas aos sem teto e ter publicado o telefone do gabinete dele, da Câmara Fuderal. Notificado extrajudicialmente pelo gabinete da câmara para retirar a notícia do site, o humorista, além de não tirar, invocando a liberdade de expressão assegurada na Constituição, ainda provocou com uma frase ácida do genial Millôr Fernandes:

FIQUEM TRANQUILOS OS PODEROSOS QUE TÊM MEDO DE NÓS: NENHUM HUMORISTA ATIRA PARA MATAR.

Personagens da política brasileira que já se sentiram incomodados com as sátiras ácidas e inteligentes de Joselito Muller e o processaram. Todos perderam: Ana Rita (então senadora pelo PT-ES). Título da publicação: ‘senado aprova pagamento de bolsa mensal de R$.2.000,00 para garoto de programa’(10/05/2013); Maria do Rosário (deputada fuderal – PT-RS). Título da publicação: ‘reagir a assalto pode virar crime hediondo’ (03.03.2015) e projeto de lei de autoria da deputada quer incluir crime de ‘travestício’ no Código Penal. A sentença já saiu e a deputada fuderal foi condenada a pagar R$.5.000,00 ao humorista por custas processuais e honorários advocatícios por ocupar a justiça por “chiliques priquitoniais”.

Joselito Muller existe desde 2011, de início como um blog peba, segundo o próprio reconhece, mas depois ele o batizou como JOSELITO MULLER, um tributo ao tosco e descerebrado Joselito Sem Noção, personagem do humorista de TV “Hermes e Renato, e o MULLER surgiu quase do acaso, segundo ele, quando ouvia as músicas do cantor ‘bregalhão’ Roberto Muller, dos cafundós de Piracuruca, São Luís do Maranhão, Estado da Federação, cuja Certidão de Inteiro Teor e Ônus Reais, tirada no Cartório de Registro Geral de Imóveis do Centro, consta que toda terra daquele Estado está registrada no nome dos Sarneys. Capitania Hereditária Sarney e Cia, grafada na matrícula n.º 696969.

Joselito Muller é advogado criminalista, com ampla atuação nos tribunais do Júri Popular. Formado pela FAL (Faculdade de Natal, hoje Estácio). Já foi jornaleiro, ajudante de pedreiro e vendedor de livros de sebo. (Seus livros prediletos são os romances de José Sarney). Já foi militante do PCR (Partido Comunista Revolucionário), pretexto para comer as feministas militantes, mas considera-se hoje um conservador desiludido com a política, onde só se depara com ratos guabirus doutorados em esquemas escusos políticos-públicos botando no furico do povo, e diz não ter nenhuma identificação com nenhum partido.


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 26 de junho de 2017

COSME DE DAMIÃO, DOIS MOLEQUES DESORDEIROS

Segundo contava a parteira Carmosina das Tripas, famosa nos anos oitenta na Comunidade de Cachimbo de Boca sem Dentes, Floresta dos Leões, por puxar bebês de xibius sem anestesia, os gêmeos Cosme e Damião já nasceram dando sopapos no ar, de pingolins duros e mijando, um mau sinal de que não iriam ter bons modos de vida. Como a velha era uma espécie de morubixaba, advinha, mãe de santo respeitada na redondeza, parteira com uma longa experiência de vida, ninguém duvidava das suas premonições aziagas.

Adolescentes ainda, os dois gêmeos começaram a frequentar o cinema na comunidade do bairro administrado pelo senhor Irineu Venta de Cu de Ema, um sujeito mais feio do que as necessidades e mais gordo do que um hipopótamo. Assistiam principalmente a filmes de cowboys. Dentre seus favoritos estavam: Sete Homens e Um Destino (1960), Nas Trilhas da Aventura, (1965), Três Homens em Conflito (1966), Meu Ódio será sua Herança (1969), e todos os filmes de Kung Fus de Bruce Lee e genéricos, onde a pancadaria e a quebradeira sem pé nem cabeça de wushu (arte de guerra) comiam no centro e todos os brigões saíam correndo, quebrados e desconchavados no final, sem ninguém saber quem era os vilões ou o mocinho da história.

Foi a partir daí que os irmãos Cosme e Damião começaram a frequentar batizados, festas de aniversários, rala bucho, remelexos, quermesses, novenas, nos finais de semana à noite. Onde houvesse um sarau estavam eles lá para simularem uma briga entre ambos e saírem quebrando tudo que encontravam pela frente na porrada, no cacete e botando todo mundo para correr.

Empolgados com as diabruras aprontadas, tiveram a ideia de que todos os finais de semana iriam procurar uma casa, um bar, um cabaré, onde houvesse festas para participarem sem ser convidados para aprontarem. Chegavam. Sentavam à mesa. Observavam o ambiente e quando sentiam que a festa estava no auge, bolavam uma briga entre si, trocavam tapas, murros, quebra-quebras até o ponto de não sobrar ninguém na festa. Isso se repetia semanalmente entre os irmãos. Puro instinto presepeiro de se divertir com a desgraça alheia, quebrando tudo que encontravam pela frente, mas sem ferir as pessoas, apenas provocando prejuízo aos donos da festa para depois saírem sirrindo de se mijarem dos corre corres apavorados dos frequentadores.

Seus instintos de aventureiro era tanto, que com o tempo eles foram ampliando os freges e rompendo fronteiras. Em qualquer festa, aniversários, forrós, que chegavam podiam ficar certos os frequentadores que o pau ia comer no centro e não ia sobrar pedras sobre pedras. Eram bancos, mesas, tamboretes, garrafas – tudo destruído na porrada dos irmãos que saíam quebrando tudo por puro prazer e diversão.

Já de sacos cheios de fazerem arruaças nos bairros contíguos, partiram para outras paradas sem se darem conta de que suas aventuras presepeiras estavam tomando proporções gigantescas, perigosas, e mal vistas pelas pessoas. Atravessando fronteiras e chegando ao conhecimento de outras comunidades.

Um dia cismaram do forévis e saíram à procura de outros meios de diversão e quebradeiras e pensaram com seus botões: que tal irmos aprontar num terreiro de umbanda? E saíram à procura de um. De repente, passaram por um sítio onde havia o xangô tradicional de seu Zé Preto da Gamela, um macumbeiro do beição, conhecido e afamado na região por ajudar as pessoas carentes e comer priquitos de mães de santo fogosas que ficavam dando sopa em seu terreiro.

Entram. De cara topam com vários negões tocando tambores, mulheres vestidas tradicionalmente de vestidos compridos e estampados. Mesas fartas de todo tipo de comidas da região. Galinhas assadas. Bois guisados. Cabras refogadas. Bodes ensopados. Era a festa sagrada de Jurema, remanescente da tradição religiosa dos índios que habitavam o litoral da Paraíba, Rio Grande do Norte e no Sertão de Pernambuco e dos seus pajés, grandes conhecedores dos mistérios do além, plantas e dos animais.

Quando a festa pegou o pique mesmo, com todo mundo se manifestando, se torcendo, contorcendo e gemendo na boca de suas entidades, os irmãos gêmeos aproveitaram o ensejo, simularam que uma entidade havia lhes incorporados, começaram a berrar, gritar, saracotear, e do nada, baixou-lhes um caboclo desordeiros e o pau comeu no centro: quebraram as zabumbas, os pandeiros, as mesas. As cabras fugiram, os bois dispararam, as galinhas avoaram, e o povo sumiu, apavorado. Até os vira latas sumiram com os rabos entre as pernas maniçobas adentro. Foi um verdadeiro pandemônio.

Foi aí que seu Zé Preto da Gamela, um pai de santo tora pleura do beição, mais macho do que um preá de agave, dono do terreiro “A Pomba do Preto Velho”, sentindo a coisa preta, juntou-se aos outros pais de santos, cada um com um metro e oitenta de altura, braços grossos, beiços de gamela, partiram de porrete para cima dos irmãos desordeiros. Deram-lhe uma pisa tão do caralho com tora de marmeleiro, quebrando-lhes os dentes, as costelas, que os irmãos gêmeos sumiram no mapa todo quebrado e desconchavado, que até hoje devem estar correndo por dentro do mato com as pessoas que corriam paralelas com medo deles, sumindo do pedaço para sempre.

– Quem no butico do outro quer butar, no seu butico um dia será butado – dizia o tarimbado macumbeiro Zé Preto da Gamela, o comedor de xibius de caboclas viçosas.


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 20 de junho de 2017

ARISTIDE, UM RAPARIGUEIRO NATO

 

Aristide era um raparigueiro nato. Não tinha vocação para namoros porque segundo afirmava os ritos solenes do ditos cujos eram incompatíveis com seu temperamento de querer partir logo para os finalmentes. Queria pegar logo as tetas da mina, apalpá-las, beijar-lhe a boca, passar-lhe as mãos por todo o corpo, sentir o cheiro do perfume natural da amada emanado dos poros.

Das mais de dez namoradas que teve até completar vinte anos nunca teve o prazer de alisar os peitos, apertar o corpo, prensar a cintura dela à sua, beijar o cangote, o pescoço, chupar a língua, dançar um tango argentino, uma lambada de Beto Barbosa, Pinduca. Dançar ao ritmo dos boleros de Waldick Soriano, Lindomar Castilho, Nelson Gonçalves, Paulo Sérgio, Mauricio Reis, José Ribeiro, suas prediletas paixões musicais.

– Não nasci para esse tempo: ficar admirando o retrato da namorada na parede – dizia ele aos amigos, revoltado com as azarações dos pais vigiando a filha. Comigo é assim: ou eu fico com ela ou eu não olho para a cara dos coroas nem falo com eles.

– Saí da minha casa todo perfumado, trocado de roupa, andar mais de um quilometro a pé até a casa da namorada para ficar sentado no tamborete espiando a morena sendo vigiada pelo pai ou a mãe e depois sair de lá com a cara de tabaco leso sem ter feito nada, nem sequer pegar nas mãos dela? Isso é negócio de corno! Tô fora!!

Depois de refletir muito sobre as coisas solenes do namoro que sentiu não dar para ele, Aristide resolveu seguir os conselhos dos seus dois amigos cachacistas e raparigueiros, Zé Amaro e João de Zefa, e foi conhecer o Cabaré de Maria Bago Mole, que ficava no Centro da cidade, perto da Praça Joaquim Nabuco, onde todo sábado as calçadas eram tomadas de bancos de feira para vender verduras, frutas, roupas e bugigangas…

Na primeira noite que visitou o Cabaré de Maria Bago Mole com os amigos, Aristide ficou encantado com as raparigas! Mulheres as pampas, radiola de fichas, cachaças as soltas. Tudo que ele sonhava em termo de cabaré ali estava à sua frente. E muita carne mijada de todo tipo, cor, idade, os cambaus.

– Eita mundo bom da porra! – dizia ele aos amigos sobre o cabaré, todo serelepe. Aqui está a vida que sempre pedi a Deus! – dizia – acendendo um cigarro hollywood.

Na primeira noite de visita ao Cabaré, Aristide foi logo se chegando para uma moreninha cor de canela que se encontrava sentada sozinha à espera de um “freguês”.

Pernas torneadas, coxas grossas, cintura mais ou menos, peitos grandes e moles, mas, segundo Aristide, “bons para o gasto”. Melhor do que ficar em casa de namorada vendo a lua ir embora e o sol aparecer clareando a estrada da solidão sem fim – pensava.

Chegou junto da morena, disse qualquer coisa no ouvido dela e sem nem lhe perguntar o nome combinou qualquer coisa e subiu para o quarto. Duas horas depois volta Aristide todo ancho descendo a escada de madeira. Esse ritual ele continuou repedindo por mais de dois meses até que descobriu que havia sido acometido de uma blenorragia, uma crista de galo, uma gonorreia que o deixaram acamado, tendo que tomar umas Benzetacil que o deixaram traumatizado para o resto da vida, tamanha era a dor e o sofrimento dos efeitos colaterais.

– Nunca mais quero saber de porra de cabaré – dizia ele aos amigos mais próximos. Só tem mulher podre, meu! Puta que o pariu! De cara uma lindeza, mas por dentro o tapuru já está comendo tudo! Arriégua!

Depois que contraiu as doenças venéreas e não ter se curado, mesmo tomando as Benzetacil, Aristide ficou traumatizado com o cabaré e nunca mais quis por os pés por lá. Mas como tinha o espírito aventureiro, de raparigueiro nato, partiu para uma empreitada inusitada: conquistar piniqueiras nas casas abastadas, principalmente aquelas que vinham dos sítios, filhas de lavradores que não possuíam dinheiro nem para comprar um vestido de chita para suas rebentas.

Mesmo sem estar curado das doenças venéreas que contraiu com uma cabocla no Cabaré de Maria Mago Mole, Aristide toda noite trocava de roupa, se perfumava todo, enfiava no bolso uma carteira de cigarro hollywood e partia para conquistar as piniqueiras na Praça Joaquim Nabuco, maior reduto de empregadas domésticas à procura de um pretendente que lhe desse um lar.

Certo dia fitou os olhos numa morena que estava a sós no banco da praça. Aproximou-se, conversou qualquer coisa e, de repente, os dois estavam se beijando ali mesmo sendo só assistidos pela lua que alumiava a escuridão da praça.

Na segunda noite, dia de folga da empregada, já marcaram um encontro na casa dele. Quando chegou a sua casa com a morena, Aristide não perdeu tempo, foi logo a arrastando-a para dentro do quarto e pôs a funcionar seu instinto selvagem onde a emoção e o prazer falou mais alto que a razão.

Antes de qualquer investida, Ritinha, que estava alucinada de desejos também, quis lhe dizer alguma coisa, mas Aristide não deixou porque naquelas alturas do esfrega-frega, ambos nus, ele só pensava com a parte de baixo.

Quando terminou o calamengal e se virou de lado satisfeito, Ritinha não perdeu tempo e, e num gesto de sinceridade e honestidade consigo mesma, foi dizendo para ele que tinha vindo do Cabaré de Maria Bago Mole e que estava cheia de doenças venéreas. Queria contar para Aristide antes, mas ele não deu a mínima, agora era tarde.

Foi nesse momento que Aristide deu um pulo da cama, nu, e com os olhos arregalados, perguntou a Ritinha:

– Puta que o pariu! Você foi também do Cabaré de Maria Bago Mole, aquele aquadouro de tapuru? Eu também fui infectado lá! Me tornei um cadáver ambulante com os dias contado! E, baixando o tom da voz – concluiu: Já que você está na mesma situação que eu, vamos aproveitar o resto da vida e vivermos juntos, como diz o meu ídolo Waldick Soriano, sem se preocupar com o amanhã? A gente já está fudido mesmo! E sem perder mais tempo, embrulhou-se com Ritinha na colcha de algodão e foram dormir relaxado sem se importar para a sífilis, a gonorreia, a blenorragia, a chanha e a crista de galo.

Dois anos depois desse encontro alucinante, ainda permaneceram juntos se amando e se dando todos os dias e vivendo um para o outro como se não houvesse amanhã, até se encantarem sem deixar herdeiros nem sucessores.

* * *

PLS DOS FERIADOS

Há um PLS 389/2016 de autoria do senador Dário Berger tramitando no Senado Federal que estabelece que serão comemorados por antecipação, nas segundas-feiras, os feriados que caírem nos demais dias da semana, com exceção dos que ocorrerem nos sábados e domingos, e outros que especifica.

Segundo o PLS, serão comemorados por antecipação, nas segundas feiras, os feriados que caírem nos demais dias da semana, com exceção dos que ocorrerem nos sábados e domingos, e dos dias 1º de janeiro (Confraternização Universal), Carnaval, Sexta-Feira Santa, 1º de maio (Dia do Trabalho), Corpus Christi, 7 de setembro (Dia da Independência), 12 de outubro (Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil) e 25 de dezembro (Natal).

Esse PLS, que é de suma importância para disciplinar a gangorra de feriados estaduais e municipais díspares comemorados por todo o Brasil, permanece parado na Comissão Coça Ovo do Senado. Aprovado do jeito que está, com certeza daria um basta a essa enxurrada de feriados estaduais e municipais desnecessários que hoje se comemoram em todas as regiões do Brasil, ora na terça, ora na quarta, ora na quinta, ora na sexta, prejudicando toda a dinâmica da economia, a mola mestra do capitalismo de resultado.


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 06 de junho de 2017

VIÚVO MATA VIÚVA DENTRO DO WC PÚBLICO

 

Assim que entrou no ônibus, seu Acácio, um viúvo com mais de sessenta anos, cheio de vida e tesão, teve a sensação de que estava para acontecer algo de bom em sua vida depois de mais de um ano vivendo solitário, após separação traumática com sua ex Zefinha por absoluta incompatibilidade crenticista. Ela, evangélica intolerante; ele, um liberal pós-feminista errático. Ela, papai mamãe; ele, topo tudo pelo prazer.

Apesar de pegar o ônibus para ir ao trabalho naquele mesmo horário, seu Acácio ainda não havia posto os olhos naquela cabocla que subia no mesmo coletivo e no mesmo horário. Com mais ou menos um metro e cinquenta de altura, rosto redondo, olhos pretos, boca vermelha, cintura modelar, coxas grossas, bunda grande e dura, cintura de pilão, peitos abundantes. Tudo nos trinques. A morena também parecia não ter pretendente, ser solteira, no ponto certo para os olhos carentes do seu Acácio.

Quando a viu pela primeira vez dentro do ônibus, ela olhando nos olhos dele como se quisesse dizer alguma coisa – pura ilusão de ótica – ele ficou doido, um quenturão tomou-lhe conta do corpo, apropriou-lhe o desejo e seu Acácio sentiu a paixão tomá-lo por inteiro. Ao descer do ônibus, perto do local de trabalho, estava tão atarantado por ter visto a morena com aquele olhar de Gabriela focado no seu, que não percebeu uma poça de água no meio do caminho, levou um trupicão e, bufu! caiu esparramado dentro da lama feito uma jaca mole. Apesar de ficar todo lambuzado, levantou-se sorrateiro e continuou pensando na cabocla como tábua de salvação para a sua solidão.

Passado o vexame lamaçal, seu Acácio não parava de pensar na morena. Assim que chegou ao local de trabalho, mesmo todo melado, saiu de fininho pelo corredor, e foi direto ao mictório, tomou um banho, ensaboou-se todo e, sem tirar a cabocla da cabeça, começou a lhe sentir um desejo tão possessivo que ali mesmo a possuiu na mão, tocando uma bronha, pela primeira vez desde que se separou de dona Zefinha e não ter tido contado físico com outro “cara preta”.

Após esse dia que viu a morena e da cabeça não a ter tirado, passaram-se mais de três semanas para seu Acácio encontrá-la novamente. Foi aí que ele percebeu que estava mais do que apaixonado pela cabocla, mesmo não tendo falado com ela, ter tido contato, saber o nome dela, se era casada, solteira ou namorava alguém. Não! Seu Acácio só estava pensando no que determinava seu instinto. Tentou se aproximar dela dentro do ônibus, mas cada impulso que dava era como se estivesse num sonho: do canto não saía e quando dava fé chegava a parada de descer, e seu Acácio mais uma vez ficou só na vontade. Percebendo que estava cada vez mais apaixonado, imaginando aquele “pedaço de mau caminho” nua nos seus braços, com ele lhe acariciando as tetas, o corpo nu, beijando aqueles lábios de mel, seu Acácio não aguentava de tesão e corria ao banheiro da repartição e possuía a morena ali mesmo à mão. Ficou tão viciado nas bronhas pensando na cabocla que passou a andar cambaleante pelos corredores do trabalho, corpo quebrado, sem memória, todo enfadonho. Chegando ao ponto de os colegas de trabalho perceberem que seu Acácio não andava bem de saúde mental, parecia “lelé da cuca”, e ficaram preocupados.

Foi quando certo dia uma colega da repartição, ao se aproximar do viúvo, preocupada com seu estado de “abilolamento”, perguntou-lhe se estava bem de saúde.

– Cida – disse ele à colega de trabalho – meu problema é sério, é mais do que eu imaginava que fosse! Meu problema é paixão! Não sei por que, mas me apaixonei por uma mulher dentro do ônibus que sequer conheço. Ainda não sei nem o nome dela, mas já estou perdido, apaixonado até os quatro pneus por ela! Estou tão apaixonado por ela que, quando a imagino nos meus braços nua a todo momento, aí não aguento, corro para o sanitário e como ela na mão feito menino buchudo. Estou quase perdendo o juízo de tanto tocar bronha pensando nela, disse ele à colega de trabalho, pedindo-lhe desculpas pelas confissões pornográficas.

Ao que Cida, sirrindo-se de se mijar com a confissão ingênua do colega e já acostumada com esses “leros leros” de alcova de outros colegas, disse-lhe incisiva:

– Te cuida não, visse Acácio! Eu já vi muito homem tantam parar no manicômio sofrendo dessa mesma doença que a tua. Para mim só existe um remédio para tu pores fim a tudo isso: Esquecer que existe essa mulher. Ou senão se declarar a ela, falar da sua paixão e pedir a mão dela em casamento. A única coisa que ela pode te dizer de ruim é um não, que já é compromissada e fim de papo! Qual problema que há nisso?

– Reaja, homem! – prosseguiu a colega olhando-lhe nos olhos! Acabe com seu “abestalhamento!” Na época de hoje tu fazes um arrodeio do caralho desses para se declarar a uma mulher já arrombada feito eu! Onde já se viu isso? Se fosse comigo eu te mandava pastar!

Meu filho – prosseguiu a colega olhando-lhe nos olhos – formalismo nem em cerimônia de casamento mais, onde, se brincar, a noiva ou o noivo já comeu até a sogra, o sogro, o padre, as cunhadas, os cunhados e as testemunhas!

Depois desse puxão de orelha da amiga de trabalho alertando seu Acácio para sair da roldana de vidro e se ligar na modernidade, ele foi para casa estudar uma maneira de se aproximar da cabocla no outro dia, declarar-se a ela e lhe dizer o quanto estava apaixonado, sem arrodeio, sem tergiversação.

Ansioso e doido para que amanhece o dia, pois não aquentava mais aquela vida de aflição, solidão e bronhas, seu Acácio seguiu os conselhos da amiga de trabalho. Arrumou-se todo. Perfumou-se. Escovou os dentes até sangrar as gingibas. Lambuzou-se de óleo de peroba e seguiu para a parada do ônibus. Para sua surpresa, a morena já estava lá com outras colegas de trabalho conversando animada, feliz da vida!

Seu Acácio se aproximou dela mais trêmulo do que pinto quando sai do ovo, deu bom dia e, sem esperar uma resposta, pediu-a em casamento na bucha.

Surpresa com a proposta inusitada, a morena olhou nos olhos de seu Acácio, fitou-os bem dentro, o que o deixou mais atarantado ainda, e, desinibida, voz sensual, respondeu:

– Até ontem eu estava livre esperando uma proposta de um cavalheiro, depois de mais de um ano viúva, mas infelizmente eu não vou aceitar porque já disse sim a um pretendente que me assediava há muito tempo também! Você é muito gentil, mas…

Depois deste petardo no toitiço, o mundo caiu para o seu Acácio e, percebendo não haver mais clima para prosseguir no mesmo ônibus da morena, desceu, pegou outro de volta para casa, ao isolamento do quarto, dizendo-se a si mesmo nunca ir esquecer aquela cabocla, apenas culpando a timidez por não poder desfrutar daquelas carícias tão festejadas nas bronhas tocadas no WC público, solitariamente.

A paixão não acorda quem dorme! E seu Acácio ficou na mão!

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Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 29 de maio de 2017

BARRACO NO ÔNIBUS DO ALTO DA FOICE
 


Era uma quarta-feira enluarada, o vento soprando os cabelos dos transeuntes que voltavam do trabalho e levantando as saias das jovens para mostrar a bunda. Depois de mais de oito horas de labuta era natural que as pessoas estivessem cansadas, exaustas, com o nervo à flor da pele, se alterando com qualquer incidente cotidiano, levando-o ao extremo do debate boca por simples aborrecimento efêmero.

Era dia de clássico das multidões. Primeiro jogo das quartas de final do campeonato pernambucano envolvendo Santa Cruz e Sport. Para azar de todos os trabalhadores que retornavam do trabalho o inferno já começava na Encruzilhada. Ônibus parados, carros particulares, táxi. Tudo. Pessoas descendo e caminhando a pé porque não havia a mínima possibilidade do transporte prosseguir. Um inferno – diziam todos os passageiros dos coletivos. Torcidas corais e rubro-negras se engalfinhando no meio da rua feito gladiadores nos anfiteatros romanos.

 

 

O ônibus que seguia a linha Alto da Foice/Subúrbio travou na Encruzilhada, cheio de gente entupido. Dele ninguém descia. Ninguém subia. Um calor infernal. Gente descendo de outros ônibus e caminhando a pé ao Mundão do Arruda pela Avenida Beberibe, porque o trânsito travou e carro nenhum se locomovia.

Neste exato momento sobe ao ônibus do Alto da Foice uma senhora morena, baixinha, peitos enormes, cabelos com um pitó atrás, parecendo uma casa de marimbondo. E se esfregando por entre os passageiros, chega a se encostar no senhor sessentão que está sentado na quarta cadeira do lado esquerdo do meio do ônibus. E passa gente daqui e passa gente de lá, se esfregando na bunda da baixinha que já está virada no penteio de barrão com tanta esfregação no seu traseiro avantajado.

Nesse exato momento toca o celular do senhor sessentão que ela dele ficou perto: Trililililililili! Aí o homem se estica todo para tirar o celular do bolso direito da calça. Era a mulher dele no telefone. E ele atende:

– Oi, minha fia! Eu não cheguei ainda porque está um engarrafamento arretado aqui na Encruzilhada. Ninguém sai! Ninguém chega! É o jogo do Santa Cruz e Sport! Tá um inferno! Desliga e guarda o telefone no bolso. Enquanto isso, a mulher dos peitões fica junto dele, e a cada pessoa que passa esfregando sua bunda ela eleva os peitões na cara do velho, quase o sufocando.

Dois minutos após ter justificado à mulher por que não havia chegado ainda em casa, o celular toca novamente: Trilililililili! E o velho mais do que depressa, faz um esforço da porra, estica as pernas e tira o telefone do bolso:

– Alô! Oi minha fia! O ônibus ainda está parado! Ninguém sai. E eu não cheguei ainda por causa desse transtorno. E volta a guardar o celular no bolso, impaciente porque o ônibus não dava sinal de que ia seguir em frente. E a cada minuto mais gente chegava e a bagunça dava lugar à desordem.

Quando menos se espera, o telefone do sessentão volta a tocar novamente: Trilililili!! Era a mulher do outro lado da linha reclamando novamente por que o velho estava demorando tanto para chegar, e com a dificuldade de sempre, começa a tirar o celular do bolso para justificar o óbvio novamente:

– Oi, minha fia! O ônibus ainda está parado! Ninguém sai! Tá tudo travado devido a grande quantidade de torcedores se dirigindo ao campo! Me espere que já já eu estou chegando! E torna a guardar o celular no bolso novamente.

Não deu dois minutos, e o telefone do velho toca novamente. Aí a senhora espivitada que estava ao lado do velho, puta da vida, de saco cheio daquela aporrinhação, olha para o velho, com a boca esfumaçando, os olhos vermelhos, fulmina:

– Ô meu senhor! O senhor não tem moral para essa pessoa não! O senhor não respeita esse pá de ovo que tem entre as pernas não?! Porque se fosse comigo eu já teria mandado essa porra se lascar, ir pra puta que o pariu! Essa pessoa não tá vendo que o senhor está no ônibus preso! Porque fica enchendo seus cunhões? Olhe, se fosse comigo eu já teria mandado quebrar a cara dessa rapariga! Ora porra! A gente já está puta da vida com um engarrafamento do caralho desses, doida pra chegar em casa e tem de aguentar uma aporrinhação dessas!

Mal a mulher termina de falar, o telefone do velho toca novamente: Trililililili! E aí a mulher puta da vida, de saco cheio, com os pentelhos arrebitados, perde as estribeiras e parte pra cima do velho, toma-lhe o celular, põe no ouvido, e grita:

– Minha senhora! A senhora não tá vendo que esse velho tabacudo está no engarrafamento da porra por que não para de encher o saco dele e da da gente também?!

Foi quando do outro lado da linha a mulher, barraqueira, perguntou quem era aquela rapariga que estava ao telefone do velho dela. Sem papas na língua, a baixinha fumaçando de raiva, agarrada com o celular, berra:

– Eu sou a puta dele que está lhe butando gaia! E não fale nada mais não porque, puta da vida como eu estou, eu vou aí lhe quebrar os dentes e dar-lhe uma surra de cipó de goiabeira nesse seu tabaco veio, e nele também para ele aprender a respeitar esse pá de ovos murchos que tem entre as pernas que não servem mais pra porra nenhuma!

Nesse momento se ouve uma gargalhada geral no ônibus, com assobios, aplausos e gritos gaiatos de é isso aí minha senhora! Pau nela! Valeu! Nesse exato momento os passageiros esqueceram que estavam sofrendo num engarrafamento de mais de duas horas e riram-se a bandeiras despregadas!

A zoeira feita pela baixinha instigando o coroa tirou a tensão do povo que sirria de se mijar com a presepada! A confusão hilária provocada por ela tirando a tensão dos passageiros oprimidos, provou que o bom humor tem algo de generoso: Fez bem a todo mundo! Deu mais do que recebeu!


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 22 de maio de 2017

PINGUELO E PINGUELÃO

 

Advogado donzelão, que passou mais de cinco anos trancado estudando para passar na prova da OAB, se esqueceu do formato dum cara preta, não sabia diferenciar um pinguelo dum pinguelão e seu deu mal ao se apaixonar por um travecão, escrevendo-lhe uma carta desabafo depois da frustração da paquera, nos termos expostos a seguir:

Prezada Otaviana de Albuquerque Pereira Lima da Silva e Souza:

Face aos acontecimentos de nosso relacionamento, venho por meio desta, na qualidade de homem que sou…

Apesar de V. Sa. não me deixar demonstrar, uma vez que não me foi permitido devassar vossa lascívia, retratar-me formalmente, de todos os termos até então empregados à sua pessoa, o que faço com sucedâneo no que segue:

A) DA INICIAL MÁ-FÉ DE VOSSA SENHORIA:

1. CONSIDERANDO QUE nos conhecemos na balada e que nem precisei perguntar seu nome direito, para logo chegar te beijando;

1.2. CONSIDERANDO seu olhar de tarada enquanto dançava na pista esperando eu me aproximar.

1.3. CONSIDERANDO QUE com os beijos nervosos que trocamos naquela noite, vossa senhoria me induziu a crer que logo estaríamos explorando nossos corpos, em incessante e incansável atividade sexual. Passei então, a me encontrar com vossa senhoria.

B) DOS PREJUÍZOS EXPERIMENTADOS:

2. CONSIDERANDO QUE fomos ao cinema e fui eu quem pagou as entradas, sem se falar no jantar após o filme.

2. 2. CONSIDERANDO QUE já levei Vossa Senhoria em boates das mais badaladas e aras, sendo certo que fui eu, de igual sorte, quem bancou os gastos.

2. 3. CONSIDERANDO QUE até à praia já fomos juntos, sem que Vossa Senhoria gastasse um centavo sequer, eis que todos os gastos eram por mim experimentados, e que Vossa Senhoria não quis nem colocar biquíni alegando que estava ventando muito.

C) DAS RAZÕES DE SER DO PRESENTE:

3.1. CONSIDERANDO AINDA QUE até a presente data, após o longínquo prazo de duas semanas, Vossa Senhoria não me deixou tocar, sequer na sua panturrilha.

3.2. CONSIDERANDO QUE Vossa Senhoria ainda não me deixa encostar a mão nem na sua cintura com a alegaçãozinha barata de que sente cócegas.

DECIDO SOBRE NOSSO RELACIONAMENTO O SEGUINTE:

4.1. Vá até a mulher de vida airada que também é sua progenitora, pois eu não sou mais um ser humano do sexo masculino que usa calças curtas e a atividade sexual não é para mim, um lazer, mas sim uma necessidade premente.

4.2. Não me venha com “colóquios flácidos para acalentar bovinos” de que pensava que eu era diferente.

4.3. Saiba que vou te processar por me iludir aparentando ser a mulher dos meus sonhos, e, na verdade, só me fez perder tempo, dinheiro e jogar elogios fora, além de me abalar emocionalmente.

Sinceramente, sem mais para o momento, fique com o meu cordial “vá tomar no meio do olho do orifício rugoso localizado na região infero-lombar de sua anatomia” que esse relacionamento já inflou o volume da minha bolsa escrotal!

Dou assim por encerrado o nosso relacionamento, nada mais subsistindo entre nós, salvo o dever de indenização pelos prejuízos causados.

Sem mais para o presente momento, aqui me disperso com cordiais saudações e frustrado por não lhe ter visto e tocado aquilo que os ginecologistas chamam de canal do órgão sexual, parte do aparelho reprodutor feminino!

Chicu Buticu – Advogado

Fonte: IG @DireitoNews

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MINISTRA CÁRMEN LÚCIA

 

A menos de um ano à frente da presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a ministra Cármen Lúcia, 63, de Montes Claros, Minas Gerais, lúcida, equilibrada, já demonstrou sua extraordinária capacidade de harmonizar e moralizar aquela Corte Maior com o caráter que lhe é peculiar, pondo-a no seu devido patamar de Suprema Corte. E o saberá conduzi-la com serenidade e lucidez nessa atual crise moral sem precedente por que passa o país, onde está em foco a Teoria dos Jogos, que deve grande parte de seu desenvolvimento aos trabalhos do brilhante matemático norte-americano John Nash, cuja vida e obra foram retratas no filme Uma Mente Brilhante. Sua aplicação é extremamente vasta, podendo ser aplicada à política, conflitos bélicos e, o mais comum, à microeconomia e competições de mercado. Foi o que aconteceu com os irmãos Joesley Batista que deram um xeque-mate em Michel Furico Pisca PiscandoTemer para salvar o conglomerado JBS.

Cármen Lúcia já foi responsável, enquanto está presidente, por homologar as delações da Odebrecht na operação Lava Jato no momento crucial. Vai submeter ao CNJ as alterações nas regras de concursos públicos que selecionam juízes no Poder Judiciário para filmar as entrevistas realizadas nas provas orais, afirmando que, quanto mais transparente, quanto mais inquestionável for, melhor, porque atualmente concurso público, assim como licitação, tem de ser previsto com uma fase de judicialização ou de litigiosidade administrativa. Não acabam nunca tais questionamentos.

Sem contar que pautou para o dia 31 de maio de 2017 o julgamento à restrição do foro privilegiado, que fica adstrito somente a presidente da República, a presidente da Câmara, a presidente do Senado e a ministros do Supremo, segundo o voto do relator Luís Roberto Barroso, já liberado ao Pleno para julgamento desde fevereiro de 2017, forçando o Congresso Nacional, o Prostíbulo de Brasília, a votar a PEC 10/2013, já aprovada pelo CCJ e no primeiro turno de votação no Senado, a constitucionalidade da condução coercitiva e tudo que for urgente para o Brasil e que os outros ministros presidentes antecessores, a contar com Ricardo Bigode de Besouro Espalha Bosta Lawandowski, sentou o rabo em cima quando era presidente e não pôs em pauta, demonstrando, dessa forma, o seu mau caratismo.

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 15 de maio de 2017

APOSENTADOS LESADOS POR ADVOGADO VIGARISTA

 

Na edição do dia 25 de janeiro de 2015, o programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu uma reportagem deprimente conduzida pelo competente repórter José Raimundo, diretamente do município de Sebastião da Laranjeira, Bahia, mostrando o drama vivido por trabalhadores rurais simples, analfabetos, que foram obrigados a entregar a metade ou o total dos valores atrasados recebidos de suas aposentadorias a advogados vigaristas, que cuidaram dos seus processos, processos esses movidos contra o INSS, nos quais os advogados, por meio de contratos criminosos, com cláusulas exorbitantes, indo muito além dos percentuais cobrados permitidos por leis, verdadeiros assaltos institucionalizados contra lavradores semianalfabetos e analfabetos.

A reportagem especial do Fantástico contou a triste história de trabalhadores rurais, gente muito humilde, sem nenhuma instrução, que esperou meses, até anos, para receber a aposentadoria a que tinha direito, mas foram roubados na sua dignidade por advogados ladrões que se apropriaram de todos os benefícios atrasados dos aposentados e por isso estão sendo processados pelo Ministério Público Federal (MPF).

Não muito longe do município de Sebastião da Laranjeira da Bahia, num município localizado na Região Metropolitana do Grande Recife (RMR), cinco trabalhadores rurais da Usina São José, em 1997, dos que se tem conhecimento, moveram ação de aposentadoria por tempo de serviços contra o INSS. Conseguiram êxitos depois de mais de treze anos de espera angustiante, mas, infelizmente, não conseguiram receber os benefícios atrasados a que tinham direito, pois o advogado que estava cuidando do processo chegou primeiro, e por meio de Procuração Pública feita em cartório pelos analfabetos e semianalfabetos, estes outorgaram poderes especiais muito estranhos ao advogado da causa, a quem deram autorização para receber junto à Caixa Econômica Federal – CEF, em nome deles, outorgantes, VALORES EM DINHEIRO, ali depositado, pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, em face de PRECATÓRIOS, originado de processo que tramita na Vara Federal, podendo, para tanto, receber, dar quitação, e tudo mais fazer em nome dos outorgantes se necessário for. Um prato cheio para o advogado bandido e sem escrúpulo agir livremente, impunemente, em nome da legalidade travestida de ilegalidade!

Pois este advogado conseguiu passar as patas em mais de duzentos mil reais dos pobres trabalhadores rurais, e até hoje eles perambulam, grogues, trôpegos por aí, a riba e a baixo, a procura de uma resposta do andamento do processo junto ao advogado, e este sem querer lhes atender, até que se descobriu que desde 2010 o advogado da causa já havia sacado toda a dinheirama dos pobres trabalhadores rurais junto à Caixa Econômica Federal – CEF, e esses continuam na miserabilidade que antes, desta vez pior: sem dinheiro, sem esperança de receber a grana já sacada, doentes, e com a certeza de que não vai haver punição ao advogado bandido. Triste país da impunidade!

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AMOR DE PICA, AMOR QUE FICA

Uma dentista, de nome Anna Mackowiak, de 34 anos, polonesa, puta da vida por ter sido abandonada pelo namorado, Marek Olszewski, que andava feliz da vida nos braços de outra, resolveu lhe aprontar uma: tempos depois de trocá-la por uma piranha, Marek Olszewski, teve dor de dente em função de um traumatismo em um dos molares e foi procurar a ex para se tratar. Acreditando que poderia manter uma relação civilizada com ela, marcou uma consulta, pois Anna Mackowiak sempre lhe cuidou muito bem dos dentes.

Durante a consulta, Anna teria realizado o procedimento de praxe: sedou o paciente e extraiu o dente ruim.

Teria, se não tivesse mudado de ideia após o procedimento cirúrgico.

Ao ver Marek Olszewski desacordado na cadeira do seu consultório, baixou-lhe o espírito de Bento Carneiro, Vampiro Brasileiro, personagem genial criado por Chico Anísio e pensou: Minha vingança será malígrina. A hora é agora de eu fuder esse fela da puta que me abandonou. E movida pelo ódio, pelo desejo de vingança, a dentista arrancou todos os dentes do ex que ficou com a boca parecendo a tabaca de Xolinha, depois do desengate cachorral.

CULTURA E HONESTIDADE

O presidente da OAB-PE, Ronnie Preuss Duarte, em artigo publicado no Jornal do Commercio do dia 13 de maio de 2017, sob o título Samurais, conta dois episódios interessantes vivenciados por ele em visita há um ano ao Japão.

Conta ele, a certa altura da narrativa que, um certo dia, foi dar uma gorjeta a um carregador de malas, e, para sua surpresa, este se recusou, dizendo ser o seu trabalho, sua obrigação, já sendo pago para fazer o que estava fazendo. Dizendo NÃO à oferta, em inglês!

Noutro caso, conta ele, um taxista que confessadamente havia errado o caminho recusou-se a receber pela corrida, dizendo haver se equivocado e por isso não poderia receber. Resultado: viajou de graça!

Segundo Ronnie Duarte, a primazia do sentimento de permanecer a uma coletividade talvez explique a força de uma nação capaz de surpreender pela velocidade com a qual conseguiu vencer enormes desafios e superar severas crises ao longo de sua história, preservando a cultura da honestidade como um bem primordial.

Diferentemente do Brasil, onde os bandidos atuam de cima para baixo, sem escrúpulos, atingindo em cheio o Poder Executivo, Legislativo (este o pior!) e o Judiciário, que possuem em seus quadros figuras de proa de fazerem inveja a Malcolm Bannister, personagem do romance “O Manipulador”, do romancista americano John Grisham, um ex advogado que começa narrando sua história de dentro do presídio, em meio a mentiras, trapaças e lógicas ardilosas de deixar Lapa de Ladrão com água na boca!

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 08 de maio de 2017

BARRACO NA DELEGACIA

 

Tinha tudo para ser um dia normal na Delegacia do município do Alto Sertão do Pajeú, grande polo de confecção de roupa de chita.

O delegado chegara ao Distrito Policial logo cedo com uma disposição e um bom humor de fazer inveja a Frank Drebin, personagem cinematográfico interpretado pelo ator Leslie Nielsen, no cômico filme policial “Corra que a Polícia Vem Aí”.

Deu bom dia ao seu auxiliar, aos dois policiais de plantão, aos auxiliares de serviços gerais terceirizados. Sentou-se à sua cadeira tradicional e continuou a leitura do livro que narra a história do município, editado por Tárcio Oliveira que descreve que, segundo a tradição oral, o povoado de Sertão do Pajeú, foi crescendo a partir da primeira residência construída na localidade, que também funcionava como ponto de comércio a retalhos e de parada para os viajantes a caminho de Afogados da Ingazeira e de São José do Egito. A data da construção da primeira casa é de 1910.

Dez minutos depois de ter iniciado a leitura do livro o delegado teve de interromper, pois recebeu a visita do escrivão aflito informando haver uma ruma de gente o aguardando na antessala para resolver uma cambulhada familiar.

Mal o escrivão terminara de contar o ocorrido ao Delegado, eis que de repentenpelho abre-se a porta e doze irmãos invadem o recinto para resolver o pandemônio instalado na família, cada um mais desmantelado e sarapantado do que o outro.

De imediato o delegado percebeu que estava diante de um caso escabroso: uma briga de feder a bote cheiroso entre irmãos por causa de herança. Ninguém queria ceder um palmo do seu latifundiário, como diria Neguinho de Maria Tabacão, vate do Pajeú, inspirado em João Cabral de Melo Neto, o poeta do rigor estético.

O Delegado, nesse momento, mandou que todos se sentassem no banco reservado aos queixosos e começou a perguntar um por um a razão de mais de dez irmãos estarem na delegacia para uma conversa com o delegado.

Quando o Chefe de Polícia terminou de perguntar o porquê daquela multidão estar na delegacia um se queixando do outro por causa de partilha de bens, ao invés de estarem trabalhando cuidando de suas casas, seus afazeres, os irmãos se acusavam mutuamente um ao outro de ladrão, cafajeste, dilapidador de patrimônio, cachaceiros, gigolôs de viúvas, frescos, comedores de veados, sapatonas frustradas, coroas enrustidas, arrombadas. Era uma zona total. Ninguém se entendia.

Nesse momento o delegado, percebendo que a coisa ia chegar ao extremo se não pusesse um freio nos ânimos exaltados e começasse a ouvir um irmão de cada vez, depois que eles saíssem dali poderia haver uma tragédia antes de chegarem a suas casas.

Começou o interrogatório pelos mais velhos. Cada um contando uma versão diferente para o caso. O buruçu era tão grande que o delegado começou a ficar impaciente com aquelas acusações mútuas entre irmãos sem pé nem cabeça com ninguém se entendendo.

Nesse momento, depois de ouvir uns seis irmãos e perceber que a briga entre eles era a herança e por isso mesmo ninguém se entendia, o delegado resolveu ouvir uma branquelazinha que ficou muda durante todo o bafafá. Se dirigindo à jovem e alertando aos outros irmãos que, se dessem um pio durante o interrogatório da irmã iria enjaular todo mundo na cela ao lado, lhe perguntou:

– Minha jovem, eu gostaria que você desse sua versão para o que está acontecendo com a sua família, o que está provocando essa desavença entre vocês que vieram parar aqui na delegacia.

Bufando de ódio e possessa, parecendo a personagem Regan MacNeil, magnificamente interpretada pela atriz mirim Linda Blair no extraordinário filme americano de terror THE EXORCIST (1973) (O Exorcista), do diretor William Friedkin, a jovem levanta-se da cadeira e começa a xingar os irmãos, dizendo aos gritos que não tem um que preste. Que são todos ladrões, veados, cachaceiros, preguiçosos, aproveitadores e que estão acabando com tudo que os pais deixaram. E que as irmãs eram putas, sapatonas, comedoras dos maridos das vizinhas. Por isso, queria uma intervenção do delegado para o caso antes que houvesse uma tragédia.

– Doutor – continuou ela se dirigindo ao delegado: toda essa mundiça que está aqui, a começar – e apontando o dedo na direção de um irmão branquelo mais velho e barbudo – por aquele cabra safado que está ali sentado, todos são pilantras, ladrões, safados. São tão nojentos e imundos que, se o senhor cochilar, eles são capazes até de comerem o senhor e o senhor não sentir que foi comido!

Foi nesse momento que o delegado, percebendo que a coisa não ia acabar bem e escondendo os lábios para não rir da afirmação da jovem, deu um murro na mesa que todos os objetos que estavam em cima dela caíram, e olhando olho no olho de um por um, vociferou:

– É o seguinte: todos que estão aqui, antes de saírem, vão ter de assinar um Termo de Compromisso de Ajustamento de Boa Conduta, se comprometendo com o que vai ficar escrito. Se amanhã algum de vocês chegar aqui na Delegacia dizendo que um rompeu com o que ficou ajustado aqui, vou mandar prender naquele cubículo – e apontando para a cela – e cada um vai ter de limpar os banheiros da penitenciária da cidade um dia por semana para aprender a ser gente! Estão ouvindo, não é? Depois não digam que eu não avisei!

Nesse momento o delegado chamou o escrivão e mandou preparar o Termo de Compromisso de Ajustamento de Boa Conduta e, enquanto o escrivão datilografava, percebeu que havia um silêncio tumular entre os irmãos que chegaram à Delegacia parecendo uns bestas- feras querendo engolir um ao outro.

O exemplo do delegado de ser duro com os brigões surtiu efeito. Isso mostra que quem tem cu tem medo. Não adianta ficar só na ameaça, na conserva mole para boi dormir, no blábláblá. Autoridade tem de ser autoridade, tem de dar o exemplo, baixar o cacete quando preciso for. A Justiça ficou foi para impor ordem e não ficar brincando de jogo de esconde-esconde como uma cachorra viçando, com o cachimbo arreganhado para qualquer vira lata enfiar a mandioca da Vaca Peidona!

* * *

Comentário

Segue um vídeo pertinente do âncora do Jornal da Band e da Rádio Band News FM, jornalista Ricardo Boachat, comentando com a acidez que lhe é peculiar por que o ministro da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), relator Edison Fachin, resolveu submeter ao Pleno o julgamento do Habeas Corpus impetrado pelo Cara de Tabaca Empentelhada, Antonio Palocci, o cérebro de arrecadação e distribuição de proprina da maior e mais sofisticada Organização Criminosa Petralha, que ascendeu ao poder há treze anos para saquear o Brasil, tendo como comandante máximo o maior criminoso do mundo: Lapa de Ladrão da Silva.

 

 


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 01 de maio de 2017

JOÃO PIRE, O INTRONCADIM INVOCADO

João Pire era um matuto invocado. Um metro e cinquenta, mulato, cara redonda, braços fortes, narigão, pescoço entroncado. Nunca levava desaforo para casa. Se alguém o provocasse na rua e ele não fosse com a cara do desafeto, ali mesmo o pau comia no centro. Muitas vezes ele apanhava que só a molesta do cachorro, mas não cedia e partia para cima do desafiador trincando os dentes e mordendo a língua até sangrar feito cachorro doente.

Por causa desse temperamento irascível, João Pire nunca parava nos colégios onde estudava. Sofria de uma patologia que até hoje a ciência não estudou: encrenqueiro nato! Toda hora de recreio no colégio onde estudava era palco de briga com os colegas de turma. Só vivia sendo chamado pela coordenação, que lhe aplicava um castigo e o expulsava durante três dias, mandando comunicar o ocorrido aos pais, que nunca recebiam a reclamação porque ele rasgava “a queixa” antes de chegar ao destinatário final.

De saco cheio de tanta arruaça que arranjava, e sem ter um pingo de vocação para as letras, principalmente para as ciências exatas, quando completou dezesseis anos conseguiu uns bicos de encanador e foi trabalhar cavando, limpando fossa e fazendo instalações hidráulicas nas residências dos bastardos da cidade. Possuía uma habilidade infernal para encanador!

Tornou-se tão conhecido em pouco tempo no oficio que era requisitado por todo mundo para fazer as instalações hidráulicas das residências. Como não possuía tino administrativo fazia tudo sozinho. A agenda era cheia e ele não parava em casa. Muitas vezes se perdia no labirinto das anotações e muitos serviços eram queimados. Os esquecidos ficavam putos com ele, mas como sabiam da sua fama de encrenqueiro…

Cheio da grana e já marmanjo, vestido a caráter de calça boca sino, danou-se a frequentar o cabaré de Maria Bago Mole, no baixo meretrício, na zona sul de Floresta dos Leões. Gostava principalmente de uma ala chamada West Saloon, enfeitada de retratos de cawboys de spaghetti western, onde a cafetina Quitéria reservava os filés mignons que os pais expulsavam de casa por denegrir a honra da família, deflorada pelos noivos antes de casar. A honra era a lei do cabaço!

Apaixonado até os pneus por uma rechonchudinha dos peitos fartos, coxas grossas, sem cintura, sem pescoço, redonda como um botijão, que com ele havia dormido uma semana. Não tendo sido correspondido na cantada feita por ele a ela para irem morar juntos, João Pire, rejeitado e com o orgulho ferido, tomou uma cachaça de ficar bodejando, chegou no West Saloon virado na besta fera altas horas da noite e com um tronco de juá e uma foice na mão, quebrou toda a prateleira, as garrafas de cachaças, os pratos, os tamboretes, as mesas, pôs todos os marmanjos para correr e sumiu madrugada a dentro para nunca mais voltar.

No outro dia, quando soube que estava sendo caçado pelo comissário da delegacia de polícia por arruaças e ter quebrado o cabaré de Maria Bago Mole, pegou o ônibus da Itapemirim e se mandou para a Capital.

Aqui chegando, se instalou logo no quartinho do inferninho do Centro, administrado pelo Sociólogo das Putas Liêdo Maranhão, que lhe arranjou logo uns bicos de encanador por perceber suas habilidades nas instalações hidráulicas.

Não demorou muito para o marmanjo João Pire ficar tão conhecido que não dava conta da demanda, e passou a fazer só serviços em prédios grandes, condomínios residências senhoris. Vez por outra, por ser pavio curto, arranjava uma confusão com os administradores, o pau comia no centro, e ele abandonava o serviço sem dar satisfação, deixando todo mundo de mãos atadas às fezes.

Indicado por Liêdo Maranhão, João Pire foi fazer um conserto no edifício conhecido no Centro. Lá chegando percebeu que era um caso encrencado, entupimento delicado no cano mestre dos dejetos. Avisou ao administrador que precisava que avisasse a todos os moradores para não irem aos banheiros enquanto ele estivesse consertando o cano mestre.

Crente de que depois do aviso poderia fazer o serviço tranquilo, João Pire chegou ao prédio logo cedo todo equipado: uma escada de três metros, corda para amarrar a cintura. Lá chegando, descobriu onde era o entupimento, pegou a serra, serrou o cano na parte que estava entupida, e no momento que estava fazendo a limpeza correta, um adolescente filho de um dos condôminos, entrou no prédio sem ser percebido, subiu até o apartamento e com a barriga daquele jeito, entrou no sanitário, despejou um verdadeiro sarapatel de excremento e, sem saber do alerta do encanador, deu descarga e o sarapatel de excremento lambuzou a cara de João Pire toda.

Puto da vida com o incidente, o introncadim invocado não perdeu tempo: desceu da escada todo melado e fedendo, mais mudo do que poste, bufando de ódio, partiu para cima do administrador, meteu-lhe os braços na fuça, quebrou-lhe os dentes e quase lhe estourou os olhos. Quebrou a guarida, as divisórias do prédio, os vidros, deu de garra de suas ferramentas de trabalho, pôs a escanda no lombo, e ganhou a rua para nunca mais voltar.

Dois anos após desse episódio fatídico para o administrador que apanhou mais do que Lou Savarese no rigue contra Mike Tyson, voltei a encontrar Liêdo Maranhão no Mercado de São José e com aquela cara de gozador nato ele me confidenciou sirrindo-se de se mijar:

– Se lembra daquele encanador escurinho da tua terra, todo metido a acochado, se dizendo mais macho do que um preá de agave, que morava naquele quarto da Rua da Concórdio? Tomou uma cachaça tão da porra, que foi dormir com o travesti Rebimboca da Parafuseta pensando que era a nega dele. No outro dia quando se acordou que viu aque desmantelo nu ficou tão desmoralizado que pegou os mijados e sumiu no mapa com a cara mais deslavada do mundo com medo da gozação dos amigos. Kákákákáká.

Até hoje nunca se soube o paradeiro de João Pire: se foi para a Cochinchina ou morar na Serra das Russas feito um bicho do mato. Ou se está morando na caverna da Mata Atlântica com seu Antônio Pirocão.

 

Liêdo Maranhão (Jul/1925 – Mai/2014)

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Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 25 de abril de 2017

LULA DA SILVA X TABACA CIA LTDA.




Um ladrão chamado Lula da Silva, nascido no antigo povoado de São Caetano, comprou uma caixa de rolo de fumo de Arapiraca, muito raro e muito caro. Tão raro e tão caro que os colocou no seguro, contra fogo, contra roubo, entre outras eventualidades da vida.

Depois de um mês, tendo fumado o rolo de fumo todo em forma de pequenos cigarros pacaias e ainda sem ter terminado de pagar o seguro, Lula da Silva entrou com um registro de sinistro contra a empresa Tabaca Cia Ltda.

Nesse registro, Lula da Silva alegou que o rolo de fumo havia sido queimado em uma série de pequenos incêndios.

A Tabaca Cia Ltda. de seguros recusou-se a pagar, citando o motivo óbvio: que Lula da Silva havia consumido seu rolo de fumo de maneira usual: em pequenos cigarros.

Lula da Silva processou a seguradora… E ganhou! Ao proferir a sentença, o juiz concordou com a companhia de seguros que a ação era inconsistente. Apesar disso, o juiz alegou que Lula da Silva tinha a posse de uma apólice da companhia na qual ela garantia que o rolo de fumo era segurável e, também, que ele estava segurado contra o fogo, sem definir o que seria fogo aceitável ou inaceitável e que, portanto, ela estava obrigada a pagar o seguro.

Em vez de entrar no longo e custoso processo de apelação, a empresa Tabaca Cia Ltda. aceitou a sentença e pagou os 15 mil paus a Lula da Silva, pela queima do rolo de fumo raro nos pequenos incêndios fatiados em cigarros.

Depois que Lula da Silva embolsou os caraminguás, a empresa Tabaca Cia Ltda. o denunciou e fez com que ele fosse preso, por 24 incêndios criminosos! O juiz aceitou o argumento da empresa de seguros.

Usando seu próprio registro de sinistro e seu testemunho do caso anterior contra ele, Lula da Silva foi condenado pelo Tribunal dos Sábios por incendiar intencionalmente propriedade segurada e foi sentenciado a 24 meses de prisão, além de uma multa de 24 mil paus.

Moral da história:

Do outro lado também havia um Lula da Silva na Tabaca Cia Ltda. mais arguto e mais astuto, que descobriu a tramoia do Lula da Silva no fumo de Arapiraca e lhe pôs no papeiro sem cuspe!

Nada que é ilícito fica encubado por toda vida, e Lula da Silva se fudeu-se na pajaraca de Polodoro.


Cícero Tavares - Crônicas e Comentários segunda, 17 de abril de 2017

MARIA DA SILVA

 

A mulher que teve o seu direito frustrado pela injustiça da justiça de primeira instância

Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.

Maria da Silva, doravante denominada compradora, possuía dois lotes de terrenos na Região Metropolitana do Grande Recife (RMR), ambos comprados de uma imobiliária de renome, fruto do trabalho árduo e do dinheiro ganho de forma honesta da labuta do domingo a domingo sem tirar férias e juntando centavos por centavos.

Após ter comprado os dois terrenos, seu grande sonho, a compradora, que fazia questão de ter tudo certinho, regularizou a escritura de compra e venda, registrando-a no Cartório de Registro Geral de Imóveis da Jurisdição, para que, se chegasse a sofrer algum esbulho ou turbação por parte de invasor, acreditava ter legitimidade ampla para expulsá-lo, como prever a legislação que rege o instituto.

Cinco anos após ter comprado os dois lotes de terreno, mantidos limpos e cercados de arame farpeado, recebeu a notícia inesperada em sua casa, de uma vizinha, que um mstista havia invadido um dos seus terrenos com a ajuda de outro mau caráter, morador contíguo, e que já estava edificando uma casa de alvenaria e cercando a metade do terreno esbulhado com arame farpado.

 

 

Assim que tomou conhecimento da invasão em um dos terrenos Maria da Silva não perdeu tempo: se dirigiu até o local, procurou o invasor e este não lhe deu o ouvido. Ela tirou fotografias de vários ângulos do terreno invadido, do casebre e muro edificados, fez um boletim de ocorrência na delegacia da jurisdição, e procurou um Defensor Público para ingressar com uma ação competente em desfavor do invasor a fim de tirá-lo o mais rápido possível do terreno invadido antes que ele, o invasor, adentrasse mais ainda.

Passados mais de seis meses sem a disponibilização de um Defensor Público na vara competente, a promissária compradora esbulhada procurou um advogado pro bono e ingressou com uma ação competente na vara da comarca do domicílio do terreno a fim de tirar o invasor, que aquela altura já havia espalhado a todo mundo ser o dono do terreno e continuava a invadi-lo.

O advogado pro bono não perdeu tempo. Preparou a ação competente com todas as provas pertinentes: documentação da propriedade do terreno, como a Certidão de Inteiro Teor e Ônus Reais do Cartório de Registro Geral de Imóveis competente comprovando a titularidade, fotografias que comprovavam o terreno invadido, certidão de IPTU dos dois terrenos pagos, Escritura de Compra e Venda registrada, Boletim de Ocorrência narrando a data do esbulho, com tudo que comprovava a verossimilhança dos fatos, o que legitimava Maria da Silva a requerer em juízo o pedido liminar para a retirada imediata do invasor do seu terreno sem a justiça ouvi-lo, uma vez que presentes se encontravam a fumaça do bom direito e o perigo da demora, requisitos essenciais para concessão da tutela de urgência.

Mesmo com todas as provas de evidências provando o esbulho o juiz negou a liminar, alegando não estar convencido da verossimilhança das documentações oficiais, mandando citar o réu para se defender e intimar a prefeitura da jurisdição dos terrenos para apresentar laudo técnico da localização exata dos mesmos.

O réu apresentou sua resposta mais truncada do que os cofres das prefeituras municipais. O técnico da prefeitura, intimado por três vezes, não apresentou o laudo técnico. E o processo ficou feito bosta na água, boiando a espera de uma solução jurisdicional.

Marcada a Audiência de Tentativa de Conciliação, essa resultou sin éxito, com o Juiz concedendo prazo às partes se manifestarem em quinze dias úteis. Na defesa, o réu não apresentou nada de concreto que justificasse a sua invasão e o laudo técnico apresentado foi de um croqui rabiscado por um estudante de arquitetura e uma avaliação do terreno invadido feita por um corretor de imóvel. E o Juiz os aceitou como prova!

Quanto à resposta do técnico da Prefeitura, este descumpriu mais uma vez a ordem judicial, mesmo com o estabelecimento de multa pelo descumprimento e a ameaça de prisão coercitiva por descumprimento. E o laudo técnico apresentado foi de um particular autorizado pelo juiz, efeito insurgência de Renan Calheiros.

Após o saneamento do processo o juiz marcou nova Audiência de Tentativa de Conciliação, Instrução e Julgamento porque caso as partes não chegassem a um acordo em audiência, ele, o juiz, iria analisar os documentos acostados aos autos e, verificada a verossimilhança das provas da autora, confrontando-as com as apresentadas pelo réu, ouvida as testemunhas, concederia a liminar para a retirada do invasor, uma vez tratar a ação reivindicatória de uma posse legítima e a proprietária tinha a posse do bem esbulhado, mas o perdeu e queria recuperá-lo de quem o detinha injustamente. Está fundada no famoso “direito de sequela”, ou seja, direito que tem o proprietário de perseguir a coisa, buscando-a das mãos de quem quer que injustamente a detenha. Maria da Silva detinha a posse legitima que tinha sido violada de forma agressiva e injusta.

A nova tentativa de conciliação resultou frustrada e o juiz negou novamente a liminar pleiteada pela autora bem como julgou improcedentes todos os pedidos requeridos, mesmo com todas as provas comprovando a titularidade dos terrenos!

Inconformada, frustrada e decepcionada com a decisão, Maria da Silva se socorreu de recurso competente ao Tribunal de Justiça para atacar a decisão de primeira instância. À unanimidade, o colegiado, seguindo o voto do relator, anulou a decisão do juiz e proferiu nova decisão desta vez dando causa ganha a autora que teve seu direito finalmente reconhecido em segunda instância.

Descobriu-se depois que o juiz que conduziu a ação e proferiu a decisão em primeira instância possui um histórico de negligência, imperícia e imprudência na sua missão jurisdicional, ocupando o cargo que passou por meio de concurso público apenas para manter o status quo social por capricho da família, e os jurisdicionados que se explodam na casa da puta que os pariu com seus direitos violados!

A morosidade da prestação jurisdicional tem frustrado direitos no País, desacreditando o Poder Público, especialmente o Poder Judiciário e afrontando os indivíduos. A justiça que tarda, falha. E falha exatamente porque tarda. Não fosse a intervenção dos desembargadores do Tribunal de Justiça que, por unanimidade reconheceram o direito de Maria da Silva lhe devolvendo o terreno da posse de quem o havia invadido injustamente, esta carregaria na memória a frase de Rui Barbosa: Justiça tardia nada mais é do que injustiça institucionalizada.

 

 

 


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