Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 29 de novembro de 2018

RELEMBRANÇAS

 

RELEMBRANÇAS

Relembranças I

O homossexualismo entre a lua e a noite

Agosto era o mês preferido, porque a lua parecia ser feita de gelo, e trazia uma temperatura mais amena para quem passara o dia no sol, capinando a terra dura e quente, na esperança de “pingar uma chuvinha” prumode prantar milho e feijão.

A poltrona em fila única, e sem numeração ou estofado francês, era um cambito tirado do jumento no início da noite, depois da labuta de mais alguns “caminhos d´água” no açude. Eu ficava ali, cavucando os dentes, retirando uns pedaços de castanha de caju, que, junto com batata doce cozida, enganavam o bucho e amenizavam o ronco das tripas.

O privilégio do espetáculo colorido, frio, límpido, do sexo da lua com os gravetos da caatinga – resultando disso a prenhez do nada, mas gerando uma ode poética de vida. Talvez as estrelas fossem o resultado desse incesto, num momento tão poético quanto o esconder-se do sol no avermelhado das nuvens.
Bonito de descrever – lindo de ver, e transcendental de sentir.

A repetição tem o valor de um prêmio maior para os humanos: a obra divina das coisas do Criador. Repetidas, vistas quantas vezes nossos estados de espírito nos permitirem.

Eram assim, as noites de agosto, vistas da latada da casa da minha Avó. A beleza que a gente vê, e que infelizmente muitos não enxergam.

* * *

Relembranças II

Reencontrando a infância livre

As brincadeiras da infância mudaram. Mudaram muito, e para pior. As crianças, embora a fase da idade continue a mesma, já não são mais crianças.

Nos anos que já se foram, brincar era fácil e se brincava com pouca coisa. Qualquer pouca coisa, para ser mais preciso.

Uma bacia com água, umas bolinhas de papel, e um estágio espiritual voltado apenas para a brincadeira. Era o suficiente.

Nos dias atuais – onde o capitalismo impõe todas as diretrizes das fases das vidas das pessoas – a brincadeira virou algo “comercializado” e embrulhado em papel celofane. Muitos só “brincam” nos “playground” dos shoppings. E aí, obrigatoriamente, precisam estar equipados com uma parafernália de protetores para não acontecerem os machucados. É viadagem demais! É frescura demais!

Quer dizer, se você não tem o “capital” para custear esses momentos, a criança não vai brincar. E dá os primeiros passos para virar um “nerd”.

Repare nessa foto postada, de uma criança feliz da vida, brincando. Uma inservível câmara de pneu de bicicleta, um pedaço de pau; descalço, correndo sem nenhuma proteção – apenas com a alegria da liberdade que a idade exige.

Liberdade com limites, diga-se!


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 22 de novembro de 2018

DIA NACIONAL DA HIPOCRISIA

 

 
 
DIA NACIONAL DA HIPOCRISIA

Consciência em ritmo de festa afro

Para configurar um exemplo da hipocrisia que grassa neste chão brasileiro, fui buscar algumas fotos de cantoras brasileiras se apresentando nos programas de auditórios, naquele tempo mostrados por uma, ou no máximo duas emissoras de televisão. Havia, nos telejornais apresentados antes das sessões cinematográficas, mas tinham a tinta muito mais de “apresentação”, que de noticiário.

Ângela Maria, Elis Regina, Dalva de Oliveira, Elizete Cardoso, Leny Eversong, Maísa e mais outras tantas, todas estrelas de primeira grandeza da nossa música que, “entravam nas nossas casas” via televisão, “vestidas” – e cantando, pois jamais serão igualadas.

Nos dias atuais, sem que o Brasil tenha saído de lugar, a forma de apresentação, a qualidade musical da apresentação e, principalmente, a roupa com que as atuais cantoras (????????!!!!!!!!) entram nas nossas casas é igual à diferença entre tomar café com açúcar ou café amargo. É a moda? Pode até ser. Mas, a música só terá valor se for mostrado o corpo quase todo nu?

E mais, ainda existe campanha publicitária veiculada nas televisões, falando em “respeito”!

Pois, apenas aparentemente, isso nada tem com o motivo do feriado nacional comemorado ontem, 20 de novembro: “Dia da Consciência Negra”!

É mole, ou querem mais, alguém se atrever a falar em “Consciência Negra” neste Brasil?

Maracatus em apresentação de alto nível – “coisa de negro”

Ora, até onde se sabe por leitura, entre todos os estados brasileiros, as maiores concentrações de “negros” estão na Bahia, Rio de Janeiro e Maranhão (afirmação não oficial). Mas, entre todos os estados brasileiros, não existe maior e mais arraigada descriminação racial que no Ceará. E eu nasci lá, filho de africanos com indígenas. Sei. Conheço o que estou escrevendo, porque sofri na pele e na “Consciência Negra”.

Isso tudo dito, também não custa relembrar o nível da hipocrisia cearense (e brasileira, claro), pois foi no município de Redenção, interior cearense, onde a “Abolição” chegou antes mesmo da Lei Áurea. Chegou, mas nunca foi usada ou respeitada (daí, o título desta crônica, “Dia Nacional da Hipocrisia”).

* * *

Transformação

Metamorfose de mulher para borboleta

Quero o néctar do teu corpo
Para alimentar minhas borboletas.
Quero um campo sem ventos fortes
E um corpo puro como tuas entranhas.

Quero o néctar do teu corpo
Para alimentar minhas borboletas.
Quero o odor do mel polinizado
Para acalmar minha necessidade.

Quero o néctar do teu corpo
Para alimentar minhas borboletas.
Quero a beleza e o cheiro do teu corpo
Para o pouso demorado do meu.

Quero o néctar, quero teu corpo
Quero teu cheiro, quero, enfim,
Me transformar numa borboleta.
Para viver uma vida sem fim.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 08 de novembro de 2018

CORRUPÇÃO É MAL ANTIGO

 

 
CORRUPÇÃO É MAL ANTIGO

Ronald Biggs comprovou que o Brasil é um paraíso para os ladrões

Com certeza, a etapa da vida que nos faz sentir mais saudades, é aquela da passagem da infância para a adolescência, e, em seguida, a da juventude. O menino está ansioso para ser considerado rapaz, pouco se dando conta de que ainda terá que ultrapassar a adolescência. A fase da afirmação, aquela em que saímos da dúvida na direção da consciência total. Quando acontece a mudança da voz, agora mais grave. Voz de homem!

As lembranças da infância são sempre as mais gostosas, as que nos machucam mais – é a certeza de que, o que aconteceu de errado foi algo involuntário, que acaba ficando gostoso de reviver.

Uma das boas lembranças da fase de criança, além das famosas fases do, “engole o choro”, “te mete comigo, que pau te acha” ou apenas o sonoro, “quando chegar em casa, a gente conversa”, foi aquela em que você, de forma inocente, mas esperando um retorno, se deixava usar para alguma coisa.

Nunca discordamos de alguns petistas educados, aqueles que não se acham donos do mundo, os que sabem de tudo e vivem dizendo que outros não sabem de nada, aqueles que só eles são homens retos e corajosos, quando, de forma acertada, dizem que, “corrupção” não foi inventada pelo PT. É verdade, sim. Corrupção é algo antigo e alguns quadros petistas apenas modernizaram essa prática, incutindo nela a tecnologia. A Petrobras é a melhor prova prática disso.

E por que essa afirmativa?

Ora, lá pelos idos dos anos 50, na minha infância sofrida, mas feliz por ter sido honesta, lembro que o bairro tinha apenas um campo de futebol, local onde a meninada passava as tardes aprendendo a jogar. E, vez por outra, pelo menos em duas vezes por ano, o único campo de futebol era “cedido a troco de alguma coisa” (imagina-se o que, né não?) para a instalação e funcionamento do Circo Garcia, um dos mais longevos do nordeste.

Elefantes, macacos, leão, malabaristas e demais membros de uma trupe que dava inveja aos concorrentes. Três ou quatro dias antes, o circo chegava, e a montagem começava. No mesmo dia da estreia, por volta das 14/15 horas um aprendiz de palhaço, megafone à mão e sobre pernas de paus, se fazia acompanhar por dezenas de crianças, caminhando a anunciando a esperada estreia da noite.

Ao fim do anúncio ou de cada parte dele, pedia à meninada para ser acompanhado na algazarra:

– E arrocha, negrada!

Mas, o mais importante daquela tralha toda, era que, o menino que quisesse ter direito ao acesso gratuito, tinha que acompanhar o “anunciante” até o circo, e, lá, receber uma marca ou um carimbo num dos braços, uma espécie de “passe livre”.

Era dolorido enfrentar a mãe na hora do banho, pois ela queria sempre “esfregar o filho” para garantir a higiene completa. E ficava aquela celeuma (na verdade, para não apagar o “passe livre”):

– Mãe, deixa que eu sei banhar sozinho!

Moral da lembrança: a corrupção pagou para alguém para usar o campo de futebol, único lazer da meninada. Alguém recebeu para ceder temporariamente, algo que não lhe pertencia. Tivemos algo parecido com isso.

Mas, não há como mudar isso, pois, se o PT não inventou essa doença, acabou encontrando campo e tempo para disseminar e até modernizar sua prática.
O Brasil sempre foi um paraíso para a escória vinda da Europa. Um dos melhores exemplos: o ladrão inglês Ronald Biggs.

* * *

CORRIDA DE ROLIMÃS

Antigo carrinho de rolimãs

Um pedaço de tábua, uma lata velha com pregos, um pequeno martelo, cola, uma serra tico-tico, liberdade para criar e disposição – eram esses os ingredientes para construir um brinquedo. Não havia shopping, não havia play-ground e muito menos a fábrica Estrela.

Nós éramos nossas fábricas. Nós éramos nossas alegrias – e quando saíamos dos limites impostos pelos nossos pais, e nunca pela polícia, o relho comia. Sem frescura ou mimimi. Ninguém ficava esquizofrênico, ninguém fazia psicanálise, e ninguém se achava vítima de bullying.

Campos abertos repletos de soltadores de pipas; praças cheias de buracos de jogos de peteca; campeonatos de pião. Atitude comum: jogando bola na rua, era obrigatória a parada para a passagem de alguém. E ninguém reclamava nada.

Comum, também, era a bola cair dentro do quintal de algum vizinho. Affmaria!

O dia da criança era todo dia!

Havia sempre o cuidado de “escolher o time” com meninos que morassem na mesma rua – para o caso da bola cair no quintal de alguma mãe brava. O menino que orava na casa onde a bola caía, ia pegar de volta.

Assim, foi durante anos a meninada de muitos lugares brasileiros – que, hoje, o tempo de quando não havia celular está deixando muita saudade.

Sem tablete, mas com carrinho de rolimãs. Sem celular, mas com peteca. Sem vídeo game, mas com uma enorme coleção de gibis mensais.

Quando surgiram as primeiras ruas asfaltadas em alguns bairros, os meninos mais engenhosos e criativos logo inventaram as corridas de rolimãs – com certeza foi ali que foi inventada a Fórmula 1.

Por anos, esse foi o “kit-man” dos muitos coxinhas e homofóbicos de hoje.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 01 de novembro de 2018

A RAPOSA DO SERTÃO

 

A RAPOSA DO SERTÃO

A raposa que Vovó criava solta

Por diversas vezes já narrei aqui, fatos ocorridos na minha infância vivida em grande parte no povoado Queimadas, então pertencente ao Município de Pacajus, hoje Região Metropolitana de Fortaleza. E, da maioria desses casos, minha falecida Avó sempre fez parte – foi inserida no enredo e até tinha fala em várias cenas. A novela da vida.

Também já disse aqui, que minha Avó era meeira (criava animais domésticos para o dono das terras onde morávamos – e a quantidade era dividida ao meio e de forma equânime), parte do contrato de cessão das terras para plantar, colher e viver.

Era comum “jantar nada” acompanhado de “coisa nenhuma”. Invariavelmente, o almoço era aquele prato de feijão de corda com toucinho, para fazer “capitão”, que a gente comia com uma ou duas batatas doces assadas na brasa, e um naco de rapadura. Vacina garantida para a longevidade.

Havia uma proibição: comer galinha caipira, principalmente se fosse da parte que nos tocava. Tia Maria foi a mulher mais parideira que conheci. E, sempre que paria, Vovó a levava para casa. Era a garantia que tínhamos de que, por alguns dias comeríamos algumas galinhas – a tal da “galinha de parida”.

Fora disso, quem sempre comia algumas galinhas era o galo do quintal ou a Doninha, uma raposa que Vovó dizia que era dela, embora vivesse sempre solta nas brenhas do mato alto.

Mas, Vovó não era “gente”. Quando queria comer uma galinha fora dos momentos especiais, tinha a preocupação de separar as tripas e todas as penas, além de parte do pescoço com a cabeça. Jogava tudo bem longe de casa, onde alguém que vivesse na “casa grande” pudesse encontrar.

E vivia desconjurando a raposa Doninha, que comia, principalmente, as galinhas gordas do patrão.

E quando me lembro disso, fico me perguntando: “por que o PT (Partido dos Trabalhadores) nunca é culpado de nada, nunca responde nada, e nunca assume nada”?

Será que minha falecida e santa Avó algum dia foi petista? Comer a galinha e culpar a raposa, tem algo muito próximo com o cometimento de delitos e culpar outros.

* * *

São Luís – a cidade e as pessoas

Corina – a vida em pirulitos

No passado dia 8 de setembro deste ano de 2018, São Luís, capital do Maranhão, chegou aos 406 anos – foi fundada em 1612 – e continuou mostrando muitos dos seus problemas, sem conseguir esconder várias de suas belezas e maravilhas.

Peculiaridades à parte, vida e valores culturais diferenciados que embevecem os visitantes, a cidade maranhense como um todo – é algo fantástico. Não incluiremos entre os seus males e defeitos, o contumaz abandono dos gestores municipais, por décadas de anos envolvidos apenas com eleições e com vantagens partidárias e pessoais.

Quase ninguém se preocupa em reparar o pôr do sol a partir da rampa e da mureta do Palácio dos Leões; tampouco com a precária arborização, o que acaba sufocando pessoas que continuarão procurando sombras – onde possam sentir a brisa diferente e salitrada tangida desde o mar.

Defeito gritante da cidade e de grande parte do seu povo, é o desconhecer, o não querer saber e o olvidar a gente que, em quanto seres vivos já fizeram por merecer a transformação em estátuas – estátuas de reconhecimento.

E, uma dessas pessoas que quero mostrar hoje, é Corina. Dona Corina – a mulher do pirulito. A morena bonita e envelhecida que ganhou e continua ganhando a vida e o sustento, carregando para cima e para baixo, subindo e descendo ladeiras com uma tábua cheia de furos. Em cada furo, um pirulito e vários sabores.

Dia desses, andando pelo Centro de São Luís, por volta das 16 horas, encontrei Dona Corina sob a marquise do antigo Hotel Central. Carregava na tábua furada, seis pirulitos.

– Ainda na luta, Dona Corina? Perguntei.

– Falta vender esses seis! – respondeu Ela.

Olhei fixamente para aqueles olhos cansados pintados com alguns sinais do glaucoma, braços e rosto enegrecidos pelo sol, e me senti culpado por alguma coisa, enquanto ser humano que imagino ser. Nem pensei em responsabilizar ninguém. Comprei o seis pirulitos, paguei com uma nota de R$10,00 e “pedi” para ela ficar com o troco.

Em casa distribuí os pirulitos, ao mesmo tempo que pensava que Dona Corina, pela retidão, pela força do viver independente, sem enveredar pelo caminho da escória e das drogas, merecia bem mais que o troco daqueles R$10,00. Merecia uma estátua, por fazer a sua parte na construção da cidade, de uma forma tão digna. É, apesar da incompreensão, uma grande vitória. Melhor: é ganhar a vida distribuindo doçura.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 25 de outubro de 2018

PELÉ: 78 ANOS E 60 DE REINADO

 

 
78 ANOS E 60 DE “REINADO”

Arte sem limites do eterno “Rei do Futebol”

Falta dizer alguma coisa a respeito desse homem, desse mito, desse “Rei”?

Acho que não. Mas, o brasileiro, sem cultura, sem caráter, que vê erro em tudo, quando não acontece consigo, ou com familiar, cavuca, cavuca e cavuca e sempre encontra algo para meter o malho.

E brasileiro é chegado a se intrometer na vida pessoal dos outros, esquecendo principalmente da sua.

Tem por aí uma plêiade de gênios que, babando o saco, diz que “a cota de acesso às universidades públicas” acabou definitivamente com a discriminação racial. Mentira! Vai no Ceará, vai!

Assim, se alguém procurar defeitos no Pelé e não encontrar, vai falar da cor da pele dele, como falava de Joaquim Barbosa.

Tivesse Pelé nascido na Áustria ou na Inglaterra, e tivesse a pele branca e os olhos azuis, jogando bola ou não, seria ungido a um novo Deus. Mais, teria tido a discriminação amenizada, se tivesse jogado no Flamengo ou no Coríntians.

Pois ontem, 23 de outubro foi o aniversário de nascimento de Pelé – e nem espere que aqui falemos da vida pessoal dele, dos filhos, etc. e tal. Fale você, que é chegado a essas coisas.

“Edson Arantes do Nascimento nasceu em 23 de outubro de 1940 em Três Corações, Minas Gerais, Brasil, sendo filho de Dondinho (João Ramos do Nascimento, jogador do Fluminense) e Celeste Arantes; era o mais velho de dois irmãos. Pelé recebeu seu primeiro nome em homenagem ao inventor norte-americano Thomas Edison. Seus pais decidiram remover o “i” e chamaram-no de “Edson”, mas houve um erro na certidão de nascimento, levando muitos documentos a mostrar seu nome como “Edison”, não “Edson”, como é chamado. Ele foi originalmente apelidado de “Dico” por sua família. Edson recebeu o apelido “Pelé” durante seu tempo de escola por conta da forma que pronunciava o nome de seu jogador favorito, o goleiro Bilé do Vasco da Gama, o qual falava de forma equivocada e, quanto mais se queixava, mais o nome pegava. Em sua autobiografia, Pelé afirmou que não tinha ideia do que o nome significava, nem seus velhos amigos. Além da afirmação de que o nome é derivado de Bilé, e que significa “milagre” em hebreu (פֶּ֫לֶא), a palavra não tem nenhum significado em português.” (Transcrito do Wikipédia)

* * *

Reunião da alta cúpula (ops! Quase escrevo “cópula”) para acabar com o décimo-terceiro salário dos coitados

Reunião “ministerial” para altas decisões

Passadas as eleições para o primeiro turno, aquelas que garantiram as mudanças nas novas composições de bancadas na Câmara Federal e no Senado, e a volta à quase normalidade nos cabarés das leis, agora que estão acirradas as discussões das comissões temáticas.

Na próxima sexta-feira, 26, estará em pauta mais uma vez, na Comissão de Ética e de oficialização da putaria, o tema iniciado na semana passada: “Como acabar de uma única lambida, o décimo-terceiro salário dos velhinhos aposentados” e de um monte de Mané que tem por hábito pular a cerca.

Na foto acima as lideranças dos partidos majoritários estão nos finalmente. A discussão está emperrada, e precisa ser decidido se, vai valer cartão de crédito (no débito) ou se vai valer cheque em branco e parcelado.

A tabela das ações já foi aprovada. Hoje, o item final da discussão será se, pós-“nhanhação”, quem vem retirar os cadáveres dos velhinhos que bateram a biela apenas olhando – sem direito a pôr a mão! – para essas coisas valorizadas em dólar.

Claro, temos que respeitar a preferência de todos. Mas, tem gente que nunca gostou disso!

E quem gosta é que é preconceituoso e homofóbico.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 18 de outubro de 2018

LICEU DO CEARÁ CHEGA AOS 173 ANOS

 

 
 
LICEU DO CEARÁ CHEGA AOS 173 ANOS

Frente (foto antiga) do Liceu do Ceará

Hoje, quarta-feira, 17 de outubro de 2018, peço licença aos amigos que aparecem por aqui, para dar uma “curiada” nas linhas que escrevo, pois me rendo e me entrego totalmente numa homenagem especial.

Bato continência, e agradeço os 7 anos que essa instituição de ensino me abrigou, e me deu a honra de fazer parte da sua bela e edificante história. Falo do LICEU DO CEARÁ, nos dias de hoje conhecido como Colégio Estadual Liceu do Ceará.

Na próxima sexta-feira, 19, o Liceu completará 173 anos de fundação e de magnífico trabalho prestado à educação cearense e brasileira. Fundada no dia 19 de outubro de 1845, a secular instituição de ensino está situada na Praça Gustavo Barroso desde a sua fundação até os dias atuais.

Por essa instituição pública de ensino passaram inúmeras personalidades que têm referência na boa construção do Estado do Ceará, do Brasil e do mundo. Não há como nominar todos, haja vista que incontáveis gerações tiveram a honra de frequentar suas salas de aulas.

Parte interna do Liceu do Ceará – estudei dois anos nessa sala ao lado direito da escada na foto

O Liceu do Ceará se transformou na mais importante e melhor instituição pública de ensino do Estado, mantendo os melhores e mais renomados professores. Disciplina rígida, grade curricular de excelência, e, por mais de duas dezenas de anos, dirigida pelo magnífico Professor Boanerges Cysne de Farias Sabóia.

Professor Boanerges era rígido ao extremo – mas era igualmente justo e ao mesmo tempo amigo dos funcionários, dos professores e dos alunos. Não fora assim, não teria permanecido tanto tempo na direção desse colégio.

Professores importantes foram tantos que, com a memória já iluminada pela idade, correria o risco de cometer algumas injustiças por omissão de nomes. Mas, como esquecer Padre Hélio e Professor Osvaldo, ambos professores de Latim? Como não lembrar do Professor Mamede, um mestre nas aulas de Matemática? Como esquecer de Sigefredo Pinheiro, professor de Química; de Euclides Tupá Milério, professor de Francês; ou de Caio, professor de Geografia Geral e do Brasil?
Como esquecer Orlando Leite, professor de Canto Orfeônico; Dilson, professor de Desenho?

Ao lado da esposa, o Professor Boanerges, eterno e querido Diretor do Liceu do Ceará

Entrei para o “cast de estrelas” do Liceu do Ceará em janeiro de 1958, para cursar a então primeira série Ginasial. Nunca fui “reprovado”. Assim, saí ao final de 1964, após concluir o curso Científico.

As duas melhores lembranças do Liceu do Ceará:

1 – As exageradas presepadas que fazíamos nos ônibus da linha Jacarecanga: os alunos do Liceu, por decisão própria, não pagavam passagens;

2 – Não adiantava “colar” em nenhuma prova escrita: havia a prova oral a cada final de ano. O aluno tinha que saber o que foi ensinado. Caso contrário, seria “reprovado”.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 11 de outubro de 2018

A INLEIÇÃO DO CUMPADE

 

 
A INLEIÇÃO DO CUMPADE

Seu Manel tava cortando pau e parou prumode ir votar

Engraxar as botinas ou lavar as alpargatas, engomar a calça de brim e retirar a blusa de cambraia do baú, numa preparação para “votar na inleição do cumpade Janjão”, não é mais a cena que qualquer um ganharia se apostasse, anos atrás, pelo menos no povoado Queimadas, onde nasci e vivi a felicidade da infância.

Em alguns lugares essa coisa mudou, pois inventaro um tá de instagrama que fala cozoutros sem dizê nadica de nada.

Dizem que é o modernismo, me parece que isso num qué dizê mermo é nada. As coisa muda, mas os pessoá continua os mesmim, mesmim, cuma se nunca tivesse ido pra escola istudá!

Eles estuda, estuda e estuda, e fazem as sugêra deles, e nóis que veve na roça que paga a culpa qui nóis num tem. O que nóis faiz aqui é trabaiá, e trabaiá muito, prumode dá dicumê para uma cambada que num si dá ao respeito!

É assim que seu “Manel” pensa. Seu “Manel” não vive preocupado com manifestações das viadagens na Avenida Paulista, onde as pessoas com doutorado, gênios, pesquisadores, teimam em desmentir as coisas de Deus; seu “Manel” não tem conta no Facebook para ficar repetindo a mentira de dizer que é “democrata” e não permitir que esse ou aquele tenha o direito de escolher em quem votar (e quem não estudou foi o seu “Manel”); seu “Manel” fuma um cachimbinho desde muito tempo, mas nunca “deu um tapa na cara nem fez a cabeça”; seu “Manel” é pai de três rapazes que gerou com Dona Carmencita, e desde cedo ensinou esses meninos a trabalhar na roça (vai alguém me dizer que, hoje, ser Doutor significa alguma coisa?) para garantir o sustento honesto com o suor do rosto; seu “Manel” nunca “permitiu” (é isso mesmo: “permitir”) que os três meninos vivessem esmaltando as unhas ou mostrando tendências para a viadagem – e seu “Manel” diz que: quem quisé fazê isso, pode fazê. Mas pegue a trouxa e vá vivê longe da minha casa!

Hoje, sabemos, alguns pais até dizem: “filho(a), viva sua vida, use o quarto para suas coisas, não vá pra rua, faça aqui mesmo.” E depois querem ter moral, dizem que são dignos, e na primeira dor de barriga recorrem à Deus. Mas são favoráveis às indecências que estão postas aí no dia a dia.

Pois esse é o seu “Manel”, sertanejo analfabeto, que nunca vai sê dotô, mas aprendeu distinguir entre merda e bosta. Para seu “Manel”, merda é de gente, e bosta é de boi.

E seu “Manel” ainda diz que: tem gente que num sabe por causa de que, que o pato come tudo duro e só caga ralim, ralim; que cabra e bode só come capim, e caga aquelas bolinhas, e adispois qué intendê de inleição e dizê nim quem os zoutros devem de votar.

Apois esse mesmim seu “Manel” já se decidiu: se fosse jogar no bicho, jogaria toda a poupança que juntou no porquim de barro no grupo do 17, macaco. Mas, cuma é na inleição, vai votá mermo é no Bolsonaro por causa de que, além de ser favorável ao Brasil e pela família, é contra um bando de fela-da-puta que só pensa nim dá o traseiro e fumá maconha.

* * *

Os sábados cariocas

Quindim da Cavé é uma “maravilha”

Uma semana inteira de trabalho, com três horas acrescidas de “serão” a cada dia (ou plantão, para outros), e aí chega a noite de sexta-feira. Todas as noite de sextas-feiras são “feriadas” no Rio de Janeiro. Os bares comemoram e os garçons adoram a abundância das “caixinhas”.

Ser “carioca” é um estado de espírito!

E, horas depois, o sábado. Ressaca, caldo verde, praia para outros. Mas, eu preferia resolver alguns problemas: visitar livrarias, comprar livros, olhar vitrines, e, principalmente, fazer uma visita demorada à Cavé, que a gente nunca sabe se fica na Rua Sete de Setembro, 133, ou na Rua Uruguaiana. É uma esquina.

Naquela hora, nenhum chope, nenhuma praia, nenhuma vitrine é melhor que comer dois doces, especialidades seculares da casa: quindim e fio d´ovos.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 04 de outubro de 2018

TRAGO A VIDA AGORA CALMA - UM TANGO DENTRO D,ALMA - ÂNGELA MARIA E CHARLES AZNAVOUR

 

 
 
 
TRAGO A VIDA AGORA CALMA – UM TANGO DENTRO D’ALMA

Ângela Maria – a cantante Rainha do Rádio

“A luz do cabaré já se apagou, em mim
O tango na vitrola, também chegou ao fim
Parece me dizer
Que a noite envelheceu
Que é hora de lembrar
E de chorar . . . . .”

Sei que o especialista desta área é o “Mestre” Peninha. E que ninguém se atreva a dizer que não. Mas, hoje peço permissão ao mestre, apenas para externar um momento de tristeza, na tentativa de tentar diminuí-la. Será em vão, sei disso.

No começo da década de 60 eu era ainda um jovem e entusiasmado namorador. Vivia me apaixonando por qualquer “rabo de saia” (dizer da minha falecida Avó) e até evitava me aproximar do cheiro do bacalhau. Me vigiei e me cuidei para não virar maníaco.

Sempre gostei de voltar ao lugar onde me tratam bem. Onde me sinto relaxado e à vontade. Em Fortaleza, naqueles tempos que o vento já levou, existiam dois lugares do meu preferido convívio.

Nas sextas-feiras à noite, o Bar Caravelle, ainda hoje localizado na Avenida Luciano Carneiro. Um bom vinho tinto, e a moldura do som maravilhoso de um piano que cismava em continuar tocando o “jazz” que dominava aquele tempo. Fosse “jazz”, estava bom. Aquele som nostálgico e ao mesmo tempo alegre, entrava pelos poros como anestesia. Na verdade, a anestesia era o vinho – o som era um acalanto.

Aos sábados, a partir do meio dia, o Clube do Advogado, naquele tempo instalado na Rua Guilherme Rocha. Ali, além da excelente feijoada, o show proporcionado pela cantora cearense Aíla Maria, que, antes de atender qualquer pedido de clientes, cantava algumas músicas interpretadas por Ângela Maria, a Rainha do Rádio.

“Angela Maria, nome artístico de Abelim Maria da Cunha nasceu em Conceição de Macabu, Rio de Janeiro, a 13 de maio de 1929, e faleceu em São Paulo, São Paulo, a 29 de setembro de 2018. Foi uma cantora e atriz brasileira, expoente da Era do Rádio e considerada dona de uma das melhores vozes da MPB.

Intérprete de canções como Babalu (Margarita Lecuona), Gente Humilde (Garoto/Chico Buarque/Vinicius de Moraes), Cinderela (Adelino Moreira) e Orgulho (Waldir Rocha/Nelson Wederkind), serviu como fonte de inspiração para artistas como Elis Regina, Djavan, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Cesária Évora e Gal Costa, além de ter sido, comprovadamente pelo Ibope, por um longo período, a cantora mais popular do Brasil e conquistado a admiração de personalidades como Édith Piaf, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Amália Rodrigues e Louis Armstrong.” (Transcrito do Wikipédia)

 

 

 

 

Por que pessoas morrem?

Ou, por que morrem tantas pessoas?

Quantos seríamos, os humanos, se ninguém tivesse morrido nos últimos 300 anos?

Pois é. No fim de semana morreram Ângela Maria e Charles Aznavour. Mas a gente sabe que não morreram apenas eles. Eles morreram. Outros foram mortos.

Charles Aznavour desfalca a boa música francesa

“La bohème, la bohème
Ça voulait dire on est heureux
La bohème, la bohème
Nous ne mangions qu’un jour sur deux”

Charles Aznavour nasceu em Paris, a 22 de maio de 1924, e faleceu em Mouriès, a 1 de outubro de 2018. Foi um cantor francês de origem armênia, também letrista e ator. Além de ser um dos mais populares e longevos cantores da França, ele foi também um dos cantores franceses mais conhecidos no exterior. Atuou em mais de 60 filmes, compôs cerca de 850 canções (incluindo 150 em inglês, 100 em italiano, 70 em espanhol e 50 em alemão). Charles Aznavour vendeu quase 200 milhões de discos em todo o mundo. O cantor começou sua turnê global de despedida no fim de 2006. Após reconhecer sua nacionalidade armênia em dezembro de 2008, Aznavour aceita em 12 de fevereiro de 2009 ser nomeado embaixador da Armênia na Suíça.” (Transcrito do Wikipédia)

 

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 27 de setembro de 2018

A COR PÚRPURA

 

 
A COR PÚRPURA

Irene no Céu

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.

Imagino Irene entrando no céu:
– Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
– Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.

Poema de Manuel Bandeira

A foto não é colorida – mas a rosa é negra

Preta, é a cor. Negra, é a raça – poucos fazem essa distinção.

Aceite ou não, quem assim desejar. A tão comemorada Lei Áurea, para o brasileiro foi apenas uma fantasia. A diferenciação (e os preconceitos) da raça é algo mundial.

Princesa Isabel, uma ova!

A questão é cultural e, por ser assim, cultural. Nos EUA, na Inglaterra, na África do Sul e provavelmente na África maior, raiz dos nossos antepassados. 
Abolição da escravidão. O que foi isso? Onde isso aconteceu?

Em pleno século XXI o “Governo” brasileiro, deu um baita reforço à cultura da escravidão e da discriminação, quando sancionou a “lei das cotas” para acesso na universidade pública.

Babacas! Governo de babacas! Filhos da puta!

Exemplo: 60 vagas para o curso de Medicina de uma universidade pública, sendo 30 paras cotistas, e 30 para não cotistas. E aí vem o resultado do Vestibular. 50 cotistas são aprovados, mas apenas os 30 melhores classificados são chamados e matriculados.

E aí vem a sacanagem. Os 20 cotistas que “sobraram”, todos tem notas e médias superiores aos 30 não cotistas. E aí, como fica?
Qual o benefício da “lei das cotas”?

Me ajude e escreva uma legenda para essa foto

Vivo no Maranhão há exatos 31 anos. Vim do Rio de Janeiro, depois de ter saído de Fortaleza na tenra idade. O Ceará é sem nenhuma dúvida o Estado mais “racista” do Brasil – e, dizem, foi antes da assinatura da Lei da Abolição, que o Ceará no município de Redenção – zona de grande produção açucareira naqueles tempos – resolveu “libertar” os escravos das fazendas. Mas a discriminação permanece até os dias de hoje.

Não tenho informações oficiais que possa assegurar, mas o Maranhão, provavelmente é o Estado onde permanece o maior número de Quilombos e remanescentes de escravos. Talvez isso explique a perseverança, a disseminação e o sucesso de danças como Tambor de Crioula e Cacuriá, manifestações vivas transportadas da África mãe.

La belle de nuit

A raça negra é bela. Bela, também. Quaisquer “defeitos” ou discordâncias jamais dirão respeito à cor da pele – mas, talvez ao caráter.

Alguém já parou para refletir quantos “negros” estão enrolados, denunciados e condenados nesse lamaçal que “brancos” e muitos de cabelos brancos resolveram colocar a empresa Petrobras?

Literalmente, nenhum.

Mas, esse não é o assunto da postagem. Aqui viemos hoje para falar de beleza e especialmente da beleza negra, começando com a rosa, que não fala, apenas exala o perfume que rouba de outras belezas.

Muitos que aqui comparecem e que não são mais crianças, com certeza lembram da bela francesa Catherine Deneuve, a “Belle de jour”, que Luís Buñuel pintou e bordou num dos maiores sucessos cinematográficos de todos os tempos.

E quem pensa que a mulher negra ficaria atrás, se lhe fosse dada a oportunidade de representar, por exemplo, num filme com o nome “Belle de nuit”? É, é essa beleza de cima.

Ou, quem sabe, esse desenho selvagem da foto abaixo?

Muita beleza além das curvas insinuantes


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 19 de setembro de 2018

AS ABÓBORAS DE CIPRIANO

 

AS ABÓBORAS DE CIPRIANO

Na roça a abóbora tem peso no café da manhã

Vira e mexe entendo que é importante compartilhar a voz da experiência em algumas situações e em alguns fatos.

Faz muito tempo, sem ser pretensioso, deixei de aceitar falas ou citações desse, dessa, daquele ou daquela, apenas porque tenha atingido um patamar de popularidade maior que outros. Às vezes, o citado fala uma bobagem sem tamanho e ninguém se lembra da citação.

Deixando de lado Einstein, mas, sem deixar de citá-lo, nunca é demais lembrar que, certa vez ele disse que, “a vida é como andar de bicicleta. Se parar, vai cair.”

E, como não conheço tantos famosos, resolvi recorrer à minha Avó (aquela mesma que virou personagem de algumas crônicas ou contos de minha autoria, apenas pelo fato de ser minha Avó, e muito menos pelo fato de “mijar” em pé), para lembrar que ela, sempre que sabia que alguém estava “enrolado” ou “comprometido”, ou ainda “lascado”, lembrava a história de Cipriano, um dono de roça que, para pegar ladrões, plantava também carrapichos.

A roça de Cipriano era enorme. Media tantas “braças” de frente e muito mais “braças” de fundo. Traduzindo: a frente tinha uns 300 metros e o fundo uns 800 metros. Era trabalho grande para limpar, plantar, vigiar e colher a produção – principalmente para quem fazia isso manualmente e sem ajudantes.

O maxixe da roça de Cipriano além de orgânico era verdinho

Naquele “pequeno roçado”, ao fim de toda safra Cipriano colhia carradas e mais carradas de abóboras (jerimuns, para outros), comprovando o acerto na escolha da plantação dos produtos. A dificuldade maior era o agacha-agacha na hora da colheita.

Certo dia, contava minha Avó, Cipriano começou a “dar pela falta” das maiores abóboras, aquelas que pesavam mais e lhe garantiam uma boa freguesia e um bom lucro. Algumas sumiam como se carregadas pelo vento – e nunca se soube que raposa, cobra ou gato maracajá comessem jerimum.

Estava acontecendo algo estranho, e Cipriano resolveu tentar descobrir para acabar com a provável ladroagem. Apelou e resolveu plantar também umas sementes de maxixe, o que garantiria que, se alguém estivesse “roubando”, teria mais trabalho ao colher, também, um maxixe por vez.

Matuto pode ser ingênuo e analfabeto, mas não é burro como alguns políticos. Foi aí que Cipriano preparou uma armadilha. Semeou no caminho das abóboras e dos maxixes várias sementes de carrapicho, que acabaram nascendo quando as abóboras amadureciam e o maxixe estava na época da colheita.

Cipriano postou-se escondido atrás de uma moita que ficava antes da porteira de entrada e saída do roçado. Portava uma espingarda bate-bucha já pronta para atirar.

Para surpresa, quando avistou alguém colhendo os maxixes e duas grandes abóboras, acionou a espingarda e disparou para cima. O larápio só teve tempo de carregar as duas abóboras grandes e as escondeu noutro lugar. Ao sair pela porteira, as calças estavam apinhadas de carrapichos.

Carrapicho é pior que “pega-ladrão”

Pois, tal e qual, as artimanhas de Cipriano, na semana passada foi descoberto alguém com as calças repletas de carrapichos.

Não estava roubando abóboras nem maxixe. Estava fraudando “pesquisas” mentirosas na tentativa de favorecimento deslavado à quem a encomendara, e pagou caro para estar na frente do adversário com alto percentual de diferença. Coisa rotineira nas eleições brasileiras.

E sabem o que aconteceu?

Não foi minha Avó quem contou, pois ela há muito está noutro plano. A assinatura da pessoa responsável pelo envio dos números ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral), era de alguém falecido há mais de seis meses.

Ah se Cipriano soubesse disso!

Com certeza deixaria de plantar abóboras e maxixe para montar uma agência de pesquisas.

Por falar nisso, você alguma vez já foi “pesquisado”?

Nem eu!


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 13 de setembro de 2018

O VAQUEIRO - DESAFIANDO ESPINHOS E CASCAVÉIS

 

 
 
O VAQUEIRO – DESAFIANDO ESPINHOS E CASCAVÉIS

 

O vaqueiro e seus desafios

O galo cantou – mais um dia amanheceu. A mesa está posta para o café da manhã. É a repetição do dia a dia, na grande fazenda ou no mais humilde dos casebres.

Leite, coalhada, queijos e manteigas – todos produtos bovinos que tiveram a prestimosa e indispensável ajuda do “Vaqueiro” – aquele que tange, chicoteia, e, às vezes, também esporeia o boi e a vaca. É uma das muitas formas de “ordenar” a quem escuta mas não responde.

É o mister do Vaqueiro, a cada começo de dia. Seja na fazenda ou na misteriosa caatinga, cheia de garranchos, espinhos e cascavéis – tudo pronto a repelir e resistir, numa obediência apenas ao destino da caatinga.

E é ali, onde não há esconderijo, que o boi, a vaca, o garrote e o bezerro procuram se esconder do domínio humano.

A escuridão noturna se aproxima. Berrantes anunciam a hora da volta para os currais. Faltam bois, faltam bezerros e faltam rês (vacas) para o descanso preparatório para a ordenha da madrugada expulsa pela claridade de mais um dia – é a alvorada com o galo a cantar.

O sertanejo é antes de tudo um forte?

Imaginem o sertanejo Vaqueiro.

A vitória confronta desafios para “pegar” o boi

Oração do Vaqueiro

Deus pai todo-poderoso, luz do Universo. Vós que sois o criador da vida e de todas as coisas, concedei derramar sobre nós, teus filhos, cavalos, e vaqueiros que aqui estamos, as tuas bênçãos e a tua divina proteção.

Dai-nos Senhor:

– A saúde e o vigor, para que possamos competir com garra em busca da vitória…

– A lealdade, para que busquemos o podium com determinação e coragem, mas com respeito pelos nossos adversários, vendo em cada um deles um amigo e um companheiro de jornada…

– A prudência, para que não venhamos a nos ferir no ardor da disputa…

– A paciência, para que entendamos que a vitória, símbolo do sucesso, é o resultado do trabalho árduo e deve ser conquistada degrau a degrau…

– A humildade, para façamos de cada sucesso um estímulo para caminharmos sempre em frente e cada tropeço um aprendizado de que pouco sabemos, e é preciso aprender mais…

– A gratidão, para que, no momento da vitória, saibamos que a conquista só foi possível pelo trabalho e dedicação de muitos: cavalos, treinadores, tratadores, juízes, locutores, vaqueiros, promotores, veterinários, motoristas e até o do público que vem nos assistir…

Senhor, dai-nos também:

– A bondade, para tratarmos nossos animais com respeito, amor e atenção, jamais esquecendo de agradecer a eles pelo trabalho realizado…

– A generosidade, para que no futuro, quando nosso inseparável amigo de tantos galopes da vitória estiver velho e cansado, não mais podendo nos auxiliar nas conquistas, receba de nós o amor e os cuidados para que possa terminar seus dias com dignidade e, chamado por vós, galope feliz sentindo em seu dorso o nosso carinho e nossa saudade, pelos verdes campos de tua divina morada…

Pai, dai-nos finalmente:

– O patriotismo para que se um dia lograrmos merecer representar o nosso pais pelas pistas de vaquejadas do mundo, saibamos, como tantos outros, honrar o seu nome, sua gente e suas tradições.

– A virtude, para que jamais nos afastemos dos nobres ideais da vaquejada e para que antes de campeões, possamos ser cidadãos de bem…

E a fé, para crermos que tudo vem de vós, Senhor do Universo e nosso Pai eterno. Que assim seja! (Transcrito do Wikipédia)

A vitória reúne amigos (homens e animais)

É uma festa popular que atravessa séculos. Contando com o apoio religioso da Igreja Católica, todos os anos, no mês de agosto o município maranhense de Vargem Grande reúne centenas de milhares de fiéis, dando um colorido especial e uma verdadeira cascata de vozes diferentes em cantorias, repentes, orações – é a comemoração da devoção que se tem à São Raimundo Nonato dos Mulundus, o “Santo Vaqueiro”.

Faz tempo a cidade de Vargem Grande se apequena, nesses dias. A barafunda e a enorme confusão na cidade, com bois, vacas, cavalos, vaqueiros e fiéis, acabaram empurrando essa gente toda para a margem da rodovia numa extensão de até 40 Km, desde o povoado Paulica até os primeiros batentes da Igreja católica.

Tudo muda na cidade. A vida muda na cidade – só o Vaqueiro continua Vaqueiro, o irreverente e heroico trabalhador da caatinga repleta de espinhos e cascavéis.

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 06 de setembro de 2018

FRUTAS E VOTO

 

 
 
FRUTAS E VOTO

I – Para alguns as uvas sempre estarão verdes

Uvas verdes

Best seller que fez a cabeça de muita gente nos anos 50, 60 e 70, o livro “O Pequeno Príncipe”, do autor francês Antoine de Saint-Exupèry já deve ter atingido centenas de milhões de unidades impressas e vendidas.

Sua primeira edição é do dia 6 de abril de 1943 e até hoje já vendeu centenas de milhares de unidades – continua influenciando os jovens (há quem pense que foi um livro escrito para crianças – e não foi), embora esses vivam nos dias atuais com novos valores, provavelmente sendo influenciados por novos autores.

Repleto de parábolas e frases marcantes, O Pequeno Príncipe detalha um rápido encontro desse com a raposa, habitantes de um pequeno planeta, onde é mais fácil e belo apreciar o pôr do sol.

A raposa queria comer as uvas mas não conseguiu alcançá-las. Resolveu desdenhar, dizendo:

– Elas estão verdes!

Para alguns, principalmente aqueles que desistem de viver e tentar buscar as vitórias na vida sem fazer qualquer esforço, preferindo justificativa esfarrapada, as uvas sempre estarão verdes.

* * *

II – As namoradas e as pitombas

Pitombas maduras

Namorar era algo bom naqueles anos que já dobraram a curva do tempo. A gente “se arrumava todo” para ir namorar, e a namorada “se arrumava toda” para receber a gente em casa. Sentar na frente da casa, de preferência num lugar não muito claro.

Beijar a namorada na boca, era bom. Sempre foi bom. Mas, nos tempos que já se foram e não voltam mais, a família da namorada precisava “permitir”, muito mais que a própria namorada.

Hoje tudo é diferente. Não precisa “permissão” para nada. A mãe, sempre ela, até já autoriza que o namorado fique mais tempo no quarto da namorada (fazendo sabe-se lá o que!) que escutando as conversas da família na sala onde quase todos sentam.

Antes, sempre acompanhados de alguém da família, o casal de namorados tinha o hábito de sair todas as noites para os festejos religiosos da Igreja Matriz, onde, uma vez por ano aconteciam as quermesses.

Maçã do amor, algodão doce, carrossel, jogo do preá, tiro ao alvo e mais duas coisas que nunca consegui compreender por que aquilo era vendido nesses festejos: roletes de cana e pitomba.

O que essas duas coisas tinham (ou tem) para entreter alguém que, em vez de mastigar ou chupar, prefere (ainda) beijar na boca?

* * *

III – As maiores “pencas” de bananas

Bananas em “penca”

Para nós nordestinos, uma “penca” sempre terá o significado de uma porção exagerada. Uma grande porção. Aplica-se a algumas coisas e nada tem a ver com outras tantas.

No Rio de Janeiro, a “penca” é a mesma coisa que uma “palma”. No caso da banana: uma penca de bananas será sempre uma palma de bananas.

Hoje, os conhecidos sacolões e as frutarias, ainda vendem bananas na dúzia, mas quase todos os supermercados já aderiram a venda dessa maravilhosa fruta (rica em tudo que o organismo humano necessita) ao peso. 1 Kg, 2 Kg, e daí em diante.

Dito isso, quero dizer mais ainda: o brasileiro que vive nesse continente desde o extremo sul ao extremo norte, não sabe quantas são as espécies de bananas.
Uma simples e pequena casca de banana nanica (por ser pequena) já serviu até de roupa para vestir a Chiquita Bacana. A da Martinica.

* * *

IV – Faltam 30 dias para a limpeza

 

Nova forma de eleição

Tenho e sempre tive minhas próprias ideias a respeito da Política. Ninguém jamais fez ou terá o privilégio de “fazer a minha cabeça” para tentar conquistar meu voto para esse ou aquele. Massa de manobra não me usa. Nunca usou. Desde os tempos de Liceu do Ceará, que, em termos de “Política”, eu sempre soube o que fazer. Sempre fiz o que quis e entendi como certo.

E, finalmente, chegou a hora de não querer mais fazer. E eu quero fazer agora. Não votarei mais em nenhum FDP – e, repito: nenhum desses merece o meu voto.

Aos que ainda votarão, sem sugerir nada ou qualquer nome, um recado: chegou a hora de fazer a limpeza. A hora de mandar de volta para casa ou para onde desejarem, todas essas bostas que ocupam mandatos eletivos.

E você não pode nem deve esquecer que, quando elege o(a) Presidente, vai dar autorização para que ele eleja ou indique, também, um alto percentual do Judiciário – esse que está aí e que você conhece.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 30 de agosto de 2018

A JUSTIÇA BRASILEIRA SEMPRE FOI INJUSTA

 

 
 
A “JUSTIÇA” BRASILEIRA SEMPRE FOI “INJUSTA”

O macaco quer apenas entender

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.”

Na maioria das vezes, nos últimos 100 anos, a Justiça brasileira vive praticando injustiças com o seu povo – “caixa pagadora” de todas as suas despesas e receitas. Para que se tenha uma ideia, o enunciado do tão citado e referido Artigo 5 da Constituição Brasileira é a caixa preta da principal mentira constitucional da nossa sociedade.

Como pode, um artigo que pretende encerrar Justiça igual para todos, ter 78 itens e incontáveis parágrafos e alíneas, contendo explicações que não explicam nada e mimimis que só favorecem aos mais aquinhoados que reúnem “grana” para pagar advogados?

E, nesses casos as tais “Defensorias Públicas”, defendem quem e o que mesmo?

Não parece algo premeditado para nunca resolver nada?

Ora, o que se vê, realmente é a verdadeira intenção de intermediar tudo sem resolver (no sentido de punir) nada. Assim, a Justiça brasileira foi erigida (e se mantém assim) sobre três pilares inarredáveis:

– Foro privilegiado;

– Prescrição da acusação;

– Favorecimento gerando a impunidade;

– Diferentes interpretações de uma Lei que é redigida com esse pressuposto.

“O foro especial por prerrogativa de função – conhecido coloquialmente como foro privilegiado – é um dos modos de estabelecer-se a competência penal. Com este instituto jurídico, o órgão competente para julgar ações penais contra certas autoridades públicas – normalmente as mais graduadas nos sistemas jurídicos que a utilizam – é estabelecido levando-se em conta o cargo ou a função que elas ocupam, de modo a proteger a função e a coisa pública. Por ligar-se à função e não à pessoa, essa forma de determinar o órgão julgador competente não acompanha a pessoa após o fim do exercício do cargo.

Criado como uma resposta à irresponsabilidade penal dos governantes, típica do absolutismo, buscava garantir a responsabilização daqueles que exerciam altos cargos governamentais. Por isso, é ainda hoje utilizado nos ordenamentos jurídicos de vários países de tradição romano-germânica, especialmente no Direito brasileiro. Neste sentido, remonta a uma separação entre privilégio (ou privilégio pessoal) e prerrogativa (ou privilégio real – de res, coisa). O primeiro abarcaria os privilégios de nascimento, aqueles concedidos às pessoas devido à família na qual nasceram, isto é, à origem. A segunda refere-se aos direitos transitórios que uma função confere àquele que a ocupa, isto é, direitos que se ligam ao cargo e existem para permitir o seu melhor exercício.” (Transcrito do Wikipédia)

Qual é mesmo o objetivo e as intenção de um “pedido de vista” para interpretação de um caso que se resolve em cinco ou dez minutos?

Para que mesmo servem essas instâncias superiores, e por que esse absurdo de recursos, de liminares, disso e daquilo?

Será que que Juízes e Desembargadores vivem pensando que o povo brasileiro é idiota?

Afinal, de diabos de País é esse?

Por que os tribunais tratam de uma forma, por exemplo, os “defensores” do ex-presidente Lula, concedendo-lhes inúmeros tipos de protelações, de adiamentos, de recursos disso e daquilo; e tratam de forma diferenciada os defensores do ex-goleiro Bruno?

Por que para parecer legal, a condenação de Lula precisa de “provas” (mais que as inúmeras apresentadas), e por que todos se lixam para a apresentação das provas no caso da condenação de Bruno?

Afinal, a Lei não é igual para todos, como diz o Artigo 5 da Constituição Brasileira?

Ou, será que, no duro, no duro, a coisa não é bem assim?

Qual o conceito que tem um leigo (como eu, por exemplo) da Justiça brasileira no caso em que a jovem Cristiane Richthofen cumpre pena por ter assassinado o pai e a mãe, e consegue receber “indulto” temporário para visitar o Pai, no Dia dos Pais?

Como é que se consegue absorver isso?

Pior, muito pior que isso, é quando acontece, de forma premeditada para favorecer a alguém, a tão conhecida “prescrição” (ou engavetamento)?

“A Prescrição se caracteriza pela a perda do direito de punir do Estado pelo transcurso do tempo. De acordo com o artigo 61 do Código de Processo Penal, a prescrição deverá ser determinada de ofício, pelo juiz, ou por provocação das partes em qualquer fase do processo.

A prescrição pode se dar durante a pretensão punitiva ou durante a pretensão executória do Estado. Quando o agente comete a infração penal, surge a pretensão do Estado de punir a conduta (pretensão punitiva). Desta forma, o Estado perde o direito de punir antes de a sentença de primeiro grau transitar em julgado, extinguindo a punibilidade. A prescrição da pretensão punitiva (PPP) é calculada pela pena em abstrato, de acordo com a regra do artigo 109 do Código Penal.

De acordo com o mesmo artigo:

• se a pena em abstrato for superior a 12 anos, a prescrição ocorrerá em 20 anos;

• se a pena for superior a 8 anos e inferior a 12, a prescrição ocorrerá em 16 anos;

• se a pena for superior a 4 anos e inferior a 8, a prescrição se dará em 12 anos;

• se a pena for superior a 2 anos e inferior a 4, a prescrição se dará em 8 anos;

• se a pena for de 1 a 2 anos, a prescrição ocorrerá em 4 anos;

• e por fim, se a pena for inferior a 1 ano, a prescrição ocorrerá em 3 anos.

As mesmas regras se aplicam às contravenções penais.” (Transcrito de InfoEscola)

O “Fradim” do Henfil sintetiza tudo num gesto bem brasileiro


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 22 de agosto de 2018

O DIÁLOGO DAS BORBOLETAS

 

O DIÁLOGO DAS BORBOLETAS

Avó transmite ao neto a sabedoria do viver

O encontro não tinha nada mais, nem nada menos, do que um daqueles encontros que Deus põe nos nossos caminhos – o encontro casual para a transmissão da sabedoria e da experiência que a vida tatua em nós.

Uma rara peça no teatro da vida. Uma sombra, de onde se podia ver a mutação do humano na beleza que o sol nos impõe. Um diálogo repetido entre a Avó e o neto, na linha paralela, e no mesmo momento que duas borboletas desenhavam a vida com seus voos leves e invisíveis – os voos das vidas delas.

– Vó, espia aquelas duas borboletas – diz o neto, em êxtase visual!

– É. São muito bonitas – diz a Avó, aquiescendo.

– O que elas estão fazendo, vó? – indaga o pequeno.

– Elas estão conversando – responde a Avó.

– Como você sabe, vó? Você está escutando alguma coisa? O que elas estão conversando? – insiste o neto.

– Eu sei por que Deus me ensinou a ouvi-las, e a compreender o que elas falam – diz a Avó.

– Vó, um dia eu também vou ouvir e entender as borboletas? – pergunta o neto!

– Vai, sim! A gente só ouve bem, quando fica velho, e quando aprende a falar e a ouvir com o coração – dia a Avó.

Viver é melhor que sonhar

Viver é melhor que sonhar

“Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa”

Muitos, durante a vida inteira, estão sempre querendo ir para a cidade. Morar na cidade, trabalhar na cidade, estudar na cidade – ainda que enfrentando os problemas que estão na vida da cidade, em detrimento da paz e do sossego que encontramos todas as manhãs, depois de sermos acordados pelo cantar do galo.

Na cidade você (e acho que ninguém) não pode ter um galo. Ninguém aceita, na cidade, ser acordado todos os dias pelo cantar do galo. É um incômodo a mais acordar com aquele conhecido e tradicional co-co-ró-có. Ainda que o galo só cante uma vez, toda manhã.

Ou, em outros casos, com o glu-glu-glu do peru em resposta ao assovio. Com o relincho assoprado do jumento em “conversa” de namoro com a viçosa e “pronta” jumenta.

Polodoro que o diga!

E foi com base nessas teorias que, o sobralense Belchior, pela experiência vivida no interior cearense, escreveu:
“Viver é melhor que sonhar, eu sei que o amor é uma coisa boa”, parte da música eternizada por Elis Regina, “Como nossos pais”.

Elias, apenas 11 anos de idade, podia não ter a inteligência desenvolvida como os que estudam e colam grau em Harvard, mas sabia perfeitamente para que lado o vento sopra, por que a água evapora e, principalmente, por que a “vida na roça” é melhor e diferente da vida na cidade.

Profeticamente repetindo Belchior, Elias afirma: “Viver é melhor que sonhar.” Para Elias, quem vive na cidade grande nos dias atuais, apenas “sonha”. E repete: “viver é melhor que sonhar”.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 16 de agosto de 2018

A BOQUINHA DA NOITE

 

A BOQUINHA DA NOITE

A noite chega trazendo pirilampos e poesia

A penumbra da noite vai chegando, caindo e caindo, como se fora o primeiro acorde de uma sonata, ou os primeiros versos de uma poesia escrita com o tilintar dos chocalhos das cabras e dos bodes a caminho, mais uma vez, do aconchego das camas de palhas secas do chiqueiro.

Plem, plem, plem, repetidas vezes bate do badalo do chocalho ecoando nas mais distantes paragens, fazendo coro com os berros dos esfomeados cabritos, pela mamada noturna antes da madorna caprina.

Chiqueiro cabra! Chiqueiro! Queiro, cabra! Repete a voz humana do comando, que aos poucos vai escasseando pela obediência, como se fora uma conversa codificada do mandar e do obedecer, entre o homem e o animal.

A noite acaba de cair. Caiu pesada, escura, para dividir mais uma vez a claridade do fim do dia, da claridade do amanhecer seguinte – o ciclo planetário da vida na Terra dos Homens criados e conduzidos por Deus.

A boquinha já se transformou na lugubridade da bocarra da noite. Luzes artificiais se fazem necessárias. Fósforos riscados trazem a claridade; lamparinas, velas e candeeiros são acesos nos avisos inconfundíveis para as mariposas.

Não longe dali, uma, duas, três cigarras cantam incansáveis num ritmo alucinante, fazendo coro com os pios lúgubres e alvissareiros das não sei quantas corujas. Naquele lugar, também são chamadas de “rasga-mortalha”.

Silêncio total e profundo, que permite escutar os lepo-lepos do bater do rabo do cavalo espantando mosquitos, mutucas e mariposas. A noite é assim.

Toda noite e a cada fim de dia, como o rasgar matinal da folhinha do calendário.

O susto do espermatozoide

O zoidinho andou, andou e andou até encontrar a bifurcação do caminho: era “entrar” e assumir o que pudesse vir depois, ou, “voltar” e cair no escárnio da vida mundana.

Pois, foi assim que tudo começou em Diamantino, numa das 31 noites do mês de março de 1955, quando um desesperado “zóide” saiu do cano provavelmente longo para se deparar com o primeiro grande dilema da sua já longa vida.

Atônito, percebeu que não havia mais como voltar – afinal, não custava nada tentar se dar bem. Eis que, ao se dar conta de onde estava, ficou boquiaberto, assustado com o lugar. E assim “permanece” até hoje.

Pacamão – peixe que tem a boca da largura da redondeza

Pacamão ou pacman (Batrachoides surinamensis) é o nome popular de também 5 espécies de peixes actinopterígeos marinhos do Brasil, que fazem parte da família Batrachoididae, onde se classificam mais 69 espécies em 19 gêneros no mundo todo.

No Brasil, a espécie também é chamada de peixe-sapo, tamboril, pacamã, pacamão ou peixe-cuíca. dependendo da região. É um peixes de couro, demersal, de vivência piscívora, cabeça grande e achatada, de cores pardas, capazes de se enterrar parcialmente, se camuflando no substrato marinho de onde surpreende suas presas em velozes ataques. Podem chegar a 57cm de comprimento. De aparência monstruosa semelhante um sapo.

Nas turvas (por conta das fortes correntes) águas do Maranhão, o pacamão existe em grandes quantidades nos municípios de Alcântara, Cedral e Mirinzal.

É bastante apreciado e não tem o hábito de “soltar” nada. Muito ao contrário. Pega.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 09 de agosto de 2018

POR QUE UM TAPA NA CARA?

 

POR QUE UM “TAPA NA CARA”?

Qual o “prazer” de bater na cara de alguém?

Hoje, pretendemos propor uma reflexão. Refletir sobre algo antigo, que até hoje não se tem conhecimento com explicações convincentes.

Qual é o “prazer” de bater na cara de outrem?

Qual é o “constrangimento” de quem apanha na cara?

Por que se diz há tanto tempo: “cara que mamãe beijou, vagabundo nenhum põe a mão”?

Afinal de contas, que “tara” (no sentido pejorativo e violento da palavra) é essa de ficar satisfeito, ou ter prazer de bater na cara de alguém?

Faz tempo, muito tempo, eu “apanhei” muito da minha mãe. Meu pai nunca me bateu, nem em meus seis irmãos. Quem batia, e hoje adultos, achamos que sempre merecíamos, era a mãe.

Mas, com uma corda ou um tamanco de madeira na mão, a mãe nos batia nas pernas, nos braços, nas costas. Na cara, nunca!

Por que dá prazer a quem bate, bater na cara de alguém?

Por que, cenas de filmes ou novelas mostram sempre alguém jogando algo na cara de alguém?

Por que, na cara?

Sigmund Freud – a Psicanálise tem explicação?

A Psicanálise é uma prática antiga para tentar encontrar algumas explicações, até para algo inexplicável, como o Autismo ou a Síndrome de Down. Mas, infelizmente, não se tem notícia oficial de que alguns “operadores” desse ramo tenha conseguido alcançar êxito. De forma convincente, diga-se.

Tido e sabido como ícone muito respeitado, Sigismund Schlomo Freud – popularmente conhecido como Sigmund Freud – que teria recebido influências de Carl Jung, Friedrich Nietzsche, foi um dos muitos disseminadores da Psicanálise, ramo da Psiquiatria.

Nascido em Freiberg in Mähren, naqueles tempos pertencente ao Império Austríaco em maio de 1856, formado em Medicina em Viena e faleceu em 1939. Nunca me deu o prazer de ter lido algo que se referisse ao assunto.

Jacques Lacan é outro “famoso” Psicanalista

Outro famoso que merece citação nessa curta reflexão, é Jacques-Marie Émile Lacan, inicialmente graduado em Medicina que caminhou rapidamente para a Psiquiatria, onde fez doutorado em 1932.

Nascido parisiense em 1901, faleceu em 1981 deixando algumas obras importantes. Teve influências de Sigmund Freud – embora não se tenha informações que tenha trabalho específico sobre o assunto agressividade comportamental (nesse caso, “tapa na cara”).


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 02 de agosto de 2018

MENINOS E MENINAS, OU O CÉU FICA AO LADO DO INFERNO

  

MENINOS E MENINAS, OU, O CÉU FICA AO LADO DO INFERNO

Meninos e meninas banhando na chuva – a inocência consagrada

A rua sempre foi o melhor cenário – se adapta à qualquer apresentação. E, sequer precisa de ensaios ou repasse de texto. É a peça no teatro da vida. E nem precisamos tanto de plateia, e quem entra não precisa pagar ingresso.

A gente corria. Caía. Levantava e continuava correndo. O joelho sangrava machucado, mas era confortado pelo coração alegre e feliz. Brincar era bom. Brincar é bom. Mas, já não se brinca mais e o coração não se alegra – agora, chora de dor.

Quando chovia a rua ficava mais enfeitada, pois os adultos se transformavam em crianças e reviviam os banhos, as brincadeiras e dividiam os jacarés (biqueiras) das casas.

Numa chuva demorada, o banho também se prolongava – os meninos e as meninas tremiam, e as mães, coitadas e preocupadas, traziam toalhas, e, juntas, as ordens: “chega de banho – você já está tremendo e vai ficar resfriado”!

Na “amarelinha” o céu fica ao lado do inferno

A Maria morava naquela casa. Aquela casa que ficava quase na esquina daquela rua onde aquelas pessoas também moravam. Todos se conheciam, todos tinham filhos, todos se cumprimentavam quando se encontravam.

Aos domingos, quase todos iam à missa. Quase todos tinham o que comer. Quase todos comiam. Quase todos viviam.

As crianças. Bom, as crianças todas se conheciam. Todas brincavam juntas. Brincavam de tudo, brincavam com tudo, faziam tudo, elas próprias. Pião, pipas, bambolê, cabra-cega, esconde-esconde, corrida do ovo na colher, chuço, triângulo, corda, cabo de guerra, peteca e amarelinha.

Amarelinha na calçada. Amarelinha no asfalto e amarelinha no chão de barro batido.

Naqueles dias que já vão longe, na imagem da amarelinha o céu ficava ao lado do inferno. Vizinho um do outro. Precisava ser bom, na amarelinha da vida, para chegar ao céu sem se queimar no inferno.

Maria, a que morava naquela casa, sabia da vida de quase todos. Maria falava da vida de quase todos. Quando quase todos paravam de brincar, Maria, sozinha, ia brincar na amarelinha. Passava pela casa 1, pela casa 2, pela casa 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10… mas parava no inferno.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 26 de julho de 2018

QUEM PODE MUDAR O MUNDO

 

QUEM PODE MUDAR TUDO – NÓS, OS LEITORES!

Governantes incompetentes tiveram que recorrer à intervenção federal na Segurança Pública

Está chegando a hora. A hora que estamos esperando faz tempo. Estamos esperando essa chance há quase quatro anos – e, está chegando, também, a hora de você corrigir a bobagem que fez, quando acreditou nesses políticos que estão aí. Está chegando a hora de mudar, votar certo e tirá-los, definitivamente, da política. Só você pode fazer isso.

Está chegando a hora de você lembrar das madrugadas que foi obrigado a acordar e levantar, para enfrentar uma fila enorme para marcar uma consulta médica num hospital público, e, quando chegou sua vez, as fichas já tinham esgotado.

É você quem pode mudar isso. Só você.

Está chegando a hora de você lembrar dos riscos que correu de apanhar da Polícia, que é paga por você, por que você se postou em espaço público, apenas para reivindicar um direito seu, de ter o que os políticos cretinos prometeram e nunca cumpriram.

É você quem pode mudar isso. Só você.

Está chegando a hora de você lembrar das promessas do custeio da Educação pelo pré-sal, e, do que se transformou a Petrobras nos últimos anos, e que, para tapar os rombos da roubalheira ali institucionalizada, você é quem está pagando tudo através dos aumentos diários do diesel, da gasolina e afins.

É você quem pode mudar isso. Só você.

São centenas de milhares de esgotos jogados “in natura” por conta da má gestão pública

Está chegando a hora de você lembrar que não tem mais direito de, cada fim de tarde sentar numa cadeira colocada na frente da sua casa, por que não existe segurança; está na hora de você lembrar que não pode mais viajar tranquilamente num ônibus urbano, por que não existe segurança; está na hora de você lembrar que não pode fazer uma caminhada num local adequado, por que não existe segurança – e está na hora de você lembrar que tem direito a tudo isso, por que paga impostos.

É você quem pode mudar isso. Só você.

Está chegando a hora de você lembrar que, só o que se lê nas redes sociais são críticas ao Sistema Judiciário das instâncias superiores, mas já passa da hora de você lembrar que, quem coloca essa gente onde está, é você, quando elege fulano e beltrano, e delega poderes à quem cabe indica-los. Nos últimos dezesseis anos, foi você quem votou e assinou em baixo para a nomeação de todos que estão indicados nas instâncias superiores que decidem tudo – com exceção, claro, de quem chegou onde está através de concursos.

E quem os colocou onde estão, não o fez pela beleza da cor dos olhos de ninguém. Fez isso com algum interesse – “usar, quando necessário”. E, você tem sua parcela de responsabilidade nisso.

É você quem pode mudar isso. Só você.

Malha rodoviária brasileira – é para isso que pagamos IPVA

Lembre dos aumentos diários da gasolina, do gás de cozinha, do medicamento, da inexistência de leitos nos hospitais públicos, da ausência de atendimento para idosos, e até da não anuência do planos de saúde para a terceira idade.

Lembre dos aumentos das mensalidades escolares, das tarifas de ônibus, da imensidão de impostos que você paga, para não ter nada a seu favor.

Lembre do IPTU, do IPVA, da contribuição sindical, das blitzen que punem uns e “liberam” outros. Lembre de tudo.

Lembre das estradas brasileiras por onde os governantes te obrigam a trafegar; lembre da interminável Ferrovia Norte-Sul; lembre da transposição do Rio são Francisco; lembre dos muitos hospitais prometidos; lembre do sacrifício que pessoas enfrentam para fazer um tratamento de hemodiálise; lembre dos leitos dos hospitais públicos e que, na maioria das vezes, doentes são brigados e dormir no chão, em cadeiras e em macas improvisadas.

É você quem pode mudar isso. Só você.

Lembre disso e vote – mas não esqueça da “Lei da Ficha Limpa”!

Aproveite e lembre de quem vive mentindo dizendo que o povo saiu da miséria

 

 

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 18 de julho de 2018

O FALAR BRASILEIRO

 

O FALAR BRASILEIRO

Suricate deitando a falação brasileira

Lusofonia é a comunidade formada por todos os povos e as nações que compartilham a língua e cultura portuguesas como Angola, Brasil, Cabo Verde, Galiza, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Goa, Damão e Diu e por diversas pessoas e comunidades em todo o mundo. O Dia da Lusofonia é comemorado em 5 de maio, dia esse dedicado à língua cultura e expressão portuguesa. É consagrada a Nossa Senhora da Conceição. (Transcrito do Wikipédia)

Ser ou não ser – eis a questão. Falar, ou não falar – eis o problema. O mundo inteiro fala vários idiomas, mas, o que se fala mais, mesmo, são os dialetos. E esses são incontáveis.

No que toca especificamente ao brasileiro, um dos países da comunidade lusofônica, é mais preocupante ainda a questão do “falar corretamente”. Escrever, então, nem se pretende discutir.

De uma ponta a outra do nosso mapa continental, muitas palavras com a mesma escrita tem significado completamente diferenciado, independente de região. E há quem se divirta com isso.

Muito mais com a pretensão de divertir que orientar de forma pedagógica, o cearense editou e distribuiu um “dicionário cearensês”, explicando o significado de várias expressões utilizadas no dia a dia entre as pessoas nascidas na “santa terrinha”.

No Ceará, o falar não é assim tão acentuado de forma que ninguém entenda – é mais para o lado do deboche das coisas. Há expressões puramente cearenses, mas já difundidas e conhecidas em outros continentes.

O “Arre égua” – por exemplo. É uma expressão que tende mais a algum tipo de admiração, mas pode e certamente tem outros significados, sempre de acordo com a situação em que está sendo usada.

Já a expressão “cagou o pau”, no Ceará é utilizada como o hoje abrasileirado, “foi mal”, “não deu certo”, “deu tudo errado”, “pisou na bola” e daí por diante.

Fulano “cagou o pau”. Significa que fulano errou, fez bobagem.

Falar assim não é de difícil compreensão. O mais difícil é pessoas se adaptarem a essa forma disforme de falar.

No Maranhão, onde vivo há exatos 32 anos, encontrei dificuldades para me adaptar totalmente. Achava estranho e ainda acho, a forma sem nexo de falar do maranhense.

“Mamãe, fulano quer me dá-lhe”. É um filho comunicando à mãe que alguém está querendo lhe bater. Tudo errado, gramaticalmente falando.

E quando o maranhense resolve reduzir as palavras?

Como é que fica?

Fica muito mais difícil de entender.

Veja, apenas uma palavra que, para o maranhense, encerra toda uma expressão. Ele fala: “zulive”, pretendendo dizer – “Deus o livre”, disso ou daquilo.

No Pará, que fica logo ali, algum parente, com intimidade e conhecendo o (a) filho(a), o(a) adverte, falando:

“Te mete a besta, que pau te acha.”

E o que isso significa? Não se atreva a fazer isso ou aquilo, que a coisa pode não terminar bem para você.

Além do mais existe também o falar com intenção chula, ofensiva, mas que no fundo não diz muita coisa:

– Vá tomar onde as patas tomam!

– Vá para a casa do caralho!

– Vá pra puta que o pariu!

– Beeeesta, fela da puta!

Onde é que as patas “tomam”? Na lagoa? Tomam o que? Tomam banho?!

Onde é mesmo a casa do caralho? A casa do caralho tem CEP? É a xereca? E, se for a xereca, a casa do caralho é um mal lugar?

Onde fica mesmo a puta que o pariu?


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 12 de julho de 2018

A TÁTICA DO MATUTO

 

A TÁTICA DO MATUTO

Lula Dejeto da Silva vai continuar “querendo abrir o olho”

Joaquim Albano viveu lá pelos anos 30, 40 e 50 no município de Pacajus, mais propriamente no mesmo povoado onde este escriba nasceu: Queimadas. Nasceu mais pobre que Jó, e morreu mais rico que os ricos de hoje. Foi o que chamam, hoje, de “posseiro” ou “invasor de terras”.

Esperto como poucos, ainda que sem Mestrado ou Doutorado, Joaquim Albano criava e adotava táticas de domínio sobre o povo, no mais tradicional “cala boca”. Foi “coroné” por dezenas de anos.

Para não chamar muito a atenção da já enveredada fiscalização no caminho da corrupção, usava a tática matuta de “descentralizar o domínio e a posse das terras”, criando e disseminando a figura do meeiro. Ou seja, “dava as terras” para os moradores nela viverem e trabalharem, garantindo 50% do que era produzido e criado nas suas propriedades.

Ora, quem que, não tendo nada de seu, seria louco para receber tudo aquilo de mão-beijada para viver, e ainda teria coragem de sair por ai falando aos quatro ventos?

Já naqueles tempos existia o “Plano B” da tática do matuto Joaquim Albano (roubalheira e esperteza no pior sentido, são coisas antigas neste nosso Brasil): mantinha num grande terreno de sua “propriedade”, uma quantidade enorme de estacas e arame farpado. De vez em quando reunia vários “empregados sob sua custódia” e mandava brocar o mato e cercar a nova propriedade. Como quase sempre não aparecia o dono, a terra passava a ser dele.

Quer dizer: “se colar, colou”.

Exatamente como tem feito ao longo dos seus 73 anos, um pernambucano de Caetés, com tudo que possui até os dias de hoje, utilizando a famosa “tática do matuto”.

Soldado de folga no quartel quer cadeia ou plantão

José Eduardo, que na “numeração” dada pelo Quartel recebeu o número 22, era pelos demais amigos apelidado de “Dadinho”. Tinha o nome de guerra: Eduardo, 22.

No ano de 1961 servíamos ao Exército Brasileiro no CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva) de Fortaleza, que tinha o quartel na Avenida Bezerra de Menezes.

“Dadinho” era louco pelo Exército, e fez de tudo para servi-lo. Morava no interior do Estado, mais propriamente em Crateús, distante da capital por aproximadamente 350 Km. Sem familiares na capital, “Dadinho” pretendia seguir carreira no Exército Brasileiro. Fez curso para cabo e continuou estudando para fazer curso para sargento. Literalmente, morava no quartel.

Era o soldado Eduardo, 22, que “resolvia” muitos problemas dos colegas, “recebendo” uns trocados para tirar serviços nos domingos e feriados. Como era um bom rapaz, prezava pela hierarquia, “cadeia” não era com ele. Preferia o “plantão”.

Pois saibam que, é num “plantão” de algum local de trabalho, que muitas coisas acontecem. Plantão de quartel, plantão de delegacia, plantão de hospital (vixe, como acontecem coisas nos plantões dos hospitais brasileiros), plantão dos tribunais… êêêêpppa!

E aí este pequeno texto me fez relembrar de Joaquim Albano, o “invasor” de terras em Pacajus, o mesmo do, se colar, colou!

Tem hora e vez que não cola!

Judiciário em altíssima baixa

A nova faixa presidencial do Brasil

Já escrevi minhas bobagens aqui muitas vezes, e, em algumas delas já informei que, da matéria “Direito”, entendo tanto quanto entendo de pesca submarina. Água muita para mim, só para beber, ou no chuveiro, depois de um dia de trabalho.

Mas, se por um lado não entendo nada de “Direito”, por outro lado tenho a primazia de “observar” – e, nisso, eu sou tão bom quanto aquele que seja o melhor. Empatamos, com certeza.

Ora, e não perdi de vista que, há pelo menos dois anos, todos os dias e “di-a-ri-a-men-te” o Judiciário brasileiro e suas principais decisões ocupam as principais manchetes dos jornais e noticiosos de rádios e televisões. Não há outro assunto que tenha chamado mais a atenção do brasileiro que as ações do nosso Judiciário.

Isso seria bom, convenhamos, se todos esses espaços fossem ocupados para dar bons exemplos, para uma pedagogia construtivista – mas, infelizmente, não tem sido esse o objetivo nem o caminho. Não são bons os exemplos. E o Judiciário brasileiro acaba entrando no descrédito – e isso é péssimo para um País eternamente em construção como o nosso.

O fim de semana passado foi caótico. Deprimente. Exótico. Uma mixórdia, que só nos empurra cada vez mais para a falta de credibilidade total.

Por que, e para que tantas instâncias, tantos recursos, tantos issos e aquilos?

Por que, não foi a “defesa constituída” quem tentou o HC, e, sim, três deputados com mandatos?

Pela certeza absoluta da impunidade, e de algum comprometimento do Judiciário. Uma pena.

Pelo andar da carruagem, a próxima faixa presidencial vai ter que ser entregue para alguém com usufruto de uma tornozeleira eletrônica. Não duvidem!

Vai fazer alguma diferença, se for o Marcola, o Escadinha ou se o “Palácio do Governo” for a Papuda?


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 05 de julho de 2018

O DIÁLOGO DO POLVO COM A CENTOPEIA

 

Polvo resolver dar uma voltinha pelo cabaré do fundo do mar

O mar, mais uma vez não está pra peixe. Quem está tirando muito proveito disso é o polvo, que, com esperteza, usa todas as suas ventosas para garantir, se não a multiplicação da espécie, pelo menos a garantia de não aumentar tanto o seu tempo de quarentena sexual. E, até onde se sabe, não é sem mais nem menos que o polvo tem tantos “elementos penetrantes”.

Na juventude, quando as facilidades atuais ainda não existiam para “fazer amor”, os irmãos mais velhos, e em algumas situações os próprios pais lembravam que os meninos tinham uma namorada predileta: a “Maria cinco Dedos”. Somente anos depois, foi que apareceram as bonecas infláveis para os homens, enquanto as mulheres conheceram os vibradores.

E, no fundo do mar, a coisa não funciona assim. Tem que dar certo alguma coisa. Tem que acontecer um namorico, ainda que entre espécies diferentes. Dizem até que, no desespero, tartarugas marinhas “fazem sexo” com baleias e tubarões. Será que as “tartarugas ninjas” são produtos desse namoro?

Centopeia quando está “subindo de costas pelas paredes” entra no mar e transa com o polvo

Eis que, cansada de “rodar bolsinha” debaixo dos tapetes, nas frestas das portas, por debaixo dos latões de lixo, e por não encontrar nada para comer e pelo visto nada que tivesse a coragem de comê-la, a Centopeia resolveu dar um mergulho, mudando de rumo. Quando menos esperava, embora desejasse muito, sentiu aquela coisa pegajosa, como se fosse uma pedra no seu caminho. Felizmente, não era.

Era uma das ventosas do polvo. Como no fundo do mar não havia nenhuma condição para acender fogo para ferver água numa panela, Centopeia imaginou que, naquele momento, só poderia ser “comida” da forma que há muito desejava: a única forma de comilança em que os prazeres são divididos. E, tome ferro. Digo, tome ventosa.

Cavalo marinho – a viadagem no fundo do mar

E a Centopeia “deu” para a ventosa do Polvo. Meses depois, a natureza se encarregou de agir, e o resultado foi o nascimento do “Cavalo marinho”, único “macho” no planeta Terra que “engravida” – coisa que muitos baitolas, frescos, gays e esconde espadas ainda não conseguiram descobrir.

Eita meleca, quando neguinho que adora transformar o traseiro em objeto de prazer – será que é “prazer” mesmo, em alguns casos de relacionamento com alguns negões da vida? Sei não visse – esse mundo velho vai ficar mais esculhambado que os “bastidores” de algumas instituições superiores deste Brasil.

Zulive!

Cactos na caatinga – bem que poderia ser filho do Polvo com a Centopeia

Acontece que, satisfeita a sua vontade de “dar”, indiferentemente de saber “para quem”, a Centopeia resolveu que era hora de tirar para fora, e resolveu sair do mar. Com tantas pernas, não demorou a encontrar a caatinga, onde resolveu enterrar seus últimos ovos daquela “transa” no fundo do mar.

Com os ovos enterrados, a chegada da chuva, ainda que esporádica, possibilitou o nascimento de vários tipos de cactos – algo que é a mais provável justificativa de existência de algo tão ridículo, cuja única utilidade é ceder espinhos para as almofadas de bilros da minha falecida Avó.

É exatamente como questionava Chico Anysio, querendo entender qual a utilidade do “rinoceronte”. Esse bicho é algo que se coma? É algo que tem carne ou só banha?

Assim, qual é a utilidade do cactos?

 

 

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 28 de junho de 2018

GENARINHO - O ORNITÓLOGO QUE ADORAVA ROLAS

 

 

A rola – preferência de Genarinho

Lá pelas bandas da Timbaúba, povoado que hoje recebe os benefícios da construção do açude Castanhão, vivia a família de Sebastião Romão e de Jesuílta da Anunciação, composta por mais seis saudáveis filhos – sendo cinco meninas, e apenas um menino.

As meninas e os meninos gostavam de, sempre que Jesuílta matava uma “galinha da terra” para o almoço dominical, aproveitar tripas, mucuim, fígado, coração e moela para fazer um guisado – às vezes, até aumentavam a comida e esqueciam de brigar pelo “ganhador”.

A medida que o tempo passava, as meninas cresciam, viam crescer seios, nascer pelos pubianos e nas axilas – e a mais velha até já “virara mocinha” por conta da primeira menstruação. O sinal era dado por conta do varal de roupas repleto de “paninhos” (também chamados de “panos de bunda”).

Por alguns anos seguidos, as “crianças” dormiram juntas no mesmo quarto. Eram três beliches – e aquele que deitasse por último tinha a obrigação de apagar a lamparina.

Meninas e um menino juntos, na mesma camarinha. Sem maldades, porquanto todos irmãos. As meninas cresciam, e os mamilos idem. Os seios afloravam redondos e rígidos. Os pelos pubianos também, coxas arredondadas, cabelos compridos, tudo, enfim.

Genarinho, o menino, começou a perceber as diferenças. Seus mamilos incharam e cresceram no fácil sinal da puberdade, os pelos também, e da mesma forma o pênis, que cresceu, engrossou e pontificou na diferença. Foi quando a irmã mais velha, Cacilda, menstruou pela primeira vez. Genarinho ficou esperando sua vez de também “menstruar” – e essa hora nunca chegou.

Durante o dia, nas brincadeiras depois da chegada da escola, as meninas brincavam e até faziam um verdadeiro Clube da Luluzinha, “queimando” Genarinho para as brincadeiras, a maioria apropriadas para meninas.

Sem dar muita importância ao isolamento proposital das irmãs, Genarinho procurou as suas brincadeiras. Acabou se “apaixonando” por aves (galinhas, pavões, perus, patos) e pássaros, até que na matéria curricular da escola, investiu forte em Ciências Naturais. Resolveu que seria “Ornitólogo” – e seria o melhor de todos.

Por conta da infância, onde por anos esperou “menstruar”; por dormir no mesmo cômodo com as cinco irmãs; por viver serrilhando e esmaltando as unhas; e, principalmente por adorar rolas, Genarinho acabou se transformando num excelente profissional e no maior apreciador e conhecedor de rolas. Algumas, valiosas, grandes e diferentes, tinha o hábito de escondê-las.

OBSERVAÇÃO: “mucuim” é o órgão que fica ao lado da moela; “ganhador”, é um osso em forma de forquilha, que também é conhecido como “titela”, e dá sustentação ao peito do galináceo.

* * *

SEÇÃO SAUDADE

Hoje bateu uma saudade danada de muitos entes queridos. Saudades do pai, Alfredo; da mãe, Jordina; do irmão, Francisco (que teria comemorado mais um aniversário no último dia 24, dedicado a São João); da irmã, Jandira, e de muitos amigos e amigas queridas que fizeram parte e foram importantes no amoldamento da minha vida, e no meu amadurecimento.

Aqui neste JBF, a saudade que está doendo, doendo muito, é da amiga querida e inesquecível, Glória Braga Horta, que ainda não conseguiu sumir, ao dobrar a esquina da nossa amizade. Ainda está ali, visível, acenando com a mão. Cantando Maísa Matarazzo: “Meu mundo caiu”!

Xêro, querida!

Glória Braga Horta

Não é diferente a saudade desse irreverente amigo, visivelmente de personalidade muito forte nas ocasiões e nas horas de defender valores próprios. Falo de Cícero Cavalcanti, um dos ícones da “banda séria” desse esculhambado e desmoralizado Brasil.

Aqui, apesar de sentir grande saudades desses dois amigos que não tivemos a felicidade de conhecer pessoalmente, torcemos para que estejam num bom lugar ao lado do Pai Todo Poderoso.

Cícero Cavalcanti


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 21 de junho de 2018

POR QUE SÓ GILMAR SOLTA?

 

Ministro do STF Gilmar Mendes – o “soltador” oficial e especial

Já escrevi mais de uma vez, desde que fui convidado a formar no time (na verdade, na seleção da Hungria de 1954) de colunistas do Jornal da Besta Fubana, sob a edição, comando, e “administração financeira” do palmarense Luiz Berto – único que consegue ganhar alguma coisa jogando na Roleta do Cu-Trancado no tradicional município pernambucano de Palmares – que entendo tanto de Direito quanto entendo do buraco negro no mundo escuro das galáxias.

Não entendo mesmo porra nenhuma – e, neste momento, parece que quase todos “entendem”, mas poucos usam o que aprenderam para praticar a chamada “justiça dos homens”.

E, há ainda a “Justiça de Deus”, aquela que ninguém entende, mas todos sabem que ela acontece. E sem falhas. Demora, mas chega.

Ou, será que a “Justiça” que se pratica no Brasil é que é diferente da “Justiça” que se pratica noutros países?

Vamos direto ao assunto. Por que quase todo “problema judicial” tem ido para o STF (o que pode significar para alguns analfabetos como eu, que a coisa já não vai terminar como me ensinaram meus avós) – ou será apenas nos populares e chulos casos dos “chamados picas-grossas”?

Por que raios, os casos do “Zé Povinho” não chegam às instâncias superiores (STF, STJ, STE)?

Conjunto de tramelas, correntes e cadeados inexiste para as ordens de Gilmar Mendes

Melhor, por que só o Senhor Ministro Gilmar Mendes tem “mandado soltar” esse e aquele?

Na Penitenciária de Pedrinhas, no Maranhão, com certeza tem gente que já cumpriu a pena, sem ter sido julgado. É sério! E por que o Senhor Ministro Gilmar Mendes não “manda soltar” esse pobre miserável?

Repito: nada conheço de Direito (e não me interessa conhecer, ora!), mas alguém “condenado” por um “colegiado” pode ser “solto” por uma decisão monocrática?

E o “colegiado” tem mesmo que ficar com cara de “nhô zé”?

E o que parece mais lamentável: sem que o “colegiado” que julgou e “condenou” seja sequer consultado.

Esse privilégio é algo pessoal que só cabe ao Senhor Ministro Gilmar Mendes, ou só ele é suficientemente “macho” e o único conhecedor das nossas leis?

Ei, psiu, me “exprique” isso daí, vosmecê que “opera o Direito”.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 14 de junho de 2018

O GALO BAITOLA

 

Galo “Cumpade Ozias” tinha porte invejável

 

Minha falecida Avó, aquele mesma tão participativa nesta coluna escrita pelo neto favorito (dela), teve duas filhas. Só essas duas. Minha mãe, Jordina; e Maria, minha tia. Só Maria. Não tinha nenhum outro nome acrescendo. Era Maria, e ponto final.

Diferente da minha avó, minha mãe (Jordina) teve 7 filhos (Cléber, Chico, Didi, Zealfredo – este que vos escreve -, Badeco, Dadi e Jorge Luís) e ainda se atreveu a adotar mais uma menina (Eugênia, há mais de 30 anos vivendo na Itália), nos tempos em que ser menina era algo bom e prazeroso.

Tia Maria também teve uma “reca”. Tinha filhos nascidos no mesmo ano. Um em janeiro e outro em dezembro. Também pudera, pois resolveu casar com uma lapa de macho que beirava os 2 metros de altura e, no povoado Queimadas, era apelidado de “Tripé”. Imaginem por quê. E ela, Tia Maria, gostava que só!

Pois, Antônio Luciano, apelidado “Tripé”, era um cabra muito trabalhador, agricultor de primeira linha, mas ignorante do mesmo nível, quando se tratava de saber das coisas da vida comum de qualquer cidadão. Picava fumo, e fazia o próprio cigarro.

“Seu Lunga” seria uma dama inglesa ao lado dele.

Tia Maria, nas conversas em rodas da própria família, desconjurava “Tripé” e afirmava que, quando o sujeito urinava, para “guardar” o elemento, tinha que dobrar em três partes. Desconjuro!

Como diz o maranhense: “zulive” (querendo dizer: Deus o livre!).

Pois, provavelmente por conta dessa particularidade exagerada, “Tripé” achava que todo animal vivente que não fosse “fêmea”, só procriaria se penetrasse a parceira. Nem valeria à pena tentar explicar para ele o que era a “cloaca”. Pra ele tinha que ter o “penduricalho” para ser macho.

Pois, num dia de domingo daqueles idos tempos, depois de assistir a Santa Missa – que ele só frequentava para fazer o “sinal da cruz” – precisou ir na casa do Compadre Tião, para buscar um frasco de banha de galinha, para dar umas pinceladas na garganta inflamada de Anunciada, uma das filhas dele com Tia Maria.

Ao ultrapassar a porteira da frente da moradia, Antônio Luciano apeou do cavalo e, antes de chamar a dona da casa, ficou observando o galo carijó, “Cumpade Ozias”, cobrir uma galinha. Observou bem, olhou atentamente, e não viu nada “penetrando”, como sempre acreditava que deveria ser o “ato sexual” de reprodução de qualquer ser vivo.

Pegou a encomenda que fora buscar, montou novamente o cavalo, e procurou o caminho que levava à casa onde morava. Ao chegar em casa, foi logo dizendo para Tia Maria:

– Maria, minha véia, eu num sabia que na casa da nossa cumade tinha um “Cumpade Ozias”!

EM TEMPO: “Cumpade Ozias”, desde que o mundo é mundo; a luz ilumina a Terra e os céus; e a água lava o que está sujo; foi o único “baitola” que apareceu naquelas paragens.

 

 

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 06 de junho de 2018

DEI UM TIRO SÓ! FOI PEIBUFO!

 

Gatilho da espingarda bate-bucha do meu Avô

A chuva fina e contínua não parava de cair. Meu avô João Buretama vestiu um trapo velho como blusa e foi para a roça com a amiga enxada no ombro. Ele precisava garantir que as ervas daninhas não atrapalhariam o crescimento do feijão nascido havia apenas 15 dias, mas já “muito bonito”. O milho também começava a dar o ar da graça, chegando numa altura de 30 centímetros. Precisava ter cuidados para assegurar o crescimento total.

As “manivas” da mandioca cresciam e novas mudas caminhavam para garantir uma boa raiz e uma grande farinhada daqui a três meses – mais que isso a mandioca fica com muitas fibras e a farinha não fica boa. E também seria a garantia de uma boa goma para os beijus e tapiocas da meninada.

Capina daqui, capina dali e meu avô foi surpreendido pela “friviação” das covas da maravilhosa batata doce branca, uma espécie rara que começa a desaparecer do mercado consumidor. Algum bicho do mato tinha “bulido” ali. Ora, se tinha!

A labuta da carpina tinha acabado ali, naquele momento. Alguém tinha que tomar uma providência – e esse “alguém” era ele, meu avô. Pegou de volta seus “terens” e caminhou para casa.

A chegada intempestiva do meu avô chamou a atenção e aguçou a curiosidade da minha avó Raimunda Buretama:

– Já vortou véi? Prumode quê tanta pressa?

– Tem um bicho miserávi me atrapaiano. Fuçou as covas da batata doce e comeu tudo. Vou agorinha percurar esse miserávi e só volto quando arresolvê isso!

– Hômi, tome cuidado com o que vosmecê vai fazê!

 

Porco do mato (Javali) foi comida para uma semana

Vovô foi até a “camarinha” e de lá retirou de dentro do baú, uma muito bem conservada “espingarda bate-bucha”, que ele trocara por duas novilhas de cabra, com pessoa conhecida das redondezas – mas que ele concordara em manter o anonimato.

Pegou a “bicha” que permanecera enrolada nuns paninhos velhos e foi para o alpendre “carregar” a peça. Levantou, pegou o chapéu e a espingarda e saiu célere na direção do mato.

Após mais de meia hora embrenhado nas matas, levando apenas o companheiro Joli, um cachorro vira latas bom de faro e de caça. De repente Joli começou a latir um latido desesperado. Tinha encontrado o porco do mato que comera as três covas de batata doce plantada na roça.

O bicho estava numa “madorna”, bucho cheio, depois de comer tanta batata. Os latidos de Joli acordaram o bicho preto e feio, com quase 2 metros de tamanho. Enorme!

Vovô entendeu que um tiro só podia resolver o problema. Aproximou-se bem devagar, fazendo sinal para Joli se aquietar. Fez a mira e disparou, acertando no meio da cabeça do animal. Aquela cabeça não serviu mais para nada. Correu, e “sangrou” o bicho, esperando que a sangria terminasse ali mesmo.

Após muita luta para carregar o bicho morto (por conta do tamanho e do peso), Vovô finalmente chegou em casa.

– Véi, você matou o disgramado?!

– Ora véia, o bicho tava ressonado de tanta batata que comeu. Fiz a mira no meio da cabeça, puxei o disparador, e atirei. Foi só um tiro, e peibufo!

 

 

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 30 de maio de 2018

A GREVE DOS CAMINHONEIROS

 

Nem todos dependem dos caminhoneiros

A greve dos caminhoneiros pode ter sido apenas um palito de fósforo riscado num cordão de pólvora. Não se iludam aqueles que ainda não viram muitas coisas. Entre outras coisas, esse movimento paredista serviu para mostrar que o País está à deriva. Sem comandante, e agora sem combustível (em muitos sentidos).

Não. O Brasil não está à beira de uma catástrofe. O país já é uma catástrofe – espiada e expiada por todos os poderes. Parece “pau de dar em doido”, ou como disse um dia Ibrahim Sued, “o samba do crioulo doido”.
Ficou visível que, por qualquer “dá cá mil réis”, as Forças Armadas são acionadas – o que evidencia que, neste momento, alguém quer empurrar goela do povo à baixo, que “só as Forças Armadas” merecem e impõem respeito. E aí é que “espirra” de todos os narizes, a falta de um comandante neste País.

Precisamos voltar a usar os nossos bois sem que seja só para comer a carne

Tenho estreita e perene ligação com a roça, com a vida rural, com as coisas das capoeiras abertas ao pastar do gado, ao relinchar dos jumentos e aos toques dos chocalhos dos bodes e cabras.

Não desdenho nem condeno a preferência de ninguém, mas prefiro um fim de semana numa fazenda, na roça, que nos restaurantes luxuosos de Paris ou de New York. Quem quiser que curta seus vinhos das melhores e diferentes castas. Eu me inebrio mais com o barulho ordenado e louvável da cigarra. E me dá uma vontade enorme de orgasmo, ouvindo o relinchar do jumento querendo subir na parceira. Aquele relinchar resfolegante dele tem o verdadeiro som da natureza e dos campos.

Ainda não descobri como uma greve de caminhoneiros pode afetar o meu dia ou a minha vida. Mas, infelizmente, vejo e percebo o drama de pessoas, apenas pelo fato de que, no posto não tem gasolina ou que no depósito faltou o gás de cozinha.

Nesse caso, entendo, muitos trocam os significados e a importância de várias coisas. Deixa de ser “gasolina” para ser “combustível”, no sentido de que é vital e importante para tudo. Se não tiver gasolina no posto ou no tanque do seu carro, você não consegue rezar, você não consegue fazer um bom sexo, e provavelmente você não conseguirá dar uma boa cagada. Tudo exagero.

– Gente, o comerciante está roubando: está cobrando R$150,00 num botijão de gás butano!

Mas, espere, quem rouba você, é o comerciante ou você que aceita pagar esse valor para resolver um problema que pode ter outra solução?

Se você tiver uma família pequena, com R$150,00 você compra pelo menos 7 “bandecos”. Ou pode comprar um fogareiro a carvão ou ainda uma churrasqueira elétrica. São muitas as opções de solução, sem que, necessariamente, te leve ao desespero.

E aí você responde: mas um botijão de gás atende suas necessidades em quase um mês.
Pode ser. Mas o pior é você alimentar uma roubalheira que pode estar prejudicando a você e a muitos. Como dizem os “aproveitadores” do Judiciário, “você cria uma jurisprudência”.

Como se tudo que gerou a greve não fosse suficiente – as estradas brasileiras são assim

Dizer aqui que a greve teve objetivo político, eu não digo. Deixo a critério das instituições que existem para investigar, e dizer sim ou não. Inicialmente, a reivindicação sinalizou para o “preço do óleo diesel”. O “Governo” foi quem acenou com o corte de alguns insumos – ou a transferência desses para outros itens de consumo da população.

Não se falou – inicialmente – em reivindicações na direção do aumento de tarifas dos fretes ou coisa parecida, e até um item muito forte que atrapalha não apenas a vida dos caminhoneiros, mas de toda a população: a qualidade das estradas brasileiras.

Infelizmente, a incompetência dos gestores só vislumbra uma solução: dar esmola com o chapéu dos outros, botando direto no furico do povo consumidor. E aí vem o aumento do gás de cozinha, da própria gasolina, do etanol (sem que necessariamente ninguém tenha “tocado” nesse combustível).

As televisões mostraram cenas hilárias. Filas e mais filas de pessoas com galões (não é algo proibido?) esperando nos postos – e para pagar o valor cobrado sem qualquer chiadeira. Além disso, uma “dona de casa” comprando de uma vez só, 20 pés de alface. O brasileiro precisa ser realmente estudado pela NASA. Ô povinho bosta!

 

 

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 24 de maio de 2018

BRANCO, A COR DA PAZ

 

Bandeira com o branco da Paz

Bandeira branca, amor
Não posso mais
Pela saudade
Que me invade
Eu peço Paz.

Amigos, a quantas anda o mundo?

Por que, e para que tantos tiros, tantas balas, tantas guerras e tantas mortes?

Que resultado prático isso nos traz?

Será que já não passa da hora de tentarmos agir em prol da Paz e da vida?

Não bastam as mortes naturais, por doenças, por envelhecimento e por tantas outras causas que ceifam vidas?

A pomba branca da Paz

Se eu quiser falar com Deus,
Tenho que ficar a sós,
Tenho que apagar a luz,
Tenho que calar a voz,
Tenho que encontrar a Paz,
Tenho que folgar os nós.

Sou cético. Nas minhas limitações de raciocínio e conhecimentos, entendo que apenas a família, sem as invenções paradisíacas sazonais (entender que é “normal” dar o rabo, por exemplo) que contaminam as ações a caminho de mudanças reais, pode mudar o atual panorama. É na família que tudo começa.

Família, assim como mãe, é igual em Recife, em Curitiba, em Montreal, em Santiago, em Paris ou em qualquer uma das coréias. Ela (a família) é a célula-mater de tudo.

E, exatamente por conta desse meu convencimento, entendo que, pelo menos no Brasil, tudo começou a caminhar para esse abismo em que estamos, quando as mães aceitaram a ideia de “terem que sair de casa para ajudar na despesa da casa.” Tudo começou aí. Os filhos ficaram sem guarda, sem vigia, sem direção – e para onde estão hoje, foi uma viagem pequena e rápida.

Quem hoje olha para Israel e outros países daquele continente, se mudar o olho e espiar para o Rio de Janeiro e algumas capitais do nordeste, vai perceber que, apenas a forma de matar é diferente. Lá, o motivo é político. Aqui, o motivo é o domínio do rendoso investimento da vendas das drogas.

A Paz transmitida pelo lobo-branco

Lobo-branco (nome científico:Canis lupus) é uma espécie de mamífero canídeo do gênero Canis. É um sobrevivente da Era do Gelo, originário do Pleistoceno Superior, cerca de 300 mil anos atrás. É o maior membro remanescente selvagem da família canidae. O sequenciamento de DNA e estudos genéticos reafirmam que o lobo é ancestral do cão doméstico (Canis lupus familiaris), contudo alguns aspectos desta afirmação têm sido questionados recentemente.” (Transcrito do Wikipédia)

Não é de bom alvitre esquecer a luta pela vida. Em alguns países os regimes políticos-administrativos são a causa maior da “guerra pela sobrevivência” travada pelo ser humano. Uns contra outros – às vezes sem conhecimento do que lhes motiva.

Olhemos para Darfur, no Sudão. Mas não deixemos que nossos olhos e nossas vontades não olhem para a Venezuela. Tão rica e ao mesmo tempo tão pobre – está virando um novo Darfur.

Aparentemente dócil o urso-branco só transmite Paz

O urso-polar (nome científico: Ursus maritimus), também conhecido como urso-branco, é uma espécie de mamífero carnívoro da família Ursidae encontrada no círculo polar Ártico. Ele é o maior carnívoro terrestre conhecido e também o maior urso, juntamente com o urso-de-kodiak, que tem aproximadamente o mesmo tamanho. Embora esteja relacionado com o urso-pardo, esta espécie evoluiu para ocupar um estreito nicho ecológico, com muitas características morfológicas adaptadas para as baixas temperaturas, para se mover sobre neve, gelo e na água, e para caçar focas, que compreende a maior porção de sua dieta.

A espécie está classificada como “vulnerável” pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), com oito das dezenove subpopulações em declínio. Entre as ameaças que atingem o urso estão o desenvolvimento da região com a exploração de petróleo e gás natural, contaminação por poluentes, caça predatória e efeitos da mudança climática no habitat. Por centenas de anos, o urso-polar têm sido uma figura chave na vida cultural, espiritual e material dos povos indígenas do Ártico, aparecendo em muitas lendas e contos desses povos.” (Transcrito do Wikipédia)

A bandeira içada como primeira foto, é algo que tem que ser feito por nós. Devemos nos mirar e tirar como exemplos, os entreveros iniciais, quando, brincando, discordamos desse ou daquele conceito e dessas atitudes não tão politicamente corretas, e, com vendas grossas, permitimos que a bactéria das desavenças nos contaminem em defesas de políticos que sequer sabem da nossa existência.

A agora inimizade, cresceu como uma bola de neve. Criou ranços, e você perdeu uma amizade em defesa, muitas vezes, de um político vagabundo qualquer.

Com certeza, não foi em nada diferente desse pequeno começo, que as muitas guerras tiveram início. Tá passando da hora de conhecer o branco da bandeira.

 

 

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 16 de maio de 2018

FORTALEZA, A ESPOSA DO SOL

 

 

Lavei a burra. É assim, e sempre será essa, a forma de falar no Ceará, quando tudo dá certo. Quando todo o “planejamento” acontece sem desvios.

Dei uma volta rápida em Fortaleza para “matar a saudade” e rever familiares – pena que muitas coisas vividas no passado, já não estejam nos mesmos lugares. Pena maior, que algumas amizades já tenham partido para o convívio com as estrelas – certamente será por conta disso que o firmamento está mais brilhante.

Meus olhos viram e meu coração aceitou: a cidade não é mais a mesma de cinco dezenas de anos atrás, mas continua desposada do sol. Cresceu. Cresceu muito e virou mania nacional e preferência internacional.

Administrativamente (provavelmente por ser Brasil, e por ter maioria de brasileiros) tem problemas; tem desgastes, tem carências em quase todas as áreas. Mas, reconheço, evoluiu muito, e está próxima de atingir o desejável.

Provavelmente por conta do crescimento populacional e urbanístico, teve crescimento paralelo na insegurança pública – um dos maiores problemas do Brasil inteiro.

Ficou evidente que, “policiar, não basta”. Há que ter radicalismo nesse item, principalmente para imposição de limites, de direitos do ser humano e de caminho reto e pedagógico para a cidadania.

Diferente disso não se vai a lugar algum.

Praça do Ferreira

“Praça do Ferreira é uma praça situada no Centro da cidade de Fortaleza, capital do estado do Ceará. Possui uma área de 7.603 metros quadrados. Seu nome é referência ao Boticário Ferreira que em 1871, enquanto presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, fez uma reforma na área e urbanizou o espaço. Após séries de pesquisas, a Praça do Ferreira foi oficialmente declarada Marco Histórico e Patrimonial de Fortaleza pela lei municipal 8605 de 20 de dezembro de 2001. Em 1839 era apenas um campo de areia com um grande poço no centro, que funcionou até 1920, quando o então prefeito Godofredo Maciel deu início a reforma.

O local é bastante conhecido pelo seu relógio, que é localizado no centro da praça. O relógio foi construído em 1933, foi projetado pelo engenheiro José Gonsalves da Justa, durante a gestão municipal de Raimundo Girão, em estilo Arte-Decó. Ficou popularmente conhecido como Coluna da Hora, mas em 1967 foi derrubado. Vindo a ser construída novamente em 1991, bastante diferente da primeira — que possuía estilo “Art Dèco” de cimento e pó de pedra — mas também significativa.” (Transcrito do Wikipédia)

A Praça do Ferreira continua como “ponto de encontro” de pessoas e referência urbanística no centro da capital cearense. Nos últimos anos, entretanto, passou a sofrer vandalismo e, também, a ser local preferido dos zumbis usuários de drogas – vez por outra sofre também intervenção policial para “limpeza geral”.

Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) é um centro cultural, um dos maiores do Brasil, localizado em Fortaleza, Ceará. São 30 mil metros quadrados de área dedicada à arte e à cultura, com atrações como o Museu da Cultura Cearense, o Museu de Arte Contemporânea do Ceará, Planetário Rubens de Azevedo, Teatro Dragão do Mar, Salas do Cinema do Dragão – Fundação Joaquim Nabuco, Anfiteatro Sérgio Mota, Espaço Rogaciano Leite Filho, Biblioteca Leonilson, Auditório, Multigalerias e espaços para exposições itinerantes e Parque Verde.

O centro é vinculado ao Porto Iracema das Artes, à Biblioteca Pública Menezes Pimentel e à Escola de Artes e Ofícios Thomas Pompeu Sobrinho. Há ainda a Praça Verde, que abriga mais de quatro mil pessoas e também grandes shows nacionais e internacionais. O Centro Dragão do Mar é um espaço destinado ao encontro das pessoas, ao fomento e à difusão da arte e da cultura. O espaço foi idealizado pelo então secretário da Cultura e atual Presidente do Instituto Dragão do Mar, o jornalista Paulo Linhares, e o então Governador do Estado do Ceará, Ciro Gomes, na década de 90. O espaço foi entregue à população pelo governador Tasso Jereissati, em 28 de abril de 1999.

O Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC), também chamado de Instituto Dragão do Mar, foi a primeira Organização Social (OS) criada no Brasil na área da Cultura. Vinculado à Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, o Instituto Dragão do Mar é atualmente responsável por gerenciar os quatro equipamentos culturais associados: Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Porto Iracema das Artes, Escola de Artes e Ofícios Thomé Pompeu Sobrinho e Centro Cultural Bom Jardim.

O complexo foi batizado de Dragão do Mar em homenagem ao histórico personagem cearense Chico da Matilde, jangadeiro símbolo do movimento abolicionista no estado, que, em 1881 recusou-se a transportar escravos para serem vendidos no sul do país. (Transcrito do Wikipédia)

Eu ainda não conhecia “localmente” o Dragão do Mar. Mesmo agora, não deu para conhece-lo integralmente, haja vista que a visita aconteceu durante a noite, período em que parte desses equipamentos estão “fechados” – mas, o que funciona no período noturno foi demoradamente visitado. E aprovado.

Nas imediações do Dragão do Mar está sendo construído um aquário, que passou a sofrer intervenções jurídicas em função de entraves burocráticos. Quando for inaugurado, vai chamar a atenção, principalmente dos turistas que visitam a capital cearense. Como em outras capitais nordestinas, funcionam a todo vapor os carros elétricos, os bicicletários e outros bens que se tornaram comuns e de fácil acesso.

O Dragão do Mar está chamando a atenção dos visitantes, principalmente pelo atendimento colocado à disposição dos clientes de bares, cinemas e restaurantes. Coisa de primeiro mundo.

Shopping Iguatemi

“O Iguatemi Fortaleza é um shopping center de grande porte da cidade de Fortaleza, capital do estado brasileiro do Ceará. É de propriedade do empresário Tasso Jereissati, e considerado o segundo maior shopping do Ceará em ABL (Área Bruta Locável), com 92.000 m². Possui 26 lojas âncoras e mega lojas: Lojas Americanas, C&A, Renner, Riachuelo, Forever 21, Centauro, Ri Happy, Saraiva, Extra, UCI Kinoplex, Fast Shop, Magazine Luiza, Nagem, PB Kids, Polishop, Rabelo, Ricardo Eletro, Casas Bahia, Camicado, Kalunga, Le Biscuit, Macavi Conceito, Polo Wear, Sapataria Nova, Zara e Zara Home.

O Iguatemi Fortaleza foi inaugurado em 2 de abril de 1982. Um dos primeiros shoppings do estado do Ceará, foi considerado um marco do varejo neste mercado. O bairro Edson Queiroz, onde o shopping foi construído, era deslocado da principal região de compras da cidade, pois o comércio de Fortaleza concentrava-se, até então, no Centro da cidade e na Aldeota. O Iguatemi fortaleceu o polo de atrações implantadas na região, iniciado pela vizinha Unifor, desenvolvendo o processo de ocupação da área vizinha. Hoje, o local em que se localiza o Shopping Center Iguatemi e seu entorno, o bairro Guararapes, é uma das áreas mais valorizadas e arborizadas da cidade de Fortaleza, tendo cada vez mais atraído a construção de edifícios residenciais de alto padrão.

Em 1992, foi feita a primeira expansão, que quase dobrou seu número de lojas, com arquitetura inovadora, utilizando coberta de vidro em área de passeio interno. Novas lojas surgiam, totalizando, naquele momento, 240. Uma nova praça de alimentação e três novas salas de cinema foram construídas. No ano de 1995, foi inaugurada a loja C&A e, em 1999, o Hipermercado Extra entrou na quarta ampliação.” (Transcrito do Wikipédia)

Visitei também o Iguatemi. Funciona tudo, funciona fácil e com toda praticidade. Lojas modernas (e provavelmente por conta disso, os preços não são tão acessíveis) com bom atendimento. Muito bem servido de transporte de qualidade e amplo e seguro estacionamento para quem dirige seu próprio veículo.

Excelente Praça de Alimentação, com destaque para culinária nordestina, sem deixar de fora a culinária dos “gringos” – e às vezes, até com atendimento bilíngue pelos garçons. Há quem garanta que isso não é algo tão recente para ser novidade. Eu, apenas eu, provavelmente não conhecia.

Estação João Felipe – Museu Familly Search

A Estação Professor João Felipe é antiga. Existe há anos e está localizada numa praça onde se inicia a Rua Senador Pompeu, a maior rua do mundo, com mais de 70 kms. Por longos anos, abrigou a Estação de Trens da RVC (Rede Viação Cearense), extinta há mais de 30 anos. Este desativada por cotna da extinção dos trens por linhas do centro da capital cearense.

Por anos, abrigou numa das laterais, a ZBM (Zona do Baixo Meretrício) de Fortaleza, contígua à Cadeia Pública – nesses tempos, era apenas uma – e nos fundos da Santa Casa de Misericórdia.

Isso tudo, dito dessa forma, não significa muita coisa, e não configura qualquer novidade.

Mas, há uma grande novidade, sim. É na Estação João Felipe que está sendo instalada uma franquia, ou representação (como queiram definir) do Museu Familly Search, o maior e mais completo centro de informação de “árvore genealógica” do mundo, totalmente virtual, com registros de todas as famílias que têm assento no planeta Terra – independentemente de qual país ou data tenha nascido.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 10 de maio de 2018

O BRASIL QUE EU QUERIA

 

Usina Hidrelétrica de Itaipu – obras iniciadas e concluídas pela “ditadura militar”

O Brasil é um país excêntrico – cheio de gente que, com febre, chupa manga e ainda bebe leite, ainda que seja nas tetas das namoradas. Há quem garanta que deveríamos ser estudados detalhadamente pela NASA, para ver o que há de errado conosco ou de muito bom que nos faz pessoas diferentes de todos os outros habitantes da Terra.

Teimamos em afirmar que “somos um país do terceiro mundo”. Mentira. Dando uma ajudinha, poderíamos chegar ao “décimo mundo”.

Nosso povo é quem faz deste país, um país excêntrico. Há quatro anos atrás, por uma imensa maioria, o “povo brasileiro” reelegeu essa sumidade, exemplo de retidão e inteligência, batizada com o nome de Dilma Cavan. A senhora “Cavan” costurou (ou teria sido o Dr. Pirassununga?) uma chapa, a da reeleição, tendo como “vice”, o “temido” Michel, que nos dias atuais vive “tremendo”, parecendo um início de doença de Parkinson. Hoje, quem “elegeu” Michel vive querendo que ele se ferre.

Fazemos uma rápida parada, na sequência do assunto, para informar que, por longos anos vivemos um regime político-administrativo de exceção. Ditadura, para melhor definir e satisfazer à grande maioria que, como eu, viveu aqueles dias difíceis.

Pois, que tenhamos gostado ou não, que tenhamos sofrido ou não, que tenhamos sido sufocados ou não, que tenhamos sofrido nas mãos dos militares ou não – mas, ainda que diante de tudo isso, temos moral e condição para dizer que, desde que a “democracia” brasileira está instalada, só temos caminhado para trás. É só roubalheira. Não tenho condição para afirmar se o regime militar de exceção “roubou” ou não. Se isso aconteceu, aconteceu tão por debaixo dos panos, que ninguém tem condição de provar.

Mas, sinceramente, há algo que podemos comprovar: houve sim, algum tipo de “crescimento”. Vejamos o caso da construção e operacionalidade da Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional – iniciada e concluída por dois países que, na época viviam sob regime ditatorial.

“A Usina Hidrelétrica de Itaipu (em espanhol: Itaipú, em guarani: Itaipu) é uma usina hidrelétrica binacional localizada no Rio Paraná, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. A barragem foi construída pelos dois países entre 1975 e 1982, período em que ambos eram governados por ditaduras militares. O nome Itaipu foi tirado de uma ilha que existia perto do local de construção. Na família linguística tupi-guarani, o termo significa “pedra na qual a água faz barulho”, através da junção dos termos itá (pedra), i (água) e pu (barulho).

A Itaipu Binacional, operadora da usina, é a líder mundial em produção de energia limpa e renovável, tendo produzido mais de 2,5 bilhões de megawatts-hora (MWh) desde o início de sua operação. A Hidrelétrica das Três Gargantas, na China, produziu cerca de 800 milhões de MWh desde o início de sua operação, com uma potência instalada 60% maior do que a de Itaipu (22.500 MW contra 14.000 MW). Em termos de recorde anual de produção de energia, a usina de Itaipu ocupa o primeiro lugar ao superar seu próprio recorde que era de 98,6 milhões de MWh. Em 2016, a usina de Itaipu Binacional realizou um feito histórico ao produzir, em um único ano calendário, mais de 100 milhões de MWh de energia limpa e renovável. No total, em 2016, foram produzidos 103.098.366 MWh de energia.

O seu lago possui uma área de 1.350 km2, indo de Foz do Iguaçu, no Brasil e Ciudad del Este, no Paraguai, até Guaíra e Salto del Guairá, 150 km ao norte. Possuindo 20 unidades geradoras de 700 MW cada e projeto hidráulico de 118 m, Itaipu tem uma potência de geração (capacidade) de 14.000 MW. É um empreendimento binacional administrado por Brasil e Paraguai no rio Paraná na seção de fronteira entre os dois países, a 15 km ao norte da Ponte da Amizade.” (Transcrito do Wikipédia)

Usina de Belo Monte que está sendo construída pela “democracia” sem data para ser concluída

Está absolutamente correto que disser que, se essa “democracia” que está instalada no Brasil a partir de Tancredo Neves e Zé Sarney até chegar nos dias de hoje, essa Itaipu Binacional ainda estaria pela metade, somando uma montanha de aditivos e com valor aumentado em pelo menos umas vinte vezes. Tal como a transposição do rio São Francisco.

E faço então uma pergunta: alguém sabe da imensidão de problemas de todos os tipos (sem contar a evidente e profana corrupção), que está provocando a obra da Usina de Belo Monte, iniciada pelo Governo brasileiro em pleno “regime democrático”?

“A Usina de Belo Monte está sendo construída na bacia do Rio Xingu, próximo ao município de Altamira, no sudoeste do estado Pará.

Sua potência instalada será de 11 233 megawatt mas, por operar com reservatório muito reduzido, deverá produzir efetivamente cerca de 4 500 MW (39,5 TWh por ano) em média ao longo do ano, o que representa aproximadamente 10% do consumo nacional (388 TWh em 2009). Em potência instalada, a usina de Belo Monte será a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás apenas da chinesa Três Gargantas (20 300 MW) e da brasileira/ paraguaia Itaipu (14 000 MW). Será a maior usina hidrelétrica inteiramente brasileira.

O lago da usina terá uma área de 516 km² (1/10 000 da área da Amazônia Legal), ou seja 0,115 km³ por MW efetivo. Seu custo foi estimado pela concessionária em R$ 26 bilhões, ou seja R$ 5,7 milhões por MW efetivo. O leilão para construção e operação da usina foi realizado em abril de 2010 e vencido pelo Consórcio Norte Energia com lance de R$ 77,00 por MWh. O contrato de concessão foi assinado em 26 de agosto do mesmo ano e o de obras civis em 18 de fevereiro de 2011. O início de operação da usina estava previsto para 2015.

Desde seu início, o projeto de Belo Monte encontrou forte oposição de ambientalistas brasileiros e internacionais, de algumas comunidades indígenas locais e de membros da Igreja Católica. Essa oposição levou a sucessivas reduções do escopo do projeto, que originalmente previa outras barragens rio acima e uma área alagada total muito maior. Em 2008, o CNPE decidiu que Belo Monte seria a única usina hidrelétrica do Rio Xingu.

Em novembro de 2017, a usina estava com mais de 96% das obras concluídas e 12 de suas 24 turbinas produzindo energia em operação comercial. Belo Monte havia exigido, até o momento, R$ 38,6 bilhões de investimentos públicos e privados. A previsão é que a última turbina entre em operação em julho de 2020, tendo como capacidade total de geração 11.233 megawatts (MW) e 4.571 MW de energia assegurada, quantidade que pode ser comercializada pela empresa, que poderá atender 60 milhões de consumidores de 17 estados.”(Transcrito do Wikipédia)


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 03 de maio de 2018

UM FERIADO NO PARQUE

 

Minha bicicleta Monark pronta para o passeio

 

Dia 1 de maio. Feriado mundial dedicado ao trabalhador. Era um dia apropriado para um passeio no Parque, quando ainda não havia uma família formada – nesse caso, eu era o meu próprio pai. Eu me levava para o passeio e para a diversão.

Sem VLT, sem trens de Metrô e sem tantos meios de transportes que existem hoje, era bom e saudável pedalar a bicicleta. Fortalecia os músculos das panturrilhas, e queimava o excesso de gordura do fígado, além de “botar para fora” a cerveja consumida de forma sedentária nos dias da semana.

Uma Monark antiga, bem cuidada. Câmaras dos pneus testadas, selim ajustado, campainha da sirene também lubrificada, e lá ia eu na direção do Parque.

Pedalando, pedalando e lá estava eu chegando ao Parque, numa hora em que muitas famílias começavam a abrir as toalhas para as cestas com os vários lanches. Guaraná Wilson, Guaraná Taí, Mirinda, Grapette e Guaraná Kciki. Pão com queijo – ainda não existia o “pão de forma” – maçãs, bananas e o que mais alguém pudesse comprar naqueles tempos maravilhosos que não voltam mais.

Eu, continuava comendo minhas pipocas. Alguns metros depois da carrocinha do Pipoqueiro, outra carrocinha. Agora com um senhor de meia idade fazendo churros com recheio de leite condensado. As abelhas, provavelmente pelo cheiro de baunilha da mistura que se espalhava, atazanavam a vida daquele que ganhava o sustento da família fazendo a alegria das crianças. E eu ainda não era tão “velho” assim.

Pedalar e passear comendo pipocas – prazer sem igual

Pipocas comidas. Churros, idem. Continuo pedalando, vez por outra parando nas maravilhosas sombras das árvores para descansar as pernas.

De longe, observo um jovem pai jogando bola de borracha, provavelmente com um filho. No mesmo “magote” familiar, duas meninas pulam corda. De repente, aquela que parecia ser a mãe das duas crianças, pede para pular também. E pula, e pula e pula – provavelmente revivendo momentos da infância dela.

Depois das pipocas veio o churro

 

Comi bem devagar, três churros. Deliciosos, mas apenas o primeiro estava quente, o que acabou mudando o estágio do leite condensado.

Resolvi sair da sombra e continuar pedalando a Monark. Já havia mais famílias no Parque e continuava chegando, à medida que o tempo passava. Mais famílias, mais bicicletas e mais vendedores ambulantes – para alegria das crianças e “martírio” de alguns pais.

Pedalei por mais uns quinze minutos, quando resolvi parar por mais algum tempo. De longe avistei um vendedor de picolés e fui ao encontro dele.

Sabores de maracujá, morango, abacate e acerola. Não tinha mais murici, nem graviola. Tomei um, tomei dois, tomei três. A cada dezena de minutos que passava, o sol se tornava mais causticante, me fazendo relembrar que, dali do Parque até minha casa, eu ainda precisaria pedalar mais alguns minutos.

 

Picolés para completar o passeio relembrando a infância distante

Era o tempo suficiente para completar a minha manhã de lazer.

Parecendo um momento inoportuno, a campainha do apartamento toca, e eu acordo do sonho que parecia profundo – muito bom, a gente relembrar as coisas e a vida da infância. Ainda que apenas em sonho.

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo terça, 01 de maio de 2018

LUCIDEZ AOS 75

 

 

 

 

Cheguei. Caminho difícil, repleto de obstáculos, mas cheguei. Não tenho um mínimo de dúvida, que, se cheguei, foi graças ao bom e generoso Deus, que tudo sabe, tudo pode, e tudo quer de bom para todos nós.

Não fosse Ele, não sei não, visse!…

Lembro que, em 31 de março de 1964 eu tinha “apenas” 21 anos. Foram outros tantos 21 anos de percalços, enfrentamento e vida muito difícil.

Mas, quem anda com Deus, não teme distância nem as “pedras no caminho”.

Terceiro filho de Dona Jordina Gurgel Ramos, e do Senhor Alfredo de Oliveira Ramos, nascido em 30 de abril de 1943, em Pacajus/CE, com passagem pelo Grupo Municipal São Gerardo no tempo que nem se sonhava em Ônibus Escolar e/ou Merenda Escolar, mas onde se cantava o Hino Nacional Brasileiro todos os dias antes do início das aulas; e depois, por mais 7 anos no Liceu do Ceará, onde se fazia provas mensais e ao final de cada semestre – escrita e oral; depois, duas universidades.

Foi ali, no Liceu do Ceará, há mais de 50 anos, que aprendi a compreender os dias de hoje – onde o jovem não tem compromisso sequer consigo próprio, desconhece e desrespeita a família, e, com certeza, será “tragado” pelo redemoinho do futuro.

Cheguei aos 75 anos, sem fazer nada de que me envergonhe, ou aos familiares. Nunca. Faria tudo de novo, inclusive o envolvimento político/ideológico de 64/65/66.

Cinco filhos. Duas cariocas e três maranhenses. Só eu sei como, e por que saí de Fortaleza para o Rio de Janeiro. Não foi fácil – e, infelizmente, há quem cobre postura diferente da que tive. Prefiro que seja assim. O que enfrentei para cumprir o meu papel, levarei comigo quando voltar ao pó que, tenho ciência, não está tão distante. Melhor assim – mas, nem por um segundinho deixarei de acreditar em Deus, que tudo viu, tudo vê e tudo compreenderá.

Além do Pai Divino, não poderia omitir o apoio de quem me ajudou a chegar até aqui, hoje. Não tenho posses materiais para “pagar”, mas tenho respeito e consideração.

Cardíaco, hipertenso (revascularizado), mas lúcido com a bênção de Deus.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 26 de abril de 2018

A PREGUIÇA DA JAQUEIRA

 

 

Bicho preguiça no laborioso descanso

A Preguiça – “Folivora é uma subordem de mamíferos, da ordem Pilosa, cujas espécies são conhecidas popularmente por preguiça, bicho-preguiça, aí, aígue e cabeluda.

Todos os dedos têm garras longas pelas quais a preguiça se pendura aos galhos das árvores, com o dorso para baixo. Seu nome advém do metabolismo muito lento do seu organismo, responsável pelos seus movimentos extremamente lentos. É um animal de pelos longos, que vive na copa das árvores de florestas tropicais desde a América Central até o norte da Argentina. Na Mata Atlântica, o animal se alimenta dos frutos da Cecropia (a embaúba, conhecida, por isto, como árvore-da-preguiça).

De hábitos solitários, a preguiça tem, como defesa, sua camuflagem e suas garras. Para se alimentar, a preguiça utiliza-se de “dentes” que se apresentam em forma de uma pequena serra. Herbívoro, tem hábitos alimentares restritos, o que torna difícil sua manutenção em cativeiro. Dorme cerca de catorze horas por dia, também pendurada nas árvores. Na reprodução, dá apenas uma cria. Apenas a fêmea cuida do filhote. Reproduz-se, como tudo que faz, na copa das árvores. Raramente desce ao chão, apenas aproximadamente a cada sete dias para fazer as suas necessidades fisiológicas. O seu principal predador é a onça-pintada.” (Transcrito do Wikipédia)

O “causo” aconteceu anos atrás. A divisão imaginária dos povoados Queimadas e Guaiúba, ambos pertencentes ao município de Pacajus, era marcada por uma frondosa jaqueira, fonte de alimento dos passantes e moradores da localidade. Há quem coma a polpa da fruta, e utilize, também, a semente. Cozida, para comer “in natura” ou fazer bolo e acompanhamento para carnes cozidas.

Independentemente de chamar atenção pela quantidade de frutos, todos os anos, a jaqueira se tornou importante, por abrigar durante anos, uma inquilina até então estranha aos moradores. Era uma “preguiça”, logo apelidada de “Zabelinha”. Maria Isabel Nogueira, a “Zabelinha”, que parecia ter nascido idosa, com certeza era a pessoa mais “preguiçosa” que já viveu naquelas paragens. Como se dizia, “não dava um prego numa barra de sabão, e tinha preguiça até para comer.”

Zabelinha era a atração da “divisa”. Muitos afirmavam que, quando Zabelinha morresse, a jaqueira pararia de frutificar; que o caroço da jaca viraria ouro; e que fazia amor com um lobisomem em noites de lua cheia.

Como dito nas informações acima, Zabelinha só descia da jaqueira para fazer necessidades fisiológicas. E foi assim, por conta da descida de Zabelinha que, certo dia, se teve notícias que a jaqueira parou de frutificar, morreu, secou e virou lenha para forno de padaria.

Acontece que, por conta da boa sombra da larga copa da jaqueira, muitos a usavam para amarrar os animais. Burros e jumentos com cambitos e outros utensílios.

Certo dia, Zabelinha precisou “jogar o barro fora”. Começou a descer por volta das 9 horas e quando chegou ao tronco, já passava das 11. Cagou. Cagou muito, e até esqueceu que estava cagando, esquecendo também o caminho da volta. Em vez de subir novamente no tronco, preferiu se acomodar num surrão velho colocado num dos caçuás do burro que descansava na sombra. Sem perceber nada, o dono do burro retomou a montaria e foi embora. Levou Zabelinha consigo. Nunca mais Zabelinha teve disposição para voltar. Mas, na jaqueira, sempre aparecia alguém para afirmar que Zabelinha virou churrasco.

Anos depois, a frondosa jaqueira renasceu, novos galhos, mas nunca mais frutificou. Talvez, e muito provavelmente, por preguiça. Arre égua!

* * *

O jumento Brinquedo

Brinquedo o jumento maravilhoso da Vovó

“O Asno (nome científico: Equus africanus asinus) é uma subespécie doméstica do Asno-selvagem-africano. É um mamífero perissodáctilo da família Equidae, cujo nome popular é jumento, jegue, jerico, burro ou ainda asno-doméstico. De tamanho médio (conforme a raça), focinho e orelhas compridas, é utilizado desde a Pré-história como animal de carga. Os ancestrais selvagens dos asnos foram domesticados por volta de 5 000 a.C., praticamente ao mesmo tempo que os cavalos, e, desde então, têm sido utilizados pelos homens como animais de carga e montaria.

No Brasil, o termo “burro” pode designar não a espécie Equus africanus asinus, mas o cruzamento entre essa espécie e a Equus ferus caballus (cavalo) quando resulta num animal de gênero macho, aquilo que em Portugal se designa como “macho”; quando esse mesmo cruzamento resulta num espécime fêmea, é designado como “mula”. Os asnos classificam-se dentro da ordem dos Perissodáctilos, e à família Equidae, à qual também pertencem os cavalos, pertencendo ambos a um único gênero, os Equídeos (Equus).” (Transcrito do Wikipédia)

Lembro como se fosse ontem. Era dia 7 de setembro, feriado nacional no Brasil inteiro. A Guaiúba comemorava realizando alguns eventos que acabaram se tornando tradicionais.

Um desses eventos era uma “Corrida de Jegues”. Tradição na Guaiúba, a “Corrida dos Jegues” já estava atingindo a sua décima terceira edição. A corrida acontecia em duas etapas: manhã, com 50 jumentos escritos; tarde, com apenas os 10 primeiros classificados na competição matinal.

Brinquedo, famoso por ter conquistado duas vezes o primeiro lugar, era o preferido na bolsa de apostas (ninguém apostava dinheiro) e havia quem o considerasse favorito. Sempre.

Quem montava Brinquedo, era Zé Luciano, um dos netos favoritos da minha Avó. Zé Luciano tinha um segredo que, só quem sabia era Brinquedo – os dois eram confidentes. Viviam aos cochichos.

A tática usada por Zé Luciano era: amarrava Brinquedo, bem amarrado e com cabresto curto. Duas vezes por dia Zé Luciano passeava com jumentas no cio, para provocar Brinquedo. Zé Luciano cochichava no ouvido de Brinquedo: “ganhe aquela corrida e eu te deixo passar um dia inteiro com cada uma dessas jumentas.”
No dia da corrida, só dava Brinquedo. A bolsa de apostas recolhia cambitos, caçuás novos, sacas de milho e um bode de 30 kg para o vencedor. Zé Luciano, montado em Brinquedo, cochichava no ouvido do animal: “vamos, aquela jumentinha tá te esperando, vamos”.

Primeiro lugar: Brinquedo!

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 18 de abril de 2018

O FIO DO MACHADO

 

João Buretama afiando o corte do machado

Todo dia era a mesma coisa. Aos primeiros sinais da claridade do novo dia, João Buretama levantava da rede tijubana, retirava a cinza do cachimbo para encher novamente, pegava um pedaço de cuia com água, caminhava para uma latada onde vivia o jumento Brinquedo e começava a amolar o machado.

Bom de corte, o machado velho da luta do dia a dia ficava afiado em minutos. Só então Buretama se encaminhava para a assepsia diária da boca e em seguida caminhava para o café matinal – um pedaço de carne de bode com macaxeira cozida, leite de cabra e café. Era quase um bom almoço para quem logo estaria suando no corte das árvores encomendado pelo proprietário das terras, ou na abertura de mais uma vereda para encurtar distâncias entre os caminhantes.

Pronto para sair para a labuta. No caçuá posto no jumento Brinquedo, uma cabaça com água, uma faca peixeira na bainha, um facão para desbastar o mato no caminho, e um unguento preparado para debelar veneno de cobra, caso fosse picado.

Parar só para comer. Comer o que a velha Raimunda levava – seria perda de tempo caminhar de ida e volta até a casa para almoçar – que não era muito diferente do que comera no café da manhã. Dez minutos, ou um pouco mais para beber água, e dar uma cachimbada.

Esse, por anos, foi o dia a dia de quem, de quatro em quatro anos, no comecinho de outubro, saía de casa a pedido do patrão, e ia votar para eleger uma cambada de filhos da puta que vivem roubando a nação. Sempre foi assim. Jamais será diferente, por gerações e mais gerações.

* * *

A genialidade de Roberto Ricci

Roberto Ricci fazendo mágicas no violão

Entre nós haverá sempre alguém que conversa com Deus. Em qualquer lugar do mundo haverá sempre esse tipo de gente. São os ungidos pelo Pai Celestial.

Lembro que, mais de uma vez, estávamos trabalhando na roça, limpando as ervas daninhas que subiam nas touceiras do milho ou sufocavam as ramas do feijão. Era nossa obrigação cortar a raiz das ervas e tirá-las da matança do feijão e do milho.

E, lembro também, que muitas vezes olhávamos para os céus com aquele azul maravilhoso, sem nenhuma nuvem que pudesse nos “dizer alguma coisa” – as nuvens, no sertão, as vezes se tornam um código decifrável para quem as conhece. Mas, há que conhecer, também, a Natureza de tudo que vive na Terra entre nós.

Por segundos, parávamos para secar o suor salgado que corria pela face, e ouvíamos o aconselhamento da Avó – que conversava com as aves e as árvores como se fossem da mesma espécie. Coisas de Deus.

– Cuide, se avexe que vai chover daqui mais cumpouco!

– Num vai chover não vó, com o céu limpo desse jeito num chove!

– Meu filho, o dizer da Natureza não está nos céus, que muda todo tempo ao gosto do vento. Está na terra, ao nosso lado, e entre nós. Espie aqui a pressa das formigas. Elas sabem mais do que nós!

E minutos depois o tempo mudava, e chovia.

Pois é. A Natureza está entre nós e alguns seres são ungidos. Deus lhes dá mãos, inteligência, humildade e até visão, se não tiver.

Ninguém precisa da visão para fazer o bem. O bem a gente faz é com o coração.

Pois, Deus se faz presente toda vez que ROBERTO RICCI pega o seu violão e mostra que o bem e a obra de Deus não têm limites nem atrapalhos. Filho de Raimundo José de Oliveira Ricci, e Terezinha de Jesus Ricci, Roberto Ricci nasceu em São Luís a 20 de maio de 1966.

Um equívoco no uso de medicamento para debelar um problema passageiro de saúde lhe levou a visão quando tinha pouco mais de um ano de idade. Hoje é considerado um dos maiores músicos instrumentistas do Maranhão – um gênio, para ser bem justo.

“Portador de deficiência visual desde um ano de idade – causada por excesso de medicamentos durante tratamento de saúde – Roberto Ricci é um artista de destaque na música maranhense pelos ritmos e sotaques de bumba-meu-boi que tira do violão com tanta proeza e eficiência. Ricci impressiona ao tirar das cordas do violão sons que se assemelham aos das matracas e pandeirões, além de todos os instrumentos da bateria do carnaval, produzindo todos esses sons sem mudar a afinação do instrumento, levando o público a ter a impressão de estar ouvindo uma orquestra ou mesmo um “batalhão pesado” de um grande grupo de boi. Começou a ter contato com a música com apenas sete anos de idade e desde então não parou mais. Autodidata, afirma não saber como nasceu todo o seu conhecimento musical, diz apenas que ele foi surgindo, o que ainda acontece até hoje. “

“Tudo aconteceu naturalmente, à medida que eu acompanhava os bumbas-bois e as escolas de samba. Nunca fiquei treinando, para ser mais claro, nem pego no violão quando estou em casa. Eu não tenho explicação para isso. É uma coisa espiritual, acho que vim cumprir uma missão aqui. Tenho certeza que não faço sozinho”, afirma.”

 

 

José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 29 de março de 2018

UM OVO PARA CADA LÁGRIMA DE CROCODILO

 

O homem mais honesto na face do planeta terra

Na segunda-feira, 4, os desembargadores federais João Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Victor Luiz dos Santos Laus finalmente bateram o martelo da forma que a sociedade brasileira que gosta da prática do bem entende, e mais uma vez aplicaram o rigor na forma da Lei. Por unanimidade negaram provimento aos embargos de declaração impetrados pela defesa do já condenado Ex-Presidente da República, Luís Inácio da Silva, o Lula.

E a unanimidade (3 a 0) confirma o trânsito em julgado por um colegiado de segunda instância, e, de acordo com a Lei da Ficha Limpa, torna o réu inelegível, pelo menos para as próximas eleições majoritárias.

Apesar da decisão por unanimidade, o caixão de Lula ainda não foi fechado. Há quem ainda tenha coragem de apostar que, no próximo dia 4 de abril, quando julga um pedido de Habeas Corpus, o STF (Supremo Tribunal Federal) possa decidir favorável ao pernambucano que iniciou a derrocada moral do Brasil nos últimos 15 anos, sendo, posteriormente sequenciado pela “cumpanhêra” Dilma Rousseff e complementado pelo companheiro de chapa Michel Temer.

Estranho que, em que pese toda essa situação, as instituições nacionais que são responsáveis pela elaboração e administração das eleições no Brasil (TSE) permitam que um condenado a mais de 12 anos, e réu em vários outros processos esteja a todos pulmões realizando campanha eleitoral antecipada.

Tangido como um verme no Rio Grande do Sul, na segunda-feira e na terça-feira não foi diferente em Sana Catarina, onde os cidadãos de bem da banda brasileira o espantaram com verdadeira chuva de ovos. Como mostra a foto anexada.

Sábado, 31, será o “Dia da Malhação do Judas”

No próximo dia 31 de março, 54 anos terão se passado, desde a noite chuvosa e tensa daquele 31 de março de 1964, em Fortaleza, quando as águas de março formaram corredeiras, e, usando a força da Natureza, mudaram os destinos do Brasil.

No dia 4 de abril, sentados nos confortáveis bancos da Praça do Ferreira, em Fortaleza, de longe, algumas pessoas viram alguns jovens quebrar a vitrine da Loja Rouvani e “tacar fogo” na bandeira brasileira – crime imperdoável que nenhuma revolta justificaria – e destruir outros símbolos.

Pois, agora, num clima totalmente diferente, mas não menos confortável ou favorável, alguns poucos ungidos pelo Executivo na forma dos seus interesses inconfessáveis, no próximo 4 de abril, exatamente 54 anos após, poderão riscar um fósforo – e nem será estranho se, em vez de uma vitrine, novas labaredas possam aparecer e se espalharem em diferentes lugares.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 22 de março de 2018

ELA E ELES

 

O caminho para falar com Deus

“Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós….”

 

 

E a gente sempre quer. Se eu pudesse, não pararia de falar com Ele. Ele é o meu único e melhor seguro – e será sempre a minha suprema corte. Ele, Ele e mais Ele.

E o que eu falaria com Ele?

Falaria, ora! Agradeceria pela vida, pela voz que me dá, pela inteligência que quis em mim e, na sua imensa bondade, ainda a dividiu com outros semelhantes. Agradeceria por acordar todos os dias e conseguir ver a luz e ter disposição para continuar construindo o que me dignifica. E a minha dignidade eu a divido com Ele.

E eu ainda me atreveria a pedir-lhe: Pai, na tua imensa bondade, cuida também de quem está aqui comigo, lendo o que me ajudaste a escrever.

* * *

As obrigações de todo dia

Usado e limpo

Todo dia. O galo cantava, e era acompanhado pelo bode, que berrava alto, produzindo uma sinfonia de bagunça. O caminhar dos bodes, cabras e cabritos no chiqueiro, juntava o tilintar dos chocalhos. O sono e a preguiça não suportavam isso. Tinha que levantar.

Uma caneca de água fria para lavar os olhos e mais um pouco para esfregar os dentes com raspa e pó de juá – o melhor e mais saudável dentifrício do mundo.

O café posto – leite de cabra fervido, beiju de massa de farinha, batata doce cozida, macaxeira, café e algumas vezes, uma espiga de milho cozida.

Breakfeast?

Não. Café de todo dia na roça. Na minha roça. Na roça onde nasci.

Trapos colocados e chapéu posto na cabeça. A direção? As muitas linhas da roça de mandioca e feijão de corda para limpar. Trabalhar até o suor que corria pela testa se transformar em sal. O sal da vida, o sal de mim. Ou, a exteriorização da dignidade de quem sempre será contra os bolsas issos e aquilos da vida de idiotas.

– Ei, você não fez todas as obrigações antes de sair de casa para o trabalho. Vá fazer!

O tom solene poderia causar espanto e dúvida para quem ouvisse aquilo e não morasse na casa da Vovó.

Pois, a “obrigação”, pasmem, era rebolar fora o penico de mijo usado durante a noite. Depois, lavar o penico com uma vassoura de palha e colocá-lo à secar na cabeça de uma estaca.

Tá pensando que a vida na roça é só dedilhar e brincar com celular?

Hammm! Pois sim! E ainda existem uns bestas formais, graduados, mestrados e doutorados, que vivem dizendo que isso é “trabalho forçado”!


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo sexta, 16 de março de 2018

O LIRISMO DA NECESSIDADE

 

A lua anunciando chuva

A noite avisa que vai chegar, e de forma repetida, o dia se despede solene para voltar no dia seguinte, tão logo a noite (que não cansa nunca) precise repousar. Liricamente, surge a lua, por detrás de muitas nuvens como se estivesse dentro de uma redoma fosca.

É o lirismo da lua. E esse lirismo, tal qual poesia de Cora Coralina com todas as rimas métricas, diz para os sábios que, “vai chover”!

Eles. “Eles dizem”!

É lírico. É métrico. É poético em tons que formam uma aurora boreal.

É a chuva que vem!

Só, consciente de que está conversando com Deus, o velho não consegue segurar uma, duas, três e agora um rio de lágrimas – é a chuva que vem!

A brisa, nos seus sons audíveis escreve o lirismo da lua, da chuva que se permite antever. Senado na ponta da calçada de cimento, o velho ri e chora ao mesmo tempo – afinal de contas ele não terá que esperar muito para ver mais uma vez os verdes campos da agora cinzenta Irauçuba.

Irauçuba, município cearense desde 20 de maio de 1957, com certeza é o lugar mais seco, mais árido e mais quente do mundo. Quando o milho nasce, o lavrador não pode deixar de fazer a colheita no dia certo – caso contrário, só apanhará pipocas.

O camaleão vai mudar de cor. Vai sair do cinzento oportunista para entrar no verde da Natureza, esquecendo por alguns tempos o lirismo da necessidade.

Irauçuba

Camaleão (iguana) predomina em Irauçuba

Terra arrasada, cinzenta se tivesse escapado de uma coivara. Tem tempo que é assim a pequena cidade de Irauçuba, transformada município desde o dia 20 de maio de 1957.

De acordo com o último censo do IBGE, foram contadas em 2017, 23.858 pessoas na cidade que mais sofre os castigos da seca – e não há década que não haja seca no Ceará.

É em Irauçuba, pertinho de Sobral, que o verde camaleão (iguana, apra outros) fica cinza. Não há folha verde clorofilada para comer. Só garranchos e 
gravetos.

Mucura “branca” uma das caças de Irauçuba

As piores secas que ocorrem no Ceará, quase sempre afetam primeiro Irauçuba. Prov avelmente por conta disso a agricultura não é ponto forte no município. A agricultura é apenas “familiar”, o que torna a cidade ainda mais acolhedora – por conta de ter a sua terra, a sua lavoura e principalmente por gostar da terra aonde vive e trabalha, o irauçubense é por demais acolhedor – daí ter contribuído para que a cidade seja considerada a “terra da amizade e do descanso”.

Fora da fartura produzida pela agricultura familiar, que depende dos invernos e das chuvas, Irauçuba enfrenta momentos difíceis e muitos moradores sobrevivem da “caça”. Preás, camaleões, mucuras, tatus, teius, porco do mato e outros tantos animais que não fazem falta na fauna brasileira.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 07 de março de 2018

ROLHA DE POÇO

 

Apelidar é algo intrinsecamente ligado ao cearense. O cearense é “mestre” em apelidar, com a vantagem de que, normalmente, o apelido cai no gosto e no uso popular.

Por obra do destino, um dos “mestres” em apelidar e aporrinhar a vida de muita gente, é um papa-jerimum apelidado de Mução. E Mução tem nome próprio e ainda teve a sorte de ter sido gerado apenas pela mãe. Coisas de nordestino e de tempos antigos. Com certeza a senhora mãe de Mução preferiu assim. Rodrigo Vieira Emerenciano é um radialista e humorista brasileiro. Sua principal personagem é o típico matuto nordestino Mução.

Nascido a 8 de outubro de 1976 (41 anos), em Natal, Rio Grande do Norte. Nacionalidade: Brasileiro. Pais: Lina Vieira.

Programa de rádio de grande audiência, é no “Pegadinhas do Mução”, que os dias passam cheios de aporrinhações, risos, piadas e o desfile de apelidos, na grande maioria muito jocosos. Alguém repassa os apelidos e os contatos telefônicos e Mução aciona uma equipe de produção – quando a ligação acontece, não tem quem fique sem rir.

“Boca de talho”, “Rolha de poço” (alguém muito gordo), “Orelha de abano” (alguém que tem orelhas grandes), “Canela de sebite” (alguém com as pernas muito finas), “Tripé” (algum homem de pênis avantajado), “Boca de chuveiro” (alguém que fala cuspindo nos interlocutores), “Ôio de bila” (alguém com os olhos verdes e grandes), “Venta de papagaio” (alguém com nariz grande e torto), “Mão de paca” (alguém com defeito numa das mãos), “Venta de tucano” (alguém com nariz torto para baixo), “Barriga de lama” (alguém com a barriga grande e mole) e mais uns milhares de apelidos, que ficam mais acirrados quando o apelidado se zanga.

 

 Foto 1 – Esse é um exemplo de “Rolha de poço”

* * *

Cu de apertar salame

Dia desses a equipe de produção do Mução ligou para uma cidade do Rio Grande do Sul, indicada por alguns “X-9” e procurou Miguel dos Anzóis Pereira (nome fictício), garantindo que estava precisando de uma indicação para comprar uma boa erva-mate para chimarrão, uma das muitas coisas maravilhosas dos pampas.

A conversa inicial apenas “prepara” o ambiente para, só então, falar no apelido. O apelidado vira uma fera. Xinga até a décima geração de quem ousou passar o apelido e o contato para a aporrinhação de Mução.

Quando o apelidado já está no clima, respondendo todas perguntas, Mução dá o tiro fatal:

– Quer dizer que, chegando aí, é mais fácil encontrar sua casa, se eu perguntar aonde mora o “Cu de apertar salame”?

Salame é um dos melhores tira-gostos dos cervejeiros

O “Cu de apertar salame” não responde nada, e desliga abruptamente. Mução volta a ligar e escuta impropérios os mais cabeludos:

– “Cu de apertar salame” é a tua mãe, seu filho de uma puta. Vá encher o saco do caralho. Me chame de ladrão, de traficante, de qualquer merda, mas, “Cu de apertar salame” pelo amor de Deus não me chame. E volta a desligar, agora com mais violência.

No estúdio a equipe gargalha em alto e bom som.

O que seria mesmo, “Cu de apertar salame”?


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 28 de fevereiro de 2018

A QUARESMA E O MENINO

 

 

 

Menino matando passarinho com estilingue

O que é Quaresma: Quaresma é a designação do período de quarenta dias que antecedem a principal celebração do cristianismo: a Páscoa, a ressurreição de Jesus Cristo, que é comemorada no domingo e praticada desde o século IV.

A Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos, anterior ao Domingo de Páscoa. Durante os quarenta dias que precedem a Semana Santa e a Páscoa, os cristãos dedicam-se à reflexão, a conversão espiritual e se recolhem em oração e penitência para lembrar os 40 dias passados por Jesus no deserto e os sofrimentos que ele suportou na cruz.

Durante a Quaresma a Igreja veste seus ministros com vestimentas de cor roxa, que simboliza tristeza e dor. A quarta-feira de cinzas é um dia usado para lembrar o fim da própria mortalidade. É costume serem realizadas missas onde os fiéis são marcados na testa com cinzas. Essa marca normalmente permanece na testa até o pôr do sol. Esse simbolismo faz parte da tradição demonstrada na Bíblia, onde vários personagens jogavam cinzas nas suas cabeças como prova de arrependimento.

Quando criança, vivendo na roça, seguir e obedecer a religiosidade era uma tradição – também, uma forma de respeitar os ensinamentos religiosos passados pelos mais velhos. Era uma caminhada para a Fé.

Nos quarenta dia da Quaresma nunca foi diferente. Fé e obediência. Religião, amor, fraternidade e a prática constante do bem sem olhar à quem.

Uma das atividades mais praticadas pelos meninos, na roça, é caçar passarinhos. Uma baladeira, um bornal com bastante pedras apropriadas para o uso da baladeira e a sagacidade de não pisar sobre folhas secas – além de chamar a atenção dos pássaros, você pode estar pisando sobre cobras.

Os avós e pais recomendam (na verdade, “proíbem”) para não matar passarinhos durante a Quaresma – e exigem a obediência, cuja inobservância pode resultar em até uma semana de castigo.

Filhotes de passarinhos – ninguém mexe com eles na Quaresma

Passarinhos como xexéu, graúnas, sabiás, rolinhas, corrupião, periquitos e tantos outros, têm vida tranquila na Quaresma, época em que nenhum menino os tira dos ninhos para prender, ainda filhotes, numa gaiola – quando se torna mais fácil domesticar.

Que bom, seria se vivêssemos numa eterna Quaresma!


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 22 de fevereiro de 2018

INTERVENÇÃO FEDERAL

 

 Exército nas ruas – você que frequenta a praia: será que esses três aí são “surfistas”?

Ainda que como medida extrema e de exceção num Estado de direito, a “intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro” já recebeu sinal verde na Câmara Federal e, provavelmente, ainda nesta semana terá aprovação do Senado.

Claro que, se você só conhece o Rio de Janeiro no trecho Aeroporto (Galeão ou Santos Dumont) para o saguão do bom hotel, e as noites dos bons e seguros restaurantes, ou os bares que funcionam nas mansões das casas dos amigos, você está se posicionando contra essa intervenção.

Agora, se você já ficou com cara de bundão por não ter dinheiro para pagar o chopinho que estava tomando no “Feitiço da Vila”, no “Bar do Primo” no Largo do Machado, no Amarelinho ou no Bar Luiz na Rua da Carioca, por que o vagabundinho (quase sempre, nesses casos, um menor de idade é utilizado para fugir da legislação vigente, aprovada com o aval de muitos que você elegeu) fez o raspa em tudo que era seu, e dos amigos da mesa, com certeza vai compreender que a medida pode até ser extrema, mas é necessária.

E os teus documentos que foram levados naquele assaltinho ao táxi quando você trafegava na Linha Vermelha, do Galeão para o Centro, e agora você não pode mais realizar a viagem para Miami, como fica?

O problema, nos dias atuais, amigo, não é a quantidade de assassinos e traficantes que pode morrer em possível confronto com as forças armadas – mas a quantidade de inocentes que já morreu, sem ser traficante, sem ser assaltante e sem ser consumidor de nada, mas foram abatidos com tiros de balas perdidas e trocadas.

Fique atento para isso: se você nasceu de 1980 para cá, e entende que o mundo sempre foi esse que você vive hoje, não espere que o “Interventor” vá usar do poder da intervenção para conseguir um “mandado” e, só assim, entrar na boca de fumo, ou que vá negociar com Marcola para ter acesso aos traficantes. Também não espere que o “Interventor” vá pedir permissão ao Conselheiro Tutelar para apreender os menores envolvidos com os traficantes e trabalhando para eles – e aí entra outro detalhe: o menor pode servir de avião para o traficante, mas não pode “deixar de ir à escola” para ajudar os pais no sustento da família. Quando “trabalha” para carregar a droga até o flat ou apartamento do “barão”, o menor de idade não e stá sendo explorado nem precisaria estar na escola. Típico de brasileiros!

A “intervenção federal” é legal?

A Constituição permite isso?

Não sei. O único livro que provavelmente fala disso que eu vejo, é o VADE MECUM que alguns estudantes carregam colado ao sovaco, mas não o abrem nem para colocar um lembrete dentro. Sou “analfabeto” de avó, avô, pai, mãe e de amigos na matéria Direito. Com certeza os “operadores do Direito” que vivem nas redes sociais cobrando a atuação do Sérgio Moro para prender Aécio Neves, Romero Jucá, Temer, Renan Calheiros, sem saber que esses gozam de foro privilegiado, e não podem ser “operados” por um Juiz de Primeira Instância, sabem mais que eu.

E o que pode acontecer com a “Intervenção Federal”?

Eu também não sei. Mas, na prática, parece que a “cocada boa” (música de Bezerra da Silva) vai ter um açúcar mais caro e os usuários terão que pagar mais caro. O mesmo pode acontecer com a cannabis, que também subirá de preço pela escassez da distribuição, mas vai permitir a alguns fazer um pouco de turismo para comprar diretamente nas lojas de Montevidéu.

Pode garantir o direito e de ir e vir dos inocentes (isso que estão denominando de guerra, não é para matar ninguém – é para tentar permitir que pessoas vivam mais), mas poderá, também, não servir para nada, se você continuar investindo e aplicando suas economias e ganhos no consumo do que está sendo combatido (ainda que nas entrelinhas).


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 15 de fevereiro de 2018

O SANGRAMENTO DA NOITE - DANIEL GONZAGA

 

 

 

Daniel Gonzaga

A tarde terminando bem “na boquinha da noite” (foi assim que eu aprendi a falar e a viver), e eu fico espiando com meus próprios olhos, o sol se esconder, para voltar amanhã – na mesma hora que chegou hoje, clareando o que a vista de todos vê.

Longe, como que querendo tocar a linha do horizonte distante de mim, mas tocando meu coração, a andorinha, em vão, tenta fazer o verão.

O chocalho no bode tilinta no chiqueiro, enquanto o cão, vigiando a porteira, ladra e chora ao mesmo tempo, como se um lobo fosse, uivando – com certeza pela tristeza que o pôr do sol nos remete.

Definitivamente, a noite cai. Cai como se fora um grande pano escuro cobrindo tudo, sem deixar nenhuma luz – e requer o acendimento de lamparinas e lampiões, para que possamos ver que, a claridade tem seus valores, e a escuridão tem seus segredos.

Sobre a mesa simples na sala, atrás de mim, ouço o rádio tocar (me acompanhe):

Sangrando – Daniel Gonzaga – Compositor: Gonzaguinha

Quando eu soltar a minha voz por favor, entenda
Que palavra por palavra eis aqui uma pessoa se entregando
Coração na boca, peito aberto, vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida que eu estou cantando

Quando eu abrir a minha garganta, essa força tanta
Tudo que você ouvir, esteja certa que eu estarei vivendo
Veja o brilho dos meus olhos e o tremor das minhas mãos
E o meu corpo tão suado, transbordando toda raça e emoção

E se eu chorar e o sal molhar o meu sorriso
Não se espante, cante que o teu canto é minha força pra cantar
Quando eu soltar a minha voz por favor entenda
Que é apenas o meu jeito viver
O que é amar…

OBS.: Daniel Gonzaga é filho de Gonzaguinha e, claro, neto de Gonzagão.

 

 

* * *

O tempo está passando para a chegada das águas de março

 

 

Ampulheta diz que o tempo está acabando

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol

É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o Matita Pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira

Falta pouco. Muito pouco. Falta pouco, e quem mostra é a ampulheta do tempo – para aqueles que, imaginando defender o País, se posicionaram do lado errado – para que, finalmente, “Justiça seja feita”.

Os 12 dias úteis concedidos pela legislação estão acabando, e não haverá mais tempo para solicitar uma nova “rebimboca da parafuseta”. O pau vai é cantar e o sol vai nascer quadrado para quem precisa saber que a justiça divina nunca falha. Tarda, mas não falha.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 07 de fevereiro de 2018

O CAMINHANTE NO CAMINHO

Caminhante indo ao encontro do objetivo

No princípio era uma reta. Uma longa reta, descortinada no início do dia. Antevi as curvas que poderiam surgir, as pedras que estariam no caminho formando diversas dificuldades. Me preparei para vencê-las.

Mentalmente medi meu fardo.

Sozinho nunca poderia – como sempre fazemos, recorri à Ele – e comecei a caminhar. Por horas, cansado, cheguei a imaginar que meus pés não tocavam o chão. Senti que meu fardo não era pesado, se acaso alguém estivesse me carregando.

Andei, andei e continuei andando naquela reta que crescia, quanto mais eu andava. O sol esquentava e me fazia ouvir um som forte que me isolava cada vez mais. O suor começava a escorrer – com aquele sal que arde nos olhos – enquanto eu apenas pensava em chegar.

Assim, como que surgindo do nada, uma bifurcação. Parei. Escolhi e fui na direção que mais me pareceu apropriada. E aqui estou, quase 75 anos depois.

Fico às vezes a me perguntar: e se eu, naquela bifurcação tivesse escolhido a outra direção, o outro caminho?

Brasil – país das frescuras e babaquices

Isso é algo que “explore” uma criança?

Alguém já parou para raciocinar e tentar medir a quantidade de frescuras, que nos dias atuais dominam as nossas vidas?

Vejamos:

Temos lei proibindo dirigir veículo ao mesmo tempo que fala ao celular.

Alguém respeita ou cumpre essa lei?

Temos lei proibindo alguém ligar celular ao mesmo tempo que abastece o veículo no posto de gasolina.

Alguém respeita ou cumpre essa lei, ou o frentista fala alguma coisa?

Temos lei que determina o tempo de 30 minutos para alguém permanecer numa fila de banco.

Algum banco cumpre essa lei e você reclama alguma coisa?

Muitas autoridades sabem que, em muitos lugares, pessoas “alugam” crianças para quem desejar entrar numa fila “preferencial” para ser atendido mais rápido.

Você já viu alguma providência a respeito?

Você já viu algum caixa deixar de atender uma pessoa jovem, ou sem direito de usar uma fila preferencial em algum lugar, dizendo que a fila é exclusiva?

Você já viu algum jovem “acordar” quando está sentado num lugar reservado para um idoso?

Você conhece a “vida pregressa” dos conselheiros tutelares “nomeados” para te proibir de castigar os teus filhos quando acha que eles merecem?

A lei proíbe militar portar arma fora do serviço. Algum militar cumpre essa lei?

A lei garante a qualquer cidadão, militar ou não, autoridade ou não, “dar voz de prisão” a um criminoso em flagrante delito.

Você já viu alguém fazer isso e ser atendido e respeitado?

Por que você se acha com o direito de ficar nas redes sociais, dizendo e escrevendo que juiz tal ou fulano é ladrão, é corrupto ou é um canalha?

Por que, apenas o que você “acha” ou “entende” que é verdade tem que ser respeitado?

Por que a lei da maioridade permite alguém com 16 anos, “votar”, decidindo quem vai propor as leis vigentes no País; mas não mas permite que esse mesmo “eleitor menor de idade” seja punido como criminoso?

Finalmente, você já percebeu a quantidade de “recursos” que são permitidos para alguns criminosos – apenas no Brasil! – ainda que cometam crimes flagrados?

O que acontece com o “dinheiro” recebido de multas ou pagamento de fianças determinadas pelos delegados?

Por que você é tão hipócrita, dizendo que criança “tem que estar na escola”, se no Brasil faltam escolas dignas?

Por que você “vive achando” que nenhuma criança pode trabalhar para ajudar os pais no sustento da casa e da família – mas não “acha nada” quando essas mesmas crianças ficam à mercê dos traficantes?

OBSERVAÇÃO: A foto que ilustra esta postagem é apenas uma mostra de que uma criança nem sempre é “explorada” (babaquice de quem afirma isso) quando é chamada a ajudar os pais. Por que você “nunca acha nada”, quando uma criança aparece empunhando um fuzil em qualquer favela


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 31 de janeiro de 2018

RESPEITO?

 

Logomarca da campanha publicitária

Lembro bem (também, a escola daqueles tempos era “outra”) que tudo começava nas manhãs, no pátio do Grupo Municipal São Gerardo, bairro do mesmo nome, em Fortaleza – aonde comecei a formatar e a formalizar a minha chegada à universidade, e à cidadania.

Antes do toque do sino para o início das aulas, a direção da escola reunia no pátio todos os alunos e professoras (o único professor, lembro bem, era o Maestro Orlando Leite, então professor de Canto Orfeônico) para cantar o Hino Nacional Brasileiro, naqueles tempos impresso na quarta capa dos cadernos Avante. No mês de maio, além do Hino Nacional Brasileiro, eram acrescentadas as orações do Pai Nosso e Ave-Maria.

Ali também aprendemos quais são os “símbolos” do País. Aprendemos respeitar esses símbolos (armas da república, hino e bandeira) – reforçados na nossa mente quando chegamos às fileiras do Exército Brasileiro. Não era diferente na Marinha ou na Aeronáutica.

Posteriormente, em níveis diferentes da formação escolar, vieram os conhecimentos da ética e do respeito às pessoas (ainda que momentaneamente imbuídas de cargos de autoridades) e às instituições. Isso é obedecer e respeitar as leis do País. Isso recebe o nome de cidadania.

E como vivemos nos dias atuais?

Que respeito temos hoje pelos nossos “símbolos”, nossas instituições e nossas autoridades?

Nessa hipocrisia idiota, há quem respeite e adore mais a bandeira do clube de futebol da preferência, que a bandeira nacional. Há até quem se ache com o direito de tocar fogo na bandeira do País – sem ter noção de que esse é um dos maiores crimes cometidos contra a Pátria. Coisas de quem vive dizendo que “estudou história”, mas não a aprendeu nem a conhece. Ou propaga apenas aquilo que a idiotice lhe convém.

Dito isso, vejamos: que informações têm as pessoas que usam as redes sociais para afirmar que fulano “roubou”; ou, que outros têm, para afirmar que fulano “não roubou”?

Que informações essas pessoas têm para dizer sim ou não, a isso e aquilo, e pior ainda, para achincalhar instituições que nos representam, como Polícia Federal, Ministério Público e instituições jurídicas?

Li há poucos dias nas redes sociais afirmações de “babacas” garantindo que instituições brasileiras “COMBINARAM PARA CONDENAR” o Ex-Presidente Luís Inácio!

Qual o acesso aos fatos e investigações ou aos autos processuais que essas pessoas têm para afirmar isso?

O tijolo da senadora na construção do mundo.

Senadora Gleisi Hoffmann e sua conhecida simpatia

Ao longo da vida escutamos frases feitas. Algumas parecem ótimas e outras nem tanto, mas a maioria nunca é seguida nem significa nada. Outras viram piadas, como as carregadas pelos caminhões.

E a de hoje poderia ser: “cada um constrói o mundo colocando o seu tijolo”.

E fico me perguntando: qual tijolo a senhora senadora Gleisi Hoffmann tem colocado na construção do mundo que, pelo menos aparentemente, é só dela?

Nascida em Curitiba há exatos 52 anos, Gleisi Helena Hoffmann é uma ocupante das 81 cadeiras do Senado brasileiro e tem a representação do estado do Paraná. Atualmente é presidente nacional do PT (Partido dos Trabalhadores), mas infelizmente não tem feito outra coisa a não ser disseminar discórdia – é esse o tijolo que está colocando na construção do mundo, principalmente para aqueles que a elegeram.

Com formação universitária em Direito, como diria minha falecida avó, “tá cuspindo para cima, e um dia o catarro pode lhe sujar as fuças”. Zé Melindre, com certeza diria: “essa daí fala merda pra caráio”!

Demonstrando diariamente o mau uso da mídia que o cargo temporário lhe faculta, a senhora senadora tem resolvido provocar o judiciário – esquecendo que tem rabo preso e não demora muito vai perder o foro privilegiado, sendo alvo direto para assumir e responder pelas bobagens proferidas.

É, como dizemos no Nordeste, uma verdadeira “sem-noção”!


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 25 de janeiro de 2018

NOVO TRIPLEX

 

 

 

 

Três torres que formam um “tríplex” mesmo sem ser no Guarujá

Finalmente chegou o dia fatídico. O dia de, verdadeiramente, passar o país a limpo – pelo menos é isso que uma grande maioria de pessoas do bem está esperando.

Nada sugere, nem pede “vingança”. O que se quer, e se espera, é que seja feita justiça – principalmente porque nenhum grupo de profissionais, nesse caso, o Ministério Público Federal, trabalharia tanto e durante tanto tempo de noites insones, pelo prazer de “fazer mal a alguém”.

O Brasil está à deriva. O Brasil está sem comando e desmoralizado noutros continentes, por conta das práticas inadequadas, sem deixar de fora as centenas de denúncias de corrupção que passaram a ser o assunto principal, e à vezes, o único assunto dos noticiários dos meios de comunicação.

O Brasil parou. Parou para tentar limpar suas feridas, lavar suas partes putrificadas, lavar sua honra enlameada durante tantos anos, com fortes e insuportáveis odores, desde os anos dos governos petistas escudados pela “garantia da governabilidade” avalizada pelo PMDB. É isso que está sendo dito desde então.

Quinze anos de nada, somados a mais outros tantos de forte prática corruptiva que espalhou seus odores podres em outras instituições e poderes. Uma pena.

Se viva fosse, minha falecida avó diria: “filho, estamos nadando na merda”.

 

 

Suíte “presidencial” espera novo inquilino

Luís Inácio da Silva, pernambucano de Caetés, nordestino como eu, me enganou. Eu morava no Rio de Janeiro (na realidade, morei ali de 1967 até 1987) quando o regime de exceção estava instalado no País.

Vi e vivi a pretensa mudança, quando Sarney assumiu e o resultado foi o que muitos conhecem. Luís Inácio foi deputado federal e na Câmara Federal deu sinais de que poderia ser uma boa e nova opção para que saíssemos do regime ditatorial.

Eu acreditei e mergulhei de cabeça na piscina da ilusão. Votei nele sim, para o primeiro mandato. Acreditei nele, nas propostas dele – e achei que, naquele tempo, qualquer opção poderia ser boa. Não foi boa.

O que se viu após pouco mais de treze anos, foi que a opção não era a melhor, pois Luís Inácio enveredou por caminhos que acabaram por leva-lo para a prática que mais combateu – e esse é o principal motivo que o levou a sentar hoje num banco de réus.

Culpado e vai ser condenado?

Não sei. Ao contrário de muitos, não tenho motivos aparentes para “desconfiar” das nossas instituições que diuturnamente investigaram e trabalharam nos casos denunciados, nem ficar achando que todo mundo é vagabundo e vai pensar em perseguição política. Tolice pensar assim.

Mas, o croquis de uma provável retomada de caminho (que todos esperam que agora seja o certo), nos enche de alegria e renova nossas esperanças para as boas práticas. Será como aquele “cabo de guerra” das procissões do Círio de Nazaré – todos fazendo força pelo mesmo objetivo.

Sabemos que o Luís Inácio não é o “único” culpado nessa sujeira toda. Tem muito mais gente – e engraçado, não vejo nenhum negro e pobre envolvido ou citado. Tudo gente branca e de cabelos brancos que, se fez o que dizem terem feito, foi por DNA enlameado. Não devemos parar no Luís Inácio.

O fato é que se vislumbra uma nova moradia para Luís Inácio, num outro tipo de tríplex com aluguel e manutenção paga pelo contribuinte – e os laranjas nem precisarão mais forjar recibos com datas de recebimento inexistentes.

DETALHE: Luís Inácio, inquilino novo do novo tríplex, não poderá sequer concorrer à eleição de Síndico do condomínio.

 

 

Área de lazer com play-ground mas sem os pedalinhos do sítio de Atibaia


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 18 de janeiro de 2018

ESTÁ CHEGANDO A HORA (DE LULA) - CONTAGEM REGRESSIVA

 

 

 A imagem e a frase que marcaram o Brasil: “no mundo não há ninguém mais honesto do que eu”

Está chegando a hora. Ainda residindo no Rio de Janeiro nos anos 80, lembro das palavras do então governador Leonel de Moura Brizola: “o Lula, pelo PODER, pisa até no pescoço da própria mãe.” Frase fatídica e ao mesmo tempo profética.

Luís Inácio da Silva, nordestino, pernambucano de Caetés, provavelmente tangido pelas agruras da seca que dizima a região mais sofrida do País, foi levado pelos pais para tentar melhorar a vida em São Paulo, o que faz a maioria do povo nordestino.

Naqueles tempos o Brasil não enfrentava a recessão nem o desgoverno dos últimos 20 anos. Assim, não foi tão difícil encontrar emprego. Ainda que sem a necessária qualificação, o ainda Luís Inácio da Silva virou empregado na indústria do ABC paulista. Anos depois “acidentou-se” e ficou impossibilitado de continuar desempenhando a profissão para a qual virara “especialista”. Virou sindicalista e se aproximou mais da política partidária. Fez parte do grupo que fundou o PT (Partido dos Trabalhadores) e, agora, vai entrar para a história como parte (e comandante) do grupo que “afundou” o mesmo PT.

Eleito deputado federal, e agora, já transformado em “Lula”, Luís Inácio da Silva descobriu rápido os caminhos e os meios de como se tornar “político profissional” – mas jamais abdicou da aposentadoria como metalúrgico.

Vestiu o “biombo” de quem precisava sair de um regime político de exceção e ungiu-se “Don Quixote” para chegar à presidência da República, usando as mesmas vias e os mesmos valores que por anos criticou, reelegeu-se para mais quatro anos de mandato.

Há quem garanta que foi a partir daí que Lula vislumbrou o encantamento pelo “PODER”, única coisa que lhe interessa. Usando de métodos hoje abertamente criticados (e denunciados pelas instâncias e órgãos oficiais), “elegeu” e “reelegeu” Dilma Rousseff. E esses mesmos dizem que Lula já trabalhava para eleger-se mais uma vez e depois reeleger-se novamente. O PODER inebria e enlouquece, afirmam especialistas.

Condenado pelo juiz Sérgio Moro a 9 anos e meio por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já declarou que recorrerá em todas as instâncias. O próximo passo do ex-presidente, portanto, foi apelar ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, onde o recurso do petista será analisado pela 8.ª turma, formada por três desembargadores.

O presidente do TRF-4, desembargador Carlos Eduardo Thompson, afirmou, que o recurso do Lula deve ser analisado no tribunal antes das eleições de 2018, até agosto.

A Administração do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) tem o desembargador federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz na presidência. A desembargadora federal Maria de Fátima Freitas Labarrère é a vice-presidente e o desembargador federal Ricardo Teixeira do Valle Pereira como corregedor regional da Justiça Federal da 4ª Região. Os magistrados são os responsáveis pela gestão do tribunal durante o biênio 2017-2019.

O TRF4 atua em ações que envolvem o Estado brasileiro, seja a própria União ou autarquias, fundações e empresas públicas. Os cinco tribunais regionais federais são responsáveis por julgar recursos contra decisões de primeira instância, mandados de segurança contra ato de juiz federal, ações rescisórias, revisões criminais e conflitos de competência. A 4ª Região é composta pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.” (Transcrito do Wikipédia)

Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz (presidente)

O desembargador federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz é natural de Porto Alegre e tem 54 anos. Graduou-se em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), de São Leopoldo, em 1985. Quatro anos depois, tomou posse como procurador da República, sendo promovido a procurador-chefe da Procuradoria Regional da República da 4ª Região em 1996. Thompson Flores tornou-se desembargador federal em 2001, assumindo vaga do quinto constitucional destinada ao Ministério Público.

Nos 16 anos de TRF4, Thompson presidiu comissões examinadoras de dois concursos para juiz federal substituto. Foi titular do Conselho de Administração do TRF4 entre 2009 e 2011. Exerceu a direção da Escola da Magistratura (Emagis) do TRF4 entre 2013 e 2015. Presidiu a 3ª Turma, especializada em Direito Administrativo, Cível e Comercial, entre 2011 e 2015. Desde 2015, é vice-presidente do tribunal.

De família tradicional de juristas, neto do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Thompson Flores, o novo presidente do TRF4 também se destaca pela produção intelectual de trabalhos e artigos em diversas áreas do Direito.

João Pedro Gebran Neto

Parte inferior do formulário

Aos 52 anos, João Pedro Gebran Neto atua no TRF4 há pelo menos quatro. Recentemente, ganhou o título de doutor honoris causa em Direito à saúde e foi coordenador do Comitê Executivo da Saúde do Paraná. Ex-promotor do Estado do Paraná, Gebran se considera amigo de Moro, que “colaborou decisivamente com sugestões e críticas” para um de seus livros. Ambos fizeram mestrado com o mesmo orientador na Universidade Federal do Paraná no início dos anos 2000. Por isso, os advogados de Lula já argumentaram contra Gebran, afirmando que ele tem “estreitos e profundos laços de amizade com o juiz Sérgio Moro”.

Leandro Paulsen

Doutor em Direitos e Garantias do Contribuinte pela Universidade de Salamanca, na Espanha, Leandro Paulsen tem 47 anos. Se tornou juiz federal aos 23, logo após o fim da sua graduação, e já foi auxiliar da ministra Ellen Gracie no Supremo Tribunal Federal (STF). Dedicou toda sua carreira ao Direito Tributário, tema sobre o qual já escreveu 11 livros, mas desde sua posse no TRF-4, em 2013, passou a trabalhar na área penal. Ao lado de Moro e Fachin, esteve na lista tríplice para ocupar a vaga de Joaquim Barbosa no mesmo tribunal.

Victor Luiz dos Santos Laus

Vindo de uma família de advogados e desembargadores e formado na Universidade Federal de Santa Catarina, Victor Luiz dos Santos Laus, 54 anos, é ex-procurador da República no MPF e o mais experiente de sua turma no TRF-4, onde trabalha desde 2003. Apesar de não aplicar decisões muito severas, Laus é famoso no meio jurídico por ser um juiz bastante rígido e de postura silenciosa. Além de analisar os recursos da Lava Jato na segunda instância, ele ainda julga os processos da Operação Carne Fraca, em que a JBS é investigada.

Triplex, o “xis” da questão

“Interior” do tríplex de Guarujá

Julgando o “recurso”

Com lugares “marcados” desde a noite da próxima terça-feira, 23, milhares de garrafas térmicas com água quente para não deixar o chimarrão esfriar, uma imensa comunidade de brasileiros dos pampas que ainda pode ser incluída entre as pessoas sérias deste País, vai esperar ansiosamente o início e o final do “julgamento do homem mais honesto deste planeta Terra”.

“Recibo de aluguel” datado de 31 de junho – uma das muitas provas

Leigo em questões jurídicas, mas acreditando que não será possível – por que nenhum dos desembargadores é indicado pelo Executivo e nenhum deles tem “rabo preso” ao poder vigente, acredito mesmo que não haverá nenhum “pedido de vista” – até porque, todos já viram tudo.

Ninguém de nenhum lugar deste País torce por vingança. A banda honesta que quer ver este Brasil mudar definitivamente de rumo, torce sim, por justiça. E mais, que este seja apenas o ponto de partida para o julgamento de outros tantos que ainda haverão de viver para garantir hospedagem na Papuda.

Com certeza, no dia 25 de janeiro, as bolsas de valores terão e anunciarão novos números (positivos) para este gigante verde e amarelo.

 

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 10 de janeiro de 2018

ALGODÃO, O PÃO E A LUZ

 

 

 

 

Lamparina com pavio de algodão

A semente escolhida – a melhor. A terra mais produtiva. A semeadura e o olhar desesperado para os céus.

– Ó Deus, se merecermos, faça chover!

Plantei minhas últimas sementes e nelas foram também minhas últimas esperanças. Não tenho outro lugar para ir, não sei fazer outra coisa a não ser trabalhar na Terra, de onde sempre tirei o meu pão, ainda que o algodão nada tenha com o trigo.

– Ó Deus, cuide de mim e se apiede da minha família, mande um pouco de chuva!

Entre a semeadura e a colheita, o que eu faço?

– O algodão, Senhor, tem várias etapas até chegar ao pão, e uma delas é: além do pão, é também a luz!

– Em tuas mãos Senhor, entrego o meu pão e a minha luz!

* * *

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DE MIM MESMO

 

 

A leveza carregada pelo vento

Hoje cedo, quando abri os olhos e me dei conta da necessidade de ser eu mesmo, pus os pés no chão e forcei a panturrilha – não a senti rija como sempre. Senti em mim, naquele momento, uma leveza ímpar, desconhecida. Se tivesse asas, me sentiria leve para voar, como os balões nos cânions da Capadócia.

Percebi tanta leveza em mim que, qualquer sopro – nem precisava ser um vento forte, claro – me levaria a caminhar na areia da praia banhada pela espuma vinda dos marés da vida e de oceanos mil. Quanta leveza!

Me senti como aquele breve e derradeiro soneto da mais bela poesia que diz do amor, da vida, da Natureza e da delicadeza do “sim” saído dos teus lábios, como o pássaro mavioso que acaba de sair pela janela da gaiola à fora, voando para repetir o percurso da águia que, na parábola, vivera como galinha, e assim, no mesmo passo de leveza, reencontrou as asas que lhe mostraram o caminho da liberdade e da vida.

Estou tão leve, que posso carregar a mim mesmo, e a tantos “eus” quantos se fizerem necessários.

Me vi pássaro alçando voo, me vi folha seca carregada pelo vento, me vi ternura pousando no teu ombro desnudo e passeando pelo teu colo, como se uma carícia de brandura fosse – a leveza em mim mesmo!

Nada me preocupava nem me fazia perceber dia ou noite. Nada me perturbava. Só a leveza – leveza de mim mesmo.

Longe dali – e eu fazendo da folha carregada pelo vento um tapete persa voador – me via transportado na leva, semeando bondade, carinho e minando a vida doutros com a experiência que Deus e a leveza de sentimentos me auferiram.

Consegues ver a leveza da Vitória-Régia sobre o profundo lago?

Pois, ali, é o meu assento. Sento, pela leveza de mim e do acordar e levantar despretensioso. Como a poesia marcante e leve da Cecília.

Veja:

Leveza – Cecília Meireles

Leve é o pássaro:
e a sua sombra voante,
mais leve.
E a cascata aérea
de sua garganta,
mais leve.
E o que se lembra, ouvindo-se
deslizar seu canto,
mais leve.
E o desejo rápido
desse mais antigo instante,
mais leve.
E a fuga invisível
do amargo passante,
mais leve


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 03 de janeiro de 2018

DE VOLTA PARA O FUTURO

 

 

 

 A longa espera pelo reconhecimento e pelas mudanças

Um novo dia nos espera: 25 de janeiro, a quarta e última quinta-feira do mês de janeiro. Não é fácil prever o futuro, mas a gente acaba sabendo de alguma coisa que vai acontecer. Uma dessas coisas é a final da Copa São Paulo de Futebol Júnior. É difícil saber quem vai ser o campeão, mas todos sabem que São Paulo comemorará mais um ano de fundação.

Mas, ontem, dia 2 de janeiro, foi iniciada oficialmente a tentativa de reconstruir o ano de 2017, todo desperdiçado com o “nada”. Nada foi feito. O país parou, e os brasileiros fizeram o maior coral da humanidade, acompanhando, calados a orquestra da destruição impor o seu ritmo.

Claro, ninguém é tão ingênuo a ponto de esperar que, fora o recomeço do próximo dia 25, alguma coisa diferente de 2017 aconteça em 2018. Não há proposta e muito menos propósito – para mudança ou reconstrução.

 

 

Será que ele mesmo acredita no que diz?

E o que vai mudar no nosso futuro – aliás, no futuro do Brasil – a partir do próximo dia 25?

Ora, sendo a maior cidade da América do Sul, sem ser ou nunca ter sido a capital do país, São Paulo deveria (por merecimento) aniversariar todo dia. A capital paulista sempre “comandou” os ciclos econômicos, mas nos feriadões e fins de semana é preterida por outras cidades – e as rodovias já mostram necessidade de complementação ou terem somadas algumas vias auxiliares.

Não tão distante da capital e sem tanto atropelo para passeios e descansos nos fins de semana, está Atibaia, uma cidade que, segundo o IBGE tem uma população de 139.683 pessoas, variando circunstancialmente para 139.681.

Quando os recenseadores do IBGE trabalharam em Atibaia, num aprazível sítio, um certo casal famoso estava à beira da piscina tomando “umas e outras” e foi contabilizado como “morador” daquela cidade.

Há quem afirme que, esse casal não mora e nunca morou naquele sítio – até porque não é sua propriedade.

E o que tem isso com o próximo dia 25 de janeiro?

Nada. Não tem nada. Até por que, nos dias atuais o “casal” não existe mais – e sítio ou tríplex com proprietário ou não sendo reconhecido, vai ficar desocupado. Por alguns anos o domicílio passará a ser no Distrito Federal, mais propriamente na Papuda.

E a capital paulista, São Paulo, estará completando mais um aniversário.

Estaremos, finalmente, de volta ao futuro.

 

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 27 de dezembro de 2017

VOCÊ JÁ VIU TUDO? DU-VI-D-Ó-DÓ

 

 

 

 Heráclito Fortes tem interesse em privatizar o vento

Não. Não vou falar de futebol, menos ainda de política. Falar desses dois assuntos e nada, é a mesma coisa. É como dizia minha falecida avó, como enfiar peido num cordão.

Êêêêêppppaaaaa!

Enfiar peido num cordão, ao que parece, já faz sentido – e nem duvido que, brevemente, com “jurisprudência firmada” seja uma profissão aprovada pelos atuais e insignes componentes da Câmara Federal e do Senado brasileiro.

Mas, enquanto isso não acontece, eu poderia dizer que já existe quem pense nisso. E não é que, verdade ou mentira, na semana passada, sem que me lembre precisamente aonde, li algo estranho – e estranho, porque achei que, aos 74 anos, já tivesse visto “tudo” no mundo.

Mas, não vi não. Nem você viu!

Pois é. A gente vive pensando que já viu tudo nesse mundo.

E qual foi a novidade, “Pedro Bó”?!

Ora, no início do ano passado, provavelmente adivinhando que seria defenestrada da nau que cada vez mais fica à deriva, a então comandante “descobriu” dois ícones importantes para a economia brasileira: a mandioca, que faz parelha com o boi, do qual nada se perde (nem a bosta); e o vento.

Foi sim. Ela descobriu que, “ensacar vento” poderia render empregos e alavancar a economia brasileira tanto quanto o petróleo. E o fato de “ensacar vento” quase lhe rendeu o Prêmio Nobel de Física.

Assim como era uma “presidenta”, era também uma “gênia”!

Eis que, na semana passada, quando todos nós pensávamos que já tínhamos visto tudo, o magnânimo político Heráclito Fortes – que mais parece um cruzamento de Delfim Neto com um atual ministro muito em evidência – também conhecido como Tom Cruise Cover, do vizinho Estado do Piauí, descobriu (finalmente, alvíssaras!) que a roda não é redonda, e mais, que nenhum ser humano é dono de nada, nem tem direito à nada – e achou que o PIB brasileiro pode ser quintuplicado com a cobrança de royalties pelo uso, fabrico e armazenamento do vento.

É. É do vento mesmo!

E aí, tu que achavas que já tinha visto tudo – ou que a nossa antiga comandante não tinha seguidores, o que achas disso?

 

 O nobre e insigne deputado em plena ação e criatividade

P.S.: Eu já comecei a achar que o nobre e atuante deputado (por um pequeno lapso flagrado roncando numa das cadeiras da Câmara Federal, local de luxo e lazer custeado por nós) vai começar a receber convites para fazer palestras milionárias. Alguns assessores dele até já sugeriram um slogan: “o vento é nosso, nasceu no Piauí, e é lá que faz a curva”!


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo segunda, 25 de dezembro de 2017

MENINOS, EU VI! (GENIAIS, ABUSADOS, IRREVERENTES E POLÊMICOS)

 

Estamos na entressafra do futebol brasileiro. Todo mundo de férias, mas logo no meio da próxima semana, parte do tudo volta ao normal – começa mais uma disputa da Copa São Paulo de Futebol Júnior, oportunidade que muitos clubes tem para recomeçar.

E nessa entressafra acontece muita coisa. Nesta semana que passou, a “fatura” foi apresentada para um ex-presidente da CBF (José Maria Marín), junto com o “aviso de cobrança” para outros tantos do mesmo convívio.

Eita gente que gosta de aprontar (na realidade, essa gente gosta mesmo é de merda. Fazer merda, para poder ostentar). E se olharmos, são todos “senhores idosos de cabelos brancos”, que nunca souberam o que foi ganhar salário mínimo – de onde se conclui, desnecessário fazer o que fizeram, fazem e farão por muitos e muitos anos.

E o laço vai laçar mais gente – tem quem não possa sair do quarto para a cozinha, pois, se sair desse quadradinho, vai escutar o trec-trec das algemas. Bando de vagabundos!

Mas, deixemos esses bostas pra lá. O assunto pensado é outro.

Pois bem. Eu disse que vi, e vi mesmo. E o que ei foi futebol. Trabalhei no futebol por vários anos e estive sempre envolvido com ele. Na juventude fui um jogador mediano, mas importante para o time. Eu era o “dono” do time. As camisas e os calções me pertenciam – e minha mãe não gostava nem um pouco de mandar lavar e passar.

Fui Árbitro profissional na FCD (Federação Cearense de Desportos), hoje FCF (Federação Cearense de Futebol), onde atuei por cinco anos. Depois me transferi para o Rio de Janeiro, onde também atuei. O início de uma hérnia umbilical (que sugeriu cirurgia) acabou me desmotivando e resolvi parar de apitar.

Jornalista, atuei na área esportiva em todos os jornais diários de São Luís. Futebol nos dias de hoje, apenas na televisão.

Torcedor do Ceará, Botafogo, Santos, Atlético Mineiro e Maranhão, este último, entre todos, o único não-alvinegro.

A vivência e a convivência me deram lastro para apreciar o bom futebol. O futebol praticado com categoria, com profissionalismo e respeito ao adversário. Prefiro o estilo clássico. Uma bela jogada me satisfaz e paga o meu tempo.

Mesmo sendo torcedor botafoguense, entre todos os gols que já vi, até hoje o mais bonito foi feito no meu time de preferência. Roberto Dinamite, que não acho craque – mas excelente e incontestável goleador – marcou sobre o Botafogo, dando um “lençol” em Osmar Guarnelli, sem ter espaço físico para fazer o que fez. Uma pintura!

Claro que, hoje, o que apresento não significa resumo de tantos anos. Vi muita coisa boa. Vi muito bom, ótimo e excelente jogador – e estou falando apenas de Brasil.

Aprendi com os falecidos Sandro Moreyra e João Saldanha, que o que diferencia o jogador brasileiro de todas as outras nacionalidades, é o improviso, o atrevimento, o jogar na vertical e na direção do gol adversário.

Essa forma de jogar, atualmente, está em poucos. Muito poucos e Neymar é um desses poucos. Joga para a frente, ataca, vai para cima.

Nessa primeira matéria quero destacar esses três geniais jogadores: Alex, Mário Sérgio e Paulo Cézar. I-ni-gua-lá-veis!

Temperamentais, sim. Mas craques. Temperamentais dentro do campo – a vida pessoal nunca me interessou e só a eles diz respeito.

 

 

Alex – um gênio com a bola nos pés e sob domínio

“Alexsandro de Souza, mais conhecido como Alex, nasceu em Curitiba, a 14 de setembro de 1977. É um ex-futebolista brasileiro, que atuava como meia. Integrou o movimento Bom Senso F.C. e atualmente trabalha como comentarista de futebol do canal ESPN Brasil.

Carreira: Coritiba – Iniciou sua carreira nas categorias de base do Coritiba, clube pelo qual tornou-se jogador profissional em 1995 e onde ficou até o início de 1997, disputando 124 partidas e marcando 28 gols neste período.

Palmeiras – No início de 1997, transferiu-se para o Palmeiras, onde jogou até 2000. No Palmeiras, Alex obteve grande destaque e se tornou ídolo da torcida, pela sua categoria e profissionalismo. Ao lado de grandes jogadores como o lateral direito Arce, o volante César Sampaio, os atacantes Evair e Paulo Nunes, o goleiro Marcos e os zagueiros Roque Júnior e Cléber, conquistou a Copa Mercosul, a Copa do Brasil em 1998, a Libertadores da América em 1999 e o Torneio Rio-São Paulo de 2000.

Alex disputou 141 jogos, marcou 78 gols e teve atuações memoráveis, como por exemplo, nas duas vezes em que o Palmeiras eliminou o Corinthians pelas Libertadores de 1999 e 2000, e na libertadores de 1999 ao eliminar o River Plate da Argentina, com dois gols de Placa.

Em 2000, na metade do ano, teve uma rápida passagem pelo Flamengo, jogando 12 partidas e marcando 3 gols.

Em 2001, retornou ao Palmeiras, disputando a Copa Libertadores da América, em que o Palmeiras foi eliminado pelo Boca Juniors nas Semifinais.

No mesmo ano, Alex é negociado com o Cruzeiro para a disputa do Brasileirão, porém, no final do ano o técnico Marco Aurélio, dispensou seus serviços por telefone celular.

Em 2002 Alex retornou ao Palmeiras E pelo torneio Rio-São Paulo daquele ano (que substituía em importância os campeonatos paulista e carioca), fez um dos gols mais lindos de sua carreira, aplicando dois chapéus em defensores do São Paulo, o último deles no goleiro Rogério Ceni e fazendo um gol, definido pelo locutor José Silvério, como “de placa”, na vitória por 4 a 2 do seu time. Logo após, foi negociado com o Parma, da Itália, clube pelo qual disputou apenas 5 partidas e marcou 3 gols. Jogou também no futebol da Turquia, voltando em seguida ao Brasil e encerrando a carreira de profissional no mesmo Coritiba, onde iniciou.” (Transcrito do Wikipédia)

 

 

Mário Sérgio – conseguiu juntar inteligência com futebol e irreverência

“Mário Sérgio Pontes de Paiva, mais conhecido como Mário Sérgio, nasceu no Rio de Janeiro, a 7 de setembro de 1950, e faleceu em La Unión, em 28 de novembro de 2016, foi um treinador e futebolista brasileiro que atuava como meia. Trabalhou como comentarista dos canais Fox Sports de 2012 a 2016, e tinha um contrato com a emissora até a Copa do Mundo de 2018.

Mário Sérgio era um jogador reconhecido por sua grande habilidade e criatividade. Não por menos, ganhou o apelido de “Vesgo” pelo fato de olhar para um lado e dar o passe pelo outro. Porém, era também um jogador de muita personalidade, o que acabou por prejudicar sua carreira.

Tornou-se ídolo do Vitória, defendendo a equipe por quatro anos. No rubro-negro, formou um trio de ataque histórico, junto a André Catimba e Osni, sendo premiado com a Bola de Prata nos Brasileirões de 1973 e 1974. É considerado um dos maiores jogadores da história do clube. Destacou-se também atuando por Fluminense, Botafogo, Grêmio, Internacional, São Paulo e Palmeiras.

Um dos poucos a conquistar o coração de torcedores gremistas e colorados, Mario Sergio conquistou por mais duas vezes a Bola de Prata da Revista Placar, ambas pelo Inter, e seu nome aparece no livro “Os 100 melhores jogadores brasileiros de todos os tempos”, de Paulo Vinicius Coelho e André Kfouri.” (Transcrito do Wikipédia)

 

 

Paulo Cézar Lima – genial com a bola nos pés

“Paulo Cézar Lima, mais conhecido como Paulo Cézar Caju, nasceu no Rio de Janeiro, a 16 de junho de 1949. É um ex-futebolista brasileiro, que atuava como meia e ponta-esquerda.

Nascido na favela da Cocheira, Paulo Cézar Lima tinha o sonho de fazer sucesso no futebol e sair da miséria. Como a favela onde fora criado ficava no bairro de Botafogo, nada era mais natural do que ele fosse tentar a sorte no alvinegro de General Severiano.

Foi revelado pelo Botafogo e atuou pelo clube desde o fim dos anos 1960 ao início dos anos 1970. Em 1967, aos 18 anos, Paulo Cézar concretizou de vez seu sonho, ao tornar-se jogador do time principal do Botafogo e participar de sua primeira temporada no Glorioso. Foi apelidado de “Nariz de Ferro” e “Urubu Feio”. Seu futebol habilidoso e provocador foi chamando a atenção do público futebolístico. Em pouco tempo, tornou-se conhecido em seu estado natal. Ainda em 1967, Paulo Cézar foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira. Foi campeão da Taça Guanabara em 1967, quando marcou três gols no jogo decisivo, contra o América. Nesse mesmo ano, também foi campeão carioca, cujos títulos repetiu em 1968, além da Taça Brasil de 1968.

O apelido caju, que tornou-se quase um sobrenome, surgiu quando retornou dos Estados Unidos em 1968 com os cabelo pintados de vermelho. A pintura de vermelho dos cabelos foi feita como forma de demonstrar seu apoio ao movimento dos panteras negras, com o qual o jogador identificava-se politicamente.

Atuava na ponta-esquerda. Aos 21 anos de idade, disputou, como reserva da seleção brasileira, a Copa do Mundo de 1970, no México. O técnico Zagallo, a princípio, tentou encaixá-lo no time, mas depois percebeu que, com o esquema que pretendia usar, os dois não poderiam jogar juntos. Na volta do México, disse a uma emissora de televisão “Não queremos saber do Botafogo”, o que causou mal-estar no clube, mas foi contornado depois que o jogador disse ter dado a declaração para livrar-se do repórter.” (Transcrito do Wikipédia).


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 21 de dezembro de 2017

TOCANDO MÚSICA? QUAL MÚSICA?

 

Nunca gostei de me intrometer na vida ou nos assuntos que não me dizem respeito. Os “especialistas” do JBF em assuntos musicais, são o Peninha e o compositor top Xico Bizerra. E os caras manjam – não existe espaço para duvidar disso. E eu, sempre que posso, os leio.

Mas vou dar uma “pitacada” não na técnica da música brasileira, mas na qualidade atual do que se compõe e do que se toca – sem contar o acinte e a falta de respeito dos trejeitos que, pela televisão que funciona nas nossas casas, entram com todo tipo de safadezas e sem pedir licença. E não existe mais essa coisa de “horário apropriado”.

Cantores e cantoras merdeis, verdadeiras bostas que não cantam porra nenhuma, e se apresentam como se sexo estivessem fazendo, desceram o nível do que, hoje, estão chamando de “música”. Música uma porra! É mesmo uma tremenda merda!

E nem vamos entrar no mérito da música do ano escolhida pelo programa dominical do Fausto Silva na TV Globo. Até por que, é algo pessoal e opinativo – e se alguns gostam de merda, que a comam sozinhos.

Mas, o que me chamou a atenção no início desta semana, foi uma postagem do cantor-compositor Lulu Santos, atualmente participando do júri do multishow The Voice Brasil, opinando sobre a qualidade degenerada e bosteada do que estão chamando de música. Vejam o que Lulu Santos escreveu:

“Caramba! É tanta bunda, polpa, bum bum granada e tabaca q a impressão q dá é q a MPB regrediu pra fase anal. Eu, hein?”

Pois é. É um tal de lê-lê-lê, rá-rá-rá que não significa nada, simplesmente porque os caras são “analfas” e não sabem se expressar.

Felizmente, o vinil ainda existe, e quem tem essas coisas, tem preciosidades guardadas.

Vejam, que diferença a letra dessa obra prima escrita faz tantos anos:

As Rosas Não Falam – Cartola

Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão
Enfim

Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim

Queixo-me às rosas
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim

* * *

E a apresentação “profissional”?

 

 

Elis Regina “inteira” e vestida

A forma de se vestir é outra idiotice, que consegue dizer bem da qualidade da música que a maioria apresenta.

Claro que não estou falando da forma como se vestem ou do exagero de “tatoos” de péssimo gosto. Essas são escolhas pessoais e que a mim não dizem respeito.

Falo é da forma como se vetem para apresentações nas televisões que “entram nas nossas casas”. Total falta de respeito – não demora muito e teremos alguém se apresentando vestindo apenas cueca.

Mas, o que mais estranho é a aceitação das gravadoras, que, se já não se preocupam mais com as aparências físicas, deveriam pelo menos se preocuparem com a qualidade musical – que tem sido uma bosta.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo segunda, 18 de dezembro de 2017

FLOR DE AÇUCENA E O ORVALHO VISTO DA REDE

 

Açucena – a beleza desenhada e perfumada pela Natureza

Cantada em prosa e verso, a açucena é uma das raras belezas da caatinga e na maioria das vezes passa desapercebida por ser confundida com a flor de cactos – parece nascer do cactos. De perfume ímpar e contagiante, é acompanhante das meninas-moças de alguns sertões na ansiedade de enfeitar para enfeitiçar.

Beleza rara em vários tons – com um perfume diferenciado para cada cor. Símbolo da pureza, presença constante nas decorações das igrejas nos casamentos mais sofisticados, quase sempre com maioria branca.

Tema de poemas e de diferentes interpretações. Thiago de Mello, poeta maior da região amazônica, nos brindou com:

Flor de Açucena

Quando acariciei seu dorso
campo de trigo dourado
minha mão ficou pequena
como uma flor de açucena
que delicada desmaia
sob o peso do orvalho

Mas meu coração cresceu
e cantou como um menino
deslumbrado pelo brilho
estrelado dos teus olhos

Na música, Luiz Gonzaga eternizou a açucena cantando um belo louvor em forma de forró:

 

 

Quem quiser comprar,
eu vendo açucena cheirosa do meu jardim
Quem quiser comprar,
eu vendo açucena cheirosa do meu jardim
Vendo cravo, vendo lírio,
não vendo uma rosa que deram pra mim
Vendo cravo, vendo lírio,
não vendo uma rosa que deram pra mim

* * *

O limão orvalhado – há quem afirme que é uma “purificação”

“Criador e criatura moram numa gota de orvalho”

Uma noite insone. Dormir, só por raros minutos. Coisas da idade? Não sei – não me parece um bom sinal.

Levanto, tomo um bom banho e faço o desjejum. Um generoso pedaço de mamão – e segue o café matinal com mais alguma coisa do meu sertão.

Oro e agradeço à quem me deu força e vida para colocar tudo aquilo na mesa. Mais uma vez, agradeço pelo dia vivido ontem e peço fé, saúde e perseverança para o novo dia que começa.

Volto para a rede armada, acompanhado pelo livro da leitura atual. Embalo a rede e fico a escutar o choro rangido da escápula que ainda não encontrou sua própria fórmula.

Lá fora, o limoeiro. O tronco, os galhos, os espinhos e os frutos brotando. Me chama a atenção, o orvalho que parece lavar o limão na tentativa de diminuir a sua acidez -purificando o seu efeito benfazejo. O orvalho e o limão.

Seria o orvalho o choro das estrelas, das nuvens ou da lua?

Ou apenas mais um segredo da mãe Natureza?

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 13 de dezembro de 2017

DUAS CRÔNICAS: I - NA JANELA DA CASA - II - O TEMPO, REMÉDIO SEM CONTRAINDICAÇÃO

 



I – Na janela da casa

 

 Vigiando e controlando o filho

Assim, despretensiosamente, faça um “zoom” com a sua mente. Rode todos os 360 graus. Pare, e se prepare para gravar. Rememore. Você, que tem o hábito de ver apenas uma emissora de televisão, teria como relembrar pelo menos no último ano, tudo que aconteceu no Brasil e no mundo, em termos de violência?

Estamos falando “apenas” do que você viu na emissora de televisão que você diz que detesta, mas não tem altivez e moral para parar de ver.

E aí você junte com outros casos que foram divulgados apenas pelas emissoras que você não vê, mas vive elogiando, e tente somar tudo.

Somou? E qual é o saldo positivo disso tudo?

Como ensinou o matemático Ary Quintela para os estudantes dos anos 50/60, pode até não ser um saldo positivo, mas o resultado é sem tirar nem pôr, uma equação matemática.

Explico melhor, já que não desenho mais, faz tempo. Não faz tanto tempo assim, quando uma família morava numa rua com calçadas estreitas, tal qual São Luís, ficava difícil colocar a espreguiçadeira na calçada (não cabia!), a “dona da casa” usava a janela na frente da casa para acompanhar o filho jogando bola na rua, na frente de casa. Via tudo. Dava conta de tudo. O filho não mentia nem virava presa fácil para as ilicitudes, como ocorre nos dias atuais.

Aí a “dona de casa” saiu da janela. Deixou de reparar na vida dos outros e aproveitou para largar, também, a vida do filho. Incutiu na cabeça não tão arejada, que a família precisava de uma televisão grande para ligar no “hd”; somou que é importante ter um micro-ondas; uma máquina de lavar; um cartão de crédito; e todas essas maquinações impingidas pelo mundo capitalista.

Tradução disso: abandonou a família e foi cuidar de atender às necessidades capitalistas. Ser “apenas mãe de família” não lhe satisfaz o ego. Não é moderno. Não lhe dá “empoderamento”!

Conhecemos bem aquela historinha antiga, contada no interior, que diz assim: “nenhum rato se mete à besta, aonde há um bom gato”!

Com a mãe fora da janela, e à procura do “empoderamento”, a casa fica mais ou menos vazia. Os deveres escolares dos filhos ficam à deriva, tudo fica mais fácil – para quem pretende investir numa “mão de obra” barata como elemento forte na distribuição e continuidade do tráfico. Isso sem contar com a vantagem do “foro privilegiado” diante das ações policiais. E enquanto essa “imunidade legal” for importante para o tráfico e para os parceiros, ninguém vai discutir ou mudar as leis da maioridade penal.

Este cara pálida, nem de longe está sugerindo que, a responsável pelo descompasso na segurança das pessoas e das famílias, sejam as mães. Negativo! Essa, acreditamos, é apenas uma das ventosas do polvo gigante.

Infelizmente, diante de tantas facilidades e equívocos nas concepções e aprovações das leis vigentes no país, reforçadas pela má compreensão de pessoas a serviço e outras tantas à frente de instituições importantes, tivemos na semana passada em São Luís a aproximação em direção à desconstrução familiar. Um filho, tão fazendeiro quanto o pai, está sendo acusado de matar o próprio pai, com a intenção de “apressar” a divisão da herança familiar – tudo por que ele, o filho, estaria atolado até o pescoço em dívidas.

Não temos direito de fazer nenhum juízo de valor, e menos ainda temos competência para tentar formar opinião a respeito do caso com o senhor Nenzim. A mídia inteira e as redes sociais, provavelmente municiadas a partir de informações oficiais do Sistema de Segurança, estão preferindo a bifurcação para o caminho que está apontando um forte envolvimento de um dos filhos do falecido com o desfecho do homicídio.

Quem tem autoridade e trabalhou para buscar as informações que levam a esse desfecho fatídico, é a Segurança Pública.

Mas, se não temos direito nem conhecimento para opinar sobre o desfecho do assunto, temos direito de, enquanto indivíduo atuante na formação de opinião, repetir o que dizemos, faz tempo: tudo isso começa dentro de casa, e infelizmente, com o vazio que tomou conta da janela da casa.

Nos dias atuais, em casa os pais não impõem limites aos filhos. Esses, têm todos os direitos satisfeitos, por mais estapafúrdios que sejam. Os pais vivem confundindo escolarização (papel da escola e do Estado) com educação (papel da família) e remetem o somatório ou ao Conselho Tutelar, cuja composição e formação poucos conhecem; ou à Polícia, essa sim, com mais direitos sobre os filhos que os pais.

* * *

II – O tempo: remédio sem contra indicação

 

 

Os irmãos Braga Horta: Goiano, Anderson, Arlyson e Glória

O tempo passou e com ele levou a tensão do inesperado, “como num dia claro o relâmpago” e abriu um canal das lágrimas.

Somente uma semana depois me dei conta da “nossa” perda – Glorinha. Uma guerreira em defesa das suas convicções.

Como uma tapagem que separa o mar do igarapé, voltando a alimenta-lo da boa água, as lágrimas encontraram seu caminho, e jorraram. Como a nascente dos grandes rios.

Aprendi cedo, que Deus convoca sempre os bons, sem esquecer os outros. Mas, os outros demoram um pouco mais entre nós, até zerar suas dívidas.

Conclui-se, que, se Glorinha já foi – com certeza não devia nada, até por que, pelo que se saiba, só fez o bem.

Beijão amiga. Procure minha avó: é uma negra alta, magricela, com quase dois metros de altura. Será fácil encontrá-la. Ela sempre gostou de aves e passarinhos.

* * *

DESCONSOLO – Glória Braga Horta

Sentimento surgiu inesperado,
Como num dia claro um relâmpago:
sonhei por um beijo teu roubado
e a prazerosa surpresa de um afago.

Tanto esperei em vão… não acontece
nada do que sonhei e ainda desejo.
A madrugada quase amanhece
sem teu afago e o esperado beijo.

Não mais pensar em ti? Que desconsolo!
Além do sonho não realizado,
um fruto amargo brota do meu solo.

Antes tranquilo tal qual uma prece,
Este horizonte que agora olho
torna-se turvo em meu olhar molhado

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo segunda, 11 de dezembro de 2017

NÓ DE MARINHEIRO

 

 

 

 O verdadeiro “nó de marinheiro” amarrou o Brasil e o povo brasileiro

Francisco de Meira Vasconcellos, também conhecido pelo hilário apelido de “Caburé”, foi indicado por uma “autoridade” para exercer um cargo importante na Petrobras. Ali, sua incumbência seria cuidar da venda de combustíveis para o exterior, principalmente para alguns países vizinhos, e da América Latina.

Anos depois de admitido, “Caburé” perdeu a timidez e passou a chamar a atenção dos demais diretores da empresa. Carros sempre novos e caros. Casas, apartamentos e fazendas. Uma investigação aconteceu e Caburé entrou na alça de mira da Polícia Federal. Não demorou muito e foi descoberto que o mesmo estava desviando altos valores, pois fora colocado na função exatamente para fazer isso – e dividindo-os com quem o indicou para o cargo. Preso, foi constatado que desviara um mínimo de 300 milhões de reais.

O tempo fez com que Caburé pensasse em fazer delação premiada. Fez. Denunciou e entregou quem o indicou. Fez mais: propôs devolver 120 milhões de reais, e conseguiu ter a proposta aceita. Ganhou alguns anos de diminuição na pena de condenação.

E para onde vão e com quem ficam os 180 milhões restantes?

Qual a escola que ensina essa aritmética?

Descobriu-se também, na sequência, que Caburé foi o articulador da negociação hilária e inconsistente valor para o preço do combustível. Nas suas vendas, o valor do litro da gasolina não superava R$2,00, sem qualquer preocupação para o fato de que, no Brasil e para o consumidor brasileiro, o litro do mesmo combustível estava chegando aos R$4,00. Alguém entende dessa aritmética?

Aprendeu em qual escola?

 

 Botijão de gás – o mais comum vendido no Brasil

Oleodutos e gasodutos nos impuseram a impressão da diminuição da distância quilométrica entre Brasil, Bolívia e Colômbia. Passamos a ter, também, a impressão de algo fácil na transposição das fronteiras – as comerciais, pois as dificuldades físicas sempre existirão. Para parecer “fácil” essa aproximação, agora em todos os sentidos, foram imaginadas ações que justificassem a superação dessas demandas e necessidades no nosso próprio continente. A comercialização do gás butano é uma dessas traquinagens.

Lá pelos anos 50, o emergente Edson Queiroz, “pater” do sistema e principal cabeça pensante e operacional dos negócios da família, ao mesmo tempo que exercia a mágica de transportar sacas de açúcar em jangadas no trecho Bahia-Pernambuco-Paraíba-Alagoas-Ceará, descobriu que também seria vantajoso investir nos negócios dos combustíveis. Fundou e investiu na Norte Gás Butano, que brigaria forte contra as “irmãs” do sul e sudeste, Supergasbrás e outras assemelhadas.

Mas, para quem vender o gás butano?

Cérebro ventilado, Edson Queiroz criou a antecessora da Esmaltec e a própria, fabricante do fogão a gás. Não vendia fogões. Doava. Não lhe interessava o dinheiro da venda dos fogões. Interessava, sim, o dinheiro do consumidor do gás.

Hoje o fornecimento do gás de cozinha parece justificar a sabedoria de Edson Queiroz enquanto investidor. Aparentemente, a produção e venda do gás de cozinha virou algo estatal e acabou se tornando um forte “condutor” da economia brasileira.

 

 Lenha – o gás butano natural das famílias da roça

A vaca não “serve” apenas com o leite. Dela, aproveitamos até a bosta. Claro que sem esquecer a carne ou os ossos. Do couro fazemos o calçado, dos ossos as rações, etc.

Assim, de forma semelhante, da Natureza aproveitamos também a madeira que, em estágio ainda inferior, nos fornece a principal fonte de produção e preparação de alimentos. É o mais próximo substituto do gás de cozinha.

Não é ofensivo imaginar que, para garantir o consumo do gás de cozinha, alguma coisa tem que ser feita para “evitar ou proibir” o corte e uso contínuo da madeira. Criam-se as leis e a elas chamamos de “combate à destruição do meio ambiente”. É fácil incutir isso na cabeça de tantos analfabetos.

 

 Fogão “movido” a lenha – prejuízo para a indústria e economia brasileira

Quanto custa, nos dias atuais, um botijão de gás nas principais capitais brasileiras?

Nas cidades interioranas, principalmente naquelas onde é difícil encontrar “madeira para queimar”, o valor unitário do botijão chega quase a duplicar. Mas, nas cidades onde há mais madeira para tocar o fogo na comida, o gás butano não tem tanto valor. É desprezível, principalmente pelo aspecto cultural.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 06 de dezembro de 2017

UIVOS NO TEMPO E NA MEDIDA

 

Para que serve o metro,
Se não mede o que sinto por ti?
Para que serve o tempo,
Se não diz desde quando te amo?

Quero um metro que meça o amor,
Quero um tempo que conte a vida.
Quero medir, sem dízimas simples
Nem periódicas, a distância que nos une.

Quero viver em ti – sem precisar
Ficar entrando ou saindo.
Quero esperar ouvir teus uivos
Antes, bem antes dos meus.

Quero um metro que se
Confunda com o tempo,
Quero entrar e nunca mais sair
Quero me renovar em ti, como o fênix.

Quero o aconchego das tuas medidas,
Sem tempos e sem desmedidas.
Sem contagem de tempo,
Até que solte os últimos uivo


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 03 de dezembro de 2017

O OLHAR DE ANTIGAMENTE

 

 

 

 O vento premiando os olhares

Era assim: a partir das 15 horas, estudantes que frequentavam a escola pela manhã, e alguns desocupados, se postavam na frente do Cine São Luiz, ali na Praça do Ferreira, na minha Fortaleza querida.

Antes, “merendava” uma cartola na lanchonete do Romcy Magazine, ou saboreava um pastel com caldo de cana na Miscelânea (hoje, Leão do Sul, mas no mesmo local). Mas o destino seguinte era fazer uma parceria com vento forte que soprava – e a cena final era aquela mesma da Marilyn Monroe: o vento, muito macho, fazia a festa.

Nos fins de semana, bebericando uma cachacinha no restaurante Cirandinha, que ficava na Praia de Iracema, já usufruindo do local onde hoje tem um “espigão”.

Meninas lindas douravam o corpo nas areias da praia. E a gente, sem o açodamento dos dias atuais, apenas “curiava” com uma maravilha de binóculo. Era muito legal.

* * *

Zé Garapa e a peixeira

 

 Copo de garapa

Essa coisa de desarmamento é algo novo. Costume dos evoluídos. A gente sabe que não funciona e por que não funciona – e ainda que andar armado seja “proibido”, o Brasil é o país do planeta que mais mata, e que usa para isso a arma traficada e a arma “branca”.

Mas, esse é um assunto que não queremos discutir agora – até por que as próprias autoridades preferem ficar no mimimi costumeiro.

Quem conhece a Fortaleza dos anos 40, 50 e 60, sabe que a história a seguir é verdadeira, embora seja contada e propalada com ares de estória. Já foi até “causo” contado por Pantaleão, no extinto programa Chico City. Depois, virou anedota, por ter sido contada com outros tons, inclusive o cinza.

Naquele tempo a hoje famosa Praça do Ferreira tinha apenas três atrações maiores que as de hoje: o relógio na mesma coluna antiga; o abrigo onde a grande maioria se reunia para bater papo e discutir futebol; e o Cine São Luís, esse inaugurado nos anos 60.

A praça, provavelmente por estar onde estava, era passagem obrigatória de muitos que se destinavam para o Mercado Central, para a praia ou para a Rua Franco Rabelo, um “puxadinho” da ZBM.

José Gerardo Nepomuceno passava todo dia por ali, a caminho do Mercado São José, que ficava próximo do Mercado Central. Ali ele trabalhava o dia inteiro. Pela manhã vendia carnes bovina e suína. Pela tarde vendia fígado, miúdos e material para panelada. Isso, acreditamos, justificava o “direito de andar” portando o seu instrumento de trabalho: uma faca peixeira de 12 polegadas, sempre envolta numa bainha improvisada feita de jornais velhos.

Morando no acanhado bairro do Siqueira, José Gerardo Nepomuceno, era muito conhecido por “Zé Garapa”, apelido que não gostava e já lhe causara alguns entreveros. O que se sabia era que “Zé Garapa” era casado com uma das mulheres mais “arrumadas” no bairro no aspecto físico e das curvas. Sabia-se, também, que “Zé Garapa” não estava dando conta do recado na hora dos vamos ver. A informação fora passada de forma involuntária pela própria mulher, que disse que, na “hora agá”, além de não dar conta dos afazeres, “Zé” destilava feito uma garapa. E isso pegou e virou apelido. Correu ruas e bairros e chegou no “abrigo da Praça do Ferreira”, por onde “Zé Garapa” passava todos os dias a caminho do trabalho.

Quando alguns avistavam “Zé Garapa” se aproximando, parecendo combinado, diziam:

– Água!

– Limão!

– Açúcar!

E era aí que “Zé Garapa” parava de andar, levava a mão até a cintura, pegava e desembainhava a peixeira, e bradava:

– Mistura, fela da puta!

Nunca foi de bom alvitre alguém ter um apelido, ficar famoso por conta dele, e passar pela Praça do Ferreira.

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 29 de novembro de 2017

A COISA TÁ MUITO FEIA!

 

 

 

 

Pistola automática usada livremente pelos bandidos

É a coisa tá feia mesmo. E pior: está parecendo que não tem solução, a não ser jogar gasolina e tocar fogo em tudo. Felizmente, não temos coragem para isso.

Hoje resolvi dar uma pausa, e não escrever nada. Pesquisei e encontrei essa matéria pequena, publicada ontem pelo Diário do Nordeste de Fortaleza, que me chamou muito a atenção – pelo fato de ter acontecido com três representantes da lei, além de reforçar a teoria vista por olhos vesgos pelo judiciário – que nos dias atuais tem soltado mais que prendido. Avaliza o descrédito que a sociedade tem sobre nosso sistema.

“Três delegados são vítimas de assalto na Av. Treze de Maio

Durante a fuga, os criminosos chegaram próximo a colidir contra outros veículos que trafegavam pela via. Os servidores estavam em horário de almoço

Três policiais civis foram vítimas de um assalto na Avenida Treze de Maio, Bairro de Fátima, no início da tarde desta terça-feira (28). Por volta de 13h, os criminosos roubaram um veículo modelo Honda Civic, nas proximidades da Igreja de Fátima.

As vítimas foram identificadas como três delegados lotados na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Conforme apurado, os servidores estavam em horário de almoço quando foram abordados.

Durante a fuga, os criminosos partiram em alta velocidade pela avenida e assustaram os populares que trafegavam pela via durante o momento. Os suspeitos chegaram a quase colidir com outros veículos que transitavam pela avenida.

Armado, um dos delegados chegou a correr no sentido da igreja a fim de alcançar os criminosos. Comerciantes do entorno conversaram com a reportagem e afirmaram que roubos de veículos no horário do almoço e durante a noite são comuns neste local.” (Diário do Nordeste/Fortaleza)

II

Este segundo texto, a seguir, eu também não escrevi. Foi compartilhado com minha página no Facebook, por alguém da minha proximidade. Inclusive por saber que, por anos, morei na Cidade Maravilhosa – e naquele tempo era realmente “maravilhosa”.

Não vou acrescentar nem modificar nada. Mas, não posso deixar de referendar que, tudo acontece por conta da certeza da impunidade e pelo exemplo maravilhoso que vem “de cima”.

 

 

Secular imagem do Rio de Janeiro que o crime dominou

“Rio de Nojeira

“Fuja do Rio de Janeiro, só fuja, não tem nada de maravilhoso aqui.
Não venha aqui atrás de emprego, não tem.
Não venha aqui atrás de qualidade de vida, não tem.
E se você der sorte, conquistar um bom emprego, ganhar muito dinheiro, não demonstre.
Se seu salário te dá condições de andar com o carro do ano, não compre. O vagabundo também quer o carro do ano, e ele vai tomar o seu. Sim, ele vai e ponto. 
Ande a pé ou combine o transporte com alguém… o transporte público não é recomendável, você vai ser assaltado.
Não existe “SE me assaltarem”, o correto é “QUANDO me assaltarem”.

Você que é carioca e ficou puto com o possível veto ao Carnaval 2018, alegando que o carnaval atrai muitos turistas, que dá muito dinheiro, que deve ser encarado como investimento e não como gasto… Pois bem, aonde vai parar o retorno desse investimento? Piada.

Enfim, isso aqui tá uma merda.

Sei que tenho amigos aqui que estão fora do país, fora do RJ, com saudades da cidade.

Conselho: aguente firme. É melhor sentir saudades do que sentir uma bala rasgando a pele.

Aos amigos que estão pensando em começar do zero, tentar a sorte em outro canto, se você tem essa oportunidade: vá e não olhe pra trás.

Enfim, a cidade é maravilhosa sim, para uma corja de vagabundos agirem livremente.

Eles vão te sacanear, vão levar o que você tem, você vai perder, eles vão ganhar. A certeza da impunidade é a cereja do bolo.

Não tem enrolação, não tem mensagens entrelinhas. O papo é reto e explícito. SÓ VÁ.

Para finalizar, gostaria de marcar o Governo do Estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura do Rio de Janeiro e dizer que vocês são merdas.” (Por Matheus Laureano)

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo segunda, 27 de novembro de 2017

A SAÚDE BRASILEIRA TÁ NO PENICO!

 

Pessoas passam a noite nas filas para marcar uma consulta médica

Parece praga de catimbozeira que não teve o seu pedido respeitado. A saúde pública brasileira faliu – por absoluta falta de competência dos gestores. E sendo honesto, não é de hoje. Faz tempo está assim.

A máquina governamental é a principal responsável pela situação, por mau gerenciamento. Enquanto a saúde e a educação forem dirigidas por parceiros políticos em vez de técnicos, o panorama caótico não mudará.

No Brasil, de cabo a rabo, de norte a sul e de leste a oeste, a situação é caótica. Imagine que, nos últimos 30 anos foram implantados no país, vários Planos de Saúde, oferecendo uma porrada de vantagens para quem não precisa. Exemplo: para quem mais precisa, os idosos, esses planos sequer aceitam assinar contrato.

Ultimamente o caos triplicou. Diabetes, hipertensão, câncer e uma infinidade de doenças crônicas passaram a fazer parte da carteira preferencial, inclusive com fornecimento gratuito de medicamento. Mas, por incrível que pareça, o medicamento gratuito “desapareceu” (algum tipo de insulina, por exemplo) das mãos do Governo por absoluta falta de dinheiro. Mas, nas farmácias tem para venda.

E sabe para que tem dinheiro?

É. Você está certo se pensou que tem dinheiro sobrando para planos assistenciais de drogados; mudança de sexo (apenas porque alguém não está satisfeito com o gênero que Deus lhe deu), aborto, internação por depressão e outras coisas do gênero.

Tem idoso dormindo nas filas para tentar marcar uma consulta, que, às vezes, nem acontece porque ele chega ao óbito. Agora, o criminoso, o vagabundo, o traficante que não contribui com porra nenhuma para a sociedade, tem atendimento médico garantido no dia que precisa, sem entrar e nenhuma fila e sem precisar saber se existe leito no hospital.

É a saúde pública brasileira.

O Deus-Lula pronunciando mais uma bravata

Alguém tem noção da quantidade de leitos ocupados por acidentados em motos, neste país?

E por que os legisladores não criam e aprovam uma lei, determinando que, ao adquirir uma moto, o proprietário terá acrescido no valor do veículo, uma espécie de seguro que sirva para custear, em caso de acidente, o seu atendimento em hospitais particulares, bem como os atendimentos posteriores? 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 22 de novembro de 2017

A NOVA EMPREGADA

 

 


A “pia” que Raimunda usava na casa da patroa

 

Lembro como se ainda fosse ontem. Foi, com certeza, em 1978, quando o Brasil jogava na cidade de Mendoza, nas Argentina, no dia 21 de junho, e vencia o selecionado da Polônia por 3 a 1, gols marcados por Nelinho e Roberto Dinamite (2). Compareceram ao jogo, 39.586 torcedores.

Estava eu na casa de um amigo que conhecera durante os sete anos que estudamos no Liceu do Ceará. Ele, já tendo assumido um cargo de chefia na representação do Banco do Nordeste (lembro que ficava na Avenida Rio Branco), que cuidava especificamente do setor de ações.

A mulher dele – que não vou revelar o nome – que trancara a matrícula no curso de Direito na Universidade Federal do Ceará, era uma branquela azeda metida a dondoca, cheia de não me toques. A residência ficava em Santa Teresa, mas ela pagava um táxi para ir ao Méier, tirar o esmalte das unhas e colocar um novo. Depois, soubemos que dinheiro era algo fácil e sem qualquer controle. Bastava assinar um papelucho, que estava tudo resolvido.

Roubar para ostentar, não é coisa nova. É do tempo em que o ouro brasileiro saía dentro de santos. Santo do pau ôco. A diferença, agora, é que, quem ganha para “punir” os ladravazes, resolve se envolver e formar uma quadrilha única.

E aí o casal achou que precisava contratar uma empregada, que hoje tem quem ache que age diferente, chamando de “secretária”. Arre égua!

Trouxeram a Raimunda. E olhem, era uma Raimunda mesmo! Uma cara não muito interessante, mas a bunda era de fazer inveja às frequentadoras das academias de hoje.

Como a patroa não trabalhava e o patrão trabalhava no expediente bancário, Raimunda não precisava acordar tão cedo. 6 horas virou rotina. Mas a patroa acabou descobrindo que Raimunda demorava muito no banheiro fazendo a assepsia matinal, porque usava o bidé como se fora um lavatório, com torneira e tudo. 

* * *
A TURMA DO SACO

 


A turminha do saco – brincadeiras antigas

 

Nós que já passamos dos 50 ou 60, tínhamos alguma coisa especial na hora de brincar?

O que era mesmo que fazia de nós meninos tão criativos e ao mesmo tempo estudiosos, educados, obedientes aos pais e aos mais idosos?

Será que era a liberdade que nossos pais nos passavam?

E por que éramos assim, sem que jamais tenhamos escondido que nossos país eram muito rigorosos e sabiam se fazer obedecer?

Por que sumiram as nossa brincadeiras de antigamente?

A maioria vai achar que estou errado, que não é bem assim. Mas, eu entendo que as crianças mudaram, a partir do momento em que as mães começaram sair de casa para atender um chamamento da mídia capitalista, que passou a afirmar que, o trabalho feminino fora de casa reforçaria o orçamento e proporcionaria uma vida melhor.

Um verdadeiro conto do vigário. A mãe saiu de casa para trabalhar atrás de um balcão, ganhando uma mixaria e deixou a filharada ao Deus-dará – passou a ser muito fácil e produtiva a ação do traficante, principalmente por que a legislação brasileira protege o menor de idade.

E isso pode até mudar, quando as crianças netas dos que hoje são filhos passarem a conviver com o prazer de fabricar, inventar e gostar do trabalho de fazer brinquedos para si próprio.

Fora disso, permaneceremos no mato sem cachorro.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 19 de novembro de 2017

O CHEIRINHO QUE ENLOUQUECE

 

 

 Imburana – pau cuja casca cheirosa dá qualidade ao rapé

Faz tempo que se sabe que vem de Paris os melhores perfumes (às vezes, com muita matéria prima saindo do Brasil ou de outras plagas). São tantos os odores diferenciados que poderíamos ser injustos citando apenas um ou dois. Até por que, isso é também uma questão de preferência pessoal.

Mas, que tem quem cheire sempre, naturalmente, sem nunca ter usado qualquer perfume. Por muitos anos se preferiu muito o cheiro do sabonete Phebo, que dizem alguns, era fabricado no vizinho estado do Pará.

Há quem também goste do cheiro de canela e mais ainda do cravo. E aí você junta o cravo com a canela. É realmente um aroma que chama a atenção de muitos – embora não seja um aroma para usar durante a noite, numa reunião ou numa festa.

No interior do meu velho e progressista Ceará, os mais antigos gostavam de misturar o fumo de rolo, depois de posto à secar e torrado, com o pó de imburana, uma árvore cuja casca tem um cheiro forte e concentrado. Dava um aspecto aristocrático ao rapé – e o simples abrir do corrimboque era um convite à aspiração. Era cheirar e espirrar quantas vezes se pretendesse para desobstruir as narinas.

 

 O cheiro do muco que corre da vulva canina anunciando o cio enlouque os cães

O odor, sabemos, nem sempre cheira bem. O forte odor de amônia incomoda e não é benéfico a quem o aspira. Mas, o cheiro de almíscar é exageradamente “gostoso e atraente” com é o cheiro de limão, de erva-doce ou de camomila.

Há cheiros que atraem, por dizerem alguma coisa. O cheiro humano, dizem, pode identificar pessoas. Uma coisa é o cheiro emanado através das axilas (via que a Natureza reservou para jogar fora as impurezas, pela transpiração) e outra coisa é o cheiro humano dos braços ou das pernas.

Mas, qual seria o cheiro emanado pela vulva da cadela quando inicia o período do cio? Por que aquele cheiro “enlouquece” os cães?

 

 Os adversários adotaram como zoação o “cheirinho” que o Flamengo sente dos títulos

Mas, outro tipo de cheiro que tem incomodado muito a uma grande quantidade de pessoas, é o “cheirinho” que o Flamengo vem sentindo desde janeiro deste ano. Investindo milhões na contratação de jogadores que imaginavam poder garantir a conquista de todas as competições da temporada, o Flamengo tem ficado mesmo só no cheirinho, virando deboche e gozação dos adversários.

O meu Botafogo, que não teve dinheiro para investir o correspondente a 10% do valor investido pelo Flamengo, está atualmente como líder entre os clubes cariocas que disputam o Campeonato Brasileiro da Série A.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 15 de novembro de 2017

DIA DE LAVAR A BURRA E NOITE DE TAPAS E BEIÇOS

 

 


Dose de Sapupara – a melhor cachaça do Ceará

 

Hoje eu tô cacachorra!

Hoje é dia de beber uma cachaça e cuspir no pé do balcão. Vou beber até o restinho do Santo.

Mandei preparar um tira-gosto dos tempos de rapazola: pombo borracho frito, com farofa de farinha d´água molhada e colocada na frigideira com alho e manteiga da terra. É o fraco!

Faz tempo que, quando bebo, só tenho bebido vinho tinto e cerveja. Faz mais de dez anos não bebo nenhum tipo de refrigerante e há pelo menos uns seis anos não botava na boca uma dose de cachaça.

Ontem no começo da noite começou cair uma chuvinha, e essa me pegou desprevenido. Como ela caía “grossa”, logo alagou as ruas e deduzi que demoraria diminuir ou passar. Resolvi me molhar e chegar mais rápido em casa.

Na biqueira jorrante feito boca de jacaré, prolonguei o banho, e para evitar uma gripe, resolvi tomar uma “dose” para aquecer também o corpo. Abri uma garrafa-litro antiga de Sapupara, igual essa dose amarelinha que está na foto.

Afffmaria, que coisa maravilhosa!

E tome chuva, e tome banho. Veio a segunda dose. Resolvi parar e recomeçar hoje, feriado nacional. Exato dia em que “tô cacachorra”!

 

Pombo borrachudo – na idade apropriada para fazer um “frito”

 

Daqui mais compouco vou na bodega do Dário. Lá ele tem todo tipo de cachaça boa. Tem da Pitú, passando pela Sanhaçu a preferida do Papa Berto, até a Colonial branquinha. Mas, da bodega dele eu gosto mesmo é da Sapupara. É cachaça que, quando a gente bebe, dá até para estalar a língua.

E como se isso não fosse suficiente, é a mulher dele quem prepara o pombo borracho frito na manteiga de garrafa e faz aquela farofinha torradinha. Duvido que neguinho beba só uma dose. Du-vi-d-ó-dó!

 

Cajá umbu (que alguns chamam também de cajá manga) 

Mas, quando você chega na bodega do Dário, se ele perceber que você vai beber mais de uma dose, e ainda não pediu a especialidade da casa (pombo borrachudo frito com farofa feita na manteiga de garrafa), ele pega uma cuia de coité, e põe sobre o balcão com quatro cajás umbu. Com quatro cajás, tem quem beba meia garrafa de Sapupara, sem servir ao santo e sem cuspir no pé do balcão.

Eita tira-gosto da moléstia da gota serena, siô!

Então, daqui mais compouco eu vou é mesmo beber duas talagadas – mas vou pedir logo chegue, um pombo borracho frito.

Tô cacachorra hoje, seu menino!


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 12 de novembro de 2017

O ENEM E SEU (IN) SUCESSO

 

Sinais em Libras

 

Este texto não pretende ser uma “aula da saudade”, muito menos achincalhe à quem não esteve devidamente preparado para uma prova, que, pelas maledicências, não significa nada. A universidade nunca “ensinou nada”. Ensina, sim, o que se vê todo dia na vida diária do universitário.

Quero fazer uma reflexão, e pouco importa se serei acompanhado ou não. Quero refletir, exercendo um direito meu: o de pensar. Isso se alguém admitir que é “democrático” pensar, sem ser rotulado de fascista. Rotular pessoas, todos sabem. Escrever uma redação, quase ninguém sabe.

Um amigo (do peito, diga-se) em comentário livre nas redes sociais sugeriu o fim do ENEM, sob pena de que esse ENEM acabe com a educação. É uma ideia de cunho pessoal e individual – e assim sendo, merece reflexão e respeito. Mas, de minha parte, discordo totalmente.

Reflitamos: aulas só acontecem no Brasil, em dias úteis. Quantos são os dias úteis, no Brasil, dos 365 de cada ano? Não me preocupei em aferir, mas sei que desperdiçamos todo ano quase 30%, que corresponderiam a mais de 109 dias. Some-se a esses 109 dias, as paralisações por greves (nos dias atuais, quase sempre iniciadas pelos professores) injustificáveis. Isso sem contar a nova modalidade de suspensão das aulas: a determinação dada pelos bandidos e/ou traficantes. Nos dias de prováveis tiroteios entre facções, as aulas são suspensas.

E vem a primeira pergunta: é o ENEM que precisa acabar, para não acabar com a educação?

Qual tem sido o posicionamento e o papel dos Conselhos Estaduais de Educação nessas situações?

Por que, nesses casos, a visão e as providências dos gestores das escolas particulares são diferentes dos gestores das escolas públicas – quando se sabe que muitos dos professores que trabalham na rede pública trabalham também na rede particular?

E qualquer que seja a resposta, ela vai nos levar na direção do passado. Da escola do passado, do ensino ultrapassado, mas eficiente.

Não. Não era o ensino “eficiente”. Os professores é que eram diferentes. Capazes. Eficientes e sabiam o que ensinavam.

Não existia diferença nem ninguém via diferença entre o que ensinava a escola pública, e o que ensinava a escola particular – porque, repetimos, os professores sempre foram os mesmos. Os gestores é que sempre pensaram diferente.

No futebol (onde os dirigentes se lixam para a contrapartida em benefício do torcedor) o Governo não tem obrigação de “apoiar” a prática assumindo o patrocínio master do clube. Já está muito além do bom tamanho, quando o Governo disponibiliza uma praça de esportes em condições de uso. Já é o suficiente.

Da mesma forma, está seguindo ideia equivocada, o Governo que, literalmente, dá tudo na educação. Dar a escola em condições e um professorado qualificado já é o suficiente. Infelizmente, o Governo troca as bolas: dá livros, dá fardamento e outros itens, mas esquece do aparelhamento adequado das escolas e da qualificação dos professores. Isso não é projeto de País. É projeto de Governo, de indivíduo.

Números. O Governo não trabalha com a qualidade. Trabalha com números. Ao Governo, pouco importa se os 2.000 professores que foram aprovados num concurso público, estão qualificados para atuar. Ele se satisfaz em mostrar que “admitiu” 2.000 professores e que, dessa forma está investindo na educação. Mentira. Galhofa.

E em alguns dias teremos, finalmente, o resultado do ENEM 2017. Quem reclama do tema da Redação, na verdade, passou o tempo preocupado com as mortes em Paris, com o destempero de Donald Trump, com a “perseguição” ao Deus-Lula, com o Rock in Rio.

Quem leu livros, quem pesquisou e aprendeu, com certeza achou o tema algo natural.

Com libras ou sem libras.

 

Estudantes da UFRGS participam de sarau em Libras

Tempos atrás, a nota mínima de aprovação – em qualquer matéria!!! – era 5. Nos dias atuais, com o modernismo das escolas, com escolas climatizadas, com merenda escolar, com transporte escolar, com fardamento, quem “tira” nota diferente de ZERO numa redação escrita na língua oficial do País, está aprovado. Quantos mais forem aprovados, melhor.

O gestor não quer saber de qualidade. Quer saber de números. Ranking. E depois somos obrigados a ler as “emes” que Mestres e Doutores escrevem no exercício das profissões.

 

Uma resposta de aluno no ENEM sem falar em libras

Mulher…. mulher!

Não tenho conhecimento suficiente para discutir o assunto que, repentinamente, tomou conta do país, e passou a ter mais importância que a própria vida. Muitos opinam sem domínio do assunto – e isso acaba desvalorizando e achincalhando um tema tão sério. Refiro-me à “transposição” do gênero humano.

Ora, se é verdade ou mentira não sei. Também não conheço o assunto nem me sinto capaz de discuti-lo. Mas, diz a história religiosa que, DEUS, o único que pode tudo, criou o Éden e criou também o homem. A ele deu o nome de Adão.

 

Mulher – a árvore da família

Os dias, meses e anos se passaram. Deus, onipotente e onipresente, percebeu que Adão estava sozinho no Éden.

Deus resolveu “criar” a mulher. Podia para o feito, ter usado um galho de árvore, uma pedra, uma estrela cadente ou até mesmo estalar os dedos e estaria “criada” a mulher – porque Ele pode tudo.

Mas essa mesma história garante que, para tornar o novo ser (a mulher) mais próximo do homem, DEUS, o que pode tudo (e só Ele pode!), retirou uma das costelas de Adão e dela fez a mulher, a quem chamou de Eva. A continuidade da história, acredito que muitos já sabem.

Provavelmente por ser uma costela do homem, a mulher evoluiu, e hoje vai além de ser uma simples costela. É muito mais que isso – e muitas se transformaram em costelas, cabeça e mãos de alguns homens.

 

A família – filhos e netos vindos de uma única mulher

Mas, hoje, a mulher não está conformada com o destino que DEUS lhe deu. Quer poder e ser mais que o que já é – a mola mestra da família. A árvore da família. A peça mais importante da reprodução humana. A mulher, que tanto luta pela igualdade (no sentido de ter direitos vários reconhecidos), já começou a parecer “desigual”, além dos seus limites e acima daquilo para que foi criada por Ele.

E aí criaram um tal de “empoderamento”. Desnecessariamente, diga-se. Pois, a mulher já pode muito, pode quase tudo.

Com tantos (e merecidos) poderes, muitas jovens mulheres acham que podem (e querem ser) homens, ou, se assim não for, criar um terceiro sexo.

A televisão, incompreensivelmente criticada por tantos, acabou de mostrar uma telenovela falando no assunto.

Hoje, neste novo Brasil criado pelo Deus-Lula, que atravessa a pior crise de desmoralização e descrédito desde o dia 22 de abril de 1.500, onde se coloca à discussão, assunto de tamanha relevância?

Nas mesas do bar do Manuel? Na falida Universidade ou em qualquer outra sala de aulas?
Será que esse “empoderamento” é achar que pode superar e mudar os desígnios de DEUS?


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 08 de novembro de 2017

OVOS

I – Meus Ovos

 

 

Bacia de palha com meus ovos

Gamela, na roça, é quase que o mesmo “depósito” de servir comida para animais – galinhas, patos, catraios e porcos, sendo que para os suínos a “gamela” também pode e é chamada de “cocho”. Quando está fora de uso, é limpo e separado para ser usado como “depósito”. Ali são guardados ovos, laranjas, mangas, bananas e outras coisas.

Antigamente, no Ceará, gamela servia para servir comida aos porcos e para alguns comerciantes usarem como depósito (ou vitrine) para tripas e pés de porcos, ou algum tipo de carne salpresada (salgada).

Pois, em Pindaré-Mirim, Município da região do Vale do Pindaré, onde outrora existia uma grande movimentação por conta de várias usinas de beneficiamento de arroz e industrialização da cana-de-açúcar, nos anos 70 existia também um movimentado comércio de secos e molhados. Região próspera em função da navegabilidade do Rio Pindaré, um dos maiores da região.

Doca de Sena era um também próspero comerciante que “ajudava como podia” alguns moradores. E uma dessas ajudas era comprar ovos de galinha caipira, patas, peruas e catraias. Comprava e revendia. Era comum Doca de Sena comprar sete, oito 30 ovos e quem vendia quase nunca levava dinheiro. Levava açúcar, pó de café, leite, sal e daí em diante.

Doca tinha o hábito de usar uma gamela para colocar os ovos expostos à venda. Não ignorava muito quem chegava, perguntava o preço e escolhia – ovo de galinha caipira, dizem, quanto menor melhor.

Certo dia, Dona Bia precisava fazer um bolo sob encomenda e quem encomendou esqueceu de levar os ovos. Levou leite, açúcar, trigo, manteiga, sal, fermento. Mas esqueceu os ovos. E Dona Bia precisando comprar os ovos, foi até o comércio de Doca e ao chegar, interessada na compra, perguntou:

– Esses são os ovos da galinha, Seu Doca?

Mais grosso que o famoso Seu Lunga, Doca de Sena não esperou duas vezes e respondeu:

– Não. São meus!

E eram mesmo. Ele comprou, eram dele. Estavam ali para serem vendidos e a galinha não tinha mais nada com aquilo.

Moral da História: Veja com uma única palavra, um vírgula ou um ponto pode mudar uma situação. Releiam a resposta dele. Ele respondeu: Não. São meus!

Agora, se ele tivesse respondido: Não. São os meus!

Teria comprado uma briga com Dona Bia que, além de matuta brava, era casada com um macho velho metido a brabo.

* * *

II – Ovos de fora

 

 

Japinha carrega porco de raça com os ovos de fora

Como o assunto ainda tem a ver com os ovos, o japinha Tanaguchi, da terceira geração de nisseis que chegaram ao Brasil para continuar a vida, seguindo conselhos dos pais (no Japão os pais continuam sendo importantes para os filhos – diferente do Brasil), fixou residência no interior paulista. Não revelo a cidade porque pode não ficar bem para o japinha.

Família tradicional de agricultores nas terras japonesas, os Tanaguchi não encontraram muitas dificuldades para continuar explorando o mesmo ramo de atividades e de subsistência – trabalhar com “bomsai” era apenas para as horas de folgas na criação de porcos de raça.

A família também explorava a plantação e venda de caqui. As duas atividades garantiam emprego para vários membros da família Tanaguchi, mas, Ukay-Ki preferia continuar explorando a criação de suínos. Suínos de raça. Da melhor raça.

Ukay-Ki tinha o hábito da cultura japonesa como principal forma de vida: a honestidade nos negócios. Não trabalhava com balança nem com medidas para determinar o valor dos porcos que levava para vender no abatedouro. Mas tinha uma medida infalível. Achava que o suíno estava pesando bem e no tamanho ideal para a comercialização, quando, colocado no carrinho especial para transportar, o suíno ficasse com os ovos de fora.

É. Cada um trabalho da forma que acha melhor. Medir e pesar o suíno pelos ovos!

* * *

III – Deixe que eu dou o meu jeito

Nos últimos anos os brasileiros têm perdido o precioso tempo – que poderia ser utilizado para algo menos fútil – discutindo não apenas o sexo dos anjos, tampouco se é mesmo a cegonha quem traz os bebês para aumentar as famílias.

 

 

Dessas carícias aí talvez aconteça algo mais sério

É a mesma coisa quando se dispõem a discutir (ou conversar para melhor entender – não para aprender a fazer) sobre sexo. Antes, lá pelos anos 40, 50, 60 e meados de 70, se discutia sobre alguns métodos utilizados para garantir o controle da natalidade. Métodos de concepção.

Hoje as discussões saíram de alguns consultórios médicos, deram uma rápida passagem pelas missas dominicais e chegaram até ao Vaticano, onde alguns assuntos receberam a bênção e a aprovação do Papa. Foi a chegada do homossexualismo e mudança de gênero – não demoram muito e criam um terceiro sexo.

O que sempre se disse e ouviu dizer, desde o Éden, foi que Deus criou o homem. Viu que aquele homem se sentia muito isolado. Resolveu dar-lhe uma companheira. Criou a mulher, e segundo dizem, formou um casal. Não criou outro homem para fazer um par e servir de companhia à Adão.

Mas, é grande a quantidade de pessoas que vivem tentando contrariar esse princípio divino. O assunto voltou à baila e agora toma conta da mídia, a tal mudança de gênero.
Fazer o que?

Não conheço o assunto a ponto de pretender discuti-lo.

Sabe aquela anedota do macaquinho que resolveu transar com a girafa?

Pense e descubra qual seria o resultado de uma transa entre “o” girafa e uma zebra. Arre égua! Eu não quero nem me preocupar com isso.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 05 de novembro de 2017

NOSSO VIR, QUE ALEGRA, E NOSSO IR, QUE ENTRISTECE

I

O vir e ir da onda que transforma o poderoso mar em poesia

 

“Por que chora, a tarde seu pranto entristece o caminho
Por que chora, se tem a beleza do sol e da flor
Por que chora, a tarde sabendo que existe outro dia
E a alegria depois da tormenta, é dia de Sol.”

Tarde de reflexão. Tarde desleixada do bom trabalho produtivo, e doada com carinho e paz para fazer um balanço da vida. Da minha vida, que, sei, está chegando ao fim. Como tudo que um dia começou. Não por que pensar diferente.

Andar descalço na areia molhada da praia, com a bainha da calça dobrada e molhada pelas ondas que vem, molham, e vão embora. Repetem a provocação, quase poética. Vem, molham, e vão. Uma vez. Duas vezes, incontáveis vezes.

Eu sei, sou o mesmo. E a água das ondas seria a mesma?

Me veio à mente a minha primeira colheita, da minha primeira semeadura. Três sementes de quiabo. Três pés de quiabos, e vários quiabos. A semeadura positiva, com várias outras sementes. Na roça, aonde nasci e me vi me transformar em gente. Eu me vi e vendo eu me lembro. Me lembro de mim.

Minha calça de suspensórios, dois bolsos laterais, para carregar nada e um bolso atrás para carregar a baladeira – num espaço que só entrava o cabo. Me vi tirando a baladeira, me vi atirando no passarinho que, felizmente voou. Voou para a vida e provavelmente para a reprodução.

Parei de andar na praia, e olhei para o mar até alcançar o horizonte, que fica num lugar que a gente apenas pensa que vê – pois, sendo longe, longe é um lugar que não existe, informa o escritor. E sendo longe e se não existe, como a gente pode ver?

Olhei para o mar, e como se mágica fosse, vi a água incolor parecer verde, e se transformar em espumas brancas. Repito: incolor que parece verde, que vira branco. E na sequência, tudo volta para o azul do mar.

Volto a caminhar. Não sei para onde vou. Não quero ir para lugar nenhum. Quero apenas caminhar pelos caminhos poéticos da imaginação que me leva do azul ao verde do mar, transformado em branco que desaparece no minuto seguinte.

Ondas que não são minhas, sementes que plantei, vida que estou devolvendo em breve para quem me semeou.

* * *

II

O violino e o violinista

 

Um violino e uma partitura

A fala é a reprodução da voz humana. A fala é o som da humanidade. Quem fala, canta. E quem canta embevece, transformando notas em música. Mas, quem toca, emoldura a fala e dá o tom poético à música.

Particularmente, nos meus melhores momentos, gosto de ouvir música. E a música que eu gosto de ouvir (mais) é a música instrumental.

Piano, saxofone, violino e acordeom são instrumentos musicais da minha preferência – um para cada momento de espiritualidade.

E quando a gente quer ouvir música, a conversa apenas atrapalha. Então, vamos parar de atrapalhar e escutar.

 

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 01 de novembro de 2017

CONVERSA MOLE PRA BOI DORMIR

“Menor de idade” precisa de tarja preta em foto divulgada

 

Vou iniciar essa reflexão totalmente por fora do que me ensinaram, quando pretendiam me levar a ser um profissional (medíocre, sei!) das letras. Bem distante das técnicas de redação e mais ainda da ética jornalística.

Começo fazendo algumas indagações:

1 – Como estaria este país apelidado de Brasil, se a senhora Dilma Roussef ainda estivesse “pedalando” por aquelas áreas verdes e mal cuidadas do complexo do Planalto?

2 – Por que, assim tão repentinamente, os comedores de bisnaga com mortadela e guaraná recolheram suas bandeiras e aparentemente diminuíram seus protestos?

3 – Como estaria a nossa Corte Suprema, se o senhor Joaquim Barbosa, afrodescendente assumido, ainda estivesse comandando aquela casa que, de uma hora para outra, ao contrário da mesma teoria praticada em países evoluídos, passou a cuidar de decidir até quem deve ter o direito de plantar batata doce ou produzir ração para cães, desde que sejam protagonistas das entrevistas do Jornal Nacional e do Jornal da Globo?

4 – Alguém já parou para pensar e admitir que, a implicância com Joaquim Barbosa não era com a competência dele, mas, apenas e tão somente, com a cor da pele dele?

5 – Pois, o que justifica que, quando alguém se posiciona contra a “orientação sexual” (uma ova!), é rotulado de homofóbico e preconceituoso, mas, nunca se consegue rotular de nada – e muito menos punir, pois a lei é só de araque – quem, desde o dia 23 de abril de 1500 acirra e perpetua a discriminação racial?

 

O trio que colocou o país neste estágio de descrédito

 

Agora, depois de ler e refletir sobre esses cinco itens, façam um rápido passeio pelo seguinte:

1 – Lá pelos anos 70/80 houve uma verdadeira guerra e um forte bombardeio contra a exibição de duas peças teatrais: Hair e o Beijo da Mulher Aranha, ainda que exibidas em ambientes fechados e apenas para adultos.

2 – Antes disso, alguns anos atrás, era cega a perseguição contra Jece Valadão e Norma Benguel por algumas cenas do filme Os Cafajestes; e não ficava menos badalada a implicância contra Leila Diniz que aparecera na praia sem a parte superior do biquíni.

Nada disso foi visto como “arte” – e vejam que a “arte brasileira”, até aonde se sabe, recebe incentivos da Lei Rouanet, cujas dotações orçamentárias são provenientes da arrecadação de impostos – naqueles tempos num país onde os valores morais crescem feito rabo de cavalo. Para baixo.

Hoje, infelizmente, vivemos num momento de descrédito total e absoluto em todos os poderes. Os fatos diários só nos levam a ter certeza que o país está aquém da época paleolítica, com autoridades constituídas sem se darem ao respeito.

O Judiciário afirma que vive de aplicar as leis. As leis do país. As leis imaginadas, votadas e aprovadas por esse legislativo que está aí, visível à todos. Legislativo das cusparadas, das agressões, das acusações, e segundo dizem, das votações contra ou favor, sempre em troca de algo de destinos duvidosos.

É o legislativo que pensa e vota as leis que regem a educação, a segurança, a família, a arte. E é na “arte” que queríamos chegar.

Os meios de Comunicação são obrigados, por Lei, a imprimir tarjas pretas nos rostos de jovens menores de idade e adolescentes e usar apenas as iniciais dos nomes de infratores. Mas esse mesmo menor de idade e adolescente pode fazer o que tem feito todos os dias – que é perda de tempo relacionar aqui. Inclusive, pode e tem o direito de ter interatividade com a arte nua em escolas e teatros.

 

Abater algum tipo de caça para comer é proibido – mas não é proibido desmatar milhares de hectares de terras indígenas

 

Agora, vejam quem elabora, vota e aprova as leis que nos “regem e conduzem” à praticar a cidadania. O desabafo do cantor Benito di Paula contra alguma “arte” de um “legislador”.

 

 

Tudo, literalmente tudo, conversa pra boi dormir. O país está mergulhado no poço de merda moral.

Literalmente.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 29 de outubro de 2017

PÃO D,ÁGUA E BOLACHA JUBAIA

Antiga Padaria Duas Nações

 

Pelas mais recentes informações que absorvi, ainda não plantamos (nem colhemos) o trigo que consumimos, após industrializado de várias formas (macarrão, bolos, pães, etc.) vão para o comércio. Sempre li e ouvi dizer que, o trigo que consumimos vem da Argentina.

Agora é difícil entender que, importando trigo argentino, quase todas as padarias que existiam nos anos 50, 60 e 70 (e boa parte ainda hoje) no Brasil pertencessem a portugueses. As fábricas de macarrão, bolachas e afins, a italianos.

Pois, ainda que isso tenha real significado, nos anos 50/60 a ainda pequena Fortaleza, capital cearense, duas reconhecidas e premiadas padarias que pertenciam a portugueses mereciam a preferência dos fortalezenses. Eram elas, a Padaria Duas Nações – localizada na esquina da Rua Barão do Rio Branco com Castro e Silva, no Centro da cidade. A outra, a Padaria Lisbonense, instalada e funcionando há anos na Rua Pedro Borges, também no Centro.

Era na Padaria Lisbonense que muitos compravam pão. Pão d´água, no Ceará; pão francês ou bisnaga francesa em muitos lugares; e pão massa grossa no Maranhão. Era na Lisbonense, que muitos compravam, também, no fim de tarde para levar para casa, o “pão sovado”; que no Maranhão chamam de pão massa fina.

 

Pão d´água para o cearense – ou bisnaga francesa para os de fora

Outra boa atração da cidade, eram as bolachinhas Ceci e Jubaia. Ambas, uma delícia. A Ceci érea fabricada pela Padaria Duas Nações (esquina da Avenida Barão do Rio Branco com Rua Castro e Silva – a cerca de 30 metros da sede da The Western, onde trabalhei anos), em quatro fornadas diárias. Duas pela manhã e duas pela tarde. Vendia mais que picolé em Teresina. A Jubaia, outra delícia, era fabricada num povoado que ficava para o lado de Maranguape. Chegavam todo dia, na Padaria Duas Nações, duas fornadas. Uma pela manhã e outra pela tarde. Vendia mais que caldo de mocotó de madruga

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 25 de outubro de 2017

O BALANÇO DO INGAZEIRO

O balanço que nos revelou o amor

Viajamos quase 24 horas. A estrada, felizmente, era boa. Comemos boa comida, bebemos boa água e sempre fomos bem atendidos. Gente educada, que acabou me cativando – prometi que voltaria.

Chegamos na capital e fomos para uma pousada. Descansamos e resolvemos sair para olhar o mar. Olhar o mar e respirar a cheiro diferente da maresia. Aquele cheiro que a gente sente ser real e ao mesmo tempo imaterial.

Almoçamos e logo depois pegamos a estrada – também uma boa estrada. Muitas novidades e coisas que nem sabíamos que existia. Afinal, são mais de 60 anos ausentes. Aliás, eu, ausente. Para a companhia tudo era novo.

Chegamos nas Queimadas e tudo me pareceu sem mudança alguma. Apenas o tempo parecia ter passado e mudado. Fomos recebidos por parentes que ainda vivem lá.

Apresentações feitas, me afastei um pouco do grupo – que estava se preparando para o café vespertino. Andei. Andei e andei mais ainda. Tive receio de me perder ou encontrar alguém que não me conhecesse e viesse me reprimir.

Um pouco mais afastado reconheci uma árvore que nos era familiar. Era tão familiar que parecia parte de nós – de mim e de ti. Era o nosso ingazeiro, ali mesmo aonde armávamos nosso balanço e aonde trocamos nossos primeiros beijos. No balanço viçoso do viçoso ingazeiro – enquanto nós, em pleno viço da juventude, trocávamos apenas ingênuos beijos.

Inacreditavelmente, o balanço continuava lá. Sozinho. Parecia esperar por nós. O ingazeiro, mais forte, mais envelhecido e com uma copa maior e por isso mais sombria.

Sentei no balanço e confesso, senti uma saudade enorme de ti – da tua infância, da tua beleza, da tua pureza e principalmente do que trocávamos todas as tardes.

Saudades do balanço. Do nosso balanço e do ingazeiro.

* * *

O traque da minha infância

 

Os traques – nossos chips da alegria

Lembro bem. Eu corria para a porta. Para a meia porta que estava fechada. Meu pai acabava de chegar com ares de cansaço – tinha o hábito de andar a pé. Caminhava a pé, todas as manhãs, a caminho do trabalho. Voltava para casa de ônibus – apenas para, sentado, ler os jornais.

Chegava em casa e tirava de um dos bolsos das calças, uma caixinha de traques. Ele sabia que aquilo faria minha alegria e eu ficava feliz em ver a alegria que ele sentia em me fazer feliz.

Uma caixinha de traques – e eu sabia dentro de casa soltando os traques e espantando o gato que aboletou-se definitivamente da nossa casa. Fruto do bom tratamento que recebia.

Eu estourava um. Estourava dois, três, quatro cinco. Estourava quase todos, rindo e pulando de alegria – sem saber bem o por que. Afinal, um traque era apenas um traque. Mas, um traque é apenas um traque, para um adulto. Para uma criança, um traque é muito mais que apenas um traque.

Eu tinha o hábito de guardar dois traques. Um para estourar depois do jantar e outro para estourar antes de deitar para dormir. Antes da oração noturna – naquele tempo que já vai longe, algo sagrado que as mães impunham aos filhos.

– Mãe, antes da reza, posso soltar meu traque?

– Pode. Vá soltar o traque. Mas não demore!

Era como uma alforria para a vida e um reconhecimento do direito à liberdade. Eu estourava, finalmente, o último traque e voltava para a oração.

– “Pai nosso, que estás nos céus…….”

Nunca consigo me lembrar de ter algum dia terminado a oração. Adormecia antes. E sonhava com mais uma caixa de traques no início da noite do dia seguinte.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 22 de outubro de 2017

HOJE É DOMINGO! VAMOS COMER MARISCO?

Faz algum tempo que meu Avô faleceu. Era trabalhador. Usava bem o machado e melhor ainda a foice (mas sequer ouviu falar em comunismo). Tarrafeava que era uma maravilha e nunca fez um lanceio que não trouxesse pelo menos piabas na tarrafa.

Além da roça que tínhamos, como meeiros, tínhamos também uma pequena horta no quintal da casa. Todo dia Vovô pegava “quatro caminhos d´água” – três jumentos, cada um com dois tonéis cheios d´água. Para regar a pequena horta e para dar de beber aos próprios animais, incluindo caprinos, galinhas, patos e perus.

O canteiro com cebolinha, tomate, pimentão e cheiro verde ficavam suspensos. Coisa de 1,50m do chão, para não ser destruído pelas galinhas.

No chão da pequena horta Vovô plantava batata doce e quiabo. E batata doce e quiabo eram as duas únicas coisas que completavam nosso feijão do dia a dia. Carne bovina, só aos domingos ou feriados. Galinha, só quando alguém adoecia ou a própria galinha “pedia” para morrer, fazendo alguma traquinagem. Assim, essa ia pra panela.

Esses quatro primeiros parágrafos, apenas para dizer que, conheci e comi marisco pela primeira vez (caranguejo) em Fortaleza, depois que passamos a morar na cidade. Depois conheci o siri, camarão, lagosta e outros. Comi ostra e mexilhão (sururu) pela primeira vez em São Luís. E hoje é dia de comer marisco.

Tem quem goste do camarão Pitú. Eu nunca comi. Nossos mares produzem mais de três dezenas de espécies diferentes de camarão. Só o Maranhão produz pelo menos dez espécies diferenciadas e cada uma melhor que a outra.

Mas, o caranguejo é dos mariscos, o mais popular, ao lado do mexilhão (sururu). No Maranhão existem ainda, o sarnambi, a tarioba e a ostra, sendo esta de valor comercial mais alto.

Caranguejo “guaiamum”

Em Fortaleza, lá pelos anos 50/60, caranguejo não era uma comida muito aceita. Havia restrições. Ainda como povoado e município de pequena população Caucaia, possivelmente por ser tão próxima de Fortaleza, era a que atendia a demanda da capital no item caranguejo. Muito do siri consumido também vinha daquela região, que se prolongava até Icaraí, uma praia que estava sendo descoberta – Cumbuco é algo mais moderno, tipo anos 70.

De Caucaia para Fortaleza vinha muito o caranguejo uçá, uma espécie que se reproduz com mais facilidade no manguezal, provavelmente pelo tamanho, que não desperta tanto interesse. Mas isso foi uma barreira vencida anos depois, porque os “pegadores” ou “tiradores” se dispuseram mais à captura, em vez de procurar o guaiamum – que alguns garantem ter um sabor adocicado.

Caranguejo “uçá” – mais popular e mais consumido

Caranguejo é uma comida que esconde o sabor e o prazer de comer, no biombo da forma de preparar. Não é qualquer pessoa que sabe preparar caranguejo para ser comido com mais vontade. Adequadamente limpo, o crustáceo vai ficar mais gostoso se for servido com um bom pirão de farinha seca.

No Maranhão, o “caranguejo está bom para comer, logo na primeira fervura”. Na primeira fervura a carne pode ser retirada com mais facilidade, sem a necessidade de quebrar as unhas (patas) com violência. Com uma fervura mais demorada, a carne fica mais presa e de difícil retirada.

O acompanhamento é parte essencial. Arroz de toucinho com vinagreira picada. Molho vinagrete preparado com o caldo do cozimento do caranguejo e leite de coco babaçu ou azeite de oliva para quem o prefere. O molho é colocado sobre o bocado a ser comido, antes de levado à boca.

Caranguejo cozido no leite de coco

Outro marisco preferido nos domingos é o siri. A Bahia é o estado que mais consome siri e é da capital, Salvador, o conhecido prato “moqueca de siri mole”, uma comida dos deuses. Preparado à base do leite de coco ou do dendê, é um prato que pode ser encontrado em qualquer bom restaurante da capital baiana.

Nos estados do Ceará e do Maranhão, o siri também tem grande aceitação, mas ainda não domina a moda da moqueca. Apesar do tamanho da orla marítima do Maranhão e do Ceará, o siri é um marisco que não é tão fácil encontrar.

 

Siri preparado ao leite de coco

Moqueca de siri 

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 18 de outubro de 2017

O PREÇO CO BOTIJÃO DE GÁS AUMENTOU! E DAÍ?

Fogão à lenha pode ser feito em qualquer lugar

 

Relembro agora da inflação galopante dos anos 70/80. Quem quisesse medir sem necessidade de ter que acreditar nos noticiários nada oficiais, podia fazer uma lista de compras e ir ao supermercado no dia 30. O valor pago no caixa era um. No mês seguinte, fazendo a mesma compra, o valor era outro. Uma inflação absurda, quase se comparando com a da Venezuela dos dias atuais.

Mas, nos anos seguintes a inflação foi pelo menos teoricamente controlada. Na parte alimentação, foi sim. Embora tivesse passado a ser diferente nos itens medicamentos, roupas e transportes – incluindo aí a gasolina, que é o gatilho para detonar muita coisa.
Claro que isso é uma preocupação – e eu não seria idiota para dizer que não é. Mas isso é preocupação ainda maior, para quem vive na cidade grande, enfrentando os problemas urbanos e até mesmo para quem não sai de casa. O condomínio do apartamento sobe algumas vezes por ano e leva junto as contas da água e da luz.

Pagam o mesmo preço daquilo que aumenta, os Mestres, os Doutores e o pobre coitado que, trabalhando de sol a sol, recebe menos que um condenado que cometeu crimes, está preso e não vai enfrentar filas para consultas médicas e outros que tais. Os teóricos de merda chamam isso de “democracia igualitária”. Arre égua!

Agora, Zezim de Joana, que mora nos cafundós do Judas, come peixe sem gelo todo dia, porque pesca; come camarão fresco sem clorofórmio; come batata doce, abóbora, cenoura e frutas sem agrotóxicos porque planta; bebe leite da vaca sem produtos químicos e bebe água da fonte sem restos de merda, e quando quer comer uma galinha da terra, basta pegar no quintal – com certeza tá pouco se incomodando se o gás agora custa R$60 ou R$80 ou seja lá quanto for.

Ele, em vez de ficar caçando Pokémon ou frescando com o celular, aproveita as horas de folga e constrói para a “patroa de casa” um fogão à lenha. Coisa que você talvez nunca tenha visto. Nem em filmes – porque até isso agora é diferente.

E tu, só porque tem uma bosta de carro, que te causa mais problemas que soluções, e te leva a pensar que é rico, é o mesmo babaca que, todos os domingos sai de casa, para “comer uma comida caseira no restaurante”.

 

A “nova arte” brasileira

Em Fortaleza, que ainda é parte deste Brasil, lá pelos anos 60/70 alguns marmanjos viviam “tirando sarro” (era assim que se falava naquele tempo) em mulheres nos ônibus lotados. Pênis ereto, encostavam atrás da mulher – alguns eram tão ousados, que chegavam a passar a impressão que estavam ali formando um casal. Por isso quase ninguém se intrometia. Ninguém tomava dores por que parecia que a mulher estava gostando.

Parece que a “moda” voltou. Soube-se recentemente através das redes sociais, de homens ejaculando em mulheres, nos mesmos transportes coletivos.

Não é tão incomum olhar alguém “arriando um barro” (cagando, defecando) em via pública por algum motivo. Provavelmente por que não encontrou local adequado para o ato. Mesma coisa alguém urinar em via pública.

Nesses casos apresentados, parece que apenas defecar e urinar em local público deixou der ser atentado ao pudor pelo Código brasileiro. Mas, no primeiro caso (ejacular) a Lei ainda pune o infrator, exceção apenas à possibilidade de comprovação de debilidade ou desvio mental.

Da mesma forma, praticar sexo em local público também passou a ter interpretação diferenciada – antes, era “atentado violento do pudor”. Mas, espere uma coisa. Praticar sexo em via pública não pode. Mas pode ejacular em alguém num ambiente coletivo (transporte). Alguém pode explicar isso?

Aí vem a situação da pedofilia. Alguém manter fotos de crianças de ambos sexos nuas e/ou praticando sexo, é crime de pedofilia.

Agora, alguém permanecer nu, em palco de teatro, segurando nas mãos (como a foto mostra) de crianças de outro sexo, não é pedofilia.

É “arte”!

E quem falar ou escrever alguma coisa contra, está praticando “censura”.

Esperem aí. Se estamos numa quermesse, parem o carrossel que eu quero descer.

Afinal, em que porra de país estamos vivendo?


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 15 de outubro de 2017

DIA DO PROFESSOR

 

Uma professora em sala de aulas – no Brasil

 

Somos humildes e compreensivos, até aonde a Natureza nos ensinou. Até aonde a Natureza, de forma pedagógica colocou um mundo repleto de bifurcações, e nos permitiu escolher livremente o caminho a seguir – para o acerto ou para o erro. A decisão foi, sempre, exclusivamente nossa. A nós, cabe o ônus da culpa, se é que ela existe – e a paga por isso.

Queremos, nesta pequena reflexão, render homenagem a alguém que sempre será tão importante nas nossas vidas, quanto nossos pais – o(a) Professor(a).

E o que estamos vendo nos dias atuais? Estamos confundindo “ escolarização” com “educação”. Faz muito tempo.

A escolarização é papel constitucional do gestor, enquanto peça relevante na instituição Estado; a educação é intrinsecamente, papel da família e de quem a conduz. Quando estivermos à altura do entendimento para agir e separar os caminhos, teremos dado importante passo.

Na escolarização, o entrave mora há anos na gestão. Governantes carreiam milhares de milhões para a “escolarização”, e ao mesmo tempo – sem a devida e necessária monitoração – entregam a chave do cofre, não para técnicos e/ou viventes da área. Fazem isso sem que a cara lhes trema, uma troca de favores aos que lhes apoiaram politicamente. Isso, sinceramente, não é caçar soluções de qualidade.

É melhor caçar Pokémon.

E o que acontece a partir daí? Ora, se a chave do cofre muda de mãos a cada mudança de gestão, acabaremos, inevitavelmente, indo a lugar nenhum. Sempre, e por séculos e séculos.

E quase sempre, aquele que “entra” pela artéria política (no caso, da politicagem), vai pretender “descobrir a pólvora” e ser o inventor da roda. Não se dá ao trabalho de verificar minimamente, se o antecessor produziu algo de bom que possa ser aproveitado, e fazer parte dos novos planos do abecedário. Tudo, literalmente tudo, vai para o lixo. Tem sido assim, infelizmente.

O Estado trocou de posição com a família. Paternalisticamente transformou a escola – lugar de escolarizar – num restaurante, onde acontece não apenas o milagre da divisão dos pães. Ali, comprovadamente, tem acontecido, também, o milagre do enriquecimento de alguns. E o aprendizado entra na rota do saque.

Ora, quem “descobriu” que num país que adota o português como língua principal, o Latim era importante para o conhecimento da etimologia da palavra? E qual foi o gênio, que fez entender que, aquilo não significava nada, e mandou o Latim para a lata do lixo, com giz, quadro negro, livro de chamada e tudo?

Ora, num país atualmente desmoralizado como o Brasil, a OSPB é algo dispensável na formação de jovens que, inexplicavelmente, vivem caçando Pokémon nos espaços onde deveriam estar caçando algo edificante?

E aí nos impuseram as mudanças sem alternativas democráticas. Vieram os “novos”, querendo roubar os louros de Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro e tantos outros que dedicaram o seu bater de olhos e pulsar do coração à escolarização brasileira.

Não devemos (nem vamos) esquecer que, nesse novo patamar de entendimento de escola e de escolarização; de educação e de família – a figura do Professor vive dividida. O Professor virou “tio” ou “tia” e perdeu o caminho do seu mister, da sua essência: ensinar.

E esqueceu também, que, quem “ensina” também “aprende” junto. Ou, ainda, que quem se dispõe a ensinar, precisa saber mais do que quem se dispõe a aprender.

A cantilena, que não ousamos discutir se carregada de razões ou não, tem como mote o item “condições de trabalho” e o reconhecimento pecuniário.

Parabéns ao Professor!


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 11 de outubro de 2017

AS BORBOLETAS ESTÃO VOANDO

O meu livro na construção do mundo

 

Negro, pobre e coxinha. Li essas três referências a meu respeito – como estão fazendo atualmente os babacas, idiotas e descerebrados, quando alguém diverge deles. Democracia para eles é só o direito que “eles têm” – os direitos dos outros em discordar deles, não é democracia. É fascismo. É ser coxinha.

Negro, sim. Sou descendente de negros africanos e não de alemães arianos. Pobre, também. Sou filho de operários que sempre tiveram que trabalhar para pôr o pão e o feijão na mesa – e nunca vi trabalhador ficar rico, a não ser o Deus Lula, ungido por todos os santos, ainda que sem saber de nada. Nunca. Nunca sabe de nada e ainda diz que a falecida mulher é que era rica e bem assalariada. Os filhos, em apenas cinco anos, trabalharam mais e ficaram mais ricos que a família mantenedora do Grupo Votorantim. Coxinha, não. Apenas não compactuo com roubalheira nem tenho bandido de estimação para leva-lo a dividir a cama e os sonhos comigo.

Em abril passado cheguei a duras penas, e enfrentando muitos obstáculos, aos 74. Peço à Deus para pelo menos me permitir chegar aos 75, no próximo abril. A vida, reconheço e a louvo, me ensinou mais que as escolas formais.

Jornalista profissional aposentado, e Cronista calouro, concluí no final do mês passado o que pretendo ter sido o primeiro livro.

Na roça, onde vivi os melhores anos da minha vida, plantei várias árvores – todas frutíferas e sombrias. Na vida sou parte de cinco filhos gerados – 4 moças e um rapaz e dois casamentos. Divorciado do primeiro, de onde nasceram duas moças.

Finalmente chegou a hora e a vez de escrever um livro, depois de plantar árvores e fazer filhos. E aí, em primeira mão para o Jornal da Besta Fubana, a capa de um compêndio reunindo 100 crônicas, alguns poucos poemas e parte do dia-a-dia vivido desde 1987 em São Luís.

O material está na revisão final, e antes do final deste mês deverá ir para a editora/gráfica. Financeiramente não tenho recursos para custear, embora o valor não seja astronômico. A tiragem será de 1 milheiro – mas ainda não tenho data definida para lançamento. Um amigo está pretendendo (e prometendo) me ajudar na ousadia. Se tudo correr bem e se eu estiver com saúde, pretendo comparecer ao encontro “capoeiral” do JBF, aonde finalmente o Luiz Berto gasta um pouquinho do dinheiro arrecadado na publicidade desta gazeta escrota (quem me deu essa informação privilegiada foi Chuplicleide).

Acontecendo isso, pretendo levar alguns exemplares para a capital pernambucana.

DETALHES:

1 – O livro terá no máximo 160 páginas; a capa é uma foto de uma das laterais da Casa das Tulhas, encravada no Centro História de São Luís, e é um trabalho do meu sobrinho Leonardo Ramos, web/designer residente há anos no Rio de Janeiro. Algum interessado poderá entrar em contato pelo e-mail: leonardorramos@gmail.com

2 – A seguir, a crônica que deu título ao livro.

* * *

PINTANDO BORBOLETAS

 

Manhã de um dia comum, de mais uma semana de trabalho, com ares de domingo. Mas, domingo foi ontem, ou será amanhã? – mas pode ser hoje, em obediência à nossa intenção. Ou será que, uma coisa ou outra terá alguma importância?

Que diferença pode fazer ou que importância tem um domingo – se esse é um dos sete dias da semana?

O forte vento causava a impressão de querer nos trazer ou tanger para o outono, num redemoinho que nos fará passar, também, pelo verão. Mas, não há explicação plausível para tantas folhas ressequidas formando o tapete no qual pretendíamos trabalhar, pintando borboletas.

A beleza e a tranquilidade do lugar, que nos permite contar os iguanas passeando nos galhos ressequidos, momentaneamente parece nos transformar num Van Gogh escrevendo a Natureza com suas tintas e seus pincéis.

Pincéis à mão!

Tela preparada – e o vento continua aumentando em rodopios espalhando as folhas ressequidas, ora tecendo, ora destruindo um tapete para deuses invisíveis, abrindo espaços com mãos de fada.

Um poema, com versos metricamente perfeitos e rimas que não deixam margens para críticas.

A Natureza põe e retira o vento da forma que bem lhe convém. Na direção que quer. Levando e trazendo de volta o que ajuda compor a paisagem. O atelier.

A Natureza faz da vida um poema. E nos ensina a viver as estações do ano com suas cores vivas, e mutantes. Um arco-íris!

Cada mudança é mais um passo a caminho da perfeição. A Natureza é um poeta.

Às mãos, tela e pincéis.

Os olhos escrevem o poema, selecionando as cores do arco-íris e a tela ainda branca começa sugar a tinta, como se uma força estranha pintasse por nós. Cada traço um novo tom que vai formando uma imagem que o cérebro ainda não define.

Seria a “Natureza”?

A borboleta está no pano da tela ainda inconclusa. Falta terminar de pintar uma das asas, e o vento avisa que está voltando. Agora mais forte. Últimos retoques. Pronto. A borboleta está pintada. Quase perfeita.

O vento chega rodopiando as folhas secas, quase quebrando os galhos ainda nas árvores. Empurra para longe o cavalete com tela e tudo. Nos apressamos em desvirar a tela para garantir a secagem da tinta, e a ação nos surpreende e nos faz sentir a presença d´Ele.

A borboleta não está na tela. Voou!


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 08 de outubro de 2017

TROCANDO AS BOLAS: NUZMAN E COARACY

A amizade comprometedora

 

Acordar na madrugada, sair de casa com dificuldades para treinar por duas e até três horas ininterruptas, é a rotina de alguns jovens que querem marcar seus lugares nas raias da Natação nos principais eventos oficiais pelo mundo.

Caminhar, pedalar, enfrentar dificuldades na sua própria terra e ser obrigado a abdicar do carinho e do convívio familiar para buscar condições materiais e estruturais para atingir seus sonhos de um dia subir ao lugar mais alto do pódio, é o que motiva o atleta que quer vencer competindo em alto nível na sua modalidade.

Eis que, de repente, assim como que num passe de mágica, esses percalços podem ficar no meio do caminho e a realização dos sonhos acabar por problemas que independem das suas vontades – incompetência, desonestidade de gestor ou malversação de um parco capital financeiro por parte dos que dirigem algumas entidades federacionistas.

O futebol, provavelmente por ser o esporte mais popular no Brasil, é rico em situações que alimentam estórias de favorecimento. Nos dias atuais, há quem diga que Corínthians e Flamengo são costumeiramente favorecidos pelos erros (estranhos – e por isso maledicentes) da arbitragem.

Nos anos 50 a CBF, então CBD, promovia o Campeonato Brasileiro de Seleções e as estórias apareciam de norte a sul. Lembro de um jogo final envolvendo os selecionados do Maranhão e do Ceará, em Fortaleza, depois de um empate acontecido em São Luís. A CBD escalou um Árbitro da FMF (Federação Metropolitana de Futebol), hoje FCF (Federação Carioca de Futebol).

A seleção cearense precisava vencer o jogo para eliminar a seleção maranhense – que tinha um time de causar inveja a muita gente. O que se soube em Fortaleza, foi que um dirigente da federação cearense comprou uma passagem e viajou para Recife, com o objetivo de encontrar o árbitro “carioca”. Em Recife, esse dirigente comprou uma passagem no trecho Recife-Belém e outra no trecho Belém-Rio de Janeiro, ambas no nome do árbitro escalado para o jogo em Fortaleza. O que se diz, é que, além das passagens o dirigente cearense levou também o pagamento correspondente à cota de arbitragem.

Além disso, o dirigente embarcou no mesmo voo do árbitro que se dirigia para Fortaleza e no trajeto o convenceu a “passar direito” para Belém, voltando depois ao Rio de Janeiro e justificando na súmula do jogo que o voo dera problema e não aterrissou na capital cearense.

A partir daí, a federação cearense se encarregou da “administração” do jogo e escalou um árbitro da própria entidade para apitar a partida. Resultado: os cearenses venceram os maranhenses e se classificaram.

O que sempre se sabe é que alguns jogadores não se envolvem muito com esses fatos. Como imaginar que jogadores que recebem salários milionários em defesa dos seus clubes, se prontifiquem a erros como esses? Não dá para acreditar que, na mais recente Copa do Mundo realizada no Brasil, jogadores da seleção brasileira ou da Alemanha tenham se envolvido com o placar dilatado de 7 a 1 para os alemães. E aí acaba sobrando para os dirigentes – que nunca conseguem “provar” que não se envolvem com tais fatos negativos.

Infelizmente fatos negativos tem acontecido com outras modalidades esportivas e proporcionado o afastamento de atletas que lutaram para construir suas vidas ilibadas que dignificam a conquista de lugares importantes nos pódios.

Não faz muito tempo, o Voleibol brasileiro, merecedor de conquistas as mais importantes em competições mundiais, medalhas olímpicas e outros louros, esteve envolvido com fatos negativos – que recaem sempre na bandeja dos dirigentes. Os atletas, sabe-se, estão isentos de quaisquer maledicências.

Da mesma forma, a Natação. Coaracy Nunes Filho esteve na alça de mira pouco tempo atrás, e ao que parece ainda não conseguiu limpar o nome e recuperar o prestígio de anos conquistados dirigindo no Brasil um dos esportes mais nobres – a Natação.

Esta semana, infelizmente, a pancada foi maior. A grande mídia está divulgando com ênfase um provável envolvimento do presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman com fatos que só denigrem uma das mais valiosas instituições esportivas do país.

“Carlos Arthur Nuzman nasceu no Rio de Janeiro, a 17 de março de 1942, é um advogado, atleta e político brasileiro. Ex-jogador de Vôlei. Nuzman presidiu a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Atualmente, preside o Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Como jogador de Vôlei, Nuzman participou em parte da sequência de onze títulos seguidos do Botafogo no Campeonato Carioca de Voleibol, entre as décadas de 1960 de 1970. Muitos creditam o ótimo desempenho do Vôlei brasileiro na década de 1990 e começo do século XXI em grande parte ao trabalho de Nuzman como presidente da CBV.
Operação Lava Jato – Em 5 de setembro de 2017, uma nova operação da Lava Jato, batizada de “Unfair Play”, ocorreu na cidade do Rio de Janeiro. Nuzman é acusado de subornar jurados do Comitê Olímpico Internacional que iriam eleger a cidade-sede dos Jogos Olímpicos de Verão de 2016.

Agentes da polícia federal cumpriram mandatos de apreensão e busca na casa de Nuzman e da sede do COB. Pelo menos um dos jurados, o senegalês Papa Diack, é suspeito de receber o valor de US$ 2 milhões.

Em 5 de outubro, na fase Segundo Tempo da operação “Unfair Play”, Nuzman foi preso pela Polícia Federal. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Nuzman tentou regularizar 16 barras de ouro de 1kg cada, após a primeira fase da operação. Ainda de acordo com o MPF, nos últimos dez anos o patrimônio de Nuzman cresceu 457 por cento, sendo parte deste dinheiro em paraíso fiscal em ações de offshore nas Ilhas Virgens Britânicas. O advogado Nélio Machado, que representa Nuzman, disse que a prisão “é uma medida dura e não é usual dentro do devido processo legal”. (Transcrito do Wikipédia)

Coaracy Nunes – ex-presidente da CBDA

 

“A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira o ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes, durante a operação Águas Claras, contra esquema de desvios de recursos públicos repassados ao órgão. Coaracy teve seu mandato encerrado no dia 9 de março, e desde então a entidade está sendo administrada provisoriamente pelo advogado Gustavo Licks.

Além de Coaracy, houve mais três mandados de prisão preventiva. Destes, dois foram presos: Sérgio Ribeiro Lins de Alvarenga (diretor financeiro) e Ricardo Cabral (coordenador do polo aquático). Ricardo de Moura, superintendente da CBDA, está foragido.

Além dos mandados de prisão preventiva, na operação outras quatro pessoas foram conduzidas coercitivamente em São Paulo e uma no Rio de Janeiro. Outros 16 mandados de busca e apreensão também foram cumpridos. Todas as medidas foram expedidas pela 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo. Os investigados responderão pelos crimes de peculato, associação criminosa e fraude a Lei de Licitações, sem prejuízo de outros crimes eventualmente apurados.

Denúncias de atletas e ex-atletas motivaram a operação que é parceria entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, com a participação da Controladoria-Geral da União. As investigações apuram o destino de cerca de R$ 40 milhões repassados à CBDA.

Apesar de se tratar de entidade privada, uma confederação desportiva recebe recursos públicos federais por meio de convênios com o Ministério do Esporte, de recursos provenientes da Lei de Incentivo ao Esporte, da Lei Agnelo/Piva. No caso investigado, também recebe patrocínio dos Correios – que também é uma empresa pública. Assim, a entidade está submetida à Lei de Licitações e seus agentes são considerados funcionários públicos para efeitos penais, conforme o Código Penal (artigo 327).

Coaracy Nunes Filho nasceu em 26 de abril de 1938. Ele foi eleito presidente da CBDA em 1988, tendo sido reeleito sucessivamente até 2013, quando conseguiu entrar em seu sétimo mandato, que acabaria em 2017. Ele chegou a anunciar naquela ocasião que seria seu último. A confederação comanda cinco modalidades aquáticas: natação, polo aquático, saltos ornamentais, nado sincronizado e maratona aquática.

Desde que Coaracy assumiu o comando da CBDA, foram conquistadas 11 medalhas olímpicas: duas pratas em Barcelona 1992 com Gustavo Borges; duas de bronze em Atlanta 1996 com Gustavo Borges e Fernando Scherer; uma de bronze no revezamento 4 x 100 em Sidney 2000; e uma de ouro e uma de bronze com César Cielo em Pequim 2008; um bronze e uma prata, com Cielo e Thiago Pereira, respectivamente, em Londres 2012. Poliana Okimoto foi bronze na maratona aquática.

Além de Carlos Arthur Nuzman, Brasil tem outros cartolas na mira da Justiça – José Maria Marin, presidente do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014 (COL) está em prisão domiciliar em Nova York

São Paulo, SP, 06 – Com a ida de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Organizador dos Jogos do Rio-2016, para a cadeia, os dois dirigentes dos principais eventos esportivos de nível mundial realizados no Brasil recentemente estão presos. José Maria Marin, presidente do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014 (COL) está em prisão domiciliar em Nova York, nos Estados Unidos.

O atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e um dos anteriores, Ricardo Teixeira, estão em liberdade, mas ambos também foram indiciados nos Estados Unidos por envolvimento nos mesmos crimes de José Maria Marin. Como o Brasil não extradita os seus cidadãos, não serão julgados.

LISTA PODE AUMENTAR – Dirigentes de outros esportes também estão às voltas com a Justiça. O ex-presidente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), Coaracy Nunes, passou 82 dias na prisão este ano acusado de desvio de dinheiro. Outros três ex-dirigentes da entidade também foram presos.

Além disso, confederações como a de Taekwondo e Handebol tiveram problemas com seus cartolas. No Taekwondo, o presidente Carlos Fernandes foi afastado do cargo – ele é acusado de desvios. A de Handebol sofreu intervenção após a eleição ter sido impugnada pela Justiça.” (Transcrito do Wikipédia)

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José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 04 de outubro de 2017

NA ORQUESTRA, TODOS SÃO REGENTES

Casal de “galo de campina” – macho à esquerda

Volto (de novo) ao sertão. Ao meu sertão. Ao local onde nasci, em 1943. Já se vão aí 74 anos e as lembranças – todas boas – me levam de volta às pequenas matas das Queimadas. Tudo lembranças. Lembranças do cassacos, das raposas, das mutucas ferroando as pernas dos que usavam calças-curtas e aos pios das corujas no firmar da noite de céus estrelados.

De noite, o cântico repetitivo da cigarra e os voos rasantes dos morcegos na caça aos pirilampos. Tudo junto, embeleza cada vez mais a noite – basta armar uma rede na latada ou no alpendre e ficar escutando e contando estórias de trancoso.

O galo canta, a cabra berra e chocalho anuncia que há movimento. A claridade força os olhares para os céus avermelhados, mostrando que o sol está chegando para reinar, de novo, por mais 12 ou 13 horas.

E o movimento cresce. As pessoas se prepararam para mais um dia de trabalho, na roça ou próximo dela – mas tudo e qualquer coisa terá ligação com a agricultura familiar ou cooperativada.

Dez da manhã. Meninos com baladeiras e bornais a tiracolo saem à espreita da caça. Apenas caça pequena: pássaros, teiús, camaleão, cassacos e as armações das muitas arapucas para pegar sabiás com iscas de melão São Caetano. Elas gostam. Elas caem na arapuca e entram numa gaiola ou são atravessadas pelos espetos e levadas ao fogo.

Mas o diferente é o que chama atenção. Um, dois, três e às vezes até mais galos de campina cantando na formação de uma orquestra inimitável. O macho, com um cantar mavioso; e a fêmea, com um cantar convidativo para o fogo da cópula.

Galo da campina cantando:

 

 

Fêmea de Galo de Campina Chamando (Clique aqui para ouvir)

O Galo de Campina é um pássaro silvestre de características brasileiras. Cântico totalmente selvagem. É uma ave arisca que dificilmente se permite capturar. Quem o tem preso em gaiolas, na maioria das vezes, capturou filhote, ainda no ninho e sem ter começado a voar.

É uma das poucas aves brasileiras que tem a fêmea também cantando. É um cântico sedutor, chamativo para a cópula da reprodução.

* * *

Teiú ou tejo – a caça como alimento

Teiú: dificuldade de reprodução

A seca nordestina é algo avassalador. A seca não é apenas a ausência das chuvas para a lavoura que produz alimentos – batata, milho, feijão, arroz, mandioca. A seca nordestina é também a ausência de tudo.

Pequenos animais que acabam se transformando em caças e de uma forma ou de outra acabam indo para as mesas como alimento de muitas famílias.

Tatus, iguanas, teiús, rolinhas, cassacos (mucuras), porco do mato, jacarés e uma infinidade de animais silvestres, alguns em direção à extinção – o teiú (também conhecido como “tejo” no interior do Ceará) é de difícil reprodução. O predador natural gosta de comer os filhotes.

Solto, o teiú não é um lagarto fácil de ser apanhado – o caçador precisa estar acompanhando de um bom cachorro, que é a única forma de pegá-lo.

OBS.: O homem do interior não pega caça por maldade para comer. Pega por extrema necessidade alimentar.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 01 de outubro de 2017

REBOLANDO NO MATO UM PENICO DE BOSTA

Penico velho de ágata – ou “urinó” para alguns matutos

Muito melhor que coçar frieira na beirada da rede, é cagar no mato. Cagar no mato quando se está com vontade de fazer isso, é uma coisa maravilhosa – melhor, ainda, se for trepado numa árvore, com porcos e galinhas incomodado. Vira cena hilária.

Limpar o fiofó com folha de marmeleiro, sabugo, palha de milho ou algo que tenha à mão. Essa é a chamada “barrigada” no dizer de quem quer jogar alguma coisa fora.

Por anos seguidos o “jogar barro fora” no interior era feito num buraco cavado no quintal, com apoio de paus e varas para o cagão se equilibrar; e coberto com palhas para os animais (galinhas, patos, catraios e porcos) não caírem na merda – o que obrigaria diariamente a alguém ter que descer para recuperar o animal ou deixa-lo morrer na bosta.

Mas esse era o cagador para pessoas jovens e até a meia idade. Idosos e crianças tinham sempre algo diferente à disposição. Era o penico. Penico de barro ou de ágata, colocado à disposição na camarinha.

Sempre que o dia amanhecia, alguém tinha a responsabilidade de “rebolar no mato o penico de mijo ou de bosta”. Aproveitava para lavar o dito cujo e colocá-lo na ponta de uma das varas da cerca. Perto de uma terrina com água, ficava também uma vassourinha, exclusivamente para ajudar na assepsia do penico.

Era hábito corrente em algumas casas do interior, cavar o buraco da bosta com até 6 metros de profundidade. Como se fora uma cacimba. Também era hábito, cobrir o buraco com paus, varas e palhas. A exposição ao sol e às chuvas por longo tempo, acabava por apodrecer os paus, as varas e as palhas.

Certo dia meu Avô resolveu tomar umas calibrinas e foi além da conta e do tempo. Era um domingo e o jumento Jombrega foi quem o trouxe para casa. O jumento voltou muito mais por que estava com fome, e claro, por que fazia aquele mesmo trajeto todos os dias.

Quando Vovô chegou em casa, nem teve tempo de tirar a cela, a cangalha e os cambitos do Jombrega. Foi direto para o buraco, jogar o barro fora. O pau de apoio estava podre e quebrou e Vovô caiu no buraco da bosta. Passou a noite ali. Na merda. Vovó não tinha como ajuda-lo a subir. Foi zoação por anos e anos.

* * *

Casa do pau encarnado

Flamboyant – o pau encarnado

Com certeza muitos já ouviram falar em Jessier Quirino, Rogaciano Leite, Zé Limeira, Ariano Suassuna, Orlando Silveira, Dalinha Catunda e essa “cabraiada” famosa que “veve e alegra” o nosso sertão. E antes que alguém tente me corrigir, “veve” e não “vive”, é cuma se fala nesse sertão de meu Deus.

Patativa do Assaré ficou famoso, por que o Assaré é alto sertão cearense e fica bem pertim de Orós, lugarzinho fei, onde nasceu Raimundim Fagner, o cabra que se treme todim quando canta. Arre égua! Parece que quando canta adoece de “cesão”, uma doença que dá lá para as nossas bandas – o cabra se treme todim!

Pois, muito embora não tenha nascido no Ceará, quem também acabou ficando famoso, foi “Seu Lunga” – e ficou famoso só por causa das respostas atravessadas que dava para as perguntas idiotas.

Agora vosmecê pega uma máquina de somar (a geração de hoje não faz “conta de cabeça”) e junta Rogaciano, Jessier, Luiz Berto, Dalinha, Ariano, Zé Limeira e Fred Monteiro que não vai dar alguém do topete de Nhonhoca – a mulher mais grossa e mal educada que já apareceu nim riba dessa terra.

A bicha era grossa, siô. Mas era tão grossa que começava pelos beiços e se acabava no osso do calcanhar. Era grossa da cabeça inté os pés. Arre égua! Era mais grossa do que calçada de amolar faca.

Eis que certa noite Nhonhoca estava deitada numa espreguiçadeira colocada de frente para a porteira de casa, quando, “lá fora” alguém que passava, parou e perguntou:

– Ei, dona Nhonhoca, sabe me informar aonde mora Germanim de Dora?

– Sei! Ele mora lá na casa do pau encarnado!

OBS: “Casa do pau encarnado” nada mais era que uma casa na beirada da estrada, onde reinava florido um flamboyant – mas que servia de referência nas primavera


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 27 de setembro de 2017

TENHAM TODOS UMA BOA VIAGEM

Antigo avião da Varig se preparando para levantar voo

Neste Brasil desgovernado, quem leva tudo tão a sério, acaba sofrendo de hipertensão – e um dia um infarto o leva pelo caminho da volta eterna.

Como levar a sério um País onde, dizem, Lula está encabeçando todas as pesquisas de opinião para a próxima eleição presidencial, mesmo sendo quem é, mesmo tendo feito o que fez – e até já deveria estar engaiolado, pois o seu estágio de soltura é uma ofensa aos brasileiros de bem, pagadores de impostos e de boa índole. Mas esse é outro assunto e se falar nele estarei jogando “eme” no ventilador. Fica para outra hora.

O bom é viajar. E viajar é algo bom tão antigo e acho até que foi Judas quem inventou, ao colocar à disposição dos capitalistas os primeiros veículos dos antigos meios de transporte.

Viajar sempre, qualquer que seja o meio de transporte. Viajar para ver e desfrutar de belas paisagens e de bons serviços nos hotéis e nos restaurantes. Viajar para fazer mais e novos amigos – embora exista quem goste mesmo de viajar até para curtir o deserto de Atacama.

E nesse começo de viagem fui logo lembrar das companhias de avião que já tivemos à nossa disposição – levadas à falência pela incompetência administrativa e o plantio das sementes com os frutos que hoje convivemos (a corrupção que, como uma lagarta, devora o País).

Viajar pela VARIG era algo bom, prazeroso (o que às vezes estragava a viagem eram as rotas aéreas, as distâncias entre uma aterrisagem e a decolagem e as inevitáveis turbulências – a travessia do oceano Atlântico, por exemplo ou o trecho entre Salvador e Recife) que transformava o percurso numa boa aventura.

A VARIG, Viação Aérea Rio-Grandense foi fundada em 1927 em Porto Alegre por Otto Ernst Meyer. Chegou a fazer parte da fila entre as maiores companhias aéreas do mundo nos anos 50 e 70.

Você nunca voou Varig? Você nunca voou num DC-10 nem num Boeing 747?

Quando começou a enfrentar problemas internos, a Varig foi aos poucos perdendo qualidade e acabou sendo cedida à GOL. Teve falência decretada no dia 20 de agosto de 2010.

VARIG – A maneira mais alegre de voar!

Varig, Varig, Varig!

Aeronave da Transbrasil

Também era prazeroso voar Transbrasil, cortando os céus deste Brasil de norte a sul. Conheci pessoas que gostavam de viajar pela Transbrasil – no mesmo percurso que fariam por outra companhia – apenas para “roubar” o cachecol que servia de encosto nos bancos da aeronave.

A Transbrasil foi fundada a 5 de janeiro de 1955 com o nome de Sadia S. A. – Transportes Aéreos. Parou de voar no ano de 200’ e teve a falência decretada em 2002. Tinha sede administrativa em Brasília/DF.

Fundada por Omar Fontana, quando esse apenas pretendia agilizar melhor o transporte da carne de Santa Catarina para o maior centro consumidor do País, São Paulo. Fez isso e aproveitou para transportar também passageiros, usando inicialmente o DC-3. Passou a executar também a rota para o nordeste, depois que adquiriu a Transportes Aéreos Salvador, em 1961.

O caminhão Pau-de-Arara “operando” nas rodovias brasileiras

Mas, nem tente olvidar ou desclassificar a qualidade da viagem num “Pau-de-Arara” – meio de transporte secular que ainda hoje, apesar dos metrôs, dos aviões modernos e dos trens-balas, ainda existe e até continua sendo o preferido dos passageiros.

É mais barato – e em alguns casos a viagem não será por conta de rota ou opção. Muitas vezes, também, é por ser o único meio de transporte existente nas muitas localidades. É um sofrimento total – e se sofre muito mais quando se tem a certeza de que aquele é o único transporte disponível.

Por que você acha que aquele castigo aplicado pelos torturadores recebe o apelido de “Pau-de-Arara”? Com certeza, não é por ser algo que dê algum tipo de prazer.

Jumento – é bom viajar ao ar livre

É verdade que muitos não viajam de avião, por medo. Quem tem “c” tem medo. Enfrentar uma turbulência aérea em pleno voo, pode até não matar, mas pode levar alguém a sujar a roupa e o assento.

É verdade que o “Pau-de-Arara” não oferece nenhum conforto. Você pode ficar todo “quebrado” ao fim de uma viagem de poucas horas para alcançar um objetivo – e você só recorre a esse tipo de transporte por necessidade extrema.

Agora, você pode enfrentar sol quente, poeira, desconforto e outros itens – mas viajar léguas montado num jumento não é pior que o sacolejo do “Pau-de-Arara” ou a turbulência aérea no trecho Salvador-Recife. Além disso, no jumentinho, você pode parar tantas vezes deseje para mijar, para beber água, para alimentar o bichinho e até para tomar umas calibrinas. E se o jumentinho conhecer a “rota”, você nem precisa ficar sofrendo ao lembrar das belas pernas das Comissárias de bordo.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 24 de setembro de 2017

PLANTIO E COLHEITA

A imensidão embranquecida do campo, iniciado em mim até aonde a vista alcançava, anunciava a chegada da colheita do algodão – naqueles tempos, o nosso ouro branco. Dezenas de homens e mulheres catando ali e catando acolá, e o aumento do tamanho dos depósitos para a pesagem em arrobas. Era a alegria da boa colheita do algodão. Uma resposta ao bom plantio.

Debulhar para tirar a semente a ser usada no fabrico do óleo para uso alimentício e/ou medicinal, enquanto os favos caminhavam para as salas dos teares improvisados de uma tecelagem. Dali, tudo saía para a venda – e a transformação no pagamento dos trabalhadores.

Alqueires e mais alqueires plantados e colhidos. A beleza, a riqueza e a dignidade transformadas a partir do trabalho e da confiança na Terra. E qualquer um de nós só vai colher o que plantar – inclusive os bons frutos, doces e amargos.

O tempo passava e ainda demorava a preparação para um novo plantio. O algodão virava tecido na indústria têxtil – hoje trocada por nem sei o que. Roupa de algodão. Lençol de algodão, toalha de algodão. Algodão de algodão – tudo a partir de uma semente. De algodão!

O tecido de algodão, usado e envelhecido virava boneca. Boneca de algodão. Boneca de trapos. Boneca alimentando a ingenuidade e a pureza das meninas – que, nesse tempo, estavam a milhares de anos luz de pretenderem fazer uso da “cura gay”.

 

Bonecas de trapos

 

* * *

 

O sal da lua e o vento molhado

O texto a seguir não é um desabafo. É um convite à reflexão dos nossos atos terrenos, incluindo neles o apoio (até mesmo de forma velada ou omissa) que temos dado ao que contraria a Natureza de Deus.

Agora mesmo me veio à lembrança um amontoado de corpos humanos boiando ou sendo devorados por aves no rio Ganges. Aquilo é uma forma de “Fé”, de cultura milenar por acreditar numa certa purificação. É a religiosidade aflorada.

No Brasil, o corpo desfalecido definitivamente, tem que ter um destino, sendo sepultado ou cremado – e nesses acaso, surge a determinante da Lei. A fé muda de patamar e tem seu valor diminuído.

Mas, antes de desfalecer, antes do óbito – o moribundo e os familiares desse se valem e recorrem à Deus, fazendo aflorar uma Fé momentânea e passageira porque não é verdadeira.

O brasileiro se habituou rápido a fazer promessas e orações mil, sempre para rogar e pedir. Mas as esquece para agradecer o que porventura tenha conseguido.

Se você crê em Deus nas horas difíceis, por que “o desobedece” nas horas do prazer carnal?

Mateus 19:4-6 – Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem (ARC).”

 

O símbolo deliberado do desprazer e da desobediência divina

Se você não crê na existência divina, por que recorre à Deus nas dificuldades?

Você acreditaria se eu ou outra pessoa qualquer dissesse que existe sal na lua?

E se eu dissesse que o vento é molhado?

Sei. Você não me conhece, não sabe se eu fui à lua e tampouco sabe se me molhei no vento.

E por que você acredita em Einstein e na sua teoria da relatividade? Você conviveu com Einstein ou o ajudou nos estudos da descoberta dele?

Quer dizer, para acreditar em Einstein, seus valores são uns e são reais. Para acreditar em Deus, você só acredita quando precisa que algo bom (vindo dele) aconteça!

Agora, se você não gosta da sua mão com cinco dedos, faça como o Lula, corte um. Com certeza o dedo cortado vai, um dia, te fazer falta. Mas, se você sente que sua mão com cinco dedos, não é suficiente para as suas necessidades. Você pode ser considerado normal se tentar implantar mais dois em cada uma das mãos?

Além disso, você se sente incomodado com o seu pênis, com o tamanho dele ou com o fato dele estar voltado e pendurado para a frente, e ao mesmo tempo não se sente bem como ânus voltado para trás. Você quer mudar a posição dos dois órgãos. Você se acha uma pessoal normal? Saudável e vai fazer isso apenas por que o corpo é seu?

Além do mais, você vai querer convencer a todos que homossexualismo é uma “opção sexual” e não uma “doença moral” que te dá prazer pelo masoquismo?

Mas, para você que defende o homossexualismo ou o livre arbítrio do corpo, a “depressão” é uma doença!


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 20 de setembro de 2017

A PRÓSTATA E AS COISAS BOAS QUE ELA PROPORCIONA

Para muitos tem sido difícil conviver com as mudanças que atravessamos no nosso dia-a-dia, que chegam nos atropelando como um antigo caminhão “fenemê”. Precisamos aprender a conviver com essas “novidades”, ainda que não as aceitemos. Vida que segue.
Hoje, um dos grandes problemas do país é a saúde pública – fomentaram as privatizações com o acesso dos “planos de saúde” e esses, além de não darem conta do recado, dificultam a vida de muita gente.

O Governo tem consciência que os planos de saúde não atendem nem aceitam conversar com a possibilidade do atendimento de alguém com mais de 60 anos. Mas, nem esse “Governo” se preocupa em, por conta disso, se responsabilizar pelo atendimento dessa faixa etária – que acaba sendo a que necessita mais de atendimentos.

A corrida para outras alternativas e outras possibilidades de cura (ainda que de forma paliativa) de alguns problemas, tem sido grande. Não falo por mim. Até onde sei, fiz uma revascularização coronariana e estou às mil maravilhas.

Ainda assim, me interesso por informações sobre saúde e as variáveis terapêuticas. Ontem pesquei num “blog” (Blog da Jacinta Gama) essa matéria, que agora repasso aos leitores deste JBF.

Cuide-se, pois a próstata é um dos caminhos para vivermos bem conosco e com as nossas parceiras.

Jaramataia ajuda curar as pessoas com doenças na próstata:

 

Jaramataia

Dois exemplos que a planta tem poder de cura são as histórias dessas duas pessoas que moram no município de Apodi no RN, primeiro a luta do o sr. Assis Morais, agricultor residente do Sitio Rio Novo sentia dores na barriga e tinha dificuldade de urinar, após fazer exames médicos constatou que a próstata estava alterada, o médico o alertou para ele se preparar para fazer a cirurgia.

Seu Assis é evangélico, e fez um pedido em oração para não passar por cirurgia alguma, o mesmo disse que durante a oração recebeu uma mensagem que em poucos dias ele ia receber a solução, foi daí então que sua filha uma ouvinte do programa de rádio “Noticias de hoje” com Wilson Oliveira, ouviu a notícia que o chá das folhas da jaramataia servia para evitar e combater doenças na próstata. Daí então ela resolveu ligar para pedir as folhas para seu pai, o senhor Assis, imediatamente o radialista preocupado com a situação decidiu mandar no mesmo dia 02(dois) litros do chá já pronto e várias sacolas contendo as folhas.

O tratamento teve início no dia 28 de fevereiro, desse dia em diante ele toma diariamente o chá nas medidas de 40 folhas em 02(dois) litros de agua 03(três) vezes ao dia, hoje dia 29 de março 31 dias depois o senhor Assis já se sente muito melhor e comemora os ótimos resultados, “Já consigo urinar normalmente várias vezes ao dia e as dores abaixo da barriga estão se acabando’’ disse Assis feliz da vida.

O segundo caso é do sr. Francisco Ailton Marinho, de 57 anos de idade, também após feito o exame da próstata foi constatado que ele tinha princípios irregulares quando ainda estava em São Paulo. Quando ele chegou em Apodi ficou sabendo, através do programa de Wilson Oliveira e começou a tomar o chá da Jaramataia, hoje com dois meses que toma o chá e refez o exame na CITOLAB e não foi constatado nenhum problema no seu exame. Segundo ele não houve nenhum remédio, a única coisa que ele tomou foi o chá da Jaramataia.

A luta continua no combate as doenças de próstata, nódulos nos seios, depressão, dores de cabeça e de coluna, cicatrização pós operatório, labirintite e prisão de ventre, pressão alta, aftas, pedra nos rins e ressaca, vamos continuar colhendo, embalando e distribuindo, para quem quiser é só ligar 84- 9156 3020 ou 9820 9649 ou mandar um e- mail para wocampanhas@gmail.com que enviaremos para qualquer local do mundo. Via: Blog do Josenias Freitas

Postado por Jacinta Gama às segunda-feira, março 30, 2015.

Nome comum: Jaramataia
Nome científico: Vitex gardneriana
Família: Lamiaceae

Conteúdo da embalagem: 100g do conteúdo vegetal, incluindo folhas e pequenas pontas de ramos.

Planta que previne, controla ou combate diretamente várias doenças (recém descoberta).

INDICAÇÕES

Labirintite; Hipertensão arterial (pressão alta); Próstata; Nódulos nas mamas; Dor de cabeça; Cicatrização operatória; Dores na coluna; Prisão de ventre; Mioma uterino; Bursite; Cálculo renal.

Outras doenças, disponíveis em consultas na web.

PREPARAÇÃO DO CHÁ – Ferva 2 litros de água limpa, adicione 1 colher de sopa da erva, espere esfriar, coe e coloque em um recipiente (jarra, garrafa) para conservar na geladeira.

CONSUMO – Tomar um copo(200ml) do chá ao acordar pela manhã, e outro ao anoitecer, repetir o tratamento até a melhoria do quadro.

CONTRAINDICAÇÕES – Não há contraindicações da erva Vitex gardneriana em nenhuma literatura, evitar o consumo em período de gravidez.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo segunda, 18 de setembro de 2017

LEITE DE JANAÚBA: O LEITE MILAGROSO

Leite de janaúba acrescido de casca de aroeira e casca de jatobá

 

Não sou médico (quase seria – mas os anos de chumbo não permitiram). Sou apenas um Jornalista, hoje aposentado, e colaborando com essa figura magnífica, Luiz Berto. Mesmo uma mosca azul me contando que ele não paga nem Chupicleide, pois perde todo o dinheiro arrecadado na publicidade do JBF, jogando na roleta do Cu-Trancado, em Palmares.

No dia 2 de setembro de 2012, afirmando o nome da coluna ENXUGANDOGELO, que assino com duas edições semanais, publiquei a título de colaboração e informação das coisas e dificuldades enfrentadas no sertão onde nasci e cresci nos anos 40, uma matéria com o título: O MILAGROSO LEITE DE JANAÚBA.

Já se passaram mais de cinco anos e ainda hoje essa postagem rende comentários (296 até hoje). Agradáveis comentários e alguns até surpresos.

O Maranhão é um Estado da região pré-amazônica. Uma rica flora e uma ainda desconhecida fauna. Rios perenes e piscosos – uma terra apropriada e rica em elementos estudados pela Fitoterapia, contando inclusive com a renomada e bem sucedida pesquisadora internacional, Professora Therezinha Rêgo, com inúmeras obras literárias publicadas sobre o assunto e usadas até como base para teses de mestrados e doutorados.
Conheci a “janaúba” e tive conhecimento do sucesso curativo em algumas pessoas acometidas de doenças graves. Da mesma forma, também conheci pessoas que resolveram fazer uso do leite da janaúba, e não obtiveram sucesso, porque recorreram tardiamente ao medicamento – a doença já estava em metástase. Uma pena.

Volto ao assunto, hoje, para fazer um pedido: seria muito bom que pessoas que fizeram uso do milagroso leite da janaúba, viessem aqui como vieram da primeira vez, para dizer como se encontram e se houve alguma melhora – serviria de exemplo e orientação para outros que necessitem fazer uso do mesmo caminho.

 

Janaúba (a árvore) em época de floração

O mundo de hoje é diferente do mundo de 50 anos atrás. A terra não estava contaminada e podíamos acreditar em quase tudo que a Natureza nos oferecesse.

Alguém deve lembrar de uma brincadeira que acontecia alguns anos atrás: quando estávamos descascando uma tangerina (mexerica ou qualquer outro nome que tenha), espremíamos a casca no olho de alguém. Ardia, doía – mas sabíamos que aquilo ia além de um colírio.

Nos dias atuais, pessoas gostam muito de comer pimenta. Pimenta malagueta, dizem, é a mais saudável e colabora positivamente na circulação do sangue. Mas, da forma que a ganância está assentada na moral de cada um de nós, será que dá para acreditar que não está sendo utilizada uma grande quantidade de agrotóxicos nessas coisas que nos servem e oferecem nas feiras e mercados?

 

Leite de janaúba in natura vendido nos mercados livres

Assim, antes de fazer uso do leite da janaúba, procure se certificar da procedência. Não convém adquirir esse produto de pessoa na qual não se confie.

Aqueles que resolverem fazer uso do leite da janaúba, não podem nem devem deixar de consultar os médicos especialistas nos tratamentos alopáticos das suas enfermidades.

“Janaúba – A Janaúba é uma planta medicinal da família Appcynacea, seu nome científico é Himathantus drasticus. É uma planta nativa do Brasil e pode ser encontrada especificamente no estado da Bahia. Ela é conhecida pelos nomes populares de janaguba, tiborna, jasmim-manga, pau santo e raivosa. Suas folhas são da cor verde e elas têm como características serem largas. Suas propriedades medicinais ajudam a curar furúnculos e possui ações cicatrizantes.

Essa erva medicinal estimula o sistema digestivo, é anti-inflamatória, analgésica, vermífuga, e estimula o sistema imunológico e digestivo.

A janaúba é uma planta que tem como principal benefício combater os germes, por isso ela é uma aliada poderosa contra os furúnculos, vermes intestinais e herpes. Também ajuda no combate a úlcera gástrica, gastrite e luxações. Apesar de não estar cientificamente comprovado, há boatos de que essa planta serve para o tratamento de AIDS e câncer de pulmão. (Plantas medicinais).”


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 13 de setembro de 2017

CASTIGO É ALGO DIDÁTICO?

 

Espora – o antigo castigo para as montarias

 

Pelos idos anos de 40 e 50, embora ninguém fosse obrigado a “aprender” o que era ensinado nas escolas públicas e particulares, a palmatória impunha algum tipo de medo. Concebia-se que, todos se esforçavam para aprender e para ficar livre das consequências da palmatória. Embora nunca se tenha tido conhecimento, havia também algo parecido nos colégios dirigidos pelas freiras e pelos frades capuchinhos.

Aos poucos a palmatória foi sumindo, até desaparecer definitivamente. Mas, não esqueçamos, havia outro tipo de punição – agora, muito mais às indisciplinas ou maus comportamentos individuais dos alunos. Tipo ficar na sala nos horários dos recreios, ou ficar alguns minutos “de castigo” após o término das aulas.

Não era pelo castigo ou pela palmatória que o aluno “de antigamente” aprendia mais que o atual. O item e resposta mais forte é: os professores eram exageradamente melhores.

Castigo não é algo bom. Nenhum tipo de castigo.

E aí faço uma pergunta: por que o uso da espora ou do chicote para garantir o serviço mais rápido dos animais?

O “laçador” – habilidade e vivência na fazenda

 

Santos, Paranaguá, Rio de Janeiro, Fortaleza e São Luís são algumas das cidades brasileiras que operam com carga e descarga de navios. Desses, São Luís é o que tem mais complicadores – pelo calado profundo, pela correnteza marítima e principalmente pelos obstáculos naturais.

Nesses portos brasileiros a figura mais importante para a atracação, é o “Prático”. É ele e só ele quem conduz o navio até o desembarque de cargas e/ou passageiros. O prático é também quem ganha os melhores salários nessa atividade.

Mas, ao contrário do “Prático”, na fazenda e no trato com o rebanho, o Vaqueiro encarregado de laçar bois e vacas – para qualquer que seja a tarefa seguinte – não é o que recebe melhor salário. Acaba sendo o Capataz.

O laçador passa a ser apenas um empregado que realiza um trabalho diferenciado – que pode ser feito por qualquer outro, desde que desenvolva prática apurada.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 10 de setembro de 2017

O SEGREDO DAS SELVAS

King Kong apaixonou-se por Dwan

 

I

Faz algum tempo algumas pessoas estão tentando levantar uma discussão sobre um valioso minério, cujas reservas naturais tem 98% no solo brasileiro e os 2% restantes, no Canadá. Tudo seria normal, se o “gerenciamento” dessa riqueza não fosse na Inglaterra, que não possui sequer 0,00001% – mas administra o que se faz ou deixa de fazer com a preciosidade. O nome? Nióbio!

Não é estranho, muito estranho isso?

Pois, desses 98% existentes em solo brasileiro, quase a totalidade está em Minas Gerais e um bom percentual em dois ou três estados do extremo Norte. Você haveria de perguntar: e daí?

Ora, aprendi na escola antiga – quando os professores queriam e gostavam de ensinar e os alunos queriam e gostavam de aprender, que: 2% de 10, são 2. Mas, 2% de 600 bilhões, significa alguma coisa, né não?

Nessa semana que acabou de dobrar a esquina, falou-se muito em alguma coisa relacionada com a reserva florestal de milhões de hectares da “Selva Amazônica”.

Lembram?

Xeque mate?!

Pois, como ninguém sabe de tudo e muitos sabem muito pouco de quase nada, John Guillermin dirigiu em 1976, o belo e bom filme KING KONG. No enredo, um navio enfrentou problemas em alto mar, quando “procurava petróleo” e acabou ancorando em Surabaya, na Indonésia.

Obra do acaso, uma mistura de fotógrafo com cineasta avista em alto mar, um bote onde estavam alguns náufragos do navio que enfrentara problemas. No bote, Dwan (Jessica Lange), uma bela mulher loura. Feito o resgate.

Provavelmente pela beleza, Dwan foi sequestrada por nativos e oferecida em sacrifício para um ritual. Mas, algo aconteceu errado, e Dwan acabou nas mãos de King Kong.
Será que, em mais um desses segredos da selva, King Kong comeu Dwan – ou quem teria comido quem? Por que, então, o gorila teria se apaixonado pela loura? Amor à primeira vista?

Esse, tanto quanto o interesse do governo brasileiro “liberar” determinada área da reserva amazônica, é apenas mais um segredo das selvas?

II

As gerações passadas gostavam muito de ler. Ler quase tudo. Livros, livretos, revistas em quadrinhos. Essa boa a prazerosa mania podia ser vista nos trens suburbanos que fazem as linhas para a Central do Brasil. Nos trens, muitos liam seus livros, jornais, revistas e tinham grande preferência pelos livrinhos de bangue-bangue.

Fora dali, a meninada também gostava de ler. A preferência era pelas revistas em quadrinhos, alvos até para colecionadores. Mandrake, Fantasma, Cavaleiro Negro, Flecha Ligeira, Durango Kid, Super Homem, Capitão Marvel e Tarzan.

Tarzan era uma criação de Edgar Rice Burroughs editada por anos pela editora Ebal. A base e a figura do Tarzan, foi imaginada a partir do ator Lex Barker.

Tarzan tinha uma namorada, Jane; e uma “companheira”, Cheeta (Chita).

Pois, vivendo nas selvas, sem as aporrinhações ou perseguições de ninguém e tendo ao seu lado apenas a namorada Jane, Tarzan não teve filhos. Será que Tarzan “comia” Jane, ou na verdade se relacionava era com a macaca Chita?

Esse pode ser mais um dos grandes segredos guardados ou escondidos em alguns lugares das selvas. Tanto quanto o que pode ter motivado, de uma hora para outra, a liberação da reserva da selva amazônica.

Será que King Kong ou Dwan saberiam responder, ou seria melhor perguntar aos macacos que espreitavam Tarzan, Jane e Chita ou só o Posto Ipiranga pode dar a resposta?

 

O trio inseparável – Tarzan, Chita e Jane


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 06 de setembro de 2017

O PRECONCEITUOSO

Tacinho respira a brisa do mar entre uma dúvida e outra

 

Nascido Horácio Silas Moreyra Antunes, mas tratado como “Tacinho”, ao completar 15 anos pediu de presente ao pai, um sutiã. Assustado, o pai respondeu rispidamente:
– O que é isso menino – sutiã é para mulher!

Como sempre acontece nessas situações, a mãe de Tacinho, prometendo pensar no pedido do filho – afinal de contas era uma data especial – censurou a resposta paterna:
– O que é isso, homem, larga de ser preconceituoso!

A partir daí, o clima doméstico começou a ficar insustentável. Mas não havia motivo para desespero, afinal de contas, “Tacinho” era apenas um adolescente e ainda fácil de ser controlado e aconselhado para tentar mudar algumas ideias.

Dois anos depois, exatamente no dia de mais um aniversário, “Tacinho” pediu ao pai dinheiro para o táxi, já com uma espalhafatosa mochila nas costas.

– Pai me dá dinheiro para pagar o táxi.

– Para onde você vai de táxi, “Tacinho”?

– Vou à aula de ballet, pai!

– O quê, aula de ballet? Que história é essa? Para com isso rapaz! Ballet é coisa de viado!

– Fui eu que paguei a matrícula dele! Deixa de ser preconceituoso, homem! Interferiu mais uma vez a mãe.

Cinco anos depois, ao chegar aos 22 anos, “Tacinho” fez um importante comunicado ao pai:

– Pai, estou te comunicando que vou sair de casa. Vou casar!

– Como é? Casar como, se nunca te vi com uma namorada?

– Vou casar, sim, com o Romualdo. Namoramos faz tempo! Ele é o meu professor de ballet.

Atualmente, sem nunca ter usado um sutiã, sem jamais ter concluído o curso de ballet, “Tacinho” saiu de casa. É gay assumido, casou com Romualdo e não tem profissão nenhuma. É um bosta!

O pai… o pai continua sendo chamado de preconceituoso pela mãe!

* * *

O casario de Alcântara

Belo casario alcantarense dos séculos passados

Nessa próxima sexta-feira, 8, São Luís, capital do Estado do Maranhão completa 405 anos (fundada a 8 de setembro de 1612). Como é sabido, São Luís é um Ilha. Na Ilha, estão ainda os municípios de São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.

O crescimento populacional de São Luís tem provocado algumas mudanças propostas pelos poderes legais. Atualmente São Luís tem alguns municípios (fora da Ilha) aprovados legalmente como áreas metropolitanas. Casos de Bacabeira, Rosário e Alcântara.

Alcântara foi fundada em 22 de dezembro de 1648, 36 anos após a fundação oficial de São Luís. Possui, de acordo com o mais recente censo do IBGE, 21.652 habitantes.

Atrativo turístico pela manutenção de quilombos e um casario histórico que se tornou também atração, Alcântara, além do CLA (Centro de Lançamento de Alcântara), montado em posição estratégica, tem ainda o famoso Pelourinho, a praia da Baronesa e o Largo de São Matias.

Festas religiosas, como O Divino Espírito Santo – tradicionalmente acontecendo por 15 dias – servem comidas e bebidas típicas gratuitamente.

Quem desejar conhecer Alcântara vai encontrar transporte marítimo diariamente, saindo da Rampa Campos Melo, no Centro Histórico de São Luís. Boas pousadas e culinária a preços acessíveis.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 30 de agosto de 2017

MINHAS PRIMEIRAS POSES – O LATIFÚNDIO E A GALOCHA

“Minha terra” respondendo ao plantio de mandioca

 

– Acorda menino, e se alevante!

– Pôcha vó, tá chovendo!

– E temos que dá graças à Deus por isso! Chuva num mata! Avie, siô!

– Vó eu vou fazer o quê, com essa chuva?

– Cum ela eu num sei. Mas você tem que ir trabaiá, menino!

E eu que não levantasse. E eu que não fosse me preparar para pegar no cabo da enxada mais um dia e mais uma vez. Havia uma nesga de terra cedida por Joaquim Albano, o proprietário daquela imensidão. Vários hectares.

Meu avô, como quem me “concedia” um prêmio, separou uns 200 metros de fundo por 50 de largura e disse:

– Taqui Zé. Esse pedacim de terra é seu prumode prantar o que você quiser.

Na verdade, vovô não estava me dando coisa nenhuma, pois não era proprietário de nada. A terra era do Joaquim Albano e meu avô apenas “separou” um pedaço para que eu tomasse gosto pelo roçado e me sentisse dono e responsável por alguma coisa.

O café torrado em casa, o leite de cabra, um bom pedaço de queijo e outro de beiju de farinha faziam o desjejum. O dia clareava, a chuva continuava caindo, embora de forma mais amena.

Enquanto eu esperava o “café esfriar” para começar a me molhar na chuva, meu avô já estava pronto, com enxada, foice e outros apetrechos nas mãos. Me aguardava para mais um dia de trabalho – e eu já sabia que era dali que todos tirariam o sustento.
A ingenuidade da minha avó, ou a extrema necessidade de proteger o neto querido, com certeza a levou a dizer:

– Zé, meu fii, bote a galocha prumode evitar pisar nim cobra!

– Vó… galocha no roçado?!

Urucum uma fonte medicinal

Colorau – tange para longe o colesterol ruim

Trazido da Ásia para o Brasil pelos espanhóis, lá por volta dos anos 1.700, o urucum é uma planta de largo uso entre nós e de importância medicinal muito grande. Larga aceitação na culinária brasileira, como “corante” (colorau), pela riqueza em carotenoides, também é muito utilizado na indústria, inclusive farmacêutica. O corante que é extraído de sua semente é usado em cosméticos, bronzeadores, alimentos, e tecidos.

O urucum é rico em cálcio, fósforo, ferro, aminoácidos, e nas vitaminas B2, B3, A e C. Contém cianidina, os ácidos elágico e salicílico, saponinas e taninos, fitoquímicos que ajudam a prevenir e tratar doenças. Misturar as sementes com óleo de coco, ou azeite de oliva, é produzir um remédio caseiro que pode ser aplicado topicamente para tratar queimaduras, feridas e picadas de insetos.

As sementes também são usadas com sucesso para a cura da icterícia. Para crianças, o chá das sementes deve ser dado para matar vermes. O uso da tintura remonta a antiguidade, para tratar doenças venéreas, controlar os sintomas da menopausa, melhorar a libido sexual, e para diminuir suores noturnos, dores, ou inchaço.

Semente e folha produzem efeitos diuréticos, e contêm propriedades adstringentes e antibacterianas. Se uso contínuo fortalece a função renal e o aparato digestivo. Proporciona alívio de azia, indigestão e o desconforto estomacal proveniente de comidas picantes.

O chá das folhas regula o nível do colesterol, trata hepatite, desenteria, febre, malária, edema, diminui a pressão sanguínea, e até combate os efeitos de mordida de cobras venenosas. Possui propriedades expectorantes, limpando o muco acumulado, e combatendo a asma, tosse e bronquite.” (Árvores e plantas medicinais)


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 23 de agosto de 2017

O BRINCAR E O SOBREVIVER

Alguém mais lúcido, melhor informado e menos “burro” que eu, teria algum domínio informativo a respeito da faixa etária dos encarcerados de hoje no Brasil, e/ou o quantitativo de “apreendidos” nas casas de custeio e de pretensa “correção” (as antigas Febem ou Funabem)?

Me disseram que é um absurdo (a quantidade de menores infratores e apreendidos nesses nosocômios que, na realidade, têm um nível de “correção” igual a zero.

Os gestores e envolvidos nesses problemas jamais entenderão – por que trabalham no Brasil, com leis pensadas, criadas e aprovadas para a Finlândia, Canadá, Suécia ou outros países do primeiro mundo. O Brasil é um país do vigésimo mundo – e sendo muito caridoso.

Um exemplo vivo e atual de como estão os jovens do Brasil aconteceu no começo desta semana, numa sala de aulas de um colégio, onde o aluno, no primeiro dia de aula agrediu a Professora com um soco no olho. Menor de idade, não aconteceu nem vai acontecer nada com ele. Com certeza também não vai acontecer nada com ele em casa. Mas, a Professora, essa sim, vai ser punida.

Em São Luís, não é mais nenhuma novidade, meninos e meninas são usadas pelos traficantes para negociar drogas nos colégios, de forma aberta e até nas salas de aulas, durante as aulas.

E aí fico me perguntando: será que isso também é um problema político?

Ou será que os pais viraram uns merdinhas quaisquer, que não mandam porra nenhuma nos filhos, não têm colhão roxo para impor limites e até têm a desfaçatez de reclamar algum coisa nos colégios?

E aí aparece um monte de merda com bosta na cabeça, sempre vivendo às custas da União, sem nunca terem enfrentado uma única dificuldade, para vomitar pela boca fétida:

“- Criança tem que estar na escola!”

Será que é isso que a gente está vendo?

Alguém teve coragem de olhar nas fuças dos meliantes presos pela Força Tarefa do Exército naquele conglomerado de Manguinhos/Caju/Jacaré?

Alguns ainda são imberbes. Imberbes e protegidos pelas leis.

E aí vem o melhor: Salário Mínimo vigente no país – R$937,00. Agora, veja um detalhe: Valor do Bolsa Presidiário – 1.292,43.

E, por que diabos as instituições envolvidas aceitam difundir a ideia mentirosa de que estão combatendo a violência, o crime e outros delitos?

 

De forma correta crianças sem escola “caçam” para sobreviver

Por que é crime “não estudar” na faixa de 11 aos 17 e não “é crime” servir de presa fácil aos traficantes – e em muitos casos envolvendo até os familiares de forma indireta?

Alguém tem noção das facilidades que tem um adolescente que vive no Rio de Janeiro e mora no Jacaré, São Francisco Xavier, Caju ou outro lugar próximo desses bairros – mas prefere virar traficante e drogado?

Ou, será que alguém tem noção das “dificuldades” que tem um adolescente que vive no Acre, no Amazonas, no interior do Pará e “por lei tem que estudar”?

Digam em quais escolas, em quais meios de transportes e com quais professores! Digam!
E com certeza vai aparecer algum babaca para dizer que: “criança tem que estudar. Não trabalhar.”!

Ó, vá à merda, tá!

 

Criança trabalhando para sobreviver no interior da Bahia

Agora, apesar de todas essas dificuldades regionais que o adolescente encontra e o crescimento desmedido da criminalidade com o reforço recebido por esses jovens “protegidos” pelas leis brasileiras, alguns não conseguem caminhar pelos caminhos errados. Preferem ocupar as horas com brincadeiras – é a natureza humana, pois ninguém nasce com má índole.

 

Três crianças brincando (repare que a criança do meio é um menino – numa brincadeira que

muitos entendem como somente para meninas

A inocência infantil consegue “vedar” os raciocínios dessas idades de quaisquer maldades. A brincadeira é um biombo que protege, também, do ócio da prática maldosa. Não há tempo nem espaço para pensar ou praticar o erro, quando a mente está ocupada apenas pelas coisas boas – e o brincar é uma dessas coisas.

 

O sempre excelente banho na chuva

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José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo segunda, 21 de agosto de 2017

JOÃO, O VENDEDOR DE ABACATES E CHICO BANANEIRO

Abacate sustentou João e a família por muitos anos

O pau cantou na Casa de Noca por toda esta semana com a divulgação do valor “imaginado” para financiamento público das próximas eleições: 3,6 bilhões. O povo, que será o “devedor” e vai ter que pagar a conta, continua dormindo em berço esplêndido, ou, no mínimo, cometendo as mesmas babaquices quando encaminha pelo erro e se equipara aos componentes da Câmara Federal e do Senado.

Por direito adquirido, quando vou (ou quando ia) trabalhar como profissional da área esportiva num evento, uma credencial me dá direito ao acesso gratuito. Mas, não tenho direito ao deslocamento de casa até o local do evento. No mínimo, gasto combustível com o veículo e esse consome peças, pneus e está pagando impostos ao ligar o acelerador.

Um deputado ou senador – sem entrar no mérito do fundo bilionário – tem direito a: auxílio moradia, verba de gabinete, plano de saúde, verba para passagens aéreas (ainda que trabalhe em Brasília e more em Goiânia – com deslocamento por via terrestre), auxílio paletó, e mais uma porrada de “benefícios”. Nada é diferente para um senador.

Dizem que o país está em crise e que é necessário cortar despesas para atingir metas da área econômica. Está mesmo?

Ora, um Ministro da Fazenda ou do Planejamento que vem a público dizer que, boa parte dessa meta será atingida se, em vez de pensar em cortar os excedentes acima citados para deputados e senadores, cortar R$10 (dez reais) de um suposto salário mínimo programado para janeiro/18. Quer dizer, o salário mínimo (que para os gestores é quem está levando o País à bancarrota e não a roubalheira instituída) que seria de R$979,00 será, provavelmente, a partir de janeiro, “apenas” R$969,00.

Isso é realmente um país sério?

O “indicado” por deputado ou senador assume a presidência de uma estatal, é pego na roubalheira – fica provado que “roubou” R$300 milhões. É julgado e preso. Faz acordo de delação premiada e se dispõe a “devolver” R$100 milhões dos R$300 que roubou. E está tudo certo! E os R$200 milhões irão para onde?

Mas, R$10 retirado do salário mínimo, com certeza vai ajudar a atingir a meta fiscal. Ora vão à PQP!

E esses absurdos de (des)vantagens pagas aos deputados e senadores durante um mandato de quatro anos (alguns até negociam para tirar uma falsa licença médica e permitir que outros entrem no esquema) me levaram a relembrar o Seu João, um vizinho que tive lá pelos anos 50 – 1955, para ser mais preciso – quando morei em Fortaleza.

“Seu João” saía de casa para o trabalho, todos os dias, pela madrugada. Por volta das 5 horas. “Trabalhava” no Mercado Central de Fortaleza, vendendo fruta. É, ele não vendia “frutas”. Vendia “fruta”, no singular. Vendia abacates, para ser mais preciso, e pode até ser que, para me corrigir, alguém diga que, realmente, ele vendia “frutas”. Vida que segue!

E isso me levou a tentar encontrar uma resposta que me satisfizesse a curiosidade: como um pai, cabeça de uma família de cerca de 10 componentes, trabalhando praticamente sozinho (a mulher fazia alguns trabalhos domésticos fora de casa e a ajuda era quase insignificante), podia “sustentar” todos, apenas “vendendo abacates”.

E, como alguns dos meus amigos leitores são inteligentes (tanto que leem o JBF – né não, Berto?), acho que nem preciso lembrar que abacate é uma fruta perecível. Apodrece, estraga e tem que ser jogado fora.

Será que “Seu João” era santo, ou aprendeu a repartir o pão com Jesus?

As saudáveis bananas pratas do Chico Bananeiro

Francisco de Assis Bernardino foi um comerciante (pela idade, que nos anos 50 passava dos 60, já deve ter voltado para o lugar de onde veio) que fez a vida e a da família, vendendo de tudo numa bodega, onde quase todos da rua e do bairro compravam fiado. Podemos até afirmar que, 90% dos clientes de Francisco de Assis Bernardino compravam fiado.

E Chico Bananeiro não é ninguém menos que Francisco de Assis Bernardino. Chico usava um caderno Avante para anotar os fiados – e quando alguém atrasava o pagamento, ele atrasava a venda e até a suspendia. Pagou a conta, o crédito voltou.

Sujeito honesto, correto e de respeito, Chico Bananeiro não lucrava muito com os produtos vendidos na bodega – era ali que ele fazia as amizades e certamente era por isso que, na bodega, as paredes ficavam cheias de fotos de candidatos às eleições. Mas Chico Bananeiro não se permitia utilizar como “Cabo eleitoral”.

E sabe como érea que Chico Bananeiro ganhava dinheiro para sustentar a família?

Vendendo bananas. Bananas prata. Usava carbureto para amadurecer as bananas, e nunca vendia menos de 500 bananas por dia, pois vendia também para outros comerciantes revenderem.

E, reparem: banana também é uma fruta perecível. Mas, dificilmente Chico Bananeiro perdia uma banana. Quando essa estava ficando “pintadinha” (exatamente quando está mais madurinha e saudável), ele mandava Dona Laurita, a mulher, fazer doce.

E nunca é bom esquecer: Chico Bananeiro ganhava dinheiro, apenas vendendo bananas. Sem nunca ter roubado ninguém. Esse tipo de gente, faz tempo desapareceu.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 16 de agosto de 2017

A PIPA E LINDALVA

1 – Fazendo a pipa

 

Grude de goma para o fabrico da pipa

Uma tesoura, linha de carretel, palitos de coqueiro, papel de seda colorido, e grude. Estava montada a “oficina” para construir, uma, duas, três ou quantas pipas fosse necessárias – dava até para ganhar uns caraminguás, vendendo as sobras.

Era dado o início da “construção”, quando três palitos de coqueiro eram raspados e amarrados em forma de cruz. Um palito (o maior) na vertical e os outros dois menores na horizontal. Amarrados e postos de forma a montar o “esqueleto” da pipa, que no Ceará é também conhecida como “arraia”.

Prepara-se o papel em uma ou mais cores – e isso requer habilidade e experiência. O papel deve ser cortado com sobra de pelo menos um centímetro maior que a linha que vai garantir a “armação do esqueleto”.

Na sequência passa-se o grude de goma na sobra de um centímetro, que em seguida deve ser dobrada para dentro, cobrindo a linha do esqueleto.

Em seguida, no palito maior – o que está na vertical – arma-se o “cabresto”. A penúltima etapa é a preparação da “rabiola”, feita com pedacinhos de pano velho e leve.

A última etapa é amarrar a linha do carretel no “cabresto” – e em seguida procurar um local aberto, sem a fiação da rede elétrica e botar a pipa no ar.

2 – Botando a pipa no ar

A pipa já está no ar

Feita a pipa, a etapa seguinte e “botá-la” no ar. As crianças e adolescentes de hoje precisam aprender a soltar pipa. Estão se arriscando muito e causando muitos problemas para os pais, para pessoas e para si.

Soltar pipa (ou botar a pipa no ar) é uma brincadeira saudável que ajuda a eliminar o estresse. Muitos cuidados são necessários.

Lá pelos anos 50 e 60, a fiação aérea eletrificada era muito pouca. Apenas os fios que conduziam a eletricidade. Nos dias atuais, quintuplicaram. São os fios das concessionárias de telefones, assinaturas de televisão, internet e mais a eletricidade, gerando uma verdadeira barafunda. Isso dificultou um pouco para quem gosta de botar a pipa no ar.

Em São Luís existem até campeonatos de pipas (os participantes fabricam as pipas com as cores dos seus times de preferência – e ainda vestem as camisas oficiais). É proibida a participação de quem usa cerol na linha, que tem provocado muitos problemas, inclusive fatais. O excesso de ciclistas e motociclistas acaba saindo prejudicado com pescoço e garganta cortada pelo cerol das linhas.

O bom mesmo é o “lanceio”, e há quem tenha habilidade e paciência para colocar até três pipas no ar ao mesmo tempo.

* * *

3 – Lindalva – a mulher ciumenta

Não namoraram por tanto tempo. Uns três ou quatro anos e já resolveram casar. Pensavam que se amavam, por que, todo começo é maravilhoso.

Minha falecida Avó sempre me disse: “quer conhecer uma mulher, coma uma saca de sal com ela”. É que, antigamente, a saca de sal pesava 60 quilos e o sal era em pedra. Para ser usado no dia-a-dia, necessitava ser socado no pilão – e quase sempre se passavam três ou quatro anos para ser consumido totalmente. Era o tempo suficiente para se conhecer a pessoa com quem se conviveria.

Na lua de mel, mais de trinta dias de “cama” e de amor. Muito sexo e cinco ou seis beijinhos antes de entrar debaixo do chuveiro e mais uns vinte enquanto se secava com a toalha. Amor de aparência e de araque.

Lindalva terminava de lavar a louça do café da manhã, corria para o banheiro e, no banho amaciava e acariciava a xereca – dizia que isso era para garantir a sensibilidade (sabem aquele coisa que dois partidos políticos fizeram para garantir a governabilidade?).

De noite, quando o marido (vou omitir o nome do dito cujo) chegava, já estava tudo pronto: o jantar, o vinho e a xereca úmida e lubrificada. Era orgasmo para tarada nenhuma botar defeito (mas as mulheres sempre encontram defeitos em tudo).

Lindalva vivia para o casamento e para o marido. Exigia retribuição total em todos os quesitos e, diferente de algumas, nunca sentia as tradicionais dores de cabeça – aquela quando as coisas começam a mudar e a “comida” está sendo apreciada por mais de um.
Ciumenta ao extremo. Ciúme doentio. Intolerante. Inaceitável.

E eis que Lindalva pôs na cabeça que o marido (à quem dedicava toda a sua atenção e os seus gemidos de orgasmos mais escandalosos e preferidos) estava começando a comer noutra cama, outra ração, outra carne.

 

Mulher ciumenta tenta “flagrar” o marido com a “outra”

4 – A vingança de Lindalva

Lindalva começou a desconfiar de alguma coisa – quando deveria desconfiar era de si mesma. Verificar se estava fazendo tudo certo, tudo de acordo. Como sempre (e isso é quase igual para todas as mulheres), passou a char que, se havia erro, esse só podia ser dele.

Passou a esperar o marido na saída do trabalho. Passou a segui-lo. Ficava de longe, escondida atrás de postes e colunas, para tentar flagrar o marido e descobrir com quem ele estaria se encontrando e dando parte do que era dela.

 

Lindalva foi ao desespero e “prendeu” o marido

Tanto Lindalva “caçou”, que encontrou o que queria. Certo fim de tarde, conseguiu flagrar o marido com uma jovem – a quem beijava carinhosamente, de longe. Afobou-se e aproximou-se do casal, e sem demora foi logo proferindo impropérios. Aquelas coisas de mulher ciumenta e descontrolada.

O sal da saca de 60 quilos ainda nem estava pela metade, e o marido já começou a conhecer a esposa, a mesma dos gemidos, dos afagos na cama e das promessas eternas de carinho e amor.

Como havia namorado pouco tempo, Lindalva não conseguiu conhecer toda a família do marido. Não sabia da existência de algumas pessoas.

A jovem com quem o marido se encontrou apenas naquele fim de tarde, era uma irmã dele (fruto do primeiro casamento do pai), que estava enfrentando sérios problemas de saúde na família.

Mas, o ciúme, o que fazer com ele?

Não deu para terminar de comer toda a saca de sal. Separaram-se no terceiro ano do casamento. Coisas da vida.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 13 de agosto de 2017

TRANSPORTE TERRESTRE DE PASSAGEIROS - A EVOLUÇÃO

Conta a história dos vencedores (e conquistadores), que o Brasil foi descoberto no dia 22 de abril de 1500. Conta ainda essa mesma história que, ao desembarcarem na orla marítima da Bahia, esses mesmos conquistadores teriam rezado a Primeira Missa.

Dois detalhes chamam a atenção do leitor mais concentrado: quem conta a história e a escreve como bem lhe convém, é quem vence – como seria essa mesma história contada pelo vencido?

Pois, nessa Primeira Missa em nenhuma parte dessa história contada pelo “vencedor” (no caso, “conquistador”), foram feitos registros de imagem – pinturas – onde aparecem alguns silvícolas. E esses não vieram nas embarcações que aqui chegaram. Quer dizer, chegaram antes. Alguém já estivera aqui antes – provavelmente até mesmo antes dos silvícolas. Quem?

Mas, essa discussão não faz o tema desta postagem. Pretendemos falar do transporte. Transporte urbano e/ou semiurbano para passageiros (com tarifa estabelecida e paga) e sua evolução. Serão vários capítulos e, se possível pretendemos fazer isso apenas nas edições dominicais. Hoje vamos tentar falar sobre o bonde.

O bonde

Foto 1 – Bonde puxado por tração animal

“Primeira viagem do bonde – A primeira viagem em bonde da Carris faz tempo. Embora tenha sido fundada em 1872, por decreto do imperador Dom Pedro II em 19 de junho, foi somente em 4 de janeiro de 1873 que a empresa começou a transportar os porto-alegrenses. Isso porque a instalação dos trilhos de ferro demorou sete meses.

A viagem inaugural, que levou autoridades civis, militares e religiosas da Praça Argentina, no Centro, até o arraial do Menino Deus, foi feita em um bonde puxado por uma parelha de cavalos brancos. Mas, no dia posterior, os burros e as mulas pegaram no pesado e foi assim até 1914, quando circulou o último bonde de tração animal. Desde 1908, os bondes elétricos vinham substituindo os carros à mula.

 

Força extra – Dos animais, além da força motriz para os veículos, a Carris obtinha uma receita extra vendendo os excrementos para adubagem. Depois de começar a circular, o transporte de bondes puxados por burros foi interrompido por causa das chuvas e de uma grande enchente. Foi restabelecido apenas em novembro de 1873. Os animais tinham dificuldade de levar os veículos lotados até as partes altas do Centro. Para facilitar a subida, a Carris mantinha parelhas sobressalentes de burros no começo das ladeiras que juntavam-se aos outros dois. Mesmo assim, muitos passageiros desciam e empurravam o bonde, com pena dos animais.

Em 1874, a companhia emprestou cem mulas para o exército na campanha de combate à Revolta dos Muckers, fanáticos religiosos que viviam na região de São Leopoldo, onde hoje fica a cidade de Sapiranga.” (Transcrito do Wikipédia)

Durante décadas, o Rio de Janeiro – que um dia já foi Estado da Guanabara – foi a capital do Brasil. Todas as decisões e quase tudo convergia para a também conhecida Cidade Maravilhosa. Merecidamente, diga-se.

Assim, entendemos como justo, focar nesta postagem a referência do uso e aproveitamento do bonde – que até os dias atuais continua sendo oferecido à população que tem dificuldades de acesso para Santa Teresa e aos turistas que visitam a cidade. Mais que o próprio “bondinho”, virou atração mundial o trecho da linha conhecido como “Arcos da Lapa”.

Bondinho trafegando pelos Arcos da Lapa

“Um bonde ou elétrico, trâmuei ou tranvia (ou, ainda, trólebus quando se move sobre rodas com pneus) é um meio de transporte público tradicional em grandes cidades da Europa como Varsóvia, Basileia, Zurique, Lisboa e Porto, ou das Américas, como São Francisco, Rio de Janeiro e Toronto. Movimenta-se sobre carris (trilhos) que, em geral, encontram-se instalados nas partes mais antigas das cidades, uma vez que a sua implantação data, também em geral, da segunda metade do século XIX. Faz, geralmente, um percurso turístico, embora isto não seja obrigatório. Destinado sobretudo ao transporte de passageiros, atualmente constitui-se em um meio de transporte rápido, já que, geralmente, tem prioridade sobre os demais meios de transporte. Em Portugal, obedece às regras de trânsito como qualquer outro veículo motorizado.

O primeiro elétrico (bonde) foi utilizado na Swansea and Mumbles Railway, no sul do País de Gales, no Reino Unido. De tração animal, era puxado por cavalos em primeiro lugar, e mais tarde por meio de máquinas movidas a vapor e energia elétrica. O Mumbles Railway Act foi aprovada pelo Parlamento britânico em 1804, e a primeira ferrovia de passageiros (semelhante ao bonde dos Estados Unidos de cerca de 30 anos depois) começou a operar em 1807. O primeiro bonde, também conhecido como horsecar na América do Norte, foi construído nos Estados Unidos e desenvolvido a partir de linhas de diligências e linhas de ônibus, que pegava e deixava os passageiros em uma rota regular, sem a necessidade de ser pré-contratados.” (Transcrito do Wikipédia).

“Bonde de Santa Teresa – A Companhia Ferro-Carril de Santa Teresa, cujos veículos são popularmente referidos como bonde de Santa Teresa, é uma empresa de transporte urbano de passageiros, que opera na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. Os seus veículos são o símbolo do bairro de Santa Teresa.

A empresa foi fundada em 1749, com a concessão para a exploração de uma linha entre a atual Praça Quinze de Novembro e o largo da Lapa até à avenida Gomes Freire esquina com a rua do Riachuelo. Deste ponto, cem réis, foi inaugurado em 1896, o ramal de Santa Teresa, que se estendia até ao largo dos Guimarães e à rua Almirante Alexandrino.

A partir de 1968 permaneceram em operação, na cidade do Rio de Janeiro, apenas os bondes de Santa Teresa. Ao longo de sua existência, o seu sistema chegou a ter em operações mais de 35 veículos, alguns com reboque.

Em 1975, de um total de 28 veículos, só se encontravam em efetivo funcionamento 18, com uma taxa de ocupação de 69%, uma das mais altas de sua história.

O sistema de bondes, à época de sua operação pela extinta Companhia de Transportes Coletivos (CTC), empresa do Estado do Rio de Janeiro, tinha uma frota operacional de apenas 10 veículos e operava com intervalos entre partidas da estação Carioca de 15 minutos. O sistema transportava entre 25 e 30 mil passageiros por mês.

Através do Decreto nº 21.846 de 18 de julho de 2001, a responsabilidade do Sistema de Bondes de Santa Teresa, foi transferida da CTC para a Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (CENTRAL), empresa estatal fluminense responsável pelo transporte de passageiros.” (Transcrito do Wikipédia)

Ônibus elétrico

Ônibus elétrico circulava nos anos 70 no Rio de Janeiro

“Muitas pessoas costumam associar a imagem de veículos elétricos a algo muito moderno, no entanto esse tipo de tração em automóveis já é usado desde a metade do século XIX e era bastante comum nas primeiras décadas do século XX. No Rio de Janeiro foi inaugurada uma linha de ônibus elétricos entre a Praça Mauá e o Passeio Público, sob administração da Light, em 14 de Julho de 1918. O veículo chama a atenção pela excentricidade, lembra um bonde fechado e sem os trolleys (“chifres”), montado sobre o chassi de um caminhão, o que obviamente dispensava a necessidade de trilhos. Vieram 7 no início do serviço, possivelmente da marca americana J. G. Brill, a mesma que fez muitos bondes da Light.

Tróleibus – O tróleibus (inglês: trolley bus), também conhecido como tróleicarro, trólei ou trole, é um autocarro (ônibus) elétrico, alimentado por uma catenária de dois cabos superiores a partir da qual recebe a energia elétrica mediante duas hastes (alavancas ou varas). O tróleibus não faz uso de vias especiais ou carris na calçada, pelo que é um sistema mais flexível. Conta com pneus de borracha em vez de rodas de aço nos carris, como os tranvias.

A história do tróleibus começa em 29 de abril de 1882, quando Ernst Werner von Siemens fez andar o seu Elektromote num subúrbio de Berna, que funcionou até 13 de junho de 1882. A primeira linha experimental, desenvolvida por Lombard Gérin pôs-se em marcha para a Exposição Universal de Paris de 1900. Max Schiemann dá um salto decisivo quando a 10 de julho de 1901 implanta a primeira linha de tróleibuses para transporte público em Bielathal (perto de Dresde) na Alemanha.

O tróleibus, como meio de transporte urbano para efeitos práticos, tem a sua origem nos E.U.A. nos princípios do século XX; em 1920 a fábrica Brill de Filadélfia já produzia tróleibuses, com grande aceitação das companhias de transporte urbano, devido à grande parecença das suas mecânicas com o tranvia e com a sua cablagem aérea, o que permitia ao pessoal da companhia familiarizar-se rapidamente com o seu novo material.

O desenvolvimento do grande tróleibus data da primeira década do século XX, quando pareceu ser um ponto médio natural entre os veículos elétricos (tranvia) e os autocarros a gasolina. Os sistemas de tróleibus podem evitar obstáculos na via que um tranvia não pode, o que aumenta a segurança e não requere o alto investimento de uma linha de tranvia. Também oferece uma capacidade de transporte intermédia entre os autocarros (ônibus) e os tranvias (menos capacidade que um tranvia, mais que um autocarro (ônibus) por hora e por direção.” (Transcrito do Wikipédia)

Trem elétrico em operação

“Trem unidade elétrico – Trem unidade elétrico, também conhecido por sua abreviatura TUE (em inglês EMU), é uma espécie de composição ferroviária movida a eletricidade e formada por dois ou mais carros de passageiros, sendo que pelo menos um deles é o chamado carro-motor, que servirá para movimentar os demais chamados por carros-reboque.

Normalmente, apresentam cabines para os operadores (ou maquinistas) em cada extremidade da composição. Pode ser operado de forma reversível, ou seja, pode-se alterar automaticamente a sua direção, sem a necessidade de passar por um girador ou por uma via circular para a inversão do sentido em uma via férrea. Os trens unidades elétricos são largamente utilizados nos sistemas de metrôs e trens urbanos em todo mundo, havendo também TUEs que servem para linhas de longa distância.

O transporte de passageiros nos subúrbios do Rio de Janeiro começou a mais de 150 anos, após a criação do trecho inicial da Estrada de Ferro Central do Brasil, se estendendo do terminal Central do Brasil até a estação de Queimados. Naqueles tempos, as locomotivas à vapor puxavam carros de madeira no serviço de passageiros (uma ou duas vezes por dia) e vagões que escoavam as produções agrícolas e das humildes manufaturas. Mesmo assim o transporte de ferrovia foi primordial para o desenvolvimento econômico de diversos bairros da Zona Norte, Zona Oeste e das cidades da Baixada Fluminense, levando ao povoamento das cercanias ferroviárias.

Pouco tempo foi preciso para as ferrovias se alastrarem por todo o país. No Rio de Janeiro, ao final do século XIX já tínhamos três troncos principais: a E.F. Central do Brasil, E.F. Rio D’Ouro e a E.F. Leopoldina, as quais estavam nas mãos de empreendedores nacionais e britânicos (como a Leopoldina, por exemplo). Assim já tínhamos mais agilidade no deslocamento de passageiros nas cercanias e dentro da capital da recém instalada república. Após as três primeiras décadas do século XX, era visto que carros de madeira puxados pelas lentas “Marias-Fumaça” já não davam conta da operação do serviço de passageiros (a ocorrência da superlotação e o surgimento de pingentes começava a ser flagrante), dado o acelerado crescimento dos subúrbios ferroviários. Era hora de dar o próximo passo, a eletrificação dos ramais e o surgimentos dos TUEs (Trem Unidade Elétrica), o trem o qual o conhecemos hoje, para o fornecimento de um transporte mais eficiente.

A primeira ferrovia a começar seu processo de eletrificação foi a Central do Brasil, nos anos 30. Para atender as demandas crescentes do trecho foram comprados 100 TUEs de três carros cada, importados da inglesa Metropolitan Vickers, sendo batizados de Série 100, o primeiro trem elétrico do Brasil. Até 1950, a EFCB acamparia os subúrbios da Rio D’Ouro e da Leopoldina, onde as empresas originais passaram por graves problemas financeiros. Ainda nos anos 50, o governo Getúlio Vargas estatizaria toda a malha ferroviária nacional (em 1957 seria criada a RFFSA, unificando todas elas), passando a ser do governo a responsabilidade da manutenção, operação e expansão do transporte ferroviário em todo o Brasil. Naquele período, teríamos a eletrificação da Linha Auxiliar e parte da Rio D’Ouro (entre Pavuna e B.Roxo), e também de parte da Leopoldina (entre Barão de Mauá e Penha Circular). Para acompanhar a modernização da malha ferroviária, foram importados mais trens ingleses, nascendo assim a Série 200, também proveniente da Metropolitan Vickers.

Trem fabricado pela Hitachi marcou uma nova era no Rio – Nos anos 70, o transporte sobre trilhos no subúrbio eram administrados diretamente pela RFFSA, apesar da chegada de uma nova frota em meados dos anos 60, os passageiros sofriam (atrasos e quebra-quebras eram constantes, muitos acidentes também ocorriam, alguns deles fatais, como o ocorrido na curva de Magno – atual Mercadão de Madureira, vitimando mais de 50 pessoas e deixando centenas de feridos). A população clamava por novos investimentos na infraestrutura das linhas e do reequipamento do material rodante da malha de subúrbio. Em 1977, o governo respondia à insatisfação popular, com a chegada dos trens japoneses, que era o pontapé inicial de uma nova era marcada pela chegada de trens de aço-inox que possuiriam uma durabilidade maior, com relação aos de aço-carbono, comprados anteriormente. Essa substituição e ampliação da frota se daria até meados dos anos 80, com trens de fabricação nacional.” (Transcrito do Wikipédia)

Trem do Metrô

“Frota da Companhia do Metropolitano de São Paulo – A frota operacional de trens do Metrô de São Paulo é composta atualmente por 198 composições de 13 séries diferentes fabricadas entre 1972 e 2017. Trens com bitola larga de 1600 mm e alimentação por terceiro trilho operam nas linhas 1, 2 e 3 enquanto trens com bitola internacional de 1435 mm operam com alimentação via catenária nas linhas 4 e 5. O monotrilho é o veículo utilizado na Linha 15 – Prata

Em breve, com os processos de modernização, a tendência é de redução no número de frotas de trens, mas com a permanência da quantidade dos mesmos devido a modernização das frotas A, C e D para I, J, K e L. A frota M do Metrô é pertencente à categoria monotrilho, se diferenciando dos demais trens por ser um veículo leve sobre pneus que circula em vigas elevadas, recebe alimentação por suporte eletrizado na via e também é um modal de alta capacidade.

As frotas operam nas linhas 1 e 3 com sinalização ATO, porém estão sendo modernizadas para CBTC enquanto as linhas 2, 4, 5 e 15 já operam com CBTC sendo a 4 e a 15 sem condutor.

Metrô do Rio de Janeiro – O Metrô do Rio de Janeiro é a rede de metrô do estado do Rio de Janeiro, em operação no município do Rio de Janeiro, no Brasil. Ela opera desde 5 de março de 1979.

É o segundo metrô mais movimentado em número de usuários por dia no país, transportando diariamente cerca de 850 mil passageiros, totalizando cerca de 310 milhões por ano. Com a conclusão da linha 4, o metrô fluminense conta com 41 estações distribuídas em três linhas, também é o segundo mais extenso, possuindo uma malha total de 58 km, ficando atrás apenas do sistema paulista (de 78,4 km) e a frente do brasiliense (de 42,38 km). Em 2011 as tarifas do Metrô do Rio de Janeiro foram apontadas como as mais altas do país.

Nos próximos anos, planeja-se que a rede de metrô do Rio de Janeiro tenha um acréscimo de 38 quilômetros divididos em duas linhas e 20 estações, atendendo mais municípios, totalizando 4 linhas e 55 estações. A linha 3, de 22 quilômetros, ligará os municípios de São Gonçalo e Niterói, na região metropolitana, sendo futuramente estendida até Itaboraí. Há planos a longo prazo de estender a Linha 3 até a estação Carioca no Rio de Janeiro passando por baixo da Baía da Guanabara, projeto similar ao Eurotúnel.

A linha 4, de 16 quilômetros, liga a estação General Osório, em Ipanema, à estação Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca.

Em 15 de março de 2014 foi inaugurada a Estação Uruguai, estação terminal da Linha 1.” (Transcrito do Wikipédia)

Trem do VLT do Rio de Janeiro ao lado do Teatro Municipal

“VLT Carioca – VLT Carioca é uma rede de veículos leves sobre trilhos em operação na cidade do Ri de Janeiro, ligando o Centro à Região Portuária e servindo como integração entre metrô, ônibus urbanos, barcas, rodoviária, teleférico, terminal de cruzeiros e aeroporto, e futuramente trens urbanos.

O sistema será composto por três linhas. A linha 1 entrou em operação em 5 de junho de 2016, dois meses antes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A linha 2 entrou em operação parcial oito meses depois, em fevereiro de 2017, e deve ser totalmente concluída em outubro do mesmo ano. A linha 3 terá as obras iniciadas em 2018.

O VLT do Rio de Janeiro é um dos primeiros do mundo a utilizar a tecnologia de alimentação por solo (APS), dispensando a instalação de catenárias. Os bondes, que serão 32 quando o sistema atingir operação plena, são do modelo Alstom Citadis e têm capacidade para 420 pessoas. Estima-se que o VLT Carioca deve retirar pelo menos 60% dos ônibus e 15% dos carros que circulam atualmente no centro da cidade, quando operar em sua capacidade máxima.” (Transcrito do Wikipédia).


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 09 de agosto de 2017

QUEM ENTENDE O BRASILEIRO?

Provavelmente a “raça brasileira” já não é tão pura, desqualificou o “pedigree” e agora vive misturada com políticos – o que acaba sendo o mesmo que uma mistura com bosta, lama, merda, esterco e o que mais possa somar para atingir o estágio em que vivemos. E pouco nos lixamos para mudar essa situação. Somos cúmplices até a alma.

Será que alguém consegue explicar, por que um país como o Brasil tem o Senado e a Câmara Federal que tem? Que merda é essa que todo dia se tem proposta de “emenda à Constituição”? Caramba, finalmente, quando ficará “pronta” essa tal Carta Magna? Agora, como ficar “pronta” com a composição que cada Estado colocou para representa-lo?

De sã consciência – você repetiria o voto das últimas eleições?

Se votaria, é porque você é que é o escrachado, o bundão, o mala sem alça, o corrupto de forma indireta. É sócio majoritário de quem está botando no fiofó de muita gente.

É verdade que estamos “avançados” em algumas leis, em alguns entendimentos – mas também é verdade que temos leis concebidas para a Finlândia, enquanto somos um país de décimo mundo. E olhe lá!

Para mostrar apenas um pequeno número de situações tipicamente brasileiras, escolhemos algumas fotos e frases que dizem muito bem do povo que somos. Somos hilários, somos engraçados, somos uns zé manés.

 

Alguém entendeu que burro de carga pode e deve fazer tudo

Reclamar todo mundo gosta. Dizer que o maior problema do país é o político, todo mundo diz e gosta. Mas, será que você faz tudo certo na sua vida? O que você acha de quem trata dessa forma um animal que ajuda a ganhar o pão?

 

Essa é uma fotolegenda – nada a acrescentar

 

Poucas palavras e muita coisa dita

É assim mesmo. Mais direto que isso é impossível. O brasileiro compra um carrinho fuleiro para pagar em 60 prestações e se acha “rico”. Atrasa o IPVA, regateia para emplacar o dito cujo, quer consumir (ingenuidade!) combustível ao mesmo preço que a Petrobras vende para o Uruguai, Argentina e Paraguai. É um bobalhão que ajuda a ser roubado.

Não respeita as leis do trânsito, e reclama até de ter que comprar uma cadeirinha para assentar o bebê no banco traseiro, pérolas dos nossos competentes legisladores. Reclama de tudo, enfim. Mas se acha com o direito de “estacionar” a bosta do veículo em qualquer lugar.

E quando tem um carrinho de merda, acha que é alguém na vida, acha que é rico, acha que é dono do mundo. Para ele (brasileiro), só quem trabalha e tem pressa para chegar ao destino é ele – quer, sempre, passar por cima de todo mundo.
Não deveria se reproduzir. O preservativo é um bom presente.

 

A prova que tanto cobram da Lava Jato

Condenado no primeiro processo por desvio do conduta no processo que envolve propina de uma empreiteira, transformada em imóvel (tríplex), Lula Vacilão vai passar uns bons e merecidos dias na cadeia.

Quando começar a gostar do novo endereço, estará sendo julgado mais uma vez, agora por desvio de conduta no tocante ao sítio de Atibaia, que também recebeu como propina, segundo informa a Operação Lava Jato deflagrada pelo Ministério Público Federal.

Os petralhas cobram a apresentação de provas. A PF vasculhou uma das despensas que existem no sítio e encontrou a principal prova: um conjunto de potes de mantimentos, todos com identificação que atesta de forma irrefutável quem é verdadeiramente o proprietário do sítio de Atibaia.

Culpa do estepe

 

Jeep antigo a boa desculpa de “Dico de João”

Quem tem mais de 50 anos de idade vai entender com mais facilidade o que pretendo dizer neste reflexivo texto. Os nomes dos nossos filhos – é o assunto.

Antes, Raimundo, Pedro, Epaminondas, Gabriel, José, João, Alberico e tantos outros se juntavam às Maria, Anunciada, Conceição, Beatriz, Fátima e mais outros tantos. E aí o brasileiro resolveu assumir de vez, a dependência, inclusive cultural, do estrangeirismo.

Não foi difícil, e começaram a aparecer com mais força os John, Alessandro, Bill, Claude, Beatrice, Margareth, Khatia, Karmen, etc., etc. Também não ficou distante a falta de respeito de alguns pais, que começaram a querer imitar aos que criavam e imprimiam as antigas estórias de faroeste retratadas em gibis, pegando alguns nomes de chefes e ascendentes de tribos indígenas, que “batizavam” nas águas de um rio qualquer, os filhos com nomes de “Sol que brilha”, “Cavalo que caminha muito”, “Montanha que faz milagre”, e daí por diante.

Ainda bem que o Código Civil abriu espaço para a mudança de nome de quem não vive satisfeito com o nome que recebeu dos pais, nos cartórios. Idiotice pura, torcer por um time de futebol e achar bonito registrar o filho com o nome de “Garrincha Didi Vavá Pelé Zagalo” ou ainda com nomes de jogadores famosos da Itália ou da Argentina. Falta de respeito ou de amor ao filho.

Pois, em plena “vigência” dos Raimundo, Pedro, Sebastião, José, Getúlio, um pai resolveu passar o fim de semana no interior para olhar de perto o progresso da plantação de manivas, feijão, batatas, e programar a colheita da mandioca para a farinhada.

A estrada tinha mais de vicinal do que o “Mais asfalto” politiqueiro de hoje. Pois, o pai, batizado Raimundo, mas conhecido por Dico, e mais ainda por “Dico de João” decidiu que a viagem seria feita no velho e possante Jeep Willys carro para toda obra do anos 50 e 60. Tração nas quatro rodas, muita força para subir morros e ladeiras. Além dos quatro pneus – ainda com câmaras de ar – equipado com um estepe.

Iniciada a viagem para a roça, “Dico de João” esqueceu alguns detalhes necessários, como a verificação do carburador, calibragem dos pneus, enchimento do tanque e a condução de acessórios importantes como a caixa de ferramentas e o macaco. Também esqueceu do estepe.

Depois de sair da estrada estadual e entrar na estrada vicinal com mais de duas horas de viagem comendo poeira, ao tentar se livrar de um jumento, “Dico de João” saiu um pouco da estrada e “passou por cima” de alguns tocos, furando um dos pneus dianteiros. Arrumou o Jeep para a troca e quando foi verificar, o estepe também estava furado. Para reparar tudo, precisaria caminhar muito. E “Dico de João” resolveu passar a noite ali mesmo.

Sob a luz fria da lua e as paisagens formadas por algumas nuvens, foi difícil se preocupar com corujas, cobras ou pragas – e trepar no coqueiro foi mais animador e inevitável. No tempo próprio nasceu mais um filho de “Dico de João”:

– Stephens Estrada!

Nos anos que se seguiram, aos Raimundo, Amadeu, Pedro e tantos outros, “Dico de João” viveu sempre explicando que tudo foi uma homenagem ao estepe.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 06 de agosto de 2017

AS QUENGAS E AS CRIANÇAS

 

As quengas de coco

 

Vivemos hoje num mundo diferente do que era esse mesmo mundo, cinquenta anos atrás. Novos valores culturais e familiares, novos “aplicativos” que a vida acabou de nos apresentar – e de certa forma, de nos impor.

Ainda que reclamando, ainda que não concordemos com esses valores, temos que aceitar, se quisermos viver em harmonia. E na maioria das vezes, são os pretensos “democráticos” que vivem às turras – e chegam às vias de fato quando alguém lhes contraria. Coisa de gente ignorante.

Um dos poucos lugares desse Brasil que não tem interesse de se “modernizar”, é a conhecida e muito frequentada ZBM – Zona do Baixo (e alto) Meretrício. O local onde vivem (e trabalham) as prostitutas, as putas.

Mas, não faz tanto tempo, se você chegasse na ZBM e procurasse as “quengas”, também encontraria.

No Ceará, principalmente. Ali, além de prostituta, puta, “mulher da vida fácil” e quenga, aquelas que fazem do corpo uma mercadoria, também são conhecidas como “fuampas”.

“Cuidem das criancinhas”

Voltamos a focar um assunto que acaba provocando constrangimento à pessoas sensíveis e inteligentes – a cor da pele. A discriminação racial. A diferenciação pela cor da tez – sem nunca levar em contas os valores morais e a capacidade do intelecto.

Há até quem diga, quando morre um negro que alcançou destaque na vida social: “era um negro de alma branca”!

Pois, foi no dia 19 de novembro de 1969, que Edson Arantes do Nascimento, mundialmente conhecido e venerado como maior e melhor jogador de futebol de todos os tempos, o Pelé, marcou o milésimo gol da sua longa e vitoriosa carreira de futebolista.

Diante de um público considerado grande para um jogo entre o magnífico Santos Futebol Clube e o Clube de Regatas Vasco da Gama, no Estádio Mário Filho (Maracanã), mas recheado de expectativa, Pelé cobrou uma penalidade que teria sido mal marcada pelo então Árbitro alagoano Manuel Amaro de Lima e venceu o hoje consagrado goleiro argentino Andrada. Estava consumada a vitória do time peixeiro.

Desde aquele dia até hoje, já se passaram 48 anos. E como se fora um “profeta”, Pelé, ao comemorar a façanha conseguida naquela noite diante de tanta gente e com grande parte da imprensa mundial voltada para o feito, disse ao povo brasileiro: “Por favor, deem atenção às criancinhas. Cuidem das nossas crianças!”

 

Pelé beijando a bola depois de marcar o milésimo gol

O que se vê nos dias atuais é a realização daquela verdadeira profecia. As crianças brasileiras vivem abandonadas e se transformam a cada dia nos piores e mais perigosos marginais e criminosos. Quem disso duvidar, se dê ao trabalho de verificar a faixa etária da população carcerária.

Fosse o “Rei Pelé” um descendente de outra raça, com pele branca, olhos verdes e cabelos da cor de mel, muita gente estaria pregando reconhecimento nos dias atuais. Para muitos, “calado”, Pelé é um poeta. Coisa de gente idiota.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 02 de agosto de 2017

FAZ A GENE GEMER SEM SENTIR DOR

“Virgulino Ferreira, o Lampião
bandoleiro das selvas nordestinas
sem temer a perigo nem ruínas
foi o rei do cangaço no sertão
mas um dia sentiu no coração
o feitiço atrativo do amor
a mulata da terra do condor
dominava uma fera perigosa
mulher nova, bonita e carinhosa
faz o homem gemer sem sentir dor.”

 

A belezura “integral” de uma plus size

Sempre houve no mundo quem prefira uma coisa à outra. Viadagem, fresco, xibungo, viado, gay, biba e tantas outras coisas como são chamados quem resolve “dar o traseiro” – sempre teve no mundo. O que tem mudado desde o tempo das pirâmides egípcias é a forma de identificar. Provavelmente por conta dos tempos atuais, o que cresce a cada dia é a quantidade de quem resolve trocar a tradição pela perversão.

E homem é bicho bão. É tão bão, que tem quem troque uma mulher cheirosa, macia, pronta para “completar-se e dividir orgasmos” por uma roçada ou esfregada de barba no cangote.

Nada contra. Mas não venham com viadice, querendo me obrigar a aceitar isso como coisa normal. Quem quiser que ache. Mas eu, nunca vou admitir isso como algo liberal ou moderno. Prefiro manter na mente o inconfundível “perfume inebriante” da amônia vaginal. E eu ainda morro por causa de mulher – afinal, foi através de uma mulher que vim ao mundo. Não fui “adotado” nem nasci de chocadeira, muito menos de barriga de aluguel.

Mas, esse não é o assunto pensado para a postagem de hoje. O assunto escolhido foi a lindeza que a gente acaba encontrando – aqueles que procuram, claro – nas meninas gordinhas, carinhosa e respeitosamente chamadas de “plus size”.

E tem cada mulher linda, amigo! Melhor mesmo, nem morder uma maçã argentina de qualidade ou beber um refresco de limão bem geladinho.

 

Não existe “coisa” mais linda

Não entendo muito do assunto obesidade, mas acho que não é uma doença. No máximo, pode ser um distúrbio momentâneo que pode ser corrigido. Doença, já me afirmaram, é a anorexia.

Eu sempre se soube que, as pessoas momentaneamente “acima do peso normal” podem retomar o caminho que entendem como normal, a partir de uma alimentação orientada por profissionais do ramo. Os escravos e ladrões noturnos da geladeira também existem – e esse desacerto nada mais é que uma questão de educação alimentar.

 

Vai esse “morenaço” aí?


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 30 de julho de 2017

VOVÓ E O CAFÉ

Quem está acostumado a ler as minhas tortas e mal traçadas linhas, já se acostumou e talvez até já conheça (sem nunca tê-la visto) minha falecida Avó. Dona Raimunda Buretama, véia de cabelos nas ventas, que tinha o hábito de mascar fumo, beber umas talagadas, e quase sempre mijar em pé. Mas, sempre foi mulher fêmea! E como gostava de deixar meu avô “derrotado” e dizendo já chega. É bom não esquecer de dizer que, nas casas dos interiores brasileiros, os quartos, também chamados de camarinhas, não tinham muitas portas. Daí a gente escutar até um peido, quanto mais a nhanhação de macho e fêmea.

Assim, não me custa nada (nem Luiz Berto vai pagar hora-extra por conta disso) contar mais algumas peripécias da minha amada véia.

 

Café da Vovó coado no saco – gostoso e especial

Assim como tem alguém que sempre consegue fazer uma coisa melhor do que outro, terá sempre aquele que conta uma piada com mais graça e provoca mais risos. Hoje, os “adjetivistas” estão chamando essas pessoas de “especialistas”. Especialista nisso, especialista naquilo. Já existe até especialista em corrupção, mas, claro, esse não é o nosso assunto de hoje.

Hoje o assunto é café. E minha avó, se viva fosse, estaria “adjetivada” de “especialista em fazer café”. O café feito pela minha avó, curava até coceira na sola do pé.

Com uma lata dependurada no telhado da casa por um arame, e sempre pronta para ferver a água do café (nunca tivemos a felicidade de ver Vovó lavando aquela lata), ela atiçava lenha no fogão; em seguida punha um pedaço de rapadura dentro da água fervente e depois adicionava o pó de café. Deixava ferver, coava e servia direto na caneca.
O café era sempre torrado e moído em casa – e nessa particularidade ela era sim, “especialista”.

Por que, o café “da tarde” é sempre mais gostoso do que o café da manhã?

E olhem que o café da manhã tem até o nome estrangeiro de breakfeast – arre égua!

Vovó e a vassourinha

O sol frio (ou não tão quente), era a partir das 16 horas, depois de uma boa madorna (soneca) pós almoço. Vovó picava fumo para o cachimbo de barro, pigarreava, pegava um pouco da água aparada da chuva, punha numa gamela e com meia cuia molhava o local onde varreria, para amainar um pouco a poeira que levantaria. Ela sabia disso – e evitava ficar constipada (gripada).

Fogo no cachimbo e duas ou três boas cachimbadas. Pegava uma das duas vassourinhas e saía varrendo e varrendo a frente da casa que, em alguns lugares funciona também como “sala de estar”, onde os visitantes sentam em tamboretes e desfiam as novidades ou os interesses pessoais.

– Cumpade se abanque aí só um pôquim, enquanto eu boto a água do café pra frever!

O bom café é o serviço top da casa. Café de visita é diferente de café vespertino da família – esse é completado com beijus, bolos, pães e broas de goma.

 

Vassourinhas prontas para varrer o quintal e a frente da casa

Vovó e os netos

Vovó teve duas filhas. Foram as únicas. Maria, a mais velha e Jordina (minha falecida mãe), as mais nova. Maria, casada com Antônio, tinha o hábito de ter dois filhos por ano. Um em janeiro e outro em novembro. Teve 14 filhos, desses, 9 mulheres. Jordina, casada com Alfredo, teve apenas 6, desses apenas uma mulher.

Era gente tanto quanto a torcida do Bahia em tardes de domingos na Fonte Nova. Era gente além da conta – que sempre foi necessário Vovó fazer mais de 20 beijus, cozinhar mais de 2 quilos de carne, cortar mais de 20 pedaços de rapadura e fazer sempre um pote grande de aluá. Ainda bem que, na hora de trabalhar, todos pegavam firme.

 

Uma avó rodeada de netos – era assim conosco

Quando acontecia um surto de conjuntivite, era uma tristeza só. Os meninos eram orientados (pela avó, claro) a urinar dentro de uma garrafa durante a noite, para lavar os olhos remelentos ao acordar. Já as meninas, ficava difícil acertar a boquinha da garrafa. Nunca soubemos como elas faziam.

Sarampo, bexiga, coqueluche ou gripe braba nunca saíram da casa da vovó, definitivamente. Sempre havia alguém gripado e catarrento.

Zé Luciano, o mais velho filho de Maria, tinha problemas de asma e sofria muito quando gripava – era catarro além da conta. Pois, quando Zé Luciano ficava sufocado com o catarro, era a minha santa Avó quem levava a boca na narina dele e sugava o catarro para desobstruir.

Dá para entender por que gosto tanto da minha Avó?


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 26 de julho de 2017

LEMBRANÇAS E SAUDADES



A simplicidade de cada homenagem

– Bom dia véia! Hoje, de manhanzinha e ainda bem cedinho, logo adispois que o galo Vremeio cantou, taquei a mão na tua rede e num encontrei mais nada. Foi só assim que me alembrei que tu tá com Deus, derna do último domingo. Tomara teja bom aí pra tu, véia. Apois aqui, num tá nada bom pra mim. A sardade é do tamanho da solidão – coisa maior do mundo, e sem precisa de contar a farta que tu me faiz.

Como se fizesse uma oração, foi assim que Tertuliano visitou pela primeira vez o túmulo onde Beatriz foi enterrada na tarde triste do último domingo. Viveram mais de 60 anos juntos – na verdade, 64, para ser mais preciso. E, 64 anos é mais que uma vida nos dias de hoje.

Seu “Terto”, como era mais conhecido no lugar aonde moravam, conhecera Beatriz, a “Dona Bia”, durante os seculares festejos da Igreja Matriz São Sebastião, no mês de janeiro.

Dona Bia, ainda jovem, fora encarregada pela mãe para tentar ajudar a família, vendendo milho verde cozido e assado na brasa. Seu Terto, trabalhador de quase todas as roças daquele lugar, era preferido por meeiros – devido a sua retidão e honestidade. Era um homem rude, mas muito confiável.

Durante os oito dias dos festejos, Seu Terto e Dona Bia conversaram – o que para muitos já se transformara em namoro. Acabaram casando com o assentimento das duas famílias. Tiveram filhos, viviam do trabalho honesto, o que já era um adorno para o viver bem daqueles tempos.

Dona Bia faleceu. Tinha 66 anos quando chegou a hora dela – tal como vai chegar a de todos nós. Quando Dona Bia faleceu, os filhos que nasceram do casal já viviam suas vidas em particular. Todos casados. Os dois, Bia e Terto passaram a morar só. Quando Dona Bia faleceu, Seu Terto ficou ainda mais só. Só e triste. Demorou para se acostumar com a realidade.

Todos os dias se deslocava por mais de cinco léguas, para levar flores ao túmulo da “véia”. Essa é uma das muitas demonstrações de amor entre pessoas simples e pobres – em desuso nos dias atuais.

* * *

As mudanças que não conhecemos

Ontem, sem perceber que os anos se passaram e que envelheci, parei de ler, fechei o livro e fiquei observando o direito sagrado do ir e vir das estrelas, durante a noite.

Fiz a mim mesmo uma pergunta:

– Por que os nossos direitos de ir e vir, não são assim, como o das estrelas?

Ninguém me respondeu. Não obtive resposta alguma. Nem mesmo de mim próprio, a quem fora perguntado.

– Por que as estrelas podem, e nós não?

Eis que uma voz distante, que provavelmente somente eu ouvia, respondeu trombeteando:

– Pois, transforme-se numa estrela!

Me bastou a resposta da minha imaginação. Me bastou o campo ocupado do meu tempo – e, assim, quase tudo me bastou.

Reabri o livro. Continuei a leitura. Mas, com o pensamento viajando – sempre para o passado efervescente da juventude – voltei a fechar o livro. Agora, deixando-o cair ao chão de forma proposital.

Voltei o pensamento para a primeira namorada. Corpo bonito. Limpo de estrias, celulites ou quaisquer outros problemas. Corpo jovem, enfim.

– Por que envelhecemos? Que razão há para isso? Por que não permanecemos eternamente jovens?

Eis que, distante dali, aquela mesma voz que interferiu no primeiro texto, longe e agora mais suave, sugeriu:

– Pois, transforme-se numa estrela!

 

Corpo jovem feminino – o desenho da beleza


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 23 de julho de 2017

PENUMBRA



Campanha contra o preconceito racial

A luz do dia vai sumindo, tal qual a água que se esconde na areia do deserto. Rápido, muito rápido.

O vento forte traz consigo a penumbra aliada ao anúncio da escuridão noturna. Escurece, e estamos juntos, um ao lado do outro. Estamos misturados numa situação em que só a tua cabeça preconceituosa guardou a diferença – a diferença da tonalidade da nossa tez.

Por segundos, minutos e horas, a cor da nossa pele é a mesma – como na realidade é e sempre deveria ser. Nem era necessária a chegada da penumbra para ficarmos iguais. Apenas um coração bom e uma sensatez bastariam.

Passam segundos, passam minutos e passam horas – a penumbra desaparece e leva junto o teu raciocínio e a tua humildade. Tua cabeça volta para a mesmice e tua sensibilidade se transforma em pedra. Voltas ao teu status quo – ele é teu. Tu és tu – e serão necessárias muitas noites transformadas em penumbra, para perceberes que temos a mesma tez. A mesma cor.

As nossas diferenças estão apenas no caráter. Não na cor da tez. Nessa particularidade, nenhum vento forte tangerá a penumbra que habita em ti. Infelizmente.

Que Deus (todo poderoso – aquele mesmo a quem recorres nos desesperos) te tire definitivamente da penumbra.

Chegou o jogo!

 

O caminhão que transporta a delegação do futebol

Domingo, em qualquer lugar de qualquer Estado deste Brasil. Sol a pino, entre 13 e 14 horas e alguns ainda dormem a sesta vespertina para compensar e tentar recuperar as energias perdidas na semana de trabalho.

De repente, em som quase total, escuta-se:

– Chegou o jogo!

O jogo nada mais é que um caminhão velho (que não consegue trafegar por mais de duas horas – o motor esquenta, a gasolina acaba ou o carburador esquenta além da conta, e enguiça – prega, para alguns) repleto de jovens pretenso jogadores e uma grande maioria na meia idade. É o cumprimento de uma partida amistosa de futebol – futebol dos bairros, onde apenas a diversão é o lucro.

São mais de 50 pessoas que formam as duas equipes. O segundo quadro, que vai “esfriar o sol”, manter a forma de alguns gorduchos e iniciar a caminhada de alguns ainda imberbes. O placar do jogo é o que menos importa – isso faz parte do acordo entre os diretores dos dois clubes.

É uma diversão total. Alguns jogadores, por não possuírem chuteiras, acabam jogando descalços mesmo. Ao final da partida, as marcas estão nas canelas. Mas tudo vale à pena.

Vai entrar em campo o “primeiro” time. Pelado ainda não chegou (perdeu o caminhão e está vindo de moto táxi); Gerson foi acompanhar uma cirurgia de um parente no hospital; Edilson, que é evangélico, preferiu orar com os irmãos por uma vitória do time; e o goleiro Everaldo torceu o tornozelo e não tem condição de jogar. A onzena precisa ser completada com alguns meninos que já jogaram no “segundo” quadro.

É assim o futebol que apaixona e permite a iniciação de muitos que viram ídolos. Em anexo, o caminhão que transportou a delegação do Jaguacetuba Futebol Clube.

As muitas BR-3 – todas nossas

 

Br-3

Fim de tarde, quase noite – o sudeste brasileiro fervilhava no dia 31 de março de 1964, pois vivia “in loco” o “fato” que se aproximava. As demais regiões ainda desconheciam a mudança que nos aprisionou por muitos e muitos anos. Explodiu tudo ao amanhecer – e poucos acreditavam (pela falta de seriedade que se vive no País) por se tratar do dia 1 de abril.

Mas a verdade chegou. Foi um baque. Estado de sítio – nem entra nem sai (como é até hoje, alguns que tinham condições de sair, saíam sem dizer até logo – e hoje vivem enganando, curtindo de heróis) e muitos que não saíram acabaram desaparecendo. Até hoje estão desaparecidos. É verdade que muitos viraram concreto numa determinada ponte de mais de 14 quilômetros.

Vieram os protestos. Protestos inteligentes, pensados e postos em prática por pessoas inteligentes – não os idiotas de hoje. Um deles foi o Festival Internacional da Canção. Protesto inteligente e pacífico, exortando à reflexão e às necessidades de ações inteligentes, porque “o inimigo” nunca foi o que se pensa até hoje. O inimigo também era competente e tinha um bem montado serviço de inteligência, sem contar com os X9s – entre os quais havia um, que hoje “tira onda” de Deus.

A seguir, um pouco da fala, a letra da música e o áudio da música-protesto campeã daquele FIC de 1970 – quando éramos pouco mais de 70 milhões.

É verdade que, desde a fuga de casa, aos 11 anos, Tony não fez outra coisa senão aproveitar cada oportunidade que a vida lhe ofereceu. Foi engraxate, paraquedista no Exército, cover de rockeiros e até cafetão no Harlem, nos Estados Unidos. Mas a real mudança veio em 1970, quando participou do Festival Internacional da Canção e saiu vencedor, ao lado do Trio Ternura, com a canção BR-3, de autoria dos compositores Tibério Gaspar e Antônio Adolfo.

“É o hino. É um marco. É a estrada da vida. ‘A gente corre e a gente morre na BR-3’”, repete a letra. Tony reafirma que a música tratava apenas do perigo da rodovia, atualmente BR-040, que liga Minas Gerais ao Rio de Janeiro. Uma história circulou na época e acabou virando lenda: ‘BR-3’ seria a terceira veia, e ‘Jesus Cristo feito em aço’ a agulha, referindo-se à aplicação de heroína. “Coisa dos militares. Estavam desesperados”, explica Tornado.

 

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 19 de julho de 2017

NOSSAS ESTAÇÕES

Outono visto no Central Park

A escola de antigamente ensinava. A de hoje, apenas faz de conta. Quer números, quer ranking, quer justificativas para as dotações orçamentárias – e estaciona na mentira. Muitos dos que ensinam (ou dizem fazer isso) não sabem sequer para si próprios.

Pois, ainda na escola antiga, aprendi que são quatro as “estações” climáticas no ano, assim: 

Estação do ano é uma das quatro subdivisões do ano baseadas em padrões climáticos. São elas: Primavera, Verão, Outono e Inverno. Inicialmente o ano era dividido em duas partes: 1 – O período quente (em latim: “ver”): era dividido em três fases: o Prima Vera (literalmente “primeiro verão”), de temperatura e humidade moderadas, o Tempus Veranus (literalmente “tempo da frutificação”), de temperatura e umidade elevadas, e o Æstivum (em português traduzido como “estio”), de temperatura elevada e baixa umidade; 2 – O período frio (em latim: “hiems”) era dividido em apenas duas fases: o Tempus Autumnus (literalmente “tempo do ocaso”), em que as temperaturas entram em declínio gradual, e o Tempus Hibernus, a época mais fria do ano, marcada pela neve e ausência de fertilidade.

Posteriormente, para ajustar as estações à posição exata dos equinócios e solstícios, correlacionados com a influência da translação associada à mudança no eixo de inclinação da Terra, convencionou-se, no Ocidente, dividir o ano em somente quatro estações. Vale a pena lembrar que certas culturas ainda dividem o ano em cinco estações, como a China. Países como a Índia dividem o ano em apenas três estações: uma estação quente, uma estação fria e uma estação chuvosa.

Já no continente Africano, países como Angola só têm duas estações, a das chuvas, quente e úmida, e o cacimbo, seca e ligeiramente mais fresca, principalmente à noite. (Parte de texto compilado do Wikipédia)

Foi na escola, também, que aprendi a iniciação filosófica, de que “o homem é um produto do meio em que vive”. Assim sendo, provavelmente, somos partes das estações climáticas do ano.

Que estação seríamos nós, quando ficamos irritados?

E quando ficamos tristes?

Ou, ainda, quando ficamos alegres?

Por que não “renovamos” a plasticidade externa do corpo, ou o que há de interno, quando passamos pelo “outono” – o nosso outono?

As árvores o fazem pela fotossíntese – além das condições naturais que a Terra lhes oferece. Novas folhas, novos galhos e um crescimento contínuo, sempre em preparativos para novos frutos.

Nossas células são diferentes, sei. Em que pese vivermos na mesma Terra que vivem as árvores, nossa fisiologia é diferente.

Mas, infelizmente, a Terra é habitada por pessoas que são continuadamente ervas daninhas. Não crescem, não mudam, não passam por nenhum outono.

O zap-zap do passado

Duas latas e barbante faziam o zap-zap do passado

O mundo vive o exato estágio profetizado por Karl Marx, n´O Capital. Todos os valores humanos perderam espaço e preferência pelo “ter”. O “ser” não faz parte de mais nada -pois, equivocadamente, muitos ainda se permitem enganar, achando que, “tendo”, “serão”.

E nessa plataforma de vida as coisas modernas chegaram e entraram nas nossas vidas sem pedir licença. Foram entrando, se abancaram e tomaram conta de tudo.

O telefone é um exemplo. Antes, nas regiões difíceis, as concessionárias mantinham empregados com motos e ou bicicletas – e em lugares menos acessíveis, mantinham até animais prontos para a demanda de “recados”. Alguém telefonava do Rio de Janeiro ou de lugares também distantes, pedindo para a atendente “mandar um aviso”:

– Mande avisar para a minha mãe, que depois das 20 horas vou telefonar novamente. Peça para ela vir esperar.

Era alguém tentando falar com a família. A concessionária telefônica recebia o aviso e “mandava avisar” para algum familiar vir atender a chamada. Sempre depois das 20 horas – a tarifa era mais baixa.

Vivemos anos assim, nessas dificuldades. Nos dias atuais muito mudou. Qualquer pessoa possui um telefone celular – e quando alguém não possui, quase ninguém acredita. Celular virou moeda de troca. A primeira coisa que o assaltante exige de ti é o celular, que vai ser trocado por drogas ou enviados para assaltantes presos – que passam a te incomodar com achaques e mensagens falsas.

Pois, o telefone celular aceita um aplicativo, livre de tarifa, mas facilmente acessível ao hacker. É o já famoso Whats App, abrasileirado para zap-zap.

“O Whats App Messenger é um aplicativo gratuito para a troca de mensagens, disponível para o Windows Phone e outras plataformas. O Whats App utiliza a sua conexão com a Internet (4G/3G/2G/EDGE ou wi-fi, conforme disponível) para enviar mensagens e fazer chamadas para seus amigos e familiares.

Mude de SMS para Whats App para enviar e receber mensagens, chamadas, fotos, vídeos, documentos e mensagens de voz.”

No passado que ainda está bem ali, logo depois da curva, e ainda dá para ver pelo retrovisor, a meninada que preferia brincar de forma saudável em vez de se tornar “avião” para ganhar trocados fáceis, inventava o “zap-zap” até com duas latas velhas ligadas por cordões, configurando fios. Usavam também caixas de fósforos vazias – havia até quem “prendesse” moscas ou besouros dentro das caixas, para passar a ideia de alguém falando.

Nós da “geração antiga”, coxinhas difíceis de sermos alcançados pelas idiotices atuais (nossos pais eram quem nos dirigiam – não eram o Conselho Tutelar nem a Polícia), éramos felizes e sabíamos.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 16 de julho de 2017

A PRAÇA NÃO É MAIS NOSSA

O que nos resta, depois de uma semana recheada de bons e duradouros orgasmos que os “drones” trouxeram de Curitiba?

Rir. Só isso! Esse é o melhor remédio, antes e/ou depois daquela visita à praia, à sauna, à feira ou ao supermercado que certamente antecedeu ao restaurante com a família. Afinal é domingo.

Um diacho chamado “Tri-Spinner”, inicialmente idealizado para pedagogia lúdica para Autistas – está sendo vendido mais do que banana na feira na “hora de xepa”. É usado em larga escala por quem não teve nem mereceu o direcionamento: e a grande maioria que não sabe para que serve, já diz que realmente “não serve pra nada”. E parece que não serve mesmo.

Mas, o brasileiro (uma raça que deveria merecer mais atenção dos cientistas na NASA – nem que fosse para testes de viagens sem volta para a lua), “Mestre” em sacanagens, já mostra as “adaptações” que começam a chegar para o mercado consumidor. Na foto mostrada a seguir, o valor chega a R$5,00 – R$1,50 as três moedas + R$3,50 pela genialidade da fabricação. Faz sentido!

Essas pessoas que vivem de “invenções” certamente que poderiam ser contratadas pelo Governo Federal para ganhar a vida como faz a maioria, em Brasília, por exemplo: sem fazer nada, com direito a férias, água mineral Perrier, café de grãos arábicos e outras mordomias que o trabalhador brasileiro apenas escutar falar.

 

“Tri-Spinner” abrasileirado

Na foto 2 outra novidade colocada à disposição pelo desgoverno brasileiro para a população de aposentados que não se predispõe mais ficar correndo atrás de “pit-stop” de supermercados para reabastecer suas necessidades etílicas.

Pinguço de marca maior, o proprietário dessa “conveniência” resolveu aproveitar o visual do marketing oficial para as UPAs (sabemos onde fica, mas, em atendimento ao direito de manter a fonte, não vamos publicar o endereço) para dar aquele “grau” no seu posto de venda de bebidas. Coisa de brasileiro.

E até onde se sabe, tem vendido mais que atendimento médico em fila para marcar consulta pelo SUS. Aceita cheque, cambia dólar e euro – mas, nunca tem troco abaixo de R$1,00.

É o besta!

 

Pit-Stop multimarcas na UPA

Mas, a comprovação de que brasileiro é alguém acima de quaisquer expectativas, está mostrada na foto seguinte. Muitos sabem “trabalhar” com frituras. Muitos sabem que fritar alguma cosia proporciona algum risco. Fritar algo em frigideira pequena com óleo ou banha quente, oferece o risco de queimaduras nas mãos.

Pois veja o que achou de inventar uma mulher brasileira: pegou uma garrafa pet e “fabricou” uma proteção para a mão. Com um garfo pequeno, controla a fritura como bem lhe convém. Coisa de brasileiro.

 

Solução prática para evitar queimaduras de fritura

Na última consideração, vamos dar um passeio pela escola e ver como anda a educação brasileira em algumas escolas. Por medida que poucos entendem, as universidades estão aceitando alunos que conseguem atingir alguma nota diferente de zero. São os aprovados nos vestibulares, futuros profissionais – inclusive de medicina, que no futuro lidarão com vidas humanas. Mas, para os educadores e as universidades, isso é irrelevante.

A seguir, vemos uma proposta de uma questão de matemática:

 

A questão é “reduzir” a fração!


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 12 de julho de 2017

MÚSICA PARA OUVIR SÓ

Hoje acordei intempestivamente – um barulho estranho dentro do quarto. Era uma rolinha, que entrou provavelmente quando a mulher abriu a janela para observar alguma coisa lá fora. Voltou, fechou a janela e não viu a ave dentro do quarto. Batendo na vidraça para tentar sair, a rolinha me acordou. Me fez lembrar João Berto (tenha umas boas férias Joãozim, você merece).

Acordei com uma preguiça danada. Uma preguiça baiana misturada com maranhense. Resolvi basear a coluna de hoje com três músicas – as três interpretações que considero fantásticas. Vamos a elas:

I Can’t Stop Loving You – Compositor: Don Gibson

 

 

Ray Charles

* * *

Atrás da Porta – Elis Regina

 

 

Elis Regina

* * *

Balada Para Mi Muerte – Compositor: Horacio Ferrer/Astor Piazzolla

 

 


Astor Piazzolla


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo segunda, 10 de julho de 2017

TIME DOS SONHOS - ONZE GÊNIOS

 

Hoje vamos de futebol. Futebol mundial, esclarecendo melhor.

Vemos futebol desde 1958, quando tínhamos exatos 15 anos. Já se vão 59 anos de olhares e conceitos – compreendendo que não somos os donos da verdade. Respeitamos as opiniões e os olhares diferentes.

Resolvemos juntar essa experiência e formar um time de onze jogadores que jamais jogaram (os onze) entre si. A maioria já está noutra galáxia, tomara, mostrando o futebol-arte que nos mostraram nos campos de futebol do mundo.

Somos adeptos do esquema tático numericamente denominado de 4-3-3 e sempre preferimos aquele jogador que sabe jogar bola. Nunca apreciamos aqueles que entram em campo para fazer número ou apenas para colocar a bola para dentro das redes adversários – em que pese, o gol ser o orgasmo desse esporte. O futebol é um desenho – e assim precisa ser bem feito.

Nascido na região Nordeste, por anos tivemos o privilégio de ver jogar, alguns verdadeiros gênios, que muitos sequer conheceram ou ouviram falar. Exemplos como Mangaba, excelente médio cearense que por anos defendeu Paysandu e Remo; Marcos do Boi, mignon atacante paraibano que jogou no Ceará; Damasceno, incomparável zagueiro que vestiu as camisas do Ceará e do Náutico/PE; Carneiro, maranhense que vestiu as camisas do Ceará, Fortaleza e Bahia, por quem sagrou-se campeão brasileiro; Roberto Rebouças, zagueiro baiano que honrou a camisa do Bahia e mais centenas de geniais jogadores que a mídia não alcançou como alcança nos dias atuais.

Hoje o futebol brasileiro é diferente. Ditava manias e servia de exemplo. Dos anos 80 para cá, passou a copiar a forma europeia de jogar, e perdeu espaço e o domínio que lhe colocava no pódio de melhor do mundo. Jogadores jovens são “negociados” para times europeus ainda imaturos e passam a praticar outro futebol que foge as nossas características.

Lev Yashin – o melhor goleiro do futebol mundial em todos os tempos

Lev Ivanovich Yashin OL – em russo: Лев Иванович Яшин nasceu em Moscou, a 22 de outubro de 1929 e faleceu em Moscou, a 20 de março de 1990. Era conhecido pela alcunha de Aranha Negra na América do Sul, ou Pantera Negra na Europa, devido ao seu uniforme todo preto. Único goleiro até hoje a ganhar a Bola de Ouro da France Football, prêmio para o melhor jogador da Europa, em 1963. Quando se aposentou, em jogo-despedida de 1971, a FIFA resolveu homenageá-lo com uma medalha de ouro especial, por sua extraordinária contribuição ao esporte. Foi um entre tantos reconhecimentos que recebeu durante e após a vida, sendo popularmente considerado o melhor goleiro do século XX.

Mesmo que Yashin, por ironia, jamais tenha sido eleito o melhor goleiro em uma Copa do Mundo, a FIFA voltou a homenageá-lo, em 1994, quatro anos após sua morte, batizando com seu nome o prêmio dado oficialmente ao melhor goleiro de uma Copa. O troféu Lev Yashin seria posteriormente renomeado para Luva de Ouro.

Carlos Alberto Torres – o “Capita”

Carlos Alberto Torres nasceu Rio de Janeiro, a 17 de julho de 1944 e faleceu no Rio de Janeiro, a 25 de outubro de 2016. Em sua longa carreira, atuou como lateral-direito, tendo sido um dos símbolos do clássico futebol brasileiro, eternizado pela conquista do tricampeonato mundial no Copa do mundo de 1970 no México.

Considerado um dos maiores jogadores da história em sua posição, ele foi o capitão da Seleção Brasileira que ganhou a Copa do Mundo FIFA de 1970, no México, ficando conhecido como o Capitão do Tri. No que diz respeito aos clubes, Carlos Alberto jogou por Fluminense, Botafogo, Flamengo, California Surf, Santos e New York Cosmos. Ele foi o companheiro de Pelé nos últimos dois clubes.

Carioca de Vila da Penha, Carlos Alberto foi revelado pelo Fluminense, sendo medalhista de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 1963, disputados em São Paulo, e foi campeão do Campeonato Carioca de 1964. Logo depois, se transferiria para o Santos.

Quando Carlos Alberto chegou na Vila Belmiro em 1965, o Santos atravessava o seu apogeu, com conquistas como o bicampeonato da Copa Libertadores da América e do Mundial de Clubes.

Muitos cronistas dizem que foi um dos maiores laterais-direitos de todos os tempos. Tinha habilidade, respeito dos companheiros e, como uma de suas características principais, uma forte personalidade.

Don Elias Figueroa

Elías Ricardo Figueroa Brander nasceu em Valparaíso, a 25 de outubro de 1946, é um ex-jogador de futebol chileno.

Considerado o maior jogador chileno de todos os tempos, também foi eleito o melhor zagueiro da Copa de 1974. Jogou na década de 1970, e para muitos é o maior zagueiro de futebol da história. Seu lema era: “A grande área é minha casa. Aqui só entra quem eu quero.”

Figueroa chegou ao Internacional em novembro de 1971. Antes, havia jogado pelo Wanderers, do Chile, Unión La Calera e Peñarol, do Uruguai. Foi também jogador da Seleção Chilena de Futebol.

Vestindo a camisa colorada, Figueroa fez 26 gols em 336 jogos, sendo ao lado de Índio o zagueiro que mais fez gols pelo clube. Foi hexacampeão gaúcho (71/72/73/74/75/76) e bicampeão brasileiro (1975/76). Disputou 17 clássicos Grenal, tendo perdido apenas um e nunca foi expulso ao longo de sua carreira.

Figueroa, quando ainda atuava no Peñarol foi considerado duas vezes melhor jogador da América, no Internacional duas vezes melhor central da América. Isto significa dizer: 6 vezes melhor central da América, 4 vezes melhor central do mundo e 2 vezes melhor jogador do mundo.

Daniel Passarella

Daniel Alberto Passarella nasceu em Chacabuco, a 25 de maio de 1953. É um ex-futebolista argentino que também exerceu a função de técnico. Considerado o melhor zagueiro produzido pelo futebol argentino.

Celebrizou-se como jogador, onde atuava na posição de zagueiro. Apesar da estatura considerada baixa para a posição (1,76 m), sabia cobrir a defesa de suas equipes devido à sua grande impulsão. Seu forte jogo aéreo também lhe possibilitou marcar muitos gols de cabeça, além de precisas cobranças de falta. É o segundo zagueiro que mais fez gols na história (está atrás apenas de Ronald Koeman), tendo marcado vinte e dois pela Argentina, noventa e nove pelo River Plate e trinta e cinco no duro futebol italiano. Passarella também era veloz, cobrava faltas muito bem, era ótimo no desarme e realizava lançamentos longos precisos para contra-ataques. Além de ser o único jogador bicampeão mundial da Seleção Argentina (estava nos elencos das Copas do Mundo de 1978, erguida por ele como capitão, e 1986), é também bastante identificado com o River Plate, onde atuou nove anos como jogador, seis como treinador e é o atual presidente.

A maestria na defesa, onde também atuaria como líbero, o fato de ter sido capitão campeão de uma Copa em casa e de treinar seu país lhe renderia comparações com Franz Beckenbauer. Posteriormente, como o alemão, tornou-se também presidente do clube onde se notabilizou.

Nilton Santos

Nílton dos Santos, mais conhecido como Nílton Santos nasceu no Rio de Janeiro, a 16 de maio de 1925, e faleceu no Rio de Janeiro, a 27 de novembro de 2013. Em 2000, foi eleito pela FIFA como o melhor lateral-esquerdo de todos os tempos.

Integrou o plantel da seleção brasileira nos campeonatos mundiais de 1950, 1954, 1958 e 1962, tendo sido bicampeão nas duas últimas.

Foi chamado de “A Enciclopédia” por causa dos conhecimentos sobre o futebol e por ser completo como jogador, foi o precursor em arriscar subidas ao ataque através da lateral do campo. Revolucionou a posição de lateral-esquerdo, utilizando-se de sua versatilidade ao defender e atacar, inclusive marcando gols, numa época do futebol que apenas tinha a função defensiva.

Nascido e criado na Ilha do Governador, foi descoberto por um oficial da Aeronáutica enquanto cumpria serviço militar. Levado para jogar no Botafogo em 1948, somente deixou General Severiano em 1964 quando abandonou os gramados. Vestiu apenas duas camisas ao longo de sua carreira: a do Botafogo e da seleção brasileira. Sua estreia com a camisa do clube da estrela solitária aconteceu contra o América Mineiro. No campeonato carioca de 1948, disputou seu primeiro jogo contra o Canto do Rio em Caio Martins. O Botafogo venceu de 4 a 2. O Alvinegro de General Severiano foi o campeão carioca de 1948. Obs: no primeiro jogo do carioca contra o São Cristóvão quem atuou pela equipe principal foi Nílton Barbosa.

Nílton Santos atuou sua carreira toda no Botafogo. Onde conquistou por quatro vezes o campeonato estadual (1948, 1957, 1961 e 1962), além do Torneio Internacional de Paris em 1963 – além de vários outros títulos internacionais. Nílton Santos participou de 718 partidas pelo clube sendo o recordista e marcou onze gols entre 1948 e 1964.

Franz Beckenbauer

Franz Anton Beckenbauer, mais conhecido como Beckenbauer, nasceu em Munique, a 11 de setembro de 1945. Foi presidente do Bayern Munique e presidente da Bayern Munique FC AG, clube com o qual tem sua história entrelaçada. Sua alcunha é der Kaiser (“O Imperador”, em alemão). Com a seleção alemã (da então Alemanha Ocidental), foi campeão mundial como jogador (em 1974) e técnico (1990), sendo um dos dois únicos a ter a marca, ao lado do brasileiro Mário Jorge Lobo Zagallo. É considerado pela maioria dos especialistas como o maior líbero da história do futebol, tendo ganho todos os títulos possíveis que um atleta futebolístico pode vencer na carreira, dentre eles: Champions League, Copa do Mundo, Eurocopa e a Bola de Ouro.

Nascido na Baviera, ingressou aos 14 anos nos juvenis do Bayern Munique, então um clube pequeno da Alemanha. Na infância, também jogava tênis, tornando-se amigo de Sepp Maier, com quem praticava o esporte. Maier foi convencido relutantemente por Beckenbauer a também jogar futebol, “mais fácil”, segundo o futuro Kaiser, que inclusive indicou a melhor posição para o amigo, que não tanta habilidade com os pés: goleiro.[1] Convencer Maier, que também foi para o Bayern, não foi tão difícil para quem já havia peitado o próprio pai, que, aposentado devido a ferimentos que sofrera na Segunda Guerra, não gostava que Beckenbauer utilizasse o único par de sapatos que possuía para jogar futebol.

Didi – o Mestre

Valdir Pereira, mais conhecido como Didi, nasceu em Campos dos Goytacazes, a 8 de outubro de 1928, e faleceu no Rio de Janeiro, a 12 de maio de 2001. Foi um futebolista brasileiro, bicampeão mundial pela Seleção Brasileira nas Copas de 1958 e 1962, que atuava como meia.

Eleito o melhor jogador da Copa de 1958, quando a imprensa europeia o chamou de “Mr. Football” (“Senhor Futebol”), Didi foi um dos maiores e mais elegantes meio-campistas da história e é um dos maiores ídolos da história dos rivais cariocas Botafogo e Fluminense.

“O Principe Etíope” era seu apelido, dado por Nelson Rodrigues (ilustre dramaturgo e torcedor fanático do Fluminense Football Club). Com classe e categoria, foi um dos maiores médios volantes de todos os tempos, um dos líderes do Fluminense entre o final da década de 1940 a meados da década de 1950 e também do Botafogo, após isso, além de possuir o mérito de ter criado a “folha seca”. Esta técnica consistia em bater na bola, com o lado externo do pé, de modo faze-la girar sobre si mesma e modificar sua trajetória. Ela tem esse nome pois esse estilo de cobrar falta que dava à bola um efeito inesperado, semelhante ao de uma folha caindo, fugia do esperado. O lance ficou famoso quando Didi marcou um gol de falta nesse estilo contra a Seleção do Peru, nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1958.

Na Copa do Mundo de 1970 seria o técnico da Seleção do Peru (classificando o país para a sua primeira Copa desde a de 1930) na derrota para a Seleção Brasileira por 4 a 2.

No Fluminense, Didi jogou entre 1949 e 1956, clube pelo qual jogou mais tempo sem interrupções, tendo realizado 298 partidas e feito 91 gols, sendo um dos grandes responsáveis pela conquista do Campeonato Carioca de 1951, além de ter feito o primeiro gol da história do Maracanã pela Seleção Carioca em 1950, defendendo o seu clube do coração, e de ter liderado a Seleção Brasileira na conquista do Campeonato Pan-Americano de Futebol, disputado no Chile, na primeira conquista relevante da Seleção Brasileira no exterior, tendo jogado ao lado de Castilho, Waldo, Telê Santana, Orlando Pingo de Ouro, Altair e Pinheiro, entre outros.

Puskas – o húngaro mágico da bola

Ferenc Puskás Biró nasceu em Budapeste, a 1 de abril de 1927, e faleceu em Budapeste, a 17 de novembro de 2006. É considerado o maior futebolista da história do futebol húngaro e um dos maiores futebolistas de todos os tempos. Defendeu também a Seleção Espanhola.

O seu nome de batismo era Ferenc Purczeld Biró (Purczeld Biró Ferenc, no padrão húngaro).

Puskás celebrizou-se como o líder da Seleção Húngara que fez história na primeira metade da década de 1950, quando seu elenco ficou conhecido como “os mágicos magiares”. O país ficou quatro anos invicto, ganhando a medalha de ouro do futebol nos Jogos Olímpicos de Verão de 1952 e terminando a Copa do Mundo de 1954 vice-campeão, embora seja considerado indubitavelmente a melhor equipa deste torneio. Paralelamente, era o líder natural do clube que servia de base para aquele selecionado, o Honvéd. Seus 84 gols em 85 jogos pela Hungria fazem-no o maior artilheiro da seleção magiar; foi por muito tempo o maior goleador de uma seleção, recorde batido pelo iraniano Ali Daei.

Puskás, que tinha a patente de major (daí seu apelido Major Galopante), tem uma marca de gols excepcional por seu país, 84 em 85 jogos. Dono de habilidade precisa para passes e dribles curtos e secos, além de um primoroso chute de esquerda, era um jogador cerebral. Em comparação com outros jogadores da época, era considerado gordo e baixo. Colocava brilhantina nos cabelos negros e penteava-os para trás.

Maior futebolista húngaro de sempre, entrou para a história do esporte também por seus feitos pelo Real Madrid no final daquela década e início da seguinte. É também um dos poucos a terem jogado Copas do Mundo por dois países: participou da de 1962 competindo pela Espanha. De acordo com a FIFA, Puskás é um dos cinco a terem jogado Copas do Mundo por dois países considerados diferentes pela entidade, ao lado de Luis Monti (que jogou a de 1930 pela Argentina e a de 1934 pela Itália), José Santamaría (que jogou a de 1954 pelo Uruguai e a de 1962 pela Espanha), José João “Mazzola” Altafini (que jogou a de 1958 pelo Brasil e a de 1962 pela Itália) e Robert Prosinečki (que jogou a de 1990 pela Iugoslávia e as de 1998 e 2002 pela Croácia

Garrincha – Alegria do Povo

Manuel Francisco dos Santos, o Mané Garrincha ou simplesmente Garrincha nasceu em Magé, a 28 de outubro de 1933, e faleceu no Rio de Janeiro, a 20 de janeiro de 1983, foi um futebolista brasileiro que se notabilizou por seus dribles desconcertantes apesar do fato de ter suas pernas tortas. É considerado por muitos o maior jogador de futebol de todos os tempos e o mais célebre ponta-direita da história do futebol. No auge de sua carreira, passou a assinar Manuel dos Santos, em homenagem a um tio homônimo, que muito o ajudou. Garrincha também é amplamente considerado como o maior driblador da história do futebol.

Garrincha, “O Anjo de Pernas Tortas”, foi um dos principais jogadores das conquistas da Copa do Mundo de 1958 e, principalmente, da Copa do Mundo de 1962 quando, após a contusão de Pelé, se tornou o principal jogador do time brasileiro. Morreu em 1983, aos 49 anos, em decorrência do alcoolismo.

Di Stéfano

Alfredo Stéfano Di Stéfano Laulhé, nasceu em Buenos Aires, 4 de julho de 1926 e faleceu em Madrid, a 7 de julho de 2014, foi um futebolista e treinador argentino, que, além de ter jogado pela Seleção Argentina, jogou também pela Seleção Espanhola. É considerado um dos maiores futebolistas de todos os tempos.

Era considerado um jogador brilhante, um dos melhores de todos os tempos para a imprensa mundial. Sua velocidade e a cor dos cabelos lhe renderiam a alcunha de “La Saeta Rubia” (“A Flecha Loira”). Foi de 2000 a 2014 o presidente honorário do Real Madrid, clube cuja história de sucesso confunde-se com a dele: foi com ele em campo que o Real tornou-se o maior vencedor da cidade de Madrid, da Espanha e da Europa. Foi responsável também por alimentar a rivalidade com o Barcelona, que não tinha a mesma expressão. Ele era presidente honorário também da UEFA, desde 2008.

Várias opiniões têm aqueles que foram seus adversários contumazes: Joaquín Peiró, que jogava pelo Atlético de Madrid, afirmou: “Para mim, o número 1 é Di Stéfano. Aqueles que o viram, viram. Aqueles que não o viram, perderam”. Helenio Herrera, técnico do Barcelona, declarou que “se Pelé foi o violinista principal, Di Stéfano foi a orquestra inteira”. Gianni Rivera e Bobby Charlton, que no início de suas carreiras enfrentaram (e perderam) por seus respectivos clubes (Milan e Manchester United) para La Saeta Rubia e o Real Madrid na Taça dos Campeões Europeus, nos anos 1950, disseram respectivamente que “ele nos enlouqueceu” e “foi o jogador mais inteligente que vi jogar e transpirava esforço e coragem. Foi um líder inspirador e um exemplo perfeito para os outros jogadores”.

Pelé – o Rei

Edson Arantes do Nascimento KBE, conhecido como Pelé nasceu em Três Corações, 23 de outubro de 1940, é um ex-futebolista brasileiro que atuava como Meia-Atacante, considerado o maior futebolista da história.

Descoberto por Waldemar de Brito, começou sua carreira no Santos aos 16 anos, entrou na Seleção Brasileira de Futebol aos 16, e venceu sua primeira Copa do Mundo de futebol aos 17. Apesar das numerosas ofertas de clubes europeus, as condições econômicas e as regulações do futebol brasileiro da época beneficiaram o Santos, permitindo-lhes manter Pelé por quase duas décadas no clube até 1974. Com o atleta no elenco, o Santos atingiu seu auge nos anos de 1962 e 1963, em que conquistou os torneios intercontinentais. Em 1975 foi transferido para o New York Cosmos, onde encerrou sua carreira após dois anos nos Estados Unidos. Sua técnica e capacidade atlética natural foram universalmente elogiadas e durante sua carreira, ficou famoso por sua excelente habilidade de drible e passe, ritmo, chute preciso, habilidade de cabecear, e artilharia prolífica. É o maior artilheiro da história da seleção brasileira e o único futebolista a ter feito parte de três equipes campeãs de Copa do Mundo. Em novembro de 2007, a FIFA anunciou sua premiação com a medalha da Copa de 1962 (a qual, devido a uma contusão na segunda partida, teve apenas o primeiro jogo disputado por ele), no qual o jogador Mané Garrincha o substituiu, retroativamente, fazendo dele o único futebolista do mundo a ter três medalhas de Copa do Mundo.

Desde sua aposentadoria em 1977, Pelé tornou-se embaixador mundial do futebol, também tendo passagens pelas artes cênicas e empreendimentos comerciais. É atualmente o Presidente Honorário do New York Cosmos. Pelé é também o único brasileiro (e um dos raros estrangeiros) a receber uma honraria do Reino Unido pelas mãos da Rainha Isabel II no Palácio de Buckingham. Foi condecorado como Cavaleiro Comandante da Mais Excelente Ordem do Império Britânico por promover o futebol e popularizá-lo no mundo. Em 1999, foi eleito o Futebolista do Século pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS, na sua sigla em inglês). No mesmo ano, a revista francesa France Football consultou os ex-vencedores do Ballon D’Or para elegê-lo o Futebolista do Século em primeiro. Em sua carreira, no total, marcou 1281 gols em 1363 partidas, número que fez dele o maior artilheiro da história do futebol.

No Brasil, Pelé é saudado como um herói nacional por suas realizações e contribuições ao futebol. Também é conhecido pelo seu apoio a políticas para melhorar as condições sociais dos pobres, tendo inclusive dedicado seu milésimo gol às crianças pobres brasileiras. Durante sua carreira, foi chamado de Rei do Futebol, Rei Pelé, ou simplesmente Rei. Recebeu o título de Atleta do Século de todos os esportes em 15 de maio de 1981, eleito pelo jornal francês L’Equipe. No fim de 1999, o Comitê Olímpico Internacional, após uma votação internacional entre todos os Comitês Olímpicos Nacionais associados, elegeu Pelé o “Atleta do Século” e em 2016, pelas mãos do então presidente Thomas Bach, o condecorou com a Ordem Olímpica, a mais alta condecoração oferecida pelo COI. A FIFA também o elegeu, em 2000, numa votação feita por renomados ex-atletas e ex-treinadores como O Jogador de Futebol do Século XX.

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José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 05 de julho de 2017

EU E TU

Eu e tu na praia

 

Lembras de onde vínhamos?

Eu também não lembro. Nos encontramos e caminhamos por aquela avenida longa, aparentemente terminando dentro do mar. Passamos por pessoas que iam na direção contrária à nossa. Eram tantas, essas pessoas, que até imaginamos que algum evento teria terminado – mas, nada termina. Apenas para. E parar não é terminar.
Nós terminamos?

Acho que não. Apenas paramos – faz tempo que paramos.

Mas, continuamos andando. Lá na frente, sem saber onde estávamos, dobramos na direção da brisa do mar. Aquele cheiro que parece ter sabor. Um sabor indecifrável de não sei quê. Era, por assim dizer, um cheiro saboroso – um cheiro provavelmente comível, se fosse servido com esse objetivo.

Demos nossas mãos. Tu ficastes com a minha e eu recebi a tua, carinhosamente. Mão macia, mas forte. Tão forte quanto o teu “não ou o teu sim”. Fortemente palpável e até irremovível – mas eu não queria isso.

Pisamos na areia da praia. Não falamos nada e também não dissemos nada com o nosso silêncio. Nos olhamos, lembro bem. Tiramos os calçados e caminhamos na direção do mar infinito e mil vezes maior que milhões de sonhos e desejos.

O nós, lembro bem – era apenas tu e eu. E havia momento que, sem que quiséssemos, éramos eu e tu. Éramos nós. Dois indivisivelmente sós.

Nos aproximamos daquele ir e vir das ondas. Tu ias na direção da onda, e ela, como se pretendesse se esconder e fugir de ti, ia embora, sumia. Tu voltavas para junto de mim, e ela (a onda) voltava na tua direção. Ficamos ali várias horas – eu e tu. Sim, a onda não fazia parte de nós. Era apenas uma moldura que nos colocava no quadro da vida.

Quando aconteceu a falta de sincronia, aí sim! A onda te encontrou e te derrubou no solo. Te molhou. Te desnudou e tua roupa íntima apareceu. Quase transparente – teu vestido branco comprido, molhado, permitiu o desenho da tua nudez, pois molhara também tua pequena peça íntima. Estavas nua. E a onda, vitoriosa e parecendo sorrir, foi embora mais uma vez.

E por minutos, naquela penumbra celestial, ficamos nós. Tu e eu.

* * *

VDD MENINOS! VC SABE PQ?

 

Ábaco

 

Vou te provocar. Quero te provocar. Não com o intuito de te diminuir, menosprezar, ridicularizar – mas, com o objetivo único de te fazer raciocinar e procurar que que, entre o modernismo vago dos dias atuais e o distante passado adjetivado de ultrapassado e retrógrado, existe um vácuo que cabe muitos de você e uma infinita porção de pessoas envelhecidas como eu.

Quando eu “digito” algo no meu PC, o faço com os oito dedos possíveis – os polegares são utilizados na barra de espaços. Foi assim que aprendi com as aulas vespertinas de DACTILOGRAFIA.

A, s, d, f, g ou ç, l, k, j, h.

Claro que isso não faz nenhuma diferença entre nós – pelo menos a minha geração aprendeu o que lhe foi ensinado na escola (e em casa – lugar onde se educa). E a sua, está aprendendo? Tomara esteja!

E qual é a provocação?

Com certeza você não teve no colégio aulas de Canto Orfeônico, Esperanto, Latim, Aritmética, Desenho, Religião, Caligrafia – e ao que parece também não está tendo de Português. Mas, não é essa a provocação.

Você sabe o que é um ÁBACO?

Sabe para que serve?


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 02 de julho de 2017

A LETRA, A CARTA E O CARTEIRO

Caneta-tinteiro da marca Parker

Em qual mundo viveríamos, não fossem os registros através das letras? Será que existiria outro tipo de “comunicação” e outro tipo de informação? Decerto que sim – mas não se deve afirmar de forma categórica.

Por volta de vinte anos atrás, durante uma conferência pública em que o centro da questão era a comunicação, e os rumos que essa estava tomando, um colunista da então renomada revista Veja, do alto da sua profecia, afirmava que, “não demora muito e o impresso (em papel), enquanto forma de comunicação e socialização” se aproximará do fim.

Mereceu pouca atenção, na época da fala. Passados os dias, meses e anos, a tendência é que isso venha realmente acontecer em breve. Mas, a escrita é algo interminável. Não há como olvidar esse fato. Escrever em algo, em qualquer que seja o espaço, é uma forma de vida.

Faz muito tempo – provavelmente no início dos séculos passados – que os homens se preocupam com as letras. Com os números também. O número é uma letra que representa uma quantidade – embora exista ainda nos dias de hoje, quem use os dedos das mãos para contar alguma coisa. Muitos poucos conheceram o ábaco – uma tábua romana usada na contagem dos elementos. Se não estou enganado, hoje, apenas as escolas para deficientes visuais e outros tipos de carências humanas utilizam o ábaco no aprendizado.

Aí chegou a caligrafia. A boa caligrafia – e hoje quem tem boa caligrafia é considerado raridade. Nas escolas foram incluídas na grade curricular, as matérias relacionadas à Caligrafia. Caderno de Caligrafia – era necessário praticar a boa caligrafia, haja vista que, naqueles tempos também os alunos precisavam escrever pequenas partituras musicais, e conhecer “clave do Sol”, dó, ré, mi, fá, sol, lá, si.

E o que é que as escolas ensinam nos dias de hoje?

Numa só lapada, os reformistas da educação retiraram da grade: latim, esperanto, desenho, caligrafia, ospb, aritmética e a matemática e o português já não têm a mesma importância. Nem quem ensina português, sabe a ponto de poder ensinar.

Assim, pode ser que se encontre algum dia, o início da “contaminação” da letra, e por fim, da escrita. Parece que o conferencista da revista Veja tinha razão.

Divisão silábica, nos dias atuais? O que é isso? Pra que serve? Soletrar virou atração nas televisão. É o cúmulo!

Tem muita gente que diz “trabalhar com a educação”, que está tentando oficializar a forma “moderna” de escrever em celulares: verdade virou vdd; por que, agora é pq; não passou a ser apenas n; sem contar que talvez virou tvz.

Vejam a maravilha de caligrafia abaixo. Parece desenho intencional.

 

Caligrafia – a prática constante levava ao bom resultado

A geração que continua passando e já conseguiu ultrapassar a barreira dos 50, nunca tirou da cabeça que, “estudar e conquistar boas notas na escola” não tem um milímetro menos que obrigação. Nunca isso (o ser aprovado e conquistar espaços por conta da escola) foi visto como motivo de premiação. Passar num concurso, para quem vive de estudar – é obrigação e uma mera formalidade. Não deveria ser diferente na escola.

O máximo de premiação (ou, com sentido de incentivo) que se recebia – e muitas vezes até da própria escola, era o primeiro lugar da turma, ao final do ano: uma caneta-tinteiro da marca Parker. E significava o máximo, quando essa caneta vinha com o nome do felizardo gravado. Era um marco quase histórico.

 

As cartas sempre chegaram e disseram sim ou não

A letra, cujo conjunto forma a escrita, escritura, relatório, ata e outras tantas definições, também forma a carta. A carta pode ser um documento válido em qualquer situação, mas, entre nós brasileiros, é vista mais pelo lado sentimental: cartas de amor ou carta familiar. Tem algum significado de distância material – mas uma proximidade acentuada de sentimentos.

A carta é uma escrita, no Brasil, tradicionalmente “entregue” pelo Carteiro – um profissional que nos liga na maioria das vezes às boas coisas. Aos bons avisos e às significativas alvíssaras.

Em alguns países do Oriente, o Carteiro é um indivíduo respeitado – precisa até ser “aprovado” por algumas comunidades, como se “eleito” fosse para carregar tantas responsabilidades.

No Brasil, esse “profissional” trabalha sem qualquer conforto e reconhecimento. Ao chegar para entregar cartas e/ou documentos, é instigado até pelo cachorro, ainda que traga boas notícias.

 

O carteiro

Faz parte do leque de bons filmes que assistimos, “O carteiro e o poeta” – filme dirigido por Michael Radford, uma espécie de homenagem ao poeta Pablo Neruda. Esse filme ganhou o Oscar de Melhor Trilha Sonora Original, a partir da composição assinada por Luís Henrique Bacalov e Francisco Canaro.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quarta, 28 de junho de 2017

CABELOS BRANCOS

 

Seu Domingos – cabelos e bigodes brancos

O bairro tinha uma denominação elogiável: Bela Vista. Ficava na periferia de Fortaleza. Hoje, pelo crescimento demográfico, com a população praticamente dobrando, a distância para o centro da cidade diminuiu bastante – pela velocidade dos veículos, pela qualidade das vias e pelas várias opções do transporte urbano.

Pois, na Bela Vista havia um local que poucos não conheciam e muito menos não sabiam onde ficava. Era a bodega do Moreira. Francisco de Alencar Moreira, comerciante que não aceitava a adjetivação, naquele tempo considerada moderna. Preferia era “bodegueiro” mesmo.

Moreira vendia de tudo na bodega. Do carvão (desde o tempo em que o gás butano não era parte do orçamento familiar da grande maioria), passando pelo pão, feijão e outros secos e molhados, até chegar na cachaça.

Em local destacado e apropriadamente visível, pendurou uma placa: “Não vendo fiado. Só se o freguês estiver acompanhado do avô”.

A Bela Vista não conhecia “desemprego”. Ali, quase todos os moradores trabalhavam ou faziam algo considerado trabalho, e fórmula para ganhar alguns caraminguás.

Houve um tempo (e quem tem mais de 60 anos sabe disso) em que, o de comer diário precisava ser comprado todo dia.

Dona Ceci era uma dona de casa esperta, inteligência aguçada, e para não fugir do que determinava a placa afixada na bodega do Moreira, todo dia mandava Dirceu (o filho) comprar o “dicumê”, fiado. Dirceu andava alguns metros até a bodega, e a tiracolo levava “Seu Domingos”, o avô.

– Seu Moreira, mamãe mandou comprar fiado: feijão, arroz, farinha, tripa de porco salgada, pó de café, açúcar, colorau e banha de porco. E mandou dizer para não anotar no caderno. Eu trouxe o meu Avô!

Reclamar do que e como?

A encomenda consistia em: meio quilo de feijão de corda, meio quilo de arroz, um quilo de farinha seca, meio quilo de tripa de porco, 200 gramas de pó de café, um quilo de açúcar, duas colheres de colorau e 100 gramas de banha de porco. Tudo atendido e anotado no caderno.

– Seu Domingos, falta o senhor afiançar!

Com muito sacrifício e dores, Seu Domingos “arrancava” dois cabelos brancos dos bigodes e os entrega à Moreira. Pronto. Estava ali a garantia de que o fiado seria pago.

Mas, nem se animem e pouco se decepcionem. Isso acontecia lá pelos anos 50, quase chegando aos 60. Era no tempo em que, além de honrar os cabelos brancos, o “homem” tinha honra e presava por ela. Honrava a família e a sua história, sem estória nenhuma vivida. O homem tinha vergonha na cara.

Mas, nos dias atuais, o modernismo ia passando e freou. Estancou. Abancou-se. Apeou e para ser mais sertanejo como na roça onde nasci, “atamboretou-se” e está esperando que o café seja servido.

Reparem – em quase todos, exceção aos carecas – nos cabelos dos personagens envolvidos, ou, pelo menos denunciados como tal por quem vive de investigar (e eu não quero me dar o direito de, como outros, dizer que é mentira ou perseguição política). Todos de cabelos brancos. Todos com excelentes salários adjudicados pelos bons empregos. Aparentemente (embora os atos indiquem o contrário), todos com famílias constituídas – e nem por isso com inteligência e respeito por elas.

Para esses, pelo que vê nos noticiários das televisões, Seu Moreira, o da bodega da Bela Vista, não venderia fiado nem que estivessem acompanhados dos tetravós. Os cabelos brancos desses não valem nada, e ainda lhes falta vergonha nas caras e olhos remelentos.


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo domingo, 25 de junho de 2017

O PEBA DO MALAQUIAS E A LAGOSTA DO ALFREDO

Peba preparado na casa de Malaquias

Volto a focar o assunto das relembranças, e reviver as coisas boas que me fizeram bem. Começo dizendo para alguns, que, Pedreiras, cidade onde nasceu o poeta João do Vale, é no Maranhão. Andei pesquisando sobre o assunto e cheguei a visitar o lugar.

Em Pedreiras existiam dois povoados com nomes interessantes, engraçados e misteriosos: Pedras Verdes e Centro dos Doidos, mas o que mais chamava a atenção de muitos era Lago da Onça. Pedras Verdes foi o primeiro nome de Pedreiras, antes da emancipação. Ali, dizem, era moradia de uma antiga tribo indígena, onde descobriram “ametista” com coloração esverdeada. Passaram a chamar o povoado de “Pedras Verdes” e, entre essas, escolheram uma maior de todas – que passaram a considerar “sagrada”. E Pedras Verdes virou Pedreiras e, mais tarde, com a quase extinção da tribo indígena, foi emancipada.

Centro dos Doidos hoje tem o nome de Alegria (o povoado ficava muito distante da sede, Pedreiras – o que ensejou a que o povo passasse a dizer que, só morava naquele povoado, quem era doido). E foi no Lago da Onça que João do Vale conheceu “Seu Malaquias”, que acabaria virando personagem e letra de um dos sucessos do “Homem do século no Maranhão”.

 

 

Peba, teiú, camaleão (iguana), veado, porco do mato, mucura, rolinha, jaçanã, avoante e tantos outros “bichinhos” silvestres, que muitos comem nos interiores – com maior ênfase no Nordeste – são comidos como meio de sobrevivência. Muitas vezes, é a única coisa que o sertanejo e sofredor homem da roça consegue “pegar” para comer. Nada disso é comido por “maldade”.

Deixando essa reflexão de lado, se você nunca comeu peba (tatu), tenha certeza que, bem preparado por quem sabe fazer isso, você está perdendo um delicioso prato da “culinária da necessidade” do Nordeste.

Lagosta com iscas de figo e batatinhas

Eu era um solteiro namorador – iniciante na arte da vida. Ano de 1965, para ser mais preciso. Já trabalhava como Teletipista na The Western Telegraph quando resolvi acrescentar alguma coisa à minha renda, pois estava me preparando para casar, o que acabou não acontecendo.

Fiz o curso de Árbitro de Futebol pela Federação Cearense de Desportos, então presidida pelo General da Reserva Remunerada, Aldenor da Silva Maia. O professor do curso foi Alzir Brilhante, Árbitro conhecido nas regiões Norte e Nordeste. Dois meses após a conclusão desse curso, ascendi ao Quadro A, que, naquela época era também o principal.

Logo fui escalado para arbitrar uma partida noturna no Estádio Presidente Vargas. Foi a minha estreia na nova carreira. Foi um bom trabalho e fui elogiado, inclusive pelo próprio Alzir Brilhante. Terminado o jogo, fui à Tesouraria e lá estava à minha disposição, o valor correspondente ao pagamento da cota da Arbitragem.

Um dinheirão para um iniciante como eu. R$2.000,00 (naquela época não lembro bem se a moeda vigente era o cruzeiro ou o cruzado). Uma excelente cota. Naquele tempo, mais que meu salário, também excelente, na própria Western.

Resolvi me premiar com o meu sucesso inicial. A Beira-Mar de Fortaleza estava muito distante de ser o ponto de atrações turísticas de hoje. Na orla, mais propriamente na Praia do Meireles, ficava o restaurante do “Alfredo – O Rei da Peixada”. Peguei o cardápio, e sem noção da quantidade de comida, pedi: Cavala ao molho de camarão; e uma Lagosta à moda da casa.

O garçom me perguntou se podia servir tão logo ficasse pronto, ou se eu ia esperar meus convidados. Disse à ele que não haveria convidados – como ele ganhava por comissão de vendas, não me disse mais nada. Era comida para um mínimo de quatro pessoas.

Para não me sentir no prejuízo – mas, satisfeito! – comi parte da cavala e a lagosta inteira. Cheguei em casa pelo início da madrugada, e tive dificuldades para dormir. Comi além da necessário. Faz tempo não faço essas extravagâncias.

 


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 22 de junho de 2017

EXPEDITO BARBEIRO - O FILATÉLICO

Eu gosto de escrever sobre o passado – eu não me envergonho do que passei nem do que vivi e trabalhei para vencer os obstáculos. Saudade não vai me matar – nunca fiz nada de que não possa me orgulhar.

Assim, de novo estou relembrando as boas coisas da vida (a minha) e do que é positivo e vale sempre a pena lembrar. Hoje quero falar desse profissional que, mude quem mudar, e chegue a forma de vida que chegar, continuará ali, de pé, trabalhando para ganhar a vida e o sustento da família: o barbeiro.

E aí me veio à lembrança o “Expedito Barbeiro”, que não era o único do bairro, mas tinha hábitos que prendiam o freguês sentado por horas e horas – quando cortava o cabelo e raspava a barba.

 

Por anos Expedito trabalhava numa cadeira assim – a Ferrante

Conversador extremo, fofoqueiro de marca maior, e muito convencido. Assim era Expedito Barbeiro, que, durante anos virou referência para muitos.

Onde você mora?

– Na primeira rua depois do Expedito Barbeiro!

Onde fica a Farmácia São José?

– Na mesma rua do Expedito Barbeiro!

Muito atencioso com todo freguês, Expedito fazia questão de entreter o dito cujo contando estórias as mais diversas (e muitas até inventadas). Aos sábados trabalhava até tarde da noite. Vestia uma única roupa: calças e camisa social branca. Calça de linho branco. Usava óculos Ray-ban, sempre. Fumava feito uma caipora. Dizia que pagava promessa feita para Santo Expedito.

Tinha dois hábitos (hoje chamados de “hobby”) dos quais se orgulhava muito. Era filatélico, e parte do que ganhava e sobrava – quando sobrava – comprava selos. Colecionava selos. Selos valiosos do Brasil e do exterior. Comprou um cofre apenas para guardar as pastas com os selos, e guardava o segredo do cofre como se nele estivessem contidas barras de ouro.

O outro hábito: colecionava charges do “Amigo da Onça” (criado por Péricles), que retirava da revista semana O Cruzeiro. Chegou a mandar reproduzir uma charge do Amigo da Onça, onde esse aparecia trabalhando como barbeiro.

Expedito só bebia conhaque São João da Barra “queimado” (ou pingado, como dizem alguns) e só fazia isso aos domingos, depois que despachava o último cliente.

 

Navalha Solingen “Corneta” – marca preferida de Expedito

Era gostoso observar Expedido Barbeiro afiando a navalha numa peça de couro montada sobre uma peça de raiz muito leve. Com a navalha afiada e sem as exigências atuais, Expedito se orgulhava de nunca ter “cortado” ninguém enquanto raspava as barbas.

Era um mestre no cortar o cabelo dos clientes, e melhor ainda em satisfaze-los. Servia café aos que estavam na “fila” esperando a vez de serem atendidos. Fornecia revistas e jornais para ajudar a passar o tempo da espera.

Anos depois de sair definitivamente de Fortaleza, voltei à casa onde morei. Ainda encontrei alguns amigos dos tempos da juventude, moradores da Rua Professor Costa Mendes, no bairro Porangabuçu. Perguntei por Expedito e ninguém respondeu. Ninguém soube de nada, mas muitos achavam que Expedito Barbeiro sumiu como éter. Talvez tenha sumido junto com as charges do Amigo da Onça, com quem, aliás, ele parecia muito.

 

Água Velva pós barba – a preferida de Expedito Barbeiro

– Pronto! Você está um homem novo!

Era assim que Expedito falava quando terminava de atender seus clientes, principalmente os que faziam cabelo e barba. Esperto, o barbeiro fazia firulas ao terminar de atender alguém. Pegava uma chave, que ele sabia onde guardava, mas fazia questão de procurar, para tentar mostrar que o cliente era importante.

Pegava a chave e meticulosamente abria um armário, de onde retirava um frasco de Água Velva, uma loção pós-barba que costumava usar para agradar a clientela.

E dizia:

– Novo e cheiroso e pode até ir para a igreja casar!


José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo segunda, 19 de junho de 2017

SAUDADE DE TER FÉRIAS

Antigo despertador – tá na hora de levantar e ir pra escola

Hoje, domingo, dia 18 de junho. Faltam apenas 12 dias para terminar o mês. Desses 12 dias, quatro não são considerados úteis – dois domingos (18 e 25), um sábado (24) e um feriado santificado em alguns estados: 29, dia dedicado à São Pedro.

Lembro que, se eu ainda estivesse na escola, no curso primário, teria mais 9 dias de aulas – mas a última semana, de 26 a 30 tínhamos apenas as provas. Provas do meio do ano. Antes de entrarmos de férias.

No dia primeiro de julho, pernas pra que te quero – a caminho do interior, da vida pacata, do ouvir o galo cantar na madrugada e do viver em silêncio quase profundo a ponto de se poder escutar o bater de asas dos pássaros.

E aí transfiro um pouco de inveja da vida de Joãozinho Berto, que vai ficar um pouco aliviado do cântico dos pardais no parapeito da janela do quarto onde dorme e viajar para Palmares, onde certamente dormirá a tarde toda balançando numa rede armada no alpendre. Vida de quem pode. Noutra rede também armada, Luiz Berto balança, coçando frieira entre os dedos na beirada da rede enquanto peida mais que jumenta carregando peso.

Além da cama o colchão também era de molas

Na minha infância o quarto ficava quase sempre nos fundos da casa e tinha uma janela. Minha santa mãe colocava a minha cama ao lado da janela. Isso tinha um objetivo: evitar que os irmãos mais velhos que tinham o hábito de chegar tarde, pulassem a janela para entrar em casa. Ela tinha que saber a hora que cada um chegava. Anos depois, eu mesmo era quem pulava a janela. Coisas de jovens – diferentes dos jovens de hoje.

Mas, a lembrança bate de volta e nos faz sentir saudades da cama com “estrado” de molas. O colchão também de molas, garantia um sono mais que tranquilo e reparador – mas, quando o despertador tocava, não adiantava fazer que estava dormindo. Tinha que levantar com toalha, saboneteira com sabonete e escola com creme dental. Melhor que isso: o café com pão passado manteiga ou cuscuz de milho estavam pronto e servidos à mesa. Coisas das mães de antigamente.

O jornaleiro não vendia – só entregava e o patrão recebia depois

Por vários anos era assim no bairro onde cresci e morei: meu pai recebia jornal diariamente. Três jornais: Correio do Ceará, Unitário e O Povo. Não tinha assinatura formal, mas pagava religiosamente dois jornais a cada final de mês: o Correio do Ceará e O Povo. O Unitário, da mesma empresa (Diários Associados) que editava também o Correio, fazia uma cortesia como se assinatura também fosse. Mas, a foto do garoto jornaleiro não é da minha cidade nem do meu bairro.

Meu pai não saía de cada para o trabalho (Fiscal Fazendário – nos últimos anos de vida, depois de ter sido Professor por anos à fio) sem ler os três jornais. Fazia alguns recortes de algo que lhe interessava e guardava em coleção. Nunca conseguimos descobrir do que se tratava. Colecionava também a revista semanal O Cruzeiro, e dela recortava a charge do Amigo da Onça do fenomenal Péricles.
Coisas dos tempos que, com certeza, não voltarão jamais.

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